Cartilha BDI 2010

BONIFICAO E DESPESAS INDIRETAS

NAS OBRAS INDUSTRIAIS

2 EDIO MAIO/2010

S616b Sindicato da Indstria da Construo Civil no Estado de Minas Gerais. Bonificao e despesas indiretas nas obras industriais. 2.ed. Belo Horizonte: SINDUSCON-MG, 2010. 88 p. il. 1. Obra de Engenharia 2. Bonificao e. Despesa Indireta 3. Custo Indireto I. Ttulo CDU: 657.446:725Catalogao na Fonte: Juliana de Azevedo e Silva CRB1412 6 Regio

Vice-Presidentes rea Imobiliria: Jos Francisco Couto de Arajo Canado Obras Industriais e Pblicas: Joo Bosco Varela Canado Poltica, Relaes Trabalhistas e Recursos Humanos: Bruno Vincius Magalhes rea de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente: Geraldo Jardim Linhares Jnior Administrativo-Financeiro: Eduardo Kuperman Comunicao Social: Werner Canado Rohlfs Diretores Diretoria de Programas Habitacionais: Bruno Xavier Barcelos Costa Diretoria da rea de Materiais e Tecnologia: Cantdio Alvim Drumond Diretoria da rea de Meio Ambiente: Eduardo Henrique Moreira Diretoria de Comunicao Social: Jorge Luiz Oliveira de Almeida Diretor da rea de Poltica e Relaes Trabalhistas: Ricardo Cato Ribeiro Diretoria da rea Imobiliria: Brulio Franco Garcia Diretoria de Projetos: Oscar Ferreira da Silva Neto Diretoria da rea de Obras Industriais: Ilso Jos de Oliveira Diretoria da rea de Obras Pblicas: Jos Soares Diniz Neto Diretoria de Relaes Institucionais: Werner Canado Rohlfs Coordenador Sindical Daniel talo Richard Furletti

SEULOS ODNIURTSNOC

GM-NOCSUDNIS

SINDUSCON-MGCONSTRUINDODiretoria Sinduscon-MG Trinio 2009-2011 Presidente Luiz Fernando Pires 1 Vice-Presidente Andr de Sousa Lima Campos

SOLUES

REALIZAO Sindicato da Indstria da Construo Civil no Estado de Minas Gerais - Sinduscon-MG Rua Marlia de Dirceu, 226 - 3 e 4 andares - Lourdes CEP 30170-090 - Belo Horizonte-MG Telefone: (31) 3253-2666 - Fax: (31) 3253-2667 www.sinduscon-mg.org.br e-mail: [email protected]

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FICHA TCNICA

ELABORAO Reta Engenharia Ltda. Carlos Domingos Batista - CREA/MG 57.737/D PMP Project Manegement Professional COLABORAO Roberto Mauro do Couto Engenharia de Contratos - CREA/MG 50.247/D

PROJETO GRFICO Interativa Comunicao

REVISO Rita Lopes

SUMRIOComentrios Iniciais 7 Palavra do Presidente 9

Acesso ao Conhecimento

11

Introduo Conceito Definio de cada grupo de custo que integra o BDI Resumo e exemplos de composio do BDI Modelo Matemtico para clculo do BDI

13 13 16 22 24

Anexos A formao de preos no mbito das obras civis industriais A formao de preos na viso da CVRD BDI no mbito da REGAP / Petrobras Aspectos tributrios e trabalhistas na formao de preos no mbito das obras industriais

