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Revista da Estrutura de Aço | Revista da Estrutura de Aço | Volume 1 | Número 1 Centro Brasileiro da Construção em Aço CBCA Volume 1 | Número 1 Abril de 2012

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Revista da Estrutura de Aço | Revista da Estrutura de Aço | Volume 1 | Número 1

Centro Brasileiro da Construção em AçoCBCA

Volume 1 | Número 1Abril de 2012

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Revista da Estrutura de Aço | Volume 1 | Número 1

ARTIGOS

Dimensionamento de pilares mistos de aço e concreto conforme ABNT NBR 8800:2008

Paulo Henrique Lubas, Valdir Pignatta Silva, Jorge Munaiar Neto

Análise em situação de incêndio da estrutura mista de aço e concreto projetada para transformação de um

edifício histórico em moderno centro cultural Ricardo Hallal Fakury, Rodrigo Barreto Caldas, Alípio P. Castello Branco

Estudo teórico e experimental de barras constituídas por dupla cantoneira de aço formadas a frio

submetidas à compressãoWanderson Fernando Maia, Luiz Carlos M. Vieira Jr,

Maximiliano Malite, Benjamin W. Schafer

New retractable roof solutions for sports stadiaKnut Göppert, Lorenz Haspel, Christoph Paech

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Volume 1. Número 1 (abril/2012). p. 1‐19 

* Autor correspondente                                                  1  

 Dimensionamento de pilares mistos de aço e concreto conforme ABNT NBR 8800:2008 

 Paulo Henrique Lubas1 , Valdir Pignatta Silva2* e Jorge Munaiar Neto3 

 1 Programa de pós‐graduação da  Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 

[email protected] 2 Escola Politénica da Universidade de São Paulo 

[email protected] 3 Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 

[email protected]  

Composite steel‐concrete column design based on Brazilian standard ABNT NBR 8800:2008 

 

RESUMO 

O potencial para uso de pilares mistos de aço e concreto no Brasil é grande. Na norma brasileira ABNT NBR 8800:2008 são  indicados dois procedimentos alternativos para o dimensionamento desses pilares. Os autores do presente trabalho desenvolveram um código  computacional, denominado CalcPM, o qual executa o  cálculo da  capacidade resistente dos pilares mistos de  aço e  concreto e  apresenta os  resultados de modo gráfico para os dois procedimentos indicados.  O objetivo deste trabalho é descrever o código CalcPM e apresentar resultados com base nos dois modelos da norma brasileira para fins de comparação. 

Palavras‐chave: pilar misto, flexocompressão, NBR 8800, dimensionamento. 

ABSTRACT 

The use of composite steel and concrete columns has a great potential  in Brazil. The Brazilian standard ABNT NBR 8800:2008 allows two alternative procedures for design of these columns. The authors have developed software, CalcPM, which performs the calculation  of  resistance  of  the  composite  columns  and  presents  the  results  in graphical mode,  for  the  two models cited by Brazilian standard and others based on international standards. The aim of this paper is to describe the CalcPM and presenting comparative results between the two models of Brazilian standard. 

Keywords:  composite  columns,  combined  compression  and  bending,  Brazilian standard, design. 

 

 

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1 Introdução 

A utilização de pilares mistos de  aço e  concreto nas  construções brasileiras  ainda é 

pequena, entretanto, o potencial desse  sistema é promissor. Em edifícios altos  com 

pilares  submetidos a grandes esforços em que a combinação de elevada capacidade 

resistente e  rigidez à  flexão  seja essencial, em pilares de garagens em  subsolos nos 

quais a área útil é fundamental para viabilizar o arranjo de veículos (Lubas; Silva, 2011) 

ou quando  se deseja aproveitar o perfil de aço para o  suporte  imediato de carga, o 

pilar misto pode ser a solução mais adequada.  

Os  pilares mistos  devem  ser  dimensionados  segundo  a  norma  brasileira  ABNT NBR 

8800:2008. Essa norma permite o uso de dois modelos de  cálculo, o modelo  I,  com 

base  na  norma  norte‐americana  ANSI/AISC  360  (2005),  e  o modelo  II  com  base  na 

norma europeia Eurocode 4 (2004).  

O objetivo deste trabalho é comparar os resultados obtidos a partir dos dois modelos. 

Para  facilitar  o  dimensionamento,  foi  desenvolvido  um  código  computacional 

denominado CalcPM.  

O código CalcPM foi desenvolvido em linguagem de programação C#, que é o principal 

esforço da Microsoft  em  linguagem de programação,  sendo  criado no Visual  Studio 

2010, que também é da Microsoft. O Visual Studio apresenta algumas vantagens que 

justificam a sua utilização: primeiro, por ser da Microsoft, o que lhe permite trabalhar 

em  harmonia  com  o  Windows;  segundo,  ele  é  de  fácil  utilização,  tendo  várias 

ferramentas  que  agilizam  a  criação  da  interface  com  o  usuário,  permitindo  ao 

engenheiro  se  preocupar  mais  com  a  formulação  matemática  no  âmbito  da 

engenharia;  e  terceiro,  o  Visual  Studio  aceita  programação  em  outras  linguagens 

bastante difundidas, tais como o Visual Basic e o C++, facilitando a melhoria do código 

em  conjunto  com  outros  programadores  no  eventual  desenvolvimento  de  futuras 

versões.  

O código CalcPM v 1.0 tem cerca de 60.000 linhas de código, necessárias para o cálculo 

dos pilares mistos, geração de gráficos, geração de memória de cálculo, verificações, 

desenhos,  entradas  e  saídas  de  informações  e  tratamentos  de  erro.  Além  do 

dimensionamento conforme os dois modelos da ABNT NBR 8800:2008, objeto deste 

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artigo,  e  tendo  em  vista  de  que  esses  modelos  não  são  exatamente  iguais  às 

recomendações  das  normas  que  lhe  deram  origem,  o  código  CalcPM  também  está 

preparado para verificações conforme o ANSI/AISC 360  (2005), e Eurocode 4  (2004), 

além do novo ANSI/AISC 360 (2010).  

Até  o momento  os  autores  não  encontraram  qualquer  código  estrangeiro,  para  o 

cálculo  de  pilares  mistos  de  aço  e  concreto  com  tantos  recursos,  atendendo  às 

necessidades acadêmicas de estudo e com a funcionalidade necessária para utilização 

em projeto. 

Além  dos métodos  simplificados, modelos  I  e  II  da  ABNT NBR  8800:2008,  o  código 

CalcPM está sofrendo  implementações que permitirão o dimensionamento por meio 

de método analítico avançado empregando duas disposições de dimensionamento. O 

primeiro dimensionamento se faz com base no Eurocode 4 Part 1‐1 (2004), o segundo 

dimensionamento se  faz com base nessa norma, adaptando‐as às normas brasileiras, 

principalmente à ABNT NBR 8800:2008 e à ABNT NBR 6118:2007. Para completar, com 

o CalcPM também será possível verificar um pilar misto em situação de incêndio. 

 

2 Código Computacional CalcPM  

 

Figura 1 ‐ Interface com o usuário. Perfil circular preenchido por concreto. 

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Quando  se  trata  do  método  simplificado,  o  código  CalcPM  v  1.0  calcula  seções 

retangulares  ou  circulares,  preenchidas  por  concreto,  figuras  1  e  2,  e  seções 

retangulares de concreto revestindo, total ou parcialmente, um perfil I, figuras 3 e 4. 

 

Figura 2 ‐ Interface com o usuário. Perfil retangular preenchido por concreto.  

 

Figura 3 ‐ Interface com o usuário. Seção retangular de concreto revestindo totalmente um perfil I. 

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Figura 4 ‐ Interface com o usuário. Perfil I parcialmente revestido por concreto.  

 

Dessa  forma,  pode‐se  decompor  a  aplicabilidade  do  Código  CalcPM  em  quatro 

pacotes, conforme descritos a seguir nos subitens a até d: 

a)  Introdução de esforços  

Para  todos  os  tipos  de  seções  dimensionadas  pelo método  simplificado  no  Código 

CalcPM, a  introdução de esforços é realizada por meio de uma tabela na qual devem 

ser  informados os momentos  fletores Mkx, Mky aplicados no  topo e na base do pilar, 

bem como a força normal Nk. É possível importar todos esses dados por meio do Excel 

com base em planilhas salvas com qualquer nome em extensão “*.csv”. 

b) Introdução da geometria 

A introdução da geometria é realizada de forma dinâmica e simplificada, uma vez que 

as seções estão todas parametrizadas, a fim de serem geradas automaticamente com 

base nos dados  inicias  informado pelo usuário. A entrada de dados da geometria do 

perfil  de  aço  pode  ser  realizada  de  duas  formas,  no  caso,  preenchendo‐se 

manualmente  as  dimensões  do  perfil,  ou  por  meio  de  perfis  catalogados,  como 

ilustrado pela figura 5. 

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Figura 5 ‐ Entrada de dados do perfil de aço.  

 A  introdução  da  armadura  está  parametrizada  e  pode  ser  inserida  com  base  nas 

informações preestabelecidas, figura 6, ou diretamente na tabela de armadura, onde é 

necessário informar as coordenadas (x,y) de cada barra e a sua bitola, figura 7. 

 

Figura 6 ‐ Entrada parametrizada de dados da armadura.  

 

Figura 7 ‐ Entrada de dados manual da armadura.  

c) Introdução da segurança 

Como  o  código  CalcPM  abordará  normas  distintas,  a  introdução  da  segurança  é 

realizada separadamente como ilustrado pela figura 8. 

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Figura 8 ‐ Introdução da segurança para diversas normas.  

 

Figura 9 ‐ Controle gráfico. Gráfico dos momentos máximos para uma determinada força normal, conforme diversos modelos. 

 

d) Controle gráfico 

Para facilitar a identificação da capacidade resistente das seções, o CalcPM, apresenta 

um  controle  gráfico  onde  são  plotados  valores  de  momentos  máximos  para  uma 

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determinada  força  normal  solicitante  com  os  esforços  solicitantes  de  cálculo 

majorados,  conforme  figura  9,  bem  como  o  diagrama  de  interação  “normal  x 

momentos máximos” para uma determinada seção transversal, conforme figura 10. 

 

Figura 10 ‐ Controle gráfico. Diagrama de interação normal x momentos máximos.  

e) Relatório de cálculo 

O relatório de cálculo é apresentado em duas caixas de  texto, como apresentado na 

figura 11.  

 Figura 11 ‐ Caixas de texto dos relatórios de cálculo. 

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A  primeira,  detalhando  o  resumo  e  outra  relatando  a  ocorrência  de  problemas  no 

dimensionamento. Ambas as caixas de  textos podem ser exportadas e salvas em um 

formato de texto aceito pelo Microsoft Word, com a extensão “*.rtf¨. 

 

3 Comparação de resultados 

Neste  item  serão  comparados  resultados  obtidos  por  meio  dos  modelos  I  e  II 

apresentados  na  ABNT  NBR  8800:2008.  Os  parâmetros  analisados  no  estudo  da 

capacidade resistente das seções mistas, neste item, são: 

‐ nas seções circulares preenchidas por concreto: a espessura e o diâmetro do perfil e a 

introdução ou não de armadura longitudinal  

‐ nas seções retangulares preenchidas por concreto: a largura e altura do perfil de aço 

e a presença ou não de armadura; 

‐ nas seções  retangulares de concreto preenchendo, parcialmente ou  totalmente, um 

perfil  I:  tipo  de  perfil,  largura  e  altura  da  seção  de  concreto  e  a  quantidade  de 

armadura.  

Neste  item,  é  analisada  a  capacidade  resistente  da  seção  do  pilar  misto  sem 

preocupações  com  fenômenos  de  instabilidade  global,  ou  seja,  os  perfis  terão 

comprimento  nulo,  e  sem  a  introdução  da  segurança,  ou  seja,  os  fatores, 

f c a, , e s  da ABNT NBR 8800:2008 são tomados iguais a um. 

As  hipóteses  básicas  e  os  limites  de  aplicabilidade  do  dimensionamento  de  pilares 

mistos  apresentados  pela  ABNT  NBR  8800:2008  são  válidas  tanto  para  o Modelo  I 

como para o Modelo II. Além disso, a força normal resistente das seções submetidas à 

compressão centrada é determinada pela mesma formulação em ambos os modelos. 

O que difere entre os modelos são as formulações de verificação da seção submetida à 

flexocompressão, objeto deste trabalho, e as disposições para obtenção dos efeitos da 

não linearidade geométrica do pilar, nas quais a maior diferença se refere à adição de 

um momento  fletor devido à  imperfeição entre nós, quando o pilar é calculado pelo 

Modelo  II.  Esta  diferença  não  será  considerada  neste  trabalho,  pois  o  objetivo  é  a 

seção transversal e não fenômenos relacionados com instabilidades. 

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3.1 Seções circulares preenchidas por concreto 

Nenhum  dos modelos  apresentados  pela  ABNT  NBR  8800:2008,  para  o  cálculo  de 

pilares  mistos  circulares  preenchidos,  avaliam  a  contribuição  do  confinamento  do 

concreto, como faz o Eurocode 4 (2004), sendo sua formulação semelhante aos pilares 

retangulares preenchidos. As disposições de dimensionamento também não avaliam a 

esbeltez das chapas que constituem a seção do perfil de aço, como faz o ANSI/AISC 360 

(2010). Como  são poucos os parâmetros que  intervêm na  capacidade  resistente das 

seções  dos  pilares  mistos  circulares  preenchidos,  as  conclusões  a  respeito  das 

diferenças  entre  resultados  conforme  ambos  os modelos  apresentados  pela  norma 

brasileira  podem  ser  obtidas  por meio  de  diagramas  de  interação  “Força Normal  x 

Momentos”.  

Para  o  estudo  dos  pilares mistos  de  aço  e  concreto  circulares  preenchidos  foram 

utilizados  14  tubos  sem  costura  existentes  no mercado,  tabela  1,  com  variação  da 

espessura e do diâmetro, mas sempre com fyk igual a 25 kN/cm2, fck igual a 2,5 kN/cm

e módulo de elasticidade do aço do perfil  igual a 20.000 kN/cm2. Não foram  incluídas 

armaduras longitudinais. 

Tabela 1 ‐ Perfis de aço circulares.   Dimensão  Espessura    Cátalogo 

  D (mm)  e (mm)  D/e 

1  141,30  8,00  17,7  * 

2  152,40  2,25  67,7  * 

3  152,40  8,00  19,1  * 

4  165,10  2,25  73,4  * 

5  165,10  8,00  20,6  * 

6  168,30  2,25  74,8  * 

7  168,30  8,00  21,0  * 

8  177,80  3,35  53,1  * 

9  177,80  8,00  22,3  * 

10  219,10  15,90  13,8  ** 

11  323,80  8,40  38,6  ** 

12  323,80  28,60  11,3  ** 

13  355,60  9,50  37,4  ** 

14  355,60  25,40  14  ** * Tubos Brastubo by Persico Pizzamiglio          ** Vallourec & Mannesmann tubes 

 

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Foram  traçados  diagramas  de  interação  força  normal  x momento  fletor  para  as  14 

seções transversais  listadas na tabela 1. Para as seções 2, 4, 6, 8, 11 e 13, resultaram 

diagramas similares ao indicado na figura 12 e, as demais seções, à figura 13. 

