CARVALHO Daltro Oliveira de -...

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FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS, ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE FRANCA FACEF GESTÃO DE AGRIBUSINESS DO CAFÉ NA REGIÃO DE FRANCA Franca 2000

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FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS,

ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE FRANCA

FACEF

GESTÃO DE AGRIBUSINESS DO CAFÉ

NA REGIÃO DE FRANCA

Franca

2000

i.exe

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FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS,

ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE FRANCA

FACEF

GESTÃO DE AGRIBUSINESS DO CAFÉ

NA REGIÃO DE FRANCA

Franca

2000

i.exe

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Faculdade de Ciências Econômicas Adminis-, trativas e Contábeis de Franca para a obtenção do título de Mestre em Administração, área de concentração Gestão Empre- sarial, sob orientação do Prof. Dr. Wilson Kendi Tachi- bana.

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Banca Examinadora:

Presidente: ________________________________

Prof. Dr. Wilson Kendi Tachibana

Membro: __________________________________

Prof. Dr.

Membro: __________________________________

Prof. Dr.

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A todos os soldados do campo, sem farda , sem tarja, anônimos

em suas lutas, nenhuma estola ou patente no ombro, sempre

carregando em seu bojo a vontade incontida de fazer brotar da terra o

pão nosso de cada dia, com sol, chuva, jamais esmorece, mesmo nos

momentos de dificuldades, seus bastões e bordões permanecem ativos.

Aos milhares de lavradores e proprietários rurais, pelo imenso

Brasil, por todos aqueles que não imaginam a dificuldade de plantar e

colher, que sequer sabem a origem do alimento que comem, não

avaliam o quão duro foi para tê-lo em nossa mesa dia-a-dia, por todos

eles, “Deus lhes pague”.

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AGRADECIMENTOS

Ao orientador Dr. Wilson Kendi Tachibana pela disposição e paciência em

todo o desenvolvimento desta dissertação .

á Dr.ª Hercidia Maria Facuri pela disposição e pelas tantas orientações.

á Dr.ª Maria Amália F. Alvarenga pelo carinho e correções.

Á Melissa Cassano e Gisele, minhas assistentes na Universidade de

Franca, que durante minhas pesquisas e digitações, por todo tempo estiveram

prontas a me auxiliarem.

e em especial, minha esposa e filhos, que souberam entender minha

ausência, enquanto cumpria as necessidades para concluir mais esta etapa.

Muito obrigado.

.

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“Quando nada parece ajudar,

eu vou e olho o cortador de pedras martelando a sua

rocha talvez cem vezes sem que nem uma rachadura

apareça.

No entanto,

na centésima primeira martelada,

a pedra se abre em duas,

e eu sei que não foi aquela a que conseguiu,

mas todas as que vieram antes.”

Jacob Riis

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SUMÁRIO

Resumo.................................................................................................................... 10

Resumem ................................................................................................................ 11

Abstract .................................................................................................................. 12

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

CAPITULO I

1 GESTÃO DE AGRIBUSINESS ......................................................... 16

1.1 Conceitos .................................................................................................

16

1.2 Cadeias agroindustriais e consumidor ( Um esboço metodológico)........ 17

1.3 Agribusiness no Brasil e cenários ........................................................... 19

1.3.1 Mercado Consumidor ................................................................ 19

1.3.2 Perfil dos consumidores e hábitos de consumo......................... 22

1.4 Fatores que afetam o agronegócio......................................................... 26

CAPITULO II

2 MARKETING ESTRATÉGICO E AGRIBUSINESS .......... 32

2.1 Marketing estratégico em gestões de agribusiness ..............................

32

2.2 Bases do marketing estratégico ............................................................ 33

2.2.1 Origens da Estratégia ................................................................. 33

2.2.2 Elaboração da estratégia e processo de planejamento

Estratégico..................................................................................

34

2.2.3 Etapas do planejamento estratégico ........................................... 35

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2.2.4 Métodos formais de análise estratégica ..................................... 37

2.3 Conceitos básicos de marketing estratégico e operacional.................... 39

2.3.1 Conceituação de planejamento.................................................... 39

2.4 Princípios do planejamento estratégico ................................................. 42

2.4.1 Princípios gerais de planejamento estratégico ......................... 43

2.4.2 Princípios específicos do planejamento estratégico .................. 45

2.5 Marketing no agribusiness ……………………………………..…. 46

2.5.1 Sem a tecnologia de marketing não há solução! ....................... 47

2.5.2 Tecnologias de marketing para agribusiness ............................ 48

2.6 Instrumentos de marketing ................................................................. 48

2.7 Difusão multinacional ........................................................................ 50

CAPITULO III

3 HISTÓRICO DO CAFÉ ...................................................................... 52

3.1 A origem lendária ............................................................................... 52

3.2 Difusão do café .................................................................................. 52

3.3 Introdução e expansão do café no Brasil .......................................... 53

3.4 A influência na economia paulista ..................................................... 55

3.5 A crise e a retomada do setor ............................................................. 56

CAPITULO IV

4 MERCADO DE CAFÉ E PERSPECTIVAS ............................. 57

4.1 histórico de preços do mercado ........................................................ 58

4.2 Fatores que interferem diretamente nos preços ................................ 59

4.3 O panorama atual do mercado de café .............................................. 61

4.4 Participação brasileira na oferta mundial de café ............................. 62

Tendências mundiais do agribusiness ........................................................ 64

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CAPITULO V

5 O CAFÉ EM FRANCA E REGIÃO ........................................................ 67

5.1 Municípios e produção ..................................................................... 67

5.1.1 Perfil fisicográfico cafeeiro por cidade que compõem a

região de Franca .................................................................

68

5.1.2 Detalhamento fisicográfico da região de Franca .................. 68

5.2 Estrutura de apoio ao parque cafeeiro.............................................. 83

CAPITULO VI

6. O agribusiness na região de franca ............................................................... 84

6.1 Situação atual e cenários prováveis e desejáveis para os próximos

10 anos na cafeicultura regional...........................................................

90

CONCLUSÃO GERAL ................................................................................ 94

CONCLUSÃO FINAL....................................................................... 103

BIBLIOGRAFIA........................................................................................ 104

ANEXOS............................................................................................................. 107

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RESUMO

A gestão de agribusiness é inserido no contexto geral da administração rural, o

agronegócio e todas as suas variantes.

Conjuntamente com essa nova metodologia de gestão, uma poderosa ferramenta ,

que é o marketing , que aliada aos novos rumos do agribusiness, busca-se incessantemente

maiores condições de competitividade, custos, e maior participação no mercado de

consumo, tanto interno como externo.

O café tem sua origem nem meados do século XV na região da Etiópia.

Chega ao Brasil, no início do século XVIII, pelas mãos de Francisco de Melo

Palheta, que a partir de então, espalhou pelas principais regiões do país, e a partir do século

XIX, grandes lavouras de café e grandes produções, por vários estados Brasileiros.

A região de Franca, hoje responsável por 21% do total produzido pelo Etado de São

Paulo está inserida no contexto nacional, e busca também alternativas para seu

crescimento, como também, de conquistar cada vez mais, uma fatia maior do mercado

externo.

O agribusiness regional, conjuntamente ao marketing, busca-se alternativas de

melhores custos, melhores condições de competitividades, inovações e tecnologias, e

acima de tudo, para transpor as grandes barreiras impostas pelo mercado: com qualidade e

custos menores.

Para tanto, se faz necessário a implementação de novas políticas públicas e privadas

ao agribusiness café, não só para a região de Franca, mas, para todo o território nacional,

enriquecendo assim, esta grande e tradicional cadeia produtiva brasileira.

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RESUMEN

La gestión de agribusiness es encuadrada en el contexto general de la

administración del campo, el agronegocio y todas sus variantes.

Conjuntamente con esa nueva metodología de gerencia, una poderosa herramienta,

que es el marketing, que aliada a los nuevos rumbos del agribusiness, se busca

incesantemente mayores condiciones de competición, costos, y mayor participación en el

mercado de consumo, tanto interno como externo.

El café tiene su origen próximo del siglo XV en la región de la Etiopía.

Llega a Brasil, en el início del siglo XVIII, por las manos de Francisco de Melo

Palheta, que desde entonces, disceminó por las principales regiones del país, desde el siglo

XIX, grandes campos de café y grandes producciones, por muchos Estados brasileños.

La región de Franca, hoy responsable por 21% de todo el producido en el Estado

de São Paulo está encuadrado en el contexto nacional, y busca también alternativa para su

crecimiento, así como, de conquistar más y más, una cuña mayor del mercado externo.

El agribusiness regional, conjuntamente al marketing, busca alternativas de

mejores costos, mejores condiciones de competitividad, innovaciones y tecnología, y

sobretodo, para transponer las grandes barreras impuestas por el mercado: la demanda por

cualidad y costos menores.

Sin embargo, se hace necessario la implementacion de nuevas políticas publicas y

privadas al agribusiness café, no apenas para la región de Franca, pero por todo el

territorio nacional, enriqueciéndose así, esta grande y tradicional cadena productiva

brasileña.

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ABSTRACT

Agribusiness management is inserted in the general context of agricultural

management as agribusiness itself and all its variants. Together with methodology

management, Marketing, a powerful tool, has become na ally to agribusiness new path by

incessantly searching for better conditions in competitivity, cost and high participation on

the consumer’s markets both domestic and foreign.

Coffee has its origin in the XV century in Ethiopia region. Coffee crops

start in Brazil in the beginning of XVIII century, brought by Francisco de Melo Palheta,

and since then, it has spread to the country’s main regions. From XIX century on, big

coffee plantations and big crops were produced by all Brazilian states.

Nowadays, Franca’s region, is responsible for 21% of all São Paulo state

production. Being inserted in the national context it also searches for alternatives for is

development as well a bigger slice of the foreign market.

Regional agribusiness, together with Marketing, searches for alternatives

for better cost, better competitiveness, innovation and improved technology. Above all, it

needs to break the big barriers imposed by the market showing good quality and lower

cost. It has been necessary to start a new public and private policy on coffee agribusiness

not only Franca region but also all over the country, improving by then, the big and

traditional productive Brazilian coffee chain.

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INTRODUÇÃO

Com o advento da globalização mundial, o agribusiness, agronegócio, o agro-

marketing, tomou formas e proporções que inseridos no contexto global de comércio, é

hoje a mola propulsora do desenvolvimento comercial no mundo todo.

O agribusiness torna-se parte obrigatória na administração, e isso, está

transformando e criando uma nova sociedade capitalista mundial. O marketing, tem hoje

uma nova função estratégica dentro do agronegócio, a transformação da informação em

negócio efetivo, movimenta o setor numa velocidade fantástica, onde as mutações das

informações e do próprio contexto empresarial modifica uma histórica travessia na

administração antes considerada rural.

Este conceito tem-se modificado nas ultimas décadas, porém, tomou posição e

fincou fileiras como um agronegócio, a partir da década de 90. A atenção voltada a esse

macro negócio movimenta grande parte do PIB mundial, em tecnologias, estratégias,

desenvolvimento e recursos de informatização e na capacitação funcional.

O estudo que buscamos aqui desenvolver, focaremos uma região desenvolvida no

agribusiness do café, a região de Franca, sudoeste do estado de São Paulo, que desenvolve

hoje um dos grandes centros cafeeiros do país, que busca desenvolver novas tecnologias

inclusive, no âmbito de gestão empresarial de agribusiness e gerenciamento rural para

pequenos e médios produtores.

Traçaremos um perfil geral da região, histórica e fisicográfico, mas, antes porém

conceituaremos essa nova fase mundial de gestão do agronegócio nos seguimentos de

marketing e agribusiness.

Buscamos levantar dados e informações, que proporcione uma visão ampla da

economia cafeeira em nossa região, com o intuito de conscientizar os profissionais da área,

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produtores, e a comunidade da região, sobre a importância que este produto teve e tem hoje

na economia nacional.

O objetivo principal é discorrer sobre os aspectos históricos, técnicos, sociais e

econômicos do café como agribusiness dentro da macro região Brasil, com ênfase na

região de Franca.

Entretanto, ainda é arriscado prever como será o mundo futuro, acredito que

podemos descobrir com algum grau de probabilidade que novos questionamentos, novas

perguntas serão levantadas e onde estarão as grandes questões de nosso tempo. Na área de

agribusiness muitas respostas ainda emergirão, e muitas ainda, estão sem respostas, mas,

podemos ter a certeza é que com a modernização global, o mundo emergirá do atual

rearranjo de valores, crenças, estruturas econômicas e sociais e de sistemas políticos, e é

certo que o principal recurso será o conhecimento.

Regionalizando o tema, a crença na prosperidade regional é compartilhada por toda

uma sociedade voltada ao agronegócio regional que é o café, que traz em seu bojo, uma

história e um desenvolvimento tecnológico verificado nos últimos anos.

O Café fruto do cafeeiro foi e é sinônimo de riqueza do Brasil.

Do cafeeiro tem-se o café bebida tradicional que surgiu no planalto da Etiópia, e

passou para a Arábia, daí o nome de uma de suas variedades, o café arábica que tem

qualidade superior ao café robusta, originário da África.

Cultura que iniciou no Brasil em 1727, pôr um desbravador brasileiro, a partir do

nordeste migrou rumo ao sul, e daí alastrou-se pelos estados do Rio de Janeiro, Espírito

Santo, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Condições favoráveis do solo e do clima de uma grande maioria, do vasto território

fizeram com que o nosso país se tornasse um dos maiores produtores desta cultura.

A partir do século XIX, quando o café começou adquirir valor de exportação, sua

comercialização no mercado nacional transformou-se rapidamente no principal produto da

economia brasileira, determinando grandes mudanças na vida sócio-econômica e também

política do país.

O café grande responsável pelo desenvolvimento da região da Alta Mogiana

chegou trazendo consigo a partir de 1883, o ramal férreo Alta Mogiana a Ribeirão Preto e

após quatro anos este chegava até Franca e às margens do Rio Grande no ano seguinte.

Logo após sua introdução na Alta Mogiana o café viveu um longo período de

glória, trazendo grandes divisas para a região, porém em 1929/1930 passou por uma

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grande crise internacional causada por conta da quebra da Bolsa de Valores de Nova York.

Esta crise teve repercussões na área abrangida por Franca, porém, não chegou a determinar

um retrocesso na produção, a exemplo do que aconteceu em outras zonas. O acontecido

provocou um fracionamento da propriedade o que também resultou uma diminuição dos

custos de produção, com o aumento da produtividade e aperfeiçoamento da qualidade do

produto.

Por conseqüência deste fato a região tornou-se produtora de café fino, cujos preços

alcançavam maiores valores no mercado internacional, gerando maior lucro aos

produtores, e busca hoje, atingir a excelência através de uma gestão profissional, pautada

na evolução do setor, na sua modernização e na sua nova propositura de agronegócio.

A partir de 1960 a produção sofre um declínio, conseqüência da política de

erradicação de cafezais instituída pelo governo e também devido à diminuição da

produtividade dos cafezais, por conta da existência de muitas lavouras velhas.

O Governo Federal a partir de 1970, implantou uma política de renovação dos

cafezais, e determinou uma nova reativação da cafeicultura na região. Pode-se afirmar, que

o setor agrícola viveu a “febre do café”, fato este comprovado pela supervalorização

regional das terras.

Hoje a região de Franca é grande responsável pela produção do estado de São

Paulo, com estimativa de 70.143.000 pés em produção, que representa cerca de 11% da

área plantada do Estado, que está distribuído em 28.718 hectares, envolvendo vários

municípios limítrofes e próximos à Franca, dos quais se estima uma produção para a safra

98 de aproximadamente 850.000 sacas de café beneficiado a um preço médio de

US$ 140, 00, totalizando um montante de US$99.167.000,00 e gerando cerca de 25.000

empregos diretos e indiretos para a economia regional.

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1 GESTÃO DE AGRIBUSINESS

1.1 CONCEITOS

Agribusiness é um sistema intergrado. Uma cadeia de negócios, pesquisas, estudos,

ciência, tecnologia, informação, etc. desde a origem vegetal/animal até os produtos finais

com valores agregados, no setor de alimentos em geral e outros produtos oriundos da

cadeia produtiva.

Sua aplicação, principalmente para termos de consciência de que não existe

agricultura isolada de tecnologia, e ciência desvinculada ou de contrários a utilização de

produtos modificados geneticamente, tais como os transgênicos.

Serve para sabermos que mesmo a Colômbia, que investiu cerca de U$2 bilhões ao

longo de 20 anos em Marketing e qualidade de seu café, perdeu em 1996 14.6% de receita.

Pelo aumento de custos internos como a taxa de juros, inflação e valorização do

peso (moeda nacional Colombiana) frente ao dólar.

Agribusiness serve ainda para descobrir que o Imposto Territorial rural é a única

reforma agrária que o capitalismo respeita: tira da terra o sentido de reserva de valor assim

como aconteceu como o “ex-boi” moeda do passado, administrado pela mãe natureza.

Serve ainda, para compreender porque diminui o número de produtores rurais no

mundo, fato de ser demonstrado também no senso agropecuário do IBGE 96/97, em que se

constata 30% menos propriedades no pais. São agricultores retirados do setor produtivo do

país, por falta de vocação ou falta de estrutura, os coloca em desvantagens competitivas,

mesmo considerando um crescimento no setor na ordem de 23,5% em renda, passando de

R$ 2,4 bilhões em 96 para R$ 23 bilhões em 1997.1

1 BARROS, José Roberto (Menroindústria).

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1.2 CADEIAS AGROINDUSTRIAIS E CONSUMIDOR

(Um esboço metodológico)

O estudo de Agribusiness está concentrados em uma visão sistêmica das ações que

vão desde a produção agropecuária até a distribuição e consumo.

Como visão conceitual, trata-se de um enfoque criativo do qual não se pode

menosprezar a importância deste seguimento, mas é importante enfocar algumas

limitações, especialmente para os países em desenvolvimento, que é a disponibilidade e

qualidade de informações.

“De que nos adianta utilizarmos de metodologias da matriz – insumo e produto,

com base de dados de qualidades defasada e duvidosa, e porque não dizer, com grande

atraso de uma década pelo menos? Estaremos tomando decisões com base em uma

realidade que já não existe mais, e o que é mais sério, especialmente quando se sabe que o

perfil tecnológico da agropecuária brasileira mudou consideravelmente na ultima década” .

Assim sendo, entende-se que conceitos ainda não plenamente desenvolvidos em

termos operacionais, menos preocupados com a quantificação e mais voltados para outros

aspectos explicativos dos negócios agroindustriais, podem ser de maior valia e realismo

para tomadores de decisões públicos ou privados. Assim, a visão de cadeia agroindustrial

tal como a proposta por ZYLBERSZTAJN (1999) e trabalhado por diversos autores com

variantes diversas, passa a ser o foco central dos estudos que se desenvolvem com maior

capacidade de prover respostas às indagações que nos tocam o setor.

A razão principal e o foco das atenções se dão em função de que as cadeias de

Agribusiness podem ser vistas como operações verticalmente organizadas percorridas pelo

produto desde sua produção até a elaboração industrial e finalmente a sua distribuição. Esta

seqüência de operações cabe a preocupação a respeito de como estas são coordenadas, se

via mercado ou se por agentes diversos aos longo da cadeia, que podem ou não interferir

em sua coordenação, em cuja importância, colocará em xeque as cadeias expostas à

competição internacional e especialmente às seqüentes e crescentes pressões dos

consumidores, como alvo final na ponta da cadeia os quais devem continuamente se

adaptar.

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A percepção de que existe um ator fundamental importância, que é o consumidor

final do produto gerado pela cadeia, pode ser estendida à percepção de que existem vários

atores aos longo da cadeia, que interferem de algum modo na terminação do produto.

Assim, cada ação tecnicamente independente ao longo da cadeia é executada por um

agente especializado, que ira relacionar-se diretamente com um ou mais agentes ligado à

cadeia. O objetivo final é a produção de um bem ou serviço para o “maestro” final, na

ponta do consumo.

É importante a verificação de que existem conflitos emergentes (atores diversos no

seguimento e na cadeia produtiva, desde o início até a finalização – consumo) ao longo das

cadeias agroindustriais, conflitos estes que correspondem à distribuição das margens ao

longo dessas cadeias. Toda teoria e organização industrial são importante para a

compreensão dos indutores dos arranjos de mercado, que são um elemento importante para

a definição do poder de barganha entre os atores, e que sem duvida irá interferir nos preços

praticados. Há toda uma vertente da literatura que explora a relação entre agricultura,

tipicamente mais dispersa, com a industria, tipicamente mais concentrada. A extensão de

tais estudos mereceria ser levadas à análise das relações entre as industrias e a distribuição,

que vem se concentrando maior poder de barganha ao logo das cadeias agroindustriais.

