Caracterização Faciológica da Plataforma Continental ... · RESUMO O principal objetivo desta...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DO MAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MARINHAS TROPICAIS
EDUARDO LACERDA BARROS
CARACTERIZAÇÃO FACIOLÓGICA DA PLATAFORMA CONTINENTAL
INTERNA DE ICAPUÍ, CEARÁ.
FORTALEZA
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DO MAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MARINHAS TROPICAIS
EDUARDO LACERDA BARROS
CARACTERIZAÇÃO FACIOLÓGICA DA PLATAFORMA CONTINENTAL
INTERNA DE ICAPUÍ, CEARÁ.
FORTALEZA
2014
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, Eliane e Valter
Aos meus avós, Aos meus tios e primos.
AGRADECIMENTOS
Mais uma grande etapa na vida acadêmica se encerra aqui. A elaboração desta
dissertação foi realizada graças às inúmeras personagens que participaram, seja de
forma direta ou indireta, mas que foram indispensáveis ao longo desta empreitada.
Durante esse tempo houve momentos de trabalho árduo, difíceis e alegres, momentos
esses que foram imprescindíveis e fundamentais.
Aos meus pais, Eliane e Valter, por toda compreensão, dedicação e apoio nos momentos
difíceis percorridos até aqui; aos meus avós maternos Raimundo Rebouças (in
memoriam) e Luiza Lacerda, nascidos em Icapuí; aos meus avós paternos Francisco
Barros e Valquíria Barros (in memoriam); aos meus queridos tios e primos;
Ao meu orientador, Professor Jáder Onofre de Morais, exemplo de pessoa integra,
professor e pesquisador, agradeço por ter me colocado neste caminho e por todo apoio
desde a minha graduação, pelas conversas diárias e que geraram conselhos e
ensinamentos que hoje me fazem um profissional melhor;
A Professora Lidriana de Souza Pinheiro pelo apoio, incentivo durante toda a minha
vida acadêmica;
Ao Professor Davis Pereira de Paula pela amizade, pelos conselhos, pelo incentivo ao
longo da minha caminhada;
A Universidade Estadual do Ceará – UECE onde conclui a minha graduação em
Geografia e onde passei boa parte desta pesquisa, agradeço também pela logística de
transporte para a realização dos trabalhos de campo;
Ao Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica – LGCO,
coordenador pelo Prof. Dr. Jáder Onofre de Morais, meu orientador, agradeço em
especial pelo abrigo desde a graduação, onde desde o primeiro dia na UECE me fez
querer fazer o que faço hoje, agradeço por toda a infraestrutura para a realização dos
trabalhos de campo e análises em laboratório;
Aos amigos do LGCO: Carol, Brígida, Sílvia, Patrícia, Guilherme, Renan Guerra,
Maciel, Mailton, Paulo Roberto, Antônio Ximenes, Ramon Cavalcante, Ciarlini,
Luciano e também aos ex-LGCO: Gustavo, Renan Lima, Sílvio, Paulo Henrique, Jorge,
Neide, Glaciane, Carlos Farrapeira, Marisa, João, Tatiana, Andrea, Raquel e Judária,
por todos os ensinamentos dados, experiências trocadas e pela amizade;
Ao Laboratório de Oceanografia Geológica – LOG, Coordenado pela Prof.ª Dra.
Lidriana de Souza Pinheiro pela disponibilização do espaço para a realização de
algumas análises que foram fundamentais para esta pesquisa em especial, ficam os meus
agradecimentos a todos que fazem o LOG, em especial a Cida, o Paulo e a Mônica;
Ao Laboratório de Geologia Marinha Aplicada – LGMA/UFC, Coordenado pelo Prof.
Dr. George Satander Sá Freire, pela disponibilidade na adaptação da metodologia
utilizada para algumas análises realizadas;
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pelo
incentivo à pesquisa no Brasil e pelo apoio financeiro durante esta pesquisa;
Ao projeto PRONEX – Granulados Marinhos por proporcionar a base e boa parte dos
recursos para o desenvolvimento desta Pesquisa;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – CNPq e a
Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – FUNCAP
pelo incentivo a pesquisa no país e no Estado do Ceará, respectivamente;
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais, em nome do
Professor Rodrigo Maggioni, coordenador na época da minha ingressão no Mestrado, e
ao atual coordenador, Tito Lotufo. Agradeço também a Gorete e Isabela pela paciência
durante esses dois anos de muito trabalho;
Aos professores do Mestrado: Lidriana de Souza Pinheiro, George Satander Sá Freire e
Vânia Melo, pelos ensinamentos e pelas contribuições dadas durante os trabalhos,
saibam que foram fundamentais para o meu amadurecimento;
Aos meus grandes amigos e irmãos Renan Guerra, Jéssica Ravena, Ádamo de
Figueiredo, Rafaela Martins, Denis Lima, Rinara Maia, Thamires Machado, Iles Vilela,
e Juliete Vaz e Juliano Casemiro, obrigado pela amizade e companheirismo nesses anos
que passaram;
Aos meus amigos do Mestrado, Natália Falcão, Juliana Gaeta, Polyana Morais e do
Doutorado, Samuel Valentim, pela vivência nesses dois últimos anos e conversas
diárias;
E a todos que direta ou indiretamente vieram a contribuir com esse trabalho.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. ”
Luís de Camões
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o
que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê. ”
Arthur Schopenhauer
RESUMO
O principal objetivo desta dissertação foi o de analisar a faciologia da plataforma
continental interna na região do município de Icapuí, no litoral extremo leste do Ceará,
estabelecendo uma resposta para a dinâmica sedimentar submersa para fins de gestão
dos recursos minerais presentes na área. Para que os objetivos propostos fossem
cumpridos foi realizado um levantamento bibliográfico e cartográfico da área, um
levantamento de campo para obtenção de dados batimétricos e coleta de amostras. As
amostras passaram por análises granulométricas, de matéria orgânica e de carbonato de
cálcio para determinação das atuais condições de deposição e possíveis áreas fonte para
sedimentos da plataforma em questão. Morfologicamente o fundo da plataforma do
litoral extremo oeste do Município de Icapuí apresenta-se rasa na área que corresponde
à Praia de Ponta Grossa, com presença de afloramentos rochosos proveniente de antigas
linhas de falésias na área, também foi possível verificar um canal na localidade
resultante dos falhamentos na área. As análises do material coletado nos trabalhos de
campo mostraram que a plataforma continental interna na região de Icapuí é formada
pelo acúmulo de sedimentos provenientes de origem terrígena e biogênica que foram
retrabalhados por sucessivos eventos de transgressão e regressão marinha no estágio de
evolução da Bacia Potiguar que tem sua origem ligada à formação do oceano atlântico.
Parte destes sedimentos são oriundos das falésias vivas e mortas que se fazem presentes
ao longo de toda a extensão do litoral de Icapuí. Os sedimentos predominantes no fundo
da plataforma são as areais finas e médias com a presença de cascalho esparso, este
material mais de maior granulometria é proveniente dos afloramentos rochosos em
algumas áreas. As amostras coletadas apresentam 70% de Carbonato de Cálcio em sua
composição segundo as análises realizadas em laboratório, classificando, o que aponta
que o fundo marinho em questão é formado por sedimentos bioclásticos. Os teores de
matéria orgânica se mostraram relativamente baixos através das duas metodologias
utilizadas, com máximas de 2.5 % e 5.1%. Vale ressaltar que as maiores concentrações
encontram-se próximas à linha costa onde há ocupação antrópica.
Palavras-chaves: Plataforma Continental Interna; Bacia Potiguar; sedimento terrígenos,
sedimentos bioclásticos.
ABSTRACT
The main objective of this work was to analyze the faciology of the shallow continental
shelf in the municipality of Icapuí region, the extreme east coast of Ceará, establishing
a response to the submerged sediment dynamics for the management of mineral
resources in the area. For the proposed goals were met and a literature mapping in the
area, a field survey to obtain bathymetric data and sample collection was conducted.
The samples underwent size analysis, organic matter and calcium carbonate to
determine the current deposition conditions and possible source areas for sediments of
the platform in question. Morphologically the bottom end of the west coast of the
municipality of Icapui platform presents shallow in the area that corresponds to the
Ponta Grossa beach with rocky outcrop from old lines of cliffs in the area, it was also
possible to check a channel in the resulting location of faulting in the area. The
analyzes of the material collected during field work showed that the shallow continental
shelf in the region of Icapui is formed by the accumulation of sediments from
terrigenous and biogenic origin that were reworked by successive events of
transgression and marine regression in the stage of evolution that Potiguar has been
connected with the formation of the Atlantic Ocean. These sediments are derived from
live and dead cliffs that are present along the entire length of the coast of Icapuí.
Predominant in the bottom of the platform sediments are fine sands and medium in the
presence of sparse gravel, this material is more than large particles from the rock
outcrops in some areas . The samples show 70 % Calcium Carbonate in its composition
according to the analyzes performed in the laboratory, ranking, which indicates that the
seabed in question is composed of bioclastic sediments. The content of organic matter
showed relatively low through the two methodologies used, with maximum of 2.5 % and
5.1 %. It is noteworthy that the highest concentrations are close to the coast line where
there is human occupation .
Keywords: Internal Continental Platform; Potiguar Basin; terrigenous sediment,
bioclastic sediments.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Delimitações da plataforma continental 28
Figura 2 Geologia da Bacia Potiguar e local de coleta de amostras, litoral
extremo oeste do Município de Icapuí, Ceará
29
Figura 3 Carta estratigráfica da Bacia Potiguar 30
Figura 4 Evolução do processo de separação dos continentes Sul-
Americanos e Africano
32
Figura 5 Reconstituição paleográfica do Atlântico Sul durante o final do
Aptiano retratando o processo de rifteamento do
supercontinente Gondwana
32
Figura 6 Praia de Retiro Grande (A); Praia de Ponta Grossa (B); Praia de
Redonda (C); Praia de Peroba (D)
35
Figura 7 Falésias na área de estudo. A) Ação marinha sobre a base das
falésias; B) erosão da base falésia; C) desmoronamento e recuo
da falésia.
36
Figura 8 Perfil esquemático de ocorrência das unidades carbonática e
siliciclásticas encontradas ao longo das falésias Costeiras
37
Figura 9 Formação Barreiras na Praia de Ponta Grossa 38
Figura 10 Formação Potengi sobrepondo a Formação Barreiras na região
da Praia de Redonda
39
Figura 11 Formação Jandaíra na base da falésia na Praia de Ponta Grossa 40
Figura 12 Falésias sendo recobertas pelos campos de dunas na região nas
Praias de Ponta Grossa e Redonda em Icapuí
41
Figura 13 Terraços Marinhos e Barreiras Arenosas na Praia de Ponta
Grossa, Icapuí
42
Figura 14 Atuação da Zona de Convergência Intertropical - ZCIT. Em A:
Posicionamento da ZCIT no mês maio de 2011; Em B:
Posicionamento da ZCIT no mês de novembro de 2011
43
Figura 15 Atuação da ZCIT sobre o nordeste brasileiro 44
Figura 16 Princípios básicos de uma onda 47
Figura 17 Sistema de formação das marés de quadratura e sizígia
Figura 18 Fluxograma das etapas de trabalho para a elaboração desta
dissertação
50
Figura 19 Etapa de coleta das amostras 52
Figura 20 Sistema do ecobatímetro (A); Obtenção de dados batimétricos
em campo (B)
53
Figura 21 Sequência dos processos de análise granulométrica 57
Figura 22 Em A: Calcímetro de Bernard do Laboratório de Geologia e
Geomorfologia Costeira e Oceânica – LGCO, Em B: Esquema
funcional do Calcímetro de Bernard (modificado)
60
Figura 23 Etapas do processo de medição do teor de carbonato de cálcio
utilizando o Calcímetro de Bernard (modificado)
61
Figura 24 Processo de medição do teor de matéria orgânica utilizando a
metodologia da calcinação
63
Figura 25 Processo de medição do teor de matéria orgânica utilizando a
metodologia da titulação
65
Figura 26 Disposição de falhas geológicas no litoral extremo oeste de
Icapuí
67
Figura 27 Afloramentos rochosos na faixa de praia e início da plataforma
continental interna na praia de Ponta Grossa, Icapuí
68
Figura 28 Amostra 07 (Bruta), classificada como cascalho arenoso;
Amostra 27, presença de fragmentos da Formação Barreiras
sendo capeada por concreção carbonática (A)
70
Figura 29 Amostras 49 e 54, classificadas como areia, coletadas nas
proximidades das Praias de Redonda e Peroba
70
Figura 30 Amostra 19, classificada como areia média, coletada nas
proximidades da Praia de Ponta Grossa; Amostra 13,
classificada como areia fina, coletada entre as Praia de Retiro
Grande e Ponta Grossa
73
Figura 31 Fragmentos de sedimentos bioclásticos nos sedimentos de
fundo da plataforma continental interna do litoral extremo oeste
do município de Icapuí. Restos de conchas (A) e Algas
Calcárias do tipo Halimeda (B)
90
Figura 32 Processo de transporte e seleção hidrodinâmica dos grãos de
sedimentos
91
Figura 33 Síntese das áreas fonte de sedimentos para plataforma adjacente
à área em estudo
92
Figura 34 Transferência de material das falésias ativas para faixa de praia 93
Figura 35 Barreiras Arenosas na Praia de Ponta Grossa 94
Figura 36 (A e D) transporte de sedimentos dunares para faixa de praia
via força eólica; (B) Base da duna solapada pela ação da maré e
ondas incidentes destaque para os leques de sedimentos que são
transportados por gravidade; (C) influência antrópica no
transporte de sedimentos dunares.
94
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Média do precipitado total de cada mês para a última década 45
Gráfico 2 Altura de ondas entre os anos de 2011 e 2013 47
Gráfico 3 Período de ondas entre os anos de 2011 e 2013 48
Gráfico 4 Amplitudes máximas e mínimas das marés de sizígia durante o
ano de 2013 registradas pelo Porto de Macau/RN
49
Gráfico 5 Diagrama mostrando os teores de ocorrência das classes
granulométricas nas amostras de sedimentos coletadas na
plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí
69
Gráfico 6 Diagrama mostrando os teores de ocorrência do diâmetro médio
da fração arenosa nas amostras de sedimentos coletadas na
plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí
72
Gráfico 7 Acúmulo do diâmetro médio da fração arenosa nas amostras de
sedimentos coletadas na plataforma interna do litoral extremo
oeste de Icapuí
74
Gráfico 8 Diagrama mostrando os teores de ocorrência do grau de seleção
da fração arenosa nas amostras de sedimentos coletadas na
plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí.