 Figura 12 ‐ Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno do eixo X‐X 

para pilar misto circular preenchido (D= 16,51 cm, t = 0,225 cm)  

 Figura 13 ‐ Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno do eixo X‐X 

para pilar misto circular preenchido (D= 16,51 cm, t = 0,8 cm) 

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Conclui‐se que, em geral, o Modelo  II conduz a  resultados mais econômicos quando 

comparados ao Modelo I, exceto para forças normais pequenas, da ordem de 20% das 

máximas. Nota‐se, também, que para pequenos valores da relação D/t, ou seja, maior 

contribuição do perfil na capacidade resistente do pilar misto, a vantagem econômica 

do Modelo II decresce, podendo até ser ligeiramente superada pelo Modelo I. 

 

3.2 Seções retangulares preenchidas por concreto 

As seções mistas retangulares preenchidas por concreto são tratadas pela ABNT NBR 

8800:2008  de  forma  semelhante  às  seções  circulares,  sendo  que  as  principais 

diferenças estão na relação‐limite b/t (para que não ocorra instabilidade local do perfil 

de aço) e no coeficiente α de minoração da resistência do concreto, de 0,95 na seção 

circular, para 0,85 na seção retangular.  

Para  fins de  comparação, utilizaram‐se perfis  retangulares  conforme  tabela 2,  todos 

retirados do catálogo Vallourec & Mannesmann tubes e as mesmas características de 

aço e concreto empregadas para o perfil circular. 

 

Tabela 2 ‐ Perfis de aço retangulares. 

Dimensões Espessura

b1/ b2 (mm) e (mm) 

190/ 190  6,40 

240/ 240  7,10 

240/ 240  8,20 

260/ 260  7,10 

350/ 220  7,10 

 

Com auxílio do código CalcPM foram construídos diagramas de interação força normal 

x momento  fletor para todas as seções. Na  figura 14 é apresentado um exemplo. Da 

mesma  forma  que  nas  seções  circulares,  o  Modelo  II  conduz  a  resultados  mais 

econômicos, exceto quando a força normal for pequena, da ordem de 20% da máxima. 

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 Figura 14 ‐ Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos X‐X e Y‐Y para pilar misto retangular preenchido (b1= 35 cm, b2 = 22 cm, t = 0,71 cm) 

  

3.3 Seções totalmente revestidas por concreto 

Para o estudo das seções retangulares de concreto revestindo um perfil I de aço foram 

adotadas  armaduras  longitudinais  de  aço  CA  50  nos  quatros  cantos  da  seção,  com 

diâmetro de 12,5 mm, para as seções W150x13,0 até W460x89,0 e diâmetro de 20,0 

mm para as seções W610x101,0 até HP310x125,0, atendendo a quantidade mínima de 

barras  de  aço  estabelecida  pela  ABNT  NBR  8800:2008  e  o  diâmetro  mínimo  em 

incêndio estabelecido pela ABNT NBR 14323:2012, quando o pilar é dimensionado pelo 

método tabular. O concreto adotado foi de fck igual a 3,0 kN/cm2, o fyk do aço do perfil 

igual a 25 kN/cm2, o módulo de elasticidade do aço do perfil igual a 20.000 kN/cm2 , o 

módulo de elasticidade do aço da armadura igual a 21.000 kN/cm2 e o cobrimento da 

armadura  de 3,0 cm. 

Seguem‐se na tabela 3, os perfis adotados no estudo comparativo entre o Modelo I e o 

Modelo II, com as respectivas seções de concreto revestindo o perfil I. Todos os perfis 

adotados são laminados e retirados do catálogo da Gerdau.  

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14  

Tabela 3 ‐ Perfis I de aço e geometria da seção de concreto analisados. 

Designação  do perfil 

d   bf   tw   tf   h   bc  hc 

mm  mm  mm  mm  mm  mm  mm 

W150x13,0   148,00  100,00 4,30  4,90  138,20 200,00  250,00 

W150x37,1   162,00  154,00 8,10  11,60 139,00 260,00  270,00 

W250x17,9   251,00  101,00 4,80  5,30  240,40 210,00  360,00 

W250x89,0   260,00  256,00 10,70 17,30 225,40 360,00  360,00 

W360x32,9   349,00  127,00 5,80  8,50  332,00 230,00  450,00 

W360x79,0   354,00  205,00 9,40  16,80 320,40 310,00  460,00 

W460x52,0   455,00  152,00 7,60  10,80 428,40 260,00  560,00 

W460x89,0   463,00  192,00 10,50 17,70 427,60 300,00  570,00 

W610x101,0   603,00  228,00 10,50 14,90 573,20 330,00  710,00 

W610x174,0   616,00  325,00 14,00 21,60 572,80 480,00  770,00 

HP200x53,0   204,00  207,00 11,30 11,30 181,00 310,00  310,00 

HP200x71,0   216,00  206,00 10,20 17,40 181,00 310,00  320,00 

HP310x79,0   299,00  306,00 11,00 11,00 227,00 460,00  450,00 

HP310x125,0  312,00  312,00 17,40 17,40 227,20 470,00  470,00  

Construiram‐se os diagramas força normal x momento fletor para todas as seções da 

Tabela 3. Na figura 15 apresenta‐se um exemplo representativo de todas as respostas 

encontradas. 

 Figura 15 ‐ Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos 

X‐X e Y‐Y para o perfil HP310x79,0  totalmente revestido por concreto. 

Page 17: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

15  

Confirmam‐se  as  conclusões  já  conseguidas  para  os  perfis  preenchidos,  ou  seja,  o 

Modelo II é mais econômico exceto para forças normais atuantes pequenas, da ordem 

de 20% da máxima. Os valores máximos da força normal são os mesmos para ambos 

os modelos. 

 

3.4 Seções parcialmente revestidas por concreto 

No estudo das seções transversais formadas por perfil I de aço revestido parcialmente 

por  concreto,  utiliza‐se  a mesma  tabela  do  item  3.3  de  perfis  I  de  aço  totalmente 

revestido por  concreto, entretanto,  a  largura da  seção  transversal é  tomada  igual  à 

dimensão da mesa do perfil e  a  altura da  seção  transversal  igual  à  altura do perfil, 

como apresentado pela tabela 4.  

 

Tabela 4‐ Perfis I de aço e geometria da seção de concreto analisados. 

 Designação do perfil 

d   bf   tw   tf   h   bc = bf hc = dAp 

Área da seção transversal do 

pilar 

Ap/Aperfil

mmxkg/m  mm  mm  mm  mm  mm  mm  mm  m2  m2/m2 

W150x13,0   148,0 100,0  4,30 4,90 138,2 100,0 148,0 0,0148  8,9 

W150x37,1   162,0 154,0  8,10 11,6 139,0 154,0 162,0 0,0249  5,3 

W250x17,9   251,0 101,0  4,8  5,3  240,4 101,0 251,0 0,0254  11,1 

W250x89,0   260,0 256,0  10,7 17,3 225,4 256,0 260,0 0,0664  5,9 

W360x32,9   349,0 127,0  5,8  8,5  332,0 127,0 349,0 0,0443  10,6 

W360x79,0   354,0 205,0  9,40 16,8 320,4 205,0 354,0 0,0726  7,2 

W460x52,0   455,0 152,0  7,6  10,8 428,4 152,0 455,0 0,0692  10,4 

W460x89,0   463,0 192,0  10,5 17,7 427,6 192,0 463,0 0,0889  7,8 

W610x101  603,0 228,0  10,5 14,9 573,2 228,0 603,0 0,137  10,7 

W610x174  616,0 325,0  14,0 21,6 572,8 325,0 616,0 0,200  9,0 

HP200x53,0   204,0 207,0  11,3 11,3 181,0 207,0 204,0 0,0422  6,3 

HP200x71,0   216,0 206,0  10,2 17,4 181,0 206,0 216,0 0,0445  4,9 

HP310x79,0   299,0 306,0  11,0 11,0 227,0 306,0 299,0 0,0915  9,1 

HP310x125  312,0 312,0  17,4 17,4 227,2 312,0 312,0 0,0973  6,1  

As  disposições  de  dimensionamento  apresentados  pela  ABNT  NBR  8800:2008  no 

cálculo da capacidade resistente desses dois tipos de seções são as mesmas, mas com 

adição de um  limite de aplicabilidade em relação à  instabilidade  local dos elementos 

de aço para as seções parcialmente revestidas. 

Page 18: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

16  

No  estudo  comparativo  é  adotado  uma  armadura  adicional  nos  quatros  cantos  da 

seção  transversal  com  diâmetro  de  12,5  mm,  para  as  seções  W150x13,0  até 

W460x89,0,  e  diâmetro  de  20,0 mm  para  as  seções W610x101,0  até HP310x125,0. 

Além  disso,  o  fck  do  concreto  é  igual  3,0  kN/cm2,  o  fyk  do  aço  do  perfil  igual  a  25 

kN/cm2, o fys da armadura igual a 50 kN/cm2, o módulo de elasticidade do perfil de aço 

igual a 20.000 kN/cm2 e o módulo de elasticidade da armadura igual a 21.000 kN/cm2, 

e o cobrimento da armadura adotada é de 3,0 cm. 

Seguem‐se  na mesma  tabela  4,  os  perfis  adotados  no  estudo  comparativo  entre  o 

Modelo  I e o Modelo  II, com as  respectivas seções de concreto  revestindo o perfil  I. 

Todos  os  perfis  adotados  são  laminados  e  retirados  de  catálogos  de  fabricantes 

nacionais. 

Construiram‐se os diagramas força normal x momento fletor para todas as seções da 

Tabela 4. Nas  figuras 16 a 18 apresentam‐se exemplos representativos das respostas 

encontradas. 

 Figura 16 ‐ Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos 

X‐X e Y‐Y para o perfil W250x17,9 totalmente revestido por concreto.  

Page 19: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

17  

 Figura 17 ‐ Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos 

X‐X e Y‐Y para o perfil W360 x 32,9 totalmente revestido por concreto.   

 Figura 18 ‐ Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos 

X‐X e Y‐Y para o perfil HP200x71,0 totalmente revestido por concreto.  

Page 20: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

18  

Similarmente  às  conclusões  anteriores,  o  Modelo  II  é  mais  econômico  do  que  o 

Modelo I. Entretanto na figura 18, a capacidade resistente determinada pelo Modelo I 

é muito próxima a do Modelo  II. Explica‐se  isso em  função de que na  formulação do 

Modelo II, a capacidade resistente do concreto minora os valores do esforço resistente 

do  pilar,  dessa  forma,  quanto maior  for  a  participação  do  concreto  em  relação  à 

capacidade  resistente  total da  seção  (vide última coluna da  tabela 4), melhor  será o 

desempenho do Modelo II. 

 

4 Conclusões  

Os pilares mistos de aço e concreto devem ser dimensionados com base na ABNT NBR 

8800:2008.  Essa  norma  fornece  dois  procedimentos  alternativos  para  o 

dimensionamento desses pilares.  

Foi desenvolvido para este  trabalho um código computacional, denominado CalcPM, 

que permite calcular a capacidade resistente dos pilares mistos “I” revestidos total ou 

parcialmente  de  concreto  e  de  perfis  tubulares,  retangulares  ou  circulares, 

preenchidos de  concreto.   Os  resultados  são  apresentados  sob  forma de  roteiro de 

cálculo,  em  caixas  de  texto  exportáveis  e  de  modo  gráfico  para  os  dois  modelos 

constantes na norma brasileira 

O código CalcPM foi utilizado para comparar resultados entre os dois modelos citados, 

para os quatro tipos de pilares mistos e para diversas seções comerciais. 

De  uma  forma  geral,  conclui‐se  que  o  Modelo  II,  com  base  na  norma  europeia 

Eurocode 4 (2004) leva a resultados mais econômicos quando comparados ao Modelo 

I, que tem por base a norma norte‐americana ANSI/AISC 360 (2005), exceto para forças 

normais pequenas, da ordem de 20% das máximas.  

No  caso  de  seções  circulares  com  pequenos  valores  da  relação  D/t,  ou  perfis 

parcialmente  revestidos  por  concreto  com  grande  área  do  perfil  em  relação  à  do 

concreto, os resultados advindos do Modelo I se aproxima do Modelo II. 

O código CalcPM está recebendo  implementação para calcular pilares mistos de aço e 

concreto com base no ANSI/AISC 360 (2005), ANSI/AISC 360 (2010), Eurocode 4 (2004) 

Page 21: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

19  

e por um método avançado de cálculo. Em seguida a verificação em incêndio também 

será inserida. 

 

6 Referências bibliográficas 

American  Institute of Steel Construction. ANSI/AISC 360. Specification  for Structural Steel Buildings. Chicago. 2005. 

American  Institute of Steel Construction. ANSI/AISC 360. Specification  for Structural Steel Buildins. Chicago. 2010. 

Associação  Brasileira  de  Normas  Técnicas  NBR  6118.  Projeto  de  estruturas  de concreto ‐ Procedimento. Rio de Janeiro. 2007 

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8800. Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios. Rio de Janeiro. 2008 

Associação  Brasileira  de  Normas  Técnicas  NBR  14323.  Dimensionamento  de estruturas de aço em situação de incêndio. Rio de Janeiro. 1999 

European  Committee  for  Standardization.  EN  1994‐1‐1..  Eurocode  4:  Design  of composite steel and concrete structures, Part 1‐1: General rules and rules for building. Brussels. 2004 

Gerdau. Catálogo comercial. 

Lubas, P. H.; Silva, V. Pignatta. Estudo sobre a utilização de pilares mistos de aço e concreto em pontos  localizados de um edifício de concreto armado In: Anais do 53º Congresso Brasileiro do Concreto Ibracon. Florianópolis. 2011.  

Tubos Brastubo by Persico Pizzamiglio. Catálogo comercial. 

Vallourec & Mannesmann tubes. Catálogo comercial. 

 

Agradecimentos  

Agradece‐se à FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e ao 

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo apoio a 

pesquisa.  

