Catarse - Fanzine - São João del Rey MG

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Fanzine editado em São João del Rey MG - Comportamento- Cena Local

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catarse

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C a t a r s e Purificaçãopessoal.Caoscria-tivo.Éoprovocaremoutrapessoa,deformacontrolada,odespertardesuasemoçõescontidas.Liber-tação.Issooqueanossarevistabusca:provocarnovasemoçõesnoleitoraomostrarasmaisvariadasmanifestaçõesculturais.PassamosdesdeoscurtasestudantisemumadasmaioresMostrasdeCinemadopaís,atéocenáriomusicalindepen-dentenaregiãodasVertentes,alémdemostrarabelezadascrônicasepoesiasautorais.Queremosmostrarqueemtodamanifestaçãoexistecultura,ondenadaéerradooufeio,apenasdiferente,assimcomoanossarevista.Libertemosnossasemoções,libertemosnossacultura!Catarse!

Expediente:

Editora GeralAna Martins

Editora de ArteAna Martins

Repórteres

Alícia Fernandes VieiraAna Beatriz Peres

Fernando Dias

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de rua

COMO ANDA A SITUACAO DOS ARTISTAS DE SAO JOAO DEL-REI?ENTREVISTA COM:FREDERICO CAMPOS

/CIFRAS NO

VARAL

MÚ SICA

O cenário independen-te de São Joãodel Rei tem cresci-do muito nos últimos anos. Todavia,o espaço dado às bandas locaisainda não conseguiu acompanharessecrescimento.Existeumagrandedificuldade por parte das bandasemconseguirumbom localparaseapresentar,oque fazcomqueelasdependamdascalouradasuniversi-tárias,ede realizar showsemoutrascidadesdaregião,ondeoespaçoeascondições sãomelhoresartisti-camente.ÉumpoucodoquecontaFredericoCampos,membrodasban-dasCifrasnoVaraleRisoflora.

Catarse: Como surgiu a ideia da Cifras no Varal?Fred: Abandajáéantiga,começoucomtodomundoadolescentelápra2006ou2007.Naverdadeeu

nãoparticipeidosurgimentodabanda.Maselaeraformadaporamigosquefaziammúsicaequesejuntaramprafazeroquegostavam.Apartirdaíabandafoipassandopordiversastransformações,desdeamudançadeintegrantesatéamúsicaqueagentetocava.Dess-esseteanospracáelacontinuamudando.Saímosdopoprockpracomeçaratocarmúsicanacional,alémdasnossasmúsicasprópriastambém.

C: De onde são os integrantes do grupo?F: AbandatemintegrantesdeSãoPaulo,Campinas,deBarbacena,alémdosquemoramaquiemSãoJoãodelRei.

C: Em relação aos shows, vocês se apresentam bastante? Existe algu-ma época que vocês não fazem nenhum show e outra em que fazem muitos? F: Issodenãofazernenhumshowacontecebastante.Omelhor

períodoemaisfácildetocarénocomeçodoperíodoletivodauniversidade,nascalouradas.Atéporqueaquinacidadenãoex-istemuitaboateoulugarprafazershow.Atéexistemalgumasroçasdeamigos,masencontraralgumlugarprasbandasnacidadeédifícil.

C: Alguns lugares da cidade fecharam, principalmente por con-ta da burocracia de se conseguir um alvará, e isso dificulta ainda mais as apresentações. Você pen-sa em alguma solução que resolve-ria esse problema?F:AquiemSãoJoãoexisteogrupoManicômicos,quequerresgataraartetantopracidadequantoprauniversidade.Eufaçopartedeumaoutrabanda,aRisoflora.Elaébemmaior,eacabafazendomaisbarul-ho.Nãoexistenemestruturanos

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barespraumabandacomessascondições.AiagenteacabouconseguindotocarnoManicômicos.Fizeramumasuperdecoração,opessoalpagoucouvert,eessafoiumadasmelhorestentativasprafazeropessoalcurtirevalorizaraarte.EsseéumdospoucosespaçosdaquideSãoJoãoqueeucon-heçoquetemfeitoessetrabalho.