26 27 45 57

63

Concluses

81

Bibliografia Complementar

85

SINDUSCON-MG | BDI | 5

COMENTRIOS INICIAISEsta cartilha uma reedio da publicao lanada em 2007, aps workshop que teve o objetivo de debater o assunto entre as empresas tomadoras e prestadoras de servio, alm das respectivas entidades de classe. Por se tratar de um tema de extrema relevncia e pela necessidade de tornar seu entendimento cada vez mais simples, o Sinduscon-MG decidiu transformar a publicao de 2007 em uma cartilha, acompanhada das apresentaes j realizadas e das concluses do grupo que participou do referido workshop. Na introduo, foi feita uma descrio sucinta sobre o conceito do BDI e suas interpretaes. No captulo 2, apresenta-se, de forma objetiva, a definio de cada grupo de custo que integra o BDI, simulando sua representatividade no Preo de Venda de um servio. No captulo 3, destaca-se um resumo do captulo 2, com duas alternativas de composio do BDI. No captulo 4, apresenta-se um modelo matemtico que esclarece a metodologia do seu clculo. No captulo 5, foram anexadas as apresentaes do workshop de 2007, com um sucinto comentrio. Por fim, no captulo 6 foram reeditadas, na ntegra, as concluses do grupo do workshop. Esperamos simplificar para todos a interpretao do BDI, estimular uma viso mais consensual do seu valor e contribuir para o aumento da transparncia nas contrataes de obras e servios de engenharia. Observamos, finalmente, que esse tema deve ser sempre tratado agregando-se conhecimentos complementares. Por isso, faremos sugestes de outras cartilhas do Sinduscon-MG, citadas na Bibliografia Complementar e que consideramos importantes para o leitor.


PALAVRA DO PRESIDENTEOs tempos atuais clamam por uma eficaz gesto na implantao dos projetos. Os prazos cada vez mais curtos, alm da necessidade de desenvolvimento simultneo das atividades de detalhamento do projeto e da construo, requerem um maior nvel de confiana e transparncia nas relaes entre as empresas prestadoras e tomadoras de servio de engenharia. Um dos objetivos do Sinduscon-MG contribuir para o aprimoramento dessa relao. Na busca dessa meta, a entidade, por meio de sua Comisso de Obras Industriais, realizou em 2007 um workshop sobre Composio do BDI, para o qual foram convidadas empresas prestadoras e tomadoras de servio e empresas consultoras especializadas em planejamento e oramento que lidam diariamente com o tema. Tratou-se de excelente evento para se debater o assunto e para que essas empresas tivessem a oportunidade de expor seus pontos de vista. O Sinduscon-MG publicou, ento, uma cartilha contendo os trabalhos apresentados e as concluses com os pontos consensuais a que chegaram as empresas participantes. Como o tema est sempre presente nas negociaes da construo civil, sejam elas no ambiente de obras pblicas ou privadas, estamos agora lanando esta nova publicao, sem perder o rico contedo do workshop. Como so muitas as variveis que contribuem para transformar o BDI em ponto de conflito nas negociaes, acreditamos que haver maior convergncia para uma negociao Ganha-Ganha, se as partes tiverem um melhor entendimento dos conceitos e das formas de clculo que envolvem o assunto. Com essa viso o Sinduscon-MG decidiu produzir esta publicao, priorizando, desta feita, uma abordagem simples, didtica e esclarecedora sobre o BDI, sem perder a direo dada em 2007. Nossa pretenso convergir conceitos e estimular o permanente aprimoramento da compreenso desse assunto - to abrangente e polmico. Para que isso seja possvel, temos, primeiramente, que desmistificar sua complexidade e simplific-lo, a fim de proporcionar fruns de discusso mais objetivos e eficazes. Acreditamos que esta cartilha cumpre esse papel. Luiz Fernando Pires Presidente do Sinduscon-MG


ACESSO AO CONHECIMENTOO SEBRAE-MG apoia projetos para o fortalecimento de micro e pequenas empresas do setor de construo civil. So capacitaes tcnicas e gerenciais que preparam os empreendedores para os desafios do mercado e contribuem para a melhoria de produtos e processos. A publicao da segunda verso da cartilha Bonificao e Despesas Indiretas nas Obras Industriais uma destas iniciativas. A edio rene informaes prticas e didticas que orientam e esclarecem os gestores e empresrios do setor. Assim, eles podem acompanhar os acontecimentos do mercado. A informao hoje um dos mais importantes diferenciais competitivos, que ajudam as empresas a ganhar produtividade e se colocar frente dos concorrentes. Seguem o caminho da excelncia e do desenvolvimento. As micro e pequenas empresas de Minas Gerais precisam deste apoio. E esta a misso do SEBRAE-MG: promover a competitividade e o desenvolvimento sustentvel dos pequenos negcios em Minas Gerais. Roberto Simes Presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG


INTRODUO1 - ConceitoBDI uma sigla de origem anglo-saxnica que significa Budget Diference Income. A expresso, traduzida para o portugus, quer dizer Oramento Diferena Renda, termo difcil de se relacionar com o seu real uso no cotidiano. No Brasil, as definies mais comuns para a sigla BDI so: 4 Benefcios e Despesas Indiretas; 4 Bnus e Despesas Indiretas. As duas opes do a entender que a sigla BDI significa apenas o Lucro mais as Despesas Indiretas de um determinado Preo de Venda. Existem estudos e sugestes no Brasil que propem a mudana da sigla para LDI (Lucro e Despesas Indiretas). fundamental, ento, que a definio de BDI seja mais clara e especfica. Como o B significa Bnus, Benefcios ou Lucro, torna-se fcil a correlao, pois so palavras similares e, dependendo do contexto, tm o mesmo significado. Ou seja, o valor ou percentual que um proponente ou contratado pretende ganhar aps a concluso de uma prestao de servio ou fornecimento. O DI, Despesas Indiretas, um pouco mais abrangente e pode ser interpretado ou caracterizado de diversas formas, dependendo do ambiente onde for citado. Essas Despesas Indiretas (DI) podem incluir, no mnimo, os seguintes grupos de custo: 4 Administrao Local; 4 Administrao Central; 4 Equipamentos; 4 Canteiro de Obras; 4 Despesas Financeiras; 4 Risco do Negcio; 4 Contingncias; 4 Impostos; 4 Seguros e Garantias.


Cada um desses grupos de custo pode fazer parte do BDI, parcialmente ou integralmente, dependendo da solicitao do comprador. Caber ao proponente interpretar e fazer a melhor distribuio desses custos em sua proposta ou contrato. Para nivelar nossa linguagem tcnica, faremos tambm outras definies que sero teis no entendimento dos prximos captulos: Preo de Venda = PV o valor monetrio que totaliza a proposta ou contrato.

Custo Direto = CD o valor equivalente soma de todos os custos que podem ser atribudos a servios especficos, por exemplo, alvenaria (m2), concreto (m3), forma (m2) etc. Podemos afirmar ento que: PV = CD + BDI em valor.

14 | BDI | SINDUSCON-MG

Ou ainda que: PV = CD + (CD x BDI em percentual do CD) ou PV = CD x (100% + BDI em percentual do CD) Onde: BDI (%) = BDI (Valor) / CD (Valor) x 100 Essa equao muito simples, basta considerar que o Custo Direto (CD) um valor monetrio e o BDI expresso em percentual incidente sobre o Custo Direto (CD), lembrando que alguns dos grupos de custo indireto que compem o DI so calculados na base do Preo de Venda (PV). Agora o processo j parece um pouco mais complicado, por isso, vamos construir, no captulo 4, um modelo matemtico para melhorar a interpretao dessa equao.


2 Definio de cada grupo de custo que integra o BDIAgora vamos detalhar cada grupo de custo que integra o BDI e admitir um valor hipottico para ele, com o objetivo de construir um modelo de composio e entender a equao descrita no captulo anterior.

2.1 Bnus / Benefcio / LucroO Lucro arbitrado por cada empresa em funo de seu planejamento estratgico. Tambm pode ser denominado Bnus ou Benefcio, na definio anteriormente descrita para o BDI. O valor hipottico arbitrado j inclui a CSLL e IRPJ, ou seja, equivalente ao Lucro Bruto. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.1 8,00% sobre (PV)

2.2 - Administrao LocalA Administrao Local um grupo de custos indiretos que inclui, dentre outras, todas as despesas para manter a equipe gerencial e o pessoal tcnico e administrativo necessrio execuo do objeto da proposta no local da obra e que no executam diretamente os servios. No caso da construo civil, a definio, o dimensionamento e os custos de manuteno de pessoal para a obra dependem do know how de cada empresa, bem como das necessidades informadas pelo comprador na solicitao da proposta. A seguir, relacionamos algumas categorias profissionais que podem ser reconhecidas nesse grupo de custos: 4 Gerentes de obras; 4 Engenheiros; 4 Coordenadores; 4 Gestores de Qualidade; 4 Tcnicos; 4 Consultores Tcnicos; 4 Pessoal de Segurana e Meio Ambiente; 4 Apoio de campo de energia e gua; 4 Pessoal de manuteno; 4 Pessoal administrativo;