 

Page 22: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

* Autor correspodente                                     20 

Volume 1. Número 1 (abril/2012). p. 20‐34 

Análise em situação de incêndio da estrutura mista de aço e concreto projetada para transformação de um edifício histórico em moderno centro 

cultural  Ricardo Hallal Fakury¹, Rodrigo Barreto Caldas²* e Alípio P. Castello Branco³ 

1. Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 2. Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 

3. Fundação Sidertube, [email protected] 

 Fire Analysis of a Composite Steel and Concrete Structure Designed for 

Conversion of a Historic Building in Modern Cultural Center  

 

RESUMO Neste trabalho é apresentada a verificação em situação de incêndio de uma estrutura mista de aço e concreto usada no projeto de transformação do Cine Brasil, um edifício histórico  situado  no  centro  de  Belo  Horizonte,  em  moderno  centro  cultural.  Essa estrutura é independente da do edifício original, sendo constituída, na sua parte mais arrojada, por uma  laje maciça de concreto armado sobre seis vigas mistas treliçadas, que se apoiam em pilares mistos preenchidos com concreto de seção circular. Para se chegar  à  condição  mais  desfavorável  de  aquecimento  nos  elementos  estruturais, foram  simulados  vários  cenários  de  incêndio  por  meio  do  programa  NIST‐FDS (McGrattan e Forney,  2006)  e,  para  o  dimensionamento  desses  elementos,  foi empregado o programa CSTMI (Caldas, 2008).  Palavras‐chave: estrutura mista de aço e concreto; dimensionamento em situação de incêndio; readequação do Cine Brasil  ABSTRACT This paper presents  the  fire analysis of a  steel and  composite  structure designed  to transform the Cine Brasil, a historic building located in Belo Horizonte downtown, in a modern  cultural  center. This  composite  structure  is  independent of original building structure,  being  constituted  for  a  concrete  slab  on  six  lattice  composite  beams supported  by  composite  columns  filled  with  concrete  circular  section.  Several  fire scenarios were simulated using the program NIST‐FDS  (McGrattan and Forney, 2006) to get the critical heating in structural elements, several. The program CSTMI (Caldas, 2008) was used For the structural design.  Keywords: composite steel and concrete structures; fire design, readjustment of Cine Brasil  

Page 23: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

21 

 

1 Introdução 

1.1 Um pouco de história 

O Cine Brasil é um prédio histórico de Belo Horizonte, construído em 1932 na praça 

Sete de  Setembro, para  funcionar  como principal  cinema  e maior  teatro da  cidade. 

Trata‐se  de  um  grande  edifício  de  oito  andares  cuja  fachada,  em  ângulo  curvilíneo, 

marca  a  esquina  da  avenida Amazonas  com  a  rua  Carijós.  Projetado  pelo  arquiteto 

Ângelo Alberto Murgel com planta em vê e aparência de um transatlântico, é um dos 

precursores do concreto armado e traz a fachada em pó‐de‐pedra, acabamento típico 

do estilo arquitetônico art déco, que se caracteriza pela predominância de linhas retas 

nos objetos, janelas, luminárias e vitrais (Figura 1‐a). 

Desde  sua  inauguração  e  até  por  volta  da  década  de  1970,  o  Cine  Brasil,  que 

funcionava  também como casa de espetáculos,  representou para Belo Horizonte um 

importante pólo de vida artística e cultural. No entanto, após esse período, da mesma 

maneira que outras salas de cinema situadas nas ruas centrais da cidade, começou a 

sofrer um processo de sucateamento, decorrente de uma crise nesse tipo de atividade, 

passando  a  exibir  filmes  de  qualidade  duvidosa.  Finalmente,  foi  fechado  em  1999 

(Figura 1‐b).  

No ano 2000, o Cine Brasil foi tombado como bem cultural pelo Instituto Estadual do 

Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais  (IEPHA‐MG). Em 2006,  foi adquirido 

pela  empresa  Vallourec  & Mannesmann  do  Brasil  (VMB)  e  repassado  à  Fundação 

Sidertube, que está submetendo o edifício a restauração e readequação, para que se 

torne um centro cultural com o nome de V & M Brasil Centro de Cultura, em projeto 

coordenado pelo arquiteto Alípio Pires Castello Branco (co‐autor deste trabalho). Vale 

destacar  que  a  Fundação  Sidertube  pertence  aos  funcionários  da  VMB  e  é  uma 

entidade  sem  fins  lucrativos,  responsável por diversos projetos nas  áreas de  saúde, 

social, educação, cultura, lazer e esporte. 

Page 24: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

22 

 

 

               (a) Na inauguração, em 1932                                 (b) No fechamento, em 1999 

Figura 1 ‐ Visão externa do Cine Brasil (fonte: sítio skyscrapercity.com) 

 

1.2 A estrutura metálica do projeto de readequação 

No projeto de readequação, na parte mais alta da edificação, em um nível identificado 

como 125,24 m, projetou‐se um grande salão de eventos. A estrutura desse salão foi 

planejada para ser  independente daquela do edifício histórico, sendo constituída, na 

sua parte mais arrojada, por uma  laje maciça de concreto armado com espessura de 

150 mm sobre seis componentes de aço. Esses componentes de aço em conjunto com 

faixas da laje formam seis vigas mistas, VM‐1 a VM‐6, que se apoiam articuladamente 

em  pilares  mistos  preenchidos  com  concreto  de  seção  circular,  de  grande 

comprimento  (27,79 m), pois nascem nas  fundações, no nível 97,45 m, e chegam ao 

nível 125,24 m (Figura 2). Merece menção aqui que a citada estrutura foi calculada à 

temperatura ambiente pela empresa RMG Engenharia. 

Page 25: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

23 

 

a) Planta e posição de vigas e pilares

c) Pilares

b) Viga VM‐2  

Figura 2 ‐ Detalhes da estrutura metálica do piso do salão de eventos 

 

As vigas mistas possuem  interação completa e são constituídas por trechos extremos 

em perfil soldado de aço I 590 x 400 x 37,5 x 19 e trecho central em treliça tipo Warren 

sem montantes,  constituída  por  perfis  tubulares  circulares  no  banzo  inferior  e  nas 

diagonais e por perfis  tubulares  retangulares no banzo  superior. O vão entre apoios 

das vigas mistas varia de 13,205 m, na viga VM‐6, a 26,55 m, na viga VM‐2, mostrada 

Page 26: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

24 

 

na Figura 2‐b (a viga VM‐1, embora tenha maior comprimento total, 29,09 m, tem vão 

entre  apoios  de  apenas  23,09 m,  com  trechos  extremos  em  balanço  de  cerca  de 

2,5 m). 

O aço estrutural das vigas mistas e dos pilares possui  resistência ao escoamento de 

350 MPa  e  o  concreto  da  laje  e  do  preenchimento  dos  pilares  resistências 

características à compressão de 25 MPa e 20 MPa, respectivamente. 

1.3 Uso e ocupação do andar imediatamente abaixo do salão de eventos 

O andar imediatamente abaixo do salão de eventos possui uma área central com cerca 

de  6 m  de  pé‐direito,  onde  existe  apenas  uma  estrutura  de  concreto,  formada  por 

tesouras que suportam uma laje inferior por meio de cabos de aço (Figura 3), que será 

mantida  para  apreciação  dos  visitantes  (o  telhado  será  retirado),  que  poderão  se 

movimentar  por  passarelas  laterais  (Figura 4‐a)  no  nível  122,14 m.  Entre  essas 

passarelas e o fechamento externo da edificação serão construídas salas de exposição 

(Figura 4‐b). Abaixo dessas  salas,  separadas por  laje de  concreto, no nível 119,04 m, 

serão construídas outras salas de exposição (Figura 4‐b). Apenas as salas de exposição 

nos  dois  níveis  terão  materiais  passíveis  de  sofrer  combustão,  como  móveis, 

equipamentos computacionais e, principalmente, peças diversas expostas à visitação 

pública. 

Telhado a ser removido

Tesoura de concreto

Laje de concreto

Cabo de aço

 

Figura 3 ‐ Estrutura antiga de concreto que será mantida                                    

(fornecimento Fundação Sidertube) 

Page 27: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

25 

 

 

Como já foi mostrado anteriormente, as vigas mistas que sustentam o piso do salão de 

eventos (ver Figura 2‐b) possuem uma parte central treliçada e extremidades em perfil 

I soldado de alma cheia. Esse tipo de elemento estrutural foi usado para permitir que 

as  passarelas  e  as  salas  de  exposição  do  nível  122,14 m  tivessem  um  pé‐direito 

adequado  (a parte central treliçada das vigas tem uma altura muito maior que a dos 

perfis usados nas extremidades). 

Salas de exposição do nível 119,04 m

Salas de exposição do nível 122,14 m

Laje sustentada pelas tesouras de concreto

Posição das vigas mistas

NIVEL

NIVEL

NIVEL

NIVEL

54

39

503

5638

510

10

1212

6.1

125

12

0

120

112

120

10

120

84

120

15130.5

112

120

121

35.

4

11

0 231.6

40 2186.5

116

112°

118.

2

175175 84

102.420180

60.8292920120

464

.420

210

20

210

251

836x

29=

174

17

52

0

258

125

12

029

15 120 125 120 15

NIVEL

21

sobe

6

54

3

10

98

7CIRC.

14

1615

11

13

12

des

ce

CIRC.

CIRCULAÇÃO /

HALL

SALA MULTIUSO

desce

desce sobe

12

34

56

78

910

1112

1314

1516

1718

desce sobe

1

3

5

7891011

131415

2

4

612

161718

P32

P31

P30

P29

P28

P27

P33

P26

P24

P15

P16

P17

P18

P19

P20

P21

P22

P23

proj

eção

da

CA

SA

DE

QU

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S

PA

SS

AR

ELA

ME

TÁLI

CAab

aixo

1234

sobe

sobe

678

9

10

11

123

1817

1615

1413

4

5

12

(exi

sten

te)

viga de concreto para

travamento das tesouras

viga de concreto para

travamento das tesouras

viga de concreto para

travamento das tesouras

viga de concreto para

travamento das tesouras

viga de concreto para

travamento das tesouras

viga de concreto para

travamento das tesouras

viga de concreto para

travamento das tesouras

viga de concreto para

travamento das tesouras

viga de concreto para

travamento das tesouras

trel

iça

met

á lic

a

apoi

o la

je s

alão

teso

ura

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eto

(exi

sten

te)

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teso

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eto

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teso

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(exi

sten

te)

teso

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eto

trel iç

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etá l

ica

apoi

o la

je s

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trel

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álic

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apo i

o la

je s

alão

trel

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je s

alão

trel

iça

met

álic

a

apo i

o la

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alão

trel iç

a m

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ica

apoi

o la

je s

alão

EXPOSIÇÃO

CIRCULAÇÃO /EXPOSIÇÃO

AR

-CO

ND

ICIO

NA

DO

guarda-corpo h=110

guarda-corpo h=110

SALA MULTIUSO

P14 P12 P10 P08 P06

P04

P02

P01

P03

P05

P07

P09

P11

P13

IS.

IS.

I.S.

I.S.

CARIJÓS

Salas de exposição

Salas de exposição

Passarela

 

                     (a) Planta                                       (b) Esquema geral aproximado em 3D 

Figura 4 ‐ Posição das passarelas laterais e das salas de exposição 

1.4 Sobre este trabalho 

Neste trabalho é apresentada a verificação em situação de incêndio da estrutura usada 

para  viabilizar  a  existência  do mencionado  salão  de  eventos  no  nível  125,24 m,  no 

escopo do projeto de readequação do Cine Brasil, formada por pilares mistos e vigas 

mistas de  sustentação do  seu piso. Para  se  chegar  à  condição mais desfavorável de 

aquecimento  nos  pilares  e  vigas,  foram  simulados  incêndios  por meio  do  programa 

NIST‐FDS (McGrattan e Forney, 2006), e, para a determinação da capacidade resistente 

desses  elementos,  foi  empregado  o  programa  CSTMI  (Caldas, 2008).  Como 

Page 28: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

26 

 

complemento, para determinação de diversos parâmetros, foram seguidas prescrições 

da norma brasileira ABNT NBR 14323:1999 e da norma europeia EN 1991‐1‐2:2002.  

 

2. SIMULAÇÃO DO INCÊNDIO 

2.1 Generalidades 

Na  simulação  do  incêndio,  conforme  indicado  anteriormente,  o  programa NIST‐FDS 

(McGrattan e Forney,  2006)  foi  utilizado  (Figuras 4‐b  e  7).  O  programa  resolve  as 

equações que governam o  fluxo de  fluido  termicamente  induzido por  incêndio, com 

ênfase em transporte de calor e fumaça. Seus resultados são visualizados por meio do 

programa Smokeview (Forney e McGrattan, 2006).  

A  geometria  dos  compartimentos  analisados  é  descrita  em  termos  de  obstáculos 

retangulares  (paredes,  lajes  e  materiais  combustíveis,  por  exemplo)  que  podem 

aquecer,  queimar  ou  conduzir  calor  além  de  aberturas  a  partir  das  quais  ar, 

combustível ou calor podem ser  injetados no compartimento. Condições de contorno 

devem  ser  atribuídas  aos  obstáculos  e  aberturas  descrevendo  suas  propriedades 

térmicas.  O  incêndio  é  apenas  um  tipo  de  condição  de  contorno  atribuído  a  um 

elemento. 

O  compartimento de  interesse, apesar de possuir geometria  irregular,  foi modelado 

como  retangular  de  mesma  área  e  dimensões  equivalentes.  Observou‐se,  após 

algumas modelagens, que um compartimento com  largura de 32 m, comprimento de 

25 m e altura de 6,1 m (Figura 5 – a Figura 4‐b também mostra, em três dimensões, o 

compartimento de interesse) levaria a resultados próximos. 

No  compartimento  considerado,  foram  simulados  incêndios  com  diversos  cenários 

diferentes,  variando‐se  o  local  de  início  do  fogo  e  as  aberturas  das  janelas  e  ainda 

considerando ou não  as  salas de exposição  com paredes estanques  voltadas para o 

interior do edifício. No final, constatou‐se que: 

Page 29: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

27 

 

‐  a  condição mais desfavorável de  aquecimento para os  trechos extremos das  vigas 

mistas,  formadas por  seção  I,  se manifestou para o  caso de  incêndio nas  salas do 

nível 119,04 m, de um dos  lados do edifício, considerando a existência das paredes 

voltadas para o interior do edifício, e com as janelas supostas inicialmente com 30% 

de abertura, atingindo linearmente 100% a 200oC; 

‐ em nenhum cenário de  incêndio, a temperatura nos trechos centrais treliçados das 

vigas mistas ultrapassou 400oC. 