76
Gráfico 9 Variação do desvio padrão nos sedimentos coletados na
plataforma continental interna do litoral extremo oeste de Icapuí
77
Gráfico 10 Diagrama mostrando os teores de curtose da fração arenosa nas
amostras de sedimentos coletadas na plataforma interna do litoral
extremo oeste de Icapuí
77
Gráfico 11 Variação dos valores de curtose nos sedimentos coletados na
plataforma continental interna do litoral extremo oeste de Icapuí
78
Gráfico 12 Variação dos valores de curtose nos sedimentos coletados na
plataforma continental interna do litoral extremo oeste de Icapuí
79
Gráfico 13 Diagrama mostrando os teores de assimetria da fração arenosa
nas amostras de sedimentos coletadas na plataforma interna do
litoral extremo oeste de Icapuí
79
Gráfico 14 Teores de matéria orgânica nos sedimentos coletados utilizando a
metodologia da calcinação
80
Gráfico 15 Teores de matéria orgânica nos sedimentos coletados utilizando a
metodologia da titulação
82
Gráfico 16 Correlação entre as duas metodologias para medição de matéria
orgânica
83
Gráfico 17 Concentração de Carbonato de Cálcio em sedimentos da
plataforma continental interna de Icapuí
85
Gráfico 18 Diagrama mostrando os teores de fácies sedimentares segundo a
classificação de Larsonneur (1977) nas amostras de sedimentos
coletadas na plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí
88
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 Localização do município de Icapuí, litoral extremo leste do Ceará 19
Mapa 2 Delimitação da área de estudo e pontos de amostragem de
sedimentos superficiais da plataforma interna
20
Mapa 3 Espacialização das Unidades Geomorfológicas do litoral extremo
oeste de Icapuí
34
Mapa 4 Modelo 3D batimétrico da Plataforma Continental interna do
extremo oeste de Icapuí, Ceará.
66
Mapa 5 Mapa batimétrico da plataforma continental do litoral extremo
oeste de Icapuí
66
Mapa 6 Mapa da distribuição dos sedimentos coletados na plataforma do
litoral extremo oeste do munícipio de Icapuí segundo a
Classificação de Folk (1957).
71
Mapa 7 Mapa da distribuição dos sedimentos coletados na plataforma do
litoral extremo oeste do munícipio de Icapuí segundo o diâmetro
médio do grão
75
Mapa 8 Mapa da distribuição da matéria orgânica presente dos sedimentos
coletados na plataforma do litoral extremo oeste do munícipio de
Icapuí segundo a metodologia da calcinação
81
Mapa 9 Mapa da distribuição da matéria orgânica presente dos sedimentos
coletados na plataforma do litoral extremo oeste do munícipio de
Icapuí segundo a metodologia da Titulação.
84
Mapa 10 Mapa da distribuição dos teores de carbonato de cálcio presente
nos sedimentos coletados na plataforma do litoral extremo oeste
do munícipio de Icapuí segundo a metodologia da Titulação
87
Mapa 11 Mapa da distribuição fácies sedimentares presentes na plataforma
do litoral extremo oeste do munícipio de Icapuí
89
Mapa 12 Imagem de satélite mostrando a dispersão de sedimentos ao longo
da plataforma interna do Município de Icapuí, em destaque, a área
em estudo.
96
LISTA DE ABREVIAÇÕES
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CPRM
Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais
CNDUN
Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DHN Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
GPS Global System Position
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
INPE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
LABOMAR Instituto de Ciências do Mar
LEPLAC
Levantamento da Plataforma Continental Brasileira
LGCO Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica
MMA Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal
PRONEX Programa de Apoio a Núcleos de Excelência
REVIZEE Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona
Econômica Exclusiva
REMAC
Reconhecimento da Margem Continental Brasileira
SAG Sistema de Análise Granulométrica
SIG Sistema de Informações Geográficas
SUDENE
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
UECE Universidade Estadual do Ceará
UFC Universidade Federal do Ceará
UTM Universal Transversa de Mercator
ZCIT Zona de Convergência Intertropical
ZEE Zona Econômica Exclusiva
Agradecimentos
Resumo
Abstract
Lista de ilustrações
Lista de gráficos
Lista de mapas
Lista de abreviações
Capítulo 1 – Introdução....................................................................................... 16
1.1. Objetivos ........................................................................................................ 17
1.1.2. Objetivo Geral.............................................................................................. 17
1.1.3. Objetivos Especifícos.................................................................................... 17
1.2 Justificativa do tema....................................................................................... 17
1.3 Localização da área de estudo....................................................................... 19
2. Capítulo 2 - Referencial Teórico 20
2.1. Estado da arte da pesquisa oceanográfica em águas brasileiras e
cearenses................................................................................................................
21
2.2. Margem Continental..................................................................................... 27
2.3. Plataforma continental do Ceará................................................................. 28
Capítulo 3 – Caracterização do ambiente costeiro e marinho de Icapuí......... 28
3.1. Aspectos da Geologia..................................................................................... 29
3.1.1. Bacia Potiguar.............................................................................................. 29
3.1.2. Evolução Tectônica...................................................................................... 31
3.2. Aspectos Geomorfológicos ........................................................................... 33
3.2.1. Planície Costeira.......................................................................................... 35
3.2.2. Falésias......................................................................................................... 36
3.2.3. Formação Barreiras..................................................................................... 36
3.2.4. Formação Potengi........................................................................................ 39
3.2.5. Formação Jandaíra ..................................................................................... 39
3.2.6. Campos de Dunas......................................................................................... 40
3.2.7. Terraços marinhos e barreiras arenosas..................................................... 41
3.3. Aspectos Climatológicos................................................................................ 42
3.3.1. Ventos........................................................................................................... 44
3.3.2. Análise da precipitação na última década para Icapuí............................... 45
3.4. Aspectos Oceanográficos.............................................................................. 45
3.4.1. Ondas............................................................................................................ 46
3.4.2. Marés............................................................................................................ 48
Capítulo 4 – Material e Métodos......................................................................... 50
4.1. Etapa de Gabinete......................................................................................... 50
4.1.1. Levantamento Bibliográfico......................................................................... 50
4.1.2. Levantamento Cartográfico.......................................................................... 51
4.2. Etapa de Campo............................................................................................ 51
4.2.1. Levantamento Batimétrico............................................................................ 52
4.2.2. Tratamento dos dados da batimetria............................................................ 54
4.3. Etapas de Laboratório.................................................................................. 54
4.3.1. Tratamento das amostras............................................................................. 54
4.3.2 Escala Granulométrica................................................................................. 55
4.3.3. Análise textural – Granulometria................................................................. 56
4.3.4. Tratamento Estatístico.................................................................................. 58
4.3.5. Teor de Carbonato de Cálcio (CaCO3) ...................................................... 59
4.3.6. Teor de Matéria Orgânica............................................................................ 61
4.3.7. Matéria Orgânica (POR CALCINAÇÃO) ................................................... 62
4.3.8. Matéria Orgânica (POR TITULAÇÃO) ...................................................... 63
Capítulo 5 – Discussão e Resultados................................................................... 64
5.1. Análise das formas de fundo da plataforma continental interna do litoral
extremo oeste de Icapuí.........................................................................................
64
5.2. Análise sedimentológicas das amostras de fundo da plataforma
continental interna do litoral extremo oeste de Icapuí........................................
68
5.3. Parâmetros estatísticos obtidos com os resultados das análises
granulométricas das amostras de sedimentos de fundo da plataforma
continental interna do litoral extremo oeste de Icapuí........................................
72
5.3.1. Diâmetro médio........................................................................................... 72
5.3.2. Grau de Seleção.......................................................................................... 74
5.3.3. Curtose......................................................................................................... 77
5.3.4. Assimetria.................................................................................................... 78
5.4. Concentração de Carbonato de Cálcio e Matéria Orgânica..................... 79
5. 4. 1. Distribuição das concentrações de Matéria Orgânica.............................. 79
5.4.2. Análise da matéria orgânica utilizando o método da calcinação dos
sedimentos...............................................................................................................
80
5.4.3. Análise da matéria orgânica utilizando o método da titulação dos
sedimentos...............................................................................................................
82
5.4.4. Distribuição da concentração de Carbonato de Cálcio............................... 85
5.4.5. Análise da classificação de Larsonneur (1977) .......................................... 88
5.5. Análise das áreas fonte de sedimentos para a plataforma continental
interna do litoral extremo oeste Icapuí...............................................................
91
Capítulo 6 – Conclusões....................................................................................... 97
Referências Bibliográficas....................................................................................
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
16
CAPITULO 1 – INTRODUÇÃO
A Plataforma Continental Brasileira apresenta um grande potencial para a
exploração de recursos naturais, principalmente no que concerne aos recursos minerais e
energéticos. As pesquisas atuais focam principalmente no levantamento quanto ao
potencial petrolífero e gás natural, porém quando se fala em exploração de recursos
minerais em águas rasas, ainda falta uma lacuna, contudo, estudos apontam que nos
próximos dez anos as explorações irão se concentrar principalmente em águas
relativamente rasas na chamada Zona Econômica Exclusiva, isto se evidencia através de
um decréscimo de matéria-prima de origem continental e a consequente necessidade de
novas áreas fontes.
A junção das quatro grandes interfaces globais, litosfera, atmosfera, hidrosfera e
biosfera são de fundamental importância para o entendimento das formas de deposição
ao longo da zona costeira. Esses fatos contribuem na sedimentação da plataforma
continental constituindo um pacote estratigráfico que é influenciado pelos processos
costeiros, ondas, correntes e marés, além das variações do nível do mar.
Assim, os sedimentos depositados no fundo destes ambientes podem ser
classificados quando a origem em sedimentos terrígenos, provenientes da sedimentação
continental, resultante do intemperismo físico e químico, e sedimentos bioclásticos,
provenientes da sedimentação carbonática em ambiente marinho, juntam-se a esses
sedimentos os materiais autigênicos e cosmogênicos.
Com os resultados obtidos através das análises de sedimentos foi possível
identificar uma mistura na composição dos sedimentos que formam o fundo da
plataforma interna rasa do litoral extremo oeste de Icapuí. O material terrígeno
classificado como areia de granulometria fina a muito fina apresenta cascalhos ao longo
da área em estudo, principalmente nas proximidades de afloramentos rochosos
provenientes de linhas de falésias que foram afogadas pela variação do nível do mar. O
material bioclástico encontra-se em conjunto com o material terrígeno e a sua origem
está relacionada à deposição de material biodetriticas.
As prováveis áreas fontes podem ser destacadas na área, sendo elas, as linhas de
falésias ativas, campos de dunas, e faixa de praias adjacente à plataforma em questão,
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
17
todavia, ainda se fazem necessários estudos referentes às movimentações de corrente
para determinação do trajeto da sedimentação na área da Plataforma.
1.1.Objetivos
1.1.2. Objetivo Geral:
Caracterizar a faciologia da plataforma continental interna do litoral extremo
oeste do município de Icapuí, estabelecendo uma resposta para a dinâmica sedimentar
submersa para fins de gestão dos recursos minerais presentes na área.
1.1.3. Objetivos Específicos:
Interpretar o fundo oceânico a partir de um levantamento batimétrico da
plataforma continental interna do litoral oeste de Icapuí;
Estabelecer e aquilatar os processos de origem e deslocamento de sedimentos
através da aquisição, processamento, análise e interpretação de dados dos
sedimentos de fundo na área em estudo;
Estabelecer uma correlação entre as sequências sedimentares e os diferentes
níveis de sedimentação na plataforma continental interna em estudo;
Identificar as áreas fontes de sedimentos para a região em questão.
1.2. Justificativa do tema
A Plataforma Continental compreende a área oceânica que tem seu início
marcado pela linha de costa e alonga-se até uma mudança brusca do gradiente de
elevação, área conhecida por Talude Continental. Segundo a classificação da margem
continental brasileira, desenvolvida por Silveira (1964), modificada por Martins &
Coutinho (1981) e Villwock (1994) a região em estudo, em Icapuí, está situada na Costa
Semiárida (Baía de São Marcos (MA) – Cabo Calcanhar (RN).
Esta porção da Costa Nordeste, caracterizada pelo baixo aporte fluvial,
apresenta-se em sua maior parte com uma forma retilínea, com um clima semiárido,
favorecendo a formação de dunas costeiras móveis, além da presença de lagunas e
salinas. Ao longo da linha de costa ocorrem tabuleiros costeiros da Formação Barreiras,
que são cortados por rios de pequeno porte, apresentando o desenvolvimento de
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
18
planícies costeiras com sistemas de laguna/barreira de pequena extensão, estes sistemas
têm papel fundamental para fluxo de material entre a parte emersa e submersa da
margem continental (Paiva, 1996).
Os recursos minerais da Plataforma Continental Brasileira, com exceção dos
derivados do petróleo, se apresentam como os depósitos de mais fácil exploração e de
recorrente importância para um futuro próximo, sendo eles os sedimentos de origem
terrígena, areias e cascalhos e sedimentos de origem carbonática, e minerais pesados. É
nesse contexto que se encontra atualmente a região que compreende a bacia potiguar,
mais precisamente na região do município de Icapuí, litoral leste do Ceará. A região é
fortemente conhecida por sua produção petrolífera continental e com perspectivas para
produção em zona offshore. Em virtude do fato de se apresentar como uma plataforma
essencialmente rasa, a mesma encontra-se sujeita aos processos costeiros atuantes na
região (ondas, correntes, marés e ventos) proporcionando uma constante troca entre
erosão, transporte e deposição, tornando-se um ciclo continuo.
Compreender como se dá o processo de sedimentação e trocas de material entre
a zona emersa e submersa através dos processos costeiros proporcionará um melhor
entendimento dos ambientes de deposição gerados em idades pretéritas e atuais,
identificando quais os tipos de material presente e suas utilidades, como areias
siliciclásticas para a construção civil e areias carbonáticas provenientes de algas
calcárias e sedimentação biogeoquímica, para a indústria química, farmacêutica e
agrícola.
