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Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte ce erar aui Volume 384 Brasília, 25 de abril a 1°de maio de 1988 - 44 mais! Ulysses Guimarães deu novo passo para acelerar os trabalhos da Constituinte ao criar a Comissão de Redação, que já está atuando ADIRP/Gu.lhcrmc Rangel ADlRP/Castor Jünior Unidos pela fome de justiça Funcionános do IBGE (foto à esquerda) fazendo greve de ( fome em solidariedade aos colegas grevistas demitidos pela direção do órgão e grupos indígenas (à direita) que pediam punição aos responsáveis pelo massacre dos Ticuna quebraram a rotma das votações esta semana na Assembléia. Os funcior irios entregaram aos líderes partidários e ao presidente Ulysses um documento em que explicam o motivo de sua greve e anunciaram a fome como protesto contra as demissões, contra a intervenção do IBGE e por reajuste salanal de 88 por cento. Nacomemoração do Dia do Indio, com a presença de representantes de várias tribos, novos protestos lembraram o massacre Ticuna e, em dezenas de pronunciamentos, constituintes emocionados cobraram do governo medidas para conter a invasão de terras indígenas por ganmpeiros, empresas madeireiras e mineradoras, que exploram suas riquezas naturais, levam doenças e ameaçam a sobrevivência dos ülnmos grupos ainda não aculturados. (Páginas 14, 15 e 16) Uma Comissão de Redação foi instituída, na semana passa- da, com o objetivo de apressar ainda mais a conclusão dos tra- balhos constituintes. Sua com- posição foi obtida após consul- ta a partidos e grupos, todos eles representados no organis- mo. A Comissão não tem fun- ção política, mas técnica. Ela fará o trabalho de depuração do texto já votado (e do que vai sendo apreciado) pelo Ple- nário, procurando adequá-lo o mais possível às exigências de um produto jurídica e literaria- mente o mais perfeito possível. Por jurídico, entenda-se a re- dação que torna as leis inteira- mente compatíveis, umas com as outras, sem que haja discre- pâncias que tornem inviável a sua interpretação pela Corte competente, no caso o Supre- mo Tribunal Federal. Por lite- ratura, entenda-se a comunica- bilidade do texto, a sua versão num português -língua oficial do país -que, sem ser castiço, traduza a modernidade da lín- gua falada e escrita, fazendo com que possa ser compreen- dido pelos doutos e pelo cida- dão comum. A Comissão de Redação não tem poderes específicos, não é artífice do texto constitucional. Sua atribuição, como já se dis- se, é evitar que muitos dias se- jam perdidos na discussão de caráter simplesmente herme- nêutico. Isso não significa des- considerar o sentido das pala- vras, mas, pelo contrário, ob- ter, pelo consenso, definições sobre as palavras exatas. Outra medida tomada visan- do a acelerar ainda mais o mo- tor da Constituinte vai induzir os parlamentares - que por um motivo ou por outro pouco têm comparecido às sessões - a aqui estarem para votar todo e qualquer dispositivo. Daqui para a frente, o constituinte que faltar quatro dias seguidos às votações perderá os jetdns equivalentes. Da mesma ffit- ma, quem faltar sete dias alter- nados perderá a parte variável dos subsídios. A Constituinte anda apassos velozes. Com pressa sempre maior, mas, esperamos, com qualidade igualmente crescen- te. (Página 7) •.

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Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte

•ce erar aui

Volume384

Brasília, 25 de abril a 1°de maio de 1988 - N° 44

mais!

Ulysses Guimarães deu novo passo para acelerar os trabalhos da Constituinte ao criar a Comissão de Redação, que já está atuando

ADIRP/Gu.lhcrmc Rangel

ADlRP/Castor Jünior

Unidospela fomede justiça

Funcionános do IBGE (fotoà esquerda) fazendo greve de (

fome em solidariedade aoscolegas grevistas demitidos

pela direção do órgão egrupos indígenas (à direita)

que pediam punição aosresponsáveis pelo massacre

dos Ticuna quebraram arotma das votações estasemana na Assembléia.

Os funcior irios entregaramaos líderes partidários e

ao presidente Ulysses umdocumento em que explicam

o motivo de sua greve eanunciaram a fome

como protesto contra asdemissões, contra a

intervenção do IBGE e porreajuste salanal de 88

por cento. Nacomemoraçãodo Dia do Indio, com a

presença de representantesde várias tribos, novosprotestos lembraram omassacre Ticuna e, em

dezenas de pronunciamentos,constituintes emocionados

cobraram do governo medidaspara conter a invasão de

terras indígenas porganmpeiros, empresas

madeireiras e mineradoras,que exploram suas riquezasnaturais, levam doenças eameaçam a sobrevivênciados ülnmos grupos ainda

não aculturados.(Páginas 14, 15 e 16)

Uma Comissão de Redaçãofoi instituída, na semana passa­da, com o objetivo de apressarainda mais a conclusão dos tra­balhos constituintes. Sua com­posição foi obtida após consul­ta a partidos e grupos, todoseles representados no organis­mo. A Comissão não tem fun­ção política, mas técnica. Elafará o trabalho de depuraçãodo texto já votado (e do quevai sendo apreciado) pelo Ple­nário, procurando adequá-lo omais possível às exigências deum produto jurídica e literaria­mente o mais perfeito possível.Por jurídico, entenda-se a re­dação que torna as leis inteira­mente compatíveis, umas comas outras, sem que haja discre­pâncias que tornem inviável asua interpretação pela Cortecompetente, no caso o Supre­mo Tribunal Federal. Por lite­ratura, entenda-se a comunica­bilidade do texto, a sua versãonum português -língua oficialdo país -que, sem ser castiço,traduza a modernidade da lín­gua falada e escrita, fazendocom que possa ser compreen­dido pelos doutos e pelo cida­dão comum.

A Comissão de Redação nãotem poderes específicos, não éartífice do texto constitucional.Sua atribuição, como já se dis­se, é evitar que muitos dias se­jam perdidos na discussão decaráter simplesmente herme­nêutico. Isso não significa des­considerar o sentido das pala­vras, mas, pelo contrário, ob­ter, pelo consenso, definiçõessobre as palavras exatas.

Outra medida tomada visan­do a acelerar ainda mais o mo­tor da Constituinte vai induziros parlamentares - que porum motivo ou por outro poucotêm comparecido às sessões ­a aqui estarem para votar todoe qualquer dispositivo. Daquipara a frente, o constituinteque faltar quatro dias seguidosàs votações perderá os jetdnsequivalentes. Da mesma ffit­ma, quem faltar sete dias alter­nados perderá a parte variáveldos subsídios.

A Constituinte anda a passosvelozes. Com pressa sempremaior, mas, esperamos, comqualidade igualmente crescen-te. (Página 7) • .

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A Assembléia NacidilàlConstituinte tem váriascompromissos com a N~­ção. Um deles é estabelecerum divisor na vida destePaís. A Constituinte não de­ve ser um instrumento for­mal, tão-somente. Sua açãodeve ser moral e, como tal,moralizadora. Logo, nãbpode consentir e, menc;sainda, consolidar certos VI­cios deformadores da vonta­de nacional. Controlarjemoralizar a propaganda ofi­cial, impondo-lhe plen~transparência, faz parte 4\>'divisor democrático quela:Constituinte deve represe~~~tar, Esta é a minha certezli;'como Deputado FederãlConstituinte e cidadão dn;Brasil. ft?

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Constituinte Airton cordeiro'.,

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gumas razões que motiva­ram recente proposta àConstituição de minha auto­ria. Como Carta de Princí­pios, a futura Constituiçãodeve colocar limites na pro­paganda oficial, evitando ouso do dinheiro público pa­ra fins pessoais. Não se tratade proibir a propaganda ofi­cial; apenas, de discipliná­la, coibindo os excessos.Aliás, 'é uma questão quevem atingindo, agora, a cul­minância da imoralidade.Basta enxergar, ouvir e lerpara que sejam constatadosos exageros da propagandaoficial. Verdadeiro culto aopersonalismo. Poderosoinstrumento para semearmentiras e ilusões. A propa­ganda oficial está contri­buindo para a desinforma­ção dos brasileiros. Comoum produto de má qualida­de, também um governosem competência adminis­trativa pode ser vendido aopúblico pela massificaçãopropagandística. .

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Propaganda oficialA sociedade brasileira es­

tá sendo narcotizada pelaavassaladora propagandaoficial dos nossos governan­tes. Em todos os níveis, esem nenhuma parcimônia,os responsáveis pelos execu­tivos federal, estaduais emunicipais resolveram tro­car a necessidade de umaboa administração por umbom e eficiente projeto pu­blicitário. Propaganda per­sonalista, sem nenhum re­torno social e educativo. Eninguém sabe os seus custosfinanceiros, pela constantesonegação de informações,mesmo que acionados os le­gislativos correspondentes.Em 1983, como DeputadoEstadual do Paraná, apre­sentei pedido de informa­ções sobre os gastos compropaganda das empresasestatais. Pedi mais: umacomparação entre esses gas­tos com publicidade e os in­vestimentos em proveitoconcreto da população pa­ranaense. Até hoje não ob­tive resposta par~ as minhasindagações. Um desrespeitodo governador de então, SI.José Richa, à AssembléiaLegislativa e ao povo para­naense. A propaganda ofi­cial, farta e ilusória, é umverdadeiro calaboca que osgovernantes impõem à po­pulação do País. Prestígio edinheiro fáceis. Tudo porconta dos cidadãos que pa­gam impostos e bancam avaidade e a afirmação polí­tica dos que fazem do povo,apenas, uma grande massade manobra.

Corrigir I esta situação épreciso. Moralizar a propa­ganda oficial deve ser com­promisso dos que queremter compromisso com a pró­pria democracia. A transpa­rência dos gastos,.públicosnão deve ser virtude dos go­vernantes, mas obrigaçãolegal, ética e moral. pentretantas outras, essas são al-

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Novo SistemaTributário

A Vida dos brasileiros será outra e me­lhor, sob diversos aspectos, quando as nor­mas constitutivas do novo sistema tributárionacional, aprovadas no primeiro turno devotação, vigorarem.

Pouca gente se dá conta de quanto afetaa nossa Vidacotidiana ou mesmo da influên­cia que exerce sob o modo democrático deVida o modelo tnbutãrio adotado por umpaís. Não faltam advertências na História.Convém lembrar que a constituição moder­na nasceu da revolta dos súditos contra oarbítrio tnbutãrio dos monarcas despóticos.A Magna Carta (1215) criou a reserva dalei para a matéria tributária. Os norte-ame­ncanos seguiram a tradição saxônica: "notaxation without representation". No Bra­sil, pobre Brasil! Os tributos, taxas, isen­ções, incentivos fiscais tanto se deformaramao impacto das administrações autoritáriasdas duas últimas décadas, que a Constituin­te teve que fazer uma mudança profunda.

Podemos, ao fim e ao cabo das votações,saudar um sistema tributário coerente, mo­derno, democrático. Através dele prevalecea inteligência orgânica sob o caos ditadopor interesses particularistas das regiões oucorporações econômicas. A União é dessa­cralizada. Não viverá mais à custa do ouroque distribui com critérios seletivos injustose por meio de urna política de cooptaçãocorruptora.

Renascem para o mundo da autonomiaos estados e os municípios. E a descentra­lização dando conseqüência estrutural aoEstado democrático e abrindo caminho aum crescente protagonismo das comunida­des locais e regionais no processo de desen­volvimento de sua vida política, econômicae social.

A amargura regional das diferenças cres­centes e abismais é colmatada a partir decritérios de distribuição Justa dos recursostributados. O Norte, Nordeste e Centro­Oeste introduziram os mecanismos indis­pensáveis a um novo equilíbrio federativoque, além de fortalecer a unidade e o espí­nto nacionais, dota dos poderes locais dosrecursos permanentes para o enfrentamen­to vitorioso do flagelo da seca, da fomee do atraso cultural.

O JC também abre suas páginas para ouniverso colorido do urucum e do picumã,sonhos e extermínios do homem brasileiropré-cabralino, o índio salvado e ameaçadopela civilização colonial remanescente. OBrasil democrático, da Constituinte popu­lar, terá que trazer uma nova época parao índio, nosso dono verdadeiro.

Constituinte Marcelo Cordeiro1~ Secretâno da ANC

EQUIPE DE REDAÇÃO

Mana Valdira Bezerra, Henry Bmder, Carmem Vergara.Regina Moreira Suzuki, Mana de Fátima J. Leite. Ana Mano

Diretor RespollÚvel - Constituinte Marcelo CordeiroEditores - Alfredo Obliziner e Manoel V. de MagalhãesC-oordenlldor - Daniel Machado da Costa e SilvaSecretário de Redação - Ronaldo Paixão RibeiroSecretários de Redação Adjuntos - Paulo Domingos R Nevese Sérgio\ ChaconChefe de Redação - Osvaldo Vaz MorgadoChefe de Reportagem - Victor Eduardo Barrie KnappChefe de Fotografia - Dalton Eduardo Dalla CostaDiagramação - Leônidas GonçalvesIlustração - Gaetano RéSecretário Gráfico - Eduardo Augusto Lopes

Jornal da Constituinte

Jornal da Constituintf' - Veículo semanal editado sob aresponsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia N' ;ionalConstituinte.MESA DA ASSEMBLÉIA NACION '\L CONSTITUINTE

Presidente - Ulysses Guimarães; Primeiro-Vice-Presidente­Mauro Benevides: Segundo -Vice·Presldente - Jorge Arbage,Primeiro-Secretário - Marcelo Cordeiro; Segundo-Secretário- Mário Maia, Terceiro-Secretário - Arnaldo Faria de Sá.Suplentes: Benedita da Silva, LUIZ Soyer e Sotero Cunha.APOIO ADMINISTRATIVO

Secretário-Geral da Mesa - Paulo Affonso M de OliveiraSubsecretário-Geral da Mesa - Nerione Nunes CardosoDiretor-Geral da Câmara - Adelmar Silveira SabmoDiretor-Geral do Senado - José Passos PôrtoProduzido pelo Serviço de Dtvulgaçãoda Assembléia Na­

cional Consntumte

Modernizar: o país

Constituinte Humberto LucenaPresidente do Congresso Nacional

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Moura da Silva, Vladimir Meireles de Almeida. Maria Apare- t: ~cida C. Versrani, Marco Antômo Caetano. Eurico Schwmden, ílItelvma Alves da Costa. LUIZ Carla, R Lmharev. Humberto ~ '0

Moreira da S. M Pereira, Clovrs Senna. LUIZ Claudro I'inhéir".~. :Marhse Ilhesca e Domingos Mourão Neto . l{ 1

EQUIPE DE FOTOGRAFIA ,~ ~Reinaldo L. Stavale , Benedita Rodhguc- li", I'a,,,,,.l.'(juit~~ ~.

Iherme Rangel de Jesuv Barrov, Roberto Sruckert c W\lIhllU\\ii "Prescott Jl o:

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Composto e impresso no Centro (;mfi,," dll \f'IIodtl fetll'TlII~f '-CEGRAF 'l~ "Redaçâo: CÂMARA DOS DEPl'TAUOS _ ,\I"RI' .ti o;

\L~'l, ~1':- 70160 - Brasilia - DF - Fone: 224·15MI i\lh •

- Distribuição gratuita ::~~

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Em recentes afirmações à imprensa, o PresidenteJosé Sarney apontou a crise política em curso comoproblema fundamental do País, mas ressalvou que,não obstante as dificuldades daí decorrentes, existeum Brasil real que tem correspondido às necessidadesdo desenvolvimento, com desempenho bastante satis­fatório.

A nosso ver, o grande entrave com que se defrontao País é a crise econômica, dela resultando os proble­mas da área política e, como não poderia deixar deocorrer, também e principalmente na área social, comuma população penalizada crescentemente.

Essas constatações permitem-nos acreditar em so­luções, diante da expressiva potencialidade da naçãocomo um todo. O próprio presidente lembrou quea sociedade brasileira, pelo seu trabalho nas diferentesregiões, assegura uma produção capaz de produzir su­perávits comerciais permanentes e isso é significati­vamente importante ante a necessidade de superar asexigências da colossal dívida externa, da dívida internae desse grande fantasma que é a espiral inflacionária.

Em situações como a nossa, necessitamos de medi­das adequadas, que permitam uma maior abertura naeconomia, inclusive com a modernização do parqueindustrial brasileiro, em condições tais que asseguremsua competitividade no mercado externo.

Se a crise não é exclusivamente política, nessaárea porém seus efeitos são duramente sentidos. Porisso mesmo, dentro do mesmo propósito de promovera modernização do país, a Assembléia Nacional Consti­tuinte concorre efetivamente para a criação de meca­nismos ágeis e sólidos, os pré-requisitos de que care­cemos.

Queixam-se muitos, e entre eles o presidente daRepública, de uma certa morosidade na tarefa de ela­boração constitucional. A pressa na finalização dessetrabalho é generalizada, começando dentro da própriaConstituinte, onde essa é uma das preocupações.

No entanto, como já tive ensejo de assinalar, aConstituinte paga o preço de sua antecipação nesseprocesso. Optamos pela elaboração de uma Carta apartir do zero, abrimos o debate, ouvimos a sociedade,e o resultado, agora, felizmente, caminha para os der­radeiros momentos. No desfecho, entregaremos à Na­ção um texto representativo e sobretudo contempo­râneo, que dê respostas prontas, eficazes e duradouraspara o encaminhamento dos graves problemas brasi­leiros.

