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CELSO DE CASTRO POCHINI ESOFAGECTOMIA TRANSHIATAL COM GASTROPLASTIA COMO TRATAMENTO DO MEGAESÔFAGO CHAGÁSICO AVANÇADO : COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS IMEDIATAS E FATORES DE RISCO Tese apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Medicina, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do grau de Mestre em Medicina. São Paulo 2006

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CELSO DE CASTRO POCHINI

ESOFAGECTOMIA TRANSHIATAL COM GASTROPLASTIA COMO TRATAMENTO DO MEGAESÔFAGO CHAGÁSICO AVANÇADO :

COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS IMEDIATAS E

FATORES DE RISCO

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Medicina, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do grau de Mestre em Medicina.

São Paulo

2006

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ESOFAGECTOMIA TRANSHIATAL COM GASTROPLASTIA COMO TRATAMENTO DO MEGAESÔFAGO CHAGÁSICO AVANÇADO :

COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS IMEDIATAS E

FATORES DE RISCO

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Medicina, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do grau de Mestre em Medicina. Área de Concentração: Cirurgia Geral Orientador: Prof. Dr. Danilo Gagliardi

São Paulo

2006

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Pochini, Celso de Castro Esofagectomia com gastroplastia como tratamento do megaesôfago chagásico avançado: complicações pós-operatórias imediatas e fatores de risco./ Celso de Castro Pochini. São Paulo, 2006. Tese de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de pós-graduação em Medicina. Área de Concentração: Cirurgia Geral Orientador: Danilo Gagliardi

1. Esofagectomia 2. Gastroplastia 3. Acalasia esofágica 4. Doença de Chagas 5. Complicações pós-operatórias 6. Fatores de risco

BC-FCMSCSP/36-2006

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DEDICATÓRIA

A meu pai e companheiro Alberto que ,mesmo in memorian,contribuiu através de seus ensinamentos para o sucesso dos filhos. A minha mãe Maria, pelo grande amor e

incansável dedicação aos filhos. A meu amor Elaine,companheira dos momentos felizes e difíceis de minha vida,

e pela menina linda que me deu. A minha filha Laura, pelas horas roubadas de seu convívio diário.

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“ Sabei que o segredo das artes é corrigir a natureza. “ (Votaire – Epístolas ao Sr. Verriére) ” Que teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois de tua morte, ele permaneça. ” (Leonardo Da Vinci) “ Aquele que dentre vós jamais errou, que atire a primeira pedra! ” (João, 8:7) “ A experiência é a mestra de todas as coisas.” (Júlio César – A Gurra Civil) “ Se nos encontrarmos outra vez no crepúsculo da memória, conversaremos de novo e cantareis para mim uma canção mais profunda. E se nossas mãos se encontrarem noutro sonho, construiremos mais uma torre no céu “. (Gibran Khalil Gibran – O PROFETA)

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AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a Irmandade da Santa Casa de São Paulo, pela fraternidade com que a Instituição sempre me recebeu Ao Prof. Dr. Danilo Gagliardi, meu profundo agradecimento pela dedicação, sabedoria, senso crítico e paciência Ao Prof. Dr. Adhemar Pacheco, pelo apoio e investimento depositado no Departamento de Cirurgia Ao Prof. Dr. Samir Rasslan, pelos ensinamentos e dedicação ímpar que prestou a nós no Serviço de Emergência Ao Prof. Dr. Antônio José Gonçalves, pela disposição e paciência na elaboração desta tese Ao Dr. Paulo Roberto Corsi, pela orientação diária e acompanhamento oferecidos Ao Prof. Dr. César Assef, pela busca do trabalho perfeito para os pacientes e no Serviço de Emergência Ao Profs. Drs. Julio Mariano da Rocha e Dr. Ruy Cruz Junior, pela participação na leitura e correção deste estudo Ao Dr. José Humberto e Sra Sandra Malagutti, pela disponibilidaade da análide estatística Aos meus irmãos Fernando, Marcelo e Alberto pelo apoio e cumplicidade dos momentos felizes e difíceis desta trajetória À Profa. Lílian M. V. Favareto pela participação na leitura deste estudo Aos colegas do Serviço de Emergência : André de Moricz, Jaqueline A. Gianinni, Mozar Horn, Alexandre Sassatani, Paulo Furbetta, Mohamed I. A. Taha,Wilson R. Freitas , Paulo P. Candelária, Sílvia C. Soldá, Jose Gustavo Parreira, Reinaldo Martins, Fabio Gonçalves, Tassiana Neves, Frâncico C. Martins,; pelo apoio

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AIE Acalasia idiopática esofágica Alb Albumina Alt Altura D.P.O.C. Doença pulmonar obstrutiva crônica EIE Esfíncter inferior do esôfago ELISA Enzyme Linked Imuno Sorbert Assay (Imunoabsorção ligada a enzimas) HAS Hipertensão arterial Hb Hemoglobina Ht Hematócrito Kg Quilogramas P Peso PA Peso atual PH Peso habitual %PP Porcentagem de perda de peso PT Proteína total

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1 - INTRODUÇÃO................................................................................................. 01

2 - OBJETIVO....................................................................................................... 15

3 - CASUÍSTICA E MÉTODO................................................................................ 17

3.1 - Casuística............................................................................................... 18

3.1.1 - Diagnóstico.......................................................................................... 19

3.1.1.1 - Anatomia Patológica......................................................................... 22

3.2 - Método................................................................................................... 22

3.2.1 - Critérios de seleção............................................................................. 22

3.2.2. - Variáveis estudadas........................................................................... 23

3.2.2.1 – Procedência..................................................................................... 23

3.2.2.2. - Tempo de disfagia........................................................................... 23

3.2.2.3. - Antecedentes pessoais................................................................... 24

3.2.2.4. - Hábitos e vícios.............................................................................. 24

3.2.2.5. – Perda ponderal............................................................................. 24

3.2.2.6. - Tipo de Anestesia.......................................................................... 24

3.2.2.7 - Cirurgias realizadas......................................................................... 25

3.2.2.7.1 - Esofagoextração........................................................................... 26

3.2.2.7.2 - Dissecção transhiatal.................................................................... 28

3.2.2.8 - Operações associadas.................................................................... 35

3.2.2.9 - Tempo cirúrgico e anestésico.......................................................... 35

3.2.2.10 - Volume de concentrados de hemáceas e cristalóides................... 35

3.2.2.11 - Evolução pós-operatória................................................................ 35

3.2.2.12- Letalidade....................................................................................... 36

3.2.2.13 - Tratamento estatístico.................................................................... 36

4 - RESULTADOS................................................................................................. 37

4.1 - Variáveis estudadas............................................................................... 38

4.1.1 - Procedência......................................................................................... 38

4.1.2 - Tempo de disfagia .............................................................................. 38

4.1.3 – Antecedentes pessoais....................................................................... 39

4.1.4 – Hábitos e vícios................................................................................... 39

4.1.5 – Perda ponderal .................................................................................. 40

4.1.6 - Tipo de anestesia................................................................................ 41

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4.1.7 - Tempo cirúrgico e anestésico.............................................................. 41

4.1.8 - Volume de concentrados de hemáceas e cristalóides....................... 42

4.1.9 - Cirurgias realizadas........................................................................... 42

4.1.10 - Evolução pós-operatória................................................................... 44

4.1.11 - Letalidade......................................................................................... 46

5 - DISCUSSÃO.................................................................................................... 50

5.1 - Complicações pleuropulmonares........................................................... 53

5.2 - Sepse..................................................................................................... 55

5.3 - Mediastinite............................................................................................ 57

5.4 - Deiscências de anastomose.................................................................. 58

5.4.1 - Deiscência de anastomose cervical.................................................... 58

5.5 - Lesões vasculares.................................................................................. 59

5.6 - Lesões de vias aéreas............................................................................ 60

5.7 - Tipo de cirugia realizada......................................................................... 60

5.8– Letalidade hospitalar............................................................................... 62

6 - CONCLUSÕES................................................................................................. 64

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 66

FONTES CONSULTADAS..............................................................................

RESUMO..........................................................................................................

80

82

ABSTRACT.......................................................................................................... 85

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1 - INTRODUÇÃO

O megaesôfago é a manifestação clínica mais freqüente da doença de

Chagas no aparelho digestivo. Caracteriza-se por disfagia progressiva de natureza

funcional, cujo substrato anatomo-patológico demonstra lesão dos plexos

intermusculares do esôfago pelo Trypanosoma cruzi. A ausência ou diminuição

significativa dos plexos nervosos intramurais do órgão determina distúrbio na

motricidade deste, à deglutição. Quando a destruição celular neuronal atinge níveis

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de 50 a 95%, ocorre progressiva desorganização da atividade motora e dilatação do

órgão. O esôfago encontra-se aumentado de diâmetro e alongado, não havendo

nenhuma causa de estenose orgânica ao nível da cárdia.

A primeira descrição da doença é atribuída a Sir Thomas Willis, em 1674,

(citado por Andreollo et al, 1996). O termo acalasia, significando falta de abertura do

esfíncter inferior do esôfago (EIE), foi inicialmente descrito por Sir Arthur Hurst em

1915 (O’Sullivan, 1986). A ausência do peristaltismo e a acalásia do EIE foram

demonstrados através de estudos manométricos do esôfago por Code em 1958.

A doença descrita por Carlos Chagas em 1909, foi associada à

tripanossomíade americana em 1913, por Paranhos (Resende et al, 1960). Em

1916, Chagas observou disfagia nos pacientes na fase aguda da doença,

relacionando esse sintoma ao “mal do engasgo”, encontrado nas regiões onde a

tripanossomíase era mais freqüente. Nos anos de 1950 – 1960, os trabalhos de

Rezende e Okumura confirmaram a relação entre o T. cruzi ou doença de Chagas e

o megaesôfago, ainda hoje endêmico, em algumas regiões do Brasil. Rezende

(1959), propôs o termo “forma digestiva” da doença de Chagas, englobando

manifestações esofágicas e colônicas. A dilatação acentuada e posterior

alongamento do órgão levou Rezende e Luquetti (1994) a propor a denominação

dolicomegaesôfago para caracterizar essas alterações.

Okumura (1960), reproduziu experimentalmente a doença em animais de

laboratório, inoculando o Trypanosoma cruzi.

Uma das formas de apresentação do megaesôfago é a acalásia idiopática do

esôfago (AIE), melhor definida como doença de etiologia desconhecida. Caracteriza-

se pela ausência de contrações no corpo do esôfago e falta de relaxamento do EIE

após as deglutições (Earlam, 1975; Shawn, Swain, 2003). Estima-se que sua

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prevalência seja de 7 a 13 casos por 100.000 habitantes (Lemme et al, 1985;

Andreolo et al, 1996; Dantas, 2003).

O megaesôfago chagásico se assemelha ao idiopático, porém algumas

diferenças podem ser encontradas entre eles. Ambos têm perda dos neurônios do

plexo intermuscular, porém estudos da fisiopatologia da acalasia idiopática

descrevem que a lesão ocorre de forma mais intensa nos neurônios inibitórios, que

nos excitatórios, tendo como conseqüência manifestações diferentes na

apresentação da doença motora do esôfago (Leme et al, 1985; Dantas, 1988;

Dantas, 2003).

A pesquisa de Dantas sugere que na acalásia idiopática prevalece a lesão da

inervação inibitória, enquanto na chagásica tanto a inibitória quanto a excitatória.

O megaesôfago chagásico atinge a população adulta de regiões

economicamente menos favorecidas – Nordeste e Centro – Oeste – incapacitando

os doentes de exercerem suas atividades normais e profissionais. Esse fato,

associado aos custos do tratamento médico hospitalar dos doentes e muitas vezes,

à necessidade de migração interna desta população para grandes centros, torna a

doença de Chagas e o megaesôfago importantes no contexto nacional da Saúde.

Em uma população estimada na América Latina, de 360 milhões de habitantes,

aproximadamente 90 milhões de pessoas (25%) têm risco de contrair a doença e

seguramente 16 a 18 milhões estão infectadas (Ximenes Netto, 1991). Acredita-se

que 30% das pessoas infectadas desenvolverão a doença em sua forma completa,

ou seja, haverá próximo de 5 milhões de indivíduos chagásicos e 480 mil com

megaesôfago (Kirchhoff, 1993; Ximenes Netto, 1991).

O megaesôfago chagásico, em nosso meio, abrange uma grande extensão

territorial, constituindo uma das doenças endêmicas mais importantes do ponto de

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vista socioeconômico. Atinge geralmente pessoas situadas numa faixa etária de

maior produtividade física ,representando, sério ônus para a o país. A solução

definitiva, seria a extinção do agente responsável pela transmissão da moléstia,

significando, em última análise, que o megaesôfago constitui problema,

essencialmente, de saúde pública.

O megaesôfago é uma doença crônica, cuja evolução normalmente é lenta,

com disfagia gradativa para sólidos e líquidos. Os sintomas podem se iniciar após a

fase aguda da doença ou muitos anos após. O grau de desnutrição, provocado pela

falta de ingestão de alimentos independe do estagio da doença; podendo-se

encontrar pacientes desnutridos com a forma não avançada assim como bem

nutridos com dolicomegaesôfago (Cecconello et al, 2004).

