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ISSN 2176-1396
CARACTERIZAÇÃO DE ESPAÇOS NÃO FORMAIS NA CIDADE DE
PARINTINS/AM COM POTENCIAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS
NATURAIS E BIOLOGIA
Naimy Farias de Castro1 - UEA
Eixo – Ensino e Práticas nas Licenciaturas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente trabalho tem objetivo caracterizar diferentes espaços não formais na cidade de
Parintins/AM, que podem ser utilizados pela educação formal, como alternativa de
aprendizagem para o ensino de Ciências Naturais e Biologia. Foi realizada visita em diferentes
locais, dos quais em foram caracterizados seis espaços não formais, divididos em duas
categorias: os institucionalizados como o Matadouro Frigorífico Municipal Ozório Melo, o
Liceu de Artes e Oficio Claudio Santoro e o Centro de Estudos Superiores de Parintins-CESP;
e os não institucionalizados como a Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da Liberdade, o
Balneário Cantagalo e a Feira do Produtor de Parintins. Todos os espaços apresentaram
potencialidades para contribuir com o ensino de Ciências Naturais e Biologia, uma vez que é
possível explorar diversos temas do conteúdo programático das disciplinas. Esses espaços
podem ser considerados como recursos didáticos alternativos, fora da sala de aula, que permite
ao estudante, relacionar o conteúdo teórico aprendido em sala de aula, com a prática vivenciada
com situações do seu cotidiano. A caracterização desses espaços se configura como proposta
de interação da educação formal e a educação não formal. Acredita-se que vivenciar, observar
e analisar o espaço não formal modifica a visão de cuidar e preservar, desperta a curiosidade e
o interesse para o ensino. A contribuição que esses espaços oferecem aos estudantes ajuda a
melhorar a ideias do senso comum sobre os ambientes, fazendo-os perceber a importância
científica que os espaços de aprendizagem possuíam e que as aulas podem ser diferenciadas a
partir da vivência de novas experiências.
Palavras-chave: Espaços não formais. Aprendizagem. Ensino das Ciências.
1 Mestre em Biotecnologia: Biotecnologia de produtos naturais - UEA. Professora Titular da Universidade do
Estado do Amazonas – Centro de Estudos Superiores de Parintins. E-mail: [email protected].
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Introdução
Os espaços não formais são espaços diferentes da escola que tem sido utilizado
atualmente por educadores e pesquisadores como áreas que apresentam potencial para o
conhecimento de estudantes de diferentes níveis escolares, onde é possível desenvolver diversas
atividades educativas. Gohn, (2006) afirma que a educação não formal capacita os indivíduos
a se tornarem cidadãos do mundo e que sua finalidade ampliar o conhecimento sobre o mundo
e suas relações sociais, gerando um processo educativo. Bastos, (2004) corrobora afirmando
que a compreensão das Ciências e da tecnologia como se apresenta atualmente exige que os
indivíduos detenham conhecimentos interdisciplinares que não poderão ser construídos apenas
sob a influência do ensino formal praticado nas escolas.
A sugestão de caracterizar os espaços não formais institucionalizados e não
institucionalizados na cidade de Parintins, consiste em aliar esses recursos aos conteúdos
trabalhados em sala de aula, construindo significativamente uma educação científica. Queiroz,
(2002) afirma que isso só é possível devido às características do espaço não formal, que desperta
emoções e serve como um motivador da aprendizagem. Além disso, Libâneo, (2002) reforça
que a educação não formal realizada fora dos marcos institucional, também necessita de certo
grau de sistematização e estruturação.
Neste artigo será feito uma descrição dos espaços não formais institucionalizados como
o Matadouro municipal, Liceu de Artes e Oficio Claudio Santoro, Centro de Estudos Superiores
de Parintins-UEA e os não institucionalizados como a Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da
Liberdade, o Balneário Cantagalo e a Feira do Produtor de Parintins, abordando a contribuição
desses ambientes como espaços não formais para o processo ensino aprendizagem.
