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XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ)

Especificar a Área do trabalho (CA)

Caracterização do conteúdo de Química solicitado dos candidatos ao concurso vestibular da FUVEST

Nicéa Quintino Amauro1(PG) *, Antônio Aprígio da Silva Curvelo2,3(PQ) 1Universidade de São Paulo / Instituto de Química de São Carlos – IQSC - e-mail: [email protected] 2Universidade de São Paulo / Instituto de Química de São Carlo – IQSC - e-mail: [email protected] 3Universidade de São Paulo / Centro de Divulgação Científica e Cultural - CDCC

Palavras Chave: vestibular, conteúdo, ensino médio

RESUMO: O presente estudo tem como objetivo caracterizar e identificar quais conhecimentos químicos são solicitados dos alunos egressos do ensino médio brasileiro para a seleção dos futuros universitários. Os objetos de estudo foram as provas de química da segunda fase do vestibular da FUVEST, os programas para a prova de química e o índice de discriminação da segunda fase, deste mesmo concurso vestibular, entre os anos de 2000 e 2007. Para a classificação das questões foram empregadas as categorias, os critérios e as nomenclaturas utilizados pelos elaboradores da prova de química deste concurso, que são: transformações químicas, utilização e propriedades dos materiais, a água na natureza, dinâmica das transformações químicas, energia nas transformações químicas, transformações químicas nucleares e artificiais e estudo dos compostos de carbono. O estudo conseguiu identificar o caráter normativo, orientador e controlador deste concurso ves tibular para o sistema de ensino que o antecede.

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como objetivos a identificação dos conhecimentos químicos

exigidos dos alunos do ensino médio brasileiro ao longo do processo de escolarização. Para

tanto, analisa as provas de Química do vestibular realizado pela Fundação Universitária para o

Vestibular (FUVEST) entre os anos de 2000 e 2007. Tais documentos constituem parte do

processo de seleção dos estudantes que têm como objetivo dar continuidade aos seus estudos

pelo ingresso em uma das Instituições de Ensino Superior (IES) participantes do concurso

vestibular da FUVEST.

A iniciativa de desenvolver pesquisas sobre o conteúdo solicitados nas provas de

Química nasceu da nossa experiência e de nossa inquietação vivenciadas em sala de aula. No ano

de 2001 fui professora de Química Geral no cursinho pré-vestibular “Hebert de Souza”

(Campinas – SP), neste período comecei a me questionar sobre qual a relação entre os

conhecimentos químicos solicitados nos exames vestibulares das universidades estaduais

paulista, USP, UNICAMP e UNESP para a resolução da prova de Química? Este

questionamento surge de outro, ainda maior, “o que os exames vestibulares pretendem avaliar?”

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UFPR, 21 a 24 de julho de 2008. Curitiba/PR.

Especificar a Área do trabalho (CA)

JUSTIFICATIVA

O estudo dos mecanismos de seleção dos alunos egressos do ensino médio às IES

torna-se socialmente importante já que estes influenciam as práticas docentes de todo sistema de

ensino que o antecede. O vestibular no Brasil já é um senhor de quase cem anos. Sua história

vem sendo marcada por acontecimentos relacionados não apenas à vida educacional do país,

mais também a questões sociais, políticas e econômicas. Sua criação se deu exatamente em 1911,

pela determinação legal de que aqueles que desejassem ingressar nos cursos superiores deveriam

submeter se a exames de Estado (Ribeiro Neto, 1987). A primeira vez que o nome “vestibular”

foi adotado a este exame foi em 1915, derivado de “vestíbulo”, que quer dizer “átrio, entrada de

um edifício”. Para Alves (2005) os concursos vestibulares foram:

Anunciados como inocentes portas de entrada, o seu efeito maior, entretanto, tem sido o seu poder de moldar e determinar os padrões de educação nas escolas de ensino médio e até mesmo de ensino fundamental. Cúmplices nesse processo são os pais. Ansiosos por ver seus filhos nas universidades, por imaginarem que um diploma vai lhes garantir segurança econômica, exercem pressão sobre as escolas no sentido de que elas se transformem em instituições dedicadas a “preparar para o vestibular”

Tais exames pretendem discriminar, através de testes de conhecimento específico e

provas de aptidão (para certas carreiras), os candidatos aptos a seguir uma carreira acadêmica.

