Casa Bioclimatica
-
Upload
esdrasferraz -
Category
Documents
-
view
65 -
download
0
Transcript of Casa Bioclimatica
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL
Projeto Bioclimtico em Braslia: Estudo de Caso em Edifcio de Escritrios
autora: Alexandra Albuquerque Maciel
Dissertao apresentada ao curso de Ps Graduao em Engenharia Civil para a obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia Civil
Orientador: Roberto Lamberts
Florianpolis Fevereiro de 2002
-
MACIEL, Alexandra A. Projeto bioclimtico em Braslia: Estudo de caso em edifcio de escritrios. Florianpolis, 2002. 138f. Dissertao (Mestrado em Engenharia Civil)- Curso de Ps- Graduao em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Roberto Lamberts. Defesa 22/02/02 Atravs da caracterizao do clima e anlise bioclimtica de Braslia este trabalho pretende ter contribudo para facilitar ao profissional de projeto a incorporao de princpios bioclimticos ao projeto arquitetnico. O potencial das estratgias bioclimticas de ventilao, resfriamento evaporativo e isolamento trmico da cobertura, identificado na anlise realizada, foi avaliado no edifcio da Cmara Legislativa do DF. As estratgias de resfriamento evaporativo e isolamento trmico da cobertura apresentaram o melhor desempenho, do ponto de vista do conforto trmico. possvel perceber que, para o clima de Braslia, a utilizao de um projeto arquitetnico adequado e de sistemas passivos de resfriamento pode garantir a diminuio do consumo do ar condicionado, mesmo em edifcios com ganhos trmicos elevados.
-
Projeto Bioclimtico em Braslia: Estudo de Caso em Edifcio de Escritrios
Esta dissertao foi julgada para obteno do ttulo de
MESTRE EM ENGENHARIA
Especialidade ENGENHARIA CIVIL e aprovada em sua forma final pelo
Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil.
---------------------------------------------
Prof. Roberto Lamberts, PhD. (Orientador)
--------------------------------------------
Prof. Jucilei Cordini (Coordenador do Curso)
COMISSO EXAMINADORA
--------------------------------------------
Prof. Leonardo S. Bittencourt, PhD. (UFAL)
---------------------------------------------
Prof. Fernando O. R. Pereira, PhD. (UFSC)
---------------------------------------------
Prof. Dr. Saulo Guths(UFSC)
-
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS Agradeo aos meus pais, Diva e Maciel, que sempre me apoiaram em todas as etapas de minha
formao, com dedicao, incentivo e carinho.
Agradeo ao Gustavo, meu companheiro de todas as horas e da vida inteira, pelo carinho, enorme ajuda e compreenso em todas as etapas.
Este trabalho tambm no seria possvel sem o apoio das pessoas e instituies abaixo
relacionadas:
Roberto Lamberts - pela orientao do trabalho, sugestes e apoio.
Comisso examinadora (Leonardo S. Bittencourt, Fernando O. R. Pereira e Saulo Guths)- por
terem aceitado a participao na banca examinadora.
Meus colegas, amigos do LabEEE e LabCon (Ana Lgia, Joyce, Cac, Roberta, Csar,
Fernando, Adriano, rika, Kelly e Isabel) por toda a ajuda e troca de conhecimento, amizade e
companheirismo.
Administrao e funcionrios da Cmara Legislativa do DF - que permitiram a pesquisa no
edifcio, com compreenso e pacincia.
Jurandir e Z Carlos (Empresa Vale Guariroba (Primetech)), - pelo equipamento de resfriamento
evaporativo cedido e por toda a ajuda e interesse no desenvolvimento da etapa de campo.
Francisco Pinheiro Flores (ISOBRS)- pela aplicao do isolamento da cobertura e por todo apoio
e aprendizado proporcionado na etapa de campo.
Funcionrios do Banco de dados do INMET (Cristina e Rmulo)- pelos dados cedidos para a
implementao deste trabalho.
Meus irmos (Marcela, Renata e Lo)- por acreditarem em mim.
Mrcia, Eneida, Juliana e Georgeana - pelo incentivo, ajuda incondicional e amizade.
Frank Svensson - por ter despertado em mim o interesse pela pesquisa.
-
SUMRIO GERAL II
SUMRIO GERAL Lista de Figuras.................................................................................................. III Lista de Tabelas.................................................................................................. IV Resumo............................................................................................................... V Abstract............................................................................................................... VI
Captulo 1- Introduo .........................................................................................................................1 1.1 Clima, Arquitetura e Consumo energtico- A situao em Braslia............. 1 1.2 Objetivos...................................................................................................... 5 1.3 Estrutura da Dissertao............................................................................. 6
Captulo 2- Reviso bibliogrfica........................................................................................................7 2.1 A importncia do projeto bioclimtico........................................................................................ 7 2.2 Primeira caracterizao do clima de Braslia............................................................................. 8 2.3 Mtodos de avaliao bioclimtica mais adequados para Braslia............................................ 12 2.3.1 O questionrio como ferramenta auxiliar...................................................................... 18 2.4 Integrao meio externo edificao........................................................................................ 19 2.4.1 Avaliaes Experimentais de Estratgias de projeto em Edifcios de Escritrio.......... 20
2.4.1.1 Edifcios com isolamento Trmico................................................................. 21 2.4.1.2 Reflexo externa em edifcios........................................................................ 22 2.4.1.3 Avaliao da Ventilao em edifcios............................................................ 22 2.4.1.4 Edifcios com Resfriamento Evaporativo....................................................... 23 2.4.1.5 Orientao e proteo solares...................................................................... 24 2.4.1.6 Avaliao da inrcia trmica em edifcios...................................................... 25 2.4.1.7 Avaliao dos espaos externos edificao............................................... 25 2.4.2 Importncia da avaliao experimental para Braslia.................................................... 27 Captulo 3 Metodologia....................................................................................................................28 3.1 Clima e estratgias bioclimticas para Braslia.......................................................................... 28 3.1.1 Caracterizao do clima................................................................................................ 28 3.1.1.1 Temperatura de bulbo seco e Umidade relativa............................................ 29 3.1.1.2 Ventos............................................................................................................ 31 3.1.1.3 Determinao do Ano climtico de Referncia(ACR).................................... 31 3.1.2 Avaliao bioclimtica................................................................................................... 32 3.1.2.1 Carta bioclimtica de Edificaes............................................................................... 32 3.1.2.2 Tabelas de Mahoney.................................................................................................. 33 3.1.2.3 Diagrama Tringulos de Conforto.............................................................................. 34 3.2 Estudo de Caso......................................................................................................................... 35 3.2.1 Caracterizao do edifcio............................................................................................. 35 3.2.2 Ambientes monitorados................................................................................................. 40 3.2.3 Coleta e anlise de dados............................................................................................. 49 3.2.3.1 Variveis humanas........................................................................................ 49 3.2.3.2 Variveis ambientais internas....................................................................... 50
-
SUMRIO GERAL II
Captulo 4 - Resultados e Discusso................................................................................................54 4.1 Clima e estratgias bioclimticas para Braslia......................................................................... 54 4.1.1 Caracterizao do clima............................................................................................... 54 4.1.1.1 Temperatura de bulbo seco e Umidade relativa........................................... 55 4.1.1.2 Ventos........................................................................................................... 60 4.1.1.3 Dados de insolao e precipitao............................................................... 65 4.1.1.4 Ano climtico de referncia obtido................................................................ 66 4.1.1.5 Evoluo urbana e alteraes climticas...................................................... 71 4.1.2 Anlise bioclimtica...................................................................................................... 73 4.1.2.1 Avaliao bioclimtica atravs da Carta bioclimtica de Edificaes........... 73 4.1.2.2 Avaliao bioclimtica atravs das Tabelas de Mahoney............................. 77 4.1.2.3 Avaliao bioclimtica atravs dos Tringulos de Conforto.......................... 77 4.2 Estudo de caso.......................................................................................................................... 78 4.2.1 Avaliao das variveis humanas................................................................................ 78 4.2.2 Variveis ambientais..................................................................................................... 84 4.2.2.1 Caracterizao climtica do perodo analisado............................................ 84 4.2.2.2.Temperatura de bulbo seco e Umidade relativa internas............................. 88 4.2.2.2.1 Anlise das Condies Gerais (Ptio Interno, Vegetao e Orientao).........................................................................................................................................
