Carl Rogers, Marian Kinget.psicoterapia e Relações Humanas.vol 2
Carl Rogers- Do Diagnostico a Abordagem Centrada Na Pessoa
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• ISBN 85 7 109-2 - 3 9
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Diana Belém
Cari Rogers
do diagnóstico àAborclascm
cntrada
N.Cham. 15.851 B428C
A u t o r : B e l e m , D i a n aT í t u l o : C a r l r o g e r s : D o d i a g n o s t i c o a a b o r d a g e m c e n t r a
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É inusitado o encontro de Carl Rogers coma Cultura da Civilização do Nordeste do Brasil.Inusitado como freqüentem ente o são os encontroshumanos produtivos. Ele tão Norte Americano, daestirpe Nórdica, pelo menos num certo sentido; nóstão Nordestinos Brasileiros, tão Europa do Sul, tãoÁfrica e Médio Oriente, tão Brasil. Ele um tributáriodo Human ismo místico Norte Americano, expressonos discursos de Emerson, por exemplo, tributárioda psicanálise existencialista, dos C ulturalistas, dapsicologia e psicoterapia fenomenológico-existencial. Nós, tateantes nos meandros dosdesdobramentos da cultura brasileira, em busca daconstituição de uma psicologia e de umapsicoterapia que certamente não poderão calcar-sesimplesmente nos moldes desenvolvidos pelapsicologia na Europa e nos Estados Unidos...
O fato, todavia, é que nos turbilhões dos anos-7cinqüenta e sessenta, nós fomos até Rogers, e Rogersveio até nós. O resultado do encontro é uma ricacontribuição para a psicologia e psicoterapia noNordeste e no Brasil, contribuição que faz parte
efetiva e produtiva da psicologia e da psicoterapiaque praticamos e constituímos, e que certamenteestá ainda longe de fornecer seus melhores frutos.
Diana Belém descende das geraçõespioneiras na protagonização deste encontro. Dasgerações de Lúcio Flávio Campos, por exemplo,que entenderam pioneiramente, em Recife, aimportância das sínteses Rogerianas e dispuseram-se a praticá-las e transmiti-las, no universo de nossapsicologia ainda emergente. Carl Rogers, dodiagnóstico à Abordagem Centrada na PessoaqueDiana Belém oferece à comunidade de interessadosna ACP, é um a celebração deste encontro de Rogerscom a cultura nordestina e brasileira. É uma buscacompetente para colocar em perspectiva a evoluçãodo pensamento de R ogers, desde os seus primórdiosaté as suas últimas fases, na segunda metade dosanos oitenta. É assim um instrumento valioso parao prosseguimento, entre nós, de uma avaliação
. •. . :
desdobramento da Abordagem Cen trada na Pessoa,no presente e nos tempo s que estão por vir.
Afonso Henrique Lisboa da FonsecaPsicólogo
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BAGAÇO
Diana Bekénn
RogtPrs:
do Diagnóstico à AbordagemCentrada na Posso.
Recife — 2000
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Universidade Catálioede Pernamteco
BIOLIOTECA CENTRAL
A03452910j..03.E000 •
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Carl Rogers:do diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
Copyright by Diana Belém
Diana Maria de Hollanda BelémRua Alberto Paiva, 192 - Graças - 52050-260
Recife.Pernambuco. BrasilTelefone: (081)2285032, 4276788, 92724893
E-mail: [email protected]. 2000
R724b elém, DianaCarl Rogers : do diagnóstico à abordagem centrada na
pessoa / Diana Belém. - Recife : Bagaço, 2000.216p.
1. ROGERS, CARL R. (CARL RANSOM), 1902- 1987 - BIOGRAFIA. 2. PSICOTERAPIA. 3. RELA-ÇÕES HUMANAS. I. Título.
ISBN: 85-7409-233-9
C D U 92CARL,R.PeR - BPEPCB D D 920
ProduçãoGráfica:EDIÇÕES BAGAÇO
Rua dos Arcos, 150 - Poço da Panela
porque para todo o propósito hátempo e modo (Eclesiastes, 8.6)
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Telefax: (081) 4410132bagacoeelogica.com.br
Impresso no Brasil
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Aos meus filhosEpitácio e Andréa- expressão maior de criação -
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Um sentimento de gratidão por:
Afonso H. Lisboa da Fonsecalaraci Fernandes Advíncula
Luiz Carlos uavalcantl a Si lva
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Sumário
Prefácio 13
introdução 19
CAPÍTULO 1
CARL RANSOM ROGERS:histórico e contextualização 27- Vida acadêmica 32- Contato com a Psicologia 34- Psicólogo clínico 38- Universidade de Ohio 1- Universidade de Chicago 44- Universidade de Wisconsin 46
- C entro de Estudo da Pessoa - La Jolla 48Notas Pessoais 51Referências Bibliograficas 54
CAPÍTULO 2
CARL ROGERS E OTTO RANK 5- Terapia da Relação 59- Afinidades de Rogers com aTerapia da Relação 62
- Divergências de Rogers com aTerapia da Relação 65
Referências Bibliográficas 68
CAPÍTULO 3
TERAPIA NÃO-DIRETIVA - 1940/195019- Período da Ps icoterapiaCentrada no Cliente: 69- O processo terapêutico 75Referências Bibliográficas 80
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CAPÍTULO 8
ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA:Psicoterapia de Grupo, Guposde Encontro, Grandes Grupos
e Comunidades155
- Grupo e psicoterapia 158- Grandes grupos 161- Grupo vivencial 163- Facilitador e poder 164- Tipos de grupos 166- Referências bibliográficas 168
CAPÍTULO 9
CARL ROGERS: MemorialHistórico e Contextualizaçãopor Marisa Amorim Sampaio 169 •
BIBLIOGRAFIA 211 •
CAPÍTULO 4
PSICOTERAPIA REFLEXIVA — 1950/195722 Período da PsicoterapiaCentrada no Cliente: 81
- A técnica 84- O terapeuta 86- As condições facilitadoras 92- O processo terapêutico 94- Referências bibliográficas 97
CAPÍTULO 5
CONSTRUÇÃO TEÓRICA — 1950/1957 9- Uma teoria da personalidade 102- Conceito de vida plena 10
- Referências Bibliográficas 15CAPÍTULO 6
PSICOTERAPIA EXPERIENCIAL — 1957...O 3 2 Período da PsicoterapiaCentrada no Cliente: 17- O processo terapêutico 129- O qua rto período da Psicoterapia
Centrada no Cliente 136- Referências bibliográficas 140
CAPÍTULO 7
ENSINO CENTRADO NO ALUNO:Uma Aprendizagem Significativa 41- A aprendizagem significativa 147
49
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- A teoria da aprendizagem 151- O ensino centrado no aluno 152- Referências bibliográficas 154
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PREFÁCE0
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Toda vida implica numa história que dá sentidoàquela existência. Resgatar essa história é possibili-tar a compreensão e os sentidos daquela vida. Quan-do esta tarefa é feita não só com o intuito de conhecera história de alguém, mas, também, de beneficiar comeste conhecimento a vida e a história de muitos ou-tros, é digna de admiração e respeito.
A psicóloga, psicoterapeuta e professora DianaBelém, ao escrever este livro sobre Carl Rogers e atrajetória do seu pensamento, cumpre significativamen-te esse trabalho. Com uma vocação ímpar para o en-sino e um cuidado especial na elaboração das suasaulas, Diana Belém preparou uma apurada e didáticapesquisa da biografia e da obra de Rogers, ensejandomelhor o seu entendimento e aprofundamento. Colo-ca à disposição de seus alunos, e para muitos outrosinteressados em conhecer esse autor, um - texto claroe conciso. Construir com precisão suas aulas, comu-nicá-las com vivacidade e ser um modelo de firmeza ededicação, são exemplos coerentes de quem faz do
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• Diana M aria de Hollanda Belém••
seu ofício de ensinar um espaço para o desenvolvi -
mento humano.• Nesta oportunidade, por indeclinável dever, como
• profissional, também formada, dentro desta corrente
•de pensamento, e por ter partilhado com Diana Belém
•muitos dos caminhos comuns, e de ter nela urna com-
panheira na luta pela vida e pelo brilho em viver, que-
o registrar que muito me orgulho de prefaciar este
• livro. Do seu conteúdo fluído e da sua leitura fácil, re-
• correndo a imagens de grande poder evocativo sobre
•Rogers, o livro traz a lume, somando-se a estudiosos
•precedentes, a figura desse homem que avanç no
•caminho por ter se tornado, ele mesmo, o caminho.Reconheço em Rogers uma fundamental influência no
• desenvolvimento da minha capacidade de acolher o
II utro na sua singularidade. Acredito ser esta a maior
•contribuição que dele recebi, participando das experi-ências desenvolvidas com inspiração nos seus princí-pios teóricos. E, é este o maior legado na minha for-
• mação de psicoterapeuta, professora e ser humano,
• que ensejou criar possibilidades múltiplas, nas minhas
•relações comigo mesmo e com os demais.
•Cari Rogers foi, ao longo de toda uma existência
•dedicada às práticas clínicas, às pesquisas e ao favo-recimento das relações hurrianas, um autor singular.
• Apostou, permanentemente, na capacidade do ser•
humano de expandir as, suas possibilidades experien-
•ciais criando novos mOdos de existência. Acreditava
•que para o favorecimento desta expansão eram ne-
cessárias e suficientes mudanças atitudinais. Foi, en-
• tão, com ênfase nas atitudes que sublinhavam o reco-la
• nhecimento do outro e no clima facilitador para aqu
•expansão, que Rogers pautou todo o seu trabalho.
•Mostrou ele que a grande carência do ser humano é
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Ce ntrada na P essoa
ser visto e reconhecido como digno de confiança erespeito. Ser reconhecido como um outro e ser confir-mado nas suas diferenças seriam suficientes parapossibilitar, ao sujeito humano, o desenvolvimento daresponsabilidade de autogerir-se. Destacar esta ques-
tão foi fundamental na época em que Rogers a pôsem prática, rompendo com a tradição de determina-das visões psicanalítica e behaviorista predominan-tes. A perspectiva humanista, ao privilegiar o interre-lacionamento, buscava resgatar o modo de ser pró-prio do humano, visando um saber mais abrangentedo que unicamente o saber teórico, objetivo e lógico.
As contribuições rogerianas para o entendimen-to e favorecimento das relações humanas somaram-se a outras, que ao longo de décadas colaborarampara permear idéias e promover mudanças que, acres-cidos a numerosos acontecimentos existenciais de-sembocaram no cenário subjetivo contemporâneo.
Acompanhar o percurso da vida de Rogers e dassuas elaborações dá-nos bem a medida de alguémque pautou toda a sua existência na crença de que amudança era a única coisa certa. A vida é um proces-so, ensinava ele, não só dizendo, mas praticando evivendo este processo, sempre aberto aos novos fa-tos que o exercício da prática apontava às suas cons-truções teóricas. No entanto, como todo ser humano,
ficou circunscrito e influenciado pelo tempo históricoem que viveu. Como todo pensador dos Séculos XIXe XX, Rogers é filho dos ideais da Modernidade quecolocam o homem no centro do universo como senhorabsoluto, sem limites à pretensão de tudo conhecer.No despontar do novo século, deparamo-nos com no-vas configurações que denunciam a falência destascrenças. Na última década da sua vida, ao partir para
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Diana M aria de Hollanda Belém
os trabalhos com grandes grupos, em experiênciasintensivas de uma ou duas semanas, Rogers come-çou a descortinar um mundo de múltiplos e comple-xos fenômenos. Os seus últimos escritos são revela-dores da gênese de novas reflexões. Fatos novos es-
tavam pondo questões à teoria. Infelizmente, contu-do, não houve tempo para Rogers elaborar construtorque dessem conta desses novos elementos. ro-Autores contemporâneos indicam-nos que o pcesso da vida implica na não identidade consigo mes-
mo, pois a aventura existencial determina a diferença
ou o outro de si mesmo,ao mesmo tempo que contém
o reconhecimento da tradição que nos garante a per-manência, o lado avesso, fundamental e fundante des-se mesmo processo. Ser o outro de si mesmo e co
u-n-
servar os traços identitários, parece-nos, hoje, a leit
ra própria da subjetividade e a aprendizagem essen-cial do ser humano. Aprender, pr incipalmente, as lógi-
cas da inclusão e do múltiplo, onde não existem um
ou outro, mas todos e muitos.Das primícias do livro de Diana Belém, onde tão
bem podemos perceber a permanente inquietação deCari Rogers de sempre buscar novos conhementos dos
,
cumpre-nos fazer ,¡ma esse legado. No destino
herdeiros não cabe, simplesmente, a repetição dos pas-sos de quem se herdou, más a coragem de se fazer
diferente e de fazer diferente para que a obra continue.
Reconhecer o legado da tradição é reconheceras estruturas básicas que nos sustentam e que cri ou-
m
as chances para o acolhimento de pensamentostros que nem kfansformam sem causar destruiçãoivo
O
livro de Diana Belém contempla este objet
INTRODUÇÃO
rtecne ,laraci AdvinculaPsicóloga
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Enquanto estudante de Psicologia, através dasaulas de Aconselhamento Psicológico, ministradas
pelo Prof. Lúcio Flávio Campos, tive meu primeiro con-tato com o pensamento de Carl Rogers. O respeito e acrença na capacidade do indivíduo e a simplicidadecom que o Prof. Campos apresentava os conceitosrogerianos me fizeram acreditar na possibilidade deme tornar psicoterapeuta.
Neste primeiro contato com as idéias de Rogers,um novo paradigma me foi apresentado e
"que uma mudança construtiva da personalida-
de poderia decorrer de um encontro autênticoentre duas pessoas vivas, extremamente presen-tes uma para a outra, quando uma delas — o te-rapeuta — se dispunha, através de toda a suapessoa, a facilitar um processo de autodescober-ta da outra" (Rosemberg, 1975, p. 163).
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Diana Maria de Holanda Belém
Desenvolvia, simultaneamente, nesse período, aatividade de monitoria nas disciplinas Psicologia Ex-perimental e Psicologia da Aprendizagem, nas quaiscritérios rigorosos de medição e controle eram essen-ciais e eram reforçados por métodos rigorosos e dog-máticos aprendidos no academicismo da Psicologia.
Ao mesmo tempo, era difícil reconhecer e adotaro determinismo da Psicanálise e o caráter reducionis-ta do Behaviorismo. O que eu entendia e podia com-preender e apreender destes paradigmas não me da-vam conta da dimensão humana real — a que huma-namente me reconhecia.
N o desenvolvimento das atividades com o profes-sora da Universidade Federal de Pernambuco, sendoresponsável pelas disciplinas Aconselhamento Psico-lógico e Supervisora de Estágio na perspectiva Exis-tencial Fenomenológica senti falta de uma epistemo -logia consistente que legitimasse os conceitos e con-teúdos trabalhados.
Com ecei a buscar — a través da leitura dos livrosde Cari Rogers, de bibliografia especializada, de dis-cussões com profissionais da área , de participação nosEncontros da Abordagem Centrada na Pessoa, deCursos de Pós-Graduação, Aperfeiçoamento e Espe-
cialização, de experiências e contato com o próprioCarl Rogers — uma epistemologia que pudesse serreconhecida, valorizada e respeitada , que apresentas-se credibilidade científica.
Destas buscas surge este trabalho que, de for-tudo sobre a evolu-
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
Apresenta histórico e contextualização da obrade Carl Rogers, seguido dos períodos de desenvolvi-mento da Psicoterapia Centrada no Cliente, o traba-lho desenvolvido na Educação, em Grupos e Comuni-dades, surgindo daí a Abordagem Centrada na Pes-
soa. A Abordagem Centrada na Pessoa surgiu comoresultado da transposição da hipótese de base da teo-ria de Rogers,
"O ser humano possui a capacidade latente, senão manifesta, de se compreender a si mesmoe de resolver suficientemente seus problemasa fim de experimentar a satisfação e a eficácianecessárias ao funcionamento adequado" (Jus-
to, 1995)e das condições facilitadoras consideradas no proces-so terapêutico para trabalhos com grupos, educaçãoe comunidade.
Cari Rogers, no primeiro momento, desenvolveua Psicoterapia Não-Diretiva (1940-1950), na qual oprocesso terapêutico consistia em um processo orde-nado e sujeito à análise científica, constituído por trêsmomentos: a catarse, a aquisição do insight e a ela-
boração de ações positivas que levariam o cliente auma maior autonomia. A função do terapeuta consis-tia em criar um clima permissivo de aceitação e clarifi-cação. Objetivava o alcance gradual do insight do selfe da situação. A publicação que caracterizou este pe-
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ção do pensamento de Cari Rogers, do Diagnos buAbordagem Centrada na Pessoa.
1942.
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Diana Maria de Ho landa Belém
O segundo período (1950-1957) - a PsicoterapiaReflexiva caracterizou-se pela crença na capacidadedo indivíduo de auto-regular-se, valorização das atitu-des de consideração positiva incondicional, empatia econgruência vividas pelo terapeuta no momento da
relação em detrimento da técnica. A clarificação ver-bal foi substituída pela reflexão dos sentimentos e adenominação de Psicoterapia Não-Diretiva é substitu-ída pela expressão Psicoterapia Centrada no Cliente,significando que o cliente seria o foco do processo.
Neste período, considerado como o período demaior produção teórica, foram elaborados os concei-tos de "self" e "campo fenomenológico", e o processoterapêutico é reconhecido a partir de uma
"perspectiva quase exclusivamente fenomenoló-gica, a partir do marco de referência interna docliente" (Rogers, 1961, pág. 108).
A publicação que caracterizou este período foiTerapia Centrada no Cliente de 1951.
No terceiro período (1957-1970) - a PsicoterapiaExperiencial, o processo terapêutico passou a ser con-ceituado como um "continuum", significando um movi-mento que vai da rigidez à mudança, da rigidez à flui-
dez do self. Elaboraram-se as fases do processo, aênfase era na relação interpessoal e na compreensãode uma concepção existencial do processo. Esta psi-coterapia passou a ser utilizada com qualquer tipo decliente. Neste período, desenvolveram-se experiênci-as com esquizofrênicos dentro da perspectiva existen-cial e deu-se ênfase à subjetividade do cliente - con-
Carl Ra ers . do Dia nostico à Aborda em Centrada na P essoa
gruência. Hart apontou como foco do processo as for-mas de experimentação, entendidas sob a luz do con-ceito de Gendlin, como um processo sentido, experi-mentado interiormente, constituindo a matéria básicados fenômenos psicológicos e da personalidade. Apsicoterapia caracterizou-se por um encontro autenti-camente pessoal. A publicação que caracterizou esteperíodo foi Tornar-se essoe de 1961
Existem referências a uma quarta fase da psico-terapia, que compreenderia o período de 1970 a 1987.
Quando da estada de Rogers em Chicago, sur-giu a necessidade de desenvolver um trabalho comretornados da guerra. Em função da demanda e daexistência de poucos terapeutas, utilizaram-se as con-dições facilitadoras vivenciadas na psicoterapia indi-vidual e no trabalho com grupos. Começou-se tam-bém a aplicar os princípios da Terapia Centrada noCliente, na educação e posteriormente em comunida-des.
Com a teoria da terapia sendo aplicada em ou-tras áreas, além da psicoterapia, surgiu a AbordagemCentrada no Cliente, denominação de Rogers que, em1970, era substituída por Abordagem Centrada naPessoa - ACP.
Recife, abril de 2000
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CAPITULO I
ÇAFIL RANSOM ROGR:Histórico e Contexturdização
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P
Carl Ransom Rogers nasceu a 8 de janeiro de1902, em Oak Park, Chicago, EUA, sendo o quarto
filho de uma abastada família de fazendeiros. Seu paiera engenheiro agrônomo e sua mãe uma pessoa comforte influência religiosa do protestantismo. Seu paipraticava a religião, assistia aos ofícios, mas commenos crença e fervor religioso que sua mãe.
Quando Rogers estava com 12 anos de idade,seus pais compraram uma fazenda distante 30 milhasde Chicago. Rogers acreditava que o principal motivodesta compra foi o desejo de seus pais em afastar afamilia da vida urbana, tendo como conseqüência um
grande isolamento social. Esta mudança ampliou oisolamento do já retraído Rogers, que dedicava a mai-or parte do seu tempo à leitura, e foi agravado pelanecessidade de ter de mudar de escola três vezes,fato que o impediu de desenvolver relações de amiza-de mais duradouras. Seus pais amavam muito seus
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Diana M aria de Hollanda Belém
filhos e a família era muito unida. Apesar disso, Ro-gers sentia ciúmes das atenções excessivas que seuspais dedicavam a um de seus irmãos, a ponto de sen-tir-se como um filho adotado. Sentia uma grande ad-miração por seu irmão mais velho e mantinha boas
relações com os mais novos.Aprendeu a ler precocemente. A leitura lhe dava
grande prazer. Gostava de ler, além da H istória, a Bíblia,história de índios e dos grandes desbravadores. Ca rac-terizou-se como um a criança m uito distraída, absorto emseu mundo, o que lhe valeu na escola o apelido de Pro-fessor Luna . Seus pais passaram a se preocupar com oseu isolam ento e solicitaram da escola um a licença paraque Rogers pudesse viajar com seu pai, por três sem a-nas, a N ova Orleans, Virgínia e N ova York.
Fui educado por uma família extremamente uni-da onde reinava uma atmosfera religiosa e mo-ral estrita e inteligente, e que tinha um verdadei-ro culto pelo valor do trabalho. Os meus pais ti-nham-nos um grande afeto e o nosso bem-estarera para eles uma preocupação constante. Con-trolavam também o nosso comportamento, deuma maneira ao mesmo tempo sutil e afetuosa.Eles consideravam — e eu a ceitava essa idéia —que nós éramos diferentes das outras pessoas...Tive uma enorme dificuldade em convencer osmeus filhos de que, para mim, mesmo as bebi-das não alcoólicas tinham um aroma de pecado.Lembro-me de m eu sentimento de culpa quando
r rnuih p mt Ro rs,— p. 17).
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Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
Sua vida no campo despertou nele interesse ci-entífico. Gostava de observar as formas de vida dosanimais, notadamente das borboletas. Rogers acredi-tava que esta sua vivência influenciou seu trabalhofuturo.
"Fiquei fascinado pelas grandes borboletas no-turnas. Capturava com muito trabalho as bor-boletas, cuidava das larvas, conservava os ca-sulos... experimentando assim algumas dasalegrias e das frustrações do homem da ciên-cia quando procurava observar a natureza,aprendendo como se orientam as experiênci-as, como se comparam grupos de controle comgrupos experimentais, como se tornam cons-
tantes as condições, variando os processos,para se estabelecer a influência de uma deter-minada alimentação na produção de carne ouna produção de leite. Aprendi como é difícilverificar uma hipótese. Adquiri, deste modo, oconhecimento e o respeito pelos métodos ci-entíficos através dos trabalhos práticos (Ro-gers, 1961, p. 18).
Confrontava suas experiências com o que apren-dia nos livros de seu pai. Foi excelente aluno, massem nenhuma experiência no trato social.
Ao concluir o High School, seu pai o mandou tra-balhar em uma fazenda de seu tio. Nesta época, leuVictor Hugo, Dickens, Ruskin, Robert Stevenson eou troo,
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Diana Maria de Hola nda Belém
VIDA ACADÊMICA
Em 1919, ingressou na Universidade de Wiscon-sin para desenvolver seus estudos do "coilege". Esta-va decidido a estudar agronomia.
"Uma das coisas de que me lembro melhor era aveemência de um professor de agronomia, quan-do se referia ao estudo e à aplicação dos fatos.Ele insistia na futilidade de um conhecimentoenciclopédico em si mesmo e concluía: 'Não se-jam um vagão de munições, sejam uma espin-garda ' (Rogers, 1961 — p.18)
Nesse período, participou de palestras e confe-rências organizadas por um movimento religioso quetinha como objetivo evangelizar o mundo - o "StudentVolunteers". Freqüentou, como atividade extracurricu-lar, um grupo da Associação Cristã de Jovens, deno-minado "Ag-Triangle", constituído por estudantes deAgronomia e liderado pelo prof. George Humphrey.Esse grupo caracterizava-se pela autonomia das pes-soas, com o que, de início, Rogers não concordava,mas que terminou aceitando.
Quando cursava o 3° ano do "college", em 1921,Rogers foi nomeado delegado representante para as-sistir a "World Student Christian Federation Conferen-ce", na China , em 1922. Nesse período, entrou emcontato com opiniões e maneiras de perceber o mun-do diferentes. Sobre esse período Rogers afirmou:
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Cari Ro ers: do Diagnóstico à Aborda em C entrada na Pes soa
"Emancipei-me pela primeira vez da atitude reli-giosa dos meus pais e vi que já não os podiaseguir. Esta independência de pensamento pro-vocou um grande desgosto e grandes tensõesnas nossas relações, mas, vistas as coisas à dis-
tância, compreendi que foi nesse momento, maisdo que qualquer outro, que me tornei uma pes-soa independente. É claro que havia muita re-volta e rebelião na minha atitude durante todoeste período, mas a ruptura essencial ocorreudurante os seis meses da minha viagem peloOriente e, a partir de então, essa atitude confir-mou-se fora da influência familiar" (Rogers, 1961— p. 19).
Influenciado por suas experiências religiosas,abandonou a Agronomia e passou a estudar Históriacom a intenção de se fazer pastor. Decidiu entrar no"Union Theological Seminary", em Nova York. Entrouno "Alpha Kappa Lambda, apesar da oposição de seuspais, e conheceu historiadores como Carl Russell,George Sellery e Eugene Byrne, que Rogers cita comotendo exercido influências sobre si.