A disfagia é o sintoma principal, responsável pela procura médica e sua

característica é ceder com manobras que aumentam a pressão intraesofágica,

vencendo a resistência imposta pela acalasia. A disfagia torna-se progressivamente

intensa, podendo ocorrer perda de peso e caquexia (Salis et al, 1987; Csendes et

al, 2001).

O diagnóstico etiológico pode ser confirmado pelo teste de Guerreiro-

Machado, falso negativo em 20 a 30% dos casos, ou pela sorologia por

imunofluorescência indireta, mais especifica que o primeiro. O xenodiagnóstico,

método mais sensível e específico, é hoje pouco utilizado pela demora no

diagnóstico e pela pouca aplicabilidade clínica.

O diagnóstico radiológico e manométrico assumem papel importante para

orientar o cirurgião quanto ao tipo de cirurgia mais indicada, de acordo com a fase

de evolução em que a doença se encontra.

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O critério radiológico, descrito por Ferreira - Santos classifica a doença em

quatro graus evolutivos, verificados através da radiologia contrastada do esôfago,

realizada com normas padronizadas:

Grau I: dilatação até 4,0 centímetros

Grau II: dilatação entre 4,1 a 7,0 centímetros

Grau III: dilatação entre 7,1 a 10,0 centímetros

Grau IV: dilatação maior que 10,0 centímetros

Mais recentemente, com o advento da eletromanometria, cuja primeira

descrição em nosso país foi feita em trabalho clássico de Betarello et al (1962), o

diagnóstico tornou-se mais fiel, principalmente nas formas iniciais ou com recidiva

dos sintomas. Este método avalia as contrações musculares do esôfago e os

esfíncteres (superior e inferior). Pinotti et al (1988), utilizando critérios radiológicos e

eletromanométricos, classificaram a doença em 03 (três) fases evolutivas:

- Megaesôfago incipiente: esôfago sem dilatação, com ou sem pequena estase de

material baritado ingerido, sem evidências de alterações motoras, ondas de

contração de amplitude e duração normais, e ocasionalmente acalasia;

- Megaesôfago não-avançado: apresenta dilatação do esôfago até 7 cm de diâmetro,

sem alongamento e com estase do material baritado ingerido. Ao estudo motor, há

diminuição da amplitude e aumento na duração dos complexos de deglutição,sendo

a acalasia freqüente;

- Megaesôfago avançado: grande aumento do diâmetro (superior a 7 cm), com

alongamento e freqüentemente, perda do seu eixo longitudinal. No estudo

manométrico também há diminuição importante na amplitude dos complexos de

deglutição ou mesmo sua ausência.

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Os pacientes com formas clínicas iniciais de doença podem ser tratados com

dilatação endoscópica do esfíncter esofagiano inferior ou através de procedimentos

cirúrgicos com a secção de fibras musculares do esfíncter – cardiomiotomia –

associados à válvula anti-refluxo gastresofágico.

A primeira proposta para tratamento da acalasia foi feita por Gottstein

(apud Ellenbogen, 1979), através da cardiomiotomia. Porém foi Heller (apud

Oschner, Debakey, 1940) quem consagrou o procedimento, com a abertura na face

anterior e posterior do esôfago. Posteriormente outros como Groenvelt (apud

Ellenbogen, 1979) passaram a realizá-la somente na face anterior.

As cardioplastias como as de Heyrovsky e Grondahl (apud Oschsner,

Debakey, 1940) também ocuparam destaque como tratamento do megaesôfago.

Porém progressivamente foram perdendo prestígio devido à alta incidência de

refluxo no pós-operatório (Barret, Franklin, 1949; Lotart-Jacob, 1951). Barret,

Franklin estudaram 19 pacientes submetidos a esofagogastrostomia látero-lateral e

seis submetidos a cardioplastia com secção da transição esôfago-gástrica no

sentido longitudinal e sutura da mesma no sentido transversal. Mais da metade dos

pacientes [88% (esofagogastrostomia) e 66% (cardioplastia)] apresentaram recidivas

dos sintomas além de esofagite grave com hemorragias, estenose e encurtamento

do órgão. O mecanismo normal que prevenia o refluxo gastroesofágico foi lesado,

prejudicando ainda mais a qualidade de vida de alguns pacientes operados.

Holt, Large (1961) tiveram melhores resultados operando 11 pacientes com

esofagite grave através de vagotomia, cardioplastia à Grondahl, gastrectomia parcial

e gastrojejunostomia em Y de Roux, visando impedir o refluxo alcalino.

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Em 1972, Thal–Hatafu et al, com a introdução de um mecanismo valvular

endoluminal (roseta) para impedir o refluxo, reabilitaram o tratamento da

cardioplastia no megaesôfago.

Dória et al, (1970), realizaram com sucesso esofagogastroanastomose a

Grondahl, gastrectomia parcial e anastomose jejeuno-jejunal em Y de Roux para

tratamento dos pacientes com megaesôfago. Estudou setenta pacientes submetidos

a essa cirurgia durante um período de dois meses a quatro anos, constatando que a

maior parte dos pacientes permaneceram assintomáticos.

A doença em seu estágio mais avançado, onde existe uma dilatação maior

que dez centímetros (grau IV) ou ausência de contrações peristálticas (avançado),

necessita de um procedimento cirúrgico de maior porte: a retirada do órgão doente,

ou seja a esofagectomia.

A cirurgia do esôfago teve seu início tardio quando comparada a outras

cirurgias do sistema digestório, justificado pela complexidade anátomo-fisiológica do

órgão.

As primeiras indicações clínicas de esofagectomias se fizeram em casos de

câncer esofágico e os resultados foram desastrosos. Dois problemas técnicos ainda

não resolvidos constituíam sério obstáculo ao desenvolvimento da cirurgia radical do

esôfago, o colapso pulmonar e a contaminação pleuromediastínica.

Apenas no século XVII, conforme Wiseman et al, em 1676, foi realizada a

primeira esofagectomia cervical.

Com o advento da anestesia com éter sulfúrico (Long et al, 1949; Morton et al,

1850), a descoberta da patogenicidade das bactérias (Pasteur et al, 1866), a

introdução da antissepssia (Lister et al, 1867), e a introdução dos fundamentos de

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cirurgia abdominal por Billhoth (apud Brewer, 1980), foi possível realizar com

sucesso a primeira esofagectomia, no final do século XIX .

Somente no Século XX, em 1913, com a introdução da anestesia intra-

traqueal (Meltzer, Auer, 1909), Franz Torek (apud Brewer, 1979), realizou, com bom

resultado, em paciente portador de carcinoma de esôfago, a primeira esofagectomia

por toracotomia acompanhada de gastrostomia e esofagostomia cervical .

A cirurgia de esôfago atingiu seu desenvolvimento pleno a partir da metade

do nosso século, mais precisamente nos últimos quarenta anos. Entre os fatores que

contribuíram para sua evolução, destacamos, além da anestesia geral, as bases da

cirurgia asséptica (Halsted et al, 1910), os fundamentos do pneumotórax aberto

(Graham, Bell et al, 1918), a introdução da penicilina (Fleming et al, 1929), das

sulfonamidas por Domagk (apud Brewer,1980), e da residência de cirurgia torácica,

a partir de 1928 na universidade de Michigan.

Em nosso meio , Câmara Lopes em 1958 iniciava a esofagectomia subtotal,

por toracotomia direita, seguida de gastroplastia cervical retroesternal em um

segundo tempo. Os resultados foram bem animadores. Esse cirurgião não

considerava importante a seleção de pacientes quanto ao grau de desenvolvimento

de megaesôfago, mas abria o caminho para nova opção cirúrgica.

Ferreira Santos, em 1961, após a técnica de Câmara Lopes, praticou a

primeira esofagectomia por toracotomia direita com gastroplastia cervical, via

mediastinal posterior em um só tempo, obtendo bons resultados quanto ao trânsito

alimentar.

A esofagectomia através da via cervico-abdominal-mediastínica, também

passou a ter destaque no tratamento do megaesôfago avançado com base em

trabalhos elaborados previamente, onde se realizava a remoção do órgão através

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de fio resistente (Levy, em 1898) , de dissecção romba, digito-manual (Denk, em

1913) ou retirada apenas do cilindro de mucosa do esôfago (Rehn, em 1914

)liberando o esôfago em toda a sua extensão.

Eugênio-Ferreira (1975) ,através de extrator metálico e pela via cervico-

abdomianal-mediastinica realizou 28 esofagectomias subtotais em pacientes com

megaesôfago avançado (esofagoextração).Todos foram reconstituídos num só

tempo com esofagogastroplastia transmediastinal posterior. Concluiu que a técnica

era relativamente simples, podendo ser realizada em casos de megaesôfago e ser

empregada mesmo em doentes bastante desnutridos.

Pinotti (1978) ,propôs a mesma via de abordagem, porém com abertura do

diafragma na sua porção medial do anel hiatal até a região do apêndice xifóide.

Realizou 11 esofagectomias subtotais em pacientes com megaesôfago avançado e

reconstituição simultânea, através de esofagogastroplastia transmediastinal

posterior, não se registraram complicações de grande risco ou letalidade.

Cunha et al (1981) estudaram 20 pacientes com megaesôfago avançado

onde foi realizada esofagectomia subtotal com anastomose esofagogástrica cervical

transmediastinal sem toracotomia, através de fleboextrator. Dois pacientes

faleceram: um por lesão de veia ázigos com hemorragia incoercível e outro por

Síndrome da Angustia Respiratória do Adulto irreversível.

Orringer et al (1984) analisaram 65 pacientes portadores de doença benigna

submetidos a esofagectomia subtotal transhiatal com túnel transmediastinal.

Cinqüenta e três pacientes (82%) foram reconstituídos através de

esofagogastroplastia; sendo 12 pacientes portadores de acalasia. Teve como

complicações as pleuropulmonares (58%); a paresia de nervo laríngeo recorrente

(17%); a fístula da anastomose (6%) e quilotórax (6%). A mortalidade foi de 8%.

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Rocha (1986) realizou estudo da avaliação clínica e secreção ácida de 15

pacientes com megaesôfago chagásico avançado submetidos a esofagectomia

subtotal transmediastinal e anastomose esofagogástrica cervical pela técnica de

Pinotti (1977). Concluiu que os níveis de secreção ácida estimulada com

pentagastrina e pepsinogênio (estimulado com Betazole®) tiveram uma queda

importante e foram estatisticamente significantes quando comparados com os níveis

no pré-operatório. Não ocorreram óbitos.

Orringer et al (1988) analisaram 26 pacientes portadores de acalasia durante

sete anos, dos quais a esofagectomia subtotal transhiatal foi realizada em 24. Dois

pacientes apresentaram lesão vascular, dois quilotorax e um fístula da anastomose.

Nenhum paciente morreu.

Henrichis et al (1988) afirmaram que a insuficiência respiratória é freqüente no

pós-operatório das ressecções esofagianas, levando a altas percentagens de

letalidade. Analisaram 11 pacientes durante e após a cirurgia, registrando freqüência

cardíaca, pressão arterial pulmonar e sistêmica, débito cardíaco, água pulmonar

extravascular e resistência vascular pulmonar. Realizaram dosagens sanguíneas de

adrenalina, nor-adrenalina, serotonina, oxigênio e gás carbônico arterial e venoso.

Constataram alterações mais significativas no intra-operatório, quais sejam: queda

da pressão parcial de oxigênio e aumento da pressão parcial de gás carbônico,

elevação contínua da nor-adrenalina até o final da cirurgia, sem alterações nas

dosagens de adrenalina, e níveis mais elevados de pressão arterial pulmonar assim

terminada a operação. A água pulmonar extravascular estava discretamente

aumentada antes da cirurgia (9ml/kg de peso), não tendo sofrido alterações durante

a mesma. Em 06 pacientes que apresentaram complicações pulmonares,

registraram aumento na água pulmonar extravascular no quarto dia de pós-

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operatório (18 ml/kg de peso). Referiram que a compressão dos pulmões e do

coração, assim como o trauma dos nervos vagos durante as esofagectomias podem

provocar aumento na pressão arterial pulmonar média, resistência vascular

pulmonar, piorando a hematose. Lembraram a importante função depuradora dos

pulmões, em relação às substâncias tais como nor-adrenalina, serotonina,

prostaglandinas e bradicininas, sabidamente vosoconstrictoras, que podem alterar a

permeabilidade microvascular e consequentemente as trocas gasosas pulmonares.

Blass et al (1991) submeteram 20 pacientes a ressecção toracoabdominal do

esôfago. Utilizando anestesia peridural combinada à geral endovenosa, extubação

precoce, C.P.A.P. e fisioterapia respiratória pós-operatória, obtiveram percentagens

baixas de complicações pulmonares. Não são favoráveis a ventilação mecânica no

pós-operatório , acreditando que o tempo no qual o paciente permanece no

respirador tenha influência na percentagem de complicações respiratórias.

Orringer et al (1993) realizaram 583 esofagectomias transmediastinal para

doenças benignas e malignas, destas somente 19 necessitaram de toracotomia.

Cento e sessenta e seis pacientes tinham doença benigna; e destes 40 acalasia. A

esofagogastroplastia foi realizada em 96% com letalidade hospitalar de 5% para os

casos benignos ou malignos. As complicações foram pleuropulmonares (74%),

fístula de anastomose (9%), paralisia de nervo laríngeo (3%), laceração de traquéia

(1%) e quilotórax (1%).