60015021

30 2250

1700150600

250

120

250

3200

430

170

130

170

170

200

200

200

180

200

150

200

100

2500

NIVEL

NIVEL

NIVEL

NIVEL

N IVEL

compartimento considerado

 

Figura 5 ‐ Compartimento considerado 

2.2 Taxa de calor liberado 

Para  a  simulação  do  incêndio  que  pode  ocorrer  nas  salas  de  exposição  do  nível 

119,04 m de um dos  lados do edifício (condição mais desfavorável de aquecimento – 

ver  subitem 2.1),  foi  inicialmente definida a  taxa de calor  liberado  segundo a norma 

europeia EN 1991‐1‐2:2002, obedecendo‐se às seguintes etapas: 

a) carga de incêndio característica, qf,k: foi tomada igual a 300 MJ/m2, correspondente 

ao valor fornecido na IT‐09:2005 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas 

Gerais (CBMMG), para locais de reunião de público do tipo museu, fatorada por 1,25 

para  consideração  de  80%  de  probabilidade  de  falha,  conforme  a  distribuição  de 

Gumbel; 

Page 30: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

28 

 

b)  área  máxima  de  incêndio,  Afi:  para  a  condição  mais  desfavorável  do  incêndio 

(quando ocorre em uma das salas de exposição do nível 119,04 m – ver subitem 2.1), 

foi considerada  igual a 132 m2, correspondente a um dos  lados do edifício tomado 

pelo fogo; 

c) taxa de crescimento do incêndio, t: foi considerada média, igual a 300 s; 

d) máxima taxa de calor  liberado, RHRf: para  incêndio controlado pela quantidade de 

combustível, foi tomada igual a 250 kW/m2; 

e)  fator de risco de ativação do  incêndio devido ao tamanho do compartimento, q1: 

foi considerado igual a 1,52; 

f)  fator  de  risco  de  ativação  do  incêndio  devido  ao  tipo  de  ocupação,  q2:  foi 

considerado igual a 0,78, valor indicado para museus e galerias de arte; 

g)  fator  de  diferentes medidas  de  combate  a  incêndio,  n:  foi  tomado  como  0,78, 

considerando brigada de incêndio fora da edificação (corpo de bombeiros), rotas de 

fugas  (saídas  e  escadas  de  emergência)  e  exaustão  de  fumaças  nas  escadas  de 

emergência, além de extintores e hidrantes; 

h) fator de combustão, m: foi considerado igual a 0,8, valor para materiais celulósicos; 

i) carga de incêndio de cálculo, qf,d: foi obtida como: 

  43,27778,078,052,180,037521,, nqqkfdf mqq MJ/m2 (1)

 

j) taxa de calor liberado, Q: a fase crescente da taxa de calor foi tomada como (em W): 

 

 

 

2

610

t

tQ   (2)

onde  t  é o tempo em segundos. Essa fase deve ser limitada por uma fase horizontal 

dada pelo produto entre RHFf e Afi. Uma fase linear decrescente (que pode ocorrer 

antes da  fase horizontal) deve ser prevista quando 70% da carga de  incêndio  tiver 

sido queimada. A Figura 6 apresenta a variação da taxa de calor liberado obtida. 

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29 

 

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

0 1200 2400 3600

Taxa de calor liberado (kW)

Tempo (s)  

Figura 6 ‐ Taxa de calor liberado versus tempo de incêndio 

2.3 Temperaturas alcançadas 

A  condição mais  desfavorável  de  aquecimento,  citada  em  2.1,  na  qual  o  incêndio 

ocorre em nas salas do nível 119,04 m de um dos lados do edifício, serve também para 

a  situação  em  que  incêndio  se  dá  em  uma  das  salas  do  nível  122,14 m  (as 

temperaturas  junto ao  teto das  salas do nível 122,14 m,  importante para verificação 

das vigas mistas, são praticamente  iguais às temperaturas  junto ao teto das salas do 

nível  119,04 m).  A  Figura  7  ilustra  a  variação  da  temperatura  na  largura  do 

compartimento, em escala de cores, considerando a taxa de calor liberado da Figura 6, 

para  tempos  de  incêndio  de  800 s  (13,33 min,  na  fase  de  aquecimento),  2000 s 

(33,33 min, no qual a temperatura é máxima ou muito próxima da máxima) e 2400 s 

(40 min,  na  fase  de  resfriamento).  Ilustra  ainda  a  variação  da  temperatura  no 

comprimento  do  compartimento  para  tempos  de  600 s  (10 min,  na  fase  de 

aquecimento), 1800 s (30 min, no qual a temperatura é máxima ou muito próxima da 

máxima) e 2400 s (40 min, na fase de resfriamento). 

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30 

 

800 s – largura do compartimento 600 s – comprimento do compartimento

2000 s – largura do compartimento 1800 s – comprimento do compartimento

2400 s – largura do compartimento 2400 s – comprimento do compartimento

Temperatura

(°C)

670

605

540

475

410

345

280

215

150

65

20

 

Figura 7 ‐ Temperaturas no compartimento em escala de cores em função do tempo, calculadas com o programa NIST‐FDS 

 

Na Figura 8 vê‐se as curvas tempo versus temperatura em seis posições (TC1 a TC6) ao 

longo  do  comprimento  do  compartimento,  2,5 m  acima  do  piso  das  salas  do  nível 

119,04 m, junto com uma envoltória das maiores temperaturas. Observa‐se que essas 

temperaturas maiores ocorrem nas posições TC5 e TC6 e se aproximam de 800oC. 

150600

3200

2500

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

Envoltória19 TC 1 temp C19 TC 2 temp C19 TC 3 temp C19 TC 4 temp C19 TC 5 temp C19 TC 6 temp C

 

Figura 8 ‐ Curvas tempo versus temperatura na altura de 2,5 m acima do nível 

119,04 m 

Page 33: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

31 

 

 

3. Verificação dos Elementos Estruturais 

3.1 Considerações gerais 

No  subitem 3.2 é apresentada a  verificação das  vigas mistas e, no  subitem 3.3, dos 

pilares mistos. 

Salienta‐se que ao se analisar uma estrutura sob efeito de  incêndio natural, a análise 

deve ser rigorosa,  levando‐se em conta o efeito das deformações térmicas  impedidas 

no valor dos esforços solicitantes. No caso em estudo, esse efeito é  inexistente, uma 

vez  que  tanto  as  vigas  mistas  quanto  os  pilares  mistos  não  sofrem  restrição  à 

deformação na direção de seu comprimento. 

3.2 Vigas mistas 

Constatou‐se  não  ser  necessária  nenhuma  verificação  na  região  central  das  vigas 

mistas em situação de incêndio, na qual o componente de aço é uma treliça, tendo em 

vista que a temperatura nessa região não atinge 400oC (ver subitem 2.1). 

Nos  trechos  extremos,  em  que  o  componente  de  aço  é  um  perfil 

I 590 x 400 x 37,5 x 19, tomando‐se a viga mista VM‐2, a de maior vão entre apoios e 

também a mais solicitada, o momento fletor e a força cortante solicitantes de cálculo 

em  situação  de  incêndio  (Mfi,Sd  e  Vfi,Sd)  têm  valores máximos  iguais  a  1203 kN.m  e 

475 kN, respectivamente. 

O  momento  fletor  resistente  de  cálculo  da  viga  mista  nas  regiões  extremas  em 

situação de  incêndio, Mfi,Rd,  foi obtido  tomando‐se a envoltória de  temperaturas da 

Figura 8  e  os  fatores  de  redução  das  propriedades  dos  materiais  e  o  critério  de 

obtenção da largura efetiva da laje de concreto conforme a ABNT NBR 14323:1999. O 

programa computacional CSTMI (Caldas, 2008), desenvolvido na UFMG, foi usado, com 

a  seção  transversal  discretizada  em  elementos  finitos  quadrangulares  lineares  de 

quatro nós,  considerando  comportamento  rígido‐plástico  dos materiais. O  resultado 

Page 34: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

32 

 

final  é  representado  pelas  temperaturas  e  pela  superfície  de  interação  força  axial‐

momento  fletor  (N‐M)  mostradas  na  Figura 9,  pela  qual  se  chega  ao  momento 

resistente  igual  a  2000 kN.m  (ponto  na  superfície  de  interação  no  qual N  é  igual  a 

zero),  portanto  superior  ao momento  solicitante,  o  que  significa  que  a  viga mista 

encontra‐se adequadamente dimensionada para esse esforço. 

No que se refere à força cortante, concluiu‐se, dada à esbeltez da alma, que o colapso 

se daria pela sua plastificação por tensões de cisalhamento. A partir da análise térmica 

fornecida na  Figura 9, que  indicou que a  temperatura média na alma era de 745oC, 

obteve‐se  uma  força  cortante  resistente  de  cálculo,  Vfi,Rd,  igual  a  506 kN,  portanto 

superior  à  solicitante,  o  que mostra  que  a  viga mista  encontra‐se  adequadamente 

dimensionada para esse esforço. 

-20

-15

-10

-5

0

5

10

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3

Interação NM

Ponto de projeto

N

M

 

Figura 9 ‐ Temperaturas na seção transversal das vigas mistas e                                 superfície de interação N‐M (esforços em 1x106 N e m) 

 

3.3 Pilares 

Os  pilares  são  submetidos  apenas  à  força  axial  de  compressão,  igual  a  1234 kN  em 

situação de incêndio (Nfi,Sd). Esses elementos, formados por tubos circulares laminados 

de diâmetro e espessura de 323 mm e 10,3 mm,  respectivamente, designados como 

TC 323 x 10,3  (ver  Figura 2),  possuem  oito  barras  de  armadura  (aço  CA‐50  com 

resistência ao escoamento de 500 MPa)  com diâmetro de 20 mm, posicionadas  com 

cobrimento de concreto de 30 mm (Figura 10‐a). 

Page 35: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

33 

 

O  comprimento  de  flambagem  dos  pilares,  na  região  das  salas  de  exposição,  foi  

tomado igual a 8,37 m (2,7 m x 3,1 m), considerando, conservadoramente, o pilar com 

rotação  livre  e  translação  lateral  impedida  nos  níveis  119,04 m  e  122,14 m  e 

extremidade  superior  (nível  125,24 m)  com  os  dois  movimentos  livres.  Com  a 

temperatura dos gases dada pela envoltória da Figura 8, e usando o programa CSTMI 

(Caldas,  2008),  chega‐se  às  temperaturas  na  seção  transversal  e  a  uma  força  axial 

resistente de cálculo mínima de 1271 kN  (Figura 10‐b), para o  tempo de  incêndio de 

35 minutos, superior à solicitante. 

(EI)fi,eff Lfl, Nfi,cr o, fi N fi,Rd N fi,Sd Tempo

(kN/m2) (m) (kN) (kN) (min)14062.15 8.37 1981.07 1.44 1.83 0.34 1373.00 1234.09 33.3312878.52 8.37 1814.32 1.47 1.89 0.33 1271.00 1234.09 3513258.55 8.37 1867.86 1.46 1.87 0.33 1304.41 1234.09 3714713.37 8.37 2072.82 1.42 1.81 0.34 1430.13 1234.09 39

323 mm

9,5 mm 20 mm

30 mm

 

 (a) Seção transversal                 (b) Temperaturas em escala de cores e força resistente 

Figura 10 ‐ Dados do dimensionamento dos pilares mistos 

  

4. Conclusões 

Neste  trabalho  foi  apresentada  a  verificação  em  situação  de  incêndio  da  estrutura 

usada para se construir um salão de eventos no projeto de readequação do Cine Brasil, 

formada por pilares mistos preenchidos com concreto e vigas mistas de sustentação 

do  piso.  Na  verificação,  o  incêndio  foi  simulado  pelo  programa  NIST‐FDS 

(McGrattan e Forney,  2006),  que  permitiu  chegar  à  taxa  de  calor  liberado  e  à 

temperatura nos diversos pontos do compartimento de  interesse. Em seguida, foram 

obtidas as temperaturas e os esforços solicitantes resistentes de cálculo dos elementos 

estruturais por meio do programa CSTMI (Caldas, 2008). Esses esforços se mostraram 

superiores  aos  solicitantes,  indicando que  a estrutura  foi  adequadamente projetada 

Page 36: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

 

34 

 

para  suportar  a  eventualidade  de  um  incêndio.  Ao  longo  de  todo  o  procedimento 

utilizado, para determinação de diversos parâmetros,  foram seguidas prescrições das 

normas brasileira ABNT NBR 14323:1999 e europeia EN 1991‐1‐2:2002. 

AGRADECIMENTOS 

Os autores agradecem à Fundação Sidertube, ao CNPq e à FAPEMIG. 

 

Referências Bibliográficas 

ABNT  NBR  14323:1999.  Dimensionamento  de  Estruturas  de  Aço  de  Edifícios  em Situação de Incêndio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, 1999. 

Caldas, R.B. – Análise Numérica de Estruturas de Aço, Concreto e Mistas em Situação de  Incêndio,  Tese  de  Doutorado,  Programa  de  Pós‐graduação  em  Engenharia  de Estruturas, Universidade Federal de Minas Gerais, 2008, 249 p. 

EN  1991‐1‐2:2002.  Eurocode  1:  Actions  on  Structures  –  Part  1.2:  General  Actions‐Actions  on  Structures  Exposed  to  Fire,  European  Committee  for  Standardization, Brussels, 2002. 

Forney,  G.;  McGrattan,  K.  –  User’s  Guide  for  Smokeview  Version  4‐A  Tool  for Visualizing  Fire Dynamics Simulation Data. NIST‐National  Institute of  Standards and Technology, 2006, 84 p. 

IT‐09:2005. Carga de  Incêndio nas Edificações e Área de Risco. Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. 

McGrattan, K.; Forney, G. – Fire Dynamics Simulator  (Version 4)‐User’s Guide. NIST‐National Institute of Standards and Technology, 2006, 90 p. 

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* Autor correspondente 35

Volume 1. Número 1 (abril/2012). p. 35-52

  

Estudo teórico e experimental de barras constituídas por dupla cantoneira de aço formadas 

a frio submetidas à compressão  

W. F. Maia1, L. C. M. Vieira Jr.2, M. Malite3* e B. W. Schafer4  

1 Doutorando, Departamento de Engenharia de Estruturas/EESC/USP, São Carlos  [email protected]  

2 Professor, Department of Mechanical, Civil and Environmental Engineering, University of New Haven, West Haven, USA 

[email protected]   3 Professor, Departamento de Engenharia de Estruturas/EESC/USP, São Carlos  

[email protected]  4 Professor, Department of Civil Engineering, Johns Hopkins University, Baltimore, USA; 

[email protected]   Theoretical and experimental study of cold‐formed steel double angle 

members under compression       

Resumo Apresenta‐se  no  trabalho  análises  numérica  e  experimental  de  barras  em  dupla  cantoneira simples  e  enrijecida  com  travejamento  em  quadro  submetidas  à  compressão  centrada  e excêntrica.  Nas  análises  variou‐se  o  número  de  chapas  separadoras  buscando  estudar  a eficiência das mesmas na força normal resistente das barras. Os resultados mostraram que a introdução de chapas separadoras melhorou significativamente o comportamento das barras, principalmente para compressão excêntrica, no entanto o estudo também mostra que a partir de  certo  número  de  chapas  separadoras  a  força  normal  resistente  tende  a  permanecer praticamente constante.  

Palavras‐chave: estabilidade estrutural, perfis de aço formados a frio, dupla cantoneira  Abstract   This paper presents a numerical and experimental study of double angle members connected by  batten  plates  under  concentric  and  eccentric  axial  compression.  The  number  of  batten plates is changed to study the influence on the nominal axial strength. The use of batten plates significantly  increases  the  strength  of  the  system,  especially  for members  under  eccentric compression. However, the strength remains constant after a certain number of batten plates.  Keywords: structural stability, cold‐formed steel members, double angle    

Page 38: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

36 

1 Introdução 

Barras  compostas  em  dupla  cantoneira,  com  travejamento  em  quadro,  são 

constituídas por duas cantoneiras idênticas dispostas paralelamente, afastadas entre si 

e ligadas uma a outra em alguns pontos ao longo do comprimento, por meio de chapas 

separadoras.  O  sistema  aqui  apresentado  é  bastante  utilizado,  principalmente  em 

estruturas  treliçadas  leves,  no  entanto,  a  carência  de  estudos  específicos  sobre  seu 

comportamento  faz  com  que  as  normas  de  cálculo  não  forneçam  subsídios  para  o 

projeto desse componente estrutural.  