Acreditamos, em razão disso, que os sinais posi­tivos da reorganização administrativa e de uma novaconcepção no quadro da economia decorrem tambémda consciência de que o texto constitucional em prepa­ro pede mudanças. E elas virão, sem dúvida. Em nomedos anseios do povo.

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Perde a União, ganha a FederaçãoTema de fortes nuances políticos e elei­

torais, conflitado por interesses regionais, osistema tributário foi vencido, enfim, em vo­tações tranqüilas e sob o signo da negociaçãoe consenso. '

Estados e municípios saíram ganhandona repartição do bolo fiscal, corno primeiropasso para se recuperar o princípio federa­tivo, comprometido por duas décadas de cen­tralismo administrativo e fiscal. Também ga­nharam as regiões menos desenvolvidas do

Algumas emendas chegaram a ser pre­judicadas em função do quorum baixo quese verificou em todas as votações. Mesmoassim o título VI - Da Tributação e Orça­mento - foi votado em menos de sete dias.

EXCEÇÕES

§ 2°- O disposto na alínea"a" do inciso 11 e no parágrafoanterior não compreende o pa­trimônio, a renda e os serviçosrelacionados com a exploraçãode atividades econômicas regi­das pelas normas aplicáveis aempreendimentos privados,ou em que haja contrapresta­ção,ou pagamento de preçosou tarifas pelo usuário, nemexonera o promitente compra­dor da obngação de pagar im­po~W relativamente ao bemimóvel.

§ 3°- A vedação expressanas alíneas "b" e "c" do inciso11 compreende somente o pa­trimônio,a renda e os serviços,relacionados com as finalida­des essenciais das entidades

Esta semana o plenário iniciará a vota­ção do título VII, que trata da Ordem Econô­mica, em torno do qual as lideranças se movi­mentam para buscar acordo e consenso. Sãomatérias polêmicas corno definição de em­presa nacional, a propriedade do subsolo,incluindo aí a questão do monopólio estataldo petróleo. Mas é a reforma agrária, comoum dos temas mais explosivos desde o inícioda Constituinte, que provoca as maiores ex­pectativas entre todas as correntes políticase ideológicas representadas na Assembléia.

IV - utilizar tributo comefeito de confisco.

Parágrafo único. O dispos­to na alínea "b" do inciso IIInão se aplica aos impostos deque tratam os incisos I, 11, IVe V do art. 182 e o art. 183.

Art. 178 - É vedado àUnião, aos estados, ao DistritoFederal e aos municípios:

I - estabelecer limitaçõesao tráfego de pessoas ou bens,por meio de tributos interes­taduais ou intermunicipais,ressalvada a cobrança de pedá­gios pela utilização de vias con­servadas pelo poder público;

11 - instituir impostos so­bre:

a) patrimônio, renda ou ser­viços, uns dos outros;

b) templos de qualquer cul­to'

~) patrimônio, renda ou ser­viços dos partidos políticos, in­clusive suas fundações, das en­tidades sindicais dos trabalha­dores, das instituições de edu­cação e de assistência social,sem fins lucrativos, observadosos requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódi­cos e o papel destinado a suaimpressão.

§ 1°- A vedação expressada alínea "a" do inciso 11 é ex­tensiva às autarquias e às fun­dações instituídas e mantidaspelo poder público, no que serefere ao patrimônio, à rendae aos serviços, vinculados àssuas finalidades essenciais oudelas decorrentes.

se encontrem em situaçãoequivalente, proibida qualquerdistinção em razão de ocupa­ção profissional ou função poreles exercida, independente­mente da denominação jurídi­ca dos rendimentos, títulos oudireitos;

111 - cobrar tributos:'"l a) Em relação a fatos gera­'doresocorridos antes do início

. 'fIa vigência da lei que os hou­ver instituído ou aumentado;

b) no mesmo exercício fi­nanceiro em que haja sido pu­bhcada a lei que os intituiu ouaumentou.

igual ao da Comissão de Siste­matização.

. SEÇÃO 11 _DAS LIMITAÇOES

DO PODERDE TRIBUTAR

Art. 177 - Sem prejuízo deoutras garantias asseguradasao contribuinte, é vedado àUnião, aos estados, ao DistritoFederal e aos municípios: j

I - exigir ou aumentar tri­buto sem lei que o estabeleça;

11 - instituir tratamento de­sigual entre contribuintes que

país, como o Norte, Nordeste e Centro-Oes­te, para as quais serão destinados três porcento do resultado da arrecadação dos doismais volumosos tributos, o Imposto de Ren­da e o Imposto sobre Produtos Industria­lizados.

venção no domínio econômicoe de interesse das categoriasprofissionais ou econômicas,como instrumento de sua atua­ção nas respectivas áreas, ob­servado o disposto nos artigos172, Ill , e 177, I e m.

Parágrafo único. Os esta­dos e os municípios poderãoinstituir contribuição, cobradade seus servidores, para o cus­teio, em benefício destes, des~ste!Uas d~ rrevidência e assis­tencia socla .

Não houve qualquer emendapara os dispositivos acima, per­manecendo o texto do Centrão,

I

O sistema trtbutârto exigiu muito diálogo para superar divergências regionais

o texto que disciplina os em­préstimos compulsórios é resul­tado de uma fusão de emendasdos constituintes Luiz Freire(PMDB - PE), Gilson Ma­chado (PFL - PE), Jessé Frei­re (PFL - RN) e FranciscoDorneles (PFL - RI).

COMPETÊNCIA DAUNIÃO

Art. 176- Compete exclu­sivamente à União instituircontribuições sociais, de inter-

Votaram: 353Sim: 339Não: 11Abstenção: 3

COMPULSÓRIOSArt. 175 - A União pode­

rá instituir empréstimos com­pulsórios para atender a despe­sas extraordinárias provocadaspor calamidade pública e deguerra externa ou sua iminên­cia.

§ 1°-A União poderá,ainda, instituir empréstimoscompulsórios em caso de inves­timento público de caráter ur­gente e de relevante interessenacional, observado o dispostono art. 177, Il l , "b".

§ 2"- A instituição de em­préstimos compulsórios de­penderá de lei aprovada pelamaioria absoluta dos membrosdo Congresso Nacional.

§ 3°- A aplicação dos re­cursos provenientes do em­préstimo compulsório será es­tritamente vinculada à despesaque fundamentou sua institui­ção.

Título VI- Da Tributação e do Or­çamento

Capítulo 1- Do Sistema TnbutârtoNacional

Seção 1 - Dos Pnncipios Gerais(conunuaçâo)

Art. 174- A União pode­rá instituir, além dos enume­rados no art. 182, outros im­postos, desde que não tenhamfato gerador ou base de cálculopróprios de impostos discrimi­nados pela Constituição.

Todas as emendas apresen­tadas aos dispositivos acima fo­ram rejeitadas pelo Plenário,mantendo-se o texto base daemenda substitutiva do Cen­trão.

Jornal da Constituinte 3

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nelas mencionadas.Art. 179 - E vedado à

União:I - instituir tributo que não

seja uniforme em todo o terri­tório nacional ou que impliquedistinção ou preferência em re­lação a estado, ao Distrito Fe­deral ou a município, em detri­mento de outro, admitida aconcessão de incentivos fiscaisdestinados a promover o equi­líbrio do desenvolvimento só­cio-econômico entre as dife­rentes regiões do país;

li - tributar a renda dasobrigações da dívida públicados estados, do Distrito Fede­ral e dos municípios, bem co­mo a remuneração e os proven­tos dos respectivos agentes pú­blicos, em níveis superiores aosque fixar para suas obrigaçõese para seus agentes;

Ill - instituir isenções detributos da competência dosestados, do Distrito Federal oudos municípios.

DIFERENÇATRIBUTÁRIA

Art 180 - É vedado aosestados, ao Distrito Federal eaos municípios estabelecer di­ferença tributária entre bens eserviços de qualquer naturezaem razão de sua procedênciaou destino.

AVALIAÇÃO DE EFEITOS

Art. 181 - Disposição le­gal que conceda isenção ou ou­tro benefício fiscal, ressalvados'os concedidos por prazo certoe sob condição, terá seus efei­tos avaliados durante o primei­ro ano de cada legislatura peloPoder Legislativo competente,nos termos do disposto em leicomplementar.

Todo o texto aprovado foi ooferecido pela emenda coletivado Centrão, sendo que nãohouve emenda que mudasse oteor do mesmo.

SEÇÃO UIDOS IMPOSTOS

DA UNIAO.

Art. 182 - Compete àUnião instituir impostos sobre:

I - importação de produtosestrangeiros;

11 - exportação, para o ex­terior, de produtos nacional enacionalizado;

III - renda e proventos dequalquer natureza;

IV - produtos industriali­zados;

V - operações de crédito,câmbio e seguro, ou relativasa títulos ou valores imobiliá­rios;

VI - propriedade territo­rial rural;

VlI- grandes fortunas, nostermos de lei complementar.

§ 1°- E facultado ao PoderExecutivo, observadas as con­dições e limites estabelecidosem lei, alterar as alíquotas dosimpostos enumerados nos inci­sos I, 11, IV e V deste artigo.

§ 2° - O imposto de que

trata o inciso 111:I - será informado pelos

critérios da generalidade, dauniversalidade e da progressi­vidade, na forma da lei;

li - não incidirá, nos ter­mos e limites fixados em lei,sobre rendimentos provenien­tes de aposentadoria, pagospela Previdência Social daUnião, dos estados e dos muni­cípios, a pessoas com idade su­perior a sessenta e cinco anos,cuja renda total seja constituí­da, exclusivamente, de rendi­mentos do trabalho.

Votaram: 321Sim: 312Não: 5Abstenção: 4

Nessa votação ficou definidaa proibição da incidência do re­ferido imposto sobre os rendi­mentos provenientes de aposen­tadoria pagos pela PrevidênciaSocial da União, nos termos defusão de emendas de autoriados constituintes Jorge Arbage(PDS - PA) Ubiratan Spinelli(PDS - MT), Jorge Leite(PMDB - RJ), Cunha Bueno(PDS - SP), Joaci Góes(PMDB - BA), Airton Cor­deiro (PFL - PR), Afif Do­mingos (PL - SP), GersonCamata (PMDB - ES), Men­des Botelho (PTB - SP), Ru­bem Figueiró (PMDB - MS),Simão Sessim.(PFL - RJ). Aproposta ainda teve a co-auto­ria dos constituintes José MariaEymael (PDC - SP) e Arnal­do Faria de Sá (PTB - SP).

§ 3° - O imposto de quetrata o inciso IV:

I - será seletivo, em funçãoda essencialidade do produto,e não cumulativo, compensan­do-se o que for devido em cadaoperação com o montante co­brado nas anteriores;

II - não incidirá sobre pro­dutos industrializados destina­dos ao exterior.

§ 4" - O imposto de quetraia o mciso VI terá suas' alí­quotas fixadas de forma a de­sestimular a manutenção depropriedades improdutivas enão incidirá sobre pequenasglebas rurais, nos termos defi­nidos em lei federal, quandoas explore, só ou com sua famí­lia, o proprietário que não pos­sua outro imóvel.

§ 5° - O imposto de quetrata o inciso VIII incidirá umaúnica vez sobre as oyeraçõesde extração, circulaçao, distri­buição e consumo, excluída aincidência sobre elas de outrostributos.

§ 6° - Do rótulo ou dosanúncios dos produtos indus­trializados deverá constar,além do preço final, o valor dis­criminado dos tributos que so­bre eles incidiram.

IMPOSTOS ,EXTRAORDINARIOS

Art. 183 - A União, naiminência ou no caso de guerra

externa, poderá instituir im­postos extraordinários, com­preendidos ou não em suacompetência tributária, osquais serão suprimidos gradati­vamente, cessadas as causas desua criação.

SEÇÃO IV

DOS IMPOSTOS DOSESTADOS E DO

DISTRITO FEDERALArt. 184 - Compete aos

estados e ao Distrito Federalinstituir impostos sobre:

I - transmissão causa mor­tis e doação, de quaisquer bensou direitos;

11 - operações relativas àcirculação de mercadorias e so­bre prestação de serviços detransporte interestadual e in­termunicipal e de comunica­ção, ainda_que as operações eas prestaçoes se InICIem no ex­terior;

III - propriedade de veícu­los automotores.

§ 1°- Os estados e o Dis­trito Federal poderão instituiradicional ao imposto de quetrata o art. 182, inciso IlI, inci­dente sobre lucros, ganhos erendimentos de capital, até olimite de 5% do imposto pagoà União por pessoas físicas oujurídicas domiciliadas nos res­pectivos territórios.

§ 2 9 - R e la t iva m e n te abens imóveis e respectivos di­reitos, o Imposto de que tratao inciso I compete ao estadoda situação do bem; relativa­mente a bens móveis, títulose créditos, o imposto competeao estado que se processar oinventário ou o arrolamento,ou tiver domicílio do doador;se o doador tiver domicílio ouresidência no exterior, ou se aío de cujus possuía bens, era re­sidente ou domiciliado ou teveo seu inventário processado, acompetência para instituir otributo observará o dispostoem lei complementar.

§ 3°- As alíquotas de quetrata o inciso I não excederãoos limites estabelecidos peloSenado Federal.

§ 4° - O imposto de quetrata o inciso 11 será não cumu­lativo, admitida sua seletivida­de, em função da essencialida­de das mercadorias e dos servi­ços, compensando-se o que fordevido, em cada operação rela­tiva à circulação de mercado­rias ou prestação de serviços,com o montante cobrado nasanteriores pelo mesmo ou ou­tro estado. A isenção ou nãoincidência, salvo determinaçãoem contrário da legislação, nãoimplicará crédito de impostopara compensação daquele de­vido nas operações ou presta­ções seguintes e acarretaráanulação do crédito do impos­to relativo às operações ante­riores.

§ 5°- As alíquotas do im­posto de que trata o inciso Inão excederão os limites esta­belecidos pelo Senado Fede­ral.

Todas as emendas apresen-

tadas para os dispositivos aci­ma foram rejeitadas por amplamaioria do plenário, sendomantido o texto básico do Cen­trão.

ALÍQUOTAS

§ 6° - Em relação ao im­posto de que trata o inciso li,resolução do Senado Federal,de iniciativa do presidente daRepública ou de um terço dossenadores, aprovada pelamaioria absoluta dos membrosdaquela Casa do Congresso,estabelecerá as alíquotas apli­cáveis às operações e presta­ções interestaduais e de expor-tação. ,

§ 7°- E facultado ao Sena­do Federal em relação ao im­posto de que trata o inciso lI:

I - estabelecer alíquotasmínimas nas operações inter­nas, mediante resolução de ini­ciativa de um terço e aprovadapor maioria absoluta dos seusmembros;

II - fixar alíquotas máxi­mas nas mesmas operações pa­ra resolver conflito específicoque envolva interesse de esta­dos, mediante resolução de ini­ciativa de maioria absoluta eaprovada por dois terços dosseus membros.

O texto dos §§ 6° e 7°é resul­tado de uma fusão de emendasdos constituintes Nabor Júnior(PMDB-AC), FirmodeCas­tro (PMDB- CE), João Agri­pino (PMDB - PB), JaymeSantana (PFL - MA) e Os­mundo Rebouças (PMDB-CE).

MERCADORIAS

§ 8° - Salvo deliberaçãoem contrário dos estados e doDistrito Federal, nos termosdo disposto no inciso VII do§ 11, as alíquotas internas, nasoperações relativas à circula­ção de mercadorias e nas pres­tações de serviços, não pode­rão ser inferiores às previstaspara as operações interesta­duais,

§ 9" Em relação às opera­ções e prestações que destinembens e serviços a consumidorfinal localizado em outro esta-:do, adotar-se-á:

I - a alíquota interestadual,quando o destinatário for con­tribuinte do imposto;

11 - a alíquota interna,quando o destinatário não forcontribuinte.

§ 10 - Na hipótese do inci­so I do parágrafo anterior, ca­berá ao estado da localizaçãodo destinatário o imposto cor­respondente à diferença entrea alíquota interna e a interes­tadual.

§ 11 - O imposto de quetrata o inciso II do caput desteartigo:

I - incidirá sobre a entradade mercadoria importada doexterior ainda quando se tratarde bem destinado a consumoou ativo fixo do estabelecimen­to, assim como sobre serviçoprestado no exterior, cabendoo imposto ao estado onde esti-

ver situado o estabelecimento 'destinatário da mercadoria ouserviço;

li - não incidirá:a) sobre operações que des­

tinem ao exterior produtos in­dustrializados, exclusive os se­mi-elaborados definidos em leicomplementar;

b) sobre operações que des­tinem outros estados petróleo,inclusive lubrificantes, com­bustíveis líquidos e gasosos de­le derivados, e energia elétrica;

c) sobre o valor total daoperação, quando mercadoriasforem fornecidas em conjuntocom serviços não compreendi­dos na competência tributáriados municípios, de acordo cominciso IV do art. 105.