Dessa forma, este trabalho tem o objetivo de caracterizar os espaços não formais,
institucionalizados e não institucionalizados na cidade de Parintins/AM, como recursos
didáticos alternativos para o professor, expondo as potencialidades que espaços apresentam
como ferramenta de ensino e aprendizagem. Além disso, visa contribuir com a educação
escolarizada no processo de construção do conhecimento na área de Ciências Naturais e
Biologia.
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Referencial Teórico
O processo de educação pode ocorrer em diferentes via: pela educação escolar formal,
educação informal e educação não formal (GOHN, 2001; COLLEY et. al. 2002). A ideia de
que não existe um único caminho para o ensino aprendizagem é fundamental para que o
professor construa sua prática. Nesta perspectiva é importante mostrar que o Ensino de Ciências
Naturais e o Ensino de Biologia podem acontecer em diferentes contextos educacionais.
Sanmartí, (2002) e Viveiro e Diniz, (2009) afirmam que a diversificação das modalidades
didáticas na prática pedagógica pode atender a distintas necessidades e interesses dos alunos e
contribuir para motivá-los e envolvê-los no processo de ensino aprendizagem e isso é
fundamental para que ocorra uma aprendizagem significativa.
É importante compreender que a educação transcorre por diferentes esferas da
sociedade, nos mais variados espaços e que, cada espaço poderá ter, ou não, intencionalidades
distintas sobre as diferentes modalidades da educação. Na busca do conhecimento, surge novas
alternativas com o propósito de auxilio a educação formal, os espaços não formais, utilizados
como alternativas pelos docentes como complemento das aulas e com a intenção de uma
aprendizagem mais significativa.
Duas categorias de espaços não formais podem ser sugeridas: espaços
institucionalizados e os espaços não Institucionalizados. Os Institucionalizados podem ser
incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem equipe técnica responsável pelas
atividades executadas, como os Museus, Centros de Ciências, Parques Ecológicos, Parques
Zoobotânicos, Jardins Botânicos, Planetários, Institutos de Pesquisa, Aquários, Zoológicos,
dentre outros. Os espaços não institucionalizados são aqueles que não dispõem de estruturação
institucional, mas onde é possível adotar práticas educativas, tais como os parques, praça, praia,
caverna, rio, lagoa, cachoeiras campo de futebol, dentre outros (JACOBUCCI, 2008).
Lorenzetti e Delizoicov, (2001) afirmam que esses espaços constituem fontes que
podem promover uma ampliação do conhecimento dos educandos e que as atividades
pedagógicas desenvolvidas que se apoiam nestes espaços poderão propiciar uma aprendizagem
significativa contribuindo para um ganho cognitivo. Neste contexto, Gohn, (2006) lista uma
série de processos que a educação não formal poderá desenvolver, como resultados, entre os
quais afirma que: cria consciência e organização de como agir em grupos coletivos; aprende a
construção e reconstrução de concepção de mundo e sobre o mundo; forma o indivíduo para a
vida e suas adversidades (e não apenas o capacita para entrar no mercado de trabalho); resgata
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o sentimento de valorização de si próprio, ou seja, dá condições aos indivíduos para
desenvolverem sentimentos de autovalorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são
dirigidos, o desejo de lutarem para ser reconhecidos como iguais, dentro de suas diferenças;
adquirem conhecimento de sua própria prática, aprendem a ler e interpretar o mundo que os
cerca.
Rodrigues e Martins, (2005) ampliam a relevância dos espaços não formais na educação
científica, pois além do ganho cognitivo, destacam outros aspectos da aprendizagem como o
afetivo, o emotivo e o sensorial. Torna-se ainda mais significativo quando representa um
recurso pedagógico para o Ensino de Ciências. Em algumas situações, oferecem a oportunidade
de suprir a falta de laboratórios. É importante, no entanto, uma análise mais profunda desses
espaços e dos conteúdos neles presentes para um melhor aproveitamento escolar (VIEIRA et
al., 2005). Segundo Seniciato e Cavassan, (2004) as aulas de Ciências e Biologia quando
desenvolvidas em ambientes naturais têm sido apontadas como um instrumento de superação
da fragmentação do conhecimento por envolverem e motivarem os alunos nas atividades
educativas.
