1 manual de psicologia jurídica - psicologia e psicologia jurídica - continuação p.31-40
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Ana Vanessa Neves
PSICOLOGIA
JURÍDICA
E D I T R AE D I T R A
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Volum
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APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
CAPÍTULO 1 – PSICOLOGIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE . . . . 15
1. DESENVOLVIMENTO HUMANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2. TEORIAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA . . . 40
CAPÍTULO 2 – PSICOPATOLOGIA E JUSTIÇA . . . . . . . . . . . . . . . .83
1. PSICOPATOLOGIA, PSIQUIATRIA E PSICANÁLISE . . . . . . . . . . . . . . . . 84
2. APLICAÇÕES MÉDICO-LEGAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
CAPÍTULO 3 – REDE DE ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL . . . . . . . . . 139
1. REFORMA PSIQUIÁTRICA: NOVA LÓGICA ASSISTENCIAL . . . . . . . . . . . 140
2. POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
3. REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
CAPÍTULO 4 – TEORIAS DA PERSONALIDADE . . . . . . . . . . . . . . 187
1. ESTUDOS DA PERSONALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
2. TEORIAS COM ÊNFASE NA APRENDIZAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
3. TEORIAS FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
4. ABORDAGENS DE TRAÇOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
5. ABORDAGENS PSICODINÂMICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252
CAPÍTULO 5 – TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS . . . . . . . . . . . . . . . 283
1. FATORES OU AGENTES DE MUDANÇA EM PSICOTERAPIA . . . . . . . . . . 285
2. TERAPIAS COMPORTAMENTAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287
3. TERAPIAS COGNITIVO COMPORTAMENTAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
4. ABORDAGENS PSICODINÂMICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 318
5. PSICOTERAPIAS BREVES PSICODINÂMICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
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Prefácio
99
6. PSICOTERAPIA DE APOIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330
7. INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DAS ABORDAGENS PSICODINÂMICAS 332
8. ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333
9. GRUPOTERAPIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341
10. GRUPOS DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 348
11. GRUPOS COM ENFOQUE COGNITIVO-COMPORTAMENTAL . . . . . . . . 348
12. GRUPOS DE AUTOAJUDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
13. GRUPOS OPERATIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
14. GRUPOS PSICOEDUCATIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353
15. HABILIDADES DO FACILITADOR DE GRUPOS . . . . . . . . . . . . . . . . . 355
CAPÍTULO 6 ÉTICA PROFISSIONAL E RESOLUÇÕES DO CFP . . . . . 359
1. RESOLUÇÃO CFP Nº 010/2005 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
2. RESOLUÇÃO CFP 008/2010 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374
3. RESOLUÇÃO CFP 017/2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 390
4. RESOLUÇÃO CFP 007/2003 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393
5. ASPECTOS HISTÓRICOS, ÉTICOSE INTERDISCIPLINARES DA PSICOLOGIA JURÍDICA . . . . . . . . . . 407
CAPÍTULO 7 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA . . . . . . . . . . . . . . . . . 415
1. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, INSTRUMENTOS E DOCUMENTOS . . . . . . . . 416
2. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA . . . . . . . . . . . . . . . . 420
3. ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 449
4. PERÍCIA PSICOLÓGICA EM CONTEXTO JUDICIAL . . . . . . . . . . . . . . . 454
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 469
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Capítulo 1
PSICOLOGIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
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1 . DESENVOLVIMENTO HUMANO
1 .1 . O QUE É DESENVOLVIMENTO HUMANO
* O termo meio ambiente deve ser entendido como algo muito amplo, que envolve cultura, so-ciedade, práticas e interações.
** Utilizam-se os termos desen-volvimento físico, cognitivo e psicossocial para facilitar o estu-do do desenvolvimento humano, mas devemos estar cientes de que estes aspectos estão interligados e influenciam-se mutuamente du-rante a vida do indivíduo (Brasil, 2002).
Mapa mental 1
Processo de transformação
Desenvolvimentohumano
Complexa
Contínua
Dinâmica
Progressiva
Característicasbiológicasindividuais
Meioambiente
CrescimentoMaturação
CulturaSociedade
PráticasInterações
O termo desenvolvimento humano é utilizado para indicar um processo complexo de transformação contínua, dinâmica e progressiva que começa com a vida, isto é, na concepção, e a acompanha, sendo agente de modificações e aquisições (BRASIL, 2002; PINHEIRO, 2013).
Este processo ocorre durante todo o ciclo vital, por meio da interação entre as características biológicas individuais (crescimento e maturação) e o meio ambiente* ao qual o sujeito é exposto (PAPALIA, OLDS, 2000; ROGOFF, 2005).