"Durante os meus dois primeiros anos de colé-
gio alterou-se a minha vocação profissional emconseqüência de algumas muito apaixonadasreuniões de estudantes, sobre religiões — desistida agricultura científica a favor do sacerdócio —uma pequena mudança Transferi-me então daaaricultura para história, julgando que esta seriauma melhor preparação" (Rogers, 1961 p. 18).
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Diana M ariade Hollanda Belém
CONTATO COM A PSICOLOGIA
Rogers foi acometido por uma crise de úlcerano duodeno, mal de que ele padecia desde os 15anos de idade, tendo suspendido suas atividadespara submeter-se ao tratamento e, nesse tempo, co-meçou a acompanhar um curso de Introdução à Psi-cologia, por correspondência, ministrado pela Uni-versidade de Wisconsin. Os_textos eram de WilliãmJames, sendo este o seu primeiro contato com a Psi-cologia. Graduou-se em História, em 1924, e em 28de agosto desse mesmo ano, casou-se, contra a von-tade dos pais, com Helen, que ele conhecia desdecriança em Oak Park.
Transferiu-se para Nova York e decidiu seguira vida religiosa. Ingressou no "Union Theological Se-minary", que era considerado o mais l iberal, recu-sando a ajuda que seus pais ofereceram para queele ingressasse no "Princeton Seminary", que erada preferência deles. Viveu no seminário experiên-cias muito boas por conta do ambiente de liberdadee compreensão que caracterizava aquela instituição.Sentia respeito pelo diretor; a religião era mais libe-ral e moderna e ali Rogers viveu pela primeira vez anão-diretividade. Ele conseguiu autorização da di-reção do seminário para que os próprios estudan-tes organizassem grupos de trabalho, nos quais elesmesmos, sem professor, elaboraram seus progra-m as de estuaatenderádividuais.
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Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
"Decidi entrar no "Union Theological Seminary",nesse tempo o colégio mais liberal do país (192 4)com o objetivo de me preparar para uma missãoreligiosa. Nunca me arrependi dos dois anos queaí passei. Estive em contato com alguns gran-
des mestres e professores que tinham uma pro-funda crença na liberdade de investigação e nabusca da verdade levasse ela onde levasse... oque principalmente nos interessava era exploraras nossas próprias questões e as nossas própri-as dúvidas e descobrir onde isso nos levava...ele me conduziu para uma filosofia da vida queme era muito pessoal". (Rogers, 1961. p. 19)
Em 1925, mudou-se para Vermont, onde assu-
miu, como estagiário, a função de pastor. No seminá-rio, começou a freqüentar cursos de Psicologia e an-tes de abandonar a carreira eclesiástica, freqüentoucursos ministrados por W. H. Kilpatrick, sobre Filoso-fia da Educação, passando a conhecer as idéias deJohn Dewey. Em 1926, transferiu-se para o TeachersCollege e deixou a carreira religiosa.
"A maior parte dos membros do referido grupo,prosseguindo o caminho traçado pelas ques-
tões que levantaram, puseram de lado a idéiade uma vocação religiosa. Eu fui um deles. (...)não poderia trabalhar no campo marcado poruma doutrina religiosa específica em que de-via acreditar. As mírthãs"?renças já tinham so-
rcnTcraas alterações e, possivelmente,continuariam a mudar. Tornava-se para mim
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•Diana Maria de Ho landa Belém
algo de horrível ter de professar um certo nú-mero de crenças para me poder manter na pro-fissão. Eu queria encontrar um campo no qualpudesse estar seguro de que a minha liberda-de de pensamento não sofreria restrições" (Ro-gers, 1961, p. 20).
Sob a orientação de Leta Hollingworth, uma es-pecialista em Psicologia Clínica, começou a trabalharcom crianças difíceis e, a partir daí, pensando em serPsicólogo Clínico, dedicou-se à Psicologia Clínica eEducacional. Em 19 27, graduou-se em M aster of Arts .Em 1928, recebeu o título de PhD em Psicologia C líni-ca pela Universidade de Columbia, na qual foi discí-pulo, além de Leta Hollingworth, de Thorndike e Goo-dwin Watson. Ainda sem terminar sua tese de douto-rado no Teachers College, Rogers inscreveu-se paraum estágio remunerado, como psicólogo, no "Institutefor Child Guidance", de Nova York. Este instituto eramantido pelo governo e tinha como objetivo desenvol-ver pesquisas sobre o trabalho clínico com criançasdifíceis. Conseguiu o estágio. O estágio era supervisi-onado e ele, além de ter desenvolvido um a aprendiza-gem sobre psicodiagnóstico, anamnese e psicotera-pia infantil, entrou em contato com a teoria de Freud,diferente do
"ponto de vista rigoroso, cientifico, friamente ob-jetivo e estático" (La Puente, 1973, p. 39),
do Teachers College.
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
... mergulhou-me nas perspectivas dinâmicas deFreud, que me pareciam em profundo conflitocom as perspectivas estatísticas, rigorosas, ci-entíficas e absolutamente o bjetivas, perspectivasque prevaleciam na Escola Normal. Olhando para
o passado, julgo que a necessidade de resolveresse conflito em mim mesmo foi uma experiên-cia extremamente valiosa. Nesse tempo tinha aimpressão de viver em dois mundos diferentes enunca os dois se irão encontrar" (Rogers, 1961,p. 21).
Nesta instituição, entrou em contato com os con-ceitos freudianos, radicalmente opostos aos pressu-postos behavioristas e ao paradigma do modelo posi-
tivista, até então seguidos por ele. Começa o dilemaFilosofia x Ciência. Rogers afirmou:
"A mudança no novo Instituto para a orientaçãoinfantil põe a ênfase em um freudismo eclético,contrastando tanto com o enfoque do TeachersCollege, que não parecia existir nenhum pontode contato. Experimentei agudamente a tensãoentre estas duas concepçõe s (Gondra, 1975, p.22).
Este dilema da polaridade Filosofia/Ciência es-teve presente em vários momentos, tendo como pri-meira referência sua tese de doutorado.
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Diana M aria de Hollanda Belém Carl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa •••
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PSICÓLOGO CLÍNICO
Em 1928, estabeleceu-se como psicólogo clíni-
co no "Child Study Departament of the Society of thePrevention of Cruelty to Children", de Rochester, queera uma sociedade protetora da infância e trabalhavacom crianças enviadas por tribunais e serviços soci-ais. Prestava atendimento a jovens delinqüentes pormeio de terapia breve e realizava encaminhamentos.Em 1930, é nomeado diretor dessa instituição.
"Quando me lembro que aceitei este lugar nãoposso deixar de me sentir divertido e algo es-
pantado. A razão que me alegrava era a de terencontrado um trabalho que eu gostaria de fa-zer. Segundo um critério de bom-senso era umaprofissão sem saída, que m e isolava de todo con-tato profissional, o ordenado era insuficiente,mesmo para aquela época, ma s tudo isso, se bemme recordo, não me afetava grandemente. Julgoque sempre pensei que, se me fosse dada umaoportunidade de fazer uma coisa em que esti-vesse interessado, todo o resto se resolveria por
si mesmo" (Rogers, 1961, p. 21).
Nesse período, o pragmatismo caracterizava otrabalho de Rogers. A ele interessava saber se o quefazia funcionava. Em sua formação no Teachers Col-=MT= L el A••TML...1112t3.-411=11 •
em outras formas de avaliação. No processo de de-
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senvolvimento de seu trabalho foi ficando insatisfeitopois
"não conseguia aceitar a parcialidade das avali-ações feitas segundo determinadas escolas de
psicologia ou modelos sociológicos (Cury, 19 93,p. 15).
Considerava os métodos utilizados tendencio-sos. Com relação à Psicanálise, apesar de reconhe-cer a contribuição de Freud para a Psicologia, Rogersdiscordava em função da ênfase dada ao passado docliente em detrimento das vivências atuais. Ele criti-cou o seu uso em instituições por ser um processolongo e oneroso e criticou os psicanalistas por
"não se mostrarem favoráveis a investigar seumétodo de trabalho através de pesquisas e ava-liações" (Cury, 1993, p. 15)."Já sabia por experiência própria que este gêne-ro de entrevista não podia ajudar nem a mãe nema criança de uma forma duradoura. Isso levou-me a compreender que me afastava de todo ométodo coercivo ou de pressão nas relações clí-nicas, não por razões filosóficas, mas porque
esses métodos de aproximação só muito super-ficialmente poderiam ser eficazes... só mais tar-de me apercebi completamente — de que é o pró-prio paciente que sabe aquilo de que sofre, emque direção se deve ir, quais os problemas que
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mente recalcadas. Comecei a compreender que
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Diana Maria de Ho landa Belém
para fazer algo mais do que demonstrar a pró-pria clarividência e a minha a sabedoria, o me-lhor era deixar ao paciente a direção do movi-mento no processo terapêutico" (Rogers, 1961,p. 23)
Em 1937, as agências sociais de Rochester cr ia-ram o "Rochester Guidance Center" e Rogers foi no-meado seu diretor, apesar da forte oposição dos psi-quiatras. Neste Centro, recebeu a visita de Otto Rank,um diss idente do Círculo de Viena, que estava nosEstados Unidos, na "Pennsylvania School of SocialWork", na qual era responsável pela formação de as-sistentes sociais. Rank foi convidado para um semi-nário e Rogers ficou impressionado com sua práticaterapêutica, mais que com sua teoria. A ênfase dadapor Rank era à relação terapêutica
"como meio para que o paciente experimentas-se uma aceitação maior de sua própria unicida-de" (Cury, 1993, p. 15).
Alguns colaboradores de Rogers, interessadosno trabalho de Otto Rank, foram fazer cursos no"Pennsylvania School of Social Work", de orientaçãorankiana. Em Rochester, Rogers desenvolveu a ativi-dade de terapeuta e foi professor na universidade.
Começou a apresentar sua teoria sobre a psico-terapia ; que por ser original sofreu severas críticas. Adireção da universidade não ficou satisfeita com seuscursos, pois, segundo seus argumentos, o que Rogersestava ensinando não era Psicologia. Nesta época,
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Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
Rogers participou de reuniões no American Psycholo-gical Association, que organizava conferências sobreo processo de aprendizagem. A ênfase era na apren-dizagem animal e isto é que era considerado Psicolo-gia. Rogers começou a ter dúvidas e passou a questi-
onar sua profissão de psicólogo. Uma coisa lhe eraclara: seguir seus próprios interesses. Retomou suasatividades de psicólogo na Fundação da "AmericanAssociation for Applied Psychology", reativando seuscursos de Psicologia no Departamento de Psicologiae depois no departamento de Educação. Ainda emRochester, Rogers fundou o "Guidance Center", denatureza privada e, em 1939, como resultado de seutrabalho, publicou seu primeiro livro: "The Clinicai Tre-atment of the Problem Child".
UNWERSBDADE DE OHiO
Em 1940, aceitou o convite para ser professorda Universidade de Ohio. Rogers acreditou que esseconvite deveu-se à publicação de seu livro.
"Tenho a certeza de que a única razão de minhaadmissão foi ter publicada a minha obra Clinica/Treatment of the Problem Child que elaborara acusto durante o período de férias ou em curtosferiados. Para surpresa minha, e contrariamenteà minha expectativa, ofereceram-me um lugar de
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Diana Maria de Ho landa Belém ari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrad a na Pessoa
professor efetivo... senti-me muitas vezes agra-decido por não ter sofrido o processo de compe-tição, freqüentemente humilhante, de promoçãograu a grau nas faculdades onde as pessoas tan-tas vezes se limitam a aprender uma única lição
— a de não mostrarem muito o que são (Rogers,1961, p. 25).
Lamentou deixar o cargo de diretor do "Roches-ter Guidance Center" e mudou-se para Columbus, noEstado de Ohio.
Em dezembro de 1940, proferiu uma conferên-cia na Universidade de Minessota para uma Socieda-de de Psicologia - Psi Chi -, onde apresentou suasidéias e considerou esse momento como o nascimen-
to da Terapia Centrada no Cliente. Nessa ocasiãoRogers afirmou:
"O objetivo desta nova terapia não consiste emsolucionar qualquer problema, em particular, massim auxiliar o indivíduo a crescer, a fim de quepossa lidar com o problema atual, bem como osque vierem, de forma integrada" (Cury, 1993, p.18).
"Quando procurei formular algumas dessas idéi-as e as apresentei, deparei com reações extra-ordinariamente fortes. Foi a minha primeira ex-periência do fato de ser possível que uma dasminhas idéias, que a mim me parecia brilhante e
jeWilfr ii l i fi -~1/W•111.2.1. . 2.1•11C1
me enc ontrar no centro da críticas, dos argume n-tos a favor e contra, desorientou-me e fez-meduvidar e pôr questões a mim mesmo. Todavia,pensava que tinha alguma coisa a dizer e redigio manuscrito de Counseling and Psychotherapy,descrevendo o que, de alguma maneira, me pa-recia ser uma orientação mais eficaz da Terapia(Rogers, 1961, p. 25).
Esta conferência, mesmo que muito criticada,tornou-se o segundo capítulo de sua segunda publi-cação: "Counseling and Psychoterapy", de 1942.Apresentou a nova terapêutica e a primeira transcri-ção de uma entrevista terapêutica registrada em mag-netofone. O êxito comercial foi enorme. Desenvolveucursos de formação de terapeutas, cuja procura pe-los estudantes foi muito grande. Passou a orientarteses e seminários, sendo o primeiro psicoterapeutaa oferecer formação prática em psicoterapia para es-tudantes.
"Nem Freud, nem outro algum", disse Rogersorgulhoso, introduziu e praticou o aconse lhamen-to e a psicoterapia; nós fomos os primeiros a daruma formação prática aos estudantes de Psico-
terapia" (La Puente. 1973, p. 42).Em 1943, foi eleito presidente da "American
Psycho logical Association ; exerceu a função de editordo Journal of Counsulting Psychology e de editor as-
17ziereirãietemat~wieilizieerds., iieictencovaWisieteiunifiet~irãaeill
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para outrem uma grande ameaça. E o fato de eríodo difícil no campo da evolução da Psicologia.
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Diana Maria de Holand a Belém
Havia problemas no processo de formação de terapeu-tas, tensão entre a Psicologia e a Psiquiatria na "Ameri-can Board of Examiners in Professional Psychology".
UMVERS1 1 DE DE CMCAGO
Em 1945, Rogers foi convidado peia Universida-de de Chicago para ensinar Psicologia e formar umcentro de "counselling". Permaneceu em Chicago até1957. Este período vivido em Chicago caracterizou-se como sendo o de maior produção científica, quantoà elaboração de teorias e publicações. Sugeriu novosmétodos educacionais e realizou grande número deinvestigações. Foi uma época de grande criatividade.Colaborou e orientou cerca de 30 teses para o graude PhD em Psicologia, além das de mestrado. Em1951, publicou "Client Centered Therapy", no qual
"desde o prefácio baseia suas hipóteses sobre arelação terapêutica em observações de suas pró-prias experiências subjetivas ao estar em intera-ção com o cliente" (Cuiy. 1993, p. 19).
Apresentou de forma sistemática suas idéias.Elaborou a Teoria da Terapia, publicada por SigmundKoch, em 1959. A nível administrativo, Rogers, em suasgestões, acreditou e aplicou os prinrípios de confian-ça na capacidade do indivíduo de se auto-gerir. Como
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Cari Ro ers: do Dia nóstico à Aborda em Centrada na Pessoa
professor, foi fiel a sua hipótese de base de que nãose pode ensinar nada diretamente; só se pode facilitara aprendizagem. Começou a aplicar os princípios daTerapia Centrada no Cliente em sala de aula. Traba-lhou com pequenos grupos, desenvolveu um clima de
liberdade, o que suscitou o interesse de seus alunos.Publicou, com a colaboração de seu staff, em 1954, olivro "Psychoterapy and Personality Change". Passoua ser reconhecido no Centro de Aconselhamento daUniversidade de Chicago, incomodando ao Departa-mento de Psiquiatria da Escola de Medicina destaUniversidade, passando então a ser alvo de críticasdos médicos que dirigiam o "Billings Hospital".
Em sua biografia, Rogers se referiu a períodosde crise sobre o seu fracasso terapêutico no tratamento
de uma paciente portadora de esquizofrenia. À medi-da que o distúrbio se agravava, Rogers começou afragilizar-se e pediu ajuda de um psiquiatra do Centrode Aconselhamento, Dr. Louis Cholden. Tirou fériasde três meses e voltou a se submeter à terapia comum de seus colegas. Chegou a pensar em parar declinicar pois considerava-se
`tão perturbado quanto as pessoas a quem pres-tava ajuda" (Cury. 1993, p. 21).
"Refere-se a este período como de profundoamadurecimento e descobre posteriormente quetodo aquele sofrimento servira para fortalecê-lo,torná-lo mais sensível e humano no contato comclientes e consigo mesmo, mais consciente deseus próprios limites" (Cuiy. 1993, p. 22).
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Diana Maria de Holanda Belém Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
UNIVERSIDADE DE WISCONSIN
Em 1957, Rogers foi convidado pela Universida-de de Wisconsin. Estando muito bem em Chicago,impôs condições para ser contratado, tais como: exi-giu cursos nas faculdades de Psicologia e Psiquiatria,possibilidade de formar psicólogos e psiquiatras, pra-ticar a terapia nas investigações com pessoas "psicó-ticas" e "normais". Para sua surpresa, a Universidadeaceitou suas exigências e o contratou.
No verão de 1957, Rogers se transferiu paraMadison. Em setembro deste mesmo ano, apresen-tou na "American Psychological Convention", de NovaYork, uma conferência intitulada "A Process Concepti-on of Psychoterapy", que foi publicada no livro "OnBecoming a Person".
Em 1956, Rogers foi eleito presidente da "Ameri-can Academy of Psychoterapists", tendo permaneci-do no cargo até 1958. Passou um semestre no Depar-tamento de Educação desta universidade. Neste perí-odo, estava desenvolvendo mais "rigidamente" um tra-balho centrado no aluno, o que lhe causou grandesdificuldades com o Departamento de Psicologia no quediz respeito à forma de trabalhar com os alunos. Afir-mou:
"Gosto de viver e deixar que os outros vivam, masquando não permitem que meus alunos vivam,esta experiência se torna pouco satisfatória" (Ro-
U:152
Sobre este episódio, Fadiman (1969) comenta que
"a crescente indignação de Rogers é captada noartigo 'Pressupostos Correntes sobre a Educa-ção Universitária: uma exposição apaixonada'",
cuja publicação no "The American Psychologist"foi proibida, o que não impediu sua distribuição paraestudantes graduados.
Desenvolveu um trabalho de pesquisa e práticaclínica juntamente com médicos psiquiatras. Acredita-va em uma equipe multidisciplinar no estudo da psico-terapia e isto teria grande repercussão no campo dahigiene mental.
No período de 1962/63, desenvolveu, no "Cen-
ter for Advanced Study in the Behavioral Sciences",em Stanford, um estudo sobre a influência que suapsicoterapia poderia ter no tratamento de esquizofrê-nicos hospitalizados. Estando em viagem, recebeu umcomunicado de Eugene Gendlin e Donald Kiesler, seuscolaboradores, informando que Charles Truax, umoutro colaborador, estava
"tentando sabotar todo o projeto de pesquisa,escondendo dados para uma futura publicação
individual" (Cury. 1993, p. 25).
Isso lhe causou sérios aborrecimentos, mas nãoo impediu de, em 1967, publicar o livro sobre a pes-quisa com esquizofrênicos, intitulado: "The Therapeu-
ii= "117 7 11. . n" " 7: 1.
with schizofrenics". Esta publicação de Rogers contou
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Diana Maria de Holanda Belém
com a colaboração de Eugene Gendlin, Donald Kies-ler e Charles Truax e apresenta uma descrição deta-lhada dos procedimentos científicos utilizados, trans-crições das sessões terapêuticas e análise dos resul-tados, incluindo as experiências vividas pelos terapeu-tas.
Nesse período, em Wisconsin, Rogers foi eleitomembro da "Policy and Planning Board" da "AmericanPsychological ASsociation", na qual exerceu a funçãode editor do "Journal of Consulting Psychology".
Em 1961, foi eleito "fellow" da "American Acade-my of Arts and Sciences".
Em 1962, foi agraciado com o "Certificate forOutstanding Research" da "American Personnel andGuidance Association" e recebeu o prêmio de "Distin-guished contribution to the Science and Profession ofClinicai Psychology".
Em 1961, seu livro "On Becoming a Person" foipublicado em japonês.
CENTR DF ESTUDO DA PESSOAA JOLLA/CALIFÓRNIA
Em 1964, Rogers voltou à La Jolla, na Califórnia,ao "Western Behavioral Sciences Institute" (WBSI). Elecontribuiu para a fundação deste instituto em 1958,objetivando a criação de um centro de pesquisa deorientação humanista. Depois de muita insistência de
Cari Ro ers: do Dia nóstico à Aborda ern Centrada na Pessoa
um dos fundadores do instituto, Richard Farson, e acre-ditando que a universidade não mais lhe oferecia gran-des oportunidades, Rogers aposentou-se da vida aca-dêmica e, no verão de 1963, saiu de Wisconsin e re-solveu residir na Califórnia, onde permaneceu até sua
morte em 1987. Voltou a contribuir com o WBSI, nacondição de "Resident Fellow".
"A principal contribuição dele para este institutoconsistiu em um trabalho iniciado em 1966 coma colaboração de Willian Coulson com a finalida-de de investigar a filosofia subjacente às ciênci-as de comportamento" (Cury. 1993, p. 27).
Este trabalho resultou na publicação, em 1968,
do livro "Man and the Science of Man". Terminou seutrabalho com os clientes "esquizofrênicos" e passou atrabalhar com clientes "normais".
No WBSI, desenvolveu um projeto de grupos deencontro e dedicou-se a experiências com grupos cha-mados "T-Group" e "Basic encounter group".
Promoveu seminários com pessoas de váriasprocedências e realizou encontros para discut ir sobreeducação no "California Institute of Technology".
Em 1967, Rogers publicou "On Encounter
Groups", sistematizando os conhecimentos e experi-ências nessa área. Publicou "Person of Person". Co-meçou a sentir-se insatisfeito com as pressões admi-nistrativas e com o procedimento dos pesquisadoresdo WBSI e terminou por demitir-se. Juntamente commais 25 profissionais, formou o "Center for Studies ofthe Person" (CSP).
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Diana Maria de Holan da Belém arl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
NOTAS PESSOAIS.m 1970, vários projetos foram desenvolvidos noCSP, tais com o: renovação para a educação, pesquisado uso de droga por adolescentes, planejamento deconferências, desenvolvimento de um centro de pes-quisa, comunidades, workshops, desenvolvimento deconsciência através de encontros inter-raciais e o LaJolla Program para treinamento de facilitadores de gru-po. S istem atizou suas experiências, apresentou propos-tas para um Ensino Centrado no Aluno e publicou olivro Freedom to Learn (1970 ). Passou a ser convida-do pa ra rea lizar pa lestras e assessorar instituições edu-cacionais, o que lhe rendeu grande reconhecimento anível nacional, como também em outros países dasAm éricas, Europa e Ásia. C omeçou a desenvolver gru-pos integrativos e grupos de rela ções inter-raciais.
Em 1977, veio ao Brasil. Realizou o primeiro
workshop brasileiro, com cerca de 200 pessoas, naAldeia de Arcozelo, em Pati de Alferes, no Rio de Ja-neiro. Esteve mais duas vezes no Brasil.
Em 1980, publicou "A way of Being", no qual re-lata seu sofrimento com o falecimento de sua esposaHelen, sua dificuldade em decidir continuar desenvol-vendo seus trabalhos profissionais e sobre seu pro-cesso de envelhecimento,
"de uma forma corajosa e bem humorada derru-
bou alguns mitos ao afirmar que aos setenta e cin-co anos continuava sexualmente interessado nasmulheres e intelectualmente motivado para darprosseguimento a seus projetos, a despeito das li-mitações impostas pelo corpo (Cury, 19 93, p.33).
Rogers, em sua auto-biografia, sublinha ensina-m entos que considerou de grande significado, ma s nãoos apresenta como "receita".
"Algumas coisas fundamentais que aprendi:—Nas minhas relações com as pessoas desco-bri que não ajuda, a longo prazo, agir como seeu não fosse quem sou.— De scobri que sou mais eficaz quando me pos-so ouvir a mim mesmo, aceitando-me, e quandoposso ser eu mesmo.— A tribuí um enorme va lor ao fato de poder per-mitir-me a mim mesmo compreender uma outrapessoa, Compreender, precisamente, o que sig-nifica para essa pessoa o que ela está a dizer.—Verifiquei que me enriquece abrir canais atra-vés dos quais os outros possam comunicar osseus sentimentos, a sua particular percepção domundo. Eu posso, com a minha própria atitude,criar uma segurança na relação, o que torna muitomais possível a comunicação.—É sempre altamente enriquecedor poder acei-tar outra pessoa e que não há nada mais fácilpara aceitar verdadeiramente uma pessoa e osseus sentimentos do que compreendê-la.— Quanto mais aberto estou às realidades em mimc nos outros, menes me
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Cari Ransom Rogers faleceu em 1987. to remediar as coisas. Quanto mais eu tento ou-
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Diana Maria de Holanda Belém
vir-me e estar atento ao que experimento no meuíntimo, quanto mais procuro ampliar esta mes-ma atitude de escuta dos outros, maior respeitosinto pelos complexos da vida.—Posso ter confiança na minha experiência.Aprendi que a minha apreciação total organísmi-
ca de uma situação é mais digna de confiançado que o meu intelecto.—A apreciação dos outros não me serve de guia.Os juízos dos outros, embora devam ser ouvidose tomados em consideração pelo que são, nun-ca me poderão orientar.—a experiência é para mim a suprema autorida-de. Nenhuma idéia de qualquer outra pessoa,nem minhas próprias idéias têm a autoridade quereveste a minha experiência.
