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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR
CARACTERIZAÇÃO DE DOIS cD�As HOMÓLOGOS A UMA AP E�DO�UCLEASE EM CA�A-DE-AÇÚCAR
ANDREA LIMA DE OLIVEIRA
NATAL-RN 2009
II
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR
CARACTERIZAÇÃO DE DOIS cD�As HOMÓLOGOS A UMA AP
E�DO�UCLEASE EM CA�A-DE-AÇÚCAR
ANDREA LIMA DE OLIVEIRA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia Molecular.
Orientadora: Profª Drª Kátia Castanho Scortecci
NATAL-RN 2009
V
AGRADECIME�TOS
Foram muitos os que me ajudaram a concluir este trabalho.
Meus sinceros agradecimentos...
...a Deus, por ter me dado paciência, coragem e amor pelo meu trabalho;
... a minha família, pela confiança e apoio;
...aos amigos do mestrado, pelas conversas e pela amizade;
...aos professores Paulo Marinho e Adriana Uchoa pelas valiosas sugestões na banca da
defesa;
...ao grupo de Genética Molecular Vegetal pelas contribuições;
...aos ICs do LBMG por toda a ajuda que me foi dada;
...as professoras Lucymara e Marie-Anne por terem aceitado participar da banca de mestrado;
...a CAPES, pela bolsa de estudos concedida;
...a Dra. Kátia Castanho Scortecci, pela paciência e orientação recebida.
VII
RESUMO O genoma de todos os organismos está sujeitos a lesões que podem ser causados por fatores
endógenos e ambientais. Uma vez no genoma, as lesões podem levar a formação e acúmulo de
mutações, as quais podem ser prejudiciais ao desenvolvimento do organismo. As vias de
reparo de DNA são um mecanismo que permite o organismo detectar e corrigir essas lesões
ou minimizar seus efeitos. Várias vias de reparo de DNA são conhecidas e bem caracterizadas
em animais e microorganismos. Em plantas, as vias de reparo ainda não são bem
caracterizadas, mas muitas pesquisas têm revelado a participação de todas as vias conhecidas
no reparo do genoma das plantas, sendo os modelos mais estudados Arabidopsis thaliana e
Oriza sativa. A via de reparo de interesse deste trabalho é a via de BER, a qual apresenta
várias proteínas atuando no reparo do DNA. Porém, a classe de proteínas da via BER focadas
são as AP endonucleases, responsáveis pela hidrólise do sítio AP. Este trabalho teve como
objetivo caracterizar dois cDNAs de cana-de-açúcar: scARP1 e scARP3, homólogos a AP
endonucleases de A.thaliana e identificados num trabalho de data-mining do projeto
SUCEST. Para tanto, foram construídos cassetes de super-expressão, contendo o cDNA
scARP1 sob o controle do promotor forte 35S. Além disso, anteriormente no laboratório foi
obtido uma planta de �icotiana tabacum contendo o cassete de super-expressão
(35S+scARP1) em orientação anti-senso. Foi analisado o desenvolvimento desta planta, e
foram obtidas também algumas sementes (T2) desta planta. Estas sementes foram germinadas
e analisadas quanto à presença do cassete de super-expressão e desenvolvimento. Além disso,
para estes dois genes foram clonados as regiões promotoras por PCR walking. Os fragmentos
obtidos foram clonados, sequenciados e, analisados por meio do programa PLANTCARE. Os
motivos encontrados nessas regiões dos genes de cana-de-açúcar foram comparados com
potenciais regiões promotoras das plantas de Arabidopis, O. sativa e S. bicolor. Estas análises
mostraram a presença de diferentes motivos relacionados à respostas ao estresse oxidativo.
Palavras-chave: reparo por excisão de base, AP endonuclease, cana-de-açúcar
VIII
ABSTRACT
The genome of all organisms is subject to injuries that can be caused by endogenous and
environmental factors. If these lesions are not corrected, it can be fixed generating a mutation
which can be lethal to the organisms. In order to prevent this, there are different DNA repair
mechanisms. These mechanisms are well known in bacteria, yeast, human, but not in plants.
Two plant models Oriza sativa and Arabidopsis thaliana had the genome sequenced and due
to this some DNA repair genes have been characterized. The aim of this work is to
characterized two sugarcane cDNAs that had homology to AP endonuclease: scARP1 and
scARP3. In silico has been done with these two sequences and other from plants. It has been
observed domain conservation on these sequences, but the cystein at 65 position that is a
characteristic from the redox domain in APE1 protein was not so conservated in plants.