88
4.2.2.2.2 Avaliao do Sistema de Resfriamento Evaporativo.................... 93
4.2.2.2.3 Avaliao das Aberturas p/Renovao do ar................................ 98 4.2.2.2.4 Avaliao da Ventilao Natural................................................... 100 4.2.2.2.5 Avaliao do Isolamento Trmico e Cor Branca na Cobertura..... 103
4.2.2.3 Graus hora de resfriamento e aquecimento................................................. 106 4.2.2.4 Ambientes analisados atravs da Carta bioclimtica de Edificaes........... 109
4.2.2.5 Verificao dos fluxos de ar internos............................................................. 111
Captulo 5 Concluses...................................................................................................................112 5.1 Avaliao bioclimtica............................................................................................................... 112 5.2 Estudo de caso.......................................................................................................................... 113 5.3 Limitaes Encontradas e Sugestes para trabalhos futuros................................................... 116 Referncias Bibliogrficas................................................................................................................117 Anexos................................................................................................................................................122 A- Modelo do questionrio.............................................................................................................. 122 B- Freqncia de ocorrncia mensal de temperatura (1982 1997).............................................. 124 C- Frequncia de ocorrncia anual de temperatura (1982-1997)................................................... 126 D- Freqncia de ocorrncia horria dos ventos (direo e velocidade)........................................ 128 E- Tabela de Mahoney, dados climticos de 1982 1997............................................................. 131
-
LISTA DE FIGURAS III CAPTULO 1 1.1 Setor comercial norte................................................................................................................. 2 1.2 Clinica Daher.............................................................................................................................. 4 1.3 EMATER-DF............................................................................................................................... 4 1.4 Restaurante universitrio UnB.................................................................................................... 5 1.5 Reitoria UnB............................................................................................................................... 5
CAPTULO 2 2.1- Mapa climtico do DF................................................................................................................ 9 2.2- Carta bioclimtica de edificaes de GIVONI (1992)................................................................ 16 2.3 Esquemas de ventilao. WATSON e LABS (1983)............................................................... 23 CAPTULO 3 3.1 Localizao da Estao Meteorolgica do Aeroporto Internacional de Braslia ........................ 29 3.2 Fotografia fachada principal do edifcio da Cmara legislativa do Distrito Federal.................... 35 3.3 Planta baixa Plano Piloto............................................................................................................ 35 3.4 Implantao e orientao do edifcio.......................................................................................... 36 3.5 Zoneamento do edifcio.............................................................................................................. 36 3.6 Materiais das vedaes verticais................................................................................................ 37 3.7 Materiais cobertura..................................................................................................................... 37 3.8 Corte esquemtico do bloco Administrativo. Sistema de renovao de ar interno.................... 38 3.9 Detalhe da entrada de ar............................................................................................................ 38 3.10 Vista da Fachada Principal Norte............................................................................................. 38 3.11 Mscara de Sombra Beiral Fachada Norte.............................................................................. 39 3.12 Mscara de Sombra Beiral Fachada Sul.................................................................................. 39 3.13 Corte Esquemtico, ngulos de incidncia solar...................................................................... 39 3.14 Trecho ala leste do edifcio. Identificao da vegetao.......................................................... 40 3.15 Vista do Ptio Interno............................................................................................................... 40 3.16 Pavimento Trreo Salas analisadas (A F)............................................................................. 41
3.17 1o.Pavimento Salas analisadas (G O)................................................................................... 42 3.18 sala D........................................................................................................................................ 42 3.19 sala I......................................................................................................................................... 43 3.20 sala L........................................................................................................................................ 43 3.21 sala O....................................................................................................................................... 43 3.22 sala A........................................................................................................................................ 43 3.23 sala F........................................................................................................................................ 44 3.24 sala H........................................................................................................................................ 44 3.25 sala N........................................................................................................................................ 44 3.26 Detalhe do bico aspersor.......................................................................................................... 44 3.27 Painel gerenciador.................................................................................................................... 44 3.28 Sensor de temperatura do ar e umidade relativa, sala N......................................................... 45 3.29 Desenho esquemtico da instalao do sistema de resfriamento evaporativo........................ 46 3.30 Vista sistema de resfriamento evaporativo instalado............................................................... 46 3.31 sala G....................................................................................................................................... 46 3.32 Isolamento trmico sobre laje da sala G.................................................................................. 47 3.33 Telha pintada de branco sobre a cobertura da sala G............................................................. 47 3.34 sala B........................................................................................................................................ 47 3.35 sala C........................................................................................................................................ 48
-
LISTA DE FIGURAS III 3.36 sala E........................................................................................................................................ 48 3.37 sala J........................................................................................................................................ 48 3.38 sala M....................................................................................................................................... 49 3.39 Localizao dos sensores........................................................................................................ 50 3.40 Localizao dos sensores externos.......................................................................................... 51 3.41 Vista da localizao do data logger na fachada sul.................................................................. 51 3.42 Desenho esquemtico da maquete para proteo dos sensores externos............................. 51 3.43 Termmetro de superfcie........................................................................................................ 53
CAPTULO 4 4.1- Valores mdios de TBS e UR................................................................................................... 56 4.2- TBS mx. absoluta................................................................................................................... 56 4.3- TBS mdia das mximas.......................................................................................................... 56 4.4- TBS mdias das mdias........................................................................................................... 57 4.5- TBS mdia das mnimas........................................................................................................... 57 4.6- Temperatura mdia diria- 82-97............................................................................................. 58 4.7- Amplitude trmica mdia mensal.............................................................................................. 58 4.8- Umidade Relativa Mdia Mensal.............................................................................................. 58 4.9- Direo dos ventos, perodo quente e mido........................................................................... 61 4.10- Direo dos ventos, perodo seco.......................................................................................... 62 4.11- Freqncia de velocidade dos ventos %................................................................................ 62 4.12- Temperatura de bulbo seco horria- 1987............................................................................. 67 4.13- Umidade relativa horria- 1987.............................................................................................. 68 4.14 Direo dos ventos- Perodo quente mido 1987.................................................................... 68 4.15- Direo dos ventos perodo seco- 1987................................................................................. 69 4.16- Velocidades do ar, janeiro...................................................................................................... 69 4.17- Velocidades do ar, fevereiro................................................................................................... 69 4.18- Velocidades do ar, maro....................................................................................................... 70 4.19- Velocidades do ar, abril.......................................................................................................... 70 4.20- Velocidades do ar, maio......................................................................................................... 70 4.21- Velocidades do ar, junho........................................................................................................ 70 4.22- Velocidades do ar, julho......................................................................................................... 70 4.23- Velocidades do ar, agosto...................................................................................................... 70 4.24- Velocidades do ar, setembro.................................................................................................. 70 4.25- Velocidades do ar, outubro..................................................................................................... 70 4.26- Velocidades do ar, novembro................................................................................................. 71 4.27- Velocidades do ar, dezembro................................................................................................. 71 4.28- Mapas ilustrativos do crescimento populacional por dcada................................................. 71 4.29- rea Urbana 1984 1995....................................................................................................... 72 4.30- Carta bioclimtica- TRY (1987).............................................................................................. 73 4.31- Diagrama Tringulos de conforto........................................................................................... 78 4.32- Grfico de sensao trmica e temperatura, manh.............................................................. 81 4.33- Grfico de preferncia trmica e temperatura, manh........................................................... 82 4.34 Grfico de sensao trmica e temperatura, tarde.................................................................. 82 4.35 Grfico de preferncia trmica e temperatura, tarde............................................................... 82 4.36- Dados horrios de TBS e UR do perodo............................................................................... 84 4.37- TBS e UR mdia mensal do perodo...................................................................................... 84 4.38- Temperaturas mximas, mdias e mnimas dirias............................................................... 85 4.39- U.R. mximas, mdias e mnimas dirias.............................................................................. 85 4.40 Amplitude trmica diria.......................................................................................................... 86 4.41 Amplitude trmica mdia mensal............................................................................................. 86
-