Uma característica da metodologia, em função na análise destas relações, é

proposta o trabalho das cadeias de trás para frente, ou seja, identificando inicialmente o

lugar do consumidor, por suas características, padrões de preferências, tendências ás

mudanças de padrões, formas de organização social e a capacidade de interferir nestas

cadeias produtivas. A competitividade de uma cadeia pode estar totalmente atrelada a sua

capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças de padrões de preferência do

consumidor.

Desta forma, as preocupações na metodologia, indicam a necessidade do

redirecionamento do foco analítico, hoje centrado em discussões de preços, para uma

visualização mais equilibrada das cadeias. Negociações de preços sempre existirão;

importante é a identificação de pólos de convergência de interesses comuns, que se não

identificados poderão tornar as demais disputas inócuas.

A Agribusiness está internacionalizado, e no geral, nossas cadeias agroindustriais

não se prepararam para isso. Pelo contrário, estamos apostando nas vantagens

comparativas que dão lugar, cada vez mais, à competitividade construída.

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O consumidor brasileiro está apenas iniciando sua organização, e se tomarmos por

base a experiência internacional, tal ator terá importância crescente na coordenação do

Agribusiness.

1.3 AGRIBUSINESS NO BRASIL E CENÁRIOS

1.3.1 MERCADO CONSUMIDOR

A dinâmica do mercado consumidor de café será abordada, primeiro, sob entoque

direcionado para a compreensão dos grandes, em seguida, o trabalho tratará do perfil dos

consumidores, tanto internos como externos.

a) grandes mercados mundiais e estrutura de funcionamento.

As projeções indicam que o consumo mundial de café deve crescer em torno de 2%

ao ano, ou aproximadamente dois milhões de sacas, se materializadas as previsões de

continuidade na expansão da economia mundial nos próximos anos. Espera-se crescimento

maior no consumo brasileiro, entre 2,5 e 3% ao ano (MELO, 1996 e 1998), o que poderá

representar incremento superior a US$ 8 bilhões no valor da produção até a virada do

século.

No mercado estadunidense de bebidas, a tendência é o consumo de café declinar.

Entre 1980 e 1995, o consumo caiu mais de 20%. Projetava-se para 1996 consumo de 99

litros per capta de café nesse mercado

Os produtos que mais concorrem com o café nos Estados Unidos são os

refrigerantes e, surpreendentemente, a água mineral engarrafada. O declínio do consumo

tradicional de café é mais acentuado entre os jovens que, no entanto, destacam-se como

grandes consumidores da bebida preparada na modalidade expresso, que se expande. Nesse

mercado, observa-se também crescimento do consumo de cafés especiais (gourmet).

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O habito do café nesse pais ainda se vincula às refeições no ambiente doméstico,

representando 70% do total consumido (VEGRO 1997). Outra característica desse

mercado é a preferência pelo envasamento de café, torrado e moído, em latas para

distribuição ao varejo.

A expectativa de elevação da demanda de cafés especiais nos Estados Unidos

decorre do seguinte conjunto de fatores: maior interesse por bebida de melhor qualidade,

crescimento das vendas de equipamentos domésticos para o preparo de café no padrão

expresso, aumento do consumo de café fora do ambiente doméstico e novas formas de

apresentação do produto, em embalagens mais atraentes ao consumidor.

Na Europa, o consumo tem crescido em decorrência da elevação da renda per

capta, à exceção da Grã-Bretanha, onde a preferência pelo chã torna o café bebida

secundária. Os países da região do Mediterrâneo, sobretudo Itália e Portugal, têm

registrado elevação consistente no consumo. Os povos dos países escandinavos, com

elevadas rendas perca-pita, são também grandes consumidores de café.

O mercado alemão constitui exceção, quando comparado com o dos demais países

europeus, na medida em que tem preferência por blends em que prevalecem cafés lavados

(colombianos e outros suaves). As compras alemãs de café brasileiro têm aumentado

ligeiramente, em prejuízo do colombiano, em razão das recentes elevações do preço do

produto. O mercado de café alemão é o maior da Europa e o terceiro maior consumidor

mundial.

Entre os consumidores europeus, há mobilizações para que a população e os

governos levem em consideração a problemática social dos países produtores, no processo

de comercialização de matérias primas agrícolas, entre outras.

A organização não-governamental holandesa Mas Havelsar, por exemplo, instituiu

selo de certificação social sobre o café processado por pequenos e médios torrefadores na

Holanda, Bélgica, Suíça e França.

A presença do selo na embalagem indica que o produto teve comercialização direta

e que os cafeicultores receberam remuneração justa na venda do produto. A parcela de

consumidores dispostos a pagar alguns centavos a mais pelo café certificado pela Mas

Havelsar é estimada entre 3 a 5% dos mercados dos países citados (BOIS, 1994).

A população do Canadá consumiu dois milhões de sacas de café em 1990, o que

significou consumo per capta de 4,5 Kg/ano. Nesse país não existe preferência por tipo de

bebida; o consumo distribui-se uniformemente entre torrado/moído solúvel (VEGRO

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21

1997).

No Japão, o café passa a substituir o chá, ainda como desdobramento do processo

de ocidentalização dos hábitos de consumo, iniciado após a II Guerra Mundial. É o terceiro

maior importador da "commodity"; adquirindo também volume substancial de café

torrado/moído e solúvel. Em 1990, foram consumidas 5,2 milhões de sacas - 58% na

modalidade forrado/moído e 42% solúvel - representando consumo per capta de 2,5

kg/ano, preferencialmente fora do lar (65%) (VEGRO 1997 et al, ).

Entre produtores de café, o Brasil é o único que tem mercado interno relevante para

a bebida. As estimativas, no entanto, são bastante dispares. Acredita-se que são

consumidas cerca de oito milhões de sacas para o abastecimento interno, o que significaria

consumo per capta de 3,3 kg/ano. Quando se leva em consideração, porém, a torrefação

efetuada informalmente, o volume processado pode subir para 11 milhões de sacas (caso

de 1996), o que representaria consumo per capta de 4,5kg/ano.

O mercado brasileiro, que absorve cerca de 45% da produção nacional, é

considerado potencialmente muito promissor, com maior resposta a campanhas de

marketing que o externo. O incremento de uma saca no consumo é integralmente repassada

para a produção interna, enquanto o mesmo aumento no consumo exterior significa apenas

14kg de café verde o mais abastecido pela produção brasileira. Por essa razão, industriais

do setor tem promovido campanhas como a do selo de pureza da ABIC e de marketing na

mídia televisiva, buscando aumentar o consumo.

Tendências de segmentação, como no exterior, também são registradas no Brasil,

sobretudo nas grandes metrópoles. Desde o inicio da década de 1990, empresas lideres da

torrefação têm diversificado a oferta, com novas opções de bebida, aroma e grau de torra.

Têm adotado também novas embalagens, com leite em pó e café descafeinado, propiciando

maior vida útil ao produto. Tais estratégias estão, atualmente, em fase de consolidação.

O interesse entre os consumidores pelo problema ambiental também tem sido

explorado pelo setor, com o surgimento do chamado café ecológico ou orgânico. Ele é

produzido por cafeicultores especializados. que não utilizam insumos químicos, como

fertilizantes e defensivos. As cotações desse tipo de produto chegam a ser 30% superiores

ás obtido pelo convencional, o que proporciona rentabilidade suficiente para bancar o

manejo apropriado(SOARES, 1995c).

Na fase de preparo do produto colhido, vêm sendo introduzidas inovações

tecnológicas, como a do processo do café semilavado, com duas conseqüências principais:

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preservam os cursos d'água e, ao mesmo tempo, melhoram a aceitação do café. O novo

processo possibilita separar os grãos vindos da lavoura nos diferentes estágios de

maturação, minimizando, substancialmente, o consumo e a poluição da água durante o

preparo de cafés lavados, problemas que predominam entre paises produtores concorrentes

(BRANDO, 1994).

Novas tendências para o consumo de café no Brasil estão em andamento.

Considera-se que o padrão expresso é o de maior disseminação entre os

consumidores,reforça a procura por bebidas de qualidade e reduz a antiga desconfiança dos

consumidores com relação ao café, que decorria de fraudes, comuns no passado.

1.3.2 PERFIL DOS CONSUMIDORES E HÁBITOS DE

CONSUMO

O perfil do consumidor é abordado neste trabalho para elucidar características de

qualidade e preço dos produtos.

Quanto á decisão sobre aquisição do café, o mercado é constituído de consumidores

individuais e institucionais. Os primeiros representam entre 50 e 60% do total de mercado

do produto. No grupo dos institucionais, a categoria de bares e restaurantes destaca-se com

aproximadamente 25% da demanda total de café, seguida pelos refeitórios coletivos, com

10% do total (ZYLBERSTAJN, 1992).

O consumo individual ocorre fundamentalmente no âmbito doméstico. Embora

exista grande diversidade de perfis de consumidores, destacam-se três tipos: consumidor

popular; consumidor padrão e consumidor de cafés especiais.

O consumidor "popular" valoriza aspectos como baixo preço, rendimento e

facilidade de preparo. É quem mais compra café solúvel. Suas aquisições de café torrado e

moído são orientadas, principalmente, por preços baixos e rendimento do preparo. Os cafés

verdes destinados a esse perfil de consumidor são constituídos por blenda do robusta,

complementado pelo café arábica dos tipos rio e nado e, eventualmente, por pequena

porcentagem de café de alta qualidade. A adição do arábica visa tornar o blend mais

aromático e de melhor degustação.

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23

A exportação de café brasileiro, tomando por base dados do pendo de setembro de

1995 a agosto de 1996, é composta por 64% de rio-zona, rio e nada, e de solúveis

destinados ao tipo popular. As perspectivas para o consumo desse tipo são moderadas, com

elevado grau de incerteza, exigindo o desenvolvimento de novos mercados no Leste

Europeu e na Ásia.

O consumidor "padrão" de café é definido como aquele que procura equilíbrio entre

preço e qualidade. É eventual consumidor de café solúvel, atraído também pela facilidade

de preparo. Esse perfil é atendido por blends em que predomina o arábica, tipicamente

representado pelo café enlatado no mercado estadunidense. É amplo o leque de produtos,

com maior ou menor qualidade e preço, para esse perfil de consumidor.

Os cafés exportados pelo Brasil, que se destinam ao consumidor "padrão", estão

sob perspectiva de redução de consumo nos países de alta renda. Para esse tipo de

consumidor observa-se pequena, mas crescente exportação de café torrado e moído com

tecnologias modernas de embalagem

O tipo "sofisticado" de consumidor é definido como aquele que procura cafés

especiais, considerando o preço secundário, em favor de aspectos específicos de qualidade,

como aromatizado, descafeinado, padrão expres50, orgânico, gourmet, e com certificação

de origem.

Embora produzindo cafés de alta qualidade, o Brasil não apresenta participação

relevante nesse segmento de mercado.

A empresa não conseguia comprar dos traders que dominam a importação européia

o tipo de café brasileiro que desejava. Instalou-se, então, no Brasil. Ainda assim, continuou

a não encontrar entre os corretores o café desejado, devido é prática arraigada no comércio

de fazer misturas de padrões entre cafés de diferentes origens e características. Como

solução, instituiu concurso nacional junto aos produtores e cooperativas, organizando,

dessa forma, mercado específico para o produto que buscava.

Com relação aos perfis do produto, o maior consumo ocorre no tipo popular,

determinado pela distribuição de renda no Brasil. O mercado de café sofisticados ainda é

incipiente, decorrente, entre outros aspectos, da pequena quantidade de fornecedores. O

café tipo expresso representa parcela considerável do consumo de bares e restaurantes,

embora nem sempre atendido por produtos apropriados. Apontam-se perspectivas de

crescimento tanto para consumo doméstico, quanto em bares e restaurantes. Existem

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empresas atuando nesse mercado, a maior com 186 lojas e expansão de 12 a 15 unidades

por ano.

As combinações do binômio preço e qualidade, identificadas nas categorias de

consumidores individuais, também se aplicam aos consumidores institucionais e são úteis

para analisar tendências de evolução do mercado.

Consideram-se quatro categorias de consumidores institucionais/industriais. A

primeira é a de fornecedores comercias de café para o consumo em bares e restaurantes. A

segunda é constituída por refeitórios coletivos. A terceira é de funcionários de empresas,

hospitais, escolas e empresas que operam máquinas automáticas de bebidas quentes a partir

do solúvel. A quarta, de consumidores industriais, onde o cate é apenas um dentre diversos

insumos da produção.

Em resumo, a estrutura de produção e comercialização do café no Brasil está

bastante desajustada em relação ás tendências de consumo do mercado mundial. Com a

oferta concentrada no tipo padrão (produto popular), o Brasil aposta em mercado que esta

em declínio nos países importadores ricos.

Mesmo nesse mercado, a participação brasileira em médio prazo pode ficar

comprometida pela não adoção de sistemas produtivos voltados á redução de custos e das

margens de comercialização. Percebe-se também que o Brasil está ausente de disputa por

mercados dos tipos sofisticados de café, de preços melhores e consumo em expansão.

Registra-se também tímida preparação para o aproveitamento futuro das oportunidades de

negócios atualmente observadas.

É importante considerar o valor global movimentado pela cadeia, decomposto em

valor adicionado pelos exportadores, pagamento aos cafeicultores (custo anual do café) e

valor adicionado pelos importadores

Uma observação essencial é a de que a não renovação das cláusulas econômicas do

Acordo Internacional do Café (AIC) implicou ampla reestruturação das margens da cadeia,

manifesta na trajetória dos valores retidos pelos exportadores e cafeicultores, com declínio

acentuado nos anos mais imediatos.

Considera-se que tais perdas de renda desses atores brasileiros foram apropriadas

pelos importadores, que elevaram na mesma proporção suas receitas. Contribuíram para

essa reestruturação, os elevados preços do café verde entre 1985 e 1986 e o aumento dos

estoques dos países consumidores a partir de 1987.

A produção exportável é encontrada desconta-se da produção total os volumes para

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consumo doméstico e para a formação de estoques. A partir dessa informação é possível

estimar, mesmo de modo precário, o valor obtido pelos países exportadores. Após 1992/93,

os valores correntes mais que duplicaram, alcançando patamares próximos a US$1O

bilhões ( vide tabela abaixo).

Tabela Produção Exportável de Café, Valor e Preço Unitário, Mundo,

1991/92 a 1995/96

Ano cafeeiro exportações vr. estimado Preço Unitário

1991-92 82,15 4,38 53,4

1992-93 71,62 4,41 61,6

1993-94 69,62 9,36 134,4

1994-95 72,72 10,07 149,9

1995-96 63,61

Exportação em milhão de sacas da 60kg de café beneficiado.

valor estimado a partir do preço composto da Organização Internacional do Café. valor em US 5 bilhões.

Preço unitário expresso em cents /fibra/ peso.

Previsão

Fonte: Instituto de Economia Agrícola /SP – 1996

O café é um produto muito importante no cenário internacional. Basta observar que

o agronegócio ocupava a segunda posição nas exportações dos países em desenvolvimento,

perdendo apenas para o petróleo. É possível que após a recente recuperação de preços, o

café tenha voltado á vice-liderança no mercado das commodities. Possivelmente, o retorno

das cotações do café aos seus patamares históricos de comercialização tenha possibilitado

(em parte) a recomposição da remuneração de cafeicultores e exportadores.

Estimativas elaboradas pelos autores mostram que, nos anos agrícolas de 1993/94 e

1994/95, a comercialização do café verde gerou volume de negócios próximo aos US$ 1O

bilhões, semelhante ao que era observado na segunda metade dos anos 80.

Entre 1993 e 1995, as importações de café por países da Europa Ocidental

mantiveram-se relativamente estáveis. A Alemanha é o maior mercado deste continente,

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movimentando mais de 13 milhões de sacas por ano, entre Consumo direto e reexportação,

tendo porém preferência pelo produto colombiano .

Refletindo os baixos preços praticados no mercado internacional em 1993, os

desembolsos europeus com café Verde ficaram aquém da média histórica. Observa-se

recuperação dos preços entre 1994 e 95, o que reposiciona o dispêndio no patamar de

US$5,5 bilhões.

Constituem também mercados importantes os Estados Unidos, Canadá e Japão.

Enquanto se observa o consumo declinar no primeiro país, registra-se estabilidade nos

mercados do Canadá e do Japão. Em 1995, as importações de café pelos Estados Unidos

somavam US$2,2 bilhões, contra U$ 700 milhões pelo Japão.

1.4 FATORES QUE AFETAM O AGRONEGÓCIO

A inexistência de séries estatísticas, que possam ser consideradas confiáveis sobre o

agronegócio café no Brasil, constitui um dos principais gargalos para o desenvolvimento

dessa cadeia. A falta de informações reforça a desarticulação entre as lideranças do

segmento, aumentando a dependência das instâncias de governo.

A desmobilização dos núcleos de pesquisa em café no país é considerada nociva ao

desenvolvimento do segmento. Diz-se que as multinacionais estão desenvolvendo

variedades de café em seus laboratórios de biotecnologia visando mercados para seus

produtos nesse segmento. Parece fundamental, portanto, que o setor se mobilize na defesa

desses centros de pesquisa cafeeira. Ressalte-se que o sucesso da cadeia em décadas

passadas se baseou, fundamentalmente, no desenvolvimento tecnológico, a cargo do

governo.

A retomada dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento é reputada como

decisiva para conquistar vantagens competitivas para o café brasileiro. Os efeitos da atual

interrupção das pesquisas cafeeiras serão, possivelmente, notados de maneira mais clara

pelos componentes do agro-negócio no futuro.

Os interesses conflitantes dos diferentes segmentos que compõem o agronegócio

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parecem constituir os principais obstáculos à articulação que engendre políticas

estimuladoras da competitividade da cafeicultura brasileira. Nota-se que os atores se

comportam com distanciamento incompatível com a importância da cafeicultura na

economia nacional, até no que toca a trocas comerciais.

A atuação governamental e privada no mercado é apontada como obstaculizante

para recuperação da economia cafeeira no Brasil. A vigência de retenções e o esforço de

setores privados para a criação de regulamentações do tipo quotas de exportação

constituem exemplos de restrições ampliação da fatia brasileira no mercado internacional.

A autogestão do espólio do FUNCAFÉ (Fundação do Café), proposta pelos

empresários do agronegócio, é considerada de difícil aceitação por parte do Governo Fede-

ral, pelo menos enquanto não estiver equacionado o problema fiscal e tributário no

processo de reforma fiscal.

Considera-se ainda que a existência de vultosa soma depositada nesse fundo

impede o café de participar, junto com os demais produtos agrícolas, de políticas

especificas - preços de garantia, estoques reguladores de empréstimos e aquisições do

governo, acesso a crédito com taxas mais favoráveis, entre outras.

Há consenso entre os especialistas no sentido de que a distribuição internacional do

café brasileiro - onde o papel dos exportadores é crucial – não tem dedicado contato

permanente com os consumidores; faltaria maior atenção aos clientes e enfoque de

marketing, capazes de melhorar a visão dos importadores sobre o café brasileiro.

Quanto às ações de marketing internacional com esse fim, a proposta por

especialistas é promover campanhas de publicidade e outras iniciativas semelhantes

somente em países onde o chá é a bebida preferida e em que o café não estaria sendo

consumido por falta de informações dos clientes potenciais.

Para os países onde existe consumo consolidado, a ação mais apropriada seria

ofertar café de distintas bebidas, com regularidade e a preços competitivos, evitando adotar

esquemas que limitem quantitativamente as exportações.

Informa-se que são próprios torrefadores internacionais, em fóruns e na imprensa,

que reclamam da ausência de marketing por parte do Brasil.

Os cafés com timbre na embalagem “Café da Colômbia” são mais elevados nos

supermercados dos países consumidores. A produção de café torrada e moída,

exclusivamente com grãos de origem brasileiras, não consegue alcançar a mesma faixa de

preços, apesar dos custos de produção serem semelhantes aos da Colômbia. Os

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torrefadores atuam, por isso no sentido de que haja redução nas margens de

comercialização ou pressionando a cadeia por menores preços - o que acaba atingindo os

exportadores e os produtores brasileiros.