Metodologia
A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa foi baseada em levantamento
bibliográfica e pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica envolveu artigos, teses e livros que
abordam temas com espaços não formais voltados para o Ensino de Ciências e Biologia.
A pesquisa de campo ocorreu através de visita nos espaços não formais descritos neste
artigo. Os espaços não formais caracterizados foram o Matadouro Frigorífico Municipal Ozório
Melo, o Liceu de Artes e Oficio Claudio Santoro, o Centro de Estudos Superiores de Parintins-
CESP, Praça Senador Fabio Lucena ou da Liberdade, Balneário Cantagalo e Feira do Produtor
de Parintins. Nestes locais foram realizadas visitas, consulta aos dados institucionais, registro
de imagens e coleta de opiniões sem utilização de roteiro estruturado.
Foram levantadas as potencialidades para exploração de conteúdos do ensino de
Ciências Naturais e Biologia por meio de observação de campo, ressaltando suas diferenças e
importância como recursos didáticos.
Resultados e Discussão
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Matadouro municipal Ozório Melo
O Matadouro Frigorífico Municipal Ozório Melo realiza o abate de bovinos e bubalinos,
de acordo com os procedimentos técnicos conforme a normas para o abate de animais, alem de
seguir rigoroso controle de inspeção. A administração do Matadouro estabelece parceria com
diferentes entidades educacionais no município, como universidades e escolas, abrindo suas
portas para visitações às instalações e explicação do funcionamento.
Uma das ações que o Matadouro realiza é a doações de órgão dos animais para entidades
educacionais, para fins de estudos e pesquisa. Estes órgãos oferecem suporte para realização de
aulas prática sobre anatomia animal, visto que não possível o uso de animais vivos para aulas
praticas. Neste sentido, o uso de animais a fica restrito a instituições de ensino superior e de
educação profissional técnica, conforme a Lei 11.794 em seu artigo 1º, que estabelece critérios
uso dos animais em atividades educacionais (BRASIL, 2008).
Figura 01. Estruturas do Matadouro Frigorífico Municipal Ozório Melo em
Parintins-AM. Área externa (a); Currais (b); Animais no curral (c); Área do Banho
de Aspersão (d); Salgadeira (e); Área de Tratamentos de resíduos (f); Tanque de
Fervura (g); Linha vermelha (h) e Linha verde (i).
Fotos: Jocinete Batalha.
O Matadouro municipal (Figura 01) também apresenta um espaço com elevado
potencial educativo, visto que podem ser explorados temas como: educação ambiental,
aproveitamento e tratamento de resíduos sólidos, contaminação, anatomia e fisiologia dos
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animais vertebrados, entre outros. Todos esses espaços poderão servir para uma boa prática
associada à teoria de sala de aula. Segundo Costa, (2007), espaços como este, podem servir de
ferramenta lúdica, sensorial e experimental. Ainda Costa, (2006) afirma que essas metodologias
têm mostrado resultados positivos, pois desperta o interesse dos alunos, que muitas vezes estão
desanimados com os métodos tradicionais.
Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro
O Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro é um programa criado e gerido pelo
Governo do Amazonas, através da Secretaria de Estado da Cultura. Atende mais de 2,3 mil
alunos com diferentes cursos gratuitos. Na unidade de Parintins do Liceu de Artes e Ofícios
Claudio Santoro (Figura 02), que fica agregada ao Centro Cultural Amazonino Mendes, o
Bumbódromo, anfiteatro onde acontece o festival folclórico, com a disputa dos bois Bumbás
Garantido e Caprichoso. O Liceu de Artes é a maior escola de formação artística gratuita da
região Norte do País (CULTURA AMAZÔNICA, 2015).