As tradicionais cantoneiras laminadas a quente apresentam em geral abas compactas, 

portanto, não sujeitas ao modo de  instabilidade  local e pouco propensas ao modo de 

instabilidade global por flexo‐torção para a faixa usual de comprimento. Entretanto, as 

cantoneiras  simples  formadas  a  frio,  em  geral  com  paredes  delgadas  (elevadas 

relações  largura/espessura), apresentam dois modos de  instabilidade: (i) modo global 

de  flexão,  dominante  no  caso  de  barras  longas,  e  um  modo  coincidente  local‐

chapa/global de flexo‐torção, que é crítico para barras de menor comprimento. Nesse 

caso, como a constante de empenamento da cantoneira simples é aproximadamente 

zero,  a  força  que  tende  a  causar  instabilidade  por  flexo‐torção  independe  do 

comprimento da barra.   

É  relevante estudar o  comportamento de barras em dupla  cantoneira,  já que neste 

caso,  além  dos  modos  de  instabilidade  associados  à  cantoneira  isolada,  poderão 

ocorrer modos de  instabilidade associados à barra composta em  função da presença 

das chapas separadoras, que tendem a modificar o comportamento do sistema.   

Apresenta‐se no  trabalho análises numérica e experimental  sobre o comportamento 

de barras em dupla cantoneira simples e enrijecida com chapas separadoras. A análise 

numérica  foi  realizada  no  programa  ANSYS  (2011).  Nas  análises  numérica  e 

experimental variou‐se o número de chapas separadoras buscando estudar a eficiência 

das mesmas na força normal resistente das barras. 

2 Análise experimental  

Foi  realizada  uma  série  de  ensaios  em  dupla  cantoneira  simples  (2L  60x2,00)  e 

enrijecida  (2Le 50x13x2,00)  formadas  a  frio e  cantoneira  laminada  (2L 50x5,00).  Em 

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37 

todos os casos foram ensaiadas barras com força centrada, aplicada por meio de uma 

chapa  espessa  (12,5 mm)  soldada  nas  extremidades,  e  barras  com  força  excêntrica 

aplicada  nas  abas  por meio  de  um  perfil  “U”  (Figura  1).  Todas  as  barras  em  dupla 

cantoneira enrijecida (2Le 50x13x2,00) e dupla cantoneira laminada (2L 50x5,00) foram 

ensaiadas com extremidades fixas. No caso da dupla cantoneira simples formada a frio 

(2L 60x2,00) também foram ensaiadas barras com rotação livre em relação ao eixo de 

menor  inércia do conjunto, neste caso, o comprimento teórico (Lc) foi admitido como 

sendo  Lbarra  +  135 mm,  correspondendo  à  distância  entre  os  eixos  de  rotação  dos 

dispositivos de apoio inferior e superior da máquina de ensaios. 

Foram  ensaiadas  barras  com  diferentes  índices  de  esbeltez,  além  disso,  também 

variou‐se o número de chapas  separadoras. Na maioria dos ensaios  foram utilizadas 

chapas  separadoras  parafusadas,  o  que  permitiu  sua  reutilização.  Para  a  dupla 

cantoneira enrijecida  (2Le 50x13x2,00)  também  foram adotadas  chapas  separadoras 

soldadas em alguns ensaios com o objetivo de se comparar os resultados. 

Os ensaios de dupla cantoneira  laminada  (2L 50x5,00)  foram realizados com objetivo 

de  serem utilizados  como  referência,  já que neste  caso, por  se  tratar de uma  seção 

compacta não está sujeita ao modo de instabilidade local e é pouco propensa ao modo 

de  instabilidade global por flexo‐torção. Os ensaios foram realizados apenas para um 

comprimento,  no  entanto,  foram  realizados  ensaios  de  compressão  centrada  e 

excêntrica variando‐se o número de chapas separadoras. 

As  propriedades  mecânicas  do  aço  e  as  dimensões  das  seções  ensaiadas  estão 

apresentadas na Tabela 1. Apresenta‐se na Figura 1 uma visão geral das  simulações 

experimental e numérica realizadas. 

Tabela 1 – Propriedades mecânicas do aço e dimensões das seções ensaiadas 

Seção Aba (mm) 

Enrijecedor (mm) 

Espessura (mm) 

fy (MPa) 

fu (MPa) 

E(1)  

(MPa) 

L 60x2,00  60,0  ‐  2,00  350  499  200000 

L 50x5,00  50,8  ‐  4,76  307  455  200000 

Le 50x13x2,00  50,0  13,0  2,00  350  499  200000 

fy – resistência ao escoamento do aço; fu – resistência à ruptura do aço;  E – módulo de elasticidade do aço;   (1) Valor convencional

 

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38 

     Chapasseparadoras

Chapa

Lc

Chapa

Perfil U

Perfil U

 ChapasseparadorasLc

      Vista frontal              Vista lateral         Vista frontal        Vista lateral 

(a) Compressão centrada  (b) Compressão excêntrica  

x

y

150  mm

 x

y

150  mm

 Dupla cantoneira simples  Dupla cantoneira enrijecida 

(c) Seção transversalFigura 1 – Visão geral das simulações realizadas em dupla cantoneira simples e enrijecida 

 

3 Análise numérica  

As  simulações  numéricas  foram  realizadas  no  programa ANSYS  (2011).  Em  todas  as 

simulações foi utilizado o elemento SHELL 181 para modelagem das cantoneiras e dos 

perfis “U” das extremidades. De acordo com as  informações da biblioteca  interna do 

ANSYS  (2011),  o  elemento  é  ideal  para  análise  não‐linear  de  cascas  de  pequena 

espessura sujeitas a grandes deformações e rotações. Utilizou‐se também o elemento 

SOLID 45 para modelagem dos dispositivos de extremidades da máquina de ensaios 

para os modelos ensaiados com rotação livre em relação ao eixo de menor inércia do 

conjunto. 

A estratégia adotada para  inserção das  imperfeições geométricas  iniciais foi a mesma 

utilizada por MAIA et al.  (2010).  Inicialmente  foi  realizada uma análise de autovalor, 

que fornece como resultado tanto o autovalor (valor de força crítica) como o autovetor 

(deformada da barra) para os modelos. Nesta análise buscou‐se  identificar os modos 

críticos  isolados de  interesse para cada seção: coincidente  local/flexo‐torção e  flexão 

para  dupla  cantoneira  simples;  local,  flexo‐torção  e  flexão  para  dupla  cantoneira 

Page 41: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

39 

enrijecida. A partir da configuração deformada referente a cada um dos modos críticos 

escolhidos para  cada  caso,  foi adotado um  critério a  fim de  se aumentar ou  reduzir 

esta  amplitude,  obtendo  assim  uma  nova  geometria  de  todos  os  nós  da malha  de 

elementos finitos da barra. 

Com  relação  à  amplitude  das  imperfeições  geométricas  iniciais  foram  utilizados  os 

valores  de  imperfeições  apresentados  por  SCHAFER  &  PEKÖZ  (1998).  Para  dupla 

cantoneira  simples  foram  adotadas  imperfeições  do  tipo  2  associadas  ao  modo 

coincidente  local/flexo‐torção,  enquanto  para  dupla  cantoneira  enrijecida  foram 

adotadas  imperfeições do  tipo 1 associadas ao modo  local e do  tipo 2 associadas ao 

modo de  flexo‐torção. Para  imperfeição associada ao modo de  flexão  foi adotado o 

valor de Lc/1500. 

Para  modelagem  das  chapas  separadoras  foram  realizadas  duas  simulações:  na 

primeira, na posição das chapas separadoras optou‐se por  fazer acoplamento de nós 

na posição das mesmas. Foram acoplados dois nós de cada cantoneira  localizados no 

centro da aba. Os nós tiveram as translações acopladas nas três direções. Na segunda 

simulação  foram  modeladas  as  chapas  separadoras  fazendo  coincidir  os  nós  das 

mesmas  com  os  nós  das  cantoneiras,  com  isso  promoveu‐se  a  compatibilização  de 

deslocamentos. 

 

4 Resultados  

Para comparação dos resultados, foram adotadas duas hipóteses de cálculo com base 

no  procedimento  da  ABNT  NBR  14762:2010,  admitindo  compressão  centrada.  Na 

primeira  hipótese  considerou‐se  cada  cantoneira  como  uma  barra  isolada 

independente da presença das  chapas  separadoras, admitindo‐se  instabilidade  local, 

global por flexo‐torção e global por flexão. Na segunda, considerou‐se barra composta 

admitindo‐se apenas instabilidade local e global por flexão em relação ao eixo principal 

de menor inércia do conjunto. 

4.1 Dupla cantoneira simples 

Na  Tabela  2  são  apresentados  os  resultados  da  análise  experimental  da  dupla 

cantoneira  simples  formada  a  frio  (2L  60x2,00)  comparados  com  os  resultados  da 

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40 

análise numérica e das hipóteses de  cálculo  adotadas. No  caso da dupla  cantoneira 

simples,  só  foram  ensaiadas  barras  com  chapas  separadoras  parafusadas.  Os 

resultados experimentais são comparados com valores da simulação numérica em que 

na  posição  das  chapas  separadoras  promoveu‐se  o  acoplamento  de  nós.  São 

apresentados  resultados  da  análise  numérica  de  modelos  sem  imperfeições 

geométricas  iniciais  e  modelos  com  imperfeições  de  0,64t  associada  ao  modo 

coincidente local/flexo‐torção e Lc/1500 associada ao modo de flexão.  

Tabela 2 – Resultados da análise experimental comparados com os resultados das simulações numéricas e das hipóteses teóricas adotadas: perfil 2L 60x2,00 (fy = 350 MPa) 

Barra 

Análise experimental 

Análise numérica 

0 (FT) e 0 (F)  0,64t (FT) e Lc/1500 (F) 

NExp (kN) 

Modo de falha 

NEF 

(kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF NEF 

(kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF 

Extremidades fixas (compressão excêntrica) 

L 600‐0  72,2  FT/F*  71,6  FT/F*  1,01  71,9  FT/F*  1,00 

L 600‐1P  74,0  FT  73,1  FT/F  1,01  72,2  FT/F  1,02 

L 600‐2P  76,0  FT  76,9  FT/F  0,99  75,1  FT/F  1,01 

Nc,R(1) = 30,5 kN               Nc,R

(2) = 76,8 kN 

L 1200‐0  50,4  FT/F*  48,8  FT/F*  1,03  49,2  FT/F*  1,02 

L 1200‐1P  55,4  FT/F*  54,3  FT/F  1,02  52,6  FT/F  1,05 

L 1200‐2P  50,6  FT/F/F*  60,7  FT/F  0,83  59,5  FT/F  0,85 

L 1200‐3P  56,2  FT/F/F*  72,5  FT/F  0,78  67,0  FT/F  0,84 

L 1200‐4P  62,5  FT/F/F*  75,3  FT/F  0,83  70,9  FT/F  0,88 

L 1200‐5P  72,9  FT/F  72,2  FT/F  1,01  69,8  FT/F  1,04 

Nc,R(1) = 29,8 kN               Nc,R

(2) = 67,2 kN 

L 1800‐0  34,1  FT/F*  33,4  FT/F*  1,02  33,8  FT/F*  1,01 

L 1800‐1P  45,0  FT/F/F*  43,2  FT/F  1,04  41,6  FT/F  1,08 

L 1800‐2P  42,8  FT/F/F*  47,8  FT/F  0,90  47,0  FT/F  0,91 

L 1800‐3P  41,1  FT/F/F*  57,8  FT/F  0,71  56,8  FT/F  0,72 

L 1800‐4P  53,5  FT/F/F*  64,5  FT/F  0,83  60,9  FT/F  0,88 

Nc,R(1) = 28,7 kN               Nc,R

(2) = 53,6 kN 

L 2400‐0  28,8  FT/F*  24,4  FT/F*  1,18  24,8  FT/F*  1,16 

L 2400‐1P  36,5  FT/F/F*  35,0  FT/F  1,04  33,7  FT/F  1,08 

L 2400‐2P  40,4  FT/F/F*  37,0  FT/F  1,09  34,9  FT/F  1,16 

L 2400‐5P  34,8  FT/F/F*  56,2  FT/F  0,62  51,5  FT/F  0,68 

Nc,R(1) = 19,9 kN               Nc,R

(2) = 38,9 kN 

continua na próxima página...       

Page 43: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

41 

...continuação da Tabela 2 

Barra 

Análise experimental 

Análise numérica 

0 (FT) e 0 (F)  0,64t (FT) e Lc/1500 (F) 

NExp (kN) 

Modo de falha 

NEF 

(kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF NEF 

(kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF 

Extremidades fixas (compressão centrada) 

LC 1200‐0  58,0  FT  ‐  ‐  ‐  48,8  FT  1,19 

LC 1200‐1P  61,7  FT  ‐  ‐  ‐  74,0  FT  0,83 

LC 1200‐2P  69,6  FT  ‐  ‐  ‐  79,9  FT  0,87 

LC 1200‐3P  68,1  FT  ‐  ‐  ‐  79,3  FT  0,86 

LC 1200‐4P  70,4  FT  ‐  ‐  ‐  83,7  FT  0,84 

Nc,R(1) = 30,5 kN               Nc,R

(2) = 76,8 kN 

Flexão livre em relação ao eixo de menor inércia do conjunto (compressão excêntrica) 

L 1200‐0  35,5  FT/F*  32,7  FT/F*  1,09  33,1  FT/F*  1,07 

L 1200‐1P  42,5  FT/F  45,6  FT/F  0,93  43,8  FT/F  0,97 

L 1200‐2P  39,4  FT/F  44,6  FT/F  0,88  42,0  FT/F  0,94 

L 1200‐3P  44,0  FT/F  48,6  FT/F  0,91  47,0  FT/F  0,94 

L 1200‐4P  52,8  FT/F  49,1  FT/F  1,08  47,5  FT/F  1,11 

Nc,R(1) = 29,6 kN               Nc,R

(2) = 64,4 kN 

Legenda:  LC X – NP L – cantoneira simples; C – compressão centrada; X – comprimento da barra; N – número de chapas separadoras; P – chapas separadoras parafusadas; FT – Instabilidade por flexo‐torção da cantoneira  individual; F –  instabilidade por flexão em relação ao eixo de menor  inércia do  conjunto;  F*  –  instabilidade por  flexão  em  relação  ao  eixo paralelo  à  aba conectada; Nc,R

(1) – calculado com base na ABNT NBR 14762:2010 admitindo cantoneira isolada;  Nc,R

(2) – calculado com base na ABNT NBR 14762:2010 admitindo flexão em relação ao eixo de menor inércia do conjunto; K  =  0,5  para  barras  com  extremidades  fixas  (compressão  centrada);  K  =  1,0  para  barras  com extremidades  fixas  (compressão excêntrica) e barras com  rotação  livre em  relação ao eixo de menor inércia do conjunto (eixo x, ver Figura 2); rx = 1,91 cm (raio de giração em relação ao eixo de menor inércia do conjunto (eixo x, ver Figura 2)). 