A possibilidade do retorno do adiantamento de contratos de exportação é combatida

da mesma forma, com o argumento de que foi explorada abusivamente pelos exportadores

no passado - obtendo elevados lucros com a especulação cambial e financeira. Para evitar

quadros como esse, reduzir as margens e buscar rentabilidade efetiva com o café há con-

senso entre os analistas de que o setor precisa reestruturar-se.

No que toca particularmente às vendas externas, considera-se fundamental obter

melhorias na infraestrutura de apoio logístico para distribuição de matérias-primas

agrícolas. O Porto de Santos perde progressiva competitividade nas exportações de café

devido à deficiência na infraestrutura apesar da tradição. Há unanimidade no ponto de vista

de que as políticas públicas, notadamente estaduais, devem considerar prioritária a

modernização do Porto de Santos, visando a torná-lo mais competitivo.

A segmentação de mercado para o consumo da bebida mostra-se ainda incipiente

fora do contexto paulista. Nas capitais do Nordeste, por exemplo, o preparo no padrão

expresso é praticamente inexistente. O recomendável é que torrefadoras e conglomerados

varejistas invistam com mais intensidade em ações de marketing fora de São Paulo, para

expandir a tendência de segmentação do mercado de café.

A qualidade do café brasileiro é alvo de polêmicas. Há relativa concordância no

setor quanto à necessidade de melhorias para aumentar a aceitação da bebida e de existir

tecnologia para isso. Há analistas, contudo, que consideram inapropriado classificar

bebidas como de baixa qualidade, argumentando que alguns mercados na região do

Mediterrâneo e do Golfo Pérsico preterem essa bebida. Essa controvérsia evidencia a ne-

cessidade de rearranjar a classificação de cafés e de bebidas vigentes no País. O ideal

proposto é valorizar os elementos de cada tipo de bebida, permitindo que os consumidores

expressem suas preferências, ao invés de classificar o café pelo número de defeitos.

No segmento de cafés especiais, o Brasil é considerado pouco competitivo, em

razão da desorganização da produção e comercialização, falta de tradição, aparente

desinformação e desinteresse e do pouco investimento em publicidade.

Propõe-se que esse segmento seja tido como prioritário para o agronegócio, por ter

alta taxa de crescimento nos mercados externos e por gerar valor agregado unitário

superior aos demais segmentos.

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Os baixos preços recebidos pelos produtores durante o período de 1989 a 1993

causaram acentuada descapitalização ao setor. Em razão disso, considera-se que a elevação

da produtividade dos cafezais pode demandar muito tempo. Destaque-se, no entanto, a

existência de cafeicultores com padrão empresarial e adoção de técnicas de manejo

inovadoras, obtendo elevados índices de produtividade.

A necessidade de políticas públicas ativas para fortalecimento do café da região de

Franca é consenso. Deplora-se também a falta de concurso com premiação pela qualidade

das bebidas das diversas regiões produtoras. Surpreende ainda a relativamente baixa

mobilização da parcela cooperativista da cafeicultura paulista, quando comparada à do Sul

de Minas Gerais.

Em 1991, o cooperativismo cafeeiro paulista mobilizou-se pela criação de sua

associação estadual. A União das Cooperativas de Cafeicultores do Estado de São Paulo

(PAULICAFÉ) pretendia coordenar os esforços individuais orientados para a valorização

do produto paulista. A iniciativa, contudo, não teve os desdobramentos esperados,

encontrando-se, praticamente paralisada.

A assistência técnica oficial para a cafeicultura é considerada em declínio; a

patrocinada pelas cooperativas, insuficiente para a garantia de apoio aos produtores.

Recomenda-se a atuação conjunta desses atores, como parte das ações para revitalizar a

lavoura cafeeira. Chama a atenção também a dificuldade de aproximação entre esses

empresários do agronegócio café, particularmente quando o setor público exige

contrapartida dos beneficiados.

A demanda de café robusta no estado de São Paulo é estimada em 100 mil sacas por

mês. O produto é utilizado, sobretudo pela indústria paulista de solúvel depende de

fornecimento de outros estados. A ausência de cultivo desse produto em São Paulo obriga

a indústria a adquiri-lo no Espírito Santo e em Rondônia, elevando os custos da saca

processada em até R$ 6, 00 por conta do transporte, além do diferimento do ICMS nas

operações de café produzido no Estado. Propõe-se que o setor público, em parceria com o

privado, apóie o cultivo de café robusta nas áreas paulistas onde o cultivo do arábica

encontra-se em declínio, por problemas climáticos, incidência de nematóides e

envelhecimento das plantas.

Entre os consumidores europeus, há mobilizações para que a população e os

governos levem em consideração a problemática social dos países produtores, no processo

de comercialização de matérias primas agrícolas, entre outras, - A organização não-

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governamental holandesa Mas Havelsar, por exemplo, instituiu selo de certificação social

sobre o café processado por pequenos e médios torrefadores na Holanda, Bélgica, Suíça e

França.

A presença do selo na embalagem indica que o produto teve comercialização direta

e que os cafeicultores receberam remuneração justa na venda do produto. A parcela de

consumidores dispostos a pagar alguns centavos a mais pelo café certificado pela Mas

Havelsar é estimada entre 3 a 5% dos mercados dos países citados (BOIS, 1994).

A população do Canadá consumiu 2 milhões de sacas de café em 1990, o que

significou consumo per capta de 4,5 Kg/ano. Nesse país não existe preferência por tipo de

bebida; o consumo distribui-se uniformemente entre torrado/moído solúvel (VEGRO et al,

1997, 1992).

No Japão, o café passa a substituir o chá, ainda como desdobramento do processo

de ocidentalização dos hábitos de consumo, iniciado após a II Guerra Mundial. É o terceiro

maior importador da "commodity"; adquirindo também volume substancial de café torrado/

moído e solúvel. Em 1990, foram consumidas 5,2 milhões de sacas - 58% na modalidade

forrado/moído e 42% solúvel - representando consumo per capta de 2,5 kg/ano, preferen-

cialmente fora do lar (65%) (VEGRO, et al, 1997).

Entre produtores de café, o Brasil é o único que tem mercado interno relevante para

a bebida. As estimativas, no entanto, são bastante dispares. Acredita-se que são

consumidas cerca de 8 milhões de sacas para o abastecimento interno, o que significaria

consumo par capta de 3,3 kg/ano. Quando se leva em consideração, porém, a torrefação

efetuada informal-mente, o volume processado pode subir para 11 milhões de sacas (caso

de 1996), o que representaria consumo per capta de 4,5kg/ano.

O mercado brasileiro, que absorve cerca de 45% da produção nacional, é

considerado potencialmente muito promissor, com maior resposta a campanhas de

marketing que o externo. O incremento de uma saca no consumo é integralmente repassada

para a produção interna, enquanto o mesmo aumento no consumo exterior significa apenas

14kg de café verde a mais abastecido pela produção brasileira. Por essa razão, industriais

do setor tem promovido campanhas como a do selo de pureza da ABIC e de marketing na

mídia televisiva, buscando aumentar o consumo.

Tendências de segmentação, como no exterior, também são registradas no Brasil,

sobretudo nas grandes metrópoles. Desde o inicio da década de 1990, empresas lideres da

torrefação têm diversificado a oferta com novas opções de bebida, aroma e grau de torra.

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O interesse entre os consumidores pelo problema ambiental também tem sido

explorado pelo setor, com o surgimento do chamado café ecológico ou orgânico. Ele é

produzido por cafeicultores especializados. que não utilizam insumos químicos, como

fertilizantes e defensivos. As cotações desse tipo de produto chegam a ser 30% superiores

ás obtidas pelo convencional, o que proporciona rentabilidade suficiente para bancar o

manejo apropriado (SOARES, 1995c).

Na fase de preparo do produto colhido, vêm sendo introduzidas inovações

tecnológicas, como a do processo do café semilavado, com duas

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32

CAPITULO II

2. MARKETING ESTRATÉGICO E AGRIBUSINESS

Neste capitulo apresentam-se os conceitos, princípios. Filosofias e de planejamento,

bem como os aspectos da Teoria de Sistemas que facilitarão o enquadramento da empresa

e o agronegócio como um todo, perante seus fatores externos.

Este enquadramento, Interagindo comas fatores externos e Internos da empresa, é

que consolida a abordagem estratégica nas empresas

2.1 MARKETING ESTRATÉGICO EM GESTÕES DE

AGRIBUSINESS

Uma das preocupações fundamentais na gestão de firmas agroindustriais refere-se à

tentativa de descobrir quais são as necessidades de seus clientes e consumidores atuais e

potenciais e como satisfazê-las através de seus produtos e/ou serviços. Esta preocupação

ilustra a essência do conceito de marketing, definido como a atividade humana ou o

processo social, orientados para a satisfação de desejos ou necessidades de indivíduos e

organizações, através dos processos de troca.2 Este conceito é composto de três

componentes básicos: os desejos ou necessidades (que explicitam a motivação ou o

comportamento do consumidor), a relação de troca (em que fica clara a necessidade de

haver alguém que oferte um produto ou serviço e alguém que demande o mesmo) e a arena

onde oferta e demanda se encontram, ou seja, o mercado.

No intuito de melhor explicar corno se desenvolve a ação de marketing no cotidiano

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33

das firmas, adotou-se duas abordagens complementares: marketing estratégico e

rnarketing operacional

O marketing operacional, ao contrário, enfatiza as atividades de curto prazo,

orientadas para o atendimento e a manutenção dos mercados atuais, através do desen-

volvimento dos elementos do marketing mix (produto, ponto de distribuição, preço e

composto promocional) mais adequados aos objetivos da empresa. O marketing opera-

cional ocupa-se, também, dos orçamentos de marketing adequados ás atividades comer-

ciais da empresa.

Em suma, as duas abordagens de marketing diferenciam-se basicamente pela visão

temporal e pelo enfoque adotado. O marketing estratégico visualiza o longo prazo.

enquanto o marketing operacional preocupa-se com o dia-a-dia. No que diz respeito ao

enfoque, o marketing estratégico preocupa-se com a análise e a prospecção de produ-

tos/mercados e com a estratégia para atacá-las, enquanto o marketing operacional enfoca a

execução dos planos estratégicos através do conjunto de elementos do composto

mercadológico que a empresa dispõe (ou marketing mix), bem como dos recursos

financeiros para implementá-los.

2.2 BASES DO MARKETING ESTRATÉGICO

2. 2.1 ORIGENS DA ESTRATÉGIA

O termo estratégia tem origem no grego strategos, que significava a arte do

general, ou seja, um conjunto de características psicológicas ou de comportamento

associado às tarefas desempenhadas por um comandante militar. No tempo de Péricles

(450 a.C), o termo estratégia era entendido como um conjunto de habilidades gerenciais

ligadas à oratória, ao poder e à liderança. Na época de Alexandre (330 a.C.), estratégia

referia-se às habilidades de organizar forças para alcançar uma posição e criar um sistema

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unificado de governo. A lógica da estratégia militar se parece bastante com o uso dado a

estratégia no mundo dos negócios nos dias atuais. O que os generais do passado faziam

antes de colocar suas tropas em marcha era avaliar pontos fortes e fracos das mesmas e

compará-los aos das tropas dos inimigos, além de tentar prever quais seriam as manobras

dos mesmos, tentando descobrir quais seriam os fatores-chaves (ou fatores críticos) de

sucesso para ganhar a guerra. Isso tudo, trazido para os dias atuais, nada mais é do que a

análise feita quando uma empresa realiza seu planejamento estratégico.

A partir da década de 60, os teóricos das organizações passaram a visualizar a

importância do ambiente em que as empresas encontravam-se inseridas e começaram

desenvolver trabalhos acerca da estratégia, compreendida aqui como a forma pela qual

uma empresa administra seus pontos fortes e fracos (existentes ou potenciais) para atingir

seus objetivos, levando em consideração as mudanças do ambiente. Neste ambiente, está

incluído o que os estrategistas militares chamavam de inimigos, e que na linguagem

gerencial atual chama-se concorrência.

(Segundo Quino) existem alguns insights importantes a respeito da demência e natureza

da estratégia, sua elaboração e sua formalização.

Estratégias formais e consistentes são compostas de três elementos: os objetivos (o

que se quer fazer) a ser alcançados, as políticas que orientam os caminhos a ser atingidos

ou evitados e os planos ou programas de ação, ou seja, a operacionalização das estratégias.

Para que as estratégias sejam efetivas, precisam estar de acordo com a missão, os

fatores consideradas chaves pela empresa e os próprios valores e cultura da mesma, além

de coesão e foco de ação entre seus executores.

Outro ponto importante é que a estratégia lida com o imprevisível e muitas vezes

com o desconhecido, uma vez que se trata de decisões que envolvem o futuro da empresa.

Portanto, ela deve ser flexível o suficiente para se adaptar a mudanças no ambiente de

concorrência.

2.2.2 ELABORAÇÃO DA ESTRATÉGIA E PROCESSO DE

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

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Qualquer grupo de pessoas tinidas em tomo de um objetivo comum (uma empresa).

Como fabricar um produto ou defender uma causa ou uma idéia , por exemplo

normalmente se tem um caminho ou rumo de ação para atingir um objetivo, ou seja, tem

uma estratégia na mente de seus integrantes. Portanto, qualquer empresa tem sei processo

de planejamento estratégico, mesmo que idealizado de maneira informal para seu fundador

ou empreendedor. Todo individuo que inicia um negócio tem uma idade como atender

melhor uma necessidade de um grupo de clientes e/ou consumidor. No entanto, para que

este objetivo seja atendido, é necessária a utilização de uma estratégia adequada.

É neste ponto que se constata a necessidade de um planejamento estratégico, pode

ser definido como um processo gerencial que possibilita estabelecer o rumo a ser seguido

pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com o seu

ambiente...”. Essa otimização será baseada na análise dos pontos fortes e fracos da

empresa, das ameaças e oportunidades encontradas no ambiente externo, bem como dos

fatores-chaves (ou fatores críticos) de sucesso referente ao negócio da empresa.

Os pontos de partida para um processo de planejamento estratégico são a cultura e

os valores, bem como a filosofia empresarial do indivíduo ou grupo que vai realizá-lo. O

primeiro passo, é a sensibilização. Trata-se da discussão sobre a importância ou relevância

de se fazer o planejamento estratégico e se a empresa está de fato convencida de que o

mesmo lhe trará benefícios. A fase seguinte, a definição do negócio ou missão, refere-se á

determinação do horizonte dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar. A missão é a

razão de existir da empresa. Através da definição da missão, procura-se identificar: onde a

empresa quer chegar, qual é a razão de ser dela e em quais as atividades deve concentrar-se

no futuro.

2.2.3 ETAPAS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.

A fase posterior corresponde à análise dos fatores internos à empresa (pontos

fortes e fracos) e à análise externa (ameaças e oportunidades). A análise interna pode ser

realizada através das áreas funcionais da empresa, como marketing, recursos humanos,

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finanças e produção, e deve ter como objeto de comparação às mesmas características nos

concorrentes potenciais ou atuais. No caso de uma cozinha Industrial por exemplo, podem

ser enumerados como pontos fortes: qualidade oferecida, termos de produtos tangíveis

(alimentos propriamente ditos) e intangíveis (serviços agregados), layout / instalações

adequados ao processo, equipamentos atualizados, higiene (em caso de produtos perecíveis

e direcionados ao consumo humano, isso é essencial), localização do ponto de venda

principal (onde ocorrem as atividades centralizadas), dimensionamento adequado dos

serviços agregados (inclusive rapidez no atendimento), fornecedores confiáveis, mão-de-

obra profissional, confecção do cardápio levando em consideração sua adequação

climática. No que se refere a pontos fracos (análise interna), pode-se observar: processo de

estocagem insuficiente no prédio principal, dimensionamento do espaço de linha de frente

em relação à demanda, conforto térmico deficiente (tanto na retaguarda quanto na linha de

frente — cozinha e salão de refeição), poucas atividades de divulgação em mídia eletrônica

e impressa (principalmente no que diz respeito a atividades de comunicação institucional),

pouca atenção as atividades de planejamento financeiro e contábil.

A análise externa compreende a análise do mercado consumidor/cliente (segmentos,

motivação e necessidades), a análise competitiva ou dos competidores, a análise da

indústria ou setor de negócio em que a empresa encontra-se inserida e a análise ambiental

(dimensões tecnológica, cultural, econômica, demográfica e legal). Em termos de

oportunidades (fatores favoráveis do ambiente). A Cozinha Delícia percebe a estabilidade

econômica como uma fonte de crescimento do negócio, assim como a região onde se

localiza sua sede, uma cidade em fase de desenvolvimento, passando de pólo universitário

para pólo concentrador de novas indústrias. Como ameaças percebidas no ambiente,

observa-se o fato de o restaurante não conseguir atender toda a demanda e isso abrir uma

brecha de mercado para a concorrência. Serão vistas mais adiante as ferramentas para se

procederá a análise externa, como análise da concorrência, modelo de comportamento do

consumidor e forças no macro-ambiente da empresa.

Nesta fase seguinte compreende a definição de objetivos, que pode ser entendida

corno um estado, situação ou resultado futuro que a empresa pretende.

O passo seguinte é a elaboração das estratégias, ou dos caminhos alternativos para

alcançar os objetivos estabelecidos.

Por último, encontra-se a fase de implantação e controle. Estas duas etapas são as

que determinam o sucesso ou o fracasso do planejamento estratégico, urna vez que de nada

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adianta pensar prospectivamente sem tentar agir efetivamente sobre os acontecimentos

futuros. A implantação do planejamento estratégico envolve o comprometimento de todos

na execução do que foi planejado, e para tal exige que ele seja comunicado e explicado a

todos os envolvidos. O controle também é uma etapa decisiva, pois é nele que se analisa se

as estratégias pretendidas são exeqüíveis ou se necessitam redirecionamento, ou sela, é

através dele que se monitora e acompanha a execução. E nesse momento que se adapta o

planejado às mudanças ocorridas no ambiente (como um novo plano econômico do

governo, por exemplo) e se alteram os rumos de ação para que os objetivos e a missão da

empresa possam ser alcançados.

2.2.4 MÉTODOS FORMAIS DE ANÁLISE

ESTRATÉGICA

A moderna literatura de gestão empresarial é abundante na proposição de métodos

formais para o diagnóstico estratégico e a formulação de estratégias empresariais. Estes

métodos, ferramentas e conceitos ocupam posição de destaque na administração de

praticamente todas as grandes empresas modernas.

Apesar da proliferação de metodologias e conceitos, é interessante ter em mente

que o aspecto determinístico assumido pelas recomendações estratégicas oriundas da

aplicação destes métodos deve ser relativizado pela situação interna da empresa, pelas

condições do ambiente que a circunda e, sobretudo, pela experiência e pelo feeling do

tomador de decisão e dos assessores. Um bom planejamento estratégico. Assim como a

competente aplicação de suas recomendações, não assegura de maneira absoluta o sucesso

da empresa. Se assim fosse, as grandes empresas, que contam com bem montadas equipes

de analistas/estrategistas, não sofreriam as conseqüências de estratégias muitas vezes

desastrosas.

No entanto, a prática tem mostrado que empresas com uma boa visão estratégica

possuem maiores chances de sobrevivência e sucesso. Uma das principais vantagens de

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qualquer um dos modelos de análise estratégica repousa justamente no momento de

reflexão sobre o futuro que eles proporcionam a empresa. Assim, não existem dúvidas de

que a utilização de um modelo formal de análise estratégica facilita e aumenta a

efetividade deste processo de reflexão.

Algumas variáveis estratégicas utilizados pelo método PIMS>

Variáveis Características

Meio ambiente industrial e mercado taxa de crescimento de longo prazo do

setor

(4 a 10 anos)

taxa de crescimento do curto prazo do

setor (O há três anos)

posição no ciclo de vida

Posição em face da concorrência parte de mercado

parte de mercado relativa

parte de mercado da atividade/parte de

Mercado dos três maiores concorrentes

Estrutura capitalista do setor montante dos investimentos

Montante do capital fixo

Processo de produção integração vertical

Diferenciação qualidade relativa

preço relativo

novos produtos

Alocação de recursos despesas de faturamento

Despesas de marketing/faturamento Fonte: SAES, 1999

Algumas destas variáveis também se mostraram mais importantes que outras, corno

é ocaso, por exemplo, da parte de mercado. Ficou também evidenciado que outros fatores,

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como crescimento do mercado, fase do ciclo de vida, despesas de marketing, também

influenciam de maneira importante a rentabilidade.

