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ISSN 2176-1396 CARACTERIZAÇÃO DE ESPAÇOS NÃO FORMAIS NA CIDADE DE PARINTINS/AM COM POTENCIAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS E BIOLOGIA Naimy Farias de Castro 1 - UEA Eixo Ensino e Práticas nas Licenciaturas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente trabalho tem objetivo caracterizar diferentes espaços não formais na cidade de Parintins/AM, que podem ser utilizados pela educação formal, como alternativa de aprendizagem para o ensino de Ciências Naturais e Biologia. Foi realizada visita em diferentes locais, dos quais em foram caracterizados seis espaços não formais, divididos em duas categorias: os institucionalizados como o Matadouro Frigorífico Municipal Ozório Melo, o Liceu de Artes e Oficio Claudio Santoro e o Centro de Estudos Superiores de Parintins-CESP; e os não institucionalizados como a Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da Liberdade, o Balneário Cantagalo e a Feira do Produtor de Parintins. Todos os espaços apresentaram potencialidades para contribuir com o ensino de Ciências Naturais e Biologia, uma vez que é possível explorar diversos temas do conteúdo programático das disciplinas. Esses espaços podem ser considerados como recursos didáticos alternativos, fora da sala de aula, que permite ao estudante, relacionar o conteúdo teórico aprendido em sala de aula, com a prática vivenciada com situações do seu cotidiano. A caracterização desses espaços se configura como proposta de interação da educação formal e a educação não formal. Acredita-se que vivenciar, observar e analisar o espaço não formal modifica a visão de cuidar e preservar, desperta a curiosidade e o interesse para o ensino. A contribuição que esses espaços oferecem aos estudantes ajuda a melhorar a ideias do senso comum sobre os ambientes, fazendo-os perceber a importância científica que os espaços de aprendizagem possuíam e que as aulas podem ser diferenciadas a partir da vivência de novas experiências. Palavras-chave: Espaços não formais. Aprendizagem. Ensino das Ciências. 1 Mestre em Biotecnologia: Biotecnologia de produtos naturais - UEA. Professora Titular da Universidade do Estado do Amazonas Centro de Estudos Superiores de Parintins. E-mail: [email protected].

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ISSN 2176-1396

CARACTERIZAÇÃO DE ESPAÇOS NÃO FORMAIS NA CIDADE DE

PARINTINS/AM COM POTENCIAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

NATURAIS E BIOLOGIA

Naimy Farias de Castro1 - UEA

Eixo – Ensino e Práticas nas Licenciaturas

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente trabalho tem objetivo caracterizar diferentes espaços não formais na cidade de

Parintins/AM, que podem ser utilizados pela educação formal, como alternativa de

aprendizagem para o ensino de Ciências Naturais e Biologia. Foi realizada visita em diferentes

locais, dos quais em foram caracterizados seis espaços não formais, divididos em duas

categorias: os institucionalizados como o Matadouro Frigorífico Municipal Ozório Melo, o

Liceu de Artes e Oficio Claudio Santoro e o Centro de Estudos Superiores de Parintins-CESP;

e os não institucionalizados como a Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da Liberdade, o

Balneário Cantagalo e a Feira do Produtor de Parintins. Todos os espaços apresentaram

potencialidades para contribuir com o ensino de Ciências Naturais e Biologia, uma vez que é

possível explorar diversos temas do conteúdo programático das disciplinas. Esses espaços

podem ser considerados como recursos didáticos alternativos, fora da sala de aula, que permite

ao estudante, relacionar o conteúdo teórico aprendido em sala de aula, com a prática vivenciada

com situações do seu cotidiano. A caracterização desses espaços se configura como proposta

de interação da educação formal e a educação não formal. Acredita-se que vivenciar, observar

e analisar o espaço não formal modifica a visão de cuidar e preservar, desperta a curiosidade e

o interesse para o ensino. A contribuição que esses espaços oferecem aos estudantes ajuda a

melhorar a ideias do senso comum sobre os ambientes, fazendo-os perceber a importância

científica que os espaços de aprendizagem possuíam e que as aulas podem ser diferenciadas a

partir da vivência de novas experiências.

Palavras-chave: Espaços não formais. Aprendizagem. Ensino das Ciências.