C: Onde vocês costumam a tocar aqui? Em república, festa, bar?F:Geralmentenasrepúblicas,masagentetambémtemtocadobastantenumbarculturaldaquidacidade,oBRICS.EmSãoJoãodelReiédifícildeacharumbomlugarpratocar.ComaRisofloraagentetocamaisemLavras.EcomoCifrasnoVaralagenteacabatocandomaisemCaxambu,queéaterradamaioriadopessoaldabanda.UltimamenteagentetemtentadotocaremBeloHorizonte,játocamoslánumafestauniversitária.

"EU FACO PARTE DE UMA OUTRA BANDA, A RI-SOFLORA. ELA E BEM MAIOR E ACABA FAZENDO MAIS BARULHO. NAO EXISTE NEM ESTRUTURA NOS BARES PRA UMA BANDA COM ESSAS CONDICOES."

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CONFIRA MAIS DO CIFRASNOVARALEM:

www.facebook.com/cifras-novaral

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cifrasnovaral

Fotografia:Reprodução/CifrasnoVaral

Fotografia:Reprodução/CifrasnoVaral

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MostraSobre a

As belezas da 17 Mostra de Tiradentes, por Alícia Fernandes

Vieira

Pessoas vão chegando detodo canto e de todo jeito. Tira-dentes, habitualmente uma cidadepara poucos, se transforma emcoraçãodemãe,cabetodomundo. A mistura de gostos, so-taques, idades, cheirosecoreséoresultadodeumprojetogenialmentepensado para todos. Todos quegostamdecinema,boamúsica,bomlugar. Quemvemdelongeasvez-es chega sozinho, mas nuncaparteda mesma forma, é uma matemáti-caboa.Emnovediasdepuraartequem vive a mostra soma amigos,aprendizados, conhecimento. Comotoda matemática também subtrai:dúvidas,incertezaseumacanetaououtraporaí. NouniversoMostradecine-manãofaltamasmesasdebar.Ah,quanta coisa acontece em umamesadebar!Ideiasparaaquela

oficinadedocumentário,soluçãoparaaqueledesentendimentocomogerentedapousada,ligaçõesanimadasparaoamigoquenãoconseguiudispensadoestágioparaparticipar.Dasombrafrescadeumamesadebarnapraçadacidadeborbulhamboasideiaseboasconversas.Emmeioatantagenterespirandocinema,muitasout-rascoisasacontecem.Apluralidadeéosegredo. Depoisdosprimeirossorrisostímidos,apresentaçõesedesco-bertas,canetaepapelparatornarpalpáveisasideiasdequemchegadetodocanto.Câmeranamãoedisposiçãonospés.Começamasurgiroscurtas,longasedocu-mentáriospensadoseproduzidosnocenáriomágicoqueéTiradentes.Parecefácil,tudoconspiraafavor!Aspessoas,osolhares,acidade,osdiasdesoleasnoitesembaladas

pormuitacervejageladaeboaprosa. Algunsdiassepassameaeuforiadoqueénovidadeaindapulsaportodaesquina.Gentejásefoiegenteaindachega.Amaiorvitrinedaproduçãoindependentetemquehonrarotítuloquelhefoidadoe,depoisde17edições,des-pertaralgonovonasveiasdequemcorreaspedrastiradentinas. Oritmonãodiminui,tampou-coossorrisoseaideias.Amágicadacidadecomnomedeheróiearesdemocinha,somadaascoresdamostradecinemaeàalmadequemseenvolveporelanãoteriaoutroresultadosenãoosucesso. Ocansaçoparecenãoche-gar,masofimdaediçãode2014sim.Tudovaleuapenaeagoraoqueestaéesperarosolsepor,pegaraestrada,voltarpracasacomgostinhodemágicanaboca.

CINEMA

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Poesia de rua

“É que nossas desconversas,Esses olhares demitidos,

O demônio do medoE essa afeição por gatos

Guiam-nos pra além marGuiam-nos pra além bar.”

