Carnívoros silvestres: a percepção discente em uma escola da área rural de barra mansa (RJ)...

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PEÔNIA BRITO DE MORAES PEREIRA CARNÍVOROS SILVESTRES: A PERCEPÇÃO DISCENTE EM UMA ESCOLA DA ÁREA RURAL DE BARRA MANSA (RJ) ASSOCIADA A UM CASO DE PREDAÇÃO DE BOVINO POR ONÇA-PINTADA (PANTHERA ONCA) NA REGIÃO. Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Ciência Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Educação Ambiental. ORIENTADOR: PROF. DR. JOEL DE ARAUJO Niterói 2009

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PEÔNIA BRITO DE MORAES PEREIRA

CARNÍVOROS SILVESTRES: A PERCEPÇÃO DISCENTE EM UMA ESCOLA DA

ÁREA RURAL DE BARRA MANSA (RJ) ASSOCIADA A UM CASO DE

PREDAÇÃO DE BOVINO POR ONÇA-PINTADA (PANTHERA ONCA) NA REGIÃO.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Ciência Ambiental da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Mestre. Área de Concentração: Educação

Ambiental.

ORIENTADOR: PROF. DR. JOEL DE ARAUJO

Niterói

2009

P436 Pereira, Peônia Brito de Moraes

Carnívoros silvestres: a percepção discente em uma escola pública

da área rural de Barra Mansa (RJ) associada a um caso de predação

de bovino por onça-pintada (Panthera onca) na região / Peônia Brito

de Moraes Pereira. – Niterói : [s.n.], 2009.

210 f.

Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) – Universidade

Federal Fluminense, 2009.

1. Educação ambiental. 2. Percepção ambiental. 3. Onça-pintada.

I. Título.

CDD 372.357098153

PEÔNIA BRITO DE MORAES PEREIRA

CARNÍVOROS SILVESTRES: A PERCEPÇÃO DISCENTE EM UMA ESCOLA DA

ÁREA RURAL DE BARRA MANSA (RJ) ASSOCIADA A UM CASO DE

PREDAÇÃO DE BOVINO POR ONÇA-PINTADA (PANTHERA ONCA) NA REGIÃO.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Ciência Ambiental da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Mestre. Área de Concentração: Educação

Ambiental.

Aproada em 31 de agosto de 2009.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________

Prof. Dr. JOEL DE ARAUJO - Orientador

Universidade Federal Fluminense - UFF

_________________________________________________________________

Prof. Dr. CÉLIO MAURO VIANA - Membro interno

Universidade Federal Fluminense - UFF

_________________________________________________________________

Profª. Dra. CRISTINA APARECIDA GOMES NASSAR - Membro externo

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Niterói

2009

À minha avó Lygia (“Nana”)- in memoriam -

que mesmo sem compreender muito bem meu

desejo de ter a onça (“... esse animal tão

perigoso...”!) como objeto de estudo ou de

trabalho, sempre me apoiou em tudo e da

melhor forma possível. Sem ela eu não teria

chegado a lugar algum. A ela meu eterno

amor e agradecimento. Nana muito obrigada

por ter existido em minha vida!

AGRADECIMENTOS

Difícil agradecer sem o medo de esquecer alguém que tenha ajudado, seja tal ajuda na

prática, seja com palavras, gestos ou pensamentos positivos... Começo agradecendo a Deus

pelo Dom da Vida, por tudo que pude viver até hoje e pela oportunidade de realizar este

trabalho, que nasceu de uma sementinha entregue a mim na forma de notícia de jornal. Minha

“madrinha” Santa Bárbara e meu “padrinho” São Francisco de Assis foram (e são!) também

essenciais, tanto nos diversos momentos da minha existência quanto nas diversas fases de

realização deste trabalho - sempre presentes, embora invisíveis a uma primeira vista!

Agradeço também, (como não!) ao meu anjo da guarda incansavelmente presente ao meu lado

e sempre fazendo com que os problemas se resolvessem, por mais em cima da hora que

estivesse! Passo, então, a agradecer a todos os anjos de carne e osso que estiveram e estão ao

meu lado - meus familiares e amigos. A meus pais, Ládice e Fernando, por terem me colocado

neste mundo louco, porém belo; a meu pai especialmente pelos puxões de orelha que sempre

fizeram (e fazem!) eu me tornar uma pessoa melhor, por sua presença constante na minha

vida e pelo “paitrocínio” é claro (!), à minha mãe por seu espírito aventureiro e sua

personalidade inigual, que me proporcionam enxergar o mundo de um ângulo incomum, e por

ajudar a tomar conta do meu “filho” Viralata (aproveitando para agradecer também a ele por

me proporcionar tantos momentos de alegria!). À minha irmã Fernanda, por contribuir

(mesmo que de forma involuntária!) para que eu não me tornasse uma eterna filha única, sem

ter com quem discutir e brigar de modo descabido devido a formas muito distintas de

enxergar e entender o mundo. À minha avó Lygia (Nana) - in memoriam - por ter me criado e

dado toda força possível, assim como ao meu avô Brito - in memoriam - que também me

criou, embora por menos tempo, mas que vinha todas as noites, ao meu quarto desejar “Boa

noite, Flor da noite”. Ao meu avô Gustavo - in memoriam - pelas brincadeiras nos lanches de

domingo e a minha outra avó Lygia por sua atual presença na minha vida e pelos constantes

pensamentos positivos e orações feitas me desejando o que há de melhor. À meu namorado

Maurício Salgado, por toda força dada, desde as ajudas com a tradução de textos em inglês e

construção do abstract, passando pelas noites em claro (ou mesmo dormindo!) me fazendo

companhia à distância via skype, e culminando nestes quase 4 anos de convivência

fisicamente “looooooooonge” (!) mas perto em pensamento e objetivos de vida. À Dona Léa

e Seu Geraldo (meus avós de consideração!) por, há cerca de 5 anos atrás, terem recortado do

jornal e me entregado, uma notícia sobre o aparecimento de uma onça-pintada em Barra

Mansa - a semente deste trabalho. À Amanda Nogueira pelos imãs de onça, por me aturar

como amiga há mais de 20 anos e por toda atenção e carinho dispensados principalmente nos

45 minutos do segundo tempo de elaboração desta dissertação. À Juliana Morais, Guilherme

Brandt (Panda) e Rubem Barros, por terem ajudado a construir minha personalidade através

de ótimos momentos de convivência na infância e adolescência. À Camila de Barros

(Camilinha), Ronaldo Figueiró e “os de sempre” (Jackline Ayres, André Ferreira, Tiago

Branquinho e Leonardo Azevedo), pela amizade formada e por todo o período de convivência

durante a faculdade, que com certeza influenciaram minha formação como bióloga. À

Helensandra Louredo (Lontra!), por ter se tornado minha mais nova amiga-irmã, pelo carinho

e por sua presença, disponibilidade e força durante todos os momentos do mestrado. Aos

novos amigos e companheiros de trabalho do IBGE principalmente Camila, Karen, Bernardo

e Maurício pelo apoio e incentivo, à Patrícia Vida pela compreensão e em especial à Vania

Nagem pela força, paciência e constante disponibilidade em ajudar. Ao pessoal do

CENAP/ICMBio, pela disponibilidade em ajudar, em especial Rogério Cunha e Tathiana

Bagatini pelo auxílio e acolhida durante o desenrolar do Projeto Amigos dos Carnívoros em

Barra Mansa, Ronaldo Morato por disponibilizar os dados acerca da predação em Amparo e

Peter Crawshaw pela paciência em tirar minhas dúvidas e pelo incentivo (e por ter me cedido

as duas lindas fotos de onça-pintada que ilustram essa dissertação!). À todas as pessoas que

em algum momento participaram do Projeto Amigos dos Carnívoros, em especial os

membros da Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa, pela troca de experiências e

idéias.À toda comunidade da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable pela acolhida sem

ressalvas, em especial à diretora Dayse Luz pela sua amizade e simpatia, às professoras

Eliane, Eledir e Gilcinéia e aos funcionários Leonardo, Márcia e Silvana. Aos professores

Célio Mauro e Cristina Nassar pela amizade, por aceitarem fazer parte da minha banca

avaliadora e pela compreensão no momento da entrega do exemplar para a defesa. Por fim, ao

meu orientador Joel de Araujo, por ter acreditado desde o início em meu trabalho, dando toda

a força possível (além de alguns empurrõezinhos!) para que se concretizasse e também pela

amizade formada e por toda paciência, compreensão e disponibilidade dispensadas durante

todo o tempo.

A todos esses seres queridos, muito obrigada!

“Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas...”

(SÃO FRANCISCO DE ASSIS, Cântico das Criaturas)

RESUMO

A presente pesquisa surgiu a partir da ocorrência e divulgação, na mídia, de um caso de

predação de bovino por onça-pintada (Panthera onca) no distrito de Nossa Senhora do

Amparo, município de Barra Mansa (RJ), fato que mobilizou a população deste distrito, em

especial a comunidade acadêmica da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable nele

localizada. A partir de então, a supracitada escola juntamente com outros atores, acabaram por

elaborar e desenvolver atividades no contexto escolar - em especial uma cartilha - versando

sobre a questão da predação e sobre os carnívoros silvestres brasileiros e tendo a onça como

tema principal. Diante destes fatos, esta pesquisa possui como objetivo geral conhecer a(s)

percepção(ões) da comunidade discente compreendida entre o 5º e o 9º anos do Ensino

Fundamental da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable acerca dos carnívoros silvestres e

da onça-pintada (Panthera onca), tendo como base a ocorrência – na região onde tal escola se

localiza – de um caso de predação de bovino por esta espécie e como objetivos específicos

registrar/ descrever quali-quantitativamente, a(s) percepção(ões) encontrada(s); discutir a(s)

necessidade(s), o(s) limite(s) e a(s) possibilidade(s) de mudança(s) na(s) percepção(ções)/

concepção(ões) da população acadêmica; analisar as atividades realizadas no contexto escolar

– após a ocorrência da predação – voltadas à questão dos carnívoros silvestres e da onça, com

ênfase na cartilha elaborada pela escola e sugerir atividades didático-pedagógicas, tendo

como base o caso de predação de bovino por onça-pintada e esta espécie como “espécie-

bandeira”. Para tal, foi aplicado um instrumento de pesquisa na forma de questionário para

todos os discentes do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental da escola em questão. Diante dos

resultados obtidos, concluiu-se que, apesar das atividades acadêmicas desenvolvidas e da

cartilha elaborada, ainda é necessário que haja mais alguns investimentos didático-

pedagógicos para a comunidade discente da referida escola, visto que não apenas os conceitos

ensinados, mas também as formas de abordagem utilizadas, não se mostraram adequados,

havendo ainda uma lacuna de conhecimento acerca dos carnívoros e da onça entre os alunos

pesquisados. Desta forma, este trabalho sugere que seja desenvolvida, com a comunidade

discente em questão, uma série de atividades didático-pedagógicas e lúdicas, novamente

versando sobre os carnívoros e tendo a onça como símbolo. Tais atividades seriam a

realização de jogos e a exibição de filmes (com uma posterior discussão envolvendo a

participação ativa dos alunos), seguidas pela montagem, na escola, de uma exposição aberta à

comunidade local contendo trabalhos realizados pelos próprios alunos, baseados no conteúdo

assimilado pelos mesmos em decorrência das duas primeiras atividades.

Palavras-chave: Educação ambiental. Percepção ambiental. Onça-pintada.

ABSTRACT

This study arose from the occurrence and media coverage of a case of cattle predation by

jaguars (Panthera onca) in the district of Nossa Senhora do Amparo, Barra Mansa (RJ), that

event mobilized the population of this district, especially the academic community of the

Municipal School Jahyra Fonseca Drable. Since then, the aforementioned school along with

other actors, developed and implemented activities in the school context - particularly a

booklet – dealing with the issue of predation and wild carnivores in Brazil and with the jaguar

as the main theme. Given these facts, this research has as main objective to know the

perceptions of the student community of the Municipal School Jahyra Fonseca Drable,

between the fifth and ninth years of elementary school, about the wild carnivores, with

emphasis on jaguar (Panthera onca) and based on one case of predation of cattle, occurred in

2004 in the region, and as specific objectives to register and describe qualitative and

quantitatively the perceptions found; discuss needs, limits and possibilities in changing

perceptions and conceptions of the academic population; analyze tasks performed in the

school context, after the occurrence of predation, focused on the issue of wild carnivores and

jaguars, with emphasis on the booklet prepared by the school and suggest didactic activities,

based on the case of cattle predation by jaguars and this species as "flagship species". To this

end, we applied a research tool in the form of a questionnaire to all students from the fifth to

ninth year of elementary school in question. It was concluded that despite the academic

activities implemented at the school and the production of the booklet, it is still necessary to

have more didactic investments for the student community of this school, since not only the

concepts taught, but also the approach used proved inadequate, as there is still a lack of

knowledge about carnivores and the jaguar among students surveyed. Thus, this study

suggests a series of educational and entertaining activities to be developed with the student

community in question, again dealing with carnivores and the jaguar as a symbol. Such

activities include the usage of games and videos (with a further discussion involving the

participation of students), followed by an exhibition open to the local community at the

school, consisting of works performed by the students themselves, based on content learned

with the first two activities.

Keywords: Environmental awareness. Environmental perception. Jaguar.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição dos seis biomas continentais brasileiros de acordo com o território

nacional; p. 33

Figura 2: Área de distribuição original do Domínio da Mata Atlântica no território brasileiro

e atuais fragmentos remanescentes da Mata Atlântica brasileira; p. 36

Figuras 3 e 4: Indivíduos de onça-pintada (Panthera onca); p. 53

Figura 5: Áreas de ocorrência de indivíduos e populações de onça pintada (P. onca); p. 54

Figura 6: Foto de dois dos jornais que divulgaram, logo após o aparecimento da onça-pintada

em abril de 2004, notícias exageradas e alarmantes, p. 58

Figura 7: Carcaça de bovino, pertencente à Fazenda Jaqueira, que foi atacado e predado por

onça-pintada; p. 58

Figuras 8 e 9: Diferentes ângulos da carcaça predada, enfatizando os ferimentos sofridos,

cuja análise levou à comprovação da predação por onça-pintada; p. 59

Figura 10: Pegadas de onça-pintada, encontradas próximas ao local onde estava a carcaça do

bovino predado; p. 59

Figura 11: Comparação entre o tamanho de uma das pegadas encontradas e a mão humana,

fato que comprova que a predação foi feita por onça-pintada; p. 59

Figuras 12, 13 e 14: Palestra dos técnicos do CENAP/ICMBio para a comunidade do distrito

de N.ª S.ª do Amparo; p. 60

Figura 15: Dois modelos de cartilhas distribuídas pelo CENAP/ICMBio durante a palestra

promovida no distrito; p. 60

Figura 16: Alunos da E. M. Jahyra F. Drable participando da atividade de “colocar o rabo na

onça-pintada”, durante a “III Olimpíada Rural de Amparo”, cujo tema era esta espécie de

animal; p. 62

Figura 17: Modelo de cartilha sobre a onça-pintada, elaborado na EMJFD; p. 62

Figuras 18 e 19: Primeira reunião com os participantes do futuro “Projeto Amigos dos

Carnívoros”, ocorrida na sede da CMA de Barra Mansa em setembro de 2005; p. 66

Figura 20: Desenho da aluna Ângela Maria Soares, estudante da Escola M. Jahyra F. Drable,

escolhido para dar origem ao nome do projeto coordenado pela CMA de Barra Mansa; p. 67

Figuras 21 e 22: Quinta reunião do Projeto Amigos dos Carnívoros realizada em agosto de

2006 na sede da CMA de Barra Mansa; p. 67

Figuras 23 e 24: Sexta reunião do Projeto Amigos dos Carnívoros realizada em outubro de

2006 no município de Barra do Piraí; p. 67

Figura 25: Desenho escolhido como logotipo do “Projeto Amigos dos Carnívoros”; p. 69

Figura 26: Versão final da cartilha, para ser distribuída; p. 69

Figuras 27, 28, 29 e 30: Diferentes momentos da solenidade realizada para o lançamento

regional do Projeto Amigos dos Carnívoros e para apresentação e distribuição da versão final

da cartilha; p. 70

Figura 31: Pôster colocado na Sala dos professores da Escola Municipal Jahyra F. Drable

falando sobre o recebimento do prêmio “Selo Escola Solidária” por parte da mesma; p. 70

Figura 32: Mapa do estado do Rio de Janeiro com ênfase no município de Barra Mansa e

com destaque ao seu 4º distrito, denominado Nossa Senhora do Amparo, local do presente

estudo; p. 84

Figura 33: Imagem de satélite mostrando a vila central do distrito de Nossa Senhora do

Amparo e seu entorno, sendo possível notar as áreas de pastagem e alguns fragmentos de

mata existentes; p. 88

Figuras 34 e 35: Vistas parciais de duas fazendas do distrito de N.ª S.ª do Amparo; p. 88

Figuras 36 e 37: Rua localizada na vila central do distrito de N.ª S.ª do Amparo, cujo

calçamento foi feito na época do Ciclo do Café e um dos casarões históricos localizados nesta

rua; p. 89

Figuras 38 e 39: Vistas parciais da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, construída em 1853

e localizada na praça principal da vila central do distrito; p. 89

Figuras 40 e 41: À esquerda vistas parciais da praça onde está localizada a EMJFD e do

Centro Social João XXII. À direita vistas parciais do Colégio Estadual Nª. Sª. do Amparo e do

casarão sede do Artesanato Stella Carvalho, local onde também funciona a biblioteca do

distrito; p. 89

Figura 42: Atual vista frontal da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable; p. 91

Figura 43: Imagem de satélite mostrando a vila do Distrito de Nª. Sª. do Amparo, com

destaque à EMJFD ao centro (construção de cor clara em formato quadrado) e sua quadra

esportiva anexa; p. 91

Figuras 44: Quadros com a foto da D. Jahyra Fonseca Drable e seu histórico de vida,

colocados na parede da secretaria da EMJFD; p. 92

Figuras 45: Placa de re-inauguração da EMJFD, colocada na parede do pátio interno da

escola; p.92

Figuras 46 e 47: Vistas parciais dos pátios interno e externo da EMJFD; p. 92

Figuras 48 e 49: Vistas parciais do refeitório e da cozinha da EMJFD; p. 93

Figuras 50 e 51: Vistas parciais de uma das salas de aula da EMJFD; p.93

Figuras 52 e 53: Vistas parciais da sala dos professores e da sala da administração/secretaria

da EMJFD; p. 93

Figura 54: Aluno morador de propriedade rural sendo deixado em casa pelo transporte

escolar da EMJFD; p. 95

Figuras 55 e 56: Diferentes momentos da tradicional Festa Julina do Distrirto de Nª. Sª do

Amparo, realizada na quadra poliesportiva anexa à EMJFD (atentar à foto inferior com os

cavalos presos na árvore, que de fato demonstra o caráter rural do distrito, uma vez que alguns

moradores foram à festa utilizando tais animais como meio de transporte.); p. 98

Figuras 57, 58 e 59: Alunos da EMJFD de diferentes turmas e anos de ensino respondendo o

questionário definitivo; p. 99

Figura 60: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta fechada de nº 1: “Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre animais

carnívoros na escola Jahyra Drable?”; p. 105

Figura 61: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta fechada de nº 7: “Você acha que existem animais carnívoros vivendo em alguma

mata perto da sua casa?”; p. 124

Figura 62: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta fechada de nº 9: “Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre onça na

escola Jahyra Drable?”; p. 133

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Eixos temáticos e autores que compõem o referencial teórico deste trabalho; p. 30

Quadro 2: Total de funcionários da EMJFD no ano de 2008 (excluindo o corpo docente),

distribuídos por tipo de serviço realizado; p. 94

Quadro 3: Quantidade de alunos da EMJFD por turma de Ensino Fundamental em fevereiro

de 2008 (início do ano letivo) e no mês de novembro deste mesmo ano; p. 96

Quadro 4: Perguntas do questionário, seu tipo e respectivo número no mesmo; p. 101

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta

aberta de nº 1A: “O que você lembra?”; p. 107

Tabela 2: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta

aberta de nº 2: “Para você o que é um animal carnívoro?”; p. 109

Tabela 3: Quantidade (valor absoluto) de animais citados, em termos totais e para cada ano

de ensino, como resposta da pergunta aberta de nº 3: “Diga o nome de animais que você acha

que são carnívoros:”; p. 110 e 111

Tabela 4: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta

aberta de nº 4: “O que mais você lembra ou sabe sobre animais carnívoros?”; p. 113

Tabela 5: Respostas obtidas (valor absoluto), em termos totais e para cada ano de ensino,

para a pergunta aberta de nº 4A: “Onde você aprendeu isso?”; p. 115

Tabela 6: Quantidade (valor absoluto) de animais mais citados, em termos totais e para cada

ano de ensino, como resposta da pergunta aberta de nº 5: “Qual animal carnívoro você já viu

de perto?”; p. 117

Tabela 7: Respostas obtidas (valor absoluto), em termos totais e para cada ano de ensino,

para a pergunta aberta de nº 5A: “Onde você viu?”; p. 119

Tabela 8: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta

aberta de nº 6: “Como você acha que devemos tratar os animais carnívoros?”; p. 120

Tabela 9: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta

aberta de nº 6A: “Por que você acha isso?”; p. 122

Tabela 10a: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 7A: “Por que você acha isso?” (referentes aos alunos que responderam

“sim” na pergunta de nº 7); p. 125

Tabela 10b: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 7A: “Por que você acha isso?” (referentes aos alunos que responderam

“não” na pergunta de nº 7); p. 127

Tabela 11: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 8: “O que você faria se encontrasse um animal carnívoro em

Amparo?”; p. 129

Tabela 12: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 8A: “Por que você faria isso?”; p. 131

Tabela 13: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 9A: “O que você lembra?”; p. 134

Tabela 14: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 10: “O que você acha que a onça come quando está na natureza?; p.

136

Tabela 15: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 11: “O que mais você lembra ou sabe sobre as onças?”; p. 138

Tabela 16: Respostas obtidas (valor absoluto), em termos totais e para cada ano de ensino,

para a pergunta aberta de nº 11A: “Onde você aprendeu isso?”; p. 140

Tabela 17: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 12: “O que você faria se encontrasse uma onça em Amparo?”; p. 141

Tabela 18: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a

pergunta aberta de nº 12A: “Por que você faria isso?”; p. 143

Tabela 19: Respostas obtidas (valor absoluto), em termos totais e para cada ano de ensino,

para a pergunta semi-aberta de nº 13: “Marque uma atividade sobre carnívoros que você

gostaria de participar:”; p. 145

LISTA DE SIGLAS

APRONAM Associação dos Produtores Rurais de Nossa Senhora do Amparo

CDB Convenção Sobre a Diversidade Biológica

CENAP Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros

CI Conservação Internacional

CMA Coordenadoria de Meio Ambiente (do município de Barra Mansa).

EA Educação Ambiental

EMJFD Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable.

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IEF Instituto Estadual de Floresta (do estado do Rio de Janeiro)

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

ONG Organização não-governamental

ONU Organização das Nações Unidas

REBIA Rede Brasileira de Informação Ambiental

SEMA Secretaria de Meio Ambiente (do estado de São Paulo)

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 24

1.1. Considerações iniciais ..................................................................................................... 25

1.2. O Problema ...................................................................................................................... 27

1.3. Justificativa ...................................................................................................................... 28

1.4. Objetivos .......................................................................................................................... 29

1.4.1. Objetivo geral ........................................................................................................ 29

1.4.2. Objetivos específicos .............................................................................................. 30

1.5. Referencial Teórico ......................................................................................................... 30

2. O BRASIL, A MATA ATLÂNTICA & A CRISE DA BIODIVERSIDADE ................. 31

2.1. Brasil, (bio)diversidade singular ...................................................................................... 32

2.2. Mata Atlântica: do extenso verde contínuo a pequenos fragmentos de esperança .......... 35

2.3. Uma luz no fim do túnel: os corredores ecológicos como possível estratégia de resgate da

fauna dividida pela fragmentação dos habitats ....................................................................... 40

3. DEFININDO OS CARNÍVOROS E COMENTANDO SUAS CARACTERÍSTICAS E

POSSÍVEIS IDENTIDADES ................................................................................................. 44

3.1. Os mamíferos carnívoros da Ordem Carnivora .............................................................. 45

3.2. Carnívoros como predadores de animais domésticos ...................................................... 47

3.3. Carnívoros não-carnívoros? Uma miscelânea conceitual ................................................ 48

3.4. Carnívoros silvestres brasileiros ...................................................................................... 50

4. O CASO DA ONÇA-PINTADA EM BARRA MANSA ................................................. 52

4.1. A onça-pintada ou Panthera onca ................................................................................... 53

4.2. A predação de bovino por onça-pintada em Amparo: quando o problema vira uma

oportunidade educativa ........................................................................................................... 56

4.3. O Projeto Amigos dos Carnívoros ................................................................................... 63

5. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM A PERCEPÇÃO DOS

ANIMAIS, EM ESPECIAL OS CARNÍVOROS SILVESTRES .......................................... 72

5.1. Educação e Percepção Ambientais .................................................................................. 73

5.2. A Percepção e as atitudes acerca dos animais, em especial dos carnívoros silvestres .... 77

6. METODOLOGIA .............................................................................................................. 83

6.1. Localização e características da área de estudo ............................................................... 84

6.1.1. Breve histórico do município de Barra Mansa (RJ) ............................................... 84

6.1.2. O distrito rural de Nossa Senhora do Amparo ....................................................... 86

6.1.3. A Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable (EMJFD) .......................................... 90

6.2. Definindo a metodologia ................................................................................................. 95

6.2.1. Público-alvo, população-alvo e amostra ............................................................... 95

6.2.2. Conhecendo e reconhecendo a Escola Municipal Jahyra F. Drable. ..................... 96

6.2.3. O instrumento de pesquisa e sua aplicação ........................................................... 100

6.2.4. Referencial teórico para a análise dos resultados .................................................. 102

7. RESULTADOS ................................................................................................................. 103

7.1. Observações iniciais ........................................................................................................ 104

7.2. Respostas obtidas ............................................................................................................. 105

7.2.1. Perguntas de número 1 e 1A (“Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre

animais carnívoros na escola Jahyra Drable?” e “O que você lembra?”) .................... 105

7.2.2. Pergunta de número 2 (“Para você o que é um animal carnívoro?”) .................. 109

7.2.3. Pergunta de número 3 (“Diga o nome de animais que você acha que são

carnívoros:”) .................................................................................................................. 110

7.2.4. Perguntas de número 4 e 4A (“O que mais você lembra ou sabe sobre animais

carnívoros?” e “Onde você aprendeu isso?”) ................................................................ 113

7.2.5. Perguntas de número 5 e 5A (“Qual animal carnívoro você já viu de perto?” e

“Onde você viu?”) .......................................................................................................... 116

7.2.6. Perguntas de número 6 e 6A (“Como você acha que devemos tratar os animais

carnívoros?” e “Porque você acha isso?”) .................................................................... 120

7.2.7. Perguntas de número 7 e 7A (“Você acha que existem animais carnívoros vivendo

em alguma mata perto da sua casa?” e “Por que você acha isso”) .............................. 124

7.2.8. Perguntas de número 8 e 8A (“O que você faria se encontrasse um animal

carnívoro em Amparo?” e “Por que você faria isso?”) ................................................. 128

7.2.9. Perguntas de número 9 e 9A (“Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre

onça na escola Jahyra Drable?” e “O que você lembra?”) ........................................... 132

7.2.10. Pergunta de número 10 (“O que você acha que a onça come quando está na

natureza?”) ..................................................................................................................... 136

7.2.11. Perguntas de número 11 e 11A (“O que mais você lembra ou sabe sobre as

onças?” e “Onde você aprendeu isso?”) ........................................................................ 137

7.2.12. Perguntas de número 12 e 12A (“O que você faria se encontrasse uma onça em

Amparo?” e “Por que você faria isso?”) ........................................................................ 141

7.2.13. Pergunta de número 13 (“Marque uma atividade sobre carnívoros que você

gostaria de participar:”) ................................................................................................ 144

8. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 146

8.1. Observações iniciais ....................................................................................................... 147

8.2. Acerca das principais percepções encontradas ............................................................... 147

8.2.1. Os carnívoros e a onça como sinônimos de perigo ............................................... 147

8.2.2. As atitudes para com os carnívoros e para com a onça ......................................... 149

8.2.3. A confusão conceitual acerca da palavra “carnívoros” ......................................... 150

8.2.4. Os carnívoros como comedores apenas de carne e a pouca especificação sobre as

possíveis presas naturais da onça ................................................................................... 152

8.2.5. Os diferentes animais citados como sendo carnívoros .......................................... 153

8.2.6. A questão das espécies exóticas citadas ................................................................ 155

8.2.7. A questão da presença dos carnívoros no meio em que os alunos vivem ............. 156

8.3. Acerca do contexto educacional da EMJFD em relação às atividades realizadas .......... 157

8.3.1. A escola como evidenciadora do aparecimento da onça ...................................... 157

8.3.2. A escola como principal fonte de aprendizado dos alunos do distrito ................. 158

8.3.3. Observações acerca da cartilha elaborada pela escola .......................................... 158

8.3.4. Uma nova educação como elemento da mudança comportamental ...................... 159

8.3.5. As novas atividades a serem realizadas ................................................................ 160

9. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 162

10. FONTES CONSULTADAS ............................................................................................ 165

11. APÊNDICES ................................................................................................................... 175

11.1. Espécies de mamíferos silvestres brasileiros que compõem a Ordem Carnivora, seus

nomes populares, suas famílias e sua situação de conservação de acordo com a atual Lista

Brasileira da Fauna Ameaçada ............................................................................................... 176

11.2. Questionário aplicado para os alunos do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental da Escola

Municipal Jahyra Fonseca Drable .......................................................................................... 179

12. ANEXOS ........................................................................................................................ 181

12.1. Reportagens de diferentes jornais sobre a ocorrência da predação de bovino por onça-

pintada no distrito de N.ª S.ª do Amparo e arredores ............................................................. 182

12.2. Atas das 6 primeiras reuniões do “Projeto Amigos dos Carnívoros” ........................... 197

12.3. Cartilha sobre a onça-pintada impressa pela CMA do município de Barra Mansa,

elaborada tendo como base um exemplar artesanal feito pela diretora e por professores da

Escola Municipal Jahyra F. Drable ....................................................................................... 205

12.3. Página da internet sobre o prêmio “Selo Escola Solidária", recebido pela Escola

Municipal Jahyra Fonseca Drable em decorrência das atividades realizadas, com seu corpo

discente, sobre a onça-pintada e demais carnívoros silvestres .............................................. 209

P á g i n a | 24

1. INTRODUÇÃO

“A emoção que sentimos ao caminhar em matas ou

florestas onde grandes carnívoros vivem - no nosso

caso a onça-pintada [...] - é totalmente diferente - e

perde a maior parte do seu encanto e da sua

atração - daquela sentida quando esses magníficos

representantes da fauna estão ausentes.”

(HOOGESTEIJN & MONDOLFI, 1992, p. 143)

P á g i n a | 25

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Brasil é um país diverso, seja em termos culturais ou naturais. No que se refere à

natureza, ele é hoje considerado um dos países biologicamente mais ricos do mundo,

possuindo em seu território seis biomas (INSTITUTO BRASIEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA, 2004a), sendo dois deles, importantes florestas tropicais (WILSON, 1997).

Uma destas florestas é a Mata Atlântica, mundialmente conhecida não apenas pela sua

exuberância, mas também por estar extremamente ameaçada devido aos altos índices de

destruição e de fragmentação, sofridos desde o início da colonização brasileira (GALINDO-

LEAL & CÂMARA, 2005).

Atualmente, sabe-se que o processo de fragmentação dos habitats gera impactos

negativos diretos tanto à fauna quanto à flora, impactos estes que vão culminar em uma perda

de biodiversidade na região impactada (METZGER, 1999). Especialmente no caso da fauna,

acaba ocorrendo uma divisão das populações de animais entre os fragmentos e, em longo

prazo, o isolamento das mesmas, fato que faz com que tais populações se tornem mais

vulneráveis à extinção (BRITO & FERNANDEZ, 2000).

Um grupo de espécies da fauna que é fortemente impactado pela fragmentação do

habitat são os mamíferos da Ordem Carnivora (MARINHO-FILHO & MACHADO, 2006).

Tais animais, conhecidos como “carnívoros”, estão distribuídos por quase todas as regiões do

globo (MACDONALD & KAYS, 2005); porém, infelizmente, também se encontram

ameaçados de extinção em muitas delas (KRUUK, 2002). Apesar de formar um grupo único,

oriundo de um mesmo ancestral, a Ordem Carnivora possui espécies com características

bastante distintas entre si, não apenas em termos de tamanho, mas também o que se refere à

forma do corpo, aos hábitos de vida ou mesmo aos hábitos alimentares (KRUUK, 2002;

MACDONALD & KAYS, 2005).

Uma questão interessante é que, apesar dos representantes da Ordem Carnivora serem

chamados de carnívoros, nem todas as espécies se alimentam de carne, fato que contribui para

certa confusão relacionada ao uso da palavra “carnívoro”, que também é usada para se referir

àqueles animais que se alimentam de carne, sejam eles mamíferos Ordem Carnivora ou não

(KRUUK, 2002) .

P á g i n a | 26

Assim como o ser humano, muitas espécies de mamíferos carnívoros possuem hábitos

predatórios1, sendo que esta característica em comum faz com que a relação destes animais

com o ser humano freqüentemente seja difícil e conflituosa (MACDONALD & KAYS,

2005).

Um exemplo de conflito se dá, quando tais espécies, devido à já citada destruição do

habitat, se aproximam do meio onde o ser humano vive e, com isso, acabam predando animais

domésticos, como por exemplo, ovelhas e bovinos oriundos de criações pecuárias

(AZEVEDO & CONFORTI, 2002). Cabe ressaltar, no entanto, que é justamente o hábito

predatório dos carnívoros que faz com que eles sejam extremamente importantes nos

ecossistemas em que vivem, auxiliando na manutenção da estabilidade e conservação da

biodiversidade de tais ecossistemas (MACDONALD & KAYS, 2005).

Ainda assim, uma vez que casos de predação a animais domésticos vêm sendo cada

vez mais documentados, tanto em diferentes partes do mundo quanto no Brasil

(CAVALCANTI, 2002), frequentemente os carnívoros acabam rechaçados pela população,

que, além do prejuízo econômico decorrente da predação, se sente amedrontada pela presença

destes animais próximo às suas casas.

Quando tais casos de predação ocorrem, frequentemente os mamíferos carnívoros de

maior porte, como por exemplo, a onças parda e pintada, acabam sendo culpadas, mesmo que

não haja comprovação ou mesmo indícios da sua culpa. Tal fato faz com que estes animais

muitas vezes acabem vistos como vilões pela população.

Desta forma, no sentido de se minimizar tamanhos males entendidos, a chamada

educação ambiental torna-se um elemento de extrema importância, visando não somente

instrumentalizar, mas principalmente, auxiliar na modificação de concepções e atitudes em

diversos episódios, particularmente nesta pesquisa, no que se refere à relação do homem com

os carnívoros.

No entanto, para que a educação ambiental tenha uma maior chance de ser efetiva, é

de extrema importância conhecer as percepções das pessoas sobre o assunto ou objeto em

foco (CONFORTI, 2006), visando que as ações a serem tomadas estejam, de fato, adequadas

à realidade do público alvo.

As chamadas espécies-bandeira ou espécies-símbolo vêm sendo utilizadas em

programas de Educação Ambiental com o objetivo de chamar a atenção das pessoas para a

1 O uso do termo “hábitos predatórios” diz respeito à função ecológica, tanto dos carnívoros quanto da maior

parte dos humanos, de serem predadores, ou seja, se alimentarem de outros animais: as presas.

P á g i n a | 27

preservação do meio ambiente, uma vez que tais espécies possuem apelo na mídia e

contribuem para sensibilizar a população (DIETZ & NAGAGATA,1997). Apesar da onça-

pintada (Panthera onca) frequentemente estar relacionada a casos de predação, ela também

pode ser (e é) utilizada como espécie-símbolo (MILLER & RABINOWITZ, 2002), uma vez

que exerce, desde tempos imemoriais, um grande fascínio sobre os humanos. Este felino só

existe no continente americano e atualmente se encontra bastante ameaçado devido a diversos

fatores, sendo que em muitas regiões já está localmente extinto (SANDERSON et al, 2002).

1.2. O PROBLEMA

Em abril de 2004, foi documentada, no 4º distrito do município de Barra Mansa,

estado do Rio de Janeiro, a ocorrência de um caso de predação de bovino por onça-pintada

(Panthera onca). O distrito em questão, denominado de Nossa Senhora do Amparo, é

predominantemente rural.

O caso teve grande repercussão na mídia local, que não somente o divulgou de forma

alarmante e sensacionalista, como também passou a relatar a ocorrência de outros casos de

predação na região e arredores, atribuindo todos estes casos à onça-pintada.

Tal ocorrido acabou por gerar bastante medo na comunidade do distrito em questão,

(afetando, inclusive, a freqüência das aulas da escola municipal existente neste distrito), de

modo que a Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa (CMA) entrou em contato

com Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação de Mamíferos Carnívoros

(CENAP/ICMBio)2, para pedir auxílio acerca do ocorrido.

Assim, técnicos do CENAP/ICMBio foram à região e confirmaram a predação por

onça-pintada em um dos casos relatados, porém, os demais casos de predação foram

atribuídos a carnívoros silvestres de menor porte. Também nesta visita, os técnicos reuniram a

comunidade do distrito e realizaram uma palestra visando, através da mesma, esclarecer o

ocorrido, orientar sobre como agir diante de casos de predação por carnívoros silvestres e

2 Na época o CENAP se chamava Centro Nacional para a Pesquisa e Conservação dos Predadores Naturais e

pertencia ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

P á g i n a | 28

conscientizar sobre a importância destes animais para a manutenção de um ecossistema

saudável.

Toda esta situação fez com que a diretora da escola municipal local, que teve as aulas

afetadas, se interessasse pelo assunto e, visando esclarecer seus alunos, iniciasse uma série de

atividades ditas de Educação Ambiental em parceria com a CMA, utilizando como temática a

onça-pintada e os carnívoros silvestres. Uma destas atividades se consolidou com a

elaboração, por parte da diretora e de alguns professores, de uma cartilha artesanal versando

acerca do aparecimento da onça-pintada naquele distrito.

Paralelamente, o conjunto dos fatos acabou por chamar a atenção de um representante

do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que entrou em contato com a CMA para

sugerir a criação um projeto regional de proteção aos carnívoros, surgindo assim o “Projeto

Amigos dos Carnívoros”. Esse projeto durou cerca de 2 anos (entre 2005 e 2007) e reuniu

representantes de diferentes municípios da região e de diversas instituições, além de outras

pessoas interessadas. Um dos principais frutos do mesmo foi a confecção e impressão de mil

exemplares de uma cartilha (elaborada tendo como base aquela artesanal supracitada) para

serem então distribuídos nas escolas da região.

1.3. JUSTIFICATIVA

Grande parte dos habitantes do distrito de N.ª S.ª do Amparo vive em propriedades

rurais que, em geral, ou são limítrofes a áreas remanescentes de Mata Atlântica ou se

encontram bem próximas destas áreas, de modo que a interação da população local com o

ambiente natural é diária e constante.

Apesar da chance de um novo aparecimento de onça-pintada na região ser remota, a

presença de carnívoros silvestres de menor porte é sistematicamente comprovada, sendo que

casos de predação por estes animais são freqüentemente relatados e acabam por causar

prejuízos econômicos e ainda amedrontar a população.

De acordo com Conforti (2006, p. 186) “a forma com que as pessoas percebem uma

espécie pode comandar suas atitudes com relação a ela” e segundo Palmeira (2004, p. 34),

“não basta estudar e conhecer a biologia e a ecologia” de espécies como a onça-pintada “e sim

P á g i n a | 29

entender a percepção humana em relação à presença desses animais, assim como as atitudes

positivas e negativas resultantes dessa interação”.

Considerando que as atividades realizadas no distrito com o intuito de orientar a

comunidade sobre como agir diante de casos de predação e conscientizá-la sobre a

importância dos carnívoros silvestres para um ecossistema saudável (inclusive àquelas

voltadas mais especificamente aos alunos da Escola Municipal Jahyra F. Drable), em sua

maioria aconteceram no ano de 2004, é possível que muito das informações outrora passadas

já não sejam lembradas pela população, em especial pelos alunos da EMJFD.

Desta forma, pode-se dizer que conhecer a atual percepção destes alunos sobre os

carnívoros silvestres, em especial sobre a onça-pintada (que foi o principal foco dos

acontecimentos relacionados à ocorrência da predação em 2004), acaba se tornando uma ação

fundamental para a futura realização estruturada de novas atividades de Educação Ambiental

na região; atividades estas que possam colaborar com a manutenção de um bom

relacionamento entre a comunidade e os animais silvestres, em especial os carnívoros. Assim,

a presente pesquisa apresenta os objetivos que se seguem.

1.4. OBJETIVOS

1.4.1. Objetivo Geral

Conhecer a(s) percepção(ões) da comunidade discente compreendida entre o 5º e o 9º anos

do Ensino Fundamental da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable acerca dos carnívoros

silvestres e da onça-pintada (Panthera onca), tendo como base a ocorrência – na região onde

tal escola se localiza – de um caso de predação de bovino por esta espécie.

P á g i n a | 30

1.4.2. Objetivos Específicos

- Registrar/ descrever quali-quantitativamente, a(s) percepção(ões) encontrada(s);

- Discutir a(s) necessidade(s), o(s) limite(s) e a(s) possibilidade(s) de mudança(s) na(s)

percepção(ções)/ concepção(ões) da população acadêmica;

- Analisar as atividades realizadas no contexto escolar – após a ocorrência da predação –

voltadas à questão dos carnívoros silvestres e da onça, com ênfase na cartilha elaborada pela

escola;

- Sugerir atividades didático-pedagógicas, tendo como base o caso de predação de bovino por

onça-pintada e esta espécie como “espécie-bandeira”.

1.5. REFERENCIAL TEÓRICO

Para o desenvolvimento e a construção da tessitura teórica que comporá a pesquisa, foi

feito uso dos autores e dos eixos temáticos/categorias analíticas expostos no quadro abaixo:

Quadro 1: Eixos temáticos e autores que compõem o referencial teórico deste trabalho.

Autor(es) Eixo temático Ano

Hans Kruuk Interação entre a espécie humana e espécies de

mamíferos da Ordem Carnivora. 2002

Valéria Amorim Conforti e

Fernando Cesar Cascelli de

Azevedo

Percepções de moradores do entorno do Parque

Nacional do Iguaçu sobre a onça-pintada 2003

Valéria Amorim Conforti Percepção humana acerca de grandes carnívoros

em áreas de criação de animais domésticos 2006

P á g i n a | 31

2. O BRASIL, A MATA ATLÂNTICA E A CRISE DA BIODIVERSIDADE

“Não pode ser feita uma estimativa precisa do

número de espécies que estão se extinguindo nas

florestas tropicais ou em outros habitats principais,

pela simples razão de não conhecermos os números

de espécies originalmente presentes.”

(WILSON, 1997, p. 13)

P á g i n a | 32

2.1. BRASIL, (BIO)DIVERSIDADE SINGULAR

O Brasil é um país mundialmente conhecido por sua diversidade. Uma singular

diversidade de línguas, de raças, de culturas, de paisagens, de ambientes naturais e não apenas

de espécimes, mas também de espécies da flora e da fauna. Em especial, a diversidade dos

dois últimos itens citados - fauna e flora - associada com a diversidade dos ambientes naturais

existentes no território brasileiro, faz com que o Brasil venha a ser também um país

singularmente biodiverso.3

Com seu território nacional dividido em seis biomas4 continentais (figura 1) –

Amazônia, Cerrado, Pantanal, Pampa, Mata Atlântica e Caatinga (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a) e uma área costeira e marinha

(BRANDON et al, 2005) – o Brasil é dono de uma biodiversidade incrível, não somente em

termos de quantidade, mas também no que se refere à singularidade da mesma, uma vez que

possui um número extremamente grande de espécies endêmicas5 presentes no seu território.