1 Mestre em Biotecnologia: Biotecnologia de produtos naturais - UEA. Professora Titular da Universidade do

Estado do Amazonas – Centro de Estudos Superiores de Parintins. E-mail: [email protected].

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Introdução

Os espaços não formais são espaços diferentes da escola que tem sido utilizado

atualmente por educadores e pesquisadores como áreas que apresentam potencial para o

conhecimento de estudantes de diferentes níveis escolares, onde é possível desenvolver diversas

atividades educativas. Gohn, (2006) afirma que a educação não formal capacita os indivíduos

a se tornarem cidadãos do mundo e que sua finalidade ampliar o conhecimento sobre o mundo

e suas relações sociais, gerando um processo educativo. Bastos, (2004) corrobora afirmando

que a compreensão das Ciências e da tecnologia como se apresenta atualmente exige que os

indivíduos detenham conhecimentos interdisciplinares que não poderão ser construídos apenas

sob a influência do ensino formal praticado nas escolas.

A sugestão de caracterizar os espaços não formais institucionalizados e não

institucionalizados na cidade de Parintins, consiste em aliar esses recursos aos conteúdos

trabalhados em sala de aula, construindo significativamente uma educação científica. Queiroz,

(2002) afirma que isso só é possível devido às características do espaço não formal, que desperta

emoções e serve como um motivador da aprendizagem. Além disso, Libâneo, (2002) reforça

que a educação não formal realizada fora dos marcos institucional, também necessita de certo

grau de sistematização e estruturação.

Neste artigo será feito uma descrição dos espaços não formais institucionalizados como

o Matadouro municipal, Liceu de Artes e Oficio Claudio Santoro, Centro de Estudos Superiores

de Parintins-UEA e os não institucionalizados como a Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da

Liberdade, o Balneário Cantagalo e a Feira do Produtor de Parintins, abordando a contribuição

desses ambientes como espaços não formais para o processo ensino aprendizagem.

Dessa forma, este trabalho tem o objetivo de caracterizar os espaços não formais,

institucionalizados e não institucionalizados na cidade de Parintins/AM, como recursos

didáticos alternativos para o professor, expondo as potencialidades que espaços apresentam

como ferramenta de ensino e aprendizagem. Além disso, visa contribuir com a educação

escolarizada no processo de construção do conhecimento na área de Ciências Naturais e

Biologia.

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Referencial Teórico

O processo de educação pode ocorrer em diferentes via: pela educação escolar formal,

educação informal e educação não formal (GOHN, 2001; COLLEY et. al. 2002). A ideia de

que não existe um único caminho para o ensino aprendizagem é fundamental para que o

professor construa sua prática. Nesta perspectiva é importante mostrar que o Ensino de Ciências

Naturais e o Ensino de Biologia podem acontecer em diferentes contextos educacionais.

Sanmartí, (2002) e Viveiro e Diniz, (2009) afirmam que a diversificação das modalidades

didáticas na prática pedagógica pode atender a distintas necessidades e interesses dos alunos e

contribuir para motivá-los e envolvê-los no processo de ensino aprendizagem e isso é

fundamental para que ocorra uma aprendizagem significativa.

É importante compreender que a educação transcorre por diferentes esferas da

sociedade, nos mais variados espaços e que, cada espaço poderá ter, ou não, intencionalidades

distintas sobre as diferentes modalidades da educação. Na busca do conhecimento, surge novas

alternativas com o propósito de auxilio a educação formal, os espaços não formais, utilizados

como alternativas pelos docentes como complemento das aulas e com a intenção de uma

aprendizagem mais significativa.

Duas categorias de espaços não formais podem ser sugeridas: espaços

institucionalizados e os espaços não Institucionalizados. Os Institucionalizados podem ser

incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem equipe técnica responsável pelas

atividades executadas, como os Museus, Centros de Ciências, Parques Ecológicos, Parques

Zoobotânicos, Jardins Botânicos, Planetários, Institutos de Pesquisa, Aquários, Zoológicos,

dentre outros. Os espaços não institucionalizados são aqueles que não dispõem de estruturação

institucional, mas onde é possível adotar práticas educativas, tais como os parques, praça, praia,

caverna, rio, lagoa, cachoeiras campo de futebol, dentre outros (JACOBUCCI, 2008).