Votaram: 373Sim: 318Não: 43Abstenção: 12

O dispositivo acima é resul­tado de uma emenda do consti­tuinte Francisco Carneiro(PMDB - DF).

III - Não compreenderá,em sua base de cálculo, o mon­tante do Imposto sobre Produ­tos Industrializados, quando aoperação, realizada entre con­tribuinte e relativa a produtodestinado à industrialização oucomercialização configure hi­pótese de incidência dos doisImpostos.

§ 12 - À exceção dos im­postos de que tratam o incisoII do caput deste artigo, e osartigos 182, I e II, e 185, 111,nenhum outro tributo incidirásobre operações relativas aenergia elétrica, combustíveis,lubrificantes e minerais doPais.

§ 13 - Cabe à lei comple­mentar, quanto ao imposto deque trat~ o inciso 11 do caputdeste artigo:1-definir seus contribuin­

tes;1I- dispor sobre os casos

de substituição tributária;III - disciplinar o regime de

compensação do imposto;IV -fixar, para efeito de

sua cobrança e definição do es­tabelecimento responsável, olocal das operações relativas àcirculação de mercadorias edas prestações de serviço;

V - excluir da incidência doimposto, nas exportações parao exterior, serviço e ou tIOSprodutos além dos menciona­dos, no § 10,11, "a";

VI- prever casos de manu­tenção de crédito, relativa­mente à remessa para outro es­tado e exportação para o exte­rior de serviços e de mercado­rias;

VII - regular a forma comomediante deliberação dos esta­dos e do Distrito Federal, isen­ções, incentivos e benefíciosfiscais serão concedidos e revo­gados.

Não houve qualquer emendapara os dispositivos acima, sen­do mantido o texto básico do

4 Jornal da Constituinte

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'( li" , 11 1f•i, • I ,

Centrão, igual ao projeto daComissão de Sistematização.

SEÇÃO VDOS IMPOSJOS

DOS MUNICIPIOS

Art. 185 - Compete aosmunicípios instituir impostossobre:

I - propriedade predial eterritorial urbana;

11 - transmissão inter vivos,a qualquer título, por ato one­roso, de bens imóveis, por na­tureza ou acessão física, e dedireitos reais sobre imóveis,exceto os de garantia, bem co­mo cessão de direitos a suaaquisição;

IH - vendas de combustí­veis líquidos e gasosos a vare­jo, exceto óleo diesel;

Votaram: 376Sim: 358Não: 12Abstenção: 6

Com a votação acima, foiaprovado destaque do consti­tuinte Nion Albernaz (PMDB­'GO), restabelecendo o texto doprojeto da Comissão de Siste­matização.

FUNÇÃO SOCIAL

IV - Serviços de qualquernatureza, não compreendidosno inciso II do art. 184, defini­dos em lei complementar.

§ 1° - O imposto de quetrata o inciso I poderá ser pro­gressivo, nos termos de lei mu­nicipal, de forma a asseguraro cumprimento da função so­cial da propriedade.

§ 29 - O imposto de quetrata o inciso II não incide so­bre a transmissão de bens oudireitos incorporados ao patri­mônio de pessoa jurídica emrealização de capital, nem so­bre a transmissão de bens oudireitos decorrentes de fusão,incorporação, cisão ou extin­ção de pessoa jurídica, salvose, nesse caso, a atividade pre­ponderante do adquirente foro comércio desses bens ou di­reitos, locação de bens imóveisou arrendamento mercantil.

§ 3° - O imposto de quetrata o inciso H compete aomunicípio da situação do bem.

§ 4°- A competência mu­nicipal para instituir e cobraro imposto mencionado no inci­so III não exclui a dos estadospara instituir e cobrar, na mes­ma operação, o imposto de quetrata o art. 184, lI.

§ 5° - Cabe à lei comple­mentar:

I - fixar as alíquotas máxi­mas dos impostos de que tra­tam os incisos 111 e IV;

II - excluir da incidência doimposto de que trata o incisoIV exportações de serviços pa­ra o exterior.

Não houve emenda para otexto acima, sendo mantido,portanto, o texto básico daemenda substitutiva do Cen­trão.

SEÇÃO VI _DA REPARTIÇAO

DAS RECEITASTRIBUTÁRIAS

Art. 186 - Pertencem aosestados e ao Distrito Federal:

I - O produto da arrecada­ção do imposto da União sobrerenda e proventos de qualquernatureza, incidente na fontesobre rendimentos pagos, aqualquer título, por eles, suasautarquias e pelas fundaçõesque instituírem e mantiverem;

II - vinte por cento do pro­duto da arrecadação do impos­to que a União instituir noexercício da competência quelhe é atribuída pelo art. 174.

Ill- sessenta por cento doproduto da arrecadação do im­posto de que trata o inciso VIIIdo artigo 182.

Art. 187 - Pertencem 'aosmunicípios:

I - o produto da arrecada­ção do imposto da União sobrerenda e proventos de qualquernatureza, incidente na fontesobre rendimentos pagos, aqualquer título, por eles, suasautarquias e pelas fundaçõesque instituírem e mantiverem;

11- cinqüenta por cento doproduto da arrecadação do im­posto, da Uniáo sobre a pro­priedade territorial rural, rela­tivamente aos imóveis neles si­tuados;

IH - cinqüenta por centodo produto da arrecadação doimposto do estado sobre a pro­priedade de veículos automo­tores licenciados em seus terri­tórios:

IV - vinte e cinco por centodo produto da arrecadação doimposto do estado sobre ope­rações relativas à circulação demercadorias e sobre prestaçãode serviços de transporte inte­restadual e intermunicipal e decomunicação.

Parágrafo único - As parce­las de receita pertencentes aosmunicípios, mencionadas noinciso IV deste artigo, serãocreditadas conforme os seguin­tes critérios: '

I - três quartos, no míni­mo, na proporção do valor adi­cionado nas operações relati­vas à circulação de mercado­rias e nas prestações de servi­ços realizadas em seus territó­rios;

II~ até um quarto, de acor­do com o que dispuser a leiestadual;

Art. 188 - A União entre­gará:1-do produto da arrecada­

ção dos impostos sobre rendae proventos de qualquer natu­reza e sobre produtos indus­trializados, quarenta e sete porcento, na seguinte forma:

a) vinte e um inteiros e cin­co décimos por cento ao Fundode Participação dos estados, doDistrito Federal e dos territó­rios;

b) vinte e dois inteiros e cin­co décimos por cento ao Fundode Participação dos Municí-

pios;c) três por cento, para a

aplicação de financiamento nosetor produtivo das regiõesNorte, Nordeste e Centro­Oeste, através de suas institui­ções financeiras de caráter re­gional, de acordo com os pla­nos regionais de desenvolvi­mento, ficando destinada me­tade dos recursos ao semi-ári­do do Nordeste, na forma quea lei dispuser.

Votaram: 375Sim: 323Não: 40Abstenção: 12

o dispositivo que beneficiao semi-árido do Nordeste foi in­cluído graças a uma fusão deemendas dos constituintes Teo­tônio Vilela Filho (PMDB ­AL) e Fernando Gomes(PMDB- BA).

DEZ PORCENTO DO IPI

II - Do produto da arreca­dação do Imposto sobre Pro­dutos Industnalizados, dez porcento aos estados e ao DistritoFederal, proporcionalmenteao valor das respectivas expor­tações de produtos industria­lizados.

§ 1° - Para efeito de cál­culo da entrega a ser efetuada,de acordo com o previsto noinciso I, excluir-se-á a parcelada arrecadação do Imposto deRenda e proventos de qual­quer natureza, pertencente aestados, Distrito Federal e mu­nicípios, nos termos do dispos­to nos artigos 186 e 187, L

§ 2° - A nenhuma unida­de federada poderá ser desti­nada parcela superior a vintepor cento do montante a quese refere o inciso II deste arti­go, devendo o eventual exce­dente ser distribuído entre osdemais participantes, mantido,em relação a esses, o critériode partilha ali estabelecido.

§ 3° - Os estados entre­garão aos respectivos municí­pios vinte e cinco por cento dosrecursos que receberem nostermos do inciso II deste arti­go, observados os critérios es­tabelecidos no art. 187, pará­grafo único, I e n.

Não houve emendas para osdispositivos acima, sendo man­tido o texto básico da emendasubstitutiva do Centrão, igualao projeto da Comissão de Sis­tematização.

PROIBIDA RETENÇÃO

Art. 189 - É vedada a re­tenção ou qualquer restrição àentrega e ao emprego dos re­cursos atribuídos, nesta Seção,a estados, ao Distrito Federale a municípios, neles com­preendidos adicionais e acrés­cimos relativos a impostos.

Parágrafo único - O dis­posto neste artigo não impedea União de condicionar a en-

trega de recursos ao pagamen­to de seus créditos.

Votaram: 389Sim: 368Não: 12Abstenção: 9

o texto acima é resultado deuma fusão de emendas dosconstituintes Osmar Leitão(PFL - RI), Arolde de Oli­veira (PFL - RI) e RonaldoCarvalho (PMDB - MG).

ACOMPANHAMENTOArt. 190. - Cabe à lei com­

plementar:I - definir valor adicionado

para fins do disposto no art.187, parágrafo único, I;

II - estabelecer normas so­bre â entrega dos recursos dequê trata o art. 188, especial­mente sobre os critérios de ra­teio dos fundos previstos noseu inciso I, objetivando pro­mover o equilíbrio sócio-eco­nômico entre estados e entre

tI' \ I 1/\ f'>I I . \. \ I II

municípios;III - dispor sobre o acom­

panhamento, pelos beneficiá­rios, do cálculo das quotas eda liberação das participaçõesprevistas nos artigos 186, 187e 188.

Parágrafo único. O Tribu­nal de Contas da União efetua­rá o cálculo das quotas refe­rentes aos fundos de participa­ção referidos no inciso lI.

Art. 191-A União, os es­tados, o Distrito Federal e osmunicípios divulgarão, até oúltimo dia do mês subseqüenteao da arrecadação, os montan­tes de cada um dos tributos ar­recadados, bem como os recur­sos recebidos, os valores entre­gues e a entregar, de origemtributária, e a expressão numé­rica dos critérios de rateio.

Parágrafo único. Os dadosdivulgados pela União serãodiscriminados por estado e pormunicípio; os aos estados, pormunicípios.

Não houve emendas aos dis­positivos acima, sendo mantidoo texto do Centrão.

CAPÍTULO 11DAS FINANÇAS

PÚBLICAS

Votaram: 388Sim: 331Não: 50Abstenção: 7

Essa votação aprovou o tex­to/base da emenda coletiva doCentrão, para todo o capitulo,ressalvados os destaques.

SEÇÃO INORMAS GERAIS

Art. 192 - Lei comple­mentar disporá sobre:

I - finanças públicas;II - dívida pública extetna

e interna, inclusive das autar­quias, fundações e demais enti­dades controladas pelo PoderPúblico;

IH - concessão de garan­tias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate detítulos da dívida pública;

V - fiscalização das insti­tuições financeiras;

VI - operações de câmbiorealizadas Ror órgãos e entida­des da União, dos estados, doDistrito Federal e dos municí­pios;

VII - compatibilização dasfunções das instituições oficiaisde crédito da União, resguar­dadas as características e con­dições operacionais plenas da­quelas voltadas ao desenvolvi­mento regional.

EMISSÃO DE MOEDAS

Art. 193 - A competênciada União para emitir moedaserá exercida exclusivamentepelo Bancç Central do Brasil.

§ 19 - E vedado ao BancoCentral do Brasil conceder, di­reta ou indiretamente, emprés­timos ao Tesouro Nacional ea qualquer órgão ou entidadeque não seja instituição finan-

Jornal da Constituinte 5

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IX - a instituição de fundo~de qualquer natureza, sem pré­via autorização legislativa. ;

§ 1°- Nenhum investimen-'to cuja execução ultrapasse um'exercício financeiro poderá seriniciado sem prévia inclusão noplano plurianual, ou sem. leique autorize a inclusão, sob pe­na de crime de responsabilida­de.

§ 2°- Os créditos especiaise extraordinários terão vigên­cia no exercício financeiro emque forem autorizados, salvose o ato de autorização for pio­mulgado nos últimos quatromeses daquele exercício, casoem que, reabertos nos limitesdos seus saldos, serão incorpo­rados ao orçamento financeirosubseqüente.

§ 3°- A abertura de crédi­to extraordinário somente seráadmitida para atender a despe­sas imprevisíveis e urgentes,como as decorrentes de guerra,comoção interna ou calamida­de pública, observado o dis­posto no art. 76.PRAZO DA DOTAÇÃO

Art. 197- Os recursos cor­respondentes às dotações orça­mentárias, inclusive créditossuplementares e especiais, des­tinados aos órgãos (los poderesLegislativo e Judiciário, ser­lhes-ão entregues até o dia 20de cada mês, na forma que dis­puser a lei complementar.

Continua na próxima edição

o texto acima é resultado deuma fusão de emendas dosconstituintes Alexandre Costa(PFL - MA) e João Castelo(PDS- MA).

LIMITE DE DESPESAArt. 198 - A despesa com

pessoal, ativo e inativo, daUnião, dos estados, do DistritoFederal e dos municípios nãopoderá exceder os limites esta­belecidos em lei complemen­tar.

Parágrafo único. A con­cessão de qualquer vantagemou aumento de remuneração.a criação de cargos ou altera­ção de estrutura de carreiras,bem como a admissão a qual­quer título de pessoal pelos ór­gãos e entidades da adminis­tração direta ou indireta, inclu­sive fundações instituídas emantidas pelo Poder Público,s6 poderão ser feitas:

I - se houver prévia dota­ção orçamentária suficientepara atender às projeções dedespesa de pessoal e aos acrés­cimos dela decorrentes;

II - se houver autorizaçãoespecífica na lei de diretrizesorçamentárias, ressalvadas asempresas públicas e as socie­dades de economia mista.

Votaram: 415Sim: 409Não: 2Abstenção: 4

inadequações.§ 49 - As emendas ao pro­

jeto de lei de diretrizes orça­mentárias não poderão seraprovadas quando incompatí­veis com o plano plurianual.

§ 5°- O Poder Executivopoderá enviar mensagem aoCongresso Nacional para pro­por modificação nos projetosa que se refere este artigo en­quanto não iniciada a votação,na comissão mista, da parte cu­ja alteração é proposta.

§ 6°- O projeto de lei or­çamentária anual será enviadopelo presidente da Repúblicaao Congresso Nacional, nostermos da lei complementar aque se refere o art. 194, § 79,

e, se até o encerramento do pe­ríodo legislativo não for devol­vido para sanção, será promul­gado como lei.

§ 79 - Aplicam-se aos pro­jetos mencionados neste arti­go, no que não contrariar o dis­posto nesta seção, as demaisnormas relativas ao processolegislativo.

§ 8°- Os recursos relativosa veto, emenda ou rejeição doprojeto de orçamento anualque restarem sem despesascorrespondentes poderão serutilizados, conforme o caso,mediante créditos especiais ousuplementares com prévia e es­pecífica autorização legislati­va.

Art. 196- São vedados:I - o início de programas ou

projetos não incluídos no orça­mento;

II - a realização de despe­sas ou a assunção de obriga­ções que excedam os créditosorçamentários ou adicionais;

IH - a realização de opera­ções de crédito que excedamo montante das despesas de ca­pital; ,

IV - a vinculação de receitade impostos a órgão, fundo o~

despesa, ressalvadas a repart~f

çãodo produto da arrecadaç~

dos impostos a que se refere:;tos artigos 187 e 188, a desti]nação de recursos para manu­tenção e desenvolvimento doensino, como determinado pe­lo art. 243, e a prestação degarantia às operações de crédi­to por antecipação de receita,prevista no art. 194, § 6°, I;

V - a abertura de créditosuplementar ou especial semprévia autorização legislativa e .sem indicação dos recursoscorrespondentes; j I

VI - a transposição, o re­manejamento ou a transferên­cia de recursos de uma cate­goria de programação para ou­tra ou de um órgão para outro,sem prévia autorização legisla­tiva;

VII - concessão ou utiliza­ção de créditos ilimitados;

VIII - utilização, sem auto­rização legislativa específica,de recursos do orçamento fis­cal e da seguridade para suprirnecessidade ou cobrir déficitdas empresas, entidades, fun­dos e fundações mencionadosno art. 194, § 3°, II e lII;

350332

612

405384

174

tituição, serão elaborados emconsonância com o plano plu­rianual e apreciados pelo Con­gresso Nacional.

Votaram:Sim:Não:Abstenção:

Com essa votação ficouaprovada emenda de autoria doconstituinte Lélio Souza(PMDB - RS) acrescentandomais um parágrafo ao artigo

ORÇAMENTOPLURIANUAL

Art. 195 - Os projetos delei relativos ao orçamentoanual, ao plano plurianual, adiretrizes orçamentárias e aoscréditos adicionais serão apre­ciados pelas duas Casas doCongresso Nacional, simulta­neamente.

§ 1°- Caberá a uma comis­são mista permanente de sena­dores e deputados:

I - examinar e emitir pare­cer sobre os projetos referidosneste artigo sobre os planos eprogramas nacionais, regionaisou setoriais, previstos nestaConstituição e sobre as contasapresentadas anualmente peloPresidente da República;

II - exercer o acompanha­mento e a fiscalização orça­mentária, sem prejuízo daatuação das demais comissõesdo Congresso Nacional e desuas Casas, criadas de acordocom o art. 72.