Destes seis biomas, dois, Amazônia e Mata Atlântica, são importantes florestas

tropicais, ambientes citados por Wilson (1997) como sendo os mais ricos em espécies e os

que estão correndo maior perigo. Além de abrigarem grande parte da biodiversidade

brasileira, a Amazônia e a Mata Atlântica também são as maiores responsáveis pelo alto grau

de endemismos6 presente no território brasileiro.

3 Um país é considerado “biodiverso” quando possui uma grande “biodiversidade”, também chamada

“diversidade biológica”. Segundo o Artigo nº 2 da Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB),

“diversidade biológica” é definida como: “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,

compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os

complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre

espécies e de ecossistemas” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2000).

4 Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004b), “bioma” é definido como: “um conjunto de

vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em

escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta

em uma diversidade biológica própria”.

5 Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004b), “espécie endêmica” é definida como:

“espécie animal ou vegetal que ocorre somente em uma determinada área ou região geográfica”.

6 Ter um alto grau de endemismos significa ter muitas espécies endêmicas. Assim, segundo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (2004b) “endemismo” é: “caráter restrito da distribuição geográfica de determinada

espécie ou grupo de espécies que vive limitada a uma área ou região”.

P á g i n a | 33

Figura 1: Distribuição dos seis biomas continentais brasileiros de acordo com o território nacional. Fonte:

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , adaptado de: <http://mapas.ibge.gov.br/biomas2/viewer. htm>,

acesso em 10/09/09.

Atualmente, o Brasil ocupa os primeiros lugares da lista de países que fazem parte das

três abordagens criadas pela organização não governamental Conservation International (CI)

para definir as áreas globais de extrema importância (e por isso, prioritárias) para a

conservação da natureza (CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 2002). Uma

destas abordagens diz respeito àquelas nações soberanas que possuem características naturais

e culturais bastante singulares, além de uma boa parcela da biodiversidade global, sendo,

portanto classificadas como Megadiversas7 (MITTERMEIER et al, 1997). Nesta abordagem,

o Brasil se encontra no topo da lista, se destacando como o país mais rico do mundo em

biodiversidade terrestre (CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 2002).

7 Conceito criado por Russell Mittermeier, em 1988. Atualmente existem 17 nações soberanas consideradas

Megadiversas, sendo que, resumidamente, pelo menos dois critérios precisam ser cumpridos para que

determinado país seja assim classificado: “ser extremamente rico em biodiversidade” e “reunir mais de 2/3 de

todas as espécies existentes no planeta” (MITTERMEIER et al, 1997; CONSERVATION INTERNATIONAL

DO BRASIL, 2002).

P á g i n a | 34

As outras duas abordagens, por sua vez, fazem menção a cinco dos seis biomas

continentais brasileiros, sendo que, dois deles (Mata Atlântica e Caatinga), são considerados

pela CI como Hotspots8 – áreas prioritárias para a realização de esforços conservacionistas

devido ao fato de terem sofrido um alto grau de destruição em pouco tempo, restando muito

pouco da sua área original preservada (MITTERMEIER et al, 1999; CONSERVATION

INTERNATIONAL DO BRASIL, 1999; MYERS et al, 2000; CONSERVATION

INTERNATIONAL DO BRASIL, 2005; MITTERMEIER et al, 2005), e outros três

(Amazônia, Cerrado e Pantanal) são considerados como “Grandes Regiões Naturais” ou

Wilderness Areas9 – áreas de extrema importância para a manutenção de efetivas políticas de

proteção da natureza, uma vez que ainda estão em um ótimo estado de preservação e

possuem um conjunto único de espécies e características ecológicas (CONSERVATION

INTERNATIONAL DO BRASIL, 2002; MITTERMEIER et al, 2002).

Diante de todos estes fatos, fica clara a importância do Brasil – em especial dos seus

diferentes biomas – para a conservação da biodiversidade global. Dentre tais biomas, a Mata

Atlântica certamente merece uma atenção extra, uma vez que, mesmo extremamente

ameaçada, abriga uma parcela significativa da diversidade biológica existente no território

brasileiro, desta forma servindo como local para a manutenção de diferentes espécies da flora

e fauna e sendo, por isso, reconhecido nacional e internacionalmente no meio científico

(FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS

ESPACIAIS, 2002).

8 Conceito criado por Norman Myers em 1988 e reavaliado em 1996 pelo autor e pela ONG Conservation

International. Atualmente existem no mundo 34 regiões consideradas Hotspots, sendo que, resumidamente,

pelo menos dois critérios precisam ser cumpridos para que determinada área seja assim classificada: “abrigar

no mínimo 1.500 espécies de plantas vasculares endêmicas e ter 30% ou menos da sua vegetação original

mantida (MITTERMEIER et al, 1999; CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 1999; MYERS

et al, 2000; CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 2005; MITTERMEIER et al, 2005).

9 Conceito criado por Russell Mittermeier, em 1988. Atualmente, existem no nosso planeta 37 regiões

consideradas “Grandes Regiões Naturais” ou Wilderness Areas, sendo que, para que uma área possua essa

classificação, ela precisa ter “mais de 10.000 km2, densidade populacional menor que 5 habitantes/ km

2, pelo

menos 1.500 espécies de plantas vasculares endêmicas e 70% ou mais de sua vegetação sem sinais

significativos de alteração pelo homem” (CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 2002;

MITTERMEIER et al, 2002).

P á g i n a | 35

2.2. MATA ATLÂNTICA: DO EXTENSO VERDE CONTÍNUO A PEQUENOS FRAGMENTOS DE

ESPERANÇA

A biodiversidade da Mata Atlântica é realmente fantástica, tanto em termos de flora

quanto no que tange à fauna. Estimativas fazem referência ao fato de que, este bioma sozinho,

abrigue de 1 a 8% da biodiversidade mundial (SILVA & CASTELETI, 2005). Além desta

enorme biodiversidade natural, a Mata Atlântica também “preserva um inestimável

patrimônio histórico e várias comunidades indígenas, caiçaras, ribeirinhas e quilombolas, que

constituem a genuína identidade cultural do Brasil” (FUNDAÇÃO SOS MATA

ATLÂNTICA & INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002).

Por estes motivos, além de conhecida mundialmente como um dos principais Hotspots

existentes, a Mata Atlântica tem sua importância reconhecida também de outras formas, sendo

que um resumo deste reconhecimento pode ser obtido pelo seguinte trecho contido no

trabalho da Fundação SOS Mata Atlântica com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

(2002, p.8):

Para destacar sua importância no cenário nacional e internacional, trechos

significativos deste conjunto de ecossistemas foram reconhecidos como Patrimônio

Mundial pela ONU e indicados como Sítios Naturais do Patrimônio Mundial e

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela UNESCO. Além disso, foi considerada

como Patrimônio Nacional na Constituição Federal de 1988.

A Mata Atlântica na realidade não é uma floresta tropical única e sim um conjunto de

diferentes florestas e ecossistemas associados que, juntos, formam o chamado “Domínio da

Mata Atlântica” (CÂMARA, 2005). Silva e Casteleti (2005) sugerem que pode ser justamente

esta variedade de florestas e ecossistemas a característica responsável pela grande diversidade

de espécies e alto grau de endemismos encontrados neste bioma. Entre as principais florestas

e ecossistemas que compõem a Mata Atlântica, se destacam: as florestas úmidas da planície

costeira; as florestas de encostas; as matas e os campos de altitude; as florestas interioranas e

as matas de araucária; os mangues; as restingas e os enclaves de campos e cerrados da região

nordeste (CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 1999; CÂMARA, 2005;

CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 2005). Segundo Câmara (2005), as

características comuns que unem estas diferentes formações vegetais para que venham a

formar o Domínio da Mata Atlântica, resumidamente, são: possuírem uma continuidade entre

P á g i n a | 36

si e espécies em comum, e existir uma transição gradual entre estas diferentes formações

vegetais.

De fato, originalmente, o domínio da Mata Atlântica (figura 2) era formado por um

bloco quase contínuo de vegetação, que ocorria em 17 dos 27 estados brasileiros (OLIVEIRA,

2001; FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INSTITUTO NACIONAL DE

PESQUISAS ESPACIAIS, 2002; GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005) e, apesar de ser

difícil saber o tamanho da exata área deste bioma (CONSERVATION INTERNATIONAL

DO BRASIL, 2005), acredita-se que ela fosse de, aproximadamente, 1.360.000 km2

(CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL et al, 2000).

Figura 2: Área de distribuição original do Domínio da Mata Atlântica no território brasileiro e atuais fragmentos

remanescentes da Mata Atlântica brasileira. Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais e Instituto Socioambiental, adaptado de: <http://almabranca.com.br/portal/wp-

content/uploads/2009/09/mata_atlantica_mapa.gif>, acesso em 10/09/09.

P á g i n a | 37

A sua área de distribuição original englobava não somente a maior parte do litoral do

Brasil, desde os atuais estados do Rio Grande do Norte e Ceará até o do Rio Grande do Sul

(CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 1999; CONSERVATION

INTERNATIONAL DO BRASIL, 2005), como também áreas interioranas chegando a ocupar

a parte sudeste dos territórios da Argentina e do Paraguai (FUNDAÇÃO SOS MATA

ATLÂNTICA & INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002;

CÂMARA, 2005; TABARELLI et al, 2005).

No entanto, a partir da chegada dos colonizadores europeus ao litoral do Brasil, no

início do século XVI, de imediato a região costeira brasileira foi ocupada e passou a sofrer um

intenso e contínuo processo de exploração econômica (SECRETARIA DO MEIO

AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2001; FUNDAÇÃO SOS MATA

ATLÂNTICA & INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002;

GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005). Obviamente, este processo veio a impactar de modo

direto a Mata Atlântica, e desde então um alto grau de desmatamento e fragmentação desta

floresta tropical tem sido evidenciado (GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005).

De fato, há mais de 500 anos a Floresta Atlântica brasileira tem tido seus recursos

explorados e/ou destruídos, situação que se iniciou com a extração do pigmento vermelho

oriundo do pau-brasil e prosseguiu através dos ciclos do ouro, da cana-de-açúcar, do café, da

pecuária e da indústria, culminado no alto grau de urbanização hoje evidenciado na região do

domínio da Mata Atlântica (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO

PAULO, 2001; FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INSTITUTO NACIONAL DE

PESQUISAS ESPACIAIS, 2002; GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005). No que diz

respeito a essa relação entre economia e ecologia, tão arraigada na história deste bioma,

Oliveira (2001, p.12), faz o seguinte comentário:

Diferentemente da Floresta Amazônica, a Mata Atlântica começou a ser explorada

há muitos séculos, tendo se integrado na economia mundial antes mesmo de existir a

economia nacional [...] O início da destruição da Mata Atlântica data da chegada dos

portugueses em 1500 [...] O primeiro ciclo de uso de recursos da Mata Atlântica

foram os usos diretos de produtos madeiráveis, mas a exploração predatória não se

limitou ao pau-brasil. Foram também intensamente exploradas outras madeiras de

alto valor para a construção naval, edificações, móveis e outros usos nobres [...]

Outros ciclos econômicos, além dos extrativistas originais – que tiveram impacto

significativo na Mata Atlântica, pois seguiram no mesmo padrão predatório – foram

em especial os agropecuários da cana-de-açúcar, café, cacau e pecuária, que

significaram a expansão da fronteira agrícola e resultaram em supressão de áreas de

matas para abrigar estas atividades.

P á g i n a | 38

Apesar deste bioma ter sofrido, historicamente, tantos processos de exploração, ficou

evidenciado que foi o relativamente recente processo de urbanização que causou o maior

índice de destruição da Mata Atlântica, principalmente nas últimas três décadas. Como

resultado de tal processo, atualmente a região da Mata Atlântica brasileira abriga não apenas

as principais cidades e metrópoles do nosso país (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA &

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002), mas também o centro agro-

industrial brasileiro e duas das três maiores cidades da América do Sul – São Paulo e Rio de

Janeiro (CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL, 2005).

Por conseqüência, a maior parte da nossa população (cerca de 60%) também se

concentra nesta região, desta forma usufruindo dos benefícios diretos e indiretos gerados por

este bioma, como o fato dele proteger e regular o fluxo dos mananciais hídricos que

abastecem as principais metrópoles e cidades do Brasil (FUNDAÇÃO SOS MATA

ATLÂNTICA & INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002)

Ainda assim, apesar de todos os aspectos positivos decorrentes da existência da Mata

Atlântica, foi também somente nas ultimas décadas que as principais iniciativas para a

proteção deste bioma surgiram, sendo que, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica e o INPE

(2002), somente a partir de meados da década de 80 teve início uma intensa mobilização da

sociedade civil pela preservação deste bioma.

O resultado do somatório de mais de cinco séculos de exploração econômica

inconsequente e desenfreada, com as poucas décadas de intensos esforços de preservação é

que, atualmente, resta apenas cerca de 8% da cobertura original de vegetação da Mata

Atlântica (MITTERMEIER et al, 1999; MYERS et al, 2000; CONSERVATION

INTERNATIONAL DO BRASIL et al, 2000; CONSERVATION INTERNATIONAL DO

BRASIL, 2005; GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005), em sua maior parte na forma de

pequenos fragmentos de mata.

Dentre os fragmentos de Mata Atlântica remanescentes no território brasileiro, poucos

possuem uma área relativamente significativa em tamanho e estado de conservação a ponto de

ainda possuírem “comunidades completas de espécies nas quais os processos ecológicos e

evolutivos continuam intactos” (GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005, p. 6). Estes

fragmentos se concentram nas regiões sul e sudeste do Brasil, principalmente no litoral dos

Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO

ESTADO DE SÃO PAULO, 2001; CONSERVATION INTERNATIONAL DO BRASIL,

2005), e são extremamente importantes para a preservação e recuperação deste bioma.

P á g i n a | 39

Infelizmente, não é este histórico de destruição da Mata Atlântica nem todos os

motivos existentes para sua preservação, descritos até agora, que fazem com que os

remanescentes de mata deste bioma estejam livres de ameaças. Apesar de, comparativamente

com algumas décadas atrás, atualmente boa parte da extensão que resta da Mata Atlântica

estar hoje oficialmente preservada na forma de unidades de conservação, muito mais ainda

precisa ser preservado, uma vez que tais áreas cobrem menos de 2% do bioma original, e, em

termos de conservação integral, apenas 21% das florestas remanescentes estão protegidas

(PINTO & BRITO, 2005).

Galindo-Leal e Câmara (2005, p. 4) destacam ainda, que os fragmentos remanescentes

da Mata Atlântica continuam se deteriorando “devido à retirada de lenha, ao corte ilegal de

madeira, à captura ilegal de plantas e animais e à introdução de espécies exóticas”. Também

sobre esta questão, Fidalgo e colaboradores (2007, p.3885) comentam que:

A conservação da biodiversidade [...] em toda a região de Mata Atlântica, representa

um grande desafio devido ao elevado nível de fragmentação deste bioma. A maior

parte dos remanescentes encontra-se na forma de pequenos fragmentos, pouco

conhecidos e pouco protegidos, em sua maioria inseridos em paisagens intensamente

antropizadas.

Ainda assim, a perspectiva para a região da Mata Atlântica, em comparação com a de

outros Hotspots mundiais localizados em países em desenvolvimento, segundo a ONG

Conservation International do Brasil (2005, p.15), “é indubitavelmente uma das mais

animadoras”. Este comentário serve para demonstrar que, apesar de tantos estragos já terem

sido feitos, a existência, ampliação e continuidade dos esforços voltados para a preservação e

conservação deste bioma são de extrema importância e devem partir de todos.

Para Pinto & Brito (2005), é clara e urgente não apenas a necessidade de expandir as

áreas protegidas existentes na Mata Atlântica, mas também de criar novas áreas visando

conectar os fragmentos de mata remanescentes.

De fato, sérios esforços vêm sendo voltados para a criação de corredores de vegetação

neste bioma, de forma que, até o momento, duas regiões já foram designadas como tal: o

Corredor Central da Mata Atlântica e o Corredor da Serra do Mar (AGUIAR et al, 2005;

AYRES et al, 2005; GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005). Ainda de acordo com Galindo-

Leal e Câmara (2005, p.9), essas regiões são de fundamental importância, devido “às suas

espécies endêmicas, a maioria delas ameaçada” sendo que, no que se refere especificamente

P á g i n a | 40

ao Corredor da Serra do Mar, tais autores comentam que ele “abrange uma das poucas áreas

contínuas ainda florestadas da Mata Atlântica”.

2.3. UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL: OS CORREDORES ECOLÓGICOS COMO POSSÍVEL

ESTRATÉGIA DE RESGATE DA FAUNA DIVIDIDA PELA FRAGMENTAÇÃO DOS HABITATS

O contínuo desenvolvimento e o intenso aprimoramento das tecnologias (como, por

exemplo, dos satélites, que geram imagens cada vez mais precisas da superfície terrestre)

possibilitam que o nível de destruição ao qual o homem tem submetido nosso planeta seja

cada vez mais visível, assim como suas conseqüências.

A fragmentação dos grandes biomas terrestres é um dos processos destrutivos

causados pela atividade antrópica que se tornou extremamente visível através destas

tecnologias e que vem ocorrendo de forma muito intensa em diversas regiões do planeta,

alterando a estrutura da paisagem.

De fato, Brito e Fernandez (2000), comentam que grande parte dos habitats

inicialmente contínuos acabou se transformando em paisagens formadas por manchas isoladas

do habitat original, circundadas por áreas perturbadas pela ação humana, situação que,

segundo Fidalgo e colaboradores (2007, p. 3886) “afeta diversos processos e fatores

biológicos, como o tamanho das populações, a dispersão das espécies, a estrutura e

quantidade de habitat disponível e a probabilidade de invasões de espécies exóticas.”

Sabe-se que o processo de fragmentação de habitats tem como conseqüência final a

diminuição da biodiversidade do local no qual ele ocorreu, uma vez que tal processo “age

fundamentalmente reduzindo e isolando as áreas propícias à sobrevivência das populações”

(METZGER, 1999, p.446), sejam estas populações da flora ou da fauna. Sobre esta perda de

biodiversidade, Galindo-Leal e Câmara (2005, p. 3) destacam ainda que ela “pode incluir a

perda de ecossistemas, populações, variabilidade genética, espécies e processos ecológicos e

evolutivos que mantêm essa diversidade.”

No que se refere ao tamanho das populações, em especial da fauna, a fragmentação da

estrutura da paisagem faz com que as mesmas, que inicialmente possuíam muitos indivíduos e

habitavam a mata como um todo, também acabem se fragmentando, ou seja, se dividindo

através das áreas habitáveis remanescentes, sendo que em longo prazo, elas acabam se

P á g i n a | 41

isolando completamente, passando a formar pequenas populações de poucos indivíduos, fato

que as tornam mais vulneráveis à extinção (BRITO e FERNANDEZ, 2000).

Sobre o processo de extinção de espécies, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de

São Paulo, no seu livro sobre a Serra do Mar (2001, p.70), destaca de forma bastante simples,

porém inteligível:

A extinção biológica de uma espécie significa o seu desaparecimento completo

devido à não-adaptação às mudanças ambientais. Trata-se de um processo natural

que existe desde que surgiu a vida no planeta, e que se define pela impossibilidade

de uma espécie manter-se por reprodução. O que caracteriza a extinção é a morte do

último casal, o enfraquecimento que impede os representantes de se reproduzir ou a

taxa de mortalidade maior que a taxa de natalidade. Alguns fatores que podem ser

responsáveis pela extinção: a competição entre os seres vivos por espaço, alimento

etc.; o isolamento geográfico de uma população muito pequena; as alterações

geológicas e climáticas; a ação predatória do homem. A ação do homem sobre a

natureza, hoje, é de tal ordem, que a palavra extinção terminou por ganhar um

significado dramático. Tornou-se sinônimo de desaparecimento prematuro e

repentino de plantas e animais que não estão em processo natural de

desaparecimento. Isto porque os ecossistemas foram muito reduzidos em área ou

foram transformados por ações predatórias indiretas, tais como o desbaste seletivo

de espécies, a ponto de causar problemas de espaço ou alimento para os que vivem

neles.

Um grupo de espécies da fauna que é fortemente impactado pela fragmentação do seu

habitat são os mamíferos da Ordem Carnivora (MARINHO-FILHO & MACHADO, 2006),

sendo que um exemplo que faz menção justamente a esta questão, para a área da Mata

Atlântica, é dado por Galindo-Leal e Câmara (2005, p.6):

[...] a vasta perda de habitats e a extrema fragmentação da Mata Atlântica deixaram

poucos ecossistemas extensos e intactos, com cobertura florestal contínua, que

proporcionam áreas de uso viáveis para espécies que necessitam de grandes

extensões de hábitat. Por exemplo, a densidade populacional conhecida da onça-

pintada na parte sul da Mata Atlântica indica que são necessárias áreas maiores que

10.000km2 para manter a viabilidade em longo prazo das populações desse animal

(mais de 500 indivíduos) [...] No hotspot Mata Atlântica, apenas duas áreas

alcançam aquela extensão: a região da Serra do Mar, nos estados de São Paulo e do

Paraná, no Brasil, e as matas que se estendem da província argentina de Missiones

até o Parque Nacional do Iguaçu, no Brasil.

Conforme já citado na presente pesquisa, o processo de fragmentação ocorreu com

grande intensidade na Mata Atlântica, uma vez que atualmente, tal bioma se encontra

basicamente composto por fragmento remanescentes da sua vegetação original. Uma das

formas de tentar contornar as adversidades criadas por tal processo é estabelecer áreas

protegidas que englobem não apenas os fragmentos remanescentes, mas também que

P á g i n a | 42

possibilitem uma ligação dos mesmos através da criação de novas áreas de vegetação natural,

formando assim, os chamados corredores de vegetação, corredores ecológicos ou corredores

de biodiversidade. Apesar de alguns autores usarem estas três variáveis de nomenclatura para

designar estratégias distintas de conservação (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE et al,

2006), a definição aqui considerada, será a do Ministério do Meio Ambiente e colaboradores

(2006, p.10), que as considera como sinônimos. Tal definição cita os trabalhos de Sanderson e

colaboradores (2003) e de Ayres e colaboradores (2005) e diz que:

Um corredor corresponde a uma grande área de extrema importância biológica,

composta por uma rede de unidades de conservação entremeadas por áreas com

variados graus de ocupação humana e diferentes formas de uso da terra, na qual o

manejo é integrado para garantir a sobrevivência de todas as espécies, a manutenção

de processos ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma economia

regional forte, baseada no uso sustentável dos recursos naturais.

Galindo-Leal e Câmara (2005, p.9) também comentam sobre esta questão das áreas

protegidas e dos corredores de mata, ressaltando que:

Embora as áreas protegidas sejam necessárias, em muitos casos elas não são

suficientes para manter espécies que necessitam de áreas extensas ou para abrigar

processos ecológicos e evolutivos abrangentes. Para atender a essas demandas, os

esforços conservacionistas devem ser conduzidos em uma escala mais ampla, uma

escala regional. Uma abordagem que considere essas exigências deve incluir os

corredores de biodiversidade (ou de conservação), regiões que englobam tanto as

áreas protegidas quanto as paisagens circunvizinhas. O propósito da implementação

de corredores é intensificar os esforços de conservação, promovendo a

conectividade, que é a capacidade da paisagem e de seus habitantes de

permanecerem ligados por uma variedade de canais físicos. Nos corredores, muitos

mecanismos podem ser usados para restaurar e manter a continuidade dos

ecossistemas, por meio do uso compatível do solo e de outras práticas

conservacionistas.

Assim, tais corredores possuem justamente a função de “proporcionar vias de

intercâmbio” e com isso, “incrementar as possibilidades de movimentos” dos indivíduos que

se encontram isolados em pequenas manchas de habitat (Fonseca et al, 2003, p.2; AYRES et

al, 2005, p.111).

Com relação especificamente ao projeto que objetiva implantar tais corredores no

bioma Mata Atlântica, Ayres e colaboradores (2005, p.111) comentam ainda, que o referido

projeto “visa garantir a proteção dos remanescentes florestais mais significativos e

incrementar gradualmente o grau de conectividade entre porções nucleares da paisagem”.

P á g i n a | 43

Já no que se refere ao ponto de vista biológico, Fonseca e colaboradores (2003, p.1),

ressaltam que, além de restaurar a conectividade da paisagem, o objetivo de um corredor de

biodiversidade é “facilitar o fluxo genético entre populações, aumentando a chance de

sobrevivência em longo prazo das comunidades biológicas e de suas espécies componentes”.

No entanto, qualquer estratégia possui prós e contras. Uma questão que vem sido

discutida, como exemplo de quando a estratégia dos corredores não é a mais eficiente, diz

respeito justamente aos grandes carnívoros como a onça parda e a onça-pintada. O argumento

usado é que, para tais animais, um corredor não representa um incremento na conectividade

do habitat, uma vez que os mesmos são extremamente adaptáveis às mudanças no ambiente e

têm a capacidade de se deslocarem muitos quilômetros por ambientes perturbados, de forma

que, neste caso, a implantação de um corredor ecológico acaba sendo uma estratégia mais

cara, se comparada com outra que fosse voltada especificamente para a preservação direta

destes felinos (Fonseca et al, 2003; AYRES et al, 2005).

Ainda assim, no caso do exemplo anterior, a questão principal não é a efetividade do

corredor e sim seu custo de implementação se comparado com outra estratégia. Apesar de,

realmente, estes animais não dependerem dos corredores de vegetação para se locomoverem

através de fragmentos de mata, é fato que a presença destes corredores serviria não apenas

para auxiliar tal locomoção como também ajudaria a evitar ou diminuir o contato destas

espécies com o ser humano, uma vez que elas tenderiam a ficar na mata.

Obviamente que este é apenas um exemplo das diversas questões que podem ser

abordadas sobre os corredores de vegetação. Pontos positivos e negativos sobre sua

implementação vão existir sempre, variando de acordo com a ótica de cada pesquisador e com

o objeto pesquisado.

P á g i n a | 44

3. DEFININDO OS CARNÍVOROS, COMENTANDO SUAS CARACTERÍSTICAS E

POSSÍVEIS IDENTIDADES

“Os carnívoros tem sido parte do ambiente, cultura

e mitologia humana por milhares de anos. Alguns

têm significado ritual desde a era pré-colombiana

no México e América Central e em comunidades

indígenas da América do Sul. Estão no imaginário

do ser humano como símbolos de beleza e força”.

(MORATO et al, 2004, p.7)

P á g i n a | 45

3.1. OS MAMÍFEROS CARNÍVOROS DA ORDEM CARNIVORA

Os mamíferos da Ordem Carnivora, também chamados “carnívoros”, atualmente

constituem um total de 271 espécies, que possuem tanto hábitos terrestres quanto aquáticos e

que estão distribuídas por quase todas as regiões do globo (MACDONALD & KAYS, 2005).

No que se refere às espécies terrestres, estas habitam naturalmente todos os continentes, com

exceção da Austrália (onde algumas delas foram introduzidas) e da Antártica (KRUUK,

2002).

Segundo o Integrated Taxonomic Information System (ITIS), atualmente, a Ordem

Carnivora se encontra dividida em duas subordens distintas: a Feliformia (cujas espécies se

assemelham aos felinos, as chamadas “cat-like species”), que engloba um total de 5 famílias,

com um diverso número de espécies em cada; e a Caniformia (cujas espécies se assemelham

aos canídeos, as chamadas “dog-like species”), com um total de 9 famílias que também

possuem um número de espécies variável.

Cabe ressaltar que estas 14 famílias de carnívoros existentes (e por conseqüência, as

espécies que as representam) são descendentes de um único ancestral comum (KRUUK,

2002; MACDONALD e KAYS, 2005) e que, ainda assim que tais espécies possuem

variações extremas nas suas características, variações estas que não se limitam aos habitats

por elas ocupados e que estão resumidamente descritas a seguir (MACDONALD, 2001 apud

KRUUK, 2002, p.7):

A diferença no tamanho das espécies, por si só, reflete a grande variação existente:

elas variam desde uma pequena doninha de 45 gramas até um urso pardo de 700

quilos (15.000 vezes maior) [...] Não somente seus tamanhos são muito diversos,

mas também as formas do corpo também variam entre as quase serpentiformes

doninhas e os rechonchudos pandas. Em algumas espécies os indivíduos vivem em

grupos, em outras eles vivem por conta própria. Existem carnívoros arbóreos,

nadadores, corredores, espreitadores e escavadores; alguns vivem no Ártico, outros

em florestas tropicais, ou desertos, ou nas profundidades dos rios, lagos e mares.

Além das variações já citadas, existe outra também extremamente marcante: o fato de

não necessariamente todas as espécies de carnívoros pertencentes à Ordem Carnivora serem

predadores, ou seja, matarem outros animais para se alimentar da sua carne. Segundo Cheida

e colaboradores (2006, p. 232), tal fato surgiu “ao longo do processo evolutivo e da

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diversificação da Ordem Carnivora”, de modo que “várias espécies adquiriram dieta onívora

com acentuado hábito frugívoro ou insetívoro”.

Esta questão será mais profundamente abordada adiante (item 1.2.3), porém cabe aqui

ressaltar que, ainda assim, segundo Pitman e colaboradores (2002, p.17), os carnívoros

“constituem o principal grupo de predadores de vertebrados nos ecossistemas terrestres”, de

modo que a predação é, portanto, “um hábito natural, fundamental para a manutenção da

biodiversidade e dos processos ecológicos”, uma vez que, como comentado por Macdonald e

kays (2005), os hábitos predatórios dos carnívoros podem limitar as populações de suas

presas, levando a um efeito dominó capaz de limitar também as presas destas presas e assim

por diante.

Para Macdonald e Kays (2005), é justamente o fato dos carnívoros, assim como os

seres humanos, possuírem hábitos predatórios, que faz com que nossa relação com estes

animais freqüentemente seja difícil e conflituosa, já que competimos com eles por presas,

sejam elas domésticas ou silvestres. No que se refere à predação de animais domésticos,

apesar deste comportamento não fazer parte de um hábito natural dos carnívoros, Palmeira

(2008) ressalta que a maioria das atuais espécies de predadores recentemente atacou rebanhos

de animais domésticos em diferentes partes do mundo.

Neste aspecto, Azevedo e Conforti (2002) comentam que, devido à expansão agrícola

e conseqüente fragmentação do habitat destes animais, os carnívoros tendem a se aproximar

do meio onde o ser humano vive, de forma que conflitos, como a predação de animais

domésticos, acabam ocorrendo. Assim, tais conflitos (além de diversos outros fatores em geral

decorrentes de atividades humanas), acabam por representar sérias ameaças à sobrevivência

dos carnívoros, sendo que, Macdonald & Kays (2005) ressaltam que, de fato, atualmente

muitas das espécies de carnívoros se encontram ameaçadas de extinção devido a algum tipo

de atividade de origem antrópica.

Kruuk (2002), por sua vez, comenta que para cada família de carnívoros que existe,

pelo menos algumas espécies se encontram ameaçadas, espécies estas cuja sobrevivência a

longo-prazo é duvidosa. Tal autor também ressalta que mesmo no caso daquelas espécies que

não correm risco de se extinguirem por completo, ou mesmo aquelas que não estão ameaçadas

ou vulneráveis, mesmo elas, em determinados países e regiões estão no caminho de

desaparecer ou já desapareceram.

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3.2. CARNÍVOROS COMO PREDADORES DE ANIMAIS DOMÉSTICOS

De acordo com Cavalcanti (2002, p. 57), regiões com características bastante

diversificadas e de diferentes partes do mundo, têm documentado a ocorrência de casos de

predação a animais domésticos por carnívoros silvestres. Hoogesteijn & Hoogesteijn (2005)

comentam que este problema também ocorre em diversos países da América Latina, inclusive

o Brasil, sendo que os carnívoros mais frequentemente envolvidos são as onças parda e

pintada, por atacarem principalmente criações de bovinos.

Apesar de estar se tornando um evento cada vez mais freqüente, predar animais

domésticos não é um hábito natural dos carnívoros silvestres ou selvagens. No entanto,

Pitman e colaboradores (2002) comentam que, ainda que não seja um hábito natural, os

carnívoros podem se habituar a predar tais animais, sendo que na grande maioria das vezes, a

predação está refletindo algum tipo de desequilíbrio no ecossistema local (AZEVEDO &

CONFORTI, 2002; HOOGESTEIJN & HOOGESTEIJN, 2005).

Em geral, Pitman e colaboradores (2002) comentam também que, frequentemente, os

fatores geradores de tal desequilíbrio possuem origem antrópica, citando como exemplos a

expansão da fronteira agrícola (que, acompanhada pelo desmatamento, conduz à já citada

redução e fragmentação de habitats), e a caça, por parte dos humanos, de espécies que são

presas naturais dos carnívoros (fato que leva a uma competição entre nossa espécie e as

espécies de carnívoros por um mesmo recurso do meio).

Sobre este aspecto, especialmente no que se refere aos dois grandes felinos

neotropicais anteriormente citados (a onça-pintada e a onça parda), Hoogesteijn &

Hoogesteijn (2005, p. 5) afirmam que:

A grande maioria dos casos de predação de animais domésticos por felinos

selvagens refletem algum tipo de desequilíbrio no ecossistema local. Os felinos não

têm como hábito natural atacar animais domésticos. Se o ambiente onde vivem lhes

oferece áreas suficientemente grandes para sobreviver, com recursos alimentares

suficientes e pouca ou nenhuma influência humana, eles tendem a evitar o homem e

seus animais domésticos. Sendo assim, a ausência ou diminuição das presas naturais

(por caça furtiva ou pela transmissão de doenças de animais domésticos) pode

resultar no início dos ataques por grandes felinos aos animais domésticos em áreas

limítrofes entre as unidades de conservação e as propriedades rurais.

P á g i n a | 48

Azevedo & Conforti (2002. p. 28) acrescentam ainda, como fator facilitador à

ocorrência da predação, a questão de que muitas vezes a atividade pecuária realizada nas

propriedades rurais implica em um manejo precário dos animais domésticos que, com isso,

acabam mais vulneráveis aos predadores. Tal fato é ainda mais potencializado ao

considerarmos que a maioria dos animais domésticos, durante o processo de domesticação,

perdeu o hábito de evitar predadores, se tornando, com isso, presas mais fáceis do que os

animais nativos (PITMAN et al, 2002).

Desta forma, é possível que o problema da predação de animais domésticos por

carnívoros silvestres ocorra com maior intensidade em regiões onde, além de haver uma

diminuição da quantidade de presas naturais dos carnívoros, realiza-se a atividade pecuária

em áreas que fazem limite com ambientes naturais ou Unidades de Conservação (AZEVEDO

& CONFORTI, 2002; HOOGESTEIJN & HOOGESTEIJN, 2005).

Outra questão que pode influenciar no hábito dos carnívoros em predar animais

domésticos é quando, ao se tentar eliminar um carnívoro silvestre, o mesmo acaba não

morrendo e fica apenas ficando ferido, fato que pode tornar tais animais agressivos e algumas

vezes fazer com que fiquem incapacitados de caçar normalmente, de modo que acabam

buscando presas mais fáceis, como os animais domésticos (PITMAN et al, 2002;

HOOGESTEIJN & HOOGESTEIJN, 2005).

Apesar do Brasil – assim como diversos outros países – cada vez mais vir registrando

a ocorrência de casos de predação de animais domésticos por carnívoros silvestres, Pitman e

colaboradores (2002) enfatizam que ainda existe uma lacuna de profissionais treinados para

lidarem com o problema de predação a criações domésticas, faltando, inclusive, uma política

nacional de manejo adequada para tal situação.

3.3. CARNÍVOROS NÃO-CARNÍVOROS? UMA MISCELÂNEA CONCEITUAL

No que se refere à utilização da palavra “carnívoros”, pode-se dizer que existe certa

“confusão” conceitual acerca do seu significado, principalmente quando são confrontados o

conhecimento acadêmico mais profundo e o conhecimento leigo.

P á g i n a | 49

Em geral, para o conhecimento leigo, fazer referência a “animais carnívoros” significa

falar daqueles animais que comem carne, independente se o animal é um jacaré, um gavião,

uma onça ou até mesmo um ser humano.

Academicamente, no entanto, o termo “carnívoro” está relacionado a mais de um

significado, podendo, assim, se referir tanto aos animais que se alimentam de carne

(carnívoros funcionais), quanto às espécies de mamíferos que fazem parte da Ordem

Carnivora, mas que não necessariamente comem carne (ou seja, não necessariamente são

carnívoros funcionais, mas também são chamados carnívoros).

Um animal que é carnívoro funcional possui a função ecológica de matar outro animal

para comer, ou seja, ele caça e preda outros animais, podendo também ser chamado de

“predador” (KRUUK, 2002). Neste caso, portanto, o termo “carnívoro” pode estar fazendo

referência à diversos representantes do Reino Animal, seja uma ave (por exemplo, um gavião

que come um rato), um réptil (por exemplo, um jacaré que come uma capivara), um peixe

(por exemplo, um tubarão que come uma foca) ou um mamífero (por exemplo um chimpanzé

que come uma ave), desde que os mesmos atuem como carnívoros funcionais, uma vez que se

alimentar de carne é uma função ecológica comum a diversos organismos.

Já no caso do uso da palavra “carnívoro” para se referir aos animais mamíferos que

são classificados como pertencentes à Ordem Carnivora, eles são assim chamados por

fazerem parte desta classificação biológica e não necessariamente por serem comedores de

carne, sendo que, de fato, muitas espécies de animais desta ordem não se alimentam de carne.

Assim, pode-se dizer que todo animal que pertence à Ordem Carnivora é um

carnívoro, apesar de nem todos eles comerem carne, ou seja, serem carnívoros funcionais.

Consequentemente e de forma inversa, todo animal que come carne é considerado um

carnívoro funcional, mas nem todo carnívoro funcional è membro da Ordem Carnivora.

Kruuk (2002, p.5) comenta sobre toda esta discussão de forma clara e sucinta, ainda na

introdução do seu livro, na tentativa de dissipar possíveis confusões conceituais acerca do

foco do seu trabalho. Para esse autor,

“Carnívoro” é uma palavra ambígua, pois seu significado literal é „comedor de

carne‟. Assim sendo, ela pode descrever até mesmo nós, os humanos, pelo menos os

que não são vegetarianos. A palavra também é usada, às vezes, para animais de

hábitos predatórios, seja para cobras que matam sapos, ou falcões que pegam

pardais. Nós e eles somos todos carnívoros de algum modo: seja ele maior ou

menor.

P á g i n a | 50

No entanto, tal autor segue sua argumentação chamando atenção a outro significado

que existe ao se fazer referência aos animais carnívoros, ressaltando, porém, que “existe um

grupo de mamíferos o qual a ciência oficialmente nomeou de „Carnívoros‟ e esse é o grupo

que se apodera deste nome em relação a todos os outros.” (KRUUK, 2002, p.5)

Desta forma, os animais carnívoros que Kruuk está se referindo são necessariamente

mamíferos da Ordem Carnivora, mas não necessariamente comedores de carne. O autor

ressalta ainda o fato de que pertencer à Ordem Carnivora não predestina uma espécie ser

comedora de carne, citando como exemplo o urso panda (Ailuropoda melanoleuca), que

apesar de ser um representante desta ordem, se alimenta de bambu (KRUUK, 2002). No

entanto, tal autor termina esta discussão mostrando que, ainda assim, o conhecimento leigo

acaba dominando o acadêmico e comenta: “ainda assim, nossa imagem típica de um animal

carnívoro acaba sendo a de um predador.” (KRUUK, 2002, p.6).

3.4. CARNÍVOROS SILVESTRES BRASILEIROS

O Brasil possui 29 espécies de mamíferos silvestres pertencentes à Ordem Carnivora

(CHEIDA et al, 2006), sendo que, nove10

delas se encontram na atual lista da fauna brasileira

ameaçada de extinção (todas sob a classificação de “vulneráveis”) e outras três não é possível

determinar o atual grau de ameaça por não haverem dados suficientes para tal.

Do total de carnívoros silvestres brasileiros, 26 espécies são de animais terrestres

(MORATO et al, 2004) e apenas 3 são de animais essencialmente aquáticos. No apêndice

11.1 é possível visualizar as espécies de carnívoros silvestres brasileiros, suas famílias, seus

nomes populares, e sua situação de conservação de acordo com a atual lista brasileira da fauna

ameaçada de extinção.

Semelhantemente a outras espécies da Ordem Carnivora, as espécies de carnívoros

brasileiros também sofrem sérias ameaças, em geral, associadas às atividades humanas.

10

No capítulo que se refere aos mamíferos, escrito por Chiarello e colaboradores (2008) e presente no atual

“Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção”, são citadas 10 espécies de representantes da Ordem

Carnivora como presentes na lista da fauna ameaçada. No entanto, duas das espécies listadas (Puma concolor

capricornensis e Puma concolor greeni) na realidade são sub-espécies da espécie Puma concolor de forma

que, para haver uma simplificação, no presente trabalho será considerado como 9 o número de espécies de

carnívoros brasileiros presentes na lista.

P á g i n a | 51

Chiarello e colaboradores (2008, p. 682) comentam, na recente lista brasileira da fauna

ameaçada de extinção, que “o número de espécies ameaçadas está significativamente

correlacionado ao número de espécies presentes em cada ordem”, ou seja, quanto maior o

número de espécies que determinada ordem de mamíferos possui, maior a quantidade de

espécies desta ordem que estarão constando como ameaçadas de extinção na lista.

No entanto, infelizmente estes mesmos autores comentam que este padrão pode ter

exceções, sendo que uma dessas exceções ocorre justamente para a Ordem Carnivora que,

apesar de não ser uma das mais ricas em espécies no Brasil, quando comparada com as

demais ordens de mamíferos brasileiros é uma das que possui a maior proporção de espécies

ameaçadas. Tais autores complementam essa questão ressaltando que este fato ocorre tanto

porque esses animais são predominantemente predadores, “apresentando baixas densidades

populacionais e grande necessidade de espaço”, quanto porque eles sofrem com uma pressão

de caça associada aos “prejuízos que, supostamente, causam aos pecuaristas e outros criadores

de animais domésticos” (CHIARELLO et al, 2008, p.682).

P á g i n a | 52

4. O CASO DA ONÇA-PINTADA EM BARRA MANSA

“Se não preservamos a onça-pintada, ela acabará

transformada, assim como nossas florestas

tropicais e, por fim, assim como nós mesmos, em

poeira e fumaça.”

(HOOGESTEIJN & MONDOLFI, 1992, p. 151)

P á g i n a | 53

4.1. A ONÇA-PINTADA OU PANTHERA ONCA

A onça-pintada (Panthera onca), também conhecida como jaguar ou jaguaretê (entre

outros nomes), é um mamífero de grande porte membro da Ordem Carnivora (figuras 3 e 4),

que leva o título de maior felino das Américas, sendo endêmica do continente americano e

possuindo uma ampla distribuição geográfica no mesmo (SANDERSON et al, 2002).

Figuras 3 e 4: Indivíduos de onça-pintada (Panthera onca). Fotos de Peter G. Crawshaw.

P á g i n a | 54

Sua área de distribuição original se estendia desde o sudoeste dos Estados Unidos até o

norte da Argentina (FONSECA et al, 1994), sendo que, dados do ano de 2002, estimam que

esta distribuição se encontra extremamente reduzida (figura 5), com a espécie ocupando

apenas cerca de 46% da mesma. (SANDERSON et al, 2002).

Figura 5: Áreas de ocorrência de indivíduos e populações de onça pintada (P. onca). Adaptado de:

<http://wpcontent.answers.com/wikipedia/commons/7/7c/Jag_distribution.gif>, acesso em 26/06/09 e <http://the

websiteofeverything.com/weblog/images/jaguar_range.jpg>, acesso em 03/09/09.