—Sinto-me satisfeito em descobrir uma ordemna minha experiência — parece-me inevitável pro-curar uma significação, uma ordem e uma legiti-midade em toda a acumulação de experiência.— Aprendi que os fatos são amigos, Sinto que, seconseguir abrir um caminho através do proble-ma, me aproximarei muito mais plenamente daverdade, O mínimo esclarecimento que consiga-mos obter, seja em que domínio for, aproxima-nos muito mais do que é a verdade.
— Aprendi que aquilo que é mais pessoal é o quehá de mais geral. Acabei por chegar à conclusãode que aquilo que há de único e mais pessoalem cada um de nós é o mesmo sentimento que,se fosse partilhado ou expresso, falaria mais pro-fundamente dos outros.
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— A experiência mostrou-me que as pessoas têmfundamentalmente uma orientação positiva. Aca-bei por me convencer de que quanto mais umindivíduo é compreendido e aceito, maior tendên-cia tem para abandonar as falsas defesas queempregou para enfrentar a vida, e para progredirnuma via construtiva.— A vida, no que tem de melhor, é um processoque flui, que se altera e onde nada está fixado.Não posso fazer mais do que tentar viver segun-do a minha própria interpretação da presente sig-nificação da minha experiência, e tentar dar aosoutros a permissão e a liberdade de desenvolve-rem a sua própria liberdade interior para que pos-sam atingir uma interpretação da sua própriaexperiência". (Rogers, 1961)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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•CURY, Vera Engler (1993) Abordagem Centrada na
Pessoa: um estudo sobre as implicações dos tra-balhos com grupos intensivos para a Terapia Cen-trada no Cliente. Tese de Doutorado. Universidadede Campinas. São Paulo.
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CAPÍTULO 2
CARL ROGERS E OTTO RANK
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A partir de uma prática clínica e de contatos comdiversas escolas de pensamento, Cari Rogers desen-
volveu sua psicoterapia. Dentre essas escolas de pen-samento, que constituíram a Psicologia Humanista,havia um grupo de dissidentes freudianos do Círculode Viena e, entre eles, O tto Rank, cuja perspectivateórica consistia na valorização da vontade existenci-al da pessoa.
Rogers recebeu influência de Otto Rank atravésdo grupo "Social Workers", constituído em parte porpsicólogos do "Philadelfia Child Guidance Clinic" e da"Pennsilvania School of Social Work", que adotavam
em seus trabalhos os pressupostos da orientaçãorankiana. Tomou conhecimento da "Relationship The-rapy" através da leitura das publicações do "RankianGroup" e de contatos com psicólogos des ta orienta-ção, como Taft, Alien, Robinson e outros. La Puente,em 1973, considerou que Otto Rank está nas origens
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do pensam ento de Rogers no que diz respeito a os prin-cípios do processo terapêutico, mais que suas teori-as. Rogers reconheceu essa influência quando afir-mou que
"um dos impactos mais fortes que recebi na-quela época foi o do pensamento de OttoRank, o qual chegou a mim de um modo fun-damentalmente indireto. (...) A ênfase em res-ponder aos sentimentos do cliente nasceudesta corrente de pensamentos" (La Puente,1973, p. 51).
Em 1939, Rogers publicou seu primeiro livro —Tratamento Clínico da Criança Problema —, apresen-tando métodos de diagnóstico e de tratamento. Re-feriu-se ao método proposto pela Terapia da Rela-ção ou Terapia Passiva, de orientação rankiana. Estemétodo diferia dos demais e caracterizava-se pelaênfase na relação terapêutica como elemento pri-meiro no processo terapêutico e pela crença de queo homem é o
"artesão do seu destino" (Gondra, 1975, p. 23),
significando a autonomia e integridade do indivíduo, oque coincidiu com os princípios defendidos por Ro-gers.
TERAPIA DA RELAÇÃO - OTTO RANK
A Terapia da Relação ou Terapia Passiva, de-senvolvida por Otto Rank, era a plicada para tratar paiscujas atitudes criavam problemas para os filhos. Ro-gers considerava difícil definir claramente o processo,podendo, apenas, mencionar algumas características.
... "muitos que defendem esta forma de terapiapensam em tratar-se de um processo não-inte-lectual, que não pode ser bem aprendido, masprecisa ser experimentado ou sentido para sercaptado." (Rogers, 1939, p. 179).
Os elementos constitutivos deste processo são;• aplica-se somente naqueles pais que desejem ser
ajudados, o que nem sempre é fácil o terapeuta jul-Ska iCLideterm inar, a não ser que o indivíduo possuaconsiderável desejo de se m odificar, então ele esta-rá apto para este tipo de terapia;
• um clima, uma "atmosfera" criada pelo terapeuta,na qual haja aceitação dos pais, ausência de críti-ca, recusa em impor aos pais qualquer programaou recomendação e pela total recusa em respon-der a perguntas, exceto quando os pais realmentedesejarem uma resposta e forem incapazes deencontrá-la sozinhos;
• efeito desse relacionam ento sobre os pais pode ser
aceitação de si.
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Desse modo, no ambiente livre e os pais expres-sando sentimentos sem defesas ou racionalizações,chegam a esclarecer sentimentos e pensamentos ea se compreenderem mais claramente;confiança por parte do terapeuta nos próprios paispara determinarem independentemente o modo de
lidar com a criança.
Não há no curso de ação para os pais nenhumainfluência em suas decisões, embora o objetivo do te-rapeuta seja ajudá-los a esclarecer suas idéias e refle-tir sobre o significado e importância de suas escolhas.
O objetivo da Terapia Passiva é propiciar aos paisum grau mais elevado de integração e auto-realiza-ção em função da criança. Neste momento, Rogersconsiderou que seria
"difícil em qualquer circunstância de determinara efetividade desse método de tratamento dasatitudes dos pais. Seus seguidores parecem en-tusiasmados e, como seus critérios são medidasamplamente intangíveis, uma medida de suces-so é de fato muito difícil. É improvável que qual-quer estudo seja realizado. Seu julgamento seráfeito lento e a sua importância está no caráterinovador de não interferência e confiança na pró-
pria tendência do indivíduo em direção ao cres-cimento. (...) Como o processo é lento e mudan-ças sutis são mais significativas que qualquertécnica intelectual empregada, é difícil oferecerexemplos adequados. Só há registros." (Rogers,1939, p. 182).
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
A ênfase da Terapia da Relação era numa con-cepção da pessoa como "artesã de seu próprio desti-no", em detrimento à Psicanálise clássica, baseadana interpretação. Insistia na independência e integri-dade do indivíduo.
Apresentava um caráter voluntário e livre signifi-cando que só se aplica às pessoas que procuram vo-luntariamente a terapia e sentem necessidade de se-rem ajudadas. Insistia na eficácia curativa da relaçãointerpessoal e acentuava o valor terapêutico da situa-ção presente e das reações do cliente frente ao tera-peuta.
Acreditava na vincuiação emocional sufici-entemente controlada entre terapeuta e cliente,cabendo ao terapeuta se man ter um tan to dis-tante do cliente e este desenvolvia uma confian-ça que o levaria a expressar pensam entos e sen-timentos.
O terapeuta criaria um clima de liberdade, possi-bilitando ao cliente experimentar e reconhecer com li-berdade suas próprias atitudes.
Os efeitos da Terapia da Relação consistiamna clar ificação dos próprios sentimentos e pensa-mentos e em uma aceitação plena de si mesmo.Era considerado mais p rofundo que um sim ples
insight . O terapeuta confia no cliente, não pres-crevendo e não impondo nenhuma conduta e a si-tuação terapêutica por si só, constituirá umaaprendizagem que ensina ao cliente viver em re-lação.
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Diana Maria de Holanda Belém
AFINIDADES DE ROGERSCOM A TERAPIA DA RELAÇÃO
O caráter voluntário e livre, a insistência na efi-cácia curativa da relação interpessoal, a vinculaçãoemocional suficientemente controlada, a criação deuma atmosfera de liberdade, a clarificação dos senti-mentos e pensamentos, o fato do momento terapêuti-co constituir-se em uma aprendizagem e a crença nacapacidade do cliente são as características básicasda Terapia da Relação, com a qual Rogers passa aidentificar-se.
Em 1939, Rogers reconhece e afirma sobre aTerapia da Relação que
seu principal valor pode estar não no percentualde casos ajudados, e sim no ponto de vista sau-dável da não interferência e confiança na ten-dência e crescimento próprios da pessoa acen-tuado por esta terapia. (...) a Te rapia da R elaçãotem sido útil para fazermos valer a opinião maisrealista de que o indivíduo em dificuldade é o maiscapacitado para determinar o grau de normali-dade pelo qual pode andar confortavelmente."(Gondra, 1975).
Em sua prática como terapeuta, ao longo dosanos, Cari Rogers testava, com desconfiança, a efici-
- • a mra•-rSua experiência clínica p ossibilitou reconhecer que
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
"estava me distanciando de uma relação clínicade enfoque coercitivo e altamente especulativo,não por razões filosóficas e sim pela ineficáciade tais enfoques, que só em aparência se mos-tram eficazes." (Gondra, 1975).
No que diz respeito à Terapia da Relação, Ro-gers não só valorizou a ênfase desta terapia na auto-nomia da pessoa, como em sua insistência no valorda relação emocional.
Em primeiro lugar, está a ênfase saudáve l na re-lação pessoal como fundamento primordial da edu-cação e reeduc ação emocional. É indubitável queo psicólogo tem se mostrado sempre um pouco
temeroso de utilizar em seu trabalho terapêuticoas forças emocionais da mesma maneira que asintelectuais e tem tido medo de servir-se do vín-culo emocional que se desenvolve entre o tera-peuta e o cliente. Estamos frente a um novo desa-fio a explorar as possibilidades do encon tro emo-cional entre os indivíduos. (Gondra, 1975)
Rogers reconhece que
"um dos impactos mais fortes que recebi naque-la época foi o do pensamento de Otto Rank, oqual chegou a mim de um modo fundamental-mente indireto. Tínhamos em Rochester uns as-sistentes sociais da Escola da Filadélfia, de ori-
séminário frutífero e interessante que durou doisnk tivenias um
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dias. Depois de tudo, creio que a ênfase em res-ponder aos sentimentos do cliente nasceu destacorrente de pensamento." (Gondra, 1975).
Em 1969, Rogers, referindo-se às influências daTerapia da Relação na elaboração de sua psicotera-pia, afirmou:
Entre 1937 e 1 941, cheguei a contagiar-me comas idéias rankianas e comecei a reconhecera pos-sibilidade de que o indivíduo fosse autodiretivo.Realmen te fiquei fascinado pelas idéias de R ank,porém não ace itei totalmente, tendo em vista queabandonei Rochester" (Gondra, 1975, p. 31).
Gondra, em 1975, considerou que
"as simpatias rogerianas por esta escola nospermitem afirmar a íntima conexão entre ambasas terapias" (p. 23).
Segundo Cury,
"o interesse despertado em Rogers pelo traba-lho conduzido por aqueles assistentes sociais lo-calizou-se em dois aspectos específicos: primei-
ro, a ênfase colocada por eles na vontade positi-va do paciente como fonte de crescimento pes-soal, e, segundo, o foco do atendimento voltadopara a relação interpessoal estabelecida peloprofissional e não para a obtenção do Insight'sobre os conteúdos." (1987, p. 11).
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DIVERGÊNCIAS DE ROGERS COM A TERAPIADA RELAÇÃO
Apesar destas afinidades, Rogers discordou radi-calm ente do caráter extra-científico desta terapia, do m is-ticismo (intuição) que a envolvia, da a usência de um atécnica que possibilitasse universalizar o processo e daintenção de colocar a psicoterapia no cam po das a rtes.Criticou a ausência de um a técnica concreta, delimitada,objetiva e específica em favor de um a técnica geral querestringia a sua utilização àqueles terapeutas que já pos-suíssem um a certa orientação filosófica.
Todo método terapêutico possui sua técnica es-pecífica e a Terapia da Relação parecia estar subordi-nada a um a filosofia, o que era m uito diferente de tudoque Rogers conhecia até então. Com isso, o uso daTerapia da Relação se restringia a poucos terapeutas.
Em 193 7, referindo-se a Otto Rank, Rogers afirm ou:
"sem tentar uma descrição mais completa, gos-taria de deter-me na atitude do psicólogo dessaescola de pensa mento. Em primeiro lugar, o psi-cólogo não pode estar conformado com o fato deque esta relação, sejam quais forem seus resul-
tados, seja um processo que vai mais além dacompreensão. Se é um processo, é possível ana-lisá-lo e descrevê-lo. Se produz resultados, comopenso que a maioria de nós estaríamos a admi-tir, chegará algum dia em que seja possível medi-los." (Gondra, 1975)
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Não aceita as pretensões "místicas" da Terapiada Relação nem a ausência de um rigor e métodoscientíficos. Não aceita a ausência de uma técnica e apouca insistência dos rankianos neste sentido já quea Terapia da Relação "repousa" nas atitudes do tera-peuta e não sobre técnicas universais e sua aplicabi-lidade é restringida, e só é útil para aqueles terapeu-tas que possuam uma determinada orientação filo-sófica.
"O uso da Terapia da Relação depende de umcerto ponto de vista e de uma filosofia (...) Nãose pode tomar-se ou desejar-se como uma fer-ramenta mecânica de tratamento" (Rogers,1939)
Rogers resiste à pretensão da Escola da Filadélfia que desejava colocar a psicoterapia no campo dasartes.
Diante do excessivo subjetivismo da Terapia daRelação, Rogers tem a grande esperança de elaborartécnicas terapêuticas capazes de ser utilizadas portodos os terapeuta e de descobrir uma ordem cons-tante no processo da psicoterapia e poder medir seusresultados.
Quando recebe o impacto da ideologia rankiana,Carl Rogers já intuía um processo universal dentro dapsicoterapia,
"já estava começando a sentir uma ordem den-
Em 1937,
"... o psicólogo clínico está tomando e tomarámuitas coisas da Escola da Terapia Passiva . Pro-vavelmente não a dotará sua ideologia rankiana...Assim, tampouco é provável que aceite o misti-cismo nem o culto aos seus fundadores. Porém,se aproveitará muito da ênfase saud ável na inte-gridade individual, na capacidade de independên-cia e eleição do indivíduo e em seu reconheci-mento da importância na relação pessoal no tra-tamento." (Gondra, 1975)
Gondra considera a Terapia da Relação comoponto inicial de partida para a psicoterapia de CariRogers, que dela tomará a premissa filosófica fun-damental e elaborará uma teoria científica da te-rapia.
Rogers, em sua psicoterapia, tentará, antes detudo, que seja uma ciência e não uma arte como que-ria os rankianos. Nesta ocasião, se vê diante do sub-jetivismo da Terapia da Relação e do objetivismo desua formação científica. Pretendia elaborar técnicasterapêuticas que pudessem ser utilizadas por qualquer
terapeuta.
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ROGERS, Cari R. (1979) Tratamento Clínico da Cri-ança Problema. Martins Fontes. São Paulo.
CAPÍTULO 3
TERAPIA NÃO-DIRETIVA - 1940/19501°. Período da Psicoterapia
Centrada no Cliente
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Acreditando em sua formação científica, Rogerscomeçou a desenvolver uma psicoterapia científicadentro do paradigm a Se-Então do m odelo em pirista.Iniciou a gravação, em magnetofone, das entrevistas,objetivando a criação de uma técnica mais que umateoria, embora ele, nesta época, afirmasse:
Já estava começando a sentir uma ordem den-tro da experiência" (Gondra, 1975, p. 27).
Em seus escritos, neste período, ele adm itia que a ela -boração de uma teoria não o interessava.
Devido a pouca certeza existente em relação aosmétodos e resultados terapêuticos, existe umagrande tentação de construir complicadas hipó-teses com muito pouco fundamento prático. Fa-cilmente ucllarriub c.:11eg ar a perder-nos no labi-
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rinto das teorias desenvolvidas pelas mais diver-sas escolas de pensamento" (Gondra, 1975, p.28).
Fazer ciência, para Rogers, nesta ocasião, era ir aosfatos, analisar de forma científica o processo da tera-pia, medir seus resultados e, a partir daí, desenvolver
técnicas acessíveis ao método científico.Em 1940, publicou um artigo sobre "Os proces-sos da terapia" e isto é considerado o primeiro mo-mento da análise científica da psicoterapia. Este art i-go tem uma importância histórica na medida em queapresentou todo o esquema da Psicoterapia Não-Di-retiva, a primeira descrição do processo terapêutico àluz da ciência.
"Se a Psicologia Aplicada há de conseguir o
status que deseja, se quer ter respostas ade-quadas aos problemas das relações huma-nas tão urgentemente necessárias no mun-do em comoção, então será preciso promo-ver muito mais estudos e esforços nesse cam-po dinâmico da terapia" (Rogers, 1973, p.164).
Neste momento- Rogers supera a Terapia da Rela-ção, anuncia o nascimento da Terapia Não-Diretiva e
prenuncia o desenvolvimento da Psicoterapia Centra-da no Cliente.A Terapia Não-Diretiva constitui-se como o pri-
meiro momento do desenvolvimento da Psicotera-pia Centrada no Cliente. Compreendeu o períodode 1940 a 1950, iniciando aí sua prim eira etapa
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histór ica. No momento em que Rogers desenvol-veu uma técnica, descreveu a terapia numa pers-pectiva cien tífica, considerando o processo de au-todeterminação e independência do cliente, surgiua Psicoterapia Não-Diretiva . Suscitou questiona-mentos às terapias da época, corno também dopapel do terapeuta. Apresentou a importância danão interferência do terapeuta no processo e o res-peito pelo cliente, corno pontos a serem conside-rados. A direção do processo, até então, cabia aoterapeuta e, nesta psicoterapia isto não ocorreria.Era não-diretiva na medida em que o terapeuta pro-punha-se a atuar sem dar "diretivas ao cliente". Atécnica funcionava como instrumento. Distinguiutrês aspectos que deveriam ser considerados noprocesso: o ambiente terapêutico, o comportamentodo terapeuta e a técnica de clarificação, que possi-bilitaria ao cliente expressar sentimentos e emo-ções.
Em 1940, na Universidade de Ohio, ele apresen-tou seu método terapêutico, resultado de seu trabalhoem Rochester, sendo criticado por alunos e professo-res. isto o ajudou a repensar seu método e em suabiografia afirmou:
"Foi ao tentar ensinar a estudantes gradua-dos na Universidade do Estado de Ohio acer-ca do tratamento e do conselho, quando co-mecei a reconhecer pela primeira vez que se-quer havia elaborado um ponto de vista pró-prio e característico" (Gondra, 1975, p. 31).
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Psicoterapia consiste numa
relação muito estruturada, muito permissiva, quepermite ao cliente uma compreensão de si mes-mo tal que o capacite para empreender açõespositivas à luz de uma nova orientação (Rogers,
1973, p. 18).
Atendia ao modelo científico do Se-Então, ou seja:
"Se se consegue uma relação determinada,então desenvolve-se um processo terapêuti-co ordenado e consistente, um processo cha-mado terapia que se desenvolve espontanea-mente quando se põem condições necessári-as e que pode ser estudado mediante a análi-
se e investigação científica" (Gondra, 1975,p. 43).
É uma relação emocional entre o cliente e o terapeu-ta, que requer por parte deste, interesse, aceitação eacolhida para com o cliente. É um vínculo afetivo mascom limites definidos, o que Rogers denominou de"identificação controlada".
"O terapeuta fará melhor em confrontar-se
abertamente ao fato de que até certo pontose vê envolvido emocionalmente, porém quetal compromisso deve ser estritamente limi-tado para o bem do paciente" (Rogers, 1973,p. 87).
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Esses limites são verdadeiros para o cliente e para oterapeuta. O cliente tem limites nas ações, na medidaem que estas possam causar danos a outras pesso-as, e no tempo determinado pelo horário.
"Cometemos um grande erro em supor que oslimites são um obstáculo para a terapia. Tantopara a criança como para o adulto, um dos ele-mentos vitais que fazem da situação terapêuticaum microcosmo em que o cliente pode encontrartodos aqueles aspectos fundam entais que carac-terizam a vida em seu conjunto, e os pode con-frontar-se abertamente e se pode adaptar-se aeles" (Rogers, 1973, p. 89).
O PROCESSO TERAPÊUTICO
No que diz respeito ao processo, caberia ao te-rapeuta procurar estabelecer inicialmente a relaçãoterapêutica. Ao cliente são possibilitadas determina-das condições que são consideradas básicas no de-senvolvimento do processo. O terapeuta selecionavaos clientes obedecendo a critérios clínicos. O clientedeveria apresentar seus conflit6s; ter uma certa capa-cidade para confrontar-se consigo mesmo; ter o dese-jo, ao menos inconsciente, de ser ajudado pela tera-pia, deveria p resentarem relação ao controle familiar; estar livre de instabili-
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"Consideramos estas novas percepções que cha-mamos de 'insight' e reconhecemos, sem dúvi-da, que são inseparavelmente unidas e se fun-damentam na experiência da catarse" (Rogers,1973, p. 174).
"insight" na perspectiva rogeriana não se con-ceituava como um simples conhecimento intelectual.Deveria vir acompanhado da catarse, pois, caso con-trário, não apresentaria nenhum valor terapêutico.Surgia espontaneamente, embora podendo ser facili-tado por técnicas terapêuticas. Consistia em umaaprendizagem com aplicações afetivas, muitas vezesdifícil de verbalizar.
"Tratando do 'insightc (...) compreende a reorga-nização do campo perceptual. Consiste em vernovas relações. É a integração de experiênciaacumulada. Significa uma reorientação de 'simesmo'. Todas essas frases parecem ser verda-des. Todas insistem no fato de que o 'insight' éessencialmente um modo novo de perceber" (Ro-gers, 1973, p. 206).
A percepção das relações ocorre entre fatosconhecidos e só é possível com a catarse. Na aceita-ção de si mesmo, a percepção das relações se dá entreos impulsos próprios e o si mesmo. Neste momentoseria necessário conhecer os impulsos reprimidos. O"insight", propriamente dito, inclui um elemento de na-tureza volitiva.
dades, especialmente de causas orgânicas; possuirsuficiente intel igência para poder confrontar-se comseus problemas; atender à faixa etária de dez a ses-senta anos. Atendendo a estas condições, o clienteestaria apto a se submeter ao processo terapêutico,que consistia em três momentos fundamentais: a ca-tarse, o insight e as etapas finais. Seria utilizado paraisso as técnicas não diretivas com o objetivo de facili-tar a expressão dos sentimentos e romper as defesas.Nessa Ocasião, o cliente libertar-se-ia dos sentimen-tos e atitudes reprimidas, passaria a explorar ação de modo mais adequado e começaria a entrar itua-
emcontato consigo mesmo com menos, ou sem, defe-sas. Passaria a aceitar-se. Segundo Rogers,
"...em lugar da angústia, preocupação e senti-mentos de falta de valor, o cliente desenvolveriauma aceitação de suas forças e de suas debili-dades como ponto de partida confortável para oprogresso de sua natureza" (1973„o. 172).
Rogers considerava a catarse como tendo, porsi mesma, um "alto valor terapêutico" e podriasuficiente para casos em que a terapia não pu
desseser
prolongar-se por muito tempo.Ocorrida a catarse, o processo terapêutico dar-
se-ia a nível mais profundo, significando para o clienteurna maior percepção de si mesmo. Rogers conside-rava como segunda etapa do processo o "insight",mesmo reconhecendo ser impossível separá-lo dacatarse.
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"Há outro elemento incluído dentro do ̀ insight'que tem sido pouco reconhecido. O insight' au-têntico inclui a eleição positiva de metas maissatisfatórias" (Rogers, 1973, p. 208).
"Uma compreensão deste terceiro elemento de
auto-compreensão ajudará a concluir que o 'insi-ght' deve ser adquirido e conseguido pelo clientee não se pode receber por meios educativos ouem um tipo de enfoque diretivo. Compreende elei-ções de um tipo que nada pode fazer-se no lugardo cliente" (Rogers, 1973, p. 210).
Após algum tempo, Rogers apresentou um novoconceito de "insight" e afirmou que este compreende-ria uma aceitação dos próprios impulsos e atitudes,
um a nova percepção de si e em uma planificação demaneiras mais satisfatórias de adaptar-se à realida-de. Em relação às ações positivas resultantes, Rogersconsiderou que
O cliente no processo terapêutico cam inharia emdireção ao crescimento.
Resumindo: no período da Psicoterapia Não-Di-retiva, o processo terapêutico consistia em um pro-cesso ordenado, sujeito à análise científica; apresen-tava três m om entos básicos: a catarse, a a quisição do"insight" e a elaboração de ações positivas que levari-am o cliente a uma maior autonomia. As funções con-sistiam
"na criação de uma atmosfera permissiva, acei-tação e clarificação" (Hart, 1970, p. 7).
Objetivava o alcance gradual do insight , do selfe da situação. A publicação que caracterizou este pe-ríodo foi "Counseling and Psychoterapy" de 1942.
