Catira

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Araçatuba Talita Rustichelli [email protected] A catira é uma dança fol- clórica brasileira, cujo ritmo é marcado pela batida das mãos e pés dos dan- çarinos, que são acompanhados por violeiros. Os catireiros são organizados em duas fileiras opostas, ficando frente a frente, e vão se intercalando conforme vão desenvolvendo os passos. Os pulos e as batidas de pés e mãos se alternam com a canto- ria dos músicos. É encontrada principalmente no Mato Gros- so, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e algumas regiões de São Paulo. A fim de preservar essa ver- tente da cultura caipira, a Secre- taria de Educação de Araçatuba mobiliza-se junto ao Centro de Tradições Culturais e à Secreta- ria de Cultura da cidade para ensinar catira a crianças de 7 a 10 anos da rede municipal de ensino. O projeto teve início a partir das ações das Secretarias de Cul- tura e Educação da cidade para incentivar a formação de novos catireiros, o que resultou no gru- po "Novos Araçás", que tem a participação de professores de Educação Física e de Artes e de pessoas da comunidade araçatu- bense. Formado em 2009, o gru- po conta com dois dos remanes- centes do antigo grupo: João Teo- doro Liario, 78, que foi o respon- sável por ensinar a dança aos ou- tros integrantes, e Pedro Quinta- na, 63. PERPETUAÇÃO De acordo com a coordena- dora do projeto e presidente do Centro de Tradições Culturais, Cláudia Colli, dez professores aprenderam a catira e repassam o conhecimento aos alunos. "Al- guns professores não fazem par- te do grupo 'Novos Araçás', mas dão continuidade ao pro- cesso de conservação desta tra- dição ensinando as crianças", explica. "Precisamos preservar a nos- sa cultura caipira, a cultura tro- peira dos nossos antepassados. Faz parte de nossa raiz e identida- de", diz. Segundo ela, hoje cerca de 40 crianças de 4 escolas muni- cipais participam do projeto, que teve início há cerca de 2 meses. "A intenção é integrar mais esco- las, mas isso depende do interes- se dos diretores e professores de cada uma delas. Pretendemos agregar mais 4 escolas no próxi- mo semestre", afirma. GERAÇÕES Para o catireiro João Teodo- ro Liario, o trabalho com as crian- ças está obtendo um ótimo resul- tado. "A criançada está animada e aprendendo. Já não havia mais muitos representantes da catira em nossa região, então o projeto está sendo muito importante pa- ra que esta nossa dança não aca- be", afirma. Ele conta que viveu no meio da dança e da música serta- neja. "Meu pai era catireiro e violeiro e eu também sou. Des- de pequeno, eu participava das festas nas fazendas dos meus tios, onde as pessoas se reuniam para cantar modas de viola e dançar a catira", diz. De acordo com a professo- ra de Educação Física Fernanda Valerde Martin, que ensina a ca- tira a crianças de sete anos da Emeb (Escola Municipal de Edu- cação Básica) "Maria de Freitas Souza", os pequenos participan- tes estão se interessando cada vez mais. "No início, percebi que a maioria dos alunos nunca tinha visto nem ouvido falar de catira. Hoje, muitos querem par- ticipar", afirma. APRENDIZADO Fernanda diz que, além da preservação da tradição, o proje- to ainda auxilia no desenvolvi- mento infantil. "Com a dança podemos trabalhar a coordena- ção motora, a expressão corpo- ral e a concentração dessas crianças. Além disso, elas não têm vergonha, o que facilita o aprendizado", diz. TRADIÇÃO O resgate da Desde sua estreia, em 2009, o grupo de catira "No- vos Araçás" realizou diversas apresentações no interior de São Paulo. As próximas serão no Festival do Folclore de Olímpia, que acontece de 23 a 31 de julho, e na Festa do Peão de Boiadeiro de Barre- tos, entre 18 a 28 de agosto. Segundo Cláudia Colli, o projeto cresceu bastante e o grupo tem recebido vários convites para apresentações. "É a segunda vez que o 'Novos Araçás' participa da Festa do Peão de Barretos, e já se apresentou também em Queimas do Alho em Araça- tuba e região, e em shows de cantores como Sérgio Reis, João Carreiro e Capataz e Hugo e Tiago", conta. "Acredito que ainda te- remos mais convites, tanto para este grupo como para os grupos das crianças que estão aprendendo com o no- vo projeto. Em Barretos tam- bém estamos avaliando con- dições para levarmos as crian- ças", afirma. AGENDA Interessados em agen- dar apresentações ou em ob- ter mais informações sobre o projeto em geral, devem pro- curar por Cláudia na Secreta- ria Municipal de Educação, pelo telefone (18) 3636-1223.TR Dança folclórica que faz parte da identidade brasileira é repassada a crianças com idades entre 7 e 10 anos para preservar esta vertente da cultura caipira Grupo ‘Novos Araçás’ vai se apresentar em Olímpia e na Festa do Peão de Barretos Paulo Gonçalves/Folha da Região - 22/06/2011 catira FOLCLORE Crianças se apresentam em escola ao som da viola C1 Araçatuba, domingo, 26 de junho de 2011

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Araçatuba

Talita Rustichelli

[email protected]

Acatira é uma dança fol-clórica brasileira, cujoritmo é marcado pela

batida das mãos e pés dos dan-çarinos, que são acompanhadospor violeiros. Os catireiros sãoorganizados em duas fileirasopostas, ficando frente a frente,e vão se intercalando conformevão desenvolvendo os passos.Os pulos e as batidas de pés emãos se alternam com a canto-ria dos músicos. É encontradaprincipalmente no Mato Gros-so, Mato Grosso do Sul, Paraná,Minas Gerais, Goiás e algumasregiões de São Paulo.