Lorenzetti e Delizoicov, (2001) afirmam que esses espaços constituem fontes que

podem promover uma ampliação do conhecimento dos educandos e que as atividades

pedagógicas desenvolvidas que se apoiam nestes espaços poderão propiciar uma aprendizagem

significativa contribuindo para um ganho cognitivo. Neste contexto, Gohn, (2006) lista uma

série de processos que a educação não formal poderá desenvolver, como resultados, entre os

quais afirma que: cria consciência e organização de como agir em grupos coletivos; aprende a

construção e reconstrução de concepção de mundo e sobre o mundo; forma o indivíduo para a

vida e suas adversidades (e não apenas o capacita para entrar no mercado de trabalho); resgata

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o sentimento de valorização de si próprio, ou seja, dá condições aos indivíduos para

desenvolverem sentimentos de autovalorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são

dirigidos, o desejo de lutarem para ser reconhecidos como iguais, dentro de suas diferenças;

adquirem conhecimento de sua própria prática, aprendem a ler e interpretar o mundo que os

cerca.

Rodrigues e Martins, (2005) ampliam a relevância dos espaços não formais na educação

científica, pois além do ganho cognitivo, destacam outros aspectos da aprendizagem como o

afetivo, o emotivo e o sensorial. Torna-se ainda mais significativo quando representa um

recurso pedagógico para o Ensino de Ciências. Em algumas situações, oferecem a oportunidade

de suprir a falta de laboratórios. É importante, no entanto, uma análise mais profunda desses

espaços e dos conteúdos neles presentes para um melhor aproveitamento escolar (VIEIRA et

al., 2005). Segundo Seniciato e Cavassan, (2004) as aulas de Ciências e Biologia quando

desenvolvidas em ambientes naturais têm sido apontadas como um instrumento de superação

da fragmentação do conhecimento por envolverem e motivarem os alunos nas atividades

educativas.

Metodologia

A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa foi baseada em levantamento

bibliográfica e pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica envolveu artigos, teses e livros que

abordam temas com espaços não formais voltados para o Ensino de Ciências e Biologia.

A pesquisa de campo ocorreu através de visita nos espaços não formais descritos neste

artigo. Os espaços não formais caracterizados foram o Matadouro Frigorífico Municipal Ozório

Melo, o Liceu de Artes e Oficio Claudio Santoro, o Centro de Estudos Superiores de Parintins-

CESP, Praça Senador Fabio Lucena ou da Liberdade, Balneário Cantagalo e Feira do Produtor

de Parintins. Nestes locais foram realizadas visitas, consulta aos dados institucionais, registro

de imagens e coleta de opiniões sem utilização de roteiro estruturado.

Foram levantadas as potencialidades para exploração de conteúdos do ensino de

Ciências Naturais e Biologia por meio de observação de campo, ressaltando suas diferenças e

importância como recursos didáticos.

Resultados e Discussão

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Matadouro municipal Ozório Melo

O Matadouro Frigorífico Municipal Ozório Melo realiza o abate de bovinos e bubalinos,

de acordo com os procedimentos técnicos conforme a normas para o abate de animais, alem de

seguir rigoroso controle de inspeção. A administração do Matadouro estabelece parceria com

diferentes entidades educacionais no município, como universidades e escolas, abrindo suas

portas para visitações às instalações e explicação do funcionamento.

Uma das ações que o Matadouro realiza é a doações de órgão dos animais para entidades

educacionais, para fins de estudos e pesquisa. Estes órgãos oferecem suporte para realização de

aulas prática sobre anatomia animal, visto que não possível o uso de animais vivos para aulas

praticas. Neste sentido, o uso de animais a fica restrito a instituições de ensino superior e de

educação profissional técnica, conforme a Lei 11.794 em seu artigo 1º, que estabelece critérios

uso dos animais em atividades educacionais (BRASIL, 2008).

Figura 01. Estruturas do Matadouro Frigorífico Municipal Ozório Melo em

Parintins-AM. Área externa (a); Currais (b); Animais no curral (c); Área do Banho

de Aspersão (d); Salgadeira (e); Área de Tratamentos de resíduos (f); Tanque de

Fervura (g); Linha vermelha (h) e Linha verde (i).

Fotos: Jocinete Batalha.