Desta forma, a análise das questões de prova destes exames, dos conteúdos, dos conhecimentos,

das habilidades e das capacidades exigidas pode contribuir para uma caracterização mais

detalhada sobre as práticas educacionais no ensino médio e principalmente sobre a análise de

conteúdo (Amauro, 2004).

Entretanto, a relação entre o vestibular e a Educação básica é bastante complexa. As

provas que selecionam os candidatos também permitem diagnosticar os problemas de

aprendizagem e, indiretamente, o ensino que o antecedem. Caracterizando-se, desta forma, como

orientadores e legitimadores do currículo real aplicado pelos professores em sala de aula.

Muitos professores da rede pública estadual, que atuam na grande São Paulo, pautam seu trabalho pela intenção de oferecer aos seus alunos a oportunidade de ingressarem em uma das universidades públicas paulistas, em especial a USP, preparando-os para os exames vestibulares da FUVEST. (MELLO, 2000)

OBJETIVO:

O objetivo deste trabalho é identificar e caracterizar “que tipo de conhecimento químico

vem sendo exigido dos alunos egressos do ensino médio brasileiro na seleção de futuros

universitários?”. Concomitantemente, esta pesquisa, também, tem como foco o estabelecimento

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de uma metodologia de análise das questões de vestibular de química com a finalidade de

estabelecer os conteúdos solicitados para resolução da mesma. Propomos, para tanto, uma estudo

a partir das questões das provas de química da Fundação Universitária para o Vestibular

(FUVEST); no período de 2000 a 2007. Nestes documentos buscamos identificar quais os temas

propostos no programa da prova de química deste vestibular são efetivamente solicitados.

No campo da educação os pesquisadores utilizam os dados, em particular as questões e as

respostas dos candidatos, para diagnosticar os propósitos dos próprios exames e do processo

seletivo proposto. Nesta perspectiva, os exames são apresentados como um dos diversos

mecanismos de verificação de resultados no interior do sistema educacional, que podem fornecer

um diagnóstico das situações do sistema de ensino básico.

METODOLOGIA:

Para a construção do instrumento de análise capaz de caracterizar os elementos e os

componentes do conhecimento químico escolar com a mínima interferência possível sobre o

dado real, que no nosso caso são as provas que compõem os exames vestibulares, nos

fundamentamos na natureza desses dados. As análises desenvolvidas neste trabalho partem de

análises documentais. Como a escolha dos documentos segue os propósitos e as hipóteses

orientadoras da pesquisa, que em o nosso caso é a caracterização do conhecimento químico

exigido dos alunos egressos do ensino médio, assim sendo, selecionamos para as análises: os

programas e as provas de Química dos concursos vestibulares da FUVEST, no período de 2000 a

2007. As provas foram retiradas do próprio portal da FUVEST.

As provas constituem o núcleo mais importante da documentação a ser analisada, exigindo cuidados metodológicos específicos. Trata-se do documento que explicita o currículo examinado pela universidade, dando concretude aos conteúdos selecionados e fornecendo elementos para o entendimento dos padrões operacionais mentais exigidos para sua resolução (Mello, 2000).

Os exames vestibulares da FUVEST se realizam em duas fases, com um intervalo entre

elas de aproximadamente um mês. A Primeira Fase é composta de uma prova contendo 90

questões, valendo um ponto cada uma, das quais até 10% terão abordagem interdisciplinar, e

versa sobre o conjunto das disciplinas do núcleo comum do Ensino Médio (Português,

Matemática, História, Física, Geografia, Química, Biologia e Inglês). Todas as questões são do

tipo objetiva, com cinco alternativas, sendo somente uma correta. A duração da prova é de 05

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(cinco) horas. Seleciona uma quantidade de candidatos igual a três vezes o numero de vagas

existente para cada área do conhecimento considerado pela FUVEST (FUVEST, 2007).

A segunda fase é constituída por um conjunto de até quatro provas analítico-expositivas,

das quais a de Português é obrigatória para todos os candidatos convocados para a segunda fase.

Em cada carreira haverá, além da prova de Português, até mais três provas. Cada prova é

composta por 10 questões de mesmo valor. Estas provas versam sobre as seguintes matérias:

Matemática, Física, Química, Biologia, Geografia e História sendo realizada apenas uma prova a

cada dia.

