Casamento
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CASAMENTO_ origem
Na Inglaterra da Idade Média, a rainha Vitória nem poderia prever que os seus atos repercutiriam tanto e se tornariam uma tradição.
O que teria feito Sua Majestade? Tomou atitude muito simples: decidiu se casar de véu -naquela época, os soberanos jamais se cobriam para poder comprovar sua identidade -, com flores no cabelo e um vestido branco.
A cena parece familiar?
CASAMENTO_ origem
Seu ritual iniciava na Roma Antiga, quando era possível encontrar registos de que as mulheres se vestiam adequadamente para a ocasião.
O principal objetivo era gerar filhos legítimos, que herdariam apropriedade e o estatuto dos pais. Entre as classes mais prestigiadas, servia também para selar alianças de natureza política ou económica.
O casamento como se conhece nos dias atuais, é muito mais antigo que a rainha Vitória.
CASAMENTO_ no espiritismo
Porém, a união de um casal, na visão espírita, vai além de uma cerimónia, com seus festejos e vestimentas.
CASAMENTO_ no espiritismo
A diferença é que não temos o ritual religioso.
O casamento tradicional, independentemente da religião, é um ritual.
E como não temos rituais, não há uma cerimónia religiosa em um casamento entre espíritas.
Na realidade, o que importa são as intenções
pelas quais o casal decidiu se unir.
E aí, deve-se colocar em foco o que seria um princípio básico do Espiritismo:
O AMOR
CASAMENTO_ no espiritismo
A rainha Vitória, personagem da História que iniciou a apresentação, causou repercussão em sua época não só por ter introduzido hábitos, mas principalmente porque foi uma das poucas soberanas que se casou por AMOR.
CASAMENTO_ segundo o espiritismo
O casamento não é uma incursão ao país da felicidade, feita de sonhos e ilusões.
É um ensaio na área da educação do sexo, exercitando a fraternidade e o entendimento, que capacitam as criaturas para mais largas incursões na área do relacionamento social.
É um compromisso fixado antes da reencarnação.
É uma experiência emocional que propicia a comunhão afetiva, da qual resulta a prole sob a responsabilidade dos cônjuges.
Joanna de Ângelis – SOS Família
CASAMENTO_ segundo o espiritismo
O que seria, verdadeiramente, o casamento, segundo a visão que a Doutrina Espírita nos apresenta?
A união de duas pessoas que se reencontram para auxiliarem, mutuamente, em busca do progresso.
No entanto, no casamento, normalmente, chegam os filhos, espíritos que Deus nos confia nesta vida para cumprirmos a função de pais e, com isso, possibilitarmos o ambiente e estímulo necessário ao seu adiantamento.
Portanto, uma vez que envolve tamanhas responsabilidades, o casamento deve e precisa ser baseado no amor, respeito, afinidade, amizade, compromisso, cumplicidade para o bem, na intenção de levar uma vida conjunta.
695 - O casamento, quer dizer, a união permanente
de dois seres, é contrário à lei natural? - É um progresso na marcha da Humanidade.
696 – Qual seria o efeito da abolição do casamento
na sociedade humana?
- O retorno à vida animal.
CASAMENTO_ Livro dos Espíritos
CASAMENTO_ Livro dos Espíritos
A união livre e fortuita dos sexos é um estado natural. O casamento é um dos primeiros atos de progresso das sociedades humanas, porque ele estabelece a solidariedade fraternal e se encontra entre todos os povos, ainda que em condições diversas.
A abolição do casamento seria o retorno à infância da Humanidade, e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes.
CASAMENTO_ Livro dos Espíritos
701 – Qual das duas, a poligamia ou a monogamia,
está mais conforme com a lei natural?
- A poligamia é uma lei humana, cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo os objetivos de Deus, deve ser fundado sobre a afeição dos seres que se unem. Com a poligamia não há afeição real, mas sensualidade.
