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CARACTERIZAÇÃO FITOSSOCIOLÓGICA DE TRÊS FASES SUCESSIONAIS DE UMA FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, NO MUNICÍPIO DE SANTA TEREZA - RS por SANDRO VACCARO Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal - área de concentração em Silvicultura, da Universidade Federal de Santa Maria (RS), como requisito parcial para obtenção do grau de MESTRE EM ENGENHARIA FLORESTAL. Santa Maria, RS - Brasil 1997

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CARACTERIZAÇÃO FITOSSOCIOLÓGICA DE TRÊS FASES

SUCESSIONAIS DE UMA FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, NO

MUNICÍPIO DE SANTA TEREZA - RS

por

SANDRO VACCARO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal - área de concentração em Silvicultura, da Universidade Federal de Santa

Maria (RS), como requisito parcial para obtenção do grau de MESTRE EM ENGENHARIA FLORESTAL.

Santa Maria, RS - Brasil

1997

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A COMISSÃO EXAMINADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA A DISSERTAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO FITOSSOCIOLÓGICA DE TRÊS FASES SUCESSIONAIS DE UMA FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, NO

MUNICÍPIO DE SANTA TEREZA - RS

ELABORADA POR SANDRO VACCARO

COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA FLORESTAL

COMISSÃO EXAMINADORA:

________________________________________ Prof. Dr. Solon Jonas Longhi - Orientador

________________________________________ Profª. Drª. Sônia Eisinger

________________________________________ Prof. Dr. Mauro Valdir Schumacher

Santa Maria, 18 de agosto de 1997

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AGRADECIMENTOS

Ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, da Universidade Federal

de Santa Maria: todos os professores, colegas e funcionários que contribuíram com

idéias e solidariedade no transcurso do curso e elaboração desta dissertação.

Ao Prof. Solon Jonas Longhi, orientador e acima de tudo amigo de muitos anos,

pelo apoio e confiança no meu trabalho.

A Marcos Sobral, exemplo de competência e amor pelo que faz, sempre disposto

a me receber para identificação de material botânico.

A Délcio Hochmüller, pelo auxílio nas análises de perfis e classificação do solo.

Aos amigos Luiz Baldoni (oveia), João Batista P. Pereira (negão), José Luiz

Leirias (saco), Paulo Alves (bof), Rodrigo Troian (tróia) e Leandro Dal Ri

(vermelho), companheiros de campo com quem compartilhei trabalho, esforço,

gargalhadas, conhecimento e as belezas naturais de Santa Tereza. Sem suas ajudas

não seria possível a execução deste projeto.

Aos irmãos João, José, Vitória e Marlene Brun, e a Vitor Picceti, pelo livre

acesso às suas propriedades e às informações prestadas.

À família de Alfeu Gellatti, pela amizade de anos e acolheitas agradáveis à sua

residência.

À equipe do Projeto Curicaca, pela paciência e incentivo prestados.

A todas as pessoas que com um sorriso sincero ou um pensamento positivo, me

transmitiram energias para a realização deste trabalho.

Aos meus pais, Hilário e Lourdes, à minha irmã, Simone, à Kátia Bortolini,

estrela em minha existência, e ao povo de Santa Tereza, dedico esta dissertação.

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................... vi

ABSTRACT ..................................................................................................... vii

LISTA DE TABELAS ...................................................................................... viii

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... x

LISTA DE ANEXOS ........................................................................................ xi

1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................... 3

2.1 Enquadramento fitogeográfico ....................................................... 3

2.2 Sucessão florestal ........................................................................... 6

2.3 Amostragem .................................................................................. 14

2.4 Levantamentos fitossociológicos .................................................... 18

2.4.1 Composição florística ..................................................................... 20

2.4.1.1 Índices de similaridade .................................................................... 20

2.4.2 Organização da comunidade ........................................................... 21

2.4.2.1 Nível arquitetural ........................................................................... 21

2.4.2.2 Nível estrutural .............................................................................. 22

2.4.2.2.1 Estrutura de abundância ................................................................. 22

2.4.2.2.2 Estrutura de tamanho ..................................................................... 26

2.4.2.3 Diversidade .................................................................................... 26

3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................... 28

3.1 Caracterização da área de estudo .................................................... 28

3.1.1 Localização e dados gerais ............................................................. 28

3.1.2 Escolha das áreas de estudo ........................................................... 30

3.1.3 Clima ............................................................................................. 31

3.1.4 Solos .............................................................................................. 31

3.2 Procedimentos em campo ............................................................... 33

3.2.1 Amostragem .................................................................................. 33

3.2.2 Coleta e identificação do material botânico ..................................... 35

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3.3 Tratamento dos dados e parâmetros fitossociológicos analisados .... 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................... 37

4.1 Suficiência de amostragem ............................................................. 37

4.2 Composição florística da Floresta Estacional Decidual

de Santa Tereza ............................................................................

38

4.3 Composição florística das três fases sucessionais ............................ 47

4.4 Categorias sucessionais .................................................................. 54

4.5 Organização da comunidade ........................................................... 56

4.5.1 Nível arquitetural ........................................................................... 56

4.5.1.1 Aspectos e parâmetros gerais das fases sucessionais ....................... 56

4.5.1.2 Distribuição de alturas .................................................................... 60

4.5.1.3 Distribuição de diamétrica .............................................................. 62

4.5.1.4 Sanidade ........................................................................................ 64

4.5.1.5 Forma do fuste ............................................................................... 65

4.5.2 Nível estrutural .............................................................................. 66

4.5.2.1 Análise comparativa ....................................................................... 71

4.5.3 Diversidade .................................................................................... 73

5 CONCLUSÕES ............................................................................. 74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 77

ANEXOS .......................................................................................................... 85

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RESUMO

CARACTERIZAÇÃO FITOSSOCIOLÓGICA DE TRÊS FASES

SUCESSIONAIS DE UMA FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, NO

MUNICÍPIO DE SANTA TEREZA - RS

Autor: Sandro Vaccaro

Orientador: Prof. Dr. Solon Jonas Longhi

Realizou-se a caracterização fitossociológica de três fases sucessionais arbóreas às quais denominou-se Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura, de uma Floresta Estacional Decidual, no município de Santa Tereza, região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, através do método de área fixa, processo de amostragem estratificada e distribuição sistemática das unidades amostrais. O diâmetro mínimo considerado foi de 3,2 cm. A análise florística da região revelou ser um prolongamento da Floresta Estacional Decidual da região do Alto Uruguai. Da análise da organização comunitária das três subseres observou-se, no transcurso da sucessão florestal, uma diminuição da densidade total e tortuosidade do fuste; além de um aumento da área basal total, altura e diâmetro das árvores, taxa de árvores saudáveis e estratificação arbórea; bem como a existência de uma hierarquia de substituição e importância de famílias botânicas e de grupos de espécies de categorias sucessionais distintas, de maneira a predominarem espécies e indivíduos intolerantes à sombra nas etapas iniciais e tolerantes à sombra à medida que o processo evolui. Luehea divaricata Mart. e Bauhinia forficata Benth. foram as espécies mais importantes do Capoeirão; Cupania vernalis Camb. e Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez da Floresta Secundária; Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez e Actinostemon concolor (Spreng.) Müll. Arg. da Floresta Madura.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL Dissertação de Mestrado em Engenharia Florestal Santa Maria, 18 de agosto de 1997.

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ABSTRACT

PHYTOSOCIOLOGICAL CARACTERIZATION OF THREE

SUCCESSIONAL PHASES OF DECIDUOUS SEASONAL FOREST, IN

SANTA TEREZA - RS

Author: Sandro Vaccaro Advisor: Prof. Dr. Solon Jonas Longhi The phytosociological caracterization of three kinds of arboreal succession, which were named Dense Brushwood, Secondary Forest and Mature Forest, was accomplished in the county of Santa Tereza, Northeast of the State of Rio Grande do Sul, through the fixed area method, extratified sampling and sistematic distribution of sample plots. The minimum diameter considered was 3,2 cm. The floristic analisys of the region showed it to be a continuation of the Deciduous Seasonal Forest of the Alto Uruguai region. From the community organizational analisys of the three subseres was observed, during the forest succession, a decrease in the total density, trunk tortuosity followed by an increase in basal area, height and tree diameter, rate of sound trees and arboreal extratification; moreover, the occurrence of a substitution hierarquical and botanical family importance and of distinct succecional categories of species groups, as a form of specie dominance and of individuous shade intolerance during the initial and shade tolerance as the successional process progress. Luehea divaricata Mart. and Bauhinia forficata Benth. were the most important species of the Dense Brushwood; Cupania vernalis Camb. and Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez of the Secondary Forest; Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez and Actinostemon concolor (Spreng.) Müll Arg. of the Mature Forest.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COURSE OF POS-GRADUATION IN FORESTRY ENGINEERING Master’s Dissertation in Forestry Engineering Santa Maria, 29 de julho de 1997

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Família botânica, nome científico e distribuição geográfica no

Estado, das espécies arbóreas com CAP ≥ 10 cm, encontradas

nas encostas dos morros que circundam a sede do município de

Santa Tereza .............................................................................

40

Tabela 2 - Número de gêneros e espécies das famílias identificadas nas

vertentes dos morros de Santa Tereza, considerando CAP ≥ a

10 cm .......................................................................................

46

Tabela 3 - Espécies amostradas nas subseres Capoeirão, Floresta

Secundária e Floresta Madura, número de indivíduos levantados

e respectiva categoria sucessional .............................................

48

Tabela 4 - Índices de Similaridade entre as fases sucessionais da Floresta

Estacional Decidual no município de Santa Tereza ....................

53

Tabela 5 - Distribuição das espécies e do número de indivíduos

amostrados na subsere Capoeirão, por categoria sucessional

.......................

55

Tabela 6 - Distribuição das espécies e do número de indivíduos

amostrados na subsere Floresta Secundária, por categoria

sucessional .........

55

Tabela 7 - Distribuição das espécies e do número de indivíduos

amostrados na subsere Floresta Madura, por categoria

sucessional ..............

55

Tabela 8 - Parâmetros gerais das fases sucessionais da Floresta Estacional

Decidual no município de Santa Tereza ....................................

59

Tabela 9 - Estado de sanidade das árvores vivas amostradas nas três

subseres, em valores percentuais ...............................................

64

Tabela 10 - Forma do fuste das árvores vivas amostradas nas três subseres,

em valores percentuais ..............................................................

65

Tabela 11 - Valores relativos de densidade, dominância e freqüência das

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espécies amostradas na subsere Capoeirão, ordenadas em

ordem decrescente de Índice de Valor de Importância

.........................

67

Tabela 12 -

Valores relativos de densidade, dominância e freqüência das

espécies amostradas na subsere Floresta Secundária, ordenadas

em ordem decrescente de Índice de Valor de Importância .........

69

Tabela 13 - Valores relativos de densidade, dominância e freqüência das

espécies amostradas na subsere Floresta Madura, ordenadas em

ordem decrescente de Índice de Valor de Importância ..............

70

Tabela 14 - Percentagem de importância e categorias sucessionais das

espécies arbóreas que obtiveram as dez primeiras posições de

IVI nos três estágios sucessionais .............................................

71

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização das áreas de estudo ................................................. 29

Figura 2 - Curvas de número de espécies / área para definição de

amostragem por fase sucessional .................................................

37

Figura 3 - Famílias que apresentaram as maiores percentagens de

importância ................................................................................

52

Figura 4 - Perfil estrutural de um trecho da subsere Capoeirão .................... 57

Figura 5 - Perfil estrutural de um trecho da subsere Floresta Secundária ..... 58

Figura 6 - Perfil estrutural de um trecho da subsere Floresta Madura .......... 59

Figura 7 - Distribuição de freqüência das classes de altura total, por estrato,

das subseres Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura ..

61

Figura 8 - Distribuição de freqüência das classes de CAP, das subseres

Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura ......................

63

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LISTA DE ANEXOS

Anexo I - Descrição morfológica e análise físico-química dos perfis de solo .... 86

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1 INTRODUÇÃO

Estes dois últimos séculos da história da humanidade foram marcados por um

crescimento tecnológico-populacional cada vez mais rápido, o que gerou processos

como a industrialização, a urbanização, a agricultura intensiva e monocultural, dentre

outros. As consequências da aceleração deste “desenvolvimento civilizatório” de

maneira não sustentável produziram, neste curto espaço de tempo, o mais extenso e

profundo impacto sobre os ecossistemas que o homem até então foi capaz de causar.

Quanto aos ecossistemas florestais, vive-se em uma época que poderia ser

denominada a “era da vegetação secundária”. Somos espectadores de uma das trocas

mais impressionantes da história da vida sobre a terra, pois a biota nativa está

extinguindo-se ou adaptando-se a novas condições, tendo como causa principal as

atividades humanas (GÓMEZ-POMPA, 1971).

Este fato já é suficiente para respaldar qualquer investigação que se realize sobre

os processos de regeneração dos ecossistemas tropicais, sem que isto signifique que o

estudo dos ecossistemas primários não continuem tendo uma alta prioridade; pois é

indiscutível que em um futuro próximo poder-se-á querer recuperar alguns dos

ecossistemas que se tem perdido e por tal motivo os conhecimentos gerados em

estudos sucessionais serão fundamentais (GÓMEZ-POMPA & WIECHERS, 1976).

No início da colonização do Rio Grande do Sul pela imigração européia, pelo

menos a terça parte do Estado era coberto por florestas. Hoje, as matas nativas

representam 5,6% do território gaúcho, de acordo com o “Inventário Florestal

Nacional - Rio Grande do Sul” (BRASIL, 1983).

Segundo MARCHIORI (1991), as matas remanescentes são apenas pálidas

sombras do que foram no passado pois, além de inexpressiva área atualmente

ocupada por elas, sofreram ao longo do tempo uma extração contínua de árvores mais

valiosas, causando a depauperação das mesmas. Atribui como causa desta situação

desoladora raízes históricas, sócio-políticas, econômicas e culturais.

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O processo de desmatamento no Estado tem acarretado, entre outros aspectos, a

carência de madeiras nobres nativas, o desequilíbrio do regime hídrico, alteração dos

processos erosivos naturais das bacias hidrográficas, danos à fauna, e a perda de um

potencial genético inestimável.

O conhecimento da composição florística e da estrutura dos estágios sucessionais

de um tipo florestal, não só vem a contribuir para um maior entendimento da

fitocenose, como pode vir a elucidar alguns aspectos relativos às estratégias naturais

de sucessão, algumas com possibilidades de serem reproduzidas na recuperação de

áreas degradadas. Também, é essencial às atividades de manejo sustentado dos

recursos florestais, no monitoramento de áreas de preservação permanente e na

implantação de florestas comerciais com espécies nativas.

Buscando contribuir com mais informações sobre a fitossociologia do

ecossistema da Floresta Estacional Decidual do Rio Grande do Sul, este estudo

objetiva conhecer e comparar a composição florística e a estrutura fitossociológica de

três estágios sucessionais da Floresta Estacional Decidual ocorrente no município de

Santa Tereza, quais sejam: Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Enquadramento fitogeográfico

RAMBO (1956a) salienta que o Rio Grande do Sul não apresenta uma flora

arbórea própria, evoluída em seu espaço territorial, mas sim imigrada para cá.

No Estado, é possível distinguirmos três grandes formações florestais, quais

sejam: a Floresta Estacional, formada principalmente por representantes das floras da

Bacia Amazônica e do Brasil Central; a Floresta Ombrófila Densa, caracterizada por

espécies tropicais afro-brasileiras, muitas evoluídas nas serranias próximas ao

Oceano Atlântico; e a Floresta Ombrófila Mista, representada pelas floras tropical

(afro-brasileiras) e temperada (australantártica e andina) com marcada relevância

fisionômica de elementos Coniferales e Laurales.

Vários autores, como LINDMAN (1906), RAMBO (1951, 1953, 1956a, 1956b e

1956c), KLEIN (1979, 1980 e 1983) e LEITE & KLEIN (1990) assinalaram o caráter

relativamente recente destas formações florestais no Estado, concluindo que o mato

estaria avançando sobre o campo, pois as condições climáticas atuais (clima

subtropical superúmido na grande parte do território) são eminentemente florestais.

Os campos seriam relictos de um clima pretérito mais frio e seco. Também

observaram que a mata de pinhais, localmente mais antiga, estaria cedendo lugar às

florestas Estacional e Ombrófila Densa quando em contato com estas, devido a

incompatibilidade em competir das espécies temperadas heliófitas frente ao clima

atual. RAMBO (1954) ainda comenta que a Floresta Ombrófila Densa seria a

ocupação florestal mais recente, favorecida, segundo KLEIN (1983), pela

tropicalização desta última oscilação climática do período Quaternário.

De acordo com BIGARELLA (1964), o período Quaternário no Brasil

meridional foi marcado por mudanças climáticas profundas e extremas,

correlacionadas à flutuação do nível dos oceanos, nas quais alternaram-se fases semi-

áridas prolongadas (períodos glaciais) com fases úmidas (períodos interglaciais),

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conferindo estas últimas um máximo de expansão das florestas.

Quando a Floresta Estacional invadiu o Estado, encontrou duas camadas

florísticas mais antigas, o campo e a mata de pinhais; esta última, atualmente,

ocupando porções do planalto, em altitudes superiores a 500m. A Floresta Estacional,

considerada como um prolongamento empobrecido das matas da Bacia do rio Paraná,

teria imigrado pela Província de Missiones, na República Argentina, e penetrado via

rio Uruguai pela região noroeste do Estado, vindo a contornar a borda sul do planalto

riograndense, ocupando os vales dos rios Uruguai, Pelotas, Ibicuí, Jacuí, Taquari,

Antas, Caí e Sinos, e os solos da encosta sul da Serra Geral mais profundamente

erodidos (RAMBO, 1951, 1956a). A Floresta Ombrófila Densa, no caso definida

como a porção mais austral da província fitogeográfica que se estende ao longo da

costa brasileira desde o Rio Grande do Norte (MARCHIORI, 1991), entrou pelo

extremo nordeste do Estado, pela chamada “porta de Torres”, uma estreita faixa de

no máximo 25 Km de largura, entre a coluna quase vertical de basalto chegando a

mais de mil metros de altitude dos aparados riograndenses e o Oceano Atlântico

(RAMBO, 1951), vindo a revestir as encostas da Serra Geral voltadas para o mar,

bem como algumas planícies quaternárias adjacentes, desde o rio Mampituba, na

divisa com Santa Catarina, ao Vale do Maquiné, nas proximidades de Osório.

Em face das diferenciações da vegetação observadas nas viagens encetadas pelo

interior do Estado, REITZ et al. (1988) identificaram para o Rio Grande do Sul oito

regiões fitogeográficas como unidades para zoneamento ecológico-florestal: Floresta

Pluvial da Encosta Atlântica, Área do Sudeste ou Escudo Riograndense, Bacia do rio

Jacuí ou Depressão Central, Área do Sudoeste ou Parque do Espinilho, Bacia do Rio

Uruguai, Bacia do Rio Ibicuí, Área do Planalto ou Floresta com Araucária e Restinga

Litorânea.

Revestindo a encosta sul do planalto riograndense que atravessa o Estado na

altura aproximada do paralelo 29°30’ (região denominada de “Fralda da Serra Geral”

por RAMBO, 1956b), e com extensos prolongamentos ao longo dos vales escavados

pelos rios Jacuí e seus tributários, situa-se uma floresta densa, de caráter estacional,

que, embora distinta em certos aspectos da Floresta Estacional Decidual da região do

Alto Uruguai, da Floresta Ombrófila Densa do extremo nordeste do Estado e da

Floresta Ombrófila Mista por sobre o planalto, mostra numerosas espécies em

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comum com as mesmas.

De acordo com KLEIN (1983), analisando-se a florística da vegetação arbórea da

Floresta Estacional da Fralda da Serra Geral, encontramos árvores de três tipos

florestais. A maioria de seus constituintes (mais de 2/3) são provenientes da Floresta

Estacional dos rios Paraná e Uruguai, representando assim, a mata da Fralda da Serra

Geral, uma floresta diluída do Alto Uruguai. Outro contingente menos expressivo

pertence aos sub-bosques dos pinhais, principalmente espécies das famílias

Lauraceae e Mirtaceae e, finalmente, cerca de 25 espécies (do total de 222 listadas)

são oriundas da Floresta Ombrófila Densa, cuja importância fisionômica ou é apenas

local, ou então inespressiva. Devido a tal fato e pela quantidade incipiente de

trabalhos botânicos e fitossociológicos realizados neste tipo florestal, IRGANG

(1983) preferiu no momento denominá-la de apenas “matas mistas da Depressão

Central”.