O Matadouro municipal (Figura 01) também apresenta um espaço com elevado

potencial educativo, visto que podem ser explorados temas como: educação ambiental,

aproveitamento e tratamento de resíduos sólidos, contaminação, anatomia e fisiologia dos

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animais vertebrados, entre outros. Todos esses espaços poderão servir para uma boa prática

associada à teoria de sala de aula. Segundo Costa, (2007), espaços como este, podem servir de

ferramenta lúdica, sensorial e experimental. Ainda Costa, (2006) afirma que essas metodologias

têm mostrado resultados positivos, pois desperta o interesse dos alunos, que muitas vezes estão

desanimados com os métodos tradicionais.

Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro

O Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro é um programa criado e gerido pelo

Governo do Amazonas, através da Secretaria de Estado da Cultura. Atende mais de 2,3 mil

alunos com diferentes cursos gratuitos. Na unidade de Parintins do Liceu de Artes e Ofícios

Claudio Santoro (Figura 02), que fica agregada ao Centro Cultural Amazonino Mendes, o

Bumbódromo, anfiteatro onde acontece o festival folclórico, com a disputa dos bois Bumbás

Garantido e Caprichoso. O Liceu de Artes é a maior escola de formação artística gratuita da

região Norte do País (CULTURA AMAZÔNICA, 2015).

Figura 02: Estruturas do Liceu de Artes e Oficios Caludio Santoro. Area externa

(a); Área de atividades Infantis (b); Acervo de Livros e o Teatro de Fantoche (c);

Biblioteca Fred Góes (d); Computador com Teclado em Braile (e); Caneta Pentop:

Português (f), Máquina de Datilografia em Braile (g); Acervo de DVD (h); Galeria

de Artes Jair Mendes e Vandir Santos (i).

Fotos: Jocinete Batalha.

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O Liceu de Artes oferecem diversos cursos nas modalidades de: esportes, música, teatro

e dança. Suas estruturas são abertas à visitação pública, atendo escolas, universidades e outras

instituições. Faz parceria com o corpo de Bombeiro e o CETAM (Centro Tecnológico do

Amazonas), os quais realizam atividades e cursos variados. Observa-se que os trabalhos

realizados no Liceu de Artes, através da disponibilidade de suas estruturas físicas, do quadro

profissional e das atividades realizadas promovem a inclusão social do público que frequenta.

Neste sentido, Mendonça et al., (2015) afirma que o acompanhamento realizado pelos setores

de Psicologia e Serviço Social com os alunos, familiares e a escola que frequentam, vem

comprovando um resultado positivo, visto que as informações obtidas são de que eles têm

demonstrado uma maior socialização e melhoria na escola.

No contexto do ensino de Ciências Naturais e Biologia, o Liceu de Artes conta com

auxilio da biblioteca Fred Góes, que contém um acervo recursos didáticos e tecnológicos, o

Cineclube Odinéa Andrade com capacidade para 40 pessoas, Galerias de Artes Jair Mendes e

Vandir Santos, Salas Multimídiae outros espaços. Todas essas estruturas apresentam

potencialidades para agregar informações, como forma de contribuição ao ensino de Ciências

Naturais e outras áreas do conhecimento. No trabalho exposto por (PIVELLI, 2006), sobre o

aprendizado de Ciências em diferentes locais como jardins botânicos, museus, aquários e outros

mostrou que é possível o aprendizado em um contexto singular, devido à troca de conhecimento

sociocultural entre as pessoas e o meio, servindo de motivação para o aprendizado. Dessa

forma, a exploração destes ambientes como um espaço não formal contribuirá

significativamente para motivação e aprendizagem de estudantes em diversas fases de ensino.

Centro de Estudos Superiores de Parintins – CESP

O Centro de Estudos Superiores de Parintins – CESP é um dos Campi de funcionamento

da Universidade do Estado do Amazonas. No CESP são oferecidos diferentes cursos na

graduação e pós-graduação. A estrutura do CESP oferece diversas possibilidades de atividades

dentro do tripé: ensino, extensão e pesquisa, tanto para a comunidade universitária, como a

comunidade em geral.

O Curso de Ciências Biológicas em todos os lugares, normalmente enfrenta grandes

desafios para realizar atividades práticas. Paulo Freire, (1983) afirmava que um dos grandes

desafios, que os professores enfrentam no ensino de Biologia é buscar metodologias que

diferem da educação bancária. Porém, estas barreiras são gradativamente superadas, pelo

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avanço tecnológico e o acesso aos meios de comunicação, o que favorece a busca de

informações em fontes varias para elaboração e execução de praticas fundamenta.