Existe ainda a possibilidade de exploração de minerais pesados encontrados na
zona de transferência entre o continente e o oceano, chamados de minerais “acessórios”
devidos o fato de ocorrerem em conjunto com areias provenientes da erosão de rochas
no substrato rochoso adjacente, esses materiais podem ser utilizado como evidência para
determinação da proveniência sedimentar, estabelecendo assim, áreas fontes para a
sedimentação local, além de apontar possíveis alterações causadas pela ação antrópica
em zonas costeiras, que podem de certa forma, alterar os índices e teores de material
que é carreado (Almeida, 2011).
Assim, identificar e quantificar os tipos de materiais que se fazem presentes na
interface continente-oceano é de fundamental para a elaboração de plano de manejo e
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
19
exploração em vista às possibilidades de utilização dos mesmos para futuras
necessidades antrópicas.
1.3. Localização da área de estudo
O municpio de Icapuí está localizado no extremo oeste do Estado do Ceará, logo
na divisa com o Estado do Rio Grande do Norte. Ao todo são 14 praias divididas em 64
km de linha de costa. Icapuí abrange aproximadamente 10% do dos 573 km de
extensão do litoral cearense, com área de 428 km². Distante 200 km da capital do
Estado, Fortaleza, 350 km de Natal, a capital Potiguar. O Acesso ao município se dá
através da CE-040 e da BR – 304. A partir de Aracati, prossegue pela CE-216 em
direção a Icapuí (Mapa 1).
Mapa 1: Localização do município de Icapuí, litoral extremo leste do Ceará.
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Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
20
A área de coleta de amostras está localizada na plataforma continental interna
adjacente às praias do litoral extremo oeste do município de Icapuí, conforme mostra o
mapa abaixo (Mapa 2).
Mapa 2: Delimitação da área de estudo e pontos de amostragem de sedimentos superficiais da plataforma
interna.
CAPÍTULO 2 – REFERECIAL TEÓRICO
Os trabalhos se concentraram nas áreas afins das Ciências Marinhas, como
oceanografia geológica, oceanografia química, geografia e geologia e foram abordadas e
correlacionadas em acordo com a área em estudo e os processos que envolvem a
geologia local, processos atuantes e o ciclo sedimentar atuante na zona emersa e
submersa do continente.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
21
2.1. Estado da arte da pesquisa oceanográfica em águas brasileiras e cearenses
As primeiras informações sobre os oceanos surgiram época das Grandes
Navegações entre os séculos XV e XVI, época conhecida pelas conquistas de novas
terras por Portugueses, Espanhóis, Italianos e Ingleses. No período, a única forma de
comunicação entre os continentes era feita através das navegações com recursos
técnicos escassos que levaram ao longo dos tempos uma necessidade de desenvolver
novos equipamentos e técnicas, como por exemplo, estabelecer o posicionamento
geográfico das embarcações.
Segundo Dias & Figueiredo (2004) é preciso destacar que esta evolução estava
postada em um cenário baseado na técnica artesanal até o momento em que houve uma
melhoria nos padrões de navegação pautada na Revolução Industrial e no advento da
energia movida a vapor.
Atualmente, a utilização de novos materiais, no momento que houve um
aperfeiçoamento eletrônico, na miniaturização de equipamentos, novas técnicas
acústicas, dos satélites, dos computadores e do laser proporcionou um conhecimento
sem precedentes sobre os oceanos e a relação estabelecida entre a humanidade e o mar.
As primeiras expedições voltadas para estudos oceanográficos propriamente
ditos ocorreram no início do século XIX, mais precisamente em 1800 quando houve o
desenvolvimento da técnica de levantamento batimétrico, devido à reduzida extensão de
cabos utilizados para sondagem do fundo marinho. Já em entre 1831 e 1836 o
Naturalista Charles Darwin participou da expedição no navio H.M.S. Beagle, durante os
trabalhos Darwin estudou sobre a evolução biológica e foi o primeiro a especular sobre
uma possível movimentação da crosta oceânica quando tentou explicar a formação de
atóis de corais.
A partir deste momento as águas brasileiras começam a fazer parte dos estudos
que remetem ao conhecimento da geologia marinha, principalmente com a chegada do
H.M.S. Beagle em 1832 no arquipélago de São Pedro e São Paulo, onde Charles
Darwin fez uma descrição detalhada da geologia, geomorfologia e biologia do local.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
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Dias & Figueiredo (2004) abrem um parêntese para a importância do período
entre as duas Guerras Mundiais, principalmente nos anos que antecederam a Segunda
Grande Guerra quando através da busca por submarinos durante a Expedição Meteor em
1930 desenvolveu-se o ecobatímetro para a determinação das profundidades o que
acabou descobrindo pouco tempo depois após o levantamento de perfis batimétricos no
Atlântico a cadeia mesoceânica.
Segundos os mesmos autores, depois do ecobatímetro, a outra criação no
período bélico foi o desenvolvimento do gravímetro que permitiu medir a gravidade nos
oceanos, esta descoberta possibilitou o aprimoramento da teoria da deriva continental
devido à associação das anomalias de gravidade negativa nas fossas oceânicas.
Entre os anos de 1872 e 1876 a expedição H.M.S. Challenger foi considerada a
primeira grande navegação voltada para Geologia Marinha do globo terrestre, ao longo
dos trabalhos foram coletadas diversas amostras de sedimentos do fundo oceânico o que
acabou dando impulso às pesquisas no tocante à geologia marinha brasileira e ao
reconhecimento dos sedimentos de fundo da margem continental (Dias & Figueiredo,
2004).
A primeira iniciativa brasileira que se tem notícia com o objetivo focado nos
estudos oceanográficos, mais precisamente do fundo oceânico, data de 1886. A partir do
Decreto Imperial 6113 em 2 de fevereiro do mesmo ano foi criada a “Repartição
Hydrographica” do Ministério da Marinha do Brasil, conhecida atualmente do Diretoria
de Hidrografia e Navegação – DHN. A DHN é responsável pelo levantamento
batimétrico, sondagens e cartas náuticas além dar apoio às diversas Instituições que
lidam com pesquisa cientifica no Brasil (DHN, 2013).
A Geologia Marinha ganhou espaço na Universidade brasileira em 1958 com a
instalação do Instituto de Biologia Marítima e Oceanografia da Universidade do Recife.
A DHN em parceria com a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste –
SUDENE, realizou uma série de trabalhos com o intuito de identificar e espacializar a
distribuição dos sedimentos da plataforma continental do Brasil.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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23
Desta forma começou a surgir no Brasil diversos trabalhos que tinham por
objetivo elucidar diversas questões sobre a Geologia Marinha, portanto serão destacados
alguns dos trabalhos que foram realizados na Costa do Nordeste do País e que serviram
de norte para alguns dos questionamentos que serão abordados ao longo desta
dissertação.
Um dos primeiros trabalhos que se tem notícia e que se remete aos aspectos
sedimentológicos da plataforma continental do nordeste foi o de Coutinho & Morais,
1968. O trabalho intitulado “Distribuicion de los sedimentos em la plataforma
continental norte y nordeste del Brasil” foi apresentado em Curaçao, no Caribe, e
continha o primeiro mapa de distribuição de sedimentos, as amostras foram coletadas no
Cruzeiro N-NE I e II, no NOc. Alm. Saldanha.
Um dos primeiros trabalhos sobre a fisiografia da margem continental
brasileira foi realizado por Barreto & Milliman (1969) com dados disponibilizados pela
Petrobrás e do U.S. Hydrographic Office.
A fisiografia da margem continental cearense foi retratada com detalhes por
Morais (1969) onde o autor analisa algumas características petrográficas e orogenéticas
do litoral e plataforma que correspondem ao Estado do Ceará e a relação que há entre
algumas formações presentes em Fernando de Noronha, sugerindo uma correlação
geológica entre elas.
No final de 1969, após a realização da Operação GEOMAR I, ocorreu o 1o
Encontro de Diretores de Instituições de Pesquisa no Mar, com o intuito de discutir
diretrizes para a pesquisa oceanográfica no Brasil visando esboçar, em grandes linhas,
um programa nacional que compreendia três anos de atividades (1970 - 1972). Este
programa trienal, de execução necessariamente flexível, permitiria ao país se integrar
em qualquer programa internacional, de modo a resguardar fundamentalmente os
interesses nacionais. Já foram realizadas mais de 25 operações GEOMAR e foram
coletadas mais de 3.000 amostras de sedimentos do fundo marinho.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
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Mabesoone & Coutinho (1970) resumiram os dados já existentes sobre a
geologia litorânea e da plataforma continental do Nordeste do Brasil.
Em 1972 a PETROBRAS, Departamento Nacional de Produção Mineral –
DNPM, a Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais – CPRM, a Diretoria de
Hidrografia e Navegação – DHN e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico – CNPq e parceria com Universidades Brasileiras e Institutos
Internacionais criaram o projeto de Reconhecimento da Margem Continental Brasileira
– REMAC. Os trabalhos renderam uma coletânea de trabalhos sobre a sedimentação da
margem continental brasileira, totalizando 11 volumes e recebeu o nome de série
REMAC.
França et al (1976), baseando-se em amostras coletadas pelo REMAC nas
pernas 4 e 7, que corresponde às áreas entre Fortaleza e Salvador abordam através de
um estudo, a mineralogia, a composição química e a origem dos sedimentos.
Coutinho & Morais (1976) definiram as zonas fluviais e marinhas de
sedimentação sob a interferência do Rio Itapecuru na Baía de São José, Estado do
Maranhão. Ainda no Maranhão, Morais (1977) traça a evolução sedimentar da área que
compreende o Porto de Itaqui e no mesmo ano Pitombeira & Morais (1977) abordam os
aspectos do comportamento hidrodinâmico e sedimentológico do Rio Bacanga em São
Luiz.
Na operação GEOMAR VIII, do N. Oc. Alm. Câmara coletou oito testemunhos
no talude e sopé continental entre a foz do rio Gurupi, no Maranhão e Fortaleza, no
Ceará. Vicalvi & Palma (1980), a partir dos estudos da litologia e bioestratigrafia destes
testemunhos, discorreram sobre a bioestratigrafia e as taxas de acumulação dos
sedimentos quaternários nesta região.
No tocante ao ciclo sedimentar na região ao largo de Fortaleza, Morais (1972,
1980 E 1981) traça um paralelo entre os processos de assoreamento, transporte e
evolução sedimentar na enseada da praia do Mucuripe, estabelecendo uma conexão com
o processo de ocupação e construção do Porto do Mucuripe na região.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
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Ainda através de dados provenientes das Operações GEOMAR XVIII e XXI,
Freire (1985), abordou os aspectos da geologia marinha no Estado do Ceará, com
enfoque para a distribuição faciológica, aspectos geoquímicos e paleogeográficos.
Menezes et al (1986) realizou um estudo preliminar sobre a distribuição de minerais
pesados na plataforma continental do Ceará.
Em 1988 foi criado o Plano de Levantamento da Plataforma Continental
Brasileira – LEPLAC, com o objetivo de estabelecer o limite externo da plataforma
continental brasileira, levando em consideração o enfoque jurídico, estando em acordo
com o que foi estabelecido pela Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar -
CNDUN, o plano possibilitou angariar um grande acervo de dados sobre a batimetria de
precisão, sísmica de reflexão, gravimetria e magnetometria, possibilitando assim u
melhor reconhecimento da margem continental do país.
Em 1993, foi criado em parceria com o Departamento Nacional de Produção
Mineral – DNPM e a Universidade Federal do Ceará, o Projeto de Avaliação dos
Recursos Minerais da Plataforma Continental Interna do Estado do Ceará, onde foram
estudados os pláceres de minerais pesados, assim com áreas com potencial para
exploração de areias quartzosas e algas calcárias.
Já em 1995, o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal – MMA em conjunto, iniciou o levantamento sobre a caracterização
física e geoquímica da plataforma continental, bancos submersos e áreas oceânicas que
fazem parte da plataforma continental jurídica. O Projeto REVIZEE gerou uma série de
informações sobre vários aspectos da plataforma continental brasileira, os resultados
geraram vários volumes de livros para cada região do país.
No começo dos anos 2000, passou-se a estudar a possibilidade da utilização de
agregados marinhos siliciclásticos para recuperação de praias em erosão, devido às
diversas condições de ocupação do litoral, amplamente discutida na literatura cientifica
Maia Et Al (2000,2002, 2006 E 2007) e Cavalcanti & Freire (2007).
Em 2010, o Grupo de Pesquisa em Sistemas Costeiros e Oceânicos da
Universidade Estadual do Ceará – UECE, através do Laboratório de Geologia e
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Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
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Geomorfologia Costeira o Oceânica – LGCO, em parceria com o Instituto de Ciências
do Mar – LABOMAR/UFC criou o Núcleo de Excelência em Granulados Marinhos do
Estado do Ceará, onde o projeto principal intitulado, “Potencialidades e Manejo
Ambiental na Exploração de Granulados Marinhos do Estado do Ceará”, com o
objetivo de levantar informações geológicas e oceanográficas para a exploração,
buscando um manejo dos recursos minerais da costa cearense.
Durante o projeto foi realizada uma série de campanhas oceanográficas em
toda extensão da plataforma continental do Estado do Ceará, com enfoque para as
regiões ao largo dos municípios de Camocim, Fortaleza, Cascavel/Beberibe e Icapuí.
Através disto foi possível acumular diversos dados batimétricos, sedimentológicos,
geoquímicos e sísmicos dessas áreas em escala até então, ainda não trabalhada no
Estado.
2.2. Margem Continental
Através da evolução do conhecimento da geologia marinha e demais aspectos
ligados a ela atualmente é possível estabelecer um quadro geral da atual situação da
morfologia e fisiografia do fundo dos oceanos. Isto é resultado principalmente da
evolução da tectônica global atuante desde a fragmentação do supercontinente Pangea e
dos agentes modificadores, estando associado aos processos de erosão, transporte e
deposição nas margens continentais e bacias oceânicas Batista Neto & Silva (2004).
Chama-se por Margem Continental a zona de transição entre os continentes e
as bacias oceânicas. Kennet (1982) aponta dois tipos principais quando levamos em
consideração a morfologia e evolução tectônica, o autor as chama de “tipo atlântico” e
do “tipo pacifico”. A primeira é marcada uma extensão mais proeminente, tectônica
estável e com relação ao aspecto sedimentológico costuma apresentar camadas espessas
de sedimentos. Já a segunda, apresentam uma largura limitada, instáveis tectonicamente
e não apresentam, devido a isto, extensas camadas de sedimentos por estarem em
constante modificação.
