CBTO - 2013 Cláudia Pedral

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QUAL O TEU FUTURO?

“A importância do atendimento infantil é inestimável e incomensurável, visto a importância do Terapeuta Ocupacional na atuação do desenvolvimento da criança. A intervenção tem a capacidade de mudar o rumo progressivo da criança em seu futuro, pois intervimos em toda sua funcionalidade que atuante muda seu ponto de referência emocional e o faz crescer saudável.” A frase dita pela terapeuta ocupacional Cláudia Pedral mostra uma realidade pouco vislumbrada no país. Como crescem nossas crianças?

Segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia Estatística, o IBGE, em sete anos teremos uma população jovem, de 0 a 17 anos, de quase 109 milhões de crianças e adolescentes. Esta nítida a intenção de investimentos e desenvolvimento de estratégias educacionais para esta faixa da população. Tome como exemplo a intenção do Ministério da Saúde de investir cerca de 175 milhões de reais na inclusão de creches e escolas-públicas no programa de saúde na escola. Tudo isso para reduzir os casos de anemia, desnutrição, obesidade e magreza, bem como problemas visuais e de audição, presentes nessas faixas etárias.

“Minha filha não reclama

mais da escolinha... antes era diferente... levá-la me deixava mal, não via muitos investimentos, hoje melhorou, tem até estrutura mas não sei quem será minha filha” afirma a diarista Antônia Lima, mãe da pequena Michelyne de 8 anos que estuda uma unidade distrital da cidade de Ceilândia-DF.

A atividade preconizada pela Terapia ocupacional ajudaria a traçar melhor o desenho da personalidade dessas crianças e adolescentes. Estabelecendo a melhor rotina, adequando situações sócio-economicas e alimentando a construção de um melhor caráter. Mas a Psicoterapia ocupacional, ainda está engatinhando, ainda não tem reconhecimento no mercado.

Oficialmente a existência deste profissional no quadro efetivo das unidades de ensino não é real, mas seria necessária para o autoconhecimento e a integralidade de crianças e adolescentes no contexto social atual.

Mas será que nossos profissionais estão prontos para isso? Será o Terapeuta ocupacional uma peça chave nesse desenvolvimento? “Eu entrei na faculdade ouvindo e percebendo

que a Terapia Ocupacional ia de encontro a uma política paternalista, por apresentar uma teoria que visava a mudança de comportamento e consequentemente um lugar na sociedade ao individuo como ser útil e atuante” afirma Claudia Pedral.

O tema pode ser visto e discutido no XIII Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional onde Claudia Pedral vai ministrar uma das oficinas apresentadas na grade do encontro.

BATE BOLA

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1) Qual sua área de atuação? - Desenvolvo trabalhos na área da pediatria, atendo crianças com quadros variados de comprometimento, tanto de ordem orgânica como emocional e comportamental. - Desenvolvo trabalhos como psicomotricista, pela formação que

tenho, o que me ajuda muito em sua teoria, no desenvolvimento das ações funcionais das crianças e atualmente de adolescentes com pegas erradas alterando grafias. - Desenvolvo trabalhos também como psicoterapeuta, tenho formação em psicodrama e desenvolvo atuação em psicoterapia ocupacional, utilizando o referencial psicodramático, mas atuando com as ferramentas da Terapia Ocupacional, A atividade humana, como mobilizador da transformação do comportamento do cliente, através da tomada de consciência de que algo existe. - Como terapeuta sou assessora de escolas regulares que desenvolvem filosofia inclusiva; atuo junto ao corpo docente em sala. E na capacitação dos mesmos.

2) Qual público alvo? Pessoas com deficiência, atraso e comprometimento motor; crianças com os mais diverso quadros, psicoterapia, atendimento familiar. 3) Quais as principais dificuldades para atuação hoje no Brasil? Faço parte da ala privada da profissão, não tive vontade ou a época não oferecia vantagens de entrar para o estado, me voltei ao atendimento clinico/ ambulatorial, que não me arrependo, pois pude desenvolver as coisas em que e como acredito.