“Poema sobre as lembranças do porvir”Bárbara Pereira

}{ Giulia, Bárbara e Fernandopoderiamserexecutivos,empresáriosoucomerciantes.Massãopoetas! Escrevem suas poesias naRepública Deus Dará formada porestudantesdeHistóriaeFilosofiadaUniversidade Federal de São Joãodel Rei.O Fernandoé um “agrega-do”quepassaumabrevetempora-danarepública. Semanalmente o ritual serepete.Ainspiraçãodáviaapoesia,deitanopapelofício,escritaemca-netaazuloupretacomseustraçõesreforçadosparaoxeroxficarlegível. Geralmente acompanha apoesiaumdesenhoabstrato,mornoedeumacorsó.Desenhoquefazvalerapoesia,quecomplementa

aquilocontidonaspalavras. Énoxeroxdarodoviáriadacidade que elas se multiplicam, areproduçãopermiteaosjovensestu-dantes trocar,gentilmente, suapoe-siaporumamoedinha. E caminham em direção aosinal.Deparamcomvidrosfechados,sorrisos e alguns nãos durante ospoucossegundosquelherestamnosinal fechado. Comemoram a cadamoedaconquistada.Algunschegama ser gentis oferecendo até cincoreais. Com 40 ou 50 cópias elescaminhamdecarroemcarro,ônibus,caminhonetes em busca de trocarsua poesia por uma moedinha. Le-vandoaexperiênciadaleituraao

motorista que muitas vezes vem desua rotinhaexaustivade trabalhoedeparacomaartenosinaldetrân-sito. E em pouco mais de umahora, o serviço foi feito. Muito maisqueviverdesuaspoesias,ospoetasde trânsito sentem-seorgulhososemdistribuirsuaartedeformamaispop-ular possível. Trocando sua poesiaporumamoedinhadescobriramqueatravés da troca sem estipulaçãoentre as partes, a poesia vale maisdoqueumlivro.

Paulo José Carvalho

LITERATURA

Fotografia:ClaraVarginha

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das profundezas

daalma

Alma. Essa é a essência de to-dos os espaços do trabalho do jovem fotógrafo Marlon de Pau-la. Aos 20 anos, o menino que saiu de Timóteo para estudar Comunicação Social na Univer-sidade Federal de São João del Rei busca “dar asas ao surre-al e fugir definitivamente das possibilidades do real”.

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das profundezas

daalma

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A cenaaudiovi-sual são joanense está crescendo,poisexistempessoasqueacreditamnela. São jovens da faculdade edaprópriacidadequeestão indoatrásdoquequerem,gerandofrutosqueacrescentamnocenárioprofis-sional de cada um e da própriaregião. Porvirdeumacidadeondea cultura não se fazia muito pre-sentenavidadaspessoas,ojovemsemostraencantadocomSãoJoãodel Rei e acredita que a cidadepossuiuma“auraatrativa”,alémdeencontrar diversas manifestaçõesculturais acontecendo na regiãonosúltimosanos. O rapaz aproveita decertos momentos para fotografar.Quando sentealgo, é na fotogra-fia que encontra sua fuga e liber-dade, a calmaria que o ajuda anãoenlouquecer.A fotografiaestápresentenasuaalma,ehoje,MarlondePaulasefazpresentenouniversofotográficoqueinspiratantasoutraspessoas.‘ Confira a entrevista na ín-tegra:

Catarse: Quando e como você conheceu a fotografia?Marlon:Conheciafotografiahátrêsanos,quandoumcolegaapaixonadoporfotografiaapre-sentavaseustrabalhosparaturma,acheitudoaquiloesteticamentebonito,masdeinícionãomedes-pertoutantointeresse.Eudigoquenãoestavapreparadaparaelaeporsuavez,nãotinhaconsciêncianenhumaparasuautilização.Aindaestavasendogestado.

C: Quem são os fotógrafos que te inspiram?M: SilviaGrav,RuzzaLage,CecíliaSantos,SebastiãoSalgado,AlisonScarpulla.

C: As suas fotografias já são planejadas, ou surgem com o momento?M: Existeumdilemainerenteemminhasfotografias,quandoreal-izoumclique,estouemestadodefugadoconsciente,buscootranse.Estabeleçocomolugarumaconexão.Procurotranscendermeuestado.Massempreprocuroalgocríticoepolítico(algoqueinvo-quearacionalidadecomoalgomatricial,quevemdoútero),comodizSebastiãoSalgado:“Vocênãofotografacomsuamáquina.Vocêfotografacomtodasuacultura”.Euacreditomuitonisto.Opapelpolíticodafotografia.Comodigo:“darasasaomeuinconscienteémelibertardemimmesmo,dostraumasetristezasqueafugentammeuespírito”.