Segundo Batista Neto & Silva (2004), as margens continentais do tipo
atlântica, como no caso da margem Brasileira, apresentam uma fisiografia bem definida
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dividida em três províncias distintas: a plataforma continental, o talude continental e a
elevação ou sopé continental.
A Plataforma Continental, característica das margens continentais do tipo
atlântico, apresenta normalmente gradientes de elevação suaves, inferiores a 1:1000,
abrangendo a linha de costa até uma mudança brusca, onde há um aumento do gradiente
topográfico, chamada de quebra da plataforma SUGUIO (2003); BATISTA NETO &
SILVA (2004). A morfologia é resultado do efeito acumulativo dos processos cíclicos
de erosão e deposição em relação às constantes oscilações no nível do mar conforme
mostra (Kennet, 1982) ;(Suguio, 2003).
Segundo SUGUIO (2003), a extensão a largura da plataforma continental varia
ao longo do globo, podendo ultrapassar em alguns casos 300 km de extensão. No Brasil
a maior largura alcançada ocorre ao longo do estuário do Rio Amazonas, aonde ela
chega à 200 km de extensão e a menor ocorre na Bahia, nas proximidades da cidade de
Salvador, aonde ela atinge apenas 40 km de extensão.
Já o talude continental define-se a partir da quebra da plataforma, em uma
profundidade que atinge de 100 a 150 metros, é caracterizada por uma encosta que varia
entre 10 e 200 km de largura. É nessa área onde as profundidades passam a aumentar
consideravelmente atingindo 3.500 m em alguns pontos com gradientes de elevação
mais íngremes cerca de 1:15 e muitas vezes pode chegar aos 1:4. (Vicalvi & Palma,
1980; Batista Neto & Silva, 2004). Vale ressaltar a grande incidência de deslizamentos
de sedimentos superficiais na área, fazendo do talude continental uma área de grande
instabilidade.
Entre o talude continental e a bacia oceânica temos o sopé continental, a sua
largura pode variar de 100 a 1.000 km, e um gradiente suave de 1:400 a 1:800 que
decrescendo em direção ao oceano aberto, Segundo Batista Neto & Silva (2004), devido
a essa variação na declividade acaba dificultando a determinação dos limites entre o
talude continental e as bacias oceânicas (Figura 1).
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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Figura 1: Delimitações da Plataforma Continental
Fonte: Adaptado de Comissão Interministerial para os Recursos do Mar - CIRM
2.3. Plataforma continental do Ceará
A plataforma continental cearense possuí uma largura de aproximadamente 63
km em média. A largura máxima é atingida na região do município de Camocim, no
litoral oestes, onde as máximas chegam a 101 km de largura. É na região da Icapuí que
podemos encontrar um talude continental mais próximo à costa, onde as larguras médias
ficam em torno de 41 km. Ao longo de toda a sua extensão podem ser encontrados
paleo-canais submersos parcialmente preenchidos e formados por rios em períodos
regressivos do nível do mar (Martins & Coutinho, 1981; Arz et al., 1999).
A classificação da plataforma interna é considerada, segundo a literatura
científica pertinente, profundidade até onde a onde pode transportar carga de fundo,
(Kennett, J.,1982) e no estado do Ceará estende-se até os entornos da isóbata de 20
metros (Morais, 1981, Morais, 1998), com uma largura de até 8 km, predominando a
fácies de areais quartzosas (Cavalcanti e Freire, 1994).
CAPÍTULO 3 - - CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE COSTEIRO E
MARINHO DE ICAPUÍ
Neste capítulo serão abordas as características do ambiente físico em que a área
em questão se encontra. Serão analisadas as questões geológicas, geomorfológicas,
climáticas e oceanográficas, permitindo assim, estabelecer as conexões existentes elas e
sua importância para o enfoque desta dissertação.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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3.1. Aspectos da Geologia
3.1.1 Bacia Potiguar
A Bacia Potiguar encontra-se postada no extremo nordeste do Brasil,
abrangendo aproximadamente 48.000 km² ela abriga uma pequena porção nordeste do
Estado do Ceará e grande parte do Estado do Rio Grande do Norte. Da sua área total,
cerca de 21.000 km² correspondem à porção emersa da bacia enquanto que 26.500 km²
correspondem à porção submersa (e.g. plataforma continental e talude continental).
(Bertani et al., 1990) (ANP, 2013). A bacia apresenta como limites na sua porção
emersa os embasamentos a sul, a leste e a oeste e na sua porção submersa os altos de
Fortaleza a oeste e de Touros, a leste. Segundo o autor op.cit. a Bacia apresenta uma
importância fundamental na produção de hidrocarbonetos na região, principalmente
desde a descoberta na década de 70 dos campos de Ubarana e Mossoró no Rio Grande
do Norte (Figura 2).
Figura 2: Geologia da Bacia Potiguar e local de coleta de amostras, litoral extremo oeste do Município de
Icapuí, Ceará
Fonte: Adaptado de Cassab (2003).
Estruturalmente, a Bacia Potiguar é formada por três estruturas bem definidas,
conforme destacam Bertani et al. (1990), Souza, D.C (2002) e Filho, W.F. (2004), são
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
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elas: grabens assimétricos, altos internos e plataformas de embasamento. O Graben de
Pendências, o principal Graben da bacia possuí orientação NE e apresenta depósitos da
sua fase de rifteamento ladeados com as plataformas de Touros e Aracati, onde o
embasamento se faz mais raso e consequentemente se encontra capeado por depósitos
da fase de deriva continental (Figura 3).
Figura 3: Carta estratigráfica da Bacia Potiguar.
Fonte: CPRM, 2013
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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Segundo Filho, W.F. (2004), os altos internos são caracterizados por cristas
alongadas do embasamento e atuam separando os principais grabens, que foram
formados pela flexura em blocos de falhas normais. Os principais altos destacados na
área são dos altos de Quixaba, Serra do Carmo e Macau.
As plataformas rasas do embasamento, neste caso Aracati e Touros, se
encontram nas margens do graben central a leste e a oeste respectivamente, o
embasamento apresenta poucas falhas ao longo da sua extensão Bertani et al. (1990).
3.1.2. Evolução Tectônica
A origem da Bacia Potiguar foi, e ainda é alvo de diversos estudos ao longo dos
últimos anos no que concerne à sua origem e consequente evolução, no entanto é
consenso que a sua formação está estritamente ligada ao processo de separação do
supercontinente Gondwana (Souza, D.C, 2002).
Assim, segundo Jardim de Sá (1994) a geometria da Bacia Potiguar parece ter
sido controlada por reativações de antigas zonas de cisalhamento neoproterozóicas com
direção predominantemente NE-SW e E-W. Diversos autores propuseram modelos para
definir o mecanismo principal de geração do Rifte Potiguar, assim, destacam-se os
trabalhos de Françolin & Szatmari (1987), Matos (1992, 1999 e 2000).
Françolin & Szatmari (1987), apontam que a origem da Bacia Potiguar estaria
ligada teria sido formada a partir do processo de separação entre os continentes sul-
americano e africano, sendo condicionada por movimentações de direções divergentes
E-W, segundo os mesmos autores, esta movimentação durante a separação dos
continentes iniciou-se em meados do período Jurássico (Figura 4).
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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Figura 4: Evolução do processo de separação dos continentes Sul-Americanos e Africano
Fonte: Françolin & Szatmari (1987) Sousa (2003)
Para Matos (1992, 1999 e 2000), a evolução tectônica da Bacia Potiguar estaria
relacionada diretamente à movimentação distencionais de direção NW-SE/E-W, o que
deu origem a orientações NE das bacias riftes na Província da Borborema (Figura 5).
Figura 5: Reconstituíção paleográfica do Atlântico Sul durante o final do Aptiano retratando o processo
de rifteamento do supercontinente Gondwana.
Fonte: Morgan, W. J. 1983
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3.2. Aspectos Geomorfológicos
A Planície Costeira em que a área de estudo está postada é caracterizada pela
presença de feições geomorfológicas que são resultantes de constantes variações do
nível do mar e flutuações climáticas durante o Quaternário, os terraços marinhos de
origem holocênica, os campos de dunas, falésias vivas e mortas, faixas de praia
formaram-se através da ação de eventos de abrangência global relacionadas com os
processos de regressão e transgressão marinha (Meireles, 2005).
Um exemplo que facilmente pode ser destacado na área é a presença de falésias
mortas, que se formaram graças a um nível de mar mais elevado do que o que apresenta
atualmente, além disso, os movimentos de placa, relacionados com a formação do
Oceano Atlântico e alternâncias entre climas de características úmidas e áridos a
semiáridos são ideais para o transporte de sedimentos pelo vento e consequentemente
formação dos campos de dunas pretéritos e atuais.
O Mapa a seguir mostra a espacialização das unidades geoambientais presentes
na área de estudo, desde a Praia de Retiro Grande até a Praia de Peroba.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014) Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
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Mapa 3: Espacialização das Unidades Geomorfológicas do litoral extremo oeste de Icapuí
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3.2.1. Planície Costeira
A Planície Costeira em que a área em estudo se localiza apresenta-se
predominantemente arenosa, assim como grande parte das praias do Estado, mas esta
característica não se faz presente ao longo de toda a sua extensão, como uma feição
homogênea, isto se dá devido à presença de afloramentos rochosos (e.g. rochas do pré-
cambriano e fanerozóicas) como é possível se observar na Praia de Ponta Grossa, onde
há rochas cretáceas da Formação Açu ou Barreiras. A Praia de Retiro Grande apresenta
extensas linhas de falésias ativas em sua extensão, na Praia de Ponta Grossa é possível
destacar a presença de terraços marinhos provenientes da variação do nível do mar e
barreiras arenosas que ficam expostas na medida em que a maré recua, sendo ela mais
visível em período de marés de sizígia. As linhas de falésias ativas se fazem presentes
em maior extensão nessa área, que vai desde a região do promontório até as
proximidades da praia de Redonda. As Praias de Redonda e Peroba apresentam feições
mais arenosas ao longo de suas extensões, o destaque fica para a praia de Redonda, que
apresenta ao longo de sua enseada o maior nível de ocupação dentro de todas as áreas
levantadas (Figura 6).
Figura 6: Praia de Retiro Grande (A); Praia de Ponta Grossa (B); Praia de Redonda (C); Praia de Peroba
(D).
Fonte: o autor.
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3.2.2. Falésias
O litoral extremo oeste do município de Icapuí apresenta uma feição
característica com caimento abrupto, essas feições são chamadas de falésias que são
esculpidas pela ação das ondas sobre as rochas e perfazem-se visíveis ao longo do litoral
do município. Ao passo que o processo de erosão se faz presente de modo contínuo,
essas falésias são chamadas de falésias vivas; caso este processo não se faça mais
presente, isto é, quando a rocha não sofre mais a abrasão marinha, a falésia é
denominada de falésia mortas (Figura 7).
Figura 7: Falésias na área de estudo. A) Ação marinha sobre a base das falésias; B) erosão da base falésia;
C) desmoronamento e recuo da falésia.
Segundo Dominguez et al (1987) e Sousa et al (2008), os sedimentos das rochas
provenientes da Formação Barreiras acumularam-se em uma extensa planície aluvial
que se estendia continente adentro, isto é confirmado pela ocorrência de rochas desta
formação ainda serem encontradas no interior do continente. A datação feita por
Alheiros & Lima Filho (1991) comprova que os sedimentos que deram origem a essas
Fonte: Adaptado de CARLOS, F.C. (2011)
A
B
C
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
37
rochas foram depositados em um sistema fluvial entrelaçado em associação com leques
aluviais e com fácies de influência litorânea.
Segundo Meireles et al (2005) e Sousa et al (2008) as falésias ativas na região da
Praia de Ponta Grossa fazem são uma resposta a um conjunto de mudanças
morfológicas em níveis marinhos diferentes ao longo da era geológica. Nas praias de
Retiro Grande, Redonda e Peroba apresentam os maiores trechos de falésias mortas
intercaladas com falésias vivas.
Estas falésias são constituídas por deformidades tectônicas provenientes do
cenozoico que sedimentaram em conjunto com as formações terciárias e quaternárias.
De acordo com Sousa et al (2008) as falésias presentes no litoral de Icapuí são
constituídas pelas Formações Barreiras, Potengi, Tibau e Jandaíra. O mesmo autor
ainda subdivide em unidades siliciclásticas e carbonáticas, conforme pode ser visto no
perfil estratigráfico abaixo (Figura 8).
Figura 8: Perfil esquemático de ocorrência das unidades carbonática e siliciclásticas encontradas ao longo das
falésias Costeiras.
Fonte: (Sousa, 2003).
3. 2. 3. Formação Barreiras
A Formação Barreiras vem sendo trabalhada desde os anos de 1902 no Brasil, e
se faz presente em uma boa parte da costa brasileira desde os Estados do Amapá até o
Rio de Janeiro, Matoso e Robertson (1959) e Sousa et al (2008) classificam a unidade
como todas as rochas não consolidadas que recobrem o cristalino ou que parecem ter
sido depositadas discordantemente sobre rochas de idade cretácea.
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Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
38
Conforme Souza (1988) e Souza (2002), a distribuição da Formação Barreira
ocorre de uma maneira continua e paralela ao longo de boa parte do litoral do Estado do
Ceará em meio a terrenos dissecados em interflúvios tabulares, os chamados tabuleiros
pré-litoraneos e é composta por uma complexidade de fácies sedimentares.
Na região do extremo oeste do município de Icapuí, a Formação Barreiras se
apresenta sob a forma de estruturas horizontalizadas e não deformadas ou com camadas
basculhadas e afetadas por deformação de forte magnitude, na localidade onde não há
deformação, as falésias expõem o nível mais acima, o que é composto por arenitos
médios a grossos, com intercalações de níveis conglomeráticos de coloração
avermelhada (Sousa, 2008).
Já nas falésias com rochas deformadas, onde o nível inferior da Formação
Barreiras está em condições de melhor visibilidade, os arenitos médios a finos podem
ser evidenciados e possuem coloração variando de amarelo, roxo e vermelho,
apresentando altos níveis de oxidação (Figura 9).
Figura 9: Formação Barreiras na Praia de Ponta Grossa.
Fonte: o Autor
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
39
3. 2. 4. Formação Potengi
Segundo Moura et al (2006), a Formação Potengi apresenta pacotes de arenitos
de cor avermelhada, com seixos e grânulos dispersos e localiza-se na parte superior das
falésias na região. Os sedimentos apresentam coloração avermelhada, cinza, branca e
amarelada, com grânulos e seixos de quartzo dispersos provenientes de campos de
dunas e paleodunas (Figura 10).