Phylogenetic relationship showed two branches, one branch with dicots and monocots
sequence and the other branch with only monocots sequences. Another approach in order to
characterized these two cDNAs was to construct overexpression cassettes (sense and anti-
sense orientation) using the 35S promoter. After that, these cassettes were transferred to the
binary vector pPZP211. Furthermore, previously in the laboratory was obtained a plant from
�icotiana tabacum containing the overexpression cassette in anti-sense orientation. It has
been observed that this plant had a slow development and problems in setting seeds. After
some manual crossing, some seeds were obtained (T2) and it was analyzed the T2
segregation. The third approach used in this work was to clone the promoter region from these
two cDNAs by PCR walking. The sequences obtained were analyzed using the program
PLANTCARE. It was observed in these sequences some motives that may be related to
oxidative stress response.
Key words: base excision repair, AP endonuclease, sugarcane
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Diferentes vias de reparo de DNA..............................................................................2
Figura 2. Reparo por excisão de base (BER) ............................................................................9
Figura 3. Esquema do plasmídio pKCS42...............................................................................15
Figura 4. Esquema da técnica de PCR walking.......................................................................27
Figura 5. Domínios conservados em AP endonuclease de planta...........................................30
Figura 6. Alinhamento das proteínas homólogas a AP endonuclease.....................................31
Figura 7. Relação filogenética das sequências AP em plantas e no homem............................35
Figura 8. Confirmação da presença do promotor 35S no vetor pSPORT1..............................37
Figura 9. Esquema do cassete de super-expressão em orientação senso.................................37
Figura 10. Plantas de �. tabacum............................................................................................40
Figura 11. Plantas transformadas com Agrobacterium tumefasciens......................................41
Figura 12. Desenvolvimento de plantas selvagens e transgênicas...........................................43
Figura 13. Variação fenotípica dentro da população segregante.............................................43
Figura 14. Análise da presença do gene para canamicina.......................................................45
Figura 15. Resultado da PCR em Tempo Real para expressão de ARP1 e ARP3..................45
Figura 16. Comparação entre ARP1 e ARP3 na PCR em Tempo Real...................................46
Figura 17. Gel da confirmação da presença de inserto em vetor pGEM T-easy.....................47
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Comparação entre regiões promotoras de AP endonucleases em diferentes
plantas.......................................................................................................................................50
Tabela 2. Motivos encontrados nas regiões promotoras e suas funções..................................51
XI
LISTA DE ABREVIATURAS
ABRE: Elemento de resposta a ácido abscisico
ADP1: adaptador 1
ADP2: adaptador 2
AP: sítio apurínico/apirimidínico
AP1: primer para o adaptador 1
AP2: primer para o adaptador 2
BER: Reparo por excisão de base
CTAB: Cetyl Trimethyl Ammonium Bromide
DEPC: Dietil Pirocarbonato
dNTP: desoxinucleotídeos trifosfato
D.O.: densidade óptica
DR: Reversão direta
DSBR: Reparo de quebra de dupla-fita
EndoIII: endonuclease III
Endo IV: endonuclease IV
ETOH: álcool etílico
ExoIII: exonuclease III
GGR: Reparo Global do Genoma
HR: Recombinação homóloga
MMR: Mau-pareamento
MS: Murashige e Skoog
NER: Reparo por excisão de nucleotídeos
NHEJ: Recombinação não homóloga do tipo “end-joining”
PVPP: Polivinilpolipirolidona
ROS: Espécies Reativas de Oxigênio
TCR: Reparo Acoplado à transcrição
UV- Ultravioleta
XII
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................1
1.1 DANOS AO DNA.....................................................................................................1
1.2 LESÕES AO DNA DE PLANTAS..........................................................................3
1.3 VIAS DE REPARO DE DNA..................................................................................4
1.3.1 Fotorreativação..................................................................................................... 4
1.3.2 Reparo por mau emparelhamento (MMR)............................................................4
1.3.3 Reparo por excisão de nucleotídeos (NER)...........................................................5
1.3.4 Reparo por quebra de dupla-fita (DSB).................................................................6
1.3.4.1 Recombinação homóloga (HR)..............................................................6
1.3.4.2 Recombinação homóloga do tipo “end-joining”(NHEJ).......................7
1.3.5 Reparo por excisão de base (BER)........................................................................7
1.3.5.1 AP endonucleases.................................................................................10