Em 1989, Swank & Teer observaram que, para o México e América Central, as

populações de onça-pintada existiam em apenas 33% da sua área original e que 75% destas

populações eram consideradas existindo em números reduzidos. Por sua vez, em 1992,

Hoogesteijn & Mondolfi (p. 140), ressaltaram, no seu livro sobre a espécie:

Tendo em vista a situação populacional da onça-pintada, que foi exterminada em

uma grande parte da sua área de distribuição original ou está extremamente reduzida

em muitas áreas nas quais ela já foi inicialmente abundante, existe uma necessidade

urgente de assegurar a sobrevivência deste magnífico predador, que é o maior dos

felinos neotropicais e um elemento único nos ecossistemas das florestas tropicais[...]

P á g i n a | 55

Já Quigley & Crawshaw (1994), verificaram que esta espécie existia em 62% da sua

área de distribuição original para a América do Sul e a consideraram como estando em

números reduzidos em 36% desta área. Já em 1997, Emmons & Feer relataram que as onças-

pintadas já não ocorriam mais em dois países localizados nos extremos da sua área de

distribuição: Estados Unidos e Uruguai.

Atualmente, é bem provável que estes valores estejam ainda maiores, uma vez que os

jaguares enfrentam uma série de ameaças através de sua área de distribuição. A sua caça e a

caça de suas presas são, destas ameaças, as que ocorrem mais amplamente, ainda que a

modificação do habitat e a extração de recursos deste também ameacem a espécie e limitem

sua distribuição (SANDERSON et al, 2002).

No Brasil, onde ocorrem três das oito subespécies de P. onca existentes, somente na

Amazônia e no Pantanal encontramos agrupamentos populacionais viáveis (FONSECA et al,

1994). Na região da Mata Atlântica, existem três conjuntos de fragmentos florestais onde

ainda existem remanescentes de populações deste animal (LEITE et al, 2002) no entanto, é

bem provável que tais populações deixem de existir em relativamente pouco tempo.

Esta significante diminuição, não somente do número de indivíduos, mas também do

número de populações de P. onca, provavelmente está ocorrendo, entre outros motivos,

porque a onça-pintada é um animal que necessita de grandes áreas de habitat preservado para

sua sobrevivência. Uma vez que o já citado processo de destruição e fragmentação da Mata

Atlântica ocorreu de forma acentuada, as populações da espécie acabaram tendo que habitar

as poucas áreas de mata de tamanho relativamente grande que ainda restam, no entanto, até

mesmo estas áreas possuem um tamanho pequeno para que uma ou mais populações sejam

viáveis de persistirem em longo prazo.

Cabe ressaltar que P. onca é uma espécie considerada importante ecologicamente e

esta importância se dá, não somente devido à beleza e singularidade da espécie, mas devido a

diversos fatores. Miller & Rabinowitz (2002) destacam alguns destes fatores como o fato

destes animais constituírem uma espécie guarda-chuva (cobrindo uma grande área com seus

movimentos diários e estacionais); o fato de constituírem uma espécie indicadora (que por

serem particularmente sensíveis às perturbações humanas são capazes de indicar a qualidade

do habitat na sua área de ocupação); o fato de constituírem uma espécie-chave (controlando a

densidade populacional de várias outras espécies que habitam a mesma área e fazem parte da

sua cadeia alimentar, mantendo a integridade e a diversidade biológica do meio) e o fato de

P á g i n a | 56

constituírem uma espécie-bandeira (capazes de chamar atenção para um objetivo de

conservação).

4.2. A PREDAÇÃO DE BOVINO POR ONÇA-PINTADA EM AMPARO: QUANDO O PROBLEMA VIRA

UMA OPORTUNIDADE EDUCATIVA

Em abril do ano de 2004, foi registrada em uma fazenda localizada no 4º distrito do

município de Barra Mansa, estado do Rio de Janeiro, a ocorrência de um caso de predação de

bovino por carnívoro silvestre. O distrito em questão, denominado de Nossa Senhora do

Amparo, é predominantemente rural e possui fragmentos remanescentes de Mata Atlântica

distribuídos por seu território.

A propriedade rural na qual ocorreu a predação, chamada Fazenda Jaqueira, está

situada a 40 km do Parque Nacional de Itatiaia e possui como principal atividade a criação de

bovinos destinada à produção de leite. Cabe ressaltar que, na sua área, existem alguns

fragmentos de mata nativa, sendo que animais silvestres como o veado e o tatu, já foram

avistados na propriedade.

O proprietário da fazenda, ao constatar a predação, entrou em contato com o Centro

Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio)11

,

objetivando, desta forma, relatar o ocorrido e pedir auxílio. Neste contato, o (até então

suposto) predador foi relatado como sendo uma onça-pintada, animal que estava considerado

extinto da região, uma vez que não era visto na mesma havia décadas.

Pouco tempo depois, as informações acerca da predação e do suposto predador

acabaram por chegar aos jornais da região, que, de modo sensacionalista e com tom um tanto

quanto alarmante, imediatamente publicaram diferentes notícias (muitas delas até mesmo com

informações equivocadas) sobre o ocorrido (figura 6 e anexo 12.1).

Paralelamente, outras propriedades rurais da região que também haviam vivenciado

casos recentes de ataque e predação aos seus animais domésticos, acabaram por divulgar tais

ocorrências, as quais, sem nenhuma análise concreta e sofrendo a influência das notícias até

11

Cabe ressaltar novamente que na época da ocorrência deste caso de predação o CENAP pertencia ao IBAMA

(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e sua sigla significava “Centro

Nacional para a Pesquisa e Conservação dos Predadores Naturais”.

P á g i n a | 57

então publicadas, de imediato também foram atribuídas à onça-pintada e, com isso, também

foram divulgados pela mídia.

Todos estes fatos repercutiram rapidamente por toda a região e seus arredores,

causando alarde e alvoroço na população e levando à disseminação de diversos boatos sobre a

onça e seu aparecimento. Um desses boatos, por exemplo, fazia referência a um menino que

teria visto a onça na mata e que em seguida teve seu cachorro atacado por ela, de modo que

ele acabou por “lutar” com a onça para defender seu cachorro (vide anexo 12.1). Assim, a

população do distrito de N.ª S.ª do Amparo ficou muito assustada e com medo da onça, que

passou a ser uma grande ameaça naquele contexto.

O caso chegou a tal ponto que alguns alunos da Escola Municipal Jahyra Fonseca

Drable, situada no distrito onde ocorreu a predação, começaram a deixar de ir às aulas por

medo de serem atacados pela onça no caminho para a escola. Isso devido ao fato de que, a

maioria dos alunos desta escola mora em propriedades rurais, de modo que para chegarem ao

local onde o transporte escolar os busca, têm que percorrer trilhas ou estradas de chão no meio

da mata ou próximas a ela.

A Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa (CMA), preocupada com a

situação e sem saber ao certo qual atitude tomar, também entrou em contato com o CENAP,

que, diante dos fatos e constatando que a população do distrito de N.ª S.ª do Amparo não fazia

idéia de como lidar com o ocorrido nem possuía mecanismos para tal, acabou decidindo por

enviar técnicos à região para prestar auxílio.

A primeira etapa da ida dos técnicos à região compreendeu uma visita à Fazenda

Jaqueira (primeira a relatar a ocorrência da predação), e a algumas outras propriedades rurais

que também relataram casos de predação. Durante a visita à Fazenda Jaqueira, através da

análise dos ferimentos presentes na carcaça do animal morto (figuras 7, 8 e 9) e da

identificação de algumas pegadas próximas à área do ataque (figuras 10 e 11), ficou

comprovado que de fato o bovino da fazenda em questão havia sido predado por uma onça-

pintada. Os dados obtidos pelas visitas das outras propriedades rurais, no entanto, indicaram

que, nestas, não foi a onça-pintada a responsável pelo ataque e sim uma onça parda ou outros

carnívoros silvestres de menor porte.

Outra etapa da visita dos técnicos do CENAP compreendeu reunir a comunidade do

distrito de Amparo para a realização de uma palestra (figuras 12, 13, e 14) que forneceu

esclarecimentos e orientações, tanto sobre o fato ocorrido quanto sobre a forma de agir diante

a ocorrência de uma predação, visando com isso, tentar diminuir o medo da população e,

P á g i n a | 58

desta forma, permitir com que a mesma passasse a considerar a possibilidade de ter uma

convivência pacífica com onça-pintada e com os demais carnívoros silvestres que

possivelmente habitam a região. Durante a palestra também foram distribuídas dois tipos de

cartilhas informativas do ICMBio sobre predação de animais domésticos, uma voltada ao

público infantil e outra aos proprietários rurais (figura 15).

Figura 6: Foto de dois dos jornais que divulgaram, logo após o aparecimento da onça-pintada em abril de 2004,

notícias exageradas e alarmantes. Foto da autora.

Figura 7: Carcaça de bovino, pertencente à Fazenda Jaqueira, que foi atacado e predado por onça-pintada.

Fonte: CENAP/ICMBio.

P á g i n a | 59

Figuras 8 e 19: Diferentes ângulos da carcaça predada, enfatizando os ferimentos sofridos, cuja análise levou à

comprovação da predação por onça-pintada. Fonte: CENAP/ICMBio.

Figura 10: Pegadas de onça-pintada encontradas próximas ao local onde estava a carcaça do bovino predado.

Fonte: CENAP/ICMBio.

Figura 11: Comparação entre o tamanho de uma das pegadas encontradas e a mão humana, fato que comprova

que a predação foi feita por onça-pintada. Fonte: CENAP/ICMBio.

P á g i n a | 60

Figuras 12, 13 e 14: Palestra dos técnicos do CENAP/ICMBio para a comunidade do distrito de N.ª S.ª do

Amparo. Fonte: CMA - Barra Mansa.

Figura 15: Dois modelos de cartilhas distribuídas pelo CENAP/ICMBio durante a palestra promovida no

distrito. Foto da autora.

P á g i n a | 61

De acordo com os técnicos do CENAP/ICMBio, o objetivo destas ações foi mostrar à

população a importância da onça-pintada na manutenção de um ecossistema ecologicamente

saudável, esclarecer que tal animal não foi o único responsável pelos ataques naquele período,

(uma vez que a predação por esta espécie só foi confirmada para a Fazenda Jaqueira, mesmo

com a existência de animais predados em outras propriedades rurais) e também ajudar a

prevenir a ocorrência de possíveis novos ataques a animais domésticos, não pela onça-pintada

– que provavelmente estava apenas de passagem pela região – mas por outros carnívoros

silvestres que de fato habitam os remanescentes de mata do distrito.

A palestra promovida gerou uma grande mobilização na comunidade, de modo que, na

Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable, houve o interesse pela questão da onça-pintada e

dos carnívoros silvestres. A partir de então, uma série de atividades ditas de Educação

Ambiental foram iniciadas, tendo como objetivo conhecer melhor estes animais que ficaram

repentinamente tão famosos na região e contribuir para sua conservação. Estas atividades

foram realizadas em parceria com a CMA de Barra Mansa e, de acordo com a diretora da

EMJFD, apesar da Secretaria Municipal de Educação ter sido comunicada e chamada para

participar, não houve nenhum interesse de participação por parte da mesma.

Inicialmente, como parte das atividades, foi estabelecido que a onça-pintada iria ser o

tema principal da “III Olimpíada Rural de Amparo” (figura 16), atividade anual desenvolvida

pela Escola M. Jahyra F. Drable que tem como objetivo realizar competições entre os alunos

da escola em atividades que fazem mais parte do seu dia-a-dia, como por exemplo, montar a

cavalo ou tirar leite da vaca.

Uma vez que a olimpíada com o tema da onça teve grande sucesso com os alunos e a

comunidade, a diretora da EMJFD decidiu promover outras atividades voltadas para o mesmo

tema, entre elas a elaboração de uma cartilha artesanal (figura 17), com o objetivo de melhor

divulgar, entre a comunidade escolar, as informações sobre a onça-pintada e seu modo de vida

na natureza.

Tal cartilha, que foi elaborada tendo como inspiração aquelas duas distribuídas pelo

CENAP, teve sua primeira versão elaborada no ano de 2005 por iniciativa da supracitada

diretora. O texto da mesma foi escrito em conjunto pela diretora e algumas professoras da

escola – sem a participação dos alunos ou da comunidade local – e foi revisado pela

professora de português. As ilustrações, por sua vez, foram posteriormente feitas por um

P á g i n a | 62

voluntário participante do projeto “Amigos da Escola” 12

. Segundo a diretora da EMJFD, a

idéia de fazer a cartilha surgiu tendo como objetivo “marcar o fato de a onça ter aparecido na

região” e também “ajudar a acabar com o „folclore‟ de que duas crianças da comunidade

haviam sido comidas pela onça no ponto de ônibus”.

Figura 16: Alunos da E. M. Jahyra F. Drable participando da atividade de “colocar o rabo na onça-pintada”,

durante a “III Olimpíada Rural de Amparo”, cujo tema era esta espécie de animal. Fonte: CMA- Barra Mansa.

Figura 17: Modelo de cartilha sobre a onça-pintada elaborado na EMFJD. Foto da autora.

12

Projeto criado pela TV Globo e emissoras afiliadas com o intuito de contribuir para o fortalecimento da escola

pública de educação básica, por meio do trabalho voluntário e da ação solidária. (Retirado e adaptado de

http://amigosdaescola.globo.com/, acesso em 26/03/08).

P á g i n a | 63

4.3. O Projeto Amigos dos Carnívoros

Todos os acontecimentos anteriormente descritos, seguidos pela aparição de outras

espécies de carnívoros em municípios vizinhos à Barra Mansa, chamaram a atenção do

Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que, por sua vez, entrou em contado com o

CENAP/ICMBio e com a CMA de Barra Mansa, sugerindo a realização de uma reunião no

município com a finalidade de desenvolver um projeto de proteção aos carnívoros.

Assim, em setembro do ano de 2005, na sede da Coordenadoria de Meio Ambiente de

Barra Mansa, aconteceu a primeira reunião (figuras 18 e 19, anexos 12.1 e 12.2) do projeto

que viria a ser chamado “Amigos dos Carnívoros”. Nesta reunião, o Coordenador de Meio

Ambiente de Barra Mansa apresentou as ações até então realizadas pela CMA junto às

comunidades e escolas locais, ações estas que, de acordo com o mesmo, formavam o “Projeto

Onça-pintada”. Além disso, o técnico do CENAP nela presente fez uma apresentação sobre os

carnívoros da Mata Atlântica, abordando, entre outras questões, a importância destes animais

para o ecossistema e as ameaças que os mesmos vêm sofrendo. Na reunião, também foi

discutido que seria necessário elaborar algumas etapas para a efetiva implementação do futuro

projeto, que seriam: “Educação Ambiental”, “Políticas Públicas” e “Pesquisa Científica”. A

elaboração das mesmas ficou a cargo, respectivamente, da CMA de Barra Mansa, do

Ministério Público do Rio de Janeiro e do CENAP, que se comprometeram de apresentá-las

na reunião seguinte. Outras questões ambientais também foram abordadas nesta reunião,

dentre elas, o problema do atropelamento de animais silvestres nas estradas, a possibilidade de

realização de um monitoramento dos carnívoros silvestres através de armadilhas fotográficas

e aspectos sobre a possível implementação de corredores florestais na região. Para a reunião

seguinte, além da apresentação das etapas do projeto por cada um dos seus responsáveis,

também ficou estabelecido que o nome do mesmo viria a ser escolhido. Tal escolha se daria

através da realização de um concurso/gincana entre as escolas da rede de ensino do município,

cujos alunos proporiam possíveis nomes para o projeto, de modo que o aluno vencedor e a

escola na qual estuda seriam premiados. Cabe ressaltar que, nesta primeira reunião, estavam

presentes, além dos representantes da CMA de Barra Mansa, do Ministério Público do Rio de

Janeiro e do CENAP/ICMBio, uma representante da Secretaria de Meio Ambiente do

município de Barra do Piraí, representantes do Instituto Estadual de Floresta (IEF-RJ), a

diretora da E. M. Jahyra F. Drable, o administrador do distrito de N.ª S.ª do Amparo,

P á g i n a | 64

representantes de ONGs e outras pessoas interessadas, inclusive a presente pesquisadora,

atuando como observadora de todo esse processo13

.

A segunda reunião foi realizada no mês de novembro do mesmo ano, no Parque

Nacional de Itatiaia, e contou com uma maior quantidade de representantes de instituições dos

municípios da região. Nela foi feita uma retrospectiva dos acontecimentos e, conforme havia

sido combinado na reunião anterior, foram apresentados aos participantes alguns dos

possíveis futuros nomes do projeto, que haviam sido pré-selecionados a partir daqueles

obtidos através do concurso/gincana anteriormente citada. Além disso, também foram

apresentadas, por cada um dos seus responsáveis, as etapas elaboradas que viriam a compor o

projeto, conforme havia sido estabelecido na reunião anterior. Dentre ouros assuntos, a pauta

desta reunião também versou sobre questões gerais acerca da fauna do Parque Nacional de

Itatiaia e do meio ambiente da região.

Na terceira reunião do projeto, que ocorreu em janeiro de 2006, novamente no

município de Itatiaia, desta vez no Teatro Municipal Oswaldo Motta, os nomes finalistas da

gincana foram apresentados aos participantes, que então votaram para definir o nome

vencedor. Assim nasceu o “Projeto Amigos dos Carnívoros” (figura 20), nome proposto por

uma aluna do oitavo ano do segundo segmento do ensino fundamental da E. M. Jahyra

Drable, a mesma escola anteriormente citada como realizadora das atividades ditas de EA

sobre a onça-pintada e os carnívoros silvestres. Nesta reunião, dentre outros assuntos, foi

comentada a necessidade de se obter recursos para a realização do projeto, além de ter sido

sugerida a procura por alunos de graduação de diferentes universidades que pudessem estar

interessados na realização de pesquisas científicas envolvendo os carnívoros da região. Outro

assunto bastante abordado disse respeito à necessidade de se colocar placas sinalizadoras nas

estradas da região visando diminuir o número de animais silvestres (inclusive carnívoros), que

são freqüentemente atropelados.

A quarta reunião aconteceu em abril de 2006 na Fazenda da Posse, localizada na área

rural do município de Barra Mansa. Nesta reunião, tanto a aluna vencedora da

gincana/concurso sobre o nome do projeto quanto a Escola Municipal Jahyra F. Drable

receberam suas premiações. Em seguida também foi comentada a necessidade de se criar um

logotipo para o projeto e de que houvesse a realização de ações efetivas para dar

prosseguimento ao mesmo. Além disso, a já citada cartilha artesanal feita sob a iniciativa da

13

Cabe ressaltar que a presente pesquisadora não esteve participando da segunda, terceira e quarta reuniões,

sendo que as informações sobre as mesmas, aqui resumidas, foram obtidas através das suas atas,

disponibilizadas pela CMA de Barra Mansa (vide anexo 12.2).

P á g i n a | 65

diretora da E. M. Jahyra F. Drable foi mostrada, ficando então decidido que seriam tomadas

providências para que a mesma fosse impressa e distribuída para a população da região. Além

disso, a diretora também apresentou os dados de uma pesquisa por ela elaborada e que foi

realizada por uma equipe de 10 alunos e 2 funcionários da escola (também selecionados pela

diretora), com o objetivo de abordar questões ligadas aos animais carnívoros e aos problemas

ambientais da região junto a alguns proprietários rurais do distrito de N. S.ª do Amparo

14.

Nesta reunião entre outros assuntos, a questão sobre os animais silvestres atropelados nas

estradas da região foi novamente abordada, além de ter sido enfatizada a necessidade de se

trabalhar atividades de educação ambiental junto às demais escolas da região.

A quinta reunião ocorreu novamente na sede da CMA de Barra Mansa (figuras 21 e

22), no mês de agosto de 2006. Nela apresentou-se a primeira versão digitalizada da cartilha a

ser impressa para que os presentes sugerissem possíveis modificações a serem feitas. Foi

também ressaltado que o objetivo desta cartilha é “difundir uma Educação Ambiental

relacionada às espécies de carnívoros e suas interações com os humanos” enfatizando o

problema da predação de animais domésticos por estes carnívoros. Esta questão foi inclusive

citada por alguns presentes na reunião como sendo “de grande necessidade para a comunidade

da região e junto aos caçadores” (sic). A questão referente aos atropelamentos de animais

silvestres foi novamente abordada, desta vez havendo uma apresentação sobre o assunto por

parte de uma técnica do CENAP, seguida de uma discussão mais concreta sobre a

possibilidade de se colocar placas de sinalização nas estradas da região. Além disso, foram

apresentados esboços do futuro logotipo do Projeto Amigos dos Carnívoros, sendo que dois

deles foram pré-escolhidos e ficaram de serem apresentados na reunião seguinte após

sofrerem algumas modificações sugeridas.

A sexta reunião aconteceu em outubro de 2006 no município de Barra do Piraí

(figuras 23 e 24) e girou principalmente em torno da finalização da cartilha, com a sugestão

de novas alterações a serem feitas, inclusive a inserção de algumas informações e a correção

de erros conceituais encontrados no texto. Nesta reunião, também foram apresentados os

esboços do logotipo do projeto com as modificações anteriormente sugeridas já realizadas,

havendo, com isso, a definição de qual deles viria a representar o projeto (figura 25). A

questão da colocação das placas de sinalização para evitar o atropelamento de animais

14

De acordo com a diretora, a equipe visitou 15 propriedades rurais localizadas à margem de estradas e

entrevistou seus proprietários acerca de questões relativas à presença e conservação de animais silvestres

(inclusive a onça-pintada e outros carnívoros) e de áreas de mata nas propriedades.

P á g i n a | 66

silvestres nas estradas foi novamente abordada, sendo que algumas estradas foram sugeridas

para terem as placas implantadas.

Figuras 18 e 19: Primeira reunião com os participantes do futuro “Projeto Amigos dos Carnívoros”, ocorrida na

sede da CMA de Barra Mansa em setembro de 2005. Fonte: CMA- Barra Mansa.

P á g i n a | 67

Figura 20: Desenho da aluna Ângela Maria Soares, estudante da Escola M. Jahyra F. Drable, escolhido para dar

origem ao nome do projeto coordenado pela CMA de Barra Mansa. Fonte: CMA - Barra Mansa.

Figuras 21 e 22: Quinta reunião do Projeto Amigos dos Carnívoros realizada em agosto de 2006 na sede da

CMA de Barra Mansa. Fonte: CMA - Barra Mansa.

Figuras 23 e 24: Sexta reunião do Projeto Amigos dos Carnívoros realizada em outubro de 2006 no município

de Barra do Piraí. Fonte: CMA - Barra Mansa.

P á g i n a | 68

Uma sétima e uma oitava reuniões do projeto também foram realizadas,

respectivamente na Câmara do município de Quatis e no Parque Nacional de Itatiaia, porém,

não foi possível obter as atas das mesmas (que aparentemente não se encontram disponíveis),

e, apesar da presente pesquisadora ter comparecido a estas reuniões, não há como precisar

com muitos detalhes os assuntos que foram levados em pauta nem as datas das mesmas.

Alguns poucos fatos relembrados, no entanto, remetem a uma apresentação de um filme curta-

metragem sobre o Parque Nacional do Itatiaia em ambas as reuniões e da pouquíssima

presença de pessoas na reunião ocorrida no município de Quatis, fato que evidenciou um

possível “esfriamento” do projeto na região. Além disso, na reunião que aconteceu em Itatiaia

foi definida uma data para o que seria o “lançamento” do Projeto Amigos dos Carnívoros,

com uma paralela apresentação e distribuição das cartilhas, que já estavam prontas e

impressas à alguns meses.

Desta forma, em 26 de setembro de 2007, foi realizada pela CMA de Barra Mansa,

uma solenidade neste mesmo município para o “Lançamento regional do Projeto Amigos dos

Carnívoros” e para a “Apresentação da edição impressa da cartilha „Nossa Amiga Onça‟”

(figuras 26, 27, 28, 29 e 30) e anexo 12.3. Nesta solenidade, as cartilhas foram distribuídas

entre os participantes e para alguns representantes de escolas da região que estavam presentes.

Inicialmente foram feitas mil cópias da cartilha, com o objetivo de serem distribuídas à

população do município de Barra Mansa e arredores, preferencialmente nas escolas, porém,

objetivou-se futuramente conseguir algum patrocínio para aumentar o número de cópias.

De acordo com a diretora da EMJFD, ainda no ano de 2007 as cartilhas distribuídas

foram trabalhadas em todos os anos de ensino da escola com os alunos, que também

receberam um exemplar da mesma para levar para casa. O trabalho consistiu na leitura do

texto da cartilha na sala de aula seguida por uma discussão do assunto entre professor e

alunos. Neste mesmo ano a E. M. Jahyra F. Drable recebeu o prêmio “Selo Escola

Solidária”15

(figura 31) e anexo 12.4 pelas atividades que foram realizadas sobre a onça-

pintada.

15

O prêmio “Selo Escola Solidária” existe desde 2003, ocorrendo bianualmente e é o símbolo de um processo de

reconhecimento e identificação das escolas de educação básica que priorizam sua articulação com a

comunidade por meio de atividades e projetos de voluntariado educativo. Podem concorrer ao Selo escolas de

quaisquer estados brasileiros, públicas ou particulares, de ensino infantil, fundamental, médio e técnico, rurais

ou urbanas. O Selo tem como objetivos: “Fortalecer a escola como núcleo de cidadania na sua própria

comunidade; Propiciar a troca de experiências e articulações entre escolas solidárias de todo o País; Fomentar

a prática do voluntariado educativo como ferramenta formativa e qualificar a formação integral dos alunos em

escolas de educação básica; Reconhecer a escola pelo projeto social que ela desenvolve.” (Texto retirado e

adaptado de http://www.facaparte.org.br/, acesso em 26/03/09).

P á g i n a | 69

Em março de 2008, a Edição nº 014 da “Revista do Meio Ambiente” da Rede

Brasileira de Informação Ambiental (REBIA) divulgou que a Prefeitura de Barra Mansa

recebeu o “II Prêmio Brasil de Meio Ambiente” devido a várias ações de proteção ambiental

realizadas no município, sendo que, dentre tais ações, estava constando o Projeto Amigos dos

Carnívoros.

Figura 25: Desenho escolhido como logotipo do “Projeto Amigos dos Carnívoros”. Fonte: CMA - Barra Mansa.

Figura 26: Versão final da cartilha, para ser distribuída. Foto da autora.

P á g i n a | 70

Figuras 27, 28, 29 e 30: Diferentes momentos da solenidade realizada para o lançamento regional do Projeto

Amigos dos Carnívoros e para apresentação e distribuição da versão final da cartilha. Fotos da autora.

Figura 31: Pôster colocado na sala dos professores da Escola Municipal Jahyra F. Drable falando sobre o

recebimento do prêmio “Selo Escola Solidária” por parte da mesma. Foto da autora.

P á g i n a | 71

No entanto, apesar do inicial sucesso do Projeto Amigos dos Carnívoros e da sua

frequente exaltação, atualmente o mesmo não vem mais sendo mais realizado. Ironicamente, a

paralisação completa do projeto aconteceu pouco depois do seu lançamento regional. Cabe

ressaltar, que durante o período de realização do Projeto Amigos dos Carnívoros, o

coordenador municipal de Meio Ambiente de Barra Mansa foi substituído, sendo que seu

sucessor, apesar de algumas dificuldades, conseguiu ainda dar continuidade ao mesmo até o

momento do seu “lançamento regional”. Porém, logo após tal lançamento, ocorreu uma série

de mudanças políticas e administrativas na Prefeitura de Barra Mansa, de modo que a

Coordenadoria de Meio Ambiente foi impactada, ocorrendo novamente uma mudança de

coordenador; fato que fez com que o Projeto Amigos dos Carnívoros não fosse levado

adiante.

P á g i n a | 72

5. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM A PERCEPÇÃO DOS

ANIMAIS, EM ESPECIAL OS CARNÍVOROS SILVESTRES

“Nossa intuição é de proteger o que nós

conhecemos e gostamos. Essa é a dificuldade para

com os carnívoros, uma vez que ninguém tem uma

posição neutra sobre eles – eles são amados ou

odiados. Tais extremos na nossa percepção acerca

dos carnívoros irão continuamente trabalhar tanto

a favor quanto contra a conservação destes

animais”

(GLITEMAN et al, 2001, p.1)

P á g i n a | 73

5.1. EDUCAÇÃO E PERCEPÇÃO AMBIENTAIS

O termo Educação Ambiental foi adotado pela primeira vez no ano de 1965 em um

evento de educação promovido na Universidade de Keele no Reino Unido (LOUREIRO,

2006). No entanto, segundo Loureiro (ibid., p. 69), apenas 7 anos mais tarde, em 1972, na

conhecida Conferência de Estolcolmo, é que “ foi ressaltada a importância de se trabalhar a

vinculação entre ambiente e educação, iniciando uma discussão específica de caráter mundial

que a colocou no status de assunto oficial das Organizações das Nações Unidas e em

projeção mundial”.

A partir de então, a Educação Ambiental “viajou o mundo”, tendo sua definição (ou

definições) e implementação amplamente discutidas por diversos países, que a tomaram como

assunto de extrema importância. No Brasil, Loureiro (ibid.) ressalta que ela começou a ganhar

dimensões públicas relevantes tardiamente, somente em meados da década de 80 (vindo

inclusive a participar da Constituição Federal de 1988), apesar de haverem alguns registros de

sua existência em projetos e programas da década de 70.

No ano de 1999, o Governo Federal aprovou a Lei 9.795, que “dispõe sobre a

educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras

providências”, sendo que, de acordo com o artigo 1º da mesma, a Educação Ambiental é

entendida como:

[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores

sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidade.

No entanto, apesar do governo brasileiro apresentar uma definição para o termo

Educação Ambiental, atualmente pode-se dizer que a EA possui uma conceitualização

bastante complexa no meio acadêmico, com diversas correntes de pensamento que a definem

de maneiras bastante distintas. Sobre esta questão, Sauvé (1996, apud SAUVÉ &

ORELLANA, 2001, p. 274) comenta que:

A educação ambiental é uma complexa dimensão da educação global, caracterizada

por uma grande diversidade de teorias e de práticas que abordam a partir de

P á g i n a | 74

diferentes pontos e vista a concepção de educação, de meio ambiente, de

desenvolvimento social e de educação ambiental.

No presente trabalho, a discussão acerca da complexidade da Educação Ambiental e

de suas diferentes correntes de pensamento não será abordada. Independente da(s)

definição(ções) existente(s) para o termo Educação Ambiental, nesta pesquisa, sua utilização

e importância se dá no âmbito de gerar uma reflexão para o público-alvo em questão, sobre a

conservação da natureza local, a partir do problema abordado, e tendo a onça-pintada como

ícone deste processo. De fato, Carrillo e Batista (2007, p. 114) comentam que:

A utilização de estratégias de educação ambiental, no ensino formal e não-formal,

fornece instrumentos que promovem uma profunda reflexão nas comunidades

envolvidas sobre a sua realidade ambiental. Além disso, tais ações ajudam a formar

cidadãos capazes de solucionar problemas ambientais concretos, interagindo, de

forma mais positiva, em seu meio.

No que tange especificamente à questão da conservação da natureza, Rocha e

colaboradores (2002, p. 256), ressaltam que,

A Educação Ambiental tem papel decisivo, uma vez que todos os esforços para a

conservação da natureza serão em vão se o ser humano não tiver real consciência da

sua necessidade”, sendo “uma das mais importantes ferramentas para a conservação”

e também “fundamental para os programas de preservação dos sistemas naturais e

das espécies ali presentes.

Neste aspecto, segundo Sáto (2002, p. 19), o Tratado de Educação Ambiental para as

Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, um dos princípios da EA, mais

especificamente o 16º, diz que:

A Educação Ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas

as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos

vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida pelos seres humanos.

No entanto, para que a Educação Ambiental tenha uma maior chance de ser efetiva,

não basta apenas realizá-la como se fosse uma simples “receita de bolo”. Em um país

biológica e culturalmente tão diverso como o Brasil, a Educação Ambiental deve procurar ser

semelhantemente diversa, abrangendo as várias realidades locais e os meio ambientes a elas

associados.

P á g i n a | 75

Uma forma de fazer com que a EA de fato contemple a realidade local do público-alvo

a ser abordado, e com isso não pareça algo distante e irreal, é conhecendo a percepção destas

pessoas, seja acerca do meio ambiente no qual estão inseridas, dos problemas e questões

ambientais por elas vividos neste ambiente, ou até mesmo acerca das demais formas de vida

que dele também fazem parte. Além de melhor contemplar a realidade de determinado

público-alvo na busca de atividades de EA mais efetivas, conhecer a percepção destas pessoas

sobre o assunto em foco é também fundamental para entender suas atitudes em relação ao

problema em questão.

Neste aspecto, Boing (2007), em seu trabalho que utiliza a Percepção Ambiental como

subsídio para a Educação Ambiental em um estudo de caso no Paraná, se remete a definição

de Tuan (1980, apud BOING, 2007, p.3) sobre percepção que seria “tanto a resposta aos

estímulos externos, como a atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente

registrados, enquanto outros retrocedem para a sombra ou são bloqueados”, ressaltando que

este mesmo autor diz que:

O que se percebe [...] tem valor para o perceptor, para a sobrevivência biológica e

para propiciar algumas satisfações que estão enraizadas na cultura, bem como, o que

e como se percebe são pressupostos básicos que norteiam as atitudes.

No que tange aos estudos acerca da percepção ambiental, Teramussi (2008, p.16),

ressalta que os mesmos “buscam investigar as relações que determinada comunidade

estabelece com o ambiente em que vive”, sendo que “estas relações são de ordem cognitiva,

afetiva e ética” (ibid.). Isso porque, como comentam Oliveira & Corona (2008, p. 65):

Os indivíduos percebem, reagem e respondem de maneira diferente frente às ações

sobre o meio. Logo as respostas ou manifestações resultam das percepções, dos

processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo, no contexto de

suas relações com o ambiente e com a sociedade.

Assim, pode-se dizer que conhecer a percepção das pessoas é um dos primeiros passos

a serem tomados na busca de se conhecer o porquê das atitudes das mesmas em relação

à questão abordada e com isso planejar atividades de Educação Ambiental que possam ser de

fato efetivas, contemplando a realidade do local no qual a questão está se desenvolvendo e

também buscando atingir o princípio anteriormente citado para que o mesmo se concretize.

De fato, também de acordo com Oliveira & Corona (ibid., p.54), através de estudos sobre

P á g i n a | 76

percepção ambiental, “[...] é possível identificar as formas precisas em que a educação

ambiental poderá sensibilizar, conscientizar e trabalhar conjuntamente as dificuldades ou

dúvidas que os sujeitos-atores possam vir a ter quando discutidas e apresentadas às questões

ambientais”.

Um aspecto que sempre que possível deve ser considerado neste processo de

conhecimento da percepção é que a mesma deve ser abordada não somente em termos de

informações conceituais sobre o problema ambiental em questão, mas também no que se

refere aos sentimentos, pensamentos e emoções do público-alvo.

Em um artigo sobre a Educação Ambiental e a complexidade do campo teórico da

percepção, Marin e colaboradores (2003, p. 617) destacam a importância de se realizar

estudos sobre a percepção ambiental que levem em conta não apenas aspectos

racionais/conceituais, mas também emocionais/culturais. Isso porque, segundo tais autores, o

mundo e o ambiente são aprendidos “por intermédio de um fenômeno perceptivo tão

complexo quanto a natureza humana, não sendo possível seu entendimento pelos caminhos

puramente conceituais”.

De forma semelhante, e por conseqüência, para estes autores, é também extremamente

importante que as ações de Educação Ambiental não sejam baseadas somente na transmissão

de informações e conceitos científicos, mas também que enfoquem um processo de

sensibilização que leve em conta a dimensão emotiva e espiritual das pessoas na sua interação

com a natureza.

Assim, conhecer a percepção ambiental seria sinônimo de se obter um conjunto de

características intrínsecas a cada indivíduo, características estas que englobam tanto seu lado

racional quanto o emocional acerca das questões ambientais por ela vividas, e que desta forma

também influenciam suas atitudes para com estas questões. Consequentemente, considerar a

percepção do público-alvo sobre a questão ambiental abordada, no momento da elaboração e

realização das atividades de Educação Ambiental, acaba por possibilitar que tais atividades

estejam mais próximas da realidade destas pessoas e com isso tenham maior chance de serem

efetivas.

P á g i n a | 77

5.2. A PERCEPÇÃO E AS ATITUDES ACERCA DOS ANIMAIS, EM ESPECIAL DOS CARNÍVOROS

SILVESTRES.

De forma semelhante ao exposto anteriormente, o estudo da percepção ambiental

também pode (e deve!) ser voltado especificamente no que tange à percepção acerca de

espécies de animais que compartilham conosco o meio ambiente – sejam tais espécies

domésticas ou silvestres/selvagens – e das interações que as mesmas possuem com este meio

ambiente, interações estas que também influenciam a vida da população humana.

Especialmente, no que tange à preservação/conservação de espécies animais silvestres

ou selvagens, o estudo da percepção e das atitudes das pessoas acerca das mesmas se faz

ainda mais necessário. Røskaft e colaboradores (2003) comentam da importância – visando

evitar uma perda ainda maior da biodiversidade global – de se conseguir obter um melhor

entendimento acerca das atitudes das pessoas em relação à vida selvagem, sejam tais atitudes

positivas ou negativas, e também de se explorar os fatores biológicos e culturais que

influenciam tais atitudes. Kellert (1985, apud Conforti e Azevedo, 2003, p.219) por sua vez,

comenta que:

A maioria dos esforços voltados à preservação de animais selvagens não consideram

as percepções das pessoas em relação a uma espécie e não comunicam os benefícios

advindos da proteção desta espécie, incluindo valores que comumente são

esquecidos como, o cultural, o moral, o estético e o recreacional.

Kellert e colaboradores publicaram em 1996 um trabalho de revisão bibliográfica

sobre as atitudes humanas (com foco nos euro-americanos da América do Norte) em relação a

três grandes carnívoros de ocorrência neste subcontinente: o lobo (Canis lupus), o urso-pardo

(Ursus arctos horribilis) e o puma (Puma concolor). Neste trabalho eles dizem que

consideram as atitudes das pessoas em relação a estas espécies como conseqüência de quatro

variáveis que interagem entre si, citadas por Kellert em um livro publicado no mesmo ano.

Apesar de Kellert e colaboradores (ibid..) estarem se referindo ao uso destas variáveis

em relação às três espécies de grandes carnívoros por eles consideradas, elas não são

específicas para tais espécies, uma vez que fazem referência às espécies animais de modo

geral. Assim, estas variáveis também podem ser consideradas como influentes nas atitudes

P á g i n a | 78

sobre os carnívoros silvestres brasileiros em especial sobre a onça-pintada, sendo elas

KELLERT, 1996, apud KELLERT et al, 1996, p. 978):

Primeiro as pessoas possuem certos valores básicos em relação aos animais e à

natureza que inevitavelmente afetam suas percepções sobre uma determinada

espécie. Segundo, as atitudes das pessoas são significativamente influenciadas pelas

características físicas e comportamentais de uma espécie, incluindo o tamanho do

animal, sua inteligência perceptível, morfologia, forma de locomoção, associações

culturais e históricas e outros fatores. Terceiro, o conhecimento e compreensão das

pessoas sobre uma espécie pode influenciar as atitudes, inclusive uma

conscientização de fatos, conceitos e conservação. Finalmente, as percepções são

afetadas pelas interações passadas e presentes com uma espécie em particular,

incluindo conflitos, uso recreacional, relações de propriedade e condição de manejo.

De fato, no que se refere aos carnívoros silvestres, MacDonald & Kays (2005, p. 42),

ressaltam que “[...] na prática, o que mais influencia as ações das pessoas acerca dos

carnívoros não são os aspectos do comportamento destes animais (que comumente é

desconhecido), mas a percepção dessas pessoas”.

Mais especificamente para felinos, Silva-Rodríguez e colaboradores (2007) comentam

que as atitudes humanas estão entre as questões mais importantes quando o objetivo

é conservar estes animais. Isso porque os felinos em geral precisam de grandes áreas para

viver de forma que o tamanho das unidades de conservação muitas vezes não é suficiente para

tal, fazendo com que estes animais acabem ocorrendo fora das áreas protegidas,

principalmente em áreas rurais adjacentes, de modo que saber a forma com que a população

rural os percebe e conhece acaba sendo importante para sua conservação.

Amâncio e colaboradores (s.d., p.1) no seu trabalho que busca entender a percepção de

moradores do Pantanal com o objetivo de facilitar a conservação da onça-pintada na região,

ao falar dos conflitos entre humanos e felinos gerados pela predação de gado doméstico,

comentam que:

[...] é realista afirmar que ações que busquem minimizar a dimensão deste problema,

visando conservar as espécies selvagens envolvidas, passam necessariamente pela

compreensão da dimensão humana, suas experiências, seu imaginário, e os padrões

de fluxo de informação que resultam, quase que invariavelmente, no abate de

grandes predadores. Esta compreensão pode ser considerada basal na busca de

estratégias que resultem na desejada mudança do paradigma atualmente observado

[...] para um novo paradigma que resulte em última análise, em uma melhor

perspectiva de conservação de grandes predadores.

P á g i n a | 79

Conforti (2006, p. 186), por sua vez, no seu trabalho sobre a percepção local em

relação a grandes carnívoros em áreas de ocorrência de predação de rebanhos, comenta que de

forma semelhante ao que ocorre com a percepção ambiental de modo geral, “a percepção

acerca de uma espécie é moldada por uma combinação de fatores”. A autora cita como

fatores, além de características do indivíduo (idade, ocupação, escolaridade), o conhecimento

que ele tem sobre a espécie em questão e as possíveis experiências pessoais associadas a tal

espécie.

Ela ressalta ainda (CONFORTI, ibid.), que apesar de geralmente a maior parte das

pessoas acreditarem e considerarem que existe uma correlação positiva entre conhecimento e

percepção (ou seja, indivíduos com mais conhecimento sobre determinada questão ambiental

teriam uma percepção mais positiva sobre a mesma) nem sempre tal correlação acontece, e

cita como exemplo para tal situação uma pesquisa realizada por Ericsson e Heberlein em 2003

na Suécia, em que, ao se comparar pessoas que caçavam lobos e aquelas que não os caçavam,

apesar das primeiras conhecerem mais sobre a espécie, elas também tinham menos atitudes

favoráveis em relação à mesma.

Prokop & Kubiatko (2008, p. 3) comentam, em seu estudo sobre atitudes de crianças

em relação a predadores e presas, que o ensino do papel dos predadores no ecossistema deve

ter outra dimensão além de apenas fornecer a compreensão científica sobre a importância

destes animais para o meio ambiente e que “da perspectiva da Educação Ambiental é

fundamental pesquisar o que as mesmas sentem sobre os predadores e não apenas o que elas

sabem deles”. Tais autores citam diferentes trabalhos para explicar que a relação entre o

homem e os predadores é antiga, vindo desde a pré-história, quando aqueles representavam

uma maior ameaça à espécie humana. Assim o instinto de defesa presente na nossa espécie

desde tempos imemoriais acaba também por influenciar nossas atitudes em relação aos

predadores.

Kruuk (2002, p.179) também faz inúmeras referências, em seu livro, a esta questão da

evolução paralela entre humanos e carnívoros no decorrer da história, tecendo diversos

comentários acerca de muitos aspectos que relacionam nossa espécie com este grupo de

animais. Sobre o instinto de defesa que nos é inato ele comenta:

Como outras espécies, nós temos sofrido predação por carnívoros por muitas

gerações, e nós desenvolvemos respostas. Muito provavelmente, estas são respostas

generalizadas para predadores, para os animais que nos predam e à competição que

mata nossas presas e rebanhos, e essa resposta generalizada é modificada para cada

espécie individual de predador [...].

P á g i n a | 80

No entanto, Kruuk (ibid., p. 4) leva a discussão sobre a relação que possuímos com as

espécies de carnívoros a questões que vão além do simples instinto de defesa, como por

exemplo, o fato dos humanos frequentemente admirarem estes animais e se identificarem com

eles, “porque lá no fundo nós mesmos somos caçadores”:

[...] em todo lugar, mesmo na nossa literatura, nos contos infantis, na arte, nas

superstições, brasões e outros pequenos simbolismos do cotidiano, os carnívoros

ocupam um papel mais proeminente que o papel de outros animais. Em termos

biológicos, isto significa que pode existir um "valor de sobrevivência" neste aspecto

de nossa cultura. Nós ensinamos aos outros o que é letal no ambiente, como suas

forças mortíferas trabalham, e poderíamos até chamar isto de um sistema de alarme

cultural. A atração de nossa espécie pelos carnívoros expressa-se nesta cultura, em

nossa admiração pelo ato de caçar e em nossa apreciação da beleza destes animais.