Figura 10: Formação Potengi sobrepondo a Formação Barreiras na região da Praia de Redonda.
Fonte: O autor.
3. 2. 5. Formação Jandaíra
De acordo com Meireles (1991) a Formação aflora principalmente na região da
Praia de Ponta Grossa, fazendo parte das falésias vivas, são calcários de cor creme,
compactos, fossilíferos, com acamamentos paralelos distintos. Segundo Souza (1982),
esta formação inclui as idades Turoniano e Campaniano Inferior. No calcário Jandaíra
estão contidas duas fáceis classificadas por Dunham (1962), sendo os bioclásticos com
bioturbações e bioclásticos maciços (Figura 11).
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
40
Figura 11: Formação Jandaíra na base da falésia na Praia de Ponta Grossa
Fonte: o autor
3.2. 6. Campos de Dunas
De acordo com Meireles (1991) foram definidas duas gerações de dunas,
associadas diretamente às variações do mar no Holoceno, disponibilidade de sedimentos
arenosos para a remobilização eólica, direção e velocidade dos ventos.
A primeira geração de dunas é evidenciada facilmente na região de a Praia de
Ponta Grossa, onde se encontram dispostas por cima dos terraços holocênicos, onde
também migraram e recobriram parte das falésias mortas, mascarando a sua
continuidade em direção ao extremo leste da planície litorânea, onde ocorrem na forma
de falésias vivas.
As dunas de segunda geração estão localizadas bordejando a linha de costa, e
ocorrem em toda a faixa de praia logo após a linha de berma. Segundo o mesmo autor
op. cit. as dunas de primeira geração foram formadas à medida que se processava a
regressão subsequente à última transgressão. Com a progradação sucessiva da planície
costeira, durante o Holoceno, os ventos remobilizavam os sedimentos para o interior da
CALCARENITO
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
41
planície formada recentemente, com a continuidade da construção dos terraços
marinhos as dunas interagiam concomitantes ao processo de regressão.
Quando o nível do mar estava nas proximidades das falésias vivas, a
remobilização eólica proporcionou a formação de dunas sobre os tabuleiros pré-
litoraneos (e.g. sedimentos continentais da Formação Barreiras) (Figura 12).
Figura 12: Falésias sendo recobertas pelos campos de dunas na região nas Praias de Ponta Grossa e
Redonda em Icapuí.
Fonte. O autor
3.2.7. Terraços marinhos e barreiras arenosas
Os terraços marinhos podem ser identificados em alguns setores da planície
costeira de Icapuí, desta forma, na área em estudo, foi possível identificar esta feição na
Praia de Ponta Grossa. Segundo Meireles (1991) os terraços marinhos são resultantes
do período de transgressão marinha, algo recorrente em Icapuí. Em associação aos
terraços podem ser identificadas também as barreiras arenosas que foram formadas
paralelas à linha de costa com auxílio dos processos costeiros atuantes na região (e.g.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
42
ventos, ondas, correntes e marés) e o afogamento das praias e dunas durante as
variações do nível do mar.
Esta feição é facilmente vista em períodos de maré de sizígia, quando o alcance
da maré atinge o máximo na preamar e baixamar, assim, formam-se pequenas lagunas,
principalmente nos meses de fevereiro a março quando o swell passa a ter grande
influência sobre a dinâmica no local (Figura 13).
Figura 13: Terraços Marinhos e Barreiras Arenosas na Praia de Ponta Grossa, Icapuí.
Fonte: O autor.
3.3. Aspectos Climatológicos
É de fundamental importância considerar a localização geográfica da área de
estudo, por se encontrar em área litorânea os períodos secos passam a serem atenuadas
por temperaturas amenas, mudanças sazonais entre as precipitações pluviométricas,
velocidades dos ventos e regime de ondas e passam a corroborar na mobilização de
sedimentos e outros materiais em ambiente continental e o de plataforma rasa.
Segundo a classificação de Köppen, a área em estudo apresenta o tipo climático
Aw’ – Clima Tropical Chuvoso, caracterizado por ser quente e úmido, com chuvas de
verão e outono. Este tipo de clima é característico de ambientes litorâneos, como ditos
anteriormente, com temperatura média elevada e com amplitude térmica anual inferior a
5ºC devido à constância da temperatura. Os regimes de vento na região Nordeste do
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43
Brasil, e em especial na região do município de Icapuí, são regidos por um sistema
climático que apresenta variações durante determinados períodos anuais. Essas
mudanças ocorrem graças à atuação da Zona de Convergência Intertropical – ZCIT.
Figura 14: Atuação da Zona de Convergência Intertropical - ZCIT. Em A: Posicionamento da ZCIT no
mês maio de 2011; Em B: Posicionamento da ZCIT no mês de novembro de 2011.
Fonte: Imagens METEOSAT – FUNCEME 2013.
A Zona de Convergência Intertropical é uma zona que circunda a Terra nas
proximidades da região do equador, região fortemente marcada pela convergência dos
ventos alísios de nordeste e sudeste que dão origem a uma intensa nebulosidade e baixa
pressão atmosférica (Zanella, 2005). Na região do hemisfério norte, os ventos alísios se
movimentam na direção nordeste, enquanto que no hemisfério sul, os ventos alísios vão
de sudeste para noroeste, porém, essas direções variam conforme a força de Coriólis,
originada pelo movimento de rotação da Terra.
A localização dessa Zona de Convergência Intertropical - ZCIT varia de acordo
com as estações do ano, atingindo a sua posição mais ao norte durante o verão no
hemisfério norte, e a sua posição mais ao sul durante os meses de março, abril e maio.
Segundo Nimer (1989) e Zanella (2005) os ventos alísios de sudeste assumem um
caráter mais forte quando a zona migra em direção ao norte, nos meses de agosto e
outubro até diminuir a sua intensidade nos meses de março e abril (Figura 15).
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
44
Figura 15: Atuação da ZCIT sobre o nordeste brasileiro
Fonte: IMAGENS GOES (Geostationary Operational Environmental Satellite /NOAA/NASA) –
FUNCEME 2013.
3.3.1. Ventos
O vento, um dos principais agentes de transporte de material, age como um dos
principais fatores na formação e modificação da paisagem e é de fundamental
importância para o controle da direção de ondas e correntes na área e questão. Segundo
Meireles (2013) há uma predominância nos ventos de SE, ESE, E NE, onde as médias
de velocidade atingem os 4,5m/s, as médias costumam alcançar picos de 11m/s nos
meses de estiagem, entre agosto e novembro.
Devido à presença da ZCIT no primeiro semestre os ventos passam a
predominar na direção NE, enquanto no segundo semestre os ventos passam a
predominar de sudeste.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
45
3.3.2. Análise da precipitação na última década para Icapuí
Devido à presença e ação da ZCIT sobre a região, o regime pluviométrico é
marcado por uma estação chuvosa que se concentra basicamente entre os meses de
fevereiro a maio, a partir de julho a precipitação passa a reduzir drasticamente até
meados de novembro conforme mostra a série histórica abaixo e o acúmulo do
precipitado para a última década (Gráfico 1).
Gráfico 1: Média do precipitado total de cada mês para a última década
Fonte: Base de dados da FUNCEME 2013.
Desta forma é notório que o primeiro semestre apresenta cerca de 90% da
precipitação anual na região em estudo, após este período a ZCIT se desloca para o
hemisfério norte e as chuvas sobre a região cessam, iniciando-se um longo período de
estiagem que na planície costeira de Icapuí é evidenciado no segundo semestre.
3.4 . Aspectos Oceanográficos
Para um melhor entendimento de como funciona a dinâmica costeira na área em
estudo, é necessário examinar os processos físicos que são responsáveis diretamente
pela modelagem da morfologia costeira e pela dinâmica sedimentar e marinha (e.g.
ondas, correntes e marés). Parta tal etapa, foram utilizados os dados de ondas cedidos
pelo CPTEC e INPE e dados de marés cedidos pela DHN.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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46
As marés que atuam na área do litoral extremo oeste de Icapuí foram obtidas
pela tábua de marés do Porto de Macau no Rio Grande do Norte, pois é onde se
encontra o registro mais próximo da área.
3.4.1. Ondas
A hidrodinâmica existente ao longo da praia, emersa e submersa, é resultante da
interação das ondas incidentes, permanentes e aperiódicas e dos fluxos gerados por
ondas e marés. Esse movimento gera um atrito sobre os sedimentos dos quais passam a
serem carreados em suspensão, causando gradientes espaciais e temporais no seu
percurso. Desta forma, à medida que esse processo produz determinadas morfologias,
indica que a morfologia e hidrodinâmica evoluem em conjunto (Wright & Short, 1984).
Segundo Moura (2009) as ondas constituem-se da forma da superfície da água,
ou seja, uma deformação da superfície de um corpo d’agua provocada principalmente
pela ação do vento e são consideradas o principal fator de modelagem das zonas
costeiras, pois ao chegarem à praia dão origem a um movimento resultante chamado
corrente longitudinal que realiza o transporte de sedimentos, chamada também de deriva
litorânea.
Segundo Morais (1996), as ondas são caracterizadas principalmente pela sua
forma, que deriva do vento. A movimentação orbital é originada a partir da atuação de
duas forças, a potencial e a cinética. A crista é o ponto mais alto e a depressão o ponto
mais baixo. A altura é a distância vertical entre cristas e as depressões e a amplitude
mostra a variação da altura, correspondendo metade desta. E por fim, o comprimento é a
distância entre duas depressões ou duas cristas e o período é o tempo necessário para
duas cristas passem em um ponto, sendo a frequência variável que quantifica o número
de cristas ou depressões que passam em um ponto por segundo (Figura 16).
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Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
47
Figura 16: Princípios básicos de uma onda
Fonte: Howstuffworks, 2013.
A altura e período de ondas foram analisados entre os anos de 2011 e 2013. O
gráfico gerado mostra que as maiores alturas são registradas entre os meses de
dezembro a março na região de Icapuí podendo chegar até 2.2 m, isto se explica pela
entrada de ondas do tipo swell no litoral do Estado, no restante dos meses as alturas
variam entre 0,8 m e 1.5 m e os períodos variam entre 9 s e 18 s (Gráficos 2 e 3).
Gráfico 2: Altura de ondas entre os anos de 2011 e 2013.
Fonte: INPE-CPTEC
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Gráfico 3: Período de ondas entre os anos de 2011 e 2013
Fonte: INPE-CPTEC
As ondas da área em foco estão direcionadas para NNW, NNE e N no primeiro
semestre, de acordo com os dados fornecidos pelo INPE. No segundo semestre
direciona-se para NE-E e ENE.
3.4.2. Marés
As marés são elementos físicos importantes quando nos referimos ao transporte
de sedimentos ao longo da costa e sua variação interfere de forma circunstancial na
morfologia do litoral, pois transferem sedimentos entre as zonas de arrebentação, surfe e
espraiamento sobre o perfil praial. (MOURA, 2009).
MORAIS (1996) aponta que as marés podem ser classificadas de acordo com a
sua influência, sendo do tipo de maré diurna com regularidade de preamar e baixa-mar
em um dia lunar (24h50min), maré Semi-Diurna onde apresenta duas preamares e duas
baixa-mares em um dia lunar (24h50min), com diferença entre altura e duração dos
ciclos de maré e por fim, maré mista que, também, apresenta duas preamares e duas
baixa-mares, porém com significativa diferença na altura e duração do ciclo (Figura x).
A maré tem origem através da influência de forças gravitacionais do sistema
Sol-Lua, esse sistema dá origem a dois tipos de maré, as marés de sizígia e marés de
quadratura. As marés de sizígia acontecem ocorrem quando as forças dos astros estão
alinhados formando uma linha reta, marcado pelas luas Nova e Cheia e as marés de
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quadratura ocorrem quando o Sol, a Terra e a Lua formam um ângulo de 90º, assim, a
força do Sol é anulada pela força da Lua e ocorrem nas luas crescente e minguante
(SOUZA, 2007 e MOURA, 2009) (Figura 17).
Figura 17: Sistema de formação das marés de quadratura e sizígia.
Fonte: Adaptado de Souza (2007)
As marés no litoral extremo oeste de Icapuí, assim como em todo o Estado, são
do tipo Semi-Diurna, com duas preamares e duas baixa-mares em um dia lunar. As
amplitudes de maré de sizígia foram analisadas durante o ano de 2013. No primeiro
semestre as maiores amplitudes ficaram em torno de 2.5 m e 2.8 m, com destaque para o
mês de fevereiro, mês em que foi realizado o campo, onde a amplitude foi a maior
registrada em 2013 com 2.8 m. No segundo semestre a média se manteve em 2.7 m. Os
valores mínimos apresentaram uma maior oscilação durante o ano, onde o variaram
entre 1.8 m e 2.3 m (gráfico 4).
Gráfico 4: Amplitudes máximas e mínimas das marés de sizígia durante o ano de 2013 registradas pelo
Porto de Macau/RN.
Fonte: DHN, 2013.
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50
CAPÍTULO 4 – MATERIAL E MÉTODOS
Para um melhor ordenamento dos trabalhos realizados para a elaboração desta
dissertação foi necessário a dividir as etapas de trabalho, mais precisamente em quatro
etapas, são elas: etapa de gabinete, etapa de campo e etapa de laboratório e etapa de
análise e interpretação de dados que de forma integrada permitem uma melhor
organização dos resultados que serão apresentados (Figura 18).
Figura 18: Fluxograma das etapas de trabalho para a elaboração desta dissertação
4.1. Etapa de gabinete
4.1.1 Levantamento Bibliográfico
A partir de reunião realizada no Laboratório de Geologia e Geomorfologia
Costeira e Oceânica – LGCO, sede de projeto, ficou acertada a região da Plataforma
Continental adjacente ao Município de Icapuí, mais precisamente nas proximidades
entre as praias de Retiro Grande e Peroba como área em foco para trabalhos. Então se
deu início a busca por material bibliográfico referente à área em enfoque nas bibliotecas
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51
do Instituto de Ciências do Mar – LABOMAR/UFC e Universidade Estadual do Ceará –
UECE, assim como no material disponível online, seja na forma de artigos,
monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Os demais dados foram
disponibilizados através das bases de dados online de órgãos das esferas Estaduais e
Federais (SEMACE e FUNCEME) e (CPRM, DNPM, INPE, CNPTEC, DHN e
INMET) respectivamente.