2 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................12
3 OBJETIVOS......................................................................................................................14
3.1 OBJETIVO GERAL...............................................................................................14
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................14
4 METODOLOGIA............................................................................................................15
4.1CONSTRUÇÃO DO CASSETE DE SUPER-EXPRESSÃO EM ORIENTAÇÃO
SENSO..........................................................................................................................15
4.2 MANIPULAÇÃO DE �icotiana tabacum.............................................................21
4.3 ANÁLISE DA EXPRESSÃO DOS cDNAs scARP1 E scARP3...........................23
4.4 CLONAGEM DOS PROMOTORES…………………………….........…………25
4.5 MINERAÇÃO DOS DADOS.................................................................................28
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................29
5.1 ANÁLISE IN SILICO DOS cDNAS scARP1 E scARP3 .....................................29
5.2 CONSTRUÇÃO DO CASSETE DE SUPER-EXPRESSÃO................................36
5.3 EXPRESSÃO DO CASSETE DE SUPER EXPRESSÃO ANTI-SENSO
EM TABACO...........................................................................................................................38
5.4 OBTENÇÃO DE �. tabacum................................................................................40
5.5 CLONAGEM DOS PROMOTORES E ANÁLISE I� SÍLICO.............................46
6 CONCLUSÃO..................................................................................................................52
7 PERSPECTIVAS.............................................................................................................52
1
1. I�TRODUÇÃO 1.1 DANOS AO DNA
O genoma está sob constante ataque de fatores exógenos (radiação ultravioleta ou
ionizante, infecções virais, fumaça de cigarro e oxidantes) e endógenos (espécies reativas de
oxigênio, por exemplo). A maioria dos agentes ambientais nocivos exerce seus efeitos tóxicos
em seres humanos e em outros organismos através de modificações no material genético
destes indivíduos, porém o genoma de todos os organismos apresenta informações para
manutenção de sua integridade. Os danos causados por esses mutágenos ao DNA podem ser
observados na forma de rupturas de simples ou dupla fita, bases e grupamentos fosfatos
modificados e crosslinks entre fitas ou dentro da própria fita do ácido desoxirribonucléico
(Wood et al., 2005; Nordstrand et al., 2007; Tembe & Henderson, 2007; Scicchitano &
Mellon, 1997).
Naturalmente podem ocorrer quebras nas fitas de DNA durante os processos de
replicação, transcrição e reparo como resultado da atividade de endonucleases endógenas,
despurinações espontâneas, e vários outros mecanismos (Deagle et al., 2006). Quando essas
alterações permanecem no genoma, o processo de replicação pode ser bloqueado ou
impedido; ou se uma lesão se fixar gerando uma mutação, esta pode se acumular no genoma e
até mesmo levar à morte celular. Assim, o DNA está sendo continuamente reparado para
preservar a integridade genômica (Kiyohara & Yoshimasu, 2007; Scicchitano & Mellon,
1997).
Ao longo dos anos tem se verificado que as lesões ao DNA são um evento constante
nos organismos e também que estes apresentam diferentes vias para corrigir essas lesões,
estas vias são recrutadas dependendo da natureza do dano, do tecido em consideração, e do
potencial replicativo das células nesse tecido (Rao, 2007). Uma vez que muitos tipos de lesões
podem surgir – a partir de processos de oxidação, desaminação, despurinação e
despirimidação do DNA -, uma variedade de sistemas de reparo de DNA é requerida
(Huffman et al., 2005; Tubbs et al., 2007). Estas vias de reparo evoluíram tanto em
complexidade quanto em especificidade, a fim de assegurar a integridade genômica mediante
constantes ameaças endógenas e exógenas (Rao, 2007) As vias de reparo são cruciais para a
viabilidade celular, e pesquisas estão revelando um número cada vez maior de proteínas
envolvidas, tais como glicosilases, AP endonucleases, liases, dentre outras. Assim, estes
estudos permitem compreender um pouco melhor como ocorre o processeo de reparo de
DNA. A importância do reparo do DNA pode ser ilustrada pela deficiência de reparo em
2
algumas síndromes caracterizadas por instabilidades genômicas, que denotam na incidência
aumentada do câncer e por alterações metabólicas múltiplas (Christmann et al., 2003).
Segundo Nordstrand et al. (2007), foram identificadas seis vias para o reparo de DNA,
são elas: reparo por fotorreativação , reparo por excisão de base (BER), reparo por mal-
emparelhamento (MMR), reparo por excisão de nucleotídeo (NER), recombinação homóloga
(HR) e recombinação não homóloga do tipo end-joining (NHEJ). As vias de recombinação
homóloga (HR) e não-homóloga do tipo end-joinig (HNEJ) fazem parte do Reparo de quebra
de dupla-fita - DSBR - (Sancar et al., 2004; Nouspikel, 2007). A Figura 1 mostra alguns dos
tipos de lesões específicas que podem surgir no DNA simples fita ou dupla fita e a via que
pode atuar no reparo dessas.