LISTA DE FIGURAS III 4.42- Rosa dos ventos p/ frequncia mensal de direo dos ventos.............................................. 86 4.43- velocidades por direo ms de fevereiro.............................................................................. 87 4.44- velocidades por direo, ms de maro................................................................................. 87 4.45- velocidades por direo, ms de abril.................................................................................... 87 4.46- velocidades por direo, ms de maio................................................................................... 87 4.47- velocidades por direo, ms de junho.................................................................................. 87 4.48- Temperatura mdia das mx. e mn.- trreo norte................................................................. 89 4.49- Temperatura mdia das mx. e mn.- 1andar norte.............................................................. 89 4.50- Temperaturas mx. e mn. dirias-fev. trreo........................................................................ 90 4.51- Temperaturas mx. e mn. dirias-fevereiro 1 andar.............................................................. 90 4.52- Temperaturas mdias- Trreo norte, ms de junho............................................................... 91 4.53- Temperaturas mx. e mn. dirias-junho terreo..................................................................... 91 4.54- Temperaturas mx. e mn. dirias-junho 1 andar.................................................................. 92 4.55- UR rea externa ao prdio, do INMET e TBS interno (trreo norte)..................................... 92 4.56- Comportamento da temperatura interna antes do funcionamento do sistema ...................... 93 4.57- Temperatura interna aps o funcionamento do sistema........................................................ 94 4.58- Temperatura interna no fim de semana.................................................................................. 94 4.59- Temperatura interna com sistema ligado............................................................................... 94 4.60- Temperaturas mx. e mn. dirias. Trreo sul........................................................................ 95 4.61- Temperaturas mx. e mn. dirias. 1andar sul...................................................................... 95 4.62-TBS mdia das mx. e mn. mensal, 1andar sul.................................................................... 96 4.63- TBS mdia das mx. e mn. mensal, salas com resfriamento............................................... 96 4.64- Elevao da Umidade Relativa, com sistema funcionando.................................................... 97 4.65- Umidade Relativa. Intervalo 14 a 21 de maio........................................................................ 97 4.66 Umidade relativa mdia, trreo................................................................................................ 98 4.67 Umidade relativa mdia, primeiro andar.................................................................................. 98 4.68- TBS. Salas antes da vedao das aberturas p/ renovao de ar.......................................... 99 4.69- Sala E aps vedao das aberturas existentes, (dia 02/03 tarde)...................................... 99 4.70- TBS. Vedao das aberturas p/ renovao de ar, sala B...................................................... 99 4.71- TBS. Vedao das aberturas p/ renovao de ar, sala C...................................................... 1004.72- Vedao da sala J.................................................................................................................. 1004.73- Efeito da ventilao noturna na sala M.................................................................................. 1014.74 Janelas fechadas noite, a partir do dia 14/03.................................................................... 1014.75- Efeito da ventilao natural em sala desocupada.................................................................. 1024.76- Efeito da ventilao noturna no ms de dezembro................................................................ 1024.77- Temperatura da sala aps o isolamento da laje, 19/02......................................................... 1034.78- Diferena da temperatura interna nos fins de semana........................................................... 1034.79- Temperaturas da sala G durante expediente......................................................................... 1044.80- Temperaturas da sala G durante expediente, aps pintura das telhas.................................. 1044.81- Alterao das temperaturas internas sala G com isolamento e pintura branca..................... 1054.82- Temperaturas mdias, sala G................................................................................................ 1054.83- U.R. Salas da fachada sul, primeiro andar............................................................................. 1064.84- Graus hora p/ resfriamento. Temperatura base 26C............................................................. 1074.85- Graus hora p/ aquecimento. Temperatura base 23C............................................................ 1074.86- Fluxos de ar, aberturas no piso, norte.................................................................................... 1114.87- Fluxos de ar, aberturas no piso, sul........................................................................................ 111 ANEXOS........................................................................................................................................... 122
ANEXO- B B-1 Frequncia de temperatura, janeiro.......................................................................................... 124
-
LISTA DE FIGURAS III B-2 Freqncia de temperatura, fevereiro....................................................................................... 124B-3 Freqncia de temperatura, maro........................................................................................... 124B-4 Frequncia de temperatura, abril.............................................................................................. 124B-5 Frequncia de temperatura, maio............................................................................................. 124B-6 Frequncia de temperatura, junho............................................................................................ 124B-7 Frequncia de temperatura, julho............................................................................................. 125B-8 Frequncia de temperatura, agosto.......................................................................................... 125B-9 Frequncia de temperatura, setembro...................................................................................... 125B-10 Frequncia de temperatura, outubro....................................................................................... 125B-11 Frequncia de temperatura, novembro................................................................................... 125B-12 Frequncia de temperatura, dezembro................................................................................... 125 ANEXO- C C-1- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1982...................................................................... 126C-2- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1983...................................................................... 126C-3- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1984...................................................................... 126C-4- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1985...................................................................... 126C-5- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1986...................................................................... 126C-6- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1987...................................................................... 126C-7- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1988...................................................................... 126C-8- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1989...................................................................... 126C-9- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1990...................................................................... 127C-10- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1991.................................................................... 127C-11- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1992.................................................................... 127C-12- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1993.................................................................... 127C-13- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1994.................................................................... 127C-14- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1995.................................................................... 127C-15- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1996.................................................................... 127C-16- Frequncia de ocorrncia de temperatura 1997.................................................................... 127 ANEXO-D D-1 Freqncia de direo- janeiro................................................................................................. 128D-2 Freqncia de velocidade- janeiro............................................................................................ 128D-3 Freqncia de direo- fevereiro.............................................................................................. 128D-4 Freqncia de velocidade- fevereiro......................................................................................... 128D-5 Freqncia de direo- maro.................................................................................................. 128D-6 Freqncia de velocidade- maro............................................................................................. 128D-7 Freqncia de direo- abril..................................................................................................... 128D-8 Freqncia de velocidade- abril................................................................................................ 128D-9 Freqncia de direo- maio.................................................................................................... 129D-10 Freqncia de velocidade- maio............................................................................................. 129D-11 Freqncia de direo- junho................................................................................................. 129D-12 Freqncia de velocidade- junho............................................................................................ 129D-13 Freqncia de direo- julho................................................................................................... 129D-14 Freqncia de velocidade- julho............................................................................................. 129D-15 Freqncia de direo- agosto............................................................................................... 129D-16 Freqncia de velocidade- agosto.......................................................................................... 129D-17 Freqncia de direo- setembro........................................................................................... 130D-18 Freqncia de velocidade- setembro...................................................................................... 130D-19 Freqncia de direo- outubro.............................................................................................. 130D-20 Freqncia de velocidade- outubro......................................................................................... 130D-21 Freqncia de direo- novembro.......................................................................................... 130
-
LISTA DE FIGURAS III D-22 Freqncia de velocidade- novembro..................................................................................... 130D-23 Freqncia de direo- dezembro.......................................................................................... 130D-24 Freqncia de velocidade- dezembro..................................................................................... 130
-
LISTA DE TABELAS IV
CAPTULO 2 2.1 Principais limites de temperatura e umidade.............................................................................. 15 CAPTULO 4 4.1 Comparao de duas mdias..................................................................................................... 54 4.2 Parcela de dados ausentes do intervalo de dados analisado.................................................... 55 4.3 Anlise climtica das freqncias mensais de TBS................................................................... 59 4.4 Dados ausentes por ano............................................................................................................. 60 4.5 Percentual mensal de vento ausente......................................................................................... 61 4.6 Percentual mensal para ausncia de vento................................................................................ 62 4.7 Caracterizao dos ventos por horrio....................................................................................... 63 4.8 Direo dos ventos..................................................................................................................... 65 4.9 Velocidade dos ventos................................................................................................................ 65 4.10 Dados de precipitao e insolao Normais climatolgicas (1960 1990)............................. 65 4.11 Dados de precipitao e insolao anual................................................................................. 66 4.12 Temperaturas mdias mensais do perodo de 1982 1997.................................................... 66 4.13 Tabela de classificao mensal (1o)......................................................................................... 66 4.14 Tabela de classificao mensal (2o)......................................................................................... 67 4.15 Eliminao dos anos com temperaturas mensais extremas.................................................... 67 4.16 Taxa mdias de crescimento anual.......................................................................................... 72 4.17 Estratgias bioclimticas (%)................................................................................................... 74 4.18 Percentual de desconforto por perodo do dia.......................................................................... 74 4.19 Caractersticas climticas por intervalo de temperatura........................................................... 77 4.20 Percentual mensal de vento ausente....................................................................................... 86 4.21 FEVEREIRO............................................................................................................................. 88 4.22 MARO.................................................................................................................................... 88 4.23 ABRIL....................................................................................................................................... 88 4.24 MAIO........................................................................................................................................ 88 4.25 JUNHO..................................................................................................................................... 88 4.26 Percentuais de conforto no nvel trreo.................................................................................... 109 4.27 Percentuais de conforto no primeiro pavimento....................................................................... 110 4.28 Percentuais de conforto no primeiro pavimento....................................................................... 110
-
RESUMO V
RESUMO
A cidade de Braslia, situada no Planalto Central do Brasil, caracterizada pelo clima Tropical de
Altitude, de acordo com a classificao de Kppen, onde so identificadas duas estaes nitidamente
distintas: quente e mida (outubro a abril) e seca (maio a setembro).