4.1.2. Levantamento Cartográfico
O geoprocessamento é um conjunto de atividades de trabalho de conhecimento
através da utilização de softwares para manipulação digital de informações espaciais
com base em um sistema de coordenadas de localização previamente definidas. E são
utilizadas nos estudos das ciências marinhas e da terra com objetivo de planejar e prever
ações, seja elas de origem antrópica e/ou natural no meio ambiente.
Assim, para a confecção dos mapas apresentados neste trabalho foram
adquiridas imagens de satélite LANDSAT 2009. A base cartográfica utilizada foi a do
Atlas de Recursos Hídricos da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará
(2007). O Limite municipal do Instituto de Pesquisa Econômica do Estado do Ceará
(2009).
Foram utilizados os softwares, ArcGIS 10 e QuantumGIS 1.7.3 para a elaboração
dos mapas de localização, pontos de monitoramento, compartimentação, concentração
de carbonato de cálcio, matéria orgânica e classificações texturais. Para o modelo
batimétrico foi utilizado o software SURFER 10.
4.2. Etapa de campo
Foram definidos 69 pontos de amostragem na região da plataforma interna nas
proximidades das praias de Retiro Grande e Peroba em Icapuí, a disposição dos pontos
de coleta foi dividida em três setores verticais de transectos, um mais próximo da linha
de costa, um a 2 km da linha de costa e o último setor há 3 km da linha de costa. E
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52
paralelamente a cada 500 metros formam-se 23 perfis de amostragem, o que possibilita
um maior escala de detalhamentos, ainda não obtida na região (Figura 19).
Desta forma, foi possível estabelecer o plano que se segue abaixo, que para um
melhor planejamento diário das atividades foi dividido em dois eixos principais:
• Levantamento de Dados Geológicos (Amostragem pontual de superfície do
Fundo Marinho em 69 pontos georreferenciados, divididos em malha amostral);
• Levantamento de Dados Batimétricos (Uso do ecobatímetro modelo GPSmap
521s - Garmin).
Para execução dos trabalhos foi utilizada a Infraestrutura física e de recursos
humanos da Universidade Estadual do Ceará, através do Laboratório de Geologia e
Geomorfologia Costeira e Oceânica – LGCO/UECE e Laboratório de Oceanografia
Geológica – LOG/LABOMAR.
Figura 19: Etapa de coleta das amostras
Fonte: O autor.
4.2.1. Levantamento Batimétrico
A Batimetria é o levantamento da profundidade de corpos hídricos, sendo a
mesma expressa cartograficamente por curvas isobatimétrica, curvas que unem pontos
de mesma profundidade, de forma mais resumida, trata-se de uma técnica para a
obtenção de um mapa de profundidade através da análise da topografia do substrato.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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53
Para a realização de tal feito, é necessário o a utilização equipamentos como GPS e
ecobatímetro/ecossonda.
Para a execução do levantamento batimétrico na área da Plataforma Continental
Interna foram traçados perfis transversais e longitudinais em consonância com a área de
trabalho total. Vale ressaltar que foi necessário definir os limites para o levantamento
batimétrico devido ao conhecimento prévio abordado em outros trabalhos sobre a baixa
profundidade e presença de rochas submersas o que levou o trabalho a ser feito em maré
alta de sizígia para o mês de fevereiro de 2013.
As medidas ecobatimétricas foram realizadas através do uso de GPS Garmin
521s do Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica – LGCO/UECE
e de um barco do tipo lagosteiro. A aquisição dos dados através do ecobatímetro é
realizada em tempo com intervalos de 2,0 segundos para a transmissão de dados. As
coordenadas foram capturadas sob o DATUM WGS84 24M, os dados foram
armazenados em notebook para posterior tratamento.
Segundo Baptista Neto et al. (2004), o sistema que envolve o ecobatímetro e o
levantamento batimétrico consiste em uma fonte emissora de sinais acústicos através da
presença de um relógio interno que mede o intervalo entre o momento da emissão sinal
e intervalo de tempo em que seu eco retorna ao sensor (Figura 20).
Figura 20: Sistema do ecobatímetro (A); Obtenção de dados batimétricos em campo (B).
Fonte: O autor
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4.2.2. Tratamento dos dados da batimetria
Terminada a etapa de levantamento em campo é necessário realizar uma
filtragem dos dados no Microsoft Excel para que qualquer tipo de ruído seja eliminado
para que não mascare os resultados obtidos (e.g. áreas de profundidade inferior ao
alcance do sonar, assim como perda do sinal do GPS por grande concentração de
nuvens). Dando continuidade, se faz ainda necessário ainda corrigir os dados em função
da variação do nível da maré no instante da coleta do dado pelo ecobatímetro, para tal,
utilizou-se da “regra dos doze avos”, também conhecida por “Nível de redução das
profundidades”.
Assim, se faz necessário o registro disponibilizado pela DHN para a altura da
maré segundo a Tábua de Maré do Porto de Macau, Rio Grande do Norte, para os dias
em que foi realizado o experimento. Então, temos que na primeira hora do
levantamento, a altura da maré irá se modificar em 1/12 do valor da amplitude total
(preamar menos a baixamar). Na segunda hora do intervalo a altura irá se modificar em
2/12 do valor da amplitude. Na terceira hora a altura irá se modificar em 3/12, assim
vale o mesmo para a quarta hora. Porém, na quinta hora a modificação volta para 2/12 e
termina na sexta hora quando a mesma se encontra em 1/12 do total. Vale ressaltar que
esta regra é válida devido à diferença de 6 horas na variação da maré para a região
Nordeste do Brasil.
Para a espacialização dos dados através de um modelo da superfície do fundo da
Plataforma Interna em Icapuí, foi utilizado o software SURFER 10 (64bits), onde foi
utilizado o método da interpolação da mínima curvatura, onde os pontos interpolados
correspondem aos pontos medidos no trabalho de campo.
4. 3. Etapas de laboratório
4. 3. 1. Tratamento das amostras
As amostras aqui analisadas e cujos resultados serão apresentados no próximo
capítulo, fazem parte do banco de dados Sedimentológicos do PRONEX – Núcleo de
Excelência em Granulados Marinhos do Estado do Ceará. As coletas foram
capitaneadas pelo Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica –
LGCO da Universidade Estadual do Ceará – UECE.
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55
As amostras foram previamente tratadas e analisadas quanto à textura
granulométrica, quanto ao teor de carbonato de cálcio e matéria orgânica, assim como a
análise Morfoscópica em lupa binocular.
As amostras recém-chegadas do trabalho de campo foram armazenadas em
ambiente de temperatura controlada. Iniciado o processo de análise granulométrica as
mesmas seguiram para uma estufa da marca Nevoni NV 1.6. à uma temperatura de 60ºC
para secagem durante 48h, findada esta primeira etapa as amostras, em temperatura
ambiente, seguem para o processo de quarteamento de aproximadamente ¼ de todo o
material que passará pelas análises realizadas em laboratório. Os ¾ restantes são
armazenados em sacos plásticos transparentes atóxicos e devidamente etiquetados para
caso sejam necessárias análises futuras.
4. 3. 2. Escala granulométrica
A utilização do termo “granulometria” na literatura significa medida do tamanho
dos grãos de sedimentos e foi criada através da escala granulométrica para uma melhor
descrição de forma a criar uma nomenclatura padrão e uniforme. Os limites adotados
para a classificação dos sedimentos também se relacionam com as propriedades físicas
dos sedimentos, assim a classe textural pode ser usada na determinação da composição
granulométrica dos sedimentos além de ser usada como unidade durante a interpretação
dos dados estatísticos.
Cabe ressaltar que durante o processo de análise granulométrica podemos
destacar três operações citadas por (Suguio, 1973): primeiramente, se faz necessário
obter-se a distribuição granulométrica das partículas de sedimentos; em segundo lugar,
as distribuições granulométricas das partículas nas amostras são representadas pelos
mais diversos gráficos e diagramas de dispersão, e por último, existem inúmeros
parâmetros (e.g. diâmetro médio, curtose, assimetria e desvio padrão) que são uma
espécie de resumo na descrição dos sedimentos e nas comparações dos sedimentos entre
si.
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Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
56
O sistema de escala granulométrica adotado nesta dissertação e amplamente já
adotado nos Estados Unidos é chamado escala logarítmica de Wentworth (1922), onde o
autor examinou os limites de suas classes em termos de propriedades físicas resultantes
do transporte dos grãos. Segundo Wentworth determinado tipos de classes concordam
perfeitamente com limites de distinções entre cargas transportadas em suspensão e por
tração (Tabela 1).
Tabela 1: Escala granulométrica de WENTWORTH (1922)
4. 3. 3. Análise textural – granulometria
Esta etapa das análises em laboratório consiste na identificação das classes
texturais dos sedimentos coletados em campo através de dois processos, o peneiramento
úmido e o peneiramento mecânico. Inicialmente as amostras já previamente secas em
estufa e quarteadas em 100g partem para o peneiramento úmido, o qual tem por objetivo
desvincular a fração mais fina da amostra em água corrente através de uma peneira
e malha 0,062 mm para separação das frações mais finas (silte e
argila) da fração mais grossa (areia fina, areia média, areia grossa e cascalho) e retirada
do sal, que impede a floculação do material, sendo a fração mais grossa levada
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57
novamente à estufa Nevoni NV 1.6 à 60ºC para secagem durante 72h, conforme descrito
em (Suguio, 1973).
Findada a primeira parte de análise, inicia-se o processo de peneiramento
mecânico utilizando-
malhas de 4,00 mm, 2,83 mm, 2,00 mm, 1,410 mm, 1,00 mm, 0,710 mm, 0,500 mm,
0,354 mm, 0,250 mm, 0,177, 0,125 mm, 0,088 mm, e 0,062 segundo Wentworth (1922),
respectivamente que são agitadas com ajuda do agitador Ro- -Shaker,
separando as frações de acordo com sua escala granulométrica determinada por cada
malha das peneiras, posteriormente cada fração foi pesada e armazenada em cadinhos
para posterior etiquetagem para a análise em lupa binocular. (Figura 21).
Figura 21: Sequência dos processos de análise granulométrica
Fonte: O autor.
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58
4. 3. 4. Tratamento estatístico
Após o peneiramento, os resultados da pesagem de cada fração são inseridos no
programa para análises estatísticas, Sistema de Análise Granulométrica (SAG),
desenvolvido pelo Departamento de Geologia e Geofísica Marinha da Universidade
Federal Fluminense, localizado na cidade do Rio de Janeiro – RJ, o qual calcula o peso
retido em cada fração granulométrica convertendo em porcentagem, possibilita ainda,
desenvolver gráficos mostrando histogramas e curvas de frequência através dos
parâmetros estatísticos (e.g. diâmetro médio, curtose, assimetria e desvio padrão) além
da classificação textural segundo o método sugerido por Folk & Ward (1954).
O diâmetro médio, também conhecido por média aritmética de um sedimento,
envolve o tamanho médio das partículas distribuídas na amostra. Segundo Suguio
(1973), este parâmetro reflete a média geral do tamanho de uma população de grãos,
que é influenciada pela fonte de suprimento do material sedimentar, pelo processo de
sedimentação e pela energia do agente deposicional, portanto, configura-se como o
método estatístico mais significativo.
Já a curtose representa o grau de agudez dos picos nas curvas de distribuição de
frequência, o que indica a dispersão das curvas de distribuição granulométrica. Analisar
a curtose de uma população de grãos permite distinguir diferentes graus de energia,
assim como determinar o grau de mistura de diferentes populações de um mesmo
ambiente sedimentar (Suguio, 1973).
O mesmo autor ainda chama atenção para a assimetria, que expressa o grau de
afastamento do diâmetro médio da mediana, onde pode assumir valores positivos ou
negativos ao se dispersar de um ou do outro lado da média. A assimetria tem papel
fundamental na interpretação das distribuições granulométricas de um corpo sedimentar
por caracterizar o seu ambiente deposicional (Suguio, 1973).
E por fim, o desvio padrão é basicamente usado como medida de dispersão dos
grãos, sendo sua análise importante para o grau de seleção de um sedimento em virtude
da sua relação com a competência de agentes geológicos na seleção com maior ou
menor aptidão de um determinado tamanho de grão (Suguio, 1973).
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59
As características do ponto de vista de distribuição granulométrica dos
sedimentos analisados são descritas através das quatro medidas descritas acima, e de
forma resumida (Folk & Ward, 1954 e Suguio, 2003) apontam que a tendência central
da distribuição granulométrica é mostrada pelo diâmetro médio, o grau de seleção ou
desvio padrão e assimetria indicam as relações entre média e mediana e por fim a
curtose descreve o grau de agudez dos picos das curvas de distribuição de frequência.
4. 3. 5. Teor de carbonato de cálcio (CaCO3)
Para se determinar o teor de carbonato de cálcio (CaCO3) das amostras utilizou-
se do método do Calcímetro de Bernard 18 (modificado) como visto em (Lamas et al.
2005), no qual o teor de carbonato é medido de forma indireta, através do volume de
uma solução salina deslocado pelo gás carbônico produzido da reação do ácido
clorídrico (HCL) com o carbonato de cálcio (Figura 22 e 23).
2HCL + CaCO3 => CaCl2
Balanceando a reação, devido à instabilidade do ácido carbônico, temos que:
2HCl + CaCO3 => CaCl2 + H2O + CO2
Sendo o gás carbônico desprendido na reação.
Primeiramente mede-se o volume (Vpadrão) deslocado pela reação salina para
uma amostra de concentração conhecida de carbonato de cálcio (Cpadrão). Nas análises
realizadas em laboratório foram separadas de 0,500 g de amostra de CaCO3 a 99%
(Cpadrão) sendo elas adicionadas a kitassatos com tubos de ensaio, acoplados a cada
kitassato foram adicionados 2,0 ml de HCL, diluído a 10%, com cautela para que não
haja o ataque da amostra de forma prematura, no Calcímetro de Bernard acoplou-se
cautelosamente o kitassato a uma coluna de água na bureta graduada (100 ml), evitando-
se ainda que o HCL atingisse a amostra.
O Nível de água na bureta é zerado, atingindo a marca desejada e de forma
cuidadosa entorna-se o kitassato para que o HCL presente no tubo acoplado entre em
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contato com a amostra, para que ocorra a reação que produz o gás carbônico que por sua
vez desloca a solução salina até atingirmos o valor padrão. Depois de feita a análise de
controle com o CaCO3 a 99%, seguiram se os experimentos com as amostras de
sedimentos de Icapuí, sendo o percentual de carbonato de cálcio medido nas mesmas
usando-se uma regra de três simples.