A formação florestal que recobre as vertentes dos morros do município de Santa

Tereza até uma altitude aproximada de 500m, onde entra em contato com a mata de

pinhais, pertence a região fitogeográfica da Bacia do rio Jacuí, conforme REITZ et al.

(1988). Esta mata apresenta uma classificação fitogeográfica bastante divergente, por

exemplo: RAMBO (1956b) a denominou de Mata Virgem da Fralda da Serra Geral,

VELOSO (1966) de Floresta Pluvial Estacional Tropical Perenifolia do Planalto

Centro-Sul, ANDRADE-LIMA (1966) de simplesmente Floresta Subtropical, e

KLEIN (1983), PASTORE & RANGEL FILHO (1986), LEITE & KLEIN (1990),

VELOSO et al. (1991) e LEITE (1994) de Floresta Estacional Decidual. Cabe

ressaltar que a denominação Floresta Estacional Decidual é a mais recente e está

contida nos mapas mais atuais de vegetação.

Segundo VELOSO & GÓES FILHO (1982), o conceito ecológico da Floresta

Estacional está ligado ao clima, caracterizado por duas estações distintas: uma

chuvosa e outra seca, ou com acentuada variação térmica, com estacionalidade foliar

dos elementos arbóreos dominantes do estrato emergente, os quais tem adaptação à

deficiência hídrica ou à queda da temperatura nos meses frios, que atua como seca

fisiológica nas espécies tropicais. No caso a Floresta Estacional do território gaúcho,

localizada em área tipicamente ombrófila (sem período seco) e com bastante

intensidade e regularidade pluviométrica, a queda foliar, tão significativa durante a

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estação mais fria do ano, é considerada conseqüente de um repouso fisiológico e faz

parte de um processo de hibernação, provavelmente acionado através de reações

hormonais. Não se pode descartar a hipótese de que este fenômeno repouse suas

causas primárias na arraigada adaptação das espécies a seus gradientes ecológicos

históricos e se constitua em testemunha dos processos evolutivos da cobertura

vegetal (LEITE, 1994). Esta evolução estaria vinculada às mudanças paleoclimáticas

ocorridas no continente sul-americano (AB’SÁBER, 1977).

Consoante a KLEIN (1983), a Floresta Estacional pode ser Semidecidual ou

Decidual, de acordo com a percentagem de árvores caducifólias no conjunto florestal

e não das espécies que perdem as folhas individualmente. Assim, quando cerca de

20% a 50% das árvores do estrato superior perdem as folhas, trata-se de Floresta

Estacional Semidecidual e, quando a percentagem for superior a 50%, a floresta é

denominada Floresta Estacional Decidual. Na cobertura florestal situada ao longo da

“Fralda da Serrra Geral” predomina a Floresta Estacional Decidual, uma vez que

aproximadamente 70% a 90% das árvores emergentes perdem completamente as

folhas durante o inverno.

Quanto a estrutura, KLEIN (1983) afirma que podem ser distinguidos três

estratos arbóreos, além de um estrato arbustivo e um herbáceo. O estrato das árvores

altas, que podem atingir de 30 a 35 metros de altura, não forma uma cobertura

contínua, ocorrendo como árvores emergentes. Fisionomicamente é o estrato mais

importante, já que dá a esta floresta a característica de estacional, uma vez que

praticamente todas estas árvores são deciduais. O estrato das árvores, comumente

entre 20 e 25 metros de altura, é bastante denso e contínuo, formado por um número

pequeno de espécies características que apresentam valores sociológicos elevados,

sendo constituído, em sua maioria, por espécies perenifólias. O estrato das arvoretas

possui um número relativamente elevado de árvores medianas, normalmente de 5 a

12 metros de altura, dentre as quais algumas apresentam valores sociológicos muito

elevados, sendo as restantes bastante raras.

2.2 Sucessão florestal

Segundo GANDOLFI (1991), os estudos das florestas tropicais têm crescido nas

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últimas décadas, não apenas com relação a descrição da composição florística e

estrutura fitossociológica mas, também, buscando entender a dinâmica destes

ecossistemas. Um dos aspectos dinâmicos que se tem pesquisado é a sucessão

florestal.

HORN (1974) define sucessão ecológica como um fenômeno que envolve

gradativas variações na composição específica e na estrutura da comunidade,

iniciando-se o processo em áreas que, mediante ações perturbatórias ou não, se

apresentam disponíveis à colonização de plantas e animais, prosseguindo até

determinado período, onde tais mudanças se tornam bastante lentas, sendo a

comunidade resultante designada como clímax.

ODUM (1988) salienta que quando a sucessão não é interrompida por forças

externas, é bastante direcional e previsível; envolvendo modificação do ambiente

físico pelos fatores bióticos, no sentido de aumentar a complexidade estrutural e,

atingir um grau máximo de biomassa e de função simbiótica entre organismos por

unidade de fluxo energético disponível.

Com relação ao conceito ecológico de sucessão, GÓMEZ-POMPA et al. (1976)

comentam que uma das características universais de todo o ecossistema é a troca

contínua a que está submetido; qualquer ecossistema escolhido é o resultado de um

processo contínuo de trocas ocorridas no passado.

A sequência inteira de comunidades que se substituem uma às outras numa

determinada área chama-se sere; as comunidades relativamente transitórias são

chamadas de estágios serais (ou subseres); o sistema estabilizado terminal e

autoperpetuante é denominado de clímax. Quando o processo de formação de uma

comunidade se dá sobre um substrato parcialmente desocupado, é denominado

sucessão primária, enquanto que aquele que começa num local anteriormente

ocupado por uma comunidade, é denominado sucessão secundária (ODUM, 1988).

A sucessão florestal sempre inicia com etapas pioneiras e culmina com a de

clímax. Conforme DAUBENMIRE (1968), a progressão de uma sere acarreta:

• mudanças na dominância de plantas de pequeno porte e de posições inferiores

na escala filogenética por plantas grandes, no alto desta escala;

• aumento na longevidade das dominantes;

• convergência para um tipo fisionômico prevalescente e característico da

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região;

• diversificação das formas de vida;

• substituição de espécies com amplitudes ecológicas similares e amplas, por

grupos com limites estreitos e necessidades complementares;

• aumento do número de dependências interespecíficas;

• aumento na massa de tecidos vivos e de matéria orgânica morta por unidade

de área;

• aumento na regularidade da composição florística e estrutura entre os grupos

que representam uma associação;

• aumento do número de possíveis “patamares” ao longo dos quais a matéria

circula e a energia flui;

• a maior proporção de nutrientes localiza-se em células vivas e resíduos

orgânicos;

• amenização dos extremos micro-ambientais;

• maturação do perfil do solo;

• maior resistência do ecossistema a distúrbios externos.

IMAGUIRE (1985) observou para a região do primeiro planalto paranaense que

após a exploração agropecuária, desenvolveram-se diferentes estágios sucessionais,

cujo potencial florístico e velocidade de evolução dos diferentes estágios-

comunidades foram dependentes do uso mais ou menos adequado da terra (fertilidade

remanescente), espécies intinerantes e circunjacentes e condições ecológicas

diversas.

A compartimentalização do processo de sucessão secundária em fases ou

estágios sucessionais distintos, mesmo arbitrário, é um artifício utilizado na busca do

entendimento sobre a dinâmica funcional das florestas (KAGEIAMA et al., 1986).

Desta forma, KLEIN (1979 e 1980) no estudo da ecologia do Vale do Itajaí/SC,

caracterizou a dinâmica da Floresta Ombrófila Densa, especialmente em relação a

períodos subsequentes à ação antrópica sobre a comunidade. Demonstrou que o

processo de regeneração desta floresta está intimamente associado ao grau de

degradação das condições locais e caracterizou a diversidade vegetal de espécies em

estágios de sucessão secundária classificados como:

• estágios pioneiros: composto de espécies herbáceas e pouco exigentes, de

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caráter heliófilo e que resistem às deficiências hídricas;

• capoeirinha: representa o aparecimento dos primeiros arbustos,

principalmente da família Compositae, que surgem progressivamente na

mesma proporção em que as ervas da fase anterior vão desaparecendo.

Surgem os “vassourais” após cinco ou mais anos de abandono, podendo

permanecer até o 10° ano, quando começam a ser substituídos por outro tipo,

em função das modificações do ambiente (diminuição da intensidade

luminosa e aumento de húmus);

• capoeira: após um período de aparente dinamismo, de 5-10 anos, os

vassourais começam a ser substituídos por arvoretas de 5-6 metros, cuja a fase

de instalação se processa de forma muito agressiva. O estrato herbáceo tende

a desaparecer;

• capoeirão: neste estágio forma-se agrupamentos densos com algumas espécies

atingindo 10-15 metros de altura, originando um microclima sombreado e

úmido, onde começam a se instalar plantas arbustivas e arbóreas;

• floresta secundária: é no ambiente da floresta secundária que começam a

surgir espécies características da floresta madura, assim como epífitas e

lianas, praticamente inexistentes nos estágios anteriores. Desta forma, a

floresta secundária, em seu aspecto externo, pouco se diferencia da primária;

apenas com uma observação mais atenta dar-se-á conta de que as espécies

mais exigentes ou faltam completamente ou apenas ocorrem em estado

jovem.

RODERJAN & KUNIYOSHI (1988) realizaram um macrozoneamento florístico

na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba - PR, em Floresta Ombrófila

Densa. Deste trabalho, ressalta-se os seguintes comentários quanto a diversidade de

espécies e a estratificação arbórea: A capoeira é uma fase de acentuada uniformidade

fito-fisionômica, possuindo um único estrato arbóreo com reduzido número de

espécies. O capoeirão apresenta um dossel mais diversificado de espécies, chegando

ao final de seu desenvolvimento com a presença de dois estratos arbóreos, porém

com uma separação não muito bem definida. A floresta secundária ostenta a

vegetação mais heterogênea, com dois estratos arbóreos definidos e um terceiro em

formação.

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GUAPYASSÚ (1994) caracterizou fitossociologicamente três fases sucessionais

(capoeira, capoeirão e mata primária) de uma Floresta Ombrófila Densa Submontana

no município de Morretes - PR, encontrando uma estrutura fisionômica semelhante

às descritas por KLEIN (1979 e 1980) e RODERJAN & KUNIYOSHI (1988).

No geral, o que se observa, na germinação, estabelecimento, desenvolvimento e

reprodução de espécies florestais é a existência de um grande espectro de variação

nas respostas apresentadas a estes processos em função da intensidade luminosa

presente no sítio. Assim, encontra-se de um lado espécies que dependem de

luminosidade e temperatura para sua germinação, estabelecimento, desenvolvimento

e reprodução. No extremo oposto deste espectro de respostas, situam-se espécies que

não suportam as condições de plena exposição à altas intensidades luminosas e de

temperatura, necessitando germinarem e se desenvolverem à sombra de outras

árvores. Entre os dois extremos, entretanto, existe um grande número de espécies que

apresentam características ou adaptações ecológicas intermediárias, quanto as

exigências e tolerâncias à luz, variando, inclusive, em relação ao aspecto

considerado, seja a germinação, o estabelecimento, o desenvolvimento ou a

reprodução.

Desta maneira, muitos autores têm agrupado as espécies florestais em grupos

ecológicos com base na estratégia de regeneração que cada uma apresenta.

BUDOWSKI (1965) apresentou um modelo para as florestas tropicais em que a

sucessão secundária é formada por um conjunto de estágios sucessionais distintos e

as espécies, por sua vez, são agrupadas em função de sua ocorrência preferencial em

cada um destes estágios. Neste modelo, aponta a conveniência de denominar os

estágios serais em pioneiro, secundário inicial, secundário tardio e clímax.

Em trabalho posterior, Budowski (1966) apud GUAPYASSÚ (1994) aponta

como mais notáveis os seguintes aspectos para as subseres e suas espécies

características, à medida que prossegue a sucessão:

• o número de espécies é mais reduzido nas primeiras fases de sucessão e

freqüentemente há o domínio de uma só espécie;

• a velocidade da mudança da composição florística diminui à medida em que

se chega ao clímax, onde a estabilidade, não a estagnação, é a regra;

• as pioneiras tem ampla distribuição geográfica; no clímax, a área de

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distribuição é geralmente mais restrita e muitas espécies são endêmicas;

• o hábitat das pioneiras pode incluir condições muito diferentes e muitas vezes

precárias, como zonas áridas, rochosas ou encharcadas; até o clímax, as

espécies são muito mais exigentes em seus requisitos climáticos, edáficos e

biológicos;

• a altura das comunidades aumenta até o clímax;

• os diâmetros maiores são encontrados nas espécies secundárias tardias e

clímax; as pioneiras raramente ultrapassam 50 cm de diâmetro;

• os estratos inferiores são mais congestos nas comunidades pioneiras e vão se

abrindo à medida em que prossegue a sucessão;

• a área basal, o volume e a densidade das árvores, por unidade de superfície,

aumentam até o clímax; estas mudanças, no entanto, não são constantes, mas

se dão aos “arranques”, seguidos por fases de estabilidade;

• o sistema radicular é mais superficial nas pioneiras;

• as copas das pioneiras geralmente têm formas semelhantes, extensas,

delgadas, em forma de guarda-chuva e com ramificação verticilada; existe um

amplo espaço entre as copas e o estrato inferior que se segue. Esta tendência

decresce até o clímax, onde as espécies do dossel superior apresentam copas

muito variadas havendo, em geral, uma intensa ocupação vertical do espaço;

• as espécies pioneiras são muito intolerantes à sombra em todas as fases de seu

desenvolvimento; já as espécies do clímax tem boa tolerância, até que

alcancem o dossel; as secundárias tardias são intermediárias e geralmente

tolerantes em sua fase juvenil, passando a intolerantes;

• as comunidades pioneiras são geralmente equiâneas; até o clímax, a

composição por idade vai tornando-se cada vez mais heterogênea;

• muitas pioneiras têm sementes que podem permanecer em estado latente no

solo sombreado durante vários anos, germinando quando a floresta é

derrubada e ocorre penetração direta dos raios solares; as espécies do clímax

não se comportam assim e sua viabilidade é muito curta;

• a regeneração das espécies dominantes é muito escassa na fase pioneira; nas

secundárias tardias a regeneração inicial pode ser abundante mas há, de um

modo geral, uma grande mortalidade na fase juvenil; no clímax, todas as

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classes de idade estão proporcionalmente representadas;

• o crescimento anual em diâmetro e altura é muito grande entre as pioneiras,

diminuindo, no entanto, rapidamente, entre o 6° e o 10° ano, chegando a parar

até o 20° ano; as espécies do clímax crescem mais lentamente, até uma idade

avançada;

• a longevidade das espécies aumenta conforme vai aproximando-se o clímax;

enquanto as pioneiras raramente ultrapassam 20 anos, as do clímax chegam a

centenas de anos;

• entre as pioneiras, a maior proporção de copas secas (árvores mortas) é

observada no dossel, enquanto que no clímax isto se dá nos estratos mais

baixos;

• os frutos e/ou sementes das pioneiras são pequenos e produzidos em grande

quantidade, em épocas iniciais de seu desenvolvimento, sendo adaptados para

disseminação pelo vento ou por pequenos animais, especialmente aves e

morcegos; nas espécies do clímax, frutos e sementes são maiores, menos

abundantes e disseminados principalmente por gravidade e animais maiores.

Nas secundárias tardias, só as espécies do dossel, de um modo geral, são

disseminadas pelo vento;

• a madeira das espécies pioneiras é mole e leve; a dureza e densidade

aumentam até o clímax;

• geralmente não se encontram palmeiras entre as pioneiras, mas aquelas

podem ser abundantes no clímax, sendo alguns gêneros, inclusive, endêmicos

de florestas primárias;

• as lianas são muito abundantes no estágio pioneiro, sendo geralmente

herbáceas ou muito pouco lenhosas e cobrem os estratos inferiores, raramente

alcançando as copas altas; até o clímax, há maior número de espécies, mas

menor número de indivíduos, que por sua vez são mais grossos e lenhosos,

freqüentemente alcançando as copas das árvores mais altas;

• as epífitas estão ausentes entre as pioneiras; até o clímax, aumentam em

termos de número de indivíduos, número de espécies, formas de vida e

variação de tamanho;

• as gramíneas, ervas e outras plantas rastejantes são comuns na primeira fase

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de sucessão, sendo intolerantes à sombra, abundando as geófitas, que formam

colônias densas; até o clímax, o número de indivíduos diminui

apreciavelmente e as espécies presentes são muito tolerantes.

RODRIGUES (1995) comenta que as espécies pioneiras têm função

cicatrizadora de ambientes perturbados. No outro extremo das pioneiras têm-se as

clímax, que são as espécies finais na substituição sequencial de espécies na sucessão.

Entre os dois extremos, existe um grande número de espécies com características ou

adaptações ecológicas intermediárias. Quando as características são mais parecidas

com as pioneiras, estas espécies são chamadas de secundárias iniciais; quando

apresentam características mais próximas das espécies clímax, são denominadas

secundárias tardias.

Para WHITMORE (1989), as espécies tropicais pertencem somente a dois

grandes grupos ecológicos, sendo um grupo formado pelas espécies intolerantes à

sombra e outro formado pelas espécies tolerantes à sombra. As demais variações que

eventualmente se observam estariam abrangidas por toda esta dicotomia.

São consideradas espécies intolerantes à sombra, aquelas incapazes de se

desenvolverem sob o dossel da floresta madura, necessitando, assim, de clareiras ou

fases sucessionais da floresta onde as condições de luz sejam propícias. Espécies

tolerantes à sombra são aquelas capazes de se desenvolverem sob o dossel da floresta

até atingirem o estágio reprodutivo, onde necessitam condições mais adequadas de

luminosidade.

De acordo com RODRIGUES (1995), a classificação sucessional de espécies

florestais tem sido um ponto muito polêmico em estudos de florestas tropicais, pois

pouco se conhece da autoecologia das espécies, que forneceria os dados necessários

para sua classificação mais adequada. Esta classificação das espécies auxiliaria na

compreensão da dinâmica florestal e na adoção de práticas adequadas de manejo e

recuperação de florestas.

TABARELLI (1992), trabalhando com a Floresta Estacional Decidual Baixo-

Montana no município de Santa Maria/RS, adotou as mesmas categorias propostas

por BUDOWSKI (1965), acrescentando a categoria de sub-bosque, visto que as

outras categorias só contemplavam espécies do dossel. Considerou como pioneiras

aquelas espécies que para se desenvolver e reproduzir, necessitam estar expostas a

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pleno sol. Como secundárias iniciais e tardias classificou aquelas mais tolerantes ao

sombreamento quando comparadas às pioneiras, mas, também, incapazes de

desenvolver sob o dossel da floresta. Como espécies de estratégia clímax e de sub-

bosque, ordenou aquelas que se desenvolvem sob o dossel da floresta madura, sendo

que somente as de sub-bosque completam o seu ciclo vital nestas condições. O autor

não encontrou espécies clímax, características de ambientes mais estáveis,

comentando que as florestas estacionais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

Paraná e São Paulo, ainda que desenvolvidas, parecem possuir um número muito

reduzido de espécies com estratégia clímax, o que as assemelha a um estágio

sucessional das florestas equatoriais.

Quanto aos métodos de estudo da sucessão secundária em ecossistemas

florestais, GÓMEZ-POMPA & WIECHERS (1976) comentam que pode-se seguir

vários caminhos: um primeiro método consiste em estudar através do tempo o que se

sucede em uma área determinada, após esta ter sido perturbada; porém, este método

apresenta sérias limitações, já que requer um espaço de tempo demasiado grande para

se obter resultados sobre o processo geral de sucessão. Outro método consiste em

estudar em uma mesma zona ecológica diversos estágios sucessionais de idade

conhecida; pois, com base na informação obtida por estas amostras no espaço, pode-

se interpretar as trocas no tempo. Outra maneira de abordar a sucessão é buscando

informações biológicas para poder interpretar, em relação ao tempo, os possíveis

mecanismos dos processos de regeneração.

Com relação ao método de comparação de áreas de diferentes estágios

sucessionais, KUNIYOSHI (1989) coloca que o tipo de clima e solo das áreas deve

ser o mesmo; e ressalta a importância de se conhecer ecologicamente muito bem as

áreas de estudo, pois comunidades diferentes podem ser interpretadas como uma

cronosequência.

