Carta 52 - Rio de Janeiro 14 de Agosto de 1909

download Carta 52 - Rio de Janeiro 14 de Agosto de 1909

of 3

description

Carta de dona Amélia, a Baronesa de Pelotas em suas viagens à Europa.

Transcript of Carta 52 - Rio de Janeiro 14 de Agosto de 1909

Rio de Janeiro, 14 de Agosto de 1909

Rio de Janeiro, 14 de Agosto de 1909.

Minha ba e querida Filha

Acabo de receber tua cartinha de 13 do corrente, da qual foi portador o Balu, que chegou agora mesmo. Contava que elle s chegasse tarde, digo noite, e desembarcasse amanh, mas o vapr no tocou em Santos, e por isso adeantou a viagem: ainda no o vi, nem tive por quem mandar visital-o, para o que espero que venha o Diogo, ou Edgard, do Collegio. Em todo caso, estou contente, pelas bas noticias da carta, dando graas Deus, pelo bom passar de todos vocs, e progresso da nossa Da, que no andar em que vai, capaz de chegar aqui caminhando! D-lhe mts. beijos por mim, assim como ao meu velho, Mozart, Delmar, e Zizi. esta, escrevi hontem um postal. No recebi ainda as encommendas; mas fico sciente della, e de todo o corao te agradeo. Os dces, devem estar excellentes, pois todos os que tens mandado, com muito maior demra, tem chegado perfeitissimos! J estou com ... agua na boca. Pelo que vejo, a D. Eulalia, nada mais tem feito do que trabalhar para mim. Assim no quero: basta que, em alguns intervallos, em que no tenhas mts. costuras, mandes ella fazer-me algum casaco. Isto mesmo, mandei-te pedir, porque o meu vestuario aqui, alguns dos que trouxe, j esto feios, e s servem para casa. Espro que, ba como s, no deixars de me fazer a vontade, botando em minha conta, os dias de trabalho da D. Eulalia, e da Balbina. Quanto aos annis, confesso-te que no tenho consciencia j, de ter escripto nesse sentido, lembrando-me apenas, ter te dito, ahi, que as unicas joias que queria trazer, eram os anneis, pois so os unicos que uso, e mesmo para mandar concertar o marquis, que me fica largo, Sinto agora, que tivessem vindo, porque ahi te poderiam pretar servios, vista das fstas, que tem havido e sem duvida continuaro a haver, com tantos casamentos na familia. Quanto tua recommendao sobre os mesmos, no deixarei de tomar em considero, mas fica tranquilla, porque felizmente, neste Hotel no houve ainda, um s caso e roubo, o que se tem dado, em quase todos os outros. Os creados de quarto, so poucos, e antigos e os de restaurant, no vem c em cima. Sou eu a nica senhora aqui, que no uza joias; havendo algumas, que so verdadeiras tabletas. ( entre ellas, uma nossa conhecida) S no botam annel, no dedo polegar!

Cada vez tenho mais pezar, de no ter uma bola, como a do Assumpo, para mandar-te tudo o que aqui vejo de bonito. H tanta cousa linda! Sempre que vou a rua do Ouvidor, fico parada um tempo enorme, diante de uma vitrine de jias, onde tem um lao de brilhantes, que uma verdadeira belleza! Estou olhando, e me lembrando, como ficaria bem em ti! Mas... custa nada menos que, 2:400f000!

Enfim, j que no se pde, mudmos de assumpto. Diz a Lourival, que recebi o seu recado, para ir ver a casa da viuva Chermont, que elle deseja comprar; mas que ainda no me foi possvel vl-a, porque o Francisco no sabe onde est a dona, para autorizar-me a isso. Logo que a veja, lhe farei sciente das condies da mesma, s elle pde fazl-o porque, si no agradar, toma-se outra, mas comprar, muito arriscado. Eu psso gostar da casa e do local, e succeder elle, justamente o contrario. Ora tratando-se de um capital grande, s o proprio dono poder ver si lhe convem ou no. Eu nesse caso no tomo a responsabilidade da escolha. Como vai a Nne, em seu novo estado? E a Mercdes? Muito senti a mrte do Leopoldo, filho de Olga, avaliando o que essa pobre Me ter soffrido! A ella e Candoca, mandei cartes. No sube ainda, si ellas recebero os primeiros.

Adeus: acceita abraos de Edgard e Vva, Catuca, Rangel, e Diogo, mt. se recommendo a ti, e Lourival. Ambos abraa com a mais viva saudade, bem como ao Rubens, a

Me e Am. do C.

Amelia