`ã medida que se desenvolve o ̀ insight; à medi-da que se tomam decisões que orientam o clien-te a novas etapas, estas decisões tendem a ins-trumentalizar-se em a ções que levam o cliente auma direção de novas metas. Tais ações são umaprova de autenticidade dos Insights' consegui-dos. Se a nova orientação não se vê espontane-amente reforçada por uma ação, é óbvio que nãotem comprometido profundamente a personali-
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONDRA, José M. Rezola (1975) La Psicoterapia deCari R. Rogers: sus origines, evolucion y relacion
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Centered Therapy. New York. Houghton Mifflin.ROGERS, Carl R. (1973) Psicoterapia e Consulta Psi-
cológica. Martins Fontes. São Paulo.
CAPÍTULO 4
PSICOTERAPIA RE FLEXIVA -1950/1957
2° Período da PsicoterapiaCentrada no Cliente
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O segundo período do desenvolvimento da Psi-coterapia C entrada no C liente, considerado como Psi-coterapia Reflexiva, correspondeu à permanência deRogers em Chicago. Em 1945, Rogers foi para a Uni-versidade de Chicago e, em 1946, publicou um artigosobre "Os aspectos fundamentais da PsicoterapiaC entrada no C liente . De Terapia N ão-Diretiva passoua ser chamada de Psicoterapia Centrada no Pacientee , em seguida, Psicoterapia Centrada no Cliente, oque Rogers considerou mais adequado, pois a deno-minação de cliente em lugar de paciente traduzia me-lhor a própria filosofia do processo.
"O cliente, como indica o significado do termo, éalguém que vem, ativa e voluntariamente, pro-curar ajuda para resolver um problema, mas semqualquer intenção de põr de lado a sua própriarUbpUlIScl I da na situação. For devido a estas
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t õ d t d tCarl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
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conotações de termo que o adotamos, uma vezque evita o sentido de estar doente ou de serobjeto de uma experiência. O termo 'cliente, to-davia, tem infelizmente determinadas acepçõeslegais e, se surgir um termo melhor, recorrere-mos a ele. (Rogers, 1974, p. 21).
A TÉCNICA
A técnica terapêutica deixou de ser primordiale a ênfase do processo passou a ser a capacidadedo cliente, e ao terapeuta cabia apresentar umacompreensão empática. Rogers apresentou umaconcepção diferente da psicoterapia, afirmando quea relação terapêutica era centrada no cliente. Eexplicou:
"À medida que se tem passado o tempo, temoschegado a colocar cada vez mais ênfase nanatureza centrada no cliente da relação, já queesta é mais eficaz quanto mais plenamente seconcentre o terapeuta em tentar compreender
o cliente tal como este se vê a si mesmo. Q uan-do revejo alguns de nossos primeiros casos pu-blicados - o caso de Herbert Bryan, em meu li-vro13sicoterapá e Aconselhamento, e o de Mr.M, no livro de Snider -, reconheço que temos
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ido deixando progressivamente os sutis vestígi-os diretivos, demasiado evidentes nesses ca-sos. Temos chegado a reconhecer que se po-demos oferecer ao cliente uma compreensão doseu modo de ver-se a si mesmo neste momen-to, ele pode fazer o resto. O terapeuta deve dei-xar de lado sua preocupação e habilidade diag-nostica, deve descartar sua tendência a fazeravaliações profissionais, deve descartar seusintuitos de formular um prognóstico exato, háde deixar de lado a tentação de dirigir sutilmen-te o indivíduo e deve concentrar-se unicamenteem um só propósito: oferecer uma compreen-são e aceitação profundas das atividades cons-cientes do cliente no momento em que explora
passo a passo as áreas perigosas que tem es-tado negando a sua consciência" ( Gondra,1975, p. 64).
Com isto, verificaram-se transformações no pro-cesso terapêutico, diferentes no período anterior daNão-Diretividade.
As técnicas foram reformuladas, pois Rogersconsiderou que, em muitas delas, havia uma direçãosutil no processo do cliente. Distanciou-se do insight ,substituiu a técnica de clarificação verbal pela técnicade reflexão dos sentimentos, considerada a mais ade-quada.
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O TERAPEUTA
No processo terapêutico dava-se expressãoàs atitudes do terapeuta frente ao cliente, conside-rando-as em primeiro plano em relação à utiliza-ção das técnicas. Como conseqüência houve umvislumbre de uma concepção humanista em rela-ção à terapia e, diferentemente do período da Não-Diretividade, a ênfase era na empatia e na relaçãoe isto queria dizer de uma relação centrada no cli-ente, na qual a capacidade deste em auto-dirigir-se é concebida de
"um modo universal e é fundamentada em umateoria psicológica da motivação humana" (Gon-dra, 1975, p. 22).
Esta terapia caracterizou-se por uma visão oti-mista do homem na medida em que pôs a força doprocesso terapêutico na capacidade do cliente e emseu crescimento.
Em relação ao papel do terapeuta, sua ação re-sidia em evitar impor direção e criar um clima de acei-tação. No que diz respeito à psicoterapia, Rogers con-siderou que
"o primeiro aspecto básico da psicoterapia sebaseia no respeito profundo ao potencial do cres-
•• • Ten: =TITI7f 7MV H =M• lnir •~7041•A
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Sobre a força do crescimento, em 193 7, em seusprimeiros escritos, referia-se à ca pacidade de indepen-dência; em 1942, à capacidade do indivíduo para ele-ger metas adequadas e, em 1946, afirmou:
... porém não temos sabido, ou não temos reco-nhecido que na maioria, senão em todos os indi-víduos, existem forças de crescimento" (Rogers,1973, p. 68).
Neste período, a ação da terapia e do terapeutadevia subordinar-se à capacidade do cliente e ao de-senvolvimento de sua prática terapêutica. Rogers ob-jetivou que a crença na capacidade do cliente era ahipótese de base do terapeuta centrado no cliente.
O papel do terapeuta é capturar da maneira maissensível e aguda que lhe for possível todo o cam-po de percepção tal como o paciente o experi-menta, com as mesm as formações de forma-fun-do, no grau pleno em que o paciente deseja co-municar esse campo e, depois de haver captadoo quadro de referência interior do outro tão com-pletamente quanto possível, deve indicar ao pa-ciente a extensão do que vê atrás dos seus olhos(Rogers, 1974, p. 48).
Em 1950, Rogers foi incisivo em valorizar a atitu-de do terapeuta. A técnica só era importante na medi-da em que se encontrava a serviço das atitudes. O
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peuta na Psicoterapia Centrada no Cliente", em 1949,
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Diana Maria de Ho landa Belém
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rí
foi a melhor expressão desta nova fase. Neste artigo,tornou a valorizar as atitudes do terapeuta. Gondraconsiderou que, em artigos anteriores, Rogers já vi-nha apresentando seu pensamento cada vez commaior nitidez e dando uma maior importância a "atitu-des terapêuticas" para o desenvolvimento da psicote-rapia. A partir da prática clínica e de estudos de inves-tigação, foi-se ampliando o reconhecimento da gran-de valia das "condições terapêuticas" para a eficiênciado processo.
Em 1949, Rogers afirmou que sua psicoterapianão era apenas uma técnica.
"É certo falar da Terapia Centrada no Clientecomo de um método ou de uma técnica. É indu-bitável que isso se deve em parte a apresenta-ções anteriores das quais tendia-se a acentuarexcessivamente as técnicas. Mas exatamentepode-se dizer que o Terapeuta Centrado no Cli-ente em ação assume um conjunto coerente eevolutivo de atitudes profundamente radicadasna sua organização pessoal, um sistema de ati-tudes que recorre a técnicas e a métodos coe-rentes dentro desse sistema. (...) O terapeuta quetenta usar um método está• condenado ao fra-casso, a não ser que esse método se situe nalinha autêntica das suas próprias atitudes" (Ro-gers, 1974, p.34).
Com essa afirmação, observa-se uma preocu-pação nos princípios e na filosofia da psicoterapia.
Em 1946, refere-se aos princípios do terapeuta
de forma mais explícita, pois passou a considerar queatravés das investigações sobre o processo descobriu-se a importância da presença de princípios básicosrelativos a atitudes e técnicas no terapeuta que inter-feriam na reorganização e crescimento do cliente.
Em 1949, em artigo sobre o terapeuta, Rogers
afirmava a existência de
urna relação estreita entre a filosofia do terapeutae sua atividade profissional. O indivíduo cuja filo-sofia operacional já se orientava na direção desentir um profundo respeito pela importância epelo valor de cada pessoa está mais apto paraassimilar as técnicas centradas no cliente que oajudam a exprimir essa maneira de sentir" (Ro-gers, 1974, p. 36).
"Só se pode instrumentalizar mediante técnicascentradas no cliente e respeito aos demais namedida em que esse respeito seja parte integralde sua personalidade" (Rogers, 1974, p. 83).
Sem considerar sua perspectiva científica do pro-cesso psicoterapeutico, Rogers conseguiu formularuma orientação geral para o psicoterapeuta centradono cliente.
"... para pôr em forma mais resumida ou defini-tiva a orientação atitudinal que parece ser óti-ma para o terapeuta centrado no cliente, po-demos dizer o seguinte: que o terapeuta deci-da atuar conforme a hipótese de que o indiví-
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duo tenha a capacidade suficiente de tratar demodo construtivo todos aqueles aspectos desua vida que potencialmente podem entrar den-tro de sua consciência. Isto significa criar umasituação interpessoal na qual o material podeascender à consciência do cliente como pes-
soa competente e capaz de autodirigir-se." (Ro-gers, 1974, p. 443).
Fica explícito nesta citação que o requisito maisimportante, que deveria estar presente no terapeutaera a própria filosofia, sua visão de hom em , pois quantomais confiança se tinha na capacidade do cliente, mais,eficaz seria o manejo de técnicas.
A evolução da liberdade do uso da técnica emprol das atitudes do terapeuta ocorreu de uma forma
lenta e cuidadosa. N a m edida em que estabeleceu-sea necessidade de se pensar a terapia não só em ter-mos das técnicas, como também em termos das atitu-des do terapeuta, procurou-se adaptar as mesmas téc-nicas às atitudes que diziam da concepção filosóficado terapeuta.
O fenômeno parece ocorrer com mais probabili-dade quando o terapeuta sente muito genuina-mente e profundamente uma atitude de aceita-
ção e respeito pelo cliente tal como é... (Rogers,1974, p. 443).
E deixou implícita a atitude de compreensão
"Uma terceira condição da terapia é a disposi-ção e a"capacidade sensível de compreender ospensamentos, sentimentos e lutas do cliente,dentro do seu próprio ponto de vista." (Rogers,1974, p. 444).
Em 1950, Rogers, com a clareza da importân-cia das atitudes, declina das técnicas e a Psicote-rapia Centrada no Cliente começa a dar expressãoàs atitudes pessoais do terapeuta capazes de faci-litar o processo de mudança. Seriam atitudes con-sideradas como terapêuticas: a confiança na ca-pacidade do cliente em organizar-se e autodeter-minar-se, a aceitação plena e a compreensão domundo interior do cliente. Para que o processoacontecesse, precisaria o terapeuta criar um climade compreensão, calor e interesse e isto só acon-teceria através das atitudes. A consideração posi-tiva incondicional e a empatia deveriam possibili-tar esta atmosfera. As técnicas passaram a ter umpapel secundário.
Em 1951, no livro "Terapia Centrada no Clien-te", Rogers descarta a função do terapeuta em ter-mos da abstenção ou da simples aceitação passivae neutra. Os terapeutas na fase Não-Diretiva eramcaracterizados pela passividade, abstenção e au-sência de compromisso emocional. Ele justificou estamudança, argumentando que passividade poderiaser entendida como pouco caso e esta atitude nãose coadunava com a posição de respeito e conside-
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AS CONDIÇÕES FACILITADORASCari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
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AS CONDIÇÕES FACILITADORAS
Buscando encontrar um instrumento mais ade-quado para facilitar o processo e, através de sua prá-tica clínica, indicou a reflexão dos sentimentos, tendocomo suporte teórico, embora que ainda incipiente, aTeoria da Personalidade, na qual havia elaborado oconceito fenomenológico do "marco interno de refe-rência". Com isso, a empatia surgiu como função pri-mordial.
"A função do terapeuta seria de assumir, na me-dida do possível, o marco interno de referênciado cliente, perceber o mundo tal como este opercebe, percebe r o cliente tal como este se vê asi mesmo e ao fazer isto deixar de lado todas aspercepções segundo um marco de referênciaexterno." (Rogers, 1974, p. 86).
Com esta nova atitude - empatia -, o terapeutadevia abster-se de todo julgamento de valor para nãocolocar no processo elem entos que fossem estranhosao cliente.
"A experiência do cliente, a vivência de suas ati-tudes, não se processam em termos de identifi-cação emocional por parte do terapeuta, masantes por uma identificação por empatia, em queo terapeuta apreende os ódios, as esperanças eos temores do cliente, submergindo-se num pro-
cesso de empatia, mas sem que ele, como tera-peuta, faça experiências desses ódios, esperan-ças ou temores." (Rogers, 1974, p. 43).
Rogers reconheceu que apesar de ser uma téc-nica simples, é de difícil aprendizagem porque exige
deixar de lado juízos de valor e diagnósticos. A aten-ção do terapeuta deveria estar voltada para qual sen-timento que o cliente está expressando . Exigia do te-rapeuta um desejo de com preender o cliente, sensibi-lidade e
"consciência apreciativa canalizada e disciplina-da." (Gondra, 1975, p. 80).
Além da concepção da empatia como condição
facilitadora e da técnica da reflexão dos sentimentos,o terapeuta precisaria transmitir a compreensão queestava elaborando. Surgiu a questão: como transmitiresta compreensão? Rogers considerou que a trans-missão da empatia não poderia se reduzir apenas àreflexão dos sentimentos.
Em 1951, considerou que
"deveria deixar bem claro que a criação de umclima psicológico no qual sinta o cliente este tipode compreensão, calor e liberdade e que o per-mita diminuir suas defesas, explorar e reorgani-zar seu estilo de vida é um processo muito maissutil e delicado que refletir simplesmente o sen ti-mento. Exige uma sensibilidade total e uma co-municação desta compreensão e aceitação (...)
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mais que um tipo específico de palavras ou ver-balizações. Todas suas comunicações deveriamcontribuir para o estabelecimento de um climapsicológico que faça real esta orientação. (Gon-dra, 1975, p. 82).
:• „ , PROCESSO TERAPÊUTICO
:.,.)
O processo terapêutico é apresentado como4 endo constituído de três etapas: as condições pré-
vias, o processo em si e as mudanças operacionali-adas por ele.
Sobre as cond ições prévias seria necessário que• uas pessoas estivessem em contato. Uma seria o
terapeuta, que devia se encontrar em estado de acor-do interno (congruência) na hora da entrevista, ex-perimentar sentimentos de consideração positiva in-condicional e compreensão empática do ponto de re-ferência interna do cliente. A outra, o cliente, que deviaestar em estado de desacordo interno (incongruên-cia), vulnerabilidade, angústia e com condição míni-ma de perceber a consideração positiva incondicio-nal e a compreensão empática transmitida pelo tera-peuta.
Uma vez instalado o processo, posto em movi-mento, o cliente seria capaz de:
• discriminar os objetos de seus sentimentos e desuas percepções, tanto em relação ao Eu como àsexperiências;
• simbolizar suas experiências de forma mais dife-renciada;
• relacionar seus sentimentos com o estado de de-sacordo interno;identificar o desacordo existente entre sua experi-ência e a noção do Eu;
• sentir conscientemente a ameaça deste estado dedesacordo interno;
• experimentar os sentimentos que até então havianegado;
• interjrar os elementos da experiência que haviamsido deformados ou negados;
• reorganizar a estrutura do Eu, ampliando o acordoentre essa estrutura e a experiência;
• experimentar a consideração positiva incondicio-nal transmitida pelo terapeuta;
• experimentar uma atitude de consideração positi-va incondicional em relação a si mesmo;
• reconhecer que ele mesmo é o centro de avalia-ção de sua experiência e
• ampliar esta avaliação, tornando-a cada vez maisincondicional.A terceira etapa da terapia, constituída pelos efei-tos de mudança sobre a personalidade e o com-portamento, seria reconhecida através de:
• uma evolução do cliente para um estado de acor-do interno;
HWo
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e
maneira verbal ou não-verbal; • menor defensividade;
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• percepções mais realistas, diferenciadas e objeti-Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
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p pç , jvas;
• maior capacidade para resolver seus problemas;• percepção mais realista do Eu Ideal;• m aior acordo entre o Eu e o Eu Ideal e entre o Eu e
a experiência;• uma diminuição do nível de tensão e de angústia;• m aior percepção de si como o centro de a valiação;• percepção do mundo exterior mais realista e corre-
ta;• experimentar, cada vez menos, necessidade de
deformar suas experiências;• m aior número de com portam entos aceitos pelo Eu;® maior aptidão para controlar e dirigir seu compor-
tamento;• maior maturidade, criatividade e flexibilidade de
adaptação a novas situações.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CURY, Vera Engler (1987) Psicoterapia Centrada naPessoa: Evolução das Formulações sobre a Rela-
ção Terapeuta-Cliente. Dissertação de Mestrado.USP. São Pa ulo.GONDRA, José M. Rezola (1975) La Psicoterapia de
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Paralelamente à evolução da técnica e das con-dições básicas para o progresso terapêutico, houveevolução no plano teórico. Neste período, 1950/1957,
desenvolveu-se o conceito fenomenológico do "mar-co interno de referência", no qual Rogers estabeleceuas bases de sua futura Teoria da Personalidade. Umadas características importantes deste período está nagrande desenvoltura das atividades científicas. Foramdesenvolvidos trabalhos de investigação, elaboraçãode teorias que, como sua prática, eram eminentemen-te centradas no cliente, no mundo interior deste e em
"seu marco interno de referências como concei-
to nuclear e fundamental das mesmas." (Gondra,1975, p. 65).
Foram elaboradas as Teorias Fenomenológicasda Terapia, da Personalidade e do Funcionamento
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Carl Rogers: do Dia gnóstico àAbordagem Centrada na Pessoa
devem ser e ncaradas como suposições enquan
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Ótimo da Personalidade e publicado o livro "Terapia
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devem ser e ncaradas como suposições, enquan-to a maioria deve ser considerada como hipóte-ses sujeitas a confirmação ou refutação." (Ro-gers, 1974, p. 446).
O conjunto dessas proposições continha umateoria que buscava explicar o que acontecia à perso-nalidade e ao comportam ento. Nesse sentido, Rogersafirmou que
"tomadas como um todo, a série de proposiçõesconstitui uma teoria da personalidade, que pro-cura explicar fenômenos previamente conheci-dos, assim como fatos referentes à personalida-de e ao comportamento recentemente observa-dos em terapia." (Justo, 1975, p. 44).
Inicialmente, apresentou dezenove proposiçõesreferentes ao organismo e ao self . Posteriormente,acrescentou mais três proposições que, embora seuselementos já estivessem incluídos em sua obra, sódepois é que foram enfatizados. Reconheceu que aformulação das proposições restantes precisavam deuma melhor elaboração e se referiam ao interesse pelaestim a social, à necessidade de auto-estima ou consi-deração positiva de si e à atitude de valor pessoal.Considerando as proposições referentes às reaçõesdo organismo, temos: ••
Centrada no Cliente", em 1951, considerado como omais representativo deste período.
Em 19 50, no artigo Um a form ulação corrente daTerapia Centrada no Cliente", Rogers apresentou aprimeira descrição do processo terapêutico. Em 19 59,ele elaborou a Teoria da Terapia, uma descrição m aiscompleta e científica do processo, publicada no livro"Psychology: a study of a science", de S. Koch. Estateoria foi elaborada obedecendo ao paradigma positi-vista Se-Então. Considerando-a como uma teoria deordem condicional, tendo como hipóteses:
'Se são dadas certas condições (variáveis inde-pendentes), então um processo determinado (va-riável dependente) se produzirá. Se este proces-
so (variável independente) se produz, então cer-tas condições da personalidade e do comporta-mento (variáveis dependentes) se seguirão. (Ro-gers, 1975, p. 182).
UMA TEORIA DA PERSONALIDADE
Em 1951, Rogers apresentou um a teoria da per-sonalidade ordenada numa série de proposições, con-siderada como uma teoria provisória, na qual essasproposições
102
o centro".
103
proposição: "todo indivíduo vive um mundo de ex-contin ua, ••••
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Cent rada na P essoa
2A proposição: "o organismo reage ao campo per- 10 6 proposição: "os valores ligados à experiência eDiana Maria de Hoilanda Belém
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2A proposição: g g p pceptivo tal como este é experimentado e apreendido.Este campo é para o indivíduo a realidade".
3Aproposição: "o organismo reage ao seu campo fe-nomenal como um todo organizado".
C proposição: o organismo possui uma tendência debase: realizar, manter e realçara e xperiência organísmica .
56 proposição: o com portamento é fundamentalmen-te o esforço dirigido a um fim do organismo para satis-fazer as suas necessidades tal como as experimentano campo apreendido".
6A proposição: "a emoção acompanha e, em geral,
facilita o comportamento orientado para um objetivo".
7A proposição: "o melhor ãngulo para a compreen-são do comportamento é a partir do quadro de refe-rência interno do próprio indivíduo".
86 proposição: "uma parte do campo total da percep-ção vai-se diferenciando gradualmente como ser.
96- proposição: "como resultado da interação com o
ambiente e, particularmente, como resultado da avali-ação interativa clwetrtros, forma-se a estrutura do self:uma estrutura conceituai organizada, fluida, mas con-sistente de percepções das características do 'eu' oudo ̀ me', juntamente com os valores associados a es-ses conceitos".
os valores que são uma parte da e strutura do self sãoem alguns casos, valores experimentados diretamen-te pelo organismo, e, noutros casos, são valores intro-jetados ou pedidos a outros, mas capturados de umaforma distorcida, como se fossem experimentados di-
retamente .11 .6 proposição: "à medida em que as experiênciasocorrem na vida d o indivíduo, estas são simbolizadas,percebidas e organizadas em alguma relação com oself ou ignoradas por não haver nenhum a relação per-cebida com a estrutura do self, ou negadas, ou simbo-lizadas de maneira distorcida por ser a experiênciaincompatível com a estrutura do self".
12A proposição:"a maior parte das formas de com-
portamento adotadas pelo organismo são coerentescom o conceito do self".
13 6 proposição: "o comportamento pode ser provo-cado, em alguns casos, por experiências e necessida-des não simbolizadas. Tal comportamento pode estarem desacordo com a estrutura do self; em tais casosporém, o comportamento não é sentido como proprie-dade do indivíduo".
14A proposição: "existe desajustamento quando oorganismo nega reconhecer experiências significati-vas que, conseqüentemente, não são simbolizadasnem organizada s na gestalt do self. Neste caso existeuma tensão psicológica básica ou potencial".
105104
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15A proposição:existe ajustamento psicológico quan-
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
20A proposição: àmedida que se desenvolve a no-
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do o conceito do self é tal que todas as experiênciassignificativas do organismo são, ou podem ser, simbo-lizadas numa relação coerente com o conc eito do self .
16A proposição:"qualquer experiência que é perce-
bida como ameaça para o self surge como resposta àansiedade".
17A proposição:em certas condições, se houver com-pleta ausência de ameaça à estrutura do self, experi-ências incoerentes com esta estrutura podem ser per-cebidas e examinadas e a estrutura do self revisadaou corrigida a fim de incluir tais experiências".
18A proposição:quando o indivíduo apreende e acer-
ta num sistema coerente e integrado todas as suasexperiências viscerais e sensoriais, necessariamente,compreende melhor os outros e aceita-os mais comopessoas distintas".
19A proposição:"à medida que a pessoa percebe eaceita em sua auto-estrutura mais experiências, verifi-ca estar substituindo 'seu sistema atual de valores,baseado a mplamente em introjeções simbolizadas, porum contínuo processo organísmico de avaliação".
As vigésima e vigésima primeira proposições re-feriam-se ao interesse pela estima social, enquantoque a vigésima segunda referia-se à atitude de valoressoal.
qção do self, desenvolve-se igualmente o que denomi-namos de consideração positiva".
21-A- proposição:necessidade de auto-estima ou con-sideração positiva de si".
22-A proposição:"atitude de valor pessoal".
Em um segundo momento, Rogers elaborou aTeoria da Personalidade caracterizada pela organiza-ção de construtos teóricos. Adotou um referencial fe-nom enológico, tendo com o hipótese de base a crençana capacidade do indivíduo.
"O ser humano possui a capacidade, latente, se-
não manifesta, de se compreender a si mesmo ede resolver suficientemente seus problemas a fimde experimentara satisfação e a eficácia neces-sárias ao funcionamento adequado." (Justo,1975, p. 39).
Esta teoria foi construída em torno de conceitosfenomenológicos básicos, a saber:
Tendência Atualizante: É a única motivação que
Rogers considera no ser humano.
"Todo organismo é animado por uma tendênciainerente a desenvolver todas as suas potenciali-
o enriquecimento." (Rogers, 1975, p.172).
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Self - Conceito de Si m esm o:Consiste em um cons-truto fenomenológico representando a idéia central da
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vimento fluido, direto, adequado. Há um estado ded ê ê
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truto fenomenológico, representando a idéia central daTeoria da Personalidade.
"Self, idéia ou imagem de si, estrutura do self,são termos que servem para designar a configu-ração composta de percepções referindo-se aoindivíduo, às suas relações com o outro, com oambiente e a vida em geral, assim como os valo-res atribuídos a essas percepções." (Rogers,1975, p. 179).