Identifica-se, em Braslia, uma dificuldade na incorporao dos princpios bioclimticos desde as
etapas iniciais de projeto e um dos obstculos a carncia de dados climticos atualizados voltados
para o projeto bioclimtico. Dessa forma, foi realizada a caracterizao do clima da cidade, com base em
dados atualizados de um perodo de dezesseis anos, e a anlise bioclimtica dos dados obtidos, como
forma de oferecer subsdios concepo arquitetnica, acrescendo a seus objetivos a busca pelo
conforto trmico e melhor desempenho energtico das edificaes. Atravs da anlise bioclimtica foram
identificadas as estratgias bioclimticas mais adequadas s solicitaes do clima, para edificaes em
Braslia. Podemos citar a ventilao, a inrcia trmica, o resfriamento evaporativo e a reduo dos
ganhos de calor atravs do sombreamento e da reflexo, para a situao de calor, e a inrcia trmica
com aquecimento solar passivo, para a situao de frio.
Procurou-se avaliar o potencial de algumas das estratgias bioclimticas identificadas, para
edifcios de escritrio, buscando alternativas que contribussem de forma efetiva para o conforto trmico
dos usurios e que tornassem possvel a aplicao de sistemas passivos e mais econmicos de
climatizao. Dessa forma, realizou-se a avaliao do edifcio da Cmara Legislativa do Distrito Federal,
entre fevereiro e junho de 2001, que demonstra, na proposta arquitetnica empregada, clara inteno de
adaptao ao clima local. A arquitetura do edifcio promove a circulao e renovao do ar interno
atravs de divisrias duplas, com entrada de ar pelo piso e sada pela rea central da cobertura. Alm de
utilizar cortinas de vegetao nas fachadas e ptio interno, e grandes beirais para proteo da fachada
contra radiao solar direta.
Foram implementadas no edifcio as estratgias de resfriamento evaporativo por microasperso, o
isolamento trmico da cobertura, o uso de cor branca na cobertura e a alterao do sistema de renovao
do ar. Para verificao do potencial destas estratgias na manuteno do conforto trmico no edifcio foi
feita uma anlise comparativa de dados de temperatura e umidade medidos entre salas sujeitas a
diferentes sistemas e situaes. Atravs da anlise comparativa entre salas modificadas e no
modificadas foi possvel verificar a eficincia das solues empregadas na proposta arquitetnica do
prdio e a melhor resposta obtida com os sistemas de resfriamento evaporativo e de isolamento trmico,
para a minimizao do desconforto por calor.
Essas constataes demonstram que, para o clima de Braslia, mesmo em edifcio com ganhos
internos relativamente elevados, possvel garantir baixos percentuais de desconforto atravs de um
projeto adequado e do uso de sistemas passivos de baixo consumo.
-
ABSTRACT VI
ABSTRACT
Brasilia is located in the center of Brazil. Its climate is classified as Tropical upland (Kppen
classification) and it is characterized by two defined seasons: hot and humid (October to April) and dry
(May to September).
There are many problems to incorporate bioclimatic issues to building design in Brasilia. One of
these problems is the lack of appropriate and recent climate data. So, the first step of this research is a
detailed Brasilias climate characterization to building design. This feature was done with a recent climate
data of a sixteen years period and include a bioclimatic analysis .
The more appropriate bioclimatic strategies identified to hot conditions in this analysis were the
ventilation, the thermal inertia and the evaporative cooling. The thermal inertia with solar gains was the
more indicated strategy to cold conditions.
In this context, the other step of this research was the experimental evaluation of passive cooling
strategies indicated to Brasilia in an office building. Measurements of dry bulb temperature and relative
humidity data were carried out in the Federal District Legislative Chamber building in February to June of
2001. The building characteristics demonstrate clear concern to the local climate. The architectural
design promotes the circulation and renewal of internal air. The building also presents a curtain of
vegetation on the facades and an extended overhang to protect the facades from direct radiation.
The passive strategies applied at the building were a direct evaporative cooling system, the roof
thermal insulation, the white color sheet and the renewal of air openings modification. The internal climate
data were compared to verify the potential of these strategies. This comparison between no modified
rooms and modified rooms showed that the building design is appropriate to thermal comfort conditions.
The evaporative cooling system and the roof thermal insulation with white color showed the best results
to reduce hot discomfort at the building.
This results show that it is possible to achieve favorable internal conditions through passive
systems with less energy consumption in Brasilia climate, even in a building with high internal gains.
-
CAPTULO 1 INTRODUO 1
CAPTULO 1- INTRODUO 1.1 CLIMA, ARQUITETURA E CONSUMO ENERGTICO - A SITUAO EM BRASLIA.
A cidade de Braslia apresenta caractersticas bastante peculiares advindas do fato de ser uma
cidade totalmente planejada inclusive no que diz respeito a sua localizao.
A idia da mudana da Capital brasileira para o interior remonta ao perodo colonial. Uma das
motivaes era a segurana, j que a posio do Rio de Janeiro, como porto, tornava-a muito vulnervel
a uma invaso martima. Alm desta razo havia tambm a necessidade de promover o
desenvolvimento para o interior do pas. Em maio de 1892, foi efetivada a escolha da rea destinada a
futura capital, e para isso foi constituda uma comisso com a finalidade de demarcar os 14.400 km2
estabelecidos na Constituio de 1891. Denominada "Comisso Exploradora do Planalto Central do
Brasil, sua chefia foi confiada a Luiz Cruls, diretor do Observatrio Astronmico do Rio de Janeiro,
(COMISSO LUIS CRULS, 1998). Posteriormente em 1954 uma nova comisso ficou responsvel por
delimitar o local exato do local de construo da cidade dentro da rea j delimitada, (ROMERO, 2000).
Uma das particularidades na escolha do local, para a qual se chama a ateno, foi a
considerao das condies climticas locais como critrio de seleo. Em trecho do relatrio elaborado
pela misso Cruls relata-se nutrimos, pois a convico de que a zona demarcada apresenta a maior
soma de condies favorveis possveis de se realizar, e prprias para nela edificar-se uma grande
Capital, que gozar de um clima temperado e sadio, abastecida com guas potveis abundantes,... ...
regio situada no tringulo formado pelas trs lagoas - Formosa, Feia e Mestra dArmas, com chapades
elevados a mais de 1.000 metros, como nesta paragem requer, para a melhoria do clima a menor
latitude, favorecidos com algumas serras mais altas da banda do norte, que no s os protegem de
alguns ventos menos frescos deste lado, como lhes fornecero, mediante a conveniente despesa, os
necessrios mananciais.(COMISSO LUIS CRULS, 1998).
As condies climticas favorveis observadas pela misso Cruls vem-se confirmadas em
trabalho apresentado por GOULART et al (1997), no qual verifica-se que a cidade de Braslia apresenta
o maior percentual de horas de conforto em relao a outras 13 cidades estudadas de diferentes regies
brasileiras.
Quanto questo urbanstica e arquitetnica no se percebe que houve a mesma preocupao
em relao s condies climticas.
Nota-se a predominncia de critrios estticos formais sobre os aspectos funcionais e
bioclimticos na concepo desta cidade modernista, construda como forma de dar confiana e
representatividade ao desenvolvimento do pas no governo de Juscelino Kubitschek. No relatrio do
Plano Piloto, COSTA (1995) argumenta que necessrio conferir ao conjunto projetado o desejvel
carter monumental. Como conseqncia desta busca pela monumentalidade os edifcios comerciais e
pblicos, como os localizados no Eixo monumental, apresentam um resultado bastante plstico e
escultural, mas descompromissado com as especificidades do clima local. Um dos indicativos desta
inadequao, alm da predominncia da fachada de vidro, a orientao desfavorvel, leste-oeste, da
maioria dos edifcios ao longo deste eixo.
Porm, no setor residencial do Plano Piloto a soluo urbanstica proposta por Lcio Costa das
chamadas superquadras demonstra um resultado bastante satisfatrio do ponto de vista bioclimtico. A
-
CAPTULO 1 INTRODUO 2
continuidade da trama urbana assegurada pela cuidada vegetao dentro das superquadras,
transformando os edifcios em ilhas na vegetao, (ROMERO, 1999).
Ao longo dos anos, a linguagem das novas edificaes construdas em Braslia foi sendo
modificada com a apropriao de novas tendncias. Porm, ainda observa-se, na maioria dos casos, a
continuidade da cultura do desperdcio energtico. Solues padronizadas, resultado de um processo de
globalizao, provocam a proliferao das torres de vidro no cenrio mundial como cones da era
moderna. O Brasil no uma exceo e o processo de cpia de paradigmas internacionais vem se
mantendo independente das realidades culturais e climticas locais.
Hoje em Braslia, a torre de vidro vem se tornando parte integrante da paisagem de setores
inteiros de Braslia, como o Setor Comercial Norte (figura 1.1), ou os novos tribunais do Eixo
Monumental. A ampla utilizao de superfcies de vidro em uma cidade como Braslia, cujo cu claro
caracterstico dos perodos seco e de inverno caracteriza uma elevada radiao solar sobre as
superfcies pode ser totalmente inadequado do ponto de vista energtico e do conforto trmico. A
transmisso da radiao solar provoca o efeito estufa, o que aumenta a necessidade do emprego de
sistemas de resfriamento artificial de elevado consumo. Alm disso, a utilizao de envelopes
completamente vedados obriga o uso integral do ar condicionado, gerando no s gastos energticos
exagerados, como ambientes insalubres.