4 Pessoal de limpeza; 4 Encarregados de frente de servio; 4 Outros. Esse custo deve ser calculado agregando-se todos os custos necessrios e especficos gesto do projeto no local de prestao dos servios, como os custos para a manuteno do pessoal de gerenciamento e administrativo (salrios, encargos, alimentao, transporte, estadas, EPIs, uniformes, tempo para treinamentos especiais, enfim, tudo que for necessrio para se cumprir a legislao vigente). Tambm fazem parte dessa categoria os custos operacionais para que essa equipe de administrao e gerenciamento exera suas atividades, como as despesas com energia eltrica, gua, telefone, aluguis, material de escritrio etc. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.2 11,00% sobre (PV)

2.3 - Administrao CentralA Administrao Central um grupo de custos indiretos que inclui todas as despesas para se manter o pessoal tcnico e administrativo necessrio manuteno do staf 1 da proponente em seu escritrio central, e que responsvel por dar apoio equipe da obra. No caso da construo civil, esse staf est diretamente ligado ao tamanho da empresa, sua cultura organizacional, seu faturamento anual. Podemos ainda definir esse grupo de custo como o valor com que cada contrato deve remunerar o escritrio da contratada. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.3 6,00% sobre (PV)

2.4 - EquipamentosTodo equipamento que no especfico execuo de um servio normalmente incorporado ao BDI. Esse valor deve ser calculado com o mesmo mtodo sugerido para a Administrao Local. Podem-se citar alguns exemplos, como: 4 Gruas; 4 Elevadores de carga;1 Staf Toda estrutura organizacional da empresa.


4 Rdios de comunicao; 4 Veculos; 4 Grupos geradores e seu combustvel; 4 Computadores; 4 Outros. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.4 4,00% sobre (PV)

2.5 - Canteiro de ObrasO Canteiro de Obras um grupo de custo que ser dimensionado em funo da demanda do comprador e das condies da obra que ser contratada. Normalmente, tem sido considerado no custo direto, ou seja, um item de planilha. Esse custo pode estar no Custo Direto (CD) ou no BDI. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.5 4,00% sobre (PV)

2.6 - Despesas FinanceirasAs despesas financeiras so geradas em funo da diferena de prazo entre o recebimento pelos servios prestados e o prazo de pagamento aos fornecedores, mo de obra, equipamentos etc. Existem vrios mtodos de clculo dessa despesa, mas entendemos que um fluxo de caixa bem elaborado, indicando a necessidade de capital a ser mobilizado, o mtodo mais adequado. Valor hipottico para nosso modelo matemtico - 2.6 1,00% sobre (PV)

2.7 Riscos do Negcio / Inflao / Despesas DiversasOs riscos do negcio correspondem ao valor calculado ou arbitrado pela proponente, considerando-se o ambiente em que a proposta oferecida. A grandeza do risco pode variar em funo do nvel de informao oferecida pelo comprador, das incertezas de mercado ou da confiana no comprador. Considera-se que uma anlise estratgica de cada empresa.


Para clculo do risco existem mtodos especficos, como por exemplo o mtodo de Monte Carlo, que avalia vrios cenrios possveis e define uma base probabilstica do risco. Esta mensurao pode ser de prazo ou custo, mas, de qualquer forma, poder interferir no BDI. A inflao um valor calculado que considera a expectativa do mercado ao longo do prazo da obra, levando-se tambm em considerao o grupo de insumos da obra que ser afetado pela variao. Esse custo deve ser avaliado em funo dos indicadores econmicos com viso do futuro, normalmente feita por especialistas. As Despesas Diversas podem ou no ser consideradas no BDI. Esta deciso depender do nvel de assertividade que a proponente considera ter do clculo do Custo Direto. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.7 0,50% sobre (PV)