VIAS DE REPARO DE D�A
Figura 1 – Diferentes vias de Reparo de D�A. Representação esquemática onde em a são representados os agentes comuns de danos ao DNA (parte superior); e na parte mediana alguns exemplos de lesões de DNA induzidas por estes agentes; e na parte inferior alguns dos mecanismos de reparo de DNA responsáveis pela remoção das lesões; em b são representados alguns efeitos dos danos ao DNA na progressão do ciclo celular. Na parte inferior são representadas as consequências das mutações surgidas. Abreviações: cis-Pt e MMC - cisplatina e mitomicina C, respectivamente; (6-4)FP e CPD - fotoproduto 6-4 e Ciclobutano Dímero de Pirimidina, respectivamente; BER e NER, Reparo por Excisão de Base e Nucleotídeo, respectivamente; RH, Recombinação Homóloga; EJ, end joining. (Adaptado de Hoeijmakers, 2001)
O reparo de DNA é bem mais estudado em animais e microorganismos, porém o
número de pesquisas sobre este processo em plantas vem aumentando nestes últimos anos
com a identificação de genes de diferentes vias de reparo homólogos a outros organismos,
como por exemplo, genes de reparo humanos (Hays, 2002).
3
1.2 LESÕES AO DNA DE PLANTAS
As plantas por serem organismos sésseis e fotossintetizantes estão continuamente
expostas à ação de agentes potencialmente mutagênicos, tais como a radiação solar
ultravioleta (UV), poluentes presentes no ar e no solo. Além disso, as plantas possuem uma
reserva de células germinativas, as quais entram em meiose tardiamente. Com isso, as
mutações ocorridas em células somáticas podem estar presentes em células gaméticas
(Roldán-Arjona et al., 2009; Bray & West, 2005).
As fontes de danos ao DNA são mais estudadas em sistemas animais, porém os poucos
estudos voltados à quantificação dessas lesões no DNA das plantas tem demonstrado que o
genoma vegetal pode ser lesado por agentes endógenos e exógenos, e que estes agentes
podem levar ao retardo no crescimento e desenvolvimento, destruição da membrana celular e
danos às proteínas fotossintéticas (Roldán-Arjona et al., 2009; Bray & West, 2005; Tuteja et
al., 2008). A produtividade das plantas é outro fator importante que é afetado por condições
de estresse biótico, como infecções por patógenos (fungos, bactérias, vírus e insetos), e
abiótico, como por exemplo, temperaturas extremas, íons tóxicos, variações na
disponibilidade de água (Mahajan & Tuteja, 2005; Bray & West, 2005).
Um das causas que mais contribuem para lesões de dupla fita de DNA é a produção de
Espécies Reativas de Oxigênio (EROs), as quais são geradas pelo metabolismo celular
aeróbico e pela exposição à radiação ionizante, luz próxima do violeta ou compostos redox
ativos, e podem oxidar a maioria dos tipos de macromoléculas, incluindo lipídios, proteínas e
ácidos nucléicos (Roldán-Arjona et al., 2009). Nas células vegetais, as EROs são a causa
primária das quebras de simples fita, tanto através da destruição das unidades de desoxirribose
quanto por modificações covalentes das bases. O reparo de bases modificadas potencialmente
mutagênicas é mediado pelas vias de reparo por excisão. As EROs são produzidos
constantemente em células de plantas como resultados de processos celulares oxidativos que
normalmente ocorrem e apresentam um perigo intermitente à integridade e viabilidade celular
mesmo na ausência de estresses externos (Bray & West, 2005).
Segundo Tuteja et al. (2008), as informações disponíveis sobre as vias de reparo e seus
componentes são limitadas, porém o conhecimento sobre a regulação da expressão de genes
de reparo de DNA é essencial para entender as respostas das plantas aos efeitos citotóxicos e
mutagênicos de agentes danosos ao DNA, sejam eles endógenos ou ambientais. Os modelos
vegetais mais estudados são a Arabidopsis thaliana (dicotiledônea, 130 Mpb, n=5) e Oryza
sativa (arroz -monocotiledônea, 430 Mpb, n=12), nas quais já foram encontradas várias
proteínas de reparo de DNA que são similares às proteínas humanas. Dentre essas proteínas
4
destacam-se: AtXPB (Ribeiro et al., 1998), AtNTH1 e AtNTH2 (Roldán-Arjona et al., 2000),
AtARP, AtAPE1 e AtAPE2 (Babiychuk et al., 1994), AtOGG1 (Dany &Tissier, 2001;
Garcia-Ortiz et al., 2001) e AtPARP1 (Doucet-Chabeaud et al., 2001; Lepiniec et al., 1995),
entre outras.
As proteínas de reparo encontradas na via de reparo por excisão de base em plantas
serão discutidas posteriormente.
1.3 VIAS DE REPARO DE DNA
1.3.1 Fotorreativação
A fotorreativação é um mecanismo de reparo de lesões de DNA induzidas por luz UV,
realizado por fotoliases, as quais utilizam a energia da luz visível. Os dímeros de pirimidina
ciclobutano (DPC) e os fotoprodutos (6-4) no DNA, potencialmente bloqueiam tanto a
replicação quanto a transcrição do DNA, e apresentam estruturas de dímeros de timinas que
são diretamente clivados pelas DPC liases ou (6-4) fotoliase (Friedberg, 2008; Kimura &
Sakaguchi, 2006; Nordstrand et al., 2007). Em Arabidopsis thaliana foram encontradas DPC
fotoliases a partir de experimentos com mutantes sensíveis a UV (Waterworth et al., 2002).