Figura 02: Estruturas do Liceu de Artes e Oficios Caludio Santoro. Area externa
(a); Área de atividades Infantis (b); Acervo de Livros e o Teatro de Fantoche (c);
Biblioteca Fred Góes (d); Computador com Teclado em Braile (e); Caneta Pentop:
Português (f), Máquina de Datilografia em Braile (g); Acervo de DVD (h); Galeria
de Artes Jair Mendes e Vandir Santos (i).
Fotos: Jocinete Batalha.
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O Liceu de Artes oferecem diversos cursos nas modalidades de: esportes, música, teatro
e dança. Suas estruturas são abertas à visitação pública, atendo escolas, universidades e outras
instituições. Faz parceria com o corpo de Bombeiro e o CETAM (Centro Tecnológico do
Amazonas), os quais realizam atividades e cursos variados. Observa-se que os trabalhos
realizados no Liceu de Artes, através da disponibilidade de suas estruturas físicas, do quadro
profissional e das atividades realizadas promovem a inclusão social do público que frequenta.
Neste sentido, Mendonça et al., (2015) afirma que o acompanhamento realizado pelos setores
de Psicologia e Serviço Social com os alunos, familiares e a escola que frequentam, vem
comprovando um resultado positivo, visto que as informações obtidas são de que eles têm
demonstrado uma maior socialização e melhoria na escola.
No contexto do ensino de Ciências Naturais e Biologia, o Liceu de Artes conta com
auxilio da biblioteca Fred Góes, que contém um acervo recursos didáticos e tecnológicos, o
Cineclube Odinéa Andrade com capacidade para 40 pessoas, Galerias de Artes Jair Mendes e
Vandir Santos, Salas Multimídiae outros espaços. Todas essas estruturas apresentam
potencialidades para agregar informações, como forma de contribuição ao ensino de Ciências
Naturais e outras áreas do conhecimento. No trabalho exposto por (PIVELLI, 2006), sobre o
aprendizado de Ciências em diferentes locais como jardins botânicos, museus, aquários e outros
mostrou que é possível o aprendizado em um contexto singular, devido à troca de conhecimento
sociocultural entre as pessoas e o meio, servindo de motivação para o aprendizado. Dessa
forma, a exploração destes ambientes como um espaço não formal contribuirá
significativamente para motivação e aprendizagem de estudantes em diversas fases de ensino.
Centro de Estudos Superiores de Parintins – CESP
O Centro de Estudos Superiores de Parintins – CESP é um dos Campi de funcionamento
da Universidade do Estado do Amazonas. No CESP são oferecidos diferentes cursos na
graduação e pós-graduação. A estrutura do CESP oferece diversas possibilidades de atividades
dentro do tripé: ensino, extensão e pesquisa, tanto para a comunidade universitária, como a
comunidade em geral.
O Curso de Ciências Biológicas em todos os lugares, normalmente enfrenta grandes
desafios para realizar atividades práticas. Paulo Freire, (1983) afirmava que um dos grandes
desafios, que os professores enfrentam no ensino de Biologia é buscar metodologias que
diferem da educação bancária. Porém, estas barreiras são gradativamente superadas, pelo
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avanço tecnológico e o acesso aos meios de comunicação, o que favorece a busca de
informações em fontes varias para elaboração e execução de praticas fundamenta.
O curso de Ciências Biológicas do CESP mostra os ambientes estruturais e as atividades
que pode ser oferecidas aos estudantes de Ensino Fundamental e Médio, como alternativas para
realização de aulas, observações e visitas. Na Figura 03, mostra o entorno do Campus, que
possui uma área verde com diferentes espécies de plantas o que possibilita o estudo de espécies
do Reino Plantae; O laboratório de biologia armazena uma variedade de equipamentos e
modelos anatômicos, caixas entomológicas, microscópio, além de vários experimentos. A
Biblioteca possui um extenso acervo de livros na área biológica, que pode servir para consulta,
pesquisas e referencias de trabalhos; O programa PIBID, através dos acadêmicos, realiza
atividades inovadoras nas escolas, compartilhando experiências e conhecimento vivenciado na
universidade; A exposição de materiais produzidos pelos acadêmicos, como a Carpoteca,
Xiloteca e Caixas entomológicas, também podem ser visitadas por estudantes de diferentes
escolas.
