cATÁFORA E ANÁFORA.doc

3
I N S T I T U T O P E D R O H I S P A N O – GRANJA DO ULMEIRO I N S T I T U T O P E D R O H I S P A N O – GRANJA DO ULMEIRO Português – 11.º Ano Fevereiro, 2009 Anáfora e Catáfora (Pragmática e Linguística Textual) A pragmática tem por objecto o estudo dos princípios que regulam o uso da língua. No momento de produção linguística, estabelecem-se relações entre o que é dito, o modo como é dito, a intenção com que é dito, a localização no espaço e no tempo, as funções sociais, as atitudes, os comportamentos, as crenças dos participantes. A interpretação de um enunciado não depende apenas do seu conteúdo semântico, mas adquire um significado pragmático para cada situação específica de comunicação. Exemplo: Nada a declarar!, este enunciado pode interpretar-se como revelador de “uma atitude de não querer fazer qualquer comentário” (significado semântico), mas num contexto específico de uma placa-aviso na alfândega do aeroporto adquire o significado pragmático de que “o cidadão não transporta qualquer produto ou objecto sujeito a taxas alfandegárias”. A pragmática descreve o uso que os interlocutores podem fazer da linguagem, tendo em vista agir uns sobre os outros. COESÃO TEXTUAL consiste na relação estabelecida por meios linguísticos quer entre elementos da oração e da frase quer entre frases do mesmo texto. A ordem aceitável dos sintagmas: Ex.: Que fizeste? Li o trabalho. A concordância sintáctica: Ex.: Pedisse ele desculpa, e aceitavam-no . O uso correcto das preposições e conjunções: Ex.: Está em casa ou no consultório? A conexão lógica: 1/2

Transcript of cATÁFORA E ANÁFORA.doc

Page 1: cATÁFORA E ANÁFORA.doc

I N S T I T U T O P E D R O H I S P A N O – GRANJA DO ULMEIROI N S T I T U T O P E D R O H I S P A N O – GRANJA DO ULMEIRO

Português – 11.º AnoFevereiro, 2009

Anáfora e Catáfora (Pragmática e Linguística Textual)

A pragmática tem por objecto o estudo dos princípios que regulam o uso da língua.

No momento de produção linguística, estabelecem-se relações entre o que é dito, o modo como é dito, a intenção com que é dito, a localização no espaço e no tempo, as funções sociais, as atitudes, os comportamentos, as crenças dos participantes.

A interpretação de um enunciado não depende apenas do seu conteúdo semântico, mas adquire um significado pragmático para cada situação específica de comunicação.

Exemplo: Nada a declarar!, este enunciado pode interpretar-se como revelador de “uma atitude de não querer fazer qualquer comentário” (significado semântico), mas num contexto específico de uma placa-aviso na alfândega do aeroporto adquire o significado pragmático de que “o cidadão não transporta qualquer produto ou objecto sujeito a taxas alfandegárias”.

A pragmática descreve o uso que os interlocutores podem fazer da linguagem, tendo em vista agir uns sobre os outros.

COESÃO TEXTUAL consiste na relação estabelecida por meios linguísticos quer entre elementos da oração e da frase quer entre frases do mesmo texto.

A ordem aceitável dos sintagmas:Ex.: Que fizeste? Li o trabalho.

A concordância sintáctica:Ex.: Pedisse ele desculpa, e aceitavam-no.

O uso correcto das preposições e conjunções:Ex.: Está em casa ou no consultório?

A conexão lógica:Ex.: Partiu. Dias depois, mandava a notícia: já estava a trabalhar. Portanto, acabou por conseguir o seu objectivo.

A elipse:- Quero uma sopa, por favor!- Eu também (quero).- Depois vamos para as sardinhas?- Sim (vamos).

A pronominalização:Ex.: Os carros… vendi-os.

A substituição lexical:Ex.: A criança chorava […]. As lágrimas do miúdo comoviam.

1/2

Page 2: cATÁFORA E ANÁFORA.doc

As anáforas e as catáforas: O pronome da terceira pessoa é, em geral, de natureza não deíctica, e vale como

um anafórico ou como um catafórico, isto é, remete para o já enunciado ou para o ainda a ser enunciado, respectivamente:

Ex.: Adquiri uma televisão (antecedente). Ela ficou em casa, mas uso-a para me informar (os vocábulos sublinhados são pronomes anafóricos).

Ex.: O que tenho a dizer, ei-lo (pronome catafórico): cometeram uma grande injustiça.

Mais exemplos:

Tu, ele e ela são amigos. Todos (anafórico pronominal), portanto, se dão bem.

Namora a Joana. A rapariga (anafórico nominal) é doida por ele.

Ela e ele foram ao futebol. Os lugares (anafórico contextual) eram na bancada central.

Foi exactamente assim que as coisas se passaram (anafórico circunstancial).

Se ele (catafórico pronominal) vier, o Simão, podemos começar o treino.

Eu digo a verdadinha (catafórico lexical): foi ele que partiu o vidro!

Isto faz-se do seguinte modo (catafórico circunstancial): coloca-se uma panela com água ao lume, deixa-se ferver, e mete-se-lhe dentro a posta de bacalhau.

A Professora: Eleonora Moita

2/2