2.3 Amostragem

MATTEUCCI & COLMA (1982) assinalaram o fato de que na maioria dos

estudos da vegetação não é operativo enumerar e medir todos os indivíduos da

comunidade, já que a estimativa de um parâmetro derivado de uma amostragem

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adequada pode ser tão útil e significativo quanto o valor do parâmetro obtido a partir

da medição de todas as unidades da população.

Um método de amostragem, utilizado para atingir os objetivos de um estudo

fitossociológico, é determinado pelo tipo de unidade amostral, sua distribuição sobre

a área, sua forma e tamanho. Dentre os requisitos principais para a validade dos

dados levantados, situa-se a homogeneidade da área amostrada, em termos

fisionômicos e de condições ambientais; e, a qualidade e quantidade da amostragem.

MARTINS (1991) classificou, de maneira ampla, dois grupos de métodos de

amostragem para levantamentos fitossociológicos em relação ao tipo de unidade

amostral: método de parcelas ou de área fixa, e método de quadrantes ou de

distância ou de área variável. O grupo de métodos com área fixa pode ter uma única

ou múltiplas parcelas.

DAUBENMIRE (1968) recomenda o uso de múltiplas parcelas de menor

tamanho, em vez de uma única e grande unidade amostral, por apresentar, dentre

outras, as vantagens de mostrar com maior precisão a heterogeneidade da vegetação e

de testar os dados obtidos de modo a avaliar a adequabilidade da amostragem.

O método de área fixa com múltiplas parcelas, de uso consagrado em todo o

mundo, assume a existência de uma população infinita de padrão espacial aleatório,

da qual são retiradas amostras através de unidades de amostragem de área fixa,

denominadas parcelas. A estatística do método assume que a distribuição de

probabilidades seja contínua, obedecendo à Lei de Gauss, contendo trinta ou mais

indivíduos em cada parcela. Assim, generaliza-se a média dos valores auferidos para

cada espécie em cada parcela, para toda a fitocenose e se avalia em termos

quantitativos, a variabilidade dos parâmetros considerados e o padrão de distribuição

espacial dos indivíduos em cada população (MARTINS, 1991).

Conforme MATTEUCCI & COLMA (1982), o padrão espacial ou distribuição

das unidades amostrais na área de estudo pode ser: preferencial, aleatório, sistemático

e aleatório restrito.

Na amostragem preferencial, as amostras ou as unidades amostrais situam-se em

unidades consideradas típicas ou representativas sobre a base de critérios subjetivos.

Este tipo de amostragem baseia-se na suposição sobre as propriedades da vegetação;

requer um grande conhecimento sobre a zona de estudo e como o modelo não está

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claramente definido, é impossível avaliar o intervalo de confiança dos dados obtidos.

Assim, é pouco representativo do ponto de vista estatístico. Em alguns estudos de

vegetação, especialmente em extensas áreas, a distribuição das amostras é

preferencial, e dentro de cada amostra, as unidades amostrais situam-se segundo um

padrão aleatório, sistemático ou aleatório restrito. Neste caso, as variáveis obtidas

admitem tratamento estatístico (MATTEUCCI & COLMA, 1982).

De acordo com os mesmos autores, um caso particular de amostragem

preferencial é a amostragem estratificada, empregada em áreas extensas e

heterogêneas. Neste caso há que estratificar a área, isto é, subdividi-la em unidades,

estratos ou compartimentos homogêneos, conforme algum critério vegetacional

(espécies dominantes, fisionomia, etc.), geográfico, topográfico, etc., amostrando-os

separadamente. Com esta técnica diminui-se o desvio padrão dos dados.

A amostragem aleatória consiste em distribuir as amostras ou unidades amostrais

ao acaso. Portanto, cada unidade da população tem igual probabilidade de formar

parte da amostra, resultando altamente representativa. Pode obter-se por distintos

procedimentos: em um mapa da área coloca-se pontos ao acaso sobre um sistema de

coordenadas, tomando os valores de uma tabela de números aleatórios; eleger, no

campo, um ponto ao acaso, e a partir do qual se caminha uma distância em direção

escolhida ao acaso, e no ponto de destino realiza-se as medições, repetindo-se o

procedimento a partir daí (MATTEUCCI & COLMA, 1982).

A amostragem sistemática, que consiste em distribuir as amostras ou unidades

amostrais em um padrão regular em toda a área de estudo, permite detectar variações

espaciais na comunidade. Este modelo é preferido não só porque permite detectar

variações, mas também por sua aplicação mais simples no campo, além de

proporcionar melhor estimativa da população (MATTEUCCI & COLMA, 1982).

Segundo COCHRAN (1977) e LOETSCH et al. (1973) a amostragem

sistemática é recomendada, por proporcionar custos reduzidos; simplicidade

operacional; alta precisão, uma vez que as unidades de amostra são distribuídas

uniformemente na área; e possibilitar o mapeamento da população sem a necessidade

de coletar informações adicionais.

O modelo de amostragem aleatória restrita consiste numa associação dos

modelos sistemático e aleatório. Divide-se a área de estudo em blocos de igual

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tamanho e forma e, sobre eles, localiza-se ao acaso um número igual de unidades

amostrais. Tem a vantagem principal de que a subdivisão da área permite detectar

variações espaciais (MATTEUCCI & COLMA), 1982).

Quanto a forma das parcelas, as mais comumente utilizadas são as quadradas e as

retangulares, devido à facilidade de instalação no campo. MATTEUCCI & COLMA

(1982), recomendam selecionar formas com menor relação perímetro/superfície para

evitar o efeito de borda.

Diversos estudos tem avaliado estatisticamente a eficiência amostral de

diferentes formas: quadradas, circulares, triangulares, lineares, oblongas e irregulares.

De maneira geral, concluiram que, considerando a mesma área para as parcelas, as

formas retangulares são mais eficientes que as isodiamétricas. Como o padrão de

agrupamento dos indivíduos de uma mesma espécie tende a ser isodiamétrico, as

parcelas alongadas tem maior probabilidade de interceptar parte de vários

agrupamentos, enquanto que as de diâmetros iguais podem coincidir sobre os

agrupamentos dos indivíduos ou sobre os espaços entre eles, sendo necessário um

número muito grande de parcelas até que se obtenha uma média significativa. O

principal problema das parcelas retangulares é que, como possuem uma proporção

margens/área (perímetro/superfície) muito grande, pode ocorrer a tendência do

pesquisador incluir muitas plantas marginais (efeito de borda), aumentando então os

resultados para densidade e área basal, por exemplo (DAUBENMIRE, 1968).

Com relação ao tamanho da unidade amostral, parece não existir um concenso no

critério de escolha para florestas tropicais. VELOSO & KLEIN (1961) utilizaram

parcelas de 1.600 m2 divididas em subparcelas de 100 m2 para estudo de florestas no

sul do Brasil; LAMPRECHT (1964) trabalhou na Venezuela com parcelas de 10.000

m2 (20 x 500 m); LONGHI (1980) também usou parcelas de 10.000 m2 (100x100 m)

em Floresta Ombrófila Mista no Estado do Paraná; RODRIGUES et al. (1989)

utilizaram parcelas de 100 m2 (10 x 10 m) em Floresta Estacional Semidecidual do

Estado de São Paulo; VACCARO et al. (1992) plotaram unidades amostrais de

1.000 m2 (10 x 100 m) em Floresta Estacional Decidual no Estado do Rio Grande

do Sul; GUAPYASSÚ (1994) trabalhou com três fases sucessionais de Floresta

Ombrófila Densa no Estado do Paraná utilizando parcelas de 200 m2 (10 x 20 m).

RODAL et al. (1992) recomendam para levantamentos fitossociológicos no

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ecossistema Caatinga o uso de múltiplas parcelas com dimensões de 10 por 20

metros, distribuídas sistematicamente e interespaçadas de 50 metros, visando uma

padronização na obtenção e tratamento de dados.

O número de parcelas a serem amostradas em um levantamento fitossociológico

vai depender da diversidade florística da área. A amostragem terá que incluir a

grande maioria das espécies presentes na comunidade, considerando as que

apresentarem um diâmetro acima do pré-estabelecido; porém, para encontrá-las, é

necessário que a área da amostra ultrapasse um tamanho mínimo, variável de uma

comunidade para outra. MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974) definem

área mínima como a menor área na qual a composição de espécies da comunidade

está representada adequadamente.

Para avaliar se o número de parcelas amostradas é suficiente (ultrapassou a área

mínima), tanto DAUBENMIRE (1968) como MUELLER-DOMBOIS &

ELLENBERG (1974), recomendam o uso da “curva espécie/área”, onde o número

acumulado de espécies encontradas é plotado em relação ao aumento progressivo da

área amostrada. Assim, a área mínima corresponde ao ponto onde a curva torna-se

praticamente horizontal, ou seja, um aumento da área de amostragem não implica

num acréscimo significativo no número de espécies. Para evitar a distorção da curva

causada pela variação de escala da relação ordenada/abcissa, Cain (1938), apud

MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974), sugere que seja considerada área

mínima não aquela onde a curva se torne horizontal, mas onde um aumento de 10%

da área amostral represente um aumento de 10% do número total de espécies. Uma

estimativa mais rigorosa pode ser obtida, quando um aumento de 10% na área

amostral implica no aumento de somente 5% de novas espécies.

2.4 Levantamentos fitossociológicos

Estudos fitossociológicos são de máxima importância para a caracterização do

papel exercido por cada espécie dentro da fitocenose e também contribuem de forma

decisiva na indicação dos estágios sucessionais e para melhor avaliação da influência

de fatores de clima, solo e ação antrópica nas comunidades vegetais (GROMBONE

et al., 1990).

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Os primeiros ensaios fitossociológicos em florestas brasileiras surgiram em

meados da década de 40, da necessidade de estudos epidemiológicos da febre

amarela silvestre (MARTINS, 1991). Na última década, a fitossociologia teve um

excepcional desenvolvimento no Brasil, principalmente pela escola iniciada na

Universidade de Campinas, tendo-se enfatizado os estudos do componente arbóreo

de florestas e do cerrado (MANTOVANI & MARTINS, 1990). A Universidade

Federal do Paraná também apresentou um papel importante em nível de região Sul.

De acordo com MARTINS (1990), fitossociologia é um ramo da geobotânica que

se ocupa do estudo quantitativo da composição florística, estrutura, funcionamento,

dinâmica, distribuição e relações ambientais das comunidades vegetais. Conhecida

também por ecologia quantitativa, apóia-se muito em taxonomia vegetal e tem

estreita relação com a fitogeografia e as ciências naturais.

A maioria dos levantamentos fitossociológicos tem-se ocupado no estudo

quantitativo da composição florística e da estrutura de comunidades florestais.

O termo estrutura da vegetação vem sendo utilizado com conotações diferentes.

A maioria dos autores tem considerado estrutura, de uma maneira ampla, como o

arranjo ou ocupação espacial dos indivíduos na comunidade a investigar.

A caracterização da estrutura das florestas tem sido feita por diversos métodos no

decorrer da história da fitossociologia: métodos quantitativos, fórmulas combinadas,

símbolos ou perfís esquemáticos (LONGHI, 1980).

O critério de análise estrutural utilizando-se um método quantitativo baseado nos

cálculos de densidade, freqüência, dominância e índice de valor de importância,

foram utilizados pela primeira vez no Brasil por CAIN et al. (1956), e, devido a sua

boa aceitação, está sendo crescentemente empregado nas pesquisas florestais.

Conforme FINOL (1971), o valor fitossociológico mais exato de uma espécie

arbórea na estrutura e composição de selvas tropicais pode ser obtido com base em

dois grupos de parâmetros: da estrutura horizontal, compreendendo densidade,

freqüência e dominância; e da estrutura vertical, compreendendo a posição

sociológica e a regeneração natural das espécies. A inclusão, por este autor, da

análise da estrutura vertical em florestas tropicais, permitiu um diagnóstico mais

preciso sobre o dinamismo e o estado de desenvolvimento da floresta.

No “manual sobre métodos de estudo florístico e fitossociológico: ecossistema

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caatinga”, RODAL et al. (1992) recomendam analisar os atributos de composição

florística e organização comunitária em estudos fitossociológicos no referido

ecossistema. Para uma caracterização mais circunstanciada dos sistemas ecológicos

do semi-árido, RODAL (1984) também considerou de fundamental importância o

direcionamento das pesquisas voltadas para a florística e organização das

comunidades.

RODAL et al. (1992) abordam de três formas distintas a organização da

comunidade:

• pelo nível arquitetural: análise conjunta de todos os indivíduos, independendo

das espécies a que pertençam;

• pelo nível estrutural: levando em conta cada uma das populações que

compõem a comunidade;

• pela diversidade.

A seguir, serão descritos alguns parâmetros e índices comumente utilizados em

levantamentos fitossociológicos, tomando-se como linha-mestre os trabalhos de

DAUBENMIRE (1968), MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974), LONGHI

(1980, 1997), RODAL et al. (1992) e GUAPYASSÚ (1994).

2.4.1 Composição florística

A partir do conhecimento da composição florística da área de estudo, é possível

caracterizá-la e compará-la. Com base na lista das espécies pode-se proceder a

análise de similaridade florística com outros levantamentos que tenham utilizado o

mesmo método, bem como a análise do número de espécies por gênero e família.

2.4.1.1 Índices de similaridade

De acordo com MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974), os índices de

similaridade são expressões matemáticas utilizadas para comparar a flora de duas ou

mais comunidades vegetais, indicando o grau de semelhança entre elas.

Vários índices de similaridade já foram propostos, de maneira que SAIZ (1980)

classificou-os em três grandes grupos: a) instrumentos destinados a valorizar a

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presença/ausência; b) instrumentos destinados a valorizar a presença e a freqüência;

e, c) instrumentos matemáticos derivados da teoria da informação.

Em levantamentos fitossociológicos, comumente observa-se o uso dos índices de

similaridade de Jaccard e de Sφrensen, ambos que se utilizam do critério de

presença/ausência de espécies.

Jaccard estabeleceu um coeficiente de similaridade através de uma expressão

matemática simples, baseada na relação presença/ausência entre o número de

espécies comuns a duas comunidades ou áreas e o número total de espécies,

independente do número de indivíduos (MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG,

1974).

ISc

a b cJ =

+ +100

Onde: ISJ = Índice de Similaridade de Jaccard a = n° de espécies exclusivas da primeira comunidade b = n° de espécies exclusivas da segunda comunidade c = n° de espécies comuns às duas comunidades

Sφrensen propôs um outro índice, derivado do utilizado por Jaccard, no qual o

numerador é independente do denominador, já que, segundo ele, teoricamente cada

espécie tem a mesma chance de estar presente tanto nas duas comunidades

comparadas, como em uma só delas (MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG,

1974).

ISc

A BS = +

2

100

Onde: ISS = Índice de Similaridade de Sφrensen A = n° total de espécies da primeira comunidade B = n° total de espécies da segunda comunidade c = n° de espécies comuns às duas comunidades

A expressão utilizada no denominador, ½ (A + B), representa a soma das

coincidências teoricamente possíveis, e o numerador, as coincidências que realmente

aconteceram. Então, o Índice de Similaridade de Sφrensen expressa a relação entre as

espécies comuns que ocorreram e aquelas cuja ocorrência é teoricamente possível,

sendo matematicamente mais satisfatório que o de Jaccard, por incluir uma

estimativa de probabilidade (MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974).

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2.4.2 Organização da comunidade

2.4.2.1 Nível arquitetural

Para caracterizar a arquitetura de uma fitocenose, RODAL et al. (1992)

recomendam analisar:

• a distribuição de todos os indivíduos no espaço vertical, através de

histogramas de intervalo fixo, de 1 m, fechado à esquerda e aberto à direita;

• a distribuição diamétrica de todos os indivíduos, através de histogramas a

intervalo fixo, de 3 cm, fechado à esquerda e aberto à direita;

• os valores de densidade total e dominância total obtidos através das seguintes

fórmulas:

DT NU

A= .

GP

=

2

4π ou G D= 0 785 2, .

DoT GU

Ai

N

==

∑ .1

Onde: DT = Densidade Total (n° de indivíduos/ha) DoT = Dominância Total (m2/ha) G = área basal individual (m2) N = n° total de indivíduos amostrados U = área (10.000 m2) A = área amostrada (m2) P = perímetro (cm) D = diâmetro (cm)

2.4.2.2 Nível estrutural

2.4.2.2.1 Estrutura de abundância

No estudo da estrutura de abundância, são calculados para os taxa amostrados

(espécies e famílias) os parâmetros de densidade, freqüência e dominância absolutas

e relativas, bem como o índice de valor de importância. Tais valores fornecem

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informações sobre a distribuição espacial das populações e sua participação no

contexto do ecossistema.

Densidade

Segundo DAUBENMIRE (1968) e MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG

(1974), a densidade refere-se ao número de indivíduos de um determinado taxon por

unidade de área ou de volume. A Densidade Absoluta trata do número de indivíduos

do taxon por unidade de área considerada (geralmente hectare), enquanto que a

Densidade Relativa é a proporção entre o número de indivíduos do taxon em relação

ao número total de indivíduos amostrados.

DA nU

A= 1 .

DRn

N

i= . 100

Onde: DA = Densidade Absoluta (n° de indivíduos/ha) DR = Densidade Relativa (%) n = número de indivíduos do taxon analisado i U = área (10.000 m2) A = área amostrada (m2) N = número total de indivíduos amostrados

Freqüência

A freqüência indica a uniformidade de distribuição de determinado taxon em

uma determinada área. Para determiná-la deve-se controlar a presença ou a ausência

do taxon em uma série de amostras de tamanho uniforme, independente do número

de indivíduos. Se um taxon aparece em todas as unidades amostrais, tem uma

freqüência de 100%. (DAUBENMIRE, 1968).

Freqüência Absoluta é a proporção entre o número de unidades amostrais onde o

taxon ocorre e o número total de unidades amostrais, expressa em percentagem.

Freqüência Relativa é a proporção, expressa em percentagem, entre a freqüência de

cada taxon e a freqüência total por hectare (MUELLER-DOMBOIS &

ELLENBERG, 1974).

FAP

P

i= . 100

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FRFA

FA

i=

Onde: FA = Freqüência Absoluta (%) FR = Freqüência Relativa (%) Pi = número de unidades amostrais com ocorrência do taxon i P = número total de unidades amostrais FAi = Freqüência Absoluta do taxon i ΣFA = Freqüência Absoluta de todos os taxa

Dominância

Conforme MARTINS (1991), a dominância expressa a proporção de tamanho, de

volume ou de cobertura de cada taxon, em relação ao espaço ou volume da

fitocenose. Indiretamente, o valor de dominância dá uma noção do grau de influência

que cada taxon exerce sobre o ecossistema.

Vários pesquisadores consideram dominância como a medida da projeção total

do corpo das plantas. A partir da dificuldade em se determinar os valores da projeção

horizontal da copa das árvores em florestas densas, CAIN et al. (1956) propuseram o

uso da área basal em substituição à projeção das copas, já que existe uma estreita

correlação entre ambas, correlação esta confirmada por VOLKART (1969), BRÜNIG

et al. (1976) e LONGHI (1980).

A Dominância Absoluta de um taxon consiste na soma da área basal de todos os

indivíduos deste taxon presentes na amostragem. Dominância Relativa é a relação

percentual entre a área basal total do taxon e a área basal total, por hectare

MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974).

DoA g hai=∑ /

DoRDoA

G hat

=/

. 100

Onde: DoA = Dominância Absoluta (m2/ha) DoR = Dominância Relativa (%) gi = área basal total do taxon i por hectare Gt = área basal de todos os taxa por hectare

Índice de Valor de Importância

Muita discussão tem sido feita a propósito do que poderia ser considerado

importância para as espécies vegetais que formam uma fitocenose (MARTINS,

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1991). Segundo Whittaker (1970) apud MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG

(1974), qualquer um dos parâmetros de densidade, freqüência ou dominância de uma

espécie poderia ser interpretado como seu “valor de importância”, dependendo do

que o pesquisador considerar mais importante.

De acordo com LAMPRECHT (1964), o estudo dos parâmetros de densidade,

freqüência e dominância revelam aspectos essenciais da composição florística da

floresta, mas sempre são enfoques parciais que isolados não dão a informação

requerida sobre a estrutura florística da vegetação em conjunto.