Aquino (2000) realizou a esofagectomia subtotal através da mucosectomia

(retirando apenas o cilindro de mucosa) em 60 pacientes com megaesôfago

avançado. Efetuou-se a reconstrução do trânsito gastrointestinal transpondo o

estômago pelo mediastino posterior, por dentro da túnica muscular esofágica ou pela

via retroesternal. Mostrou ser de execução simples (viável em 98,4%) , baixa

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incidência de complicações e com ausência de sangramentos. Não ocorreram

óbitos.

Govardhan et al (2002) analisaram 411 esofagectomias transhiatal no período

de 1982 a 2000. Destes 44 pacientes tinham doença benigna e em 97% das

reconstituições do trânsito foi utilizado o estômago. A letalidade foi de 11%; com

cinco por cento para os casos benignos. Complicações pleuropulmonares foram as

mais freqüentes (76%), seguidas de fístula da anastomose (14%). Ocorreram três

casos de lesão de traquéia e um caso de lesão de aorta, que faleceu após

sangramento maciço.

Yoshifumi et al (2003) mostraram ser possível, em 15 pacientes a

esofagogastroplastia de tubogástrico confeccionado com a separação da mucosa e

anastomose da parede posterior do estômago com grampeador circular nº 25 mm,

por via cervical.

Walther et al (2003) apresentaram estudo comparativo de 83

esofagogastroplastias transmediastinal entre anastomoses com grampeadores

circulares (25, 28 e 31 mm), situados a nível cervical e torácico. Através de cateter

de Fogarty mensurou o nível e o diâmetro da anastomose, não encontrando

diferença significante (p<0.771) entre o diâmetro das mesmas, seja no tórax ou

cervical.

Rao et al (2004) descreveram sua experiência de 552 esofagectomias

realizadas no período de 1982 a 2002. Destas 459 foram esofagectomias

transmediastinais; e 31 dos 552 pacientes tinham doença benigna. Quilotórax

ocorreu em 11 pacientes (2,4%), dos quais dois faleceram. Concluiu que as lesões

de ducto torácico ocorrem com maior freqüência quando o tumor está localizado no

terço médio do esôfago.

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Law et al (2004) realizaram estudo prospectivo dos fatores preditivos

relacionados com as complicações pleuropulmonares e letalidade dos pacientes

submetidos à esofagectomia transhiatal por câncer de esôfago. Notou que dos 421

pacientes, a ressecção transhiatal foi possível em 83%. A complicação mais

freqüente foi a pleuropulmonar (15,9%) sendo responsável por 55% das

mortalidades hospitalares. Encontrou como fatores de risco para complicações

pleuropulmonares: idade; tempo cirúrgico e localização do tumor, estando

relacionados com a letalidade a idade e volume elevado de sangue infundido no

intraoperatório (> 600ml).

Aquino et al (2005) avaliaram 30 pacientes com megaesôfago avançado

(grupo III/IV) submetidos a esofagectomia transmediastinal no Seviço de Cirurgia do

Hospital Celso Pierro PUC –Campinas. Eram do sexo masculino 24(80%) com idade

variável de 31 a 68 anos e média de 45,6. A imunofluorescência para Chagas foi

positiva em 28 pacientes (93,3%). Na avaliação nutricional quatro pacientes (13,3%)

apresentavam mais de 10% de perda de peso em relação ao normal. A cirurgia

realizada foi a esofagectomia transmediastinal por via cervicoabdominal com

frenotomia mediana, transposição gástrica pela mesma via e anastomose do coto do

esôfago a nível cervical término lateral com sutura mecânica circular com aparellho

DHC 29 mm (24 pacientes) e 25 mm (6 restantes). Quatro pacientes (13,3%)

apresentaram deiscência de anastomose, sendo num deles realizada

esofagostomia e gastrostomia a nível cervical,com boa evolução. A incidência de

estenose foi de 13% e as complicações como pneumonia ocorreram em 4 pacientes

(13,3%).

O tratamento cirúrgico do megaesôfago avançado desde longo tempo

preocupa os cirurgiões que buscam a forma mais conveniente e menos lesiva para a

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solução do problema da disfagia. A análise dos especialistas no que diz respeito as

principais complicações (pleuropulmonares e deiscência de anastomose) e

letalidade hospitalar levou, pelo menos entre nós a adoção de 02 propostas

cirúrgicas mais aceitas: a esofagectomia (nas suas variantes técnicas) e a

cardioplastia tipo Serra Dória.

Desta forma, a presente pesquisa visa analisar os resultados imediatos do

tratamento do megaesôfago chagásico avançado, por meio da esofagectomia

(esofagoextração e transhiatal), com análise das alterações clínicas, variáveis

cirúrgico-anestésicas e complicações, visando preveni-las e diminuir a letalidade.

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2 – OBJETIVO

O objetivo de nosso trabalho foi, através da análise retrospectiva de pacientes

portadores de megaesôfago chagásico avançado, verificar se algumas variáveis

clinico-epidemiológicas (procedência, tempo de disfagia, antecendentes pessoais,

hábitos e vícios (tabagismo e etilismo), perda ponderal (porcentagem de perda de

peso)) e cirúrgico-anestésicas (tipo de anestesia, tempo cirúrgico e anestésico,

volume de concentrados e cristalóides, cirurgia realizada, mediastinite e sepse),

possam exercer alguma influência nas complicações pós-operatórias imediatas e

letalidade hospitalar.

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3- CASUÍSTICA E MÉTODO

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3.1 Casuística

Foram estudados 50 pacientes portadores de megaesôfago chagásico

avançado submetidos a esofagectomia transhiatal ou esofagoextração e

esofagogastroplastia transmediastinal posterior; pertencentes ao Departamento de

Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo atendidos

no período de 26 de abril de 1990 a 08 de março de 2004 (14 anos) .

Eram do sexo masculino 28 (56%) pacientes e do feminino 22 (44%) (Gráfico

1).

Gráfico 1 - Megaesôfago: Distribuição dos pacientes por sexo.

28

22

sexo

feminino

masculino

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A idade (I) dos pacientes variou de 22 a 71 anos, sendo a média de 44,58 anos

(Tabela 01). A maioria dos doentes referia ter 45 anos.

Tabela 1 - Megaesôfago distribuição dos pacientes por idade. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Pacientes Faixa Etária (I)

(anos) N % % Acumulada

31 a 40 15 30 30

41 a 50 25 50 80

51 a 60 05 10 90

61 a 70 03 6 96

71 a 80 02 4 100

Total 50 100,0 -

3.1.1 Diagnóstico

O diagnóstico foi obtido pelo quadro clínico, teste de sorologia para Doença

de Chagas e auxiliado por exames radiológico e eletromanométrico do esôfago. O

esofagograma como descrito por Mascarenhas, foi realizado em todos os pacientes

e a eletromanometria somente a partir do ano de 1996.

O esofagograma foi realizado com aparelho Philips-Challenge N 800 HF. Foi

feita ingestão de 100ml de sulfato de bário em 200 ml de água em 3 posições a 180

cm da ampola com filmes à 10 segundos, 5 e 30 minutos .Todos mostraram

dilatação do órgão e afilamento na transição esofagogástrica, com retenção de meio

de contraste.

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A eletromanometria foi feita com polígrafo computadorizado de 6 canais

(Synetics - Suécia), cateter EMC-R sob infusão capilar pneumohidráulico, ao fluxo

de 0,6 ml/min/canal, sendo os pacientes com ausência de contração do corpo do

esofago caracterizados como megaesôfago avançado ( Figura 1).

Figura 1 - Aparelho de eletromanometria esofágica

Os pacientes foram submetidos à reação de fixação de complemento de Guerreiro-

Machado e à Hemoaglutinação Indireta ou reação imunoenzimática (ELISA) (Leme

et al, 1985; Shawn, Swain, 2003) (Figura 2). Nos casos onde a hemoaglutinação era

inconclusiva, realizava-se a imunofluorescência indireta em campo escuro com

microscopia óptica (Figura 3). Quarenta pacientes (80%) apresentaram exame de

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Guerreiro-Machado positivo e dez (20%) apresentaram megaesôfago ao exame

anatomopatológico e teste negativo.

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3.1.1.1 Anatomia Patológica

Os espécimes colhidos, após inclusão, fixação e coloração com hematoxilina-

eosina, foram submetidos à microscopia óptica convencional constatando-se

megaesôfago em todos os casos.

3.2 Método

3.2.1 Critérios de seleção

Foram escolhidos pacientes que apresentavam as seguintes características:

a) presença de sintomas após cardiomiotomia prévia (megaesôfago com

recidiva de sintomas);

b) portadores de megaesôfago com dilatação do órgão maior que 10

centímetros (grau IV) ao exame radiológico contrastado do esôfago (até

1996);

c) portadores de megaesôfago com eletromanometria revelando ausência de

relaxamento do esfíncter esofagiano inferior e contrações síncronas do corpo

do esôfago de baixa amplitude (após 1996);

d) avaliados por exame clínico, radiológico e laboratorial por exame físico,

radiografia do tórax, eletrocardiograma, prova de função pulmonar,

hemograma, protoparasitológico de fezes, glicemia, uréia, creatinina, provas

de função hepática e estudo de coagulação, que não contra-indicasse o ato

anestésico nem o tipo de cirurgia proposta. As alterações eventualmente

encontradas passíveis de correção foram corrigidas;

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e) cujo estado nutricional permitisse a realização do ato anestésico e da

cirurgia proposta, estabelecido pela impressão subjetiva, perda ponderal de

até 30% do peso habitual e nível de albumina no plasma não inferior a 3,0

mg%.

3.2.3. Variáveis estudadas

3.2.2.1 Procedência

Catalogada com base na divisão geográfica do país, em cinco regiões:

Norte (Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Acre, Rondônia e Tocantins);

Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,

Pernambuco, Sergipe e Bahia);

Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo);

Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul);

Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás )

3.2.2.7. Tempo de disfagia

Consideramos o período de tempo da moléstia a partir do sintoma guia, ou

seja, a disfagia, até o paciente procurar o serviço. Agrupamos os pacientes, segundo

o tempo de história nos seguintes períodos: até 5, 6 a 10, 11 a 15, 16 a 20, 21 ou

mais anos. Calculamos a média dos valores.

3.2.2.8. Antecedentes pessoais

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Registramos neste item doenças ou síndromes referidas pelos pacientes.

3.2.2.9. Hábitos e vícios

Consideramos de interesse apenas o álcool e o fumo (utilizados diariamente).

3.2.2.10. Perda ponderal

Registramos o peso referido pelos pacientes em quilogramas, denominado

peso habitual (PH), assim como seu valor no dia da internação (peso atual - PA).

Calculamos a porcentagem de perda de peso (%PP) de cada um.

3.2.2.6 Tipo de anestesia

Foram considerados dois tipos de anestesia:

1 – Geral: onde os pacientes eram submetidos somente a anestesia sob a

forma inalatória e intubação orotraqueal;

2 – Combinada: onde os pacientes eram previamente submetidos à anestesia

peridural e cateterização do espaço dural para posterior analgesia no pós-

operatório com morfina. Em seguida realizava-se a anestesia geral e

intubação orotraqueal nestes pacientes.

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3.2.2.7 Cirurgias realizadas

Após seções de fisioterapia respiratória, limpeza mecânica do esôfago

(lavagem com sonda de Fouchet e/ou manitol) e antibióticoterapia de largo espectro,

os doentes selecionados foram operados. A cirurgia foi realizada por residentes do

quarto ano de cirurgia do aparelho digestivo, auxiliado pelo titular, assistente ou pós-

graduando do Grupo de Afecções do Esôfago do Departamento de Cirurgia da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Os pacientes foram

submetidos a anestesia geral ou combinada, intubação orotraqueal e após,

colocados em decúbito dorsal horizontal com cabeça fletida para o lado direito.

Efetuamos dois tipos básicos de operações, a saber:

a) Ressecção do esôfago por esofagoextração com anastomose

esofagogástrica cervical manual, laparotomia mediana e cervicotomia

lateral esquerda .

b) Ressecção do esôfago por dissecação transhiatal e anastomose

esofagogástrica cervical manual, laparotomia mediana e cervicotomia

lateral esquerda .

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3.2.2.7.1 Esofagoextração

Os doentes foram operados segundo a técnica proposta por Ferreira em

1973, cuja descrição se resume a seguir:

1)Tempo abdominal

Inicia-se mediante laparotomia mediana supraumbilical e exploração rotineira

dos órgãos abdominais:

a) Secção do ligamento triangular esquerdo do fígado.

b) Liberação e preparo do estômago para a sua transposição: ligadura dos

vasos da grande curvatura, preservando-se a arcada das artérias

gastroepiplóicas; ligadura da artéria gastroepiplóica esquerda e vasos

curtos, liberando o fundo gástrico; ligadura da artéria gástrica esquerda na

sua emergência no tronco celíaco e secção do omento menor por fora da

arcada vascular da pequena curvatura.

c) Realização da manobra de Kocker.

d) Liberação da região da cárdia e do esôfago terminal, mediante tração do

mesmo no sentido crânio-caudal e divulsão romba do tecido periesofágico.

e) Secção esofagogástrica ao nível da cárdia e fechamento do estômago com

fio inabsorvível ou grampeamento.

f) Realização da piloroplastia à Heineke-Mikulicz.

