Casa da Flor
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construída a partir de 1912, em São Pedro da Aldeia, RJ, por Gabriel Joaquim dos Santos. Um homem pobre, negro, trabalhador das salinas da região, e que nunca freqüentou uma escola.
, quando faleceu, Gabriel Joaquim dos Santos foi embelezando seu lar com materiais recolhidos no lixo doméstico e no refugo das obras civis do local, guiado segundo ele, por sonhos e uma fértil imaginação.
A casa foi
Entre 1923 e 1985
Desde criança
Em 1912
Gabriel pressentia que teria que viver sozinho para dar vazão à sua grande criatividade, pois familiares e pessoas ao redor olhavam com estranheza seu temperamento artístico peculiar.
começou a construção de uma casa, próxima a da sua familia: pequena, de pé-direito baixo e três cômodos apenas. Lentamente, à medida que ia conseguindo o material, foi erguendo a casa de pau-a-pique, utilizando também, pedras para o assoalho e algumas paredes.
Em 1923
Com razão
sonhou com a imagem de um enfeite que embelezava a sua casa e passou a procurar um meio de concretizar aquele sonho.
dizia que fez uma casa do nada: usou o lixo abandonado nas estradas da região, garimpou nos montes de detritos, que para os outros era lixo, cacos de cerâmica, de louça, de vidro, de ladrilhos e de toda uma série de objetos considerados imprestáveis para o uso, tais como velhos bibelôs, lâmpadas queimadas, conchas, pedrinhas, correntes, tampas de metal, manilhas, faróis de automóveis...
Não havia materiais nobres:"tudo caquinho
transformado em beleza"
Segundo a Arq.ª Amélia Zaluar,
o imprestável, o estragado, o feio, o inútil, transformavam-se através de seus olhos em matéria preciosa para a criação artística. Dizia:
.
do Instituo Casa Flor, ‘é um barroco intuitivo criado por um artista marginal e solitário’.
‘
A obra de Gabriel
Eu indo em Cabo Frio, entro na casa daquelas grã-finas, eu trago tudo na mente que eu vi naquela casa, aí é que está, não tiro retrato não, se eu tiver o material, chego em casa e vou fazer perfeito.’
mostra que o despertar da criação no ser humano independe de qualquer ensino formal ou institucionalizado; é nato.
Durante anos, "Faço folhas de cimento, faço bordados, mas precisa que eu tenha lembrança e aquela
força de idéia pra fazer essas coisas. E eu sou governado pra fazer essas coisas por pensamento e sonho."
Os fragmentos
ele bordou sua casa, começando internamente e dedicando-se depois ao seu exterior:
foram colocados aparentemente sem ordem, aleatoriamente, como se fossem atirados e colocados ao acaso. Entretanto, essa desordem obedeceu à ordem do tempo, das peças disponíveis, da afinidade de uma pela outra..
Gabriel se incluiu,
É uma arquitetura
com sua única e poética obra, no seleto grupo dos "construtores do imaginário", artistas ou arquitetos que fugiram dos padrões tradicionais e criaram formas ditadas por uma fantasia.
baseada em soluções surpreendentes porque foge dos padrões tradicionais e porque nascida do uso de materiais considerados pouco nobres e nada convencionais