2.8 - ContingnciasAs contingncias correspondem ao valor calculado ou arbitrado pela proponente, considerando-se o ambiente em que a proposta oferecida e normalmente definida pela direo da empresa. A grandeza da contingncia pode variar na mesma base de variao do risco, acima descrita, alm de ser uma anlise estratgica de cada empresa. O mtodo de Monte Carlo tambm pode ser utilizado para avaliao da contingncia, no sendo seu uso muito comum. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.8 1,00% sobre (PV)

2.9 - ImpostosOs impostos devem ser tratados com muito cuidado, observando-se principalmente a legislao em vigor poca da estruturao do Preo de Venda. Os impostos tm vrias bases de clculo: Impostos cuja base de clculo so custos que esto claramente identificados na parcela do Custo Direto: 4 INSS, sobre o valor da mo de obra;


4 IPI, ICMS sobre o valor de materiais. Impostos cuja base de clculo o Preo de Venda (que ainda ser calculado): 4 PIS; 4 COFINS. Imposto cuja base de clculo parte do Preo de Venda: 4 ISSQN, que incide sobre um valor demonstrado ou estimado da fatura e depende do municpio onde o servio est sendo prestado. Impostos cuja base de clculo o Lucro e que dependem ainda da opo ou obrigao da empresa enquadrar-se na forma do Lucro Presumido ou na forma do Lucro Real: 4 CSLL, que incide diretamente sobre o Lucro; 4 IRPJ, que incide diretamente sobre o Lucro. Esses impostos normalmente j esto inseridos no percentual de Lucro e a forma de tratamento desses impostos funo do planejamento estratgico de cada empresa. Podemos assim caracterizar o Lucro Bruto e o Lucro Lquido. Nesta cartilha, no vamos detalhar esse tema, pois estamos considerando o Lucro Bruto quando arbitramos no item 2.1. Sugerimos a consulta da Cartilha de Tributos na Construo Civil - Obras Industriais. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.9 6,00% sobre (PV)

2.10 - Seguros e GarantiasOs seguros e garantias normalmente so definidos em uma minuta de contrato e devem ser avaliados por especialistas, devendo o seu custo ser incorporado como despesa indireta. Valor hipottico para nosso modelo matemtico 2.10 0,50% sobre (PV)


BDI


3 - Resumo e exemplos de composio do BDIApresentam-se, a seguir, duas hipteses de agrupamento de custos para se construir um modelo matemtico para clculo e definio do BDI. A 1 hiptese considera que todos os grupos de custo, descritos no captulo 2, fazem parte do BDI. A 2 hiptese considera que a Administrao Local e o Canteiro, descritos no captulo 2, fazem parte do Custo Direto. Apesar de no ser muito comum que a Administrao Local seja alocada ao Custo Direto (CD). A partir desses exemplos, o leitor poder fazer qualquer outra simulao. Ressalta-se que esses custos no deixam de existir, apenas mudam de lugar na composio do Preo de Venda. 1 hiptese Todos estes grupos de custo so partes integrantes do BDI:

Grupo de Custo1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total Lucro Administrao Local Administrao Central Equipamentos Canteiro de Obras Despesas Financeiras Risco do Negcio Contingncias Impostos Seguros e Garantias

Incidncia sobre o Preo de Venda que integra o BDI8,00% 11,00% 6,00% 4,00% 4,00% 1,00% 0,50% 1,00% 6,00% 0,50% 42,00%

De uma forma simplista, pode-se dizer que o BDI so 42,00% no nosso modelo hipottico. Porm, esse percentual incide sobre o Preo de Venda (PV) e no sobre o Custo Direto (CD). H que se definir um mtodo para essa relao.


2 hiptese Os custos com Administrao Local e Canteiro passam a ser parte integrante do Custo Direto (CD):

obvio que com essa considerao o Custo Direto (CD) aumenta, portanto, o BDI diminui, mas o Preo de Venda (PV) no se altera. Essa condio deve ser avaliada caso a caso, para no afetar o equilbrio econmico-financeiro do contrato a nenhuma das partes. Sugerimos que essa condio seja explcita no contrato a ser firmado, por ser relevante no resultado pretendido por ambas as partes.