O curso de Ciências Biológicas do CESP mostra os ambientes estruturais e as atividades

que pode ser oferecidas aos estudantes de Ensino Fundamental e Médio, como alternativas para

realização de aulas, observações e visitas. Na Figura 03, mostra o entorno do Campus, que

possui uma área verde com diferentes espécies de plantas o que possibilita o estudo de espécies

do Reino Plantae; O laboratório de biologia armazena uma variedade de equipamentos e

modelos anatômicos, caixas entomológicas, microscópio, além de vários experimentos. A

Biblioteca possui um extenso acervo de livros na área biológica, que pode servir para consulta,

pesquisas e referencias de trabalhos; O programa PIBID, através dos acadêmicos, realiza

atividades inovadoras nas escolas, compartilhando experiências e conhecimento vivenciado na

universidade; A exposição de materiais produzidos pelos acadêmicos, como a Carpoteca,

Xiloteca e Caixas entomológicas, também podem ser visitadas por estudantes de diferentes

escolas.

Figura 03: Estruturas e atividades realizadas no CESP/UEA. Área verde do campus (a),

Demostração experimentais (b), Biblioteca multidisciplinar (c), Auditorio (d ), Aula Pratica

no Laboratorio de Biologia (e), Atividades praticas do academicos do PIBID (f), Exposicão

da Carpoteca (g), Pesquisa de Campo com madeira (h), Exposição de Caixa Etimologica e

vertebrados (i).

Fotos: Jocinete Batalha.

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Diante do exposto é possível afirmar que o CESP apresenta um espaço de grande

potencial para diversificar o ensino de Ciências Naturais e Biologia. Além disso, como

instituição de ensino superior, suas estruturas oferecem possibilidades de realização de eventos

científicos como congressos, simpósios, workshop que possibilitam aos estudantes maior

motivação e estímulo para aprendizagem, visto que trata-se de indivíduos em potencial para o

ingresso na faculdade.

Balneário Cantagalo

O Balneário Cantagalo está localizado na comunidade suburbana do Aninga, da cidade

de Parintins. O local possui área de lazer para banho, esporte e show cultural, com diversificada

programação nos finais de semana. O balneário apresenta um ambiente natural ricos em

componentes do meio biótico e abiótico (Figura 04).

Figura 04: Balneário Cantagalo. Estrutura externa (a, f); Área arborizada (b, g);

Exemplares da diversidade de fungos (c, d); área de várzea no período da seca do rio (e,

h, i).

Fotos: Jocinete Batalha.

Esse recurso natural pode ser utilizado para subsidiar as atividades de campo, excursão,

observação, coleta e registro, quando se tratar dos seres vivos, o meio ambiente e ecologia. As

aulas de Ciências Naturais e Biologia podem encontrar um reforço didático bem significativo

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para enriquecer os diferentes conteúdos das disciplinas. De Frutos et al., (1996), afirmam que

as atividades que permite o contato direto com o ambiente, possibilita ao estudante maior

envolvimento e interação em situações reais. Assim disso, estimula a curiosidade e aguça os

sentidos, possibilitando confrontar teoria e prática, fazendo permite ao estudante, que se sinta

um elemento ativo e não um mero receptor de conhecimento.

Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da Liberdade

A Praça Senador Fabio Lucena é conhecida popularmente como “Praça da Liberdade”.

É um dos pontos turísticos da cidade Parintins. Esta praça se caracteriza por apresentar

esculturas representativas de lugares, atividades e eventos importantes da cidade como a

Catedral de Nossa Senhora do Carmo (padroeira da cidade), atividades dos ribeirinhos e tribos

indígenas, a cultura dos bois bumbas Garantido e Caprichoso, entre outros. É uma pração bem

arborizada e com a jardinagem sempre bem cuidada, que possibilita a população, frequência

constante (Figura 05).

Figura 05: Praça Senador Fabio Lucena ou Praça da Liberdade. Esculturas em alto

relevo de aspectos históricos da cidade (a); Leito de rochas (b, g) Árvores e Jardim

(c, d, e, f ); Rocha (h); vista geral da praça (i).

Fotos: Jocinete Batalha.

