Célula Eucariótica
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UNIPAMPA, 13 e 14 de julho de 2012.
CÉLULA EUCARIÓTICA: MODELIZANDO CONCEITOS
Raquel Weyh Dattein - [email protected]
Roque Ismael da Costa Güllich - [email protected]
Eliane Gonçalves dos Santos - [email protected]
Jane Elise Dewes Abdel - [email protected]
Linha de trabalho: Avaliação das próprias aprendizagens
Grupos de trabalho: formação inicial; reflexão sobre a própria prática.
1 CONTEXTO DO RELATO
O Curso de Graduação em Ciências: Biologia, Física e Química – Licenciatura, da
Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, Campus Cerro Largo – RS, usufrui do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBIDCiências), possibilitando aos
acadêmicos bolsistas iniciar a sua experiência docente desde o início do Curso de graduação.
Um dos objetivos do programa é desenvolver a experimentação como modelo didático para o
Ensino de Ciências no Ensino Fundamental de escolas públicas do município sede da
Universidade. Nas escolas em que o PIBIDCiências tem atuado, os espaços destinados aos
Laboratórios de Ciências tem sido revitalizados, passando de salas abandonadas e em desuso
para um ambiente de aprendizagens em Ciências.
A fim de concretizar essa meta, a bolsista e a professora titular, sob a supervisão de
dois professores formadores, planejaram um conjunto de três aulas de Ciências com a sétima
série de uma escola participante, da zona rural do município em questão, para a confecção de
um modelo de célula eucariótica animal. Esse texto decorre da iniciativa de relatar e refletir a
experiência, de como os alunos da escola aprenderam o conceito de célula e suas partes, a
partir da aula em que construíram o modelo de célula, usufruindo de uma aprendizagem
contextual desencadeada através da experimentação.
2 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES
Durante algumas aulas a professora explicou o conceito de célula, identificando suas
organelas e respectivas funções, e agendou com os alunos uma experiência no Laboratório.
Solicitou aos alunos que trouxessem materiais alternativos para a confecção do modelo de
célula eucariótica animal. Na aula experimental cada aluno fez a sua célula, com diferentes
materiais como: “pratos de plástico”, fundo de garrafa PET (3,3 l), forma de bolo redonda,
para simular a membrana plasmática; massa de modelar (as organelas); papel celofane
(hialoplasma); tampa de vidro de café (núcleo) e esponja de aço (cromatina). Para auxiliar os
alunos na confecção dos modelos, colocamos um mapa telado da célula na parede do
Laboratório de Ciências, onde desenvolvemos a atividade. No quadro escrevemos o nome de
cada organela e sugerimos as cores para elas serem moldadas.
Durante a prática anotamos algumas expressões dos alunos:
“quando não tem os ribossomos é o complexo de golgi”;
“o retículo endoplasmático não pode ficar grudado no núcleo”.
Percebi que estavam associando o que haviam aprendido nas aulas anteriores sobre os
conceitos referentes à célula e que na dúvida consultavam a mapa.
Ficou combinado que na aula seguinte cada aluno iria trazer etiquetas para identificar
as organelas de sua célula. Para alguns alunos isso foi um procedimento simples, para outros,
difícil. Enquanto eles construíam suas células questionávamos o nome das organelas. Alguns
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diziam: todas certas, outros pensavam e ainda erravam, como confundindo algumas organelas
similares.
Na aula seguinte, novamente ao Laboratório de Ciências, as células foram etiquetadas.
Após a etiquetação, a professora olhou cada célula, analisou, realizou anotações e fez
referências ao que estava errado. Salientamos que os alunos não usaram nenhum material do
tipo caderno ou livro para consultar durante essa atividade.
Em um terceiro momento, com a mediação da professora, os alunos interagiram
trocando de lugar um com o outro, fazendo suas comparações, análises, questionamentos,
refletindo e tirando suas próprias conclusões. Nenhum dos alunos identificou o nucléolo,
mesmo tendo sido modelado. Alguns identificaram a mitocôndria como membrana plasmática
e outros, trocaram o nome dos retículos endoplasmáticos.