O desenvolvimento é um caminhar contínuo, nem sempre linear, e ocorre em diversos campos da existência, tais como o afetivo, cognitivo, social e motor**.
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Psicologia da criança e do adolescenteCapítulo 1
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HEREDITARIEDADE.........................................................
Traços ou características inatas herdadas dos pais biológicos.
MATURAÇÃO..........................................................Desdobramento de uma se-
quência natural de mudanças físicas e comportamentais.
1 .2 . FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO
Diversos fatores indissociáveis e em contínua interação afetam todos os aspectos do desenvolvimento. São eles (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 1999):
1 .2 .1 . Hereditar iedade
Conjunto de processos biológicos que asseguram que cada ser vivo receba e transmita informações genéticas através da reprodução, sendo responsável pelos muitos aspectos fisionômicos do corpo, do funcionamento dos órgãos e do tipo de comportamento.
A carga genética define o potencial do indivíduo, que pode ou não se desenvolver.
Temos como exemplo pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência, no entanto, esta pode se desenvolver aquém ou além do seu potencial, dependendo das condições do meio em que se encontra inserida.
1 .2 .2 . Cresc imento orgânico
Processo responsável pelas mudanças do organismo tanto em tamanho como em complexidade.
Refere-se às transformações do organismo como um todo, sofrendo influências tanto ambientais quanto do processo maturacional.
Por exemplo, pense nas possibilidades de descobertas de uma criança, quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando esta criança estava no berço, com alguns dias de vida.
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1 .2 .3. Maturação Neurof is io lóg ica
Diz respeito ao processo de evolução da maturação do sistema neurofisiológico, tornando possíveis determinados padrões de comportamento.
Como exemplo, temos o processo de alfabetização, que depende dessa maturação, pois para segurar o lápis e manejá-lo como nós é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança de 2 ou 3 anos ainda não tem.
1 .2 .4 . Meio
Diz respeito ao conjunto de influências e estimulações ambientais que interferem nos padrões de comportamento do indivíduo, incluindo cultura, sociedade, práticas e interações.
Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode ter dificuldades para subir e descer uma escada, porque essa situação pode não ter feito parte de sua experiência de vida.
AMBIENTE.......................................................
Totalidade das influências não hereditárias ou experienciais
sobre o desenvolvimento.
Anotações
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Psicologia da criança e do adolescenteCapítulo 1
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Mapa mental 2
Crescimentoorgânico
Maturaçãoneurofisiológica
Meio
HereditariedadeTraços ou características inatasherdadas dos pais biológicos
A carga genética define o potencialdo indivíduo, que pode ou não
se desenvolver
Transformações do organismo como umtodo, sofrendo influências tanto ambientais
quanto do processo maturacional
MaturaçãoDesdobramento de uma sequência natural
de mudanças físicas e comportamentais
Ambiente
Totalidade das influências não hereditáriasou experienciais sobre o desenvolvimento
Evolução do sistema neurofisiológico
Cultura - SociedadePráticas - Interações
FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO
1 .3. PRINCÍP IOS GERAIS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Apesar dos processos implícitos ao crescimento serem bastante complexos, tanto antes quanto após o nascimento, o desenvolvimento humano ocorre de acordo com princípios gerais, conforme apresentado a seguir (Pinheiro, 2013):
1º: O crescimento e as mudanças no comportamento são ordenados e, na maior parte das vezes, ocorrem em sequências invariáveis.
Exemplo:
Certas capacidades cognitivas precedem outras, invariavelmente.
• Nascituros: movem a cabeça antes de poderem abrir as mãos.
• Recém-nascidos: apresentam padrões definidos de crescimento físico e de aumentos nas capacidades motoras e cognitivas.
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• Bebês: passam pela mesma sequência de estágios no desenvolvimento da fala – balbuciam antes de falar, pronunciam certos sons antes de outros e formam sentenças simples antes de pronunciar sentenças complexas.
• Infantes: conseguem se sentar antes de ficar de pé, ficam de pé antes de andar e desenham um círculo antes de poder desenhar um quadrado.
2º: O desenvolvimento é padronizado e contínuo, mas nem sempre uniforme e gradual.
Há períodos de crescimento físico muito rápido – nos chamados estirões ou surtos do crescimento – e de incrementos extraordinários nas capacidades psicológicas.
Exemplos:
• A altura do bebê e seu peso aumentam enormemente durante o primeiro ano, e os pré-adolescentes e adolescentes também crescem de modo extremamente rápido.