Além disso, ainda existem outros aspectos que, segundo Kruuk (ibid.), também vão

influenciar a percepção em relação aos carnívoros, como por exemplo, a visão utilitária destes

animais, seja como fonte de recreação (caça esportiva, ecoturismo) ou de renda (venda de

peles, etc) e obviamente também a visão dos carnívoros como causadores de prejuízos

econômicos, principalmente em casos de predação a animais domésticos e rebanhos. No que

se refere a este último item, especialmente em áreas onde a predação ocorre com freqüência, é

comum que a percepção e as atitudes dos moradores locais em relação aos carnívoros

silvestres sejam bastante negativas, principalmente para aqueles afetados econômica ou

psicologicamente pelos ataques (CONFORTI & AZEVEDO, 2003).

Em um contexto de prejuízos econômicos decorrentes da predação de animais

domésticos, parece ser plausível dizer também que nem sempre uma percepção positiva

garante atitudes positivas em relação à determinada espécie. Zimmermann e colaboradores

(2005), em seu estudo realizado no Pantanal sobre as atitudes de fazendeiros proprietários de

gado em relação a conflitos de predação causados por onças-pintadas, relatam que apesar dos

fazendeiros entrevistados frequentemente considerarem a onça-pintada como o animal mais

bonito do ecossistema local, suas atitudes em relação à espécie muitas vezes eram negativas,

principalmente quando envolviam os prejuízos econômicos causados pela predação do gado

por parte destes animais. Sobre esta questão, os autores (ibid., p. 410) comentam que:

P á g i n a | 81

Os fazendeiros donos de gado do pantanal possuem um padrão de vida mais alto do

que, por exemplo, fazendeiros de subsistência na África, que também sofrem com a

predação do seu gado por grandes carnívoros. Uma renda relativamente mais alta

pode ajudar a desvincular suas atitudes (para com os carnívoros), de suas perdas.

Como resultado, as atitudes acabam determinadas principalmente por percepções

individuais, crenças e valores, influenciadas pela educação, família, tradição e

cultura.

Em um trabalho realizado no Parque Nacional do Iguaçu sobre a percepção de

moradores do entorno do parque sobre os grandes carnívoros nele presentes associada a

ocorrência de predação por tais animais, Conforti & Azevedo (2003, p. 219), comentam que,

apesar de considerarem a EA como uma “importante ferramenta para a transformação das

atitudes das pessoas em relação aos animais selvagens” e “fundamental para fazer com que as

onças-pintadas e pardas sejam amplamente aceitas como animais que precisam ser

preservados”, também ressaltam que:

[...] Obviamente, entender o papel dos grandes carnívoros na natureza não é

suficiente para resolver conflitos. Os moradores adultos possuem profundamente

enraizadas suas atitudes em relação à vida selvagem, frequentemente caracterizadas

por uma visão exploratória da natureza.

Eles complementam dizendo que nestes casos, “os programas educacionais sozinhos,

podem não ser suficientes”, sendo que “pesquisas sobre formas mais apropriadas de se reduzir

a perda de animais domésticos para os carnívoros também são necessárias” (ibid., p.220).

Assim, pode-se dizer que tanto a percepção quanto as atitudes de uma pessoa em

relação a determinada espécie são moldadas por uma série de diferentes fatores que variam de

acordo com a realidade local envolvida. Dentre os fatores que moldam a percepção de uma

pessoa, estão envolvidas questões culturais, emocionais, econômicas, entre outras, e dentre

aqueles que moldam as atitudes estão todos estes já citados e também a própria percepção

também pode estar envolvida. Desta forma, apenas conhecer determinada espécie e possuir a

informação de que ela é “boa” ou “importante” para o meio ambiente pode não ser suficiente

para que haja uma percepção positiva da mesma e, mais ainda, uma percepção positiva sobre

a espécie também não é garantia de que as atitudes em relação a ela serão positivas, sendo

toda esta relação vai depender do contexto local onde a pesquisa está sendo desenvolvida.

Levando em conta todos estes fatores, especialmente em situações que envolvem casos

de predação, o Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação de Mamíferos Carnívoros -

CENAP, criou, em 2004, um “Plano de Ação para Pesquisa e Conservação de Mamíferos

P á g i n a | 82

Carnívoros do Brasil” (MORATO et al, 2004). Neste Plano de Ação estão descritas diversas

metas a serem cumpridas, entre elas, a realização tanto de pesquisas sobre percepção social

com o intuito de avaliar a magnitude do problema da predação, quanto de atividades de EA

visando estabelecer métodos para resolver problemas de predação. Como formas citadas no

Plano de Ação para a realização destas metas estão descritas, respectivamente: “avaliar

atitudes e tolerância dos proprietários sobre predação, percepção das perdas, custo das perdas,

percepção sobre os predadores, mecanismos de controle, outros incentivos econômicos ou

atitudes comunitárias que podem afetar as percepções sobre os predadores e sobre os

principais problemas de manejo da fazenda” (p. 32) e “realizar de cursos de capacitação e de

cursos de atualização e encontros” (p.34).

Diante de todos estes fatos, fica evidente a importância de se conhecer a(s)

percepção(ões) de um futuro público-alvo de atividades de EA sobre determinada(s)

espécie(s) da fauna que será(ão) foco destas atividades, de forma que o conhecimento desta(s)

percepção(ões) possui também um importante papel para compreender as atitudes deste

público em relação a tal(is) espécie(s) e propiciar que as atividades de EA a serem realizadas

de fato se tornem efetivas na abordagem da preservação/conservação desta(s) espécie(s) e de

possíveis questões/problemas com ela(s) associados, como por exemplo em casos de predação

de animais domésticos por carnívoros silvestres.

P á g i n a | 83

6. METODOLOGIA

“Atitudes podem ser avaliadas ao perguntarmos às

pessoas o que elas acham que deve ser feito em

relação a um animal de acordo com certas

situações ou experiências.”

(CONFORTI, 2006, p. 187)

P á g i n a | 84

6.1. LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO

6.1.1. Breve histórico do município de Barra Mansa (RJ)16

Barra Mansa está localizado na porção sul do estado do Rio de Janeiro, entre as Serras

do Mar e da Mantiqueira e às margens do Rio Paraíba do Sul, fazendo parte, portanto, da

Região do Médio Vale do Paraíba (figura 32). Sua área, que é de 548,90 km², faz limite com

11 cidades, sendo que uma delas (Bananal) pertence ao estado de São Paulo. As cidades

limítrofes ao município são: Valença e Quatis (ao norte); Rio Claro, Piraí e Bananal (ao sul);

Volta Redonda, Barra do Piraí, Piraí (à leste) e Resende, Quatis, Porto Real (à oeste).

Figura 32: Mapa do estado do Rio de Janeiro com ênfase no município de Barra Mansa e com destaque ao seu

4º distrito, denominado Nossa Senhora do Amparo, local do presente estudo. Fonte: Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE).

16

As informações acerca do município de Barra Mansa foram adaptadas das seguintes páginas da internet:

<http://www.agencia1.com.br/pmbm/site/page/cidade.asp>, acesso em 04/09/07; <http://www.prefeiturade

barramansa.com.br/pmbm/web/page/cidade.asp>, acesso em 10/09/09 ; <http://www.ibge.gov.br/cidadesat

/painel/painel.php?codmun=330040#>, acesso em 10/09/09.

P á g i n a | 85

Atualmente Barra Mansa é dividido em 5 distritos: Sede (1º), Floriano (2º), Rialto (3º),

Nossa Senhora do Amparo (4º) e Antônio Rocha (5º), sendo que os distritos de Rialto e de

Nossa Senhora do Amparo são predominantemente rurais. Os dados do censo demográfico

realizado no ano de 2000,17

estimam que, à época, o município possuía em torno de 172 mil

habitantes, sendo que, destes, cerca de 6 mil representavam sua população rural. No entanto,

apesar da grande maioria da população de Barra Mansa habitar a zona urbana, pouco mais da

metade da área total do município (cerca de 300 km² ou 54,65%), equivale ainda à zona rural.

A região onde se localiza o município começou a ser desbravada no final do século

XVIII, uma vez que era caminho para os viajantes que buscavam chegar ao interior do país

com o intuito de trabalhar na mineração. O aumento do fluxo migratório para as minas levou à

formação de um pequeno núcleo populacional à beira do caminho, que passou a servir como

ponto de abastecimento e pousada para os viajantes, sendo que, com o tempo, este núcleo

acabou por expandir suas atividades comerciais. No entanto, é apenas no início do século

XIX, quando ocorre o esgotamento das reservas de ouro das minas, que o município e seu

entorno começam a despontar, se mostrando extremamente favoráveis para o cultivo do café.

O Ciclo do Café propiciou um rápido crescimento da região, através da massiva

derrubada da mata nativa para a plantação da lavoura e da construção de grandes fazendas

cafeeiras. Durante este período, a até então vila de São Sebastião da Barra Mansa, se tornou

extremamente próspera, acabando por ser emancipada e elevada à categoria de cidade (com o

nome de Barra Mansa), em 1857.

Algumas décadas mais tarde, fatores como a superprodução cafeeira, a exaustão dos

solos e a libertação da mão-de-obra escrava acabaram impulsionando o processo de

decadência do Ciclo do Café, obrigando assim, a economia regional a buscar outra alternativa

geradora de renda. Barra Mansa passou então a se voltar para a atividade pecuária,

direcionada principalmente à produção leiteira.

Na primeira metade do século XX, porém, o município começou a sofrer um intenso

processo de industrialização, que atingiu seu auge com a implantação da Companhia

Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda (que na época, era um distrito pertencente à

Barra Mansa). A partir de então, as indústrias passaram a ser o foco de interesse econômico

da região, que, por consequência, também sofreu um grande desenvolvimento urbano,

voltando a ganhar destaque no cenário nacional.

17

Dados referentes ao Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

no ano de 2000.

P á g i n a | 86

Atualmente, tanto o setor industrial quanto o de comércio e serviços são os principais

focos de interesse econômico do município. No entanto, uma vez que diversas fazendas

(muitas delas consideradas históricas, construídas na época do Ciclo do Café) voltadas às

atividades agropecuárias permaneceram ativas, também se considera o setor rural de Barra

Mansa como uma boa alternativa para investimentos, não apenas relacionados à produção

agropecuária, mas também direcionados tanto para o turismo rural quanto para turismo

histórico associado às construções da época do Ciclo do Café.

Outra questão relacionada à preservação das antigas fazendas cafeeiras e à

manutenção das atividades agropecuárias nas mesmas, é que em algumas áreas onde

anteriormente havia a lavoura de café, a mata nativa acabou sofrendo um processo natural de

regeneração, de modo que, atualmente, a região rural do município possui uma série de

fragmentos de mata. Apesar de estes fragmentos serem em geral pequenos, compostos por

uma vegetação secundária e estarem entremeados por amplas pastagens, eles possuem

importância ecológica no que se refere à movimentação de algumas espécies da fauna através

da paisagem. Isso porque os mesmos podem acabar servindo como trampolins ecológicos18

,

principalmente ao considerar que Barra Mansa está situada entre dois grandes remanescentes

da Mata Atlântica, que são a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira.

6.1.2. O distrito rural de Nossa Senhora do Amparo19

Nossa Senhora do Amparo é o 4º distrito do município de Barra Mansa e é

predominantemente rural, com a maior parte da sua área de 133 km² sendo ocupada por

fazendas, sítios e outras propriedades rurais. Sua população é composta majoritariamente por

pessoas pertencentes à classe média baixa, que residem tanto na vila central do distrito quanto

nas propriedades rurais que dele fazem parte (figura 33).

18

Trampolins ecológicos (ou stepping stones) são pequenas áreas de habitat dispersas pela matriz que podem,

para algumas espécies, facilitar os fluxos entre manchas (METZGER, 2001, p.8).

19

As informações acerca do Distrito de Nossa Senhora do Amparo foram obtidas através de visitas ao mesmo e

de conversas informais com a diretora da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable, além de adaptadas das

seguintes páginas da internet: <http://turismovaledocafe.blogspot.com/2009/02/nossa-senhora-do-amparo-

distrito-de.html>, acesso em 07/05/09; <http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=51784>,

acesso em 07/05/09; <http://riosulnet.globo.com/web/conteudo/3_253259.asp>, acesso em 07/05/09;

<http://www.prefeituradebarramansa.com.br/>, acesso em 10/09/09; <http://www.arura.com.br/introd. htm>,

acesso em 10/09/09

P á g i n a | 87

Na época do Ciclo do Café, Amparo teve destaque, uma vez que a Fazenda Sant‟ana

do Turvo, construída em 1826 e nele localizada, foi a maior produtora de café da região. O

distrito ainda possui resquícios de construções da época colonial, como fazendas (figuras 34 e

35), uma rua com calçamento de pedras feito pelos escravos (figura 36), casarões (figura 37)

e a Igreja de Nossa Senhora do Amparo (figuras 38 e 39), que foi construída em 1853 e se

localiza na praça principal da vila do distrito, tendo sido preservada até os dias atuais sem

sofrer nenhuma alteração.

No entanto, atualmente é possível afirmar que termos de infra-estrutura, serviços e

lazer, N.ª S.ª do Amparo carece de maiores investimentos por parte do governo municipal,

sendo que os principais problemas que atingem sua população são a falta de emprego e a má

qualidade tanto do transporte público quanto das vias de acesso que levam ao distrito. Além

disso, o Amparo não possui posto de saúde com médico diário, sendo que o atendimento de

saúde ocorre principalmente no centro social João XXII (figura 40). No que se refere ao

saneamento básico, apesar de haver um sistema de abastecimento de água (que se dá através

de uma adutora), a mesma não é tratada, assim como o esgoto, que é lançado na rede de águas

pluviais ou diretamente nos rios; já o lixo tem sua coleta realizada duas vezes na semana por

um caminhão da prefeitura.

Na vila central do distrito algumas ruas são calçadas e iluminadas, existindo um

pequeno comércio local, assim como duas instituições públicas de ensino (uma delas que

abrange as turmas de Ensino Infantil e Fundamental, a Escola Municipal Jahyra Fonseca

Drable e outra que possui turmas de Ensino Médio, o Colégio Estadual Nossa Senhora do

Amparo). A vila possui ainda, além da igreja anteriormente citada, uma capela (Capela de São

Benedito), duas praças, um clube, uma pequena biblioteca, um galpão para eventos, um

campo de futebol e uma quadra poliesportiva (anexa à escola municipal).

A economia atual do distrito gira em torno da agropecuária e do pequeno comércio

local, destacando-se também a produção e venda de peças de artesanato, principalmente

colchas, tapetes, almofadas, e bolsas, confeccionados a partir de retalhos de tecidos. Tal

artesanato, que é bastante famoso na região e funciona na forma de cooperativa, teve seu

surgimento em 1981, por incentivo da Associação das Damas de Caridade de Amparo, que

financiou a construção de um casarão no distrito, chamado Artesanato Stella Carvalho (figura

41), com o objetivo de ser a um ponto permanente de exposição e vendas diretas das peças

confeccionadas.

P á g i n a | 88

Figura 33: Imagem de satélite mostrando a vila central do distrito de Nossa Senhora do Amparo e seu entorno,

sendo possível notar as áreas de pastagem e alguns fragmentos de mata existentes. Fonte: Google Earth.

Figuras 34 e 35: Vistas parciais de duas fazendas do distrito de N.ª S.ª do Amparo. Fotos da autora.

Nos últimos anos, a prefeitura incentivou o turismo rural no município, sendo que, no

distrito de Amparo, eventos tradicionais e populares passaram a ser realizados, como por

exemplo, algumas festas religiosas, a Feira da Roça e o Torneio Leiteiro, este último já

bastante conhecido na região, sendo organizado em parceria com a Associação de Produtores

Rurais de Nossa Senhora do Amparo (APRONAM) e tendo como objetivo integrar a

comunidade e promover o potencial econômico. Amparo possui ainda, implantados em uma

das suas fazendas históricas (Fazenda Bonsucesso), um criadouro conservacionista de lobos-

guarás (Chrysocyon brachyurus) e um criadouro comercial de jacarés-do-papo-amarelo

(Caiman latirostris), ambos funcionando com certificação do IBAMA e tendo como

P á g i n a | 89

finalidade a preservação destas espécies e o turismo ecológico (e, no caso do específico dos

jacarés, a comercialização da carne e do couro dos mesmos).

Figuras 36 e 37: Rua localizada na vila central do distrito de N.ª S.ª do Amparo, cujo calçamento foi feito na

época do Ciclo do Café, e um dos casarões históricos localizados nesta rua. Fotos da autora.

Figuras 38 e 39: Vistas parciais da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, construída em 1853 e localizada na

praça principal da vila central do distrito. Fotos da autora.

Figuras 40 e 41: À esquerda vistas parciais da praça onde está localizada a EMJFD e do Centro Social João

XXII. À direita vistas parciais do Colégio Estadual Nª. Sª. do Amparo e do casarão sede do Artesanato Stella

Carvalho, local onde também funciona a biblioteca do distrito. Fotos da autora.

P á g i n a | 90

6.1.3. A Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable (EMJFD) 20

A atual21

(figura 42) Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable (EMJFD) foi criada em

11 de março de 1999, através do Decreto Municipal nº 3311, e está localizada na Praça

Leopoldo Monteiro da Silva, Distrito de Nossa Senhora do Amparo, município de Barra

Mansa, estado do Rio de Janeiro (figura 43). O nome da escola é uma homenagem a D.

Jahyra Fonseca Drable, nascida no ano de 1894 no próprio distrito de Nossa Senhora do

Amparo e considerada importante cidadã de Barra Mansa (figura 44).

Sua criação se deu com o objetivo de centralizar em apenas uma unidade escolar o

funcionamento de todas as turmas de Ensino Fundamental pertencentes a quatro escolas

municipais que até então existiam no distrito de Nossa Senhora do Amparo. Estas quatro

escolas eram administradas pela mesma diretora e cada uma delas possuía turmas de

diferentes anos do Ensino Fundamental. Desta forma, a centralização ocorreu visando facilitar

tanto o acesso dos alunos à escola (uma vez que sua grande maioria mora em propriedades

rurais e utiliza o transporte escolar municipal para chegar à mesma), quanto a administração

conjunta das turmas de Ensino Fundamental neste distrito. Assim, com a criação da Municipal

Jahyra Fonseca Drable, as escolas municipais anteriormente citadas foram extintas.

Desde sua criação, a EMJFD passou a ter turmas de todos os anos do Ensino

Fundamental, sendo que, no turno da manhã, funcionam as turmas de 1º a 5º anos, no turno da

tarde as turmas de 6º a 9º e no período da noite as turmas de Educação de Jovens e Adultos do

1º ao 4º anos. A escola conta também com duas turmas de Educação Infantil (EI 1 e EI 2)

funcionando, cada uma, respectivamente, no turno da tarde e da manhã.

Em abril de 2004, o prédio no qual a Escola Municipal Jahyra F. Drable estava sediada

necessitou passar por reformas, uma vez que sua construção inicial datava de 1977. Desta

forma, a escola teve que ficar funcionando provisoriamente em um casarão próximo, também

localizado na vila do distrito. As obras da reforma duraram quase 3 anos, sendo que em 29 de

setembro de 2006 a EMJFD foi oficialmente re-inaugurada e entregue a população figura

45). Com a reforma da escola, sua estrutura passou a contar não apenas com uma quadra

poliesportiva anexa, mas também com um pátio interno (figura 46) e uma área externa

20

Informações adquiridas através de conversa informal com a diretora da Escola Municipal Jahyra Fonseca

Drable e também através da Secretaria de Educação do município de Barra Mansa.

21

Em outubro de 1967, o “Grupo Escolar Municipal” então existente no distrito de Nossa Senhora do Amparo

recebeu a mesma denominação de Jahyra Fonseca Drable.

P á g i n a | 91

(figura 47), um refeitório (figura 48), uma cozinha (figura 49), seis salas de aula (figuras 50

e 51), uma sala de professores (figura 52), uma sala para a administração/secretaria (figura

53), uma sala para diretora, três banheiros (masculino, feminino e de professores), além de

uma sala de leitura/biblioteca e três salas pequenas para depósito de materiais.

Figura 42: Atual vista frontal da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable. Foto da autora

Figura 43: Imagem de satélite mostrando a vila do Distrito de Nª. Sª. do Amparo, com destaque à EMJFD ao

centro (construção de cor clara em formato quadrado) e sua quadra esportiva anexa. Fonte: Google Earth.

P á g i n a | 92

Figuras 44: Quadros com a foto da D. Jahyra Fonseca Drable e seu histórico de vida, colocados na parede da

secretaria da EMJFD. Foto da autora.

Figuras 45: Placa de re-inauguração da EMJFD, colocada na parede do pátio interno da escola. Fotos da autora.

Figuras 46 e 47: Vistas parciais dos pátios interno e externo da EMJFD. Fotos da autora.

P á g i n a | 93

Figuras 48 e 49: Vistas parciais do refeitório e da cozinha da EMJFD. Fotos da autora.

Figuras 50 e 51: Vistas parciais de uma das salas de aula da EMJFD. Fotos da autora.

Figuras 52 e 53: Vistas parciais da sala dos professores e da sala da administração/secretaria da EMJFD. Fotos

da autora.

O corpo discente da EMJFD é composto tanto por uma minoria de alunos que mora na

vila central do distrito, quanto por uma maioria que vive em propriedades rurais. Segundo a

P á g i n a | 94

diretora, este fato faz com que a escola acabe vivenciando uma alta rotatividade de alunos

durante todo o ano letivo, uma vez que é comum que os pais se mudem entre as fazendas em

busca de melhores alternativas de emprego.

No início do ano letivo de 2008 (mês de fevereiro) a E. M. Jahyra F. Drable possuía

243 alunos matriculados, sendo que, destes, 136 equivaliam às turmas de 5º ao 9º ano de

ensino, que são o foco deste trabalho. Com relação ao quadro de funcionários, no ano em

questão a escola contava com um total de 18 professores e outros 17 funcionários, estes

distribuídos pelas seguintes funções (quadro 2):

Quadro 2: Total de funcionários da EMJFD no ano de 2008 (excluindo o corpo docente), distribuídos por tipo

de serviço realizado.

Serviço realizado Nº de funcionários

Direção 1

Auxiliar de secretaria 2

Disciplinário 1

Servente 3

Merendeira 4

Responsável pela Sala de Leitura/ Biblioteca 1

Motorista 5

FONTE: Secretaria da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable.

Os professores e a maior parte dos funcionários são vinculados a Prefeitura de Barra

Mansa, sendo que, no ano de 2008, o serviço de merendeira foi terceirizado, existindo a

possibilidade, segundo a diretora, também da terceirização do trabalho de outros funcionários.

Já os motoristas, são um serviço contratado à parte pela prefeitura de Barra Mansa, e

sua função é buscar os alunos em locais estipulados para levá-los à escola e depois, conduzi-

los de volta às suas casas. Segundo a diretora, este serviço é de extrema importância para

possibilitar a presença dos alunos nas aulas, uma vez que a grande maioria deles mora em

propriedades rurais distantes da vila do distrito (sendo impraticável para os mesmos caminhar

até a escola), não existindo, outra forma de transporte que possibilite seu acesso à sala de aula

(figura 54).

P á g i n a | 95

Figura 54: Aluno morador de propriedade rural sendo deixado em casa pelo transporte escolar da EMJFD. Foto

da autora

6.2. DEFININDO A METODOLOGIA

6.2.1. Público-alvo, população-alvo e amostra

O público-alvo deste estudo é composto por discentes da Escola Municipal Jahyra

Fonseca Drable, sendo que a população-alvo inclui como amostra, todos os alunos desde o 5º

até o 9º ano do Ensino Fundamental que estavam presentes no dia em que o questionário

definitivo foi aplicado, totalizando 121 alunos.

Tal amostra equivale a 96,8% (houveram quatro faltas no dia de aplicação do

questionário) dos alunos do Distrito de Nossa Senhora do Amparo referentes a estes anos de

ensino, uma vez que apenas a EMJFD possui turmas de Ensino Fundamental no distrito em

questão.

Uma vez que, conforme foi comentado, a rotatividade dos alunos da escola é elevada,

a quantidade dos mesmos no mês de aplicação do questionário (novembro) não foi a mesma

P á g i n a | 96

que a encontrada no início do ano letivo de 2008 (anteriormente citada), conforme pode ser

visto no quadro 3 abaixo:

Quadro 3: Quantidade de alunos da EMJFD por turma de Ensino Fundamental em fevereiro de 2008 (início do

ano letivo) e no mês de novembro deste mesmo ano.

Ano de Ensino 5º 6º 7º 8º 9º Total

Turma 501 601/602 701/702 801 901

Nº de alunos Fevereiro de 2008 27 16/16=32 16/15=31 27 19 136

Novembro de 2008 25 17/16=31 12/11=23 27 17 125

FONTE: Secretaria da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable.

Tanto o sexto quanto o sétimo anos possuem duas turmas de alunos, porém para a

análise dos resultados da pesquisa as respostas dos alunos das duas referidas turmas de cada

ano foram agrupadas. Como citado anteriormente, optou-se pela escolha destes anos de ensino

por considerar os alunos mais maduros para responder os questionários. Além disso, o fato de

terem mais idade faz com que parte destes alunos tenha vivenciado, em 2004, o

acontecimento da predação da onça-pintada.

Dos 136 alunos presentes na escola em fevereiro de 2008, 79 já estudavam na mesma

no ano de 2004, quando ocorreu o caso de predação por onça-pintada, de forma que

vivenciaram as atividades à época realizadas sobre o assunto. Obviamente, a alta rotatividade

da escola também acabou por influenciar a quantidade de alunos presentes no dia da aplicação

do questionário definitivo que também estavam na escola no ano de 2004. O valor referente a

estes alunos, por sua vez, passou dos 79 que estavam no início do ano letivo de 2008 para 60

alunos no dia da aplicação do questionário.

6.2.2. Conhecendo e reconhecendo a Escola Municipal Jahyra F. Drable

Para a realização do presente trabalho foram feitas seis visitas à Escola Municipal

Jahyra Fonseca Drable, visitas estas que tiveram a duração de um ou mais dias e que

objetivaram não apenas fazer um reconhecimento da escola, mas também conhecer suas

características e peculiaridades, visando assim, uma integração com ambiente escolar. Duas

P á g i n a | 97

destas visitas ocorreram no segundo semestre do ano de 2007 e as outras quatro no decorrer

do ano letivo de 2008.

A primeira visita se deu com o objetivo específico de conhecer a escola e se fazer

presente na mesma, buscando uma aproximação principalmente com a diretora, com os

professores e com os funcionários através de conversas informais, nas quais também ocorreu

a explicação do motivo da presença da pesquisadora na escola e os planos futuros da pesquisa.

Durante a segunda visita, que ocorreu quando as aulas do ano letivo de 2007 já haviam

sido concluídas, objetivou-se conhecer mais a fundo o ambiente escolar e sua estrutura de

funcionamento, de forma que as dependências da escola foram percorridas e fotografadas,

assim como dados referentes à mesma e ao seu histórico foram levantados.

A terceira visita aconteceu no início do ano letivo de 2008 e nela buscou-se,

principalmente, obter os dados referentes ao dito ano letivo, como por exemplo, o número de

alunos em cada turma, o número de professores e de funcionários e o calendário escolar do

mesmo. Nesta visita também ficou acertada a data aproximada da próxima, na qual ocorreria a

aplicação de um pré-teste do instrumento de pesquisa.

Assim, durante a quarta visita, ocorrida em maio de 2008, foi aplicado um mesmo

questionário semi-aberto para os alunos à data presentes em todas as turmas desde o 4º até 9º

ano do Ensino Fundamental, instrumento este que funcionou como um primeiro pré-teste da

presente pesquisa. Além disso, durante esta visita algumas propriedades rurais nas quais

moram alunos da escola foram rapidamente percorridas juntamente com o transporte escolar e

a vila central do distrito foi fotografada.

A aplicação do primeiro pré-teste objetivou ajustar a forma de elaboração das

perguntas a serem usadas no instrumento definitivo de pesquisa e delimitar com mais precisão

a constituição da amostra a ser contemplada. Desta forma, diante das respostas então obtidas,

ficou decidido que haveria a aplicação de outro questionário semi-aberto complementar ao

primeiro, ainda com o intuito de melhorar a qualidade e aferição do instrumento de pesquisa a

ser definitivamente aplicado.

Assim, em julho de 2008, durante a quinta visita à escola, foi aplicado o questionário

complementar (que veio a ser o segundo pré-teste), desta vez, excluindo as turmas de 4º ano

(cujas respostas dos seus alunos, no primeiro pré-teste, se mostraram muito imaturas para o

objetivo desta pesquisa). Responderam a este segundo questionário todos os alunos das

turmas de 5º a 9º anos que estavam presentes no dia da aplicação do mesmo. Também nesta

visita, uma maior aproximação com os alunos da escola e com a comunidade do distrito em

P á g i n a | 98

geral foi buscada, aproximação esta que se deu através da presença e participação efetiva da

pesquisadora na tradicional Festa Julina do distrito, realizada na quadra poliesportiva anexa à

EMJFD (figuras 55 e 56).

A sexta visita à EMJFD aconteceu em novembro de 2008 e teve como objetivo

principal a aplicação do instrumento de pesquisa definitivo (figuras 57, 58 e 59), também um

questionário semi-aberto. Por fim, também durante esta visita procurou-se obter possíveis

informações e dados sobre a escola e/ou alunos que por ventura ainda estavam incipientes e

esclarecer possíveis dúvidas existentes sobre os mesmos.

.

Figuras 55 e 56: Diferentes momentos da tradicional Festa Julina do Distrirto de Nª. Sª do Amparo, realizada na

quadra poliesportiva anexa à EMJFD (atentar à foto inferior com os cavalos presos na árvore, que de fato

demonstra o caráter rural do distrito, uma vez que alguns moradores foram à festa utilizando tais animais como

meio de transporte.) Fotos da autora.

P á g i n a | 99

Figuras 57, 58 e 59 Alunos da EMJFD de diferentes turmas e anos de ensino respondendo o questionário

definitivo. Fotos da autora.

P á g i n a | 100

6.2.3. O instrumento de pesquisa e sua aplicação

O questionário semi-aberto definitivo que foi aplicado durante a sexta visita à escola e

conteve 13 perguntas principais, sendo que 9 delas possuíam outra pergunta associada, de

modo que, totalizaram 22 perguntas. Das 13 perguntas principais, 1 pergunta foi do tipo semi-

aberta (e sem possuir outra pergunta associada); 3 foram do tipo aberta (também sem possuir

perguntas associadas); outras 3 foram do tipo aberta (cada uma delas com outra pergunta

aberta associada) e 3 foram do tipo fechada (cada uma delas com uma pergunta aberta

associada). Para um melhor entendimento, as perguntas que compõem tal questionário, assim

como seu tipo e sua numeração podem ser visualizadas no quadro 4 que seguinte, assim

como o próprio questionário em si pode ser visualizado no apêndice 11.2.

O questionário buscou abordar, de forma direta, o conhecimento dos alunos tanto

sobre os carnívoros de modo geral, quanto sobre a onça-pintada especificamente e também

sobre as possíveis atividades já realizadas na escola com relação a esse assunto, em especial

aquelas que foram realizadas na época da predação por onça-pintada. Além disso, para o

questionário definitivo também se buscou formular perguntas que deixassem mais claro que

suas respostas dizem respeito muito mais à opinião do aluno do que à existência de uma

resposta correta. Isso porque, nos pré-testes, as perguntas que tiveram esse formato foram

aquelas que as respostas obtidas foram mais satisfatórias, seja devido as mesmas serem mais

claras ou porque eram mais bem explicadas.

Ainda assim, cabe ressaltar que, tanto antes da aplicação do instrumento definitivo

quanto antes da aplicação dos pré-testes, houve, em cada turma, uma apresentação aos alunos

sobre o motivo da distribuição dos questionários, esclarecendo que as respostas não valiam

nota e que serviriam apenas para auxiliar uma pesquisa que estava sendo realizada na escola.

Neste momento, também foi pedido que os alunos não trocassem informações sobre suas

respostas, de forma que qualquer dúvida poderia ser dirimida com a pesquisadora ou com o

próprio professor da turma, caso este estivesse em sala de aula. A entrega dos questionários

respondidos (sejam eles os pré-testes ou o instrumento definitivo), por sua vez, foi realizada à

medida que os alunos terminavam de respondê-los, de modo que o tempo total de

permanência da pesquisadora em cada turma variou conforme o ritmo de resposta dos alunos.

P á g i n a | 101

Quadro 4: Perguntas do questionário, seu tipo e respectivo número no mesmo.

Tipo de

pergunta

Nº da

pergunta Pergunta

Fechada

+

Aberta

1 Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre animais

carnívoros na escola Jahyra Drable?

1.A O que você lembra?

Aberta 2 Para você o que é um animal carnívoro?

Aberta 3 Diga o nome de animais que você acha que são carnívoros:

Aberta

+

Aberta

4 O que mais você lembra ou sabe sobre animais carnívoros?

4.A Onde você aprendeu isso?

Aberta

+

Aberta

5 Qual animal carnívoro você já viu de perto?

5.A Onde você viu?

Aberta

+

Aberta

6 Como você acha que devemos tratar os animais carnívoros?

6.A Por que você acha isso?

Fechada

+

Aberta

7 Você acha que existem animais carnívoros vivendo em

alguma mata perto da sua casa?

7.A Por que você acha isso?

Aberta

+

Aberta

8 O que você faria se encontrasse um animal carnívoro em

Amparo?

8.A Por que você faria isso?

Fechada

+

Aberta

9 Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre onça na

escola Jahyra Drable?

9.A O que você lembra?

Aberta 10 O que você acha que a onça come quando está na natureza?

Aberta

+

Aberta

11 O que mais você lembra ou sabe sobre as onças?

11.A Onde você aprendeu isso?

Aberta

+

Aberta

12 O que você faria se encontrasse uma onça em Amparo?

12.A Por que você faria isso?

Semi -aberta 13

Marque uma atividade sobre carnívoros que você gostaria de

participar:

( ) Teatro ( ) Palestra ( ) Jogo ( ) Filme ou vídeo

( ) Exposição na escola ( ) Nenhuma

( ) Outra. Diga qual:______________________________

P á g i n a | 102

6.2.4. Referencial teórico para a análise dos resultados

A categorização dos dados baseou-se na metodologia de análise de conteúdo proposta

por Laurence Bardin (2008), cujas concepções teóricas orientam que os dados coletados

(sejam eles entrevistas ou mesmo documentos fornecidos pelos respondentes – no caso da

presente pesquisa, os questionários), sejam dispostos, após sua transcrição, na forma de

unidades de texto.

P á g i n a | 103

7. RESULTADOS

“Cada um de nós é uma lente exclusiva,

fundamentada e polida por temperamento e

educação. E nossas respostas à natureza – ao

mundo – são tão diversas quanto nossas

personalidades, embora cada um, em momentos

distintos, possa ficar atônito, horrorizado,

deslumbrado ou simplesmente entretido pela

natureza”.

(SOULÉ, 1997, p. 593)

P á g i n a | 104

7.1. OBSERVAÇÕES INICIAIS

Para as perguntas de números 1, 7 e 9 (perguntas fechadas) os resultados estão

expressos na forma de gráficos e, para as demais perguntas (abertas ou semi-abertas),

encontram-se expostos na forma de tabelas. Tanto os gráficos quanto as tabelas, possuem seus

resultados agrupados por categorias de respostas e também considerando seja a totalidade das

respostas obtidas, seja cada ano de ensino em separado.

Nas tabelas, o campo que corresponde ao “total” de respostas obtidas para

determinada categoria se encontra ordenado de forma decrescente (da categoria de resposta

com mais ocorrência àquela com menos ocorrência), orientando, desta forma, a ordem de

apresentação dos dados no restante da tabela, inclusive no que se refere a cada ano de ensino.

Assim, considerando que nem sempre a resposta que mais ocorreu no total é a que mais

ocorreu para determinado ano de ensino, optou-se por sublinhar o valor da resposta de maior

ocorrência em cada ano de ensino, sendo que, no caso de empate, todas as categorias

empatadas tiveram tal valor sublinhado.

Uma exceção à ordenação dos dados anteriormente descrita acontece no que se refere

às categorias, quando ocorrem, “Não sabe”, “Resposta não coerente com a pergunta”, “Não

respondeu”, “Nada”; “Não especificou”, “Nenhum” e “Resposta repetida”. Tais categorias,

uma vez que não representam uma resposta concreta por parte do aluno, se encontram

independente dos seus valores obtidos, sempre ao final de cada tabela, após a ordenação

decrescente das demais categorias de resposta para a coluna “total”.

A categoria “Resposta repetida” só se encontra presente nas respostas das perguntas de

números 4 e 11, uma vez que tais perguntas faziam referência a “o que mais” o aluno

lembrava ou sabia seja sobre os animais carnívoros (pergunta de número 4), seja sobre a onça

(pergunta de número 11), de forma que cada resposta dada pelo aluno para estas perguntas foi

confrontada com as anteriormente dadas pelo mesmo para as perguntas de números 1A e 9A

(que se referiam à o que o aluno lembrava de ter estudado na escola sobre carnívoros e sobre a

onça respectivamente). Assim, quando o aluno repetiu ou deu uma resposta de sentido

semelhante à outra já dada anteriormente, tal resposta foi enquadrada na categoria “Resposta

repetida”.

Para as perguntas de números 3, 4A, 5, 5A, 11A e 13 os resultados encontram-se

expressos em número absoluto de respostas obtidas para o item em questão, uma vez que os

P á g i n a | 105

alunos poderiam dar claramente mais de uma opção de resposta. Para todas as demais

perguntas os resultdos estão expressos em porcentagem.

7.2. RESPOSTAS OBTIDAS

7.2.1. Perguntas de número 1 e 1A (“Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre

animais carnívoros na escola Jahyra Drable?” e “O que você lembra?”)

Para a pergunta fechada de nº 1 – “Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre

animais carnívoros na escola Jahyra Drable?” – os resultados obtidos podem ser

visualizados através da figura 60:

5º ano (n=24)

6º ano (n=31)

7º ano (n=23)

8º ano (n=26)

9º ano (n=17)

TOTAL (n=121)

Figura 60: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta fechada de nº 1:

“Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre animais carnívoros na escola Jahyra Drable?”

P á g i n a | 106

Pode-se notar que, tanto quando considerada a totalidade das respostas (75%), quanto

para cada ano de ensino (79, 78, 65, 69, 88%, respectivamente para o 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos), a

grande maioria dos alunos afirmou que se lembra de ter estudado alguma coisa sobre animais

carnívoros na EMJFD. Os valores que equivalem àqueles alunos que não lembram, por sua

vez, são de 22% em termos totais e 21, 19, 35, 27 e 6% (respectivamente para os 5º, 6º, 7º, 8º

e 9º anos de ensino). Apenas no 8º e no 9º anos houve alunos que não responderam esta

questão (4 e 6%, respectivamente), enquanto que para o 6º ano houve a ocorrência de uma

resposta não coerente com esta pergunta (3%) .

Já para a pergunta aberta de nº 1A – “O que você lembra?” – os resultados obtidos

podem ser vistos na tabela 1 seguinte.

P á g i n a | 107

Tabela 1: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 1A:

“O que você lembra?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=91) 5º

(n=19)

(n=24)

(n=15)

(n=18)

(n=15)

Da onça e/ou do seu

aparecimento no distrito 26,31 33,34 20,00 22,22 13,30 24,18

Da cartilha e/ou de

atividades sobre o tema 10,53 4,17 20,00 5,56 33,34 13,19

Se alimentam de carne e/ou

de outros animais 10,53 8,33 13,30 27,76 6,73 13,19

São perigosos/ferozes 10,53 - 6,68 5,56 13,30 6,59

Outros aspectos gerais do

modo de vida destes animais - - 6,68 5,56 13,30 4,40

Devem ser preservados /São

importantes para a natureza 5,26 - 6,68 5,56 6,73 4,40

Só atacam quando estão

com medo e/ou fome 10,53 8,33 - - - 4,40

Se alimentam apenas de

carne 10,53 8,33 - - - 4,40

Da cadeia alimentar22

- 8,33 6,68 - - 3,30

Só vêm para a cidade

quando não há comida na

natureza

- - - - 13,30 2,20

Podem matar/comer pessoas - 4,17 - - - 1,10

Não sabe 5,26 8,33 6,68 11,11 - 6,59

Resposta não coerente com

a pergunta 5,26 16,67 13,30 11,11 - 9,86

Não respondeu 5,26 - - 5,56 - 2,20

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram o maior número de respostas no

respectivo ano de ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe”, “Resposta não

coerente com a pergunta” e “Não respondeu”. Os valores calculados para esta pergunta dizem respeito apenas à

quantidade de alunos que respondeu “SIM” na pergunta anterior de número 1.

22

De forma extremamente simplificada, pode-se definir “cadeia alimentar” como “transferência da energia

contida nos alimentos, por meio de uma série de organismos que repetidamente se alimentam e servem de

alimento” (SEMA-SP, 2001, p.19).

P á g i n a | 108

Como pode ser percebido, a maior parte dos alunos em termos gerais (cerca de 24%),

deram respostas que remetem ou à onça ou ao seu aparecimento no distrito, sendo que o

mesmo ocorreu para os 5º, 6º e 7º anos de ensino (cerca de 26, 33 e 20% respectivamente). Já

para o 8º ano, a maior parte das respostas obtidas (quase 28%) fez referência ao fato dos

animais carnívoros se alimentarem de carne e/ou de outros animais, enquanto que para o 9º

ano a maior parte dos alunos (cerca de 33%) respondeu que se lembra da cartilha e/ou de

atividades realizadas com o tema carnívoros. Cabe ressaltar que, para todos os anos de ensino,

ocorreram as três categorias anteriormente citadas (“Da onça e/ou do seu aparecimento no

distrito”; “Da cartilha e/ou de atividades sobre o tema”; “Se alimentam de carne e/ou de

outros animais”), sendo que, quando considerada a totalidade das respostas, as duas últimas

categorias obtiveram o mesmo percentual (pouco mais de 13%), ocupando juntas, a segunda

posição de resposta mais dada pelos alunos. As outras categorias, como pode ser visto,

obtiveram valores distintos nos diferentes anos de ensino, não ocorrendo em todos eles. Em

terceiro lugar do total das respostas, ficou a categoria “São perigosos/ferozes” (com um valor

de cerca de 6,5%), seguida por um empate, no quarto lugar total, das categorias “Outros

aspectos gerais do modo de vida destes animais”, “Devem ser preservados /São importantes

para a natureza”, “Só atacam quando estão com medo e/ou fome” e “Se alimentam apenas de

carne” (cada uma com pouco mais de 4% das respostas totais). Já em quinto lugar total,

ficaram aqueles alunos que, em suas respostas, fizeram uma relação entre os carnívoros e a

cadeia alimentar (pouco mais de 3%), em sexto lugar aqueles que disseram se lembrar que os

animais carnívoros “só vêm para a cidade quando não há comida na natureza” (categoria que

só ocorreu no 9º ano e foi equivalente a pouco mais de 2% da totalidade das respostas) e em

sétimo lugar total aqueles que disseram que lembram que os carnívoros “podem matar” ou

“comer pessoas” (categoria que obteve pouco mais de 1% do total das respostas e só ocorreu

no 6º ano). Por fim, a quantidade total de alunos que não sabe especificar o que lembra foi

relativamente alta (cerca de 6,5% do total), principalmente se comparada com os valores

obtidos para o restante das respostas, uma vez que equivale ao valor obtido pela terceira

categoria mais citadas em termos totais (“São perigosos/ferozes e/ou podem atacar”). Por sua

vez, a quantidade total de respostas não coerentes com a pergunta foi ainda mais elevada

(aproximadamente 10% da totalidade das respostas) e a de alunos que não responderam foi de

pouco mais de 2%.

