Carta ao professor Ivan Camargo

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O Movimento Honestinas vem, por meio desta carta, abrir um canal de comunicação com o intuito de deixar clara nossa posição e nossa postura diante do que a Ad- ministração da Universidade de Brasília deve privilegiar. Primeiramente, desejamos que a Universidade alcance um longo período de conquistas. Para isso, reforçamos que não vemos a possibilidade de a Universidade ser gerida sem observar os princípios elencados em nosso docu- mento político maior, aquele que fundamenta e confere sentido político às nossas instituições: a Constituição. Ela, assim como todos os avanços pós-ditadura, elenca como preocupações primordiais a vida cidadã digna, a emancipação do sujeito enquanto ser empoderado e a participação efetiva e ampla como instância legitimadora de toda manifestação de poder. Não seria diferente o que desejamos à administração da Universidade de Brasília. Queremos uma gestão cidadã, participativa, aberta ao diálogo, disposta a estar errada e reconhecer seus erros, disposta a ouvir as/os estu- dantes e tratá-las como força legítima e capaz. Exigimos, então: 1) Que as(os) servidoras(es) da Universidade, especial- mente as(os) terceirizadas(os), sejam tratadas(os) como gente. Porque a forma como tratamos aquelas que trabalham conosco diz muito sobre o que somos, ou o que queremos ser; 2) Que o tripé ensino-pesquisa-extensão seja cada vez mais coordenado e efetivo. Porque isso não é demanda boba. Isso é compromisso político firmado na Constitu- ição. E condição fundamental para que a Universidade possa cumprir seu papel social. Isso aponta, em especial, para a importância de se privilegiar a extensão, como diálogo que fundamenta e direciona a produção de con- hecimento. 3) Que as decisões administrativas sejam referendadas por ampla participação de todos os segmentos e se re- spaldem nos anseios sociais. E que, nesse sentido, os órgãos colegiados possam ser fortalecidos, a partici- pação dos segmentos ampliada, além do diálogo com as entidades sociais. 4) Que não se formem novamente conselhos “aristocráti- cos” que tenham o poder de decidir sobre temas deter- minantes da Universidade, sem que a comunidade seja de fato consultada. A reativação do Conselho Diretor da FUB, formado por apenas 6 membros e sem nenhuma representação estudantil, como órgão responsável pela gestão de todo o patrimônio da UnB, pode significar a desvalorização da participação democrática e do con- trole da administração pela comunidade acadêmica. Vale lembrar que foi esse Conselho, com sua estrutura fecha- da à representação dos diversos segmentos da universi- dade, o responsável pelas decisões que desencadearam a profunda crise institucional que a Universidade enfrentou em 2008. 5) E, por fim, especialmente, que a Universidade de Brasília retome sua vocação histórica de criar e não reproduzir, de integrar e não apartar, de enfrentar e não sucumbir, de ser mais, nunca menos, do que sonhamos ser. Quando chamados a votar nas eleições para Reitor, ele- gemos lutar por aquilo que defendemos, lutar pela Univer- sidade. Por isso, lançamos a (não-)candidatura de Hon- estino Guimarães. Agora, continuamos lutando por essa Universidade que o povo brasileiro, quando chamado a escolher, escolheu. E escolheu que fosse popular, diversa, pública, aberta aos problemas sociais, capaz de pensar a partir deles e para eles. Não descansaremos enquanto esse projeto não for re- alizado. Não porque ele é exclusivamente nosso projeto, mas porque ele representa um anseio popular, de um todo muito maior que os muros, gramados e paredes da Universidade de Brasília. Queremos a UnB de Honestino Guimarães e Darcy Ribeiro. Queremos mais. Exigiremos mais. Sempre mais. Porque não cedemos nossos sonhos! Carta ao professor Ivan Camargo, novo Reitor da Universidade de Brasília Movimento Honestinas chapa Sem ceder nossos sonhos 5

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O Movimento Honestinas vem, por meio desta carta, abrir um canal de comunicação com o intuito de deixar clara nossa posição e nossa postura diante do que a Ad-ministração da Universidade de Brasília deve privilegiar.

Primeiramente, desejamos que a Universidade alcance um longo período de conquistas. Para isso, reforçamos que não vemos a possibilidade de a Universidade ser gerida sem observar os princípios elencados em nosso docu-mento político maior, aquele que fundamenta e confere sentido político às nossas instituições: a Constituição.

Ela, assim como todos os avanços pós-ditadura, elenca como preocupações primordiais a vida cidadã digna, a emancipação do sujeito enquanto ser empoderado e a participação efetiva e ampla como instância legitimadora de toda manifestação de poder.

Não seria diferente o que desejamos à administração da Universidade de Brasília. Queremos uma gestão cidadã, participativa, aberta ao diálogo, disposta a estar errada e reconhecer seus erros, disposta a ouvir as/os estu-dantes e tratá-las como força legítima e capaz.

Exigimos, então:

1) Que as(os) servidoras(es) da Universidade, especial-mente as(os) terceirizadas(os), sejam tratadas(os) como gente. Porque a forma como tratamos aquelas que trabalham conosco diz muito sobre o que somos, ou o que queremos ser;

2) Que o tripé ensino-pesquisa-extensão seja cada vez mais coordenado e efetivo. Porque isso não é demanda boba. Isso é compromisso político firmado na Constitu-ição. E condição fundamental para que a Universidade possa cumprir seu papel social. Isso aponta, em especial, para a importância de se privilegiar a extensão, como diálogo que fundamenta e direciona a produção de con-hecimento.

3) Que as decisões administrativas sejam referendadas por ampla participação de todos os segmentos e se re-

spaldem nos anseios sociais. E que, nesse sentido, os órgãos colegiados possam ser fortalecidos, a partici-pação dos segmentos ampliada, além do diálogo com as entidades sociais.

4) Que não se formem novamente conselhos “aristocráti-cos” que tenham o poder de decidir sobre temas deter-minantes da Universidade, sem que a comunidade seja de fato consultada. A reativação do Conselho Diretor da FUB, formado por apenas 6 membros e sem nenhuma representação estudantil, como órgão responsável pela gestão de todo o patrimônio da UnB, pode significar a desvalorização da participação democrática e do con-trole da administração pela comunidade acadêmica. Vale lembrar que foi esse Conselho, com sua estrutura fecha-da à representação dos diversos segmentos da universi-dade, o responsável pelas decisões que desencadearam a profunda crise institucional que a Universidade enfrentou em 2008.

5) E, por fim, especialmente, que a Universidade de Brasília retome sua vocação histórica de criar e não reproduzir, de integrar e não apartar, de enfrentar e não sucumbir, de ser mais, nunca menos, do que sonhamos ser.

Quando chamados a votar nas eleições para Reitor, ele-gemos lutar por aquilo que defendemos, lutar pela Univer-sidade. Por isso, lançamos a (não-)candidatura de Hon-estino Guimarães. Agora, continuamos lutando por essa Universidade que o povo brasileiro, quando chamado a escolher, escolheu. E escolheu que fosse popular, diversa, pública, aberta aos problemas sociais, capaz de pensar a partir deles e para eles.

Não descansaremos enquanto esse projeto não for re-alizado. Não porque ele é exclusivamente nosso projeto, mas porque ele representa um anseio popular, de um todo muito maior que os muros, gramados e paredes da Universidade de Brasília.

Queremos a UnB de Honestino Guimarães e Darcy Ribeiro. Queremos mais. Exigiremos mais. Sempre mais. Porque não cedemos nossos sonhos!

Carta ao professor Ivan Camargo,novo Reitor da Universidade de Brasília

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