Camostra (%CaCO3) = (Vamostra x Cpadrão) / Vpadrão
Figura 22: Em A: Calcímetro de Bernard do Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e
Oceânica – LGCO, Em B: Esquema funcional do Calcímetro de Bernard (modificado).
Fonte: O Autor
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Figura 23: Etapas do processo de medição do teor de carbonato de cálcio utilizando o Calcímetro de
Bernard (modificado).
Fonte: O autor.
4. 3. 6. Teor de matéria orgânica
O carbono, principal componente da matéria orgânica, pode ser encontrado no
solo em suas duas formas, orgânica e inorgânica. Em regiões de clima úmido, onde há
uma intensa lixiviação do solo devido às intensas precipitações locais, o carbono passa a
ser mais presente principalmente em sua forma orgânica, diferentemente das regiões de
clima tropical semiárido, como a área em questão. Devido à baixa pluviosidade o
carbono é mais facilmente encontrado em sua forma inorgânica.
A quantificação da matéria orgânica pode ser feita de duas maneiras indiretas,
utilizando-se da combustão por via seca, medindo-se a subsequente perda do material
pela calcinação, método “less of ignition”, perda por ignição, ou pela extensão da
redução de um agente oxidante forte, método conhecido por “titulação” (WALKLEY &
BLACK, 1934).
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Nesta dissertação optou-se por se utilizar pelos dois métodos para uma melhor
averiguação dos dados obtidos e comparação dos métodos, culminando com a escolha
daquele que se faz mais conciso mediante os objetivos já citados anteriormente. A
forma com que cada um foi realizado será detalhada nos próximos parágrafos.
4. 3. 7. Matéria orgânica (POR CALCINAÇÃO)
A quantificação da matéria orgânica presente nas amostras coletadas foi
realizada no Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica – LGCO, da
UECE. A metodologia usada para a Matéria Orgânica baseia-se na calcificação “Less
of Ignition” (adaptação de Davis, 1974). A Calcificação emprega a gravimetria como
meio de determinar a matéria orgânica presente nas amostras de sedimentos.
Primeiramente pesaram-se os cadinhos de porcelana vazios com o auxílio de
uma balança eletrônica de precisão da marca Bioprecisa, para que haja um controle
quanto ao peso dos mesmos, posterior a isso se adiciona 2g dos sedimentos coletados
aos cadinhos anotando-se novamente o peso dos cadinhos de porcelana com
sedimentos.
Passado o processo de pesagem inicia-se a próxima fase da análise aonde as
amostras serão incineradas em forno mufla da marca Quimis LTDA, com capacidade
para 21 amostras, à 450ºC por duas horas, neste processo a matéria orgânica presente na
amostra será queimada restando somente no cadinho o correspondente a matéria
siliciclástica que não foi queimada durante o processo
Findada a etapa de incineração, pode-se pesar o restante do material que não foi
queimado obtendo a relação:
P(cs) - P(f) = Q(s2)
Onde: P(cs), corresponde ao peso do cadinho com sedimentos; P(f), corresponde
ao peso do cadinho que foi queimado e Q(s2), corresponde ao que sobrou da etapa de
incineração.
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63
A obtenção do teor de matéria orgânica das amostras foi medida usando-se uma
regra de três simples:
M.O(%) = (Q(s2) . 100) / Q(s1)
Onde: M.O, corresponde ao percentual de matéria orgânica das amostras; Q(s2),
corresponde à diferença ente P(cs) - P(f), e Q(s1), corresponde à quantidade de
sedimentos colocados inicialmente nos cadinhos (Figura 24).
Figura 24: Processo de medição do teor de matéria orgânica utilizando a metodologia da calcinação
Fonte: O autor.
4. 3. 8. Matéria orgânica (POR TITULAÇÃO)
A técnica da titulação é usada para determinar a concentração de um de reagente
conhecido através da reação completa de um volume de uma amostra com um volume
determinado de um reagente de natureza e concentração conhecida, o chamado padrão.
Este método, diferentemente do anterior já supracitado, permitiu determinar os teores de
matéria orgânica e de seu principal constituinte, o carbono orgânico. Sendo todo o
processo feito através métodos químicos (Figura 25).
O método criado por (Walkley & Black, 1934) e adaptado por (Frattini &
Kalckmann, 1967) quando estavam estudando a oxidação de solos no Rio Grande do
Sul consiste na oxidação da matéria orgânica presente nos sedimentos com solução de
dicromato de potássio em presença de ácido sulfúrico, utilizando como catalisador da
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oxirredução o calor desprendido na diluição do ácido sulfúrico e titulação do excesso de
dicromato com sulfato ferroso amoniacal.
O procedimento inicia-se com a transferência de 1g de sedimentos para um
erlenmeyer de 500 ml, onde serão adicionados 10ml de dicromato de potássio com o
auxílio de uma bureta graduada e imediatamente seguido de 20ml de ácido sulfúrico
concentrado e agita-se a mistura de forma cuidadosa para que os sedimentos não fiquem
aderidos à parede do frasco.
Passados 30 minutos de descanso, são adicionados 200 ml de água destilada, 10
ml de ácido Ortofosfórico concentrado e oito gotas de Difenilamina a 1%. A titulação é
feita com a solução de sulfato ferroso amoniacal 0.5N, até que a mistura presente dentro
do frasco torne-se de azul para verde.
O mesmo procedimento é adotado com 10 ml da solução de dicromato para fins
de se obter o título da solução de sulfato ferroso amoniacal, ou seja, o valor padrão.
Assim, acha-se o fator: 𝑓= 𝑚𝑒𝑞 𝐾2𝐶𝑟2𝑂7/𝑚𝑒𝑞 𝑠𝑢𝑓𝑎𝑡𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜𝑠𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑛𝑖𝑎𝑐𝑎𝑙=
10 𝑥 1/𝑉1 𝑥 0,5
Onde: V1: volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação.
Para amostras com alto teor de matéria orgânica (usualmente identificadas pela
coloração escura), pesar menor quantidade de solo, tendo o cuidado de moê-las.
Cálculo:
Onde: V2: volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da amostra;
p: peso da amostra.
%𝐶= (10−𝑉2 𝑥 𝑓 𝑥 0,5) 𝑥 0,4/𝑝
% M.O. = % C x 1,725 C
%𝐶= (10−𝑉2 𝑥 𝑓 𝑥 0,5) 𝑥 0,4/𝑝
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
Dissertação de Mestrado – PGCMT/LABOMAR
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Figura 25: Processo de medição do teor de matéria orgânica utilizando a metodologia da titulação.
Fonte: O autor
CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO E RESULTADOS
5.1. Análise das formas de fundo da plataforma continental interna do litoral
extremo oeste de Icapuí
A morfologia da plataforma continental interna na região em estudo foi mapeada
através de um levantamento utilizando-se de um ecobatímetro conforme explicado em
capítulos anteriores. Os trabalhos se deram até a isóbata de 10 m abrangendo a área
submersa que compreende as praias de Retiro Grande e Peroba por meio de perfis
transversais e longitudinais traçados na etapa de organização da expedição.
O modelo batimétrico gerado após tratamento dos dados obtido em campo
mostrou uma plataforma relativamente plana que se faz presente até uma distância
considerável da linha de costa e apresenta um relevo bastante acidentado,
principalmente no setor que compreende as praias de Retiro Grande e Ponta Grossa
(Mapa 04 e 05).
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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Mapa 4: Modelo 3D batimétrico da Plataforma Continental interna do extremo oeste de Icapuí,
Ceará.
Fonte: O autor.
Mapa 5: Mapa batimétrico da plataforma continental do litoral extremo oeste de Icapuí
Fonte: O autor.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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67
Nesta área também foi possível identificar a presença de um canal nas
proximidades da praia de Ponta Grossa, com uma profundidade de que varia de -5 m a -
7 m, conforme mostra a Figura 27, este canal pode ser resultante de um sistema de
falhas existentes na área e que possuem a sua origem ligada à separação entre o
continente Sul-Americano e Africano e a própria gênese da Bacia Potiguar (Figura 26).
Figura 26: Disposição de falhas geológicas no litoral extremo oeste de Icapuí.
É notória a presença constante de afloramentos rochosos na área, afloramentos
estes que estão relacionados às antigas linhas de costa e falésias que resistiram as
regressões e transgressões marinhas e aos processos costeiros atuantes na área. Segundo
Oliveira (2009) pode ser identificada a presença de feições semelhantes nas cotas de -
30 m e na cota de - 40 m. Tabosa (2002), Lima (2006), Santos et al. (2007) e Oliveira
(2012) identificaram linhas de beachrocks que seguem em direção ao Rio Grande do
Norte. Estes afloramentos rochosos também são encontrados em pontos isolados ao
longo da Plataforma, conforme é possível notar no mosaico de fotos abaixo (Figura 27).
Fonte: Adaptado de Sousa, 2003.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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Figura 27: Afloramentos rochosos na faixa de praia e início da plataforma continental interna na
praia de Ponta Grossa, Icapuí.
Fonte: O autor
5.2. Análise sedimentológicas das amostras de fundo da plataforma continental
interna do litoral extremo oeste de Icapuí
As análises granulométricas apontaram a presença e quantificaram as frações:
areia com cascalho esparso, cascalho arenoso, areia com cascalho e areia. Não foi
identifica a fração lama (silte + argila) nas amostras coletadas. O predomínio da classe
textural areia com cascalho esparso é notório ao longo de toda a área da plataforma
interna do litoral extremo oeste de Icapuí, cerca de 60%, esses sedimentos encontram-se
juntamente com fragmentos de rochas submersas resultantes de antigas linhas de
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falésias que podiam ser vistas ao longo do litoral e com o passar do tempo foram sendo
recobertas por camadas de sedimentos de frações mais finas (Gráfico 5).
Gráfico 5: Diagrama mostrando os teores de ocorrência das classes granulométricas nas amostras
de sedimentos coletadas na plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí
Fonte: O autor
Os cascalhos arenosos podem ser encontrados de forma pontuais em algumas
amostras coletadas na área da Praia de Retiro Grande, na faixa mais próxima a linha de
costa, provavelmente este material tem origem em falésias ativas na área e que acaba
sendo carreado até o ambiente de plataforma e em áreas mais distantes da costa, já no
limite da plataforma interna (Figura 28). O Material classificado como areia pode ser
facilmente encontrado na porção leste da área em estudo, Praias de Redonda e Peroba,
área esta que possui os trechos com falésias inativas e alguns campos de dunas que
podem de certa forma, suprir a dinâmica sedimentar com esse material que é
transportado pata outras áreas a oeste da área (Figura 29) (Mapa 06).
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Figura 28: Amostra 07 (Bruta), classificada como cascalho arenoso; Amostra 27, presença de
fragmentos da Formação Barreiras sendo capeada por concreção carbonática (A).
Fonte: O autor
Figura 29: Amostras 49 e 54, classificadas como areia, coletadas nas proximidades das Praias de
Redonda e Peroba.
Fonte: O autor
A
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Mapa 6: Mapa da distribuição dos sedimentos coletados na plataforma do litoral extremo oeste do
munícipio de Icapuí segundo a Classificação de Folk (1957).
Fonte: PRONEX (2013)
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5.3. Parâmetros estatísticos obtidos com os resultados das análises granulométricas
das amostras de sedimentos de fundo da plataforma continental interna do litoral
extremo oeste de Icapuí
A análise dos parâmetros estatísticos foi baseada na classificação proposta por
Folk & Ward (1957). A seguir serão descritos de forma sequencial os quatro parâmetros
estatísticos analisados. A junção desses parâmetros proporcionou uma maior
aproximação do entendimento da dinâmica que envolve o transporte de sedimentos no
local de coleta. Para NETTO, (1980) a observação dos sedimentos nos seus ambientes
naturais mostrou que os grãos de arenito preservados no registro geológico representam
uma amostra de material transportado por três processos independentes: a) grãos
maiores, transportados por tração ou arrasto; b) grãos de tamanhos intermediários,
transportados por saltação em meio fluido; c) grãos menores, transportados em
suspensão.
5.3.1. Diâmetro médio
As areias finas e médias são predominantes, ocorrendo em 42% e 38% das
amostras coletadas, seguidas de areias grossas, 12%, areias muito grossas e areias muito
finas, cada uma com 4% (Gráfico 6) (Figura 30).
Gráfico 6: Diagrama mostrando os teores de ocorrência do diâmetro médio da fração arenosa nas
amostras de sedimentos coletadas na plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí.
Fonte: O autor
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73
Figura 30: Amostra 19, classificada como areia média, coletada nas proximidades da Praia de
Ponta Grossa; Amostra 13, classificada como areia fina, coletada entre as Praia de Retiro
Grande e Ponta Grossa.
Fonte: O autor
Nas proximidades da Praia de Retiro Grande as areias finas se encontram em
maior proporção, os pontos 6 e 8 apresentam como composição principal areias mais
grossas com a presença de cascalhos associados, a areia média passa a predominar em
maior número em profundidades maiores neste setor.
Na área que corresponde à Praia de Ponta Grossa as areias finas se fazem
presente na porção oeste da plataforma, dando continuidade à composição da área de
Praia de Retiro Grande. Na área ao norte e leste de Ponta Grossa as areias médias
passam a prevalecer sobre as demais frações, neste setor são encontradas as maiores
presenças de areias grossas e cascalhos, essas areias grosseiras são encontradas
principalmente no entorno de formações rochosas submersas entre os pontos 18 e 37.
A plataforma interna na área que corresponde a Praia de Redonda é basicamente
formada por um misto de areias médias, finas e muito finas na porção mais rasa
próxima à costa, nas áreas mais afastadas a areia fina passa a ser predominante neste
setor.
E por fim, na plataforma interna adjacente a Praia de Peroba, temos as areias
médias na faixa mais próxima costa a oeste e areias finas a leste, esse material mais fino
é consequência da presença de falésias ativas nesta área (Gráfico 7) (Mapa 7)
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Gráfico 7: Acúmulo do diâmetro médio da fração arenosa nas amostras de sedimentos coletadas
na plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí.
Fonte: O autor
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Mapa 7: Mapa da distribuição dos sedimentos coletados na plataforma do litoral extremo oeste do
munícipio de Icapuí segundo o diâmetro médio do grão.