§ 29 - As emendas serãoapresentadas na comissão mis­ta que sobre elas emitirá pare­cer, e apreciadas, na forma re­gimental, pelo plenário dasduas Casas do Congresso Na­cional.

Votaram:Sim:Não:Abstenção:

A instituição da comissãomista permanente e suas atri­buições foi fruto de uma fusãode emendas dos constituintesJosé Jorge (PMDB - PE) eJosé Serra (PMDB - SP).

PROJETOORÇAMENTÁRIO:

§ 39 - As emendas aos pro­jetos de lei do orçamento anuale de créditos adicionais somen­te poderão ser aprovadasquando se relacionarem com:

I - os investimentos e ou­tras despesas deles decorren­tes, desde que:

a) sejam compatíveis com oplano plurianual e com a lei dediretrizes orçamentárias;

b) indiquem os recursos ne­cessários, admitidos somenteos provenientes de anulação dedespesas da mesma natureza;

II - as autorizações a que serefere o inciso I do § 6°do arti­go anterior;

III - a correção de erros ou

Nessa votação ficou decididoo retorno ao texto da Comissãode Sistematização de todo o §39 e seus respectivos incisos, se­gundo destaque do constituinteSérgio Werneck.

REGIONALIZAÇÃO§ 5° - O orçamento fiscal

será acompanhado de demons­trativo regionalizado do efeito,sobre as receitas e despesas,decorrente de isenções, anis­tias, subsídios e benefícios denatureza financeira, tributáriae creditícia.

§ 6°- O orçamento fiscal eo das empresas estatais, com­patibilizados com o plano plu­rianual, terão entre suas fun­ções a de reduzir desigualdadesinter-regionais, segundo crité­rio populacional.

§ 7°- A lei orçamentáriaanual .não conterá dispositivoestranho à previsão da receitae à fixação da despesa, não seincluindo na proibição:

I - a autorização para aber­tura de créditos suplementarese contratação de operações decrédito, inclusive por antecipa­ção de receita; estas não exce­derão à terça parte da receitatotal estimada para o exercíciofinanceiro e, até trinta dias de­pois do encerramento deste,serão obrigatoriamente liqüi­dadas;

II - a discriminação dasdespesas, por estados, ressal­vadas as de caráter nacional.definidas em lei.

DISCRIMINAÇÕES§ 89 - Lei complementar

disporá sobre o exercício finan­ceiro, a vigência, os prazos, atramitação legislativa, a elabo­ração e a organização do planoplurianual, das diretrizes orça­mentárias e dos orçamentosanuais, e estabelecerá normasde gestão financeira e patrimo­nial da administração direta eindireta, bem como condiçõespara a instituição e funciona­mento de fundos.

CONSONÂNCIA§ 99 - Os planos e progra­

mas, nacionais e regionais ousetoriais, previstos nesta Cons-

des I da administração direta eindireta, inclusive fundaçõesinstituídas mantidas pelo Po­der Público;

I~ - o orçamento de investi­mentos das empresas em quea União, direta ou indireta­mente, detenha a maioria docapital social com direito a vo­to'

In - o orçamento da segu­ridade social, abrangendo to­das as entidades e órgãos a elasvinculados, da administraçãodireta ou indireta. bem comofundos e fundações instituídose mantidos pelo Poder Público.

Votaram: 407Sim: 390Não: 7Abstenção: 10

Votaram: 404Sim: 312Não: 83Abstenção: 9

Nessa votação foi aprovadanova redação para o § 2° eacrescentado mais um ao art.194, segundo os termos de fu­são de emenda de autoria dosconstituintes César Maia (PDT- RJ) e Meira Filho (PFL ­DF).

§ 4° - A lei orçamentáriaanual compreenderá:

I - o orçamento fiscal refe­rente aos poderes da União,seus fundos, órgãos e entida-

ceira.§ 2°- O Banco Central do

Brasil poderá comprar e ven­der títulos de emissão do Te­souro Nacional, com o obje­tivo de regular a oferta de moe­da ou a taxa de juros.

§ 3" - As disponibilidadesde caixa da União serão depo­sitadas no Banco Central doBrasil. As dos estados, do Dis­trito Federal e dos municípios,bem como dos órgãos ou enti­dades do Poder Público e dasempresas por ele controladas,em instituições financeiras ofi­ciais, ressalvados os casos pre­vistos em lei.

Todo o texto aprovado nessaseção foi o oferecido pela emen­da do Centrão, idêntico ao daComissão de Sistematização.

SEÇÃO 11DOS ORÇAMENTOS

Art. 194- Leis de iniciati­va do Poder Executivo estabe­lecerão:

I - o plano plurianual;II - as diretrizes orçamen­

tárias;III - os orçamentos anuais

da União.

DISTRIBUIÇÃO DEINVESTIMENTOS

§ 19 - A lei do plano pluria­nual estabelecerá diretrizes,objetivos e metas da adminis­tração pública federal para adistribuição dos investimentose outras despesas deles decor­rentes, bem como a regiona­lização.

DETALHAMENTO

§ 2°- A lei de diretrizes or­çamentárias definirá as metase prioridades da administraçãopública federal, detalhadas asdespesas de capital para o exer­cício financeiro subseqüente,orientará a elaboração da leiorçamentária anual, disporásobre as alterações na legisla­ção tributária indispensáveispara obtenção das receitas pú­blicas e estabelecerá a políticade aplicações das agências fi­nanceiras oficiais de fomento.

§ 3°- O poder Executivoapresentará, até 30 (trinta)dias após o encerramento decada bimestre, relatório resu­mido da execução orçamentá­ria.

6 Jornal da Constituinte

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Comissão de Redação já funcionao presidente Ulysses Guima­

rães instalou na última quinta-fei­ra a Comissão de Redação, a fimde iniciar imediatamente a revisãodo texto já aprovado em primeiroturno pelo Plenário e apressar avotação em segundo turno. A co­missão, de 19 membros, já come­çou a preparar emendas supres­sivaspara compatibilizar os disposi­tivosaprovados e, numa etapa pos­terior, ficará responsável pela revi­são final do texto da nova Carta.

Ulysses preferiu se antecipar aofinal da votação em primeiro turnovisando a aproveitar o rítmo acele­rado dos trabalhos da Constituintee a evitar novas interrupções noprocesso de elaboração da Carta.Se os membros da comissão fos-

sem escolhidos após a votação emprimeiro turno, o trabalho comcerteza sofreria atrasos.

Para a conclusão da votação emprimeiro turno faltam ser aprova­dos cerca de 600 dispositivos, ouseja, um terço dos 1.812 contidosno projeto da Comissão de Siste­matização. No final da semana re­trasada já haviam sido votados1.085 destaques, totalizando 1.200dispositivos já aprovados, numamédia de 21,42 dispositivos apro­vados por sessão. O trabalho daComissão de Redação vai apressara votação em segundo turno.

A Comissão de Redação temcomo presidente o deputado Ulys­ses Guimarães, como co-presiden­tes 'os senadores Afonso Arinos

Ulysses GUImarães comandou, d frente doPMDB, que preside, a reststênctad ditaduramtlüar. FOI mttustro de Estado e hoje dirigeos trabalhos da Constituinte, que pretendever concluidos o mais cedo posslvel.

(PfL - RJ) e Jarbas Pas~;trinho(PDS - PA) e como relatõr ode­pu~do Bernardo Cabral (PMPB ­AM), relator-geral da Constituinte.Integram a comissão17constituintes,dos quais cinco são do PMDB, doisdo PFL, dois do PDS, um do PDT,um do PTB, um do PT, um do PL,um do PC do B, um do PDC, umdo PCB e ainda um do PSB.

Foram convidados a fazer parteda comissão, na condição de asses­sores especiais, o professor CelsoFerreira Cunha, gramático e gran­de conhecedor da língua portu­guesa, que cuidará do texto, e ain­da o erofessor José Afonso da Sil­va, tnbutarista de renome, que au­xiliará nas questões tributárias.Maria Laura Coutinho foi indica-

da para secretariar os trabalhos.O trabalho da comissão já foi

iniciado pelo deputado BernardoCabral, que vem acompanhandoas votações plenárias e assinalan­do previamente os dispositivosconflitantes entre si, contraditó­rios ou passíveis de modificaçãopara uniformizar e padronjzar. otexto da futura Carta. Vários dl~­

positivos do capítulo do Poder Le­gislativo e outros tantos do capí­tulo do Poder Executivo terão (tepassar pelo crivo da Comissão deRedaçao, em vista da orientaçãoparlametarista contida no projetoda Comissão de Sistematização erejeitada pelo Plenário, que optoupelo sistema presidencíalistà degoverno.

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Humberto Souto (PFL - Mmé advogado, contador e proprietárIOrural. Foi membro da Comissão deAgricultura da Camara e presidenteda Comissão de FIscalização Finan­cetra e Tomada de Contas Depu­tado federal desde 75

Ademir Andrade (PSB - PAJ, en­genheiro, 38 anos, foitleputado estd­dual (79/83), deputado federal(83/87). Foi tuular da Comissão dtJustiça e suplente da Comissão deFmanças pelo seu partido de origem.oPMDB.

Como relator-adjunto, Adolfo deOliveira, representando o PL, vive,desde o inicio dos trabalhos consti­tuintes, a exaustiva tarefa de redigirsubstuutivos. Agora, colaborará pa­ra a feitura de um texto mais conso­lidado.

José Maria Eymael (PDC) é pro­fessor, advogado e empresário De­putado de primeiro mandato, foimuito atuante na Comissão de Siste­matização e é dos mais assiduos aoPlenário.

. \A comissão contará, também,

com a paructpação de Vivaldo Bar­bosa, outro profundo conhecedor dedtretto Em sua bagagem está a expe­nêncta de quem viveu os conflitosdas grandes CIdades, como Secretâ­no de Justiça do Rio.

Ex-presiâente do Senado, ex­chance ler, o senador baiano LuizViana traz para a C01nissão a expe­riência de uma longa vida pública,que mcluia chefia do Gabinete Ci­vil. Pode contribuir muito, também,em politica externa.

1o jurista gaúcho Nelson Jobim

tem sido um dos constituintes maIsatuantes quando se trata de redtgtros projetos de constituição. Sua pre­sença garante, também, esmero emtécmca jurtdica, especialidade sua.

Afonso Arinos de Melo Francoé advogado, professor, jornalistaFoi constuuinte em 46, deputado fe­deral e senador, mtntstro de Rela­ções Exteriores (62) e chanceler. Êmembro da ABL, de várIOS institu­tos e fOI presidente da ComissãoProvisória de Estudos Constitucto­nais.

Procurador de Justiça aposenta­do, o vtce-Eider do PT, Pltmo deArruda Sampaio POSSUI, igualmen­te, ampla experiênciano campo juri­dico, contribuirá para escrever umtexto sob a visão dos trabalhadores

Antoniocarlos Konder ReISfOIre­lator da Consntuição de 67, gover­nador de Santa Catanna e senador.Na Constuuinte, fOI relator auxiharnas fases InIClars Ê advogado, juris­ta e economIsta.

Jarbas Passsarinho, co-presidenteda comissão, foi mtntstro do Traba­lho, da Educação e da PrevidênciaSocial, governador interino do Pará.e senador em duas legislaturas. Ecoronel da reserva e presidente doPDS

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\, ' ' •.•i~íJosé Afonso da Silva, professor-

titular de Direito Tribiltdno da USP,também assessorarã a comissão.Procurador e ex-secretário dos ne­gócios juridtcos, ele já expressou aopinião de_queo texto pode ser redu­zldoem5%.

Celso Cunha, membro da ABL,funcionará como assessor da comis­são em duas das suas especialidades:a filologia e a gramática. Se depen­der dele, o texto será redigido numportuguês correto e afeito d moder­nidade.

Tito Costa (PMDB - SP) ~ espe­ctalista em legislação eleitoral. Foiprefeito de São Bernardo do Campo(SP), deputado federal e teve cassa­dos os direitos poUticos.

Lider do PCB, Roberto Freire(PE) é advogado. Foi Iider do MDBna Assembléia Legislativa de Per­nambuco Deputado federal desde1979, é autor da obra Anistia, publi­cada pelo Centro Gráfico do SenadoFederal.

Solon Borges dos Reis (PTB) ~

jornalista, advogado e professor.Foi secretário da Educação em SãoPaulo, derutado estadual e deputa­do federa .

Haroldo Lima, [(der do PC doB, ~ engenheiro. Baiano, foi presopo/(tico e, anistiado, eleqeu-se depu­tado federal em 82 e fOI reeleito em86.

Jornal da Constituinte 1

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Re orma tributária sEmpréstimos compulsóripoderão ser instituidospara atender às desp~sas

em caso de calamidadêpública ou de guerraexterna ou suaiminência. E, ainda,para custearinvestimentos decaráter urgente deinteresse do pais

Além disso, os constituintesaprovaram também a institúi~ão,pelos estados epelo Distrito Fede­ral, de um adicional de 5% do im­posto de Renda incidente sobrelucros, ganlios e rendimentos decapitãi, a ser pago tanto pelas ~es-\soas fíSiCas como pelas pessoa~jU-.ndícas, Isto quer dizer que, apósa entrada em vigência da novaConstituição, os contribuintes, se­jam pessoas físicas ou jurídicas,além de :pagar o Imposto de Ren­da à União sobre seus ganhos erendimentos de capital, terão quepagar também esse adicional de

---'

pios subirá progressivamente; 'hté­atingir 47% dentro de cinco anos.Já imediatamente após a promul­gação, da futura Constituiçãoz 1\.participação dos estados e mUDlcí.l'l',pios s,Ibirá para 40%, sendo 18%para, Q'Fundo de Participação dôsEstados, 20% para o Fundo deParãcipação dos municípios, emais 2% para o Fundo Especialpara as Regiões Norte, Nordestee Centro-Oeste. Até 1993, estespercentuais serão elevados gra­dualmente.

menta. Neste capítulo, a Consti­tuinte produziu algumas impor­tantes modificações no quadro darepartição dos recursos públicosentre as três esferas da adminis­tração - União, estados e municí­pios. Talvez agui estejam algumas<Ias mais significativas mudançasque a Constttuinte vai provocar navida nacional.

REFORMA TRIBUTÁRIAFoi aprovada a elevação dos

percentuais de partilha do Impos­to de Renda e do Imposto sobreProdutos Industrializados (IPI)destinados aos estados e municí­pios. Atualmente, os estados e osmuníctpíos recebem 33% da recei­t;1 do IR e do IPI, sendo 19% paraos estados e 14% para os municí­pios, Os restantes 67%, a parteao leão, ficam com a União.

A Constituinte decidiu aumen­t!!.r substancialmente a pa~icipa­çao dos estados e dos Mumcípios,em detrimento da União. De33%, a cota dos estados e municí-

tes órgãos - polícia federal, polí­cias Civis, policias militares e cor­pos de bombeiros militares, e polí­cia rodoviária federal." Seguem­se diversos parágrafos tratando daestruturação básica e das atribui­ções destes órgãos. As polícias mi­litares, corpos de bombeiros e aspolícias CiVIS continuarão subordi­nados aos ~ovemadores dos esta­dos, do DIstrito Federal ou dosterritórios.

Chegamos então ao Título VI,que trata da tributação e do orça-

Vale ainda observar que aConstituinte transferiu para o ca­pítulo "Da Administração Públi­ca" um longo artigo, existente naConstituição em vigor, o qual re­gula uma série de aspectos relacio­nados com a carreira militar. Dizeste artigo - o 93°da Constituiçãoatual - em seu caputque "as pa­tentes, com as vantagens, prerro­gativas e deveres a ela inerentes,são asseguradas em toda a pleni­tude, assim aos oficiais da ativae da reserva como aos reforma­dos." Seguem-se nove parágrafostratando de variados detalhes dacarreira militar, até mesmo daquestão dos uniformes.

SEGURANÇA PÚBLICA

A constituinte introduziu umcapítulo novo, tratando da segu­rança pública. Diz o artigo 170 dotexto aprovado pelos constituin­tes: "a seguranxa pública, deverdo Estado, direito e responsabi­lidade de todos, é exercida paraa preservação da ordem públicae da incolumidade das pessoas edo patrimônio, através dos seguin- ~~

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o papel dado às Forças Arma­das pela Constituinte pouco diferedo estabelecido na Constituiçãovigente. Diz o texto aprovado pelaConstituinte: "as Forças Arma­das, constituídas pela Marinha,pelo Exército e pela Aeronáutica,são instituições nacionais perma­nentes e regulares, organizadascom base na hierarquia e na disci­pliria, sob a autoridade supremado presidente da República, e des­tinam-se à defesa da pátria, à ga­rantia dos poderes constitucionaise, por iniciativa de um destes, dalei e da ordem." A única diferençaem relação à atual Constituição éque nela não há a expressão ",por Iniciativa de um destes." Oque significa que, agora, as ForçasArmadas só poderão intervir paramanter a lei e a ordem se convo­cadas por um dos três poderesconstitucionais. Trata-se de umainovação puramente formal, mes­mo porque o comandante supre­mo das Forças Armadas é o presi­dente da República, chefe do Po­der Executivo.