Para a aná lise de conteúdo utilizamos os critérios delimitados pelo Programa da Prova de

Química da FUVEST nos anos analisados. O referido Programa segue os parâmetros e as

diretrizes do “Programa Oficial de Química do Governo do Estado de São Paulo” (1998) - PCQ,

este, por sua vez, propõe uma organização do currículo por temas, com vistas à superação da

horizontalidade das disciplinas e a fragmentação do conhecimento. Para Wartha (2002) a

abordagem temática tem como finalidade o desenvolvimento de atitudes e de valores que

propiciem ao aluno um olhar mais amplo sobre as questões ambientais, econômicas, éticas,

sociais e culturais. Desta forma, podemos estabelecer um vínculo entre a PCQ, os conteúdos

efetivamente solicitados nos exames e o Programa das provas. Utiliza-se, para tanto, os seguintes

critérios e nomenclaturas de classificação:

1. Transformações químicas

ü Reconhecimento das transformações químicas; ü Interpretação das transformações químicas; ü Representação das transformações químicas; ü Aspectos quantitativos das transformações químicas.

2. Utilização e propriedades dos materiais

ü Elementos e suas substâncias; ü Metais; ü Substâncias iônicas; ü Substâncias moleculares; ü A indústria química; ü Ciclos de dióxido de carbono, enxofre e nitrogênio na natureza.

3. A água na natureza

ü Estrutura da água, propriedades, importância para a vida e seu ciclo na natureza ; ü Interações da água com outras substâncias; ü Estado coloidal;

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ü Ácidos, bases, sais e óxidos; ü Poluição e tratamento da água.

4. Dinâmica das transformações químicas ü Velocidade das transformações químicas; ü Equilíbrio em transformações químicas.

5. Energia nas transformações químicas ü Transformações químicas e energia térmica; ü Transformações químicas e energia elétrica.

6. Transformações nucleares naturais e artificiais ü Conceitos fundamentais da radioatividade. ü Reações nucleares: fissão e fusão nucleares. ü Radioisótopos e meia-vida. ü Usos da energia nuclear e implicações ambientais.

7. Estudo dos compostos de carbono ü Características gerais ; ü Reações em química orgânica; ü Química orgânica no cotidiano. (FUVEST, 2007)

A análise do conteúdo expresso nas questões de vestibular pode levar ao entendimento

sobre quais conhecimentos químicos o aluno egresso do ensino médio deveria ter aprendido

segundo os examinadores da FUVEST. Assim sendo, as fontes documentais selecionadas para a

realização da pesquisa foram:

ü Os programas das provas de Química (2000 a 2007)

ü As provas de Química (2000 a 2007)

ü Distribuição de notas das provas da segunda fase (2000 a 2007)

As questões que compõem a prova de Química da segunda fa se da FUVEST têm-se

mantido dentro de certas características gerais desde o primeiro concurso vestibular realizado por

esta instituição, em 1977. O programa para esta prova procura cobrir todo o conteúdo

significativo de acordo com a programação oficial. Desta forma, este deve estar de acordo com o

PCQ, já que a FUVEST esta instalada no estado de São Paulo, bem como de acordo com os

Parâmetros Curriculares Nacionais, por ser um exame realizado em nível nacional (Milder e

Silva, 2002).

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As questões envolvem cálculos matemáticos simples. E como estas questões são

discursivas e de solução aberta, na prova fica registrado o caminho de raciocínio desenvolvido

para chegar à resposta. As 10 questões que podem ser subdivididas em itens, isto é, para cada

questão existem uma ou mais perguntas para serem respondidas. Cada um destes itens pode

versar sobre um dos temas do conteúdo, sendo independente um do outro. Utilizando-se desta

estratégia os elaboradores da prova de Química conseguem cobrir uma extensão maior de

conteúdos.

Para a identificação dos temas do conteúdo de Química realizamos uma análise

interpretativa com a finalidade de identificar qual o tema majoritário solicitado para correta

resolução da questão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O nível da prova, bem como a quantidade de anos analisados foi considerado por nós

adequados para medir os conteúdos solicitados dos alunos que terminam o ensino médio. Para a

caracterização do conhecimento químico, as categorias, os critérios e a nomenclatura empregada

seguem o Programa da prova de Química para o vestibular da FUVEST entre os anos estudados.