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2)Tempo cervical

a) Incisão cervical de 6 a 8 cm junto ao músculo esternocleidomastoídeo

esquerdo, a partir da fúrcula esternal.

São seccionados os músculos omoíoideo, esternoíoideo e o esternotireóideo.

A tireóide é luxada medialmente e os vasos laterais do pescoço (veia jugular interna

e artéria carótida comum), afastados para fora. É praticada ligadura da veia tireóidea

média, bem como da artéria tireóidea inferior, junto à carótida comum.

b) No interior do ângulo traqueoesofágiano reconhece-se o nervo laríngeo

recorrente, mantido junto ao conjunto laringotraqueal.

c) Para baixo, distalmente a clavícula o esôfago é descolado das estruturas

circunjacentes, posteriormente, da fáscia pré-vertebral, na frente (da

traquéia) e lateralmente da crossa da aorta.

d) O esôfago é seccionado na região cervical no nível previamente escolhido

para a futura anastomose com o estômago.

A esofagectomia é realizada introduzindo-se um fleboextrator ou sonda

nasogástrica pela luz abdominal do órgão, o qual é exteriorizado em nível cervical.

Amarra-se um cadarço ou fita cardíaca à extremidade superior do extrator ou sonda

nasogástrica, que após a retirada do órgão, permanecerá no mediastino posterior e

servirá de guia para elevação do estômago. Aplicando-se tração lenta e contínua

pela haste do fleboextrator no sentido crânio-caudal, consegue-se a extração do

órgão (Figura 2).

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Figura 2 - Extração do esôfago através de sonda nasogástrica, com inversão

do órgão e exposição da mucosa (foto do intraoperatório).

3.2.2.7.2 Dissecção transhiatal

Os doentes foram operados segundo a técnica proposta por Pinotti em 1978,

cuja descrição se resume a seguir:

1)Tempo abdominal

Inicia-se mediante laparotomia mediana partindo do nível do apêndice xifóide

prolongando-se até 3 cm abaixo da cicatriz umbilical.

Liberação dos dois terços distais do esôfago, dentro da seguinte sessão:

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a) Secção do ligamento triangular, liberação do lobo esquerdo do fígado e

exposição da região do hiato esofagiano

b) Abertura do peritônio e do folheto descendente do ligamento freno-

esofágico com exposição do anel hiatal e do esôfago abdominal.

c) Secção da musculatura do anel hiatal na sua face anterior através de

ligaduras prévias por transfixação dos ramos ascendentes das artérias e

veias frênicas, prolongando-se a sua incisão para a esquerda, até a região

do apêndice xifóide (afastando-se do saco pericárdico).

d) Isolamento do esôfago passando-se uma laçada na transição

esofagogástrica com dreno de Penrose e traciona-se o órgão no sentido

caudal.

e) Liberação dos recessos pleurais anteriores – desinserindo-se a gordura da

face posterior do pericárdio.

f) Aplicam-se, no mediastino, afastadores longos como válvulas de Doyen ou

Glass, rebatendo-se o pericárdio para cima e as pleuras mediastinais

lateralmente, obtendo-se exposição das estruturas do mediastino posterior,

principalmente do esôfago e suas conexões vasculares e nervosas.

g) São feitas ligaduras das artérias esofagianas inferiores, em número de três

ou quatro. Descolamento do esôfago no sentido cranial com tesoura até o

encontro dos vasos pulmonares, dos quais é também isolado.

h) Reconhecimento dos troncos vagais, liberação dos mesmos do esôfago e

secção.

i) Liberação e preparo do estômago para a sua transposição: ligadura dos

vasos da grande curvatura, preservando-se a arcada das artérias

gastroepiplóicas; ligadura da artéria gastroepiplóica esquerda e vasos

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curtos, liberando o fundo gástrico; ligadura da artéria gástrica esquerda na

sua emergência no tronco celíaco; secção do omento menor por fora da

arcada vascular da pequena curvatura.

j) Realização da manobra de Kocker.

k) Secção esofagogástrica ao nível do cárdia e fechamento do estômago com

fio inabsorvível ou grampeamento.

l) Realização da piloroplastia à Heineke-Mikulicz.

2)Tempo cervical

a) Incisão cervical de 6 a 8 cm junto ao músculo esternocleidomastoídeo

esquerdo, a partir da fúrcula esternal.

São seccionados os músculos omoíoideo, esternoíoideo e o esternotireóideo.

A tireóide é luxada medialmente,e os vasos laterais do pescoço (veia jugular

interna e artéria carótida comum), afastados para fora. É praticada ligadura da veia

tireóidea média, bem como da artéria tireóidea inferior, junto à carótida comum.

b) No interior do ângulo traqueoesofágiano reconhece-se o nervo laríngeo

recorrente, mantido junto ao conjunto laringotraqueal.

c) Para baixo, distalmente a clavícula o esôfago é descolado das estruturas

circunjacentes, posteriormente (da fáscia pré-vertebral); na frente (da

traquéia) e lateralmente (à esquerda da crossa da aorta).

d) O esôfago é seccionado na região abdominal, abaixo da cárdia, sendo

facilmente removido pelo pescoço (Figura 3). No túnel mediastinal são

transpassadas compressas longas do abdômen ao pescoço, visando controle de

eventuais focos de sangramento .

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Figura 3 – Esôfago retirado pela região cervical

3) Restabelecimento do trânsito esofagiano

a) O trânsito foi restabelecido nas duas técnicas diretamente com o estômago. Para

isso, o órgão é liberado mantendo-se a arcada da grande curvatura à custa do

pedículo dos vasos gastroepiplóicos e gástricos direitos (Figura 4).

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Figura 4 - Preparo do estômago após ligadura dos vasos da grande curvatura,

preservando-se a arcada das artérias gastroepiplóicas, gástrica direita e

realização da piloroplastia.

O esôfago é seccionado na região cervical no nível préviamente escolhido para

futura anastomose com o estômago (Figura 5)

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Figura 5 – Preparo para o primeiro plano da anastomose esôfago-gástrica cervical

O estômago é mobilizado através do túnel mediastinal até a região cervical, onde é

feita anastomose esôfagogástrica em dois planos, interno ou mucoso, e externo;

entre a seromuscular gástrica e a adventício-muscular do esôfago; com pontos

separados de algodão 3-0 (Figura 6).

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Figura 6 - Aspecto final do último plano da anastomose esôfago-gástrica.

b) Executam-se duas jejunostomias, uma proximal para aspiração da

secreção gástrica, e outra distal, para alimentação enteral com dieta

apropriada. Quando não realizadas os pacientes foram mantidos com

nutrição parenteral central e sondagem nasogástrica para aspiração.

c) Deixa-se um dreno de Penrose fino próximo a anastomose, o qual se

exteriorizará pela própria incisão cirúrgica.

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3.2.2.8 Operações associadas

Em alguns pacientes, baseado no achado de doença ou intercorrência no intra-

operatório, nos fez executar as seguintes operações: sutura de traquéia e brônquios

(dois casos) e colecistectomia (cinco casos); por protocolo de manometria prévio

onde todos os pacientes realizaram ultra-som de abdome antes deste exame.

3.2.2.9 Tempo cirúrgico e anestésico

Foi considerado tempo anestésico o momento em que foi realizada a

cateterização do espaço dural (anestesia combinada) ou intubação orotraqueal

(geral) até a realização do curativo da ferida operatória. O inicio da cirurgia foi dado

pela abertura da pele com bisturi até o ultimo ponto realizado nesta.

3.2.2.10 Volume de concentrado de hemáceas e cristalóides

Foi mensurado quantas unidades de concentrados de hemáceas ( 01 bolsa =

01 unidade = 300ml) foram administradas durante todo o tempo anestésico e o

volume de cristalóides (soro fisiológico, glicosado ou ringer lactato) que foi infundido

no mesmo período.

3.2.2.11 Evolução pós-operatória

No seguimento pós-operatório alguns pacientes apresentaram complicações,

isoladas ou múltiplas, de natureza diversa, que agrupamos, por motivos didáticos

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em: pleuropulmonares (parenquimatosas, hemotórax e pneumotórax) , cardíacas,

sepse (febre de 38º C e leucocitose ou leucopenia), neurológicas, da parede

cervical, torácica ou abdominal, deiscência da anastomose cervical, estenose,

mediastinite (necrose ou secreção purulenta oriunda do mediastino no

intraoperatório ou necropsia) , lesão nervosa, lesão linfática e hemorragia. Alguns

necessitaram reoperações ou procedimentos associados em função da(s)

complicação(ões) apresentada(s).

3.2.2.12 Letalidade

Em todos os pacientes que faleceram, analisamos as causas conseqüênciais

dos óbitos.

3.2.2.13 Tratamento estatístico

A correlação entre as variáveis selecionadas, ditas explanatórias,

(procedência, tempo de disfaga, antecedentes pessoais, hábitos e vícios, perda

ponderal, tipo de anestesia, cirurgia realizada, tempo cirúrgico e anestésico, volume

de concentrados de hemáceas e cristalóides) e as complicações pós-operatórias e

letalidade hospitalar (variáveis resultantes), obtidas conforme método descrito foi

realizada utilizando o programa SPSS 8.0 para computador pessoal.

Como primeira etapa do tratamento estatístico realizamos a análise

univariada, verificando o possível efeito de cada variável explanatória sobre as

variáveis resultantes.

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3- CASUÍSTICA E MÉTODO

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3.1 Casuística

Foram estudados 50 pacientes portadores de megaesôfago chagásico

avançado submetidos a esofagectomia transhiatal ou esofagoextração e

esofagogastroplastia transmediastinal posterior; pertencentes ao Departamento de

Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo atendidos

no período de 26 de abril de 1990 a 08 de março de 2004 (14 anos) .

Eram do sexo masculino 28 (56%) pacientes e do feminino 22 (44%) (Gráfico

1).

Gráfico 1 - Megaesôfago: Distribuição dos pacientes por sexo.

28

22

sexo

feminino

masculino

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A idade (I) dos pacientes variou de 22 a 71 anos, sendo a média de 44,58 anos

(Tabela 01). A maioria dos doentes referia ter 45 anos.

Tabela 1 - Megaesôfago distribuição dos pacientes por idade. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Pacientes Faixa Etária (I)

(anos) N % % Acumulada

31 a 40 15 30 30

41 a 50 25 50 80

51 a 60 05 10 90

61 a 70 03 6 96

71 a 80 02 4 100

Total 50 100,0 -

3.1.1 Diagnóstico

O diagnóstico foi obtido pelo quadro clínico, teste de sorologia para Doença

de Chagas e auxiliado por exames radiológico e eletromanométrico do esôfago. O

esofagograma como descrito por Mascarenhas, foi realizado em todos os pacientes

e a eletromanometria somente a partir do ano de 1996.

O esofagograma foi realizado com aparelho Philips-Challenge N 800 HF. Foi

feita ingestão de 100ml de sulfato de bário em 200 ml de água em 3 posições a 180

cm da ampola com filmes à 10 segundos, 5 e 30 minutos .Todos mostraram

dilatação do órgão e afilamento na transição esofagogástrica, com retenção de meio

de contraste.

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A eletromanometria foi feita com polígrafo computadorizado de 6 canais

(Synetics - Suécia), cateter EMC-R sob infusão capilar pneumohidráulico, ao fluxo

de 0,6 ml/min/canal, sendo os pacientes com ausência de contração do corpo do

esofago caracterizados como megaesôfago avançado ( Figura 1).

Figura 1 - Aparelho de eletromanometria esofágica

Os pacientes foram submetidos à reação de fixação de complemento de Guerreiro-

Machado e à Hemoaglutinação Indireta ou reação imunoenzimática (ELISA) (Leme

et al, 1985; Shawn, Swain, 2003) (Figura 2). Nos casos onde a hemoaglutinação era

inconclusiva, realizava-se a imunofluorescência indireta em campo escuro com

microscopia óptica (Figura 3). Quarenta pacientes (80%) apresentaram exame de

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Guerreiro-Machado positivo e dez (20%) apresentaram megaesôfago ao exame

anatomopatológico e teste negativo.

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3.1.1.1 Anatomia Patológica

Os espécimes colhidos, após inclusão, fixação e coloração com hematoxilina-

eosina, foram submetidos à microscopia óptica convencional constatando-se

megaesôfago em todos os casos.

3.2 Método

3.2.1 Critérios de seleção

Foram escolhidos pacientes que apresentavam as seguintes características:

a) presença de sintomas após cardiomiotomia prévia (megaesôfago com

recidiva de sintomas);

b) portadores de megaesôfago com dilatação do órgão maior que 10

centímetros (grau IV) ao exame radiológico contrastado do esôfago (até

1996);

c) portadores de megaesôfago com eletromanometria revelando ausência de

relaxamento do esfíncter esofagiano inferior e contrações síncronas do corpo

do esôfago de baixa amplitude (após 1996);

d) avaliados por exame clínico, radiológico e laboratorial por exame físico,

radiografia do tórax, eletrocardiograma, prova de função pulmonar,

hemograma, protoparasitológico de fezes, glicemia, uréia, creatinina, provas

de função hepática e estudo de coagulação, que não contra-indicasse o ato

anestésico nem o tipo de cirurgia proposta. As alterações eventualmente

encontradas passíveis de correção foram corrigidas;

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e) cujo estado nutricional permitisse a realização do ato anestésico e da

cirurgia proposta, estabelecido pela impressão subjetiva, perda ponderal de

até 30% do peso habitual e nível de albumina no plasma não inferior a 3,0

mg%.