Grupo de Custo1 3 4 6 7 8 9 10 Total Lucro Administrao Central Equipamentos Despesas Financeiras Risco do Negcio Contingncias Impostos Seguros e Garantias

Incidncia sobre o Preo de Venda que integra o BDI8,00% 6,00% 4,00% 1,00% 0,50% 1,00% 6,00% 0,50% 27,00%

De uma forma simplista, pode-se dizer que o BDI so 27,00% no nosso modelo hipottico. Porm, esse percentual incide sobre o Preo de Venda (PV), que se mantm o mesmo da 1 hiptese. E no sobre o Custo Direto (CD), que nessa hiptese tem um valor maior, pois foram incorporados os custos da Administrao Local e do Canteiro de Obras.


4 Modelo Matemtico para clculo do BDIConsiderando todos os conceitos anteriores, segue tabela de valores na qual o Preo de Venda (PV) de R$ 100.000,00. Calculando o BDI no modelo da 1 hiptese: Item A B B.1 B.2 B.3 B.4 B.5 B.6 B.7 B.8 B.9 B.10 Grupo de Custo Custo Direto Bnus + Despesas Indiretas Lucro Administrao Local Administrao Central Equipamentos Canteiro de Obras Despesas Financeiras Risco do Negcio Contingncias Impostos Seguros e Garantias 1 Hiptese R$ 58.000,00 R$ 42.000,00 R$ 8.000,00 R$ 11.000,00 R$ 6.000,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 1.000,00 R$ 500,00 R$ 1.000,00 R$ 6.000,00 R$ 500,00 R$ 100.000,00 2 Hiptese R$ 73.000,00 R$ 27.000,00 R$ 8.000,00 R$ 6.000,00 R$ 4.000,00 R$ 1.000,00 R$ 500,00 R$ 1.000,00 R$ 6.000,00 R$ 500,00 R$ 100.000,00

Total Preo de Venda (PV) = A+B

Como j conceituado no captulo 1: PV = CD + BDI em valor ou PV = CD + (CD x BDI em percentual do CD) BDI (%) = BDI (Valor) / CD (Valor) x 100 Para calcular o valor do BDI em percentual sobre o Custo Direto (CD), tem-se: BDI em percentual sobre o Custo Direto (CD) igual a (B) / (A) x 100 BDI = R$ 42.000,00 / R$ 58.000,00 x 100 = 72,41379% Ou seja, para calcular o PV, tem-se: R$ 58.000,00 (CD) + (R$ 58.000,00 x 72,41379%) = R$ 100.000,00 (PV)


Calculando o BDI no modelo da 2 hiptese:Item A B B.1 B.2 B.3 B.4 B.5 B.6 B.7 B.8 B.9 B.10 Grupo de Custo Custo Direto Bnus + Despesas Indiretas Lucro Administrao Local Administrao Central Equipamentos Canteiro de Obras Despesas Financeiras Risco do Negcio Contingncias Impostos Seguros e Garantias 1 Hiptese R$ 58.000,00 R$ 42.000,00 R$ 8.000,00 R$ 11.000,00 R$ 6.000,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 1.000,00 R$ 500,00 R$ 1.000,00 R$ 6.000,00 R$ 500,00 R$ 100.000,00 2 Hiptese R$ 73.000,00 R$ 27.000,00 R$ 8.000,00 R$ 6.000,00 R$ 4.000,00 R$ 1.000,00 R$ 500,00 R$ 1.000,00 R$ 6.000,00 R$ 500,00 R$ 100.000,00

Total Preo de Venda (PV) = A+B

Como j conceituado no captulo 1: PV = CD + BDI em valor ou PV = CD + (CD x BDI em percentual do CD) BDI (%) = BDI (Valor) / CD (Valor) x 100 Para calcular o valor do BDI em percentual sobre o Custo Direto (CD), tem-se: BDI em percentual sobre o Custo Direto (CD) igual a (B) / (A) x 100 BDI = R$ 27.000,00 / R$ 73.000,00 x 100 = 36,98630% Ou seja, para calcular o PV, temos: R$ 73.000,00 (CD) + (R$ 73.000,00 x 36,98630%) = R$ 100.000,00 (PV)

Concluso:A incidncia do BDI sobre o Custo Direto tem um valor maior que a incidncia do BDI sobre o Preo de Venda. Na hiptese anterior, 27% sobre Preo de Venda (PV) igual a 36,98630% sobre o Custo Direto (CD).