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A praça, enquanto função social e estrutural pode ser aproveitada para refletir e realizar

atividades pedagógicas no Ensino de Ciência que visem destacar a necessidade da interação ser

humano e natureza, mediante olhar sistêmico e de uma ética do cuidado (BEZERRA et al.,

2013). A praça se torna um ambiente alternativo que atuará como facilitador para o processo

ensino aprendizagem, contribuindo para que professor e aluno possam se tornar os atores ativos

no processo de assimilação do conhecimento (ALMEIDA; TÉRAN, 2012).

Portanto a Praça Senador Fabio Lucena tem caráter educativo, pela presença de recursos

naturais como plantas, animais e tipos de rochas, que pode auxiliar na compreensão dos

conteúdos de Ciências Naturais e Biologia. Além disso, os aspectos histórico e cultural da

população também podem ser explorados por outras áreas de conhecimento. As praças públicas

podem servir de material para o desenvolvimento de programas de educação ambiental e

ciências com o envolvimento dos professores e seus alunos (ALMEIDA et al., 2004).

Feira do Produtor de Parintins

A Feira do produtor de Parintins tem a finalidade de apoiar os pequenos produtores da

região com a venda dos seus produtos agrícolas. Os produtos comercializados são originários

das comunidades rurais e da área de assentamento do município. Em sua maioria, são produtos

regionais como macaxeira, tucupi, farinha, bejú, pé de moleque, tapioca e frutos como banana,

tucumã, cupuaçú, pupunha, entre outros.

As feiras livres devem ser pensadas enquanto espaços educativos e pedagógicos não

formais de aprendizagem, que revelam a dimensão educativa das cidades e da relação do

trabalho com a formação humana (SOUZA, 2015). Assim, estes espaços devem ser

compreendidos, também, como espaços privilegiados de educação popular e de produção

cultural (DALENOGARE e ALBERTI, 2011).

Com base neste contexto, a Feira do Produtor de Parintins se caracteriza como um local

favorável para se realizar atividades de ensino de Ciências Naturais e Biologia, pela variedade

de informações que podem ser gerada a partir de uma visita, além do suporte como temas como:

os alimentos, vitaminas, frutos, subprodutos da mandioca, hortaliças, cultivo e tratamento do

solo, decomposição, entre outros.

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Figura 06: Feira do produtor de Parintins. Vista frontal da feira (a); Barraca de frutas

e polpas (b; g; h), Barraca de frutas (c; i); Barracas de farinha e goma de tapioca (d,

f); Banca de frutas e verduras (e).

Fotos: Jocinete Batalha.

Com a realização deste trabalho forneceu subsídios para que professores que atuam nas

disciplinas de Ciências Naturais e Biologia no Ensino Fundamental e Médio tenham um aparato

de informações que podem servir de suporte para a realização de atividades extracurriculares

nas escolas. Os espaços não formais apresentados neste trabalho foram caracterizados de forma

a expor sua potencialidade e, assim, o professor tenha opções ao escolher um espaço para

realizar sua atividade.

Considerações Finais

Os espaços não formais são universos de extrema importância para viabilização de

práticas educativas. Os estudos apresentados como referencial teórico desta pesquisa,

possibilita pensar na significância que os espaços não formais podem contribuir na

aprendizagem de estudantes do ensino fundamentai e médio.

A visita em locais fora do ambiente escolar pode ser considerada por muitos, como um

momento de lazer, passeio e passa tempo. No entanto, nesses espaços o professor tem a

oportunidade relacionar o que é ensinado em sala de aula, com situações reais, vivenciadas no

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cotidiano dos estudantes. Também pode ser o momento em que o processo de ensino-

aprendizagem, de fato, se torne significativo, permitindo ao aprendiz novos olhares sobre a

identidade da escola, no despertar de valores e importância da educação.

Os espaços caracterizados neste trabalho, embora sejam ambientes categorizados,

apresentaram perspectiva de ensino na área de Ciências Naturais e Biologia que podem

contribuir para a aprendizagem a todos que o visitam. Nesses ambientes é possível transpassar

a resistências da complexidade dos conteúdos, proporcionando uma visão mais simplificada

dos assuntos.

Diante do exposto, pode-se concluir que a contribuição que esses espaços oferecem aos

estudantes da cidade de Parintins, poderá melhorar a ideias do senso comum sobre esses

ambientes, fazendo-os perceber a importância científica como espaços de aprendizagem a partir

da vivência de novas experiências.

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