• Os órgãos genitais se desenvolvem muito lentamente durante a infância, mas de modo muito rápido durante a adolescência.
• Durante o período pré-escolar, ocorrem rápidos aumentos no vocabulário e nas habilidades motoras.
• Na adolescência, a capacidade individual para resolver problemas lógicos apresenta progresso notável.
3º: Interações complexas entre a hereditariedade e o ambiente (a experiência) regulam o curso do desenvolvimento humano.
Muitos aspectos do físico e da aparência são fortemente influenciados por fatores genéticos – sexo, cor dos olhos e da pele, formato do rosto, altura e peso.
No entanto, fatores ambientais podem exercer forte influência mesmo em algumas dessas características, que são basicamente determinadas pela hereditariedade (altura, peso).
Fatores genéticos influenciam características do temperamento, tais como tendência para ser calmo e relaxado ou tenso e pronto a reagir.
A hereditariedade pode também estabelecer os limites para o desenvolvimento da inteligência.
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Psicologia da criança e do adolescenteCapítulo 1
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No entanto, como e sob que condições as características temperamentais ou de inteligência se manifestarão depende de muitos fatores do ambiente.
Exemplo:
A filha de um bem-sucedido homem de negócios e de uma advogada apresenta quociente intelectual de 140, o que é muito alto.
Esse resultado é o produto de sua herança de um potencial alto ou de um ambiente mais estimulante no lar? Muito provavelmente é o resultado da interação dos dois fatores.
Por esta razão, é extremamente difícil distinguir os efeitos dos dois conjuntos de determinantes sobre características específicas observadas.
4º: Todas as características e capacidades do indivíduo, assim como as mudanças de desenvolvimento, são produtos de dois processos básicos, embora complexos: maturação e experiência.
A maturação é entendida como o processo de mudanças orgânicas neurofisiológicas e bioquímicas que ocorrem no corpo do indivíduo e que são relativamente independentes de condições ambientais externas, de experiências ou de práticas.
A experiência diz respeito ao conhecimento adquirido pela aprendizagem, seja pela observação ou por treino.
A aprendizagem e a maturação quase sempre interagem, tornando difícil distinguir seus efeitos ou especificar suas contribuições relativas ao desenvolvimento psicológico.
Certamente, o crescimento pré-natal e as mudanças na proporção do corpo e na estrutura do sistema nervoso são direcionados por processos de maturação.
Em contraste, o desenvolvimento das habilidades motoras e das funções cognitivas depende da maturação, das experiências e da interação entre os dois processos.
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5º: Características de personalidade e respostas sociais, emocionais e modos habituais de reagir são, em grande proporção, aprendidos, ou seja, o resultado de experiência e prática ou exercício.
ATENÇÃO! Este princípio não nega o fato de que fatores genéticos e de maturação desempenham importante papel na determinação do que e como o indivíduo aprende, apenas propõe que, neste caso, a experiência tem maior influência.
6º: Há períodos críticos ou sensíveis para o desenvolvimento de certos órgãos do corpo e de certas funções psicológicas.
Exemplo:
Existem períodos críticos no desenvolvimento do coração, olhos, rins e pulmões do feto. Caso ocorram interferências no desenvolvimento normal durante esses períodos (rubéola, infecção), é possível que surjam deficiências ou disfunções permanentes.
7º: As experiências das crianças, em qualquer etapa do desenvolvimento, afetam seu desenvolvimento posterior.
Exemplo:
Caso uma mulher grávida sofra problemas severos de desnutrição, a criança em formação pode não desenvolver o número normal de células cerebrais e, portanto, nascer com deficiência mental.
Os bebês que passam os primeiros meses em ambientes muitos monótonos e não estimulantes apresentam deficit em atividades cognitivas e desempenho muito fraco em testes de funcionamento intelectual em idades posteriores.
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1 .4 . ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Ao estudarmos o desenvolvimento humano, devemos estar cientes de que todos os seus aspectos estão interligados e influenciam-se mutuamente durante a vida do indivíduo (Brasil, 2002), mas, para facilitar o estudo, este intrincado processo tem sido apresentado a partir de quatro aspectos básicos (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 1999):
Físico-motor
Transformação quantitativa Transformações qualitativas
IntelectualAfetivo-
emocionalSocial
1 .4 .1 . Aspecto f ís ico-motor
Refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo.
Exemplo:
Por volta dos 7 meses a criança leva a chupeta à boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, pois já coordena os movimentos das mãos.
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1 .4 .2 . Aspecto inte lectua l
Capacidade de pensamento, raciocínio.
Exemplo:
A criança de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo de um móvel ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário.