2.3 CONCEITOS BÁSICOS DE MARKETING:

ESTRATÉGICO E OPERACIONAL

O marketing estratégico preocupa-se cm analisar constantemente os mercados de

referência (ou mercados-alvos) da empresa, identificando produtos e segmentos de

mercados atuais e potenciais, onde a mesma poderia atuar. Os fatores considerados no

marketing estratégico são: a atratividade dos diferentes segmentos ou nichos de mercado, o

ciclo de vida dos diferentes produtos, as vantagens concorrências da empresa vis-à-vis à

concorrência.

Marketing estratégico é uma atividade orientada pelo longo prazo, em que, tendo

em vista a missão e os objetivos da empresa, são desenvolvidos rumos de ação que

garantam a permanência da empresa no mercado através de um portfólio de produtos e

serviços competitivos.

2.3.1 CONCEITUÇÃO DE PLANEJAMENTO

Existe certa dificuldade, quanto da conceituação da função do planejamento no

agribusiness, de estabelecer a sua real amplitude e abrangência.

Para tanto, Stelner (1969), estabelece as cinco dimensões do planejamento, cujos

aspectos básicos são apresentados a seguir.

A primeira dimensão do planejamento corresponde ao assunto abordado, que pode

ser produção, pesquisa, novos produtos, finanças, marketing, instalações, recursos

humanos etc.

Outra dimensão corresponde aos elementos do planejamento, entre os quais podem

ser citados propósitos, objetivos, estratégias, políticas, programas, orçamentos, normas e

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procedimentos, entre outros.

Uma terceira dimensão corresponde à dimensão de tempo do planejamento, que

pode ser, por exemplo, de longo, médio ou curto prazo.

Outra dimensão corresponde ás unidades organizacionais onde o julgamento é

elaborado.

Uma quinta dimensão corresponde ás características do planejamento que podem

ser representadas por complexidade ou simplicidade, qualidade ou quantidade, estratégico

ou tático, confidencial ou público, formal ou informal, econômico ou caro.

Steiner (1969:12) salienta que estes aspectos das dimensões não são mutuamente

exclusivos e nem apresentam linhas demarcatórias muito claras.

Entretanto, as cinco dimensões apresentadas permitem visualizar a amplitude do

assunto planejamento.

Como conseqüência, o planejamento pode ser conceituado como um processo.

Considerando os aspectos abordados pelas dimensões anteriormente apresentadas.

desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente e

efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa.

O planejamento não deve ser confundido com previsão, projeção, predição

resolução de problemas ou plano, pois:

• previsão corresponde ao esforço para verificar quais serão os eventos que

poderão ocorrer, com base no registro de uma série de probabilidades;

• projeção corresponde à situação em que o futuro tende a ser igual ao

passado, em sua estrutura básica;

• predição corresponde ã situação em que o futuro tende a ser diferente do

passado. mas a empresa não tem nenhum controle sobre o seu processo e

desenvolvimento;

• resolução de problemas corresponde a aspectos imediatos que procuram

tão-somente a correção de certas descontinuidades e desajustes entre a empresa

e as forças externas que lhe sejam potencialmente relevantes: e

• plano corresponde a um documento formal que se constitui na consolidação

das informações e atividades desenvolvidas no processo de planejamento; é

limite da formalização do planejamento; é uma visão estática do planejamento;

é uma decisão em que a relação custo beneficio deve ser observada.

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Além disso, o planejamento estratégico corresponde ao estabelecimento de um

conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo para a situação em que o futuro

tende a ser diferente do passado; entretanto, a empresa tem condições e meios de agir sobre

as variáveis e fatores de modo que possa exercer alguma influência; o planejamento é

ainda um processo contínuo, um exercício mental que é executado pela empresa inde-

pendentemente de vontade específica dos seus executivos.

O planejamento pressupõe a necessidade de um processo decisório que ocorrerá

antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na empresa.

Este processo de tomada de decisões no agronegócio deve conter, ao mesmo tempo,

os componentes individuais e organizacionais bem como a ação nestes dois níveis pode

ser orientado de tal maneira que garanta ceda confluência de interesses dos diversos fatores

alocados no ambiente da empresa.

O processo de planejar envolve portanto, um modo de pensar, e um salutar modo de

pensar envolve indagações; e indagações envolvem questionamentos sobre o que será feito,

como, quando, quanto, para quem, por que, por quem e onde será feito.

Toda a atividade de planejamento nas empresas, por sua natureza, deverá resultar

de decisões presentes, tomadas a partir do exame do impacto das mesmas no futuro, o que

lhe proporciona uma dimensão temporal de alto significado.

O propósito do planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de

processos e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar

as implicações futuras de decisões presentes com função dos objetivos empresariais que

facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz

Dentro deste raciocínio, pode-se afirmar que o exercício sistemático do planejamento tende

a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, conseqüentemente, provocar o

aumento da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios estabelecidos para a

empresa.

Além disso, o fato de o planejamento ser um processo de estabelecimento de um

estado futuro desejado e um delineamento dos meios efetivos de torna-lo realidade justifica

que ele anteceda á decisão e á ação. Outro aspecto a destacar, inerente ao processo

decisório, é o grande número de condicionantes organizacionais que afetam a sua

operacionalização, com a interveniência de inúmeras restrições de ordem prática,

contribuindo para reforçar a idéia de complexidade que lhe é característica.

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A atividade de planejamento é complexa em decorrência de sua própria natureza,

qual seja, a de um processo continuo de pensamento sobre o futuro, desenvolvido mediante

a determinação de estados futuros desejados e a avaliação de cursos de ação alternativos a

serem seguidos para que tais estados sejam alcançados. E tudo isso implica um processo

decisório permanente, acionado dentro de um contexto ambiental Interdependente e

mutável.

Esse processo contínuo, composto de várias etapas, funciona de forma não linear

em decorrência de haver variabilidade nas empresas. Esta variabilidade é devida às

pressões ambientais que tem de suportar e que são resultantes de forças externas

continuamente em alteração com diferentes níveis de intensidade de influência, bem como

das pressões internas, resultantes dos vários fatores integrantes da empresa.

Sem a preocupação de estabelecer todas as características básicas da função

planejamento como uru processo continuo, apresenta-se a seguir alguns dos principais

aspectos:

a) O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas às implicações futuras

de decisões presentes (Drucker, 1962). Portanto, aparece como um processo

sistemático e constante de tornada de decisões, cujos efeitos e conseqüências

deverão ocorrer em futuros períodos de tempo.

b) O planejamento não é um ato Isolado. Portanto, deve ser visualizado como um

processo composto de ações inter-relacionadas e Interdependentes que visam ao

alcance de objetivos previamente estabelecidos. Deve-se também considerar a

necessidade de os objetivos serem viáveis com base na validade das hipóteses

em que se baseiam.

c) O processo de planejamento é multo mais Importante que seu produto final. O

produto final do processo de planejamento normalmente, é o plano, sendo que

este deve ser desenvolvido “pela empresa e não” para “a empresa.

2.4 PRINCÍPIOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

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O planejamento estratégico dentro de uma empresa deve respeitar alguns princí-

pios para que os resultados de sua operacionalização sejam os esperados. Podem-se separar

esses princípios em gerais e específicos.

2.4.1 PRINCÍPIOS GERAIS DE PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO

São quatro os princípios gerais para os quais deve-se estar atento:

a) O principio da contribuição aos objetivos, e neste aspecto o planejamento

deve sempre visar aos objetivos máximos da empresa.

No processo de planejamento devem-se hierarquizar os objetivos estabe-

lecidos e procurar alcançá-los em sua totalidade, tendo em vista a Interligação

entre eles.

b) O princípio da precedência do planejamento, correspondendo a uma função

administrativa que vem antes das outras (organização, direção e controle).

Na realidade, é difícil separar e seqüenciar as funções administrativas. ruas

pode-se considerar que, de maneira geral. o planejamento ‘do que e como vai ser

feito “aparece na ponta do processo. Como conseqüência. o planejamento assume

uma situação de maior importÂncia no processo administrativo.

c) O principio da maior penetração e abrangência, pois o planejamento pode

provocar uma série de modificações nas características e atividades da empresa.

Algumas destas modificações são mostradas na Figura 1.1.

As modificações provocadas nas pessoas podem corresponder à necessidade de

treinamento. substituição, transferências. funções, avaliação etc.

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Na tecnologia pode ser apresentada pela evolução dos conhecimentos, pelas

novas maneiras de fazer os trabalhos etc: e nos sistemas podem ocorrer

alterações nas responsabilidades estabelecidas, nos níveis de autoridade,

descentralização, comunicações, procedimentos. Instruções etc.

d) O principio da maior eficiência, eficácia e efetividade, O planejamento

deve procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiências.

Através desses aspectos, o planejamento procura proporcionar à empresa uma

situação de eficiência, eficácia e efetividade.

Eficiência é:

• fazer as coisas de maneira adequada:

• resolver problemas:

• salvaguardar os recursos aplicados:

• cumprir o seu dever: e

• reduzir os custos.

Eficácia é:

• fazer as coisas certas;

• produzir alternativas criativas:

• maximizar a utilização de recursos:

• obter resultados; e

• aumentar o lucro.

Efetividade é:

• manter-se no ambiente: e

• apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo

(permanentemente).

A efetividade representa a capacidade de a empresa coordenar constantemente,

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no tempo, esforços e energias, tendo em vista o alcance dos resultados globais

e a manutenção da empresa no ambiente. Portanto, para que a empresa seja

efetiva, é necessário que ela também seja eficiente e eficaz. É importante

salientar que a eficiência, eficácia e efetividade são algumas das principais

medidas para avaliar urna boa administração, pois normalmente os recursos

com os quais o administrador trabalha são escassos e limitados.

A eficácia de uma empresa depende basicamente de dois aspectos:

• de sua capacidade de identificar as oportunidades e necessidades

do ambiente,e

• de sua flexibilidade e adaptabilidade, visando usufruir dessas

oportunidades .

2.4.2 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO

Com base na atitude e visão interativa diante do planejamento, Ackoff (1974:28)

apresenta quatro princípios de planejamento que podem ser considerados como

específicos:

Planejamento participativo:

O principal beneficio do planejamento não é seu produto. ou seja, o plano, mas o

processo envolvido. Nesse sentido. o papel responsável pelo planejamento não é

simplesmente elaborá-lo, mas facilitar o processo de sua elaboração pela própria empresa e

deve ser realizado pelas áreas do processo.

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Planejamento coordenado:

Todos os aspectos envolvidos devem ser projetados.

Planejamento integrado:

Os vários escalões de uma empresa (de porte médio ou grande) deve ter seus

planejamentos Integrados

Planejamento permanente:

Essa condição é exigida pela própria turbulência plano mantém seu valor com o

tempo.

2.5 MARKETING NO AGRIBUSINESS

O processo decisório do consumidor final para o alimento é. intuitivamente, de

Agribusiness. Os atributos de embalagem, qualidade de matéria-prima, higiene, sabor,

marca etc. conduzem a urna complexa rede de fornecedores inter-relacionados, agindo em

padrões de qualidade e custos definidos e. idealmente ,just in time. Ou seja, com giro veloz

dos ativos.

Os aspectos da ISO 9000 corno ferramenta de gerenciamento da qualidade no

Agribusiness (ISO — International Organization for Standardization) estão se tornando

condição sino qua non para a “guerra” da competitividade internacional. A certificação é

inevitável para competir na Comunidade Econômica Européia. E, o agente pressionador

de toda a eficiência sistêmica do Agribusiness é a comunidade Européia. Já em 1 994. por

exemplo, o jornal Gazeta Mercantil ressaltava a importância estratégica da criação de um

grupo de apoio para o ISO 14000. “O Brasil não poderá ficar de fora das discussões

mundiais do ISO 14000, pois elas serão determinantes para a competitividade dos produtos

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e serviços nacionais no mercado mundial”, explicava no jornal Maurício Reis, gerente

geral de Desenvolvimento Sustentável da Cia. Vale do Rio Doce. E, na mesma notícia, o

executivo complementava “as questões ambientais, longe de serem uni-modismo

passageiro. Assumiram uma posição destacada dentre os componentes que apontam

qualidade dos produtos e serviços”.

No campo da fome, da baixa renda, o investimento na geração de empregos a

partir da agroindústria interiorizada, associada a uma revisão dos gargalos existentes entre

os elos da cadeia, representa urna alternativa veloz de evolução sócio econômica do país.

Os programas de distribuição de alimentos à população carente prescindem e exigem o

LISO da tecnologia de marketing. O marketing voltado ás instituições sem fim lucrativo.

As iniciativas com o leite de soja são bem-sucedidas nas cidades e locais onde há

uma organização do Agribusiness do leite de soja, de ponta a ponta do processo, como bem

representa a cidade de Matão em São Paulo. Ou seja, mesmo de graça, o alimento precisa

ser percebido com ad value e como símbolo de valor social. E, também nas zonas de

miséria, o resgate dos fundamentos humano do cidadão passa pelos mesmos princípios

administrativos de planejamento, organização e eficácia sistêmica do Agribusiness e

marketing.

2.5.1 SEM A TECNOLOGIA DE MARKETING NÃO

HÁ SOLUÇÃO!

A visão estratégica do marketing em Agribusiness, o “consumo” significa o

crescimento dos setores do “depois da porteira". Cadeias de fast food, franquias, rodízios,

comida por quilo, Liso das matérias-primas vegetais e animais para fins industriais. O

crescimento do consumo de milhares de novos produtos processados (são mais de US$ 500

milhões anuais só com pizza 110 Brasil). Alimento mais acessível, lojas de conveniência,

alimentos nos Shopping Centers”, sacolões “públicos e privados, U$40 bilhões anuais em

supermercados e U$ 16 bilhões de dólares de comida fora de casa. E a multiplicação do

consumo, na ponta final de processamento e distribuição”.

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2.5.1.1 TECNOLOGIAS DE MARKETING PARA

AGRIBUSINESS.

Contamos 13 áreas de conhecimento especializado na cadeia. Poderíamos

acrescentar outras tantas se fôssemos a um detalhamento vertical maior do sistema, como

marketing financeiro, de seguros, de transporte, não se aborda uma análise de todos esses

segmentos especializados do marketing, mas fica o desafio de uma série de complementos,

seguindo o “fio da meada do Agribusiness”.

2.6 INSTRUMENTOS DE MARKETING

Nos negócios integrados da alimentação, planejar e gerenciar com eficácia cres-

cente é algo que não depende apenas da aplicação das ferramentas clássicas de marketing.

Depende cada vez mais de uma visão holística no negócio (e de suas interações ia

cadeia agroindustrial), que inclusive recrie o papel das “ferramentas” ”. No sentido de

absorverem toda a complexidade do negócio.

Hoje em dia, planejar e gerenciar — dentro do Agribusiness — é pensar em

pesquisa de mercado especializada — rural, industrial, de varejo e de serviços. Ou então,

em agências de propaganda com know-how especializado ao longo da cadeia

agroalimentar, assessores, na reformulação da missão de gerentes de produto (agora com

visão mais abrangente), no reposicionamento da tecnologia (com os olhos no consumidor

final), no foco dos fomentos e integrações para a elevação da produtividade de seus

integrados, na avaliação publicitária para valores intuitivamente percebidos pelo

consumidor (como a importância da matéria-prima vegetal e animal, entre outros).

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O sucesso de seu planejamento de marketing depende da qualidade do nível de

agregação competente, percebida pelo consumidor final da cadeia agroalimentar em seu

produto. Também depende da convicção de que hoje, os produtos e serviços são

informações.

Informações tangíveis quanto à forma, sabor, conteúdo, qualidade nutritiva e

aspecto dos produtos.

E informações intangíveis pelo que representam em termos de estilos de vida,

valores, atitudes sociais e prazer sensorial dos alimentos.

Os “info-produtos” e “info-serviços’’, na era da informação, representam a nova

religião do marketing: a religação do consumidor com os fornecedores e a invasão da

informação do consumidor na ciência, nos programas e investimentos tecnológicos, nos

processos, na informática, na apresentação. Na propaganda, no crescimento ético e pro-

fissional do homem. Enfim, uma carga interativa que constitui uma massa independente,

em que o poder fica extremamente diluído e fragmentado, transformado em informação.

A cadeia competitiva de Agribusiness é uma rede de informações complexa. A

usina energética nasce na ponta do consumidor e percorre os circuitos do Agribusiness,

estimulando cientistas de todas as ordens para o trabalho neste macro setor da atividade

humana.

O alimento sempre foi estratégico para nações. Impérios e sociedades ao longo de

toda a história. Foi arma militar nos tempos de guerra. recompensa básica única aos

escravos, motores dos sistemas produtores do passado. A luta pelo alimento levou mul-

tidões a abandonarem o campo e venderem sua força de trabalho na revolução industrial. O

alimento tem sido a grande razão das lutas humanas essenciais na história da humanidade.

O alimento transforma-se em um grande negócio, no maior do mundo, vira rede

complexa quebrando fronteiras e preconceitos raciais. O alimento ainda falta para 1/3 de

seres do planeta, sem renda para consumir.

O alimento é um grande negócio, mas, além disso, é direito essencial nº 1 de toda a

humanidade. É sem dúvida, com essa enorme demanda potencial global, o alimento,

compreendido na visão de cadeia sistêmica do Agribusiness. com a tecnologia de

marketing e a inevitável globalização dos mercados de oferta e consumo, seja uma

commodíty. Uma admirável commodity acessível a cada um dos bilhões de seres neste

planeta.

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50

2.7 DIFUSAO MULTINACIONAL

Não obstante a rápida adoção em seu mercado doméstico, muitas inovações de

produto penetram mercados estrangeiros muito lentarnente.

Em geral, a velocidade e o padrão de penetração de mercado para determinada

inovação de produto diferem substancialmente entre os mercados.

Em geral, a adoção de novos produtos é conduzida por três tipos de fatores: as

diferenças individuais, as influências pessoais e as características do produto. Os

indivíduos diferem, em termos de disposição, para experimentar novos produtos. Os

adotantes imediatos estão ansiosos para experimentar novas idéias ou produtos.

Os adotantes tardios assumem urna atitude de pagar para ver os adotantes

imediatos diferem dos retardatários em termos de traços socioeconômicos (renda,

formação educacional, status social), personalidade e comportamento de comunicação. Um

papel proeminente é também exercido pela influência dos primeiros adotantes.

Freqüentemente, a comunicação boca a boca difundida por adotantes tem impacto muito

mais significativo sobre a decisão de adoção de um produto do que fatores impessoais

como a propaganda. Para muitas categorias de produtos, a pressão do grupo, em geral,

determinará se (e quando) uma pessoa adotará a inovação. O terceiro conjunto de fatores

relaciona-se á natureza do próprio produto. Cinco características de produto são

apresentados a seguir:

1. Vantagem relativa. Em que extensão o novo produto oferece maior valor percebido

aos adotantes potenciais do que as alternativas existentes?

2. Compatibilidade. O produto é consistente com os valores e atitudes dos indivíduos

do sistema social? Há algum custo em que as pessoas podem incorrer, se decidirem

adotar a inovação?

3. Complexidade. O produto é fácil de ser entendido? É fácil de ser usado?

4. Experimentação. Os consumidores potenciais estão em condições de experimentar

o produto de forma limitada?

5. Grau de observação. É fácil o possível adotante observarem os resultados ou

benefícios da inovação? Esses benefícios podem ser facilmente comunicados?

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51

Além dessas variáveis, várias características de país podem ser usadas para prever

novos padrões de penetração de um produto. A comunicação que leva á transferência de

idéias tende a ser mais fácil quando ocorre entre indivíduos que possuem um padrão cultural

semelhante. Assim, a taxa de adoção de novos produtos em países com população

homogênea (por exemplo, Japão, Coréia do Sul, Tailândia) são, geralmente mais rápida do

que em países com culturas muito diferentes.

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52

CAPÍTULO III

3 HISTÓRICO DO CAFÉ

3.1 A ORIGEM LENDÁRIA

Existem muitas lendas que falam sobre o surgimento do café, porém a mais

coerente delas é a que conta que em meados do século XV um etíope chamada Kaldi,

percebeu que suas cabras ao ingerirem os frutos de um certo arbusto, mostraram-se mais

dispostas. Foi aí que o pastor resolveu fazer uma infusão dos frutos e experimentá-la. Após

ter consumido a bebida, Kaldi se sentiu mais disposto fisicamente, passando a consumi-la

freqüentemente.

Outras fontes no entanto, acreditam que um monge árabe foi o primeiro homem a

preparar a infusão, como forma de manter-se acordado durante a noite para realizar suas

orações.