CASAMENTO_ Joanna de Ângelis
“Em verdade, o que mantém o matrimónio não é o
prazer sexual, sempre fugidio, mesmo quando
inspirado pelo amor, mas a amizade, que responde
pelo intercâmbio emocional através do diálogo, do
interesse nas realizações do outro, na convivência
compensadora, na alegria de
sentir-se útil e estimado.”
(Joanna de Ângelis, Amor, Imbatível Amor)
CASAMENTO_ tipos
Acidentais:
Encontro de almas inferiorizadas, por efeito de atração momentânea, sem qualquer ascendente espiritual.
CASAMENTO_ tipos
Pessoas que, defrontando-se um dia, se vêem, se conhecem, se aproximam, surgindo, daí, o enlace acidental, sem qualquer ascendente espiritual.
Esses casamentos podem determinar o início de futuros encontros, noutras reencarnações.
CASAMENTO_ tipos
Duas almas se reencontram em processo de reajustamento, necessário ao crescimento espiritual, esses são os mais frequentes. A maioria dos casamentos obedece, sem nenhuma dúvida, a esse desiderato. Por isso existem tantos lares onde reina a desarmonia, onde impera a desconfiança, onde os conflitos morais se transformam, tantas vezes, em dolorosas tragédias.
CASAMENTO_ tipos
A compreensão evangélica, a boa vontade, a tolerância e a humildade são virtudes que funcionam à maneira de suaves amortecedores.
O Espiritismo, pela soma de conhecimentos que espalha, tem sido meio eficiente para que muitos lares, construídos na base da provação, se reajustem e se consolidem, dando, assim, os primeiros passos na direção do Infinito Bem.
CASAMENTO_ tipos
Sacrificiais:
Reencontro de alma iluminada com alma inferiorizada, com o objetivo de redimi-la.
CASAMENTO_ tipos
Esses reúnem almas possuidoras de virtude e sentimentos opostos.
É uma alma esclarecida, ou iluminada, que se propõe ajudar a que se atrasou na jornada ascensional.
Como a própria palavra indica, é casamento de sacrifício, para um dos cônjuges.
CASAMENTO_ tipos
O mais elevado concorda sempre em amparar o desajustado.
Assim sendo, a mulher ou o homem que escolhe companhia menos elevada deve ser resignado na resolução dos problemas do casal, uma vez que se comprometeu na Espiritualidade.
O recuo, nesse caso, seria deserção ao compromisso assumido.
CASAMENTO_ tipos
Mas uma vez se evidencia o valor do Evangelho nos lares, como em toda a parte, funcionando à maneira de estimulante da harmonia e construtor do entendimento.
CASAMENTO_ tipos
São os que reúnem almas esclarecidas e que muito se amam. São Espíritos que, pelo matrimónio, no doce reduto do lar, consolidam velhos laços de afeição.
CASAMENTO_ tipos
Transcendentes:
Almas engrandecidas no Bem e que se buscam para realizações imortais.
CASAMENTO_ tipos
São constituídos por almas engrandecidas no amor fraterno e que se reencontram, no plano físico, para as grandes realizações de interesse geral.
A vida desses casais encerra uma finalidade superior.
O ideal do Bem enche-lhes as horas e os minutos.
CASAMENTO_ tipos
O anseio do Belo repleta-lhes as almas de doce ventura, pairando, acima de quaisquer vulgaridades terrestres, acima do campo das emoções inferiores, o amor puro e santo.
CASAMENTO_ tipos
Todos nós passamos ou ainda passaremos por toda essa sequência de casamentos: acidentais, provacionais e sacrificiais, até alcançarmos no futuro, sob o sol de um novo dia, a condição de construirmos um lar terreno na base do idealismo transcendental ou da afinidade superior
Todos nós passamos, ou ainda passaremos por toda essa sequência de casamentos: acidentais, provacionais e sacrificiais, até alcançarmos no futuro, sob o sol de um novo dia, a condição de construirmos um lar terreno na base do idealismo transcendental ou da afinidade superior.