Cam po Perceptual ou Cam po Fenomenal:Em cadaindivíduo há um campo perceptual único. Este campoperceptual ou campo fenomenal contém
"tudo que se passa no organismo em qualquermomento e que está potencialmente disponívelà consciência". (Rogers, 1975, p. 161).
Inclui eventos, percepções, sensações, dos quaisa pessoa não toma consciência. Em 1951, Rogersconsiderou o campo perceptual e afirmou que
"todo indivíduo vive um mundo contínuo de ex-periências onde ele é o centro." (Rogers, 1975,p. 159).
Congruência: Ocorre quando a experiência não seconstitui em ameaça ao self, ou seja, quando pos-so me perceber com este tipo de experiência . Arepresentação desta na consciência se dá em mo-
108
acordo entre a experiência e a consciência e entreesta e o comportamento. Este é o estado de con-gruência.
Congruência é a exata h armonia entre a experi-ência e a sua representação" (Rogers, 1961,p.282)
e,
"eventualmente, também sua expressão". (Ro-gers, 1973, p. 228).
Incongruência:Ocorre quando a experiência amea-ça a imagem de si, o self. O indivíduo utiliza defesas
cuja função é distorcer ou negar a experiência. H á umestado de desacordo entre a experiência, a consciên-cia e o cofflportamento, ou entre a consciência e ocomportamento.
"Se, porém, não houver correspondência entrea minha experiência e minha reação, encontro-me numa situação de 'incongruência', que; vema ser defasagem entre o self e a experiência.Provoca um estado de tensão e confusão. Ocomportamento neurótico é uma manifestaçãodo estado de incongruência; tal comportamentoora se conforma às exigências do self, ora àssolicitações do organismo". (Rogers, 1961, p.185).
109
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CONCEITO DE VIDA PLENA "Os indivíduos se movem através da mudança,d b ã d
Diana Maria de Ho landa Belém arl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
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Em 1956, referi do-se à Teoria da Terapia e emartigo da mesma época publicado em seu livro "Tor-
nar-se Pessoa", Rogers anunciou as primeiras consi-derações sobre o que seria uma "pessoa em plenofuncionam ento , resultando, posteriorm ente, na elabo-ração da Teoria do Funcionamento Ótimo da Perso-nalidade.
Vida Plena não consiste em redução de tensão,homeostase, satisfação, realização... No ponto de vis-ta da experiência de Rogers, "vida plena" é
"o processo do movimento numa direção que o
organismo humano seleciona quando é interior-mente livre para se mover e m qualquer direção eas características gerais dessa direção escolhi-da revelam uma certa universalidade". (Rogers,1961, p. 165).
Considerou ainda que
"a vida plena é um processo, não um estado deser: é uma direção, não um destino." (Rogers,
1961, p. 165).
Direção significa uma escolha do organismo to-tal quando há liberdade experiencial para o indivíduo
como estou começando a perceber, não de umponto fixo ou homeostase para nova fixidez, em-bora esse processo seja possível, mas de longe omais significativo ̀ continuum' é da fixidez para amudança, da estrutura rígida para a fluidez, da
gstasis' para o processo . (Rogers, 19 61, p. 131 ).Uma pessoa que esteja em funcionamento óti-
mo apresenta abertura à experiência que é uma atitu-de inversa à atitude de defesa. Funciona plenâmente-quando apresenta iránsito livre" para suas experiên,cias, isto é, não há experiência rejeitada, pois a pes-soa é ca paz de escutar-se, de estar em contato com oorganismo.
Rogers conceituou abertura à experiência como
sendo"a resposta do organismo a experiências queeram aprendidas ou antecipadas como ameaça-doras, como incongruentes com a imagem que oindivíduo fazia de si mesmo ou de si em relaçãoao mundo." (Rogers, 1961, p. 166).
Vida plena é um processo cujo m ovimento vai darigidez à fluidez, da atitude defensiva à abertura à ex-
periência. Progressivamente a pessoa amplia sua ca-pacidade de experienciar o que se passa em si.
"Há maturidade psíquica quando o indivíduo temf i w i f f w v a p r a g m f m . w v. - m i e r p -não recorre à defesa: assume a responsabilidade
de sua individualidade; assume corajosamente suasconvicções; julgademodoautônomo com base
"estando plenamente aberto às conseqüênciasd d d d i õ á di
Diana Maria de Ho landa Belém Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
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convicções; julga de modo autônomo, com baseem suas próprias e xperiências; trata os outros comoindivíduos diferentes dele mesm o; tem sentimen-tos positivos tato com relação a si mesmo comoaos outros . (Rogers, 1961, p. 191 ).
Um a outra ca racterística do processo de vida ple-na é o funcionamento existencial, que significa au-sência de rigidez e defesas, uma forma de exprimir
"a fluidez que está presente e dizer que o Eu e apersonalidade emergem da experiência, em vezde dizer que a e xperiência foi traduzida ou defor-mada para se ajustar a uma estrutura preconce-bida do Eu" (Rogers, 1961, p. 167).
A pessoa vive um organismo digno de confian-ça, que lhe possibilita um comportamento cada vezmais satisfatório em suas vivências existenciais. Con-fia em suas reações "organísmicas", isso porque pas-sa a ter acesso a todos os dados da situação.
"A pessoa que estiver completamente aberta asua experiência terá acesso a todos os dadospossíveis da situação sobre que fundará o seucomportamento" (Rogers, 1961, p. 168).
Funcionando plenamente, a pessoa seria capazde aceitar e viver todas as suas experiências recor-rendo ao organismo como o centro de suas avalia-ções, pois confia, não por ser infalível, mas porque
de cada uma dessas decisões, está em condi-ções de corrigir as que se revelam inade quadas(Rogers, 1975, p. 256).
Descobriria suas tendências sociais construtivas
e realistas, viveria no presente e reconheceria que estaforma de viver é a mais satisfatória.
"Em suma, representava um 'organismo' quefunciona plenamente, e, graças à corrente deconsciência que atravessaria livremente sua ex-periência, representaria, igualmente, uma 'pes-soa' que funciona plenamente" (Rogers, 1975,p. 265).
Concluindo, este é o modelo teórico de persona-lidade que Rogers desenvolveu tal como se depreen-deu da psicuterapia. Ele afirmou:
"Este modelo é o de uma pessoa que exerce li-vremente a plenitude de suas potencialidades deseu organismo; de uma pessoa que se comportalevando em conta a realidade, que busca a ma-nutenção e a valorização de si mesma; que ma-nifesta uma conduta social e adaptativa; um es-
pírito criador cujos atos não se deixam preverfacilmente; que não cessa de evoluir e de se de-senvolver; que se descobre a si mesma assimcomo a novidade de cada movimento" (Rogers,1975, p. 273).
112 113
Diana Maria de Ho landa Belém Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
A Psicoterapia Reflexiva, que constituiu o segun- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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p q gdo período do desenvolvimento da Psicoterapia Cen-trada no Cliente, caracterizou-se:• por uma crença na capa cidade do indivíduo de auto-
regular-se;• pela valorização das atitudes de consideração po-
sitiva incondicional, empatia e congruência vividaspelo terapeuta no momento da relação em detri-mento das técnicas;
• pela substituição da clarificação verbal pela refle-xão dos sentimentos;
• pela m udança do foco do processo terapêutico parao cliente, o que resultou na substituição da expres-são Não-Diretiva pela expressão Centrada no Cli-ente;
• o terapeuta vivenciaria o processo terapêutico"com
a totalidade do seu self" (Cury, 1987, p. 16);• pela elaboração dos conceitos de self e de campo
fenomenológico;• por pesquisas realizadas e teorias elaboradas, re-
sultado de uma prática clínica efetiva que possibili-taram um avanço na perspectiva do pensamentode Rogers.
O processo terapêutico é encarado de uma pers-pectiva quase exclusivamente fenomenológica, a par-
tir do quadro de referência interna do cliente"(Rogers,1961, p. 108).
1 4
CURY, Vera Engler (1987) Psicoterapia Centrada naPessoa: Evolução das Formulações sobre a Rela-
ção Terapeuta-Cliente. Dissertação de Mestrado.USP. São Paulo.
GONDRA, José M. Rezola (1975) La Psicoterapia deCarl R. Rogers: sus origines, evolucion y relacioncon la Psicologia Científica. Editorial Espaliola.Desclée de Brouwer. Bilbao.
JUSTO, Henrique (1975) Carl Rogers - Teoria da Per-sonalidade. Aprendizagem Centrada no Aluno. Li-vraria Santo Antonio. Porto Alegre/RS.
ROGERS, Carl R. (1961) Tornar-se Pessoa. MartinsFontes. São Paulo.
ROGERS, Cari R. (1973) Psicoterapia e Consulta Psi-cológica. Martins Fontes. São Paulo
ROGERS, Carl R. e KINGET, Marian G. (1975) Psico-terapia e Relações Humanas: Teoria e Prática daTerapia Não-Diretiva. Interlivros de Minas Gerais.Belo Horizonte.
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CAPÍTULO 6
PSWO TERAP1A EXPERFENCiAL - 1957o 3 0 Período d Psíeoterapia
Centrada no Cliente
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Em 1957, Rogers, em conferência realizada naConvenção Americana de Psicoterapia em Nova York,que foi publicada em 1958 na revista "AmericanPsychologist" e incluída no livro "Tornar -se Pessoa"em 1961, sobre o desenvolvimento de sua psicotera-pia, reconheceu que era deficiente a maneira como oprocesso terapêutico estava sendo, até então, apre-sentado.
Explicou que se estudava o processo por seusresultados ou em laboratórios,
"retirando-o de seu contexto global e dinâmico"(La Puente, 1973, p. 115)
e que deveria entender-se o processo terapêu-tico através de conceitos abstratos e tentar concei-tuá-lo como processo em movimento, como vivia otente.
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Diana Maria de Hol anda Belém
"Em uma conferência feita em 1957, Rogers tra-tou de formular os fenômenos terapêuticos em
it h l lid d
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
e compree ndido tal qual é. Este processo englo-ba várias linhas de força, a princípio separadas,
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conceitos que punham em relevo sua qualidadede movime nto em lugar de defini-lo em termos deresultados estatísticos (La Puente, 1973, p. 156).
Nesta ocasião, Rogers apontou grandes contri-
buições recebidas através de pensamentos e teorias-de outros prófissionais e entre eles citou Eugene Gen-dlin, de quem reconheceu haver recebido maior influ-ência.
O processo terapêutico passou a ser conceitua-do como um `continuam',significando um movimentoque vai da rigidez à mudança, da rigidez à fluidez doself. Em sua prática clínica, reconheceu momentosdinâmicos que consistiam em momentos em que ocor-ria uma mudança. Elaborou hipóteses provisórias, nas
quais
"as qualidades da expressão do cliente pudes-sem, em qualquer momento, indicar a sua posi-ção no contínuo, indicar onde se encontra no pro-cesso de mudança (Rogers, 1961 , p. 113).
Desanvotveu o conceito de processo terapêuticocomo umcontinuume elaborou as fases deste pro-cesso.
"Tentei esboçar em traços largos e de maneiraprovisória o desenrolar de um processo de mo-dificação da personalidade que ocorre quandoumclientesente que é bem recebido, bem-vindo
ç , p p p ,mas que se tornam cada vez m ais uma unidadeà medida que o processo se desenrola (Rogers,1961, p. 137).
No Período da Psicoterapia Experiencial , Rogersenfatizou a relação interpessoal e considerou a psico-terapia como uma psicoterapia de pessoa a pessoa,significando o caráter pessoal e subjetivo da mesma.A relação terapêutica se dava através da compreen-são do campo fenomenológico do cliente - empatia - eresidia principalmente nesta atitude do terapeuta o ele-mento facilitador da reorganização do campo percep-tuai.
Outros terapeutas que aplicavam, em sua práti-ca clínica, a Psicoterapia Centrada no Cliente, come-çaram a
"vislumbrar a eficácia curativa de uma verdadei-ra relação pessoal" (Gondra, 1975, p. 181).
"Há uma verdadeira quantidade de terapeutas -tanto centrados no clienie_como de outras orien-tações - que adotam o ponto de vista de que oprocesso da terapia pode se descrever melhor
em termos de relação emocional existente entreo cliente e o terapeuta. Creio que muito das mu-danças verbais, atitudinais e perceptuais são sim-plesmente produtos residuais de uma experiên-cia emocional básica numa relação entre doisseres humanos. Um dos argumentos em favor
120121
Diana Maria de Ho landa Belém
deste ponto de vista é que na terapia do jogo,particularmente, muitos dos processos que temosdi tid ã ó d
Carl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
"O filósofo judeu Martin Buber diz que o indiví-duo há de ser tratado como sujeito, não como
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discutidos não ocorrem ou ocorrem só de umamaneira não verbalizada e, sem dúvida, se pro-duz uma mudança construtiva. Que devemosconsiderar como essencial na psicoterapia...?(Gondra, 1975, p. 181).
O testemunho de outros terapeutas era que oessencial na psicoterapia era a vivência da relação, oque Rogers, inicialmente, não concordou, mas nãorefutou. No entanto, encontrava-se disponível para in-vestigar o "agente casual" do processo terapêutico.
Este é o ponto interessante d a terapia, que dife-re de maneira significativa das descrições anteriores.As hipóteses implícitas nesta formulação são difíceis -
embora nã o impossíveis - de pôr rigorosamente à pro-va, porém este é um modo de considerar a mudançaque se produz na terapia que não pode deixar-se delado"(Gondra, 1975, p. 182).
A psicoterapia passou a ser considerada dentro daperspectiva da relação interpessoal, mesmo Rogers nãoestando totalm ente convencido desta perspectiva, o queimplicou em um concepção existencial do processo.
Nesta época, foram estabelecidos contatos com
a Filosofia Existencial e, em conferência proferida porRogers, já em 1950, na "American Psychological As-sociation , apresentava indícios de reformulação. Fezalusão a Martin Buber e a suair itur pessoal. Afirmou: tiva.
- a- •
objeto; que as relações humanas são relaçõesde sujeito a sujeito; mais que de sujeito e ob jeto;que cada pessoa é um T u, não um Ele. Comou-tras palavras, cada indivíduo tem valor e signifi-cação, e deveria ser tratado como um fim em simesmo. A idéia central, então, não é nova para oterapeuta centrado no cliente (Gondra, 1975, p.183).
Com esta referência, verifica-se não apenas oconhecim ento da filosofia de Buber, como tam bém umreconhecimento de Rogers de possível relação exis-tente na sua concepção da relação terapêutica com aperspectiva existencial de Buber.
Quanto à Filosofia, Rogers afirmou não ser umespecialista, mas que simpatizava com algumas idéi-as de Kierkegaard e de Martin Buber. Gondra acredi-tava e afirmou que
"estes autores impressionavam vivamente Ro-gers e o fizeram refletir sobre suas experiênciasda terapia. Inclusive podia dizer-se que o con-verteram em existencialista" (Gondra, 1975, p.184).
Em 1951, em seus escritos subjetivos e pesso-ais, nos quais podia-se identificar claramente a influ-ência de Kierkegaard, Rogers apresentou uma con-
etiva.
122
Diana Maria de Ho landa Belém
Em 1952, publicou um artigo na revista "Scienti-fic American", apresentando uma nova visão da psi-
i M hi ó d b d fi
Carl Rogers: do Diagnóstico à Abordagern Centrada na Pessoa
meus, muito intenso e esperar que o manejo des-te sentimento meu pelo cliente será uma parte
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coterapia. Manteve a hipótese de base da confiançana capacidade do indivíduo e apresentou uma outrahipótese do valor da relação no processo terapêutico.Nessa ocasião, Rogers afirmou:
APsicoterapia Centrada no Cliente está monta-da sobre duas hipóteses centrais: 1) o indivíduotem dentro de si a capacidade, ao menos laten-te, de compreender os fatores de sua vida que ofazem ser angustiado e lhe causam dor e de re-organizar-se de tal modo que logo supere taisfatores; 2) estas forças chegarão a ser eficazesse o terapeuta puder estabelecer uma relaçãosuficientemente compreensiva, aceitativa e ver-dadeira" (Gondra, 1975, p. 184).
Ainda em 1952, a relação terapêutica passou aatender aos princípios existencialistas e Rogers assu-miu uma visão existencial da psicoterapia que passoua ser concebida com o um encontro interpessoal . Comisso, houve toda uma reformulação nos aspectos con-siderados essenciais no processo terapêutico. A rela-ção terapêutica supõe a participação plena da pessoado terapeuta.
Rogers passou a considerar que o terapeuta po-
dia se comprometer como um a pessoa na relação. D euseu testemunho quando afirmou:
"como terapeuta, posso permitir que entre na re-lação terapêutica um sentimento ou emoção
124
te sentimento meu pelo cliente será uma parteimportante do processo terapêutico, para ele"(Rogers, 1974, p. 147).
N este mom ento, a psicoterapia passou a ser ca-
racterizada por uma relação interpessoal, na qual oterapeuta passaria a viver existencialmente a relação,deixando de ser um elemento de compreensão.
"Há de entrar na relação com todo o organismo,não só seu intelecto e com suas técnicas" (Gon-dra, 1975, p. 187).
Com a adoção da perspectiva existencialista nopensamento de Rogers, há mudanças nas condições
terapêuticas consideradas, até então, com a inclusãoda "autenticidade" ou "congruência" do terapeuta eabandono do aspecto intelectual, considerado nosperíodos anteriores, resultando na
"exclusão total das técnicas e conhecimentos ci-entíficos na hora de postular as condições ne-cessárias e suficientes na relação terapêutica"(Gondra, 1975, p. 191).
Em 1954, Rogers fez breves referências sobrea autenticidade ou congruência do terapeuta. Pos-teriormente, em 1956, considerou a autenticidadecomo a condição mais importante e, como conse-qüência,
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Diana Maria de Ho landa Belém
"libera a relação terapêutica das técnicas e de-mais artifícios intelectuais (...) nem as técnicas
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
a terapia com êx'ito no cliente (..) quanto mais sejapercebido o terapeuta, pelo cliente, como genuí-
d d d ã á i id
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h
mais artifícios intelectuais (...) nem as técnicasnem os conhecimentos intelectuais entram a fa-zer parte das condições de uma relação de aju-da. O que conta é a pessoa do terapeuta" (Gon-dra, 1975, p. 191 .
Sabe-se que a vivência do processo terapêuticopossibilita a mudança da personalidade e para queisso ocorra, Rogers (1961) enumerou as condições queconsiderava necessárias queexistam e persistam du-rante o processo:• terapeuta e cliente devem entrar em contato psico-
lógico;• que o terapeuta seja congruente na relação e ex-
perimente uma consideração positiva incondicio-
nal p elo cliente;• que o terapeuta experimente uma compreensãoem pática do m arco interno de referência do clientee o comunique;
• o cliente deve apresentar um estado de incongruên-cia, estar vulnerável ou sentir-se angustiado.
Em 1959 , Rogers elaborou a sistem atização des-tas condições. A Teoria da Terap ia, anteriormente cons-truída, é aplicada, incluindo a autenticidade do tera-peuta, embora, desde 1954, já era considerada im-
portante. A nível de processo terapêutico, a h ipótesede base pa ssou a considerar que
dada um a relação entre terapeuta e cliente, po-s emparia e consi-
deração positiva incondicional para o cliente é igual
no, dotado de compreensão empática e conside-ração positiva incondicional para com ele, tantomaior será o grau de mudança construtiva da per-sonalidade do cliente (Gondra, 1975, p. 19 6).
A Psicoterapia Centrada no Cliente foi utilizadadurante muitos anos em pessoas "normais" ou "neu-róticas". Snyder considerou que esta psicoterapia sóteria êxito em pessoas neuróticas não m uito a lteradas
"e cuja maior utilidade reside no atendimento depessoas normais e com leves problemas de tipopsicológico. A psicose e as neuroses mais gra-ves não estariam em seu campo de ação e sereservariam para outro tipo de tratamento mais
profundo" (Gondra, 1975, p. 198).
Sabe-se que Rogers prestava atendimento a cri-anças, pacientes ambulatoriais sem maiores compro-metimentos estruturais, neuróticos inadaptados oupsicóticos não hospitalizados e pessoas com proble-mas de relacionamento. Entre 1947 e 1949, Rogersatendeu uma paciente psicótica profundamente per-turbada, considerada como portadora de esquizofre-nia. Não conseguiu êxito e a paciente desenvolveu umsurto esquizofrênico. Sentiu-se derrotado, entrou emdepressão e tinha a consciência de um grande fracas-so profissional. Precisou submeter-se a psicoterapia.
Em Wisconsin, em 1957, retomou suas experi-dentro daptirspGetivaacis, ___
tencial. Afirmou:
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demos urzer.
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Diana Maria de Ho landa Belém
"com freqüência se tem reconhecido que paratrabalhar com indivíduos psicóticos, o terapeutat t d t
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O PROCESSO TERAPÊUTICO
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tem que estar seguro, deve ser uma pessoa to-talmente individualizada, consciente do seu ca-ráter pessoal distinto do cliente, de modo que nãotermine por ser absorvido pelos potentes senti-mentos de seus clientes (Gondra, 1975, p. 199 ).
Com esta afirmação, Rogers superou a experi-ência do fracasso, vivida em 1949. Passou a conside-rar a psicoterapia como sendo adequada a qualquertipo de cliente. Reconheceu que tinha uns mais difí-ceis que outros.
Em cada um dos grupos que temos trabalhado, aTerapia Centrada no Cliente tem alcançado um êxitonotável com alguns indivíduos; com outros, o re-sultado tem sido negativo (..) Porém, em geral,nossa experiência não nos permite dizer que a Te-rapia Centrada no C liente é aplicada a ce rtos gru-pos e não a outros. Não se obtém nenhuma vanta-gem ao tentar estabelecer limites dogmáticos parao uso da terapia (..) A consideração destes ele-mentos nos leva à conclusão de que a TerapiaCentrada no Cliente tem uma aplicabilidade muitoampla; que, em certo sentido, é aplicável a todasas pessoas. U ma atmosfera de aceitação e respei-to, de profunda compreensão é um bom clima parao desenvolvimento pessoal, e como tal, se aplica anossas crianças, colegas, alunos, assim como aosnossos clientes, sejam e stes 'normais, neuróticosou psicóticos (Gondra, 197 5, p. 20).
128
Em 1961, Rogers referiu-se à psicoterapia comoprocesso de mudança e elaborou as fases do proces-
so enquanto "continuam" terapêutico que partiria darigidez até a fluidez. Caracterizou este processo emsete fases:
Primeira Fase:• Recusa da comunicação pessoal;• comunicação apenas sobre assuntos exteriores;• os sentimentos e opiniões pessoais não são apre-
endidos nem reconhecidos como tais;• as construções pessoais são extremamente rígi-
das;• as relações íntimas e pessoais são consideradascomo perigosas;
• nenhum problema pessoal é reconhecido ou cap-tado;
• não existe desejo de mudança;• existem bloqueios na comunicação interna.
Segunda Fase:
• A expressão começa a ser m ais fluente em relaçãoa tópicos pessoais;• os problemas são captados como exteriores ao
próprio indivíduo;• não existe sentimento de responsabilidade pesso-
al em relação aos seus problemas;
129
Diana Maria de Holan da Belém
• os sentimentos são descritos como não possuídosou, às vezes, como objetos passados;
i d i i d ã
Cari Rogers do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
reconhecidas como construções e não como fatosexteriores;
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L 4
• os sentim entos podem ser exteriorizados, m as nãosão reconhecidos como ta is, nem a tribuídos ao pró-prio indivíduo;
• a experiência está organizada segundo a estruturado passado;
• as contribuições pessoais são rígidas, não reco-nhecidas como construções, ma s concebidas com ofatos;
• a diferenciação das opiniões pessoais e dos senti-mentos é muito limitada e global;
• as contradições podem ser expressas, mas comum pequeno reconhecimento delas enquanto con-tradições.
Terceira Fase:• H á um fluir ma is livre das expressões sobre si com o
objeto;• há uma expressão das experiências pessoais como
se tratassem de objetos;• há uma expressão de si mesmo como de um obje-
to refletido, que existisse prim ariam ente nos outros;• exprime e descreve os sentimentos e opiniões que
não são tão atuais;• há uma aceitação reduzida dos sentimentos;• os sentimentos são revelados como qualquer coi-
sa de vergonhoso, de mau, de anormal ou sob qual-quer outra forma de não aceitação, não sendo re-conhecidos como tais;
• as construções pessoais são rígidas e podem ser
• a diferenciação dos sentimentos e das opiniões émais nítida, menos global do que nas fases prece-dentes;
• há um reconhecimento das contradições da expe-riência e as opções pessoais são muitas vezes re-conhecidas como ineficazes.
Quarta Fase:• cliente descreve sentimentos mais intensos, que
são descritos como objetos, no presente;• há uma tendência para experimentar sentimentos
no presente imediato com uma certa desconfiançae medo diante da possibilidade;
• há pouca abertura à aceitação dos sentimentos,embora já se manifeste alguma aceitação;
• a experiência está menos determinada pela estru-tura do passado;
• ocorrem algumas descobertas sobre as constru-ções pessoais;
• há uma maior diferenciação dos sentimentos, dassignificações pessoais com certa tendência paraencontrar uma simbolização correta;
• dá-se uma apreensão das contradições e das in-congruências entre a experiência e o self;
•o indivíduo toma consciência de sua responsabili-dade perante seus problemas pessoais com algu-m a h esitação e, embora a relação com o terapeutalhe pareça ainda perigosa, o cliente aceita o riscoa e um ce o grau e.