DIREÇÃO DA GUERRAUm dispositivo da Constituição

8

A Assembléia Na­cional Constituinteacabou efetivando,através do novo texto,votado na semana pas­sada, uma das medidasque mais se impunhampara o correto desen­volvimento do país: areforma tributária.Anunciada por sucessi­vos governos - e par­cialmente realizada emcertas épocas, quando,por exemplo, do perío­do de criaçãoe fortale­cimento da Sudene ­a reforma que agoraganhou corpo visa, ba­sicamente, reforçar aposição financeira e,oonseqüentemente, po­lítica, dos governos esta­duais e das prefeiturasmunicipais. Na verda­de, ela visa a pôr termoao que se convencionouchamar de gesto do pi- vigente não mantido pela Consti-

tuinte'é o que detennma que "ca-rés na mão. Isso equi- be ao presidente da Republica a

direção política da guerra e a esco­vale a dizer que gover- lha dos comandantes-chefes das.nadores e prefeitos, pa- forças em operação." Além ~~~2~~

de eliminar esse artigo, a fta tocarem suas obras, Constituinte introduziusempre tinham - e têm um novo, detenninan-

do que:: "não caberáaté hoje - de se dirigir habeas corpus em relação

ao todo-poderoso Exe- a punições disciplina­res militares."

cativo central, em busca Foi mantido o serviço militardê recursos. Modifica- obrigatório. Nesse aspecto, tam­çõ . tituídas: bém são pequenas as diferenças

es lllS I com re- entre a Constituição vigente e oIação à arrecadação e texto da Constituinte. Pela atualdistribuição de todos os Constituição, todos os brasileiros

são obrigados ao serviço militar ou.tributos tornarão essa a outros encargos necessários à de-

dfesa da Pátria, nos termos e sob

prática esnecessãria. as penas da lei, sendo que as mu-Na verdade, acabou se lheres e os eclesiásticos ficam isen­

tos do serviço militar em tempo'chegando a uma fórmu- de paz, sujeitos, porém, a outrosla consensual, que na-o encargos que a lei lhes atribuir.

Já o texto da Constituinte afir-retirou O fôlego do Te- ma que o serviço militar é obriga-

aI d tório nos termos da lei, compe-souro centr ,mas, e tindo às Forças Armadas atribuiroutro lado, promoveu serviço alternativo aos que, em

d' ibui W ,tempo de paz, após alistados, ale-uma istri utçao mais garem imperativo de consciênciaequânime dos fecursos p'ara eximirem-se de atividades de

? caráter essencialmente militar I epermitindo a execução. .ficando as mulheres e os eclesiás­autônoma de pro]'etos ticos isentos do serviço militar

óbrigatório em tempo de Vai, 5U-~~::, desenvolvimento. jeitos porém a outros encatgosNorte, Nordeste e Cen- que a lei lhes atribuir. A única no­

vidade é, portanto, o serviço alter-trá-Oeste também saí- nativo para os que não quiseremram, mais fortalecidos. prestar o serviço militar por razões

J! ....1 de consciência.

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o "pires na mão"posto, que vai passar a existir apQsa promulgação da nova Constitiii·ção, deverá ser estabelecida Po.~fe.riormente através de lei comple"mentar. /IW

Eoutra novidade ainda é a ISen­ção dos aposentadçs em rel~çtRao Imposto de Retida. Dec\diú'~Constituinte que o Imposto~;~~Renda "não incidirá, nos teOnlJ~e limites fixados em lei, sobré'féH~dimentos provenientes de a ôiif'tadoria, pagos pela Previ I., > ,

Social da União, dos estâdq I

municípios, a pess6lis\ ~9.:'>supenor a 65 anos, CUJíl retal seja constituída, exclusív ,te, de rendimentos CIo trabã ~It

CONGRESSO ALTERÂ\; ~?I!Em relação aos br~ilmêiifiis'

anuais da União, a maior IiÔ'*'4'tde introduzida pela Constí ~ .•, i~

é que o Congresso Nacioí '''' i

votar a proposta brçamen , ~,

poderá aprovar lnodificaçõe!Í'~Jnseu teor. Atualmente, o Congr~~·8'0pode apenas aprovar oUJe' .101,

a proposta orçamentária; Dfpode modificá-la ou illterM, ,Iores propostos. Além aisS~~der Executivo ficará obHifãiapresentar, até 30 dias áp'dS'"cerramento de cada bimesttrelatório resumido da eJi:éorçamentária. I ' 1

1__

A Constituinte dilintevê 'missão mista de senadores ~'de -'tados, encarregada de examin~àscontas do gov~r~o. ~.novid~4M,que essa cormssao mista pa.!\S~t4a ter caráter perrilaf!,ep,te. Ca\l'?J:~à comissãomista, segunda p.te~oaprovado pela. çO~~tituiP..~e:í;'q)examinar e emitir parecer ~o reos projetos govemamen!àis.!:sp !~os ('lanos e programas, naclC~n , tregionais e setoriaiâ, e scibr~~l~contas apresentadas ilnuaí~Mi~pelo presidente da fte~t1bltcAJf~)exercer o acompanhamento éa ris­calização orçamentárilI l sê~fRf.e::juízo da atuação das aertiüit,:$,.lmissões do Congresso' Nacioôiil;~de suas Casas.

Decidiu ainda a G:onstit'tlint~que as emendas aos projeto~~:a~llei do orçamento anual e ile,et~tti~ltos adicionais somente serâolváli=das, e portanto passíveis de.,!i@UJ;vação, se estiverem relacionaaascom os investimentos ououir'ft$despesas dele decorrentes (ouisêj~não será possível emendar o o.rçâ~

mento na parte relativa aO'ilus"teio), e desde que: a) sejam êiji!i.;patíveis com o plano phirianual ecom a lei de diretrizes orçamen­tárias; b) indiquem os recursos,11e::.cessários, admitidos som'enti7()sprovenientes de anulação de;~~S"pesas da mesma natureza. Ptidê~rão ser objeto de eíJt~rtd~s\,Hi#i1lbém as propostas de abertut~tdecréditos suplementares. E,~' , apoderão ~er apresent!lpasü ~(Ias que visem à correçao qe sou inadequações. Estat;e(ªi~'~ainda a.Constit~~nlé",~~e~f~ff ~Executivo poderá env.lár tn~ a­gem ao Congresso Rildbnál j>,àfâpropor modificação nos proJ~iosorçamentários enquanto nãb 'ini­ciada sua votação tià com; saomista do Congresso Nacibrí liparte cuja alteração for pfô '

Luiz Cláudio Pih1í~iyo

"para atender a despesas extraor­dinãrias, decorrentes de cálamida­de pública ou de guerra externaou sua iminência". Poderá aindaa União instituir empréstimoscompulsórios em caso de investi­mento público de caráter ur~entee de relevante interesse nacional,Todavia, estabeleceu ai Consti­tuinte que a criação de qualquerempréstimo compulsório depen­derá de lei aprovada pelá maioriaabsoluta dos membros do Con­gresso Nacional, e que a aplicaçãodos recursos provenientes do em­préstimo compplsório será estrita­mente vinculada à despesa quefundamentou sua instituição. Jã aatual Constituição é bem mais su­scinta em relação aos empréstimoscompulsórios, dis('ondo, apenasque a União pode mstitúí-Ios noscasos especiais definídos em leicomplementar, respeitadas as dis­posições constitucionáis relativasaos tributos e às normas gerais dodireito tributário.

No que toca às limitações ao di­reito de tributar, a Constituintemanteve as mesmas restrições jáexistentes na atualidade. Ou seja,continuará sendo vedado à União,bem como aos estados, ao DistritoFederal e aos municípios, exigirou aumentar tributo sem lei queo estabeleça, instituir tratamentodesigual entre contribuintes que seencontrem em situaçãó equivalen­te, cobrar tributos em relação afatos geradores ocorridos antes doinício da v~gência da\leJ;:que oshouver instituído ou aumi,mtado,ou no mesmo exercício firi~itceiroem que haja sido pti'6fféüdá á leique os instituiu ou aum(!ÍJ.tóu.

I

FORTUNA

Outra inovação produzida pelaConstituinte foi II criação do im­posto sobre grandes fortunas. Amecânica relativa a este novo im-

Ficou decidido também que aUnião só poderá criar novos im­postos caso estes não tenham fatogerador ou base de cálculo pró­prios de impostos já existentes.Norma semelhante já existe naatual Constituição, e seu objetivoé evitar o que se chama de "bitri­butação". Além disso, a criaçãode qualquer novo imposto teráque ser aprovada pela maioria ab­soluta dos membros do CongressoNacional, e o novo imposto nãopoderá ter natureza cumulativa. Aaprovação destes dispositivos res­guarda o contribuinte; que assimnão será surpreendido com a im­posição súbita de novos impostos.

COMPULSÓRIOQuanto aos empréstimos com­

pulsórios, decidiu a Constituinteque a União poderá instituí-los

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TAXAÇÃO,"GRADUAL

Sempre que possível, osimpostos terão um caráterpessoal e serãograduados segundo a capacidadeeconômica do contribuinte. Aadministração tributáriapoderá identificar essacapacidade.nos termos da lei

os estados e mumcípios houve mu­danças tão profundas, o mesmonão ocorreu em relação à estru­tura dos impostos. Os impostos ía­diretos - aqueles que atingem deigual forma a todos, independentedo seu nível de renda, e que por~

tanto propiciam menor justiça fis­cal, sendo por isso mesmo chaíiiã~dos "regressivos" - continuarãotendo uma importância acentaadána formação .da r:ceita fiscal gla,~bal. A partícipação dos Impos~!J_s

diretos - aqueles que tributáfu~õcontribuinte em função do seu ilí·vel de renda, gravando propôr~Õ}nalmente mais aqueles de maíorrenda e proporcionalmente menô~os de menor renda, sendo assimsocialmente mais justos e por issochamados de "progressivos" ­não vai crescer no bolo da receitatributária geral.

Em todo casá, á

~rllA Constituinte aprovouIfl ( um dispositivo

/1Ç" - o parágrafo 19 doAJO P artigo 171, que trata dos

J/dA- princípios gerais do sistema{tIf'" -I tributário nacional - segundo o

qual "sempre que possível, os im­postos terao caráter pessoal e se- ,rão graduados segundo a cav.aci-.\dade econômica do contribwote; Ia administração tributária, HÍ!~~ (cialmente para conferir efetMêfãj ;de a esses objetivos, poderá id~H- .tificar, respeitados os i:Iireitosinq!-,viduais e nos termos da lei, o pat.ri1 ;mônio, os rendimentos e as àtivl~ ;dades econômicas do contribíiirl~te. "

passar a ter uma importância bemmaior na vida nacional do que vi­nham tendo até agora. Essa talvezvenha a ser uma das contribuiçõesmais efetivas que a Constituinteestá oferecendo ao país.

Se no que toca à repartição derecursos tributários entre a União,

5%, que irá reforçar as receitastributárias dos estados da Fede­

, ração.E os municípios vão ganhar

competência para instituir impos-, to sobre as vendas de combustíveislíquidos e gasosos a varejo, excetoóleo diesel. Outra medida adotadapelos constituintes no sentido dereforçar a situação financeira dosestados e municípios foi a decisãode atribuir ao Senado competên­cia para fixar as alíquotas de ICM- Imposto sobre Circulação deMercadorias. Com isso, a políticado ICM se tornará mais flexível,e, dependendo das circunstâncias,o Senado poderá manejar as alí­quotas deste imposto de forma abeneficiar a caixa dos estados emunicípios mais necessitados.

PODER pOLíTICO

Todas essas decisões, em con-'junto, têm o sentido de reforçara posição financeira - e conse­qüentemente a posição política ­dos governos estaduais e das pre­feituras municipais. A partir dapromulgação da nova Constitui­ção, os estados e municípios vão

de uma fatia maiorartilha do bóIo tributário,

dos e municípiosbam mais uma fonte de

li os: um adicional de'. do Imposto de Renda sobre, ,ganhos e

I imentos de capital).,

inme

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Tributos: a busca da maior fatiaADIRP/Guilherme R.n~el

A constituinte Lídice da Mata(PC do B - BA) está preocupadacom a possibilidade de que o insti­tuto da licença-maternidade de120 dias possa ser derrubado naspróximas votações da ANC.

Ao denunciar a existência deuma campanha aberta contra oque chama de "conquista das mu­lheres na Constituinte", ela de­monstra não haver motivos "paraesse alarde em torno da licença,uma vez que os encargos serão pa­gos pela Previdência Social e nãopelos empresários".

EMPRESA NACIONAL

Para a constituinte Raquel Cân­dieta (PFL - RO), a hora de deci­são para a empresa nacional estápróxima. Ela acredita tambémque o país finalmente saberá quemé quem na Constituinte no mo­mento em que forem votados osdispositivos que conceituam a em­presa nacional e tratam de outrasquestões que dizem respeito ao tí­tulo da Ordem Econômica. E ex­plica por quê: quem for a favordo Brasil votará por uma empresanacional exclusiva, para fazerfrente "aos poderosos ~rupos in­ternacionais que, por seculos, su­focam nossa economia".

Segundo ela, dentro desse ra­ciocínio, aqueles que estão contrao país defenderão um texto ambí­guo, tímido e genérico, apenas pa­ra permitir que empresas transna­cionais gozem dos mesmos direi­tos das nossas, "como se aqui fosseo prolongamento dos seus países".

há poucos dias ouviu de líderes"de uma pretensa maioria que,embora eufórica é artificial" que,no que diz respeito à aprovaçãodos 5 anos e do presidencialismo,ma passar um rolo compressor emcima de todas as conqUIstas conti­das no texto constitucional jáaprovadas.

Ele acredita que esta é uma ma­nobra com que se pretende tumul­tuar novamente o processo de vo­tação. Sendo assim, este não seriao momento de ameaças, mas demanter os acordos, reconhecendo,entretanto, que alguma coisa deveser melhorada, desde que com aparticipação das lideranças.

PREOCUPAÇÃO

O constituinte Amaury Müller(PDT - RS) destacou a impor­tância da temática a ser discutidadurante a votação da Ordem Eco­nômica na Assembléia NacionalConstituinte.

Segundo o parlamentar é pru­dente lembrar que há questõesfundamentais inseridas neste temae que merecem a preocupação detodos aqueles que detêm o man­dato popular. Exemplificando, ci­tou a questão da empresa nacio­nal, do monópolio estatal (inclu­sive da distribuição de derivadosde petróleo e de álcool carburan­te) e da reforma agrária.

Atendo-se principalmente a es­te último tema, o constituinte dis­se que a reforma agrária se fazna terra, com o homem que traba­lha a terra e dela retira seu sus­tento.

LICENÇA-MATERNIDADE

se divide em duas correntes: a quepretende a c!amocratização dapropriedade dllterra e a que tentamanter, de maneira absoluta, o di­reito de propriedade.

José Genoino continuou aler­tando para o fato de que outrostemas como o conceito de empre­sa nacional, mineração e o papeldo Estado na economia dizem res­peito a um problema nacional, jáque esta é uma <J,.uestão de desen­volvimento economico em relaçãoà soberania do capital estrangeiro.

O constituinte disse que essestemas relacionados com a proble­mática do desenvolvimento nacio­nal encontram oposição por parte,dos representantes das ehtes brasi­leiras no parlamento ou da bur­guesia, que se posicionam contrao crescimento autônomo e sobe­rano. "A linha predominante éexatamente a da subserviência, doentreguismo e da internacionali­zação" .

Finalizando, o parlamentar doPartido dos Trabalhadores disseque a reforma agrária é o temaque envolve verdadeiramente arelação capital-trabalho e que visaà democratização da terra.

ACORDOS

A necessidade de serem manti­dos os acordos até agora realiza­dos na ANC foi o assunto do cons­tituinte Adylson Motta (PDS ­RS), que se diz "preocupado comalgumas declarações de lideran­ças".

Segundo Adylson Motta, deveise seguir em plenário com a mes­ma estratégia adotada até agora,sem radicalismo, para que, atravésda negociação, se possa che~ar aoque deseja a sociedade brastleira.

Disse ainda o parlamentar que

Deve-seseguir emplenário a

mesmaestratégia

adotada atéagora, sem

radicalismos,para chegar-seao que desejaa sociedadebrasileira.

~"Qualquer intervalo nos debates é aproveitado para negociações

como o da estocagem.

CORRENTES

A defesa do capítulo referenteà reforma agrária também foi es­colhida como tema l2..elo consti­tuinte José Genoino ~PT - SP).

O parlamentar disse ser curiosoque no título da Ordem Econô­mica não estejam em jogo as rela­ções de produção, com exceção nocapítulo da reforma agrária, que

ças de maior autonomia e de res­ponsabilidade para estados e mu­nicípios. I

Apesar de constatar que hápouco a ser feito no atual encami­nhamento das discussões, a parla­mentar disse ser necessário marcarsua posição quanto ao assunto,"inclusive porque só agora se tor­nou possível divisar alguns dos er­ros capitais que a Assembléia Na­cional Constttuinte andou a come­ter na área da previsão tributária",complementando ainda que tais"equívocos e desvios" se dirigemmenos a pontos específicos e mui­to mais a princípios.