Figura 03: Estruturas e atividades realizadas no CESP/UEA. Área verde do campus (a),
Demostração experimentais (b), Biblioteca multidisciplinar (c), Auditorio (d ), Aula Pratica
no Laboratorio de Biologia (e), Atividades praticas do academicos do PIBID (f), Exposicão
da Carpoteca (g), Pesquisa de Campo com madeira (h), Exposição de Caixa Etimologica e
vertebrados (i).
Fotos: Jocinete Batalha.
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Diante do exposto é possível afirmar que o CESP apresenta um espaço de grande
potencial para diversificar o ensino de Ciências Naturais e Biologia. Além disso, como
instituição de ensino superior, suas estruturas oferecem possibilidades de realização de eventos
científicos como congressos, simpósios, workshop que possibilitam aos estudantes maior
motivação e estímulo para aprendizagem, visto que trata-se de indivíduos em potencial para o
ingresso na faculdade.
Balneário Cantagalo
O Balneário Cantagalo está localizado na comunidade suburbana do Aninga, da cidade
de Parintins. O local possui área de lazer para banho, esporte e show cultural, com diversificada
programação nos finais de semana. O balneário apresenta um ambiente natural ricos em
componentes do meio biótico e abiótico (Figura 04).
Figura 04: Balneário Cantagalo. Estrutura externa (a, f); Área arborizada (b, g);
Exemplares da diversidade de fungos (c, d); área de várzea no período da seca do rio (e,
h, i).
Fotos: Jocinete Batalha.
Esse recurso natural pode ser utilizado para subsidiar as atividades de campo, excursão,
observação, coleta e registro, quando se tratar dos seres vivos, o meio ambiente e ecologia. As
aulas de Ciências Naturais e Biologia podem encontrar um reforço didático bem significativo
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para enriquecer os diferentes conteúdos das disciplinas. De Frutos et al., (1996), afirmam que
as atividades que permite o contato direto com o ambiente, possibilita ao estudante maior
envolvimento e interação em situações reais. Assim disso, estimula a curiosidade e aguça os
sentidos, possibilitando confrontar teoria e prática, fazendo permite ao estudante, que se sinta
um elemento ativo e não um mero receptor de conhecimento.
Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da Liberdade
A Praça Senador Fabio Lucena é conhecida popularmente como “Praça da Liberdade”.
É um dos pontos turísticos da cidade Parintins. Esta praça se caracteriza por apresentar
esculturas representativas de lugares, atividades e eventos importantes da cidade como a
Catedral de Nossa Senhora do Carmo (padroeira da cidade), atividades dos ribeirinhos e tribos
indígenas, a cultura dos bois bumbas Garantido e Caprichoso, entre outros. É uma pração bem
arborizada e com a jardinagem sempre bem cuidada, que possibilita a população, frequência
constante (Figura 05).
Figura 05: Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da Liberdade. Esculturas em alto
relevo de aspectos históricos da cidade (a); Leito de rochas (b, g) Árvores e Jardim
(c, d, e, f ); Rocha (h); vista geral da praça (i).
Fotos: Jocinete Batalha.
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A praça, enquanto função social e estrutural pode ser aproveitada para refletir e realizar
atividades pedagógicas no Ensino de Ciência que visem destacar a necessidade da interação ser
humano e natureza, mediante olhar sistêmico e de uma ética do cuidado (BEZERRA et al.,
2013). A praça se torna um ambiente alternativo que atuará como facilitador para o processo
ensino aprendizagem, contribuindo para que professor e aluno possam se tornar os atores ativos
no processo de assimilação do conhecimento (ALMEIDA; TÉRAN, 2012).