3.2.4. Variáveis estudadas

3.2.2.1 Procedência

Catalogada com base na divisão geográfica do país, em cinco regiões:

Norte (Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Acre, Rondônia e Tocantins);

Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,

Pernambuco, Sergipe e Bahia);

Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo);

Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul);

Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás )

3.2.2.11. Tempo de disfagia

Consideramos o período de tempo da moléstia a partir do sintoma guia, ou

seja, a disfagia, até o paciente procurar o serviço. Agrupamos os pacientes, segundo

o tempo de história nos seguintes períodos: até 5, 6 a 10, 11 a 15, 16 a 20, 21 ou

mais anos. Calculamos a média dos valores.

3.2.2.12. Antecedentes pessoais

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Registramos neste item doenças ou síndromes referidas pelos pacientes.

3.2.2.13. Hábitos e vícios

Consideramos de interesse apenas o álcool e o fumo (utilizados diariamente).

3.2.2.14. Perda ponderal

Registramos o peso referido pelos pacientes em quilogramas, denominado

peso habitual (PH), assim como seu valor no dia da internação (peso atual - PA).

Calculamos a porcentagem de perda de peso (%PP) de cada um.

3.2.2.6 Tipo de anestesia

Foram considerados dois tipos de anestesia:

1 – Geral: onde os pacientes eram submetidos somente a anestesia sob a

forma inalatória e intubação orotraqueal;

2 – Combinada: onde os pacientes eram previamente submetidos à anestesia

peridural e cateterização do espaço dural para posterior analgesia no pós-

operatório com morfina. Em seguida realizava-se a anestesia geral e

intubação orotraqueal nestes pacientes.

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3.2.2.7 Cirurgias realizadas

Após seções de fisioterapia respiratória, limpeza mecânica do esôfago

(lavagem com sonda de Fouchet e/ou manitol) e antibióticoterapia de largo espectro,

os doentes selecionados foram operados. A cirurgia foi realizada por residentes do

quarto ano de cirurgia do aparelho digestivo, auxiliado pelo titular, assistente ou pós-

graduando do Grupo de Afecções do Esôfago do Departamento de Cirurgia da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Os pacientes foram

submetidos a anestesia geral ou combinada, intubação orotraqueal e após,

colocados em decúbito dorsal horizontal com cabeça fletida para o lado direito.

Efetuamos dois tipos básicos de operações, a saber:

a) Ressecção do esôfago por esofagoextração com anastomose

esofagogástrica cervical manual, laparotomia mediana e cervicotomia

lateral esquerda .

c) Ressecção do esôfago por dissecação transhiatal e anastomose

esofagogástrica cervical manual, laparotomia mediana e cervicotomia

lateral esquerda .

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3.2.2.7.1 Esofagoextração

Os doentes foram operados segundo a técnica proposta por Ferreira em

1973, cuja descrição se resume a seguir:

1)Tempo abdominal

Inicia-se mediante laparotomia mediana supraumbilical e exploração rotineira

dos órgãos abdominais:

a) Secção do ligamento triangular esquerdo do fígado.

b) Liberação e preparo do estômago para a sua transposição: ligadura dos

vasos da grande curvatura, preservando-se a arcada das artérias

gastroepiplóicas; ligadura da artéria gastroepiplóica esquerda e vasos

curtos, liberando o fundo gástrico; ligadura da artéria gástrica esquerda na

sua emergência no tronco celíaco e secção do omento menor por fora da

arcada vascular da pequena curvatura.

c) Realização da manobra de Kocker.

d) Liberação da região da cárdia e do esôfago terminal, mediante tração do

mesmo no sentido crânio-caudal e divulsão romba do tecido periesofágico.

e) Secção esofagogástrica ao nível da cárdia e fechamento do estômago com

fio inabsorvível ou grampeamento.

f) Realização da piloroplastia à Heineke-Mikulicz.

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2)Tempo cervical

a) Incisão cervical de 6 a 8 cm junto ao músculo esternocleidomastoídeo

esquerdo, a partir da fúrcula esternal.

São seccionados os músculos omoíoideo, esternoíoideo e o esternotireóideo.

A tireóide é luxada medialmente e os vasos laterais do pescoço (veia jugular interna

e artéria carótida comum), afastados para fora. É praticada ligadura da veia tireóidea

média, bem como da artéria tireóidea inferior, junto à carótida comum.

b) No interior do ângulo traqueoesofágiano reconhece-se o nervo laríngeo

recorrente, mantido junto ao conjunto laringotraqueal.

c) Para baixo, distalmente a clavícula o esôfago é descolado das estruturas

circunjacentes, posteriormente, da fáscia pré-vertebral, na frente (da

traquéia) e lateralmente da crossa da aorta.

d) O esôfago é seccionado na região cervical no nível previamente escolhido

para a futura anastomose com o estômago.

A esofagectomia é realizada introduzindo-se um fleboextrator ou sonda

nasogástrica pela luz abdominal do órgão, o qual é exteriorizado em nível cervical.

Amarra-se um cadarço ou fita cardíaca à extremidade superior do extrator ou sonda

nasogástrica, que após a retirada do órgão, permanecerá no mediastino posterior e

servirá de guia para elevação do estômago. Aplicando-se tração lenta e contínua

pela haste do fleboextrator no sentido crânio-caudal, consegue-se a extração do

órgão (Figura 2).

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Figura 2 - Extração do esôfago através de sonda nasogástrica, com inversão

do órgão e exposição da mucosa (foto do intraoperatório).

3.2.2.7.2 Dissecção transhiatal

Os doentes foram operados segundo a técnica proposta por Pinotti em 1978,

cuja descrição se resume a seguir:

1)Tempo abdominal

Inicia-se mediante laparotomia mediana partindo do nível do apêndice xifóide

prolongando-se até 3 cm abaixo da cicatriz umbilical.

Liberação dos dois terços distais do esôfago, dentro da seguinte sessão:

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a) Secção do ligamento triangular, liberação do lobo esquerdo do fígado e

exposição da região do hiato esofagiano

b) Abertura do peritônio e do folheto descendente do ligamento freno-

esofágico com exposição do anel hiatal e do esôfago abdominal.

c) Secção da musculatura do anel hiatal na sua face anterior através de

ligaduras prévias por transfixação dos ramos ascendentes das artérias e

veias frênicas, prolongando-se a sua incisão para a esquerda, até a região

do apêndice xifóide (afastando-se do saco pericárdico).

d) Isolamento do esôfago passando-se uma laçada na transição

esofagogástrica com dreno de Penrose e traciona-se o órgão no sentido

caudal.

e) Liberação dos recessos pleurais anteriores – desinserindo-se a gordura da

face posterior do pericárdio.

f) Aplicam-se, no mediastino, afastadores longos como válvulas de Doyen ou

Glass, rebatendo-se o pericárdio para cima e as pleuras mediastinais

lateralmente, obtendo-se exposição das estruturas do mediastino posterior,

principalmente do esôfago e suas conexões vasculares e nervosas.

g) São feitas ligaduras das artérias esofagianas inferiores, em número de três

ou quatro. Descolamento do esôfago no sentido cranial com tesoura até o

encontro dos vasos pulmonares, dos quais é também isolado.

h) Reconhecimento dos troncos vagais, liberação dos mesmos do esôfago e

secção.

i) Liberação e preparo do estômago para a sua transposição: ligadura dos

vasos da grande curvatura, preservando-se a arcada das artérias

gastroepiplóicas; ligadura da artéria gastroepiplóica esquerda e vasos

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curtos, liberando o fundo gástrico; ligadura da artéria gástrica esquerda na

sua emergência no tronco celíaco; secção do omento menor por fora da

arcada vascular da pequena curvatura.

j) Realização da manobra de Kocker.

k) Secção esofagogástrica ao nível do cárdia e fechamento do estômago com

fio inabsorvível ou grampeamento.

l) Realização da piloroplastia à Heineke-Mikulicz.

2)Tempo cervical

a) Incisão cervical de 6 a 8 cm junto ao músculo esternocleidomastoídeo

esquerdo, a partir da fúrcula esternal.

São seccionados os músculos omoíoideo, esternoíoideo e o esternotireóideo.

A tireóide é luxada medialmente,e os vasos laterais do pescoço (veia jugular

interna e artéria carótida comum), afastados para fora. É praticada ligadura da veia

tireóidea média, bem como da artéria tireóidea inferior, junto à carótida comum.

b) No interior do ângulo traqueoesofágiano reconhece-se o nervo laríngeo

recorrente, mantido junto ao conjunto laringotraqueal.

c) Para baixo, distalmente a clavícula o esôfago é descolado das estruturas

circunjacentes, posteriormente (da fáscia pré-vertebral); na frente (da

traquéia) e lateralmente (à esquerda da crossa da aorta).

d) O esôfago é seccionado na região abdominal, abaixo da cárdia, sendo

facilmente removido pelo pescoço (Figura 3). No túnel mediastinal são

transpassadas compressas longas do abdômen ao pescoço, visando controle de

eventuais focos de sangramento .

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Figura 3 – Esôfago retirado pela região cervical

3) Restabelecimento do trânsito esofagiano

a) O trânsito foi restabelecido nas duas técnicas diretamente com o estômago. Para

isso, o órgão é liberado mantendo-se a arcada da grande curvatura à custa do

pedículo dos vasos gastroepiplóicos e gástricos direitos (Figura 4).

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Figura 4 - Preparo do estômago após ligadura dos vasos da grande curvatura,

preservando-se a arcada das artérias gastroepiplóicas, gástrica direita e

realização da piloroplastia.

O esôfago é seccionado na região cervical no nível préviamente escolhido para

futura anastomose com o estômago (Figura 5)

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Figura 5 – Preparo para o primeiro plano da anastomose esôfago-gástrica cervical

O estômago é mobilizado através do túnel mediastinal até a região cervical, onde é

feita anastomose esôfagogástrica em dois planos, interno ou mucoso, e externo;

entre a seromuscular gástrica e a adventício-muscular do esôfago; com pontos

separados de algodão 3-0 (Figura 6).

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Figura 6 - Aspecto final do último plano da anastomose esôfago-gástrica.

b) Executam-se duas jejunostomias, uma proximal para aspiração da

secreção gástrica, e outra distal, para alimentação enteral com dieta

apropriada. Quando não realizadas os pacientes foram mantidos com

nutrição parenteral central e sondagem nasogástrica para aspiração.

c) Deixa-se um dreno de Penrose fino próximo a anastomose, o qual se

exteriorizará pela própria incisão cirúrgica.

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3.2.2.8 Operações associadas

Em alguns pacientes, baseado no achado de doença ou intercorrência no intra-

operatório, nos fez executar as seguintes operações: sutura de traquéia e brônquios

(dois casos) e colecistectomia (cinco casos); por protocolo de manometria prévio

onde todos os pacientes realizaram ultra-som de abdome antes deste exame.

3.2.2.9 Tempo cirúrgico e anestésico

Foi considerado tempo anestésico o momento em que foi realizada a

cateterização do espaço dural (anestesia combinada) ou intubação orotraqueal

(geral) até a realização do curativo da ferida operatória. O inicio da cirurgia foi dado

pela abertura da pele com bisturi até o ultimo ponto realizado nesta.

3.2.2.10 Volume de concentrado de hemáceas e cristalóides

Foi mensurado quantas unidades de concentrados de hemáceas ( 01 bolsa =

01 unidade = 300ml) foram administradas durante todo o tempo anestésico e o

volume de cristalóides (soro fisiológico, glicosado ou ringer lactato) que foi infundido

no mesmo período.

3.2.2.11 Evolução pós-operatória

No seguimento pós-operatório alguns pacientes apresentaram complicações,

isoladas ou múltiplas, de natureza diversa, que agrupamos, por motivos didáticos

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em: pleuropulmonares (parenquimatosas, hemotórax e pneumotórax) , cardíacas,

sepse (febre de 38º C e leucocitose ou leucopenia), neurológicas, da parede

cervical, torácica ou abdominal, deiscência da anastomose cervical, estenose,

mediastinite (necrose ou secreção purulenta oriunda do mediastino no

intraoperatório ou necropsia) , lesão nervosa, lesão linfática e hemorragia. Alguns

necessitaram reoperações ou procedimentos associados em função da(s)

complicação(ões) apresentada(s).

3.2.2.12 Letalidade

Em todos os pacientes que faleceram, analisamos as causas conseqüênciais

dos óbitos.

3.2.2.13 Tratamento estatístico

A correlação entre as variáveis selecionadas, ditas explanatórias,

(procedência, tempo de disfaga, antecedentes pessoais, hábitos e vícios, perda

ponderal, tipo de anestesia, cirurgia realizada, tempo cirúrgico e anestésico, volume

de concentrados de hemáceas e cristalóides) e as complicações pós-operatórias e

letalidade hospitalar (variáveis resultantes), obtidas conforme método descrito foi

realizada utilizando o programa SPSS 8.0 para computador pessoal.

Como primeira etapa do tratamento estatístico realizamos a análise

univariada, verificando o possível efeito de cada variável explanatória sobre as

variáveis resultantes.