3.2 DIFUSÃO DO CAFÉ

Os árabes foram os pioneiros no cultivo do café. Em Meca, cidade santa das

muçulmanos em meados do século XVI, foi proibido o consumo do café sobre o pretexto

de contrariar o Alcorão.

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53

A partir de 1526, esta proibição foi abolida e tanto a agricultura quanto o comércio

do café desenvolveram-se toda região da península arábica. Após este acontecimento, o

café propagou-se rapidamente pelo Egito, Síria, Turquia e todo oriente médio.

Até o século XVIII, a Arábia era o único país que produzia café para exportação.

O café chegou no continente europeu no decorrer dos séculos XVI e XVII, quando

o alemão Leonard Rauwolf, viajou pelo oriente, seguido do botânico italiano Próspero

Alpini. Ambos colheram amostras dos frutos do cafeeiro para análise e introdução em

solos europeus.

No início do século XVII, navios da Índia traziam grandes cargas de café do

oriente, enquanto os holandeses transportavam mudas de cafeeiros para a Malásia, mais

propriamente para Java, onde o solo e o clima eram tidos como os mais apropriados para o

cultivo. A lavoura desenvolveu-se em Java e espalhou-se pôr várias ilhas asiáticas como

Sumatra, Célebis, Timor, etc.

Segundo historiadores, a planta chegou ao continente americano no século XVI pôr

mãos do capitão John Smith, fundador de Virgínia.

Na América do Sul, a primeira região onde se fixaram cafeeiros foi Suriname,

colônia holandesa em meados do século XVIII. Pouco depois o cafeeiro estaria sendo

introduzido na Guiana Francesa. Data também desta época a introdução do café na

América Central, inicialmente na ilha de Martinica, cujas plantações se espalharam pôr

toda região.

Com a popularização do uso do café seu cultivo espalhou-se pelo mundo. Em

Constantinopla (hoje Istambul, Turquia) foi onde abriu o primeiro estabelecimento

comercial para servir café ao público.

Na Europa as primeiras casas de café surgiram em Veneza, depois em Londres e

Marselha. A partir daí vários estabelecimentos espalharam-se pelas cidades dos Estados

Unidos.

3.3 INTRODUÇÃO E EXPANSÃO DO CAFÉ NO BRASIL

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No início do século XVIII, um desbravador brasileiro Francisco de Melo Palheta,

sargento-mor do exército, foi enviado para Guiana Francesa em missão para solucionar

problemas de fronteira.

Ao chegar lá Palheta foi convidado a visitar as plantações de café, foi então que a

senhora D`Orvillliers, num gesto de gratidão com o visitante, colocou uma mão cheia de

grãos de café no bolso de seu uniforme. Além dos grãos o militar colheu ainda algumas

mudas, que trouxe para o Brasil e plantou nas proximidades de Belém do Pará, onde

residia.

Apesar de ter sido introduzido primeiramente na região amazônica, o cafeeiro não

se adaptou ao clima local, migrando para a região nordeste, onde também não se adaptou

sendo abandonado posteriormente.

Do nordeste o café migrou para o Rio de Janeiro, na época capital do Brasil

colônia, pôr mãos do desembargador João Alberto Castelo Branco. Este fez vir do

Maranhão mudas que entregou aos frades capuchinhos, que plantaram e cuidaram em suas

próprias hortas.

Do plantio dos frades surgiram as sementes que em pouco tempo, espalharam-se

pôr todo estado do Rio de Janeiro.

Estas sementes e mudas foram introduzidas com maior êxito em duas direções,

sendo sudoeste e norte esta última com maior destaque devido as plantações das cidades de

Vassouras, Valença, e Paraíba do Sul, pôr onde mais tarde alcançariam rapidamente o

Estado do Espírito Santo.

Nos arredores de Vassouras, o cultivo cresceu rapidamente e dentro de pouco

tempo, surgiria a capital do café brasileiro datado do século XIX. Este rápido

desenvolvimento, se deve também ao fato da chegada de Custódio Ferreira Leite, mais

conhecido como Barão de Aiuruoca, um dos mais destacados produtores de café, nas terras

do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A partir de então o café, migrou rapidamente para São Paulo penetrando através de

São José do Barreiro, Areias e Bananal. Rapidamente espalhou-se pelo vale do Rio Paraíba

acima, atingindo todos municípios da região. Consta também que os cafezais do oeste

paulista descendem dos de Jundiaí.

Em Minas Gerais as primeiras lavouras provavelmente surgiram no século XVIII,

porém notava-se que havia poucos cafezais na região do triângulo mineiro, entretanto a

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55

produção em Araxá já era expressiva. Mais tarde a região que mais desenvolveria a cultura

cafeeira seria a da Mata devido sua proximidade com o Rio de Janeiro.

Após ter atingido com êxito o sul e o oeste mineiro, logo atingiria Goiás, através do

Vale do Rio Preto.

Rapidamente o café tomou conta do sul do país se transformando no principal

produto da economia local. Até a Sexta década do século XIX, o Rio de Janeiro mantinha

liderança da produção nacional com 78,41%, seguido de São Paulo com 12,13%, Minas

Gerais com 7,78%, Espírito Santo 1,39%, Bahia 0,26% e outros produtores sem potencial

de produção.

3.4 A INFLUÊNCIA NA ECONOMIA PAULISTA

Com a grande revolução do ciclo cafeeiro, optou-se pelo deslocamento econômico

das velhas regiões agrícolas do norte para as novas e atrativas que surgiam no centro sul.

Embalados pelo grande surto cafeeiro, foram atraídos vários colonos europeus

principalmente para São Paulo, estes vieram para contribuir tanto para aumento da área

plantada, quanto pôr uma melhora na qualidade do produto.

Por conseqüência deste grande surto, surgiu a chamada ‘onda verde’, que atingiu

rapidamente as ‘terras roxas’ do interior paulista a partir de Campinas se deslocando para o

norte e oeste. As plantações espalharam-se pôr grandes extensões no final do século XIX,

atingindo rapidamente Ribeirão Preto que mais tarde teria seu café reconhecido

mundialmente, apesar de o grande centro produtor do estado na época ser o Vale do

Paraíba.

Nota-se nesta época, que o grande responsável pelo rápido desenvolvimento

econômico de São Paulo foi o café.

Não podemos deixar de citar que neste período a classe política dominante, era

formada principalmente pelos ‘barões do açúcar’ e os ‘barões do café’, grandes

latifundiários de São Paulo.

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Após a Proclamação da República, a produção cresceu rapidamente, colocando o

Brasil como o maior produtor mundial de café, fato este que ocorreu no início do século

XX quando as exportações atingiram uma marca de 14.760.000 sacas comercializadas no

exterior, das quais a maior quantidade era produzida pelo estado de São Paulo.

3.5 A CRISE E A RETOMADA DO SETOR

O Convênio de Taubaté marca o início da política de valorização cafeeira, visando

regularizar o setor para que não ocorresse uma crise futura. Esta iniciativa foi tomada

inicialmente pelos grandes estados produtores com a finalidade de defender o preço do

produto.

Porém o colapso da bolsa de Nova York, em outubro de 1929, aliado à

superprodução, trouxe imediatamente como reflexo a derrubada dos preços que causou por

conseqüência a falência de grandes produtores do país, provocando enormes prejuízos

para a economia, principalmente no estado de São Paulo.

O café somente se viabilizaria economicamente no início da década de 50, quando

foi então criado o IBC34 (Instituto Brasileiro do Café ), órgão que regulamentava e

incentivava o cultivo e a produção do café.

A partir de então o café vem se mantendo como produto primário de grande

expressão no mercado brasileiro, contribuindo para o aumento do saldo positivo da

Balança Comercial Brasileira.

2 Relatóriorio de pesquisa – Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas 3 KOTLER, P. Marketing , edição compacta, São Paulo: Atlas, 1986

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CAPITULO IV

4 MERCADO DE CAFÉ E PERSPECTIVAS

A economia brasileira está atravessando uma fase de consolidação do plano de

estabilização da economia conhecido como “ Plano Real ”, favorecido ainda mais pela:

a) Travessia relativamente pouco traumática pela crise asiática;

b) Aprovação de parte importante das reformas constitucionais,

principalmente a previdenciária e a administrativa;

c) Substancial redução nas taxas de juros que já começa à

alcançar o crédito ao consumidor.

Esse conjunto de fenômenos, entre outros não menos importantes como maior

agressividade no comércio exterior e política sustentável de mini desvalorizações cambiais,

resultaram em outra conquista da economia brasileira ao registrar-se a menor taxa de

inflação dos últimos 40 anos.

As pressões inflacionárias de antigamente transformaram-se em seu universo, ou

seja, são constatados os primeiros sinais de deflação para tendência de preços tanto no

atacado como no varejo.

Tais fatores positivos não devem, todavia, camuflar sérios problemas como o

observado no mercado de trabalho. A aceleração do desemprego nos grandes centros

urbanos, propicia clima para que se acentue espaçamento do tecido social urbano. A

timidez das políticas oficiais de geração de emprego e renda, aliada aos surpreendentes

ganhos de produtividade verificados nas mais diferentes cadeias produtivas, não nos

autoriza prever cenários otimistas para o mercado de trabalho.

4 IBC: Inicialmente Departamento Nacional do Café (1933), que se tornaria

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Uma vez detonada a crise asiática observou-se maciça fuga de capitais “aplicados”

nas Bolsas de Valores e, consequentemente, paralisação de parcela dos novos

investimentos estrangeiros programados para o país.

4.1 HISTÓRICO DE PREÇOS DO MERCADO

O mercado mundial de café vem oscilando muito desde a sua introdução nas bolsas

de mercados internacionais, devido à influência de vários fatores. Observa-se que de julho

de 1946 até aproximadamente setembro de 1949 os preços se mantiveram praticamente

estáveis na faixa de 160 centavos de US$/libra peso. A partir de novembro de 1949,

atingiu-se o patamar de 300 cents/lb, com picos de até 500 cents/lb (março 1954). Esta

situação se manteve até o início de 1958, quando se iniciou uma nova redução nos preços,

ficando com uma média 180 cents/lb até meados de 1963. Nos dez anos seguintes houve

diversas variações, com três picos ( 1965 e 70: 220 cents/lb; 1973: 240 cents/lb ) e duas

depressões ( 1968 e 71: 160 cents/lb).

A partir de 1975 ocorreu um dos fenômenos mais interessantes do mercado de

commodities agrícolas: no início de 1975 os preços estavam estabilizados em 200 cents/lb,

em meados do mesmo ano começaram a ocorrer altas gradativas nas cotações do produto,

até que em abril de 1977 foi atingido o pico histórico de 911,43 centavos de US$/libra

peso. Pouco depois os preços recuaram para a média de 300 cents/lb.

De 1982 a 1985, os preços se estabilizaram em torno de 220 cents/lb, até que em

1986 houve uma nova alta chegando a 415,65 cents/lb em janeiro de 1986. Segue-se uma

grande depressão, que culminou em agosto de 1992 com a menor cotação do café na

história: 49,65 centavos de US$ /libra peso. Isto fez com que a Associação dos Países

Produtores de Café (APPC) criasse a política de retenção do café, na qual 20% da

produção seria retida pelos países produtores. A política de retenção, aliada à geada de

1994 nas principais regiões produtoras do Brasil fez com que os preços se recuperassem.

Após esta data os preços vieram oscilando entre 120 e 200 centavos de US$/libra peso,

estando atualmente na faixa de 150 cents/lb.

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59

4.2 FATORES QUE INTERFEREM DIRETAMENTE

NOS PREÇOS

As cotações do café no mercado internacional sofreram muitas variações ao longo

do tempo. Como toda commoditie agrícola, o café está sujeito à especulações do mercado.

Outra importante influência é o clima, observa-se que em 1994 as cotações, que

estavam em níveis mais baixos no primeiro semestre, saltaram para mais de 200 cents/lb

em julho e setembro, uma clara influência, como já foi mencionado, das geadas ocorrida

nas regiões produtoras do Brasil.

Outro fator primordial são os níveis dos estoque mundiais. Pode-se notar

claramente que quanto menor o estoque, mais alto são os preços. Outro detalhe que o

produtor deve prestar atenção quando for planejar a comercialização do seu produto, é qual

o mês mais favorável para realizar a venda.

Percebe-se que nos meses de safra no Brasil ( junho, julho, agosto, setembro ), a

média de preços é baixa devido à grande oferta do produto. Portanto, é aconselhável que,

na medida do possível, o produtor guarde seu café para vender no primeiro semestre,

período que se obtém as maiores médias de preços. Importante: esta informação se refere a

média de preços dos últimos 10 anos, portanto não significa que ela deva se repetir todo

ano, pois, como já foi dito anteriormente, os preços estão sujeitos a especulações do

mercado e outros fatores como principalmente geadas e secas.

Fonte: USP/ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

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60

Outro fator que obviamente interfere nas cotações do café é a própria cotação

mundial do grão. Verifica-se que, em média, quanto maior a produção mundial, menores

são os preços. Isto se reflete principalmente quando é divulgada a previsão da safra para o

ano seguinte.

Fonte: USP/ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Que

Até agora, referiu-se apenas aos preços do café cotados na bolsa de Nova York em

centavos de US$/ libra peso. Já o preço recebido pelo produtor é um pouco menor, pois

não inclui intermediários, transporte e outras tarifas internacionais. O preço ao produtor é

cotado em dólares a saca 60 Kg, porém esta cotação está relacionada com os preços

internacionais. Pode-se também comparar a média recebida pelos produtores de São Paulo,

com a variação dos preços internacionais, confirmando-se a interferência do mercado

externo nas cotações nacionais. Esta influência é forte pois a quase totalidade dos cafés

finos produzidos no Brasil é destinado à exportação.

Atualmente a cotação do produto no mercado, não é considerada das melhores,

devido às quedas sucessivas de preços que ocorreram por conta principalmente do anuncio

da supersafra prevista para 1998, e também se cogita uma possível retenção do consumo a

nível mundial.

Visando amenizar a queda brusca dos preços o governo através do Conselho

Monetário Nacional (CMN), anunciou a liberação de R$ 350 milhões para o custeio da

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61

próxima safra. O objetivo é evitar que os produtores vendam rapidamente a safra atual, o

que acarretaria uma maior baixa da cotação internacional do produto.

Apesar das medidas tomadas para conter a queda de preços, observa-se que o

mercado não reage, apostando em tendências de baixa e demonstrando claramente que para

o ano de 1998, dificilmente os cafeicultores receberão um preço superior à US$ 130,00/sc.

O início de ciclo de retorno a preços menos elevados para o café, não deve ser

motivo de alarme, pois mesmo caindo para os valores previstos, ainda assim a cafeicultura

continua entre os melhores negócios existentes na agropecuária brasileira.

4.3 O PANORAMA ATUAL DO MERCADO DE CAFÉ

O Brasil é o maior produtor mundial de café, seu parque cafeeiro é composto

atualmente por 3,1 bilhões de plantas, ocupando uma área de 3,0 milhões de hectares. A

variedade Arábica (Coffea Arábica) é predominante, representando cerca de 75% de toda

área plantada e as variedades mais cultivadas são Mundo Novo ( em torno de 65%) e

Catuaí ( em torno de 35%). Já a espécie Robusta (Coffea Robusta), considerado um café

inferior é cultivado em maior expressão nos estados do Espírito Santo ( regiões com

altitude inferiores à 700 metros), Zona da Mata em Minas Gerais e no estado de Rondônia

O café no Brasil é produzido em dez estados da Federação, sendo que destes os

mais expressivos são: Minas Gerais, que produz 55% e, sua produção está concentrada

principalmente no sul do Estado, porém nos últimos anos também vem se destacando no

Cerrado Mineiro, com a cafeicultura irrigada. Em segundo o Espírito Santo, com 15%,

(maior produtor da variedade Robusta). Em seguida vem São Paulo com 13%, destaques

para as regiões Mogiana e Oeste. O Paraná é o quarto maior produtor, com 6% do café

nacional (terceiro se for considerada apenas a variedade Arábica). Juntos, Minas Gerais,

São Paulo, Espírito Santo e Paraná produzem 89% do café brasileiro.

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62

A produção média de café no Brasil, considerando-se as últimas quatro safras, foi

de 23 milhões de sacas, cujo deste total 18 milhões de sacas foram da espécie Arábica e 5

milhões de sacas da espécie Robusta.

O consumo interno de café no Brasil tem sido da ordem de 11 milhões de sacas/

ano, havendo projeção de consumo de 15 milhões de sacas anuais até o ano 2000.

O Brasil quer reafirmar a liderança no mercado mundial de café. Os altos preços

internacionais provocaram nova euforia no mercado e, em algumas regiões o café volta a

ocupar parte da área de terras nobres que tinha perdido para a soja.

Esse otimismo contagiou não só produtores, como também industriais,

exportadores e até bolsas de negociação.

O café que chegou a representar 70% das receitas brasileiras com exportação na

década de 50, sempre movimentou grandes negócios. É também considerado a segunda

commodity do mundo nas transações internacionais, perdendo somente para o petróleo.

Produzido em 57 países, as receitas do café com as exportações mundiais somam

US$ 15 bilhões por ano, segundo Bruno Angst, vice-presidente da Associação Comercial

de Santos.

Somados os negócios internos de cada país, o valor sobe para US$ 50 bilhões

acredita Américo Takamatsu Sato, da Associação Brasileira da Indústria de Café.

O Brasil perdeu espaço e importância no mercado internacional nos últimos anos,

devido ao abandono das lideranças brasileiras com relação ao produto, que causou

principalmente perda de produtividade e quebras de safra. A imagem do Brasil também foi

deteriorada devido à qualidade do produto, considerada inferior.

Hoje produtores, indústria, comércio e exportadores tem consciência de que os

negócios com café devem ser encarados de forma diferente.

A qualidade é essencial para o produto ganhar o mercado e atender as novas

exigências dos consumidores internos e externos.

4.4 PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA OFERTA

MUNDIAL DE CAFÉ.

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63

Na década de 60, o Brasil chegou a deter mais de 40% do total da produção

mundial de café. Nos anos 90 a participação do Brasil ficou em média de 20%. Essa

queda, tem sido atribuída à política de regulamentação. Para o sucesso da política de

valorização de preços de café, o Brasil como líder de mercado, acabou se sujeitando a

reduzir sua participação, firmando-se como ofertante residual.

Com o excesso de estoques, o Brasil a implementar uma política de erradicação de

lavouras e a desincentivar a produção mediante o controle de receitas de exportações

(quota de contribuição), de modo a equacionar o caixa do governo federal em detrimento

de uma ampliação e manutenção de seu marketing.

Entretanto, com a desregulamentação na década de 90, a oferta brasileira de café

continuou a diminuir. O principal motivo disso foi exatamente as irradiações feitas em

detrimento a queda de preços, que alcançaram níveis inferiores aos custos de produção.

Além disso, as geadas de 1994, dizimaram parte da produção cafeeira nacional,

fazendo com que a safra de 1995/96 atingisse um volume inferior a 17 milhões sacas

USDA – vide tabela a seguir).

Estes dois fatores levaram a uma redução significativa do parque cafeeiro que de

4,1 bilhões de pés em 1989/90, passou para 3.1 bilhões na safra de 1996/97, em que

somente 2,1 bilhões produtivos neste período (USDA – apud coffee business). Os baixos

preços no mercado internacional, levaram também a erradicação em outros países, como

no Brasil.

paises 87/88 88/89 89/90 90/91 91/92 92//93 93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99

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64

Brasil *

Colômbia

Indonésia

México

Etiópia

Costa do Mf.

