Catecismo Maior

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CLAUDIA REGINA CONDELLO CANDIDO DE OLIVEIRA KLUCK ANÁLISE A RESPEITO DA FÉ COM BASE NO CATECISMO MAIOR DE MARTINHO LUTERO

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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN

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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN

CLAUDIA REGINA CONDELLO CANDIDO DE OLIVEIRA KLUCKANLISE A RESPEITO DA F

COM BASE NO CATECISMO MAIOR DE MARTINHO LUTERO

CURITIBA

2013

CLAUDIA REGINA CONDELLO CANDIDO DE OLIVEIRA KLUCK

ANLISE A RESPEITO DA F

COM BASE NO CATECISMO MAIOR DE MARTINHO LUTERO

Trabalho Acadmico apresentado ao Curso de Ps-Graduao em Teologia, da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, solicitado no Seminrio Revelao e F: Elementos Fundamentais e Perspectivas da Antropologia de Martinho Lutero.

Orientador: Prof. Dr. Lubomir ZakCURITIBA

2013ANLISE A RESPEITO DA F

COM BASE NO CATECISMO MAIOR DE MARTINHO LUTERO

A Palavra de Deus ou Escrituras Sagradas, que compreendem o Velho e o Novo Testamentos, so a Palavra de Deus, no Catecismo Maior colocados como a nica regra de f e prtica( II Tm 3. 15- 17; II Pe 1. 19- 21; Is 8. 20; Lc 16. 29, 31; Gl 1. 8, 9).

A partir destes textos, percebe-se que so trs mximas fundamentais da f evanglica reformada, a saber:

as Escrituras, Velho e Novo Testamentos, so a Palavra de Deus;

as Escrituras a nica regra de f;

as Escrituras a nica norma de conduta.

Regra de F

Para as igrejas reformadas, as Escrituras so a nica autoridade em assuntos de f e de moral, ou como afirma o Catecismo Maior Sola Scriptura.

H uma crena no Deus que elas, as Escrituras, revelam e que por meio delas se revela. Acredita-se que Deus nelas fala aos homens. Crem no Verbo, Jesus Cristo, o locutor e revelador do Pai conforme apresentado por meio das Escrituras e ainda no Esprito Santo, o inspirador e mestre das Escrituras.

Nada alm, acima e fora da Bblia passvel de crer. Ele a fonte das doutrinas, da f confessional, dos sacramentos, da liturgia, da disciplina, do ministrio.

O Carisma da F.

De acordo com o Catecismo Maior a f, que atrai para Deus e impulsiona para o testemunho, estabelece vnculos espirituais permanentes e indissolveis entre Criador e criatura, entre Salvador e pecador.

Ela, propiciada exclusivamente pelo Esprito Santo sustentada pela graa em ao naquele que busca a Deus, assegura-lhe a certeza de estar e permanecer em Deus e confirma diuturnamente a inabalvel convico de que a luta de hoje, contra as foras do mal, ter vitria garantida no futuro, ou em linguagem bblica na consumao dos sculos.

O triunfo final e a glorificao Daquele que vencer (Apocalipse 2), porm, so concesses divinas, conforme o beneplcito eletivo do supremo Redentor, em nada dependendo do redimido: Porque pela graa sois salvos, mediante a f; e isto no vem de vs, dom de Deus; no de obras, para que ningum se glorie(Ef 2. 8,9).

A f, se for opo e efetivao de modo puramente racional, no suficiente para gerar condies de merecimento para vida eterna. E nada que o homem faa, de acordo com o Catecismo maior, sejam virtudes piedosas, mritos obtidos pelo exerccio da caridade e justia no so suficientes para a conquista da salvao, to somente o sacrifcio de Jesus, o Nazareno podem salvar pois sem derramamento de sangue no h remissodos pecados (Hb 9:22).

Assim a f, que no entendimento de Tiago visvel e atuante, traduzida tambm pelas obras que se faz, afinal as demonstraes externas da f, e logo da transformao da mente, so frutos sociais, morais e espirituais.

A f, dom de Deus, e o amor, resultado da presena Dele em cada pessoa, ao fundir-se no interior do crente, se multiplicam em frutos de justia, de forma abundante, apenas e to somente para a glria de Deus.

Os feitos cristos, as boas obras, so resultado direto de uma pessoa preenchida por um amor sobrenatural, tendo em vista que a inclinao natural seria sempre a maldade, cujos frutos somente so legtimos se inspirados e levados a concretizao atravs da Graa Divina no Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte e Prncipe da Paz.

De acordo com Lutero em seus ensinamentos, os cristo recebem a salvao para servir, e no o contrrio, e se entende que pelos frutos ser possvel conhecer a rvore, que os produz e qualifica, o que confirma o texto bblico de Joo 15:16 em que Jesus diz "Eu vos designei para que vades e deis muito fruto e o vosso fruto permanea".