(Martins Peralva, Estudando a mediunidade)
CASAMENTO_ problemas conjugais
Todas as vezes que a vinculação conjugal se alicerça sobre carências, advém a certeza de que será de curta duração o cometimento, ainda que permaneçam os parceiros sob o mesmo teto.
CASAMENTO_ problemas conjugais
“Enquanto as criaturas vulgares atravessam a florida região do noivado, elas procuram-se, mobilizando os máximos recursos do espírito. Mas logo que recebem a benção nupcial, a maioria atravessa os véus do desejo, e cai nos braços dos velhos monstros que tiranizam corações. Não há concessões recíprocas. Não há tolerância e, por vezes, nem mesmo fraternidade. Daí em diante, os mais educados respeitam-se; os mais rudes mal se suportam. Não se entendem. Por mais que se unam os corpos, vivem as mentes separadas, operando em rumos opostos.”(Nosso Lar - André Luiz)
CASAMENTO_ problemas conjugais
Há muitos fatores que contribuem para o desconcerto conjugal:
De natureza íntima:
� insegurança, � busca de realização pelo método da fuga, � insatisfação em relação a si mesmo, � transferência de objetivos, que nunca se completarão em
uma união que não foi amadurecida pelo amor real.
De natureza psico-social, económica,
educacional:
� cultura, � religião, � raça, � nacionalidade
CASAMENTO_ problemas conjugais
Todo compromisso afetivo, portanto, que envolve dois indivíduos, torna-se de magna importância para o comportamento psicológico de ambos.
Rupturas abruptas, cenas agressivas, atitudes levianas e vulgaridade geram lesões na alma da vítima, assim como naquele que as assume.
(Joanna de Ângelis, Amor, Imbatível Amor)
CASAMENTO_ problemas conjugais
O ciúme, que é um tipo de desconfiança infundada e injusta, é desastroso na vida conjugal e tem sido causa de inúmeras desuniões.
O ciumento fere profundamente o outro, o que contribui para esfriar o relacionamento conjugal.
A atitude do ciumento de cobrar exageradamente do cônjuge, de exigir-lhe explicações de tudo, acaba magoando-o profundamente, abrindo uma ferida difícil de cicatrizar-se.
CASAMENTO_ problemas conjugais
E esse estado dificulta o próprio relacionamento sexual. Por essa e outras razões, o ciúme exagerado tem sido causa frequente de separações.” (Umberto Ferreira , Vida conjugal)
Suas causas interiores, segundo o Espírito Joanna de Ângelis, são encontradas principalmente na insegurança psicológica, na baixa autoestima, no orgulho avassalador que não suporta rivalidades.
CASAMENTO_ problemas conjugais
Como interpretar as contrariedades e desgostos domésticos?
O homem e a mulher aguardam o casamento, embalados na melodia do sonho, entretanto, atingida a convivência no lar, surgem as obrigações, decorrentes do pretérito, através do programa de serviço traçado para cada um de nós pela reencarnação, que nos compele a retomar, na intimidade, todos os nossos erros.
CASAMENTO_ problemas conjugais
Fácil, desta forma, reconhecer que todas as dificuldades
domésticas são obstáculos, trazidos por nós
próprios, das existências passadas.
Por mais ríspidas se façam as lutas, no casamento, é
melhor permanecer dentro delas?
Pagar é libertar-se, aprender é assimilar a lição.
(Emmanuel, Leis de Amor)
CASAMENTO_ Livro dos Espíritos
939 –Visto que os Espíritos simpáticos são levados a
unir-se, como se dá que, entre os Espíritos encarnados, a
afeição não esteja, frequentemente, senão de um lado?
- é uma punição, mas não é senão passageira. - quantos não há que crêem amar perdidamente, porque não
julgam senão sobre as aparências, e quando são obrigados a viver com as pessoas, não tardam a reconhecer que isso não é senão uma admiração material.