ANEXOS

1 EXPOSIO: A FORMAO DE PREOS NO MBITO DAS OBRAS CIVIS INDUSTRIAISEXPOSITOR: ILSO JOS DE OLIVEIRADIRETOR-SUPERINTENDENTE DA RETA ENGENHARIA

A apresentao a seguir bastante tcnica, com modelos prticos de alocao de custos e clculo do BDI. Essa apresentao abordou todos os aspectos matemticos e conceituais do BDI.


Formao do preo de uma obra Composio do custo de insumos Simulao do fechamento do preo de venda Parmetros tcnicos Concluso




Mo-de-obra direta Materiais Servios de terceiros Equipamentos especficos Dispositivos de segurana Canteiro de obras








Custo Indireto ou Administrao Local Impostos e Despesas Financeiras Administrao Central Lucro (bonificao).






EXEMPLODEBDI


2 EXPOSIO: A FORMAO DE PREOS NA VISO DA CVRDEXPOSITOR: MARCELO E. FIGUEIREDOCOORDENADOR EXECUTIVO DE IMPLANTAO DE PROJETOS DA CVRD

poca desta apresentao, a atual Vale denominava-se CVRD, mas o conceito do BDI bastante atual. Para que a CVRD conclusse sua apresentao sobre o tema, foi feita uma abordagem bastante interessante de como as diversas fases de estimativa de custo de um projeto evoluem at viabilizar um projeto interno.

Apresentao Sinduscon-MG

































3 EXPOSIO: BDI NO MBITO DA REGAP/PETROBRASEXPOSITOR: GERALDO DE MIRANDA NUNESGERENTE SETORIAL DE CONTRATAO DA REGAP/PETROBRS

Apesar da sua abordagem sucinta, o expositor demonstra excelente conhecimento do tema, reconhecendo, como forma mais coerente da sua utilizao, formao de um Preo em uma Proposta ou Contrato.





4 EXPOSIO: ASPECTOS TRIBUTRIOS E TRABALHISTAS NA FORMAO DE PREOS NO MBITO DAS OBRAS INDUSTRIAISEXPOSITOR: LUIZ FERNANDO PIRESDIRETOR-PRESIDENTE DA MASCARENHAS BARBOSA ROSCOE

Esta abordagem trata de um componente importante na formao de um Preo de Venda, porm, sem uma relao direta com o BDI. Todos os pontos so de extrema relevncia e podem, inclusive, ser mais bem compreendidos com a leitura das cartilhas de Tributos na Construo Civil Obras Industriais e Encargos Previdencirios e Trabalhistas no Setor da Construo Civil, publicadas pelo Sinduscon-MG.

















CONCLUSESI IntroduoA presente concluso tem o objetivo de registrar, de forma sinttica, objetiva e imparcial, os pontos de vista consensuais, alm de indicar caminhos e procedimentos apontados pelas tomadoras e prestadoras de servios, os quais, se adotados, eliminaro boa parte dos pontos de conflitos identificados como os de maior ocorrncia nos contratos.