Como a análise do Programa da prova de Química demonstrou uma variação nos

conhecimentos solicitados no decorrer dos anos optamos pela divisão de conteúdo conforme o

programa de 2007, que é o último ano de análise. Percebemos também que os conteúdos

analisados têm a mesma nomenclatura e critérios de classificação, o que se altera no período de

estudo são as disposições internas do conhecimento químico escolar solicitado. Desta forma, as

categorias de análise empregadas foram:

1. Transformação química

2. Utilização e propriedades dos materiais

3. A água na natureza

4. Dinâmica das transformações químicas

5. Energia nas transformações químicas

6. Transformações nucleares naturais e artificiais

7. Estudo dos compostos de carbono

Os resultados obtidos foram dispostos em gráficos e partindo de cada conjunto de

gráficos elaboramos as nossas análises. Assim, a Figura 1 apresenta a variação do número de

questões nas diferentes categorias, nos anos analisados.

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0 1 2 3 4 5

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Transformações químicas

0 1 2 3 4 5

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Energia nas transformações químicas

0 1 2 3 4 5

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Estudo dos compostos de Carbono

0 1 2 3 4 5

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Utilização e propriedades dos materiais

0 1 2 3 4 5

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Dinâmica das Transformações Químicas

0 1 2 3 4 5

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

À água na natureza

0 1 2 3 4 5

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Transformações nucleares

Figura 1: Gráficos da distribuição das questões por conteúdo no período 2000 – 2007.

Constata-se pela análise da Figura 1 que a FUVEST distribuiu o conteúdo das questões

de forma pouco homogênea entre as categorias, no período estudado. Enquanto os temas

“Transformações químicas”, “Energia nas transformações químicas” e “Estudo dos compostos

de carbono” são solicitados em todos os anos, os temas “A água na natureza” e “Transformações

nucleares naturais e artificiais” foram solicitados em apenas três dos oito anos analisados. Já os

temas “Dinâmica das transformações químicas” e “Utilização e propriedades dos materiais”

estão presentes em sete e seis anos do período analisado, respectivamente.

Pela analise do conjunto dos gráficos da Figura 1, podemos notar que os avaliadores

trabalham com os conteúdos de forma não homogênea, empregando constantemente

determinados conteúdos enquanto outros são apenas esporadicamente empregados.

Considerando-se a distribuição dos conteúdos dentro do universo de questões analisadas no

período (80 questões) verifica-se novamente a prevalência de alguns temas sobre outros. A

Figura 2 apresenta a distribuição percentual dos temas no conjunto dos anos analisados.

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0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00%

Transformações químicas

Utilização e propriedadesdos materiais

À água na natureza

Dinâmica dasTransformações químicas

Energia nastransformações químicas

Transformações nucleares

Estudo dos compostos deCarbono

Figura 2: Gráfico da distribuição percentual dos temas das questões no período 2000 – 2007.

O objetivo do vestibular é a classificação dos candidatos provenientes de diferentes

escolas do ensino médio que querem ingressar nos diferentes cursos oferecidos pela

universidade. Para tanto, as provas procuram abranger o vasto conteúdo de ensino de química. A

tendência geral observada nos vestibulares da FUVEST é a priorização dos temas

“transformações químicas” e “estudo dos compostos do carbono” em detrimento dos demais,

sendo os temas “a água na natureza” e “transformações nucleares naturais e artificiais” os menos

utilizados. Os outros três temas são exigidos em percentuais que variam de 10 a 15 %. A

distribuição diferenciada entre os sete temas do programa da prova de química no decorrer dos

anos revela uma característica que pode ser (ou, de fato é) utilizada pelos professores do ensino

médio e, principalmente, de cursos vestibulares no preparo dos estudantes que irão se apresentar

aos vestibulares da FUVEST.

Um dos possíveis reflexos desta característica (concentração maior em determinados

temas) pode ser observado na análise da notas médias obtidas pelos vestibulandos nas provas de

química da FUVEST, no período analisado. Na Figura 3, comparamos as notas médias totais,

por tema, nos anos analisados. Para cada questão a nota máxima é 4 (quatro) e a nota mínima é 0

(zero). A estratégia metodológica do nosso estudo conseguiu constatar que os temas

predominantes apresentam perfil semelhante e detêm notas médias semelhantes entre si

(próximas de 1,50), com crescimento nos últimos quatro anos do período analisado. A tendência

observada acima é oposta ao observado nos temas menos recorrentes. Ou seja, apresentam

médias menores e com tendência de redução nos últimos anos (4 – 5 anos) do período analisado.