FIGURA 1.1- Setor comercial norte.
As instalaes de ar condicionado so uma das grandes responsveis pelo consumo de energia
eltrica em edifcios. Segundo a ELETROBRS (1999), o condicionamento ambiental de edificaes
(refrigerao, aquecimento, iluminao de ambientes) participa com 3% no consumo de energia eltrica
global do pas, mas somente os aparelhos de ar condicionado representam 20% do consumo comercial.
O condicionamento artificial em edifcios nos ltimos anos passou a ser o uso final mais representativo
no consumo de energia eltrica devido ao aumento das exigncias de conforto dos usurios e a
ineficincia dos edifcios.
De 1988 a 1992 houve um aumento da participao da energia eltrica no consumo total de
energia. No setor comercial o consumo cresceu de 70,1%, em 1988, para 89,7%, em 1993, segundo
dados do BEN (1999). O setor comercial um segmento de grande potencial no combate ao desperdcio
energtico. Em 1988, de acordo o Programa Nacional de Conservao de energia eltrica - PROCEL
(1999), o setor comercial respondia 14% do consumo total de energia eltrica do pas, dos quais 4%
-
CAPTULO 1 INTRODUO 3
so relativos aos prdios pblicos. Segundo os cenrios de demanda e investimentos em energia para o
ano 2000 no estado de So Paulo, da parcela de consumo relativa ao setor comercial, 26% vm dos
grandes edifcios, 21% de edifcios de escritrio e 17 % depsitos. O consumo, relativo aos edifcios de
escritrio e grandes estabelecimentos, est relacionado quase que exclusivamente com os aspectos de
arquitetura, pois os usos finais mais relevantes (iluminao=50% e ar condicionado=34% do consumo
total de eletricidade) esto diretamente relacionados ao tipo de arquitetura e ocupao dos espaos.
Em relao aos usos finais neste setor, segundo dados resultantes de avaliao de desempenho
trmico realizada por ROMRO (1998), observou-se que houve uma inverso nos ltimos anos nos
percentuais de consumo por uso final em edifcios comerciais, onde o condicionamento de ar passa a ser
o uso final mais representativo. Uma das razes estaria no fato de que h 15 ou 20 anos atrs a
iluminao artificial utilizava sistemas muito mais ineficientes e o condicionamento ambiental no era
utilizado com a freqncia com que utilizado hoje.
Em avaliao ps-ocupacional de edifcio de 28 andares, em Belo Horizonte, RHEINGANTZ
(1995) observa que a constituio do edifcio, todo em concreto e vidro, amplia as oscilaes de
temperatura interna pelos ganhos solares atravs das superfcies envidraadas e das persianas
metlicas de cor preta, obrigando o superdimensionamento do sistema de refrigerao.
Para diminuio do consumo energtico, a adequao do padro arquitetnico o item que
exige menores investimentos, e proporciona uma das maiores economias de energia. Segundo o BEN -
Balano Energtico Nacional de 1990, para a adequao arquitetnica o investimento exigido de
apenas 5% do total e proporciona uma das maiores economias de energia (23%). O rendimento de 3 a
9 vezes superior ao dos outros investimentos, como a reduo do desperdcio, sistemas de controle e
melhoria do rendimento de iluminao e ar condicionado.
Para uma modificao deste cenrio de consumo energtico exagerado provocado por uma
arquitetura totalmente desvinculada da bioclimatologia preciso primeiramente entender melhor o clima
e suas variveis influentes sobre o conforto humano e comportamento trmico das edificaes. Em
Braslia, FERREIRA (1965) realiza estudo pioneiro de caracterizao do clima visando o projeto de
arquitetura. Este trabalho utilizado com fonte de informao em grande parte das pesquisas na rea da
bioclimatologia em Braslia. Porm, devido ao processo de urbanizao da cidade e a conseqente
modificao da paisagem natural exercendo influncia sobre o clima, observa-se a necessidade de uma
nova caraterizao do clima a partir de uma base de dados atualizada. Tornando-a acessvel no s aos
pesquisadores da rea como para os profissionais de projeto.
Os processos de interao do clima com a edificao podem ser explorados pelo projetista,
atravs de estratgias bioclimticas, proporcionando melhores condies de conforto trmico nos
ambientes e menores gastos energticos. Aplicando corretamente estratgias passivas para o clima de
Braslia, como ventilao, massa trmica ou resfriamento evaporativo, segundo GOULART et al (1997),
possvel, em determinados casos, substituir o uso do ar condicionado. Nos setores comerciais e
pblicos a utilizao de sistemas naturais de condicionamento uma alternativa para a economia de
energia. Como a gerao interna de calor nos edifcios deste setor geralmente muito grande (pessoas,
iluminao, equipamentos), provavelmente o aproveitamento dos recursos naturais pode no atender
integralmente s necessidades de conforto. Mas a adequao do projeto ao clima, balanceando os
recursos naturais e os sistemas artificiais, minimiza a dependncia exclusiva destes ltimos.
-
CAPTULO 1 INTRODUO 4
Existem vrios trabalhos de avaliao de edifcios tendo em vista a aplicao de sistemas
naturais de climatizao em concordncia com sistemas artificiais otimizados. Em muitos deles fica
explcita a importncia do emprego de estratgias e tecnologias passivas no projeto arquitetnico, desde
sua concepo, para a diminuio do consumo de energia. Porm, a maioria dos estudos existentes na
rea est voltada para edifcios condicionados. Alm disso, as pesquisas tm-se baseado principalmente
em resultados de simulao computacional. O estudo experimental da performance trmica de diferentes
estratgias bioclimticas extremamente importante para indicar e validar alternativas ao crescimento
do consumo de energia em edifcios comerciais.
Dessa forma, para avaliao da adequao de solues arquitetnicas e sistemas passivos de
climatizao em edifcios na cidade de Braslia, optou-se por uma avaliao experimental de edifcio no
condicionado com caractersticas apropriadas ao clima Tropical de Altitude e que demonstra potencial
para implementao de outros sistemas passivos.
Apesar das tipologias arquitetnicas dos edifcios construdos atualmente em Braslia no
apresentarem relao com as caractersticas climticas em sua maioria, possvel citar bons exemplos
de arquitetura adaptada ao clima. Entre eles, os edifcios da Clnica Daher no Lago Sul, do Edifcio da
Emater - DF, do Restaurante Universitrio ou do projeto inicial da Reitoria da Universidade de Braslia,
apresentados nas figuras 1.2 a 1.5.
FIGURA 1.2 Clinica Daher FIGURA 1.3- EMATER-DF
FIGURA 1.4 Restaurante universitrio- UnB FIGURA 1.5- Reitoria UnB.
Foi selecionado como objeto de estudo o edifcio da Cmara Legislativa do Distrito Federal de
autoria dos arquitetos Mrio Willian Del Sarto e Gilson M. Carias. Este edifcio, um dos poucos no
condicionados, apresenta caractersticas arquitetnicas que vo ao encontro das estratgias indicadas
pelas cartas bioclimticas mais apropriadas regio, como a carta de GIVONI (1992). Alm disso este
foi um dos poucos edifcios no condicionados em que no houve obstculos burocrticos
implementao do presente estudo.
-
CAPTULO 1 INTRODUO 5
1.2 OBJETIVOS
Caracterizao detalhada e precisa do clima local voltada para projeto, incluindo a determinao do ano climtico de referncia e avaliao bioclimtica. Permitindo a utilizao de dados
climticos atualizados na aplicao de mtodos de avaliao de desempenho trmico e na determinao
de estratgias de projeto apropriadas na concepo arquitetnica.
Estudo de caso em edifcio de escritrios no condicionado no sentido de verificar o potencial das estratgias de projeto mais adequadas ao clima de Braslia em situao real de uso. Atravs dessa
avaliao pretende-se oferecer alternativas para adoo de sistemas passivos ou de baixo consumo
para climatizao do ar, contribuindo para diminuio do emprego do sistema de ar condicionado em
edifcios pblicos e comerciais.
-
CAPTULO 1 INTRODUO 6
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO
Este trabalho, no esforo de auxiliar o profissional de projeto visando uma maior integrao do
edifcio com o meio externo, consistem em dois procedimentos principais. O primeiro uma
caraterizao do clima de Braslia a partir de base de dados atualizada, como ferramenta de auxlio no
projeto bioclimtico. E o segundo a avaliao da adequao de solues arquitetnicas e sistemas
passivos de climatizao indicados para edificaes no clima Tropical de altitude atravs de estudo de
caso em edifcio no condicionado.