1 .4 .3. Aspecto afet ivo-emociona l
O modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte deste aspecto.
Exemplo:
A vergonha que sentimos em algumas situações, o medo em outras, a alegria de rever um amigo querido.
1 .4 .4 . Aspecto Socia l
A maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas.
Exemplo:
Em um grupo de crianças, no parque, é possível observar algumas que espontaneamente buscam outras para brincar e algumas que permanecem sozinhas.
Ao analisar esses exemplos, você deve ter percebido que cada um dos aspectos está presente também nos demais casos. Não é possível encontrar um exemplo "puro", pois todos esses aspectos se relacionam permanentemente.
Anotações
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Psicologia da criança e do adolescenteCapítulo 1
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Exemplo:
Uma criança com deficiência auditiva não detectada apresenta dificuldades de aprendizagem, repete o ano, vai se tornando cada vez mais "tímida" ou "agressiva", com poucos amigos.
Quando a deficiência é corrigida, é possível reverter todo o quadro, mas caso não seja percebida, o quadro pode ter desdobramentos graves (depressão, desistência dos estudos).
Para entender o comportamento de um indivíduo, em qualquer etapa do seu desenvolvimento, é necessário conhecer tanto as mudanças cognitivas, sociais, emocionais e biológicas, como também qual o impacto que cada uma delas pode ter sobre todas as outras (CÓRIA-SABINI, 2004, p. 18).
As teorias do desenvolvimento humano têm como pressuposto a compreensão de que esses quatro aspectos são indissociáveis, mas elas enfatizam aspectos diferentes, ou seja, estudam o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos.
Exemplo:
A Psicanálise estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo-emocional, isto é, do desenvolvimento da sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual.
Anotações
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Piaget considera quatro períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 1999).
Piaget descreveu quatro estágios principais que levam à capacidade do pensamento adulto. Um é requisito para o próximo, mas a forma como crianças diferentes avançam por esses estágios varia conforme sua herança genética e circunstâncias ambientais (EIZIRIK et al., 2013; p. 20).
ATENÇÃO! A teoria piagetiana tenta explicar o desenvolvimento do pensamento do indivíduo, não o desenvolvimento da personalidade ou da identidade.
ATENÇÃO! A sequência em que ocorrem as etapas é fixa, pois uma etapa é requisito para a próxima, mas a divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida!
• 1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)
• 2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
• 3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
• 4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)
Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diversas de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras de o indivíduo se relacionar com a realidade que o rodeia (COLL, GILLIÈRON, 1992).
De modo geral, todos os indivíduos vivenciam essas quatro fases na mesma sequência, porém o início e o término de cada uma delas podem sofrer variações em função das características da estrutura biológica de cada indivíduo e da riqueza (ou não) dos estímulos proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver inserido.
Estudaremos cada uma das etapas detalhadamente quando nos debruçarmos sobre a teoria proposta por Piaget.
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Psicologia da criança e do adolescenteCapítulo 1
4141
Mapa mental 4
Epistemologiagenética
Teoria de etapas
Pressuposto:Os seres humanos passampor uma série de mudançasordenadas e previsíveis.
Comportamento
Interacionista
Indivíduo
Meio
Como biólogo, Piaget estava interessado em como um organismo se adapta ao seu ambiente.
O comportamento é controlado através de organizações mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza para representar o mundo e designar as ações.
Os esquemas constituem a nossa estrutura básica. Podem ser simples, como uma resposta específica a um estímulo – sugar o dedo quando ele se encosta aos lábios – ou, complexos, como o modo de solucionarmos problemas matemáticos. Os esquemas estão em constante desenvolvimento e permitem que o indivíduo se adapte aos desafios ambientais.
