Cena Fidalgo

11
Compreensãodotexto 1. Todos os elementos cénicos representam o estatuto social de Fidalgo, sendo o manto a representação da sua vaidade pela condição social que tem, o pajem representando todos aqueles que o servem e sobre os quais ele exerce a sua tirania e a cadeira representando, exerce a sua tirania e a cadeira representando, por um lado, os bens materiais e, por outro, o poder. 2. Esta personagem começa por parar junto à barca do Diabo, depois dirige-se à barca do Anjo e, finalmente, regressa à barca do Diabo.

Transcript of Cena Fidalgo

Compreensão do texto1. Todos os elementos cénicos representam oestatuto social de Fidalgo, sendo o manto arepresentação da sua vaidade pela condiçãosocial que tem, o pajem representando todosaqueles que o servem e sobre os quais eleexerce a sua tirania e a cadeira representando,exerce a sua tirania e a cadeira representando,por um lado, os bens materiais e, por outro, opoder.2. Esta personagem começa por parar junto àbarca do Diabo, depois dirige-se à barca do Anjoe, finalmente, regressa à barca do Diabo.

Compreensão do texto3.1. Inicialmente, o Fidalgo está muito descontraídoe seguro. Quando se afasta da barca do Diabo,começa a revelar preocupação e, ao mesmo tempo,irritação, pois chama e ninguém lhe responde.Quando percebe que não lhe é permitido entrar nabarca do paraíso, mostra-se desanimado e umpouco arrependido de ter confiado no seu “estado”.pouco arrependido de ter confiado no seu “estado”.Perto do final, chega a mostrar-se humilde peranteo Diabo, implora-lhe que o deixe regressar à vida e,finalmente, mostra-se resignado com o seu destinofinal.3.2. O Fidalgo vai mudando o seu estado de espíritode acordo com a evolução do seu julgamento.

Compreensão do texto4. Exemplos da ironia do Diabo: «Ó poderosodom Anrique»; «Que cousa é esta?»; «Vejo-voseu em feição / pera ir ao nosso cais…»;«Embarqu’a a vossa doçura»; «e, chegando aonosso cais, / todos bem vos serviremos».5.1. Falando com o Diabo, o argumento que o5.1. Falando com o Diabo, o argumento que oFidalgo usa para ser salvo é o facto de terdeixado na terra quem reze por ele; com o Anjousa o argumento de ser «fidalgo de solar».

Compreensão do texto5.2. Os argumentos usados dizem muito sobre apersonagem. De facto, defendendo-se com asrezas que alguém ficou a fazer por ele, mostraque viveu tão confiante da sua condição social etão habituado a que os outros fizessem tudo porele que nem lhe ocorre que as orações nãoele que nem lhe ocorre que as orações nãoseriam suficientes para o salvar. Por outro lado,o argumento que apresenta ao Anjo mostra todaa arrogância e presunção do Fidalgo.

Compreensão do texto6. Através destas palavras, Gil Vicente pretendecriticar a prática errada da religião, levada acabo por aqueles que acreditavam que asorações, as missas e outras práticas superficiaiseram mais importantes do que as obras e a fé.7. Ao referir que o pai do Fidalgo também foi7. Ao referir que o pai do Fidalgo também foicondenado ao inferno, Gil Vicente pretendealargar a crítica à classe social a que pertence oFidalgo – à Nobreza –, na medida em que se dáa entender que os nobres são condenados,geração após geração.

Compreensão do texto8.1. O Diabo responde divertido e rindo doFidalgo, chama-lhe tolo e mostra-lhe como estácompletamente enganado em relação aodesgosto que a mulher e a amante sentem.8.2. O «arrais do inferno» apresenta umacaracterização negativa das mulheres, pois elassão falsas, hipócritas e infiéis.caracterização negativa das mulheres, pois elassão falsas, hipócritas e infiéis.8.3. Com estes versos alarga-se a crítica àsmulheres, mostrando como o seu fingimento étransmitido de mães para filhas.9.1. O Fidalgo é acusado de ter vivido a seuprazer, de ser presunçoso e vaidoso e de ter sidotirano para o povo.

9.2. «DOM ANRIQUE» é um fidalgo de solar, vaidoso e presunçoso. A forma

como se apresenta em cena, com o seu longo manto e o pajem que carrega a sua

cadeira, revela bem essa vaidade e ostentação e a forma como reage face ao

Diabo e depois face ao Anjo revela a arrogância de quem sempre esteve

habituado a que obedecessem às suas ordens. É no estatuto de nobre que ele

confia como razão para ser salvo, tal como sempre confiou ao longo da vida. É

por isso que ele apresenta ao Anjo como único argumento para a salvação o

facto de ser «fidalgo de solar» e é também por isso que desdenha da barca a quefacto de ser «fidalgo de solar» e é também por isso que desdenha da barca a que

chama “cortiço” e exige que o tratem por “Vossa Senhoria”. Da vida sentimental

ficamos a saber que além da mulher tinha uma amante; no entanto, apesar de

ser tão poderoso, era igualmente enganado por elas. O Fidalgo é uma

personagem tipo, na medida em que representa a nobreza e os seus vícios de

tirania, presunção, arrogância e ostentação. É exactamente por isso que, tal

como aconteceu com seu pai, é condenado ao Inferno.

Funcionamento da Língua2.1. Neste momento da cena, o Fidalgo passou ausar um registo de língua popular, porque estavaa ficar aflito e simultaneamente irritado porsentir que a situação não lhe era favorável.2.2. Estes versos estão entre parênteses porquesão um aparte.são um aparte.

Na cena do Fidalgo, identifica exemplos de cómicode situação, cómico de linguagem e cómico decarácter.

Cómico de situação: «Pera lá vai a senhora?» (pág.94)Cómico de situação: «Pera lá vai a senhora?» (pág.94)

Cómico de linguagem: «Que jiricocins, salvanor!»(pág. 95)

Cómico de carácter: «Esperar-me-ês vós aqui, /tornarei à outra vida / ver minha dama querida / quese quer matar por mi.» (pág. 96)

Identifica exemplos de eufemismo [suavizaruma ideia (desagradável ou grosseira) por meiode uma expressão mais agradável], antítese(oposição entre dois termos), metáfora (a(oposição entre dois termos), metáfora (asignificação natural de uma palavra remete paraoutra em virtude da relação de semelhança quese subentende) e de hipérbole (emprego determos exagerados, ampliando a verdadeiradimensão das coisas).

Eufemismo: «Vai pera a ilha perdida» (pág. 94)

Antítese: «Segundo lá escolhestes, / assi cá vos contentai.» (pág. 94)

Metáfora: «Oh! que maré tão de prata!» (pág.Metáfora: «Oh! que maré tão de prata!» (pág.96)

Hipérbole: «que m’escrivia mil dias?» (pág. 96)