- É preciso não esquecer que é o Espírito que ama e não
o corpo, e quando a ilusão material se dissipa, o
Espírito vê a realidade.
CASAMENTO_ Livro dos Espíritos
Há duas espécies de afeições:
� do corpo – perecível � da alma – quando pura e simpática, é durável
Frequentemente, toma-se uma pela outra e por isso, aqueles que crêem se amar com um amor eterno, se odeiam quando a ilusão termina.
CASAMENTO_ Livro dos Espíritos: divórcio
697 – A indissolubilidade absoluta do casamento está
na lei natural ou somente na lei humana?
- É uma lei humana muito contrária à lei natural. Mas os homens podem mudar suas leis: só as da Natureza são imutáveis.
O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina.
CASAMENTO_ caso: compromisso não cumprido
Dona Flausina quase poderia considerar-se uma mulher realizada e feliz: espírita consciente, participante de obras assistenciais, três filhos íntegros e carinhosos, oito netos adoráveis, idéias lúcidas, saúde razoável, situação financeira estável...
O único problema era a ‘cruz’ que carregava no lar: seu marido.
Existia, latente, um profundo desentendimento entre eles, que eclodia, vezes inúmeras, em atritos e discussões acaloradas que, não raro, desciam ao nível da agressividade.
CASAMENTO_ caso: compromisso não cumprido
- Só o Espiritismo me dá forças para ‘aguentar’ o Alfredo - proclamava, enfática. - Quero estar com ele até o fim, cumprindo meu compromisso. Então estarei livre! Junto, nunca mais! Assim foi até seu desencarne, após 48 anos de convivência difícil.
Não que fosse má pessoa. Era um homem até generoso, bom pai, caseiro, sem vícios, mas feitio difícil, um tanto impertinente, ‘qualidades’ que, para Dona Flausina, pareciam desenvolver-se na medida em que ele envelhecia.
CASAMENTO_ caso: compromisso não cumprido
De retorno à Espiritualidade, já integrada na Vida Maior, Dona Flausina analisava, com generoso mentor, seus sucessos na vida física.
- Minha filha - dizia-lhe, gentil - você levou existência proveitosa, foi diligente mãe de família, batalhadora nas lides espíritas, servidora da Caridade... Traz bela bagagem de realizações... Mas tem um problema grave, um compromisso não cumprido: seu marido.
- Como? - interrogou a senhora com estranheza - Não fui fiel aos deveres matrimoniais? Não o suportei, estoicamente, durante quase meio século?!
CASAMENTO_ caso: compromisso não cumprido
- Esse é o seu problema: você o suportou apenas! No entanto, seu compromisso era bem diferente... Deveria harmonizar-se com ele, superando antigas mágoas remanescentes de convivência anterior.
- Faltou-lhe, minha filha, o exercício da caridade que
silencia, que perdoa, que não guarda ressentimentos, que supera desavenças. E ele precisava muito de sua compreensão. É uma alma perturbada, não obstante suas virtudes.
- Como você de certa forma contribuiu para que seja assim, não vejo outra solução para o problema senão uma nova união entre vocês, em existência futura, repetindo as lições do matrimónio, até que aprendam a conviver pacificamente.
CASAMENTO_ caso: compromisso não cumprido
Após o encantamento do início, fatalmente surgem dificuldades de relacionamento na vida conjugal. Somos, na Terra, aprendizes insipientes na arte de conviver.
No entanto, aqueles que atravessam o casamento a ‘ranger os dentes’, como se submetidos a intolerável prisão, forçosamente reencontrarão o cônjuge em novas experiências matrimoniais, presos um ao outro por algemas de ressentimento, mágoa, aversão...
Somente quando formados por flores de amizade os elos do casamento, desfrutarão os cônjuges a liberdade de decidir se seguirão juntos nos caminhos do porvir.”
(Richard Simonetti, Atravessando a rua, 15. ed., p. 134-136)