Castells - Uma Introducao a Era Da Informacao

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  • 8/17/2019 Castells - Uma Introducao a Era Da Informacao

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    uma introdução à era da informaçãoBy sergiolj 

    https://architechture.wordpress.com/2010/05/14/uma-introducao-a-era-da-informacao/

    an introduction to the information age.

    anuel !astells!oment"rios# adapta$%o e tradu$%o pr&prios em 12/05/2010

    'ste artigo ( uma )re*e introdu$%o das ideias defendidas pelo soci&logo espanholanuel !astells em seu li*ro em tr+s *olumes , era da nforma$%o. !astellsanalisa a sociedade contempornea no conteto do ue ele denomina de uma no*aorgani3a$%o social )aseada em redes.'sta introdu$%o foi apresentada na confer+ncia ,nformation and the city ocorridaem 1 na uni*ersidade de 6ford.!astells inicia sua introdu$%o citando as di*ersas transforma$7es ue tem ocorridono mundo nos 8ltimos 40 anos# apontando entre as mais importantes a difus%o e

    depend+ncia da re*olu$%o das tecnologias da informa$%o# a re*olu$%o daengenharia gen(tica# o colapso da 9ni%o o*i(tica e ueda do mo*imentocomunista internacional# o fim da guerra fria# a reestrutura$%o do capitalismo# osmo*imentos de direito am)ientalista e feminista# o processo de glo)ali3a$%o e suasfor$as contr"rias.!om o o)jeti*o de categori3ar a ociedade da nforma$%o# !astells nos apontaalgumas fun$7es e processos o)ser*ados por ele# ue se inter-relacionam em formade rede sem apresentarem hieraruias definidas.

    1-Economia Informacional

      economia na sociedade da informa$%o se caracteri3a pelo papel do conhecimento

    no processo produti*o.  s fontes de produti*idade e competiti*idade dependemdiretamente de conhecimento# informa$%o e da tecnologia utili3ada no processo. a)rang+ncia deste modo econ;mico n%o se limita apenas as "reas de ser*i$o emanufatura# mas estende-se inclusi*e < agricultura# possuindo grande potencial parasolu$%o de pro)lemas sociais e semelhante capacidade para agra*ar eclus7essociais.

    2- A Economia Global

    egundo !astells eiste uma diferencia$%o no ue se refere ao termo economiamundial# eistente desde o s(culo => com a no*a economia glo)al. 'sta economiaglo)al caracteri3a-se por um n8cleo de ati*idades ue tra)alham em tempo real em

    escala planet"ria. 'stas ati*idades dominantes s%o formadas pelos mercadosfinanceiros # a*an$ados ser*i$os de neg&cios# ino*a$7es tecnol&gicas# altatecnologia de manufatura e pelas m?dias de comunica$%o.  dinmica )aseada em redes e mercados desta no*a economia altera o destino degrande parte dos empregos a n?*el glo)al# mesmo sendo estes de car"ter nacional#regional ou local.'sta penetra$%o da economia glo)al s& tornou-se poss?*el ap&s a disponi)ili3a$%odas tecnologias da informa$%o e comunica$%o ocorridas nas 8ltimas d(cadas.'m)ora tenha alcance planet"rio# este modelo utili3a-se dessa potencialidadeapenas na )usca de *aliosas adi$7es ao sistema# como mercados e indi*?duos#enuanto desconecta mercados e indi*?duos n%o significantes# estendendo seualcance de forma geograficamente desigual e ecluindo a maioria da popula$%omundial.

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    egundo !astells# a eclus%o causada por este modelo independe de fronteirasnacionais e aca)a por criar um uarto mundo @fa3endo alus%o a categori3a$%o depa?ses de primeiro# segundo e terceiro mundo adotada anteriormenteA ue (formado principalmente por mulheres e crian$as.

    3-Empresas em rede

    o centro desta economia glo)al surge uma no*a forma de organi3a$%oempresarial# a empresa em rede. 'sta empresa em rede ( formada pelas di*ersasramifica$7es# segmentos e setores internos das empresas# assim como com suasliga$7es com outras empresas e contratados terceiri3ados. 'sta organi3a$%o forma-se e modifica-se para o desen*ol*imento de projetos espec?ficos atuando nestem)ito como uma unidade# dissol*endo-se ao t(rmino do projeto ou reagrupando-seem configura$7es diferentes para o desen*ol*imento de outros projetos.