De acordo com esse pensamento importante ter vida com sentido e no ociosa, com frutos bons e abundantes, de qualidade, que seja nutritivo e permanente e na estao prpria, pois "o fruto do justo rvore da vida e o que ganha almas sbio " Provrbios 11:30O cristo de f, de acordo com Lutero, tem regenerao que produz bons frutos e no com objetivo de receber recompensas como prmio sua bondade. A regenerao, ou metania, so percebidas por uma vida de qualidade moral elevada, pela busca da santificao e completa submisso ao Salvador e s a Ele atravs da Sua Palavra.

A Manifestao da Graa

Conceito chave na Teologia Luterana importante refletir sobre a Manifestao da Graa de Deus.

Ela manifestada no segundo pacto em que Ele livremente prove e oferece aos pecadores um Mediador (I Tm 2.5) e, por meio Dele, a vida e a salvao(I Jo 5. 11,12).

A graa exige f como condio de interess-los Nele (Jo 3. 16; Jo 1.12; Jo 3. 36) promete e d o Esprito Santo a todos os seus eleitos, para neles operar essa f, com todas as mais graas salvadoras (Jo 1. 12,13; Jo 3. 5,6,8; Gl 5.22,23),

Tambm se depende da graa para os habilitar a praticar toda a santa obedincia (Ez 36.27), como evidncia da sinceridade da sua f (Tg 2.18,22) e gratido para com Deus (II Co 5. 14,15) e como o caminho que Deus lhes designou para a salvao(Ef 2.10; Tt 2. 14; Tt 3.8).

colocado como assunto a ser refletido quanto a confuso entre ser necessrio ter f para merecer a graa. Porm os textos de Lutero explicitam que graa merecida deixa de ser graa. Nenhum pecador possui, ou tem poder para possuir, qualquer virtude que lhe d direito ao perdo e redeno.

A graa favor imerecido e absolutamente incondicional: Cristo morreu pelos pecadores no meio dos quais no havia e no h sequer um justo. O pacto da redeno em Cristo Jesus, portanto, reveste-se de irrestrita unilateralidade: Deus na pessoa do Filho divino-humano.

A F em Jesus, o Cristo.

De acordo com o Catecismo Maior a F o ato de entrega total a Jesus Cristo para que ele seja Senhor absoluto de nossa vida. Pela f as pessoas escolhem se colocarem na posio de escravos do Filho de Deus, ou melhor, completamente rendidos ao seu Senhorio.

queles que colocam Jesus, o Cristo, como Senhor e o confessam publicamente aceitando assim seu sacrifcio de cruz, podem ser comparados criana que de um lugar alto se lana nos braos de seu pai na certeza que ser sustentado em meio queda e assim ser salvo, e isso vem exclusivamente pela ao do Esprito Santo.

Essa f no classificada, nem ao menos como racional ou irracional, instintiva ou cega, pois ato e fato totalmente espiritual, de conhecimento revelado e entendimento inspirado por Deus, sendo apreendida pelo esprito humano, ocasionando a ao deste na mente da pessoa que se rende tornando-se prxima mente de Cristo que se revela atravs da Palavra.

Essa conformao da mente, paulatinamente mais prxima a de Cristo, redimensiona, aprofunda e amplia a vida espiritual e a cognio de todas coisas, de Deus especialmente pois as coisas espirituais se discerne espiritualmente conforme I Corntios 2:13-14:

as quais tambm falamos, no com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Esprito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural no aceita as coisas do Esprito de Deus, porque para ele so loucura; e no pode entend-las, porque elas se discernem espiritualmente.

Portanto o mistrio dessa f no pode ser avaliado pela razo comum, mas pela razo que controlada pelo Esprito discerne as coisas espiritualmente.

Na verdade, pela f, dom de Deus, o redimido penetra o transcendente at onde lhe permitido e proveitoso, conforme ensina Lutero. Sua mente afina-se com a de seu Salvador e Senhor, estabelecendo um dilogo interior entre o remido finito e o Remidor infinito.

S a f, e atravs dela exclusivamente, criada a condio para que as pessoas possam interagir espiritualmente com o Salvador.

Em suma, de acordo com a Teologia de Martinho Lutero expressa em seu Catecismo Maior, o Arrependimento e a F, as formas que Deus definiu para que a maravilhosa graa alcance o pecador, riscando a cdula, ou o instrumento legal que pesava sobre ele.

Tudo, porm, se realiza em e por meio de Cristo Jesus, a Semente eleita, o Homem perfeito, obediente, cumpridor da lei, Cordeiro vicrio.

LUTERO, Martinho. Catecismo Maior. In: IGREJA EVANGLICA LUTERANA. Livro de Concrdia. So Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concrdia.