P á g i n a | 109

7.2.2. Pergunta de número 2 (“Para você o que é um animal carnívoro?”)

Para a pergunta aberta de nº 2 – “Para você o que é um animal carnívoro?” – os

resultados encontram-se na tabela 2 abaixo:

Tabela 2: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 2:

“Para você o que é um animal carnívoro?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Animal que come carne e/ou

outros animais 70,83 64,51 65,22 80,77 70,59 70,24

Animal que come somente

carne 8,33 16,13 26,08 11,54 5,88 14,05

Animal perigoso/feroz - 6,45 - - 17,65 4,13

Animal que caça a sua presa 4,17 - - - - 0,83

Animal que pode comer

pessoas - 3,23 - - - 0,83

Não sabe - - 8,70 - - 1,65

Resposta não coerente com

a pergunta 12,50 9,68 - 7,69 5,88 7,44

Não respondeu 4,17 - - - - 0,83

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTA: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram o maior número de respostas no

respectivo ano de ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe”, “Resposta não

coerente com a pergunta” e “Não respondeu”.

De acordo com a tabela anterior, pode-se notar que a grande maioria dos alunos da

EMJFD, tanto na totalidade de respostas (cerca de 70%) quanto por ano de ensino (cerca de

71; 64,5; 65; 81 e 70,5% respectivamente para os 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos) define “animal

carnívoro” como aquele que “come carne e/ou outros animais”. Por sua vez, a segunda

resposta mais obtida, tanto em termos gerais (aproximadamente de 14%) quanto para o 5º, 6º,

7º e 8º anos (cerca de 8, 16, 26 e 11,5% respectivamente), foi aquela que define os animais

carnívoros como “comedores somente de carne”. Já para o 9º ano, a segunda resposta mais

obtida (pouco menos de 18%) define os animais carnívoros como “animais perigosos ou

ferozes”, sendo que esta categoria só ocorreu no 6º e no 9º anos e ocupou a terceira posição da

P á g i n a | 110

totalidade de respostas (com pouco mais de 4%). As demais categorias, tanto em termos

gerais quanto por ano de ensino, obtiveram valores bem menores, com exceção da categoria

“Resposta não coerente com a pergunta” que teve um valor relativamente elevado em ambas

as situações (aproximadamente 7% do total das respostas e cerca de 12,5; 10; 8 e 6% para o

5º, 6º, 8º e 9º anos respectivamente, não tendo ocorrido no 7º ano de ensino). Assim, em

quarto lugar do total das respostas, ficaram empatadas as categorias “Animal que caça a sua

presa” e “Animal que pode comer pessoas”, cada uma com um valor de menos de 1% (valor

igual àquele que equivale também aos alunos que não responderam esta pergunta), sendo que

a primeira delas só ocorreu no 5º ano de ensino enquanto a outra ocorreu apenas no 6º ano.

Por fim, aproximadamente 1,5% do total de alunos disse não saber responder esta pergunta.

7.2.3. Pergunta de número 3 (“Diga o nome de animais que você acha que são

carnívoros:”)

Com relação à pergunta aberta de nº 3 – “Diga o nome de animais que você acha que

são carnívoros:” – as respostas obtidas podem ser visualizadas na tabela 3 seguinte. Para esta

pergunta, houve um total 31 animais diferentes citados pelos alunos (e um total de 364

citações de animais), sendo que 7 deles foram citados em todos os anos de ensino (onça, leão,

jacaré, lobo, tigre, cachorro e cobra).

Tabela 3: Quantidade (valor absoluto) de animais citados, em termos totais e para cada ano de ensino, como

resposta da pergunta aberta de nº 3: “Diga o nome de animais que você acha que são carnívoros:”

Animais citados

Nº de citações por ano de ensino TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Onça 21 28 23 23 17 112

Leão 14 16 16 10 11 67

Jacaré 10 7 8 10 9 44

Lobo 1 10 5 5 5 26

Tigre 5 6 8 3 4 26

Urubu 1 6 5 3 - 15

CONTINUA

P á g i n a | 111

CONTINUAÇÃO

Animais citados

Nº de citações por ano de ensino TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Cachorro 2 5 2 4 2 15

Cobra 3 3 1 3 1 11

Tubarão 5 1 2 - - 8

Hiena - 4 2 - - 6

Gato - 3 2 - - 5

Boi (ou vaca) - 1 2 - - 3

Raposa 1 1 - - 1 3

Urso 2 1 - - - 3

Gavião 1 - - - 1 2

Guepardo - 2 - - - 2

Piranha 1 - - 1 - 2

Bicho-preguiça - 1 - - - 1

Cachorro-do-mato - 1 - - - 1

Coelho - 1 - - - 1

Coruja - - 1 - - 1

Crocodilo - - 1 - - 1

Dragão-de-comôdo - - 1 - - 1

Gato-do-mato - 1 - - - 1

Galinha 1 - - - - 1

Jaguatirica - 1 - - - 1

Lagarta - - - 1 - 1

Leopardo - - - 1 - 1

Macaco - 1 - - - 1

Rato - 1 - - - 1

Zebra - 1 - - - 1

Não sabe - - - 1 - 1

Não respondeu 1 - - - - 1

NOTAS: Os números sublinhados equivalem ao animal que foi mais citado no respectivo ano de ensino, sem

considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe” e “Não respondeu”. A quantidade total de

respostas obtidas, seja para cada ano de ensino, seja para a totalidade dos alunos, pode ser superior ao N amostral

considerado em cada coluna da tabela porque um aluno poderia dar mais de uma resposta.

P á g i n a | 112

Como pode ser visto na tabela anterior, entre os animais mais citados ao se considerar

a totalidade das respostas, estão a onça, o leão e o jacaré, ocupando respectivamente o 1º, 2º e

3º lugares em números de citações. A onça não foi apenas o animal mais citado de modo geral

(112 citações) como também para cada ano de ensino individualmente (21, 28, 23, 23 e 17

citações para os 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos respectivamente), sendo que no 7º e no 9º anos todos os

alunos (respectivamente, n=23 e n=17) a incluíram em suas respostas. O leão, segundo animal

mais citado, seguiu padrão semelhante, uma vez que ocupou o segundo lugar seja ao se

considerar a totalidade das respostas (com 67 citações), seja para o 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos de

ensino (com respectivamente 14, 16, 16, 10 e 11 citações), sendo que no caso específico do 8º

ano seu número de citações se igualou com aquele obtido pelo jacaré (10 citações para cada

um), de modo que estes dois animais dividiram a segunda posição neste ano de ensino. O

jacaré, por sua vez, ocupou o terceiro lugar tanto de modo geral quanto para três dos cinco

anos de ensino (44 citações no total e 10, 8 e 9 citações, respectivamente, para os 5º, 7º e 9º

anos) , sendo que no 7º ano ele dividiu esta terceira posição juntamente com o tigre, que

também obteve 8 citações neste ano de ensino). Já no caso do 6º ano de ensino, o lobo foi o

terceiro animal mais citado (com 10 citações), apesar de, em termos totais, este animal ter

dividido o quarto lugar com o tigre (cada um com 26 citações ao se considerar todos os anos

de ensino juntos). Em seguida, também houve um empate, com o urubu e o cachorro

ocupando, juntos, a quinta posição (cada um com 15 citações), enquanto que no sexto lugar

total ficou a cobra, com 11 citações. Os outros animais citados (tubarão, hiena, gato, boi ou

vaca, raposa, urso, gavião, guepardo, piranha, bicho-preguiça, cachorro-do-mato, coelho,

coruja, crocodilo, dragão-de-comôdo, gato-do-mato, galinha, jaguatirica, lagarta, leopardo,

macaco, rato e zebra) tiveram quantidades de citações bastante inferiores e variáveis, tanto em

termos totais, quanto para cada ano de ensino. Por fim, 1 aluno disse não saber responder esta

pergunta e também 1 aluno não a respondeu. Cabe ressaltar ainda, que alguns dos animais

citados pelos alunos e que se encontram na tabela anterior não são carnívoros (nem da Ordem

Carnivora nem mesmo carnívoros funcionais), porém, uma vez que fizeram parte da resposta

dos alunos, foram incluídos na tabela, sendo que esta situação será mais bem abordada na

discussão do presente trabalho.

P á g i n a | 113

7.2.4. Perguntas de número 4 e 4A (“O que mais você lembra ou sabe sobre animais

carnívoros?” e “Onde você aprendeu isso?”)

Para a pergunta aberta de nº 4 – “O que mais você lembra ou sabe sobre animais

carnívoros?” – os resultados obtidos estão na tabela 4 que se segue:

Tabela 4: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 4: “O

que mais você lembra ou sabe sobre animais carnívoros?

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

São perigosos/ferozes 16,67 3,22 13,04 15,40 29,42 14,05

Comem carne e/ou outros

animais 4,17 16,14 13,04 3,85 - 8,26

Podem matar/comer pessoas - 12,90 4,35 3,85 - 4,96

Só atacam quando estão com

medo e/ou fome 4,17 - 8,70 3,85 11,76 4,96

Nem todos são perigosos 4,17 3,22 4,35 3,85 - 3,31

Caçam e comem sua presa /

São predadores - 6,45 - - 5,88 2,48

Comem somente carne 4,17 3,22 - 3,85 - 2,48

Não necessariamente comem

apenas carne - 6,45 - 3,85 - 2,48

São importantes para o

equilíbrio da natureza - - 4,35 - - 0,82

Resposta repetida 16,67 16,14 13,04 7,69 23,53 14,88

Nada 12,50 12,90 13,04 23,05 11,76 14,88

Resposta não coerente com a

pergunta 16,67 16,14 4,35 11,53 17,65 13,22

Não respondeu 20,81 3,22 21,74 19,23 - 13,22

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTA: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram o maior número de respostas no

respectivo ano de ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Resposta repetida”, “Nada”,

“Resposta não coerente com a pergunta” e “Não respondeu”.

Através da tabela anterior pode ser notado que houve uma grande quantidade de

respostas, tanto em termos totais quanto por ano de ensino, que se enquadraram nas categorias

P á g i n a | 114

“Resposta repetida”, “Nada” (cada uma com quase 15% quando considerada a totalidade das

respostas), “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não respondeu” (cada uma pouco

mais de 13% da totalidade das respostas), sendo que estes valores totais foram inclusive

maiores que aqueles obtidos para as categorias de respostas que de fato representam uma

resposta sólida do aluno. Ainda assim, desconsiderando este fato, é possível dizer que a maior

parte dos alunos, seja quando considerados em sua totalidade, seja para quatro dos cinco anos

de ensino (aproximadamente 14% do total e cerca de 17, 13, 15 e 29% respectivamente para

os 5º, 7º, 8º e 9º anos), fez referência ao fato dos carnívoros serem animais “perigosos ou

ferozes” nas respostas a esta pergunta (no caso do 7º ano, a quantidade de alunos que citou

este fato foi também igual àquela dos alunos que responderam lembrar que animais os

carnívoros “comem carne e/ou outros animais” de modo que, neste ano de ensino, estas duas

categorias ficaram empatadas em primeiro lugar). Cabe ressaltar, que apenas a categoria que

faz referência aos animais carnívoros como ferozes ou perigosos ocorreu em todos os anos de

ensino. Já a categoria que diz respeito aos carnívoros como “comedores de carne e/ou de

outros animais” ocupou a segunda posição total (com cerca de 8%), sendo que no caso do 6º

ano de ensino esta foi a resposta mais citada (com um valor aproximado de 16%). Em terceiro

lugar da totalidade das respostas, por sua vez, houve um empate entre os alunos que disseram

especificamente que se lembram que os animais carnívoros “podem matar ou comer pessoas”

e, curiosamente, aqueles que responderam que tais animais “só atacam quando estão com

medo e/ou fome” (cada uma com pouco menos de 5% do total). O quarto lugar total ficou

com a categoria “Nem todos carnívoros são perigosos” (pouco mais de 3%) e no quinto lugar

houve um empate de três categorias (carnívoros como animais que “Caçam e comem sua

presa /São predadores”; “Comem somente carne” e “Não necessariamente comem apenas

carne”) cada uma com pouco mais de 2% do total das respostas. A última categoria, por sua

vez, só ocorreu no 7º ano de ensino e diz respeito ao fato dos animais carnívoros serem

importantes para o equilíbrio da natureza, sendo que, em termos totais, ela foi equivalente a

menos de 1% das respostas.

Já para a pergunta aberta de nº 4A – “Onde você aprendeu isso?” – os resultados se

encontram na tabela 5 a seguir.

P á g i n a | 115

Tabela 5: Respostas obtidas (valor absoluto), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta

de nº 4A: “Onde você aprendeu isso?”

Respostas dos alunos

Nº de respostas por ano de ensino TOTAL

(n=71) 5º

(n=12)

(n=21)

(n=14)

(n=12)

(n=12)

Na escola 9 20 10 10 10 59

Em casa/com a família 3 - 1 4 2 10

Na TV 1 - 2 1 3 7

Com amigos/conhecidos 1 - 3 - 2 6

Em livros 1 - 2 1 2 6

Em uma palestra - - - 2 1 3

Na internet - - 1 - - 1

Não especificou - 1 1 - - 2

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às respostas que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para a categoria “Não especificou”. A quantidade de alunos

considerada como respondente desta pergunta exclui aqueles cujas respostas se enquadraram nas categorias

“Nada”, “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não respondeu” da pergunta de número 4 anterior. A

quantidade total de respostas obtidas, seja para cada ano de ensino, seja para a totalidade dos alunos, pode ser

superior ao N amostral considerado em cada coluna da tabela porque um aluno poderia dar mais de uma

resposta.

Como pode ser visto, a grande maioria dos alunos, tanto em termos totais (59 citações)

quanto para cada ano de ensino (9, 20, 10, 10 e 10 citações respectivamente para os 5º, 6º, 7º,

8º e 9º anos de ensino) citou a escola como o lugar no qual aprendeu sobre os animais

carnívoros, sendo que este foi o único local que teve citação em todos os anos de ensino.

Todas as outras possíveis fontes de aprendizado citadas tiveram uma quantidade de citações

bastante inferior que a escola, sendo que “em casa ou com a família” obteve o 2º lugar da

totalidade das respostas (com 10 citações no total), seguida pela resposta “na TV” (com 7

citações no total). O quarto lugar, por sua vez, foi ocupado por um empate entre as respostas

“com amigos/conhecidos” e os “em livros” (cada um com 6 citações no total), sendo que a

resposta “em uma palestra” ocupou a quinta posição (com 3 citações no total) e “na internet”

a sexta posição, com apenas 1 citação (que ocorreu no 7º ano de ensino). Por fim, apenas 2

alunos não especificaram onde aprenderam sobre os animais carnívoros.

P á g i n a | 116

7.2.5. Perguntas de números 5 e 5A (“Qual animal carnívoro você já viu de perto?” e

“Onde você viu?”)

Em relação à pergunta aberta de nº 5 – “Qual animal carnívoro você já viu de perto?”

– as respostas obtidas podem ser vistas na tabela 6 que se segue. Para esta pergunta houve 18

animais diferentes citados (de um total de 167 citações), sendo que 4 deles estiveram

presentes em todos os anos de ensino (onça, jacaré, tigre e cachorro).

P á g i n a | 117

Tabela 6: Quantidade (valor absoluto) de animais mais citados, em termos totais e para cada ano de ensino,

como resposta da pergunta aberta de nº 5: “Qual animal carnívoro você já viu de perto?”

Animais citados

Nº de citações por ano de ensino TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Onça 7 16 12 8 5 48

Jacaré 7 5 4 7 7 30

Leão - 10 6 6 5 27

Tigre 1 6 4 2 1 14

Lobo 1 7 2 2 - 12

Urubu 2 4 2 2 - 10

Cachorro 1 4 1 2 1 9

Gato - 2 1 - - 3

Pantera 1 - 1 1 - 3

Cobra - 1 - 1 - 2

Urso - - 1 1 - 2

Bicho-preguiça - 1 - - - 1

Boi (ou vaca) - 1 - - - 1

Jaguatirica 1 - - - - 1

Lagarta - - - 1 - 1

Leopardo - 1 - - - 1

Macaco - 1 - - - 1

Zebra - 1 - - - 1

Nenhum - - 4 4 5 13

Resposta não coerente

com a pergunta 5 - 3 - - 8

Não respondeu 3 - - 1 - 4

NOTAS: Os números sublinhados equivalem ao animal que foi mais citado no respectivo ano de ensino, sem

considerar os resultados obtidos para as categorias “Nenhum”, “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não

respondeu”. A quantidade total de respostas obtidas, seja para cada ano de ensino, seja para a totalidade dos

alunos, pode ser superior ao N amostral considerado em cada coluna da tabela porque um aluno poderia dar mais

de uma resposta.

Como pode ser visualizado, de acordo com a tabela anterior, os animais mais citados

pelos alunos foram a onça, o jacaré e o leão, que ocuparam respectivamente a 1ª, 2ª e 3ª

posição ao se considerar a totalidade das repostas. A onça obteve 48 citações no total e foi o

animal mais citado em 4 dos cinco anos de ensino, com valores de 7, 16, 12 e 8 citações

P á g i n a | 118

respectivamente para os 5º, 6º, 7º e 8º anos (sendo que tal número de citações foi igual àquele

obtido tanto pelo jacaré , quanto pelo leão, respectivamente para o 5º e o 9º anos de ensino).

O jacaré, por sua vez, ocupou o segundo lugar não apenas quando considerada a totalidade de

respostas, como também para o 8º ano de ensino (com 7 citações, perdendo para a onça por

apenas uma citação), sendo que, no caso do 9º ano, ele foi o animal mais citado, (possuindo 7

citações contra 5 obtidas tanto pela onça quanto pelo leão neste ano de ensino). Já o leão

(apesar ter ocupado apenas o terceiro lugar geral e não ter sido sequer citado no 5º ano),

acabou por ser o segundo animal mais citado no 6º, 7º e 9º anos (com 10, 6 e 5 citações

respectivamente). O tigre, por sua vez, foi o quarto animal mais citado quando considerada a

totalidade das respostas (14 citações no total), sendo que, no caso do 7º ano de ensino, ele

ocupou a terceira posição (com 6 citações). Já o lobo, que ocupou o quinto lugar em termos

totais (12 citações), acabou por ficar na terceira posição de animal mais citado para o 6º ano

(com 7 citações). Em termos da totalidade de respostas, o sexto lugar foi ocupado pelo urubu

(com 10 citações), seguido pelo cachorro (9 citações). Todos os outros animais que constam

na tabela (gato, pantera, cobra, urso, bicho-preguiça, boi/vaca, jaguatirica, lagarta, leopardo,

macaco e zebra) tiveram uma quantidade de citações bastante inferior aos demais, tanto em

termos totais quanto para cada ano de ensino e, de forma semelhante ao ocorrido com a

pergunta de número 3, pode ser notado que também nesta pergunta houve citações de animais

que não são nem carnívoros funcionais nem representantes da Ordem Carnivora. Cabe

ressaltar ainda, que 13 alunos disseram que nunca viram um animal carnívoro de perto. Além

disso, 8 alunos deram respostas não coerentes e 4 não a responderam esta pergunta.

Já com relação à pergunta aberta de nº 5A – “Onde você viu?” – as respostas obtidas

estão na tabela 7 a seguir.

P á g i n a | 119

Tabela 7: Respostas obtidas (valor absoluto), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta

de nº 5A: “Onde você viu?”

Respostas dos alunos

Nº de respostas por ano de ensino TOTAL

(n=96) 5º

(n=16)

(n=31)

(n=16)

(n=21)

(n=12)

No zôo 8 17 10 10 9 54

Em área rural 2 8 3 2 1 16

Na Fazenda Bonsucesso 1 2 1 3 4 11

Em área urbana 1 3 - 1 - 5

Em um evento em

Amparo - - 2 2 1 5

Em casa 1 1 1 - - 3

Na mata 1 - - 1 1 3

Na TV 1 1 - - - 2

No circo - 1 - - - 1

Resposta não coerente

com a pergunta 4 4 1 4 - 13

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às respostas que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para a categoria “Resposta não coerente com a pergunta”. A

quantidade de alunos considerada como respondente desta pergunta exclui aqueles alunos cujas respostas se

enquadraram nas categorias “Nenhum”, “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não respondeu” da pergunta

de número 5 anterior. A quantidade total de respostas obtidas, seja para cada ano de ensino, seja para a totalidade

dos alunos, pode ser superior ao N amostral considerado em cada coluna da tabela porque um aluno poderia dar

mais de uma resposta.

É possível notar que a grande maioria dos alunos, tanto em termos totais (54), quanto

para cada ano de ensino (8, 17, 10, 10 e 9, respectivamente para os 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos)

citou o zoológico como local em que viu de perto animais carnívoros. Por sua vez, o segundo

lugar mais citado, seja quando considerada a totalidade de respostas dos alunos (16 citações),

seja para o 5º, 6º e 7º anos de ensino (respectivamente com 2, 8 e 3 citações), foi a “área

rural” de modo geral. A Fazenda Bonsucesso, localizada no próprio distrito de Amparo é o

terceiro lugar mais citado em termos totais (com 11 citações), sendo que, para o 8º e 9º anos, a

mesma ocupou a 2ª posição de local mais citado (com respectivamente 3 e 4 citações). Todos

os demais lugares ditos pelos alunos (“na área urbana”, “em um evento em Amparo”, “em

casa”, “na mata”, “na TV” e “no circo”), possuem uma quantidade de citações bastante

variável e também consideravelmente inferior (seja na totalidade das respostas ou para cada

ano de ensino em separado). Por fim, para esta pergunta, houve um número relativamente alto

de alunos (13 no total) que deram respostas não coerentes com a mesma.

P á g i n a | 120

7.2.6. Perguntas de número 6 e 6A (“Como você acha que devemos tratar os animais

carnívoros?” e “Por que você acha isso?”)

Para a pergunta aberta de nº 6 – “Como você acha que devemos tratar os animais

carnívoros?” – os resultados podem ser visualizados através da tabela 8 que se segue:

Tabela 8: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 6:

“Como você acha que devemos tratar os animais carnívoros?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Bem/Com carinho e/ou

respeito 50,00 51,61 69,57 42,31 52,94 52,89

Com precaução 8,32 25,80 13,03 26,92 41,18 22,31

Dando carne/Alimentando 12,50 16,13 8,70 3,85 5,88 9,92

Mal/Matando 4,17 3,23 4,35 7,69 - 4,13

Não sabe 4,17 3,23 - 3,85 - 2,48

Resposta não coerente com

a pergunta 4,17 - - 11,53 - 3,31

Não respondeu 16,67 - 4,35 3,85 - 4,96

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTA: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe”, “Resposta não coerente com a

pergunta” e “Não respondeu”.

De acordo com a tabela anterior, fica claro que a maioria dos alunos da EMJFD, tanto

quando considerada a totalidade das respostas (quase 53%), quanto para cada ano de ensino

(cerca de 50; 52; 69,5; 42 e 53% respectivamente para os 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos), acha que

devemos tratar os animais carnívoros “bem” ou “com carinho e/ou com respeito”. O segundo

modo mais citado de se tratar os carnívoros remete à precaução (com um valor de cerca de

22% do total), sendo que esta categoria também ocupou o 2º lugar para o 6º, 7º, 8º e 9º anos

(com valores aproximados de 26, 13, 27 e 41% respectivamente). Além disso, vale notar que,

no caso específico do 9º ano, esta resposta obteve um valor bem elevado, seja se comparado

com os valores obtidos pela mesma para os demais anos de ensino, seja ao compará-la à

resposta mais citada para tal ano. “Dar carne ou alimentar” o animal é a terceira resposta mais

P á g i n a | 121

citada em termos totais (pouco menos de 10% dos alunos), sendo que, para o 5º ano, ela ficou

em segundo lugar, com um valor aproximado de 12,5%. Cabe ainda ressaltar, que estas três

categorias anteriormente comentadas ocorreram em todos os anos de ensino. Em seguida,

pouco mais de 4% do total de alunos da escola acha que devemos “tratar mal ou matar” os

animais carnívoros, valor que foi inferior à percentagem total de alunos que não respondeu a

esta pergunta (quase 5% do total), mas que, para o 8º ano, acabou por ser a terceira categoria

mais citada (com aproximadamente 8% das respostas deste ano de ensino). Por fim,

aproximadamente 2,5% dos alunos disseram não saber como tratar tais animais e pouco mais

de 3% deu respostas não coerentes com esta pergunta.

Já para a pergunta aberta de nº 6A – “Por que você acha isso?” – os resultados se

encontram na tabela 9 seguinte:

P á g i n a | 122

Tabela 9: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 6A:

“Por que você acha isso?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=108) 5º

(n=18)

(n=30)

(n=22)

(n=21)

(n=17)

Porque eles também

merecem carinho/respeito 22,22 20,00 40,91 19,05 29,42 25,93

Porque eles são perigosos/

ferozes 27,77 23,34 13,63 33,33 35,30 25,93

Porque ele só come carne/é

carnívoro 11,11 10,00 4,55 4,76 5,88 7,40

Para protegê-los/não

entrarem em extinção - 3,33 9,08 14,29 11,76 7,40

Porque são bons/inofensivos 11,11 16,67 - - - 6,48

Porque eles podem

matar/comer pessoas - 10,00 4,55 - 11,76 5,56

Porque eles só vão atacar se

estiverem com medo e/ou

fome

5,56 6,67 4,55 4,76 5,88 5,56

Porque "eles não têm culpa

de serem como são" 5,56 3,33 9,08 4,76 - 4,63

Porque acha/aprendeu que é

a atitude certa de ser tomada - 3,33 4,55 4,76 - 2,78

Resposta não coerente com a

pergunta 16,67 3,33 4,55 14,29 - 7,40

Não respondeu - - 4,55 - - 0,93

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não

respondeu”. A quantidade de alunos considerada como respondente desta pergunta exclui aqueles alunos cujas

respostas se enquadraram nas categorias “Não sabe”, “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não

respondeu” da pergunta de número 6 anterior.

Para esta pergunta, os alunos se mostraram bastante divididos em suas respostas, uma

vez que as categorias “Porque eles também merecem carinho/respeito” e “Porque eles são

perigosos/ferozes” ocuparam, juntas, o primeiro lugar da totalidade das respostas (com pouco

menos de 26% cada). Por ano de ensino, no entanto, a categoria anteriormente citada que

remete ao perigo dos animais carnívoros, prevaleceu para o 5º, 6º, 8º e 9º (com cerca de 28,

23, 33 e 35% respectivamente), enquanto que, para o 7º ano, foi o fato dos animais carnívoros

também serem merecedores de carinho e/ou respeito que teve o maior número de respostas

P á g i n a | 123

(aproximadamente 41%). Cabe ressaltar ainda, quanto a estas duas categorias, que, para os

anos de ensino em que uma delas ocupou o 1º lugar das citações, a outra veio a ocupar o 2º

lugar neste mesmo ano e vice-versa. Já no segundo lugar em termos totais, as categorias

“Porque ele só come carne/é carnívoro” e “Para protegê-los/não entrarem em extinção”

também ficaram empatadas (cada uma com pouco mais de 7% das respostas totais, valor que

equivale também ao total de alunos que deu respostas não coerentes com esta pergunta),

sendo que aquela que remete ao fato dos animais comerem carne foi a terceira mais citada no

5º ano de ensino (empatada com a categoria “Porque são bons/inofensivos”, cada uma com

cerca de 11%) e, além disso, teve sua ocorrência registrada em todos os anos de ensino (a

outra não ocorreu no 5º ano). Já a categoria que remete à proteção dos animais carnívoros

acabou por ser a terceira mais citada para o 7º, 8º e 9º anos de ensino (respectivamente com

valores aproximados de 9, 14 e 12%), sendo que, para o 7º ano, ela dividiu esta posição com a

categoria “Porque “eles não têm culpa de serem como são” e, para o 9º ano, tal posição foi

dividida com a categoria “Porque eles podem matar/comer pessoas”. Já a categoria que

ocupou o terceiro lugar da totalidade de respostas obteve um valor aproximado de 6,5% e

equivale àqueles alunos que disseram que o fato que justifica suas atitudes em relação aos

animais carnívoros é que tais animais “são bons e/ou inofensivos”, sendo que esta categoria

foi a terceira mais citada não apenas para o 5º ano (conforme já comentado), mas também

para o 6º ano, com aproximadamente 17% das respostas. O quarto lugar em termos totais foi

também marcado por um empate relativamente contraditório, no qual aproximadamente 5,5%

dos alunos responderam ou “Porque eles podem matar/comer pessoas” ou “Porque eles só vão

atacar se estiverem com medo e/ou fome”. Em seguida, pouco menos de 5% do total de

alunos justificou suas atitudes dizendo que os animais carnívoros “não tem culpa de serem

como são" e cerca de 3% respondendo que é “Porque acha/aprendeu que é a atitude certa de

ser tomada”. Por fim, um número considerável de alunos (pouco mais de 7%) deu respostas

não coerentes com a pergunta e menos de 1% não a respondeu.

P á g i n a | 124

7.2.7. Perguntas de número 7 e 7A (“Você acha que existem animais carnívoros vivendo

em alguma mata perto da sua casa?” e “Por que você acha isso?”)

Para a pergunta fechada de nº 7 – “Você acha que existem animais carnívoros vivendo

em alguma mata perto da sua casa?” – os resultados obtidos estão expressos nos gráficos que

compõem a figura 61 seguinte.

5º ano (n=24)

6º ano (n=31)

7º ano (n=23)

8º ano (n=26)

9º ano (n=17)

TOTAL (n=121)

Figura 61: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta fechada de nº 7:

“Você acha que existem animais carnívoros vivendo em alguma mata perto da sua casa?”

Como pode ser visualizado, os alunos também se mostraram bastante divididos com

esta pergunta, com aproximadamente de 52% do total achando que existem animais

carnívoros vivendo em alguma mata perto de casa e 42% achando que não existem. No que se

refere aos anos de ensino, por sua vez, o 5º, 6º e 8º anos tiveram a maioria dos seus alunos

respondendo “sim”, com valores aproximados de 63, 62 e 50% respectivamente (sendo que,

no caso do 8º ano, pode-se dizer que este valor equivale à maioria das respostas porque 4%

dos alunos disseram que não sabiam respondê-la), enquanto que para o 7º e 9º anos a maioria

dos alunos respondeu “não” (respectivamente cerca de 52 e 53%). A quantidade de alunos que

P á g i n a | 125

disse não saber responderem a esta pergunta foi de 3% e ocorreu em quase todos os anos de

ensino (a exceção foi o 5º ano), com valores de 3; 4,5; 4 e 6% respectivamente para o 6º, 7º,

8º e 9º anos). Já a quantidade de alunos que não respondeu esta pergunta foi de 2% do total e

ocorreu para o 6º e o 7º ano (respectivamente com valores de cerca de 3 e 4,5%). Por sua vez,

o 5º ano de ensino foi o único que teve a ocorrência de respostas não coerentes com a

pergunta, valor equivalente a 1% do total.

Para a pergunta aberta de nº 7A – “Por que você acha isso?” – os resultados

encontram-se divididos em duas tabelas que se seguem (tabelas 10a e 10b), uma vez que,

tanto os alunos que responderam “sim” à pergunta anterior de número 7, quanto aqueles que

responderam “não”, podem justificar suas respostas.

Tabela 10a: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 7A:

“Por que você acha isso?” (referentes aos alunos que responderam “sim” na pergunta de nº 7).

Respostas dos alunos

(referentes àqueles que

responderam “sim” na

pergunta de nº 7 anterior)

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=49) 5º

(n=15)

(n=19)

(n=9)

(n=13)

(n=7)

Por que já viu/conhece pessoas

que viram 13,32 47,36 33,33 23,09 - 26,98

Porque tem indícios 26,67 15,79 22,23 15,38 14,28 19,06

Porque já apareceu onça em

Amparo - 10,53 - 15,38 28,58 9,52

Porque tem uma mata

grande/fechada 26,67 10,53 - - - 9,52

Porque é uma área rural 6,67 - - 7,69 28,58 6,35

Porque ouviu dizer que existe 6,67 - 11,11 - 14,28 4,76

Resposta não coerente com a

pergunta 20,00 15,79 33,33 38,46 14,28 23,81

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram o maior número de respostas no

respectivo ano de ensino, sem considerar os resultados obtidos para a categoria “Resposta não coerente com a

pergunta”. Os valores calculados para esta pergunta dizem respeito apenas à quantidade de alunos que respondeu

“SIM” na pergunta anterior de número 7.

Dentre os alunos que afirmaram achar que existem animais carnívoros em alguma

mata perto de sua casa, a maioria, seja em termos totais (aproximadamente 27%) ou para os

6º, 7º e 8º anos (respectivamente cerca de 47, 33 e 23%), justificou sua resposta dizendo que é

porque “já viu” tais animais ou “conhece pessoas que viram”, sendo que tal categoria não

P á g i n a | 126

ocorreu para o 9º ano de ensino. Em seguida, cerca de 19% da totalidade dos alunos disseram

ter respondido “sim” porque encontram “indícios perto de casa” que remetem a estes animais,

sendo que esta foi a categoria mais citada no 5º ano (juntamente com “Porque tem uma mata

grande/fechada” cada uma com aproximadamente 27% das respostas) e também foi a única

categoria que ocorreu em todos os anos de ensino. Já o terceiro lugar total, foi ocupado por

duas categorias que empataram (“Porque já apareceu onça em Amparo” e “Porque tem uma

mata grande/fechada”), cada uma com cerca de 9,5% das respostas, sendo que a categoria que

faz referência ao fato de já ter aparecido onça em Amparo foi a mais citada para o 9º ano

(juntamente com a categoria “Porque é uma área rural”, cada uma com cerca de 28,5% das

respostas, sendo que todas as outras categorias que ocorreram no 9º ano obtiveram o mesmo

valor percentual de pouco mais de 14% cada). Para o quarto e o quinto lugares totais, cerca de

6 e 5% dos alunos, respectivamente, justificaram suas respostas afirmativas dizendo que

porque Amparo “é uma área rural” ou porque “ouviram dizer que existe”. Por fim, vale notar

que, para esta pergunta, o número de alunos que deram respostas não coerentes foi bastante

elevado, seja em termos gerais (cerca de 24%), seja quando considerados os anos de ensino

em separado (respectivamente cerca de 20, 16, 33, 38 e 14% para os 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos),

principalmente ao se comparar com os valores obtidos para as demais categorias já citadas.

De forma semelhante, em termos totais, dentre as justificativas dos alunos para terem

respondido “não” na pergunta de número 7 houve um valor bem elevado, não apenas de

respostas não coerentes (cerca de 16%), quanto para os alunos que não responderam (cerca de

21,5% ), como pode ser visto na tabela 10b abaixo:

P á g i n a | 127

Tabela 10b: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 7A:

“Por que você acha isso?” (referentes aos alunos que responderam “não” na pergunta de nº 7).

Respostas dos alunos

(referentes àqueles que

responderam “não” na

pergunta de nº 7 anterior)

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=51) 5º

(n=8)

(n=10)

(n=12)

(n=12)

(n=9)

Porque nunca viu/nunca soube 37,50 30,00 25,00 49,96 22,20 33,34

Porque não existem mais

indícios da presença/as

pessoas não comentam mais

- - 25,00 16,68 11,12 11,76

Porque não tem mata perto de

casa 12,50 10,00 16,67 - 11,12 9,80

Porque a mata é aberta - - - - 22,20 3,92

Por causa de caçadores 12,50 - - - - 1,96

Não sabe - - - - 11,12 1,96

Resposta não coerente com a

pergunta 25,00 20,00 8,33 16,68 11,12 15,69

Não respondeu 12,50 40,00 25,00 16,68 11,12 21,57

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram o maior número de respostas no

respectivo ano de ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe”, “Resposta não

coerente com a pergunta” e “Não respondeu”. Os valores calculados para esta pergunta dizem respeito apenas à

quantidade de alunos que respondeu “NÃO” na pergunta anterior de número 7.

Para esta situação, tanto em termos totais (aproximadamente 33%), quanto por ano de

ensino (cerca de 37,5; 30; 25; 50 e 22% para o 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos respectivamente), a

maioria dos alunos justificou o fato de ter respondido “não”, dizendo que é porque “nunca

viu” ou “nunca soube” que tinham animais carnívoros em alguma mata perto de casa (sendo

que no caso do 7º ano esta categoria dividiu a primeira posição com “Porque não existem

mais indícios da presença/as pessoas não comentam mais” e no caso do 9º ano a 1ª posição foi

dividida com “Porque a mata é aberta”). A segunda justificativa mais dada foi “porque não

existem mais indícios da presença” destes animais ou porque “as pessoas não comentam

mais” acerca da existência dos mesmos (com quase 12% das respostas em termos totais),

sendo que esta foi também a segunda categoria mais citada no 8º ano (com aproximadamente

17% das respostas, valor também equivalente aos alunos que não responderam esta pergunta

neste ano de ensino e aqueles que deram respostas não coerentes) e no 9º ano (com um valor

de cerca de 11%, que também foi o mesmo obtido para todas as outras categorias que

ocorreram neste ano). Em seguida, a categoria “Porque não tem mata perto de casa” ocupou o

P á g i n a | 128

terceiro lugar da totalidade de respostas (com pouco menos de 10%), sendo que no 5º, 6º e 7º

anos esta foi a segunda categoria mais citada (com valores aproximados de 12,5; 10 e 17%

respectivamente, sendo que no caso do 5º ano ela dividiu a segunda posição com a categoria

“Por causa de caçadores”). Já a quarta posição em termos totais foi ocupada pela categoria

“Porque a mata é aberta” (com pouco menos de 4% do total das respostas e tendo ocorrido

apenas para o 9º ano, onde empatou na primeira posição, conforme já comentado) e a quinta

posição pela categoria “Por causa de caçadores” (categoria que só ocorreu no 5º ano e que, em

termos totais, obteve um valor igual àquele de alunos que disseram não saber o porquê da sua

resposta, cada uma com um valor de quase 2%).

7.2.8. Perguntas de número 8 e 8A (“O que você faria se encontrasse um animal carnívoro

em Amparo?” e “Por que você faria isso?”)

Para a pergunta aberta de nº 8 – “O que você faria se encontrasse um animal

carnívoro em Amparo?” – os resultados podem ser vistos na tabela 11 abaixo:

P á g i n a | 129

Tabela 11: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 8:

“O que você faria se encontrasse um animal carnívoro em Amparo?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Sairia correndo 12,50 41,93 26,09 26,92 23,53 27,25

Avisaria a um órgão

responsável 29,16 6,45 21,71 30,77 35,31 23,14

Tentaria se esconder/Evitaria

chegar perto 12,50 - 8,70 7,69 - 5,79

Pediria ajuda/falaria com

alguém 8,33 9,68 8,70 - - 5,79

Mataria /reagiria contra - 6,45 4,35 7,69 5,88 4,96

Ficaria Parado 4,17 3,23 - - 11,76 3,31

Ficaria observando/ Deixaria

ir embora - 6,45 - 7,69 - 3,31

Gritaria/Tentaria espantar o

animal 4,17 - 4,35 - 5,88 2,48

Tentaria capturá-lo/prendê-lo - 6,45 - 3,85 - 2,48

Ficaria com medo/Tentaria

ficar calmo - - 4,35 3,85 5,88 2,48

Procuraria alimentá-lo - 3,23 - - - 0,83

Nada 8,33 6,45 8,70 11,54 11,76 9,09

Não sabe - 6,45 4,35 - - 2,48

Resposta não coerente com a

pergunta 16,67 3,23 4,35 - - 4,96

Não respondeu 4,17 - 4,35 - - 1,65

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Nada”, “Não sabe”, “Resposta não coerente com

a pergunta” e “Não respondeu”.

Tanto quando considerada a totalidade das respostas (aproximadamente 27%) quanto

para o 6º e 7º anos de ensino (cerca de 42 e 26% respectivamente), a reação mais tomada

pelos alunos da EMJFD caso encontrassem um animal carnívoro em Amparo seria “sair

correndo”, reação esta que foi a segunda mais citada para o 5º, 8º e 9º anos (com valores

aproximados de 12,5; 27 e 23,5% respectivamente, sendo que no caso do 5º ano ela dividiu o

segundo lugar com a categoria “Tentaria se esconder/Evitaria chegar perto”). Logo em

P á g i n a | 130

seguida está a categoria “Avisaria a um órgão responsável”, que ocupou o segundo lugar total

(com um valor de cerca de 23%) e, no caso do 5º, 8º e 9º anos foi a categoria mais citada

(com valores aproximados de 29, 31 e 35% respectivamente). As demais categorias, por sua

vez, possuem valores bastante inferiores, tanto quando considerado o total de alunos quanto

por ano de ensino. Assim, empatadas em terceiro lugar da totalidade de respostas (com um

valor de aproximadamente 6% cada), estão as categorias “Tentaria se esconder/Evitaria

chegar perto” e “Pediria ajuda/falaria com alguém”, sendo que esta última foi a segunda mais

citada no 6º ano de ensino, com em valor de pouco menos de 10% das respostas. Em quarto

lugar do total, por sua vez, está a categoria “Mataria /reagiria contra”, com aproximadamente

5% do total das respostas dadas, porém, ocorrendo em 4 dos 5 anos de ensino (a exceção foi o

5º ano). Em seguida, empatadas em quinto lugar, estão as categorias “Ficaria Parado” e

“Ficaria observando/Deixaria ir embora”, cada uma com pouco mais de 3% das respostas

totais e empatadas em sexto lugar “Gritaria/Tentaria espantar o animal”, “Tentaria capturá-

lo/prendê-lo”, “Ficaria com medo/Tentaria ficar calmo” as três com quase 2,5% do total de

respostas cada. Por fim, a categoria “Procuraria alimentá-lo” ficou em sétimo lugar com

menos de 1% das respostas totais, tendo ocorrido apenas no 6º ano de ensino. Já aqueles

alunos que disseram que não fariam nada caso encontrassem um animal carnívoro foram

pouco mais de 9% do total (sendo que esta resposta ocorreu em todos os anos de ensino com

valores relativamente elevados), enquanto que aqueles que disseram não saber responder,

deram respostas não coerentes ou não responderam a pergunta equivaleram a cerca de 2,5; 5

e 1,5% do total, respectivamente.

Já com relação à pergunta aberta de nº 8A – “Por que você faria isso?” – os

resultados obtidos estão na tabela 12 seguinte:

P á g i n a | 131

Tabela 12: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 8A:

“Por que você faria isso?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=110) 5º

(n=19)

(n=28)

(n=20)

(n=26)

(n=17)

Porque tenho medo 10,51 35,71 35,00 34,63 29,43 30,00

Para ele não me comer/matar 31,60 21,45 20,00 - 11,76 16,36

Para que outras pessoas não

corressem perigo 21,07 7,14 - 11,54 5,88 9,09

Para ele ser capturado/Porque o

zôo é o lugar dele 5,26 3,57 10,00 11,54 - 6,36

Para proteger o animal/Porque

seu lugar é na natureza 5,26 3,57 5,00 3,85 11,76 5,45

Porque são pessoas

especializadas que sabem o que

fazer com ele

5,26 - 5,00 7,69 11,76 5,45

Porque não devemos maltratá-

los/Porque ele não fez nada

contra mim

5,26 7,14 5,00 3,85 - 4,55

Porque acha/aprendeu que é a

atitude certa de ser tomada - 3,57 5,00 3,85 11,76 4,55

Para não chamar a atenção do

animal 5,26 3,57 - 3,85 - 2,73

Porque é um animal

bonito/Porque eu gosto deles - 7,14 - 3,85 - 2,73

Resposta não coerente com a

pergunta 5,26 7,14 10,00 15,35 17,65 10,91

Não respondeu 5,26 - 5,00 - - 1,82

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não

respondeu”. A quantidade de alunos considerada como respondente desta pergunta exclui aqueles cujas respostas

se enquadraram nas categorias “Não sabe”, “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não respondeu” da

pergunta de número 8 anterior.