 

Na Figura 2 são apresentados os resultados da análise experimental comparados com 

resultados das hipóteses de cálculo adotadas. Na Figura 3 são ilustrados típicos modos 

de instabilidade observados nas análises numérica e experimental. 

Page 44: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

42 

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

ABNT NBR 14762: 2010 (dupla cantoneira ‐ somente flexão)

157,2131104,878,626,2 52,40

 = KLc/r

x

ABNT NBR 14762: 2010 [cantoneira isolada ‐ min(flexão e flexo‐torção)]

Força norm

al resistente  ‐  N

c,R (kN

)

KLc (mm)

(Chapas separadoras parafusadas)        

          Compressão excêntrica

  sem chapas separadoras

  1 chapa separadora

  2 chapas separadoras

  3 chapas separadoras

  4 chapas separadoras

  5 chapas separadoras

        Compressão centrada

  sem chapas separadoras

  1 chapa separadora

  2 chapas separadoras

  3 chapas separadoras

  4 chapas separadoras

Figura 2 – Resultados da análise experimental comparados com os resultados das hipóteses de 

cálculo adotadas (perfil: 2L 60x2,00) 

 

 Análise experimental Análise numérica 

Figura 3 – Instabilidade por flexo‐torção (FT)/flexão em relação ao eixo de menor inércia do conjunto (F) (Lc = 1200 mm – 2 chapas separadoras parafusadas – compressão excêntrica)                                     

 

O modo de  instabilidade predominante na análise experimental da dupla cantoneira 

simples formada a frio (2L 60x2,00) foi flexo‐torção de barra isolada com comprimento 

de  semi‐onda  definido  pelas  chapas  separadoras. No  caso  das  barras mais  curtas  a 

inserção de chapas separadoras pouco interferiu no seu comportamento, isso pode ser 

1

12

2

x

y

Page 45: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

43 

função do modo de instabilidade, já que neste caso, observou‐se apenas flexo‐torção e 

sabe‐se  que  para  cantoneira  simples  a  força  de  instabilidade  por  flexo‐torção 

praticamente  independe  do  comprimento  da  barra  (constante  de  empenamento 

aproximadamente  zero).  Para  comprimentos  maiores  a  inserção  de  chapas 

separadoras melhorou  de  forma  significativa  o  comportamento  das  barras,  já  que 

neste caso, além do modo de flexo‐torção também se observou modo de flexão. 

Na análise numérica os modos de instabilidade observados foram flexo‐torção e flexão 

em relação ao eixo de menor inércia do conjunto, no entanto, na análise experimental 

observou‐se que além desses modos algumas barras apresentaram flexão em relação 

ao  eixo  paralelo  à  aba  conectada,  isso  pode  ter  ocorrido  em  função  da  ligação 

parafusada  nas  chapas  separadoras  não  oferecer  restrição  ao  giro  paralelo  à  aba 

conectada,  com  isso,  ao  ocorrer  instabilidade  por  flexão  em  uma  das  barras,  a 

tendência  é  que  a  outra  acompanhe.  Observou‐se  ainda  que  quando  houve 

compatibilidade entre os modos observados nas análises numérica e experimental, os 

valores de força resistente também foram bem próximos, no entanto, quando ocorreu 

flexão em relação ao eixo paralelo à aba conectada, observou‐se tendência de redução 

na força normal resistente. 

Comparando os  resultados das análises numérica e experimental com os valores das 

hipóteses  de  cálculo  adotadas,  observou‐se  que  os  resultados  de  barras  isoladas 

tenderam para a hipótese que considerou cantoneiras  isoladas e com o aumento do 

número de chapas separadoras os valores  tenderam para a hipótese que considerou 

flexão em relação ao eixo de menor inércia do conjunto. 

4.2 Dupla cantoneira enrijecida 

Na  Tabela  3  são  apresentados  os  resultados  da  análise  experimental  da  dupla 

cantoneira enrijecida formada a frio (2Le 50x13x2,00) comparados com os resultados 

da análise numérica e das hipóteses de cálculo adotadas. No caso da dupla cantoneira 

enrijecida foram ensaiadas barras com chapas separadoras parafusadas e soldadas. Os 

resultados  experimentais  das  barras  com  chapas  separadoras  parafusadas  são 

comparados  com  valores  da  simulação  numérica  em  que  na  posição  das  chapas 

separadoras  promoveu‐se  o  acoplamento  de  nós.  Os  resultados  experimentais  das 

barras  com  chapas  separadoras  soldadas  são  comparados  com valores da  simulação 

Page 46: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

44 

numérica  em  que  foram  modeladas  as  chapas  separadoras.  São  apresentados 

resultados da  análise numérica de modelos  sem  imperfeições  geométricas  iniciais  e 

modelos com imperfeições de 0,14t associada ao modo local; 0,64t associada ao modo 

de flexo‐torção e Lc/1500 associada ao modo de flexão. Na Figura 4 são apresentados 

os  resultados da análise experimental  comparados  com  resultados das hipóteses de 

cálculo  adotadas.  Nas  Figuras  5  e  6  são  ilustrados  típicos  modos  de  instabilidade 

observados nas análises numérica e experimental. 

 Tabela 3 – Resultados da análise experimental comparados com os resultados das simulações 

numéricas e das hipóteses teóricas adotadas: perfil 2Le 50x13x2,00 (fy = 350 MPa) 

Barra 

Análise experimental 

Análise numérica 

0 (L); 0 (FT) e 0 (F)  0,14t (L); 0,64t (FT) e Lc/1500 (F) 

NExp (kN) 

Modo de falha 

NEF (kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF NEF (kN) 

Modo  de falha 

NExp/NEF 

Extremidades fixas (compressão excêntrica) 

Chapas separadoras parafusadas 

Le 600‐0  81,8  FT/F*  80,3  FT/F*  1,02  78,4  FT/F*  1,04 

Le 600‐1P  111,3  FT  102,8  FT  1,08  98,3  FT  1,13 

Le 600‐2P  113,6  FT  105,0  FT  1,08 102,6 

FT 1,11 

Nc,R(1) = 63,7 kN               Nc,R

(2) = 149,2 kN 

Le 1200‐0  57,0  FT/F*  54,3  FT/F*  1,05  52,4  FT/F*  1,09 

Le 1200‐1P  81,1  FT/F/F*  72,3  FT/F  1,12  71,5  FT/F  1,13 

Le 1200‐2P  83,4  FT/F*  78,9  FT/F  1,06  77,3  FT/F  1,08 

Le 1200‐3P  102,2  FT/F/F*  95,2  FT/F  1,07  93,3  FT/F  1,09 

Le 1200‐4P  108,4  FT/F  98,2  FT/F  1,10  95,1  FT/F  1,14 

Nc,R(1) = 38,8 kN                Nc,R

(2) = 115,2 kN 

Le 1800‐0  36,4  FT/F*  37,6  FT/F*  0,97  36,1  FT/F*  1,00 

Le 1800‐1P  62,0  FT/F*  54,7  FT/F  1,13  54,3  FT/F  1,14 

Le 1800‐2P  63,2  FT/F/F*  60,7  FT/F  1,04  59,3  FT/F  1,07 

Le 1800‐3P  73,9  FT/F/F*  75,2  FT/F  0,98  72,8  FT/F  1,02 

Le 1800‐4P  69,3  FT/F/F*  80,9  FT/F  0,86  78,3  FT/F  0,89 

Nc,R(1) = 31,9 kN                Nc,R

(2) = 74,9 kN 

Le 2400‐0  18,7  FT/F*  27,5  FT/F*  0,68  26,0  FT/F*  0,72 

Le 2400‐1P  44,4  FT/F/F*  40,5  FT/F  1,10  40,2  FT/F  1,10 

Le 2400‐2P  52,9  FT/F/F*  48,3  FT/F  1,10  46,9  FT/F  1,13 

Le 2400‐5P  45,7  FT/F/F*  72,3  FT/F  0,63  68,9  FT/F  0,66 

Nc,R(1) = 20,4 kN               Nc,R

(2) = 43,3 kN 

continua na próxima página... 

Page 47: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

45 

...continuação da Tabela 3 

Barra 

Análise experimental 

Análise numérica 

0 (L); 0 (FT) e 0 (F)  0,14t (L); 0,64t (FT) e Lc/1500 (F) 

NExp (kN) 

Modo de falha 

NEF (kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF NEF (kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF 

Extremidades fixas (compressão centrada) 

Chapas separadoras soldadas 

Le 1800‐2S(1)  78,3  FT/F  72,1  FT/F  1,09  70,3  FT/F  1,11 

Le 1800‐2S(2)  83,4  FT/F  76,1  FT/F  1,10  73,7  FT/F  1,13 

Le 1800‐4S(1)  96,2  FT/F  91,6  FT/F  1,05  87,6  FT/F  1,10 

Le 1800‐4S(2)  102,4  FT/F  95,2  FT/F  1,08  91,7  FT/F  1,12 

Nc,R(1) = 31,9 kN                Nc,R

(2) = 74,9 kN 

Chapas separadoras parafusadas 

LeC 1200‐0  77,1  FT  ‐  ‐  ‐  76,1  FT/F*  1,01 

LeC 1200‐1P  91,3  FT  ‐  ‐  ‐  88,9  FT  1,03 

LeC 1200‐2P  108,9  FT  ‐  ‐  ‐  95,6  FT  1,14 

LeC 1200‐3P  115,0  FT  ‐  ‐  ‐  114,0  FT  1,01 

LeC 1200‐4P  107,6  FT  ‐  ‐  ‐  118,6  FT  0,91 

Nc,R(1) = 63,7 kN                Nc,R

(2) = 149,2 kN Legenda: LeC X – NP(M)  Le – cantoneira enrijecida; C – compressão centrada; X – comprimento da barra; N – número de chapas separadoras; P – chapas separadoras parafusadas; S – chapas separadoras soldadas – (1) chapa com 50 mm de largura e (2) chapa com 100 mm de largura; FT –  Instabilidade por  flexo‐torção da cantoneira  individual; F –  instabilidade por  flexão em relação ao eixo  de menor  inércia  do  conjunto;  F*  –  instabilidade  por  flexão  em  relação  ao  eixo  paralelo  à  aba conectada;  Nc,R

(1) – calculado com base na ABNT NBR 14762:2010 admitindo cantoneira isolada;  Nc,R

(2) – calculado com base na ABNT NBR 14762:2010 admitindo  flexão em  relação ao eixo de menor inércia do conjunto; K = 0,5 para barras com extremidades fixas (compressão centrada); K = 1,0 para barras com extremidades fixas (compressão excêntrica); rx = 1,76 cm (raio de giração em relação ao eixo de menor inércia do conjunto (eixo x, ver Figura 4)). 

Page 48: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

46 

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

(Chapas separadoras soldadas)        

         Compressão excêntrica

  2 chapas separadoras

  4 chapas separadoras

170,4142113,685,256,828,4

 = KLc/r

x

0

ABNT NBR 14762: 2010 (dupla cantoneira ‐ somente flexão)

ABNT NBR 14762: 2010 [cantoneira isolada ‐ min(flexão e flexo‐torção)]

(Chapas separadoras parafusadas)

        Compressão excêntrica 

  sem chapas separadoras

  1 chapa separadora

  2 chapas separadoras

  3 chapas separadoras

  4 chapas separadoras

  5 chapas separadoras

        Compressão centrada

  sem chapas separadoras

  1 chapa separadora

  2 chapas separadoras

  3 chapas separadoras

  4 chapas separadoras

Força norm

al resistente  ‐  N

c,R (kN

)

KLc (mm)

Figura 4 – Resultados da análise experimental comparados com os resultados das hipóteses de cálculo adotadas (perfil: 2Le 50x13x2,00) 

  

 Análise experimental Análise numérica 

Figura 5 – Instabilidade por flexo‐torção (FT)/flexão em relação ao eixo de menor inércia do conjunto (F) (Lc = 1200 mm – 1 chapa separadora parafusada – compressão excêntrica)                                        

2

21

1

x

y

Page 49: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

47 

 Análise experimental  Análise numérica 

Figura 6 – Instabilidade por flexo‐torção (FT)/flexão em relação ao eixo de menor inércia do conjunto (F) (Lc = 1800 mm – 2 chapas separadoras soldadas – compressão excêntrica)                                        

 

Observa‐se que o modo de instabilidade dominante também foi o de flexo‐torção, no 

entanto,  a  inserção  de  chapas  separadoras  melhorou  de  forma  significativa  o 

comportamento das barras, inclusive no caso das barras mais curtas, já que no caso da 

cantoneira  enrijecida  a  força  de  instabilidade  por  flexo‐torção  depende  do 

comprimento (constante de empenamento diferente de zero). Assim como ocorreu na 

análise  experimental  da  cantoneira  simples,  algumas  barras  também  apresentaram 

instabilidade por  flexão em  relação ao eixo paralelo à aba conectada, o que não  foi 

observado na análise numérica.  

Foi analisada também a  influência do tipo de  ligação das chapas separadoras. Foram 

ensaiadas barras com chapas separadoras soldadas, variando também o tamanho das 

mesmas. Observou‐se uma  significativa melhora no  comportamento das barras  com 

chapas separadoras soldadas, no entanto, ao dobrar a largura das mesmas, observou‐

se que  isso pouco  interferiu nos  resultados, mostrando que o  tipo de  ligação é bem 

mais  importante  que  as  dimensões  das  chapas  separadoras. Os  resultados  de  força 

resistente à compressão da análise numérica foram bem coerentes com os resultados 

da análise experimental. 

Page 50: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

48 

Comparando os  resultados das análises numérica e experimental com os valores das 

hipóteses  de  cálculo  adotadas,  observou‐se  a mesma  tendência  dos  resultados  da 

dupla  cantoneira  simples,  ou  seja,  valores  intermediários  aos  obtidos  nas  hipóteses 

adotadas.  Resultados  de  barras  isoladas  tenderam  para  a  hipótese  que  considerou 

barra isolada e com o aumento do número de chapas separadoras os valores tenderam 

para  a  hipótese  que  considerou  flexão  em  relação  ao  eixo  de  menor  inércia  do 

conjunto. 

4.3 Dupla cantoneira laminada 

Na  Tabela  4  são  apresentados  os  resultados  da  análise  experimental  da  dupla 

cantoneira  laminada  (2L 50x5,00) comparados com  resultados da análise numérica e 

das  hipóteses  de  cálculo  adotadas.  Para  a  dupla  cantoneira  laminada,  só  foram 

ensaiadas barras  com  chapas  separadoras parafusadas. São apresentados  resultados 

da análise numérica de modelos sem imperfeições geométricas iniciais e modelos com 

imperfeições de 0,14t associada ao modo de flexo‐torção e Lc/1500 associada ao modo 

de flexão. 