Lúcia Vânia lembrou que a afir­mação do indivíduo e o nascimen­to do Estado moderno, no séculoXVIII, começam não por um fe­nômeno estritamente político,mas econômico. "Mais precisa­mente por um fenômeno tributá­rio, quando as colônias america­nas na Inglaterra se rebelaram emnome do princípio do no taxationwithout representation, ou seja,nenhum imposto sem autorizaçãopopular". A constituinte acreditaque houve falha, na medida emque a Assembléia Nacional Cons­tituinte não providenciou a defesado indivíduo, da pessoa física oujurídica contra a voracidade fiscale a gula tributária do Estado.

A constituinte apontou ainda"equívocos e desvios na rota daConstituinte", como por exemploo privilégio a estados e municí­pios, o que seria irretocável casoviesse a providência acompanhadade correspondentes transferênciasde encargos e deveres. Afinal, dis­se Lúcia Vânia, o objetivo finalda reforma tributária tanto recla­mada seria tornar econômica e ad­ministrativamente real o princípioda autonomia estatal e municipal,não apenas politicamente.

REFORMA AGRÁRIA

Farbulini Júnior (PTB - SP)criticou o modelo até agora adota­do para a implantação da reformaagrária na nova Constituição, clas­sificando de ineficaz e de não aten­der a nada e nem a ninguém.

Segundo o parlamentar, de na­da adianta desapropriar, pagandoem moeda ou em título, de nadaadianta emitir a posse dos sem­terras sem lhes dar o mínimo depré-requisitos para a formulaçãodo projeto produtivo.

O constituinte paulista disseainda que muito se comenta e sediscute a propósito da reformaagrária, mas há uma realidade bra­sileira que cumpre exammar e pa­recer que pretendem desconhecê­la.

Exemplificando, ele citou o es­tado de São Paulo "onde existemáreas livres e pertencentes àUnião, aos estados e aos municí­pios, áreas agricultáveis, cujo ca­dastramento não se tem notícia se­quer para os estudos que pode­nam viabilizar a implantação dareforma".

Preocupado com a falta de crité­rio, ele disse temer pela má orde­nação das regras que poderiamatender à população que desejatrabalhar no campo, partindo paraum processo de propriedade coo­perativada e levando-se em contatodos os problemas envolvidos,

A reforma do Sistema Tributá­fiO foi o assunto do constituinteFirmo de Castro (PMDB - CE),que acredita que não haverá perdapara a União apesar das mudan­ças.

Segundo Firmo de Castro, estu­dos feitos, tanto a nível da Assem­bléia Nacional Constituinte comoa nível dos órgãos federais oficiais,mostram que, quando em plenamaturação, o novo sistema não te­rá tirado do governo federal par­cela superior a vinte ou vinte eum por cento de seus recursos.

Continuando, o parlamentardisse que se estima para o períodode implementação plena do siste­ma (1988à 1993) um crescimentodas receitas federais a uma taxaanual superior a 5%, o que signi­fica dizer, em últimas palavras,que o processo de descentraliza­ção em favor de estados e municí­pios apenas consistirá na transfe­rência de receita futura e não re­ceita atual da União.

Ele citou ainda estudos, doIPEA, que demonstram que o sis­tema tributário compreenderá re­cursos equivalentes a 1% do PIB,o que na situação atual, pelo quese pode ver, não representa ne­nhum dado assustador, uma vezque trabalhamos com déficit pú­blico superior a 6%, sem compu­tarmos os encargos da dívida inter­na. Além disso, não mais se estaráresgatando a posição que os esta­dos detinham na distribuição dobolo tributário antes da ReformaConstitucional de 1967.

Firmo de Castro afirmou queoutros indicadores comprovamnão haver essa ameaça de quebrapor parte da União, já queIevan­tamentos feitos também demons­tram que somente através do pa­cote fiscal de novembro último nasua forma original, assim comocom os gastos com o subsídio dotrigo, teríamos computado idên­ticos efeitos aos do Sistema Tribu­tário.

No que tange à distribuição en­tre estados e municípios, o parla­mentar do Ceará disse que o novoSistema Tributário tem duas ver­tentes: - "a que vai ao encontrodos interesses dos estados mais I?o­bres, através dos fundos de parttci­pação," a que vai ao encontro dosestados mais ricos, através da alte­ração da base tributária. Por isso,e diz o parlamentar, "é importanteque mantenhamos o amplo enten­dimento que foi feito recentemen­te no sentido de garantir, por umlado, os fundos de participação eo fundo regional, assim como acompetência do Senado Federalpara acompanhar a fixação das alí­quotas do ICM, como importantesmedidas para um maior equilíbriodo sistema tributário, do {fonto devista regional".

O constituinte finalizou deixan­do claro que é necessário um acor­do entre os estados e bancadas pa­ra que o equilíbrio federativo, noque diz respeito à distribuição derecursos, seja mantido.

POSIÇÃO

A reforma tributária foi tam­bém tema levantado pela consti­tuinte Lúcia Vânia ~PMDB ­GO). A parlamentar disse estarfrustrada quanto ao assunto quegerou tantas polêmicas e esperan-

10 Jornal da Constituinte

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Tito:' democratizar os tributos

Tito: a mineração é, por SI sô.uma questão que fere muito o meio ambiente

Uma das características dospaíses democráticos é a

descentralização dos tributosarrecadados: "Precisamos

retornar aos municípios umpercentual grande da suaarrecadação para que o

prefeito, que é justamentequem é fiscalizado pelo

município, possa ter condiçõesde executar as obras de

infra-estrutura". A afirmaçãoé do constituinte Ronan Tito(PMDB - MG), que defende

uma melhor distnbuição dobolo tributário em favor dosestados e municípios. Entreoutros assuntos, Tito prega aconvocação de eleições para

presidente da República apósa promulgação da nova Carta.

JC - Senador, como vê a questãoreferente à parte tributária naConstituinte?

Ronan Tito - Acho que nestemomento se fere a um dos assun­tos mais importantes que temospara tratar, porque uma diferençagrande dos países que têm regimesoligárquicos, ditatoriais é a centra­lização dos recursos. E nós, quequeremos "desconstruir" a dita­dura que foi construída durante22 anos, queremos, neste momen­to, democratizar também os recur­sos, os tributos que, em última ins­tância, são todos recolhidos a par­tir do município. Queremos umamelhor distribuição do bolo, de talmaneira que o município e o esta­do recebam mais recursos paraque os prefeitos e governadorespossam governar tanto o municí­pio quanto o estado de maneiraindependente, digna e correta. Emuito conhecido o caso daquelesdois prefeitos do Piauí que estive­ram na Câmara dos DeJ?utados e,depois de tomar o cafezinho, fica­ram bastante tempo ali cronome­trando e chegaram à conclusão deque o que se gastava de café naCâmara dos Deputados para aten­der os visitantes e deputados eramuito mais do que os recursos querecebiam como dirigentes dos mu­nicípios.

Precisamos retornar aos municí­pios um percentual grande da suaarrecadação para que o prefeito,que é justamente quem é fiscali­zado diretamente pelo município,possa ter condições de executar asobras de infra-estrutura. Afinal decontas, no dia em que resolvermoso problema de 4.500 municípios,estaremos resolvendo o problemado Brasil, em última instância.Também sabemos, há muitosanos, que uma obra que custa 500quando é construída pelo governofederal o governo estadual faz por250e o governo municipal por 125.Essa é a proporção. Por quê? Por­que o prefeito está junto da obra,e é fiscalizado pelos munícipes, eo governador também está maispróximo dos seus governados. OGoverno da União está sempredistanciado e dependendo de via­gens e transportes de técnicos ede grandes empresas, que normal­mente é que tomam conta dessesprojetos.

JC - Qual a posição do senadorcom relação ao mandato do presi­dente José Sarney?

Ronan Tito - O único homemque existe no Brasil ocupando car­go eletivo que está no cargo semter sido eleito pelo voto popularé o presidente José Sarney Elesabe e todos sabemos que é umpresidente de transição da ditadu­ra para a democracia. Ora, a tran­sição deve terminar no momentoem que for promulgada a Consti­tuição. Por isso mesmo, quandose promulgar a Constituição, soufavorável a que se convoquemimediatamente eleições para pre­sidente da República, para que opróximo presidente entre no inícioda democracia, que pretendemosseja plena, e principalmente ungi­da pelo voto popular, que vá bus­car a legitimidade para seus pro­gramas e suas propostas no seiodo povo.

JC - O que o senador tem adizer a respeito da mineração nasterras indígenas?

Ronan Tito - É um assunto damaior imeortância, seriedade eresponsabilidade, porque as nos­sas grandes reservas hoje estãoprincipalmente na Amazônia, efoi o único reduto que sobrou paraas tribos indígenas brasileiras. Porisso mesmo, agora estamos verifi­cando e recentemente vimos o ge­nocídio e morte de 14 índios. Osíndios daquela região estiveramno Congresso Nacional e disseram

que eram mais de quatorze. Con­seguiram encontrar 14 corpos nahora, mas não se sabe quantos fo­ram jogados no rio. Por quê? Porcausa dos interesses de recursosnaturais que existem nas terras in­dígenas, não só as madeiras, maspnncipalmente os minérios ricos.

Sabemos da história recente doque aconteceu com o estanho naBolsa de Londres e a partir da mi­neração de cassiterita nas terrasindígenas. Também sabemos estó­rias tristíssimas. A mineração é,por si só, uma questão que feremuito o meio ambiente. A ecolo­gia sofre demais com a mineração.Sou de um estado minerador, efaço eleições de quatro em quatroanos. Sobrevôo o meu estado everifico que o lombo do meu esta­do é lanhado pela mineração.

Então, o índio que já é acostu­mado dentro do ecossistema e quetem uma vida de interação coma natureza, quando vem a minera­ção, que muda os hábitos, vem ocontato dele com o branco, se nãofor feito de uma maneira muitoconsciente e cuidadosa, é nova­mente o genocídio; primeiro, ocontato com o branco e, segundoa agressão ao ecossistema.

'JC - O que o senhor tem a dizersobre o capítulo que trata da ordemeconômico-financeira?

Ronan Tito - Na questão daafirmação do sistema econômico-

o único homemque existe no

Brasil semter sido

eleito pelovoto popular

éopresidenteSarney. Atransição

termina coma promulgaçãoda nova Carta

financeiro brasileiro, temos doiscapítulos de suma importância. Opnmeiro é a Comissão da OrdemSocial. Quando se fala dos assun­tos da ordem social, a relação capi­tal-trabalho, os direitos que o tra­balhador teve, avançamos. Nãoera tudo o que queríamos, masavançamos bastante. Agora temoscoisas muito importantes na ques­tão da ordem econômica e que te-

mos que defender. Por exemplo,há um projeto de minha autoriaque fala das empresas nacionaisde capital estrangeiro e empresasnacionais de capital nacional. Porque isso? Porque muitas vezes oGoverno quer incentivar um setordo empresariado e a empresa es­trangeira tem o seu capital sediadonoutro país e não tem carência decapital. Muitas vezes, o Governoprecisa incentivar a empresa na­cional, que é de capital nacionale não tem onde buscar esse capi­tal. Através, por exemplo, do BN­DES, ela poderá ser incentivada.E não temos tantos recursos assimpara estar financiando, muitas ve­zes a custo barato, empresas quenão teriam dificuldades em arran-

jar seus recursos lá fora. Essse éum dos pontos, mas temos outrosda maior importância.

E aí agora que vai ferir uma dasgrandes regras da economia. OBrasil precisa se inserir no mer­cado internacional de maneira de­finitiva, eu diria, no mundo capita­lista. Mas é preciso, porque somosum país do Terceiro Mundo - tal­vez o mais importante, mas aindaassim um país do Terceiro Mundo.Precisamos ter muito cuidado nes­sa época para que também não se­jamos, como foi dito por um cana­dense, "hóspedes deitados ao ladodo elefante" -se o elefante rolar,nos esmaga. Temos que ter o cui­dado de estar alertas para quequalquer movimento que faça oelefante não nos machuque muito.

JC - Senador, os avanços jáconseguidos na área social serãomantidos na votação em segundoturno?

Ronan Tito - Acho que elesvão tentar modificar, mas nãoacredito, principalmente às véspe­ras de eleições municipais, quemuitos parlamentares terão cora­gem de afrontar o povo. A ques­tão da licença-maternidade de-

pende muito do país e das necessi­dades. Na França, a licença-ma­terninade é de mais de 6 meses,e com prêmios ainda. Não achoque é demais. Temos, neste mo­mento, que assumir a maternidadecomo problema do homem. Afi­nal, somos filhos de mulher, so­mos produtos da maternidade.Então, a maternidade não é umproblema da mulher, é da mulhere do homem. Por isso mesmo,acho justo que a mulher tenha os120dias. Eles falam mais da licen­ça-paternidade, que isso é um ab­surdo. Na França são 30 dias delicença.

E quero perguntar a todos osdeputados e senadores presentesao Parlamento qual deles teve só

um filho que nasceu sem a sua pre­sença. A.gora, quando se fala emdar condições ao marido, ao ope­rário, ao trabalhador para que es­teja ao lado da mulher dando as­sistência à mulher na hora do nas­cimento do filho que será o futurodeste País, isso é um absurdo, éridículo. Na Itáha, existe a licença­paternidade, e na Espanha tam­bém. O que poderíamos fazer tal­vez fosse diminuir para três dias,mas não abro mão dessa licença­paternidade.

O homem, quando há progres­so, ele tem que participar desseprogresso, e esse progresso temque objetivar o homem e nós te­mos que cravar na Constituiçãocomo fizeram a Espanha e o Ja­pão, que foram os últimos paísesa fazer Constituição, avanço prin­cipalmente com relação à classepopular. Muitas coisas que eles di­zem, que nós avançamos demaisda conta, nem é verdade. Na Es­panha, por exemplo, a jornada detrabalho é iniciada na casa do tra­balhador, quando ele sai de casaé começado a contar o tempo dajornada de trabalho dele. E outroscasos eu poderia dizer, por exem­plo, quando nós pleiteamos, tra­balhamos contra a despedida imo­tivada, falaram que nós queríamosa estabilidade; pois bem, em Por­tugal, é cravado na Constituiçãoa estabilidade. Só se pode mandarum trabalhador embora por justacausa.

Nos Estados Unidos da Amé-

rica do Norte, quando você entranum contrato coletivo você nãopode dispensar essa pessoa. NaItália, quando uma pessoa tenta,dentro de um contrato de traba­lho, isto não está na Constituição,mas você não despede ninguém à­toa. Na Inglaterra, um exemplotípico é do Time, que quis renovartodo o seu equipamento, acaban­do com as velhas máquinas, e OSempregados pura e simplesmentedisseram: "Aqui não vai se teno­var nada."

Na realidade avançamos, masavançamos pouco, mas a socieda­de brasileira precisa ficar alertapara não permitir que no segundoturno seja subtraído deles o pe­queno avanço que nós tivemos.

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Márcio querquatro anospara Sarney

ADIRP,W,lham Prescott

Márcio: a transição é atipica, foi feita por fora do regime

Qual alternativa teríamos hoje pa­ra sairmos desse impasse? É. evi­dentemente, uma possibilidademuito grande de um assentamentoda sociedade com o poder Naárea da economia, por exemplo,a alternativa que resta para o pre­sidente Sarney e o governo queassumiu o comando do processoé se ajustarem à determinação doFundo Monetário Internacional,ou seja, arrochar, aprofundar a re­cessão num país que já está como mais baixo índice de salário desua história, o mais alto índice dedesemprego; é uma política suici­da, isto é, vai atender a uma dele­gação social maior e, evidente­mente, há desordens, alterações,e talvezaté criar condições paraque haja uma intervenção ou está­do de sítio. E uma situação extre­mamente delicada, e é nessa horaque me dá uma preocupação mui­to grande: que esses companhei­ros, todos de partidos, não estãopercebendo com clareza esse qua­dro e estão quase que abandonan­do as últimas forças, as últimas or­ganizações políticas com algumacredibilidade dentro da sociedade,que ainda é a Assembléia Nacio­nal Constituinte, que são os gover­nadores de estados, eleitos na últi­ma eleição, e que é ainda oPMDB, que foi o grande instru­mento da resistência, que, apesarde todo o desgaste que está assu­mindo - não tem como não assu­mir -, ainda é um instrumentoque foi de confiança do povo eque possibilitou essas resistênciase até mesmo a desmontagem, pelomenos parcial, da situação do au­toritarismo anterior.

JC - Senador, dizem que umadas consequências dos governosmilitares foi não possibilitar o sur­gimento de lideranças novas. Sen­do um político jovem, qual a suaanálise?

Márcio Lacerda - O regimeautoritário brasileiro foi extrema­mente competente na execução deum projeto de dominação da so­ciedade brasileira. Eles, paramim, desenvolveram a pior tragé­dia, quer dizer, o maior preço quea sociedade brasileira vai pagar,durante esses vinte anos de regnneautoritário; muito maior do queo preço da economia, dos ajusteseconômicos, isto é, tudo o que elesarrumaram, por aí, atrelamento.da economia no capital interna­cional, foi o grande desastre coma sociedade brasileira, com o ho­m~m brasileiro, porque eles in­vestiram exatamente na destrui­ção da cidadania.