Um método para integrar os três aspectos parciais acima mencionados,

uniformizar a interpretação dos resultados e caracterizar o conjunto da estrutura da

vegetação, consiste em combiná-los numa expressão única e simples, calculando o

Índice de Valor de Importância, introduzido por Curtis & Macintosh (1950) apud

MARTINS (1991) e aplicado inicialmente no Brasil por CAIN et al. (1956). Este

método consiste no somatório da Densidade, Dominância e Freqüência Relativas e

pode obter, como valor máximo, 300%. O valor de importância pode ser convertido

em Percentagem de Importância ao ser dividido por três.

IVI DR DoR FR= + +

PI IVI= / 3

Onde: IVI = Índice de Valor de Importância

DR = Densidade Relativa (%) DoR = Dominância Relativa (%) FR = Freqüência Relativa (%) PI = Percentagem de Importância (%)

Entretanto, alguns autores fazem ressalvas no uso deste índice. MUELLER-

DOMBOIS & ELLENBERG (1974) comentam que o uso de parâmetros relativos, ao

invés dos reais, tem informação limitada, pois ambientes com vegetação densa ou

esparsa podem apresentar os mesmos valores de densidade, freqüência e dominância

relativas. Cain & Oliveira-Castro (1971) apud MARTINS (1991) chamam a atenção

para o fato de os valores de freqüência serem afetados pelas características das

parcelas e da amostragem e que, quando se trabalha com índices de importância, isto

deve ser levado em consideração. Com isso, faz-se necessária uma análise cuidadosa,

tanto no uso dos parâmetros em separado, como da combinação deles.

Conforme MARTINS (1991), apesar das críticas, os valores de importância tem

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se revelado muito úteis, tanto para separar diferentes tipos de florestas, como para

relacioná-los a fatores ambientais, ou para relacionar a distribuição de espécies a

fatores abióticos, ou ainda, para estabelecer a estrutura das espécies num estande

estudado.

2.4.2.2.2 Estrutura de tamanho

Para caracterizar a estrutura de tamanho das populações de uma fitocenose,

RODAL et al. (1992) recomendam analisar:

• a altura e diâmetro máximos, médios e mínimos;

• a distribuição do número de indivíduos em classes de altura e diâmetro com

intervalo fechado à esquerda e aberto à direita de 1m e 3cm, respectivamente.

2.4.2.3 Diversidade

Segundo MAGURRAN (1989), as medidas de diversidade tem sido

freqüentemente utilizadas como indicadores do bom funcionamento dos ecossistemas

e uma das implicações deste fato é o grande número de índices existentes, cada um

tentando caracterizar a diversidade de uma amostra ou comunidade através de um

único número.

Esta autora ressalta que tal variedade de índices reside no peso dado pelos

pesquisadores aos dois elementos que condicionam o conceito de diversidade: a

riqueza, isto é, o número de espécies de uma comunidade, e a uniformidade

(abundância), que representa a distribuição do número de indivíduos por espécie.

Desta maneira, as medidas de diversidade podem dividir-se em três categorias

principais: a) índices de riqueza de espécies, que são essencialmente uma medida do

número de espécies em uma unidade de amostra definida; b) modelos de abundância

de espécies, que descrevem a distribuição de abundância, tanto em situações onde há

elevada uniformidade, até aquelas em que a abundância das espécies é muito

desigual; e, c) índices baseados na abundância proporcional de espécies, que

pretendem resolver a riqueza e a uniformidade em uma única expressão simples.

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Dentre os da terceira categoria, situa-se o Índice de Shannon. Este índice

considera que os indivíduos são amostrados ao acaso a partir de uma população

infinita de distribuição aleatória; assumindo também que todas as espécies presentes

estejam representadas na amostra (MAGURRAN, 1989).

Apesar de que uma das fontes de erro mais substancial provenha do fato de não

se conseguir incluir todas as espécies da comunidade na amostra, é recomendado o

uso do Índice de Shannon por ser o mais utilizado em fitossociologia, e portanto,

passível de comparação com estudos realizados em outras comunidades florestais. É

calculado pela equação:

H p pi i' ( . ln )= −∑

Onde: H’ = índice de diversidade de Shannon pi = ni / N ni = número de indivíduos da espécie i N = número total de indivíduos ln = logarítmo neperiano.

O valor deste índice normalmente recai entre 1,5 e 3,5, sendo raro maior que 4,5.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização da área de estudo

3.1.1 Localização e dados gerais

A realização do presente trabalho se efetuou no município de Santa Tereza,

região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul (Figura 1).

A zona urbana situa-se em terreno plano a suavemente ondulado, pois encontra-

se às margens do rio Taquari, a cerca de 100 m de altitude e, é rodeada por elevações

de terreno montanhoso que atingem até 550 m de altitude, formando belíssimos

vales. As vertentes dos morros formadores dos vales são cobertas por vegetação

pertencente à Floresta Estacional Decidual que se encontra em vários estágios

sucessionais, entremeadas por escassas áreas cultivadas. Nos topos dos morros, em

altitudes acima de 500 m, observa-se a infiltração da Floresta Ombrófila Mista.

Outrora, Santa Tereza fora um importante centro comercial. Colonizada em 1885

por imigrantes italianos e poloneses que se instalaram às margens do rio Taquari, foi

um importante porto, onde balsas faziam a interligação das cidades da região com a

capital do Estado, até meados da década de 50, que com a melhoria das estradas e o

assoriamento do rio, tal sistema de transporte foi desativado. Neste período de

transporte fluvial, grandes quantidades de madeiras “de lei” das regiões do Alto

Taquari e Baixo Antas foram comercializadas com Porto Alegre, muitas para

exportação. Também cereais como milho, trigo e feijão produzidos nas baixadas e

encostas dos morros, bem como couro e banha, eram embarcados. A partir da década

de 50, se manifesta um crescente êxodo rural. Em 1992, Santa Tereza emancipa-se de

Bento Gonçalves e passa a ser município, com 3.700 habitantes e uma economia

alicerçada na produção primária, principalmente horti-fruti-granjeiros e suinocultura.

Atualmente, as encostas dos morros somente são cultivadas onde há terraços

passíveis à boa agricultura.

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FIGURA 1 - Localização das áreas de estudo.

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3.1.2 Escolha das áreas de estudo

No presente estudo, foram escolhidas três fases serais de porte arbóreo da

Floresta Estacional Decidual ocorrentes no município, tendo-se como critério de

escolha os seguintes parâmetros: homogeneidade fisionômica da subsere, facilidade

de acesso e idade conhecida.

Para a classificação das subseres, empregou-se a denominação “Capoeirão”,

“Floresta Secundária” e “Floresta Madura”, a partir de uma análise fisionômica

prévia, baseado nos trabalhos de KLEIN (1979 e 1980) e RODERJAN &

KUNIYOSHI (1988).

As subseres Capoeirão e Floresta Secundária foram selecionadas em áreas

próximas uma da outra, distante a aproximadamente 5 Km da zona urbana, pela

estrada Santa Tereza / Monte Belo do Sul. A escolha deste local deve-se ao fato de

ali se dispor de um mosaico de várias fases serais de sucessão florestal com idades

conhecidas, e, ser de interesse do proprietário transformar a área em unidade de

conservação. Já a subsere Floresta Madura fora selecionada dista a aproximadamente

2 Km da cidade pela estrada Santa Tereza / Santa Tecla Baixa, pelo motivo de ali

estar o reduto florestal menos afetado antropicamente da região.

O Capoeirão, com 27 anos, está localizado nas coordenadas 29°09’28”S e

51°42’05”W, em altitude média de 215 m, em exposição Norte, com 5° de inclinação

média.

A Floresta Secundária possui de 45 a 50 anos, localizada nas coordenadas

29°09’29”S e 51°41’49”W, em altitude média de 180 m, em exposição Oeste, com

16° de inclinação média.

A Floresta Madura, por sua vez, deve ter sofrido somente abate seletivo de

algumas espécies de valor econômico, cujas informações indicam que há 70 anos

atrás a fisionomia daquela área era igual a de hoje. Está situada nas coordenadas

29°11’00”S e 51°43’40”W, em altitude média de 280 m, em exposição Oeste, com

4° de inclinação média.

3.1.3 Clima

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A região onde situam-se as áreas de estudo encontra-se sob influência do clima

Cfa segundo a classificação de Köppen (MORENO, 1961), caracterizado por clima

temperado, chuvas bem distribuídas ao longo do ano, temperaturas do mês mais frio

entre -3º e 18ºC, e temperatura média do mês mais quente superior a 22ºC.

Não se possui dados meteorológicos de Santa Tereza ou de algum município

vizinho onde o mesoclima seja semelhante, influenciado pelas formações de vale e

riqueza de cursos d’água de médio e grande porte. A estação meteorológica mais

próxima situa-se no município de Bento Gonçalves, a aproximadamente 30 Km de

distância, porém, este observatório está localizado a 619 m de altitude, o que impede

a extrapolação dos dados para as áreas de estudo.

Mesmo assim, tomando-se as isotermas e as isoietas apresentadas por MORENO

(1961), a temperatura média anual da região gira em torno de 18ºC e a precipitação

média anual é de aproximadamente 1.800 mm.

3.1.4 Solos

Os solos da região são derivados de Rochas Efusivas Básicas da Formação Serra

Geral, apresentando basalto como substrato.

Para se ter uma idéia sobre o classificação e as características físico-químicas do

solo das áreas de estudo, efetuou-se a abertura de uma trincheira para estudo de perfis

próximo ao centro de cada subsere.

As análises físico-químicas foram feitas pelo Laboratório Central de Análises de

Solo, Departamento de Solos, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de

Santa Maria.

No Anexo I encontram-se a descrição geral e morfológica dos perfis e os

resultados físico-químicos de cada horizonte. Por motivo de comparação, a

interpretação dos resultados analíticos foi baseada em COMISSÃO DE

FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC (1989) e BARTZ & KAMINSKI (1996).

Os solos das áreas estudadas são classificados como:

• Capoeirão: Solo Litólico, eutrófico, A moderado, textura média, relevo

ondulado, fase floresta subtropical subcaducifolia.

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• Floresta Secundária: Cambissolo Ta, eutrófico, A chernozênico, textura

média, relevo forte ondulado, fase floresta subtropical subcaducifolia.

• Floresta Madura: Brunizém Avermelhado Câmbico, A chernozênico, textura

argilosa, relevo ondulado, fase floresta subtropical subcaducifolia.

Em relação à fertilidade, nota-se que em todos os perfis, para todos os

horizontes, os teores de Ca2+, Mg2+ e a Saturação de Bases são superiores aos limites

exigidos para um bom desenvolvimento de plantas. Com relação ao K+, pode-se dizer

o mesmo exceto no horizonte C do capoeirão, onde o teor está baixo; porém, isto não

deverá estar comprometendo o desenvolvimento das plantas, uma vez que no

horizonte A o teor de potássio disponível é alto, e as raízes eficientes na absorção

ativa de nutrientes encontram-se na camada superficial do solo.

Quanto a disponibilidade do fósforo, pode-se observar que em todos os perfis e

horizontes os valores estão entre baixo e limitante. Isto pode ser atribuído ao

característico processo de bioacumulação deste nutriente, onde grande parte do

elemento que originalmente estava no solo, encontra-se acumulado nos tecidos

jovens das plantas, translocando-se facilmente via ciclo bioquímico quando

determinado grupo de células entra em senescência.

Com relação ao pH (água), pode ser observado que no horizonte A de todos os

locais não há problemas de acidez, já que os valores obtidos são iguais ou superiores

a pH 6,0. Para os horizontes sub-superficiais, na Floresta Madura o pH continua

elevado, na Floresta Secundária e no Capoeirão ocorre uma maior acidificação, onde

a acidez já pode ser classificada como média.

Com respeito às limitações físicas, observa-se para o Capoeirão uma certa

restrição ao desenvolvimento de raízes, pois este solo apresenta um horizonte A

pouco espesso (7cm), aparecendo em seguida um horizonte C. Ao que tudo indica, o

tipo de manejo agrícola usado no passado sobre esta área fez com que uma boa

camada de solo fosse erodida, de modo que abandonaram o cultivo no momento em

que o horizonte C passou a ser a camada arável. Mesmo assim, passados 27 anos do

abandono, observa-se que as condições físico-químicas do horizonte A deste solo é

muito semelhante ao das outras duas áreas analisadas.

3.2 Procedimentos em campo

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3.2.1 Amostragem

No presente estudo, os dados fitossociológicos foram obtidos por amostragem,

utilizando-se o método de área fixa, o processo de amostragem estratificada, e

distribuição sistemática das unidades amostrais (PÉLLICO NETO & BRENA, 1997).

As unidades amostrais usadas foram as de forma retangular com 10 m de largura

por 20 m de comprimento, totalizando 200 m2 de superfície.

Em cada parcela, considerou-se todas as árvores que apresentaram uma

circunferência à altura do peito (CAP) maior ou igual a 10 cm. Para cada árvore

levantada, anotou-se as seguintes informações:

• nome vulgar;

• CAP, medido com com fita métrica comum, graduada em centímetros, a 1,30

metros acima da superfície do solo;

• altura total, medida com vara graduada de 10 m e precisão de 0,5 m, ou com

hipsômetro de Blume-Leiss quando a altura da árvore ultrapassava o tamanho

da vara;

• altura inferior da copa, medida com vara graduada de 10 m ou com

hipsômetro de Blume-Leiss;

• posição sociológica, considerando três estratos: superior, médio e inferior;

• sanidade, de acordo com três situações: saudável, danos abióticos e danos

bióticos; e três intensidades: baixa, média e alta. No caso de árvore sadia,

desconsiderou-se intensidade;

• forma do fuste, classificando como reto, levemente tortuoso e tortuoso. A

classe “reto” abrangeu os fustes que apresentaram uma alta qualidade entre 80

e 100% de seu comprimento; a classe “levemente tortuoso” entre 50 e 80% e

a classe “tortuoso” menos que 50%. Considerou-se alta qualidade a porção

contínua de fuste reto, cilíndrico e livre de nós, galhos e defeitos aparentes.

• coordenada da árvore dentro da unidade amostral, obtida a partir da leitura de

duas trenas, uma paralela ao maior comprimento da parcela e outra

perpendicular.

Foi considerada altura total como a medida que vai do colo da árvore até o topo;

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e, altura inferior da copa, como a medida que vai do colo da árvore até a porção em

que inicia a ramificação do fuste, de modo a caracterizar o início da formação da

copa - também chamado de ponto de inversão morfológica.

Em campo, no momento em que se media a altura total da árvore amostrada,

fazia-se referência a que posição vertical a mesma ocupava em relação a suas

vizinhas, considerando-se três estratos: o superior (dominante), o médio

(codominante) e o inferior (dominado).

Os indivíduos mortos, desde que apresentando CAP mínimo, foram medidos e

registrados, sendo incluídos em uma única categoria.

Convém ressaltar que para a escolha do CAP mínimo, levou-se em conta o que

foi preconizado por MARTINS (1991), onde o limite inferior de diâmetro deve ser

escolhido com base no estrato arbóreo mais baixo que se deseja incluir na

amostragem, considerando-se árvore a planta que apresentar forma dendróide, caule

com estrutura secundária e um fuste de pelo menos até a altura do peito. Assim, após

uma análise visual da vegetação de cada subsere, tomou-se como satisfatório o CAP

mínimo de 10 cm, já que incluía a grande maioria dos indivíduos do estrato das

arvoretas e, não contemplava nem o estrato arbustivo, nem o banco de mudas.

No processo de amostragem, considerou-se três estratos, cada qual relacionado a

uma fase seral, quais foram: Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura.

Cada subsere ou estrato recebeu inicialmente 10 parcelas, totalizando 2.000 m2

de área amostrada. A intensidade de amostragem por subsere foi definida através da

curva espécie/área; considerando satisfatória a amostragem quando a curva tendia a

estabilizar-se e um aumento de 10% na área amostrada não implicava em aumentos

superiores a 5% do número já levantado de espécies, de acordo com o que sugere

MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974).

Para alocação das unidades amostrais, utilizou-se uma trena de 20 m, que era

esticada no centro de cada parcela seguindo orientação de bússola. Por sobre a trena,

estendeu-se uma fita plástica que assim permaneceu durante toda a execução do

projeto, com o objetivo de marcar o centro da parcela. De cada lado da trena central,

a uma distância de cinco metros medidos com uma segunda trena, delimitava-se o

limite da parcela.

A primeira parcela de cada subsere foi plotada aleatoriamente e as demais

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sistematicamente a partir desta, com intervalos de 20 m entre uma parcela e outra.

3.2.2 Coleta e identificação do material botânico

A identificação das espécies mais comuns foi feita in loco. Quando havia

dúvidas, procedia-se a coleta de material botânico utilizando-se “funda”, linhada ou

podão para posterior identificação. O material era então etiquetado, enumerado

conforme o código do indivíduo da ficha de coleta e prensado. Posteriormente, era

secado e enviado para identificação. Caso o material coletado não estivesse fértil e

havendo dificuldade na comprovação taxonômica, retornava-se periodicamente ao

indivíduo, a partir da coordenada anotada na ficha de campo, para tentar coletar

material com flor ou fruto.

O material botânico coletado foi identificado pelo Dr. Solon Jonas Longhi, do

Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria, e por

Marcos Sobral, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do

Sul. Após a identificação, as exsicatas foram registradas e incorporadas ao Herbário

do Departamento de Ciências Florestais (HDCF) da Universidade Federal de Santa

Maria.

3.3 Tratamento dos dados e parâmetros fitossociológicos analisados

Os dados coletados foram processados separadamente por subsere no programa

FITOPAC 1, elaborado pelo Dr. George Shepperd, da UNICAMP, que consiste num

conjunto de sub-programas próprios para análises fitossociológicas.

Foram utilizados, para a caracterização das três fases sucessionais, os seguintes

parâmetros e índices fitossociológicos:

• Índices de Similaridade de Jaccard e de Sφrensen (MUELLER-DOMBOIS &

ELLENBERG, 1974; SAIZ, 1980);

• Densidade (DAUBENMIRE, 1968; MUELLER-DOMBOIS &

ELLENBERG, 1974);

• Freqüência (MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974);

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• Dominância (MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974);

• Índice de Valor de Importância (CAIN et al., 1956; MARTINS, 1991);

• Índice de Diversidade de Shannon (MAGURRAN, 1989).

Para se ter uma idéia visual da arquitetura de cada fase seral, foram

confeccionados perfis esquemáticos. Cada perfil representou uma faixa de 20 m de

comprimento por 2,5 m de largura, selecionada de uma parcela ao acaso. Na

elaboração dos perfís, utilizou-se os seguintes dados armazenados na ficha de campo:

coordenada da árvore em relação a unidade amostral, espécie, altura total, altura

inferior da copa, CAP, posição sociológica e forma do fuste.

Para a avaliação das estratégias de regeneração das espécies amostradas, utilizou-

se as mesmas categorias sucessionais propostas por TABARELLI (1992), baseadas

em Budowski, para a Floresta Estacional Decidual Baixo-Montana do município de

Santa Maria/RS, quais sejam: pioneira, secundária inicial, secundária tardia, clímax e

sub-bosque.

Concordante ao trabalho acima citado, para as espécies que apresentam grande

plasticidade de comportamento, ocorrendo em vários estágios sucessionais, optou-se

em classificá-las em função de seu comportamento preferencial.

A classificação das espécies em grupos ecológicos de sucessão foi feita através

de observações de campo e revisão bibliográfica, considerando, principalmente, as

seguintes obras: RAMBO (1956a), KLEIN (1972), REITZ et al. (1988),

TABARELLI (1992), FLORA ILUSTRADA CATARINENSE, entre outras.

Analisando-se as características das espécies amostradas e confrontando àquelas

propostas principalmente por BUDOWSKI (1965), não encontrou-se nenhum taxon

que apresentasse a estratégia de regeneração do tipo clímax. TABARELLI (1992)

também observou o mesmo para a Floresta Estacional Decidual Baixo-Montana de

Santa Maria.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Suficiência de amostragem

Com o objetivo de avaliar se o tamanho amostral foi suficiente para representar a

composição florística de cada subsere analisada, utilizou-se a curva espécie/área

(Figura 2), recomendada por DAUBENMIRE (1968) e MUELLER-DOMBOIS &

ELLENBERG (1974).