A fim de preservar essa ver-tente da cultura caipira, a Secre-taria de Educação de Araçatubamobiliza-se junto ao Centro deTradições Culturais e à Secreta-ria de Cultura da cidade paraensinar catira a crianças de 7 a10 anos da rede municipal deensino.

O projeto teve início a partirdas ações das Secretarias de Cul-tura e Educação da cidade paraincentivar a formação de novoscatireiros, o que resultou no gru-po "Novos Araçás", que tem aparticipação de professores deEducação Física e de Artes e depessoas da comunidade araçatu-bense. Formado em 2009, o gru-po conta com dois dos remanes-centes do antigo grupo: João Teo-doro Liario, 78, que foi o respon-sável por ensinar a dança aos ou-tros integrantes, e Pedro Quinta-na, 63.

PERPETUAÇÃODe acordo com a coordena-

dora do projeto e presidente doCentro de Tradições Culturais,Cláudia Colli, dez professoresaprenderam a catira e repassamo conhecimento aos alunos. "Al-guns professores não fazem par-te do grupo 'Novos Araçás',mas dão continuidade ao pro-cesso de conservação desta tra-dição ensinando as crianças",explica.

"Precisamos preservar a nos-sa cultura caipira, a cultura tro-peira dos nossos antepassados.Faz parte de nossa raiz e identida-de", diz. Segundo ela, hoje cercade 40 crianças de 4 escolas muni-cipais participam do projeto, queteve início há cerca de 2 meses."A intenção é integrar mais esco-las, mas isso depende do interes-se dos diretores e professores decada uma delas. Pretendemosagregar mais 4 escolas no próxi-mo semestre", afirma.

GERAÇÕESPara o catireiro João Teodo-

ro Liario, o trabalho com as crian-ças está obtendo um ótimo resul-tado. "A criançada está animadae aprendendo. Já não havia maismuitos representantes da catiraem nossa região, então o projetoestá sendo muito importante pa-ra que esta nossa dança não aca-be", afirma.

Ele conta que viveu nomeio da dança e da música serta-neja. "Meu pai era catireiro evioleiro e eu também sou. Des-de pequeno, eu participava dasfestas nas fazendas dos meustios, onde as pessoas se reuniampara cantar modas de viola edançar a catira", diz.

De acordo com a professo-ra de Educação Física FernandaValerde Martin, que ensina a ca-tira a crianças de sete anos daEmeb (Escola Municipal de Edu-cação Básica) "Maria de FreitasSouza", os pequenos participan-tes estão se interessando cadavez mais. "No início, percebique a maioria dos alunos nuncatinha visto nem ouvido falar decatira. Hoje, muitos querem par-ticipar", afirma.

APRENDIZADOFernanda diz que, além da

preservação da tradição, o proje-to ainda auxilia no desenvolvi-mento infantil. "Com a dançapodemos trabalhar a coordena-ção motora, a expressão corpo-ral e a concentração dessascrianças. Além disso, elas nãotêm vergonha, o que facilita oaprendizado", diz.

TRADIÇÃO

O resgate da

Desde sua estreia, em2009, o grupo de catira "No-vos Araçás" realizou diversasapresentações no interior deSão Paulo. As próximas serãono Festival do Folclore deOlímpia, que acontece de 23a 31 de julho, e na Festa doPeão de Boiadeiro de Barre-tos, entre 18 a 28 de agosto.

Segundo Cláudia Colli,o projeto cresceu bastante eo grupo tem recebido váriosconvites para apresentações."É a segunda vez que o'Novos Araçás' participa daFesta do Peão de Barretos, ejá se apresentou também em

Queimas do Alho em Araça-tuba e região, e em showsde cantores como Sérgio

Reis, João Carreiro e Capataze Hugo e Tiago", conta.

"Acredito que ainda te-

remos mais convites, tantopara este grupo como paraos grupos das crianças queestão aprendendo com o no-vo projeto. Em Barretos tam-bém estamos avaliando con-dições para levarmos as crian-ças", afirma.

AGENDAInteressados em agen-

dar apresentações ou em ob-ter mais informações sobre oprojeto em geral, devem pro-curar por Cláudia na Secreta-ria Municipal de Educação,p e l o t e l e f o n e ( 1 8 )3636-1223.TR

Dança folclórica que faz parte da identidade brasileira é repassada a crianças comidades entre 7 e 10 anos para preservar esta vertente da cultura caipira

Grupo ‘Novos Araçás’ vai se apresentar emOlímpia e na Festa do Peão de Barretos

Paulo Gonçalves/Folha da Região - 22/06/2011

catira

FOLCLORE Crianças se apresentam em escola ao som da viola

C1 Araçatuba, domingo, 26 de junho de 2011