130 131
Sexta Fase:• O sentimento que antes estava "bloqueado" é ex-
Carl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoaiana Maria de Holanda Belém
Quinta Fase:Os sentimentos são expressos livremente como sefosseme perimentadosnopresente;
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perimentado de um modo imediato;• o sentimento corre para o seu fim pleno;• o sentimento presente é diretamente experimen-
tado com toda a sua riqueza num plano imedia-
to;• a experiência é vivida subjetivamente e não comoobjeto de um sentimento;
• o Eu como objeto tende a desaparecer;• a experiência reveste a qualidade de um processo
real;• a comunicação interior é livre e relativamente blo-
queada;• a incongruência entre a experiência e a consciên-
cia é vivamente experim entada no próprio m om en-
to em que é descoberta no interior de um a congru-ência;• o momento da experiência integrai torna-se uma
referência clara e definida;• não há problemas exteriores ou interiores, o clien-
te está a viver subjetivamente um a fa se do seu pro-blema, este não é um objeto.
Sétima Fase:•
São experimentados novos sentimentos com umcaráter de im ediatidade e com uma riqueza de por-menores, tanto na relação terapêutica, como foradela;
• a experiência dos sentim entos é utilizada como umclaro ponto de referência;
133
fossem experimentados no presente;os sentimentos estão prestes a ser plenamenteexperimentados;
• principia a despontar uma tendência para perce-ber que a experiência de um sentimento envolveuma referência direta;
• há surpresa e receio quando os sentim entos emer-gem à superfície;há, cada vez mais, uma chamada a si dos própriossentimentos e o desejo de vivê-los, de ser o "ver-dadeiro Eu ;a experiência é mais maleável e ocorre freqüente-mente com um ligeiro atraso;
• há descobertas originais das construções pesso-ais como construções e uma análise e discussãocrítica destas;
• há uma tendência forte e evidente para o rigor nadiferenciação dos sentimentos e significações;
• o indivíduo aceita, cada vez mais, enfrentar suaspróprias contradições e incongruências na experi-ência;
• aceita cada vez com maior facilidade a sua pró-pria responsabilidade perante os problemas quetem de enfrentar, e sente-se cada vez mais afeta-do pelo comportamento que, perante eles, mani-festou;
• o diálogo interior torna-se mais livre;• melhora a comunicação interna e reduz-se o seu
bloqueio.
132
Diana Maria de Hol anda Belém
• há um sentido crescente e continuado de aceita-ção pessoal desses sentimentos em mudança e
f ól d ó l ã
•
•••••Carl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
Em 1967, Rogers expõe os resultados de suasinvestigações com esquizofrênicos, relatando que
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teração se efetivava (Cury, 1987 , p. 18).
uma confiança sólida na sua própria evolução;a experiência torna-se processual, ou seja, a situa-ção é experim entada e interpretada na sua novida-de e não como passado;o Eu torna-se a consciência subjetiva e reflexivadas experiências;
• a comunicação interior é clara, com sentimentos esímbolos bem delimitados;
• há a experiência de uma efetiva escolha de novasmaneiras de ser.
Em 1961 , Rogers publicou o livro Tornar-se Pes-soa", que caracterizou o terceiro período de sua psi-coterapia.
Eugene Gendlin, em 1963, trabalhando com pa-cientes extremos, observou que a relação terapêuticadeveria
ser pessoal e expressiva - um processo sub-ver-bal, concretamente vivenciado" (Cury, 1987, p.18).
Significava que os terapeutas
`trazendo à tona seus próprios sentimentos ao estardiante do outro (...) perceberam que, em alguns ca-sos, esta participação ativa de sua subjetividade pro-vocou alterações no cliente, estimulando-o a trazer
••e
•e••••••••••••e••••e•••
"o valor deste programa de investigação não re-side no fato de que se confirmasse de m odo sur-preendente ou brilhante nossas opiniões e pre-
dições iniciais" (Gondra, 1975, p. 203).Reconheceu a grande sensibilidade dos psicóti-
cos e que a compreensão empática não é tão neces-sária como na terapia com neuróticos. Confirmou anecessidade de considerar-se a terapia nas atitudesdo terapeuta, não enfatizando as técnicas e o conhe-cimento.
"Segundo os rogerianos, a terapia com esquizo-
frênicos impulsionou notavelmente a concepçãoexistencial da mesma (Gondra, 1975, p. 205).
Nesta experiência, confirmou-se a importância da"interpessoalidade" na relação terapêutica.
Em 1967, foi publicado "The Therapeutic Relati-onship and its Impact", que caracterizou a evoluçãoda Terapia C entrada no C liente, quando tratou da sub-jetividade do terapeuta.
Ca racterizada a fase experiencial, Hart, em 1970,
apontou como foco do processo as formas de experi-enciação.Experienciação, no conceito de Gendlin (1970),
significou que a experiência é considerada como um
tituindo
135
"a matéria básica dos fenômenos psicológicos eda personalidade (Ge' ndlin, 197 0). sobre os fatores que incidem na relação a dois
(1993),
Diana Maria de Holanda BelémCari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
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Rogers desenvolveu a atividade clínica comopsicoterapeuta individual até a década de setenta,quando passou a interessar-se por traba lhos com gru-pos, concentrando-se
"mais no campo das aplicações sociais da Abor-dagem C entrada na Pessoa, abandonando, gra-dativamente, a prática da psicoterapia individu-al. A Psicoterapia Centrada no Cliente, em seuperíodo experiencial, caracterizou-se como umencontro autenticamente 'pessoal' e que o maisvalioso dela não se constitui na técnica e sim naarte, na autenticidade e sinceridade do terapeu-ta (Gondra, 197 5, p. 208).
Tornou-se um encontro hum ano.
O QUARTO PERÍODO DA PSICOTERAPIACENTRADA NO CLIENTE
Em 1993, Cury apresenta a sugestão para sedenominar a Psicoterapia Centrada no Cliente de Psi-coterapia Centrada na Pessoa a partir de sua compre-ensão
que em bora já estivessem presentes na relaçãoterapêutica, ainda não tinha m sido identificados. Levaem consideração a reformulação teórica que privilegia
"a análise da relação intersubjetiva que se de-senvolve entre o terapeuta e seu cliente a servi-ço do cliente" (Cury, 1993, p. 245).
Considera, nessa reformulação:• processo terapêutico como um fluxo experiencial
entre o terapeuta e o cliente na relação intersubje-tiva com a intenção clara para beneficiar o cliente;
• as condições facilitadoras são reconhecidas como"necessárias e suficientes", quando diz dos refe-renciais do terapeuta e do cliente, embora o tera-peuta, como parte de sua função, esteja mais aptoa vivenciar estas condições;
• os aspectos culturais são tidos como fatores de-terminantes na estrutura do setting terapêutico,como também na possibilitação da relação inter-subjetiva;
• a experienciação do cliente é mais importante queseus conteúdos emocionais no processo de suaaprendizagem significativa;
• a com preensão empática é considerada com o con-dição essencial na relação intersubjetiva;
• a "renúncia", por parte de terapeuta, ao papel deespecialista e autoridade constitui-se em uma pré-condição para o desenvolvimento do processo;
136137
Carl Ro_gers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
bre o relacionamento humano na coletividade_ consi ,
dera a preocupação de Rogers com o futuro da hum a-nidade quandoabrange outras áreas da ciência
Diana Maria de Ho landa Belém
• a psicoterapia é vista como um tipo de relação,complexa, com objetivos definidos, não podendo
t did t é d áli i l d d
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nidade, quando abrange outras áreas da ciência.
• Nas suas últimas obras,.Rogers empreende umadiscussão que ultrapassa o simples cientificismotradicional e parte para uma interdisciplinaridadeonde coexistem conceitos de Fisica e Q uímica, ede outras áreas da ciência': (Holanda, 1994, p. 13).
Utilizando-se da terminologia buberiana sugerea denominação de Fase Interhumana.
Apesar das indicações apontarem para amplia-ções do próprio desenvolvimento da Psicoterapia Cen-trada no Cliente, no momento são apenas especula-ções.
ser entendida através de uma análise isolada deseus elementos.É processual.
Cury (1993) não sugere uma nova teoria para a
Psicoterapia Centrada no Cliente. Considera que aspropostas de mudança referem-se mais
"às formas de conceituar o processo terapêuticoe a relação terapeuta-cliente, do que propriamen-te à prática da psicoterapia. Concluímos que aintuição básica de Rogers como psicoterapeutacontinua eficaz, embora não tenha encontradoainda uma elaboração teórica que a legitime e,acima de tudo, que possibilite uma formação mais
adequada d o psicoterapeuta centrado na pessoa(Cury, 1993, p. 248).
Este quarto período compreenderia de 1970 a1987 e sugere a denominação de Psicoterapia Cen-trada na Pessoa.
Moreira (1993) propõe uma nova estruturaçãopara as fases:• Fase Não-Diretiva (1940-1950);• Fase Reflexiva (1950-1957);
• Fase Experiencial (1957-1970);• Fase Coletiva (1970-1985).
Para Holanda (1994), este quarto período com-preeride Rogers às atividades de grupo e às questões so-
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Diana Maria de Ho landa Belém
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ENSINO CENTRADO NO ALUNO:Uma aprendizagem significativa
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Cari Rogers utilizou-se da "não-diretividade" emeducação, pela primeira vez, em uma atividade deensino, quando de sua estada, em 1924, no "Union
Theological Seminary", em Nova York. Ele conseguiuautorização para que os estudantes organizassem gru-pos de trabalho, nos quais os próprios estudantes ela-borassem seu programa de estudo, sem interferênciade professores.
Em 1945, na Universidade de Chicago, foi fiel àsua hipótese de que não se podia ensinar nada direta-mente, só se podia facilitar o processo de aprendiza-gem. Começou a aplicar os princípios de sua psicote-rapia, em sala de aula. Trabalhou com pequenos gru-
pos, desenvolveu um clima de liberdade, suscitandointeresse dos alunos.N a U niversidade de W isconsin, em 1957, desen-
volveu mais "rigidamente" um trabalho centrado noaluno, o que he edubou g' andes dificuldades com o
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Departamento de Psicologia no que diz respeito à for-ma de se trabalhar com os alunos.
Se a base mais eficaz para facilitar a aprendiza-gem designada como terapia, não poderá serbase para a a prendizagem designada como edu-
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"Gosto de viver e deixar que os outros vivam,mas quando não permitem que meus alunos vi-vam, esta experiência se torna pouco satisfató-ria" (Rogers, 1970, p. 52).
Sobre este episódio, Fadiman comentou:
"a crescente indignação de Rogers é captada noartigo 'Pressupostos Correntes sobre a Educa-ção Universitária: uma exposição apaixonada",
cuja publicação no "The American Psychologist"foi proibida, o que não impediu sua distribuição paraos estudantes graduados.
Considerando que a crença na capacidade doindivíduo e m autodeterminar-seseria um aspecto ope-racional da própria personalidade, Rogers entendeuque o indivíduo que confiasse nesta hipótese possui-ria a tendência inevitável de conduzi-la a todas as ou-tras atividades e estaria presente em suas relações.Essa crença levou Rogers a questionar sobre a utili-zação das condições facilitadoras no processo de en-sino-aprendizagem.
"Se, em terapia, é possível confiar na capacida-de do paciente para lidar de uma forma constru-tiva com a situação vital, e se o objetivo do tera-peuta é libertar essa capacidade, porque nãoaplicar esta hipótese e este método no ensino?
p p g gcação? Se o resultado desta perspectiva sobresi mesma, mas mais capaz de orientar inteligen-temente em novas situações, poderá esperar-seum resultado semelhante no campo educativo?"(Rogers, 1961, p. 377).
Como conseqüência, um grupo de profissionaisligados à educação começou a utilizar, com adapta-ções, a hipótese de base da teoria de Rogers, no cam-po da educação. Como o momento era de experimen-tações, ocorreram fracassos, dúvidas e êxitos em de-terminados momentos. Devido à própria metodologia,foram necessárias novas investigações. Era uma ex-periência revolucionária.
Nathaniel Cantor, sociólogo e professor, desen-volveu experiências semelhantes às de Rogers, ten-do como inspiração as teorias de Rank. Concluiuque
o professor deve preocupar-se fundamentalmen-te em compreender e não em julgar o aluno. Oprofessor tocará o processo pedagógico na im-portância dos problemas e das maneiras de sen-tir do aluno e não nos seus próprios problemas.O ma is importante de tudo é que o professor com-preenda que o esforço construtivo deve partir dasforças positivas e ativas do aluno (Cantor, 19 46,pp. 83-84).
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Diana Maria de Holanda BelémCarl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
Na conferência proferida na Universidade de Har-vard, em 1 967, quando confessou a sua descrença so-bre os resultados do ensino, Rogers anunciou a suadescoberta dequenãosepodiaensinar outra pessoa
e a percepção do aluno das condições do profes-sor. Não é só necessário o professor apresentarestas condições, mas o aluno precisa apreendê-
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descoberta de que não se podia ensinar outra pessoaa a prender e o seu desinteresse em ser professor, es-tava im plícito o ponto de vista fenom enológico e a h ipó-tese de base que perpassa toda a sua teoria.
Para Rogers, o processo educacional deveriatornar-se um processo de mudança, pois acreditavaque o único homem educado é o homem que apren-deu a aprender.
Apresentou as qualidades atitudinais que facili-tariam a a prendizagem. Pa ra que o processo de apren-dizagem ocorra, o professor/facilitador deve apresen-tar atitudes que devem estar presentes na relação in-terpessoal com o aprendiz. Nelas residem a facilita-ção da aprendizagem significativa.
Considerou como atitudes essenciais:• a genuinidade, que consistia no professor ser uma"pessoa real", estar o mais que puder no centro dareferência interna e se sentir livre para comunicaraos alunos;
• a aceitação incondicional do outro, significando a
"aceitação do outro como uma pessoa separadae como merecedora da plena oportunidade debuscar, experimentar e descobrir aquilo que é
engrandecedor do Eu" (Milhollan, 1972, p. 179);
• a compreensão empática, que se caracteriza pelaapreensão do outro a partir do centro interno dereferência deste;
las, percebê-las.
ELEMENTOS DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Todo processo de aprendizagem envolve o a pren-diz e o professor. Para exercer a função de professor/facilitador em uma aprendizagem significativa, o indi-víduo deve ser seguro interiormente e em suas rela-ções pessoais de modo a confiar na capacidade doaluno para pensar, sentir e realizar o seu próprio pro-cesso de aprendizagem.
O proíessorgacilitador compartilha com os es-tudantes a responsabilidade pelo processo de apren-dizagem, ou seja, as decisões sobre o que aprender,sobre o planejamento do currículo, tipo de adminis-tração, finanças, política etc. A responsabilidade édividida.
O facilitador, com suas experiências, se põe di-ante do grupo como um recurso a mais para a apren-dizagem dos alunos, e estes, em grupo, desenvol-vem seus programas através de seus próprios inte-resses, responsabilizando-se pelas conseqüências daescolha.
Na educação tradicional, o sistema de avalia-ção do aluno pelo professor é condição "sine qua
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Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na PessoaDiana Maria de Holanda Belém
non". Como se faria esta atividade no ensino cen-trado? Rogers defende a avaliação como sendo peçado processo de aprendizagem. No ensino centrado
A TEORIA DA APRENDIZAGEM
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p p gela deve ocorrer e ele chamou a atenção para a co-erência entre ensino centrado e sua hipótese debase.
"Se os objetivos do aluno e do grupo são onúcleo organizador do curso e se a função doprofessor é facilitar essa aprendizagem, quemtem de dizer se o aluno fez o máximo que po-dia? Que pontos fracos ou lacunas existem noque aprendeu? Qual a qualidade da sua ma-neira de pensar quando enfrentava os proble-mas suscitados pelos seus próprios objetivos?A pessoa mais competente para realizar essa
tarefa é o aprendiz que fez a experiência dosobjetivos que observou intimamente, que fezos esforços para atingi-los - o aluno que es-teve no centro do processo" (Rogers, 1974, p.405).
Este enfoque é revolucionário e Rogers reco-nheceu uma das grandes dificuldades que o profes-sor que trabalha dentro de um quadro institucionalcujo objetivo é a avaliação pontuada e realizada pelo
professor. É um problema. É um problema que Ro-gers acredita que junto com o grupo encontrará so-lução.
A Teoria da Aprendizagem está implícita na Teo-ria da Terapia.
Em sua experiência de terapeuta, Rogers des-cobriu o mecanismo de toda aprendizagem, quer sejaterapêutica ou escolar.
Propôs uma Teoria da Aprendizagem, inicialmen-te, em termos de princípios ou hipóteses, publicadano "Terapia Centrada no Cliente", em 1952, para emseguida, no livro "Liberdade para Aprender" (1973),enumerar, de forma sistemática, dez princípios bási-cos constituindo assim a Teoria da Aprendizagem:• todos os seres humanos têm natural potencialida-
de para aprender;• A aprendizagem significativa ocorre quando o alu-
no percebe a relevância da matéria de estudo paraseus objetivos:
• A aprendizagem que implica uma mudança de or-ganização do self - na percepção de si mesmo - éameaçadora e tende a provocar resistências;
• As aprendizagens ameaçadoras do self são maisfacilmente percebidas e assimiladas quando asameaças externas forem reduzidas ao grau míni-mo;
• Se a ameaça ao self for frágil, a experiência podeser percebida de modo diferenciado, possibilitan-do ocorrência de aprendizagem;
• A n t a1it rrl i7agri ln Irr P
quirida na prática;
151
• A aprendizagem é facilitada quando o aluno parti-cipa responsavelmente no processo;
• A aprendizagem voluntária que envolve sensibili-dade e inteligência é mais duradoura;
nhecimento tem uma dimensão experiencial e o sig-nificado
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dade e inteligência é mais duradoura;• Independência, criat ividade e autoconfiança são
facilitadas quando a autocrítica e a auto-avaliaçãosão básicas, passando a avaliação dos outros a
um segundo plano;• A aprendizagem socialmente mais útil no mundo
moderno é a do processo de aprender, uma aber-tura contínua à experiência, uma incorporação doprocesso de mudança.
Se nossa cultura sobreviver, será devido ao fatode termos sido capazes de desenvolver indivídu-os para os quais a mudança é o elemento centralda existência, podendo viver satisfatoriamente com
este dado fundamental (Rogers, 197 3, p. 163).
O ENSINO CENTRADO NO ALUNO
O Ensino Centrado no Aluno considera que aaprendizagem significativa ocorre a partir do proces-
so de experienciação.Esta nova conceituação deve-se a Gendlin e
diz da referência direta do Ensino Centrado no Alu-no com a Psicoterapia Experiencial , o terceiro mo-mento da Psicoterapia Centrada no Cliente. O co-
152
"é abordado como o resultado de uma interaçãoentre a experiência e os símbolos" (La Puente,1978, p. 27).
Rogers acreditou que o ensino Centrado no Alu-no, por seu caráter inovador, hum anista, vivencial, seráo ensino do futuro. Ele afirmou que
"ultrapassamos a linha divisória das águas (..)encontramos um fluxo crescente em direção auma educação mais saudável para os homens"(Rogers, 1983, p. 93).
Reconheceu que apesar desta forma de apren-dizagem estar se desenvolvendo, ainda não é o tipode educação predominante. O aspecto político nestaaprendizagem reside no modo pelo qual as decisõessão tomadas. Coerente com a sua hipótese de basede que o homem é possuidor de forças de crescimen-to, auto-avaliação e autocorreção, digno de confiança
em quem d eve estar centrado o processo de aju-da, sendo a única tarefa do professor e da insti-tuição de ensino facilitar a aprendizagem do alu-no, criando condições favoráveis que liberem asua capacidade de aprender, pois a educação,em resumo, deve ser centrada no estudante, emlugar de ser centrada no professor ou no ensino(La Puente, 1978, p. 23).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPÍTULO 8•
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ABORDAGEMCENTRADA NA PESSOA:Psicoterapia de Grupo, Grupos de
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e Comunidades•••
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O trabalho com grupos na ABORDAGEM CEN-TRADA NA PESSOA foi desenvolvido, inicialmente,por Rogers, que, como professor em Chicago, viu sur-gir a necessidade de desenvolver um trabalho comretornados da guerra. Como haviam poucos terapeu-tas e começando a perceber a flexibilidade de sua hi-pótese de base para utilização em outras áreas, Ro-gers reuniu de 10 a 15 pessoas e aplicou, neste pri-meiro momento, as condições facilitadoras utilizadasna psicoterapia individual nesse trabalho com grupo.Começou a treinar pessoal de nível médio como tera-peutas por conta da situação emergencial. Não tendouma formulação específica para grupos, passou a uti-lizar neste tipo de atendimento suas experiências comclientes individuais. Desenvolveu o que se chamou dePsicoterapia de Grupo.
A proposta era utilizar as condições básicas dapsicoterapia individual nos grupos. O grupo se reunia
157
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoaiana Maria de liol anda Belém
e o psicoteraPeuta manifestava as "condições facilita-doras" - consideração empática, aceitação positiva in-condicional e congruência.
Com a aplicação dos preceitos da Teoria da Te-
individual estão aplicadas unicamente a duaspessoas, ao passo que na terapia de grupo en-tram em interação cinco, seis ou sete pessoasno processo terapêutico Esta multiplicação do
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.n1 •ae. •
p ç prapia em outras áreas, além da psicoterapia, surgiu aAbordagem Centrada no Cliente - denominação dadapor seu criador.
Em 1970, essa denominação é substituída porAbordagem Centrada na Pessoa, referindo-se à ati-tude do terapeuta em relação à pessoa. Não há paci-entes, não há clientes. Há uma pessoa inteira.
GRUPO E PSICOTERAPIA
No desenvolvimento do trabalho com grupos,começaram a emergir diferenças quando da aplica-ção das condições facilitadoras utilizadas na psicote-rapia individual.
Hobbs (1951), referindo-se à Psicoterapia Cen-trada no Grupo, explica que
"a terapia de grupo é semelhante à terapia indi-vidual em alguns aspectos importantes, porém énitidamente diferente em outros. As semelhan-ças surgem do objetivo comum e de uma mes-ma concepção sobre a natureza da personalida-
provocadas por um fato importante: na terapia
158
no processo terapêutico. Esta multiplicação donúmero de participantes significa muito mais doque uma simples extensão da terapia individuala várias pessoas ao mesmo tempo: suscita umaexperiência qualitativamente diferente com po-tencialidades terapêuticas específicas" (Cury,1993, pp. 59-60).
D ando continuidade a esse trabalho com grupos,Rogers começou a utilizar esse processo em "gruposde verão para treinar terapeutas, objetivando um cres-cimento pessoal e o desenvolvimento das relaçõesinterpessoais.
O Encontro de Pequenos Grupos, não mais aPsicoterapia de Grupos, reunia de dez a quinze pes-soas "por cerca de vinte horas". O número de partici-pantes foi ampliando-se a mais de cem pessoas, au-mentando-se também o tempo de duração da terapia.
O terapeuta renunciou ao papel de especialistae passou a ser denom inado de facilitado r , significan-do a interação entre os membros do grupo. Os ele-mentos do grupo também podiam funcionar como fa-cilitadores. O terapeuta entregava-se ao seu experi-enciar seguindo o fluxo do grupo.
O processo do grupo passou a ser mais confiá-vel que qualquer teoria e os sentimentos passaram aser valorizados. Passa-se a ter uma crença nos pro-
mun r~egertywe rtni . : 1 3mah. if. .~ 141•111 1MGCL NNISIftliel•
sidir no encontro afetivo entre pessoas, no momento
159
4
•••
Diana Maria de Holanda Belém arl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
imediato. O terapeuta se configurou como parte doprocesso em fluxo, sem no entanto deixar de reco-nhecer-se como elemento institucional, portanto, dife-renciado. Rogers (1980), referindo-se à terapia de
cruzam no conjunto. Algumas destas correntesou tendências costumam revelar-se cedo, outrasmais tarde, nas sessões de grupo, porém não háuma seqüência perfeitamente definida na qual
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renciado. Rogers (1980), referindo se à terapia deGrupos e Grupos de Encontro, afirmou que
"embora algumas pessoas se reunissem porque
necessitavam de ajuda para problemas emocio-nais severos (terapia de grupo), e outras vies-sem buscando uma experiência enriquecedora(grupos de encontro), o processo grupai era ba-sicamente o mesmo em termos gerais" (Cury,1993, p. 74).
Considerava o líder de grupo como facilitador edeu ênfase ao clima de
"segurança psicológica no qual a liberdade deexperiência e a redução das diferenças ocorremgradualmente" (Rogers. 1970, p. 29).
Emerge a necessidade de se possibilitar a libe-ração do "potencial terapêutico do grupo", tendo emvista que a Psicoterapia de Grupo não é psicoterapiaindividual.
N a elabora ção sobre o processo que ocorria nosGrupos de Encontro, Rogers afirma:
"Quando considero as interações extremamentecomplexas que surgem no decorrer de vinte, qua-renta, sessenta ou mais horas de sessões inten-sivas, creio descobrir certas linhas que se entre-
uma seqüência perfeitamente definida na qualtermina uma e com eça outra. Imagina-se melhora interação, creio, como um a rica e variada tape-çaria, diferindo de grupo para grupo, emb ora comcertas espécies de tendências evidentes na m ai-or parte destes encontros intensivos e com cer-tas estruturas que tendem a preceder outras"(Rogers, 1970, p. 26).
A produção científica de Rogers que caracteri-zou este período é "Grupo de Encontro" (1970).
GRANDES GRUPOS
Em 1974, Rogers e seus colaboradores come-çaram a desenvolver um trabalho com Grandes Gru-pos semi-estruturados e neste período a ACP desen-volveu um modelo diferente de grupo.