Como pode ser visto na tabela anterior, a maioria dos alunos justificou suas respostas

em relação à pergunta de nº 8, dizendo que “tem medo” dos animais carnívoros (30% do total

de respostas), sendo que, ao considerar os anos de ensino em separado, em 4 deles esta

também foi a categoria com o maior número de respostas (com valores de cerca de 36, 35, 35

e 29% respectivamente para os 6º, 7º, 8º e 9º anos). A segunda categoria mais citada em

P á g i n a | 132

termos totais foi aquela que especificamente fez referência a um medo dos alunos em serem

mortos ou comidos pelos animais carnívoros (“Para ele não me comer/matar”), com pouco

mais de 16% das respostas. Tal categoria, apesar de não ter ocorrido para o 8º ano de ensino e

de também ter ficado na segunda posição para o 6º, 7º e 9º anos (sendo que no caso do 9º ano

ela empatou com outras 3 categorias), acabou obter a primeira posição no 5º ano, com um

valor aproximado de 31,5%. Já em terceiro lugar da totalidade das respostas, com cerca de

9%, ficou “Para que outras pessoas não corressem perigo”, categoria que foi a segunda mais

citada tanto no 5º ano (cor pouco mais de 21% das respostas) quanto no 8º ano, sendo que, no

caso do 8º ano, esta categoria empatou com “Para ele ser capturado/Porque o zôo é o lugar

dele” (cada uma com aproximadamente 11,5% das respostas neste ano de ensino), que foi a

quarta colocada geral (com pouco mais de 6% do total de respostas). As categorias seguintes

(“Para proteger o animal/Porque seu lugar é na natureza”; “Porque são pessoas especializadas

que sabem o que fazer com ele”; “Porque não devemos maltratá-los/Porque ele não fez nada

contra mim”; “Porque acha/aprendeu que é a atitude certa de ser tomada”; “Para não chamar a

atenção do animal” e “Porque é um animal bonito/Porque eu gosto deles”) ficaram, de duas a

duas, empatadas no quinto, sexto e sétimo lugares do total das respostas (com respectivamente

com cerca de 5,5; 4,5 e 3%) e, de modo geral, obtiveram valores bem variados para cada ano

de ensino, nem sempre ocorrendo em todos eles. Por fim, a quantidade de alunos que deu

respostas não coerentes com a pergunta foi relativamente alta, tanto em termos totais

(aproximadamente 11%) quanto por ano de ensino (cerca de 5, 7, 10, 15 e 18%

respectivamente para o 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos) e, além disso, pouco menos de 2% do total

deles não a respondeu.

7.2.9. Perguntas de número 9 e 9A (“Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre

onça na escola Jahyra Drable?” e “O que você lembra?”)

No que diz respeito à pergunta fechada de nº 9 – “Você se lembra de ter estudado

alguma coisa sobre onça na escola Jahyra Drable?” – os resultados obtidos estão expressos

através dos gráficos da figura 62 que se segue:

P á g i n a | 133

5º ano (n=24)

6º ano (n=31)

7º ano (n=23)

8º ano (n=26)

9º ano (n=17)

TOTAL (n=121)

Figura 62: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta fechada de nº 9:

“Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre onça na escola Jahyra Drable?”

Como pode ser visto na figura anterior, tanto em termos totais (78%) quanto para cada

ano de ensino (67, 74, 78, 81 e 94% respectivamente para os 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos), a grande

maioria dos alunos diz se lembrar de ter estudado alguma coisa sobre onça na EMJFD. Já a

quantidade de alunos que não respondeu esta pergunta foi pequena (3% do total) e só ocorreu

no 5º e no 8º ano (coincidentemente com um valor de 8% em cada um destes anos de ensino).

Já para a pergunta aberta de nº 9A – “O que você lembra?” – os resultados podem ser

visualizados na tabela 13 seguinte:

P á g i n a | 134

Tabela 13: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 9A:

“O que você lembra?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=94) 5º

(n=16)

(n=23)

(n=18)

(n=21)

(n=16)

Da cartilha e/ou de

atividades sobre a onça 31,25 13,04 33,33 19,07 56,25 28,72

Do seu aparecimento no

distrito 31,25 34,79 27,78 33,33 - 26,60

É perigosa/brava - 13,04 5,55 9,52 - 6,38

Só ataca quando está com

medo e/ou fome 12,50 - - 4,76 12,50 5,32

Deve ser preservada /É

importante para a natureza - - 16,67 - 6,25 4,26

É carnívora/Come carne 6,25 4,35 - 4,76 - 3,19

Outros aspectos gerais do seu

modo de vida - 13,04 - - - 3,19

Elas estão aparecendo nas

cidades por causa do

desmatamento

- - - 4,76 6,25 2,13

Temos avisar ao IBAMA se

encontrarmos uma - - - 4,76 - 1,06

Não sabe - - - 9,52 6,25 3,19

Resposta não coerente com a

pergunta 12,50 13,04 16,67 4,76 12,50 11,70

Não respondeu 6,25 8,70 - 4,76 - 4,26

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram o maior número de respostas no

respectivo ano de ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe”, “Resposta não

coerente com a pergunta” e “Não respondeu”. Os valores calculados para esta pergunta dizem respeito apenas à

quantidade de alunos que respondeu “SIM” na pergunta anterior de número 9.

Para esta pergunta, como pode ser visto na tabela anterior, os dois fatos mais

lembrados ao se considerar a totalidade das respostas possuem quase o mesmo valor

percentual, com aproximadamente 29% dos alunos dizendo que lembram “da cartilha e/ou de

atividades sobre a onça” e cerca de 27% respondendo que lembram “do aparecimento deste

animal no distrito de Nª. Sª. do Amparo”, sendo que tais fatos também foram os mais citados

ao se considerar os anos de ensino em separado. Assim, especificamente no caso do 5º ano,

estas categorias obtiveram exatamente o mesmo valor percentual (31,25%), enquanto que,

P á g i n a | 135

para o 7º ano, a categoria que faz referência à cartilha foi a mais citada (com um valor

aproximado de 33%, sendo que neste ano de ensino a categoria que remete ao aparecimento

da onça ocupou a segunda posição, com quase 28% das respostas). Já para o 6º e o 8º anos

ocorreu o inverso, ou seja, a categoria que faz referência ao aparecimento da onça no distrito

ocupou a primeira posição (com valores de cerca de 35 e 33% respectivamente), enquanto que

aquela que remeta à cartilha ou às atividades realizadas foi a segunda mais citada (com um

valor aproximados de 19% para o 8º ano), sendo que, no caso do 6º ano, o segundo lugar foi

compartilhado com outras duas categorias (“É perigosa/brava” e “Outros aspectos gerais do

seu modo de vida”), cada uma com cerca de 13% das respostas. Por sua vez, apesar do

aparecimento da onça não ser citado no 9º ano de ensino, a categoria que fala da cartilha e das

atividades sobre a onça representa mais de 55% das respostas dos alunos no mesmo, ou seja, é

claramente a categoria mais citada quando comparada com as demais. O terceiro lugar da

totalidade das respostas, por sua vez, obteve um valor aproximado de 6% e diz respeito ao

fato da onça ser um animal “perigoso ou bravo” (categoria esta que foi também a terceira

mais citada para o 8º ano, com um valor aproximado de 9,5%), seguida pelos alunos que

dizem lembrar que “a onça só ataca quando esta com fome ou medo” (aproximadamente 5%

do total de respostas e segunda categoria mais citada no 5º ano, com um valor de cerca de

12,5%). Já em quinto lugar do total ficou a categoria que remete ao fato de que a onça “deve

ser preservada” ou “é importante para a natureza” (com cerca de 4% das respostas), enquanto

que em sexto lugar ficaram empatadas as categorias que abrangem as respostas dos alunos

que lembraram da onça “como carnívora ou comedora de carne” e aqueles que falaram de

outros aspectos gerais do seu modo de vida (cada uma com cerca de 3% do total de respostas).

Em sétimo lugar, com pouco mais de 2%, ficou a categoria que remete ao aparecimento das

onças nas cidades por causa do desmatamento e, em oitavo lugar, com aproximadamente 1%,

a categoria que faz referência ao fato de que o IBAMA tem que ser avisado caso uma onça

seja encontrada (sendo que a mesma ocorreu apenas no o 8º ano). Por fim, os alunos que não

sabem especificar o que lembram equivalem a aproximadamente 3% do total, os que não

responderam a esta pergunta são cerca de 4% e os que deram respostas não coerentes

(situação que ocorreu em todos os anos de ensino) equivalem ao valor relativamente elevado

de cerca de 12% da totalidade.

P á g i n a | 136

7.2.10. Pergunta de número 10 (“O que você acha que a onça come quando está na

natureza?”)

Para a pergunta aberta de nº 10 – “O que você acha que a onça come quando está na

natureza?” – as respostas estão na tabela 14 abaixo:

Tabela 14: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 10:

“O que você acha que a onça come quando está na natureza?

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Carne e/ou outros animais 58,33 45,16 52,17 73,08 64,72 57,85

Citou apenas espécies de

animais silvestres 8,33 19,34 8,70 11,53 11,76 12,40

Animais pequenos/menores

que ela - 6,45 4,35 7,69 5,88 4,96

Citou espécies de animais

domésticos - 6,45 13,04 - 5,88 4,96

Citou espécies exóticas23

- - 4,35 3,85 5,88 2,48

Citou pessoas 4,17 3,23 - - - 1,65

Animais mortos - 3,23 - 3,85 - 1,65

Não sabe - 3,23 - - - 0,83

Resposta não coerente com a

pergunta 25,00 9,68 13,04 - 5,88 10,74

Não respondeu 4,17 3,23 4,35 - - 2,48

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTA: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram o maior número de respostas no

respectivo ano de ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe”, “Resposta não

coerente com a pergunta” e “Não respondeu”.

Para esta pergunta, a maioria dos alunos, tanto na sua totalidade, quanto por ano de

ensino, respondeu que a onça, quando está na natureza, “come carne e/ou outros animais”,

com valores de cerca de 58% para total de respostas, e 58, 45, 52, 73 e 65% para o 5º, 6º, 7º,

8º e 9º anos. Os alunos que, em suas respostas, citaram nomes de apenas animais silvestres

23

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004), “espécie exótica” é definida como “espécie

presente em uma determinada área geográfica da qual não é originária.”

P á g i n a | 137

como sendo o alimento das onças na natureza, por sua vez, equivalem a pouco mais de 12%

do total, ocupando o segundo lugar da lista tanto em termos totais quanto para o 5º, 6º, 8º e 9º

(com valores aproximados de 8; 19; 11,5 e 12% respectivamente). Apenas estas duas

categorias ocorreram para todos os anos de ensino. Empatados em terceiro lugar, com pouco

menos de 5% do total de respostas cada, estão os alunos que disseram que a onça “come

animais pequenos ou menores que ela” e aqueles que especificamente citaram, em suas

respostas, espécies de animais domésticos como possíveis presas das onças, sendo que esta

última categoria foi a segunda mais citada para o 7º ano de ensino (com um valor aproximado

de 13%). Já o quarto lugar total, ficou com os alunos que citaram espécies de animais exóticos

como as presas da onça (cerca de 2,5 % do total de respostas), seguido por um empate, no

quinto lugar, entre aqueles que especificaram “animais mortos” como sendo o alimento das

onças na natureza e os que citaram as pessoas como possibilidade de alimento (cada com

aproximadamente 1,5% do total das respostas). Por fim, os alunos que disseram não saber o

que a onça come quando está na natureza equivalem a menos de 1% do total, aqueles que não

responderam esta pergunta a quase 2,5% e aqueles que deram respostas não coerentes

equivalem ao valor relativamente elevado de aproximadamente 11% da totalidade.

7.2.11. Perguntas de número 11 e 11A (“O que mais você lembra ou sabe sobre as onças?”

e “Onde você aprendeu isso?”)

Para a pergunta aberta de nº 11 – “O que mais você lembra ou sabe sobre as onças?”

– os resultados obtidos estão na tabela 15 a seguir:

P á g i n a | 138

Tabela 15: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 11:

“O que mais você lembra ou sabe sobre as onças?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

São perigosas/ferozes 16,68 6,45 13,04 3,85 23,54 11,56

São carnívoras/Comem

carne 12,50 6,45 4,35 15,38 11,76 9,92

Outros aspectos gerais do

seu modo de vida 4,17 9,68 8,70 7,69 5,88 7,44

Só atacam quando estão com

medo e/ou fome 4,17 3,23 4,35 3,85 23,54 6,61

São rápidas 4,17 6,45 - 11,54 - 4,96

Do seu aparecimento no

distrito - 6,45 8,70 3,85 - 4,13

Existem espécies diferentes - - 4,35 3,85 5,88 2,48

São solitárias - 3,23 - - 5,88 1,65

Estão ameaçadas de

extinção - 3,23 4,35 - - 1,65

São inofensivas - - 4,35 - 5,88 1,65

Devem ser preservadas - - - - 5,88 0,83

Resposta repetida 4,17 6,45 - 3,85 - 3,31

Nada 20,82 9,68 21,74 23,07 11,76 17,36

Resposta não coerente com a

pergunta 20,82 25,81 8,70 7,69 - 14,05

Não respondeu 12,50 12,89 17,37 15,38 - 12,40

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTA: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram o maior número de respostas no

respectivo ano de ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Resposta repetida”, “Nada”,

“Resposta não coerente com a pergunta” e “Não respondeu”.

Semelhantemente à pergunta de número 4 (que questionava o quê mais os alunos

lembravam ou sabiam sobre os animais carnívoros), pode-se notar que, para esta pergunta, a

quantidade de respostas que se enquadraram nas categorias “Nada”, “Resposta não coerente

com a pergunta” e “Não respondeu” também foi bastante elevada, principalmente em termos

totais, uma vez que os valores obtidos para estas três categorias (cerca de 17, 14 e 12%

respectivamente) foram inclusive maiores que aqueles obtidos para as categorias que de fato

P á g i n a | 139

representam uma resposta sólida do aluno. Ainda assim, colocando tal situação à parte, para

esta pergunta é possível dizer que a maioria dos alunos, (aproximadamente 11,5% do total),

respondeu que lembra que as onças “São perigosas/ferozes”, categoria que também ocupou o

primeiro lugar no 5º, 7º e 9º anos (com valores aproximados de 17, 13 e 23,5%

respectivamente, sendo que, no caso do 9º ano, a mesma empatou com a categoria “Só

atacam quando estão com medo e/ou fome”). Por sua vez, a categoria que ocupou o segundo

lugar do total (com pouco menos de 10%), diz respeito aos alunos que, em suas respostas,

remeteram ao fato das onças “serem carnívoras” ou “comerem carne” sendo que, para o 8º

ano, esta foi a categoria com o maior número de citações (com um valor de aproximadamente

15%), enquanto que para o 5º e 9º anos ela ficou na segunda posição (com cerca de 12,5 e

12%). Em terceiro lugar total, ficou a categoria que abrangeu as respostas dos alunos que

fizeram referência à outros diferentes aspectos do hábito de vida das onças, com cerca de

7,5% (sendo que esta foi a categoria com o maior número de citações no 6º ano, com um

valor aproximado de 10%) e, em quarto lugar, ficou aquela que remete ao fato das onças só

atacarem quando estão com medo ou fome (com pouco menos de 7% do valor total das

respostas). Cabe ressaltar, que estas quatro primeiras categorias ocorreram em todos os cinco

anos de ensino. Em quinto lugar da totalidade das respostas, com um valor de

aproximadamente 5%, ficaram os alunos que disseram se lembrar que as onças são rápidas

(sendo esta a segunda categoria mais citada no 8º ano) e em sexto, com cerca de 4% do total,

aqueles que se lembram do aparecimento deste animal no distrito de Amparo (sendo que, no

caso do 6º ano, esta categoria empatou em segundo lugar com outras quatro e, no caso do 7º

ano, o empate na segunda posição se deu com a categoria “Outros aspectos gerais do seu

modo de vida”). Já em sétimo lugar do total de respostas (com cerca de 2,5%), ficou a

categoria que remete ao fato de que existem diferentes espécies de onça e, empatadas em

oitavo lugar (com pouco mais de 1,5% do total das respostas), ficaram as categorias “São

solitárias”, “Estão ameaçadas de extinção” e “São inofensivas”. Por fim, na nona posição

(com menos de 1% das respostas totais), ficaram os alunos que disseram que as onças “devem

ser preservadas”, sendo que este tipo de resposta só ocorreu no 9º ano de ensino.

Diferentemente da pergunta de nº 4, a quantidade de respostas repetidas para esta pergunta foi

baixa (cerca de 3% do total).

Já para a pergunta aberta de nº 11A – “Onde você aprendeu isso?” – as respostas

obtidas podem ser visualizadas na tabela 16 seguinte:

P á g i n a | 140

Tabela 16: Respostas obtidas (valor absoluto), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta

aberta de nº 11A: “Onde você aprendeu isso?”

Respostas dos alunos

Nº de respostas por ano de ensino TOTAL

(n=69) 5º

(n=11)

(n=17)

(n=12)

(n=14)

(n=15)

Na escola 9 13 5 10 13 50

Na TV 1 2 3 3 2 11

Em casa/com a família 1 3 2 - 1 7

Em livros - 1 1 2 2 6

Com amigos/conhecidos - 1 1 1 - 3

Em uma palestra - - 1 1 2

Na internet - - 1 - - 1

Não especificou - 2 2 - - 4

Resposta não coerente

com a pergunta - - 1 - - 1

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às respostas que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não especificou” e “Resposta não coerente com

a pergunta”. A quantidade de alunos considerada como respondente desta pergunta exclui aqueles cujas respostas

se enquadraram nas categorias “Nada”, “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não respondeu” da pergunta

de número 11 anterior. A quantidade total de respostas obtidas, seja para cada ano de ensino, seja para a

totalidade dos alunos, pode ser superior ao N amostral considerado em cada coluna da tabela porque um aluno

poderia dar mais de uma resposta.

Também semelhantemente à pergunta de número 4A, a grande maioria dos alunos,

tanto em termos totais (50 citações) quanto para cada ano de ensino (9, 13, 5, 10 e 13 citações

respectivamente para os 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos), citou a escola como local em que aprendeu

sobre a onça, seguido pela TV (11 citações no total), sendo que estas foram as únicas fontes

de informação citadas em todos os anos de ensino. A terceira fonte mais citada em termos

totais foi “em casa ou com a família” (7 citações), seguida pelos livros (com um total de 6

citações), pelos “amigos ou conhecidos” (total de 3 citações), por “Em uma palestra” (com 2

citações no total) e pela internet, citada somente 1 vez (apenas no 7º ano). Por fim, um total de

4 alunos não especificou onde aprendeu sobre a onça e 1 aluno do 7º ano deu uma resposta

não coerente com a pergunta.

P á g i n a | 141

7.2.12. Perguntas de número 12 e 12A (“O que você faria se encontrasse uma onça em

Amparo?” e “Por que você faria isso?”)

No que se refere à pergunta aberta de nº 12 – “O que você faria se encontrasse uma

onça em Amparo?” – os resultados podem ser vistos na tabela 17 abaixo:

Tabela 17: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 12:

“O que você faria se encontrasse uma onça em Amparo?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Avisaria a um órgão

responsável 33,33 16,12 17,37 42,31 35,31 28,10

Sairia correndo 24,98 32,26 30,43 15,38 11,76 23,97

Pediria ajuda/falaria com

alguém 12,50 3,23 8,70 11,54 17,65 9,92

Tentaria se esconder/Evitaria

chegar perto 4,17 6,45 4,35 7,69 11,76 6,61

Mataria /reagiria contra 4,17 9,68 4,35 7,69 5,88 6,61

Gritaria/Tentaria espantar o

animal 4,17 12,90 - - - 4,13

Tentaria capturá-lo/prendê-lo 4,17 6,45 - 3,85 - 3,31

Ficaria observando/Deixaria ir

embora - 3,23 4,35 3,85 - 2,48

Ficaria Parado - - - - 11,76 1,65

Ficaria com medo/Tentaria

ficar calmo - - 4,35 - 5,88 1,65

Nada 4,17 6,45 4,35 7,69 - 4,96

Não sabe - - 8,70 - - 1,65

Resposta não coerente com a

pergunta 4,17 - 8,70 - - 2,48

Não respondeu 4,17 3,23 4,35 - - 2,48

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTA: Os números sublinhados equivalem às respostas que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe”, “Resposta não coerente com a

pergunta” e “Não respondeu”.

P á g i n a | 142

Seja em termos totais (cerca de 28%), seja para o 5º, 8º e 9º anos de ensino (com

valores aproximados de 33, 42 e 35% respectivamente), a ação tomada pela maior parte dos

alunos caso encontrasse uma onça em Nª. Sª. do Amparo seria “avisar a algum órgão

responsável”, sendo que esta atitude foi também a segunda mais citada no 6º e 7º anos (cerca

de 16 e 17% respectivamente). Ocupando a segunda posição tanto no que se refere à

totalidade das respostas (com quase 24%) como também no 5º e no 8º anos (com

respectivamente cerca de 25 e 15%), ficou a reação de “sair correndo”, sendo que, no caso do

6º e do 7º anos, esta foi a atitude com o maior número de citações (com cerca de 32 e 30%

respectivamente). As demais categorias, por sua vez, possuem valores relativamente

inferiores, tanto quando considerado o total de alunos quanto por ano de ensino. Assim, em

terceiro lugar, com pouco menos de 10% do total, estão os alunos que responderam que

“pediriam ajuda” ou “falariam com alguém”, sendo que esta foi a segunda resposta mais

citada no 9º ano (com um valor de cerca de 17,5%). Em seguida, empatadas no quarto lugar,

ficaram as categorias “Tentaria se esconder/Evitaria chegar perto” e “Mataria /reagiria

contra”, cada uma com cerca de 6,5% das respostas. Cabe ressaltar que, nesta pergunta, estas

cinco primeiras categorias de respostas foram registradas para todos os anos de ensino. Já em

quinto lugar, com pouco mais de 4% do total das respostas, ficou a categoria

“Gritaria/Tentaria espantar o animal”, seguida por “Tentaria capturá-la/prendê-la” (com

pouco mais de 3% do total). A categoria “Ficaria observando/Deixaria ir embora” ficou em

sétimo lugar com aproximadamente 2,5% do total das respostas e, empatados em nono lugar,

com pouco mais de 1,5% do total, ficaram as categorias “Ficaria Parado” e “Ficaria com

medo/Tentaria ficar calmo” (sendo que este também foi o valor equivalente ao total de alunos

que disse não saber o que faria caso encontrasse uma onça em Amparo). Os alunos que

responderam que “não fariam nada”, por sua vez, equivaleram a pouco menos de 5% do total,

(sendo que esta categoria obteve valores relativamente elevados quando considerados os anos

de ensino em separado, principalmente se comparada às demais). Por fim, em termos totais, as

categorias “Resposta não coerente com a pergunta” e “Não respondeu” obtiveram valores de

cerca de 2,5% cada.

Já para a pergunta aberta de nº 12A – “Por que você faria isso?” – os resultados

podem ser visualizados na tabela 18 a seguir:

P á g i n a | 143

Tabela 18: Respostas obtidas (%), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta aberta de nº 12A:

“Por que você faria isso?”

Respostas dos alunos

% de respostas por ano de ensino %

TOTAL

(n=113) 5º

(n=22)

(n=30)

(n=18)

(n=26)

(n=17)

Porque tenho medo 13,64 40,00 33,33 38,46 29,42 31,87

Porque são pessoas

especializadas que sabem o

que fazer com ela

4,55 3,33 11,11 26,91 29,42 14,16

Para ela não me comer/matar 18,16 13,34 27,77 - - 11,50

Para que outras pessoas não

corressem perigo 22,73 6,67 11,11 3,85 - 8,85

Para proteger o animal /

Porque seu lugar é na natureza 9,09 10,00 5,56 7,69 5,88 7,96

Para ela ser capturada/Porque

o zôo é o lugar dela 13,64 6,67 5,56 3,85 5,88 7,08

Porque acha/aprendeu que é a

atitude certa de ser tomada 4,55 3,33 - 3,85 5,88 3,54

Para não chamar a atenção dela - - - 3,85 5,88 1,77

Para ela ficar com medo/se

afastar - 3,33 - - 5,88 1,77

Não sabe - 3,33 - - - 0,88

Resposta não coerente com a

pergunta 13,64 10,00 - 7,69 11,76 8,85

Não respondeu - - 5,56 3,85 - 1,77

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às categorias que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para as categorias “Não sabe”, “Resposta não coerente com a

pergunta” e “Não respondeu”. A quantidade de alunos considerada como respondente desta pergunta exclui

aqueles alunos cujas respostas se enquadraram nas categorias “Não sabe”, “Resposta não coerente com a

pergunta” e “Não respondeu” da pergunta de número 12 anterior.

Semelhantemente às respostas obtidas para a pergunta de numero 8A, nesta pergunta

a maioria dos alunos justificou suas respostas dizendo que “tem medo” das onças (pouco

menos de 32% do total), sendo que esta também foi a resposta mais dada no 6º, 7º, 8º e 9º

anos (com valores aproximados de 40, 33, 38 e 29% respectivamente, sendo que no caso do 9º

ano ela empatou em, primeiro lugar com a categoria “Porque são pessoas especializadas que

sabem o que fazer com ela”). A segunda categoria mais citada em termos totais, por sua vez,

P á g i n a | 144

tem uma relação direta com aqueles alunos que, na pergunta 12 anterior, disseram que

avisariam a um órgão responsável caso encontrassem uma onça em Amparo, tendo sido

“Porque são pessoas especializadas que sabem o que fazer com ela”, com um percentual de

pouco mais de 14% (sendo que esta categoria foi também a segunda mais citada no 8º ano,

com o elevado valor de quase 27%). A terceira resposta mais dada em termos totais (com

cerca de 11,5%), fazia menção especificamente ao medo de ser morto ou comido pela onça

(“Para ela não me comer/matar”), sendo que esta foi a segunda categoria mais citada no 5º, 6º

e 7º anos de ensino (respectivamente com valores aproximados de 18, 13 e 28%), não tendo

ocorrido no 8º e 9º anos. Em seguida, ocupando o quarto lugar total (com pouco menos de 9%

das respostas) ficou a categoria “Para que outras pessoas não corressem perigo” (com

aproximadamente 9% do total de respostas), sendo que esta foi a justificativa mais dada pelos

alunos do 5º ano para explicar o que fariam se encontrassem uma onça em Amparo (com um

valor de cerca de 23%). Em quinto lugar, com quase 8% das respostas totais, ficou a categoria

“Para proteger o animal/Porque seu lugar é na natureza”, seguida por “Para ela ser

capturada/Porque o zôo é o lugar dela” (com aproximadamente 7% do total de respostas) e

por “Porque acha/aprendeu que é a atitude certa de ser tomada” (com cerca de 3,5% do total).

Já as categorias seguintes (“Para não chamar a atenção dela” e “Para ela ficar com medo/se

afastar”), ficaram empatadas no oitavo lugar com pouco menos de 2% da totalidade de

respostas, sendo que este também foi o valor equivalente ao total de alunos que não respondeu

esta pergunta. Por fim, a quantidade de alunos que disse não saber a resposta foi pequena

(menos de 1%), enquanto que a quantidade daqueles que deram respostas não coerentes foi

relativamente alta, seja em termos totais (aproximadamente 9%), seja para o 5º, 6º, 8º e 9º

anos (cerca 14, 10, 8 e 12% respectivamente, não tendo ocorrido respostas não coerentes no

7º ano).

7.2.13. Pergunta de número 13 (“Marque uma atividade sobre carnívoros que você

gostaria de participar:”)

Para a pergunta semi-aberta de nº 13 – “Marque uma atividade sobre carnívoros que

você gostaria de participar:” – os resultados obtidos podem ser visualizados através da

tabela 19 abaixo:

P á g i n a | 145

Tabela 19: Respostas obtidas (valor absoluto), em termos totais e para cada ano de ensino, para a pergunta semi-

aberta de nº 13: “Marque uma atividade sobre carnívoros que você gostaria de participar:”

Respostas dos alunos

Nº de respostas por ano de ensino TOTAL

(n=121) 5º

(n=24)

(n=31)

(n=23)

(n=26)

(n=17)

Jogo 9 17 6 10 7 49

Teatro 8 8 7 13 6 42

Filme ou Vídeo 5 11 12 10 4 42

Exposição na escola 3 6 9 13 9 40

Palestra 5 3 4 8 3 23

Outras 1 1 2 4 2 10

Nenhuma - 1 - 3 - 4

NOTAS: Os números sublinhados equivalem às respostas que tiveram a maior ocorrência no respectivo ano de

ensino, sem considerar os resultados obtidos para a categoria “Nenhuma”. A quantidade total de respostas

obtidas, seja para cada ano de ensino, seja para a totalidade dos alunos, pode ser superior ao N amostral

considerado em cada coluna da tabela porque um aluno poderia dar mais de uma resposta.

Como pode ser notado na tabela anterior, as atividades que os alunos mais gostariam

de participar foram bastante variáveis entre os anos de ensino. Assim, apesar do “jogo” ter

ocupado o primeiro lugar em termos totais (com 49 marcações), apenas no 5º e no 6º anos esta

foi a atividade mais marcada (com respectivamente 9 e 17 marcações). Já em segundo lugar

do total, ficaram empatadas as atividades “teatro” e “filme ou vídeo” (com 42 marcações

cada), sendo que a primeira delas foi a mais marcada no 8º ano (sendo que neste ano ela

ocupou o primeiro lugar juntamente com “exposição na escola”, cada uma com 13

marcações), enquanto que a outra teve uma maior quantidade de marcações no 7º ano (12

marcações). A atividade “exposição na escola”, por sua vez, apesar de ter sido a mais marcada

para o 9º ano (9 marcações), acabou por ocupar o terceiro lugar em termos totais, com 40

marcações. Já em quarto lugar total, ficou a “palestra” (com 23 marcações), seguida por

aqueles alunos que assinalaram “outras” (com 10 marcações no total). Cabe ressaltar que,

dentre os alunos que marcaram a opção “outras”, apenas 7 deles preencheram o campo

“Qual?” (que constava no questionário logo depois desta opção) com sugestões de atividades

sobre carnívoros de fato plausíveis. Assim, tais sugestões foram: “fazer pesquisas sobre estes

animais” (5º ano); “ir ao zoológico” (6º e 7º anos); “fazer um passeio em alguma mata” (7º e

8º anos); “ir a algum local ver e estudar a onça” (9º ano) e “explicar sobre as onças para a

comunidade” (9º ano). Por fim, apenas 4 alunos (3 deles pertencentes ao 8º ano e 1 deles do 6º

ano) disseram que não gostariam de participar de atividades sobre carnívoros.

P á g i n a | 146

8. DISCUSSÃO

“Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço

e comunicar e anunciar a novidade.”

(FREIRE, 1997, p.32)

P á g i n a | 147

8.1. OBSERVAÇÕES INICIAIS

De modo geral, pode-se dizer que o aparecimento da onça no distrito de Amparo e

todo o desenrolar deste acontecimento estão ainda muito presentes na memória dos alunos da

EMJFD, uma vez que muitas das respostas obtidas para diferentes perguntas do questionário

acabam remetendo de alguma forma a tal contexto. Assim, através da compilação e análise

dos resultados foi possível identificar diversas questões relacionadas às percepções que os

alunos da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable possuem acerca dos carnívoros silvestres e

da onça-pintada. No entanto, cabe ressaltar que durante a realização deste trabalho foi

identificada ainda certa carência de bibliografias com as quais esta discussão pudesse ter sido

mais desenvolvida, de modo que os resultados obtidos encontram-se, em geral, discutidos em

relação ao contexto do problema abordado no presente estudo.

8.2. ACERCA DAS PRINCIPAIS PERCEPÇÕES ENCONTRADAS

8.2.1. Os carnívoros e a onça como sinônimos de perigo

Uma questão que pode ser notada com bastante frequência dentre as respostas obtidas

para diferentes perguntas do questionário, diz respeito à percepção dos alunos, seja em relação

aos carnívoros de modo geral, seja em relação à onça especificamente, como seres perigosos e

ferozes (tal tipo de resposta ocorreu para as perguntas de números 1A, 2, 4, 6A, 9A, 11), dos

quais eles têm medo (respostas ocorridas para as perguntas 8A e 12A), havendo inclusive

alunos que fizeram referência a estes animais especificamente como seres “matadores” e/ou

“comedores” de pessoas (com ocorrência para as perguntas 1A, 2, 4, 6A, 8A, 10, 18).

Curiosamente, apesar de na pergunta de número 10 (em que houve o questionamento

sobre o quê a onça come quando está na natureza), alguns alunos terem citado “pessoas”

como possíveis presas da onça, quando eles foram perguntados o que se lembram de ter

estudado sobre este animal (pergunta 9A) e o que mais eles lembravam ou sabiam sobre a

onça (pergunta 11), não houve incidência de respostas especificando a mesma como uma

P á g i n a | 148

comedora ou matadora de pessoas, mesmo com grande parte dos alunos, nestas duas

perguntas, tendo respondido que se lembram que a onça é um animal perigoso ou feroz.

Apesar de uma grande parte dos alunos da EMJFD ter dado a entender, em suas

respostas, que acham que os animais carnívoros e a onça são ferozes e perigosos por natureza,

também houve alguns alunos que disseram saber que estes animais só atacam quando estão

sob situação de estresse (“Só atacam quando estão com medo e/ou fome”, resposta que

ocorreu para as perguntas 1A, 4, 6A, 9A e 11) e até mesmo outros poucos que afirmaram

saber que os mesmos “são inofensivos” (perguntas de numero 6A e 11).

Mesmo parecendo haver alunos que não temem gratuitamente os carnívoros e a onça,

toda a situação anteriormente descrita não apenas indica a existência de um grande medo

destes animais como também parece evidenciar a existência de uma cultura de medo (ou seja,

o medo existe culturalmente, mesmo que não tenham ocorrido fatos concretos para tal), com

certa ênfase no medo de ser atacado para se tornar um alimento/presa destes animais, sendo

possível inferir que esta percepção dos alunos talvez tenha ainda resquícios de influência

oriundos das notícias de jornal sensacionalistas divulgadas à época do aparecimento da onça

na região (anexo 12.1).

De fato, Røskaft e colaboradores (2003) ao comentarem de um caso semelhante que

ocorreu na Noruega (no qual a mídia divulgou negativamente os lobos e ursos) ressaltam que,

em situações como esta, a população, pode de fato passar a temer estes animais ainda que sem

motivos realmente concretos para tal. No entanto, no que se refere às características

comportamentais dos carnívoros (especialmente os carnívoros silvestres brasileiros), tal

situação não é verídica, uma vez que estes animais tendem a evitar o contato com as pessoas

(HOOGESTEIJN & HOOGESTEIJN, 2005) e os raros casos de ataque a humanos relatados

são decorrentes de situações em que tais animais se sentem ameaçados. Sobre este fato, Kruuk

(2002) ressalta que, dentre a espécie humana (assim como em outros animais), existe um

instinto inato de temer os predadores, certamente devido à grande ameaça que eles

representavam aos nossos antepassados remotos. No entanto, também é possível notar através

das respostas, embora em menor quantidade, que alguns alunos apesar de considerarem

perigosos a onça e os carnívoros em geral, ressaltam que os mesmos só atacam se possuírem

algum motivo, fato que é muito mais condizente com o comportamento destes animais na

natureza, como comentado anteriormente.

P á g i n a | 149

8.2.2. As atitudes para com os carnívoros e para com a onça

Obviamente que boa parte da forma dos alunos da EMJFD em lidar tanto com a onça

quanto com os demais carnívoros silvestres é bastante influenciada pelo medo que tais

animais representam. Assim, apesar da maioria dos alunos ter respondido que os animais

carnívoros devem ser tratados com carinho ou respeito (pergunta de número 6), foi possível

perceber que apenas parte dos mesmos pensa desta forma porque considera os carnívoros

como seres vivos dignos terem direito à vida tanto quanto o ser humano (pergunta 6A),

enquanto outra parte se usou este tipo de resposta justamente pelo medo se ser atacado por

tais animais caso os mesmos fossem maltratados ou desrespeitados, sendo que uma boa

parcela dos alunos, ainda para a pergunta de número 6, respondeu que tratariam os animais

carnívoros “com precaução”.

O medo dos alunos também fica evidenciado em certas respostas das perguntas de

número 8 e de número 12, nas quais, quando questionados o que fariam se encontrassem

respectivamente um animal carnívoro ou uma onça em Amparo, uma grande parte deu

respostas como “sairia correndo”, “tentaria me esconder” ou “evitaria chegar perto” e

“gritaria” ou “tentaria espantar o animal”. Cabe ressaltar, no entanto, que “sair correndo” não

é uma atitude correta de ser tomada para o caso de haver um encontro com um carnívoro

silvestre, em especial os de grande porte como as onças. Isso porque, tais animais possuem

um instinto de caçar aquelas presas que, geralmente, para evitarem serem pegas, saem

correndo para longe. Assim, o carnívoro pode interpretar tal atitude como se a pessoa na sua

frente fosse uma presa potencial, ou ainda pode ser um estímulo adicional para ele caçar

(KRUUK, 2002). Algumas atitudes corretas de serem tomadas (e que foram citadas por

alguns alunos) em um caso como este seria ou ficar parado de frente para o animal, ou

procurar sair de perto do mesmo (porém sem fazer movimentos rápidos e sempre evitando

virar de costas), ou tentar espantá-lo, nunca se aproximando do animal, seja para fazer

carinho, alimentá-lo ou capturá-lo ( com alguns alunos também responderam que fariam).

Outros alunos, por sua vez, demonstraram seu medo mais indiretamente, quando para

as perguntas de números 6 e 8, respectivamente outros alunos disseram tratariam os animais

carnívoros “dando carne/alimentando-os” ou que caso encontrassem um animal carnívoro em

Amparo o “alimentariam”, sendo que este tipo de resposta parece novamente indicar um

P á g i n a | 150

medo de ser atacado por esses animais para virar presa dos mesmos, de modo que alimentá-

los ou dar carne minimizaria o risco deste tipo de ataque.

Kruuk (2002, p.3) comenta em seu livro que, “no nível mais básico, o comportamento

humano em relação aos carnívoros frequentemente possui claros elementos de medo e

agressão e também de forte curiosidade”. De fato, não apenas o medo a estes animais pode ser

claramente notado dentre as respostas obtidas, como também os elementos de agressão (uma

vez que houve alguns alunos, nas perguntas de números 6, 8 e 12 que responderam que

tratariam “mal”, “matariam” ou “reagiriam contra” os animais carnívoros e a onça) e de

curiosidade (quando para as perguntas 8 e 12 alguns alunos disseram que ficariam observando

a onça ou algum outro animal carnívoro caso encontrassem com os mesmos em Amparo)

citados por Kruuk.

Além disso, uma grande quantidade de alunos, ao ser questionada o que faria caso

encontrasse uma onça ou outro animal carnívoro em Amparo (perguntas de número 12 e 8),

disse que avisaria a algum órgão responsável (por exemplo, o IBAMA ou a Polícia Florestal)

sobre o ocorrido, sendo que alguns alunos deram também esse tipo de resposta quando

indagados especificamente sobre o quê lembravam de terem estudado acerca da onça

(pergunta 9A). Em geral, esse tipo de resposta foi justificado ou com os alunos dizendo que

fariam isso ou porque as pessoas do órgão “são especializadas que sabem o que fazer” com

estes animais. Esta situação parece evidenciar a importância da visita dos técnicos do

CENAP/ICMBio à região (quando ocorreu o caso de predação pela onça-pintada), uma vez

que é procedimento deste órgão orientar os moradores rurais para que entrem em contato com

o mesmo, avisando principalmente quando há a ocorrência de casos de predação a animais

domésticos.

8.2.3. A confusão conceitual acerca da palavra “carnívoros”

Outro tipo de resposta eu ocorreu com bastante frequência em diversas perguntas, seja

de modo direto (para as perguntas de números 1A, 2, 4, 6, 6A, 9A, 10 e 11), seja de modo

indireto (perguntas 3 e 5, conforme será comentado no item 8.2.4) é aquela que faz a

associação direta, seja do animal carnívoro como aquele cuja principal característica é ser

“comedor de carne”, seja da onça como um ser carnívoro (e consequentemente comedor de

P á g i n a | 151

carne), não havendo nenhum tipo de resposta que remetesse aos carnívoros como membros da

Ordem Carnivora. Este tipo de abordagem, por parte dos alunos, encontra-se presente em

diversos momentos do questionário e possui íntima relação com uma lacuna de conhecimento

acerca do que vem a ser um animal carnívoro, mediante os diferentes conceitos existentes,

tendo sido possível identificar na presente pesquisa uma certa “confusão conceitual” acerca

do(s) significados(s) da palavra “carnívoro”.

Isso porque, conforme já comentado anteriormente (vide item 3.3 deste trabalho), em

termos acadêmicos, existem dois tipos de conceitos relacionados a tal palavra, um deles que

faz referência àqueles seres vivos que se alimentam da carne de outros animais (os carnívoros

funcionais ou predadores), independente da sua classificação biológica (ou seja, independente

de serem mamíferos, répteis, aves ou até mesmo uma planta, como as plantas carnívoras) e

outro que diz respeito somente a alguns animais, especificamente mamíferos, que devido a

complexas características que possuem em comum, pertencem a uma mesma classificação

biológica – a Ordem Carnivora – porém não necessariamente irão se alimentar de carne,

podendo, desta forma, ser ou não carnívoros funcionais. Assim, dizer que animais carnívoros

são aqueles que comem carne/outros animais nem sempre está correto e depende do enfoque

que se está dando à palavra “carnívoro”. No caso da onça que apareceu em Amparo, tal

animal é as duas coisas, ou seja, além de ser um mamífero pertencente à Ordem Carnivora

também é um carnívoro funcional e um predador, uma vez que se alimenta da carne de suas

presas caçadas.

Um dos fatores que pode estar influenciando esta visão por parte dos alunos é que, (ao

menos em teoria) os mesmos já estudaram sobre a cadeia alimentar nas disciplinas de ciências

ou biologia (de fato alguns poucos alunos do 6º e 7º anos citaram diretamente a cadeia

alimentar nas respostas para a pergunta 1A, enquanto outros a citaram indiretamente, nas

respostas das perguntas de números 2 e 4, através do uso de palavras como “presas” e

“predadores”), sendo que a abordagem da cadeia alimentar foca justamente a questão dos

animais carnívoros funcionais (sejam da Ordem Carnivora ou não) como predadores e

reguladores do tamanho das populações de presas, mantendo assim o equilíbrio ecológico do

ecossistema.

P á g i n a | 152

8.2.4. Os carnívoros como comedores apenas de carne e a pouca especificação sobre as

possíveis presas naturais da onça

Outra questão que também pode estar um pouco relacionada à confusão conceitual

existente acerca da palavra carnívoro, diz respeito ao fato destes animais terem sido

especificamente caracterizados, por parte dos alunos, como seres comedores apenas de carne,

com esse tipo de resposta ocorrendo para as perguntas de números 1A, 2, 4, 6A). Conforme já

comentado anteriormente, tal fato não é totalmente verídico, uma vez que existem diversas

espécies de carnívoros funcionais (sejam da Ordem Carnivora ou não) que comem outros

alimentos, como frutos e sementes, além da carne (lobo-guará, piranha, macaco), sendo que

alguns poucos alunos, nas respostas para a pergunta de número 4, fizeram referência

justamente a esta característica, ressaltando que se recordam de que os animais carnívoros,

apesar de assim chamados, também comem outros tipos de alimentos.

Além disso, poucos foram os alunos que deram respostas detalhadas quando

perguntados o que acham que a onça come quando está na natureza (pergunta de número 10),

sendo que a maioria deu respostas genéricas como “carne” e/ou “outros animais”, fato que

pode estar indicando o pouco conhecimento, por parte dos mesmos, de quais animais são de

fato presas da onça em um ambiente natural. Tal suposição parece ter ainda mais coerência

quando consideramos as outras respostas dos alunos para esta pergunta de número 10, uma

vez que, apesar de boa parte dos mesmos se referir especificamente aos animais silvestres

como alimentos da onça na natureza, também ocorreu respostas que faziam menção tanto a

animais domésticos, quanto a animais exóticos e também aos próprios seres humanos

(conforme já comentado no item 8.2.1 desta discussão). Já a ocorrência de respostas

especificando animais de menor porte parece estar mais uma vez evidenciando o aprendizado

a cerca da cadeia alimentar citado ao final do item anterior (8.2.2).