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4 - RESULTADOS

4.1 Variáveis estudadas

4.1.1 Procedência

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Não recebemos nenhum doente proveniente da região Norte e Centro-Oeste;

16 (32%) eram da região Sudeste, 33 (66%) da região Nordeste e um (2%) da região

Sul (Tabela 02).

Tabela 2 - Megaesôfago distribuição dos pacientes segundo a procedência. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Pacientes Região geográfica

N %

Norte 00 0,0

Nordeste 33 66,0

Sul 01 2,0

Sudeste 16 32,0

Centro-Oeste 00 0,0

Total 50 100,0

4.1.2 Tempo de disfagia

O tempo médio de história calculado para os valores registrados foi 89,3

meses (7,4 anos). A maioria dos doentes, referia ser de até 5 anos o tempo de

disfagia, com amplitude de zero a 25 anos (Tabela 03).

Tabela 3 – Megaesôfago distribuição dos pacientes segundo tempo de

disfagia. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Início dos Sintomas Pacientes

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(anos) N %

1 a 5 29 58

6 a 10 10 20

11 a 15 05 10

16 a 20 04 8

21 ou mais 02 4

Total 50 100,0

4.1.3 Antecedentes pessoais

As doenças ou síndromes referidas e confirmadas ao exame físico e exames

complementares foram: D.P.O.C. 11 doentes (22%), hipertensão arterial (HAS) oito

doentes (16%), cardiopatia seis (12%). Não relataram doenças ou síndromes

pregressas 25 doentes (50%).

4.1.4 Hábitos e vícios

Referiram tabagismo 18 pacientes (36%); referiram uso de bebidas alcoólicas

11 pacientes (22%). Evidentemente havia pacientes que fumavam e bebiam (Tabela

4).

Tabela 4 - Megaesôfago distribuição dos pacientes segundo hábitos e vícios. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Pacientes Hábitos e/ou Vícios

N %

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Tabagismo 18 36

Etilismo 11 22

4.1.5 Perda ponderal

Os registros do peso habitual e do atual nos permitem afirmar que 32 dos

pacientes (64%), haviam perdido até 15% do peso habitual por ocasião da

internação. Quanto aos 18 restantes: de 15,1 a 20%, 9 pacientes (18%); de 20,1 a

25%, cinco (10%); e de 25,1 a 30%, quatro doentes (8%) (Tab. 5).

Tabela 5 - Megaesôfago distribuição dos pacientes segundo a diferença de peso habitual e atual (perda de peso).

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Pacientes Perda de peso

(% PP) N %

Até 5 03 6

5,1 a 10 16 32

10,1 a 15 13 26

15,1 a 20 09 18

20,1 a 25 05 10

25,1 a 30 04 8

Total 50 100,0

4.1.6 Tipo de anestesia

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A maioria dos pacientes (34 doentes) realizou anestesia combinada, enquanto

o restante (32%) foi submetido à anestesia geral. Não houveram complicações

relacionadas ao ato anestésico.

4.1.7 Tempo cirúrgico e anestésico

Os tempos cirúrgicos e anestésicos variaram de 3,2 a 7,3 horas e 4 a 8 horas;

com média de 5,1 e 5,6 horas respectivamente.

Pela análise univariada, as variáveis explanatórias tempo cirúrgico e anestésico não

foram significantes em relação à resultante complicações pleuro-pulmonares (Tabela

10). Porém ,quando se mantém na amostra os 3 casos de esofagoextração ,onde

foram feitos a toracotomia (Sweet) o tempo cirúrgico e anestésico foram

significantes em relação às complicações pleuro-pulmonares (Tabela 6).

Tabela 6– Megaêsofago correlação entre a variável resultante complicações pleuropulmonares e variáveis explanatórias (p<0,05) análise univariada. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004)

Variável p

Tempo anestésico 0,043

Tempo cirúrgico 0,047

Perda ponderal 0,290

4.1.8 Volume de concentrados de hemáceas e cristalóides

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O volume médio de cristalóides infundido foi de 4684 ml (836 ml/h) e a

quantidade de concentrados de hemáceas variou de 0 a 3 unidades.

4.1.9 Cirurgias realizadas

Em 28 pacientes (56%) foi realizada a cirurgia de esofagoextração . A cirurgia

de ressecção transhiatal foi realizada em 22 pacientes (44%). Em três pacientes,

onde havia sido feita a esofagoextração, foi necessária a realização de toracotomia

direita por lesão iatrogênica de vias aéreas (dois casos) e vascular (aorta) (Tabela

7).Os casos onde foi realizada a toracotomia (Sweet), foram excluídos do estudo.

Tabela 7 – Megaesôfago distribuição dos pacientes segundo a cirurgia realizada. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Pacientes Cirurgia

N %

Esofagoextração 28 56

Transhiatal 22 44

Sweet 03 -

Total 53 100,0

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Em nosso estudo, comparando-se a esofagoextração e a ressecção

transhiatal quanto a ocorrência complicações e óbito, não foi encontrada associação

estatisticamente significante entre o tipo de cirurgia e a ocorrência de complicações

(p>0,05 em todas as comparações) (Tabela 8).

Tabela 8 - Megaesôfago correlação entre a variável resultante tipo de cirurgia e variáveis explanatórias (p<0,05) análise univariada.

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004)

Cirurgia Presença de

Complicações

n (%)

Esofagoextração

(n = 28)

Transhiatal

(n = 22)

Teste do Qui-

quadrado ou Exato

de Fisher

p

Óbito 3 (10,7) 4 (18,2) 0,684

Gerais 17 (60,7) 15 (68,2) 0,585

Pleuro-pulmonares 10 (35,7) 9 (40,9) 0,707

Lesão nervosa 3 (10,7) 5 (22,7) 0,277

Fístula 4 (14,3) 6 (27,3) 0,302

Estenose 4 (14,3) 0 ( 0,0) 0,121

Mediastinite 3 (10,7) 2 ( 9,1) 1,000

Lesão de via aérea 1 ( 3,6) 1 ( 4,5) 1,000

Lesão vascular 1 ( 3,6) 0 ( 0,0) 1,000

Sepse 4 (14,3) 3 (13,6) 1,000

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4.1.10 Evolução pós-operatória

Apresentaram complicações, isoladas ou múltiplas, 32 pacientes (64%) assim

distribuídos: pleuro-pulmonares, 19 (38%), sepse, 07 (14%), deiscência de

anastomose cervical, 10 (20%), mediastinite, 05 (10%), da parede cervical, 10

(20%), lesão de via aérea, 02 (4%), lesão de nervo laríngeo inferior, 08 (16%), lesão

vascular (lesão de ducto torácico), 01 (2%) e estenose 04 (8%) (gráfico 02). Não

houve diferença entre os dois primeiros métodos (dissecção transhiatal e

esofagoextração) no que se refere às complicações pleuropulmonares, deiscências

de anastomose e letalidade hospitalar.

Gráfico 2 - Freqüência de complicações e óbitos dos pacientes submetidos a

esofagectomia por megaesôfago chagásico avançado.

Morbidade

7

19

810

4 5

2 2

0

5

10

15

20

óbitos

compl.pleuropulmonares

lesão nervosa

fístula

estenose

mediastinite

lesão v.aérea

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Não foi encontrada associação estatisticamente significante entre a presença de

complicações pleuro-pulmonares e variáveis de interesse (tempo cirúrgico e

anestésico, tipo de anestesia, volume de cristalóides, perda ponderal e hábitos e

vícios) (Tabela 9).

Tabela 9 – Megaêsofago correlação entre a variável resultante complicações pleuropulmonares e variáveis explanatórias (p<0,05) análise univariada. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004)

Complicações Pleuro-Pulmonares

Variáveis Não

(n = 31)

Sim

(n = 19)

Comparação

p

Tempo cirúrgico – média (dp) 4,9 (1,0) 5,3 (1,0) 0,218

Tempo anestésico –

média (dp)

5,5 (1,0)

5,9 (1,0)

0,216

Tipo de anestesia – n (%)

Combinada

Geral

21 (67,7)

10 (32,3)

12 (63,2)

7 (36,8)

0,740

Volume de cristalóides –

média (dp)

mediana

4596,8 (1004,2)

5000

4826,3 (1464,7)

5000

0,579

Perda ponderal – média (dp) 13,7 (7,9) 14,8 (6,1) 0,629

Tabagismo – n (%) 11 (35,5) 5 (26,3) 0,500

A mediastiníte foi a variável explanatória mais significativa correlacionada à

sepse na análise univariada (Tabela 10).

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Tabela 10 - Megaesôfago correlação entre a variável resultante sepse e variáveis explanatórias (p<0,05) análise univariada. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004)

Variável p

Mediastinite 0,01

Tempo de internação 0,04

Lesão de vias aéreas 0,01

A análise univariada em relação a variável resultante mediastinite, constatou

correlação direta e isolada à variável explanatória sepse (Tab. 11).

Tabela 11 – Megaesôfago correlação entre a variável resultante mediastinite e variáveis explanatórias (p<0,05) análise univariada. Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Variável p

Sepse 0,01

Lesão de vias aéreas 0,04

4.1.11 Letalidade

Faleceram sete pacientes (14%).

Analisando as causas consequenciais dos óbitos verificamos que em um

(14,3%) foram complicações pleuropulmonares, em um (14,3%) à deiscência de

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anastomose cervical e em três (43%) foram secundários a lesão iatrogênica (via

aérea e linfática). Em dois (25%) dos demais pacientes, a cardíaca (endocardite

bacteriana e insuficiência cardíaca congestiva) foi a responsável pelos óbitos

( Tabela 12).

Tabela 12 - Megaesôfago distribuição dos pacientes segundo a causa consequencial do óbito.

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004).

Pacientes Causa consequencial

N %

Pleuropulmonar 01 14,3

Deiscência de anstomose cervical 01 14,3

Lesão de ducto torácico 01 14,3

Cardíaca 02 28,6

Lesão de vias aéreas 02 28,6

Total 07 100,0

O melhor modelo foi formado apenas pela variável sepse, porém a estimativa

de erro (oddis rattio) apresentou variabilidade muito grande em função do pequeno

número de casos ; seja no que diz respeito a sepse ou lesões de vias aéreas.

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Não foi encontrada associação estatisticamente significante entre óbito e

demais variáveis de interesse (perda ponderal, antecedentes pessoais, tempo

cirúrgico e anestésico, volume de concentrados de hemáceas e cristalóides e

hábitos e vícios) (Tabela 13).

Tabela 13 - Megaesôfago correlação entre a variável resultante óbito e variáveis explanatórias (p<0,05) análise univariada.

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004)

Óbito

Variáveis Não

(n = 43)

Sim

(n = 7)

Comparação

p

Idade – média (dp) 43,9 (11,9) 48,9 (9,6) 0,300

Perda ponderal – média (dp) 14,7 (7,3) 10,5 (5,4) 0,154

ASA – n (%)

1

2

22 (51,2)

21 (48,8)

4 (57,1)

3 (42,9)

1,000

Raio X – n (%)

2

3

4

10 (23,3)

3 ( 7,0)

30 (69,8)

1 (14,3)

0 ( 0,0)

6 (85,7)

0,631

Tempo cirúrgico – média (dp) 5,1 (1,0) 5,2 (0,8) 0,739

Tempo anestésico –

média (dp)

5,6 (1,1)

5,6 (0,9)

0,992

(continua)

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Tabela 13 - Megaesôfago correlação entre a variável resultante óbito e variáveis explanatórias (p<0,05) análise univariada.

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1990 a 2004)

Óbito

Variáveis Não

(n = 43)

Sim

(n = 7)

Comparação

p

Volume de CHC – n (%)

0

1

2

3

34 (79,1)

5 (11,6)

2 ( 4,7)

2 ( 4,7)

5 (71,4)

1 (14,3)

1 (14,3)

0 ( 0,0)

0,671

Volume de cristalóides –

média (dp)

mediana

4569,8 (1229,9)

4800

5385,7 (569,9)

5000

0,078

Tabagismo – n (%) 15 (34,9) 1 (14,3) 0,406

Complicações gerais – n (%) 25 (58,1) 7 (100,0) 0,040 *

Pleuro-pulmonares – n (%) 16 (37,2) 3 (42,9) 1,000

Lesão nervosa – n (%) 8 (18,6) 0 ( 0,0) 0,580

Fístula – n (%) 9 (20,9) 1 (14,3) 1,000

Estenose – n (%) 4 ( 9,3) 0 ( 0,0) 1,000

Mediastinite – n (%) 0 ( 0,0) 5 (71,4) < 0,001 *

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Lesão de via aérea – n (%) 0 ( 0,0) 2 (28,6) 0,017 *

Lesão vascular – n (%) 0 ( 0,0) 1 (14,3) 0,140

Sepse – n (%) 1 ( 2,3) 6 (85,7) < 0,001 *

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5- DISCUSSÃO

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A grande maioria de nossas escolas cirúrgicas indica as cardiomiotomias nos

casos de megaesôfago sem grande ectasia. Reservam as ressecções esôfago-

gástricas para tratamento dos casos mais avançados ou quando do insucesso do

tratamento anterior (Camara-Lopes, 1995; Ferreira-Santos, 1963; Raia et al, 1975).