O parâmetro de suficiência amostral considerado foi aquele no qual um aumento

de 10% na área amostrada não implica em um aumento superior a 5% do número

total de espécies já levantadas.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Área (m²)

Número de espécies

Capoeirão

Mata secundária

Mato maduro

FIGURA 2 - Curvas de número de espécies / área para definição de amostragem por fase sucessional.

No Capoeirão, foram levantadas 10 parcelas, totalizando 2.000 m2 de área

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amostrada, na qual foram identificadas 42 espécies arbóreas. A partir de 1.200 m2, a

curva espécie/área tende a estabilizar-se, indicando que seis parcelas foram

suficientes para representar a comunidade.

Na Floresta Secundária onde foram alocadas 10 unidades amostrais, a área

mínima também ficou em 1.200 m2. Nesta subsere foram amostradas 48 espécies

arbóreas.

Na Floresta Madura, foram identificadas 38 espécies em 10 parcelas. De acordo

com a curva espécie/área, 1.400 m2 de área amostral (sete parcelas) já seriam

suficientes para representar a subsere quanto à composição florística. Fato atípico foi

o baixo número de espécies encontradas. Provavelmente, a explicação esteja na baixa

densidade e elevada área basal da subsere quando comparada com as demais, já que

grande parte dos indivíduos amostrados pertencem ao estrato das arvoretas, mais

homogêneo, e os poucos indivíduos do dossel, compartimento mais heterogêneo, são

bastante espaçados e de grande porte, havendo, portanto, uma sub-amostragem

quanto a florística para os estratos mais altos.

4.2 Composição florística da Floresta Estacional Decidual de Santa Tereza

Foram identificadas para a vegetação florestal, que recobre as vertentes dos

morros que circundam a sede do município de Santa Tereza, 93 espécies com CAP ≥

a 10 cm, pertencentes a 37 famílias botânicas, descritas na Tabela 1. Este

levantamento florístico baseou-se na amostragem do presente estudo, em diversas

coletas realizadas na região e no trabalho de VACCARO et al. (1992).

A Tabela 1 não contempla as espécies que necessitam confirmação de

identificação, bem como aquelas oriundas de coletas em mata ciliar ou acima de 450

m de altitude, restringindo-se apenas aos taxa identificados nas encostas dos morros,

em estágios sucessionais que vão desde capoeirões de 18 anos até Floresta Madura. É

certo que esta lista não é completa, mas acredita-se que a parcela florística nela

contida é significativa e representativa da flora arbórea local.

Esta tabela traz também informações quanto a ocorrência dos taxa nas três

grandes formações florestais do Estado do Rio Grande do Sul: Floresta Estacional

Decidual, Floresta Ombrófila Mista e Floresta Ombrófila Densa. Ressalta-se que a

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Floresta Estacional Decidual em questão refere-se à porção de mato que ocorre na

região do Alto Uruguai, desconsiderando-se a floresta homônima que se estende pela

Fralda da Serra Geral. A distribuição fitogeográfica foi baseada em RAMBO (1954,

1956a e 1956c), KLEIN (1972), BRACK et al. (1985), REITZ et al. (1988), DIAS et

al.(1992), VACCARO & LONGHI (1995), LONGHI et al. (1996) e consultas a M.

SOBRAL, renomeado botânico.

A análise da Tabela 1 nos apresenta o seguinte quadro:

- Número total de espécies com CAP ≥ a 10 cm = 93;

- Número de espécies que também ocorrem na Floresta Estacional Decidual do

Alto Uruguai = 85 (91,4%);

- Número de espécies que também ocorrem na Floresta Ombrófila Mista = 53

(57,0%);

- Número de espécies que também ocorrem na Floresta Ombrófila Densa = 78

(83,9%);

- Número de espécies comuns à Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai e

Floresta Ombrófila Densa = 70 (75,3%)

- Número de espécies comuns à Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai e

Floresta Ombrófila Mista = 49 (52,7%)

- Número de espécies comuns à Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila

Mista = 43 (46,2%)

- Número de espécies comuns às três formações florestais = 40 (43,0%)

- Número de espécies exclusivas da Floresta Estacional Decidual do Alto

Uruguai = 6 (6,5%);

- Número de espécies exclusivas da Floresta Ombrófila Mista = 1 (1,1%);

- Número de espécies exclusivas da Floresta Ombrófila Densa = 4 (4,3%).

Nota-se que a mata da área em estudo é uma floresta mista, formada por

representantes das três grandes formações florestais do Estado, com maior

contribuição das espécies ocorrentes na Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai

(91,4% de espécies comuns, sendo seis exclusivas), seguida da Floresta Ombrófila

Densa (83,9% de espécies comuns, sendo quatro exclusivas), e por fim, da Floresta

Ombrófila Mista (57% de espécies comuns, sendo uma exclusiva).

TABELA 1 - Família botânica, nome científico e distribuição geográfica no Estado,

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das espécies arbóreas com CAP ≥ 10 cm, encontradas nas encostas dos morros que circundam a sede do município de Santa Tereza.

Família botânica e Distribuição nome científico Est.1 O.M.2 O.D.3

ANNONACEAE

Rollinia salicifolia Schlecht. X

AQUIFOLIACEAE

Ilex brevicuspis Reiss. X X X

APOCYNACEAE

Aspidosperma parvifolium A. DC. X X X

ARALIACEAE

Schefflera morototoni (Aubl.) Mag., Steyrm. et Frodin X X X

BIGNONIACEAE

Jacaranda micrantha Cham. X X X Tecoma stans (L.) Kunth X

BORAGINACEAE

Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud. X X X Patagonula americana L. X X

CARICACEAE

Carica quercifolia (St. Hil.) Hieron. X X

CELASTRACEAE

Maytenus aquifolia Mart. X Schaefferia argentinensis Speg. X

EBENACEAE

Maba inconstans (Jacq.) Griseb. X X

ELAEOCARPACEAE

Sloanea monosperma Vell. X X

EUPHORBIACEAE

Actinostemon concolor (Spreng.) Müll. Arg. X X Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. X X X Pachystroma longifolium (Nees) I. M. Johnston X X Sapium glandulatum (Vell.) Pax X X X Sebastiania brasiliensis Spreng. X X X Sebastiania commersoniana (Baill.) Smith & Downs X X X Tetrorchidium rubrivenium Poeppig & Endl. X X

TABELA 1 - Família botânica, nome científico e distribuição geográfica ...

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Família botânica e Distribuição nome científico Est.1 O.M.2 O.D.3

FLACOURTIACEAE

Banara parviflora (A. Gray) Benth. X X Banara tomentosa Clos X X Casearia silvestris Sw. X X X Xylosma pseudosalzmannii Sleumer X X

ICACINACEAE

Citronella paniculata (Mart.) Howard X X X

LAURACEAE

Aiouea saligna Meissn. X Endlicheria paniculata (Spreng.) Macbr. X X Nectandra lanceolata Nees X X X Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez X X X Nectandra saligna Nees et Mart. X X Ocotea puberula Nees X X X Ocotea lancifolia (Nees) Mez X X Ocotea silvestris Vattimo X

LEGUMINOSAE

Albizia austrobrasilica Burk. X X Albizia niopoides (Benth.) Burk. X Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr. X X Bauhinia forficata Benth. X X X Dalbergia variabilis Vog. X X X Erythrina falcata Benth. X X X Inga semialata (Vell.) Mart. X X Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth. X X X Machaerium stipitatum Vogel X X X Myrocarpus frondosus Fr. All. X X X Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan X X X

LOGANIACEAE

Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. X X

MELIACEAE

Cabralea canjerana (Vell.) Mart. X X X Cedrela fissilis Vell. X X X Guarea macrophylla Vahl X X Trichilia catigua A. Juss. X Trichilia claussenii C. DC. X X Trichilia elegans A. Juss. X X X

TABELA 1 - Família botânica, nome científico e distribuição geográfica ...

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Família botânica e Distribuição nome científico Est.1 O.M.2 O.D.3

MONIMIACEAE

Hennecartia omphalandra Poiss. X X

MORACEAE

Maclura tinctoria (L.) Don ex Steudel X X Ficus insipida Willd. X X Ficus organensis (Miq.) Miq. X Sorocea bonplandii (Baill.) Burger, Lanjow & Boer X X

MYRSINACEAE

Rapanea ferruginea (Ruiz et Pav.) Mez X X Rapanea laetevirens Mez X X Rapanea quaternata Hassler X X Rapanea umbellata (Mart. ex DC.) Mez X X

MYRTACEAE

Blepharocalyx salicifolius (Kunth) Berg X X X Calyptranthes tricona Legr. X X Campomanesia xanthocarpa Berg X X X Eugenia involucrata DC. X X X Eugenia ramboi Legr. X X Eugenia rostrifolia Legr. X X Eugenia uniflora L. X X X Myrcianthes gigantea (Legr.) Legr. X Myrcianthes pungens (Berg) Legr. X X

NYCTAGINACEAE

Pisonia ambigua Heimerl X X

PALMAE

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glass. X X X

PHYTOLACCACEAE

Phytolacca dioica L. X X X

POLYGONACEAE

Ruprechtia laxiflora Meiss. X X

ROSACEAE

Prunus sellowii Koehne X X X

RUBIACEAE

Randia armata (Sw.) DC. X X

TABELA 1 - Família botânica, nome científico e distribuição geográfica ...

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Família botânica e Distribuição nome científico Est.1 O.M.2 O.D.3

RUTACEAE

Pilocarpus pennatifolius Lemaire X X Zanthoxylum rhoifolium Lam. X X X

SAPINDACEAE

Allophylus edulis (St. Hil.) Radlk. X X X Allophylus guaraniticus (St. Hil.) Radlk. X X Cupania vernalis Camb. X X X Matayba elaeagnoides Radlk. X X X

SAPOTACEAE

Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eich.) Engl. X X Chrysophyllum marginatum (Hook. et Arn.) Radlk. X X

SIMAROUBACEAE

Picrasma crenata (Vell.) Engler X X

SOLANACEAE

Cestrum calycinum Willd. X X Solanum pseudoquina St. Hil. X X X Solanum sanctae-catharinae Dunal X X X

THYMELIACEAE

Daphnopsis racemosa Griseb. X X X

TILIACEAE

Luehea divaricata Mart. X X X

ULMACEAE

Trema micrantha (L.) Blume X X

URTICACEAE

Urera baccifera (L.) Gaud. X X

VERBENACEAE

Citharexylum solanaceum Cham. X X Vitex megapotamica (Spreng.) Mold. X X X

1 Est. - Floresta Estacional Decidual da região do Alto Uruguai 2 O.M. - Floresta Ombrófila Mista por sobre o planalto riograndense 3 O.D. - Floresta Ombrófila Densa do extremo nordeste do Estado

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Observa-se também uma ampla distribuição geográfica das espécies analisadas,

pois quase metade (43%) são comuns às três formações florestais e ¾ (75,3%)

ocorrem tanto na Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai como na Floresta

Ombrófila Densa. Apenas 11 espécies (11,8%) são características exclusivas de uma

das três formações. Esta elevada presença de espécies generalistas quanto às

exigências de habitats ou nichos e a ausência de endemismos na área, reforçam a tese

de ocupação florestal recente do território em questão.

Outro aspecto a ser analisado refere-se à Floresta Ombrófila Mista. Apesar da

grande proximidade com a área (algumas centenas de metros), pouco mais da metade

das espécies encontradas (57,0%) também ocorrem naquela formação, e, apenas uma

espécie característica exclusiva (Myrcianthes gigantea) adaptou-se às condições de

clima e solo da área. Nem a Araucaria angustifolia, espécie heliófita agressiva e

representante maior da floresta de pinhais, consegue se regenerar sem a ajuda

humana em altitudes inferiores a 500 m na região de Santa Tereza. Este aspecto

alicerça a hipótese de que a agressividade das espécies da “floresta pluvial” “sufoca”

a regeneração de espécies da floresta de pinhais (RAMBO, 1956a).

Um fato passível de dúvidas quanto a origem de ocupação, é o número de

espécies encontradas que ocorrem tanto na Floresta Estacional Decidual do Alto

Uruguai como na Floresta Ombrófila Densa (75,3%). O caso é que a maioria destas

espécies são pouco freqüentes na Floresta Ombrófila Densa, sendo preferenciais da

Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai. Além do mais, as espécies que

caracterizam a fisionomia da Floresta Ombrófila Densa strictu sensu não ocorrem ou

apresentam pouca importância fitossociológica nas matas de Santa Tereza. Tal

situação comprova que a vegetação florestal que recobre a vertente sul do planalto

riograndense (Fralda da Serra Geral) é, de maneira geral, conforme já observado por

RAMBO (1951) e KLEIN (1983 e 1984), um prolongamento empobrecido da

Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai. Neste ponto, para melhor

compreensão, é importante retomar os comentários de KLEIN (1983, p. 107):

A ocupação maciça de elementos vindos do Alto Uruguai para a Depressão Central, constitui um dos problemas ecológicos mais difíceis a ser esclarecido, mas, ao mesmo tempo, muito significativo. Para tanto é mister recorrer ao estudo das flutuações climáticas do Quaternário

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recente. Tudo indica que a Floresta Estacional Decidual e Semidecidual no Sul do Brasil é bem anterior à Floresta Ombrófila Densa da Encosta Atlântica. Isto também nos sugerem as rotas migratórias (Klein, 1979 e 1980), onde se constata um pequeno número de espécies arbóreas da floresta da Fralda da Serra Geral que, vindos de oeste-leste pela Depressão Central, alcançaram a costa, contornaram a Serra Geral e penetraram em sentido norte até Osório e Torres; outras até o sul do estado de Santa Catarina e outras ainda até a Ilha de Santa Catarina, fato que somente foi possível em época anterior a existência d’uma Floresta Ombrófila Densa, em cujo interior sombrio não teria sido possível tal imigração.

KLEIN (1984a) complementa dizendo que os elementos mais avançados da

Floresta Estacional Decidual chegaram à Ilha de Santa Catarina numa flutuação

climática anterior à ultima deste período Quaternário, permanecendo como relicto

após possível regressão desta floresta e seguiram novo período de expansão

provavelmente quando teve lugar a expansão da Floresta Ombrófila Densa. Daí a

presença de espécies oriundas da Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai em

plena Floresta Ombrófila Densa.

A comprovação definitiva sobre a proveniência da flora arbórea que recobre as

vertentes dos morros de Santa Tereza, bem como o período em que isto ocorreu, só

será possível a partir de uma análise criteriosa e multidisciplinar, de maneira a

remontar as flutuações climáticas do período Quaternário recente e sua influência

sobre a vegetação panamericana, localizando os centros de evolução e as zonas de

refúgio do último período glacial para as espécies mais importantes da estrutura da

fitocenose, e ainda, sua rota de dispersão nesta atual fase úmida.

Quanto à riqueza florística por família (Tabela 2), foram encontradas 93 espécies

distribuídas em 73 gêneros e 37 famílias. Destacaram-se as famílias Leguminosae (11

espécies), Myrtaceae (9 espécies), Lauraceae (8 espécies), Euphorbiaceae (7

espécies) e Meliaceae (6 espécies). Estas cinco famílias totalizaram 44% das espécies

amostradas.

Para as Florestas Estacionais Deciduais do Rio Grande do Sul, a família

Leguminosae tem se apresentado como a mais rica em espécies arbóreas, figurando a

seguir Myrtaceae, Lauraceae, Meliaceae e Euphorbiaceae. Tal fato está baseado em

levantamentos florísticos e fitossociológicos realizados na região de Santa Maria

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(SILVA & LONGHI, 1989; MACHADO & LONGHI, 1990; BEARZI et al., 1992;

TABELA 2 - Número de gêneros e espécies das famílias identificadas nas vertentes dos morros de Santa Tereza, considerando CAP ≥ a 10 cm.

Família botânica N°°°° de gêneros N°°°° de espécies Annonaceae 1 1 Aquifoliaceae 1 1 Apocynaceae 1 1 Araliaceae 1 1 Bignoniaceae 2 2 Boraginaceae 2 2 Caricaceae 1 1 Celastraceae 2 2 Ebenaceae 1 1 Elaeocarpaceae 1 1 Euphorbiaceae 6 7 Flacourtiaceae 3 4 Icacinaceae 1 1 Lauraceae 4 8 Leguminosae 10 11 Loganiaceae 1 1 Meliaceae 4 6 Monimiaceae 1 1 Moraceae 3 4 Myrsinaceae 1 4 Myrtaceae 5 9 Nyctaginaceae 1 1 Palmae 1 1 Phytolaccaceae 1 1 Polygonaceae 1 1 Rosaceae 1 1 Rubiaceae 1 1 Rutaceae 2 2 Sapindaceae 3 4 Sapotaceae 1 2 Simaroubaceae 1 1 Solanaceae 2 3 Thymeliaceae 1 1 Tiliaceae 1 1 Ulmaceae 1 1 Urticaceae 1 1 Verbenaceae 2 2 Total = 37 73 93

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TABARELLI, 1992; FARIAS et al., 1994; DIAS et al., 1996), na região do Alto

Uruguai (DIAS et al., 1992; VACCARO & LONGHI, 1995), vale do rio Jacuí

(DURLO et al., 1982; LONGHI et al., 1982 e 1986) e vale do rio Taquari

(VACCARO et al., 1992). Desta forma, em termos de riqueza florística por família, a

composição das vertentes dos morros que circundam a sede do município de Santa

Tereza é semelhante às demais florestas estacionais deciduais do Estado. Nestas,

destaca-se Leguminosae como a família mais rica em espécies no componente

arbóreo, fato este também observado para as florestas do interior do Estado de São

Paulo (VIEIRA et al., 1989).

4.3 Composição florística das três fases sucessionais

A Tabela 3 lista em ordem alfabética as famílias com suas espécies, amostradas

no componente arbóreo das subseres Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta

Madura, a partir de três sub-amostras de 2.000 m2 cada. Nesta tabela, encontram-se o

número de indivíduos levantados e a categoria sucessional de cada espécie.

Para o estágio de Capoeirão, foram amostrados 843 indivíduos arbóreos vivos

com CAP mínimo de 10 cm, correspondendo a 42 espécies distribuídas em 37

gêneros e 21 famílias botânicas. Em termos de riqueza florística, sobressairam as

famílias Leguminosae com oito espécies, Solanaceae com quatro e Euphorbiaceae,

Sapindaceae e Myrtaceae com três espécies cada. Estas cinco famílias abrangeram

50% das espécies levantadas. Quanto ao número de indivíduos, o destaque é de

Leguminosae, com 45,2%, seguida de Sapindaceae e Tiliaceae, com 15,8% e 14,0%

respectivamente. Estas três famílias representaram 75% dos indivíduos vivos

amostrados.

Na Floresta Secundária, foram levantadas 786 árvores vivas, pertencentes a 48

espécies distribuídas em 39 gêneros e 23 famílias. As famílias mais ricas em espécies

foram Leguminosae com oito, Lauraceae com cinco e Flacourtiaceae, Myrtaceae e

Sapindaceae com quatro espécies cada. Estas cinco famílias englobaram 52,1% das

espécies amostradas. Quanto ao número de indivíduos, Sapindaceae representou

46,2%, seguida das famílias Leguminosae com 16,8% e Meliaceae com 10,2%. Estas

três famílias totalizaram 73,2% das árvores vivas medidas.

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TABELA 3 - Espécies amostradas nas subseres Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura, número de indivíduos levantados e respectiva categoria sucessional.

Família botânica e nome científico

Subsere C* S** M***

Categoria sucessional

ANNONACEAE

Rollinia salicifolia 2 Sec. tardia

AQUIFOLIACEAE

Ilex brevicuspis 1 3 Sec. inicial

APOCYNACEAE

Aspidosperma parvifolium 9 2 Sec. inicial

ARALIACEAE

Schefflera morototoni 1 6 Sec. tardia

BIGNONIACEAE

Jacaranda micrantha 1 3 3 Sec. inicial Tecoma stans 11 Pioneira

BORAGINACEAE

Cordia trichotoma. 1 1 Sec. inicial Patagonula americana 8 2 Sec. inicial

CELASTRACEAE

Maytenus aquifolia 5 Sub-bosque

EBENACEAE

Maba inconstans 36 1 Sec. inicial

ELAEOCARPACEAE

Sloanea monosperma 1 Sec. tardia

EUPHORBIACEAE

Actinostemon concolor 8 106 Sub-bosque Alchornea triplinervia 9 2 Sec. inicial Sapium glandulatum 3 1 Pioneira Sebastiania commersoniana 1 Sec. inicial Tetrorchidium rubrivenium 4 Sec. inicial

FLACOURTIACEAE

Banara parviflora 4 Sec. tardia Banara tomentosa 3 Sec. tardia Casearia silvestris 42 27 8 Sec. inicial Xylosma pseudosalzmannii 2 Sec. inicial

ICACINACEAE

Citronella paniculata 10 2 Sub-bosque

TABELA 3 - Espécies amostradas nas subseres Capoeirão, Floresta Secundária e ...