    -A transformação do trabalho e emprego! trabalhadores fle"#$eis

      era da informa$%o ( cheia de mitos so)re o destino do tra)alho e emprego.Cassados *inte anos da difus%o da tecnologia da informa$%o n%o se *erificou umaumento do n8mero de desempregados# *erificando-se na *erdade a eist+ncia detaas de desemprego muito maiores em setores# regi7es e pa?ses menostecnol&gicos. n"lises e e*id+ncias apontam ue o impacto *ari"*el da tecnologia em empregosdepende de uma grande gama de fatores como estrat(gias de empresas e pol?ticasde go*erno.!astells defende ue pol?ticas de go*erno restriti*as e muito ortodoas podem ter maiores influ+ncias nas taas de desemprego.a sociedade da informa$%o algumas mudan$as est%o ocorrendo nascaracter?sticas dos empregos# as no*as tecnologias de comunica$%o e informa$%o

    possi)ilitam a automa$%o# mudan$a do local de produ$%o para outros pa?ses#terceiri3a$7es e su)contrata$7es de empresas de menor porte. 'stas possi)ilidadesflei)ili3am neg&cios e tra)alhos propiciando ainda mais for$a ao capital emdetrimento do tra)alho em suas rela$7es.6 desen*ol*imento das empresas em rede resulta em redu$%o do n8mero deempregados# su)contrata$7es# cria$%o de redes de tra)alho e indi*iduali3a$%o denegocia$7es contratuais. redu$%o do n8mero de empregados ( compensada pelaterceiri3a$%o# sendo os funcion"rios contratados apenas para desempenhar tarefasespec?ficas com pra3os determinados e sem *?nculo com a empresa.Baseando seu pensamento em estudos de condi$7es de emprego feitos no >ale doil?cio# nos '9# p&lo da alta tecnologia de microprocessadores# !astells# afirmaue eiste uma tend+ncia do tra)alho ser eecutado por tarefas espec?ficas

    indi*iduali3ando o emprego e as rela$7es de tra)alho# transformando o tra)alhador em uma empresa e modificando seu poder de )arganha. credito ue esta ideia possa ser interessante e reconhecida nos casos de tra)alhosde alta tecnologia e com um n8mero limitado de profissionais# mas no caso detra)alhos ue necessitem de )aia forma$%o escolar estas mudan$as causammaiores desigualdades.

    % &olari'ação social e e"clusão social

    Dodas estas mudan$as no tra)alho e na economia enfrauecem as organi3a$7es detra)alhadores# os deiando cada *e3 mais sem representa$%o e desprotegidos.,Ea)ilidades e educa$%o# em uma constante redefini$%o destas ha)ilidades# torna-secr?tica na *alori3ando ou des*alori3ando pessoas em seu tra)alho.

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    “Skills and education, in a constant redefinition of this skills, become critical valorizing or devaluing people in their work.” p10 6 resultado destas tend+ncias ( um aumento das desigualdades sociais na maioriadas sociedades do mundo com um aumento da concentra$%o de riue3as no topo eaumento da po)re3a inclusi*e em pa?ses como os 'stados 9nidos e nglaterra.'stas desigualdades criam )ols7es de a)andono com *"rias entradas e nenhumasa?da# com condi$7es de fomentar desemprego# doen$as# po)re3a# pro)lemasfamiliares# drogas e crimes. Focais estes# ue !astells afirma ser necess"rio esfor$oheroico para se li)ertar e ue o mesmo os chama de )uracos negros do capitalismoinformacional., era da informa$%o n%o tem ue ser a era da intensifica$%o da desigualdade#polari3a$%o e eclus%o social. as at( o momento (.“The information age does not have to be the age of steppedup ine!ualit", polarization and social e#clusion. $ut for the moment it is.” p10 

    (. A cultura da real $irtualidade

    a esfera cultural podemos *er semelhante padr%o de organi3a$%o em rede#organi3ado com )ase nas m?dias eletr;nicas e nos sistemas de comunica$%o)aseados em redes de computadores.Giferentemente das m?dias de massa difundidas at( ent%o os no*os sistemas decomunica$%o possuem a caracter?stica de canais de m%o dupla e tendem a se tornar mais interati*os e inclusi*os. uni%o das *"rias m?dias poss?*eis e a a)rang+ncia dedissemina$%o de di*ersificadas culturas de forma glo)al possui uma etraordin"riacapacidade inclusi*a.'nuanto temos concentra$%o de grupos de m?dia ao redor do mundo# temos aomesmo tempo cada *e3 maior intera$%o entre indi*?duos e segmenta$%o demercados ue ue)ram a uniformidade da audi+ncia de massa.,'stes processos indu3em a forma$%o de o ue eu chamo de a cultura da real