Na Figura 7 são apresentados os resultados da análise experimental comparados com 

resultados das hipóteses de cálculo adotadas. Na Figura 8 são ilustrados típicos modos 

de instabilidade observados nas análises numérica e experimental.  

Foram observados modos de instabilidade por flexão em relação ao eixo paralelo à aba 

conectada e  flexão em relação ao eixo de menor  inércia do conjunto. A  inserção das 

chapas separadoras melhorou de forma significativa o comportamento das barras, no 

entanto, o aumento do número de  chapas praticamente não muda o valor da  força 

normal  resistente. Ao  comparar os  resultados das  análises experimental e numérica 

com os valores das hipóteses  teóricas adotadas observou‐se a mesma tendência dos 

resultados  das  cantoneiras  formadas  a  frio,  ou  seja,  resultados  com  valores 

intermediários aos obtidos nas hipóteses teóricas. 

       

Page 51: CBCA_Revista-da-Estrutura-do-Aço-vol01-n01

49 

 Tabela 4 – Resultados da análise experimental comparados com os resultados das simulações 

numéricas e das hipóteses teóricas adotadas: perfil 2L 50x5,00 (2”x3/16”) (fy = 307 MPa) 

Barra 

Análise experimental 

Análise numérica 

0 (FT) e 0 (F)  0,14t (FT) e Lc/1500 (F) 

NExp (kN) 

Modo de falha 

NEF (kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF NEF (kN) 

Modo de falha 

NExp/NEF 

Extremidades fixas (compressão excêntrica) 

Chapas separadoras parafusadas 

LL 1200‐0  109,0  F*  125,7  F*  0,87  126,0  F*  0,87 

LL 1200‐1P  157,7  F/F*  176,1  F  0,90  172,7  F  0,91 

LL 1200‐2P  173,9  F  180,6  F  0,96  176,3  F  0,99 

LL 1200‐3P  169,5  F  194,1  F  0,87  190,0  F  0,89 

LL 1200‐4P  179,7  F  200,7  F  0,90  196,4  F  0,91 

Nc,R(1) = 114,2 kN               Nc,R

(2) = 194,8 kN 

Extremidades fixas (compressão centrada) 

Chapas separadoras parafusadas 

LLC 1200‐0  182,1  F/F*  ‐  ‐  ‐  233,9  F*  0,78 

LLC 1200‐1P  235,2  F/F*  ‐  ‐  ‐  253,1  F  0,93 

LLC 1200‐2P  224,3  F/F*  ‐  ‐  ‐  250,6  F  0,90 

LLC 1200‐4P  246,7  F/F*  ‐  ‐  ‐  253,3  F  0,97 

Nc,R(1) = 224,5 kN               Nc,R

(2) = 256,6 kN 

Legenda: LLC X – NP  LL – cantoneira simples laminada; C – compressão centrada; X – comprimento da barra; N – número de chapas separadoras; P – chapas separadoras parafusadas; F – instabilidade por flexão em relação ao eixo de menor inércia do conjunto; F* – instabilidade por flexão em relação ao eixo paralelo à aba conectada;  Nc,R

(1) – calculado com base na ABNT NBR 8800:2008 admitindo cantoneira isolada;  Nc,R

(2)  –  calculado  com base na ABNT NBR  8800:2008  admitindo  flexão  em  relação  ao  eixo de menor inércia do conjunto (eixo x, ver Figura 7); K = 0,5 para barras com extremidades fixas (compressão centrada); K = 1,0 para barras com extremidades fixas (compressão excêntrica); rx = 1,60 cm (raio de giração em relação ao eixo de menor inércia do conjunto (eixo x, ver Figura 7)). 

 

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50 

0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000

0

50

100

150

200

250

300109,572,815,6 46,9

ABNT NBR 8800: 2008 [cantoneira isolada ‐ min(flexão e flexo‐torção)]

ABNT NBR 8800: 2008 (dupla cantoneira ‐ somente flexão)

125,193,862,631,3

 = KLc/r

x

0

(Chapas separadoras parafusadas)

        Compressão excêntrica

  sem chapas separadoras 

  1 chapa separadora

  2 chapas separadoras

  3 chapas separadoras

  4 chapas separadoras

        Compressão centrada

  sem chapas separadoras

  1 chapa separadora

  2 chapas separadoras

  4 chapas separadoras

Força norm

al resistente  ‐  N

c,R (kN

)

KLc (mm)

Figura 7 – Resultados da análise experimental comparados com os resultados das hipóteses de cálculo adotadas (perfil: 2L 50x5,00 (2”x3/16”))  

 

 Análise experimental Análise numérica 

Figura 8 – Instabilidade por flexão em relação ao eixo de menor inércia do conjunto (F)                   (Lc = 1200 mm – 2 chapas separadoras parafusadas – compressão excêntrica) 

 

2

21

1

x

y

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51 

5 Conclusões 

Em  geral  os  resultados  das  análises  experimental  e  numérica  apresentaram  valores 

intermediários aos obtidos com base nas duas hipóteses de cálculo adotadas, ou seja, 

considerando cantoneira isolada (modo local e mínimo entre global de flexão e global 

de flexo‐torção) e dupla cantoneira (modo local e global de flexão em relação ao eixo 

de menor inércia do conjunto). Para cantoneiras isoladas os resultados tenderam para 

a  hipótese  teórica  que  considerou  barra  isolada  e  para  cantoneiras  com  chapas 

separadoras os resultados tenderam para a hipótese que considerou barra composta.   

As  barras  com  chapas  separadoras  soldadas  (engastada)  apresentaram  melhor 

desempenho que as correspondentes com chapas separadoras parafusadas (rotulada). 

Isso  aconteceu  porque  no  caso  das  chapas  separadoras  parafusadas  (apenas  um 

parafuso)  a  ligação  não  oferece  restrição  ao  giro,  ou  seja,  quando  há  tendência  de 

flexão de uma das barras em relação ao eixo paralelo à aba conectada a outra barra 

acompanha, fato que não acontece nas barras com chapas separadoras soldadas. No 

entanto, ao dobrar a largura das mesmas, observou‐se pouca mudança nos resultados, 

mostrando que o tipo de ligação é bem mais importante que as dimensões das chapas 

separadoras.  

Com  relação  à  análise  numérica,  em  geral,  os  resultados  foram  coerentes  com  os 

resultados  da  análise  experimental,  exceto  em  alguns  casos  em  que  as  barras 

apresentaram  instabilidade por  flexão  em  relação  ao  eixo paralelo  à  aba  conectada 

(chapas separadoras parafusadas). Neste caso, observou‐se  tendência de  redução na 

força  normal  resistente  nos  ensaios  experimentais,  fato  que  não  foi  observado  na 

análise numérica em função das simplificações adotadas para simular a conexão entre 

chapas  separadoras  e  cantoneiras. Na  sequência  do  trabalho  serão  realizados mais 

ensaios  experimentais  com  chapas  separadoras  soldadas  para  melhor  avaliar  esse 

comportamento. 

Como conclusão geral, pode‐se dizer que a inserção de chapas separadoras melhorou 

de forma significativa o comportamento das barras, especialmente para as barras sob 

compressão excêntrica, no entanto percebeu‐se também que a partir de certo número 

a  força  normal  resistente  tende  a  permanecer  constante.  Um  fato  interessante 

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observado  é  que  as  barras  apresentam melhor  desempenho  quando  o  número  de 

chapas separadoras é  impar, ou seja, é sempre  interessante que se tenha uma chapa 

separadora  na metade  do  comprimento.  Em muitos  casos,  barras  com  uma  chapa 

separadora  apresentaram  melhor  desempenho  que  barras  com  duas  chapas 

separadoras. 

 

6 Referências bibliográficas 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS,  ABNT  NBR  14762:2010. 

Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis  formados a  frio. Rio 

de Janeiro, 2010. 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS,  ABNT  NBR  8800:2008.  Projeto  e 

execução  de  estruturas  de  aço  e  de  estruturas mistas  aço‐concreto  de  edifícios  – 

Procedimento. Rio de Janeiro, 2008. 

ANSYS. Structural nonlinearities. v.13.0, Houston, USA, 2011. 

MAIA, W. F.; MUNAIAR Neto, J.; MALITE, M.. Theoretical analysis of cold‐formed steel 

battened double angle members under compression. In: LaBoube, R.A.; Yu, W.W. (Ed). 

Recent  research  and  developments  in  cold‐formed  steel  design  and  construction 

(20th  International  Specialty Conference  on Cold‐Formed  Steel  Structures,  St.  Louis, 

USA, 2010). University of Missouri‐Rolla, 2010. 

SCHAFER,  B.W.;  PEKÖZ,  T.  Computational  modeling  of  cold‐formed  steel: 

characterizing  geometric  imperfections  and  residual  stresses.  Journal  of 

Constructional Steel Research, v.47, 193‐210, 1998. 

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NOTA TÉCNICA

Volume 1. Número 1 (abril/2012). p. 53‐63 

 

New retractable roof solutions for sports stadia 

Knut Göppert 1, Lorenz Haspel 2, Christoph Paech2 

1 Managing director, Schlaich bergermann und partner, 70178 Stutttgart, Germany [email protected] 

2 Project engineer, Schlaich bergermann und partner [email protected] ; [email protected] 

 

Abstract 

The world‐wide growing demand  for multifunctional sport stadia creates great opportunities for innovative engineering solutions. In general, smart engineered roof structures are currently very popular and  interest  in these solutions within the architectural community  is expanding. The outstanding stadia projects for the FIFA world championships in South Africa as well as the Olympic  Stadium and  the Velodrome  in  London are  good examples of  this  theory.    Schlaich bergermann und partner has designed three cable supported membrane roofs with retractable portions up to 10.000 m² in size: 

1. The new National Stadium of Poland in Warsaw 2. The new roof for the multifunctional roof of BC Place in Vancouver 3. The new multifunctional Summer Concert Hall in Batumi, Georgia. 

Keywords:  Retractable  roof,  cable  structures,  membrane,  spokes‐wheel‐principle; multifunctional roof 

 

1 Introdução 

The  primary  structures  of  the  stadia  in Warsaw  and  Vancouver  are  based  on  the spokes‐wheel‐principle and  in both cases the central  folding membrane, designed for full summer and winter  load, are supported by a set of radial cables, connected  to a central  hub.  The  roof  over  the  concert  hall  also  consists  of  a  cable  supported membrane arrangement; however, the membrane is parked along a circular steel girder. Two  of  the  mentioned  projects  utilize  PVC‐coated  polyester  fabrics  whereas  the stadium  in  Vancouver  is  fabricated  with  PTFE  coated  PTFE  fabric  (Tenara). All projects are under construction and the dates of completion are within 2011. 

 

  

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Figura 1 ‐  National Stadium of Poland in Warsaw Source: Planungsgemeinschaft Nationalstadion Warschau ‐ gmp International architects and engineers, J.S.K. Architekcki Sp. z o. o, schlaich bergermann und partner 

Figura 2: BC Place  in Vancouver, Canada   Source: Stantec 

Figura 3: Summer Concert Hall in Batumi, Georgia   Source: Drei Architekten Stuttgart 

The growing functional requirements for the buildings of the future are challenges for architects and engineers alike. One  important aspect  in responding to these demands will be the adaptability of the building envelope. The possible solutions need to  take into  account  various  aspects,  including  the  required  energy  consumption,  the recyclability of all used materials and the financial investment. 

Retractable  roofs  for  sport  stadia  and multiuse  arenas  are  good  examples  for  the application of  adaptable  systems  and will  in many parts of  the world become more popular not only to keep up with the increasing comfort requirements but also to react on climatic changes cause by global warming effects. 

2 Concept for light‐weight retractable roofs  

The concept for light weight adaptable roofs can be characterized by: 

the use of low mass materials, mainly fabrics and membranes. 

the application of folding patterns to reduce the size of the roof from fully deployed to the  storage position. Typical  reduction  factors  in plan are  seen  in a  range  from 1/20 until 1/100. 

the structural concept being reduced to tension members and the application of pre‐stress in the structural members. 

the differentiation of driving technology and stressing technology. This is a key point in keeping  the mechanical  system  simple,  reliable  and  economical.  Long  distances  for travelling  require  small  forces,  whereas  short  stressing  lengths  require  significantly higher forces. 

3 Materials for folding membrane structures 

The  selection  of  the  best  suited material  for  an  application  where  the material  is subject to folding cycles is depending on the following main aspects: 

environmental conditions (indoor / outdoor / climate) 

loading conditions (wind / snow / rain / hail / temperature) 

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number of envisaged cycles within the lifespan of the material 

required protection level (water, wind, sun, temperature) 

As  per  the  current  knowledge,  the  most  suitable  fabrics  for  the  membranes  are materials made  from Polyester  (PES) or PTFE  fibres. PES  fibres need  to be protected from UV  light,  for which  the  state  of  the  art would  be  either  PVC  or  Silicone.  It  is important to mention that if PVC is used, it must be ensured that softeners are kept in the PVC to avoid embrittlement of the coating over time. Fluorpolymer coated woven PTFE can be used with and without PTFE coating. The latter is the water tight version of a highly translucent membrane with excellent self‐cleaning properties and good folding behaviour. For  the current projects, we have developed special  testing procedures to help us determine the long term performance of the materials in the actual application. 

 

4  Geometrical  arrangements  and  stressing  strategies  for  retractable membrane structures 

 

In general, a continuous membrane is only able to fold if, during the retraction process, the  distance  between  two  supporting  points will  never  be  bigger  than  in  the  final deployed geometry. Applying this rule results in some interesting findings: 

the membrane will be  retracted parallel, keeping  the distance between  the supports constant during the process. 

the  membrane  will  be  retracted  radial,  deploying  from  the  centre  to  the  outer boundary. 

In both cases, the rectangular (a) or triangular (b) shaped membrane bays are suitable for a  reasonable  introduction of prestress by  single point  stressing units. Aside  from the  exact  radial  arrangement,  the  possibilities  could  be  extended  if  the  primary structure, the membrane supporting structure,  is designed to change  its geometry as well. This allows panels shaped narrower in the deployed position than while in motion. 

For most of the application the prestress is introduced by hydraulic cylinders, which are force and distance  controlled.  In  special cases, where  the membrane  is of a  cushion shape, the pre‐stress is applied by internal air pressure. 

The  retraction  of  the membrane  in  its  parking  position  and  vice  versa  is  typically arranged by electrical winches and an endless actuation cable. This technology is fast, simple and strong enough to hand over the membrane to the hydraulic  jacks for final stressing.  Beside  the  actual  driving  systems,  the  roof  needs  to  be  equipped  with sensors for synchronisation and to avoid overstressing. 