Guatemala

Uganda

Eu Salvador

Costa Rica

Índia

Equador

Honduras

Vietnã/i

total

total geral

total sem BR

Brasil/total %

38.000

13.000

5.965

4.717

3.200

3.103

3.020

2.600

2.533

2.375

2.050

1.663

1.553

579

84.363

103.231

65.231

31

25.000

10.700

6.750

5.500

3.300

3.939

3.022

3.300

1.492

2.758

3.590

2.150

1.635

922

74.108

94.292

69.292

27

26.000

13.300

7.7.100

5.5.100

3.400

4.734

3.472

2.500

2.787

2.453

2.150

2.150

1.928

9985

78.059

97.286

71.286

27

31.000

14.500

7.480

4.550

3.500

3.300

3.282

2.700

2.603

2.565

2.970

1.830

1.685

1.200

83.165

100.417

69.417

31

28.500

17.980

7.100

4.620

3.000

3.967

3.549

2.900

2.357

2.530

3.200

1.700

2.255

1.980

85.638

04.245

75.745

27

24.000

14.950

7.350

4.180

2.800

2.500

3.584

2.800

2 894

2.620

2.700

1.560

1.981

2.250

76.169

92.840

68.840

26

28.500

11 400

7.400

4.200

3.700

2.700

3.078

2.700

2.361

2.475

3.465

2.150

2.060

2.500

76.367

93.307

64.807

31

28.000

13.000

6.000

4.030

3.800

3.733

3.500

3.100

2.314

2.492

3.060

2.550

2.295

3.500

81.374

97.740

69.740

29

16.800

12500

5.800

4.500

3.800

2.800

3.511

3.400

2.265

2.595

3.490

2.150

2.290

3.400

69.301

86.770

69.970

19

27.500

10.300

7.600

5.600

4.000

4.660

4.141

4.000

2.438

2.300

3.417

1.800

2.385

4.21S

84.356

100.718

73.218

27

23 500

11 932

6.800

4.950

3.500

4.080

3.980

3.000

2.040

2.400

3.833

1.250

2.980

6.667

80.912

97.675

74.175

29

35.600

12.500

6.800

4.950

3.500

3.750

2.850

3.600

1.790

2.165

3.835

1.340

2.260

6.333

91.273

106.800

71.200

33

Fonte> FAZ/USDA *estimativas da EMBRAPA é diferente da USDA

4.5 TENDÊNCIAS MUNDIAIS DO AGRIBUSINESS

Durante o último seminário internacional de Agribusiness, patrocinado pela lama -

International Agribusiness Management Association, dois temas foram dominantes: a

persistência do protecionismo e os novos padrões de concorrência que exigirão crescente

gerenciamento das cadeias produtivas.

O primeiro diz respeito às brechas existentes nos acordos internacionais de

comércio que são utilizadas para deixar de fora a agricultura e parte relevante dos negócios

agroindustriais. Nesse sentido, a preparação para a rodada do milênio deverá cuidar para

que essas brechas sejam reduzidas e, efetivamente, o Agribusiness seja contemplado nas

negociações reduzindo-se barreiras tarifárias e, especialmente, não-tarifárias.

O segundo tema diz respeito à concorrência que tende a se intensificar seja por

meio do fluxo internacional de produtos seja pelo investimento direto. Ganham expressão

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65

crescente atributos de qualidade dos produtos associados à segurança do alimento; boas

práticas agrícolas; produtos geneticamente modificados (GMO’s); produtos orgânicos.

Existe, no momento, uma enorme disputa sobre a rotulagem dos GMO’s. Sob a alegação

de que o consumidor tem o direito de saber o que está consumindo, configura-se uma

enorme pressão, especialmente na Europa. Para rotular esses produtos. Dessa forma, cria-

se a necessidade de adotar instrumentos para rastrear a presença de GMO’s nos alimentos

finais. No entanto, como as alterações biotecnologicas tendem a elevar rapidamente a

produtividade e reduzir custos (especialmente no tocante a gastos com insumos químicos)

contra argumenta-se que as matérias-primas geneticamente modificadas serão a base do

Agribusiness. Estima-se que 50% da soja americana e 30% da soja Argentina já sejam

transgênicos. Verificando-se essa tendência, os produtos não assumirão a mesma condição

que hoje desfrutam os produtos orgânicos: podem ser ofertados para atender a demanda de

um segmento especifico de consumidores que não querem adquirir produtos geneticamente

modificados e para isso toma-se necessário o rastreamento do sistema produtivo e

certificação reconhecida internacionalmente.

A análise microbiológica dos alimentos também envolve a rastreabilidade do

sistema, da mesma forma que a valorização das boas práticas agrícolas. O que inclui as

questões ambientais de sustentabilidade.

Esse novo padrão de concorrência já é uma tendência bastante evidente nos

mercados desenvolvidos e tendem a se sofisticar cada vez mais. Não é mais suficiente ter

custos baixos, embora ainda seja uma condição necessária. É preciso, também, atender

critérios de segurança alimentar, monitorados por análises microbiológicas dos alimentos,

boas práticas agrícolas. Monitorados por entidades internacionais credenciadas,

rastreamento de produtos geneticamente modificados. Laboratórios credenciados e

reconhecidos internacionalmente, sistemas de inspeção e vigilância sanitária eficientes

estão se tomando instrumentos indispensáveis para a participação nos mercados

intemacionais de alimentos e fibras. Não se trata de protecionismo não-tarifário (embora

também seja utilizado com esse objetivo), mas de novas regras do jogo que condicionam o

ambiente competitivo para o qual o Agribusiness brasileiro tem que se preparar, adequando

seus recursos produtivos e criando oportunidades de negócio.

O monitoramento de atributos qualitativos, por meio da articulação do estado e

setor privado. Provendo laboratórios credenciados, adotando padrões de qualidade

internacionalmente aceitos. Com sistemas de monitoramento também aceitos.

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66

Por outro lado, as estratégias de inovação das empresas de insumos que utilizam

GMO’s enfrentam problemas de apropriação dos resultados de seus investimentos. Esse

problema pode ser minorado pela implementação das Leis de Proteção de Cultivares. No

entanto, é mundialmente reconhecido que existe um enorme custo de monitoramento e

controle na aplicação efetiva dessas leis, o que as tomam insuficientes para aquelas

empresas. Suas estratégias ainda estão se definindo, mas já mostram uma tendência para

operar primordialmente por meio de integração vertical e contratos com os segmentos a

JUSANTE (multiplicadores de sementes, agricultores, tradings e indústrias), de forma a

preservar o controle do fluxo de seu produto.

Conseqüentemente, para atrair investimentos nessa área, com pesquisas

desenvolvidas no pais é primordial a consolidação da Lei de Proteção de Cultivares, com

um desenho eficiente de monitoramento e controle.

Na ponta da distribuição varejista, cresce com rapidez os sistemas de ECR

(Efficiente Consumer Response ) e EDI ( troca eletrônica de informações) que estreitam

as relações verticais entre varejo e indústria como forma de ganhar eficiência e reduzir

custos pela gestão vertical das cadeias produtivas. Além disso, esse controle é importante

para garantir a segurança do alimento e compartilhar a responsabilidade civil de eventuais

problemas com o consumidor, crescentemente amparado por legislações de proteção ao

consumo.

Nessas condições tanto a montante do sistema quanto a jusante vão se delineando

forças de consolidação dentro dos segmentos e estreitamento das relações verticais por

meio de contratos formais ou informais com fornecedores que tendem a decrescer em

número. A conseqüência é que nos fluxos internacionais de comércio, tende a crescer de

importância as transações intra-firmas.

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67

CAPITULO V

5 O CAFÉ EM FRANCA E REGIÃO

5.1 MUNICÍPIOS E PRODUÇÃO

A região de Franca conta com 13 municípios produtores de café, dentre os quais

podemos citar: Altinópolis, Batatais, Cristais Paulista, Franca, Itirapuã, Jeriquara,

Patrocínio Paulista, Pedregulho, Restinga, Ribeirão Corrente, Rifaina, Santo Antônio da

Alegria e São José da Bela Vista. Estes 13 municípios compõem uma área total de 28.718

ha com uma população cafeeira de 70.143.937 pés de café em produção, que segundo

estimativas fornecidas pela EDR Regional de Franca e Cocapec, a produção total deve

alcançar 850.000 sacas beneficiadas, que deverão ser comercializadas no início da safra a

US$ 140 em média, que deve gerar uma receita bruta para a região de US$ 119 milhões,

oferecendo cerca de 28.000 empregos diretos e indiretos nas lavouras durante o período da

safra 1998.

A região de Franca é hoje responsável por aproximadamente 21% de toda produção

de café do Estado de São Paulo, sendo que a produção total do estado deve alcançar

4.000.000 de sacas beneficiadas.

Dentre os principais municípios produtores de café da região podemos citar com

maior ênfase o município de Altinópolis, contribuindo com 20% da produção, equivalente

a 164.115 sacas, Cristais Paulista com 16%, ou seja 131.135 sacas, Franca produz 14% ou

121.445 sacas e finalmente Pedregulho com 14% que corresponde a 120.000 sacas. (vide a

seguir o perfil fisicográfico da região cafeeira de Franca)

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68

5.1.1 PERFIL FISICOGRÁFICO CAFEEIRO POR

CIDADE QUE COMPÕEM A REGIÃO DE

FRANCA

Tomando como dados estatísticos o resultado do senso agro rural de 1996,

efetuado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, “Projeto

Lupa”, fizemos as correções e projeções estatísticas para o ano de 1998, e atualizados até

fevereiro de 1999, os quais apresentamos a seguir, de forma individualizada por município

que compõem a EDR/Franca.

Nota: Os valores aferidos em dólares americanos, foi utilizado como valor para

conversão o preço por saca de café no mercado internacional de US$ 140,00 por saca

café utilizado para todos os municípios que seguem:

5.1.2 DETALHAMENTO FISIOGRÁFICO DA REGIÃO DE

FRANCA

Perfil Fisicográfico cafeeiro da Região Nordeste do Estado de São Paulo - EDR/Franca

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69

QUADRO RESUMO GERAL

Municípios .................................................................................. 13

Total de área de produção ............................................................ 28.711,0 ha

Total de pés em produção ............................................................ 70.988.937

Total de área de plantio em 1997 ................................................. 3.135,0 ha

Total de pés plantio em 1997 ...................................................... 11.387.000

Total de área de plantio em 1998 ................................................. 5.977.0 ha

Total de pés plantados em 1998................................................... 21.535.000

Total plantio em 1999................................................................... 3.422.0 ha

Total pés plantados 1999.............................................................. 12.040.000

Produção em 1997/98 - sacas.......................................................

Valor da produção * ....................................................................

924.348

US$ 129.408.720,00

Produção estimada para 1998/99..................................................

Valor da produção * ...................................................................

713.901

US$ 99.946.140,00

Total de unidades de produção agrícola(UPA)

Total de unidades de produção agrícola café..

5.643

1.762

Fonte: CATI – EDR/Franca

OBS:

* base de US$ 140,00 a saca no mercado internacional

A produção obtida no ano agrícola de 97/98, é proveniente das lavouras em produção;

A produção prevista para o ano agrícola 98/99, é a soma das lavouras em produção mais

as lavouras plantadas em 1997.

Os quadros que seguem, são os demonstrativos reais da capacidade e atual

condição de cada município que compõe a EDR/Franca ( Região Administrativa da

Secretaria de Abastecimento e de Agricultura do Estado de S.Paulo).

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70

Quadro 1 Produção de café no município de Altinópolis - 1999

Área do município ................................................................................ 869 km²

População....................... Urbana ......................................................... 9.653

Rural ............................................................ 4.214

Total ............................................................. 13.867

Produção de Café quantidade

Área em produção ................................................................................. 5.833,60 ha

Pés em produção ................................................................................... 13.459.529

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 500,0 ha

Pés / plantio em 1997 ............................................................................ 1.500.000

Área de Plantio em 1998 ....................................................................... 1.066,0 ha

Pés / plantio em 1998 ............................................................................ 3.200.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 320,0 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 1.000.000

Produção total em sacas 1997/98........................................................... 260.262

Valor total de produção em 1997/98 .....................................................

US$36.436.680,00

Produção total em sacas 1998/99 .......................................................... 155.000

Valor total de produção em 1998/99 .....................................................

Total de propriedades rurais ..................................................................

Total de propriedades em café ..............................................................

US$21.700.000,00

504

158

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 28,2% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 21,7%, ocupando assim, o primeiro lugar em

produtividade em toda a região. Esta queda se deu devido a perdas nos cafezais por falta de

chuva

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71

Quadro 2 Produção de café no município de Batatais - 1999

Área do município ................................................................................. 8 3 6 K m²

População....................... Urbana ......................................................... 40 .328

Rural ........................................................... 4 . 675

Total ............................................................ 45 .003

Produção de Café quantidade

Área em produção ................................................................................. 1.686,40 ha

Pés em produção ................................................................................... 2.882.550

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 80,00 ha

Pés / plantio em 1997 ............................................................................ 240.000

Área de Plantio em 1998 ....................................................................... 376,00 ha

Pés / plantio em 1998 ............................................................................ 1.130.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 623,00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 1.870.000

Produção total em sacas 1997/98........................................................... 15.000

Valor total de produção em 1997/98 .....................................................

US$ 2.100.000,00

Produção total em sacas 1998/99 .......................................................... 17.675

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 2,4% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 2,5%, - ocupando o 11º lugar no ranking

regional.

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72

Quadro 3 Produção de café no município de Cristais Paulista - 1999

Área do município ................................................................................ 3 5 1 K m²

População...................... Urbana ........................................................... 2 . 909

Rural .............................................................. 3 . 400

Total .............................................................. 6 . 309

Produção de Café quantidade

Área em produção ................................................................................. 3.258.20 ha

Pés em produção ................................................................................... 10.742.213

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 437.00 ha

Pés / plantio em 1997 ............................................................................ 1.530.000

Área de Plantio em 1998 ....................................................................... 714.00 ha

Pés / plantio em 1998 ............................................................................ 2.500.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 304.00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 870.000

Produção total em sacas 1997/98........................................................... 150.388

Valor total de produção em 1997/98 ..................................................... US$21.054.320,00

Produção total em sacas 1998/99 ..........................................................

87.312

Valor total de produção 1998/99 ...........................................................

Total de propriedades rurais ..................................................................

Total de propriedades em café ..............................................................

US$12.223.680,00

466

171

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 15,3% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 12,2%, - ocupando o 3º lugar no ranking

regional

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73

Quadro 4 Produção de Café no município de Franca - 1999

Área do município ................................................................................. 5 9 0 K m²

População....................... Urbana ......................................................... 280 .000

Rural ............................................................ 9 . 000

Total ............................................................ 289 .000

Produção de Café quantidade

Área em produção ................................................................................. 3.316.60 ha

Pés em produção ................................................................................... 9.939.304

Área de Plantio 1997.............................................................................. 250.00 ha

Pés / plantio em 1997 ............................................................................ 1.000.000

Área de Plantio em 1998 ....................................................................... 500.00 ha

Pés / plantio em 1998 ............................................................................ 2.000.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 250.00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 1.000.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

100.000

Valor total de produção em 1997/98 .................................................... US$14.000.000,00

Produção total em sacas 1998/99 ..........................................................

60.000

Valor total de produção 1998/99 ...........................................................

Total de propriedades rurais .................................................................

Total de propriedades em café ..............................................................

US$ 8.400.000,00

862

261

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 10,8% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 8,4%, - ocupando o 5º lugar no ranking

regional

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74

quadro 5 Produção de café no município de Itirapuã – 1999

Área do município ................................................................................ 1 4 3 K m²

População....................... Urbana ......................................................... 4 . 250

Rural ............................................................ 1 . 100

Total ............................................................ 5 . 350

Produção de Café quantidade

Área em produção ................................................................................. 1.175,50 ha

Pés em produção ................................................................................... 3.856.395

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 172,00 ha

Pés / plantio em 1997 ............................................................................ 863.000

Área de Plantio em 1998 ....................................................................... 200,00 ha

Pés / plantio em 1998 ............................................................................ 1.000.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 140,00

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 700.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

36.000

Valor total de produção em 1997/98 ..................................................... US$5.040.000,00

Produção total em sacas 1998/99 ..........................................................

25.000

Valor total de produção 1998/99 ...........................................................

Total de propriedades rurais ..................................................................

Total de propriedades em café ..............................................................

US$3.500.000,00

267

109

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 3,9% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 3,5%, - ocupando o 9º lugar no ranking

regional

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75

Quadro 6 Produção de café no município de Jeriquara 1999

Área do município ................................................................................. 1 3 7 K m²

População....................... Urbana ......................................................... 2 . 539

Rural ...................................................................................................... 713

Total ...................................................................................................... 3 . 352

Produção de Café quantidade

Área em produção ................................................................................. 1.155,70 ha

Pés em produção ................................................................................... 2.643.000

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 250,00 ha

Pés / plantio em 1997 ............................................................................ 800.000

Área de Plantio em 1998 ....................................................................... 156,00 ha

Pés / plantio em 1998 ............................................................................ 500.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 250,00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 800.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

39.645

Valor total de produção em 1997/98 ..................................................... US$5.550.300,00

Produção total em sacas 1998/99 ..........................................................

29.430

Valor total de produção 1998/99 ...........................................................

Total de propriedades rurais ..................................................................

Total de propriedades em café ..............................................................

US$4.120.200,00

182

54

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 4,3% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 4,1%, - ocupando o 8º lugar no ranking

regional

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76

Quadro 7 Produção de café no município de Patrocínio Pta. - 1999

Área do município ................................................................................. 6 11 K m²

População....................... Urbana ......................................................... 7 . 568

Rural ............................................................ 2 . 916

Total ............................................................ 10 .484

Produção de Café quantidade

Área em produção ................................................................................. 1.778,50 ha

Pés em produção ................................................................................... 4.413.316

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 125,00 ha

Pés / plantio em 1997 ............................................................................ 500.000

Área de Plantio em 1998 ....................................................................... 325,00 ha

Pés / plantio em 1998 ............................................................................ 1.300.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 125,00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 500.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

36.418

Valor total de produção em 1997/98 ..................................................... US$5.098.520,00

Produção total em sacas 1998/99 ..........................................................

60.627

Valor total de produção 1998/99 ...........................................................

Total de propriedades rurais ..................................................................

Total de propriedades em café ..............................................................

US$8.487.780,00

607

113

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 4% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 8,5%, - ocupando o 4º lugar no ranking

regional

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77

Quadro 8 Produção de café no município de Pedregulho - 1999

Área do município ................................................................................ 7 2 7 K m²

População....................... Urbana ......................................................... 12 .000

Rural ........................................................... 3 . 000

Total ............................................................ 15 .000

Produção de Café quantidade

Área em produção ................................................................................. 5.236,60 ha

Pés em produção ................................................................................... 10.264.447

Área de Plantio 1997.............................................................................. 628,00 ha

Pés / plantio em 1997............................................................................. 2.200.000

Área de Plantio em 1998........................................................................ 1.228,00 ha

Pés / plantio em 1998............................................................................. 4.300.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 685,00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 2.400.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

153.960

Valor total de produção em 1997/98...................................................... US$21.554.400,00

Produção total em sacas 1998/99...........................................................

149.568

Valor total de produção 1998/99............................................................

Total de propriedades rurais...................................................................

Total de propriedades em café...............................................................

US$20.939.520,00

689

323

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 16,7% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 21,0%, - ocupando o 2º lugar no ranking

regional

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78

Quadro 9 Produção de café no município de Restinga - 1999

Área do município................................................................................. 2 4 0 K m²

População....................... Urbana.......................................................... 3 . 500

Rural............................................................. 1 . 500

Total............................................................. 5 . 000

Produção de Café quantidade

Área em produção.................................................................................. 1.366,70 ha

Pés em produção.................................................................................... 3.704.100

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 60,00 ha

Pés / plantio em 1997............................................................................. 300.000

Área de Plantio em 1998........................................................................ 80,00 ha

Pés / plantio em 1998............................................................................. 400.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 120,00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 600.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

37.000

Valor total de produção em 1997/98...................................................... US$5.180.000,00

Produção total em sacas 1998/99...........................................................

37.000

Valor total de produção 1998/99............................................................

Total de propriedades rurais...................................................................

Total de propriedades em café...............................................................

US$5.180.000,00

170

46

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 4,0% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 5,2%, - ocupando o 7º lugar no ranking

regional

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79

Quadro 10 Produção de café no município de Ribeirão Corrente-1999

Área do município................................................................................. 1 6 3 K m²

População....................... Urbana.......................................................... 3 . 800

Rural.............................................................. 1 . 200

Total.............................................................. 5 . 000

Produção de Café quantidade

Área em produção.................................................................................. 1.948,00 ha

Pés em produção.................................................................................... 5.107.270

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 500,00 ha

Pés / plantio em 1997............................................................................. 2.000.000

Área de Plantio em 1998........................................................................ 1.000,00 ha

Pés / plantio em 1998............................................................................. 4.000.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 275,00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 1.100.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

45.965

Valor total de produção em 1997/98...................................................... US$6.435.100,00

Produção total em sacas 1998/99...........................................................

54.065

Valor total de produção 1998/99............................................................

Total de propriedades rurais..................................................................

Total de propriedades em café...............................................................