O foco deixa de ser o indivíduo e passa a ser oprocesso grupa , embora levando em consideração oindividual. Descobriu-se que o grupo possui um po-tencial criativo, a p reocupação recai no coletivo grupaie no que se refere à perspectiva cultural, o grupo écapaz de recriar a cultura da pessoa de forma maisfidedigna que outra forma de terapia.
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Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordaqem Centrada na Pessoa
maioria dos participantes vivencia tanto uma per-cepção aguda de seu próprio poder quanto umsentimento de união estreita e respeitosa comtodos os demais membros do grupo. No desen- •
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•
Diana Maria de Ho landa Belém
N o grupo intensivo há reprodução de padrões davida real, possibilitando uma maior exploração das di-versas formas de relação. Esse modelO enfatiza o pro-cesso grupal como um todo Os facilitadores se "en
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1.63
Fonseca (1988) referiu a uma proposta de gru-po vivencial que tem suas origens nos Grupos deEncontro desenvolvidos por Rogers e evoluídos apartir do processo da Psicoterapia Centrada no Cli-ente.
Caracteriza-se por sua evolução dentro de umreferencial fenomenológico. É um espaço onde aspessoas podem interagir de form a espontânea no sen-tido fenomenológico. É constituído pela multiplicidadede indivíduos.
Em termos práticos, o grupo vivencial, para queaconteça, conta com uma equipe de facilitadores, naqual um dos facilitadores propõe sua realização. Mo-bilizando o grupo, o facilitador não apresenta nenhumprograma hi ritiVií h-1( som prior?'
GRUPO VIVENCIAL
g prolar do processo, verificam-se uma comunica-ção interpessoal cada vez mais aberta, um sen-so de união crescente e uma psique coletiva har-moniosa, de natureza quase espiritual" (Rogers,1980, p. 53).
••••••••••••••••
•••
•••••••cesso grupal como um todo. Os facilitadores se en-
tregam" ao processo do grupo ao invés de dirigi-lo.Entrega-se ao vivido, às suas experiências e abando-na o controle intelectual do grupo. Abre mão dos pa-péis e passa a ser parte do grupo, embora parte dife-renciada, institucional, ma s no fluxo do grupo. D aí sur-giram os "workshops".
Rogers (1980) refere-se ao trabalho com Gran-des Grupos, afirmando:
"Nos últimos quinze anos, tenho me dedicado,juntamente com muitos colegas dos EstadosUnidos e de outros países, ao que tenho chama-do de construção de comunidades. Trabalhamoscom pequenos grupos, depois com grupos mai-ores de 50 a 20 0 pessoas e ocasionalmente comgrupos muito grandes, de 600 a 800 pessoas.Temos corrido verdadeiros riscos pessoais. Te-mos nos transformado através do que aprende-mos. Temos cometido muitos erros. Freqüente-mente ficamos profundamente confusos diantedo processo no qual nos envolvemos. Temos ten-tado formular de diferentes maneiras o que ob-servamos e vivenciamos, mas sentimo-nos mui-to inseguros para chegar a qualquer conclusão.Entretanto, um elemento central se impõe: tor-namo-nos, num aspecto fundamental , mais efi-cientes como facIlltadores cia fui inação de comu-nidades temporárias. Nessas comunidades, a
162
Diana Maria de Ho landa BelémCari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
O que interessa à sua proposta é que as pesso-as, as realidades existenciais que se encontramno grupo, efetivamente se encontrem. Que sedescubram, que se criem e se recriem ativamen-
"ordem dinâmica que se cria como 'ProcessoGrupai', a partir da interação da multiplicidadede diferenças presentes no encontro" (Fonseca,1988 p 25)
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te a partir da espontaneidade de suas perspecti-vas pessoais e coletivas, tanto em termos desubjetividade, comportamentos e ações de seu
conjunto global, como em termos de sua subjeti-vidade, comportamentos e ações dos segmen-tos destes e das pessoas individuais" (Fonseca,1988, p. 21).
FACILITADOR E PODER
No papel de facilitador, no momento em quecria a possibilidade do grupo, está implícito o seu"poder". Há o poder institucional legitimado pelo sis-tema social, que lhe dá credenciais para exercersuas atividades enquanto profissional. É uma atri-buição social que não garante a competência dequem o exerce. Muitas vezes se impõe pela forçaque a função lhe atribui. Há uma autoridade racio-nal que se impõe pela competência. Consiste em
um elemento de crescimento e recriação, sendo essepoder outorgado ao facilitador pelo grupo. O tipo deencontro que o facilitador instaura com o seu poderdeve ter como objetivo a
164
1988, p.25).
Isto significa que, enquanto "sistema global", ofacilitador deve organizar-se dinamicamente.
O poder institucional no processo do grupo nãose extingue, revitaliza-se quan do se coloca a serviçoda criação de condições para a autonomia e expressi-vidade natural das pessoas.
O facilitador, em sua atuação, deve ser verda-deiro no processo de relações com o grupo, nutrir res-peito incondicional e a atitude empática pela experi-ência e pessoa do participante que se expressa.
Na proposta do grupo vivencial, o foco é no bem-estar das pessoas, objetivando um clima de seguran-ça e confiança para que estas possam comunicar ofluxo de sua experiência. O trabalho de facilitação exi-ge do facilitador
"compreensão, assimilação e aceitação efetivasda sua proposta, ao mesmo tempo que uma vi-vência significativa de grupos e do processo defacilitação. Exige uma compreensão da posiçãode si como facilitador, no contexto e no processoda vivência grupai, e uma compreensão e ha bili-dade para o desempenho da dialética da simul-taneidade das con dições de si próprio como pes-soa fluida e cambiante; e como instituição: facili-tador" (Fonseca, 1988, p. 34).
165
Diana M aria de Hollanda Belém
Deve manifestar em sua prática efetiva as con-dições facilitadores propostas pela ACP, pois, comisso, terá condições de desenvolver um clima de se-gurança psicológica que possibilite aos participantes
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
Quanto ao número de participantes, é conside-rado um pequeno grupo de encontro aquele com seisaté quinze pessoas; os grandes grupos têm mais devinte participantes. São grupos experimentais com o
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gurança psicológica que possibilite aos participantesentregar-se ao fluxo da experiência do indivíduo e dogrupo.
TIPOS DE GRUPO
A nível da estrutura básica, os grupos vivenciaispodem ser residenciais ou não residenciais.
Grupos residenciais se caracterizam:• pelas atividades formais do grupo e encontros in-formais entre os participantes;
• funcionam em regime de internato, ou seja, os par-ticipantes residem no mesmo local de funcionamen-to do grupo;
• têm duração de m ais de um dia, podendo ir até dezou quinze dias.
Os grupos não-residenciais:
• têm menos de um dia de duração;• sessões de maior ou menor duração;• seus integrantes não residem no local, participan-
do Apenas das sessões formais.
p p g p pobjetivo de propiciar condições de aprendizagem so-bre grupos, podendo ter efeitos terapêuticos.
No que diz respeito ao número de facilitadorespara um grupo, geralmente se trabalha em equipe.Quando o grupo é pequeno, pode ser realizado comum só facilitador. No entanto, é recomendada a parti-cipação de dois facilitadores em grupos de tamanhomédio (até vinte pessoas). Em grupos maiores, se re-comenda de dois a três facilitadores. Se estiveremhabilitados, uma equipe com três facilitadores podetrabalhar com grupos de a té cem pessoas. Os facilita-dores, trabalhando em equipe, facilitam não só o gru-po como também a cada um dos facilitadores.
"No contexto da vivência grupai, a relação do fa-cilitador com outro facilitador que compartilhe comele, apesar de suas idiossincrasias, a mesmaposição pessoal e institucional, podendo compa r-tilhar, dessa forma, o mesmo nível de experiên-cia que de outro modo seria vivenciado solitaria-mente" (Fonseca, 1988, p. 40).
• podem ser intensivos - de final de semana - ou ex-tensivos, com duas horas semanais.
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Diana M aria de Hollanda Belém
REFERÊNCIAS BIBLiOGRÁRCAS
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CURY, Vera Engler (1993) Abordagem Centrada naPessoa: um estudo sobre as implicações dos tra-balhos com grupos intensivos para a Terapia Cen-
trada no Cliente. Tese de Doutorado. Universidadede Campinas. São Paulo.
FONSECA, Afonso H. Lisboa (1988) Grupo: Fugaci-dade, Ritmo e Forma. Processo de Grupo e Facili-tação na Psicologia H um anista. Editora Ágora. SãoPaulo.
ROGERS, Cari R. (1970) Grupos de Encontro. Mar-tins Fontes. São Paulo.
CAPÍTULO 9
CARL ROGERS: MEMORIALCari Rogers: Histórico,
Contextualização e LocalizaçãoEspaço — Tem poral, por:Marisa Amorim Sampaio
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
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Cari Rogers: Memorial surgiu a partir do trabalho"Cari Rogers: Histórico, Contextualização e Localiza-ção Espaço-Temporal", desenvolvido pela psicólogaMarisa Amorim Sampaio, então aluna do curso dePsicologia na Universidade Federal de Pernambuco,na disciplina Aconselhamento Psicológico por mimministrada. Sua inclusão neste livro livro se justificapela qualidade e pertinência do material elaborado.
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
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"O mais importante e bonito, do mundo, é isto:que as pessoas não estão sempre iguais, aindanão foram terminadas - mas que elas vão sem-pre mudando."
Guimarães Rosa
APRESENTAÇÃO
Realizar um trabalho visando levantamento da traje-tória de vida de alguém é correr uma série de riscos, já que
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g , j quma vida subentende experiências e significados resultantede aprendizagens, vivências e assimilações altamente subjetivas. Esse é um processo incompatível com a visão de ou-trem, esta por sua vez altamente subjetiva, também. Umasimples pincelada intelectual sobre datas, lugares e escritosnão é capaz de representar nem um milésimo de segundo duma vida, muito menos daquele que tanto defendeu a expe-riência do experienciar autêntico, genuíno, individual.
Entretanto, nas entrelinhas deste, encontram-se horasde dedicação, adm iração, angústia, surpresa, conversas infomais com admiradores de Rogers, curiosidade, e muitas otras experiências de descoberta do outro, e, conseqüentemente, do eu. Caminhando por entre trilhas traçadas por Rogers
foram descobertas pedrinhas, pegadas, rastros, que no finalacabei percebendo que me eram familiares: sim, eram meuforam deixados por mim durante uma busca que remontoutanto à essência humana universal, como também a minhaspróprias experiências que estavam sendo inscritas e reconhecidas, deixando a sua marca.
Gostaria então de compartilhar esta aventura para queoutras sejamdescóbertas. ~o que assim poderemos apre-ender, vivenciar e assimilar, numa situação concreta de busca experiencial, toda uma fascinação característica do serem busca do si-mesmo, reflexo da tendência ao desenvolvi-mento, fruto do somatório das verdades individuais, comodissera Teilhard de Chardin.
Portanto, as datas, lugares e obras mencionados du-rante este não simbolizam nada fixo, pelo contrário, são ex-pressão da eterna busca.
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CRONOLOGIA, CONTEXTUALIZAÇÃO EBIBLIOGRAFIA
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1902— (08/01) Nasce Carl Rogers em Oak Park Chicago
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— (08/01) Nasce Carl Rogers em Oak Park, Chicago
1912
— A família Ransom muda-se para um sítio a 30 milhasoeste de Chicago; despertar científico através da pes-quisa com animais; isolamento da sociedade.
1914—Viagem com seu pai (três semanas) a:New Orleans,
Virgínia e New York (em conseqüência do isolamentode Rogers).
1919
—Universidade de Wisconsin (Madison) — Agronomia.—Integrante do movimento religioso "Student Volunte-
ers" (evangelização do mundo);—Freqüentou, como atividade extra-curricular, um gru-
po da Associação Cristã de Jovens ("Ag-Triagle"), quecaracterizava-se pela extrema autonomia de seus inte-grantes, o que no início assustou Rogers.
1922— Viagem à China (seis meses) como delegado represen-
tante na "World Student Christian Federation Confe-rence" / emancipação dos pais.
—Conclusão do curso de História;
179
Diana M aria de Hollanda Belém
—Entrada no "Alpha Kappa Lamda" (contrariando seuspais);
—Casamento com Helen (28 de agosto);—Crise de úlcera no duodeno o força a suspender suas
atividades, começando um curso de Psicologia por cor-
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de Prevenção contra a Crueldade a Crianças), Roches-ter, NY, onde morou durante 12 anos.
1930—Nomeado diretor do "Child Study Department of the
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respondência (ministrado pela Universidade de Wis-consin com textos de William James).
1925—Mudança para Vermont (pastor).
1926—Transferência para o Teachers College (Universidade de
Columbia): cursos de Filosofia da Educação e, depois,Psicologia Clínica e Educacional, deixando de lado a car-reira religiosa.
1927—Gradua-se em "Master of Arts".
1929—Ph. D. em Psicologia Clínica na Universidade de Co-
lumbia;—Discípulo de Thorndike;— Teachers College;— Institute for Children Guidance, New York, como psi-
cólogo. Conhece a teoria freudiana (diferentemente doTeachers College, que era Behaviorista e Positivista,causando um dilema em Rogers: Filosofia e Ciência).
—Psicólogo Clínico no "Child Study Department of theSociety for the Prevention of Cruelty to Children" (De-partamento de Estudos sobre a Criança da Sociedade
Society for the Prevention of Cruelty to Children". Tra-balhos de Rogers estavam no ápice do Behaviorismo(testes, etc.). Depois, Rogers passou a não aceitar aparcialidade das Avaliações, testes. Criticou também ouso da Psicanálise em instituições (processo longo eoneroso, além de dar muita ênfase ao passado).
—Publicação do artigo "Intelligente as a Factor in Cam-ping Activities", em parceria com C. W. Carson.
1931—Publicação dos artigos:—"Measuring Personality Adjustment in Children Nine
to Thirteen", (Mensuração da Ajustamento da Perso-nalidade de Crianças), Teachers College, Universida-de de Columbia, New York;
—"A Test of Personality Adjustment" (Um Teste de Ajus-tamento da Personalidade), New York;
—"We Pay for the Smiths" (Nós Pagamos pelos Smiths),com M. E. Rappaport.
1933—Publicação do artigo "A Good Foster Home: Its Achie-
vements and Limitations" (Um Bom Lar Adotivo: suas
Conquistas e Limitações).
1936— Publicação do artigo "Social Workers and Legislati-
on" — Quaterly Bulletin New York State Conference
180 81
Diana Maria de lio landa Belém Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem C entrada na Pessoa
•
•0
on Social Work (Trabalhadores Sociais e Legislação —Quarto Boletim da Conferência em Trabalho Social doEstado de Nova York).
1937
1938— Publicação do artigo "A Diagnostic Study of Roches-
ter Youth" (Um Estudo Diagnóstico da Juventude deRochester). State Conference on Social Work, Siracu-sa.
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1937Nomeado diretor do "Rochester Guidance Center";
—Visita de Otto Rank;Professor da Universidade de Rochester, apresentandoteorias sobre a psicoterapia, sendo criticado pela dire-ção da Universidade — "o que ele estava ensinando não
era Psicologia . Ali, trabalhou como terapeuta.Reuniões na "American Psychological Association"(conferências sobre o processo de aprendizagem — ên-fase na aprendizagem animal —, Psicologia da época).Questiona-se sobre sua profissão de psicólogo; decideseguir seus próprios interesses.
—Retoma suas atividades de psicólogo na "American As-sociation for Applied Psychology", reativando seus cur-sos de Psicologia no Departamento de Psicologia e de-pois no Departamento de Educação.
—Funda o Guidance Center.—Formula a "Capacidade de Independência" (derivada
da teoria rankiana: "a pessoa pode se resolver sozinha").
—Publicação dos artigos:"Three Surveys of Treatment Measures used with Chil-
dres" (Três Levantamentos de Medidas de Tratamentousadas com Crianças)."The Clinical Psychologist's Approach to Personality
1939
-- Publicação do primeiro livro: "The Clinical Treatmentof the Problem Child" (Tratamento Clínico da CriançaProblema), fruto do trabalho no Guidance Center. Aindaem fase behaviorista, mas em transição para a Psicote-rapia (Terapia Centrada no Cliente). Fala pela primei-ra vez na tendência ao crescimento , quando estudaos métodos de tratamento ambiental.
—Publicação dos artigos:— "Needed emphases in the training of clinical psycho-
logists" (Ênfases necessárias no treinamento de psicó-
logos clínicos).—"Authorith and case work: are they compatible?" (Au-toridade e trabalho jurídico: são compatíveis?).
1940—Professor efetivo (segundo Rogers, devido ao sucesso
do seu primeiro livro) na Universidade de Ohio, emColumbus.Dezembro de 1940: Apresentou suas idéias acerca daTerapia Centrada no Paciente, em conferência na Uni-
versidade de Minessota (Minneapolis), sendo este omomento do nascimento desta terapia. Esta conferên-cia consistiu no segundo capítulo do seu livro "Psico-
arálleirà11..=:11nrielel ~111 e.
blemas de Personalidade).
r1.111e74111•11%~11~
— Publicação do artigo "The processes of therapy" (Os
182 183
Diana M aria de Hollanda Belém
processos de terapia).1941—Publicação dos artigos:—"Psychology in clinical practice" (Psicologia na práti-
ca clínica), em J. S. Gray's "Psychology in Use" (Psi-
Ca ri Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
community problems" (A contribuição do psicólogo aproblemas de pais, da criança e da comunidade);
—"A study of the mental health problems in three repre-sentative elementary schools" (Um estudo de proble-mas de saúde mental em três representações de escolas
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cologia em Uso).—"Predicting the outcomes of treatment" (Prevendo os
resultados do tratamento), com C. C. Bennett.— "The clinical significance of problem syndromes". (Osignificado clínico de síndromes problemáticas), comC. C. Bennett.
1942—Publicação do segundo livro: "Counseling and Psycho-
terapy" (Psicoterapia e Aconselhamento), no qual des-creve sua teoria. Este é o livro representativo da pri-meira fase da Psicoterapia Não-Diretiva (1940/1950).
Nele, Rogers transcreveu uma entrevista terapêutica re-gistrada em magnetofone, mostrando assim o seu es-forço para recolher e tornar avaliável para análise ci-entífica o material bruto da psicoterapia, o que revelao empirismo presente nesta primeira fase. Este livroobteve grande êxito comercial (mais de 60 mil exem-plares vendidos). Depois deste sucesso, Rogers pas-sou a ministrar cursos de formação de terapeutas, ori-entar teses e seminários, sendo o primeiro psicotera-peuta a oferecer formação prática em psicoterapia para
estudantes.—Rogers desconsidera as pessoas "psicóticas" como can-didatos a sua terapia.
—Publicação dos artigos:—"The psychologist's contribution to parent, child and
p çprimárias), publicado para um estudo da saúde e edu-cação física nas escolas públicas de Columbus/Ohio,
pela Ohio State University.—"Mental health problems in three elementary schools"(Problemas de saúde mental em três escolas primári-as).
—"The use of electrically recorded interviews in impro-ving psychoterapeutic techniques" (O uso de entrevis-tas eletricamente gravadas no aperfeiçoamento de téc-nicas psicoterapêuticas).
1943
—Eleito presidente da "American Psychological Associ-ation".—Editor do "Journal of Consulting Psychology".—Editor associado do "Applied Psychology Monographs"—Época de tensão entre a Psicologia e a Psiquiatria na
"American Board of Examiners in Professional Psycho-logy", motivada por divergências no processo de for-mação de terapeutas.
—Publicação do artigo "Therapy in guidance clinics" (Te-rapia em clínicas de orientação).
1944— Rogers descreve um completo "insight" de um prová-
vel esquizofrênico.—Publicação dos artigos:
184 185
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoaiana Maria de Ho ianda Belém
—"Adjustment after combat" (Ajustamento depois docombate), para a "Army Air Forces Flexible GunnerySchool" (Escola de Armamento Ligeiro das ForçasAéreas), Fort Myers/Florida;
—"The development of insight in a counseling relati-
(Um professor-terapeuta lidando com uma criança de-ficiente), em parceria com V. M. Axline;
—"Current trends in counseling, a symposium: Marriageand Family Living" (Tendências atuais em aconselha-mento, um simpósio: Casamento e vida em família),
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p g gonship (O desenvolvimento do insight numa relaçãode aconselhamento);
—"The psychologiçal adjustments of discharged servicepersonel" (Os ajustamentos psicológicos de aposenta-dos).
1945—Convite da Universidade de Chicago para ensinar Psi-
cologia e formar um centro de "counseling". Esta pala-vra, aconselhamento, era usada porque o psicólogo es-tava legalmente impedido de exercer a psicoterapia, quecabia aos psiquiatras.
—Período de maior produção científica a nível de publi-cações e elaboração de teorias; sugeriu novos métodoseducacionais e realizou inúmeras investigações. Emseus escritos, Rogers começou a investir mais nos prin-cípios e na filosofia da terapia, que em épocas anterio-res ele deu pouco valor.
— Publicação dos artigos:—"The nondirective method as a technique for social resear-
ch" (O método não-diretivo como uma técnica para pes-quisa social);
—"Counseling". Review of Educacional Research. (Acon-selhamento. Revista de Pesquisa Educacional);"Dealing with individuais in USO" (Lidando com in-divíduos can USO);
—"A teacher-therapist deals with a handcapped child"
186
, p ),em parceria com R. Dicks e S. B. Wortis.
1946—O entusiasmo inicial com as novas técnicas de terapiafez com que vários terapeutas passassem a usá-las in-discriminadamente, o que fez Rogers alertar para osperigos do mero uso das técnicas.
— Período em que Rogers passa a considerar a "capaci-dade do cliente" (força impulsora do processo terapêu-tico), como aspecto fundamental de sua terapia, desvi-ando o enfoque da ação do terapeuta. Logo, as técni-cas passaram a ser considera 1, como algo subordina-
do às atitudes fundamentais do terapeuta (mudança deorientação).—Publicação dos artigos:—"Psychometric tests and client-centered counseling"
(Testes psicométricos e aconselhamento centrado no cli-ente);
—"Significant aspects of client-centered therapy" (As-pectos significativos da terapia centrada no cliente);
— "Recent research in nondirective therapy and its im-plications" (Pesquisas recentes em terapia não-direti-
va e suas implicações);—"Counseling of emotional blocking in a aviator" (Acon-selhamento num caso de bloqueio emocional de um avi-ador), em parceria com G. A. Mucnch.
—"Counseling with returned servicemen" (Aconselhamen-to com veteranos de guerra), em parceria com J. L. W al-
187
rtt
lNl
Diana M aria de Hollanda Belém
len.
1947—Publicação dos artigos:—"Current trends in psychotherapy (Tendências atuais
)
Ca ri Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
len McNeil.
1949—Publicação do artigo "The attitude and orientation of
the counselor in client-centered therapy" (A atitude e
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em psicoterapia);—"Some observations on the organization of personality"
(Algumas observações sobre a organização da personali-dade);
—"The case of Mary Jane Tilden" (O caso de Mary JaneTilden).
1948—Rogers trabalha com um cliente psicótico.—Publicação dos artigos:—"Research in psychotherapy: round table" (Pesquisa em
psicoterapia: mesa redonda);
—"Dealing with social tensions: a presentation of client-centered counseling as a handling interpersonal con-flict" (Lidando com tensões sociais: uma apresentaçãodo aconselhamento centrado no cliente como um trata-mento interpessoal do conflito);
—"Divergent trends in methods of improving adjustment"(Tendências divergentes em métodos de aperfeiçoamen-to do ajustamento);
—"Some implications of client-centered counseling forcollege personel work" (Algumas implicações do acon-
selhamento centrado no cliente para trabalho pessoalde universidade);"The role of self-understanding in the perdiction ofbehavior" (O papel da auto-compreensão na prediçãodo comportamento), em parceria com B. L. Kell e He-
188
orientação do conselheiro na terapia centrada no clien-te), no qual empregou o termo "implementation" (im-
plementação) a fim de denominar o caráter instrumen-tal da técnicas, dando cada vez mais ênfase às atitudese orientações fundamentais do terapeuta.
—Período em que passa uma crise profissional em con-seqüência do fracasso no tratamento de uma cliente psi-cótica. Apenas na década de 50 é que Rogers retomouseu trabalho com psicóticos, em conjunto com Gend-lin.
—Publicação do artigo "A coordinated research inpsychotherapy: A non-objective introduction" (Uma
pesquisa coordenada em psicoterapia: Uma introduçãonão-objetiva).
1950—Rogers afirma no artigo "A current formulation of cli-
ent-centered therapy" (Uma formulação atual da tera-pia centrada no cliente), que a função empática_cede_ oprimeiro plano à função mais geral de criar uma at-mosfera psicológica adequada (ressalte-se que a em-patia é uma das condições para se formar tal atmosfe-
ra). Segundo Rogers, "essa atmosfera deve ser tal quepermita que a capacidade e força do indivíduo façam-se eficazes, e não latentes ou potenciais".
—Publicação dos artigos:— "Significance of the self-regarding attitudes and per-
189
ceptions" (Significado das atitudes e percepções deauto-consideração), in M.L. Reymerert's, "Feelingsand Emotions" (Sentimentos e Emoções);
—"What is to be our basic professional relationship?"(Como é a nossa relação profissional básica?);
veloping a program of research in the psychothe-rapy" (Estudos em psicoterapia centrada no cli-ente I: desenvolvendo um programa de pesquisaem psicoterapia), em parceria com T. Gordon, D.L. Grummon e J. Seeman.
