Casa Ecológica Conforto Respeitando a Natureza
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CASA ECOLÓGICA: CONFORTO RESPEITANDO À NATUREZA
Jorge Kaleski
Paredes de terra crua, madeira de reflorestamento na estrutura, gramados e cavacos
sobre o teto, pneus e vidro reciclado. Estas são apenas algumas das soluções que
pertencem a um modelo diferente de construir e projetar moradias, em que, além de
preservar o conforto, respeita ao máximo o meio ambiente. Segundo o arquiteto Sérgio
Pamplona, que há sete anos projeta casas ecológicas, "o principal conceito da arquitetura
ecológica é simples: a habitação deve ser construída com materiais naturais, renováveis e,
acima de tudo, não poluentes".
Embora no Brasil a “casa verde”, que não agride a natureza, começou a se
popularizar, em outros países ela já conquistou espaços importantes. Na Austrália, por
exemplo, cerca de 20% das novas construções são de taipa de pilão, um modo de
construção simples, que usa terra crua em vez de tijolos. Na Colômbia e Costa Rica, o
bambu é utilizado como estrutura de prédios em lugar de ferro e concreto. Na França, já
há cursos que formam os “ecoarquitetos”.
Para demonstrar que a arquitetura ecológica pode aliar respeito à natureza e bem-
estar ao morador, o arquiteto Sérgio Pamplona planejou sua casa com várias soluções
inovadoras. Pamplona lembra, no entanto, que cada projeto deve levar em conta aspectos
importantes do local, como ventos, insolação e topografia.
Para os profissionais que adotam essa filosofia verde, os chamados ecoarquitetos,
duas preocupações são constantes: aproveitar ao máximo a água e diminuir o uso de
energia elétrica. O uso de energias alternativas, como a solar e a eólica, são algumas
soluções. Quanto à água, a atenção é redobrada. Embora seja um recurso natural, o uso de
água tratada e clorada, por exemplo, para molhar a horta ou para ser usada no vaso
sanitário, torna-se um desperdício.
Na estrutura da casa o eucalipto toma destaque. Essa espécie de madeira vem
ganhando cada vez mais adeptos entre os arquitetos. “Sendo ecologicamente correta, é
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uma árvore resultado de reflorestamento, ou seja, pode ser retirada em cerca de 15 anos
após o plantio. Ao contrário de madeiras amazônicas, como o mogno, por exemplo, que
atingem a idade adulta só entre 25 e 30 anos", compara Cristina Engel de Alvarez,
arquiteta e coordenadora do Laboratório de Planejamento e Projetos da Universidade
Federal do Espírito Santos (Ufes).
Imagem 1: Maquete representando a casa totalmente feita de eucalipto.
"O melhor é que a exploração do eucalipto poupa espécies ameaçadas de
extinção", diz Cristina. É de sua equipe, junto com a Secretaria Estadual do Meio
Ambiente do Espírito Santo, o projeto da primeira casa ecológica urbana feita quase
totalmente de eucalipto.
No projeto, apesar de não serem novidade, foram descobertas como uma
alternativa e ainda como solução nas construções brasileiras, as chamadas taubilhas:
telhas de madeira feitas artesanalmente.
A utilização desse material para cobertura de casas originou-se em locais onde a
população não tinha acesso às telhas convencionais e necessitava de uma alternativa mais
duradoura e resistente que a palha.
As taubilhas são feitas de sobras de madeira, também chamadas de cavacos,
extraídas de madeira de reflorestamento. A durabilidade varia de 15 a 30 anos,
dependendo do tipo de madeira e do tratamento empregados.
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Imagem 2: Emprego de taubilhas de eucalipto para a cobertura.
Como ficam expostas às intempéries as peças precisam ser tratadas. As telhas de
madeiras plantadas como pinus costumam receber tratamento pelo sistema autoclave
(vácuo-pressão), técnica que também contribui no combate aos agentes deterioradores.
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O objetivo é mostrar que a chamada “urbanidade ecológica” é possível. Ou seja,
construir uma casa na cidade, com um mínimo de impacto ambiental, mas sem abrir mão
do conforto e da tecnologia.
Imagem 3: Desenho representando a cassa ecológica do arquiteto Sergio Pamplona.
1- Estrutura feita em eucalipto, madeira de reflorestamento;
2- Telhado de grama;
3- Escada feita de pneus cheios de terra;
4- Painel de parede feito com garrafas de vidro para iluminar o interior;
5- Varal colocado no ponto mais ensolarado e ventilado da casa;
6- Biodigestor coleta o esgoto (caminho em vermelho), faz digestão anaeróbica e
libera o biofertilizante;
7- Pomar irrigado pelo efluente do biodigestor;
8- Jardins irrigados com águas dos chuveiros e pias (caminho em verde);
9- Estufa para produzir plantas e aquecer a casa no inverno;
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10-Tanques em plastocimento, malha de ferro e sacos de cebola reciclados com
revestimento de concreto para coletar agua da chuva (caminho em azul);
11-Painéis solares para aquecimento de água e produção de energia elétrica;
12-Açude para armazenar água da chuva. Muitas árvores ao redor para diminuir a
evaporação nos meses de seca;
13-Valas de infiltração cortadas em curva de nível;
14-Horta do tipo mandala;
15-Água servida do banheiro de serviço direto para as bananeiras;
16-Água servida da pia direto para o telhado de grama.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRECCO, Dante (Ed.). O bom e o barato da casa ecológica: Arquitetos projetam
moradias que aliam conforto e respeito à natureza. Galileu, Rio de Janeiro, v. 9, n. 104,
p.23-27, mar. 2002. Mensal.
CASA & CONSTRUÇÃO: arquitetura, reforma, interiores e paisagismo. São
Paulo: Escala, n. 57, 2010. Mensal.