US$7.569.100,00

273

132

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 5,0% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 7,6%, - ocupando o 6º lugar no ranking

regional

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80

Quadro 11 Produção de café no município de Rifaina - 1999

Área do município.................................................................................. 1 5 8 K m²

População....................... Urbana.......................................................... 2 . 800

Rural............................................................ 450

Total............................................................. 3 . 250

Produção de Café quantidade

Área em produção.................................................................................. 1,80 ha

Pés em produção.................................................................................... 5.000

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 7,00 ha

Pés / plantio em 1997............................................................................. 18.000

Área de Plantio em 1998........................................................................ 1,0 ha

Pés / plantio em 1998............................................................................. 5.000

Área de plantio 1999.............................................................................. zero

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 0

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

50

Valor total de produção em 1997/98...................................................... US$ 7.000,00

Produção total em sacas 1998/99...........................................................

184

Valor total de produção 1998/99............................................................

Total de propriedades rurais...................................................................

Total de propriedades em café...............................................................

US$ 25.760,00

107

2

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 0,005% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 0,02%, - ocupando o 13º lugar no ranking

regional

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81

Quadro 12 Produção de café no município de Sto Ant. da Alegria-1999

Área do município................................................................................. 3 0 6 K m²

População....................... Urbana.......................................................... 3 . 710

Rural............................................................. 1 . 731

Total............................................................. 5 . 411

Produção de Café quantidade

Área em produção.................................................................................. 1.032,00 ha

Pés em produção.................................................................................... 1.986.313

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 101,00 ha

Pés / plantio em 1997............................................................................. 336.000

Área de Plantio em 1998........................................................................ 181,00 ha

Pés / plantio em 1998............................................................................. 600.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 180,00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 600.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

26.500

Valor total de produção em 1997/98...................................................... US$3.710.000,00

Produção total em sacas 1998/99...........................................................

22.360

Valor total de produção 1998/99............................................................

Total de propriedades rurais...................................................................

Total de propriedades em café...............................................................

US$3.130.400,00

610

197

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 2,9% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 21,03,1%, - ocupando o 10º lugar no ranking

regional

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82

Quadro 13 Produção de café no município de S.José da B. Vista-1999.

Área do município................................................................................. 2 8 6 K m²

População....................... Urbana.......................................................... 5 . 120

Rural............................................................. 2 . 027

Total............................................................. 7 . 147

Produção de Café quantidade

Área em produção.................................................................................. 920.80 ha

Pés em produção.................................................................................... 1.985.500

Área de Plantio 1997 ............................................................................. 25,00 ha

Pés / plantio em 1997............................................................................. 100.000

Área de Plantio em 1998........................................................................ 150,00 ha

Pés / plantio em 1998............................................................................. 600.000

Área de plantio 1999.............................................................................. 150,00 ha

Pés de plantio em 1999.......................................................................... 600.000

Produção total em sacas 1997/98...........................................................

23.160

Valor total de produção em 1997/98.................. US$3.242.400,00

Produção total em sacas 1998/99...........................................................

15.680

Valor total de produção 1998/99............................................................

Total de propriedades rurais...................................................................

Total de propriedades em café...............................................................

US$2.195.200,00

329

56

Fontes: EDR/Franca dados rurais e IBGE populacional e territorial

Nota: em 1998, a produção total gerada em sacas de café colhido, representou 2,5% da

totalidade aferida na região, em 1999 foi de 2,2%, - ocupando o 12º lugar no ranking

regional

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83

5.2 ESTRUTURA DE APOIO DO PARQUE CAFEEIRO

Os produtores de café em nossa região contam atualmente com uma estrutura de

apoio bem adequada às necessidades de hoje. A região dispõe de várias cooperativas agro-

industriais, como é o caso da COCAPEC (Cooperativa dos Cafeicultores e Pecuaristas de

Franca), que possibilita aos seus associados inúmeras vantagens como financiamentos a

juros agrícolas para custeio de safra, armazenamento, insumos para as lavouras,

equipamentos agrícolas, informações do mercado de café, assistências agronômicas, etc.

Também dispomos do Escritório de Desenvolvimento Rural de Franca que é um órgão

ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, responsável

pela assistência técnica, pesquisas, estatísticas e controle da região agrícola de Franca,

composta por 13 municípios.

Além do apoio importante desses dois órgãos, os produtores contam também com

a assistência técnica das empresas que produzem e fornecem insumos para as lavouras.

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84

CAPITULO VI

6 AGRIBUSINESS NA REGIÃO DE FRANCA

Este capítulo tem o objetivo de relacionar a teoria de marketing no agribussiness

com alternativas de competitividade regional através de um conjunto de políticas públicas

e privadas com vistas a permitir ao produtor alcançar o cenário desejável, ou seja, serão

propostas as ações necessárias para dar condições de sobrevivência e crescimento, no

longo prazo.

O produtor ou agente do café é herdeiro de um padrão de política marcado pela

centralização, que tem por fim a valorização dos preços do café. Os resultados da política

de contingenciamento de preços são conhecidos, protegidos por preços significativamente

acima dos custos de produção (que não eram, entretanto, repassados integralmente ao

produtor nacional) outros países expandiram a produção, enquanto o setor cafeeiro

brasileiro declinava. Tudo financiado pelos produtores brasileiros.

Desde o fim da regulamentação, o sistema passou a questionar a necessidade, as

vantagens e as desvantagens da implementação de uma política setorial. As dificuldades

competitivas do sistema e as disputas pelos fundos herdados do período de intervenção

(Funcafé – Fundação Nacional do Café).

Dentro do novo cenário de mudanças da economia brasileira, esse órgão tem

buscado o consenso entre os segmentos, ao definir a política cafeeira.

Nessas circunstâncias o café adquiriu um padrão de organização raro em outros

sistemas agroindustriais, e conta com recursos para a implementação de ações coletivas

que, apesar de exigir mecanismos de negociação aos setores governamentais responsáveis,

que ainda são precários, proporcionam ao sistema uma grande liberdade de decisão quanto

à sua aplicação.

Vale ressaltar que a transferência do poder demando do estado para o CDPC

(Conselho Deliberativo do Política do Café) não significa que ele não tenha um papel a

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85

cumprir. De um lado, o poder público ainda desfruta de uma situação de poder no âmbito

do CDPC, inclusive muito maior do que estava previsto. Nesse sentido, o papel do

governo dentro do CDPC deveria ser o de mediador das partes na resolução de conflitos

e na eliminação de privilégios. De outro lado, na implementação de uma política

estratégica para o setor, certos bens públicos acabam sendo prerrogativas do estado, uma

vez que a sua provisão, pelas associações, pode resultar em um processo moroso e de

alto custo para tomadas de decisão, nem sempre eficientes. Ademais, a provisão de

certos bens depende de reputação e de credibilidade, o que sé institutos desvinculados de

interesses privados tendem a desfrutar. É o caso, por exemplo, de estatísticas e laudo de

classificação do café. Outras medidas tendem a proporcionar efeitos positivos para a

competitividade geral da economia brasileira, tais como melhoria de infra-estrutura,

reforma tributária e estabilidade macroeconômica, que só são providas ou coordenadas

pelo estado.

O maior desafio está relacionado à questão de como arquitetar formas de obter e

preservar vantagens competitivas de modo a manter ou ampliar a participação no mercado.

Ou seja, a competitividade depende de vantagens sobre os concorrentes, que devem ser

permanentemente reconstruídas e revitalizadas. Como identificar criar ou mudar as

variáveis relevantes de concorrência para transformar o meio-ambiente de modo favorável

ao café

Projeções indicam que o consumo total de café em longo prazo nas próximas

décadas (até o ano 2090) será de 116 milhões de sacas (supondo taxa de crescimento de

1,5% ao ano), sendo 70% de arábica e 30% de robusta, do consumo total, as previsões são

de que 15% serão de cafés especiais, isto é, cerca de 9 milhões a mais que o volume

consumido em 1993.

Entretanto, foi levantada a questão de que apesar da tendência de crescimento o

mercado de cafés especiais é restrito e o Brasil é um produtor de quantidade, tendo que

escoar perto de 30 milhões de sacas. Em vista disto, qual deveria ser o enfoque principal do

café do Brasil.

Ao longo do trabalho ficou patente que o Brasil tem condições de atender a todos

os mercados, do de commodities aos mais finos. Verificou-se, ademais, que a concorrência

via preços e custos baixos continua sendo importante. Por outro lado, vale observar que a

concorrência não está apenas em baixo custo, mas também na qualidade a custos baixos.

Para o futuro de longo prazo o cenário desejado para o agribusiness do café é que o

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86

Brasil detenha 25% do mercado internacional e que o consumo nacional de café se eleve

dos 3,8 quilos/habitante para 5 quilos.

Portanto, não participar do mercado de especialidades, e não aproveitar a

oportunidade de agregar valor ao café brasileiro, significa perda de participação no

mercado habitante. Diante dessas constatações, quais seriam as ações necessárias para se

chegar ao cenário desejável.

A seguir, podemos sugerir e citar algumas alternativas as políticas públicas e

privadas para o café, que têm por fim manter seu crescimento sustentado.

Que o setor dispõe do Funcafé, os recursos para a adoção de políticas são mais

facilmente obtidos.

Entretanto, que se definir uma política de gestão do Funcafé visando atender a uma

composição patrimonial pré-definida e ao volume de recursos desejado. As decisões

precisam estabelecer critérios e não surgir de pressão dos agentes dos segmentos privados

com o estado no papel mediador entre os segmentos).

Zonas sujeitas a geadas deveriam ser desestimuladas a produzir café, com crédito

seletivo e/ou ligados a mecanismos de seguro, depois de um zoneamento criterioso

ordenado e supervisionado pelos órgãos públicos competentes (Ministério da Agricultura

e Secretarias Estaduais).

Áreas sujeitas a estiagem deveriam receber recursos para irrigação, com técnicas

adequadas à lavoura e poupadoras de água. Nas áreas produtoras de robusta esse

investimento deveria ser prioritário, uma vez que a escassez de oferta afeta a indústria

brasileira de solúvel, e a região onde se concentra a cultura, basicamente de pequenos

agricultores, não dispõe de alternativas para aumentar ou até mesmo manter a produção

(Ministério da Agricultura).

Como estímulo ao uso eficiente dos recursos hídrico, e à sustentabilidade da

produção no longo prazo, a regulamentação da Lei 9.433/97, que prevê a cobrança do uso

de água deveria ser implementada em médio prazo (Governos Estaduais). O estímulo a esta

ação é uma atribuição do estado, uma vez que na falta de definição de direitos de

propriedade sobre os recursos naturais, cada agente individual seria induzido a utilizá-lo de

forma extensiva.

A adoção da medida supracitada torna imperiosa a defesa da harmonização das

regras de auto-sustentabilidade no âmbito do Mercosul e do ALCA. Tal regra deve ser

negociada com os demais países produtores e consumidores, para que o Brasil não seja

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87

prejudicado com a consolidação da integração comercial dos países do Mercosul e Alca

(Ministério das Relações Exteriores).

Os incentivos para o aumento da produtividade (25 sacas por hectares) e utilização

de tratos culturais adequados surgem com uma política eficiente de financiamento da

produção (custeio, investimentos e comercialização) em termos de quantidade de recursos

e momento da liberação.

Medidas para a redução dos custos de produção devem ser adotadas com incentivos

a mecanização da lavoura, principalmente para a colheita. Recursos destinados à

comercialização assumem uma importante função de estabilização da renda dos

produtores, uma vez que permitem estabelecer o momento mais adequado para a

comercialização da safra. O adensamento, como técnica para aumentar a produtividade,

poderia ser incentivado, particularmente nas regiões adaptadas à produção de café.

Dar continuidade às parcerias entre governo/setor privado/instituições, para

realização de pesquisa agronômica. Na área de engenharia genética, pesquisa para a

produção de variedades resistentes a pragas, bicho mineiro e cultivares mais resistentes à

deficiência hídrica poderia trazer reduções de custo. Pesquisa na produção de variedades

mais produtivas e de melhor qualidade ou com atributos desejáveis, tais como o café

descafeinado atenderia mercados específicos (Embrapa, Epamig, Japar, IM, ABIC.

AEICS/Convênios de Cooperativas e Associações de Produtores com órgãos públicos,

além de empresas privadas ou redes de empresas).

Políticas de incentivo a compras conjuntas de insumos e de transferência de

tecnologia para os produtores e viabilização de uso coletivo de máquinas e equipamentos

para os pequenos produtores (Cooperativas e Associações regionais).

O desenvolvimento do uso de mercado de futuro, mecanismos modernos de

gerenciamento de risco seria uma ação desejável visando a estabilidade da renda dos

produtores. As associações de produtores poderiam se encarregar de orientar os produtores

a utilizar tais mecanismos. A necessidade de capital de giro significativo para cobrir

margens também tem sido um entrave à disseminação do uso de mercado de futuro entre

os produtores (Ministério da Agricultura. CDPC/ENAE/Bolsas Internacionais).

Relacionado ao problema da volatilidade da oferta está a necessidade de

estatísticas confiáveis. Com o fim das estatísticas de produção da safra brasileira de café

realizada pelo IBC, os preços do café passaram a viver ao sabor das especulações, criando

uma grande incerteza para os agentes desse mercado.

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88

Somente esse ano, com o Convênio firmado com a Embrapa, as estatísticas oficiais

foram retomadas, a falta de uma reputação da instituição com relação a essa atividade

gerou desconfiança, deixando claro que essa ação deve ter continuidade para fortalecer

reputação no mercado (Embrapa). Estatísticas de mercado (consumo, preço, exportações

etc.) também são importantes na tomada de decisão dos produtores (MICT, OIC. AAPC.

CDPC, Associações Privadas).

O Brasil produz cafés de qualidade. O café estritamente mole (mais raro) pode

colocar o país no mapa dos cafés especiais. Para tanto, é necessário adotar uma série de

ações, que englobam as seguintes políticas:

Aperfeiçoar os padrões de classificação do café às exigências do mercado e

divulgar sua correta utilização.

Promover organizações independentes de interesses para realizar laudo de

classificação do café. Esta ação visa obter consistência no procedimento de classificação.

Exemplo de um instituto que poderia realizar tal tarefa é o ITAL, que faz análises

químicas, físicas e sensoriais do café; complementando com análise estatística (ITAL e/ou

outros institutos capacitados, com apoio do CNC. ANO. ABICS, FEBEC, ABECAFE e

Associações de Produtores).

Marketing do café brasileiro, enfocando as diferentes qualidades e regiões

produtoras. Esta estratégia tem várias formas de abordagem, e algumas particularmente

simples; tais como: participações em feiras internacionais , visita a torrefadores/lojistas;

promoção de cursos de degustação para os torrefadores internacionais comparando cafés

brasileiros com cafés de outras origens; identificação de zonas ou tipos de produção no

Brasil que tenham potencial para produção; elaboração de um mapa de todas as regiões

produtoras de acordo com características climáticas, variedades e qualidades

predominantes para mostrar ao mercado consumidor.

O marketing poderia explorar a vantagem de o Brasil produzir café

ecologicamente correto (arábica de terreiro, que não polui). No mercado interno, a

continuidade da campanha do Selo de Pureza assim como o seu aprimoramento,

mostrando ao consumidor brasileiro as diferentes qualidades do café (CDPC, ANO,

ABICS e Associações de Produtores).

Denominação de origem no âmbito nacional. Esta estratégia precisa ser consolidada

com ações na OMC para que haja o reconhecimento dessa regulamentacão em âmbito

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89

internacional.

A conceituação de origem é um forte instrumento para agregar valor ao café

brasileiro, mas por ser um bem que gera externalidade deve ter um monitoramento

adequado e persistente para que se crie uma reputação. Ou seja, é necessário uma definição

clara de como será implementada a legislação de origem, e como sura fiscalizado o café,

para que se evite o problema do “carona” (Ministério das Relações Exteriores, com apoio

das Associações de Produtores).

A política de incentivo a parcerias com países produtores e consumidores deveria

ser incentivada no âmbito da OIC ( Organização Internacional de Comércio), visando ao

aumento do consumo mundial de café (CDPC/OIC/APPC).

A adoção de um Selo de Qualidade Nacional para os diferentes segmentos do

mercado de café: café de terreiro, café despolpado, café para expresso, café robusta, para

dar ao comprador as informações essenciais acerca da qualidade do produto que está

adquirindo. Somado ao certificado de origem, o Selo de Qualidade poderia ser uma

importante estratégia de marketing para o café do Brasil. pelo qual o selo de Pureza da

ABIC, o Selo de Qualidade seria implementado com parceria de empresas independentes

(tais como, MA, ITAL com apoio das Associações de Produtores).

No momento em que o consumidor reconhece o produto, e deseja comprá-lo, é

necessário que haja regularidade de abastecimento para que se mantenha o consumo.

Uma política de estoques reguladores de oferta é necessária para o sucesso desta

estratégia. Entretanto, os estoques devem atender às necessidades de grupos estratégicos

específicos.

Além disso, considerando o critério da factibilidade ou probabilidade de efetivação,

isto é, dos custos de manter estoques públicos, de distribuir o ônus financeiro de carregá-lo

e das regras de desova, a política deve incentivar a criação de estoques privados

(produtores privados, associações e cooperativas), mediante financiamento de longo prazo.

Não impedir a aquisição de matéria-prima importada. Particularmente no caso de

gravosidade do café, esta medida teria também a função de evitar perda de mercado no

exterior. Cabe ressaltar que esta ação é particularmente válida para o café verde e

industrializado; não para os cafés de origens. No caso do solúvel, a política de incentivo à

importação seria feita mediante o mecanismo de marketing direto.

O consumidor brasileiro não tem à sua disposição cafés de origens, e novos

produtos a base de café produzidos pelas empresas nacionais têm sido de maneira tão

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90

tímida que o mercado nacional começa a ser invadido por cafés enlatados e balas de

empresas internacionais. É importante estabelecer parcerias entre produtores e indústria,

como a UE ( Comunidade Européia) se inicia com os produtores do cerrado, e levá-las

para outros produtores e regiões, possibilitando assim, que o mercado nacional tenha

acesso a cafés de origens.

Capacitar técnica e gerencialmente as empresas torrefadoras para que estas

possam oferecer produto de qualidade ao consumidor brasileiro e internacional (Embrapa,

Epamig, lapar, IAC).

Uma outra ação nesse sentido seria a de buscar novos canais de distribuição ou

transformar os antigos. Como se viu anteriormente no mercado americano o crescimento

dos cafés especiais ocorreu após a abertura de lojas de cafés. Esse exemplo poderia ser

repassado para o mercado brasileiro, incentivando as padarias localizadas em bairros de

classe média e alta a vender cafés de origens. O incentivo à informatização das empresas

torrefadoras e do varejo daria uma maior racionalidade às transações entre os dois seg-

mentos (ABIC/SEBRAE, Parceria entre varejistas e indústria). A mesma estratégia poderia

ser repassada para as lojas de café brasileiro e também lojas especiais dos supermercados.

Além das ações que permitam minimizar as falhas de mercado, a definição de regras

do jogo “pró-competitivas” assumem um papel de destaque na formulação de políticas

públicas. Nesse sentido, numa economia aberta, a definição de regras estáveis de política

econômica, a melhoria de infra-estrutura e a desoneração tributária são ações primordiais

do estado para aumentar a competitividade do sistema. No caso do café, uma atribuição

importante para o estado, no que se refere à negociação das regras de comércio, é eliminar

as barreiras tarifárias contra o café brasileiro.

6.1 SITUAÇÃO ATUAL E CENÁRIOS PROVÁVEIS E

DESEJÁVEIS PARA OS PRÓXIMOS 10 ANOS NA

CAFEICULTURA REGIONAL

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O quadro atual do café é marcado por grandes mudanças no ambiente institucional

e organizacional. A desregulamentação interna e externa, a criação e a reformulação das

organizações de interesse privado, no sentido de adotar ações pró-competitivas. São os

principais fatores indutores das transformações que estão ocorrendo no sistema. O

principal impasse é quanto à indefinição entre os segmentos sobre o grau desejável de

interferência do poder público e a co-gestão dos recursos. No que tange ao ambiente

competitivo, a conjuntura de escassez do café verde tem, de um lado, favorecido

investimentos no segmento rural e de insumos e, de outro, potencializado o processo de

acirramento da concorrência nos segmentos industrial e exportador.

No cenário provável, foram adotadas duas hipóteses. A primeira hipótese -

mercado desregulamentado - tem maior probabilidade de ocorrência em função das

mudanças que estão ocorrendo no ambiente institucional brasileiro e internacional.