    $irtualidade.These processes induce the formation of what % call  the culture of real virtuality.”  p11,Huando nosso am)iente sim)&lico (# em geral# estruturado neste inclusi*o#fle?*el e di*ersificado hiperteto# no ual na*egamos todos os dias# a *irtualidadedeste teto ( de fato nossa realidadeH“&when our simbolic enviromment is, b" and large, structure in this inclusive,fle#ible, diversified h"perte#t, in which we navigate ever" da", the virtualit" of this te#t is in fact our realit"&.” p11

    ).&ol#tica

      mudan$a no modo de atua$%o da m?dia de comunica$%o n%o afeta apenas acultura# mas a pol?tica tam)(m. 'm todos os pa?ses a m?dia tem se tornado espa$oessencial da pol?tica.,Hsem significante presen$a no espa$o da m?dia# atores e ideias s%o redu3idas amarginalidade pol?tica.“&without significant presence in the space of media, actors and ideas are reduced to political marginalit".” p11'sta presen$a na m?dia ocorre n%o apenas em (pocas de campanha mas emmensagens do dia-a-dia ue as pessoas rece)em pela m?dia ue tem por o)jeti*oconstruir uma imagem personificada do pensamento pol?tico. 'sta imagem (caracteri3ada pela pessoa do pol?tico.  maior arma pol?tica segundo !astells ( justamente o ataue a esta imagem#normalmente tornando p8)licos fatos de corrup$%o ou imagens negati*as destapessoa. endo assim# o papel do marIeting pol?tico ( essencial para se ganhar uma

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    campanha pol?tica. 'ste marIeting e o custo da *incula$%o da imagem pol?tica nam?dia torna a pol?tica um neg&cio etremamente caro ue necessita formas decusteio. possi)ilidade de acesso ao poder e sua manuten$%o s%o utili3adas comoformas deste custeio# indu3indo < corrup$%o e realimentando os escndalospol?ticos.

    *-+empo intemporal

    !astells prop7e a hip&tese de ue a no*a estrutura social dominante da era dainforma$%o est" organi3ada ao redor de no*as formas de tempo e espa$o# definidaspor ele como tempo intemporal e espa$os de fluos.'m)ora esta estrutura n%o seja formada por toda a humanidade e a maioria dosseres humanos n%o *i*a esta realidade# seus efeitos s%o sentidos por todos.'iste um esfor$o incans"*el para aniuilar o tempo# comprimir anos em segundos eem fra$7es de segundo# eliminar o seuenciamento do tempo e a sucess%o decoisas. sucess%o das coisas# segundo Fei)ni3# ( o ue caracteri3a o tempo# ent%osem coisas e sua ordem seuencial o tempo n%o mais eistiria na sociedade.

    !astells eemplifica sua linha de pensamento com alguns fatos contemporneoscomo a maneira como os mercados financeiros funcionam# atra*(s de transa$7esfinanceiras feitas em fra$7es de segundo# com as ditas guerras instantneas comataues de precis%o com dura$%o de poucas horas ou minutos# com a possi)ilidadede modifica$%o do ciclo de *ida atra*(s das t(cnicas de fertili3a$%o# ue possi)ilitamue se gerem filhos de pais ue podem at( j" terem falecido ou tam)(m atra*(s dast(cnicas de engenharia gen(tica ue pesuisam formas de retardar ou at( parar oen*elhecimento das c(lulas# na tentati*a de tornar poss?*el a eterni3a$%o da *ida. o mesmo tempo ue seleto grupo de indi*?duos tem acesso a estas possi)ilidades#a grande maioria permanece su)metida aos rel&gios )iol&gicos e do tempo.'(udan)a do tempo natural das coisas*

    ,. espaço de flu"os

    6 conceito de espa$o de fluos foi proposto# segundo !astells# para dar sentido aum corpo de o)ser*a$%o emp?rica onde fun$7es dominantes foram cada *e3 maisoperadas com )ase em trocas entre circuitos eletr;nicos interligando sistemas deinforma$%o em diferentes locali3a$7es. ercados financeiros# m?dia glo)al#a*an$ados ser*i$os de neg&cios# tecnologia# informa$%o e sistemas de transporter"pido. unidade de opera$%o eiste atra*(s do ,linI entre as di*ersos espa$osterritoriais descentrali3ados.!astells coloca algumas ra37es para a ado$%o do termo espa$o para estascondi$7es.1- 'stes circuitos eletr;nicos possuem )ase territorial.