Uma observação que também pode ser feita para as respostas obtidas na pergunta 10 é

que alguns alunos, ao se referirem à funcionalidade dos carnívoros como comedores de carne

ou de outros animais, muitas vezes nas suas respostas colocaram a preposição “e” entre estas

duas opções, ou seja, se referiram aos carnívoros como “comedores de carne e comedores de

outros animais”. Tal fato em um primeiro momento soou intrigante, uma vez que parece

indicar que o aluno considera “carne” e “animais” como coisas distintas, ou seja, como se o

mesmo não associasse que “carne” necessariamente significa ser de outro animal. Uma

P á g i n a | 153

suposição que é possível fazer, baseada no contexto obtido através das distintas respostas dos

alunos às perguntas do questionário é que, ao redigirem tal resposta (“comem carne e outros

animais”), os alunos estariam, em seu imaginário, se referindo respectivamente a animais

carnívoros que vivem em cativeiro e aqueles que vivem em seu habitat natural, ou seja,

enquanto que os primeiros comem uma carne comprada e “já pronta”, dada a eles pelos

tratadores, os segundos, por estarem em seu habitat natural, teriam que buscar obter seu

alimento através da caça de suas presas (os outros animais), para se alimentarem. No entanto,

esta é apenas uma suposição sem embasamentos mais consistentes.

Além disso, nas respostas para esta pergunta também houve poucos alunos (do 6º e 8º

anos) que especificamente escreveram que a onça come “animais mortos” quando está na

natureza, porém, neste caso não foi possível identificar suposição alguma capaz de justificar

tal tipo de resposta por parte dos mesmos.

8.2.5. Os diferentes animais citados como sendo carnívoros

Apesar do fato da onça ter sido o animal mais citado pela grande maioria dos alunos,

tanto para a pergunta de número 3 (quando foi pedido para os alunos escreverem os nomes

dos animais carnívoros que conhecem), quanto para a de número 5 (quando os alunos foram

indagados sobre qual animal carnívoro já viram de perto), confirmando sua forte presença na

memória dos alunos da EMJFD, diversos outros animais também foram citados nas respostas

destas perguntas, muitos deles que não são da Ordem Carnivora (e outros que nem mesmo

carnívoros funcionais são, já que alguns animais herbívoros e onívoros foram citados), fato

que novamente parece estar associado às diferentes conceitualizações da palavra “carnívoro”

(item 8.2.2 desta discussão) e que indica que não há tendência alguma, por parte dos alunos,

em citar como exemplos de animais carnívoros aqueles que fazem parte da Ordem que leva

este nome.

Assim, no caso da pergunta de número 3, dos 31 animais diferentes citados pelos

alunos, 14 são tanto mamíferos da Ordem Carnivora quanto carnívoros funcionais (onça,

leão, lobo, tigre, cachorro, hiena, gato, raposa, urso, guepardo, cachorro-do-mato, gato-do-

mato, jaguatirica e leopardo), 9 são carnívoros funcionais mas não pertencem à Ordem

Carnivora (jacaré, urubu, cobra, tubarão, gavião, piranha, coruja, crocodilo, dragão-de-

P á g i n a | 154

comôdo) e 8 (boi, bicho-preguiça, coelho, lagarta, zebra, macaco, galinha e rato) ou são

herbívoros (os 5 primeiros), ou seja, se alimentam de plantas, ou podem ser considerados

onívoros (os 3 últimos), se utilizando de diversos recursos do meio para se alimentarem. Já no

caso da pergunta de número 5, dos 18 animais diferentes citados, 10 pertencem à Ordem

Carnivora e também são carnívoros funcionais (onça, leão, tigre, lobo, cachorro, gato,

pantera, urso, jaguatirica e leopardo), 3 são carnívoros funcionais mas não pertencem à

Ordem Carnivora (jacaré, urubu e cobra), outros 4 são herbívoros (bicho-preguiça, boi,

lagarta, zebra) e 1 deles (macaco) é pode ser considerado onívoro.

Entre os outros animais mais citados para estas duas perguntas estão também o leão, o

jacaré e lobo, sendo que, para estes dois últimos, cabe comentar que a quantidade elevada de

citações pode estar relacionada ao fato de que uma das fazendas do distrito de Amparo, a

Fazenda Bonsucesso (onde parte dos alunos da EMJFD reside ou possui parentes que nela

trabalham), tem um criadouro de jacarés do papo-amarelo e outro de lobos-guará, de modo

que os alunos da escola têm um contato bem próximo com estas duas espécies de animais.

Assim, apesar de justamente estes animais estarem relacionados com problemas de

conceitualização dos carnívoros anteriormente abordados (o jacaré não é um carnívoro da

Ordem Carnivora, mas é um carnívoro funcional e o lobo, apesar de representante da ordem

carnívora, se não especificado como “lobo-guará” pode ser considerado uma espécie exótica),

o fato de terem sido bastante citados pode estar refletindo uma grande importância/influência

da Fazenda Bonssucesso na construção da percepção dos alunos da EMJFD acerca dos

carnívoros silvestres. De fato, quando perguntados sobre qual foi o local em que viram um

animal carnívoro (pergunta 5A), apesar do zoológico ter sido de longe o principal local mais

citado pelos alunos, a Fazenda Bonsucesso acabou por ocupar a terceira posição de lugar mais

citado, tendo havido citações da mesma em todos os anos de ensino. Uma questão que cabe

aqui ressaltar é que o fato da mata ter sido citada por apenas 3 alunos como local em que

viram carnívoros não significa que não existem carnívoros silvestres vivendo nos fragmentos

de mata da região, uma vez que estes animais são extremamente difíceis de serem vistos

justamente por evitarem contato com os humanos.

P á g i n a | 155

8.2.6. A questão das espécies exóticas citadas

Outra questão que pode ser levantada para as perguntas de números 3 e 5 é que para

ambas houve uma quantidade considerável de animais exóticos citados, ou seja, animais que

não ocorrem naturalmente no Brasil, sendo eles: leão, tigre, hiena, urso, guepardo, crocodilo

dragão-de-comôdo, leopardo e zebra.

Tal situação pode estar evidenciando um baixo nível de conhecimento acerca da fauna

local por parte dos alunos. Fato semelhante ocorreu com Padua (1991) durante o

levantamento do perfil da população residente na área perto do Parque Estadual do Morro do

Diabo, como parte de sua pesquisa para a conservação dos mico-leões-pretos (Leontopithecus

chrysopygus), em que tal autora comenta que muitos dos mais de quinhentos indivíduos

entrevistados acreditavam que animais exóticos como tigres, elefantes, leões e ursos

habitavam o parque” (apud PADUA & VALADARES-PADUA, 1997). Este relativamente

alto índice de animais exóticos citados entre os alunos da EMJFD pode significar, portanto,

que tais alunos não estão muito familiarizados seja com a fauna brasileira de modo geral ou

mesmo com a fauna local, fato que pode estar relacionado, entre outras coisas, com a ausência

de exemplos locais nos livros didáticos usados na escola, como é comentado por Sato (1996,

apud SATO, 2002, p.14) em seu livro.

Cabe aqui ressaltar que, apesar deste fato, as poucas referências que a cartilha

elaborada pela escola fazem acerca de outros carnívoros além da onça-pintada (irara, quati,

mão-pelada, cachorro-vinagre, entre outros), se refere somente a espécies de mamíferos da

Ordem Carnivora que também são carnívoros funcionais e predadores. Assim, apesar de ter

havido uma preocupação de que os exemplos de demais carnívoros da cartilha fossem de

carnívoros silvestres brasileiros, em momento algum a mesma aborda essa diversidade

conceitual sobre o uso da palavra “carnívoro”, fato que seria de extrema importância para

esclarecer os alunos e demais leitores sobre os diferentes aspectos desta questão. Assim, tal

questão pode e deve ser objeto de reflexão num futuro trabalho acadêmico, didático-

pedagógico para com os alunos.

P á g i n a | 156

8.2.7. A questão da presença dos carnívoros no meio em que os alunos vivem

Quando questionados se existiriam animais carnívoros vivendo em algum fragmento

de mata perto de suas casas (pergunta de número 7), os alunos se mostraram bastante

divididos, apesar de uma parcela um pouco maior afirmar que sim. Dentre estes que

responderam afirmativamente, a principal justificativa (pergunta 7A) para tal fato, residiu na

questão dos mesmos já terem visto ou conhecerem pessoas que viram animais carnívoros nas

matas da região. Porém, neste aspecto, fica uma dúvida em termos de a qual carnívoro o aluno

está se referindo (uma vez que, como já foi discutido anteriormente, existe um entendimento

distorcido e uma lacuna conceitual acerca do termo carnívoro para os alunos da EMJFD) ou

seja, o maior índice de respostas “sim” pode ter ocorrido porque, por exemplo, a maioria dos

alunos, ao responderem, estavam pensando em um cachorro ou um urubu como habitante da

mata próxima a sua casa. Já a segunda justificativa mais dada, que faz referencia aos alunos

terem visto ou ouvido índicos da presença destes animais, é um pouco mais plausível no que

se refere aos carnívoros silvestres, uma vez que, como já foi comentado, estes animais são

raros de serem observados, havendo uma maior possibilidade de encontrar indícios da sua

presença do que de fato visualizá-los.

Por sua vez, dentre os alunos que responderam negativamente à pergunta de número 7,

a justificativa mais frequente para este fato também diz respeito à visualização destes animais,

neste caso, com os alunos argumentando que acham que não existem carnívoros vivendo em

mata alguma perto de sua casa, uma vez que nunca viram. No entanto, conforme acabou de

ser comentado, esta não é uma justificativa plausível aos hábitos de vida destes animais, uma

vez que em geral os mesmos evitam o contato com o ser humano. A segunda resposta mais

citada, (também de forma semelhante ao ocorrido com a para os alunos que responderam

“sim”) remete à questão dos alunos não estarem mais tendo indícios da presença estes

animais, sendo que este fato, sim, pode ser plausível, principalmente se a região continua

sofrendo com desmatamentos e com a fragmentação da vegetação, já que os carnívoros

necessitam de grandes áreas de vegetação nativa para viverem tendendo a procurá-las em

detrimento de áreas mais desmatadas.

Cabe aqui ressaltar que muito provavelmente a região do distrito de Amparo possui

sim carnívoros silvestres vivendo em suas matas ou então ao menos as utilizando como

P á g i n a | 157

corredores de vegetação em busca de áreas maiores e mais preservadas para viverem (como

foi o caso da onça que apareceu na região).

8.3. ACERCA DO CONTEXTO EDUCACIONAL DA EMJFD EM RELAÇÃO ÀS ATIVIDADES

REALIZADAS

8.3.1. A escola como evidenciadora do aparecimento da onça

Especificamente para as perguntas que buscaram identificar referências às atividades

realizadas pela escola (perguntas de número 1 e de número 9), sejam sobre a onça

especificamente ou sobre os carnívoros em geral, ficou evidente que a grande maioria dos

alunos se lembra de ter estudado sobe estes temas, sendo que, quando questionados sobre o

quê exatamente eles lembram (perguntas 1A e 9A), foi possível verificar que a maior parte

das respostas ou simplesmente remete ao aparecimento da onça no distrito de Amparo, ou de

fato faz menção às atividades decorrentes realizadas, citando principalmente a cartilha

elaborada pela equipe escolar (anexo 12.3).

Desta situação, é possível inferir que a Escola Municipal Jahyra F. Drable seja uma

evidenciadora do aparecimento da onça para a comunidade, já que houve uma necessidade e

um interesse, por parte da mesma, em incorporar esta discussão no contexto escolar, trazendo

para dentro de sala de aula um problema local de extrema importância, e discutindo tal

problema, ainda que com limitações (como poderá ser visto adiante).

Tal situação indica ainda o grande valor que a educação possui em uma localidade

com as características de Amparo, onde a escola assume a função de vir a ser um dos

principais agentes (ou até mesmo o principal agente) de disseminação das informações, sendo

fundamental, portanto, que esta disseminação ocorra de forma responsável, didática,

acadêmica, pedagógica (e etc), pois, como pôde ser percebido no presente trabalho, as

informações passadas pela escola possuem uma grande ressonância dentre os alunos e, por

consequência, também dentre a comunidade.

P á g i n a | 158

8.3.2. A escola como principal fonte de aprendizado dos alunos do distrito

De fato, a grande maioria dos alunos, quando questionados acerca do lugar onde

aprenderam o que sabem, seja sobre os animais carnívoros, seja sobre a onça (perguntas de

números 4A e 11A respectivamente), indicou a escola como tal local de aprendizagem, fato

que serve para evidenciar a importância da mesma como principal fonte de informação para

os alunos do distrito. Ainda para estas perguntas, vale comentar que, também em ambas, a

televisão e a casa/família foram os outros dois locais mais citados como resposta (embora que

com uma quantidade de citações bastante inferior à escola), fato que indica haver também

uma influência considerável, na vida destes alunos, tanto por parte da mídia quanto por parte

da cultura aprendida em casa.

Por outro ângulo, ao confrontar as respostas destas duas perguntas respectivamente

com aquelas obtidas nas perguntas de número 4 e de número 11, se torna preocupante o fato

de que os alunos estão associando a visão dos carnívoros/onça como animais perigosos à

informações passadas pela escola. Neste aspecto, parece plausível dizer que as atividades

realizadas no contexto escolar acerca dos carnívoros e da onça não conseguiram cumprir um

papel de minimizar o medo destes animais por parte dos alunos, contribuindo para que os

mesmos entendessem que tais animais em geral não representam uma ameaça. A própria

cartilha elaborada pela escola também não exerce esse papel uma vez que em seu conteúdo

não existe nenhuma referência que possa ser utilizada para tentar modificar essa percepção

por parte dos alunos.

8.3.3. Observações acerca da cartilha elaborada pela escola

Como pôde ser notado através dos resultados do questionário, toda a questão

anteriormente comentada acerca das diferentes conceitualizações da palavra “carnívoro”,

parece não fazer parte da discussão acadêmica dos alunos da EMJFD, uma vez que tais

alunos, em sua grande maioria, só sabe ou se lembra dos carnívoros no que se refere ao

aspecto funcional dos mesmos, simplesmente ignorando a existência da Ordem Carnivora e

demais aspectos envolvidos nesta questão.

P á g i n a | 159

Desta forma, tal situação acaba por evidenciar que a cartilha elaborada pela escola é

muito mais ilustrativa e informativa do que educativa, uma vez que na sua composição de

conteúdo percebe-se uma forte preocupação em transmitir ao leitor –independente da faixa

etária – informações bastante generalizadas acerca do aparecimento da onça. Ademais, há

registro nesta mesma cartilha de informações de cunho meramente biológico. Desta forma é

possível argumentar que, uma vez que houve a preocupação em criar uma cartilha versando

sobre o aparecimento da onça, esta deveria ter um direcionamento um pouco mais educativo e

didático, preocupando-se, principalmente com o conteúdo, faixa etária e linguagem

apropriada à população-alvo.

8.3.4. Uma nova educação como elemento da mudança comportamental

De acordo com alguns autores, a educação é um dos principais elementos de mudança

da sociedade, podendo a mesma, inclusive, contribuir de forma significativa às alterações de

alguns valores tão arraigados que, com o passar do tempo, tendem a se tornarem “verdades

incontestáveis”. Nesse sentido, torna-se importante uma prática educativa bastante ativa e,

principalmente, reflexiva junto aos alunos.

Para Freire (2005), a educação deve priorizar em seu processo construtivo “não

somente ensinar e aprender”, mas, principalmente, levar os educandos a “aprender a

aprender”. Na concepção do autor, não cabe mais um ensino puramente didático, com uma

simples “narração de conteúdos” e que, por isto, “tende a petrificar-se ou a fazer-se algo quase

morto, sejam valores ou dimensões concretas da realidade” (ibid., p.65). Desta forma, torna-se

importante estimular, incentivar e também conscientizar a população (comunidade interna e

até externa à escola), acerca desse valor denominado meio ambiente e dos componentes do

mesmo, além de promover a participação social.

O perfil educativo proposto e implementado na Escola Municipal Jahyra Fonseca

Drable, apesar de se mostrar repleto de iniciativas interessantes, ainda se traduz naquele estilo

conservador e, até certo ponto “passivo” de uma educação ambiental neutra e amorfa. Essa

posição da escola possui íntima relação com os princípios históricos da educação ambiental,

que teve início com a chamada Educação Ambiental conservadora, ou seja, associada mais

diretamente ao campo do ecologismo, pautado numa prática conteudística, biologicista e

P á g i n a | 160

pragmática, através de “metodologias expositivas, enunciativas e impositivas com ênfase nos

conteúdos, visando persuadir a respeito da conveniência da doutrina ecológica”

(GUTIÉRREZ & PRADO, 1999 apud AVANZI, 2004, p.40).

É fato indiscutível que a Educação Ambiental constitui um dos alicerces na busca da

solução dos problemas pelos quais a sociedade está passando, sendo com isso, um dos rumos

a se trilhar na busca por um futuro sustentável. Porém, conforme já comentado anteriormente

(item 5.1 do presente trabalho), são diversos os conceitos acerca da Educação Ambiental, o

que gera um intenso debate, fazendo com que suas ações ainda permaneçam muito limitadas

ao campo teórico. Assim, pela própria falta de informação e também de uma política

educacional ambiental efetiva, muitas das ações não saem da superficialidade (BATISTA &

ARAUJO, 2009).

Reigota (1994, p. 26) evidencia outro elemento de extrema importância na prática da

EA, também ligada ao exercício da cidadania, que é a adequação à realidade local, fazendo

com que a mesma, tenha o dever de “enfatizar o estudo do meio ambiente onde vive o aluno,

procurando levantar os principais problemas da comunidade, as contribuições da ciência, os

conhecimentos necessários e as possibilidades concretas para a solução deles”.

Portanto, “as ações pedagógicas devem buscar superar a transmissão dos

conhecimentos ecologicamente corretos, assim como as ações de sensibilização, tentando,

principalmente, envolver afetivamente os educandos com a causa ambiental” (GUIMARÃES,

2004, p.32), já que estarão em voga, as questões cotidianas deles. Assim sendo, a Educação

Ambiental poderá promover ambientes educativos que interfiram sobre a realidade e seus

problemas socioambientais e, nesse processo educativo, desenvolver um exercício ativo de

cidadania entre educandos e educadores.

8.3.5. As novas atividades a serem realizadas

A pergunta de número 13 do questionário pediu aos alunos da Escola Municipal

Jahyra Fonseca Drable que, dentre algumas opções dadas (jogo, teatro, filme ou vídeo,

exposição na escola e outras), marcassem qual seria a atividade sobre animais carnívoros que

gostariam de participar. As respostas obtidas foram consideravelmente variáveis dentre os

P á g i n a | 161

anos de ensino, sendo que poucos alunos responderam que não gostariam de participar de

atividade alguma.

Portanto, considerando não apenas as atividades mais marcadas, seja em termos totais

ou seja para os diferentes anos de ensino, mas também as limitações da presente pesquisadora,

sugere-se que as atividades didático-pedagógicas e lúdicas, versando sobre os carnívoros e

tendo a onça como principal símbolo, sugeridas para serem realizadas com os alunos do 5º ao

9º ano da EMJFD sejam: jogo(s), a exibição de filme(s) ou um vídeo(s),com uma posterior

discussão envolvendo a participação ativa dos alunos, e a realização, na escola de uma

exposição aberta à comunidade local contendo trabalhos realizados pelos próprios alunos,

baseados no conteúdo assimilado pelos mesmos em decorrência das duas primeiras

atividades.

Tais atividades teriam como principal objetivo fazer uma “releitura” dos carnívoros

para os alunos da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable, uma vez que, como foi discutido

anteriormente, existe um entendimento distorcido acerca da definição do termo “carnívoro” e

uma percepção amplamente variada a respeito do entendimento do que vem a ser os animais

que levam este nome. Além disso, se tentaria contornar a cultura do medo existente em

relação a estes animais e à onça, cultura tal que se mostrou tão evidente na percepção dos

alunos da escola.

P á g i n a | 162

9. CONCLUSÕES

“O homem é consciente e, na medida em que

conhece, tende a se comprometer com a própria

realidade”.

(FREIRE, 1979, p. 39)

P á g i n a | 163

Diante de todos os fatos relatados, ficou claro que a iniciativa da diretora/escola acerca

da realização das atividades cujo tema foi a onça e, por conseguinte, os carnívoros silvestres -

com destaque à cartilha elaborada - foi extremamente válida e de grande importância, tanto

perante o contexto do distrito de Nossa Senhora de Amparo e arredores como no sentido de

marcar o aparecimento da onça na região. No entanto, mais especificamente no que se refere à

cartilha, foi possível verificar que a mesma se destacou como instrumento bastante ilustrativo,

porém meramente informativo, sem haver uma preocupação com seu conteúdo, linguagem e

forma no sentido de buscar contemplar as lacunas e distorções de conhecimento dos alunos da

EMJFD sobre o tema abordado.

Acerca aos atores que participaram do processo envolvendo o aparecimento da onça e

seu desenrolar, em especial o CENAP/ICMBio, e a Coordenadoria de Meio Ambiente de

Barra Mansa, pode-se destacar que os mesmos também tiveram sua importância em diversos

momentos. No caso do CENAP/ICMBio, tal importância se residiu tanto no momento inicial

e imediato ao aparecimento da onça, através da palestra e da divulgação de informações mais

técnicas sobre o ocorrido, além da distribuição de suas cartilhas acerca da predação a animais

domésticos, quanto durante as reuniões do Projeto Amigos dos Carnívoros. Já a CMA de

Barra Mansa, se mostrou importante tanto na elaboração e no desenrolar do Projeto Amigos

dos Carnívoros, quanto ao apoiar a EMJFD na elaboração e execução das atividades sobre a

onça, em especial a cartilha.

Com relação às percepções dos alunos da EMJFD sobre os carnívoros silvestres e a

onça, ficou evidente que, apesar da maior parte destes alunos acharem que os animais

carnívoros, entre eles a onça, devem ser respeitados e tratados bem, persiste ainda uma cultura

que envolve um grande medo destes animais, fato que pode ser ainda um reflexo das notícias

alarmantes divulgadas pela mídia na época da ocorrência da predação. Ficou claro também

que há um entendimento aquém sobre o termo “carnívoro” e seus conceitos associados, uma

vez que, para a maior parte destes alunos, os animais carnívoros são enxergados única e

exclusivamente como animais comedores de carne/predadores, independente da classificação

biológica dos mesmos. A onça, por sua vez, encontra-se extremamente presente no imaginário

da grande maioria dos alunos da escola, fato que comprova seu alto potencial em ser utilizada

como espécie-bandeira para a realização, com estes alunos, de futuras atividades didático-

pedagógicas versando sobre os carnívoros silvestres.

Um aspecto que ficou bastante evidenciado em face das respostas dos alunos com

relação a algumas perguntas é a grande valorização do espaço escolar no contexto do distrito

P á g i n a | 164

de Nossa Senhora do Amparo, tanto como disseminador de informações, quanto

culturalmente, como centro de encontro social da comunidade.

No que se refere às atividades para serem realizadas com os alunos do 5º ao 9º ano da

Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable, sugere-se que as mesmas possuam um caráter

didático-pedagógico e lúdico, novamente versando sobre os carnívoros e tendo a onça como

símbolo. Tais atividades seriam a realização de jogos e a exibição de filmes (com uma

posterior discussão envolvendo a participação ativa dos alunos), seguidas pela montagem, na

escola, de uma exposição aberta à comunidade local contendo trabalhos realizados pelos

próprios alunos, baseados no conteúdo assimilado pelos mesmos em decorrência das duas

primeiras atividades.

P á g i n a | 165

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P á g i n a | 175

11. APÊNDICES

P á g i n a | 176

11.1. ESPÉCIES DE MAMÍFEROS SILVESTRES BRASILEIROS QUE COMPÕEM A ORDEM

CARNIVORA, SEUS NOMES POPULARES, SUAS FAMÍLIAS E SUA SITUAÇÃO DE CONSERVAÇÃO DE

ACORDO COM A ATUAL LISTA BRASILEIRA DA FAUNA AMEAÇADA.

FamíliaA

Espécie Status na atual

Lista de Espécies

Ameaçadas de

ExtinçãoC

Nome

científicoA

Nomes populares A, B, C

Canidae

(Canídeos)

Crhysocyon

brachyurus

Lobo-guará; Lobo-de-crina, Lobo-de-juba;

Lobo-vermelho; Lobo; Guará. Vulnerável

Speothos

venaticus

Cachorro-do-mato-vinagre; Cachorro-vinagre;

Cachorro-do-mato; Cachorro-do-mato-cotó;

Cachorro-pitoco; Pitoco; Janauíra; Janauí.

Vulnerável

Atelocynus

microtis

Cachorro-do-mato-de-orelha-curta; Cachorro-

do-mato;Cachorro-selvagem-de-cauda-

bandeira.

Dados insuficientes

Cerdocyon

thous

Cachorro-do-mato; Raposa; Graxaim;

Graxaim-do-mato; Raposinha-do-mato;

Raposão; Lobinho; Lobete; Guaraxo;

Guancito; Fusquinho; Rabo-fofo.

-

Lycalopex

vetulus

Raposinha-do-campo; Raposa-do-campo;

Raposinha -

Lycalopex

gymnocercus

Graxaim-do-campo; Raposa-do-campo;

Cachorro-do-campo; Guaraxaim. -

Felidae

(Felídeos)

Panthera onca Onça-pintada; Onça-preta; Onça; Jaguar;

Tigre; Jaguar-canguçu; Jaguaretê; Canguçu Vulnerável

Puma concolor Onça-parda; Suçuarana; Puma; Onça-

vermelha; Leão-baio; Leãozinho-da-cara-suja. Vulnerável

Puma

yagouaroundi Jaguarundi; Gato-mourisco; Mourisco -

Leopardus

pardalis

Jaguatirica; Gato-maracajá-verdadeiro,

Oncinha; Gato-do-mato-grande, Canguçu;

Maracajá

Vulnerável

Leopardus

wiedii

Gato-maracajá; Gato-peludo; Maracajá;

Jaguatirica. Vulnerável

Leopardus

tigrinus

Gato-do-mato, Gato-do-mato-pequeno;

Maracajá-í; Gato-macambira Vulnerável

Leopardus

geoffroyi

Gato-do-mato grande; Gato-montês; Gato-do-

mato-de-pêlo-curto -

Leopardus

colocolo

Gato-palheiro; Gato-dos-pampas; Gato-do-

pantanal Vulnerável

Mephitidae

(Mefitídeos)

Conepatus

semistriatus

Jaritataca; Jaratataca; Jatitataca; Cangambá;

Zorrilho -

Conepatus

chinga Zorrilho; Jaguané; Jaguaré -

CONTINUA

CONTINUAÇÃO

Mustelidae

(Mustelídeos)

Pteronura

brasiliensis

Ariranha; Arira; Lontra-gigante; Nutria-

gigante; Onça-d‟água Vulnerável

Lontra

longicaudis Lontra; Lobinho-de-rio; Nutria; Nutrio -

Mustela africana Doninha-amazônica; Doninha Dados insuficientes

Eira barbara Irara; Papa-mel -

Galictis vittata Furão grande; Furão; Cachorro-do-mato -

Galictis cuja Furão pequeno; Cachorro-do-mato -

Procyonidae

(Procionídeos)

Potos flavus

Jupará-verdadeiro; Macaco-da-noite;

Macaco-da-meia-noite; Jupará; Jurupará;

Jupurá

-

Bassaricyon

gabbii

Jupará; Gogó-de-sola; Olingo; Jurupará;

Jupurá Dados insuficientes

Nasua nasua Quati; Coati, Quati-mundéo; Quati-de-

vara. -

Procyon

cancrivorus Mão-pelada; Gauxinim; Jaguacinim. -

Otariidae

(Otarídeos)

Arctocephalus

australis Lobo-marinho-do-sul -

Arctocephalus

tropicalis Lobo-marinho-subantártico -

Otaria flavescens Leão-marinho-do-sul. -

FONTES: A

Cheida et al (2006); B Morato et al (2004);

C Chiarello et al (2008). NOTAS: As fontes

A e

B

divergem quanto à divisão taxonômica das Famílias dos carnívoros silvestres brasileiros e quanto ao nome de

algumas espécies. A opção em considerar os dados provenientes da fonte A nas colunas “Família” e “Nome

científico” diz respeito ao fato desta ser mais recente.

P á g i n a | 179

11.2. QUESTIONÁRIO APLICADO PARA OS ALUNOS DO 5º AO 9º ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL DA ESCOLA MUNICIPAL JAHYRA FONSECA DRABLE

Nome:____________________________________________________Idade:________

Querido aluno ou aluna, mais uma vez estou aqui pedindo a ajuda de vocês para

responderem algumas perguntas. Por favor, novamente não olhe a resposta do colega ao

lado. É muito importante para nós que sua resposta seja individual!!!

1- Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre animais carnívoros na escola Jahyra

Drable?

Resposta:________________________________________________________________

1.A- O que você lembra?

Resposta:_______________________________________________________________

2- Para você o que é um animal carnívoro?

Resposta:_______________________________________________________________

3- Diga o nome de animais que você acha que são carnívoros:

Resposta:_______________________________________________________________

4- O que você lembra ou sabe sobre animais carnívoros?

Resposta:_______________________________________________________________

4.A- Onde você aprendeu isso?

Resposta:_______________________________________________________________

5- Qual animal carnívoro você já viu de perto?

Resposta:_______________________________________________________________

5.A- Onde você viu?

Resposta:_______________________________________________________________

6- Como você acha que devemos tratar os animais carnívoros?

Resposta:_______________________________________________________________

6.A- Por que você acha isso?

Resposta:_______________________________________________________________

7- Você acha que existem animais carnívoros vivendo em alguma mata perto da sua casa?

Resposta:_______________________________________________________________

7.A- Por que você acha isso?

Resposta:_______________________________________________________________

8- O que você faria se encontrasse um animal carnívoro em Amparo?

Resposta:_______________________________________________________________

8.A- Por que você faria isso?

Resposta:_______________________________________________________________

9- Você se lembra de ter estudado alguma coisa sobre onça na escola Jahyra Drable?

Resposta:_______________________________________________________________

9.A- O que você lembra?

Resposta:_______________________________________________________________

10- O que você acha que a onça come quando está na natureza?

Resposta:_______________________________________________________________

11- O que mais você lembra ou sabe sobre as onças?

Resposta:_______________________________________________________________

11.A- Onde você aprendeu isso?

Resposta:_______________________________________________________________

12- O que você faria se encontrasse uma onça em Amparo?

Resposta:______________________________________________________________

12.A- Por que você faria isso?

Resposta:_______________________________________________________________

13-Marque uma atividade sobre carnívoros que você gostaria de participar:

( ) Teatro ( ) Palestra ( ) Jogo ( ) Filme ou vídeo ( ) Exposição na escola

( ) Nenhuma ( ) Outra. Diga qual:____________________________________________

MUITO OBRIGADA!!!

P á g i n a | 181

12. ANEXOS

P á g i n a | 182

12.1. REPORTAGENS DE DIFERENTES JORNAIS SOBRE A OCORRÊNCIA DA PREDAÇÃO DE

BOVINO POR ONÇA-PINTADA NO DISTRITO DE N.ª S.ª DO AMPARO E ARREDORES.24

24

Cabe ressaltar que as reportagens aqui anexadas servem apenas para ilustrar o fato ocorrido e o contexto dele

decorrente, não havendo nenhum comprometimento por parte da autora do presente trabalho seja com o

conteúdo, seja com a veracidade das informações nelas disponibilizadas.

Terça-feira, 27 de abril de 2004. A Voz da Cidade, seção Cidades.

Terça-feira, 27 de abril de 2004. Diário do Vale, seção Cidades.

Quarta-feira, 28 de abril de 2004. O Dia, seção Nosso Rio

Quinta-feira, 29 de abril de 2004. O Dia, seção Nosso Rio

CONTINUA

Sexta-feira, 30 de abril de 2004. O Dia, seção Nosso Rio

Sexta-feira, 30 de abril de 2004. A Voz da Cidade, seção Cidades.

Quinta-feira, 06 de maio de 2004. A Voz da Cidade, seção Cidades.

Sábado, 19 de junho de 2004. O Dia, seção Nosso Rio.

Sem data, Diário do Vale, seção Cidades.

Sem data e sem fonte (provavelmente 29 de abril de 2004, A Voz da Cidade)

Sem data e sem fonte (provavelmente 14 de setembro de 2005, Diário do Vale)

Sem data e sem fonte.

Sem data e sem fonte.

Sem data e sem fonte.

P á g i n a | 197

12.2. ATAS DAS 6 PRIMEIRAS REUNIÕES DO “PROJETO AMIGOS DOS CARNÍVOROS” 25

25

Cabe ressaltar, que apesar da autora do presente trabalho ter participado de algumas reuniões do Projeto

Amigos dos Carnívoros, não existe nenhum tipo de comprometimento da mesma com seja com o conteúdo,

seja com a veracidade, das informações contidas nas atas das reuniões deste projeto.

ATA DA 1ª REUNIÃO DO PROJETO ONÇA PINTADA NA COORDENADORIA MEIO AMBIENTE DE BARRA

MANSA, REALIZADA NO DIA TREZE DE SETEMBRO DE 2005, EM BARRA MANSA. Aos treze dias de setembro

de dois mil e cinco, foi realizada a 1ª reunião do projeto Onça Pintada, com a seguinte ordem do dia: ações a serem

desenvolvidas para educar a população no sentido de preservar esta espécie em extinção na região. O Coordenador de Meio

Ambiente Marco Arthur da Silva Chiesse abriu a reunião designando Vera Lucia Teixeira da ONG “O Nosso Vale! A Nossa

Vida” para secretariar a reunião em seguida solicitou que os presentes se apresentassem: 1 – Madalena Sofia Ávila Cardoso

de Oliveira, Secretaria de Meio Ambiente de Barra do Pirai, 2 – Carlos Gustavo Coelho Andrade, Promotor de Justiça, 3 –

Vinicius Carvalho de Almeida, Instituto Estadual de Floresta do Rio de Janeiro, 4 – Jean Fabio de Carvalho, Instituto

Estadual de Floresta do Rio de Janeiro, 5 - Jose Geraldo de Souza, Administrador do Distrito de Amparo, 6 – Dayse Luz de

Carvalho, Diretora da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable, 7 – Glen Collard, Projeto Arurá Fazenda Bonsucesso do

Distrito de Amparo, 8 – Rogério Cunha de Paula, representante do CENAP/IBAMA, 9 – Leó Nascimento, representante do

Parque Nacional do Itatiaia, 10 - Rogério de Lima Silva Caldas, representante Ministério Público / RJ, 11 – Peônia B. M.

Pereira, bacharelada em ecologia pela UFRJ, 12 - Paulo César Nogueira Gerente de Planejamento Ambiental da

Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa, 13 – Vagner Cosendey Gerente de Educação Ambiental da

Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa da CMA. Após a apresentação dos presentes, o Sr. Marco Arthur da Silva

Chiesse fez a apresentação do Projeto Onça Pintada que vem sendo desenvolvido pela Coordenadoria do Meio Ambiente

junto às comunidades e escolas locais através dos ecoclubes com gincana para garantir a preservação da espécie, todo este

projeto tem sido realizado junto aos órgãos de fiscalização estaduais como o Instituto Estadual de Floresta; Instituto

Brasileiro de Meio Ambiente/IBAMA-RJ. A seguir fez apresentação dos outros projetos que a coordenadoria vem

desenvolvendo no município de ações ambientais, como proteções nascentes, monitoramento de água, educação ambiental,

reflorestamento de áreas urbanas, implantação de eco pneus e outros. Em seguida, Rogério de Lima Silva Caldas,

representante Ministério Público RJ, falou da importância de estar realizando esta reunião com estes municípios onde houve

ocorrência da onça pintada, mas que no futuro deveríamos estar fazendo esta reunião em nível de estado e sta promovendo

atividades que traga acadêmicos para a realização de monografias. Logo a seguir o Sr. Rogério Cunha de Paula, representante

do CENAP/IBAMA apresentou estratégias para a Conservação de Carnívoros na Mata Atlântica, falou dos 25 hotspost

mundiais, da biodiversidade que ocorre nesta região, deveríamos realizar trabalhos de conscientização junto às áreas privadas

para transformar em áreas públicas exemplo disto são as criações Reservas Particulares de Patrimônio Natural – RPPN,

Marco Chiesse interrompeu apresentação para falar dos projetos que a coordenadoria vem desenvolvendo junto a as

organizações locais SOS Mata Atlântica para reflorestamento em áreas particulares a Fazenda Rochinha de Floriano já aderiu

este projeto. Em seguida Rogério Cunha retornou sua apresentação sobre a importância dos carnívoros no ecossistema na

dispersão de sementes e na cadeia alimentar e a fragilidade deles pelo aumento do crescimento urbanos, em conseqüência

diminuição das florestas, pelas pratica de monoculturas e a caça predatória, que vem disseminando estes carnívoros

principalmente os grandes felinos, as rodovias são responsáveis pela grande perda dos felinos, outros problemas são as

doenças que esses carnívoros sofrem por contato com animais domésticos. A proposta é que se desenvolva o projeto de

conservação e manejo com identificação de áreas ideais para estudos populacionais e estabelecimento de conexões,

trabalhando o ecoturismo, projeto de pesquisa com o turismo cientifico, falou da importância da Rede Nacional de

Atendimento a Carnívoros - RENAP, que em casos de predação é feito atendimentos, visitas, orientação, métodos

preventivos e manejo de criação, melhorias na propriedade, acompanhamento pós-atendimento envolvendo a comunidade

local buscando sempre uma associação de valores estamos lhe trazendo isto para que vocês continue a preservar. Em seguida

foram apresentados diversos mapas de priorização para a conservação da Onça Pintada aqui na região deveria ser trabalhada

política pública para formação Área de Proteção Permanente - APP aumentando os corredores naturais. Programa Onça

Pintada precisaria desenvolver algumas etapas como legislação, políticas públicas; pesquisa cientifica; educação Ambiental

com a comunidade; elaborar projetos para captação de recursos junto à fonte financiadora. Após apresentação Léo

Nascimento representante do Parque Nacional do Itatiaia contou historia do PNI e dos animais que lá existem e existiram e

recomendou a leitura do Livro de Marcos de Sá Correia, Itatiaia O Caminho das Pedras, Em seguida foram fechadas as

proposta para montagem do programa e definição de responsáveis para encaminhamento do projeto. Apresentação do projeto

piloto de Estudos Científicos na responsabilidade do Sr. Rogério Cunha do CENAP/IBAMA que ficou de entrar em contato

com representante do Parque Nacional de Foz de Iguaçu que já desenvolve projetos nesta área e repassar as informações para

a Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa, que se comprometeu de repassá-lo ao resto do grupo. O Rogério de

Lima do Ministério Público ficou de elaborar um programa de políticas públicas; em seguida o Instituto Estadual de Floresta

Junto com o representante do Ministério Público estarão viabilizando estudos para fecharem um Termo Ajuste e

Conduta/TAC, em relação à Fauna e Flora para ser apresentado a Nova Dutra, que segundo o representante do IEF/RJ, esta

com um projeto de duplicação de pista de Nova Iguaçu a São Paulo, em função disto solicitaram vistoria, para corte de

aproximadamente 4 a 5 mil árvores, neste trecho. O Sr. Gleen Collards ficou de fazer projeto para a sinalização de

preservação de animais silvestres, da estrada de Barra Mansa ao Distrito de Amparo e a Diretora Dayse Carvalho disse que

existe, um local na estrada, que sempre há animais mortos e se propôs a fotografá-los. Por último a coordenadoria de Meio

Ambiente de Barra Mansa ficou com a responsabilidade de readequar o Projeto de Educação Ambiental (Onça Pintada), junto

com os demais órgãos ambientais das prefeituras regionais, buscando a integração do mesmo, e tentará parcerias para

aquisição de equipamento para fotografias noturnas na identificação de animais silvestre nas matas circunvizinhas, após a

caracterização técnica que o Rogério CENAP/IBAMA ficou de enviar. A Coordenadoria de Meio Ambiente, convidará os

presentes e demais parceiros para a próxima reunião, que será em no dia onze de novembro às nove horas no Parque Nacional

do Itatiaia, onde será feito o lançamento do programa que deverá ter seu nome escolhido após gincana na rede de Ensino do

Município de Barra Mansa. Em seguida foi encerrada a reunião, cuja ata foi lavrada por mim, Vera Lucia Teixeira, que a

secretariei.

ATA DA 2ª REUNIÃO DO PROJETO ONÇA PINTADA DA COORDENADORIA DE MEIO AMBIENTE DE

BARRA MANSA, REALIZADA NO DIA DEZOITO DE NOVEMBRO DE 2005, NO PARQUE NACIONAL DO

ITATIAIA EM ITATIAIA. Aos dezoito dias de novembro de dois mil e cinco, foi realizada a 2ª reunião do projeto Onça

Pintada, com a seguinte ordem do dia: Escolha do nome para o Projeto, através de concurso nas escolas em Barra Mansa;

apresentações de antiprojetos: Educação Ambiental pela Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa, Estudo

Cientifico pelo CENAP/IBAMA, Políticas Públicas pelo Ministério Público Estadual/RJ. O Coordenador de Meio Ambiente

Marco Arthur da Silva Chiesse abriu a reunião designando Vera Lucia Teixeira da ONG “O Nosso Vale! A Nossa Vida” para

secretariar a reunião, em seguida solicitou que o Diretor do Parque Nacional do Itatiaia fizesse abertura do Evento. Este deu

boas vindas aos participantes, falou sobre o registro de onça pintada no PARNA do Itatiaia. Falou também sobre áreas

protegidas dentro do Parque e que está com um projeto de ampliação destas áreas. Disse também do Conselho Consultivo do

PARNA do Itatiaia e colocou as dependências do P N do Itatiaia à disposição dos presentes e apoio através de sua equipe

técnica para sucesso deste evento. Em seguida o Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse solicitou que todos os presentes se

apresentassem: 1 – Mario Pitombeira, Engenheiro Florestal do Parque Nacional do Itatiaia, 2 – Luiz Fernando Duarte de

Moraes – CETAS/IBAMA, 3 – Tatiana Clauzet, moradora do Parque Nacional do Itatiaia, 4 – Christian Spencer, morador do

P N Itatiaia, 5 – Nair Dias Paim Baumgratz, Bióloga coordenadora do núcleo de Educação Ambiental do P N Itatiaia, 6 –

Hamilton Mello, morador do P N Itatiaia, 7 – Hilda Clauzet, moradora do PARNA do Itatiaia, 8 – Rogério Cunha de Paula,

representante do CENAP/IBAMA, 9 – Léo Nascimento, representante do Parque Nacional do Itatiaia, 10 - Rogério de Lima

Silva Caldas, representante Ministério Público /RJ, 11 – Eliana Regina Maia Gouvêa, bióloga representante da Séc.