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na PessoaDiana Maria de Hollanda Belém
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e
•
••••••
—"A basic orientation for counseling" (Uma orientaçãobásica para aconselhamento), em parceria com R. Be-
cker;—"ABEPP: policies and procedures" (ABEPP: Políticas
e procedimentos), em parceria com D. G. Marquis e E.R. Hilgard.
1951—Publicação do livro "Client-Centered Therapy" (Tera-
pia Centrada no Cliente), marcando o segundo períodode sua psicoterapia (Psicoterapia Reflexiva — 1950/1957), usando já o método fenomenológico.
—Publicação dos artigos:—"Where are we going in clinical psychology?" (Para
onde estamos indo na psicologia clínica?);—"Perceptual reorganization in client-centered thera-
py" (Reorganização perceptual na terapia centradano cliente);
—Client-centered therapy: a. helping process" (TerapiaCentrada no Cliente: um processo de ajuda).
—"Studies in client-centered psychotherapy III: the caseof Mrs. Oak — a research analysis" (Estudos em psico-
terapia centrada no cliente III: o caso de Sra. Oak —uma análise de pesquisa);
—"Through the eyes of a client" (Através dos olhos deum c ien
—"Studies en client-centered psychotherapy I: de-
1952
- Aceita tratar pessoas "boderlines" na terapia, alargan-do as fronteiras da terapia centrada no cliente.—Publicação dos artigos:—"Communication: Its blocking and facilitation" (Co-
municação: bloqueio e facilitação);"A personal formulation of client-centered thera-py: Marriage and family living — marriage counse-ling" (Uma formulação pessoal da terapia centradano cliente: casamento e vida em família — aconse-lhamento matrimonial);
"Client-Centered Psychotherapy" (Psicoterapia Centra-da no Cliente).Produção do filme sonoro (16 mm) "Client-centeredtherapy: parts I and II" (Terapia centrada no cliente:partes I e II), em parceria com R. H. Segel.
1953—Publicação dos artigos:—"Some directions and end points in therapy — Psycho-
therapy: theory and research" (Algumas direções e pon-
tos finais em terapia — Psicoterapia: teoria e pesquisa);—"A research program in client-centered therapy" (Umprograma de pesquisa em terapia centrada no cliente);
tr.481111b R TMIIT É~ ~17g
se na prática da psicoterapia);
191190
Diana Maria de Ho landa Belém
—Removing the obstacles to good employee communi-cation" (Removendo obstáculos para uma boa comu-nicação entre empregados), em parceria com G. W.Brooks, R. S. Driver, W. V. Merrihue, P. Pigors e A. J.Rinella.
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
nal Journal of Social Psychiatry;—"Persons or Science? A philosophical question" (Pes-
soas ou ciência? Uma questão filosófica);—Produção dos filmes sonoros (16 mm), no Pensilvania
State College:
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http://slidepdf.com/reader/full/carl-rogers-do-diagnostico-a-abordagem-centrada-na-pessoa 99/112
1954
—Publicação dos artigos:—"Towards a theory of criativity" (Para uma teoria dacriatividade);
—"The case of Mr. Bebb: the analysis of a failure case",in "Psychotherapy and personality change" (O caso doSr. Bebb: a análise de um caso fracassado);
—"Changes in the maturity of behavior as related to the-rapy", in "Psychotherapy and personality change" (Mu-danças na Maturidade do comportamento e sua relaçãocom a terapia);
—"An overview of the research and some questions forthe future", in "Psychotherapy and personality change"(Um exame da pesquisa e algumas questões para ofuturo);"Psychotherapy and Personality Change" (Psicotera-pia e Mudança de Personalidade), em parceria comRosalind F. Dymond:
1955—Publicação dos artigos:
—"A personal view of some issues facing psychologists"(Uma visão pessoal de algumas questões com as quaisse defrontam os psicólogos);
—"Personality change in psychotherapy" (Mudança depersonalidade em psicoterapia), para The Internatio-
192
—"Psychotherapy begins: the case of Mr. Lin" (Começaa psicoterapia: o caso do Sr. Lin), em colaboração com
R. H. Segel;—"Psychotherapy in process: the case of Miss Mun" (Psi-coterapia em processo: o caso da Srta. Mun), em cola-boração com R. H. Segel.
1956—Eleito presidente da "American Academy of Psycho-
therapists" (Academia Americana de Psicoterapia), fun-ção que ocupou até 1958.
—Publicação dos artigos:
—"Implications of recent advances in the prediction andcontrol of behavior" (Implicações dos avanços recen-tes na predição e controle de comportamento).
—"Client-centered therapy: a current view" — Progressin Psychotherapy (Terapia centrada no cliente: umavisão atual — Progresso em Psicoterapia);"Review of einhold iebhur'i: The self and the dra-mas of history" — Chicago Theological Seminary(Resenha de Reinhold Niebhur: o self e os dramasda história);
—"A counseling approach to human problems" (Umaaproximação do aconselhamento a problemas huma-nos);
—"What it means to become a person" (O que significa
193
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Diana Maria de Ho landa Belém
tornar-se pessoa);"Intellectualized psychotherapy: the psychology of Per-sonal constructs" (Psicoterapia intelectualizada: a psi-cologia de construtos pessoais);"Some issues concerning the control of human beha-
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
mento Político da Associação Psicológica Americana).Época de conflitos com o departamento de Psicologia,pois queria liberdade para ensinar e liberdade para seusalunos aprenderem. Tal indignação foi expressa no ar-tigo "Pressupostos Correntes sobre a Educação Uni-
itá i i ã i d " j bli
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vior" (Algumas questões com relação ao controle docomportamento humano) — Simpósio com B. F. Skin-ner, em novembro/56;"Behavior-theories and a counseling case" (Teorias docomportamento e um caso de aconselhamento), em co-laboração com E. J. Shoben, O. H. Mowrer, G. A. Kim-ble e J. G. Miller.
1957Publicação do livro "On becoming a Person" (Tornar-se Pessoa), representativo da Terceira fase da TerapiaCentrada no Cliente (Psicoterapia Experiencial — 1957/1970, método existencial-fenomenológico).Professor na Universidade de Wisconsin (Madison),onde ministrou cursos nas Faculdades de Psicologia ePsiquitria até o ano de 1963.Em setembro, Rogers apresentou, na "American Psycho-logical Convention" (Convenção Americana de Psico-logia), em Nova York, uma conferência intitulada "AProcess Conception of Psychotherapy" (Uma Concep-ção de Processo de Psicoterapia), incluida no livro "OnBecoming a Person", na qual expôs suas idéias relativasao terceiro período de sua psicoterapia, influenciado porEugene Gendlin.Eleito membro da "Policy Planning Board of the Ame-rican Psychological Association" (Câmara de P aneja-
versitária: uma exposição apaixonada", cuja publica-ção no "The American Psychologist" (O Psicólogo
Americano) foi vetada, mas amplamente distribuídoentre os estudantes.Publicação dos artigos:
— "A note on the nature of man" (Uma nota sobre. a natu-reza do homem);"A therapist's view of the good life" (A visão do tera-peuta sobre a boa vida);"Personal thoughts on teaching and learning" (Pensa-mentos pessoais em ensino e aprendizagem);"The necessary and sufficient conditions of therapeu-
tic personality change" (As condições necessárias e su-ficientes da mudança terapêutica da personalidade).Neste artigo, Rogers introduziu a idéia de que, dadascertas condições básicas de terapia, entre elas as atitu-des terapêuticas de consideração positiva incondicio-nal, compreensão empática e genuinidade, poderiaocorrer uma mudança positiva da personalidade. Estamudança hipotetizada ocorreria independentemente dastécnicas específicas usadas pelos terapeutas ou dos pro-blemas psicológicos particulares dos clientes. Tais "ati-
tudes" de terapeuta podem ser vistas como habilidadesprévias ou capacidades interpessoais que o terapeutaprecisa possuir antes que ele possa estabelecer um re-
tico.
195••
Diana Maria de Holand a Belém Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
1958—Publicação dos artigos:—"A process conception of psychotherapy" (Uma con-
cepção de processo da psicoterapia);—"The characteristics of a helping relationship" (As ca-
"Significant learning: in therapy and in education"(Aprendizagem significativa: na terapia e na educação);"The essence of psychotherapy: a client-centered view"(A essência da psicoterapia: uma visão centrada nocliente);"The way to do is to be — Review of Rollo May Exis-
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4
e c a acte st cs o a e p g e at o s p ( s características da relação de ajuda).
1959—Publicação dos artigos:—"A tentative scale for the measurement of process in
psychotherapy" (Uma escala experimental para a me-dição do processo em psicoterapia), em E. Rubens-teins' , "Research in Psychotherapy" (Pesquisa emPsicoterapia);
—"A theory of therapy, personality and interpersonal re-lationships as developed in the client-centered fra-mework" (Uma teoria da terapia, personalidade e rela-ções interpessoais tal como desenvolvidas no referen-cial centrado no cliente), em S. Koch's, "Psychology:a study of a science, vol. III, Formulations of the per-son and the social context" (Psicologia: um estudo daciência, vol. III, Formulações da pessoa e do contextosocial)."Comments on cases in S. Standal e R. Corsini: Criti-cal incidente in psychotherapy" (Comentário sobre ca-sos em S. Standal e R. Corsini: Incidentes críticos empsicoterapia);"Lessons I have learned in counseling with individu-ais" (Lições que eu aprendi no aconselhamento de in-divíduos), em W. E. Dugan's "Modern school practi-ces";
The way to do is to be Review of Rollo May. Existence: a new dimensition in psychiatry and psycho-
logy in contemporany psychology" (O jeito de fazeré ser — Revisão de Rollo May. Existência: uma novadimensão em psiquitria e psicologia na psicologiacomtemporânea);"Psychotherapie en Menselike Verhoudingen", em co-laboração com G. Marian Kinget;"Time-limited, client-centered psychotherapy: two ca-ses — case studies in counseling and psychotherapy"(Psicoterapia breve e psicoterapia centrada no cliente:dois casos — estudo de casos em aconselhamento e psi-coterapia).
1960—Publicação dos artigos:
"A therapist's view of personal goals" (Uma visão doterapeuta sobre metas pessoais);
—"Dialogue between Martin and Carl Rogers: Psycho-logy" (Diálogo entre Martin Buber e Carl Rogers: Psi-cologia);
—"Significant trends in the client-centered orientation"
(Traços significativos na orientação centrada no clien-te), em D. Brower e L. E. Abt, "Progress in clinicalpsychology" (Progresso na psicologia clínica);
—"Development of a scale to measure process changesin psychotherapy" (Desenvolvimento de uma escala
196 197
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Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na PessoaDiana Maria de Ho landa Belém
tido de tornar-se plenamente funcionante), em A. W.Combs, "Perceiving, behaving, becoming" (Perceben-do, comportando-se, tornando-se), Yearbook, 1962.Publicação do livro "Psychotherapie et Relations Huma-ines: theorie et pratique de la therapie non-directive" (Psi-coterapia e Relações Humanas: teoria e prática da terapia
derna de valores: o processo de valoração na pessoamadura);
—"Toward a science of the person" (Para uma ciência dapessoa), em T. W. Wann, "Behaviorism and phenome-nology: contrasting bases for modern psychology"(Behaviorismo e fenomenologia: bases contrastantes
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não-diretiva), em colaboração com G. M. Kinget, Lou-vain/Belgium.
1963—Aposentadoria da Universidade de Wisconsin, mudan-
do-se em seguida para a Califórnia, onde permaneceuaté sua morte, em 1987.Participação no livro "Conflict and creativity: controlof the mind" (Conflito e criatividade: controle da men-te), de S. M. Farber e R. H. Wilson, com o capítulo"Learning to be free" (Aprendendo a ser livre).
- Publicação dos artigos:"Psychotherapy today or where do we go from here?(Psicoterapia hoje ou para onde iremos daqui?);"The actualizing tendency in relation to "motives" andto conciousness" (A tendência atualizante com relaçãoa "motivos" e à consciência);
—"The concept of the fully funtioning person" (O con-ce to de pessoa plenamente funcionante).
1964—Publicação dos artigos:
—"Freedom and commitment" (Liberdade e compromis-so);
—"Toward a modern approach to values: the valuing pro-cess in the matute person" (Para uma aproximação mo-
para a psicologia moderna).
1965—Publicação dos artigos:
"An afternoon with Carl Rogers" (Uma tarde com CarlRogers);"A humanistic conception of man" (Uma concepçãohumanista do homem), Palo Alto;"Can we meet the need for counseling? A suggestedplan" (Podemos satisfazer a necessidade de aconselha-mento? sugestão de um plano);"Dealing with psychological tensions" (Lidando comtensões psicológicas);
—"Some questions and challenges facing a humanisticpsychology" (Algumas questões e desafios enfrenta-dos pela Psicologia Humanista);
—"The therapeutic relationship: recent theory and rese-arch" (A relação terapêutica: teoria e pesquisa recen-te).
—Prefácio do livro "Criativity in childhood and adoles-cente" (Criatividade na infância e adolescência), deHarold Anderson.
—Participação no livro "Five fields and teacher educati-on" (Cinco campos e educação de professores), de D.B. Gowan e Cynthia Richardson, com o capítulo"Psycology and teacher training" (Psicologia e treina-
201
Diana M aria de Hollanda Belém Carl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
mento de professores).
1966Investigação da filosofia subjacente às ciências do com-portamento (trabalho realizado, com a colaboração deWilliam Coulson, no WBSI, como "resident fellow").
"Basic Encounter Group", realizado no WBSI;— "Person to Person" (De Pessoa para Pessoa).—Publicação dos artigos:
"A plan for self-directed change in na educational sys-tem" (Um plano para a mudança auto-dirigida num sis-tema educacional);
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Participação com o capítulo "Client-centered therapy"(terapia centrada no cliente), no livro "Supplement toAmerican Handbook of Psychiatry", vol. III (Suple-mento para o Livro-Texto Americano de Psiquitria),de S. Arieti.
—Publicação dos artigos:— "Michael Polanyi and Carl Rogers: a dialogue" (Mi-
chael Polanyi e Carl Rogers: um diálogo), San Diego/California;"Paul Tillich and Carl Rogers: a dialogue" (Paul Tilli-ch e Carl Rogers: um diálogo), San Diego State Colle-ge/California."To facilitate learning: innovations for time to teach" (F a-cilitando a aprendizagem: inovaçõ es para o tempo de ensi-nar).
1967—Realização da pesquisa "The Therapeutic Relations and
its Impact: a Study of Psychotherapy with Schizofre-nics" (As relações terapêuticas e seus impactos: umEstudo da Psicoterapia com Esquizofrênicos), resulta-do do trabalhocomesquizofrênicos em Stanford/1962.Publicação dos livros:
— "On Encounter Groups" (Grupos de Encontro), resul-, INSIBUIJEG 11111111111111111)%1111111111:11111i
experiências com os grupos chamados "T-Group" ou
202
tema educacional);"Autobiography: a history of psychology in autobio-
graphy" (Autobiografia: uma história da Psicologia emautobiografia);"Cari Rogers speaks out on groups and the lack of ahuman science" (Carl Rogers fala sobre grupos e a fal-ta de uma ciência humana);
— "Client-centered therapy" (Terapia centrada no clien-te)"The facilitation of significant learning" (A facilita-ção na aprendizagem significativa);"The interpersonal relationship in the facilitation of le-
arning" (A relação interpessoal na facilitação da apren-dizagem), "Association for Supervision and Curricu-lum Development" (Associação para Supervisão e de-senvolvimento de Currículo);"What psychology has to offer to teatcher education" (Oque a Psicologia tem a oferecer para a educação de p rofes-sores).
1968—Publicação do livro "Man and the Science for Man"
(O Homem e a Ciência do Homem), resultante do tra-balho no WBSI com William Coulson, em 1966.—Publicação dos artigos:
duction to a series of 18 volumes of Rogers' work trans-
203
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Carl Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na PessoaDiana Maria de Ho landa Belém
lated finto japanese (Introdução a uma série de 18 volu-mes do trabalho de Rogers traduzido para o japonês);
- "Interpersonal relationships: USA 2000" (Relações In-terpessoais: USA 2000);"Review of J. Kavanaugh's book: 'A modern priestlooks at his outdated church"' (Resenha do livro de J.
experimentos e implicações), em E. Mophet e DavidL. Jesser, "Preparing educators to meet emerging nee-ds" (Preparando educadores para lidarem com neces-sidades emergentes);
- "The group comes of age" (O grupo vem com a idade);- "The increasing involvement of the psychologist in so-
cial problems: some comments positive and negative"
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Kavanaugh: Um padre moderno olha para sua igrejaultrapassada);
- "A pratical plan for educational revolution" (Um pia-no prático para a revolução educacional), em RichardR. Goulet, "Educational change: the reality and thepromise" (Mudança educacional: a realidade e a pro-messa);
- "A process conception of psychotherapy" (Uma con-cepção do processo de psicoterapia). Neste artigo, Ro-gers prevê outra tendência na evolução da terapia cen-trada no cliente, que é a ênfase global nas mudançasda personalidade de seus clientes durante a terapia,
abrangendo todos os aspectos significativos da mudan-ça de vida interior do cliente e seus efeitos nas rela-ções pessoais e situações de vida.
cial problems: some comments positive and negative(O aumento do envolvimento do psicólogo em proble-
mas sociais: alguns comentários positivos e negativos);- "The intensive group experiente" (A experiência de
grupo intensivo);- "The person of tomorrow" (A pessoa de amanhã).
1970- Presidente de "Center for Studies on the Person - CPS"
(Centro para Estudos na Pessoa), formado por Rogerscom mais 25 profissionais em conseqüência de sua in-satisfação com as pressões administrativas e com o pro-
cedimento dos pesquisadores do WBSI, de onde sedemitiu.Publicação do prefácio e capítulos 9, 16, 22, 25, 26 e27 do livro "New Directions in Client-centered Thera-py" (Novas Direções na Terapia Centrada no Cliente),de J. T. Hart e T. M. Tomlinson.
- Publicação do - artigo - "Cari Rogers-on- enG04111-ter
groups" (Cari Rogers sobre grupos de encontro).- Nesta época, Rogers começou a trabalhar com educa-
ção, formulando mais tarde a sua teoria da aprendiza-
gem, e com grupos de ex-combatentes, cujos integran-tes pediram sua ajuda. Para isso, Rogers treinou seustaff para ajudá-lo neste trabalho.
Wrè,
1969- Publicação dos artigos:- "Being ii reldtionship' -(Estando-em relac-ienamento);
"Freedom to learn: a view of what educational mightbecome" (Liberdade para aprender: uma visão do quea educação pode vir a ser);
"Graduate education in psychology: a passionate sta-tement" (Educação Universitária em Psicologia: umaafirmação apaixonada);"Self-directed change for educators: Experiments andimplications" (Mudança auto-dirigida para educadores:
205204
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
por Haruko Tsuge;—"Some social issues which concern me" (Algumas
questões sociais que me interessam);—"Bringing together ideas and feelings in learning" (As-
sociando idéias e sentimentos na aprendizagem).—Publicação do livro "Human Behavior" (Comportamen-
••••••••••
Diana M aria de H ol'anda Belém
1971
— Publicação dos artigos:
— "Can schools grow persons" (Podem as escolas for-mar pessoas);
— "Forget you are a teacher. Carl Rogers tens why."queça que você é um Es-que); professor. Cari Rogers diz por-
- "Psychological m
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Publicação do livro Human Behavior (Comportamento Humano), com John T. Wood.
1973—Comentário no artigo de Pitts.—Entrevista concedida a Jacques Mousseau: "Entretien
avec Carl Rogers" (Entrevista com Carl Rogers).—Publicação dos artigos:—"My philosophy of interpersonal relationships and how
it grew" (Minha filosofia sobre relações interpessoaise como a mesma desenvolveu-se);
—"Some new challenges" (Alguns novos desfios);
—"The good life as na ever-changing process" (A boavida como um processo de mudança contínua);—"To be fully alive" (Ser plenamente vivo).—Participação no livro de R. Corsini, "Current Psycho-
therapies" (Psicoterapias atuais), em colaboração comB. Meador, com o capítulo 4, "Client-centered thera-py" (Terapia centrada no cliente),
1974—Participação, em colaboração com John K. Wood, no
livro de A. -Burton, "Operational Theories of Persona-lity" (Teorias Operacionais de Personalidade), com ocapítulo 7, "The changing theory of client-centeredthcrapy" (A teoria da mudança na terapia centrada no •liente).
•••••••••••••••••
y g maladjustment vs. Continuing growth"
(Mal-ajustamento psicológico x crescimento contínuo);— "Some elements of effective interpersonal communica-
efetiva).ion" (Alguns elementos de comunicação interpessoal
— Entrevista: "Interviemo with Dr.Ca ista com Dr. Carl Rogers), em W. ri Rogers
B. Frick, "(Entre-istic Psycholo uma-Rogers" gy: interview with Maslow, Murp
(Psicologia Humanista: entrevistas com hy &Mas-ow, Murphy e Rogers).
1972
— Publicação do livro "Becoming Partners: Marriage and
—
its Alternatives" (Novas Formas de Amor).— Publicação dos artigos:
"A research program in client-centered therapy"programa de pesquisa na Terapia centrada no cliente Um
),em Steven R. Brown and Donald J. Brenner, "Science,Psychology and Co mmunication: Essays Honoring Wi-lliam Stepheson" (Ciência, Psicologia e Comunicação:ensaios em homenagem a William Stepheson);"Comment on Brown and T
edeschi 's article" (Comen-tário no artigo de Brown e Tedeschi);— "Introduction to my experience in encounter group" (In-
trodução a minha experiência cm grupos de encontro),
206 ••07 •
Diana Maria de Ho landa Belém arl Rociem: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
Participação no livro de D. A. Wexler e L. N. Rice,"hino vations in Client-centered Therapy" (Inovaçõesna Terapia. Centrada no Cliente), com o capítulo 1, "Re-marks on the future of client-centered therapy" (Co-mentários sobre o futuro da terapia centrada no clien-te).Entrevista concedida a Willem Oltmans "Interview on
—"Do we need 'a' reality?" (Precisamos de "uma" realida-de).
1975—Publicação do livro "Psicoterapia e Relações Huma-
nas"Publicação do livro "Freedom to Learn" (Liberdade
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Entrevista concedida a Willem Oltmans, Interview on`growth — (Entrevista sobre "crescimento"), em "Ongrowth: the crisis of exploding population and resour-ce depletion" (Em crescimento: a crise de explosão po-pulacional e depauperação de recursos).
— Publicação dos artigos:"Can learning encompass both ideas and feelings?"(Pode a aprendizagem abranger idéias e sentimentos?);
—"Questions I would ask myself if I were a teacher"(Questões que eu deveria me fazer se eu fosse um pro-fessor);
—"The project at Immaculate Heart: an experiment inself-directed change" (O projeto em Coração Imacula-do: um experimento em mudança auto-dirigida).
Prefácios:da tradução para o japonês do livro "Encounter Groups"(Grupos de Encontro);
—da tradução para o japonês do livro "Person to Person"(De Pessoa para Pessoa);
—do livro "Pensée et Verité" (Pensamento e Verdade),
de André de Peretti.
Publicação do livro Freedom to Learn (Liberdadepara Aprender), onde Rogers esclarece sobre os ti-
pos de condições educacionais que defendia e emcujo estabelecimento estava comprometido de for-ma ativa, expondo assim sua crescente influência naeducação. O livro contém também uma clara expo-sição sobre a natureza do ser humano.
—Prefácio do livro "Bastem and Western Cultural Valu-es" (Valores Culturais Orientais e Ocidentais), de ToThi Anh, Vietnã do Sul.
—Participação no livro "Comprehensive Texbook ofPsychiatry" (Livro de Compreensão à Psiquiatria), deA. M. Freedman, H. I. Kaplan e B. J. Sadock, com ocapítulo "Client-centered psychotherapy" (Psicotera-pia centrada no cliente).
—Publicação dos artigos:"Empathic: an unappreciated way of being" (O modode ser empático: um modo não estimado de ser);
—The emerging person: a new revolution" (A pessoaemergente: uma nova revolução), em R. I. Evans,"Carl Rogers: The Man and his Ideas" (Carl Rogers:O Homem e suas Idéias);"The formative tendency" (A tendência formativa).Artigo não publicado: "An experiment in self-deter-minated fees" (Um experimento em taxas auto-deter-minadas), em colaboração com John K. Wood, AlanNelson; NatalieRCegers FuchS'e Bett Meador.•
—Artigos não publicados:"Janet mourns" (Lamentos de Janet);
—"Ellen West";
208 09
•••••1•••
Diana Maria de Holanda Belém
1977—Visita ao Brasil.—Publicação do livro "Sobre o Poder Pessoal".—Entrevista concedida à Revista Veja, São Paulo/Brasil:
"Por um homem melhor".
Cari Rogers: do Diagnóstico à Abordagem Centrada na Pessoa
BIBLIOGRAFIA
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1980—Publicação dos livros:—"A Pessoa como Centro";—"A Way of Being" (Um jeito de ser), onde Rogers rela-
ta o sofrimento com o falecimento de sua esposa, He-len, sua dificuldade em decidir continuar desenvolven-do seus trabalhos profissionais e sobre seu processode envelhecimento.
1983—Publicação do livro "Em busca de Vida".
1985—Publicação do livro "Quando fala o coração".
1987—(04 de fevereiro) Falecimento na Califórnia.
FADIMAN, James e FRAGER, Robert. Teorias da Persona-lidade. São Paulo, Harbra, 1979.
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ROGERS, Carl R. Tornar-se Pessoa. São Paulo: MartinsFontes, 1961, 2 4 ed.
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21110
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