Em arroz, uma DPC fotoliase foi isolada por Hirouchi et al. 2003.
1.3.2 Reparo por mau emparelhamento (MMR)
O reparo por mau emparelhamento corrige maus emparelhamentos na fita de DNA,
gerados principalmente durante o processo de replicação (Kunkel & Erie, 2005). Isso inclui
mau emparelhamento base-base, bem como pequenos mau emparelhamentos de deleção e
adição. Uma característica particular da via de reparo MMR é que a excisão do mau
emparelhamento é acoplado à síntese de uma longa cadeia de DNA, acima de 1000 bases
(Nordstrand, et al., 2007). O reparo por mau emparelhamento restaura o emparelhamento
errôneo formado pela incorporação de uma base incorreta pela DNA polimerase ou durante a
recombinação. A cadeia molde de DNA, que contém a sequência correta, é metilada e pode
ser distinguida da não metilada (a fita recém sintetizada). Em E.coli, MutS e MutL
reconhecem o mau emparelhamento, e MutH introduz uma lacuna na fita nova não metilada.
Uma exonuclease remove a cadeia recém formada, a DNA polimerase preenche a lacuna e a
DNA ligase religa o DNA (Kimura e Sakaguchi, 2006).
Kimura e Sakaguchi (2006) relatam estudos mostrando que os genes MSH, que são
homólogos de MutS de E. coli, foram isolados de plantas, a maioria de Arabidopsis. Mus1 e
5
Mus2 , homólogos de MutS, foram isolados de Zea mays. Já MLH1, um homólogo de MutL,
também foi encontrado em Arabidopsis.
1.3.3 Reparo por excisão de nucleotídeo (NER)
O Reparo por Excisão de Nucleotídeo é usado primariamente para remover lesões do
DNA, tal como crosslinks entre as fitas ou na fita de DNA, lesões de distorção na hélice que
interferem com o pareamento de bases, geralmente obstruindo os processos normais de
replicação e transcrição. A via de reparo NER é uma via tão complexa quanto a via BER, pois
remove uma maior variedade de lesões no DNA, e utiliza um grande número proteínas (em
torno de trinta proteínas) que são evolucionariamente conservadas entre os eucariotas (De
Boer & Hoeijmakers, 2000). A via NER pode ser subdividida em duas: reparo global do
genoma (GGR) e o reparo acoplado à transcrição (TCR). Como é sugerido por seus nomes, as
sub-vias agem em formas diferentes de DNA: DNA que não é transcrito (ou as fitas não-
transcritas de genes expresso), e DNA ativamente transcrito, respectivamente. Tanto em GGR
como em TCR o reconhecimento dos danos ao DNA corresponde à primeira etapa que ocorre,
seguido da abertura da dupla-fita do DNA. Em GGR, a lesão no DNA é reconhecida por
XPC/Rad23 (xeroderma pigmentosum, grupo de complementação C/Rad23) ou UV-DDB
(proteína de ligação ao DNA lesado por UV). Em contraste, durante a TCR, o reconhecimento
da lesão se dá por CSA (Síndrome de Cockayne, tipo A) ou CSB (Síndrome de Cockayne,
tipo B) (Kimura e Sakaguchi, 2006).
Após a etapa de reconhecimento, as incisões são realizadas em uma das extremidades
das bases modificadas, e em um total de 25-30 nucleotídeos em um ou outro lado são
removidos como uma única fita. A lacuna gerada então é preenchida pela enzima DNA
polimerase δ/ϵ e selada pela enzima DNA ligase I (Gill &Fast, 2007; Kiyohara &Yoshimasu,
2007; Nordstrand et al., 2007).
Em plantas, a via de NER vem sendo estudada através de estudos com Arabidopsis.
Vários genes foram isolados através de experimentos com mutantes sensíveis a UV ou outros
mutágenos, tais quais XPF (AtRad1), XPG (AtRad2), XPD (AtRad3), XPB (AtRad52), dentre
outros (Fidantsef et al., 2000; Kunz et al., 2005; Liu et al., 2001; Costa et al., 2001, Ribeiro et
al., 1998).
6
1.3.4 Reparo de Quebra de Dupla-fita (DSB)
Efeitos externos, como a radiação ionizante e substâncias químicas, e fatores internos,
como os erros durante a replicação, podem induzir quebras na dupla-fita do DNA (DSBs).