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Família botânica e nome científico

Subsere C* S** M***

Categoria sucessional

LAURACEAE

Endlicheria paniculata 1 Sec. tardia Nectandra megapotamica 17 40 28 Sec. tardia Ocotea puberula 2 16 2 Sec. inicial Ocotea lancifolia 1 1 Sec. tardia Ocotea silvestris 3 Sec. tardia Ocotea cf. diospyrifolia 1 Sec. inicial

LEGUMINOSAE

Albizia niopoides 3 Sec. inicial Apuleia leiocarpa 23 2 6 Sec. inicial Bauhinia forficata 132 26 Pioneira Inga semialata 2 8 Sec. inicial Lonchocarpus campestris 104 20 Pioneira Machaerium stipitatum 46 46 Sec. inicial Machaerium sp. 28 4 Sec. inicial Myrocarpus frondosus 25 3 2 Sec. inicial Parapiptadenia rigida 20 29 1 Sec. inicial

LOGANIACEAE

Strychnos brasiliensis 7 1 Pioneira

MELIACEAE

Cabralea canjerana 8 Sec. tardia Cedrela fissilis 4 2 Sec. inicial Trichilia claussenii 17 26 Sub-bosque Trichilia elegans 9 61 11 Sub-bosque

MORACEAE

Maclura tinctoria 1 Sec. inicial Ficus insipida 1 Sec. tardia Sorocea bonplandii 6 69 Sub-bosque

MYRSINACEAE

Rapanea ferruginea 1 1 Sec. inicial Rapanea quaternata 1 5 Sec. inicial Rapanea umbellata 3 5 5 Sec. inicial

MYRTACEAE

Calyptranthes tricona 43 Sec. tardia Campomanesia xanthocarpa 2 23 2 Sec. inicial Eugenia involucrata 3 5 1 Sec. tardia Eugenia ramboi 11 Sec. tardia Eugenia rostrifolia 3 Sec. tardia Eugenia uniflora 1 7 Sec. inicial Myrcianthes pungens 1 Sec. tardia

TABELA 3 - Espécies amostradas nas subseres Capoeirão, Floresta Secundária e ...

Família botânica e Subsere Categoria

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nome científico C* S** M*** sucessional NYCTAGINACEAE

Pisonia ambigua 2 Sub-bosque

PHYTOLACCACEAE

Phytolacca dioica 1 Sec. inicial

ROSACEAE

Prunus sellowii 2 Sec. inicial

RUBIACEAE

Randia armata 4 10 Sub-bosque

RUTACEAE

Pilocarpus pennatifolius 2 4 Sub-bosque Zanthoxylum rhoifolium 1 Sec. inicial

SAPINDACEAE

Allophylus edulis 61 51 3 Sec. inicial Allophylus guaraniticus 6 Sub-bosque Cupania vernalis 70 272 24 Sec. tardia Matayba elaeagnoides 2 34 Sec. tardia

SAPOTACEAE

Chrysophyllum marginatum 2 Sec. tardia

SIMAROUBACEAE

Picrasma crenata 1 3 Sec. tardia

SOLANACEAE

Cestrum calycinum 2 Pioneira Cestrum sp. 3 Pioneira Solanum pseudoquina 10 Pioneira Solanum sanctae-catharinae 10 Pioneira

TILIACEAE

Luehea divaricata 118 16 1 Sec. inicial

ULMACEAE

Trema micrantha 6 Pioneira

VERBENACEAE

Citharexylum solanaceum 1 Sec. inicial

TOTAL 843 786 410

*C - Capoeirão; **S - Floresta Secundária; ***M - Floresta Madura.

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Na subsere Floresta Madura, a amostragem comportou 410 árvores vivas,

relacionadas a 38 espécies, 32 gêneros e 19 famílias botânicas. Quanto a riqueza

florística, destacaram-se Myrtaceae com cinco espécies, Euphorbiaceae, Lauraceae e

Leguminosae com quatro espécies cada, e Meliaceae com três espécies,

representando, estas famílias, 52,6% das espécies levantadas. Em relação ao número

de indivíduos por família, as que se distinguiram foram Euphorbiaceae, Moraceae e

Myrtaceae, com 27,6%, 17,1% e 14,6% respectivamente. Estas três famílias

somaram 59,3% dos indivíduos vivos amostrados.

Observa-se, para o Capoeirão e a Floresta Secundária, que o grupo das

Leguminosae e Sapindaceae possuem uma grande representatividade quanto a

florística (no caso das leguminosas) e ao número de indivíduos (as duas famílias

alternam o 1° e o 2° lugar), demonstrando haver uma semelhança e uma hierarquia de

substituição e importância de famílias no transcurso da sucessão.

A Figura 3 apresenta a relação das famílias com as maiores Percentagens de

Importância (PI) de cada subsere. A PI de uma família qualquer foi obtida a partir do

somatório dos Índices de Valor de Importância (IVI) das espécies pertencentes a

mesma, e posterior divisão por três do valor totalizado.

A análise conjunta da distribuição do número de espécies, número de indivíduos

e posição de importância por família (Tabela 3 e Figura 3), mostra que:

- Capoeirão:

Existe uma dominância absoluta da família Leguminosae, que obteve o

primeiro lugar em cada um destes três aspectos. Representou 19% das espécies,

45,2% do número de indivíduos e 25,4% em percentagem de importância por

família. Ainda, em termos de percentagem de importância, sobressai em

segundo lugar a família Tiliaceae, representada por uma única espécie com

elevado número de indivíduos de porte considerável.

- Floresta Secundária:

Embora a família Leguminosae tenha obtido o maior número de espécies

(16,7%), é a família Sapindaceae que pode ser considerada como a mais

característica desta subsere, pois representou 46,2% dos indivíduos amostrados

e obteve a maior percentagem de importância, com 25,4%. O segundo lugar em

relação a percentagem de importância, ficou com Lauraceae, que também

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Capoeirão

0

5

10

15

20

25

30

Família

PI(%)

Leguminosae

Tiliaceae

Sapindaceae

Morta

Flacourtiaceae

Solanaceae

Lauraceae

Ebenaceae

Outras

Floresta Secundária

0

5

10

15

20

25

30

Família

PI(%)

Sapindaceae

Lauraceae

Leguminosae

Morta

Meliaceae

Myrtaceae

Flacourtiaceae

Tiliaceae

Outras

Floresta Madura

0

5

10

15

20

25

Família

PI(%)

Lauraceae

Euphorbiaceae

Meliaceae

Morta

Moraceae

Myrtaceae

Sapindaceae

Leguminosae

Outras

FIGURA 3 - Famílias que apresentaram as maiores percentagens de importância.

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obteve o segundo lugar quanto ao número de espécies. Mesmo que não

apresente um grande número de indivíduos, o elevado PI desta família se deve

ao fato de muitos de seus representantes serem de porte avantajado.

Leguminosae ficou em terceiro lugar.

- Floresta Madura:

Nesta subsere, parece não existir uma dominância por família. Myrtaceae

obteve a maior riqueza florística (13,2%), Euphorbiaceae apresentou um

elevado número de indivíduos (27,6%) de pequeno porte e Lauraceae um

pequeno número de indivíduos (8,3%) de grande porte; de modo que

Lauraceae obteve o maior PI, seguida de Euphorbiaceae.

Nota-se que as lauráceas vão tomando grande importância à medida que a

floresta se aproxima do estado de madurez.

A Figura 3 também mostra que a categoria Morta obteve o quarto lugar nas três

fases sucessionais, representando 7,7% de PI no Capoeirão, 10,2% na Floresta

Secundária e 10,0% no Floresta Madura. Parece não haver diferenças significativas

entre as subseres, quanto a importância das árvores mortas em relação às famílias

botânicas.

A Tabela 4 evidencia os índices de Similaridade de Jaccard e Sφrensen,

calculados para as três subseres.

O Índice de Similaridade entre as fases sucessionais, calculado de acordo com

Jaccard, mostra maior semelhança, em termos de composição florística, entre o

Capoeirão e a Floresta Secundária, na ordem de 42,86%. A semelhança entre a

Floresta Secundária e o Floresta Madura foi de 38,71%, e entre o Capoeirão e o

Floresta Madura de 29,03%.

TABELA 4 - Índices de Similaridade entre as fases sucessionais da Floresta Estacional Decidual no município de Santa Tereza.

Subseres Índice de Similaridade

de Jaccard (%)

Índice de Similaridade

de Sφrensen (%)

Capoeirão/Floresta Secundária 42,86 60,00

Flor. Secundária/Flor. Madura 38,71 55,81

Capoeirão/Floresta Madura 29,03 45,00

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Considerando o cálculo de similaridade segundo Sφrensen, mantém-se a mesma

hierarquia, mudando-se, porém, os valores. Segundo este índice, a semelhança entre

o Capoeirão e a Floresta Secundária é na ordem de 60%, entre a Floresta Secundária

e a Floresta Madura de 55,8% e entre o Capoeirão e o Floresta Madura na proporção

de 45%.

Os índices encontrados podem ser considerados baixos, indicando haver

diferenças florísticas entre as três subseres. Tal resposta já era esperada, tendo em

vista que cada subsere apresenta um elenco de espécies próprias que lhe confere

características fisionômicas peculiares.

4.4 Categorias sucessionais

Com relação às categorias sucessionais das espécies amostradas, apresentadas na

Tabela 3, confeccionou-se três novas tabelas (Tabelas 5, 6 e 7) com o objetivo de

facilitar a interpretação destes dados.

Pode-se notar que no transcurso da sucessão florestal, considerando-se os

estágios de Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura, ocorreram:

- uma diminuição tanto no número de espécies como no número de indivíduos

da categoria pioneira;

- uma diminuição do número de indivíduos da categoria secundária inicial;

- um aumento do número de indivíduos da categoria sub-bosque.

Observa-se também uma alta representatividade florística das secundárias

iniciais em todas as fases sucessionais.

Ao analisar-se cada tabela separadamente, tem-se:

No estágio de Capoeirão (Tabela 5), sobressai tanto em número de espécies

como em número de indivíduos, as secundárias iniciais, indicando ter havido na área

uma condição de luz propícia para o estabelecimento de espécies com esta estratégia

de regeneração. Em segundo lugar despontam as pioneiras. Sem dúvida, as

secundárias iniciais e as pioneiras caracterizam esta subsere, pois juntas somam

80,9% das espécies e 87,0% do número de indivíduos amostrados.

TABELA 5 - Distribuição das espécies e do número de indivíduos amostrados na

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subsere Capoeirão, por categoria sucessional.

Categoria Sucessional

Espécies

Número Percentagem

Indivíduos

Número Percentagem

Pioneiras 10 23,8 288 34,1

Secundárias iniciais 24 57,1 446 52,9

Secundárias tardias 6 14,3 96 11,4

Sub-bosque 2 4,8 13 1,6

TOTAL 42 100,0 843 100,0

TABELA 6 - Distribuição das espécies e do número de indivíduos amostrados na subsere Floresta Secundária, por categoria sucessional.

Categoria Sucessional

Espécies

Número Percentagem

Indivíduos

Número Percentagem

Pioneiras 3 6,3 47 6,0

Secundárias iniciais 25 52,1 251 31,9

Secundárias tardias 11 22,9 363 46,2

Sub-bosque 9 18,7 125 15,9

TOTAL 48 100,0 786 100,0

TABELA 7 - Distribuição das espécies e do número de indivíduos amostrados na subsere Floresta Madura, por categoria sucessional.

Categoria Sucessional

Espécies

Número Percentagem

Indivíduos

Número Percentagem

Pioneiras 1 2,6 1 0,2

Secundárias iniciais 17 44,8 56 13,7

Secundárias tardias 13 34,2 133 32,5

Sub-bosque 7 18,4 220 53,6

TOTAL 38 100,0 410 100,0

Na subsere Floresta Secundária (Tabela 6) observa-se, com relação ao estágio

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sucessional anterior, uma diminuição significativa do número de indivíduos das

categorias pioneira e secundária inicial, bem como um forte incremento das

secundária tardia e sub-bosque. Quanto a florística desta fase, nota-se que o maior

número de espécies pertencem a categoria secundária inicial; porém, o maior número

de indivíduos à categoria secundária tardia. Tal situação mostra que embora as

espécies secundárias iniciais estejam bem representadas na subsere, são as

secundárias tardias que encontram neste ambiente uma situação de luminosidade que

lhes propicia uma ocupação maciça, com tendências em suprimir gradativamente as

da categoria anterior no decorrer do tempo, pelo menos em nível de densidade por

área.

Na Floresta Madura, as secundárias iniciais dão a maior contribuição florística,

porém, apresentam baixa densidade. São as espécies de sub-bosque que possuem o

maior número de indivíduos. As secundárias tardias aparecem em segunda colocação,

tanto no número de espécies como no número de indivíduos amostrados. Pode-se

dizer que neste estágio sucessional sobressaem as espécies tolerantes à sombra, pois

se confrontarmos o grupo das secundárias tardias conjuntamente com o sub-bosque

versus o grupo das secundárias iniciais com as pioneiras, ver-se-á que o primeiro

grupo totaliza 52,6% das espécies e 86,1% do número de indivíduos amostrados.

Deste modo, confirma-se que existe uma substituição gradativa das categorias

sucessionais no transcurso da sucessão florestal, de maneira que nos estágios iniciais

predominam indivíduos intolerantes à sombra, e a medida que o processo evolui,

espécimes tolerantes à sombra passam a ter um papel importante na comunidade em

questão.

4.5 Organização da comunidade

4.5.1 Nível arquitetural

4.5.1.1 Aspectos e parâmetros gerais das fases sucessionais

O Capoeirão possui dois estratos arbóreos não muito definidos (Figura 4), além

de um estrato arbustivo bastante denso, e outro herbáceo composto principalmente

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por gramíneas. Os arbustos comumente observados na subsere são: Acalipha sp.,

Justicia brasiliana Roth, Piper mikanianum (Kunth) Steudel, Byttneria australis St.

Hil. e Dioscorea sp. Observou-se também que diversas árvores formavam touceiras,

indicando serem originadas de brotação. Tal forma de regeneração foi vista para

indivíduos de Maba inconstans, Bauhinia forficata, Lonchocarpus campestris,

Casearia silvestris, Cupania vernalis, Strychnos brasiliensis, Aspidosperma

parvifolium, Luehea divaricata e Machaerium sp.

1 - Casearia silvestris 4 - Nectandra megapotamica 7 - Lonchocarpus campestris 10 - Morta 2 - Bauhinia forficata 5 - Allophylus edulis 8 - Maba inconstans

3 - Solanum pseudoquina 6 - Parapiptadenia rigida 9 - Luehea divaricata

FIGURA 4 - Perfil estrutural de um trecho da subsere Capoeirão.

Na Floresta Secundária nota-se a existência de dois estratos arbóreos contínuos e

bem definidos e um terceiro em formação (Figura 5). O estrato mais alto, em

formação, é composto por árvores esparsas, não havendo, portanto, continuidade de

copas. O estrato arbustivo apresenta-se menos denso e a população de gramíneas

diminui sensivelmente em comparação com o Capoeirão. Os arbustos comumente

encontrados pertencem as espécies Psychotria leiocarpa Cham. et Schlecht.,

Psychotria carthagenensis Jacq., Justicia brasiliana Roth, Piper gaudichaudianum

Kunth, Ruellia angustifolia (Nees) Lindan ex Rambo e Acalypha gracilis Spreng.

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1 - Nectandra megapotamica 4 - Eugenia uniflora 7 - Rapanea quaternata 10 - Machaerium stipitatum 2 - Citronella paniculata 5 - Allophylus edulis 8 - Trichilia claussenii 11 - Bauhinia forficata 3 - Matayba elaeagnoides 6 - Cupania vernalis 9 - Trichilia elegans 12 - Ocotea puberula

FIGURA 5 - Perfil estrutural de um trecho da subsere Floresta Secundária

A Floresta Madura comporta três estratos arbóreos bem definidos (Figura 6),

além de um estrato superior emergente insignificante, não representado na

amostragem. O estrato arbustivo e herbáceo apresentam-se bastante ralos em

comparação com as demais subseres. Os arbustos mais comuns pertencem as

espécies de Psychotria leiocarpa Cham. et Schlecht. e Mollinedia sp.

A Tabela 8 apresenta alguns parâmetros gerais das árvores com CAP ≥ 10 cm,

amostradas nas três fases sucessionais.

Comparando-se os dados gerais do Capoeirão com os da Floresta Secundária,

observa-se que a densidade por área manteve-se aproximadamente a mesma, porém,

houve um incremento nas alturas e nos diâmetros, bem como um aumento da área

basal na ordem de 76%.

Da Floresta Secundária para a Floresta Madura, nota-se uma redução de 50% no

número de indivíduos por hectare, porém, um aumento em 54% da área basal.

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1 - Campomanesia xanthocarpa 5 - Sorocea bonplandii 9 - Rapanea quaternata 2 - Cupania vernalis 6 - Trichilia claussenii 10 - Actinostemon concolor 3 - Calyptranthes tricona 7 - Inga semialata 11 - Morta 4 - Cabralea canjerana 8 - Nectandra megapotamica

FIGURA 6 - Perfil estrutural de um trecho da subsere Floresta Madura.

TABELA 8 - Parâmetros gerais das fases sucessionais da Floresta Estacional Decidual no município de Santa Tereza.

Dados gerais Capoeirão Floresta Secundária Floresta Madura

Nº indivíduos amostrados 923 887 447

Área basal amostrada (m2) 4,15 7,29 11,22

Densidade total

(nºind./ha)

4615 4435 2235

Dominância total (m2/ha) 20,75 36,44 56,09

Diâmetro máximo (cm) 28,65 51,25 97,72

Diâmetro médio (cm) 6,59 8,02 11,45

Altura máxima (m) 16,50 18,50 25,50

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Altura média (m) 7,20 7,81 8,08

Na progressão da sucessão florestal, ocorreu um decréscimo na densidade e um

acréscimo na dominância por unidade de superfície. Um incremento também foi

evidenciado para o diâmetro e a altura média e máxima.

4.5.1.2 Distribuição de alturas

A classificação das árvores quanto a posição sociológica (estrato superior, médio

e inferior), a ser apresentada a seguir, está baseada em critério subjetivo, onde

indivíduos de mesma altura podem pertencer a estratos distintos, dependendo do

favorecimento de luz propiciado pelas árvores vizinhas.

O recurso do estabelecimento da estratificação com base no número de curvas de

distribuição possíveis de serem obtidas sobre um histograma de freqüência de classes

de altura média, utilizado por MARTINS (1991), foi descartado, visto que só parece

ser viável em florestas maduras, próximas ao clímax, onde as “camadas” de copas de

árvores apresentam-se mais ou menos definidas, fato não observado para os estágios

sucessionais em pleno desenvolvimento.

A Figura 7 mostra os histogramas com a distribuição das classes de altura total

das árvores vivas levantadas, por estrato, para cada subsere. Utilizou-se um intervalo

de classe de um metro, de acordo com as recomendações de RODAL et al. (1992). A

precisão das medições das alturas obtidas em campo foi de 0,5 m. Desta maneira,

indivíduos que mediam 5,0 m e 5,5 m, foram agrupados na classe de 5,25 m.

Na subsere Capoeirão, observou-se a existência de apenas dois estratos arbóreos,

um dominante e outro dominado. Na Floresta Secundária e na Floresta Madura, foi

possível distinguir três estratos arbóreos, um dominante, um codominante e outro

dominado.

Considerando o Capoeirão como um todo, as alturas variaram de 2,0 a 16,5 m. O

estrato inferior apresentou alturas entre 2,0 m e 10,5 m, com média de 6,4 m; e o

estrato superior, alturas entre 4,0 m e 16,5 m, com média de 10,4 m.