A segunda hipótese - mercado regulamentado, com vigência de acordo de cotas de

exportação - tem cima menor probabilidade de ocorrer, considerando as dificuldades de

operacionalizar esse sistema dentro das novas regras vigentes no mercado de café e ela

Organização Mundial de Comercio.

A grande diferença entre os dois cenários é que, no primeiro, haveria ganhos de

competitividade com aumento dos investimentos em todos os segmentos, enquanto no

segundo a política de cotas não só restringiria os investimentos como inibiria o processo de

segmentação e diferenciação do mercado.

A política de cotas poderia propiciar o mercado negro de cotas e criaria obstáculos

para ações pró-ativas das organizações de caráter privado do SAC.

O cenário desejável foi construído considerando dois fatores:

(i) as principais tendências de mercado do café para o ano 2008; e

(ii) as metas de participação do Brasil no mercado internacional e de crescimento

do mercado interno de torrado e moído. Em se tratando de cenário desejável, utilizou-se

uma projeção otimista para o mercado de café, isto é, crescimento de 1,5 % ao ano. Esse

crescimento resulta em um consumo mundial de 116 milhões de sacas de 60kg em 2008

(Lago, 1996).

A meta do Brasil no mercado mundial de café é a de manter o índice histórico de

25% do mercado, perdido nesses últimos anos. Isso representa uma exportação de 25

milhões de sacas de 60 kg. Para isso, no mercado externo continuaria o processo de

crescimento de cafés especiais e o café do Brasil passaria a ser valorizado pela qualidade

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dos diferentes cafés produzidos; encontrando vários nichos de mercado. Com o ALCA, o

Brasil voltaria a ter uma participação relevante no mercado americano, perdido pelo

México quando da instituição do Nafta. As importações de café dos países do ALCA para

o Brasil seriam insignificantes. Não ameaçando a produção nacional.

A mera para a indústria de torrado e moído é a de o consumo nacional alcançar cerca

de 5 quilos/ habitante. Isso implica que o Brasil deverá estar produzindo uma média de 40

milhões de sacas/ano de café verde para abastecer o mercado nacional e externo.

Considerando a média brasileira de 25 milhões de sacas de 60 kgs, em dez anos a produção

nacional deverá ter um acréscimo acumulado de 60%. Apesar do aumento esperado da

safra brasileira para os próximos anos, vale a pena ressaltar que para que esta produção

seja sustentável nos níveis almejados são necessárias ações. A produção tem se

comportado como uma gangorra; ou sela, aos sabores dos estímulos de preço.

É desejável também o aumento da produtividade média para 25 sacas por hectares.

Para isso é preciso um uso mais intensivo de insumos e o aumento das pesquisas que

atendam às demandas de todos os segmentos. A bienalidade poderia ser minimizada com

pesquisas agronômicas e a adoção de tecnologia apropriada

Prevê-se dois tipos de produção:

(i) A adensada, que viabilizaria a lavoura em arcas mais impróprias para a

mecanização e de concentração de pequenos produtores. A lavoura, com a

utilização de mão-de-obra familiar reduziria custos de produção;

(ii) mecanizada, em grandes propriedades. Neste caso, os cursos de produção

seriam reduzidos com escala e mecanização. Moveria o aumento do uso de

instrumentos de redução de riscos (mercado de futuro) e das relações

diretas entre produtores e indústrias, principalmente para cafés especiais.

Com isso, os preços tenderiam a diminuir a volatilidade. A diminuicão da

bienalidade e da produção nas áreas sujeitas a geadas possibilitaria o

surgimento decontratos de fornecimento entre produtores e indústrias

(nacionais e externas). A classificação do café seria realizada por

organismos independentes.

A classificação passaria a valorizar a qualidade ao invés dos defeitos, e seria

instituído um selo de qualidade.

No segmento industrial, se intensificaria o crescimento da segmentação e

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diferenciação do mercado, o que abriria nichos para as pequenas empresas. O consumo de

solúvel teria incremento em função da valorização da praticidade, mais adaptado à vida

moderna (cafés prontos). Além disso, este se tornaria iguaria de conveniência (café gelado,

cappuccino etc.) e se aumentaria o número de produtos à base de café (balas, sorvetes etc.).

A indústria de torrefação e moagem teria uma maior inserção no mercado

internacional, particularmente para os mercados do cone Sul e da Alca.

No varejo haveria o crescimento de lojas especializadas de cafés, que levaria a uma

desconcentração nas vendas, o mercado consumidor passaria a valorizar cafés de origens,

beneficiando o mercado brasileiro.

Para a concretização desse cenário, admite-se a necessidade de implementação de

políticas públicas e privadas

.

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CONCLUSÃO

O Brasil está definitivamente inserido no contexto internacional em agronegócio e

agrobussines, tracionados pela globalização mundial – que quebra as fronteiras,

distancias, espaços e tempo, tornando o mundo mais ágil, competitivo, rápido, levando em

conta a tecnologia de ponta, pesquisas e o aumento do consumo em geral.

Desde o início da colonização a agricultura desempenhou um papel fundamental na

economia brasileira.

Foi o trabalho dos produtores rurais que sustentou o processo de industrialização do

Brasil. Hoje o setor agroindustrial responde por 41% do PIB e a agricultura, isoladamente,

movimenta cerca de 87,5 bilhões de reais a cada ano.

E esse desenvolvimento só foi possível com a modernização da agricultura,

utilizando-se novos processos de produção, onde a tecnologia tornou-se peça fundamental.

A modernização exigida nos meios produtivos, nos leva a repensar em fórmulas

não milagrosas, mas sim, numa busca constante da qualidades e otimização de custos, em

contrário, a rapidez das transformações indubitavelmente nos fará perder espaço e

competitividade, levando-nos a uma inércia técnica e produtiva o que já é verificada em

décadas passadas dentro de nossas fronteiras, ocasionadas principalmente pela falta de

investimentos e principalmente a falta de políticas específicas para o setor.

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95

Ante estas mutações, não podemos nos excluir deste cenário, de participar, criar e

promover fóruns de debates envolvendo todos os seguimentos afins na sociedade

agroeconômico-rural, em busca de soluções, inovações técnicas e novos caminhos, arcar

com o ônus da responsabilidade e ao mesmo tempo, aliviar a responsabilidade do poder

público, em que todos deverão participar e dar o seu quinhão de sacrifício.

Verificamos que a situação atual dos Agronegócios regionais de modo geral,

propiciam em grande parte o alto custo de produção, pela falta de novos investimentos,

treinamentos, tecnologia, equipamentos, desperdícios, e o principal, uma metodologia e

estratégia de marketing internacional, a profissionalização no agribusiness regional, o que

torna extremamente danosa á nossa economia e ao comércio em geral, e principalmente,

fazendo destes altos custos a principal causa da perda de competitividade. A falta de

marketing contínuo, é exatamente o que está faltando neste seguimento gigantesco no

agribusiness, pois, a região de Franca faz parte em uma grande parcela no bolo da cadeia

produtiva de café, hoje cerca de 21,8% da produção do estado de São Paulo, área objeto

do estudo deste trabalho.

A velocidade verificada hoje nas informações e a diversificação de produtos e

insumos, faz com que a competitividade verificada seja constante e cada vez mais feroz, o

que não ocorre na mesma velocidade, a modernização no setor, que poderá de certa forma

levar a um colapso a curto prazo se medidas preventivas não forem adaptadas e tomadas

em consenso.

Este foi sem dúvida um grande passo, a ser seguido por outras regiões do país, a

troca de informações e a preocupação conjunta em buscar novos caminhos e soluções para

a agricultura nacional, usando o máximo de nossa capacidade e criatividade de produção.

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O ano de 1998 e 1999, o crescimento da renda agrícola Brasileira é esperada em

18%, de acordo com estudo da MB Associados7, cujo estudo avaliou os principais produtos

sendo:

Feijão em 78%, Trigo 50%, arroz 40% estes produtos apresentarão o maior índice

de crescimento de renda verificado, não obstante a duas culturas com crescimento

negativo, o café com –13% e a cana-de-açúcar em –2%.

A previsão para a safra de grãos para 1999 é estimada em 83,765 milhões de

toneladas, apresentando um crescimento de 9,1% em relação a safra passada.

Este resultado já indicaria o crescimento da renda, porém o que realmente está

determinando essa forte evolução é a desvalorização do real, segundo a consultora da MB

Associados, Leila Campos.

Leila Campos prevê aumentos de preços em reais para quase todos os produtos em

relação a média da safra passada, soja e café em 25%, algodão em 10%, milho, feijão e

batata em 5%, arroz 3%, tomate 8%, laranja 15% e trigo em 20%. A exceção é do açúcar

que provavelmente permanecerá com seus preços estáveis. Nestes cálculos e estatísticas,

foram levados em conta a participação do Brasil na formação mundial de preços de cada

produto, como também, destaca a distribuição da evolução da renda por regiões do país.

A nossa região nordeste do Estado de São Paulo, confirmará as tendências de

crescimento em nossas cadeias produtivas.

Para que possamos analisar com profundidade o desempenho do café nas últimas

décadas, faz–se necessário relembrar fatos que marcaram a atividade antes e depois de

1930.

7 Publicação do Jornal Comércio da Franca / 14 de mar./99 – p. E-2

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O café vinha de um longo período de aviltamento das cotações internacionais,

motivados por uma estratégia dos países consumidores que consistia em manter estoques

altos, com objetivo de influenciar o comportamento dos preços e ditar as regras do

mercado. Esta política perniciosa aos países produtores, no caso específico do Brasil, levou

a cafeicultura quase à ruína.

Sem preços compensadores durante muitos anos seguidos, nossas lavouras sofreram

um processo de decadência aguda, cujas conseqüências foram até o extremo da erradicação

em importantes regiões produtoras, onde se inclui também a região de Franca.

O processo de destruição dos cafés armazenados e levado a efeito na época (1930 a 1940) ,

segundo Prado. Jr.C em Formação econômica do Brasil e Pelaez, CM, Analise

econômica do programa brasileiro de sustentação do café 1906 a 1945: teoria, política e

mediação enfatiza, neste período o fato do financiamento das compras maciças de café ter

sido, em grande parte, com recursos gerados no próprio setor, através de taxas e impostos..

de 1931 a 1944 foram destruídas mais de 78 milhões de sacas de café que correspondia a

duas vezes o consumo mundial de café da época ( Pelaez, CM – O acordo interamericano

de café e o café brasileiro durante a II Guerra Mundial, fls 285.)

Note-se entretanto que o sucesso das intervenções deveu-se muito mais a fatores

exógenos ao programa de valorização realizado, do que a política de defesa desenvolvida.

Safras volumosas foram sucedidas por safras reduzidas; quedas de demanda foram

substituídas por crescimento da procura – fatores que se concretizariam quer houvesse ou

não a intervenção no mercado (Delfin Neto, em “O problema do café no Brasil”, pg. 91).

O quadro geral era de desinteresse pela atividade, falta de tratos culturais

adequados, adubação, abandonando de lavouras, deixando-se de lado práticas de combate a

pragas e doenças nos cafezais.

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Como esse cenário se prolongou por anos, os estoques dos países consumidores

foram diminuindo, não só pela menor oferta, mas também pela queda de qualidade, em

particular, a qualidade do café brasileiro.

Internamente, esta falta de qualidade foi sentida pelo consumidor brasileiro de

forma tão marcante, que algumas marcas comerciais preferiram se ausentar do mercado a

comprometer a imagem e o prestígio conseguido ao longo de muitos anos.

Depois de permanecer décadas com a reputação abalada no mercado internacional,

o café brasileiro passou a ser disputado, enfim, pelos consumidores de paladar mais

refinado.

Uma combinação de fatores, a começar pelo excesso de intervenção do governo e

de suas práticas supostamente protecionistas, levou o cafeicultor brasileiro a descuidar da

qualidade do produto. Os exportadores também relaxaram e permaneceram alheios às

exigências de um mercado consumidor cada vez mais sofisticado, eles estavam entregando

um produto de categoria inferior, quando não adulterado com toda sorte de mistura, que ia

de palha e folhas até limalha de ferro.

Este conjunto de equívocos foi desastroso para cafeicultura brasileira. O país, que já

controlou 75% do mercado mundial de café no início do século é responsável hoje por

apenas 22% de toda bebida consumida no mundo. O produto nacional perdeu terreno para

os cafés de outras procedências, como os da Colômbia e da América Central. Dada a

preferência pelos grãos desses países, a bebida brasileira, com uma ou outra exceção,

passou a ser comercializada com deságios de até um quarto das cotações médias

internacionais.

Com a criação do livre mercado internacional, esse quadro melancólico felizmente

começa a ser alterado. A reabilitação brasileira que o café brasileiro ensaia lá fora é

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resultado, em grande parte, do trabalho de um grupo de forasteiros que tomou o rumo do

cerrado de Minas no início da década de 70, fugindo das geadas do Paraná e de São Paulo.

Mais do que resgatar a imagem do produto nacional, estes produtores estão

reinventando, a própria cafeicultura do país.

Hoje, com o livre mercado, os cafeicultores preocupam-se em reduzidos

custos, aumentar a produtividade mediante uso intensivo de tecnologia, produzir uma

bebida que atenda ao paladar de uma clientela cada vez mais exigente e fincar o selo de

qualidade com o objetivo de divulgá-lo pelo mundo afora.

Tanto os produtores do Cerrado Mineiro quanto os da Alta Mogiana

Paulista, desenvolveram e instituíram projetos que visam focar atenção em três áreas: uso

intensivo de tecnologias (colhedoras automotrizes, colheredoras manuais, tratores e

implementos, máquinas de beneficiamento, etc.), comercialização sem intermediários

(qualificar o produto com o objetivo de selecionar os consumidores internos e externos e

conseqüentemente melhores preços) e desenvolvimento de um plano de marketing

destinado a divulgar o café das regiões citadas (Criação de marcas próprias que visam

diferenciar o café fino dos demais, afim de se obter excelente colocação no mercado

externo), e esta formula mais do que nunca, está sendo adotada em nossa região, em que

se implementa no exterior a nossa marca, Café São Paulo, mas, movimentações estas ainda

muitíssimo tímidas, diante do que um país concorrente, como a Colômbia foi capaz de

fazer e manter.

O Brasil na década de 1970, lançava no exterior, a marca “ Café do

Brasil”, implementava-se nesta época, uma fórmula ousada, levar nossa marca através do

marketing esportivo. Era lançado nesta época, em conjunto com a Fórmula I, com o mais

expressivo esportista brasileiro, Emerson Fitipaldi, que levava ao mundo, o nome do

Brasil, mais especificamente, aliado ao esporte, a propaganda do nosso café. Tivemos

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grandes efeitos, porém, somente durou enquanto Emerson Fitipaldi permaneceu na

Fórmula I em uma escuderia poderosa e que detinha dentro do circuito internacional, uma

grande marca.

A Colômbia na mesma época, adotou os mesmo princípios de

marketing, porém, de uma forma contínua e agressiva até nos dias de hoje. O café no

mundo inteiro é sinônimo de Colômbia. Quando se fala em café, imediatamente se liga ao

café da Colômbia.

A Colômbia tem hoje uma grande reputação internacional, na produção

e fornecimento de cafés finos, e fazem o possível para essa manutenção. O governo

colombiano, desde a década de 70, instituiu dentro do país, métodos de controle de

qualidade, de inspeções, de acompanhamentos, que não fogem a regra, todo e qualquer

grão de café exportado, passa obrigatoriamente nas mãos de fiscais e profissionais de

inspeção governamental, os quais, somente poderão concluir a exportação, após estarem de

acordo em todos os itens de exigências.

Estas exigências e controles, vão desde a lavoura, a colheita, lavagem do

café, secamento, ensaque e posteriormente, as armazenagens, nas condições e regras

prédeterminadas, e, em cada ciclo, os proprietários serão certificados em cada uma das

etapas, e ao final, obtém a autorização de exportação, cuja qualidade do produto, e a marca,

estará preservada.

Notamos que este cuidado, o Brasil não tem, o governo não adota

medidas de controle de qualidade. Somente os empresários do setor, que competem entre

si, tentam de todas as formas, criarem suas qualidades, mas, infelizmente, não atendemos

as expectativas internacionais.

Duas situações ainda precisam ser reestudadas, e criar um plano

estratégico: primeiramente, inserir junto ao pequeno e médio produtor os conceitos de

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globalização no gerenciamento de agronegócio e de agribusiness . Não se enclausurar nos

limites de suas propriedades. Não podemos negar, que de alguma forma, o gerenciamento

foi bem sucedido, exemplo disso, são as fazendas de café, que passam e atuam hoje na

terceira ou quarta geração, mas, indubitavelmente, esta visão vai até as suas porteiras, e se

fecham ao que denominaremos ser o segundo filão, ainda não merecidamente explorado: o

marketing no agribusiness regional.

Existe uma grande necessidade de se transpor as fronteiras de suas

propriedades rurais, ter visão holística e conhecer mais o seguimento de seu produto, além

fronteira, a limitação somente na produção, faz com que a comercialização não dê o

retorno esperado.

Desta forma, mister se faz, uma reflexão maior, uma naálise e um

estudo, da continuidade e das propostas que podem ser implementadas, podendo ser

revertido a muito curto prazo, porém, com uma implementação de marketing a longo

prazo, e de forma continuada.

Muitos outros problemas podem se aliar a esta falta de estrutura, mas,

não são difíceis de se transpor , a pesar de serem situações estruturais, e não conjunturais, e

dentre os principais problemas encontrados pelos produtores da região, podemos citar com

maior expressão:

1 Ausência de políticas agrícolas;

2 Falta de crédito específico para o setor;

3 Baixa profissionalização dos produtores;

4 Falta de uma legislação específica da mão-de-obra;

Algumas alternativas, estudamos ao longo do trabalho, como sugestões ou

propostas, mas, temos ainda que ressaltar a necessidade de se ter uma equivalência do

produto; implantação do sistema de cooperativismo; marketing diferenciando os produtos;

diversificação de tipos do produto e uma que consideramos de grande prioridade, a

capacitação e profissionalização dos produtores.

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Como forma de melhorar todo contexto da cafeicultura em nossa região estão sendo

realizados estudos prioritários, que visam envolvimento de instituições de ensino que tem o

objetivo de auxiliar com pesquisas específicas para o setor, conscientizando sobre

problemas atuais e futuros.

Deve-se efetuar a busca da liderança, colocando em prática planos de ações que

contribuem para o sucesso do setor. Estas ações tem o objetivo de tornar o café da região

de Franca em excelência na qualidade.

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CONCLUSÃO FINAL

A nova concepção de agribusines, agronegócio, e-commerce, está intimamente

ligado ao marketing, e a estratégia de marketing.

Esta ferramenta, estará aliada em todos os processos de comercialização do

produto café, tanto em âmbito interno como externo. Tememos que sua utilização seja

ainda lenta, porque a velocidade das informações, a grande expansão dos mercados, não

esperarão que se adaptem ou que se estruturem a longo prazo, pois podemos perder o

bonde da história, mesmo com a pujança produtiva, e a nossa imensa capacidade de

manutenção de nossas várias cadeias produtivas, entre elas, o objeto maior desta

dissertação – o café.

O aumento no consumo mundial desta bebida, e a probabilidade de aumento nos

incrementos exportáveis, em todo o seguimento do produto ( solúvel, em coco, moído etc),

fará com que o Brasil volte aos seus tempos áureos na produtividade, com eficácia,

seriedade e acima de tudo, com grande profissionalismo, resultando assim, com o produto

maior “made in Brazil”: o café com qualidade genuinamente brasileira.

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ANEXO I : Mapa fisicográfico da região de Franca – Nordeste do Estado de São Paulo,

que compõem a EDR/Franca (Região administrativa para a Secretaria de Abastecimento e

agricultura do Estado de São Paulo)

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ANEXOS:

Mapa fisicográfico da região da EDR/Franca, que compõem a região administrativa no

nordeste do estado de São Paulo, pela Secretaria de abastecimento e Agricultura do Estado

de São Paulo

Estimativas iniciais para a produção regional de café para o ano de 1998 – safra superada

atingindo cerca de 910 mil sacas de cafés colhidos.

C322e CARVALHO, Daltro Oliveira de A eficácia como decorrência da gestão de agribussiness do café na região de Franca/ Daltro Oliveira de Carvalho. – Franca: 2000 108 p. iL. Orientador: Wilson Kendi Tachibana Dissertação de Mestrado – FACEF Programa de Mestrado gestão Empresarial 1. Administração de empresas, Marketing. 2. Planejamento estratégico. 3. Agribussiness – café – Franca (SP). I.T.

CDD 658.8