Mas nessa área encontrei barreiras como a ignorância do mercado e dos profissionais de saúde quanto ao que seja e a que se presta nossa formação. O que tenho hoje foi mérito pessoal e trabalho duro quanto ao meu nome e atuação, o que louvo, por que acredito que juramos atuar em nome da saúde, e me presto a isso hoje e sempre, nas áreas que abracei pra intervenção. Outras dificuldades estão no

âmbito de convênios, honorários, que já se constitui melhor de alguns anos para cá. Mas quem vem de uma historia de 27 anos de profissão sem livros, sem mercado, sem reconhecimento tem que reconhecer que a profissão cresceu. 4) Qual assunto será discutido/apresentado durante o

XIII CBTO? Na Palestra quero falar sobre o

DISCUTINDO SOBRE O

RACIOCINIO CLINICO DO

TERAPEUTA OCUPACIONAL, é um

capitulo do meu livro, e falo da

importância dos raciocínios

clínicos, devemos ter foco, objetivos

e conclusões lógicas sobre nossa

atuação. Por ser de fundamental

importância que o Terapeuta

Ocupacional, ao utilizar a atividade

humana como recurso clínico, o

faça com competência, faz-se

necessário um estudo aprofundado

do seu raciocínio específico. E um

curso sobre ANALISE DE

ATIVIDADE, METODOLOGIA E

PRÁTICA. Como o nome mesmo diz

e sugere, evidenciar a prática do

nosso raciocínio.

5) Este assunto altera, acrescenta ou amplia a área de atuação da terapia ocupacional? Como?

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Eu acredito e isso está expresso em meu livro, que precisamos de um referencial para nossa atuação, sempre me inquietou usar artifícios de outras teorias para atuarmos, me inquietou ser confundida com fisioterapia ou psicologia. Como costumo falar com minha alunas e colegas, EU SOU TERAPEUTA OCUPACIONAL, e o uso da atividade humana como terapêutica se dá através do olhar e

do raciocínio que tenho como terapeuta na aplicação e como intervenção nas diversas áreas de comprometimento do individuo. Para isso eu tinha que falar de metodologia, falar de forma e de que maneira atuamos, assim depois de dez anos de pesquisa escrevi sobre isso, no livro TERAPIA OCUPACIONAL METODOLOGIA E PRÁTICA. Para mim é dar forma a algo que todos temos e fazemos, dar conceito e uma metrificação didática para nossos próximos colegas. 6) Em uma época de militâncias nas ruas, qual a sua opinião sobre as reivindicações de classe? E como a terapia ocupacional vem lutando pela modernização do serviço? Pela concretização de um serviço público democrático para brasileiros e brasileiras?

Eu entrei na faculdade ouvindo e percebendo que a Terapia Ocupacional ia de encontro a uma política paternalista, por apresentar uma teoria que visava a mudança de comportamento e consequentemente um lugar na sociedade ao individuo como ser útil e atuante. Como ir de encontro ao nosso momento, que inclusive como profissionais estamos sendo ameaçados de nosso lugar com o ATO MEDICO? O movimento mobilizador hoje das representações de classe, a luta dos profissionais deve ser respeitada e

honrada por cada um de nós colegas, e o apoio dado a cada momento dessa luta e aqui devo reconhecer que muito tem sido feito e muito se tem conseguido, A LUTA TEM QUE CONTINUAR! 7) Até que ponto é preciso unidade entre a categoria, para crescimento da profissão? Em ponto de convergência,

devemos andar juntos. Essa sempre foi minha luta, falarmos a mesma língua, termos competência e teoria própria, termos conceitos e identidade própria.. E estamos aqui, em uma versão do CBTO, que é uma conquista da profissão, autonomia e expressão de suas experiências. É 100% o total, o ponto e a necessidade de estarmos todos juntos nessa luta. Não há individualismos numa luta como essa, somos uma CLASSE. 8) Algum assunto que acha pertinente para falar, com relação ao que será apresentado junto aos participantes do CBTO? Discutirmos nossa autonomia, nossos protocolos, nossa referência e individualidades metodológicas. Nossa história e nossa Teoria. A

luta está nas ruas, mas me responda você... Para ser respeitado e estar aqui agora me entrevistando você tem uma história? Tem um nome? Quem é você?? A luta está nas ruas e há colegas militantes e políticos, mas precisamos ajudá-los publicando e divulgando nossa identidade e nossas referências, até por que somos profissionais de saúde, usando jaleco com pincel na mão.

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