Aps uma introduo expondo a realidade da arquitetura de Braslia frente ao cenrio de crise energtica brasileira faz-se um resumo dos objetivos principais da pesquisa. No segundo captulo coloca-se a importncia do projeto bioclimtico para o conforto trmico e minimizao do consumo
energtico em edificaes e os mecanismos necessrios para a concretizao de um projeto que
oferea tais condies. Portanto, segue-se a definio dos elementos e fatores climticos decisivos na
caracterizao do clima e das variveis e elementos do clima influentes no conforto trmico humano e no
desempenho trmico da edificao. Procede-se tambm a avaliao das cartas bioclimticas e mtodos
mais apropriados realidade brasileira e ao clima tropical de altitude, como forma de melhor identificar
as estratgias bioclimticas mais adequadas. O captulo encerra-se com a exposio das principais
estratgias bioclimticas indicadas para o clima tropical de altitude.
O captulo seguinte (terceiro captulo) trata da metodologia adotada tanto para o tratamento dos dados climticos obtidos para a caracterizao do clima quanto para o estudo de caso no edifcio da
Cmara legislativa do Distrito Federal.
No quarto captulo apresentam-se os resultados e discusso relativa caracterizao do clima e os resultados do desempenho das solues arquitetnicas do edifcio e sistemas implementados em
relao aos dados de temperatura do ar e umidade relativa medidos.
O quinto e ltimo captulo trata das concluses, destacando sua contribuio e possveis questes conflitantes. E ainda recomendaes para trabalhos futuros, chamando ateno para a
necessidade da pesquisa em arquitetura bioclimtica voltada para a regio de Braslia.
-
Captulo 2 REVISO BIBLIOGRFICA 7
CAPTULO 2- REVISO BIBLIOGRFICA 2.1- A IMPORTNCIA DO PROJETO BIOCLIMTICO.
Durante algum tempo a evoluo da tecnologia, com novos sistemas artificiais de iluminao e
condicionamento de ar, e a disponibilidade de energia barata, permitiu ao arquiteto que ignorasse as
caractersticas climticas de cada regio. A crise de energia da dcada de setenta e o abrupto impacto
ambiental que o homem vem causando natureza ao longo dos anos trouxeram a necessidade de uma
mudana de atitude por parte dos profissionais de projeto. Foi na dcada de setenta que surgiu pela
primeira vez o termo projeto bioclimtico abordado pelos irmos OLGYAY (1973), que estendem a
aplicao da climatologia aplicada arquitetura s condies de conforto trmico humano. Porm, ainda
existe um longo caminho a percorrer at que os princpios bioclimticos sejam totalmente aceitos e
incorporados ao projeto.
A incorporao desses princpios de uma forma compreensvel e completa expressa por uma
arquitetura que, segundo TOMBAZIS (1995), sensvel ao local, a sustentabilidade, ao clima, s lies
da simplicidade e beleza aprendidas com as lies do senso comum do vernacular, e s necessidades e
aspiraes dos seres humanos.
hora do arquiteto ampliar seus horizontes, ...permitindo que as especificidades de cada local
aflorem como condicionantes a serem respeitados em uma linguagem arquitetnica adequada, e
enriquecendo a arquitetura brasileira com tipologias diferenciadas e prprias (LAMBERTS et al, 1997).
A incorporao dos princpios bioclimticos ao processo de projeto desde sua concepo
permite a implantao de sistemas passivos, procurando exaurir todas as possibilidades que esses
sistemas oferecem. Os sistemas passivos de resfriamento, segundo GIVONI (1994), consistem em
tcnicas simples para a diminuio da temperatura interna atravs do uso de fontes de energia naturais.
Em avaliao, baseada em simulaes no programa ESP-r, de 4 edifcios climatizados em So
Paulo, ROMRO (1998) demonstra a grande possibilidade de at 12,1% de conservao de energia na
etapa de projeto entre os edifcios pesquisados. Segundo a ELETROBRS (1999), com a implantao
de medidas para reduo do consumo de energia em prdios j existentes (retrofit), o consumo pode ser
reduzido em aproximadamente 30%. Em prdios j projetados dentro do conceito de eficincia
energtica, a economia pode chegar a 50%. A reduo do consumo se d principalmente pela
minimizao do consumo de energia para condicionamento de ar, uma vez que, um projeto arquitetnico
adequado pode, segundo GIVONI (1994), minimizar a elevao da temperatura mdia total de
temperatura diurna pelos ganhos solares diretos ou indiretos.
Dessa maneira a arquitetura deve assumir o papel que sempre teve, que o de minimizar os
efeitos climticos e no de intensific-los e agrav-los, como vem acontecendo em to larga escala na
arquitetura contempornea.
Entendendo melhor o clima da regio possvel evitar, ou pelo menos minimizar aspectos
ambientais indesejveis, como ventos fortes, altas temperaturas, poluio do ar e outros. Para tanto,
necessria a compreenso das variveis que compem o clima e do grau de influncia de cada uma
delas sobre o ambiente construdo.
-
Captulo 2 REVISO BIBLIOGRFICA 8
2. 2- PRIMEIRA CARACTERIZAO DO CLIMA DE BRASLIA Na climatologia interessa-se particularmente pelas aplicaes prticas dos dados climticos,
utilizando os mesmos dados bsicos da meteorologia, mas com inteno de descobrir, explicar e
explorar o comportamento normal dos fenmenos atmosfricos, visando beneficiar o homem. Segundo
VIANELLO e ALVES (1991), denomina-se bioclimatologia quando se refere relao destes elementos
climticos com os seres vivos, por isso est subdividida em bioclimatologia humana, animal e vegetal.
Segundo GRISOLET, H. et al (1962) apud FERREIRA (1965) o clima o conjunto de elementos
que, em sua sucesso habitual, no curso de um perodo determinado, caracterizam a atmosfera e
concorrem para dar a cada ponto da terra sua individualidade.
Do ponto de vista meteorolgico e geogrfico, o clima definido pela combinao de uma srie
de elementos climticos, tais como, temperatura do ar, umidade relativa do ar, precipitaes, ventos e
radiao solar incidente. Estes variam sob a ao de fatores regionais como latitude, altitude, relevo,
vegetao, massas de ar, entre outros.
A temperatura do ar, por exemplo, mais elevada quando mais prximo o local da linha do
equador (latitude 0) e apresentar maiores variaes quanto mais distante do oceano. A altitude
tambm exerce influncia sobre as amplitudes trmicas, pois com o aumento da altitude, o ar se torna
mais rarefeito, com menor capacidade de absoro da radiao solar.
Dessa forma, possvel perceber que, como cada regio apresenta caractersticas diferenciadas
em relao a esses fatores de acordo com sua localizao geogrfica, acontecero tambm diferentes
manifestaes e combinaes dos elementos climticos. Por isso uma classificao mais precisa dos
tipos de clima torna-se muito complexa. Na anlise bioclimtica de uma regio, tendo em vista o conforto
humano no ambiente construdo, geralmente aceita-se uma classificao mais geral da distribuio dos
climas, que procure distinguir unicamente os tipos mais representativos como as classificaes de
Koppen (aceita universalmente) e Thornthwaite. De acordo com KOENIGSBERGER et al (1980), como
os parmetros para o clima local so os mesmos para uma regio, possvel iniciar a caracterizao do
clima com um resumo dos dados regionais e subseqentemente examinar quais parmetros sero
afetados por fatores locais especficos e qual costuma ser a extenso mais comum desses desvios.
De acordo com grande parte das classificaes tradicionais identificam-se dentro da faixa
tropical (entre os trpicos de cncer e capricrnio) trs tipos climticos bsicos principais, o quente seco,
o quente e mido e o composto ou de mones. FERREIRA (1965) e KOENIGSBERGER (1980) citam a
classificao de ATKINSON (1953) cujas trs zonas climticas principais esto subdivididas ainda em
trs subgrupos. Dessa forma, o clima quente e seco apresenta o subgrupo quente e seco martimo de
deserto, no clima quente mido identifica-se o subgrupo quente mido de ilha e no clima composto, o
subgrupo tropical de altitude.
Segundo FERREIRA (1965) e a Companhia de Desenvolvimento e Planejamento do Distrito
Federal - CODEPLAN (1984), o clima de Braslia pode ser classificado como Tropical de Altitude. Como
possvel observar nos climas compostos, verificam-se condies muito semelhantes ao clima tropical
mido, durante o perodo de chuvas, e semelhantes ao clima tropical seco no perodo de seca, embora
no demonstrem a consistncia e os extremos que lhes so caractersticos. Observa-se ainda uma
terceira estao dentro do perodo seco, com dias ensolarados, de baixa umidade relativa, e noites frias
desconfortveis, qual se refere como fria e seca.
