CARIS007

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Sobre as duras verdades e as doces mentiras da vida Caríssima, sei que não sou amado, ou idolatrado, pois sei que não me acho tudo aquilo que posso te dizer que sou. Na verdade, caríssima, sou apenas um peregrino à procura de paz. Na verdade, caríssima, apenas quero um pouco de vida que traduza, em minh´alma sentida, a verdade que a vida me traz, a cada dia, em cada momento, em mais um sentimento que a vida me faz. Sou amado, e odiado, caríssima, não se sabe direito porque, ou por que cargas d´água o sou. Talvez porque seja assim, porque olho de frente, porque sinto, assim de repente, que a vida me leva, e que tudo o que faço, o que sinto, o que penso, são apenas vultos de para onde vou. Caríssima, sei que não sou perfeito. Sei que não sou amado. Sei que sou até odiado. Sei que a vida é ingrata. Sei que, nessa tal cascata, posso me afogar. Mas caríssima, eu jogo o jogo da vida. E essa vida, caríssima, é a que sinto pulsar, como emoção que se encerra a cada momento em cada instante que vivemos. E é por isso, caríssima, que prefiro a dura verdade de ver a mim mesmo como eu sou a sentir a doce mentira de ser outro que eu não fui. Porque a verdade dá-nos o real, para o nosso próprio bem, enquanto a mentira apenas nos ilude, dando apenas no mal. Fábio Peres

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Cartas à Caríssima

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Sobre as duras verdades e as doces mentiras da vida

Caríssima,sei que não sou amado,ou idolatrado,pois sei que não me acho tudo aquiloque posso te dizer que sou.Na verdade, caríssima,sou apenas um peregrinoà procura de paz.Na verdade, caríssima,apenas quero um pouco de vidaque traduza, em minh´alma sentida,a verdade que a vida me traz,a cada dia,em cada momento,em mais um sentimentoque a vida me faz.Sou amado, e odiado, caríssima,não se sabe direito porque,ou por que cargas d´água o sou.Talvez porque seja assim,porque olho de frente,porque sinto, assim de repente,que a vida me leva, e que tudoo que faço, o que sinto,o que penso,são apenas vultos de para onde vou.

Caríssima,sei que não sou perfeito.Sei que não sou amado.Sei que sou até odiado.Sei que a vida é ingrata.Sei que, nessa tal cascata,posso me afogar.Mas caríssima,eu jogo o jogo da vida.E essa vida, caríssima,é a que sinto pulsar,como emoção que se encerraa cada momentoem cada instante que vivemos.E é por isso, caríssima,que prefiro a dura verdade de ver a mim mesmocomo eu soua sentir a doce mentira de ser outroque eu não fui.

Porque a verdade dá-nos o real, para o nosso próprio bem,enquanto a mentira apenas nos ilude, dando apenas no mal.

Fábio Peres