    2- 6s ,linIs entre estes s%o )aseados na eist+ncia e ualidade de sistemas decomunica$%o e transporte em uma geografia desigual.J- 6 significado de espa$o e*olui# assim como o de tempo.,o in*(s de condescendentes declara$7es futurol&gicas como o desaparecimentodo espa$o e o fim das cidades# nos de*emos ser capa3es de re-conceituali3ar no*asformas de arranjos espaciais so) o no*o paradigma tecnol&gico.“&instead of indulging in futurological statements such as the vanishing of space,and the end of the cities, we should be able to reconceptualize new forms of spatial arrangements under the new technological paradigm.” p1+!astells constr&i uma conceituali3a$%o de sua teoria )aseado em Fei)ni3 e Earoldnnis conectando espa$o e tempo# ao redor da no$%o de espa$o como coeist+nciado tempo.,'spa$o ( o suporte material do tempo compartilhado nas pr"ticas sociais.“&space is the material support of timesharing social practices.”p1+

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    ,6 ue acontece uando o tempo compartilhado de pr"tica @ seja ele s?ncrono ouass?ncronoA n%o implica continuidadeK s coisas ainda eistem juntas# elascompartilham tempo# mas os arranjos materiais ue possi)ilitam esta coeist+ncias%o inter-territoriais ou trans-territoriais.“hat happens when the time sharing of practices 'be it s"nchronous or as"nchronous* does not impl" contiguit"- Things still e#ist together , the" sharetime, but the material arrangements that allow this coe#istence are interterritorial or transterritorial.”p1/,6 espa$o de fluos ( a organi3a$%o material do tempo compartilhado nas pr"ticassociais ue tra)alham atra*(s dos fluos.“&the space of flows is the material organization of timesharing social practices that work through flows.” p1/,6 espa$o de lugares continua a ser o espa$o predominante da eperi+ncia.“The space of places continues to be the predominant space of e#perience&” p1/a sociedade em rede# uma fundamental forma de domina$%o social ( a pre*al+nciada l&gica do espa$o de fluos so)re o espa$o de lugares.%n the network societ", a fundamental form of social domination is the prevalence of 

    the logic of the space of flows over the space of places. p1/as eiste algo mais na no*a dinmica espacial. l(m da oposi$%o entre o espa$ode fluos e o espa$o de lugares. !omo as redes de informa$%o e comunica$%o sedifundem na sociedade# e como as tecnologias s%o apropriadas por uma *ariedadede atores sociais# segmentos do espa$o de fluos s%o penetrados por for$as deresist+ncia a domina$%o# e por epress7es de eperi+ncia pessoais.$ut there is still something else in the new spatial d"namics. $e"ond the oppositionbetween the space of flows and the space of places. s information communicationnetworks diffuse in societ", and as technolog" is appropriated b" a variet" of social actors, segments of the space of flows are penetrated b" forces of resistance todomination, and b" e#pressions of personal e#perience. p 1/!astells concorda ue o espa$o de fluos ainda permanece como um meio de

    comunica$%o elitista# mas acredita ue isto est" se modificando rapidamente e ueestamos apenas no in?cio de um campo de estudo ue pode nos le*ar a entender emudar a l&gica ue pre*alece no espa$o de fluos.

    onclusão! A sociedade em rede

    9ma sociedade ue estrutura suas fun$7es dominantes e processos em estruturasde rede# uma sociedade neste caso capitalista# mas de uma forma diferente docapitalismo industrial. 9ma sociedade ue n%o foi produ3ida pela tecnologia dainforma$%o mas n%o teria a mesma for$a de penetra$%o e as mesmas ha)ilidadespara interligar ou desconectar todo a gama de ati*idades humanas. s transforma$7es possi)ilitadas pela sociedade em rede s%o especialmente

    significantes em decorr+ncia de sua aruitetura a)erta# )aseada no dinamismo#fle?*el e com potencial de epans%o sem fim# sem rupturas e com o poder decontornar ou desconectar indesej"*eis componente na rede.  dinmica das redes empurra a sociedade para al(m de seus controles e restri$7espermitindo um constante rearranjo de institui$7es e organi3a$7es humanas.