Portanto a Praça Senador Fabio Lucena tem caráter educativo, pela presença de recursos
naturais como plantas, animais e tipos de rochas, que pode auxiliar na compreensão dos
conteúdos de Ciências Naturais e Biologia. Além disso, os aspectos histórico e cultural da
população também podem ser explorados por outras áreas de conhecimento. As praças públicas
podem servir de material para o desenvolvimento de programas de educação ambiental e
ciências com o envolvimento dos professores e seus alunos (ALMEIDA et al., 2004).
Feira do Produtor de Parintins
A Feira do produtor de Parintins tem a finalidade de apoiar os pequenos produtores da
região com a venda dos seus produtos agrícolas. Os produtos comercializados são originários
das comunidades rurais e da área de assentamento do município. Em sua maioria, são produtos
regionais como macaxeira, tucupi, farinha, bejú, pé de moleque, tapioca e frutos como banana,
tucumã, cupuaçú, pupunha, entre outros.
As feiras livres devem ser pensadas enquanto espaços educativos e pedagógicos não
formais de aprendizagem, que revelam a dimensão educativa das cidades e da relação do
trabalho com a formação humana (SOUZA, 2015). Assim, estes espaços devem ser
compreendidos, também, como espaços privilegiados de educação popular e de produção
cultural (DALENOGARE e ALBERTI, 2011).
Com base neste contexto, a Feira do Produtor de Parintins se caracteriza como um local
favorável para se realizar atividades de ensino de Ciências Naturais e Biologia, pela variedade
de informações que podem ser gerada a partir de uma visita, além do suporte como temas como:
os alimentos, vitaminas, frutos, subprodutos da mandioca, hortaliças, cultivo e tratamento do
solo, decomposição, entre outros.
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Figura 06: Feira do produtor de Parintins. Vista frontal da feira (a); Barraca de frutas
e polpas (b; g; h), Barraca de frutas (c; i); Barracas de farinha e goma de tapioca (d,
f); Banca de frutas e verduras (e).
Fotos: Jocinete Batalha.
Com a realização deste trabalho forneceu subsídios para que professores que atuam nas
disciplinas de Ciências Naturais e Biologia no Ensino Fundamental e Médio tenham um aparato
de informações que podem servir de suporte para a realização de atividades extracurriculares
nas escolas. Os espaços não formais apresentados neste trabalho foram caracterizados de forma
a expor sua potencialidade e, assim, o professor tenha opções ao escolher um espaço para
realizar sua atividade.
Considerações Finais
Os espaços não formais são universos de extrema importância para viabilização de
práticas educativas. Os estudos apresentados como referencial teórico desta pesquisa,
possibilita pensar na significância que os espaços não formais podem contribuir na
aprendizagem de estudantes do ensino fundamentai e médio.
A visita em locais fora do ambiente escolar pode ser considerada por muitos, como um
momento de lazer, passeio e passa tempo. No entanto, nesses espaços o professor tem a
oportunidade relacionar o que é ensinado em sala de aula, com situações reais, vivenciadas no
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cotidiano dos estudantes. Também pode ser o momento em que o processo de ensino-
aprendizagem, de fato, se torne significativo, permitindo ao aprendiz novos olhares sobre a
identidade da escola, no despertar de valores e importância da educação.
Os espaços caracterizados neste trabalho, embora sejam ambientes categorizados,
apresentaram perspectiva de ensino na área de Ciências Naturais e Biologia que podem
contribuir para a aprendizagem a todos que o visitam. Nesses ambientes é possível transpassar
a resistências da complexidade dos conteúdos, proporcionando uma visão mais simplificada
dos assuntos.
Diante do exposto, pode-se concluir que a contribuição que esses espaços oferecem aos
estudantes da cidade de Parintins, poderá melhorar a ideias do senso comum sobre esses
ambientes, fazendo-os perceber a importância científica como espaços de aprendizagem a partir
da vivência de novas experiências.
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