Contudo, a maioria dos alunos identificou corretamente as partes e organelas da célula.
Verificamos que no momento em que o colega olhou o trabalho do outro, percebeu o que
estava errado no seu, até mesmo antes da professora analisar, alguns diziam:
“me esqueci do citoplasma”;
“troquei o retículo endoplasmático rugoso pelos lisossomos”.
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO
Com essa experimentação percebemos que os alunos compreenderam o conteúdo e
assim nos parece ter ocorrido uma aprendizagem significativa. O processo da experimentação
possibilitou aos estudantes um momento de análise e reflexão, pois durante a prática, fizeram
críticas aos próprios trabalhos e deram suas opiniões sobre os trabalhos dos outros. Com isso,
se confirma o modelo de aula sugerido por Moraes; Galiazzi; Ramos (2002, p. 12): “para que
algo possa ser aperfeiçoado é preciso criticá-lo, questioná-lo, perceber seus defeitos e
limitações. É isto que possibilita por em movimento a pesquisa em sala de aula”.
Também percebemos que cada discente tem a sua forma de aprender. Às vezes a
aprendizagem ocorre somente através da aula teórica; entretanto, às vezes, é muito válida a
experimentação, pois durante os experimentos são aperfeiçoados os conceitos elaborados,
como nos afirma:
Posso me perguntar sobre o que significa aprender para mim e sobre os diferentes
significados do aprender para outros. Corresponderia a questionar um conhecimento,
capaz de me propiciar um movimento no sentido de aperfeiçoar minha compreensão
das questões sobre como se aprende. Questionar o fazer é problematizar modos de
agir (MORAES; GALIAZZI; RAMOS, 2002, p. 14).
Também eu, como licencianda, vivencio a falta de abordagem de conceitos e
procedimentos sobre o processo de ensino em sala de aula, que me auxiliem na atual e futura
atuação escolar, pois a maioria dos conceitos aprendi através do projeto PIBIDCiências, junto
aos professores formadores, que nos instigam a pensar e criar, além de redirecionar nossas
concepções constantemente. Acreditamos que a dinâmica da ação - reflexão - ação na
formação inicial e continuada, aos poucos vai melhorando nossa escrita, comunicação e
atuação docente. O educar pela pesquisa possibilita não só a nós licenciados, como também
aos estudantes da educação básica, um momento diferenciado de aprendizagem, assim como
um espaço para despertar a criatividade, a curiosidade e o gosto pela Ciência.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprendemos com essa experiência, que nem todos aprendem da mesma forma e que
construir experimentos e produzir aulas experimentais auxilia muitos alunos em seu processo
de aprendizagem e sendo assim, insistimos na experimentação.
[...] a experimentação contribui para melhor qualidade do ensino, principalmente por
meio de situações de confronto entre as hipóteses dos alunos e as evidências
experimentais. De acordo com esse autor, a experimentação pode contribuir para a
aproximação do ensino de Ciências das características do trabalho científico, para a
aquisição de conhecimentos e para o desenvolvimento mental dos estudantes.
(MARANDINO; SELLES; FERREIRA, 2009, p. 101).
Reiteramos que relatamos essa experiência disciplinar realizada porque acreditamos
que pela sistematização, ocorre a investigação das práticas, possibilitando a apresentação aos
pares, momento em que mais uma vez podemos aprender, crescer e discutir conceitos e
práticas no intuito da melhoria da experimentação.
5 REFERÊNCIAS
GALIAZZI, Maria do Carmo. Educar pela pesquisa: ambiente de formação de
professores de Ciências. Ijuí: Unijuí, 2003.
MARANDINO, Martha; SELLES, Sandra Escovedo; FERREIRA, Marcia Serra. A
experimentação científica e o ensino experimental em Ciências e Biologia. In: Ensino De
Biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2009.
MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo; RAMOS, Maurivan G. Pesquisa em sala
de aula: Fundamentos e pressupostos. In: Pesquisa em sala de aula: tendências para a
educação em novos tempos. Roque Moraes, Valderez Marina do Rozário Lima (Orgs.).
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002, 316p.