Dentro das células, o DNA enfrenta nucleases e produtos metabólicos, tais como espécies
reativas de oxigênio. Estes produtos químicos introduzem alterações no DNA, incluindo bases
e açúcares modificados, adutos DNA-proteína, sítios livre de base e lesões em tandem. Do
exterior, a radiação ionizante (RI) e a luz ultravioleta (UV) alteram a composição química da
do esqueleto de DNA (Pardo et al., 2009). O Reparo por Quebra de Dupla-fita é formado
quando duas ou mais rupturas que ocorrem em fitas opostas do DNA em 10-20 pb em cada
um (Constantinou et al., 2001).
As quebras de dupla-fita são danos muito graves que podem comprometer a
sobrevivência do organismo. Estas lesões são rapidamente reparadas nas células por um dos
tipos de mecanismos existentes, Recombinação Homóloga (HR) ou Recombinação não-
homóloga do tipo end-joining (NHEJ) (Kimura & Sakaguchi, 2006).
1.3.4.1Recombinação homóloga
O reparo de DSBs pela recombinação homóloga (HR) corresponde a uma troca ou
transferência de sequências idênticas ou quase idênticas entre a molécula de DNA que
apresenta a DSB e outra molécula de DNA intacta. A HR é um mecanismo fiel se o molde de
DNA usado para o reparo é idêntico à sequência original de DNA presente na quebra de
dupla-fita. Do contrário, o reparo pela HR pode levar a mutações locais ou a rearranjos
deletérios no genoma (Pardo et al., 2009). Deste modo, a recombinação genética é um
processo no qual a informação na forma de seqüência nucleotídica é trocada ou transferida
entre cromossomos. Na recombinação homóloga a troca de material se dá entre seqüências
altamente relacionadas, e desempenha um papel importante ou essencial nos ciclos celulares
mitóticos e meióticos. Mecanismos desconhecidos reprimem a HR na fase G1 do ciclo celular
durante o qual a recombinação não homóloga do tipo end-joining é o modo predileto de
reparo de Quebras de dupla-fita (DSBs) (Holloman et al., 2008).
O papel da recombinação homóloga durante a prófase da primeira divisão meiótica é
muito importante. Na prófase, a HR contribui com fidelidade na segregação dos homólogos e
na geração de diversidade genética entre os produtos meióticos (Heyer et al., 2006). Segundo
Heyer et al (2006) a HR pode ser dividida em três estágios: a) uma lacuna na dupla-fita é
gerada devido a uma ação enzimática específica ou a um estresse genotóxico; b) a lacuna
7
gerada estabelece uma conexão física com um molde duplex homólogo, levando a formação
de um DNA heteroduplex, c) a molécula de dupla-fita lesada vai sendo reparada, tendo-se ao
final do processo duas moléculas intactas, a molécula molde e a que foi reparada.
Segundo Gill e Fast (2007), o reparo por recombinação homóloga é a principal forma
de reparo de quebra de dupla-fita em levedura. Em plantas as informações sobre mecanismos
de DSBs são advindas de estudos com Arabidopsis, cujos genes AtRAD51, AtRAD50 e
AtMRE11, envolvidos na via de recombinação homóloga, foram isolados e analizados. Todos
esses genes citados revelaram que quando mutados introduzem nas plantas um fenótipo de
sensibilidade à radiação ionizante, mostrando que os mesmos desempenham um papel crucial
no reparo de quebra de dupla-fita (Kimura & Sakaguchi, 2006).
1.3.4.2 Recombinação não homóloga do tipo end-joining (NHEJ)
O Reparo por recombinação Não Homóloga tipo End-Joining é a principal via de
reparo que corrige lesões em DNA de quebra na dupla fita (DSB) na maioria das células
eucarióticas. A via de reparo NHEJ consiste em juntar as extremidades quebradas de volta,
sem considerar a fidelidade absoluta da seqüência do DNA, não há presença de um molde de
DNA homólogo (Hays, 2002; Bray & West, 2005). Homólogos de várias proteínas envolvidas
no NHEJ foram identificados em procariotas recentemente, porém a função desta via em
bactéria ainda não está totalmente esclarecida, porém compreende-se que o NHEJ estaria
envolvido em funções fisiológicas importantes em algumas bactérias. Tais funções poderiam
incluir formas especializadas do reparo do genoma sob as circunstâncias que conduzem à
acumulação de DSBs, ou podem promover a diversidade genética (Bowater & Doherty,
2006). Foram isolados de plantas os genes AtKU70, AtKU80, Arabidopsis D�A ligase IV e
AtXRCC4, os quais atuam na via de NHEJ.
1.3.5 Reparo por excisão de base (BER)
Em células de mamíferos, a via BER é o principal mecanismo celular para corrigir
danos como: nucleotídeos danificados, sítios abásicos e às rupturas das fitas-simples geradas
pelas espécies reativas de oxigênio, agentes alquilantes e radiações ionizantes, desta forma
impedindo os efeitos mutagênicos e citotóxicos gerados por esses danos (Chan et al., 2006).