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0 0,5 1 1,5 2 2,5

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Transformações Químicas

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

A Água na Natureza

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Dinâmica das transformações Químicas

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Energia nas Transformações Químicas

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Trasformações nucleares

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Estudo dos Compostos de Carbono

Figura 3: Gráficos de distribuição das notas médias das questões de química no período 2000 – 2007.

A análise realizada, embora não conclusiva, pode indicar que a não solicitação de

determinados temas no exame da FUVEST pode levar a que estes temas não sejam trabalhados

no ensino médio. Assim, visando um melhor desempenho no exame vestibular, os professores (e,

como conseqüência, seus alunos concentrem esforços nos temas mais solicitados. Ainda que o

grau de dificuldade dos exames considerados neste estudo não seja necessariamente o mesmo, as

melhores médias nos temas mais recorrentes podem indicar a ocorrência de uma preparação

seletiva para estes temas. Dessa maneira, ainda que possa ser bem sucedido nos exames

vestibulares, os estudantes estarão sendo privados dos conhecimentos abrangidos nos conteúdos

menos solicitados, os quais são considerados pertinentes pelos documentos que norteiam os

programas oficiais de química.

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Utilização e propriedades dos materiais

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CONCLUSÕES

As funções do concurso vestibular se expandem para além do processo de seleção ao

ensino de terceiro grau, uma vez que passa a ser um instrumento normativo e orientador para

todo o sistema educacional brasileiro, em particular o ensino médio.

O estudo das provas química do concurso vestibular da FUVEST aponta para uma

reestruturação do nível de conhecimento químico dos alunos egressos do ensino médio

decorrente da concentração estatística em parte dos conteúdos de química e podem dirigir o

processo de preparação dos vestibulandos.

De fato, o aluno pode deixar de estudar os temas preteridos devido à pequena

possibilidade deste ser solicitado na prova, dedicando-se estudar, majoritária ou exclusivamente,

os temas mais recorrentes.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Sônia Maria de. Estrutura de raciocínio nas provas de física do vestibular da UFMG. São Paulo, 1985, 148p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Física e Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo.

ALVES, Rubens. “Estória para quem gosta de ensinar: o fim dos vestibulares. São Paulo. Artes Poéticas. 2005.

AMAURO, Nicea Quintino. Caracterização do nível de conhecimento químico dos alunos egressos do ensino médio brasileiro. 2004. 176p; Dissertação (Mestrado), Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, Brasil.

ARRUDA, Miguel Augusto de Toledo. Análise dos objetivos das questões de física nos vestibulares da FUVEST. São Paulo, 1983. 124p. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Física e Faculdade de Educação na área de ensino de ciências, Universidade de São Paulo. CUNHA, NADIA FRANCO DA. Vestibular na Guanabara. 2ª ed., Rio de Janeiro, CBPE, 1968, 406p. EMÍLIO, Daunins Reni. Os determinantes do acesso à Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002. 47p, Tese(Doutorado). Faculdade de Engenharia e Administração, Universidade de São Paulo. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo. Cortez, 1994. MACIEL, CARLOS. A universidade e outros temas. 1ª ed. Recife, Fundação Joaquim Nabuco, Massangana. Brasília: INEP, 1986, 311p. MILDNER, Telma; SILVA, Alexandro da. O ENEM como forma laternativa ou complementar aos vestibulares no caso das áreas de conhecimento “Língua Portuguesa e Literatura”: relevante ou passível de refutação? Estudos em Avaliação Educacional, n.25, p- 43-75, 2002. OLIVEIRA, Valeska Fortes. Vestibular: a porta de entrada dos sonhos. Cad Educ. FaE/UFPel. n. 8, p.171-182. 1997. PACCA, Jesuína Lopes de Almeida. Análise do desempenho de alunos frente a objetivos do projeto de ensino de física. São Paulo. 1976. Q24p. Dissertação (Mestrado), Programa Interinidades, Universidade de São Paulo

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