-
Captulo 2 REVISO BIBLIOGRFICA 9
O Distrito Federal est localizado na regio Centro-Oeste do Brasil, ocupando o centro-leste de
Gois. A cidade de Braslia est localizada na parte centro oeste do Distrito Federal situada
aproximadamente 16o de latitude sul, apresentando altitude mdia de 1100 metros. A cidade est
situada em um stio convexo e de acordo com a CODEPLAN (1984) este stio caracteriza-se por estar
aberto a toda influncia dos ventos predominantes, e durante os perodos de calmaria, tem uma
topografia ideal para promover a drenagem do ar atravs do stio da cidade. O ar se move desde o
Planalto alto e seco atravs da cidade e drena-se dentro do vale arborizado do rio So Bartolomeu. A
rea do stio bem drenada, condio esta que reduzir a umidade a um mnimo.
Assim como declara NIMER (1979), o relatrio da CODEPLAN (1984) ressalta que como as
variaes locais da precipitao no so relevantes, as variaes de temperatura constituem o carter
predominante do regime trmico. Por isso a diferena entre as condies de primavera (estao mais
quente) e inverno (estao mais fria) verificada pelas diferenas entre as mximas e as mnimas
dirias. Dessa forma, na classificao climtica do Distrito Federal, realizada pela CODEPLAN (1984),
apresentada na figura 2.1, distinguem-se ainda duas variedades de clima levando em conta o maior ou
menor grau de temperatura. Considera-se que, uma vez que no h variao significativa decorrente da
continentalidade, nem da latitude, a variao da temperatura est relacionada apenas s variaes
altimtricas locais.
FIGURA 2.1- mapa climtico do DF, segundo classificao da CODEPLAN baseada na classificao de Koppen. Atlas do Distrito Federal- 1984
Os trs tipos climticos observados foram diferenciados quanto ao regime de umidade,
existncia ou inexistncia da seca e regime e durao dos perodos secos. Nas bacias hidrogrficas dos
rios So Bartolomeu, Preto, Descoberto/Corumb, So Marcos e Maranho, com cotas altimtricas
abaixo de 100m identificado o clima Tropical, com temperatura mdia para o ms mais frio superior a
18oC. O clima tropical de altitude, da rea que compreende o pediplano de Braslia, entre 1000 e 1200
metros de altitude, apresenta temperatura mdia, para o ms mais frio, inferior a 18C, com mdia
superior a 22 no ms mais quente. Acima de 1200 metros, na regio do pediplano de Contagem e
Rodeador, tambm caracterizado o clima tropical de altitude, porm com temperatura mdia, para o
ms mais frio, inferior a 18C, com mdia inferior a 22 no ms mais quente.
Para o entendimento detalhado da influncia do clima sobre as edificaes e a escolha correta
das estratgias bioclimticas a serem utilizadas leva-se em conta a ao de seus elementos e fatores
sobre os edifcios a partir dos dados disponveis. Para a edificao, de acordo com FROTA e SCHIFFER
(1988), os elementos climticos mais significativos so os relativos s variaes dirias e anuais, da
Tropical (Aw)
Tropical de Altitude (Cwa)
Tropical de Altitude (Cwb) Braslia
-
Captulo 2 REVISO BIBLIOGRFICA 10
temperatura do ar e os ndices mdios de umidade relativa e precipitaes atmosfricas e, quando
disponvel, a quantidade de radiao solar.
Segundo NIMER (1979), na regio do Distrito Federal, raramente ocorrem temperaturas
negativas. Em compensao, a elevada altitude impede temperaturas muito altas mesmo no vero.
De acordo com a CODEPLAN (1984) e os dados das Normais Climatolgicas de 1960-1990,
Instituto Nacional de Meteorologia - INMET (1992), o perodo mais chuvoso corresponde aos meses de
novembro a janeiro, e o perodo seco ocorre no inverno, especialmente nos meses de junho a agosto.
Na regio oriental de Gois, da qual o DF faz parte, mais de 70% do total de chuvas acontece de
novembro a maro. O inverno extremamente seco, as chuvas so raras e em pelo menos um ms no
h registro de nenhum dia de chuva. O perodo seco dura de 4 a 5 meses. No somente o trimestre de
inverno (junho, julho e agosto) seco, mas tambm o ms que o antecede (maio) e o que o sucede
(setembro). Segundo dados do INMET (1992) observa-se que o regime pluviomtrico anual de 1552
mm e dezembro o ms mais chuvoso com cerca de 248mm.
De acordo com COELHO (1995), existem algumas massas de ar que influenciam o clima da
regio. No vero, sofre influncia da massa equatorial continental. No inverno, acontece o encontro da
Massa Tropical Atlntica com a massa Polar Atlntica. Segundo NIMER (1979) podem ocorrer mudanas
bruscas de temperatura durante o inverno quando, sob a ao do anticiclone polar, as temperaturas
mnimas descem a nveis muito baixos. As modificaes provocadas pelas massas de ar so as
responsveis pela existncia e distino dos perodos quente e mido e seco. Segundo FERREIRA
(1965), o perodo quente e mido, de outubro a abril, apresenta uma temperatura mdia de mais de
22C, e o perodo seco, de maio a setembro, apresenta temperatura mdia de cerca de 19C, que
aumenta ao longo do perodo e chega a setembro com mdia de 23C e mdia das mximas de 34C. A
temperatura mdia para o ms mais frio superior aos dados apresentados pela CODEPLAN (1984).
O vento predominante o vento Leste durante quase todo o ano, de acordo com FERREIRA
(1965) e GOULART et al (1997), e a velocidade mdia baixa, entre 2 e 3 m/s predominantemente. A
insolao anual de cerca de 2370 horas de acordo com os dados do INMET (1992).
O conhecimento e avaliao destas variveis climticas, de acordo com as condies desejveis
de conforto, so importantes ferramentas no processo de projeto de uma edificao. Dessa forma,
possvel evitar desde o incio do projeto possveis problemas ocasionados pela desconsiderao das
condies climticas.
Entretanto, segundo BITAN (1988), na maioria dos casos a informao climatolgica escassa e
no processada para os propsitos do planejamento climtico e a extenso das medies da estao
no responde s necessidades da climatologia aplicada. Sendo necessrio um tratamento adequado dos
dados disponibilizados pelas estaes.
FERREIRA (1965) foi uma das primeiras pesquisadoras a realizar uma caracterizao do clima
de Braslia voltada para o projeto bioclimtico, a partir do tratamento dos dados meteorolgicos
disponveis. Este trabalho utilizado at os dias atuais como referncia para vrias pesquisas na rea
da bioclimatologia em Braslia, como AMORIM (1998), ROMERO (1988, 1999, 2000), PINHEIRO (1999),
entre outros. Este trabalho de FERREIRA (1965), alm de oferecer informaes gerais sobre o clima e a
possibilidade de verificar em detalhe a distribuio dos dados climticos ao longo do ano, tambm
sugere estratgias de projeto para o melhor aproveitamento das caractersticas climticas locais.
-
Captulo 2 REVISO BIBLIOGRFICA 11
Porm os dados de FERREIRA (1965) de ventos, insolao e precipitaes so retirados do
Atlas climatolgico de SERRA (1955), que oferece apenas valores aproximados e referentes perodo
anterior fundao da cidade de Braslia. Alm disso, os dados meteorolgicos restantes (temperatura
do ar e umidade relativa do ar) so referentes ao perodo inicial de urbanizao da cidade (1961-1965),
podendo, portanto, no retratar de maneira atualizada o clima da regio. Com o crescimento urbano e a
conseqente alterao da superfcie (atravs da pavimentao e rea construda) pode haver alterao do clima urbano. Segundo KOENIGSBERGER et al (1980), a temperatura do ar em uma cidade pode ser
8C maior que no entorno e a umidade relativa pode ser reduzida em 5 a 10% devido s reas
pavimentadas que eliminam a gua rapidamente, a ausncia de vegetao e as altas temperaturas.
Dessa forma, ocorre mesma situao com os dados de NIMER (1979) para a regio centro-
oeste que so referentes a perodo anterior a 1979, assim como a CODEPLAN (1984) que se baseia em
valores mdios fornecidos pelo INMET abrangendo o perodo de 1963 1980.