II Pontos de melhoria definidos em consenso e que requerem, portanto, entendimento e implantao necessrio e desejvel aprimorar o nvel de transparncia na relao contratante e contratado. Deve-se ter um mnimo de informaes disponveis para se licitar a construo de um empreendimento, sem o qual a formao do preo fica comprometida. Uma taxa de BDI no pode e no deve ser avaliada apenas pelo seu valor e, sim, analisando cada parcela que a compe. A anlise deve levar em conta as condies tcnicas e comerciais do empreendimento. Somente aps essa anlise que se pode concluir pela pertinncia ou no da taxa calculada para o empreendimento em questo. importante, para uma relao contratual salutar, onde ajustes de rota em funo de fatos novos ocorridos possam ser efetivados sem traumas e pautados nas condies de formao dos preos, que passem a fazer parte dos contratos os detalhamentos e demonstrativos de todas as parcelas do BDI, exceto a Administrao Central e o Lucro, que so valores arbitrados por cada empresa prestadora de servio. Deve tambm fazer parte das composies uma planilha demonstrando os salrios de mo de obra direta, assim como encargos sociais, horas gastas durante o pedido de recrutamento, treinamento, exames admissionais, equipamentos de proteo individual, dentre outros. Todos esses custos devero fazer parte dos salrios que formaro as CPUs e o Custo Direto, no sendo, portanto, esses dados, inseridos na taxa de BDI.


As partes tomadoras e prestadoras de servios devem ter conscincia de que quanto melhor for o nvel de informaes existentes para formao do preo e quanto maior o nvel de detalhamento das condies em que os preos foram formados, menores sero os pontos de conflito durante a execuo do contrato. Na formao do preo, as partes devem analisar caso a caso todas as possibilidades de reduo de custos, desde que estejam dentro da legislao em vigor. Portanto, devem estudar os faturamentos diretos de insumos, dentre outras possibilidades. As partes devem reconhecer que os preos de um empreendimento devem ser formados de modo a assegurar sua viabilidade sendo, portanto, competitivos e compatveis com as condies de mercado. Sem, entretanto, deixarem de assegurar o overhead da empresa executora, pois esta a nica forma de se manter a perenidade das empresas, contribuindo cada uma delas com o crescimento da economia.

III Forma alternativa de remunerao da Administrao Local e dos Equipamentos, ou seja, da parcela dos custos fixos de uma obraA informao dada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), de que se encontra em estudo nesta empresa a implantao de uma nova forma para remunerao dos custos fixos com administrao local ou MOI e com equipamentos de uma obra, foi analisada pelos grupos com o seguinte resultado: 4 Foi entendido como passo muito positivo, no sentido de aumentar a transparncia do processo e minimizar conflitos e discusses acerca de pedidos de ressarcimento de custos indiretos por extenso de prazo, o que hoje comum em boa parte dos contratos; 4 Deve ser analisada com ateno a forma de clculo e pagamento para que o instrumento no se transforme em um inibidor do esforo conjunto, no sentido de se buscar uma reduo de prazo do empreendimento.


IV Consideraes FinaisO fato das empresas tomadoras e prestadoras de servios se disporem a discutir, de forma franca e aberta a questo da Formao dos Preos, demonstra evoluo na gesto contratual. Os encontros para discusso deste e de outros temas devem continuar, pois esta prtica possibilita o aprimoramento do conhecimento de todos os envolvidos, contribuindo para a qualificao de empresas e profissionais. O Sinduscon-MG agradece o apoio das empresas tomadoras de servios e tambm das empresas associadas e reafirma sua disposio em dar continuidade ao processo.


BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTARSugerimos como bibliografia complementar as seguintes cartilhas do Sinduscon-MG: 4 Tributos na Construo Civil Obras Industriais 4 Encargos Previdencirios e Trabalhistas no Setor da Construo Civil


Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais SEBRAE-MG Av. Baro Homem de Melo, 329 - Nova Sua CEP 30460-090 - Belo Horizonte - MG Central de Atendimento: 0800 570 0800 www.sebraemg.com.br

Presidente do Conselho Deliberativo Roberto Simes Diretor-Superintendente Afonso Maria Rocha Diretor de Operaes Matheus Cotta de Carvalho Diretor Tcnico Luiz Mrcio Haddad Pereira Santos Gerente da Unidade de Atendimento Coletivo da Indstria e Territoriais Marise Xavier Brando Coordenadora Estadual da Construo Civil Vanessa Visacro Gerente da Macrorregio Centro Antnio Augusto Vianna de Freitas Gestora da Construo Civil da Macro Centro Denise Fernandes de Andrade Duarte

Cartilha BDI 2010

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