Quando comparada com outras vias de reparo de DNA, como o reparo por excisão de
nucleotídeo, o sistema de reparo por excisão de bases também é bem conservado desde
bactérias a humanos, considerando os componentes centrais da maquinaria de BER (Hitomi et
al., 2007).
8
As proteínas da via BER reconhecem, excisam e substituem bases danificadas do
DNA, principalmente aquelas que derivam da degradação oxidativa e hidrólise endógena de
DNA. Na Figura 2 é representada esquematicamente esta via de multiproteínas que se inicia
por meio da ação das DNA glicosilases específicas para cada tipo de dano, estas reconhecem
a lesão e clivam a ligação N-glicosil que conecta a base alterada ao esqueleto de açúcar-
fosfato, criando assim no local um sítio apurínico ou apirimídico, conhecido com sítio abásico
ou sítio AP. Neste local é inserida uma nova base (pela ação de uma DNA Polimerase,
principalmente Pol ß) e conseqüente é realizada a ligação desta à estrutura do DNA pela DNA
ligase. De uma forma particular, esta via reconhece e repara modificações de base como
uracil, 8-hidroxiguanina, metilação e oxidação, bem como sítios abásicos e quebras de
simples fita de DNA (Gill &Fast, 2007; Wood et al., 2005; Nordstrand et al., 2007; Wilson &
Bohr, 2007).
A via BER é definida como um reparo de DNA iniciado por uma glicosilase específica
para cada tipo de lesão no DNA e pode ser subdividida em duas vias: a via curta de BER e a
via longa (Figura 2). A via curta é responsável pela remoção e correção de um único
nucleotídeo, e a via longa é responsável pela remoção e correção de dois a treze nucleotídeos.
Deste modo, o reparo BER por meio da via curta é iniciado por uma glicosilase
monofuncional e envolve a remoção da base lesada e então ocorre hidrólise do sítio AP (sítio
abásico) por uma AP endonuclease, catalisando a incisão da fita lesada, levando a formação
de uma extremidade 3’OH e uma 5’ fosfato-desoxirribose (Figura 2). Então, uma DNA
polimerase β (pol β) hidroliza a fração 5’dRP e preenche a lacuna nucleotídica gerada,
preparando assim a fita para a ligação das extremidades pela DNA ligase I ou pelo complexo
DNA ligase IIIα e XRCC1. A via longa de BER (Figura 2) é iniciada de uma forma muito
similar a via curta, porém, além de um número maior de nucleotídeos retirados, ocorre
também o envolvimento de outras enzimas. Na via longa, a síntese de DNA pode ser
catalisada pela Pol β, δ ou ε, tendo uma variedade de outras proteínas atuando para finalizar
o processo como: Fen1, PARP1 e DNA ligase 1 (Sattler et al., 2003; Almeida & Sobol,
2007).
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Figura 2. Reparo por excisão de base (BER). Representação esquemática da via BER e as diferentes proteínas atuando. As DNA glicosilases iniciam este processo pela remoção da base lesada através da clivagem da cadeia de açúcar-fosfato e excisão do resíduo abásico contendo oligonucleotídeos, seguido da síntese de DNA e ligação. Há duas subvias para BER. A via curta de BER dependente de DNA polimerase β, enquanto que a via longa de BER dependente de DNA polimerase δ/β. As proteínas entre parênteses não são encontradas em plantas, já as proteínas marcadas por asteriscos estão presentes em várias cópias. Adaptada de Kimura & Sakaguchi (2006).
Segundo Kimura & Sakaguchi (2006), no Projeto Genoma do Arroz foram
identificados vários genes homólogos à maioria dos genes de reparo envolvidas nas diferentes
vias, como NER e BER, por exemplo. Dentre esses agrupamentos gênicos identificados tem-
se TagI, MutM, AlkA, Ogg1, MutY, AP endonucleases e PARP1. Agnez-Lima et al. (2001),
utilizando sequências de proteínas de BER de bactérias, levedura, humana e genes de
Arabidopsis obtidas do GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov), identificou clusters
homólogos para a maioria das proteínas de BER (UNG, AtMMH1, OGG1, NTH, ARP,
Via longa de BER
Via curta de BER
Oxidação ou desaminação de base do DNA
Sítio AP
DNA glicosilase
(Atividade dRP liase de Pol β)
(DNA polimerase β) DNA polimerase
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MAG2 e MAG3) no banco de dados do SUCEST (FAPESP). Além disso, foi observado que
essas proteínas apresentavam um alto grau de conservação.
1.3.5.1 AP ENDONUCLEASES
As enzimas de reparo AP endonucleases são enzimas-chave no mecanismo de reparo
de DNA, sendo responsáveis pelo reconhecimento do sítio AP e clivagem do esqueleto
fosfodiéster da molécula de dupla-fita, preparando assim a fita de DNA para subseqüente
síntese do reparo e ligação, este processo tem sido observado desde bactérias até o homem
(Kerins et al., 2003).