As cardiectomias seguidas de simples esôfago-gástroanastomose levam a

resultados precários, devido a esofagite de refluxo (Oliveira et al, 1960). Na tentativa

de evitá-la, utilizou-se plastias valvulares ou interposição jejunal.

Barbosa et al, 1971, mesmo interpondo um segmento de jejuno, não

conseguiu evitar o refluxo gastro-esofágico, relatando esta complicação em 30% dos

doentes. Raia et al, 1975, referiram, naqueles pacientes com grande ectasia do

órgão, persistência de algum grau de disfagia.

Com relação ao aspecto nutricional, a população tratada encontrava-se em

situação precária, com notável redução da massa muscular e peso muito abaixo do

ideal, estimado para indivíduos de mesmo nível estatural (Tab. 6). Porém, como

Belguitti et al (1983) e Law et al (2004), não houve correlação estatística com

complicações pleuro-pulmonares ou letalidade.

Tem-se evidenciado elevada prevalência de desnutrição nos pacientes com

megaesôfago hospitalizados, particularmente em adultos candidatos a cirurgia. A

resposta endócrino-metabólica ao trauma cirúrgico acarreta um gasto energético

adicional ao metabolismo basal com aumento das necessidades energéticas. Esta

resposta é diretamente proporcional à intensidade do trauma, maior na presença de

infecções que pode ocorrer tanto no pré como no pós-operatório (Bristian et al,

1975b; Weinsier at al, 1979; Mullen et al, 1979; Papini-Berto et al, 1997).

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Seltzer et al (1982) mostraram que pacientes desnutridos tiveram quaro vezes

mais complicações pós-operatórias e mortalidade seis vezes maior quando

comparados aos nutridos.

Mughal et al (1987) notaram que pacientes desnutridos com doenças

benignas do trato gastrintestinal, submetidos a tratamento cirúrgico, tiveram 55% de

complicações no pós-operatório, enquanto os nutridos, 29%.

Cannon et al (1944) encontraram relação entre a desnutrição protéica e as

infecções no pós-operatório, onde a freqüência e a gravidade da infecção dependem

em grande parte da capacidade individual, e da resistência natural ou adquirida.

Destacaram ainda a correlação entre déficit protéico e a produção reduzida de

globulinas e anticorpos.

Em nosso estudo por meio de medidas antropométricas e bioquímicas

(albumina e leucograma); não foi possível estabelecer correlações entre a

desnutrição no pré-operatório e a incidência de complicações pleuro-pulmonares

(Tabela 9).

O número de casos observados em algumas das complicações pós-

operatórias imediatas impossibilitou a análise estatística e comprovação adequada

com dados da literatura. Entre elas citamos: lesão de ducto torácico (um caso),

lesão de vias aéreas (dois casos) e cardíacas (dois casos). Algumas aconteceram

fortuitamente, outras eventualmente relacionadas a falhas técnicas, não permitindo

suas baixas freqüências confronto adequado com a literatura. Assim sendo nos

abstemos de discuti-las.

As demais, ou seja, as de natureza pleuro-pulmonar (19 casos), a sepse (sete

casos), as deiscências de anastomose (dez casos), a mediastinite (cinco casos), o

tempo cirúrgico, o tipo de anestesia (34 casos de combinada), o tipo de cirurgia

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realizada e os óbitos (sete casos), serão objeto de análise e discussão em

parágrafos distintos.

5.1 Complicações pleuro-pulmonares

Entre os fatores de risco que podem exercer alguma influência nas

complicações pleuro-pulmonares são referidos, na literatura: idade avançada, lesão

renal, D.P.O.C., PO2, dosagem de albumina e/ou deficiência imunológica-nutricional,

tipo e duração da cirurgia, perda sanguínea operatória e estádio da doença (Black et

al, 1977; Watson et al, 1982; Galandiuk et al, 1986; Shahian et al, 1986; Fan et al,

1987; Hopt et al, 1987; Nishi et al, 1988; Toyizumi et al, 1990; Law et al, 2004).

Algumas das variáveis por nós analisadas, entre as quais a perda ponderal

e o tipo de cirurgia realizada, passíveis de confronto com a literatura acima relatada

não demonstraram correlação estatística em análise univariada, com as

complicações pleuro-pulmonares (Tab. 9).

Acreditamos que isto tenha ocorrido pelos critérios pré-estabelecidos na

seleção dos casos, utilizando provas de função pulmonar e cuidados intensivos nos

pacientes com D.P.O.C. O mesmo se pode dizer em relação a perda ponderal, com

avaliação nutricional pela impressão subjetiva, dosagem de albumina não inferior a 3

mg% e perda ponderal de 5 até 15% do peso era aproximadamente 60% (29/50) dos

pacientes, caracterizando desnutrição moderada (Blackburn et al, 1977; Rolim,

1982; Belguiti et al, 1983; Jensen, 1985; Nishi et al, 1988b).

Demonstrou-se, pela análise univariada, que as variáveis explanatórias

tempo cirúrgico e anestésico não foram significantes em relação à resultante

complicações pleuro-pulmonares. Porém ,quando se mantém na amostra os 3

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casos de esofagoextração ,onde foi feita a toracotomia (Sweet) o tempo cirúrgico e

anestésico foram significantes em relação às complicações pleuro-pulmonares

(Tabela 6). Nesta nova correlação de significância entre o tempo cirúrgico e

anestésico e as complicações pleuro-pulmonares, acreditamos importante

considerar a reposição volêmica intraoperatória e a infecção adquirida.

A hiper-hidratação talvez tenha ocorrido, já que nas anestesias de nossos

pacientes o volume médio de cristalóides foi de 4684 ml ,aumentando as

complicações pleuropulmonares e difucultando a extubação, baseado em estudos

da água pulmonar extravascular (Ando et al, 1983; Kanamaru, 1984; Abo, Kudo,

1988; Henrichs et al, 1988; Nishi et al, 1988; Watanabe, 1991; Yamanaka et al,

1991).

A infecção, adquirida pela mudança da flora respiratória habitual decorrente

da constante migração dos germes, tendo como ponto de partida o esôfago

obstruído no pré-operatório (Puestow et al, 1955; Zilbernstein, 1978; Giulli, 1988;

Gagliardi et al, 1998; Crema et al, 2002), além da sua natureza hospitalar, pela

permanência global prolongada (28,7 dias em média), face a internação precoce

para feitura de esofagogastroduodenoscopia, provas de função respiratória,

fisioterapia pulmonar e broncoscopia, procedimentos de difícil execução em

ambulatório, dadas as características de nossos pacientes. Levando-se em

consideração a média de permanência hospitalar pós-operatória (13,98), nossos

pacientes permaneceram internados aproximadamente 3 dias para exames e

preparo pré-operatório.

Considerando-se de maneira mais especifica as complicações pleuro-

pulmonares, verificamos que em 17/19 casos (n=50) foram de natureza não

parenquimatosa, sendo o pneumotórax à direita a mais freqüente (10 casos).

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É provável que a avaliação nutricional criteriosa, a utilização rotineira de

anestesia peridural (Blass et al, 1991), eventualmente acrescida de morfina, o uso

de cristalóides de forma criteriosa respeitando os fundamentos da cinética de água

pulmonar extra-vascular (Heinrichs et al, 1988) evitando-se entubação pulmonar

seletiva (Borgeois et al, 1984) e a execução de modernas técnicas de ventilação

pulmonar seletiva, quando necessário (Imamura et al, 1988), possamos realizar

operações com menor freqüência de complicações pleuro-pulmonares e

consequentemente da letalidade.

5.2 Sepse

A sepse ocorreu em sete pacientes (14%). Em 03 casos tendo como ponto

de partida a mediastinite, secundária a iatrogenia (lesão de via aérea e linfática).

Nos restantes, em 02 desencadeada por complicações pleuro-pulmonares e nos

demais, respectivamente, por deiscência de anastomose cervical e endocardite

bacteriana.

Na revisão da literatura os termos sepse e septicemia não são usados com

freqüência, havendo referências a infecção, seja de causa pleuro-pulmonar, seja por

deiscência de anastomose associada a mediastinite, seja de outra natureza (Kock et

al, 1967; Lawler et al, 1969; Guinn et al, 1971; Zilberstein et al,1981; Watson, 1982;

Thorson et al, 1983; Wang, Chien, 1983; Grifin et al, 1989; Kimose et al, 1990).

Referências específicas à sepse, na maioria das vezes relacionadas a deiscência de

anastomose e/ou mediastinite, foram feitas por: Zerbini (1950), Hankis et al (1982) e

Pinotti et al (1983).

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Os fatores de risco descritos na literatura que influenciam o desenvolvimento

de complicações sépticas fatais são: a idade avançada e o grau de disfagia. Atuam

de modo independente, promovendo desnutrição protéico-calórica e como

conseqüência, a sepse (Saito et al, 1991).

Os cálculos estatísticos desta casuística ressaltam a mediastiníte como a

variável esplanatória mais significativa correlacionada à sepse na análise univariada

(Tabela 10).

A gravidade de uma infecção do mediastino é conhecida de longa data, em

função das características anatômicas deste compartimento. A presença de tecido

areolar frouxo, facilitando a difusão do processo inflamatório e a invasão de

bactérias envolvidas,assim como a existência de vasos de grande calibre (artérias e

veias) funcionando como verdadeiras bombas que condicionam disseminação

bacteriana, propiciando a sepse.

Pelos mecanismos acima expostos, torna-se bastante simples correlacionar

mediastinite e sepse. No paciente onde a complicação pleuro-pulmonar

desencadeou a sepse, acreditamos que a mudança na flora respiratória habitual

tenha sido o ponto de partida da infecção. Os germes infectantes poderiam ser de

natureza hospitalar, pelo tempo prolongado de permanência (10 dias em média) em

função dos exames e preparo pré-operatórios, ou adquiridos pela aspiração

constante a partir do esôfago obstruído. O incremento da virulência estaria

relacionado à imunodeficiência do hospedeiro pelo estado nutricional. É possível,

também que o jejum prolongado nos doentes, recebendo nutrição parenteral no pré-

operatório, por mecanismos de translocação bacteriana, contribuiu para instalação

da sepse.

Apesar de não ter sido constatada nestes casos, pelos critérios estabelecidos,

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a mediastinite pode ter ocorrido como evento terminal em pacientes com infecção

generalizada (assentamento de germes em zona de manipulação cirúrgica),

corroborando ainda mais a análise estatística.

Analisando o paciente no qual a deiscência de anastomose cervical parece ter

sido o ponto de partida para o desenvolvimento da sepse, embora o número de

casos seja pequeno para afirmarmos com segurança, talvez a deiscência de

anastomose cervical, dita externa, inócua e benigna (Tinoco et al, 1982), não se

comporte desta forma, originando a mediastinite por contaminação direta no

mediastino alargado, descolado e sem bloqueio, pela manipulação cirúrgica (Wang,

1983). Em nosso caso, o ponto de fixação da anastomose junto à fascia pré-

vertebral (conforme protocolo), não foi feito, o plano de sutura da mesma desceu

para o tórax e a deiscência levou a contaminação do mediastino ao invés da região

cervical.

5.3 Mediastinite

A mediastinite, como já registrado ocorreu em cinco casos (10%), todos com

evolução fatal. É relatada na literatura como responsável por até 20% dos óbitos,

intimamente relacionada às deiscências de anastomose e a utilização da via

mediastinal posterior na reconstituição do trânsito (Guinn et al, 1971; Zilberstein et

al, 1981; Watson, 1982; Pinotti et al, 1983; Torson et al, 1983; Wang, Chien, 1983;

Kimose et al, 1990). A gravidade da infecção mediastinal conhecida de longa data

por clínicos e cirurgiões, provocando sepse pelas razões já expostas no item 5.2,

explica a evolução desfavorável destes pacientes.

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Foi desencadeada em um paciente pela deiscência de anastomose cervical

por provável “disseminação por contigüidade” do conteúdo extravasado ao

mediastino descolado e dissecado, para transposição gástrica. Esta situação alerta o

cirurgião para a gravidade de uma deiscência de anastomose cervical no pós-

operatório imediato das esofagectomias. A aparente drenagem externa do conteúdo

extravasado não parece ocorrer de forma plena, apesar da drenagem criteriosa e

rotineira nestes casos.

A análise univariada em relação a variável resultante mediastinite, constatou

correlação direta à variável explanatória sepse (Tab. 11).

Assim sendo, analisando esta tabela verificamos que as correlações estatísticas

entre mediastinite e sepse são bilaterais, porém a cronologia de fenômenos

patológicos é unidirecional, sentido mediastinite → sepse.

5.4 Deiscências de anastomoses

As deiscências de anastomoses são referidas na literatura como complicação

freqüente do câncer de esôfago operado, não ocorrendo desta forma nos portadores

de megaesôfago (Ferreira et al, 1975 ; Rocha et al,1986).

5.4.1 Deiscência de anastomose cervical

Constatamos pelos cálculos de análise univariada a presença de

complicações pleuro-pulmonares, atuando de maneira independente em relação à

resultante deiscência de anastomose cervical. Tivemos a impressão de que estas

ocorreram isoladamente e na dependência de outros fatores, tais como: tempo de

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anestesia, número de incisões, tempo operatório e trauma cirúrgico (Black et al,

1977; Orringer et al, 1985; Fan et al, 1987).