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Psicologia da criança e do adolescenteCapítulo 1
6161
Tabela 1: Caracterização dos estágios de desenvolvimento na teoria de Erikson
SEQUÊNCIA DE OITO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DA TEORIA DE ERIK ERIKSONIdade(anos)
Estágio desenvolvimental Conflito Atividade primária Relações
significativasResolução favorável
0 – 1 Período de bebêConfiança básica
xDesconfiança
Cuidado estável e consistente por
parte dos pais
Cuidador principal(díade)
Confiança e otimismo
1 a 2 Infância inicial
AutonomiaX
Dúvida/vergonha
Cuidado estável e consistente por
parte dos paisPessoas dos pais
Senso de autonomia e autoestima
3 a 5 Idade do brincarIniciativa
xCulpa
Exploração do ambiente Família nuclear Autossuficiência
e propósito
6 a 11 Idade escolarCompetência
xInferioridade
Aquisição de conhecimentos
Família, vizinhos e escola
Senso de competência e realização
12 a 19 Adolescência
Identidadex
Confusão deIdentidade
Vocação e personalidade
coerentes
Pares dos grupos ou de fora deles
Autoimagem integrada
20 a 25 Idade adulta jovem
Intimidadex
Isolamento
Relacionamentos profundos e duradouros
Amigos, colegas de trabalho e parceiros
amorosos;Competição e cooperação
Habilidade para experienciar o amor e o
compromisso
26 a 64 Idade adultaGeneratividade
xEstagnação
Engajamento criativo e produtivo
na sociedade
Trabalho dividido e responsabilidades
domésticas compartilhadas
Preocupação com a família, sociedade e
gerações futuras
A partir dos 65 anos
VelhiceIntegridade
xDesespero
Revisão e avaliação da vida
Família estendia e humanidade
Senso de satisfação;Aceitação da morte
O nosso destaque para fins de concursos na área jurídica são as fases e crises características da fase de bebê até a adolescência. Por essa razão, você precisa realmente dominar esse conteúdo, visto que tem grande destaque em muitas provas. A seguir, apresentarei também as características das fases adultas até a velhice, visto que você precisa conhecer quais são as crises de todas as etapas para não cair em armadilhas das bancas organizadoras de concursos.
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Psicologia da criança e do adolescenteCapítulo 1
8181
Bowlby (2006) afirma que em qualquer idade os efeitos sobre o desenvolvimento irão depender da exata natureza da experiência a que a criança foi submetida.
No entanto, o autor defende que o primeiro ano de vida é de importância vital e que a privação nesse período de vida pode resultar em considerável prejuízo para a saúde mental.
Quando ocorre a privação materna em período muito precoce, a única medida com chances de sucesso consiste em colocar a criança morando por muito tempo com um adulto que tenha um insight do problema, seja competente para lidar com ele e disponha de tempo ilimitado para dedicar-se à criança (BOWLBY, 2006; p. 50).
A recomendação do autor é que, caso haja necessidade de afastar a criança de seus pais, sejam designados como cuidadores permanentes parentes ou vizinhos com os quais a criança tenha familiaridade ou que nutram por ela o carinho e o interesse fundamentais para que possam prestar-lhe a assistência necessária.
Algumas descobertas sugerem que a privação da mãe pode ter efeitos particularmente negativos sobre determinados processos psicológicos. A sequela em cada processo depende do estágio de desenvolvimento em que a criança sofreu a privação. Os processos mais vulneráveis parecem ser:
a. Processos intelectuais – a linguagem e a abstração;
b. Processos de personalidade – aqueles subjacentes à capacidade de estabelecer e manter relações interpessoais profundas e significativas; capacidade de controlar os impulsos em benefício de objetivos de longo prazo.
Na maior parte dos casos, as crianças que sofreram privação necessitam não tanto de substitutos para seus próprios lares, mas de experiências familiares primárias satisfatórias.
Entende-se por experiência familiar primária aquela em que o meio se adapta às necessidades especiais do bebê ou da criança pequena, e sem a qual não se formarão as estruturas básicas para a saúde mental. Se não houver uma pessoa especificamente voltada para a satisfação das suas necessidades, o bebê não poderá alcançar uma relação operativa com a realidade externa.
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Visando diminuir ao máximo as sequelas emocionais da privação materna, Bowlby recomenda que, nas situações em que o bebê realmente não poderá ser criado por seus pais, deverá ser providenciada sua adoção o mais cedo possível, nos primeiros dias de vida, pois assim terá maiores chances de se desenvolver emocionalmente através da formação de um vínculo afetivo seguro com um cuidador permanente substituto.
SÍNTESE
Tabela: Caracterização geral das teorias do desenvolvimento (PAPALIA, FELDMAN, 2008 - adaptada)
COGNITIVAPIAGET Mudanças qualitativas no pensamento ocorrem entre a primeira infância e a
adolescência. As crianças desencadeiam ativamente o desenvolvimento.
VYGOTSKY A interação social é central para o desenvolvimento cognitivo.
EVOLUCIONISTA BOWLBYSeres humanos possuem mecanismos adaptativos para sobreviver. Períodos críticos ou períodos sensíveis são enfatizados. As bases evolucionistas e biológicas do comportamento e a predisposição para a aprendizagem são importantes.
PSICANALÍTICAFREUD O comportamento é controlado por poderosos impulsos inconscientes.
ERIKSON A personalidade é influenciada pela sociedade e se desenvolve por meio de uma série de crises.
Anotações
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