Na Floresta Secundária, as alturas das árvores variaram de 2,0 m a 18,5 m. O

estrato inferior mostrou alturas entre 2,0 e 10,5 m, com média de 6,5 m; o estrato

médio entre 8,0 e 16,5 m, com média de 10,8 m; e o superior, alturas entre 12,0 e

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72

18,5 m, com média de 15,3 m.

2,25

4,25

6,25

8,25

10,25

12,25

14,25

16,25

0

20

40

60

80

100

120

140

Número de indivíduos

2,25

4,25

6,25

8,25

10,25

12,25

14,25

16,25

Classes de altura total (m)

Capoeirão

Estrato inferior

Estrato superior

2,25

4,25

6,25

8,25

10,25

12,25

14,25

16,25

18,25

0

20

40

60

80

100

120

140

Número de indivíduos

2,25

4,25

6,25

8,25

10,25

12,25

14,25

16,25

18,25

Classes de altura total (m)

Floresta Secundária

Estrato inferior

Estrato médio

Estrato superior

2,25

4,25

6,25

8,25

10,25

12,25

14,25

16,25

18,25

20,25

22,25

24,25

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Número de indivíduos

2,25

4,25

6,25

8,25

10,25

12,25

14,25

16,25

18,25

20,25

22,25

24,25

Classes de altura total (m)

Floresta Madura

Estrato inferior

Estrato médio

Estrato superior

FIGURA 7 - Distribuição de freqüência das classes de altura total, por estrato, das

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subseres Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura. Na Floresta Madura, as alturas dos indivíduos que fizeram parte da amostragem

variaram de 2,0 a 25,5 m. Para o estrato inferior, obteve-se alturas entre 2,0 e 9,5 m,

com média de 5,7 m; para o estrato médio, alturas de 8,0 e 16,5 m, e média de 11,4

m; e para o estrato superior, alturas entre 13,0 m e 25,5 m, com média de 19,3 m.

Convém relatar para a área da Floresta Madura, que as árvores altas

“emergentes”, citadas por KLEIN (1983), somente foram encontradas fora das

unidades amostrais, como por exemplo, dois indivíduos de Apuleia leiocarpa com

34,0 e 35,0 metros de altura. Provavelmente, sejam remanescentes de um abate

seletivo que tenha ocorrido na área há muito tempo atrás.

4.5.1.3 Distribuição diamétrica

A distribuição dos indivíduos por classes diamétricas (no presente estudo

utilizou-se classes de CAP - circunferência à altura do peito), mostrada na Figura 8,

indica uma maior concentração nas classes menores, para todas as subseres

analisadas, o que é padrão para florestas nativas inequiâneas. Considerando apenas as

duas primeiras classes (árvores com menos de 10 cm de diâmetro), observa-se que a

proporção de indivíduos é de 69,3% para a Floresta Madura, 75,8% para a Floresta

Secundária e 82% para o Capoeirão.

Populações em equilíbrio devem apresentar histogramas de freqüência de classes

de diâmetro como uma série geométrica decrescente (MARTINS, 1991).

Considerando todas as árvores vivas amostradas como pertencentes a uma única

população, a freqüência das classes de CAP para a Floresta Madura não mostra uma

distribuição balanceada. O excesso de indivíduos na primeira classe em detrimento

das demais, indica que uma parte significativa das populações arbóreas amostradas

foram constituídas por plantas jovens e arvoretas de sub-bosque. Aliado a isso,

interrupções e oscilações de freqüência nas classes superiores de CAP podem estar

indicando uma sub-amostragem dos indivíduos de grande porte, ou o abate seletivo

de algumas árvores produtoras de madeira há algum tempo atrás.

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10-19

20-29

30-39

40-49

40-59

60-69

70-79

80-89

90-99

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Número de indivíduos

10-19

20-29

30-39

40-49

40-59

60-69

70-79

80-89

90-99

Classes d

e CAP (cm

)

Capoeirão

10-19

30-39

50-59

70-79

90-99

110-119

130-139

150-159

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Número de indivíduos

10-19

30-39

50-59

70-79

90-99

110-119

130-139

150-159

Classes de CAP (cm)

Floresta S

ecundária

10-19

30-39

50-59

70-79

90-99

110-119

130-139

150-159

170-179

190-199

210-219

230-239

250-259

270-279

290-299

0

50

100

150

200

250

Número de indivíduos

10-19

30-39

50-59

70-79

90-99

110-119

130-139

150-159

170-179

190-199

210-219

230-239

250-259

270-279

290-299

Classes de CAP (cm)

Floresta M

adura

FIGURA 8 - D

istribuição de freqüência das classes de CAP, das su

bseres C

apoeirão,

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Floresta Secundária e Floresta Madura. 4.5.1.4 Sanidade

A Tabela 9 apresenta o estado de sanidade das árvores vivas amostradas em cada

estágio sucessional.

TABELA 9 - Estado de sanidade das árvores vivas amostradas nas três subseres, em valores percentuais.

Sanidade Estágio sucessional

Situação Intensidade Capoeirão Floresta Secundária

Floresta Madura

Saudável - 65,4 70,8 77,6

Danos abióticos Baixa 6,6 1,9 7,8

Média 6,9 4,3 3,6

Alta 2,7 4,8 1,2

Danos bióticos Baixa 7,1 7,0 4,9

Média 6,9 6,0 3,9

Alta 4,4 5,2 1,0

Total 100,0 100,0 100,0

Dano abiótico referiu-se àquele tipo de injúria causado principalmente por raio,

vento ou queda de árvore; e dano biótico por patógenos como serradores e brocas.

Árvores em avançado estágio de senescência foram classificadas na segunda

categoria.

Alta intensidade de dano indica um sério comprometimento do indivíduo,

demonstrando poucos sinais de vitalidade. Baixa intensidade mostra que menos de

30% da árvore encontra-se comprometida, e média intensidade o comprometimento é

de aproximadamente 50%.

Nota-se que quanto mais a sucessão se aproxima do clímax, aumenta a

percentagem de árvores saudáveis.

No Capoeirão e na Floresta Secundária, os danos bióticos se sobressaem aos

abióticos, na Floresta Madura se observa o contrário. É que em estágios sucessionais

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recentes, as substituições são mais rápidas e as espécies apresentam um ciclo de vida

mais curto, o que vem a favorecer maiores percentuais na classe de danos bióticos.

Tomando-se como parâmetro a alta intensidade dos danos abióticos e bióticos,

observa-se que a Floresta Secundária apresentou os maiores percentuais, onde 10%

das árvores vivas analisadas encontram-se seriamente comprometidas. Fato a ser

levantado é que grande parte destes indivíduos pertencem a espécie Cupania

vernalis. O Capoeirão totalizou um sério comprometimento em 7,1% das árvores e a

Floresta Madura em 2,2%.

A percentagem de árvores mortas em relação ao número total de indivíduos

amostrados, foi de 11,39% para a Floresta Secundária, 8,67% para o Capoeirão e

8,28% para a Floresta Madura.

Embora a menor percentagem de árvores sadias seja da subsere Capoeirão,

considerando percentagem de árvores mortas e alta intensidade de danos, pode-se

inferir que na Floresta Secundária algumas populações estão sendo substituídas a

uma velocidade maior que nos demais estágios sucessionais.

4.5.1.5 Forma do fuste

A Tabela 10 descreve a forma do fuste das árvores vivas amostradas nos três

estágios sucessionais. Observa-se que mais de 50% dos indivíduos apresentaram

fuste tortuoso nas três fases serais, porém, há uma tendência de que no desenrolar da

sucessão, o número de árvores tortuosas diminua.

TABELA 10 - Forma do fuste das árvores vivas amostradas nas três subseres, em valores percentuais.

Forma do fuste Estágio sucessional

Capoeirão Floresta Secundária Floresta Madura

Reto 12,1 19,1 18,3

Levemente tortuoso 24,4 29,4 31,0

Tortuoso 63,5 51,5 50,7

Total 100,0 100,0 100,0

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Provavelmente, a explicação deste fato esteja na estratificação e nas exigências

de luz das árvores componentes de cada subsere. No Capoeirão, os dois estratos

arbóreos não são nitidamente definidos e apresentam-se bastante congestos, que

aliado a predominância de indivíduos intolerantes à sombra, acarreta uma

competitividade em busca de luz com os indivíduos circunjacentes, condicionando

maior tortuosidade dos fustes. Aliado a isto, estaria a elevada densidade dos estratos

arbustivo e herbáceo, que também promoveriam tortuosidade às mudas das futuras

árvores. A Floresta Madura, com estrato arbustivo bastante ralo, menor densidade de

árvores por área, estratos arbóreos bem definidos e mais abertos, dossel mais alto e

composta por um grande número de indivíduos tolerantes à sombra, certamente

condicionará a uma estratégia de crescimento em busca da luz de forma mais reta e

sem tanta competitividade, até alcançar o estrato ótimo à sua amplitude ecológica.

4.5.2 Nível estrutural

Capoeirão

Na Tabela 11 figuram os parâmetros de abundância das espécies amostradas na

subsere Capoeirão, em ordem decrescente de Índice de Valor de Importância (IVI).

Observa-se que as espécies Bauhinia forficata, Luehea divaricata e

Lonchocarpus campestris distinguiram-se por serem as mais densas da subsere,

totalizando 38,35% de densidade relativa. Com relação à dominância destacaram-se

Luehea divaricata, Bauhinia forficata e Cupania vernalis, representando juntas

44,62% da área basal. As populações mais freqüentes foram Luehea divaricata,

Bauhinia forficata, Cupania vernalis, Allophylus edulis e categoria Morta, sendo

amostradas em todas as parcelas (freqüência absoluta de 100%), evidenciando ampla

distribuição pelo estágio sucessional .

Das 42 espécies amostradas, 14 (33,3%) ocorreram em apenas uma das unidades

amostrais (FR = 0,59%); e 7 (16,7%) com apenas um indivíduo (DR = 0,11%).

A espécie Luehea divaricata se apresenta em destaque na posição de IVI, em

função dos altos valores de densidade, freqüência e, principalmente, de dominância

de sua população. A seguir aparecem Bauhinia forficata, Cupania vernalis e

Lonchocarpus campestris.

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TABELA 11 - Valores relativos de densidade, dominância e freqüência das espécies amostradas na subsere Capoeirão, ordenadas em ordem decrescente de Índice de Valor de Importância.

Espécie DR DoR FR IVI Luehea divaricata 12,78 28,31 5,92 47,01 Bauhinia forficata 14,30 8,52 5,92 28,74 Cupania vernalis 7,58 7,79 5,92 21,29 Lonchocarpus campestris 11,27 4,42 5,33 21,02 Morta 8,67 4,92 5,92 19,51 Allophylus edulis 6,61 4,40 5,92 16,92 Casearia silvestris 4,55 4,34 5,33 14,22 Machaerium stipitatum 4,98 1,81 5,33 12,12 Maba inconstans 3,90 2,68 3,55 10,13 Parapiptadenia rigida 2,17 2,84 4,73 9,74 Nectandra megapotamica 1,84 2,98 4,14 8,96 Apuleia leiocarpa 2,49 2,64 3,55 8,68 Machaerium sp. 3,03 1,76 3,55 8,35 Myrocarpus frondosus 2,71 2,68 2,96 8,34 Solanum sanctae-catharinae 1,08 1,94 3,55 6,57 Tecoma stans 1,19 3,31 1,78 6,28 Solanum pseudoquina 1,08 1,71 2,37 5,16 Trema micrantha 0,65 2,57 1,78 5,00 Patagonula americana 0,87 0,98 1,78 3,63 Cedrela fissilis 0,43 1,48 1,18 3,10 Aspidosperma parvifolium 0,98 0,74 1,18 2,90 Sapium glandulatum 0,33 1,38 1,18 2,89 Trichilia elegans 0,98 0,28 1,18 2,44 Ocotea puberula 0,22 1,56 0,59 2,37 Randia armata 0,43 0,14 1,78 2,35 Alchornea triplinervia 0,98 0,65 0,59 2,22 Albizia niopoides 0,33 0,51 1,18 2,01 Cestrum sp. 0,33 0,45 1,18 1,96 Rollinia salicifolia 0,22 0,21 1,18 1,61 Strychnos brasiliensis 0,76 0,20 0,59 1,55 Cestrum calycinum 0,22 0,08 1,18 1,48 Campomanesia xanthocarpa 0,22 0,06 1,18 1,46 Eugenia involucrata 0,33 0,26 0,59 1,17 Rapanea umbellata 0,33 0,19 0,59 1,11 Matayba elaeagnoides 0,22 0,29 0,59 1,10 Cordia trichotoma 0,11 0,28 0,59 0,98 Rapanea ferruginea 0,11 0,23 0,59 0,93 Chrysophyllum marginatum 0,22 0,04 0,59 0,85 Ilex brevicuspis 0,11 0,13 0,59 0,83 Maclura tinctoria 0,11 0,11 0,59 0,81 Jacaranda micrantha 0,11 0,08 0,59 0,78 Sebastiania commersoniana 0,11 0,03 0,59 0,73 Eugenia uniflora 0,11 0,02 0,59 0,72 TOTAL 100,00 100,00 100,00 300,00 DR - Densidade Relativa (%); DoR - Dominância Relativa (%); FR - Freqüência Relativa (%); IVI - Índice de Valor de Importância.

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79

Floresta Secundária

A Tabela 12 apresenta os parâmetros de abundância das espécies amostradas na

subsere Floresta Secundária, em ordem decrescente de IVI.

Com relação a densidade, Cupania vernalis se destacou com 30,67% de

densidade relativa, figurando a seguir a categoria Morta com 11,39%. As espécies

Cupania vernalis, Nectandra megapotamica e Ocotea puberula se distinguiram por

serem as mais dominantes da subsere, totalizando 52,14% de dominância relativa.

Observa-se que as espécies mais freqüentes (freqüência absoluta de 100%) foram

Cupania vernalis, Allophylus edulis, Trichilia elegans e categoria Morta.

Das 48 espécies amostradas, 16 (33,3%) ocorreram em apenas uma das parcelas

(FR = 0,53%); e 12 (25,0%) compareceram com apenas um indivíduo (DR = 0,11%).

Sem dúvida, Cupania vernalis é a espécie mais importante da Floresta

Secundária, devido aos altos valores de dominância, freqüência e principalmente

densidade. Em seguida, destacam-se a categoria Morta, Nectandra megapotamica e

Ocotea puberula, as duas últimas espécies mais em função da dominância de suas

populações do que dos parâmetros densidade ou freqüência.

Floresta Madura

Na Tabela 13 encontra-se os parâmetros de abundância das espécies amostradas

na subsere Floresta Madura, em ordem decrescente de IVI.

As espécies Actinostemon concolor e Sorocea bonplandii foram as mais densas

da subsere, somando 39,15% de densidade relativa. Observa-se que Nectandra

megapotamica, categoria Morta e Cabralea canjerana computaram as maiores áreas

basais, totalizando 51,74% de dominância relativa. Quanto a freqüência, destacaram-

se Actinostemon concolor, Sorocea bonplandii e categoria Morta, com freqüência

absoluta de 100% (FR = 6,94%).

Das 38 espécies amostradas, 11 (28,9%) ocorreram em apenas uma das parcelas

(FR = 0,69%); e 9 (23,7%) compareceram com apenas um indivíduo (DR = 0,22%).

Quanto a posição de IVI, se destacaram as espécies Nectandra megapotamica,

Actinostemon concolor, categoria Morta e Sorocea bonplandii; a primeira

principalmente em função da elevada área basal de sua população, a segunda e quarta

espécies devido ao número de indivíduos presentes na área.

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TABELA 12 - Valores relativos de densidade, dominância e freqüência das espécies amostradas na subsere Floresta Secundária, ordenadas em ordem decrescente de Índice de Valor de Importância.

Espécie DR DoR FR IVI Cupania vernalis 30,67 19,59 5,29 55,55 Morta 11,39 10,33 5,29 27,01 Nectandra megapotamica 4,51 17,88 4,23 26,63 Ocotea puberula 1,80 14,67 3,70 20,18 Allophylus edulis 5,75 3,36 5,29 14,40 Trichilia elegans 6,88 1,14 5,29 13,31 Parapiptadenia rigida 3,27 3,78 4,76 11,81 Machaerium stipitatum 5,19 1,64 4,23 11,06 Matayba elaeagnoides 3,83 3,30 3,17 10,31 Luehea divaricata 1,80 5,85 2,12 9,77 Bauhinia forficata 2,93 1,74 4,76 9,44 Casearia silvestris 3,04 1,76 3,70 8,51 Campomanesia xanthocarpa 2,59 1,18 3,70 7,47 Trichilia claussenii 1,92 0,33 3,70 5,95 Lonchocarpus campestris 2,25 0,46 3,17 5,89 Jacaranda micrantha 0,34 3,94 1,59 5,86 Citronella paniculata 1,13 1,53 3,17 5,84 Actinostemon concolor 0,90 1,24 2,65 4,79 Randia armata 1,13 0,49 2,12 3,73 Machaerium sp. 0,45 0,62 2,12 3,19 Allophylus guaraniticus 0,68 0,15 2,12 2,95 Rapanea umbellata 0,56 0,18 2,12 2,86 Eugenia involucrata 0,56 0,18 2,12 2,86 Ilex brevicuspis 0,34 1,26 1,06 2,66 Maytenus aquifolia 0,56 0,10 1,59 2,25 Cedrela fissilis 0,23 0,78 1,06 2,06 Eugenia uniflora 0,79 0,20 1,06 2,05 Sorocea bonplandii 0,68 0,16 1,06 1,90 Banara parviflora 0,45 0,12 1,06 1,63 Myrocarpus frondosus 0,34 0,05 1,06 1,45 Inga semialata 0,23 0,13 1,06 1,42 Apuleia leiocarpa 0,23 0,09 1,06 1,38 Prunus sellowii 0,23 0,07 1,06 1,36 Ocotea cf. diospyrifolia 0,11 0,38 0,53 1,02 Cytharexylum solanaceum 0,11 0,38 0,53 1,02 Banara tomentosa 0,34 0,11 0,53 0,97 Aspidosperma parvifolium 0,23 0,18 0,53 0,94 Xylosma pseudosalzmannii 0,23 0,07 0,53 0,83 Rapanea ferruginea 0,11 0,17 0,53 0,82 Pilocarpus pennatifolius 0,23 0,03 0,53 0,79 Ocotea lancifolia 0,11 0,09 0,53 0,73 Schefflera morototoni 0,11 0,08 0,53 0,72 Endlicheria paniculata 0,11 0,06 0,53 0,70 Picrasma crenata 0,11 0,04 0,53 0,68 Zanthoxylum rhoifolium 0,11 0,02 0,53 0,66 Rapanea quaternata 0,11 0,02 0,53 0,66 Maba inconstans 0,11 0,01 0,53 0,66 Myrcianthes pungens 0,11 0,01 0,53 0,65 Strichnos brasiliensis 0,11 0,01 0,53 0,65 TOTAL 100,00 100,00 100,00 300,00 DR - Densidade Relativa (%); DoR - Dominância Relativa (%); FR - Freqüência Relativa (%); IVI - Índice de Valor de Importância.

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TABELA 13 - Valores relativos de densidade, dominância e freqüência das espécies amostradas na subsere Floresta Madura, ordenadas em ordem decrescente de Índice de Valor de Importância.