Foi quase uma operação deguerra contra a sociedade civil e

. foi cientificamente preparado,desde a alteração do currículo daestola primária, desde a alteraçãoda reforma universitária, a des­truição dos partidos políticos, umcanal do exercício da democracia

I e da cidadania, a dificuldade deorganização sindical, enfim, todasas formas do exercício de cidada­nia foram torpedeadas. O quemais se desenvolveu neste país,nesse período do autoritarismo,foi exatamente o sistema de tele­comunicações, não para informara ,sociedade , mas, principalmente,para desinformã-là, criar um pa­drão universal de descaracterizarcruelmente o povo e dar informa­ções dirigidas ao interesse das clas­ses dominantes.

Muito mais do que destruir aslideranças, destruíram a forma desurgir lideranças através dos movi­mentos sociais, da militância ,?olí­tica, da militância da cidadania,

houve uma reaglutinação dessasforças conservadoras que manti­nham a situação antenor e umaaliança com as elites, quer dizer,a elite brasileira é extremamenteconservadora e se recusa a qual­quer tipo de avanço. Na minhaopinião, o grande equívoco queestá havendo exatamente é que ogoverno federal, o governo Sar­ney, que deveria ser o fiador datransição, deveria ser o grandeavalista da transição e dar todasas garantias, tenta, desesperada­mente, funcionar como um gover­no num período de normahdade,com projeto definido, com políticadefinida etc. Isto, totalmente de­satrelado da nação. Este é um dosfatores que agravam a crise.

Tenho impressão que, na medi­da em que houve uma interven­ção, propriamente, na AssembléiaNacional Constituinte, no epis6­dio da votação do sistema de go­verno, que significou muito maisdo que isso;o govet:no Sarney pas­sou a existir efetivamente comuma agravante: no final do últimogoverno autontário tinha-se umaexpectativa para a nação, a pró­pna convocação da AssembléiaNacional Constituinte, a campa­nha das diretas, a própria campa­nha do falecido presidente Tan­credo Neves, quer dizer, haviauma expectativa de alternativa pa­ra substituir aquela situação quaseinsustentável. Hoje, na medidaque se aliaram novamente e fecha­ram uma posição de tentar fazerum governo de transição como umgoverno de normalidade, para de­finir, inclusive, um tratamento da .crise, acredito que a coisa vai secomplicar, porque, como o gover­no não tem base política, não tembase social, ele não pode ter umprojeto definido para enfrentar adívida externa e interna, para en­frentar a questão da educação, dasaúde, nenhum projeto definido.

sociais, democratas, socialistas,enfim, em todos os matizes. Istoficou claramente definido na vota­ção da Ordem Econômica daConstituição.

O surgimento do Centrão nadamais é do que uma aglutinação dasforças conservadoras e, tenho aimpressão, isto vai ser uma ques­tão que irá balizar o ordenamentopolítico-partidário depois daConstituinte. Uma vez extinto oregime autoritário extingue-se arazão da existência de uma frentepolítica, e o partido vai ser vítimadaquebra da frente de resistência.Evidentemente é o PMDB. Mastenho a impressão que o embriãode um grande partido de centro­esquerda neste país, um partido.reformista muito ajustado à reali­'dade nacional, tende a sair, ga­nhar ainda dentro do PMDB pelosseus setores mais progressistas.

JC - Comenta-se que o país pa­rou à espera da nova Constituição.Como vê essa questão e, ao mesmotempo, o momento político atual?

Márcio Lacerda - Toda Cons­tituinte é convocada no ápice deuma crise. Evidentemente, se nãohouvesse uma crise política, umacrise constitucional, não teríamosConstituinte. A própria convoca­ção da Constituinte pressupõeuma crise e o final de uma situa­ção. Quer dizer, a transição deuma situação preestabelecida aposteriori. Não tinha como ser di­ferente. E realmente neste mo­mento a Constituinte brasileira es­tá lidando com a maior crise queeste país já conheceu. Há uma cri­se política, constitucional e social.Na realidade esta é a primeiragrande crise que este país vive.

E ainda acho que há um compli­cador muito seno nesta questão:é q.ue como a própria transição foiatfpica - não fOI feita por dentrodo regime e sim por fora, querdizer, quase que numa derrota -

Mais do quedestruir aslideranças,destruíram

como formarliderançasatravés doexercício

da cidadania

existe nenhum juiz tão implacávelquanto a opinião pública. Achoque um administrador que traba­lhe bem tem o respaldo da comu­nidade, e, seguramente , teria aeleição assegurada. E uma faláciaa questão de que o país não temexperiência política, tem poucamilitância e 9ue há uma tradiçãodo uso da maquina.

Quando houver a consolidaçãodos partidos políticos e do exer­cício da cidadania - e uma dasformas é exatamente permitir areeleição, pois ninguém votaráduas vezes num prefeito ou numpresidente que fez uma má admi­nistração, como ninguém terá dú­vidas em votar duas vezes numprefeito, governador ou presiden­te que fez uma boa administração.

. JC - Senador, na sua opi­nião, como vai ficar o quadro par­tidário após a promulgação da no­va Carta?

Márcio Lacerda - Na realida­de, a definição política do país jáocorreu na Assembléia NacionalConstituinte. Tínhamos, até aconvocação da Constituinte, umpartido que sustentava a situaçãoe um partido que foi a grande fren­te de resistência democrática, quefoi o PMDB, com a composiçãoque tem todas as chances demo­cráticas, todas as alianças de fren­te de resistência contra qualquerregime autoritário em qualquerpaís do mundo. Ficaram muito cla­ras na Assembléia Nacional Cons­tituinte as posições políticas. Aliveio o afloramento do entenl:li­mento das relações entre capitale trabalho, e o surgimento do Cen­trão é, nada mais, nada menos,uma manifestação das forças con­servadoras e das posições políticasconservadoras, com respeito à ma­nutenção de uma relação mais in­justa e mais tendente ao capitalem detrimento do trabalho, nosdiversos posicionamentos liberais,

JC - Senador, foi aprovado opresidencialismo com cinco anosde mandato para os futuros presi­dentes. Acredita que seráaprovadopara o presidente José Sarney, tam­bém?

Márcio Lacerda - Em primei­ro lugar, acho que uma das gran­des oportunidades perdidas paramodernizar o estado brasileiro foia não aprovação do parlamenta­rismo na votação que entendo foiaté de certa forma traumática paraa Assembléia Nacional Consti­tuinte. Houve, evidentemente,pressão externa que acabou extra­polando a questao da votação dosistema de governo. Acho que omandato de cinco anos é um man­dato razoável, bom, pelos manda­tos permanentes, mas entendoque o mandato do presidente JoséSarney é um mandato com transi­ção. Quando terminada a Consti­tuinte, promulgada a Constitui­ção, não existe nenhuma razão pa­ra continuar o país sob a tutelada administração de um governode transição.

Acho que há necessidade, omais rápido possível, de se ajusta­rem as instituições, também dapresidência da República, à novaordem constituída. A eleição dopresidente da República deveráser ainda este ano, o mais brevepossível.

JC - É favorável à reeleição emtodos os cargos executivos?

Márcio Lacerda - Acho a ree­leição um mecanismo democráti­co. É, inclusive, uma forma deavançar a formação política dopovo, especialmente nos manda­tos. Quer dizer, qualquer man­dato do Executivo tem normal­mente a fiscalização da sociedadecivil. E nos mandatos mais próxi­mos, por exemplo, de prefeitos,há uma fiscalização muito maispr6xima da opinião pública. Não

o constituinte Márcio La­cerda (PMDB - MT) consi­dera bom um mandato de cincoanos para os futuros presiden­tes da República, mas defendeum mandato de quatro anospara o presidente Sarney, porentender que se trata de umgoverno de transição. Parla­mentarista, Lacerda é favorá­vel à reeleição para os cargosexecutivos: "E um mecanismodemocrático. Qualquer man­dato do Executivo tem normal­mente a fiscalização da socie­dade civil". Ele também achaque o embrião de um grandepartido de centro-esquerda, aser formado neste país, aindavai sair do PMDB, pelos seussetores mais progressistas.Márcio Lacerda diz, na entre­vista, que o maior desastre pro­duzido pelo regime autoritá­rio, em relação ao homem bra­sileiro, foi exatamente a des­truição da cidadania.

1,2 Jornal da Constituinte

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Um,

banco para a agricultura

Gonçalves: dentro das expectativas de normalidade, teremos eleições municipais este ano

cia social, desenvolvimento rodo­viário, enfim, nenhum municípiodispunha de recursos suficientespara atender a todas as suas neces­sidades. Daí por que sempre mebati, desde o mício, para dar umamaior destinação de recursos aosestados e municípios brasileiros.

Até fiz mais, eu, além de fazeressa sugestão junto à AssembléiaNacional Constituinte, apresenteiuma emenda à atual Constituiçãoem vigor modificando o art. 25 eaumentando, ao invés de 33%,que é a atual participação dos esta­dos e municípios na receita tribu­tária da União, o percentual para50%. De modo que é uma preocu­pação minha desde o início em queassumi o mandato de deputado fe­deral e de deputado constituintena Assembléia Nacional Consti­tuinte.

JC - Outra sugestão de sua au­toria trata da criação de bancos pa­ra o desenvolvimento da agricul­tura e pecuária.Evaldo Gonçalves - Ora, veja co­mo eu estava certo. Estamos agoramesmo numa situação de falênciatotal no campo. Nenhum produtorrural está em condições de pagaros bancos oficiais e os emprésti­mos tomados para a agricultura epecuária. Há um clamor geral, nãos6 no Nordeste - eu poderia di­zer, não, é só no Nordeste -, noSul

ltambém, agora mesmo no es­

tado de Minas Gerais, enfim, nosestados com uma infra-estruturamuito mais forte do que a infra-es­trutura econômica e social do Nor­deste, estados muito mais fortesestão realmente clamando por me­didas excepcionais de socorro àsua economia primária. Ora, ima­gine o que está acontecendo noNordeste, o Nordeste está real­mente falido em termos de agricul­tura e pecuária, mas falido mes­mo, a ponto de nenhum produtorrural ter condições de voltar aosbancos oficiais I?ara tomar em­préstimo de custeio, a fim de reini­ciar o seu plantio, numa épocaagora em que o inverno começaa se regularizar, depois de umaseca tremenda que dizimou todaa produção naquela área

mento de suas responsabilidades.Quando do capítulo da reformada futura Constituição, procureiinferir um item dando poderes aosmunicípios e às câmaras de verea­dores de reformarem a nova Cons­tituição brasileira, claro <J.ue atra­vés de um processo de maioria ab­soluta dos municípios brasileiros,através de suas associações, e tam­bém da maioria absoluta das câ­maras de vereadores, através desuas associações. Esta é uma su­gestão que visa, sobretudo, umapresença dos municípios brasilei­ros e das câmaras de vereadoresno processo de reforma da futuraConstituição brasileira.

JC - Há quem defenda a pror­rogação do mandato dos atuaisprefeitos e vereadores. Qual suaposição a respeito?

Evaldo Gonçalves - Minha opi­nião é que o calendário está esta­belecido. Temos que realizar elei­ções este ano porque está definidaesta eleição para este ano.

Quanto à eleição para presiden­te da República, esse é um outrocapítulo. Acredito que a f6rmulade eleições para presidente da Re­pública em 1989 é uma soluçãoque atende aos interesses da na­ção.

Quanto às eleições municipais,acredito que o calendário haveráde ser cumprido, a não ser quehaja um fato muito sério que nãopermita sua realização este ano.Mas, dentro das expectativas denormalidade, acredito que tere­mos eleições municipais este' ano.

JC - O deputado que veio comum elenco muito grande de suges­tões, de propostas, de emendas, co­mo analisa o texto que está surgin­do, o novo texto constitucional?

Evaldo Gonçalves - Vejo-ocom bastante otimismo, porqueacredito que tivemos avanços mui­to sérios. Avançamos muito, emtermos de nova Constituição bra­sileira, nos direitos sociais, nos di­reitos individuais, em termos deorganização de Estádo , agoramesmo vamos analisar li ordemeconômica, a ordem social. En­tão, acredito que estamos fazendouma Constituição à altura das as­pirações da sociedade brasileira.E natural que surjam algumas difi­culdades e algumas decepções,mas no seu todo a nova Consti­tuição brasileira será digna dasmelhores expectativas do povobrasileiro.

JC - Deputado, acha que oatual quadro partidário será modi­ficado após a promulgação da no­va Constituição?

Evaldo Gonçalves - Será, semdúvida nenhuma. Aliás, já está semodificando. Todos os dias assisti­mos a mudanças em todas as estru­turas partidárias de então, oPMDB mudando, o PFL também.Vamos ter mudanças profundasem termos de organização parti­dária ap6s a promulgação da novaConstituição brasileira. É naturalque isso aconteça porque os parti­dos, até agora, foram apenas fren­tes, onde se acomodaram muitastendências. É natural que essástendências agora procurem, cadauma, acomodar-se, em seu verda­deiro leito, e é natural que issoaconteça após a promulgação daConstituição

Evaldo Gonçalves - Sempre te­nho defendido aqui a participaçãodos municípios, das câmaras devereadores. Municipalista quesou, acho que realmente o muni­cípio é o poder primeiro, a instân­cia primeira de todas as decisões.Então, devemos dar uma atençãotoda especial ao município.

De modo que tenho procurado,na medida do possível, deferir aosmunicípios determinadas atribui­ções que, afinal, também facili­tem, essas atribuições, o cumpri-

JC - O deputado gostaria deque na revisão do novo texto cons­titucional a vontade popular conti­nuasse influindo bastante. Então,ao lado de outras entidades ou ins­tituições acrescenta associação devereadores do Brasil para partici­parem também da revisão do futu­ro texto constitucional. Como as­sim?

Evaldo Gonçalves - É dentrodaquela linha que me propus dedefesa do fortalecimento do PoderLegislativo. Acho que enquantonão tivermos recobrado o prestí­gio e as prerrogativas do PoderLegislativo seremos um podermarginal. Fala-se muito que o par­lamentarismo seria a solução, tu­do bem, não discuto se o parla­mentarismo seria a solução ounão. O que discuto é que devamoster um Parlamento forte, um Po­der Legislativo forte, com defe­rência na administração pública,tanto municipal, estadual ou fede­ral. E esse Legislativo forte s6 po­de ocorrer com uma ingerência ad­ministrativa, com uma co-gestão,com uma co-participação.

Então, essa minha sugestão deque todos os ministros de estadodeveriam receber a aprovação doCongresso Nacional seria uma for­ma de participação, de co-parti­cipação de responsabilidade doCongresso Nacional na adminis­tração pública federal. Isto ocor­reria a nível estadual e tambémpoderia ocorrer a nível municipal,numa demonstração de prestígiodo Poder Legislativo em todos osníveis.

-~­~~-: :~.".':.<. ~;~~.~._=.

Nenhumprodutorrural está

em condiçõesde pagaros bancos

oficiaise também osempréstimostomados paraa agricultura

e para apecuária

Dessa maneira, foi uma das mi­nhas preocupações primeiras acriação de um banco rural, umbanco de desenvolvimento ruralpara o Nordeste do Brasil, e até,eu dina, para as regiões subdesen­volvidas deste país, porque essebanco não iria ter por finalidadeo lucro, não iria também ter preo­cupações com as outras atividadeseconômicas, como o comércio ea indústria, iria se ater, exclusiva­mente, ao desenvolvimento da pe­cuária e da agricultura. Daí porque essa minha sugestão da cria­ção de um banco rural, um bancode desenvolvimento rural é maisum esforço no sentido da valori­zação do homem do campo e daatividade rural.

JC - Outra proposta de sua au­toria inclui, entre as atribuições doCongresso Nacional, a aprovaçãodos nomes que deverão constituiro ministério do Poder Executivo.

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ADIRP/WIUiam Prescotr"'"Na fase inicial dos trabalhos

da Assembléia Nacional Cons­tituinte, de sugestões de nor­mas constitucionais, o consti­tuinte Evaldo Gonçalves (PFL- PB) apresentou proposta in­c1uindo, entre as atribuições doCongresso Nacional, a deaprovar os nomes indicadospara formar o ministério. Se­glJllPo ele, "seria uma formad~o-participaçãoe de respon­sabilidade do Parlamento naadministração pública federal:isto ocorreria a nível estaduale também poderia ocorrer a ní­vel municipal". Gonçalves co­menta outras sugestões queformulou, entre elas a que tra­ta da criação de bancos parao desenvolvimento da agricul­tura e da pecuária, que não te­riam por finalidade o lucro,"não iriam também ter preocu­pações com as outras ativida­des econômicas, como o co­mércio e a indústria: é mais umesforço no sentido de valorizaro homem do campo e a ativi­dade rural".JC - Deputado, até agora tem si­do aprovada uma destinação de3% do Orçamento da União paraos estados do Norte, Nordeste eCentro-Oeste. Na fase de sugestõesde normas constitucionais o senhor.apresentou uma proposta seme­lhante, destinando 5% da receitatributária da União para assuntosde irrigação. Qual a sua análisepara a questão?