Mais recentemente GOULART et al (1997) reuniram dados climticos para projeto para diversas
cidades brasileiras, incluindo Braslia. Este trabalho apresenta dados formatados para projeto e p/
avaliao de desempenho energtico em edificaes como dados de dia-tpico para projeto, de
temperatura de projeto, ano climtico de referncia, graus dia e graus hora, entre outros. Definindo-se
um ano climtico de referncia este tipo de avaliao torna-se mais prtico e possibilita a avaliao de
dados horrios. Segundo STAMPER (1977), o ano climtico de referncia, test reference year-TRY
utilizado como base para verificao do comportamento climtico para um determinado local ao longo do
ano. Os dados utilizados por GOULART et al (1997), porm, so retirados do perodo de 1961- 1970,
perodo no qual a cidade possua menos da metade de sua populao e ocupao urbana atual.
Em trabalho realizado por RIBEIRO (2000) foi utilizado um perodo mais recente de dados
climticos, de 1989 1999, voltado para a identificao de possveis alteraes climticas decorrentes
do processo de urbanizao da cidade de Braslia, no havendo o tratamento dos dados no intuito de
disponibiliz-los para projeto. Este trabalho analisa dados de temperatura e umidade e evidencia um
possvel aquecimento ao longo do perodo estudado, com uma elevao da temperatura principalmente
na temperatura mdia das mximas. Porm, para afirmar a ocorrncia desta elevao, seria necessria
uma comparao dos seus resultados com perodos anteriores, uma vez que, as alteraes percebidas
dentro de um perodo de pouco mais de dez anos podem estar somente acompanhando um ciclo de
variao climtica. Vale salientar que apesar destas observaes, este trabalho indica claramente,
atravs das medies realizadas em vrios pontos da cidade, a elevao nas temperaturas nas reas
mais pavimentadas e densamente povoadas.
As Normais climatolgicas do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET so os dados
climticos mais difundidos no Brasil e trabalham com perodos de 30 anos de observao meteorolgica.
Os dados das Normais climatolgicas existentes para Braslia (1960-1990), apesar de serem relativos a
um perodo maior de dados, abrangendo a dcada de 80, restringe-se a valores mdios, o que os tornam
limitados por no representarem a variabilidade meteorolgica diria e sua distribuio anual. Alm
disso, no apresentam dados de ventos e amplitudes trmicas, duas importantes variveis para a
definio de estratgias de controle na edificao.
Para uma caracterizao mais detalhada e precisa do clima local necessrio conhecer a
distribuio ao longo do ano dos dados climticos relevantes para a edificao, a temperatura, a
umidade, a insolao, direo e velocidade dos ventos e precipitaes. Atravs do conhecimento
-
Captulo 2 REVISO BIBLIOGRFICA 12
detalhado destas variveis ao longo do ano torna-se possvel prever percentuais para as estratgias
bioclimticas mais adequadas aquela situao climtica. Dessa forma, possvel trabalhar os dados
climticos para a cidade de Braslia e juntamente com a utilizao de meios grficos que sintetizem o
resultado das observaes, caracterizar o clima voltado para o projeto bioclimtico.
Alm disso, o tratamento de um perodo mais recente de dados daria condies a uma anlise
comparativa e uma caracterizao do clima da regio considerando toda a evoluo climtica em relao
evoluo urbana da cidade. Em trabalho realizado por GOULART (1993) foi possvel uma avaliao da
evoluo climtica local atravs da comparao dos dados das Normais Climatolgicas registradas pelo
INMET (perodo 1931-1960 e 1961-1990) em Florianpolis com as mesmas variveis calculadas a partir
do perodo disponvel de 1961 a 1970.
2.3- MTODOS DE AVALIAO BIOCLIMTICA MAIS ADEQUADOS PARA BRASLIA.
O tratamento de dados climticos atualizados voltados para o propsito de projeto fundamental
para a identificao de estratgias bioclimticas adequadas s caractersticas climticas da cidade de
Braslia. Atravs da escolha e utilizao correta destas estratgias possvel proporcionar melhores
condies de conforto e minimizar gastos energticos.
Para a anlise de dados climticos objetivando formular diretrizes de projeto bioclimtico
segundo GIVONI (1992), geralmente so utilizados modelos anuais dos principais fatores climticos que
afetam o conforto humano e a performance trmica de edifcios. Alm dos modelos grficos mensais de
temperatura, umidade, velocidade do ar, nebulosidade, etc, tambm so utilizadas cartas bioclimticas.
O conforto trmico segundo definio da American Society of Heating, Refrigerating and Air-
conditioning Engineers, Inc.- ASHRAE (1992), a condio da mente que expressa satisfao com o
ambiente trmico. Os principais fatores que afetam o conforto trmico so as variveis humanas como,
atividade desenvolvida pelo indivduo, sua vestimenta, e as variveis ambientais que proporcionam as
trocas de calor entre o corpo e o ambiente. As trocas trmicas garantem a regulao trmica do
organismo humano, proporcionando o equilbrio trmico.
As variveis ambientais que influenciam a sensao de conforto so a temperatura do ar, a
temperatura radiante mdia, a velocidade do ar e a presso parcial do vapor dgua no ar ambiente.
Esses mecanismos influem na evaporao que retira calor do corpo. Diferentes combinaes dessas
variveis podem produzir a mesma sensao trmica. Segundo FERREIRA (1965), um ambiente ser
confortvel termicamente quando apresentar condies para que as trocas trmicas entre ele prprio e o
meio se processem de tal forma a manter este ltimo a uma temperatura normal s suas atividades.
Na carta bioclimtica, delimitam-se a zona de conforto e limites dentro dos quais algumas
estratgias de projeto poderiam garantir conforto, alm de apresentar informaes a respeito do
comportamento climtico do entorno. A maioria das cartas bioclimticas est relacionada a condies
externas edificao. Para os perodos situados dentro da zona de conforto seria interessante procurar
manter no interior da edificao condies semelhantes s indicadas em seu exterior. Assim a soluo
de projeto conduzida para melhor aproveitamento das condies externas favorveis, (FERREIRA,
1965).
De acordo com FERREIRA (1965) e EVANS (2000) geralmente representa-se, sobre um mesmo
diagrama, a variao anual simultnea de dois elementos distintos escolhidos pelo papel preponderante
sobre o fenmeno estudado (tal como temperatura e umidade para fenmeno fisiolgico). Alm das
-
Captulo 2 REVISO BIBLIOGRFICA 13
diferentes variveis consideradas por cada mtodo, os limites e zonas de conforto tambm variam de
acordo com os ndices de conforto trmico considerados.
Esses ndices procuram englobar em um s parmetro, o efeito conjunto das variveis
ambientais e humanas, determinando um valor no qual existe a mesma resposta trmica para diferentes
combinaes e propores destas variveis. Em geral, esses ndices so desenvolvidos fixando um tipo
de atividade e a vestimenta utilizada pelo indivduo. A maioria das pesquisas na busca de um ndice de
conforto trmico se iniciou e foi motivada por organismos militares aps a primeira guerra mundial na
tentativa de identificar situaes de estresse trmico vividas pelos soldados. VILLAS BOAS (1984)
classifica estes ndices em meteorolgicos e fisiolgicos. Os meteorolgicos seriam expressos por
elementos climticos onde todas as variveis do modelo so referentes s caractersticas destes
elementos. Os ndices fisiolgicos integram ao modelo as respostas fisiolgicas dos indivduos
submetidos a diferentes situaes climticas.
Embora os ndices sejam uma ferramenta importante como forma de quantificar o
comportamento humano em relao ao ambiente trmico, KOENIGSBERGER et al (1980) observam que
nenhum ndice pode ser substituto de informaes detalhadas relacionando cada uma das variveis
climticas.
Dessa forma, preciso avaliar quais seriam os mtodos de avaliao bioclimtica mais
adequados para realidade climtica da cidade de Braslia e nvel de aclimatizao de seus habitantes.
OLGYAY (1973) foi o primeiro a desenvolver um diagrama bioclimtico, em 1963, chamado de
Carta Bio-climtica. Este mtodo relaciona as variveis de temperatura de bulbo seco e umidade relativa
e sugere diretrizes para ventilao e uso da radiao para inverno. aplicvel somente para condies
externas e em condies moderadas de ar, a 40 de latitude, com vestimenta comum em trabalho
sedentrio ou ligeiramente fsico. O prprio autor sugere a adaptao da carta para regies mais quentes
ao desenvolver trabalho para a Universidade del Valle em Cali na Colmbia (OLGYAY, 1968)
considerando a aclimatizao dos habitantes desta regio. So feitas indicaes para a ampliao do
grfico a outras latitudes, mas no prev alteraes para diferentes altitudes. IZARD e GUYOT (1980)
consideram que o mtodo embora pioneiro, apresenta poucos recursos para a interveno no edifcio e
est obsoleto tendo sido desenvolvido com tcnicas ultrapassadas. O mtodo de OLGYAY baseia-se no
ndice