Com base nos seus mecanismos de atuação, duas classes de AP endonucleases foram
descritas em E.coli. As enzimas AP endonucleases da classe I, como a endonuclease III e
VIII, correspondem a AP liases que clivam a fita de DNA na extremidade 3’ do sítio AP. A
clivagem do sítio AP por esse mecanismo resulta numa extremidade 3´-OH/ 5´-fosfato. Além
disso, essas enzimas da classe I também apresentam atividade de DNA glicosilase que atua na
remoção de lesões resultantes de estresse oxidativo, como a timina-glicol. As AP
endonucleases da classe II, como a endonuclease IV e a exonuclease III em E. coli, clivam a
extremidade 5’ da fita de DNA no sítio AP de forma hidrolítica. A clivagem por esses
mecanismos produzem extremidades 3’OH e 5’desoxirribose fosfato. Essa classe de AP
endonucleases é específica para sítios AP e não possui atividade de DNA glicosilase. A classe
II de AP endonucleases é dividida em duas famílias com base na sua necessidade de Mg2+.
Em geral, a maior atividade nas células é das AP endonucleases de classe II, que iniciam o
reparo pela incisão do DNA imediatamente à extremidade 5’ do sítio AP (Demple et al.,
1997; Haltiwanger et al., 2000; Wong et al., 2003; Zharkov, 2008).
Kaneda et al. (2006) propôs que as AP endonucleases reconhecem o espaço produzido
pela deleção da base do ácido nucléico, e isso se deve a presença de um resíduo de triptofano
que foi reconhecido na enzima Exonuclease III. As proteínas tipo endonucleases III (beta
liases) apresentam o motivo Cys-Xaa6-Cys-Xaa2-Cys-Xaa5-Cys (conservado em vários
organismos) e este é responsável pela ligação a um grupamento ferro/enxofre ([4Fe-4S]2+), o
qual apresenta atividade redox. Este domínio metálico é comumente encontrado em proteínas
transferidoras de elétrons. Na enzima EndoIII, observou-se que o cluster [4Fe-4S]2+ é
resistente à oxidação ou redução, sugerindo um papel mais estrutural do que relacionado à
transferência de elétrons (David & Williams, 1998).
Além disso, há também um motivo hélice-grampo-hélice que tem se mostrado um sítio
de ligação livre para glicol-timina, não demonstrando, porém, uma especificidade de
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substrato. Esse motivo foi primeiro descoberto em EndoIII. Tanto o motivo hélice-grampo-
hélice quanto o cluster ferro/enxofre parecem interagir com a base lesada. (Aspinwall et al.,
1997; Ikeda et al., 1998). Endo IV e ExoIII são as principais AP endonucleases de E. coli.
Sob condições fisiológicas normais, ExoIII compreende aproximadamente 90% do total de
atividade celular de AP endonuclease, porém em períodos de estresse oxidativo EndoIV é
sintetizada em níveis comparados aos de ExoIII. Este fato parece estar relacionado a um
mecanismo de resposta que visa prevenir efeitos deletérios de concentrações elevadas de
ânions superóxidos (Wilson III & Barsky, 2001).
As células humanas codificam dois homólogos (hsApe1 e hsApe2) da ExoIII de
E.coli, e Arabidopsis codifica três homólogos (AtAPE1L, AtAPE2, AtARP), mas em plantas
não foi encontrado nenhum homólogo a EndoIV (Hays, 2002; Murphy et al., 2009). Ref/HAP
(também conhecida por APE1/Ref-1, HAP1 ou APE1), a qual foi primeiro identificada em
mamíferos, é uma proteína que age na regulação transcricional da expressão gênica,
contribuindo para a manutenção da estabilidade genômica. Ela funciona como um fator redox
que mantém fatores de transcrição (como, Fos-Jun, NF-Κb, p53 e outros) em um estado
reduzido. O estado redox dos resíduos de cisteína pode, por exemplo, influenciar nas
propriedades das proteínas, bem como estabilidade protéica, atividade de chaperona, atividade
enzimática e estrutura protéica. Além disso, atua na via de BER, sendo a principal
endonuclease apurínica/apirimídica (Ando et al., 2008; Tell et al., 2009; Wong et. al., 2003;
Bhakat et al.,2009; Jeon & Irani, 2009; Yuk et al., 2009). A proteína AtArp foi identificada
por Babiychuk e colaboradores (1994) em Arabidopsis a partir de experimentos com a
proteínas Ref/HAP.
No banco de dados do projeto SUCEST (Sugarcane Espressed Tag Project), Agnez-
Lima e colaboradores (2001) identificaram dois cDNAs de cana-de-açúcar homólogos a
AtARP de A. thaliana denominados de scARP1 e scARP3, os quais são alvo do nosso
trabalho.