Evaldo Gonçalves - Realmenteme preocupei, em sendo como souum representante da região subde­senvolvida do Nordeste e achandoque o problema da seca s6 se resol­ve com irrigação, desde o início,em assegurar recursos para a solu­ção desse problema. De modo queuma das minhas primeiras suges­tões aqui na Assembléia NacionalConstituinte foi exatamente esta:sugerir que de toda a receita tribu­tária da União 5% - sugeri 5%- fossem destinados para a cons­trução de açudes e implementaçãode projetos de irrigação no Nor­deste brasileiro.

Claro que depois de analisadaessa sugestão nas várias comissõese até na Comissão de Sistemati­zação, ficaram, ao invés de 5%,3%, e não para, exclusivamente,irrigação e construção de açude etambém não s6 para o Nordeste,acrescentou-se a região Norte etambém a destinação ficou maisampla para projetos de desenvol­virnento nas duas regiões.

JC - Deputado, uma outra su­gestão sua trata da destinação derecursos para a União, estados emunicípios. Qual a sua intenção?

Evaldo Gonçalves - Eu tam­bém sempre me preocupei aqui,logo que cheguei, com esse pro­blema da receita dos municípiose dos estados brasileiros. Sempreentendi que essa centralização derecursos, por parte do governocentral, do governo da União, tra­zia prejuízos enormes para os nos­sos estados e municfpios. De mo­do que as receitas do Tesouro mu­nicipal e do Tesouro estadual sãoinsuficientes para atender a todasas dificuldades e demandas em ter­mos de educação, saúde, assistên-

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desesperada rumo à Venezuela,porque mineradores aos milharesinvadiram a terra que sempre lhespertenceu". Ele lembrou, tam­bém, o assassínio do índio Cretã,no Paraná, e do Marçal Simão,entre outros, para salientar que "afileira indiana tem sido a procissãopara a morte".

ó constituinte Augusto Carva­lho lembrou que o massacre dosticunas foi mundialmente repudia­do e que o Dia do Índio deveriaservir de alento para que todos osdemocratas e os verdadeiros na­cionalistas reforcem sua luta emdefesa dos índios, principalmenteda demarcação de suas terras. RuyNedel, do Paraná, considerou oDia do Índio como um dia de lutoe de lamentações em face do mas­sacre dos povos indígenas. E repe­tiu o funeral dos guaranis: "Can­ção é um índio morto. Canção éum índio morto nas vozes de ín­dios selvagens. Canção são assombras que gemem de brava na­ção. Do amor pela terra a guerranasceu. Sem ela sou nada. Meupovo morreu". E José Carlos Sa­bóia colocou o assassínio dos ín­dios brasileiros como uma repeti­ção da política de extermínio pra­ticada pelos europeus no passado,contra africanos e asiáticos. Eletambém responsabilizou a Funaipelos acontecimentos envolvendoos ticunas, por não adotar provi­dênciasenérgicasa respeito, fican­do apenas nas intenções.

A constituinte Eunice Michiles,no entanto, apresentou outra ver­são para o massacre dos ticunas.Segundo ela, o principal envolvi­do, o comerciante Oscar CasteloBranco, é um pacato comercianteque vive em terras demarcadas hámais de 60 anos e que teve sua

índios qU,..1 -.r' -

protestos, e a cobrança de medi­das enérgicas das autoridades napunição exemplar dos reâponsã­veis.

Para Benedita da Silva, a vio­lência contra os índios é uma cons­tante em nossa história mas, nosúltimos dias, ela chegou ao insu- ,portável. E além do assassíniodosticunas, a constituinte fluminensese referiu também à morte deDjalma Lima, da nação dos Pata­xo Hãe-Hãe-Hãe, do sul da Bahia,cujo corpo foi barbaramente muti­lado, e o suspeito pela atrocidade,o fazendeiro Pedro Leite, nemchegou a ser indiciado. Na sua opi­nião, em ambos os casos, o gover­no é responsável, assim como emrelação às violências que têm sidopraticadas ao longo do tempo con­tra os Yanomamis da Amazônia."Vergonha para o Brasil, poisestáse promovendo o genocídio de umdos últimos povos indígenas isola­dos do país' - disse Benedita daSilva, lamentando que o governonada tem feito para evitar o pior.

Tadeu França, por sua vez, (te­plorou a violência, observandoque "o índio vive, apesar do ino­cente sangue ticuna derramado,ou dos yanomamis baleados oumorrendo no abandono pelasdoenças dos brancos em sua fuga

No plenário, umgrito de alerta

pelos que sofremA comemoração do Dia do Ín­

dio, a 19 último, motivou uma sé­rie de pronunciamentos na As­sembléia Nacional Constituinte,tendo como tônica a denúncia dasituação dos indígenas brasileiros,a: necessidade urgente da demar­cação de suas terras, as distorçõesverificadas na ação da FundaçãoNacional do Indio (Funai), os pro­testos contra o recente massacredos ticunas e a defesa de uma novapolítica indigenista voltada para apreservação de seus valores.

Sucederam-se na tribuna asconstituintes Benedita da Silva

~PT - RJ), Moema São ThiagoPDT - éE), Eunice MichilesPFL - AM). Irma Passoni (PT

- SP) e os constituintes FranciscoKüster (PMDB - SC), GonzagaPatriota (PMDB - PE), PauloPaim (PT - RS), Haroldo Lima,PC do B - BA), Amaury MüllerPDT - RS), Au~usto CarvalhoPCB - DF), Jose Carlos SabóiaPSB - MA) e Tadeu FrançaPMDB - PR), este último coor­

denador da Frente Parlamentar doÍndio na Assembléia NacionalConstituinte.

Um dos principais aspectos fo­calizados foi o recente morticíniode índiosda tribo Ticuna, na Ama­zônia, fato que gerou veementes

Jornal da Constituinte

Constituinte homenageiaADIRP/Foto Castor JÚnior

Metuktire, Gerotire, Ku­ben-Kokre, Kuen-Kran-Keen,Kreen-Akrore, Suyá, Juruna,Txicão , Kalapalo , Txucarra­mãe, Pataxó, Terena, Xavantee Karajá são nomes de naçõesindígenas, das poucas que res­tam no território brasileiro.Destas nações, dezenas de re­presentantes vieram a Brasíliano dia 19 de abril - um diaque o branco decidiu dedicarao índio - para uma dança deguerra em protesto contra amaneira como tem sido tratadaa questão indígena. Pintadoscom as cores de guerra, portan­do tacapes, arcos e flechas, co­cares e colares, eles dançaramna Praça dos Três Poderes,diante do Palácio do Planalto.

E invadiram, também, o re­cinto da Assembléia NacionalConstituinte, mais uma vez,em busca de seus direitos. Nomovimentado ambiente ondeos brancos escrevem as leis pa­ra brancos, negros e índios no­vamente dançaram. E mostra­ram a beleza de uma força quesó existe na natureza na qualeles vivem, lá onde correm osrios, onde cantam os pássaros,onde caçam os animais, ondecrescem as árvores; seres que,como os índios, se vêem amea­çados em sua sobrevivência.

Nos olhos desses irmãos dasaldeias percebia-se a mal enxu­gada lágrima de luto pelos quemorreram vítimas da ação dobranco. Mas a essa sombra detristeza opunha-se, naqueledia, a luz de uma energia im­pressionante, contagiante,transmitindo a sensação de fée de esperança. Era assim co­mo o brilho do olhar e comoo resplendor da face de quembusca estar entre amigos.

Foram muitas as vezes queeles se abrigaram sob o teto daAssembléia Nacional Consti­tuinte, procurando estabeleceruma ponte entre os seus sonhose a 'realidade da futura Consti­tuição. E como amigos foramrecebidos. Da tribuna daANC, muitas foram -as vozesque se levantaram em defesados irmãos indígenas, denun­ciando com eles, apelando poreles. Foi como se, naquele ms­tante de luta e de consolo, osconstituintes estivessem .repe­tindo Gonçalves Dias em suaCanção aos Tamoios: "Nãochores, meu filho. Não chores,que a vida, é luta renhida. Vi­ver é lutar. A vida é combate,que os fracos abate, que os for­tes, os bravos, s6 pode exaltar'.'

As palavras candentes dosconstituintes somaram-se osgestos vigorosos de índios queainda acreditam, ainda espe­ram. E que, nessa crença e nes­sa esperança produzem ima­gens que transmitem altivez eparecem dizer que todos pode­mos ser ricos e felizes, comorico e feliz é o território queé nosso e é deles.

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pedem paz com dança de guerra

São Thiago, Haroldo Lima, Gon­zaga Patnota, Paulo Paim e Bene­dita da Silva, que defenderam amodificação do texto produzidopela Comissão de Sistematizaçãoa respeito.

O clima da sessão em que osíndios foram homenageados se re­sume, nas palavras de Irma Pas­soni e Tadeu França, na ênfasecom que reforçaram as colocaçõessucessivamente feitas da tribuna.Irma Passoni conclamou os consti­tuintes a garantirem às nações in­dígenas o direito à sobrevivência,"que é o nosso compromisso", eas condições para que seus direitosfundamentais - principalmente aterra - sejam respeitados. E Ta­deu França assinalou que "maisdo que com palavras, que a home­nagem da ANC ao índio, em seudia, seja o compromisso do votofavorável aos destaques que lhesassegurem a vida, os rios e as flo­restas contra os 1.635requerimen­tos de alvarás para a exploraçãode minérios em áreas indígenas,ora em tramitação no Departa­mento Nacional de Produção Mi­neral. Em seu dia, a homenagemque os índios vão nos pedindo étão singela, porque eles nada maispretendem a não ser o nosso reco­nhecimento constitucional do di­reito efetivo de ao menos sobre­viver".

E José Carlos Sabóia arrematoucom a afirmação de que "só have­rá democracia neste país no diaem que as minorias sociais e étni­cas deixarem de ser discriminadase forem respeitadas pelas maio­rias. Só haverá democracia no diaem que os índios tiverem o direitoà vida e à terra não mais ameaçadocomo se encontra hoje".

Paulo Neves

I

ao lembrar que, apesar do impedi­mento legar, existem atualmente560 alvarás de autorização de pes­quisa e 1.635 requerimentos de la­vras incidentes em 77 áreas indíge­nas na região amazônica, envol­vendo 69 empresas ou grupos eco­nômicos. Segundo afirmou, nãoexiste nenhum fundamento legalpara que se deixe de demarcar asterras dos índios, sendo tambéminconstitucional - como asseve­rou - a decisão do governo deinstitucionalizar a participação doConselho de Segurança Nacionalno processo demarcatório. I

Pelo modo como vem proce­dendo à demarcação e por outrasatitudes, a Funai foi alvo de muitascríticas dos constituintes no Diado Índio. Moema São Thiago che­gou a indagar: Será que a Funai,aliás, existe? Ou é um simplesapêndice do Conselho de Seguran­ça Nacional? (... ) Já o constituinteHaroldo Lima denunciou o' com­portamento de Romero Jucá Filhoà frente da Funai, dizendo que suaadministração se tem caracteriza­do pelo autoritarismo e pela insen­síbílídade, além de estar "rechea­da de casos escabrosos de corrup­ção", entre os quais citou contra­tos de alienação de madeira firma-dos com particulares. -i

AÇÃODAANC '

Foram muitos os oradores quedestacaram a necessidade dI! alte­ração do projeto da Comissão deSistematizaçao no que diz respeito'fios direitos dos índios. o! itemmais discutido foi o que esta6elecedistinção no tratamento a Ser dis­pensado pelo governo aos JndiosIsolados e os aculturados, critérioque já está sendo praticado combase no Decreto n°94.946/87: Essemétodo foi criticado por Moema

A presença dos índiosna Constuutnte,com suas armas,

suas cores e com aaltivez que se viado porte dos mais

jovens ao olhar firmee sereno de Raoni,

o mais famoso caciqueda atualidade, foi

ao mesmo tempo umafesta e um ato de

protesto.Eles festejaram diantedos olhos dos brancos

a esperança quedepositam na futuraConstituição, assim

como disseram também,com palavras e comgestos, que quereme prectsam viver.

A vúla e o patrimôniodas nações indígenas

são, aliás, uma riquezapara todos nós

das pelos índios somente 20 mi­lhões foram demarcados. E, mui­tas vezes, a demarcação só foi pos­sível porque os índios fizeram con­cessões, entre elas a permissão pa­ra que empresas mineradoras pos­sam atuar em suas áreas. EuniceMichiles, por sua vez, cobroumaior eficiencia da Funai na de­marcação das terras, observandoque pelo sistema adotado até ago­ra no Amazonas muitas reservasindígenas estão sendo colocadasnos quintais dos municípios, impe­dindo o crescimento e a expansãodestes, quando existem muitas ter­ras devolutas que podem ser apro­veitadas e demarcadas.

O constituinte Augusto Carva­lho colocou a demarcação das ter­ras dos índios como um passo fun­damentai para que se possa asse­gurar a eles a sobrevivência e aproteção contra a sanha das mine­radoras. Esse aspecto foi tambémcolocado por Benedita da Silva,

residência invadida pelos índios,gerando daí o conflito que resul­tou em mortes dos dois lados. ParaMichiles, a responsabilidademaior recai sobre o Conselho Indi­genista Missionário (CIMI), que,como afirmou, vem incitando ín­dios contra brancos, como ocor­reu no caso dos ticunas. Mas essasua versão não foi aceita peloconstituinte Francisco Küster,que, com base nas informações deque disse dispor, defendeu a açãodo CIMI, "órgão que aí está paraorientar e alertar os indígenasquanto aos seus direitos, antes queacabem com o último índio nestapátria".

DEMARCAÇÃOA 'questão da demarcação das

terras indígenas mereceu tambémmuitas críticas dos constituintes.Paulo Paim afirmou que é precisovontade política no que diz respei­to a este assunto, pois dos 70 mi­lhões de hectares de terras ocupa-

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Estados vivem a experiência da Constituinte

ADlRP/Benedlta Passos

Prefeito querreeleição na

futura CartaUma delegação de prefeitos

paulistas, chefiada pelopresidente da Associação dos

Prefeitos do Estado de SãoPaulo, Lincoln Magalhães, levou

ao presidente UlyssesGuimarães sugestões para a

parte da Constituinte que tratadas eleições municipais. Eles

querem a permissão de reeleiçãodos prefeitos e que os

cônjuges e parentes possamdisputar na mesma jurisdição,

sem os impedimentos legais.Magalhães anunciou que estásendo criada uma Associação

Paulista dos Municípios­Mulher, para aumentar o espaço à

participação da mulher napolítica brasileira.

ADlRP/Revnaldo Stavale

~ít

\

Os senadores José Richa e Marco Maciel e o depu­tado Egídio Ferreira Lima foram alguns dos conferen­

\cistas do seminário"A nova Constituição e as Consti­~ 'fuições estaduais", realizado na Câmara, promovido

pela União Parlamentar Interestadual e AssociaçãoNacional para o Desenvolvimento das Atividades Le­gislativas. Centenas de deputados estaduais ouviram

ADlRP/Reynaldo Stavale

Delegados vãoao presidente

Delegados da Polícia Civil detodo o Brasil acompanharam avotação, em plenáno, do título

"Da Defesa do Estado" ,sobretudo de emenda, que acabou

aprovada, criando uma carreirapr6pria para a categoria.

Eles estiveram com o presidenteUlysses Guimarães, agradecendo

o apoio da Constituinte àssuas teses. Ulysses os saudou

com um pronunciamento sobre aimportancia da estabilidade dos

quadros responsáveis pelasegurança da sociedade.

palestras e debateram com os constituintes e servidoresdo Legislativo as questões que envolvem a elaboraçãode uma nova Constituição, preparando-se para a futu­ra adaptação das cartas estaduais. Vêem-se na foto,ainda, o deputado estadual Luiz Alberto Martins deOliveira, presidente da UPI, e o direitor-geral da Câ­mara, Adelmar Sabino.

Encontro dossenadores da'safra de 74

Doze dos 22 senadores elel­tos em 1974 reuniram-se diasatrás no Senado para rememo-'rar os dias em que conviveram(e, às vezes, se confrontaram)no plenário e nas comissõestécnicas-da Casa. Foi a oportu­nidade para uma foto histórica.Do grupo, alguns hoje são mi­nistros, outros ocupam cargosna administração federal, ou­tros são senadores e alguns de­putados. Da esquerda para adireita, Agenor Maria, Evan­dro Carreira, Evelásio Vieira,Gilvan Rocha, Itamar FrancosLázaro Barbosa, Leite Chaves,Paulo Brossard, Dirceu Cardo­so, Cunha Lima, Mauro Beiíê-,vides e Mendes Canale.

Servidor do IBGE passa fome ,Em greve de fome para sensibilizar a sociedade para a difícil

situação econômica elAAue se encontram e pressionar O governoa conceder reajuste salanal acima dos 49% até agora prometidos,funcionários do IBGE estiveram na Assembléia Nacional Consti­tuinte esta semana. Eles abriram faixas no Salão Verde da Câma­ra e entregaram ofício ao presidente Ulysses Guimarães e ads 'líderes partidários denunciando as demissões e as suspensõesdo trabalho com que o governo os vem ameaçando. "O funciona­lismo do ~~G~ está p.romo,:e~do uma desesp~rada campanhade sobrevivência" - diz o ofICIO no qual os servidores registramque, para um índice inflacionário de 88% nos últimos seis meses,o governo s6 pretende conceder-lhes reajuste de 49%. Eles pedi­ram apoio à sua luta.

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