Municipal de Meio Ambiente de Itatiaia, 12 -Francisco Barbosa Lopes Maia (Tainha),Gerente de Recuperação Ambiental da

Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa, 13 – Vagner Cosendey Gerente de Educação Ambiental da

Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa da CMA, 14 – Andréia da Costa Ferreira, representante da Séc Municipal

de Meio Ambiente de Itatiaia, - 15 Mônica dos Santos Braga, médica veterinária representante do Zoológico Municipal de

Volta Redonda, - 16 Vanessa da Consolação Cassin Maia, representante do Zoológico Municipal de Volta Redonda, 17 –

Almir Fraga Folly Jr, representante do Zoológico Municipal de Volta Redonda e estudante da FERP, 18 Magaly Dolsan de

Almeida, representante do Centro de visitante do PARNA do Itatiaia, 19 – Marcellus Naiff Francis, Secretario de Meio

Ambiente do Município de Itatiaia, - 20 Vera Lucia Teixeira, Séc. Institucional da ONG “O Nosso Vale! A Nossa Vida” e

funcionária da Coordenadoria do Meio Ambiente de Barra Mansa, 21- Marco Arthur da Silva, Coordenador de Meio

Ambiente do Município de Barra Mansa. Após a apresentação dos presentes, o Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse solicitou

que fosse lida a ata anterior, após a leitura da mesma não houve pelos presentes nada acrescentar. Marco falou que as

pendências serão enviadas através de oficio, ao devido responsável. Em seguida fez uma retrospectiva do Projeto Onça

Pintada que surgiu após o suposto aparecimento desta no município de Barra Mansa, já que não foi comprovada sua presença

e explicou que esta reunião foi marcada em Itatiaia na tentativa de viabilizar a participação de mais municípios. Após esta

explanação passou a apresentação dos Projetos desenvolvidos pela Coordenadoria de Meio Ambiente junto às comunidades e

escolas locais através dos ecoclubes, com gincana para garantir a preservação da espécie, todo este projeto tem sido realizado

junto aos órgãos de fiscalização estaduais como o Instituto Estadual de Floresta; Instituto Brasileiro de Meio

Ambiente/IBAMA-RJ. A seguir fez apresentação dos outros projetos de ações ambientais que a Coordenadoria vem

desenvolvendo no município, como proteções de nascentes, monitoramento de água, educação ambiental, reflorestamento de

áreas urbanas, implantação de ecopneus e outros. Em seguida, solicitou ao Gerente de Educação Ambiental do município de

Barra Mansa apresentasse o projeto de Educação Ambiental. Este começou sua apresentação informando aos presentes que o

projeto estava aberto a criticas e contribuição dos presentes e falou da gincana se os presentes queriam saber o que as

crianças tinham escrito. Todos optaram para que fossem lida as frases dos alunos, após a leitura das frases os presentes

solicitaram que estas deveriam ser todas disponibilizadas no endereço eletrônico para que todos possam votar na melhor.

Continuou sua apresentação falando que uns dos maiores problemas são áreas já identificadas de atropelamento de animais.

Eliane Gouveia falou da importância de estarmos convidando para a próxima reunião o pessoal da Nova Dutra. O

representante do Ministério e do IBAMA achou melhor não. Segundo ele deveríamos convidá-los para uma reunião setorial e

após o primeiro contato convidaríamos para vir a participar do grupo. Ronaldo funcionário do Parque Nacional falou que

deveríamos chamar Agencia Nacional de Transportes Terrestres - ANTT e todos concordaram já que a Nova Dutra é apenas

concessionária e a responsabilidade é da Agência. Rogério do CENAP/ IBAMA falou da importância de trabalhar as bordas

das estradas com rebaixamento ou levantamento destas áreas, já que isto em locais onde ocorrem acidentes, diminuíram

muito o índice destes. O representante do Parque Léo Nascimento falou que deveríamos seguir algumas etapas, cobrou os

folhetos que tinham ficado acordados para esta reunião, em seguida disse que deveríamos começar pelas placas. O estudante

da FERP e estagiário do Zôo de Volta Redonda Almir Fraga Folly Jr. disse que existem vários trabalhos nesta linha e ficou

acordado que o horto faria uma pesquisa dos trabalhos que estão em andamento e numa oportunidade será apresentada a todo

o grupo. Em seguida foi passada a palavra para o Sr. Rogério, representante do Ministério Público, para apresentação da

palestra sobre políticas publicas. Ele frisou que há vários decretos, mas que as leis e decretos algumas pegam outras não.

Falou da lei que criou o Parque Nacional em 1937, falou do Código Florestal que é de 1965, do Decreto de Proteção a Flora e

Fauna 221/67 apesar de serem antigos, poucas pessoas conhecem e que o conhecimento maior das leis foi em 1980 com a

reformulação da Constituição em 1988 que descentraliza o poder da união passa responsabilidade para os estados e

municípios. Neste instante várias pessoas expressaram sua indignação conta a febre maculosa, que a capivara tem sido

acusada de transmissora por ser portadora do carrapato estrela. O representante do Parque Léo Nascimento que é veterinário

disse que isto não é um caso ambiental, mas sim de saúde, que esta febre sempre existiu, mas os serviços de saúde eram mais

eficientes e conseguiam diagnosticar a tempo. Em seguida Rogério retornou sua apresentação onde falou da lei N°7347 de 24

de junho de 1985, criação do inquérito civil e fixação dos legitimados para agirem perante o poder judiciário na ação civil

pública. Falou do Termo de Ajuste e Conduta - TAC, que as empresas se comprometem a ajustar sua conduta em

determinado tempo estipulado, e que isto tem sido eficaz no cumprimento das exigências legais evitando assim ações

judiciais e o órgão publico esta legitimado para propor ação civil publica. Após a apresentação foi feito um intervalo para

café, no retorno Magaly Dolsande Almeida, representante do Centro de visitante do PARNA do Itatiaia sugeriu que fizesse o

levantamento das escolas de Amparo, e que convidasse o município de Santa Rita do Jacutinga para participar. Foi solicitado

que Marco Arthur da Silva Chiesse Coordenador de Meio Ambiente de Barra Mansa cobrasse do Sr. Glen Collard os folhetos

educativos referentes ao projeto. Em seguida o Sr. Rogério do CENAP/ IBAMA fez apresentação dos animais carnívoros

onde eles ocorrem e da onça e sua necessidade pra sobreviver. A importância de fazer o rastreamento, e que este pode ser

feito hoje por pegadas terrestres, aéreos, GPS. Disse que em Nova Friburgo tem uma firma que produz esta maquina para

foto noturna e ficou de passar o endereço para que a coordenadoria viabilizasse a compra de pelo menos uma máquina. Em

seguida foi feita apresentação do artista plástico que contou sua experiência ao encontrar uma onça parda no parque nacional

do Itatiaia, segundo ele foi um momento mágico de medo e magia. Ele estava fazendo trilha à noite quando de repente passou

algumas queixadas e a mata ficou em silêncio neste instante. Ele e toda floresta perceberam a presença dela. E como ele disse

algo mágico e cheio de energia fez com que ele pintasse o quadro onde ele tenta retratar esta magia. Disse que pretende fazer

doação deste quadro ao PARNA do Itatiaia. O Sr Léo solicitou que ele fizesse em dois mil e sete quando parque for

completar 60 anos. Em seguida foi encerrada a reunião, cuja ata foi lavrada por mim, Vera Lucia Teixeira, que a secretariei.

ATA DA 3ª REUNIÃO DO PROJETO ONÇA PINTADA DA COORDENADORIA DE MEIO AMBIENTE DE

BARRA MANSA, REALIZADA NO DIA 27 DE JANEIRO DE 2006 ÀS 09H30MIN NO TEATRO MUNICIPAL

OSWALDO MOTA. A Sra. Eliana Regina Maia Gouvêa, bióloga da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Itatiaia

abriu a reunião dando boas vindas em nome do Secretário Municipal de Meio Ambiente de Itatiaia, o Sr. Marcellus Naiff

Francis, que não pode estar presente passando a palavra ao Coordenador de Meio Ambiente de Barra Mansa o Sr. Marco

Arthur da Silva Chiesse que designou a Sra.. Andréia da Costa Ferreira, bióloga da Secretaria Municipal de Meio Ambiente

de Itatiaia para secretariar a reunião. Em seguida e todos os presentes se apresentaram (lista de presença em anexo) e o Sr.

Wagner leu a última ata que foi devidamente corrigida. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse fez apresentação do projeto e

relatou como surgiu a iniciativa de criação do mesmo e falou que o projeto é aberto e podemos convidar outras entidades

como as ONG‟S e prefeituras para o projeto se estender cada vez mais. Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse entrou em contato

com o DNER, mas o responsável estava de férias. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse apresentou as espécies de animais

carnívoros silvestres mais freqüentes encontrados na rodovia, e trouxe alguns modelos de placas educativas e solicitou a

apresentação de outros. O Sr. Rogério de Lima Silva Caldas, representante do Ministério Público/RJ falou que na próxima

reunião o DNIT vai comparecer e que tem um setor especializado em educação ambiental. O Sr. Carlos Lima, representante

do Ministério Público Federal perguntou se não é previsto nenhuma passagem para a fauna e que era para conversar com o

DNIT para o estudo da viabilidade da passagem de fauna. Maria Agostinho da Silva, representante do PARNA do Itatiaia

falou sobre a possibilidade de contatar alunos com tese de mestrado, doutorado sobre carnívoros. O Sr. Carlos Domingos da

Silva da Universidade Rural do Rio de Janeiro sugeriu que buscássemos projetos de grandes felinos em parques de Minas

Gerais. A Sra Lílian, professora da Universidade Severino Sombra de Vassouras sugeriu que encaminhássemos as

universidades da região buscando alunos de graduação para desenvolverem pesquisa de iniciação científica com carnívoros

sendo essas pesquisas direcionadas para o referido projeto. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse falou sobre o problema de

conseguir recursos com Sr. Rogério de Lima Silva Caldas e ele falou que pode ser feito através dos Termos de ajustamento

de Conduta (TAC), o Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse lembrou também do papel importante das ONGS para conseguir

recursos. A Sra. Madalena Secretária de Meio Ambiente de Barra do Piraí falou que há 2 projetos no PDA e que há varias

estratégias e um projeto local “Tecendo redes”, são projetos regionais para fazer educação ambiental e que precisamos unir

forças. O Sr. Carlos Lima, representante do Ministério Público Federal contou que fez uma diligência com o Sr. Mario

Pitombeira, Engenheiro Florestal do PARNA do Itatiaia e encontrou um cachorro do mato atropelado e morto e falou da

dificuldade de encontrar um técnico que faça taxidermia e perguntou como proceder? Para onde poderia enviar? Como

conservá-lo? A Sra. Mônica dos Santos Braga, médica veterinária do zoológico de Volta Redonda falou que o Zôo recebe

muitos animais feridos e que vai ativar o museu. A Srta. Elaine Foly da Universidade de Barra Mansa falou que a Srta. Maria

do Carmo faz esse trabalho de taxidermia, mas que está de licença médica e que poderá ser feito um convênio com a UBM.

O Sr. Carlos Lima, representante do Ministério Público Federal perguntou sobre a existência de um site que falasse sobre o

projeto para as pessoas poderem trocar emails sobre o assunto. O Sr. Rogério Cunha de Paula, representante do

CENAP/IBAMA falou que não pode transportar carcaça de animal sem autorização. A professora Liliam da Universidade

Severino Sombra de Vassouras falou que tem um professor que faz taxidermia. Sra. Tatiana - CENAP/IBAMA falou que

antes de enviar a carcaça para taxidermia tem que verificar se tem alguém fazendo o trabalho de levantamento de coleta de

animais atropelados para não atrapalhar as estatísticas. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse lembrou que o IEF ficou de

entregar uma relação de animais atropelados nas rodovias. A professora, Sra. Lilian da Universidade Severino Sombra de

Vassouras falou para confeccionar as placas com um telefone de contato para caso de ver animais atropelados. A Srta. Eliana

Regina Maia Gouvêa falou que todos nós podemos ser um ponto de relato. Porque as pessoas ligam e não sabem como

proceder com animais feridos ou mortos atropelados. No momento os animais são levados para o CETAS em Seropédica

para atendimento. A sugestão seria contatar a INB - Indústrias Nucleares do Brasil para reativar a idéia de instalar o Centro

de Triagem na empresa, já que eles possuem as jaulas. O Sr. Marcos Arthur da Silva Chiesse falou para convidar a INB para

a próxima reunião. O Sr. Carlos Lima representante do MP/Federal perguntou se as carcaças de animais atropelados

poderiam ser guardadas em algum frigorífico. O Sr. Rogério Cunha, representante do CENAP/IBAMA que ocorre que às

vezes as carcaças ficam guardadas e demoram em ir buscá-la e que por esse motivo não aceitam mais. A Sra. Lílian,

professora da Universidade Severino Sombra de Vassouras disse que os animais feridos são levados para o Dep. de Biologia

e depois de cuidados são soltos. Sr. Marco achou melhor fazer outra reunião sobre esse assunto. A Sra. Mônica, veterinária

do Zoológico de Volta Redonda falou que recebe animais feridos e não animais mortos. O Sr. Rogério de Lima Silva Caldas,

representante do MP/RJ que fosse determinado algumas premissas sobre animais atropelados: quem vai coletar a carcaça ,

quem vai realizar a taxidermia. Tatiana analista ambiental sugeriu que fosse montada uma mini-rede. O Sr. representante do

MP/Federal sugeriu uma lista de e-mail. O Sr. Ueslei, gerente de trânsito e transporte da Prefeitura de Barra Mansa falou da

importância da Polícia Rodoviária Federal participar das reuniões já que eles devem ter uma estatística de animais

atropelados. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse, coordenador do meio ambiente de Barra mansa, falou sobre os títulos pré-

selecionados e que hoje poderíamos sair com o nome do projeto. O Sr. Rogério Lima, representante do MP/RJ sugeriu que

fosse feito uma votação. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse, lembrou que as frases para dar nome ao Projeto são de alunos

de escolas locais. A Sra. Lilian, representante da Universidade Severino Sombra de Vassoura falou para votar pelos números

dos títulos que são: 1-Preservação de animais carnívoros, 2- Projeto Amigos dos Carnívoros, 3-Pró-Predadores, 4-Projeto

Onça viva – Um projeto em defesa da vida. Após votação foi vencedor o título nº2 – Projeto amigos dos carnívoros da aluna

Ângela Maria Soares da Escola Municipal Jahyra Fonseca Drable. O Sr. Glen, representante falou que a aluna ganhará um

kit. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse, representante da coordenadoria de meio ambiente de Barra Mansa falou da

importância das Universidades trazerem alguns trabalhos e que a escolha da logomarca deverá ser feita através de concursos

em escolas nos Municípios da região: Quatis, Itatiaia, Vassouras, Barra mansa, Volta Redonda, Barra do Piraí e etc. A Sr.

Madalena , Secretaria de Meio Ambiente de Barra do Piraí, propõe que a próxima reunião seja em Barra do Piraí e todos

concordaram. O Sr Rogério de Lima Silva Caldas, representante do MP/RJ, falou sobre a identificação com carteirinhas para

participantes do projeto e sobre a especificação da máquina fotográfica. O Sr. Marco chamou o Sr. Rogério de Lima Silva

Caldas, representante do MP/RJ para uma explanação e este falou sobre sua formação na Universidade Rural e de suas visitas

à fazendas que tem cana, eqüinos e remanescente da mata atlântica e que faz um estudo sobre a relação o homem e o animal e

que o suporte alimentar é muito importante nas áreas antropizadas e que seria interessante um aluno interessado em fazer um

estudo do suporte alimentar da onças e que também deveria ser feito uma cartilha com informações para divulgação à

população. O Sr. Marco falou da dificuldade de como fazer projeto com um escopo e cronograma. Rogério Cunha,

representante do CENAP/IBAMA falou da importância do trabalho de campo, fazer coleta de dados. A Sra. Lílian,

representante da Universidade Severino Sombra de Vassouras falou em procurar um aluno de graduação interessado no

assunto. Sr. Ildemar Ferreira, representante da Universidade Rural pediu que fosse feito um registro de locais de

aparecimento da onça e de espécies prioritárias. O Sr. Rogério Lima, representante do Ministério Público/RJ que fosse feito

um trabalho de educação ambiental para conscientizar as crianças e adolescentes sobre a reintrodução de animais. O Sr.

Carlos do MP/Federal pediu que técnicos identificassem os fragmentos de mata atlântica nas propriedades. O Sr. Glen,

representante do projeto Arurá lembrou que as empresas se interessam mais projetos de flora. O Sr. Rogério Cunha,

representante do CENAP/IBAMA pediu que a empresa Light fosse convidada para a próxima reunião para apresentação do

projeto. Os professores. Marcos e Ildemar oferecem a disponibilidade da UFRRJ para apoiar o projeto e divulga-lo. A Sra.

Madalena, secretaria do meio ambiente de Barra do Piraí falou da possibilidade de convidar o Instituto Terra para a próxima

reunião já que eles fazem um estudo de biodiversidade trabalho de reintrodução de aves A Prof. Lílian, representante da

Universidade Severino Sombra de Vassouras sugeriu que convidasse mais universidades para a próxima reunião e que

fossem disponibilizadas informações sobre carnívoros aos participantes e que ela orienta um aluno que faz pesquisa sobre

pegadas de mamíferos e que esse aluno poderia ser direcionado para este projeto. O Sr. Rogério Cunha, representante do

CENAP/IBAMA, são necessárias implementar ações de manejo. O Sr. Glen, representante do Projeto Arurá de Amparo, diz

que é necessário realizar alguma atividade que gere interesse ao projeto mesmo que seja apenas a colocação de placas nas

rodovias e contatar especialista e mesmo que seja alguém de outro país. O Sr. Francisco Elias de Vassouras fez um relato de

aparecimento onça pintada na fazenda Santa Maria em Vassoura. O Sr. Roberto, representante da Assoc. de Canoeiros e

Defensores da natureza de Barra Mansa, falou da importância da preservação da natureza e educação ambiental. A próxima

reunião ficou marcada no dia 9 de março às 09h30minh em Barra do Piraí, cujo local será brevemente comunicado a todos.

Nada mais havendo a tratar o Sr. Marco Chiesse encerrou a reunião. Eu Andréia da Costa Ferreira lavrei a presente ata.

ATA DA 4ª REUNIÃO DO PROJETO AMIGO DOS CARNÍVOROS DA COORDENADORIA DE MEIO

AMBIENTE REALIZADA NA FAZENDA DA POSSE NO DIA SETE DE ABRIL DE 2006 ÀS 09H30MIN, EM

BARRA MANSA. O Coordenador de Meio Ambiente de Barra Mansa Marco Arthur da Silva Chiesse abriu a reunião dando

boas vindas aos presentes e designou a Sra.. Queila de Oliveira Pereira da CMA para secretariar a reunião e todos os

presentes se apresentaram (lista de presença em anexo), em seguida solicitou ao estagiário da CMA Hamilton Francisco de

Souza Filho que lesse a última ata que foi devidamente corrigida. O Sr. Marco da Silva Chiesse fez a apresentação do Projeto

que vem sendo desenvolvido pela Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa junto aos órgãos de fiscalização como

IEF, CENAP/IBAMA, entre outros, depois do aparecimento de uma onça pintada no Distrito de Amparo em Barra Mansa e

que o projeto possui três vertentes de ações: Educação Ambiental, Políticas Públicas e Estudo Científico, mas que ainda não

tinha sido desenvolvida nenhuma ação no sentido de dar prosseguimento ao Projeto. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse

passou então a palavra para a diretora do Colégio Municipal Jahyra Fonseca Drable, a Sra.. Dayse de Carvalho que

apresentou um trabalho elaborado pelos alunos do Colégio que ficou de ser transformada em uma cartilha. Em seguida, o Sr.

Antônio Marcos Rodrigues da Vigilância em Saúde Ambiental de Barra Mansa disse que encontrou um cachorro do mato na

localidade de Cafarnaum e o Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse disse que convidou o DNER e o DNIT, mas que infelizmente

não obteve retorno, como também foi convidado o Instituto Terra para participar da reunião, mas não foi possível a sua

presença e agradeceu a presença do Sr. Fontanezzi representante da INB (Indústria Nucleares Brasileiras). Em seguida o Sr.

Marco Arthur da Silva Chiesse pediu ao Sr. Rogério de Lima Silva Caldas do Ministério Público para entregar um kit escolar

para a aluna Ângela vencedora do concurso deu o nome do projeto e a vereadora Ruth Coutinho para entregar outro kit para a

diretora da E.M. Jahyra Fonseca Drable, e que agora era necessário criar o logotipo, com a participação dos municípios

representados de Barra do Piraí, Valença, Vassouras, entre outros. O Sr. Rogério Caldas do Ministério Público sugeriu que a

logomarca poderia ser mesclada com vários tipos de carnívoros que ficou a cargo da Sra.. Simone Prazeres Faria,

representante da secretaria de Meio Ambiente de Barra do Piraí. Logo após, o Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse passou a

palavra para o Sr. Rogério Caldas do Ministério Público para fazer uma explanação que falou da importância de se preservar

a Mata Atlântica para obtenção de recursos, a necessidade de se descentralizar as ações entre os municípios como as

distribuições de recursos, porém era preciso elaborar um projeto concreto para ser desenvolvido e perguntou se o Sr. Matheus

Pragana estudante da Universidade Severino Sombra apresentasse o seu projeto e se realmente procedia o caso do surgimento

de uma onça no município de Valença e este disse que não. O Sr. Fontonezzi do INB disse que o aparecimento de onças não

era novidade e fez algumas observações como: quantas onças já haviam sido encontradas, os locais onde apareceram e a

necessidade de amplas áreas florestais para a manutenção da espécie e disse que o IBAMA deveria participar destas reuniões.

O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse afirmou que o IBAMA tem participado desde o início do Projeto através do CENAP e

que seus representantes não estavam presentes devido a um acidente na Via Dutra, mas que estavam a caminho. O Sr.

Rogério do M. P. falou que cada município deveria ter um Kit com 4 livros educativos do IBAMA e disse ainda que cada

livro custa em média de R$20,00 a R$30,00. O Sr. Léo Nascimento do Parque Nacional de Itatiaia perguntou se já existia

algum Projeto de Educação Ambiental e relatou a importância de se trabalhar junto a escolas e seus alunos, sobre a questão

da preservação e contou também a sua experiência no Parque Nacional e expôs a necessidade de se elaborar um Projeto de

Educação Ambiental ou de pesquisa científica para obtenção de recursos e solicitou ao Sr. Matheus Pragana estudante da

Universidade Severino Sombra apresentasse o seu Projeto e se o mesmo já apresentava um orçamento para seu

desenvolvimento, que respondeu dizendo que o Projeto estava em fase de conclusão e que os vestígios encontrados no

Distrito de Amparo foram causados por uma onça vinda provavelmente de Ipitipó em Minas Gerais. A diretora do Colégio

Municipal Jahyra Fonseca Drable, Sra.. Dayse de Carvalho disse que, durante o Torneio Leiteiro de Amparo, muitos animais

são atropelados e a escola e os alunos gostariam que fossem colocadas placas de advertência nas estradas e propriedades e

que era fundamental esse tipo de Projeto principalmente em áreas rurais. O Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse falou da

necessidade de se dar um pontapé inicial para dar escopo ao Projeto e da confecção de um folder com os 10 (dez) principais

carnívoros de nossa região e faltava a elaboração da logomarca para terminar a sua confecção e que as reuniões eram

itinerantes, abertas a sugestões e apresentação de trabalhos científicos. O Sr. Léo Nascimento do PNI disse já ter enviado por

e-mail e que sua confecção estava muito demorada. O Sr. Rogério Caldas do M.P. reafirmou a importância de levar o Projeto

às escolas e disse que o Ministério Público poderia disponibilizar recursos para a confecção da cartilha desde que fosse

elaborado o orçamento e a quantidade de exemplares previamente e que era necessário reintroduzir animais como capivaras,

queixadas, porco-do-mato, para que as onças pudessem se alimentar e evitar que as mesmas invadam propriedades privadas.

O Sr. Fontonezzi do INB disse que iria manter contato com a Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa e reiterou

que era necessário preservar e ligar os fragmentos de florestas e alertou sobre a extração irregular de palmito. O Sr. Marco

Arthur da Silva Chiesse passou então a palavra ao Sr. Matheus Pragana estudante da Universidade Severino Sombra

apresentasse o seu projeto que após sua explanação o Sr. Marco Chiesse disse para ele concluir o Projeto com o cronograma

financeiro e material necessário para seu desenvolvimento se possível em um ou dois meses. Em seguida, Sr. Marco Arthur

da Silva Chiesse convidou a diretora Dayse de Carvalho para apresentar o trabalho de pesquisa junto aos proprietários

residentes na estrada que corta o bairro elaborado pelos alunos e professores da E.M. Jahyra Fonseca Drable sobre questões

ligadas aos problemas ambientais da região. O Sr. Rogério Caldas do M.P. falou da necessidade de se colocar placas de

sinalização nesta e em outras regiões e Sr. Marco Chiesse disse que já ligou várias vezes para o DNER, mas não obteve

resposta e que iria ligar novamente e talvez aproveitar o fato da instalação destas placas na estrada que liga Rio Claro a Angra

dos Reis para fazer a mesma solicitação para a estrada em questão de Amparo. O secretário de Meio Ambiente de Vassouras,

Sr. Cláudio Mancusi da sua experiência com o aparecimento de rastros de onças e outros carnívoros como jaguatirica e ficou

de averiguar o aparecimento da mesma, relatou também o aparecimento de queixadas e porco-do-mato que fazem parte da

cadeia alimentar de vários carnívoros. O Sr. Rogério Caldas do MP falou que a fiscalização da Polícia Ambiental estava

muito mais rígida, o que foi confirmado pelo Sr. Léo Nascimento do PNI que disse que era necessário investir em Educação

Ambiental, elaborando cartilhas, folders e a importância de se buscar parcerias principalmente junto às escolas e

aproveitando a trabalho de campo realizado pela E.M. Jahyra Fonseca Drable. A próxima reunião ficou marcada para ser

realizada em Barra do Piraí, sem mais para o momento o Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse encerrou a reunião que foi

secretariada por mim, Hamilton Francisco de Souza Filho estagiário da Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra Mansa.

ATA DA 5ª REUNIÃO DO “PROJETO AMIGO DOS CARNÍVOROS” DA COORDENADORIA DE MEIO

AMBIENTE DE BARRA MANSA, REALIZADA NA SEDE DA MESMA, NO DIA VINTE E CINCO DE AGOSTO

DE 2006 ÀS 09H30MIN. O Coordenador de Meio Ambiente de Barra Mansa Marco Arthur da Silva Chiesse abriu a reunião

dando boas vindas aos presentes e designou a Srtª. Peônia Brito de Moraes Pereira, bióloga formada pela Universidade

Federal do Rio de Janeiro, para secretariar a reunião. Em seguida todos os presentes se apresentaram (lista de presença em

anexo) e leu-se a ata da última reunião, que foi devidamente corrigida. Foi esclarecido, perante os presentes, que estava

previsto para que esta 5a reunião fosse realizada em Barra do Piraí, porém, devido a alguns problemas logísticos, acabou

sendo realizada em Barra Mansa, de modo que a 6a reunião, portanto, será realizada em Barra do Piraí. Em seguida, o Sr.

Marco da Silva Chiesse fez a apresentação do histórico do Projeto que vem sendo desenvolvido pela Coordenadoria de Meio

Ambiente de Barra Mansa junto aos órgãos de fiscalização como IEF, CENAP/IBAMA, entre outros, depois do aparecimento

de uma onça pintada no Distrito de Amparo em Barra Mansa no ano de 2004. Tal projeto possui três vertentes de ações:

Educação Ambiental, Políticas Públicas e Estudo Científico e tem sido desenvolvido lentamente, sendo que entre os

primeiros resultados obtidos está a confecção de uma cartilha de Educação Ambiental em parceria com o Colégio Municipal

Jahyra Fonseca Drable, dirigido pela Sra.. Dayse de Carvalho. Tal cartilha será confeccionada a partir da cartilha artesanal

feita pelos alunos do referido colégio para o “Projeto Amigos da Onça”, desenvolvido pelo próprio, e tem o objetivo de

difundir uma Educação Ambiental relacionada às espécies de carnívoros e suas interações com os humanos (especialmente

relacionada à predação de animais domésticos por esses carnívoros), questão essa que foi ressaltada pelos presentes na

reunião como de grande necessidade perante a comunidade da região e junto aos caçadores. Em seguida A CMA informou

aos presentes sobre a implantação de uma Guarda Ambiental dentro da mesma que ocorrerá a partir do mês de setembro.

Diante deste informe o Sr. Carlos Lima Costa pediu que a CMA fizesse uma lista de itens/equipamentos necessários à

realização das atividades da Guarda Ambiental para que através de um Termo de Ajuste de Conduta - TAC, alguns destes

itens possam vir a ser doados através do Ministério Público à Guarda Ambiental. O Sr. Carlos Lima Costa também citou o

fato de que vem encontrando muitas carcaças nas estradas da região e ressaltou a necessidade de algum trabalho relacionado

a este fato seja realizado. A Sra. Tathiana Bagathini do CENAP/IBAMA ressaltou que pretende desenvolver, através do

CENAP, um estudo relacionado à questão e que fará, na presente reunião, uma apresentação sobre o tema. Em seguida foi

apresentada e lida pelo Sr. Vagner Ribeiro, a versão digitalizada da cartilha de Educação Ambiental já citada anteriormente

nesta ata. Durante a apresentação da cartilha foi ressaltada pelos presentes na reunião a necessidade de incluir os logotipos

dos parceiros do projeto na mesma, questão que foi prontamente aceita e será incluída no design final na cartilha. Foi

ressaltado pelos membros do IBAMA presentes que o logotipo do IBAMA deve ser pedido pela CMA ao Superintendente do

IBAMA/RJ, Sr. Rogério Geraldo Rocco. Outra questão ressaltada pelos presentes foi a necessidade de alterar as “dicas”

presentes na cartilha de modo que estas tenham uma linguagem mais de acordo com a faixa etária dos leitores, que serão,

preferencialmente, as crianças. De acordo com os presentes, tais “dicas” devem ser separadas das “ações permitidas” e das

“ações proibidas” de se realizar com relação aos carnívoros. Além disso, também foi sugerida uma reformulação do desenho

presente nestas paginas e também foi ressaltada a necessidade de se especificar, na cartilha, o fato de que “as presas da onça

também não devem ser caçadas, pois sua escassez faz com que a onça venha a predar animais domésticos”. O Sr. Fernando

Claro do IBAMA/RJ sugeriu que também seja incluído na cartilha o desenho de uma “onça amamentando filhotes” para

aumentar o “sentido de família” entre as crianças que lerão a cartilha. A Sra. Tathiana Bagathini chamou a atenção para o fato

de que no texto da cartilha cita-se o nome anterior do projeto da CMA como Pró Carnívoro, fato este que deve ser alterado de

modo a que não haja confusão entre os leitores com o nome da ONG Pró-Carnívoros, que trabalha em parceria com o

CENAP. A Sra. Tathiana também sugeriu que sejam incluídos na cartilha alguns telefones de contato de órgãos relacionados

ao meio ambiente como: telefone da Ouvidoria do Ministério Público Estadual (que terá o número enviado por email pelo Sr.

Rogério Caldas do M.P), Núcleo de Fauna da Superintendência do IBAMA - RJ (telefone 21-30774302) e CENAP/IBAMA

(telefone: 11-44116744). Além disso, a Sra. Tathiana Bagathini também sugeriu que os demais carnívoros da região, e não

somente a onça, também devem ser citados na cartilha e terem seus desenhos expostos. Desta forma, ficou acertado que a Sra.

Tathiana Bagathini enviará as fotos dos outros carnívoros existentes na região para a CMA via email e estas fotos serão

entregues à Sra. Dayse de Carvalho, diretora do Colégio Municipal Jahyra Fonseca Drable, que se encarregará de falar com o

responsável pelos desenhos da cartilha para que tais carnívoros também sejam desenhados e incluídos no design final da

mesma. As outras modificações/inclusões de desenhos da cartilha igualmente ficaram de serem passadas pela Sra. Dayse de

Carvalho ao responsável pelo desenho para que sejam realizadas e incluídas na cartilha. A CMA ressaltou que pesquisou o

preço de impressão da cartilha em duas gráficas sendo os valores obtidos, por unidade, de R$ 0,44 e R$ 0,74 e sendo que a

tiragem inicial esperada será de cerca de 50 mil unidades. Tendo sido encerradas as questões relativas à cartilha, o Sr. Marco

Arthur da Silva Chiesse direcionou a discussão para a questão da implantação de placas de sinalização para evitar o

atropelamento de animais silvestres. A idéia apresentada pela CMA foi de implantar algumas destas placas no município e

aos poucos expandir essa implantação de modo que culmine abrangendo todo o estado do Rio de Janeiro. A CMA apresentou

um modelo de placa a ser implantado e algumas sugestões de modificações foram feitas pelos presentes na reunião, como a

necessidade de diminuir a poluição visual da placa apresentada através da colocação dos logotipos dos órgãos envolvidos e

não dos seus nomes por extenso como se encontrava na placa apresentada. O Sr. Carlos Lima Costa, sugeriu que sejam,

portanto, feitas duas placas distintas a serem colocadas nas estradas: uma apenas com o “aviso de animais silvestres cruzando

a pista” e outra, em seguida, somente com os logotipos dos órgãos envolvidos na implementação das placas. Tal idéia foi

aprovada pelos presentes na reunião que também sugeriram a colocação concomitante de placas específicas de “redução de

velocidade”. O Sr. Carlos Lima Costa também sugeriu que o Ministério Público encaminhe uma solicitação bem detalhada à

Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, pedindo informações sobre como deve ser o padrão das placas de

sinalização (cor, tamanho e tipo de letra, tipo de desenho, tamanho da placa) a serem implantadas. A Sra. Dayse de Carvalho

aproveitou a disposição do Ministério Público para citar um fato que vem ocorrendo com freqüência que é o despejo de lixo

irregular em uma rodovia estadual da região, a RJ 153, caso este que ficou decidido que será resolvido pelo M. P. estadual.

Após finalizar a questão relativa às placas de sinalização, a Sr. Simone Prazeres Faria, representante da secretaria de Meio

Ambiente de Barra do Piraí, tomou a palavra para apresentar as possibilidades de layout do símbolo do “Projeto Amigos dos

Carnívoros” a serem escolhidos pelos presentes. Foram pré-selecionados dois dos quatro logos apresentados, que deverão ser

modificados segundo a opinião dos presentes (logotipo “infantil” da onça em fundo vermelho e logotipo “adulto” da onça em

fundo verde). Tais modificações serão realizadas e a Sra. Simone se responsabilizou de enviá-las por email aos presentes para

que haja uma votação final. Em seguida a palavra foi passada para a Sra. Tahiana Bagathini do CENAP/IBAMA que iniciou

sua apresentação sobre a problemática dos animais atropelados, intitulada “Projeto de Monitoramento de Animais

Atropelados” a ser realizada pelo CENAP e parceiros. A apresentação ressaltou a importância de monitorar as carcaças de

animais encontradas em estradas com o objetivo de realizar estudos científicos sobre a questão a fim de se ter uma base

sólida para se realizar um manejo que inclui medidas preventivas contra os atropelamentos. A Sra. Tathiana também fez uma

breve explicação sobre como coletar os dados para o monitoramento e citou o objetivo do IBAMA em formar um banco de

dados nacional sobre atropelamentos, banco este que inicialmente será formado a partir dos dados da ONG Pró-Carnívoros,

parceira do CENAP. A Sra. Tathiana também se responsabilizou de enviar via email, para os presentes interessados, o bloco

padrão de anotações sobre atropelamentos que é utilizado pelo CENAP, com o objetivo de que observações ocasionais de

animais atropelados sejam anotadas e repassadas ao CENAP. Em seguida o Sr. Rogério Caldas do M.P alertou para o

avistamento de uma onça-pintada ocorrido à cerca de três meses atrás na área central do Parque Estadual do Tinguá. A

palavra então foi passada para a Sra. Dayse de Carvalho que apresentou e distribuiu aos presentes um jornal feito pelos alunos

do Colégio Municipal Jahyra Fonseca Drable e aproveitou para convidar a todos para comparecerem nas Olimpíadas Rurais

do colégio, cujas atividades esportivas a serem realizadas pelos alunos do colégio foram relatadas, e que será realizada no dia

02 de setembro de 2006, durante o Torneio Leiteiro de Amparo. Em seguida tomou a palavra o Sr. Terry, presidente do

“Barra Mansa Alvorada Rotary Club”, que ofereceu uma possível ajuda financeira do Rotary Club Internacional para a

realização de bons projetos relacionados ao Meio Ambiente na região. Por fim, a próxima reunião ficou marcada para ser

realizada em Barra do Piraí, como já citado anteriormente, em meados do mês de outubro deste ano (sugestão de data a ser

enviada pela CMA aos participantes) e a reunião seguinte foi sugerida a ser realizada no município de Quatis no início do

mês de dezembro deste ano. Sem mais para o momento, o Sr. Marco Arthur da Silva Chiesse encerrou a reunião que foi

secretariada por mim, Peônia Brito de Moraes Pereira, bióloga.

ATA DA 6ª REUNIÃO DO PROJETO AMIGO DOS CARNÍVOROS REALIZADA NO DIA 20 DE OUTUBRO DE

2006, TENDO INICIO ÀS 10H. A Sra. Madalena, Secretária de Meio Ambiente de Barra do Piraí fez a abertura das

apresentações, em seguida o Sr. Wagner, gerente de educação ambiental da Coordenadoria de Meio Ambiente de Barra

Mansa se apresentou e incentivou a apresentação de todos os participantes, logo depois de todos falarem, começou a

explanação do Resumo do Projeto “Amigos dos carnívoros” para todos se atualizarem e foi falado sobre a confecção de

placas para serem postas ao longo das rodovias. Matheus, biólogo da Universidade Severino Sombra relatou um

levantamento feito na RJ145 onde encontraram animais como jupará e cachorro do mato atropelados. Apontou também para

o problema do roubo dessas placas para fazer portas de galinheiro. Madalena levantou a hipótese de se firmar um convênio

com o projeto Corredor Tinguá-Bocaina, para linkar este ao projeto Amigo dos Carnívoros, já que tem interesses em comum.

Em seguida foi feita a leitura da Ata da 5ª Reunião do Projeto Amigo dos Carnívoros. Durante a leitura Matheus contestou a

identificação de onças pintadas, devido os filhotes de onças pardas e jaguatiricas serem malhados também, logo, como podem

ser visto somente por instantes, podem facilmente serem confundidos. Sr. Léo Nascimento, gerente do PNI ofereceu a

exibição de um filme curta metragem (21 minutos de duração) indicada a prêmios no exterior na próxima reunião sobre a

avifauna do Parque de Itatiaia, pois também aparecem carnívoros como a jaguatirica. Sr. Léo também levantou a questão

sobre o patrocínio da cartilha, este seria dado por quem? O Sr. Wagner respondeu dizendo que o Ministério Público estadual

seria o patrocinador, porém a cartilha ainda não esta pronta, logo a verba não pôde ser liberada. Sr. Léo continuou seu

questionamento relatando que o Sr. Glen (empresário criador de jacarés) prometeu fazer a cartilha, porem o Sr. Wagner o

ratificou dizendo que ele tinha prometido somente uma listagem de espécies, e esta foi entregue como o prometido. Sr. Léo

ainda disse que esta listagem poderia ser transformada em folder ou um folheto, como é realizado no Parque Nacional do

Itatiaia que tem um folder falando dos principais carnívoros existentes na área. A criação deste folder se torna importante

devido ao baixo custo e por ser informativo. Disse ainda que este custo da confecção do folder para Glen é irrelevante, pois o

próprio Sr. Léo deu um reprodutor (jacaré do papo amarelo macho) a ele, logo poderia se cobrar o folder em troca. Estas

informações em forma de folder e/ou folheto são importantes para divulgação e manutenção da idéia do projeto viva. O Sr.

Wagner prometeu revisar as Atas anteriores para verificar estas promessas do Sr. Glen, e enviá-las para o Sr. Léo nascimento.

Alem de cobrar do Sr. Glen o cumprimento de suas promessas, e assim formar uma identidade para o projeto, estimulada sua

divulgação e possíveis investidores. Ratificação da Ata anterior, onde se lia (quem?) lê-se Dayse, e onde se lia (onde?), lê-se

RJ153 estrada de Amparo. O Sr. Matheus sugeriu a confecção dos folders em papel reciclado, mas foi contestado pela Sra.

Dayse, Diretora do Colégio Municipal Jahyra da Fonseca Drable que disse ser bem mais caro que papel branco, porém, o Sr.

Matheus respondeu dizendo que consegue uma resma de papel reciclado por apenas R$ 0,50 (cinqüenta centavos) a mais, que

uma resma de papel branco. Ficou de verificar a viabilidade posteriormente. O corpo de texto da cartilha está pronto e

aprovado, porem ficou de decidir as ilustrações, foi exibida a cartilha. Na página onde se tem a lista de outras espécies de

carnívoros ratificar “gurão” que deveria ser “Furão”, e o nome cientifico do bicho-preguiça ratificar “arquatus” por

“Variegatus”. Adicionar junto à Onça parda, o outro nome vulgar que é Suçuarana. O Sr. Matheus opinou por acrescentar

nomes de roedores que também são predados por onças pintadas como Cateto, queixada, preá e paca. Foi sugerido por

Matheus também a adição da palavra “mamíferos” no titulo da listagem de presas, ou outras presas assim podendo incorpora

os roedores e outros animais. Como não se pode acrescentar mais paginas a cartilha ficou decidido que o titulo ficaria

“Alguns mamiferos predados...”. Na ata anterior foi sugerido a adição de filhotinhos a um dos desenhos da cartilha, Dayse

afirmou que este foi aceito e já esta sendo providenciado. Sr. Léo disse que pode fazer uma indicação dizendo que faz parte

do grupo do Projeto Amigo dos Carnívoros e propôs ver uma forma de passar algumas compensações ambientais para o

projeto, em casos que estejam relacionados. Sr. Léo também sugeriu que Glen colocasse a marca da empresa dele nos

folhetos, junto com o nome do projeto, estes folhetos quando distribuídos instigarão o interesse e gerarão patrocínio para o

projeto. E entrará em contato para saber como pode compor a cartilha através de compensação ambiental. A Sra.Tathiana

Bagathini do CENAP/IBAMA sugeriu que alguém ficasse responsável por verificar os órgãos licenciadores das estradas que

serão abrangidas pelo projeto, assim pode-se incluir no licenciamento o pedido de compensação ambiental e exigir a

colocação de placas ao longo das rodovias, assim como os padrões para fabricação das mesmas. Foram sugeria as estradas

para serem abrangidas pelo projeto: BR 393, RJ 145 Piraí-Rio das flores, RJ 143 Juparanã-Valença (trecho pavimentado), RJ

121 Mendes e RJ 153 Amparo. O logo do projeto foi escolhido sendo o desenho da onça infantil com os escritos em

vermelho, porém, trocar a pata desenhada, pois esta é de um cachorro, apenas retirando-se as unhas, se transforma em um

desenho de uma pata de onça parda. Sr. Augusto deixou sua propriedade de 500 ha de mata que é uma área de refúgio de

onça parda a disposição para estudos científicos. Seu contato seria repassado pela Sra. Madalena. Madalena também propôs

que nas escolas inseridas no projeto, fosse feita a escolha do nome da oncinha do logo. Próxima reunião será realizada em

Quatis. O prazo da entrega da cartilha pronta no dia 23 de outubro de 2006. O Sr. Matheus apresentou seu projeto sobre

levantamento sócio ambiental, enfatizando os felídeos. Após sua explanação Sr. Léo relatou sobre a relevância do projeto e

propôs que o mesmo fosse mandado a todos por e-mail e ser apresentado nas outras reuniões. O Sr. Matheus sugeriu a

capitação de estagiários da faculdade de Valença e USS. Sem mais para o momento, a reunião foi encerrada e a ata lavrada

por mim, Nahami Silva Lima Borba.

P á g i n a | 205

12.3. CARTILHA SOBRE A ONÇA-PINTADA IMPRESSA PELA COORDENADORIA DE MEIO

AMBIENTE DO MUNICÍPIO DE BARRA MANSA, ELABORADA TENDO COMO BASE UM

EXEMPLAR ARTESANAL FEITO PELA DIRETORA E POR PROFESSORES DA ESCOLA MUNICIPAL

JAHYRA FONSECA DRABLE.

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12.4. PÁGINA DA INTERNET SOBRE O PRÊMIO SELO ESCOLA SOLIDÁRIA, RECEBIDO PELA

ESCOLA MUNICIPAL JAHYRA FONSECA DRABLE EM DECORRÊNCIA DAS ATIVIDADES

REALIZADAS, COM O CORPO DISCENTE, SOBRE A ONÇA-PINTADA E DEMAIS CARNÍVOROS

SILVESTRES