Espécie DR DoR FR IVI

Nectandra megapotamica 6,26 29,57 5,56 41,39 Actinostemon concolor 23,71 2,51 6,94 33,17 Morta 8,28 12,31 6,94 27,53 Sorocea bonplandii 15,44 1,65 6,94 24,03 Calyptranthes tricona 9,62 2,89 6,25 18,76 Cabralea canjerana 1,79 9,86 3,47 15,12 Trichilia claussenii 5,82 2,42 5,56 13,80 Cupania vernalis 5,37 1,49 4,86 11,72 Scheflera morototoni 1,34 4,00 3,47 8,82 Trichilia elegans 2,46 0,57 5,56 8,59 Casearia silvestris 1,79 2,48 4,17 8,43 Eugenia ramboi 2,46 0,28 4,17 6,91 Patagonula americana 0,45 4,56 1,39 6,40 Alchornea triplinervia 0,45 3,37 1,39 5,21 Inga semialata 1,79 0,12 2,78 4,69 Ocotea puberula 0,45 2,53 1,39 4,36 Rapanea umbellata 1,12 1,03 2,08 4,23 Apuleia leiocarpa 1,34 0,09 2,78 4,21 Phytolacca dioica 0,22 2,81 0,69 3,73 Rapanea quaternata 1,12 0,47 2,08 3,67 Tetrorchidium rubrivenium 0,89 1,31 1,39 3,59 Sloanea monosperma 0,22 2,59 0,69 3,51 Allophylus edulis 0,67 0,69 2,08 3,45 Jacaranda micrantha 0,67 1,36 1,39 3,42 Ficus insipida 0,22 2,40 0,69 3,32 Pilocarpus pennatifolius 0,89 0,07 2,08 3,05 Picrasma crenata 0,67 0,24 2,08 2,99 Campomanesia xanthocarpa 0,45 0,52 1,39 2,36 Luehea divaricata 0,22 1,37 0,69 2,29 Pisonia ambigua 0,45 0,44 1,39 2,27 Ocotea silvestris 0,67 0,18 1,39 2,24 Ocotea lancifolia 0,22 1,29 0,69 2,21 Sapium glandulatum 0,22 1,20 0,69 2,12 Citronella paniculata 0,45 0,03 1,39 1,87 Eugenia rostrifolia 0,67 0,30 0,69 1,67 Myrocarpus frondosus 0,45 0,42 0,69 1,56 Cordia trichotoma 0,22 0,55 0,69 1,47 Parapiptadenia rigida 0,22 0,02 0,69 0,94 Eugenia involucrata 0,22 0,01 0,69 0,93 TOTAL 100,00 100,00 100,00 300,00 DR - Densidade Relativa (%); DoR - Dominância Relativa (%); FR - Freqüência Relativa (%); IVI - Índice de Valor de Importância.

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82

4.5.2.1 Análise comparativa

A Tabela 14 mostra as percentagens de importância das 10 maiores posições de

IVI, com suas respectivas colocações entre parêntesis, encontradas nas três subseres,

bem como as categorias sucessionais às quais pertencem.

TABELA 14 - Percentagem de importância e categorias sucessionais das espécies arbóreas que obtiveram as dez primeiras posições de IVI nos três estágios sucessionais. O valor entre parêntesis refere-se a ordem de importância na subsere.

Espécie Categoria sucessional

Capoeirão Floresta Secundária

Floresta Madura

Actinostemon concolor Sub-bosque - 1,60 (18) 11,06 (02)

Allophylus edulis Sec. inicial 5,64 (06) 4,80 (05) 1,15 (23)

Bauhinia forficata Pioneira 9,58 (02) 3,15 (11) -

Cabralea canjerana Sec. tardia - - 5,04 (06)

Calyptranthes tricona Sec. tardia - - 6,25 (05)

Casearia silvestris Sec inicial 4,74 (07) 2,84 (12) 2,81 (11)

Cupania vernalis Sec. tardia 7,10 (03) 18,52 (01) 3,91 (08)

Lonchocarpus campestris Pioneira 7,01 (04) 1,96 (15) -

Luehea divaricata Sec. inicial 15,67 (01) 3,26 (10) 0,76 (29)

Maba inconstans Sec. inicial 3,38 (09) 0,22 (45) -

Machaerium stipitatum Sec. inicial 4,04 (08) 3,69 (08) -

Matayba elaeagnoides Sec. tardia 0,37 (35) 3,44 (09) -

Nectandra megapotamica Sec. tardia 2,99 (11) 8,88 (02) 13,80 (01)

Ocotea puberula Sec. inicial 0,79 (24) 6,73 (04) 1,45 (16)

Parapiptadenia rigida Sec. inicial 3,25 (10) 3,94 (07) 0,31 (38)

Schefflera morototoni Sec. tardia - - 2,94 (09)

Sorocea bonplandii Sub-bosque - 0,63 (28) 8,01 (04)

Trichilia claussenii Sub-bosque - 1,98 (14) 4,60 (07)

Trichilia elegans Sub-bosque 0,81 (23) 4,44 (06) 2,86 (10)

Morta - 6,50 (05) 9,00 (02) 9,18 (03)

Analisando-se a Tabela 14, nota-se que as categorias sucessionais propostas para

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as espécies na seção 4.3, condizem com o observado à campo. Ressalvas devem ser

feitas a esta classificação meramente técnica, pois os genótipos apresentam

amplitudes ecológicas distintas e variadas, e não seriam quatro categorias

sucessionais capazes de explicar as exigências de nichos e hábitats para a máxima

expressão dos indivíduos.

As 10 primeiras posições de IVI de cada subsere totalizaram 66,91% da

percentagem de importância do Capoeirão, 66,7% da Floresta Secundária e 67,7% da

Floresta Madura. Ou seja, aproximadamente 2/3 da importância fitossociológica de

cada subsere está contida nas suas respectivas 10 primeiras posições de IVI, o que

valida as observações a serem feitas a seguir:

• Espécies pioneiras apresentam grande importância fitossociológica no

Capoeirão, sendo insignificantes na Floresta Madura. O contrário é válido para

as espécies de sub-bosque.

• As espécies secundárias tardias, juntamente com as de sub-bosque, detêm as

maiores posições de IVI da Floresta Madura; possuindo, também, o primeiro,

segundo e nono lugar na Floresta Secundária.

• As espécies secundárias iniciais expressam, juntamente com as pioneiras,

grande importância ao Capoeirão; e, com as secundárias tardias, à Floresta

Secundária.

A espécie Luehea divaricata, em destaque na posição de IVI do Capoeirão,

ocorre em 10º lugar na ordem de importância da Floresta Secundária, passando para

a 29º lugar na Floresta Madura. Sem dúvida, está muito mais apta a competir nas

condições ambientais do Capoeirão do que nas demais subseres analisadas.

Este nível de informação é muito útil para a técnico florestal que anseia trabalhar

com manejo sustentado de florestas nativas, plantio comercial de essências nativas ou

recuperação de áreas degradadas. Por exemplo: Luehea divaricata apresenta ampla

utilização comercial. Era muito procurada para confecção de estrutura de móveis,

artefatos de madeira, peças torneadas e curvadas, gerando produtos de alta qualidade.

O silvicultor que desejar produzi-la na região de Santa Tereza, devido ao seu alto

valor comercial, terá sucesso no seu empreendimento se plantá-la na forma de

enriquecimento de capoeirão. O plantio a céu aberto provavelmente favorecerá a

ramificação lateral intensa, depreciando a qualidade da madeira. Por ser uma espécie

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heliófita, também poderá ser testada em projetos de recuperação de áreas degradadas.

A espécie Cupania vernalis, que obteve o primeiro lugar de IVI na Floresta

Secundária, toma a terceira posição de importância no Capoeirão e a oitava na

Floresta Madura. Classificada como secundária tardia, dá a impressão de ser uma

secundária inicial, pela posição que apresenta no Capoeirão. Na verdade, esta espécie

pode ser classificada como “generalista”, porém, adaptando-se melhor às condições

de meia-sombra encontradas na Floresta Secundária. Embora não se tenha feito um

estudo da regeneração natural das espécies, observou-se na Floresta Secundária um

número muito superior de mudas de Cupania vernalis do que nas demais subseres.

A espécie Nectandra megapotamica, de maior IVI na Floresta Madura, obteve o

segundo lugar na Floresta Secundária e o 11º no Capoeirão. Portanto, trata-se de

uma espécie com estratégia de regeneração preferencial de secundária tardia, pois

compete muito bem em florestas secundárias, tomando grandes proporções à medida

que a floresta se aproxima do clímax.

A categoria das árvores mortas obteve para o Capoeirão, Floresta Secundária e

Floresta Madura, o 5º, 2º e 3º lugar de importância, respectivamente. MARTINS

(1991) já havia atestado o fato de ser normal as árvores mortas deterem elevados

valores fitossociológicos em ambientes florestais.

4.5.3 Diversidade

O índice de Shannon, calculado para as fases serais, foi de 2,91 para o Capoeirão,

2,75 para a Floresta Secundária e 2,72 para a Floresta Madura. Estes valores podem

ser considerados baixos se comparados com os obtidos em Floresta Estacional

Decidual no Rio Grande do Sul. VACCARO & LONGHI (1995) encontraram um

índice de Shannon igual a 3,71 na região do Alto Uruguai, e DIAS et al. (1996) um

valor de 3,60 na região de Santa Maria. Isto não quer dizer que a vegetação analisada

apresenta menor diversidade florística que a das outras regiões de ocorrência desta

formação florestal, já que este índice é fortemente influenciado pela amostragem.

Porém, pode-se comparar entre si os valores obtidos nas subseres analisadas, já

que o tamanho da amostragem e o diâmetro mínimo considerado foram os mesmos.

Assim, observa-se uma diversidade semelhante entre as três fases sucessionais, com

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um pequeno incremento para o Capoeirão.

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5 CONCLUSÕES

Do levantamento da composição florística da vegetação arbórea encontrada nas

vertentes dos morros próximos à sede do município de Santa Tereza, pode-se

concluir que:

• É uma floresta composta por uma porção significativa de espécies com ampla

distribuição geográfica pelo Rio Grande do Sul. A maioria de seus constituintes

são oriundos da Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai, podendo ser

considerada como um prolongamento desta. Ocorrem penetrações de algumas

espécies características das Florestas Ombrófila Densa e Ombrófila Mista. A

família Leguminosae apresenta a maior riqueza florística, assim como as demais

regiões do Estado cobertas por Floresta Estacional Decidual.

Da análise da composição florística e organização comunitária do estrato arbóreo

das subseres Capoeirão, Floresta Secundária e Floresta Madura, conclui-se:

• A similaridade entre as floras das três fases sucessionais pode ser considerada

como baixa. A maior similaridade ocorre entre o Capoeirão e a Floresta

Secundária, e a menor entre o Capoeirão e a Floresta Madura.

• Existe uma hierarquia de substituição e importância de famílias botânicas no

transcurso da sucessão, de modo que no Capoeirão domina em absoluto a família

Leguminosae, que passa a ser destaque somente em relação à riqueza florística na

Floresta Secundária, caracterizada então pela família Sapindaceae. Na Floresta

Madura parece não existir uma dominância por família, porém, observa-se que as

Lauraceae vão tomando grande importância fitossociológica à medida que a

floresta se aproxima do estado de clímax.

• Confirma-se uma substituição gradativa das categorias sucessionais à medida que

prossegue a sucessão, no sentido de predominarem espécies e indivíduos

intolerantes à sombra nas etapas iniciais, e, à medida que o processo evolui,

espécies tolerantes à sombra passam a ter um papel importante na comunidade.

• O Capoeirão é caracterizado por espécies secundárias iniciais e pioneiras,

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pois representam a maior riqueza florística, o maior número de indivíduos e

as maiores posições de IVI.

• Na Floresta Secundária, o maior número de espécies pertence à categoria

secundária inicial, porém, o maior número de indivíduos e as espécies

detentoras das primeiras posições de IVI pertencem à categoria secundária

tardia.

• Na Floresta Madura, as espécies secundárias tardias e de sub-bosque detêm

o maior número de indivíduos e as maiores posições de IVI.

• As medições efetuadas nas três fases sucessionais demonstram que, com a

evolução do processo, ocorre:

• diminuição da densidade total;

• aumento da dominância total;

• aumento da altura e do diâmetro das árvores;

• aumento da taxa de árvores saudáveis;

• diminuição da tortuosidade do fuste.

• aumento da estratificação arbórea, de dois estratos não muito definidos do

Capoeirão, para dois estratos contínuos e um terceiro em formação da

Floresta Secundária e, finalmente, para três estratos arbóreos contínuos e

bem definidos da Floresta Madura;

• São espécies mais características e importantes da subsere Capoeirão: Luehea

divaricata, Bauhinia forficata, Cupania vernalis, Lonchocarpus campestris,

Allophylus edulis, Casearia silvestris, Machaerium stipitatum, Maba inconstans e

Parapiptadenia rigida.

• São espécies mais características e importantes da subsere Floresta Secundária:

Cupania vernalis, Nectandra megapotamica, Ocotea puberula, Allophylus edulis,

Trichilia elegans, Parapiptadenia rigida, Machaerium stipitatum, Matayba

elaeagnoides e Luehea divaricata.

• São espécies características e importantes da subsere Floresta Madura: Nectandra

megapotamica, Actinostemon concolor, Sorocea bonplandii, Calyptranthes

tricona, Cabralea canjerana, Trichilia claussenii, Cupania vernalis, Schefflera

morototoni e Trichilia elegans.

As diferenças detectadas na confrontação das características das três fases

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sucessionais definidas para a Floresta Estacional Decidual de Santa Tereza,

demonstram que os procedimentos metodológicos adotados neste estudo foram

eficientes, em função do que podem ser recomendados para outros estudos em

situações análogas.

Dentre os procedimentos, são ressaltados:

• a classificação das espécies em categorias sucessionais;

• a escolha de um diâmetro mínimo que possa incluir a maioria, senão todos

os indivíduos do estrato arbóreo.

Recomenda-se avaliar a suficiência amostral baseado não apenas na curva

espécie por área.

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ANEXOS

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ANEXO I - Seção 3.1.4

Descrição morfológica e análise físico-química dos perfis de solo.

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99

Perfil n°°°° - 01 (Capoeirão)

Data - 23/07/96

Classificação - Solo Litólico, eutrófico, A moderado, média, relevo suave ondulado,

fase floresta subtropical subcaducifolia

Localização - Santa Tereza, RS - Coordenadas W 51° 42’ 05” e S 29° 09’ 28”

Situação de declive do perfil - platô em meia encosta

Altitude - 215 m

Litologia - Rochas efusivas básicas

Formação geológica - Serra Geral

Período - Cretáceo

Material de origem - basalto

Pedregosidade - Presença de matacões na superfície da área

Rochosidade - Pouca, em áreas isoladas

Relevo local - suave ondulado

Regional - forte ondulado a montanhoso

Erosão - ausente

Drenagem - bem a moderadamente drenado

Vegetação primária - floresta estacional decidual

Uso atual - Capoeirão de 27 anos

Clima - Cfa da Classificação de Koppen

Descrito e coletado por - Délcio Hochmuller e Sandro Vaccaro

Descrição morfológica:

A 0 - 7 cm; Vermelho escuro (10R3/6 úmido), Vermelho escuro (2,5YR3/6

seco); franco argiloso; moderada, granular.

C 7 - 58+ cm; Vermelho escuro (2,5YR3/6 úmido), Bruno-avermelhado

(5YR4/4 seco) franco argiloso.

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100

Perfil n° - 01 Capoeirão

Horizonte Composição granulométrica da terra fina (dispersão com NaOH) - %

Símbolo Profundidad

e cm

Areia grossa

(2-0,2mm)

Areia fina

(0,2-0,05mm)

Silte

(0,05-0,002mm)

Argila

(<0,002mm)

Relação silte/argila

A 0-7 9,41 11,30 45,37 33,92 1,34

C 7-58+ 9,70 14,93 39,29 36,08 1,09

Horizonte pH Complexo sortivo - cmol.Kg-1 Valor V P assimilável K assimilável C assimilável

Símbolo Água 1:1 Ca+2 Mg+2 K+ H+Al S CTC pH7 % mg.L-1 mg.L-1 mg.L-1

A 6,4 14,1 5,4 0,5 2,3 20,0 22,3 89,7 2,5 200,0 4,06

C 5,6 7,6 5,9 0,1 3,9 13,6 17,5 77,7 2,5 42,0 0,23

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101

Perfil n°°°° - 02 (Floresta Secundária)

Data - 23/07/96

Classificação - Cambissolo Ta, eutrófico, A chernozênico, média, relevo forte

ondulado, fase floresta subtropical subcaducifolia

Localização - Santa Tereza, RS - Coordenadas W 51° 41’ 49” e S 29° 09’ 29”

Situação de declive do perfil -

Altitude - 170 m

Litologia - Rochas efusivas básicas

Formação geológica - Serra Geral

Período - Cretáceo

Material de origem - basalto

Pedregosidade - Presença de matacões na superfície da área

Rochosidade - média intensidade

Relevo local - forte ondulado

Regional - forte ondulado a montanhoso

Erosão - ausente

Drenagem - bem a moderadamente drenado

Vegetação primária - floresta estacional decidual

Uso atual - Floresta Secundária de aproximadamente 50 anos

Clima - Cfa da Classificação de Koppen

Descrito e coletado por - Délcio Hochmuller e Sandro Vaccaro

Descrição morfológica:

A 0 - 15 cm; franco argiloso; moderada a fraca, blocos subangulares; friável;

transição plana e gradual.

BA 15 - 33 cm; franco argilo siltoso; fraca, blocos subangulares com aspecto de

maciça; friável; transição plana e difusa.

Bi 33 - 75 cm; franco argiloso; moderada a fraca, blocos subangulares; friável.

C 75 - 90+ cm;

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102

Perfil n° - 02 Floresta Secundária

Horizonte Composição granulométrica da terra fina (dispersão com NaOH) - %

Símbolo Profundidad

e cm

Areia grossa

(2-0,2mm)

Areia fina

(0,2-0,05mm)

Silte

(0,05-0,002mm)

Argila

(<0,002mm)

Relação silte/argila

A 0-15 8,21 16,22 46,14 29,43 1,57

BA 15-33 5,92 12,20 48,17 33,71 1,43

Bi 33-75 7,83 13,88 43,41 34,88 1,24

Horizonte pH Complexo sortivo - cmol.Kg-1 Valor V P assimilável K assimilável C assimilável

Símbolo Água 1:1 Ca+2 Mg+2 K+ H+Al S CTC pH7 % mg.L-1 mg.L-1 mg.L-1

A 6,0 13,2 4,7 0,5 3,3 18,4 21,7 84,8 4,0 200,0 3,77

BA 5,7 8,9 3,8 0,4 3,0 13,1 16,1 81,4 1,5 160,0 0,23

Bi 5,7 12,3 8,6 0,4 2,5 21,3 23,8 89,5 1,0 154,0 0,23

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103

Perfil n°°°° - 03 (Floresta Madura)

Data - 23/07/96

Classificação - Brunizém Avermelhado Câmbico, A moderado, argila, relevo

ondulado, fase floresta subtropical subcaducifolia

Localização - Santa Tereza, RS - Coordenadas W 51° 43’ 40” e S 29° 11’ 00”

Situação de declive do perfil - platô em meia encosta

Altitude - 280 m

Litologia - Rochas efusivas básicas

Formação geológica - Serra Geral

Período - Cretáceo

Material de origem - basalto

Pedregosidade - Presença de linha de pedras de 10 cm de espessura a 20 cm de

profundidade, aproximadamente.

Rochosidade - Pouca, em áreas isoladas

Relevo local - ondulado

Regional - forte ondulado a montanhoso

Erosão - ausente

Drenagem - bem a moderadamente drenado

Vegetação primária - floresta estacional decidual

Uso atual - floresta primária

Clima - Cfa da Classificação de Koppen

Descrito e coletado por - Délcio Hochmuller e Sandro Vaccaro

Descrição morfológica:

A 0 - 20 cm; franco argiloso; moderada a forte, blocos subangulares a angulares

e granular; friável a firme; transição plana, clara a gradual.

AB 20 - 33 cm; franco argiloso; moderada a forte, blocos subangulares e

angulares e granular; friável a firme; transição plana e clara.

Bi 33 - 100+ cm; argiloso; fraca a moderada, blocos subangulares; friável a

firme.

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Perfil n° - 03 Floresta Madura

Horizonte Composição granulométrica da terra fina (dispersão com NaOH) - %

Símbolo Profundidad

e cm

Areia grossa

(2-0,2mm)

Areia fina

(0,2-0,05mm)

Silte

(0,05-0,002mm)

Argila

(<0,002mm)

Relação silte/argila

A 0-20 17,55 8,29 42,70 31,46 1,36

AB 20-33 15,25 7,92 41,65 35,18 1,18

Bi 33-100+ 6,40 5,45 36,35 51,80 0,70

Horizonte pH Complexo sortivo - cmol.Kg-1 Valor V P assimilável K assimilável C assimilável

Símbolo Água 1:1 Ca+2 Mg+2 K+ H+Al S CTC pH7 % mg.L-1 mg.L-1 mg.L-1

A 6,2 12,4 3,5 0,5 2,1 16,4 18,5 88,6 5,5 200,0 3,65

AB 6,2 8,7 2,1 0,5 2,5 11,2 13,7 81,8 1,5 176,0 0,93

Bi 6,2 11,2 3,9 0,5 2,1 15,6 17,7 88,1 1,0 200,0 0,23