C: Como você enxerga a sua maneira de editar as fotos?M:Darasasaosurrealefugirde-finitivamentedaspossibilidadesdoreal,quetantooprime.

C: Cada foto sua tem um pouco da sua alma e essência, é isso o que busca passar?M: Quandoconsigoistoéótimo,apesardemeentristecermuitoquandoosentimentodaminhaimagemganhasentidoapenaspelaestéticaoupelaforma.Nãosouminimalista,nãoqueroqueaformaexpliquesozinhaoquepenso.A

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formapelaformanão.Todafo-tografiapossuiumcontextoeistofazcomqueomilagreaconteça,aalmadafotografiaestánisto.

C: Acredita que a fotogra-fia não seja feita apenas pelo olhar, mas também pela alma?M: SilviaGrav,umadasminhasfotógrafaspossuiumafrasequedizmuitosobremim:“Eldoloreselmotormásinsanoyproductivoqueconosco”.Fotografoquandosintoalgo,istomeajudasuperar.Istomefaztornarumserhumanomaislivre.

Dificilmentefotografoquandoestounoleveetãobreveestadodefelicidade.Nietzschepossuiumafrasequetambémmemarcamuito:“Aarteexisteparaqueaverdadenãonósdestrua”.Minhafotografiaéaminhasobrevivência.Semelaeufujototalmenteparapsicose,meenlouqueço.Minhaarteéisto,eesperoqueaspessoasacreditemnisto. C: O que você acha do cenário audiovisual de São João del Rei? Precisa melhorar alguma coisa?

M:AchoqueoaudiovisualdeSãoJoãocaminhaembonspassos.Aspessoasacreditammuitonoquefazemaquieistoéprimordial.Te-mosdentrodocursodejornalismooAndréNeves,ThiagoMorandi,oColetivoSemEiraNemBeira,oLéoRigottoeoutrostantosnomesqueprocuramsemexereextrairleitedepedraparafomentareproduziraudiovisualnacidade.Euacreditomuitoneles.Eosfrutosestãoche-gando.

C: Você acha que a cultura da

M: Libertação.Semmais.

C: Você faz jornalismo, pretende seguir algo nessa área? Quais seus próximos planos artísti-cos?M: Então,tenhováriosprojetosparaesteano,entreelesenvolvemmuitooaudiovisual.Pretendoroteirizarumdocumentário,criarumensaio,quetemacentralseráadistorçãodaexperiênciahumana,começareiafazerdoexistencialis-mominhabandeira.

região é forte o suficiente para im-pactar a vida das pessoas daqui?M: Sim,SãoJoãoéumacidademística,algunsfalammaldealgunsaspectos,masdealgumaforma,acidadetemumaauraatrativa.Estouenfeitiçadoporela.Nuncavitantascoisasculturaisaconte-cendoemtãopoucotempo,euagradeçoporestaraqui.Naminhacidadenãotinhaisto. C: O que você sente quando escuta a palavra FO-TOGRAFIA?

' El dolor es el

motor más insano

y productivo que

conosco

“”

C: Você acha que na fotografia também tem um pouco de catarse?M: Totalmente!Afotografiaésentimento,épurificaçãodoeu.RecentementeliemumartigonojornalbritânicoTheGuardianqueamortedafotografiaestavasendodecretada.Masnãosintoquesejatãoapocalípticonestesentido.MastenhoTOTALaversãoparaaquelesseresqueutilizamfotografiaapenascomoferramen-tadeespetacularizaçãodoseucotidiano.Ocelularcomcâmera,afacilidadedeadquirirumamáquinadigital,popularizouafotografia,e deformaalgumaistodeveservistocomoalgoruim,pelocontrário,souafavordademocratizaçãodafotografia,atéporquesoupobreesemisto,jamaisconseguiriaadquiriraminhaferramenta.Eutenhomedodecomoaspessoasutilizamestaferramenta.Comoafotografiavemalterandodrasticamenteasreaisexperiênciasdossereshumanos.Hojeaspessoassãopreocupadas demaisemregistraroquevêemdoquerealmentevivenciar.Istomeassusta.

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