 

5 Recent Case Studies  

5.1 Summer Concert Hall in Batumi/Georgia  

The Summer Concert Hall is located in the City of Natanebi/Batumi, approximately 250 km west of  the Georgian Capital of Tbilisi, near  the  coast  line of  the Black  Sea. The 

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auditorium has an oval shaped plan with main axes dimensions of 147 m x 105 m and a seating capacity  for 9000 persons on ascending circular stands. The 36 m wide stage provides  enough  space  for  all  national  and  international music  acts,  concerts  and theatre  performances.  The  stage  building  and  grandstands  are  covered  by  a  unique roof  structure with  a  perimeter  compression  ring  that  is  supported  by  24  regularly arrayed columns. The columns are inclined outward from the centre of the arena by an angle of 8 degrees. In order to brace the roof structure for the considerable horizontal forces  due  to  seismic  and  wind  loading,  bracings  are  aligned  in  a  continuous  way around  the  roof  to achieve a  significant architectural appearance as well as  to avoid high  local  horizontal  forces  at  the  bearing/foundation  structure.  To  provide  enough inclination for drainage, and also to create a more dynamic appearance of the building, the complete roof structure is inclined by 3°. 

Three different cladding concepts have been developed for the individual requirements of specific areas. The stage area is covered by a fixed metal cladding that is supported by a  steel  truss  system, providing  sufficient protection and support  for  the high‐tech light and sound systems. To comply with all requirements for an open air arena, yet to also protect the auditorium from wind, sun, and rain, the grandstand area is covered by a  7900 m2  retractable membrane  roof  that  spans  up  to  83 m.  To  emphasize  the outdoor atmosphere, the 5500 m2  facade consists of 168 rotatable  lamellas that can be adapted to the venues requirements.    

The primary structure for the retractable roof is formed by 29 radial aligned cables that span  between  the  compression  ring  and  a  circular  steel  girder  above  the  stage.  To provide  the  retractable membrane structure with sufficient geometrical stiffness,  the primary cables have an alternating vertical offset of 0,50 m at the compression ring. To create sufficient  inclination for drainage, the 15 alternating cables are vertically offset by 1,60 m at the membrane garage, leading to a significant folded membrane geometry with ridge and valley cables. The retraction process of the membrane is oriented along the direction of the radial aligned steel cables, where the garage for the membrane is situated at the circular steel truss above the stage. 

The  single  layer PVC coated Polyester membrane  is  situated below  the primary  steel cables. This placement allows for free folding during the retraction process along with a free  suspension  from  the  sliding  and  driving  carriages  in  the  garage,  keeping  the membrane  clear  of  the  structural  cables.  The  folded  membrane  geometry  creates tension forces in the sliding carriages of the ridge cable and compression forces on the sliding carriages of  the valley cable. To provide  stability  for  this compression  force, a new type of sliding carriage has been developed. First, the cylindrical shaped carriage consists  of  two  halves  that  are  mounted  together  on  the  cable.  Next,  within  the cylindrical  surface  Polyamide  sliding  pads  are  placed, which  provide  a  good  sliding performance on the fully  locked cables of the primary structure. The outer surface of the cylindrical carriage  is very smooth, allowing the  folded membrane to contact  it  if rotations about the compression cable occur. Therefore, the carriage  is self‐stabilizing for any eccentric  loads. The amount of connection points of the fabric to the primary structure was determined in order to avoid local ponding in the valleys and also to limit the membrane and belt stresses to an acceptable value.  

In plan the retraction process of the membrane runs radial to the geometrical centre of the supporting structure, resulting in a minimal distance of two adjacent cable axes in 

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plan at the garage. Since the primary cables are vertically offset at the garage and since the pre‐stress in the folded membrane creates a downward dip of the ridge cable and an upward dip of the valley cable, the smallest distance between two adjacent cables is no  longer  located  at  the  very  inner end of  the  radial  cables.  In  addition, during  the retraction process the valley cables are no longer subject to the upwards directed pre‐stress  of  the  membrane  as  in  the  deployed  condition.  The  combination  of  the described effects prevents a successful retraction process in some bays without further measures, because the minimal direct distance between two carriages on two adjacent cables  is  in  some  cases  smaller  than  the  direct  distance  between  two  cables  under dead  load during  retraction. Therefore,  in some of  the critical axes  the  length of  the supporting ridge cables is adapted during the retraction process via hydraulic cylinders, which are located in the membrane garage. Due to aesthetic reasons and to protect the membrane within the garage structure, hydraulic moving hatches are provided at the opening of  the garage. During  the driving process  they will be opened, while during storage and if the roof is closed, the hatches may be closed.    

Since  the  concert  hall  is  only  in  use  during  the  summer  season,  the  retractable membrane and driving technology is designed for wind and hail loads only. During the winter months the membrane needs to be stored and sealed in the garage.  

 

 Figura 4 ‐ Batumi Concert hall, section 

 

Figura 5: Batumi Concert hall, plain view 

 

  

Figura 6: Batumi Concert hall, analysis model 

Figures 4 to 6: Source: Schlaich bergermann und partner 

5.2   National Stadium Warsaw/Poland 

On  the earth wall of an ancient open air arena close  to  the city centre of Warsaw, a 55,000 seat multifunctional arena is being built and shall host the opening game of the 

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European Soccer Championship in 2011.  The grandstands are covered by a fixed roof, whereas a retractable roof above the green field allows for  it to be used as an  indoor arena during the winter season or bad weather conditions.   

54,000m² of PTFE coated glass fibre membrane supported by membrane arches cover the  seating  area  permanently.  A  10m  wide  glass  roof  clad  with  4000m²  heat strengthened glass forms the inner edge of the permanent roof and at the same time provides  the  overlap  between  the  permanent  roof  and  the  11,000m²  PVC‐Polyester fabric of the inner retractable roof. Altogether this leads to a covered surface of nearly 70,000m²  with  main  spans  of  280m  and  245m.  

Figure 7 ‐ National Stadium Warsaw, section 

 

 Figure 8 ‐ National Stadium Warsaw, plain view 

Figures 7 and 8: Source: Schlaich bergermann und partner

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Figure 9 ‐ National Stadium Warsaw, photograph of architectural model Source: Planungsgemeinschaft Nationalstadion Warschau ‐ gmp International architects and engineers, J.S.K. 

Architekcki Sp. z o. o, schlaich bergermann und partner 

 Figure 10 ‐ National Stadium Warsaw 

Source: Schlaich bergermann und partner

The structure is carried by a series of 72 columns founded around the bowl structure. A single  compression  ring  is  resting on  top of  the  columns  and  short‐cuts  the  tension forces of  the primary  cable  structure.  Spokes‐wheel  structures  in  general  can  follow two  basic  strategies:  either  one  compression  ring  and  two  tension  rings  kept  at  a distance by a series of flying masts or two compression rings in combination with one tension ring. Each will provide the required inclination of the two layers of radial cables that allow the structure to carry varying vertical  loads. As an answer to the high roof span and loads, the cable structure for the Warsaw National Stadium is a combination of  the  two  principles.  Subsequently  the  radial  cables  need  to  cross  each  other  and thereby  obtain  an  increased  inclination  leading  to  increased  stiffness  and  reduced 

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cable forces. Instead of an upper compression ring, the upper radial cables are secured by an  inclined strut and tie arrangement activating the  lower and single compression ring and  the  foundations. The outer  radial cables are connected  to  two  tension  rings roughly  following  the  inner edge of  the  seating area  in plain  view. A  series of  flying masts  keeps  the  two  tension  rings  at  a  distance  and  at  the  same  time  allows  the fixation of a 10m wide glass roof cantilevering towards the pitch. For the inner part of the  roof,  carrying  the  retractable  membrane,  the  lower  radial  cables  have  been concentrated  to only 4  sets of 3 cables, each arranged  in  the diagonals of  the green field. The retractable roof membrane itself is moving along a series of 60 upper radial cables  spanning  between  a  central  hub  and  the  upper  tension  ring.  This  leads  to  a minimum  number  of  structural  elements  protruding  into  the  inside  volume  of  the arena  and  provides  a  relatively  organized  bottom  view.  The  compression  member between  the  lower  and  upper  central  node  has  been  elongated  above  the  roof structure and put in scene as a widely visible central spire.  

Following  in principle the scheme of the retractable roof as described  for the Batumi summer concert hall, the National Stadium Warsaw has the additional requirement of winter usability. A comparably high inclination and pre‐stress level of the single layer of cables  is  chosen  in  order  to  limit  deflections  and  to  ensure  dewatering  of  the retractable membrane. At the same time the span of the membrane has been reduced. An  altering  arrangement  of  the  driving  carriages with  decreasing  distance  from  the centre to the outer edge provides a roughly constant density of supports for the total surface.  Instead of sliding carriages made of steel with sliding pads, the entire sliding carriage is made of Polyamide and assembled with a stainless steel clamp, reducing the weight of the components.  

5.3   BC Place Stadium in Vancouver/Canada 

After the Olympic Winter Games 2010  in Vancouver, the existing air‐supported dome arena has been replaced by an innovative new roof structure, meeting the demands of a  state‐of‐the‐art  sport  and  multi‐purpose  facility,  and  also  regaining  an  iconic architectural image for the city. 

The  loading  conditions  for  structures  in  British  Columbia  are  characterized  by extremely high snow loads as well as reasonable seismic loading. According to the local codes a ground snow  load of 1,75 kN/m² has  to be considered  for Vancouver. A self‐stabilizing lightweight roof structure has been designed to reduce the resulting support forces on the existing concrete bowl as much as possible. The new roof provides clear spans of 227 x 186 m and is designed to carry approximately 7000 tons of snow. Thirty‐six radial aligned cable trusses form the primary structure of the roof. Due to the high structural demands  the  lower and upper cables of  the  truss are  realized as a pair of cables. The cables are post tensioned between a central hub and 36 perimeter masts that rise 47,5 m above  the concrete structure. The offset moment about  the base of the existing concrete structure is balanced by a pair of horizontal forces, one acting in the elevated compression ring and the other  in a tension ring which  is  located at the base of the masts.   

 

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Figura 11 ‐ BC Place in Vancouver, section Source: Schlaich bergermann und partner

 Figure 12 ‐ BC Place in Vancouver 

Source: Stantec

The roof envelope is compromised out of three elements. All of them are connected to the  lower  set of  radial  cables. The outer,  fixed portion of  the  roof  is  covered with a PTFE  coated  glass  fibre  fabric,  tensioned  on  steel  arches  creating  double  curved membrane geometry. The second element forms the transition zone of the fixed outer roof and the retractable inner roof and is realized as a glass roof that is supported by a steel ring truss.  

The inner, retractable roof extends from the central hub to the glass roof perimeter. It can be opened in summer time to provide an open‐air atmosphere for various events. During  the winter or  for  special events  requiring  it,  the  inner  roof  is closed. With  its inflated sealing system at the glass roof edge, the retractable roof transforms the open stadium into a weather tight indoor arena. 

In contrast to the single  layer membrane concepts for the retractable roofs  in Batumi and  Warsaw,  the  inner  roof  in  Vancouver  is  created  by  pneumatically  stabilized 

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membrane  cushions  which  provide  sufficient  inclination  and  stiffness  to  prevent ponding and to  limit the membrane stresses even under severe snow conditions. For the 8500 m2 retractable roof a total of 36  inflated cells with an  individual volume of approximately  105  m3  are  suspended  from  the  primary  cable  structure.  For  the retraction process the individual cushions are first deflated and then folded and moved back to the central hub. 

In  the  radial axes  the adjacent  cushions are  connected and  supported by  two  radial Polyester  belts with  a  breaking  strength  of  540  kN  each,  forming  the  valleys  of  the deployed retractable roof structure. The radial belts are mechanically pre‐stressed by the hydraulic stressing units  located at the perimeter of the  inner roof.   The cushions are  made  out  of  Fluor‐polymer  coated  woven  PTFE  fabric  (TenaraTM)  with  a translucency of 40% each, maximizing the natural illumination of the interior.  

To  fully protect the  interior against wind and precipitation  in the deployed condition, an  inflated closure  is connected  to  the  lower membrane  layer,  forming a continuous seal between glass roof and inner roof. Using the same inflation pressure and chamber as  the  cushion,  the  closure  is  permanently  pressed  onto  the  smooth  surface  of  the glass roof. The patterning of the closure takes  into account the changing geometry of the  cushion.  An  internal  suspension mechanism  with  elastic  cords  lifts  the  closure during retraction to avoid a catching situation with the glass roof.    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

The inflation pressure of the inner cushions is adaptable to the permanent loading on the  roof  in  order  to  have  an  economic  but  also  sustainable  system.  The  standard inflation pressure under  typical daily  loading  is 500 Pa.  If  the  roof  is subject  to snow loads  the  inflation  pressure  will  be  increased  in  several  steps  up  to  2000  Pa.  The variation  of  the  inflation  pressure  is  controlled  by  the  roof  control  system  that evaluates the temperature and humidity conditions as well as the loading information on  the  roof. The  required  load  information  is  collected by 72 magnetic  load  sensors that are connected  to  the cable  truss hangers. The  inflation units, consisting of  fans, exhausters, filters and air dehumidifiers, are located within the membrane garage. For the  retraction process  the  cushions need  to be actively deflated. One of  the biggest 

Figure 13 ‐ BC Place in Vancouver, Full scale mockup,  folding and driving technology 

Source: Schlaich bergermann und partner 

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concerns for the retraction process of  inflatable cushions  is that the air volume  is not fully deflated prior to the moving process, or that air  inclusions are generated during the retraction process. Both effects would prevent a successful folding of the cushion to a minimal size. In order to fully remove air along the entire length of the chamber, a flexible,  perforated  tube  is  located  in  an  open membrane  pocket  connected  to  the upper membrane layer. The 70 mm diameter tube starts directly at the exhauster and runs all  the way  to  the outer  sealing. The performance of  this arrangement and  the folding ability of  the complete  inner  roof  including  the edge closure has been  tested and verified in a full scale mock‐up of 2 bays. 

The structural analysis of such projects is in general accomplished with the state of the art  finite  element  program  Sofistik,  for  the  physical  and  geometrical  linear  and  non linear finite element analysis. The important effects through large deflections according to  theory  of  higher  order  are  very  usual  in  systems with membrane  structures  and cables structures as part of the tensile structures with possible slackness of elements and are considered in the calculation model.  

 

6 Conclusion   

Since  large  cable‐supported  roof  structures  provide  structural  and  architectural advantages,  the  demand  of  solutions  with  integrated  retractable  roof  elements  is increasing. The combination of cable structures and membrane material for protection against all weather conditions is the first choice for light‐weight tension structures. The three presented examples are specific answers  to  the  individual boundary conditions given.  To  comply  with  the  geometrical  boundary  conditions  in  case  of  the  Batumi concert  hall  the  length  of  the  cables  is  modified  during  the  retraction  process. Extremely high  snow  loads  in Vancouver  required  a pneumatic  stabilized  retractable roof  and  related  solutions  with  regards  to  inflation  and  especially  deflation  for retraction. With the requirement to move along a single layer of cables spanning up to 70m without stabilization and winter use, the retractable roof for the Warsaw National Stadium is a milestone for single layer retractable roofs.