Com relação aos fatores que podem influenciar a cicatrização das fístulas das

deiscências de anastomoses cervicais, Fan et al (1988) constataram como

significante a dosagem de albumina. Não foram significantes: a idade avançada, o

tempo de fístula e a característica do suporte nutricional.

Encontramos, mais uma vez o caráter inócuo e a evolução benigna das

deiscências de anastomose cervical nos casos de megaesôfago, pois dos dez

pacientes (20%) em que ocorreram, um faleceu. Dos pacientes 04(8%)

apresentaram estenose cicatricial da anastomose após resolução da fístula. Todos

responderam com sucesso a dilatação endoscópica.

5.5 Lesões vasculares

As lesões vasculares (lesão de aorta, veia ázigos e ducto torácico) são

descritas como raras 0,5 a 4% (Orringer et al, 1988; Wemyss et al, 2001; Hoffer et al,

2001), porém de mortalidade elevada; acima de 50%. Podem ocorrer, no

megaesôfago gigante, em decorrência da aderência por periesofagite e inúmeros

vasos de neocirculação que se formam com as estruturas adjacentes como pleura,

veia ázigos e aorta (Pinotti et al, 1977; Orringer et al, 1983; Oswens et al, 2001).

Ocorreu um caso de lesão vascular ( ducto torácico) que faleceu por mediastinite 20

dias após a cirurgia. Constatamos, assim, a evolução grave desta complicação,

assim como o seu tratamento de forma conservadora estar associado com alta

morbidade e mortalidade (Oswens et al, 2001; Law et al, 2004). Talvez a cirurgia

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precoce para laqueadura do ducto torácico pudesse evitar a desnutrição grave e

óbito subseqüente.

5.6 Lesões de vias aéreas

O esôfago tem íntima relação com a traquéia e brônquios principais.Após

esofagectomias, as lesões de via aérea são raras, podendo ocorrer na ordem de 0,6

a 1% (Orringer et al, 1985; Hulcher et al, 2000). Ocorreram em quatro pacientes,

tendo dois deles falecido. Em dois casos ocorreu durante a esofagoextração (na

parede posterior da traquéia e brônquios), sendo tratados através de intubação

seletiva contralateral , toracotomia direita e sutura da lesão (Millikan et al, 1997;

Orringer et al, 1993), com boa evolução. Nos demais, um faleceu no pós-operatório

imediato (esofagoextração) e no outro (transhiatal) o diagnóstico foi tardio, no

terceiro dia de pós-operatório foi identificada uma lesão a nível da traquéia ,

quando o mesmo já apresentava quadro infeccioso instalado com sepse,

mediastinite e evolução fatal.

5.7 Tipo de cirurgia realizada

Existem algumas opções de tratamento cirúrgico no megaesôfago

chagásico avançado dentre elas a esofagectomia (esofagoextração , ressecção

transhiatal e mucosectomia) e a cirurgia de Serra Dória. Em nosso estudo

comparando-se a esofagoextração e a ressecção transhiatal no que diz respeito a

complicações e óbito não foi encontrada associação estatisticamente significante

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entre o tipo de cirurgia e a ocorrência de complicações (p>0,05 em todas as

comparações) (Tabela 8).

A técnica cirúrgica proposta por Ferreira (1973), reduz o tempo operatório, o

consumo de sangue e dispensa material e aparelhagem cirúrgica sofisticada, porém

nesta técnica houve grande número de iatrogenias em nosso estudo, como lesões

graves de vias aéreas e vasculares (Tabela 12).

Alguns autores preconizam as esofagocoloplastias na reconstrução para

casos de esofagectomia quando se trata de doença benigna. Isto ocorre pelo fato do

coto esofágico residual ficar mais exposto ao refluxo ácido e portanto ocorrer

esofagite crônica da mucosa esofágica,sendo esta considerada como predisponente

ao câncer (Barret et al, 1964; Appelqvist et al, 1972). A adoção da

esofagogastroplastia para reconstituição do trânsito alimentar, prende-se ao fato que

a outra opção, encontra-se prejudicada, a nosso ver, nos casos de megaesôfago

chagásico, por ser o cólon, após o esôfago a víscera mais lesada na Moléstia de

Chagas.

Outro aspecto, é que os doentes chagásicos tem níveis menores que

indivíduos normais de secreção ácida basal (Padovan et al, 1982) .Resultados

semelhantes foram referidos por Troncon (1982), Leão (1976) e Oliveira (1972) e

podem ser explicados pela destrição dos plexos de Meissner e Auerbach, ao nível

da parede gástrica (Troncon et al, 1982). Pacientes com megaesôfago chagásico

avançado submetidos a esofagectomia tem redução significante da secreção ácida

estimulada com pentagastrina quando comparada no pré e pós-operatório. O

mesmo ocorre com os níveis de pepsinogênio após estímulo com Betazole® (Rocha

et al, 1986).

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A esofagectomia com esofagogastroplastia e a cirurgia de Serra Dória

proporcionam qualidade de vida semelhantes (tanto na classificação de Visick

quanto O.M.S.). Representam duas opções com fatores favoráveis (índices de

disfagia leve maiores na cirurgia de Serra Dória( 36%)) e desfavoráveis (incidência

de diarréia pós-vagotomia maiores na esofagectomia)(Stephani-Nakano et al, 2005).

Além disto , é inegável a vantagem de extirpar um órgão que apresenta alta

incidência de lesões leucoplásicas e neoplásicas (Câmara-Lopes et al,

1961;Ferreira-Santos et al, 1963; Barret et al, 1964; Pinotti et al, 1974).

5.8 Letalidade hospitalar

Como assinalado no item 4.3 faleceram sete doentes (14%). Torna-se difícil

traçar o paralelo entre letalidade hospitalar registrada em nossa casuística e a

literatura, pela presença de múltiplas variáveis que interferem nos resultados. Entre

elas destacaríamos: o tamanho da casuística, graduação da doença e as condições

de aparelhagens no pré, intra e pós-operatório; como disponibilidade de UTI.

No grupo de pacientes que tiveram óbito 85,7% tiveram complicações, 71,4% destes

tiveram mediastinite e 28,6% tiveram lesões de vias aéreas. O melhor modelo foi

formado apenas pela variável sepse, porém a estimativa de erro apresentou

variabilidade muito grande em função do pequeno número de casos .

Não foi encontrada associação estatisticamente significante entre óbito e

demais variáveis de interesse (tempo cirúrgico e anestésico, volume de concentrado

de hemáceas e cristalóides e hábitos e vícios) (Tabela 13).

A padronização da técnica de esofagectomia (ressecção transhiatal),

cuidados na hidratação no intra-operatório (média 1800ml) a extubação precoce

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(conforme os padrões clínicos e gasométricos) nos últimos 14 casos de

megaesôfago chagásico operados nos 2 anos após o estudo permitiu resultados

melhores. Não ocorreram casos de lesão vascular ou vias aéreas , a incidência de

complicações pleuro-pulmonares baixou , a maioria dos pacientes não necessitou de

intubação e ventilação mecânica nas 24 horas do pós-operatório inicial ou de UTI ,

permaneceram na enfermaria, não ocorrendo nenhum caso de óbito.

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6 - CONCLUSÕES Os resultados obtidos pelo presente trabalho, com 50 pacientes portadores de

megaesôfago chagásico avançado, permitem concluir:

1- A perda ponderal, tempo cirúrgico e anestésico e o tipo de cirurgia

realizada, não demonstraram influência nas complicações pleuropulmonares.

2 - A mediastinite e a sepse tiveram relação com a mortalidade pós-operatória

imediata.

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RESUMO

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Pochini CC. Esofagectomia com gastroplastia no megaesôfago chagásico avançado

: complicações pós-operatórias imediatas e fatores de risco. Tese de Mestrado.

2006..

O objetivo deste trabalho foi analisar retrospectivamente os pacientes

portadores de megaesôfago chagásico avançado as variáveis clínico-

epidemiológicas, cirúrgico-anestésicas e sua evolução e letalidade. Estudamos 50

pacientes com megaesôfago chagásico avançado submetidos a esofagectomia

transhiatal ou esofagoextração e esofagogastroplastia transmediastinal posterior no

Departamento de Cirurgia, num período de catorze anos. O diagnóstico foi obtido

pelo quadro clínico, sorologia para Doença de Chagas, exames radiológicos e

eletromanometria esofágica. Foram incluídos pacientes que apresentavam sintomas

após cardiomiotomia prévia, dilatação do órgão maior que 10 centímetros ao exame

radiológico contrastado, eletromanometria com ausência de relaxamento do

esfíncter esofagiano inferior e contrações síncronas de baixa amplitude do corpo do

esôfago. Eram do sexo masculino 28 (56%) pacientes e do sexo feminino 22 (44%),

a idade variou de 22 a 71 anos, com média de 44,58 anos. Eram da região Sudeste

16 pacientes (32%), 33 (66%) da região Nordeste e um (2%) da região Sul. Trinta e

dois pacientes (64%) haviam perdido até 15% do peso habitual. Quarenta pacientes

(80%) apresentaram sorologia para Doença de Chagas positiva. A maioria dos

pacientes (34 doentes) teve anestesia combinada, enquanto o restante foram

submetidos à anestesia geral. Os tempos cirúrgicos e anestésicos variaram de 3,2 a

7,3 horas e 4 a 8 horas; com média de 5,1 e 5,6 horas, respectivamente. O volume

médio de cristalóides infundido foi de 4684 (836 ml/h) e a quantidade de

concentrados de hemáceas variou até três unidades. Em 28 pacientes (56%) foi

realizada a cirurgia de esofagoextração e a esofagectomia transhiatal foi realizada

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em 22 pacientes (44%). Apresentaram complicações 32 pacientes (64%) assim

distribuídos: pleuropulmonares 19 (38%), sepse sete (14%), deiscência de

anastomose cervical dez (20%), mediastinite cinco (10%), infecção da parede

cervical dez (20%), lesão de via aérea dois (4%), lesão de nervo laríngeo inferior oito

(16%), lesão de ducto torácico um (2%) e estenose quatro (8%). Não houve

diferença entre os dois primeiros métodos (dissecção transhiatal e esofagoextração)

no que se refere às complicações pleuropulmonares, deiscências de anastomose e

letalidade hospitalar. Faleceram sete pacientes (14%). Algumas das variáveis por

nós analisadas, entre as quais a perda ponderal, a mediastinite , tipo de cirurgia

realizada , tempo cirurgico e anestésico, não demonstraram correlação estatística

em análise univariada, com as complicações pleuro-pulmonares. Demonstrou-se

que as variáveis explanatórias. Os cálculos estatísticos desta casuística ressaltam a

mediastiníte como a variável esplanatória mais significativa correlacionada à sepse

na análise univariada.

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ABSTRACT Pochini, CC.

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Esophagectomy with gastroplasty in advanced chagasic megaesophagus: immediate post-

operative complications and risk factors. Magistry Thesis. 2006

The objective of this study was to retrospectively analyze patients with advanced chagasic

megaesophagus, clinical epidemiological variables, surgical-anesthetic variables, their

evolution and lethality. 50 patients with advanced chagasic megaesophagus submitted to

transhiatal esophagectomy or posterior transmediastinal esophageal gastroplasty and

esophageal extraction in the Department of Surgery over a period of 14 years, were studied.

The diagnosis was obtained by clinical history, Chagas serology, radiologic exams and

esophageal electromanometry. Patients that presented symptoms after a cardiomyotomy

previous, a dilated organ more than 10 cm in a contrasted radiologic exam, electromanometry

with absence of relaxation of the lower esophageal sphincter and sincronized contractions of

low amplitude of the esophageal body were included. 28 patients (56%) were males, 22 (44%)

were females, and ages ranged from 22 to 71 years with an average of 44.58 years. 16 patients

(32%) were from the Southeastern region, 33 (66%) were from the Northeastern region and 1

(2%) from the Southern region. 32 patients (64%) had lost up to 15% of their normal weight.

40 patients (80%) presented positive serology for Chagas. The majority of the patients (34)

had combined anesthesia while the rest were submitted to general anesthesia. Surgical timing

and anesthesia varied from 3.2 to 7.3 hours and 4 to 8 hours with a mean of 5.1 to 5.6 hours

respectively. The mean volume of infused crystalloids was 4684 (836 ml/h) and the quantity

of hemoconcentrate varied up to three units. An esophageal extraction was performed in 28

patients (56%) and a transhiatal esophagectomy was performed in 22 patients (44%). 32

patients (64%) presented the following complications: pleuropulmonary-19 (38%), sepsis-7

(14%), cervical anastomosis dehiscence-10 (20%), mediastinitis-5 (10%), infection of cervical

wall-10 (20%), airway lesion-2 (4%), inferior laryngeal nerve lesion-8 (16%), thoracic duct

lesion-1 (2%), and stenosis-4 (8%). There were no differences between the first two methods

(transhiatal dissection and esophageal extraction) regarding pleuropulmonary complications,

dehiscences of anastomosis and in patient mortality. 7 patients (14%) died. Some of the

variables that we analyzed, which included weight loss, medistinitis, type of surgery

performed, surgical and anesthesia timing did not show statistical correlation in a one variable

analysis such as pleuropulmonary complications. The statistical calculations of this casuistic

highlight medisatinitis as the most significant explanatory variable correlated to sepsis in a

one variable analysis.

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