Fonte: PRONEX, 2013
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76
5.3.2. Grau de seleção
O grau de seleção indica o agrupamento das partículas em torno da média do
tamanho do grão, ou seja, pode-se através dele indicar o grau de calibração do
sedimento. Quando temos valores do desvio padrão maiores que 1.0 a curva se
apresenta mais dispersa em relação a curva normal, gerando sedimentos pobremente
selecionados, todavia, desvio padrões menores que 0.5 terão curvas menos dispersas
que a normal resultando em sedimentos bem selecionados.
Segundo Suguio (1973) e Tucker (1981), os valores relacionados ao desvio
padrão podem sugerir o grau de maturidade textural de um depósito, a energia da bacia
de acumulação e a ocorrência de misturas. Neste caso, a seleção dos sedimentos
depende, até certo ponto, da granulometria do material, sendo melhor nos sedimentos
com média granulométrica 2 ϕ e 3ϕ, do que naqueles mais grosseiros ou mais finos. A
partir dos dados que foram obtidos, foi possível identificar uma predominância dos
sedimentos moderadamente selecionados, 36% das amostras. Os classificados como
pobremente selecionados corresponderam a 22% das amostras. Foi possível identificar
os dois extremos, areias muito bem selecionadas, em 6% das amostras, e muito
pobremente selecionadas em 14% das amostras (Gráfico 8 e 9).
Gráfico 8: Diagrama mostrando os teores de ocorrência do grau de seleção da fração arenosa nas amostras
de sedimentos coletadas na plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí.
Fonte: O autor
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77
Gráfico 9: Variação do desvio padrão nos sedimentos coletados na plataforma continental
interna do litoral extremo oeste de Icapuí
5.3.3. Curtose
A análise da curtose através dos dados obtidos permitiu identificar a presença
predominante de curvas leptocúrticas e muito leptocúrticas, 33% e 28%
respectivamente. As curvas mesocúrticas e platicúrticas se encontram em equilíbrio com
13% e 12% respectivamente. As curvas mais extremas se encontram em menor
proporção nas amostras analisadas (Gráfico 9).
Gráfico 10: Diagrama mostrando os teores de curtose da fração arenosa nas amostras de
sedimentos coletadas na plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí.
Fonte: O autor
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78
De acordo com Ponçano (1986), os valores leptocúrticos e muito leptocúrticos
de curtose representam a existência de sedimentos unimodais que estão relacionados a
uma hidrodinâmica mais intensa, ao passo que os valores platicúrticos correspondem a
sedimentos bimodais ou polimodais, apresentando uma distribuição anormal entre as
classes granulométricas, e ocorrendo em ambientes menos energéticos (Gráfico 10).
Gráfico 11: Variação dos valores de curtose nos sedimentos coletados na plataforma continental
interna do litoral extremo oeste de Icapuí.
Fonte: O autor
5.3.4. Assimetria
De acordo com Folk & Ward (1957), sedimentos de frações mais grosseiras são
representados por valores negativos de assimetria, indicando uma área de energia mais
intensa, ao passo que a assimetria positiva indica área de menor energia com
predomínio de sedimentos de frações mais finas. A assimetria aproximadamente
simétrica ocorre quando o diâmetro médio coincide com a mediana, e representa valores
intermediários da energia no ambiente, indicando relativa mistura entre os sedimentos
de frações mais grossas e finas.
Segundo os dados obtidos através das análises, foi verificada a presença de três
graus de assimetria, assimetria muito negativa, 42%, assimetria negativa, 42% e
aproximadamente simétrica, 16%. Assim, as curvas de assimetria muito negativa e
negativa são predominantes na área em estudo, indicando uma área com condições de
alta energia (Gráfico 11 e 12).
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Gráfico 12: Variação dos valores de curtose nos sedimentos coletados na plataforma continental
interna do litoral extremo oeste de Icapuí.
Fonte: O autor.
Gráfico 13: Diagrama mostrando os teores de assimetria da fração arenosa nas amostras de
sedimentos coletadas na plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí
Fonte: O autor
5.4. Concentração de Carbonato de Cálcio e Matéria Orgânica
5. 4. 1. Distribuição das concentrações de Matéria Orgânica
Para a determinação dos valores de matéria orgânica nos sedimentos coletados foram
utilizadas duas metodologias, pela calcinação através de um forno mufla e pela
titulação, método químico com utilização de reagentes. Segundo Froelich et. al.,
(1979); Mayer, (1994) e Mahiques (1998), existe uma correlação inversamente
proporcional entre os valores de matéria orgânica e a textura sedimentar, essa relação
depende da natureza da fração fina do material orgânico, da adsorção das partículas
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80
orgânicas dependentes de superfície dos argilo-minerais e da superfície do grão para
adsorção.
5.4.2. Análise da matéria orgânica utilizando o método da calcinação dos
sedimentos
O Gráfico 13 apresenta os valores de matéria orgânica obtida através da
calcinação dos sedimentos, os valores apresentados ficaram em torno de 0.5% a 5.1%.
Em média a composição dos sedimentos coletados apresenta 1.9% de matéria orgânica
de acordo com a metodologia da calcinação.
Gráfico 14: Teores de matéria orgânica nos sedimentos coletados utilizando a metodologia da calcinação
Fonte: O autor
O Mapa 08 apresenta a distribuição espacial da concentração de matéria
orgânica segundo a calcinação. É possível notar que as maiores concentrações
encontram-se nas proximidades das Praias de Retiro Grande, Ponta Grossa e Redonda.
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Mapa 8: Mapa da distribuição da matéria orgânica presente dos sedimentos coletados na plataforma do
litoral extremo oeste do munícipio de Icapuí segundo a metodologia da calcinação.
Fonte: PRONEX, 2013
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82
5.4.3. Análise da matéria orgânica utilizando o método da titulação dos sedimentos
Utilizando a metodologia da titulação para medir o teor de matéria orgânica
presente nos sedimentos notou-se que os valores se mostraram relativamente menores
do que os obtidos através da mufla. Os valores variaram entre 0.25 % e 2.58%, em
média os sedimentos coletados apresentam 0.74% de matéria orgânica em suas
composições (Gráfico 14).
Gráfico 15: Teores de matéria orgânica nos sedimentos coletados utilizando a metodologia da titulação
Fonte: O autor
Em uma correlação (Gráfico 15) entre as duas metodologias empregadas a taxa
de variação dos valores de matéria orgânica presente nos sedimentos se apresentou
constante para as áreas analisadas, ou seja, as áreas defrontes às Praias de Retiro
Grande, Ponta Grossa, porção oeste, e Praia de Redonda apresentam os sedimentos com
as maiores presenças de matéria orgânica.
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Gráfico 16: Correlação entre as duas metodologias para medição de matéria orgânica
Fonte: O autor
A matéria orgânica associada aos sedimentos pode apresentar diferentes fontes,
tendo sua origem relacionada a fontes naturais ou antrópicas exógenas ou produzidas in
situ pela decomposição e acumulação de organismos oceânicos.
As principais fontes naturais de matéria orgânica são os produtores primários
(fontes autóctones), produzida in situ e material terrestre originário da bacia de
drenagem (fontes alóctones) que passam a integrar o sistema através de processos como
escoamento superficial, erosão e lixiviação (Mash et al, 2004).
Na região de Icapuí, principalmente na área em estudo, a ocupação ocorre
principalmente nas proximidades da linha de costa através de pousadas e pequenas
comunidades locais, por estarem afastadas da sede do município, não contam ainda com
esgotamento sanitário nas suas proximidades o que consequentemente acarreta em uma
emissão de compostos orgânicos sintéticos, resíduos sólidos e plásticos para a praia.
Os sedimentos mais finos agregam a matéria orgânica antrópica juntamente com
a matéria orgânica proveniente organismos vivos como algas calcárias e outros seres
vivos e são transportados e posteriormente depositados na plataforma interna (Mapa 9) .
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Mapa 9: Mapa da distribuição da matéria orgânica presente dos sedimentos coletados na plataforma do
litoral extremo oeste do munícipio de Icapuí segundo a metodologia da Titulação.
Fonte: PRONEX, 2013
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5.4.4. Distribuição da concentração de Carbonato de Cálcio
Os teores de Carbonato de Cálcio (CaCO3) feitos em triplicata apresentaram
valores que variaram entre 41 % e 81% , apresentando uma média de 70.4%, conforme
mostra o gráfico de dispersão abaixo (Gráfico 6).
Gráfico 17: Concentração de Carbonato de Cálcio em sedimentos da plataforma continental interna de
Icapuí.
Fonte: O autor
Os valores mais altos na concentração de carbonato, 70% a 81%, estão
confinados na porção leste da área de coleta, defronte as Praias de Redonda e Peroba.
No litoral oeste da área em estudo este valores são apenas pontuais em área mais
profundas na área defronte à Praia de Retiro Grande, na faixa mais próxima a linha de
costa dessa praia as concentrações se encontram em torno de 60 % a 67%.
A região da Praia de Ponta Grossa apresenta-se como uma área de transição
entre os dois extremos da concentração total de carbonato análisado nos sedimentos
coletados, apresentando valores entre 67 % e 70%, na mesma área os valores passam à
mesma concentração presente na região da Praia de Retiro Grande.
É possível notar através do mapa que as concentrações de CaCO3 presentes nos
sedimentos coletados na plataforma interna do litoral extremo oeste de Icapuí
apresentam uma distribuição peculiar e que está associada a própria configuração do
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litoral, pois é possível notar uma quebra na orientação do mesmo devido a presença de
um promontório, na Praia de Ponta Grossa.
Analisando os resultados apresentados e traçando uma linha de comparação na
bibliografia pesquisada podemos fazer uma relação com o que é dito por Knoppers et al,
1999 e Aguiar (2007), em seus trabalhos afirmam que a interação entre a sedimentação
carbonátia e a influência continental controla distribuição dos tipos de sedimentos no
fundo da plataforma, sendo assim, quanto maior a influência continental, menor é o teor
de carbonatos sob os sedimentos.
Desta forma podemos concluir que a dinâmica de sedimentos, ou seja, a
influência continental e transporte de material no litoral extremo oeste de Icapuí é mais
intensa na sua porção a oeste da Praia de Ponta Grossa, pois os valores de carbonato se
encontram em menores concentrações, além disso, é nesta área que estão concentradas
as maiores faixas de falésias ativas e que constantemente são retrabalhadas pela ação
marinha, além de campos de dunas na área que podem servir de suprimento de material
terrígeno para a plataforma interna (Mapa 10).
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Mapa 10: Mapa da distribuição dos teores de carbonato de cálcio presente nos sedimentos coletados na
plataforma do litoral extremo oeste do munícipio de Icapuí segundo a metodologia da Titulação.
Fonte: PRONEX, 2013
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5.4.5. Análise da classificação de Larsonneur (1977)
Após a determinação dos valores de Carbonato de Cálcio é possível classificar
os sedimentos coletados de acordo com Larsonneur (1977), a classificação considera os
percentuais de cada fração granulométrica dos sedimentos coletados com os valores da
concentração de CaCO3 presente nas amostras.
Os sedimentos coletados na plataforma interna do litoral extremo oeste de
Icapuí são classificados como areais bioclásticas finas a muito finas, conforme pode-se
notar com os resultados da classificação média dos sedimentos e da concentração de
CaCO3 que foi de 70.4%. A distribuição das demais classificações encontram-se no
Gráfico 18 abaixo.
Gráfico 18: Diagrama mostrando os teores de fácies sedimentares segundo a classificação de
Larsonneur (1977) nas amostras de sedimentos coletadas na plataforma interna do litoral
extremo oeste de Icapuí
Fonte: O autor
O mapa abaixo mostra a distribuição das fácies sedimentares obtidas de acordo
com a classificação de Larsonneur (1977), é possível notar a presença em maior escala
de areias bioclásticas finas a muito finas ao longo de área de estudo, as demais
classificações ocorrem principalmente na área que corresponde ao promontório na Praia
de Ponta Grossa, principalmente os cascalhos Litoclásticos.
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Mapa 11: Mapa da distribuição fácies sedimentares presentes na plataforma do litoral extremo oeste do
munícipio de Icapuí.
Fonte: PRONEX, 2013
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Os altos valores de Carbonato de Cálcio presente nos sedimentos coletados são
originados através da presença de material bioclástico (e.g. restos de conchas, rodolitos
e algas calcárias) nos sedimentos depositados no fundo marinho, esse material ocorre
em conjunto com o material siliciclástico proveniente da dinâmica sedimentar da área
em questão (figura x), vale ressaltar que a Formação Jandaíra pode de certa forma
contribuir para um considerável aumento desses valores, pois a mesma é constituída
primariamente de carbonatos e no período entre os meses de Dezembro e Março pode
ser erodida através das ondas swell que atingem o litoral de Icapuí (Figura 31).
Figura 31: Fragmentos de sedimentos bioclásticos nos sedimentos de fundo da plataforma
continental interna do litoral extremo oeste do município de Icapuí. Restos de conchas (A) e
Algas Calcárias do tipo Halimeda (B)
Fonte: O autor
A
B
A
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5.5. Análise das áreas fonte de sedimentos para a plataforma continental interna
do litoral extremo oeste Icapuí
Os sedimentos que constituem as bacias marginais passam por um complexo
processo envolvendo o intemperismo, erosão, transporte, deposição. Diversos processos
influenciam na composição final dos sedimentos desde duas áreas fonte até os locais de
deposição, assim a composição dos sedimentos depende de vários fatores que se
encontram relacionados que influenciam em diferentes graus o produto final, são ele: a
composição da rocha mãe, esta estando relacionada com o ambiente tectônico, o
intemperismo nas áreas fontes, os processos, tempo e distância de transporte, que
causam seleção física e abrasão dos grãos, e finalmente os processos de diagênese que
causam dissolução e alteração dos minerais (Remus, et al, (2008).
A área em estudo, por estar postada em uma Bacia Sedimentar, apresenta uma
série de áreas fonte de sedimentos possíveis para a praia e plataforma interna adjacente
ao litoral. Este fato é possível ser identificado através de observações de campo e
analisando imagens de satélite, como observado por Oliveira (2012), onde vetorizando
imagens de satélite foi possível notar a presença de leques em falésias inativas, estes
leques indicam o transporte de sedimentos do continente para a plataforma. Estes
sedimentos que possuem idades terciárias e quaternárias são erodidos e transportados
até o ambiente praial, onde o processo de seleção hidrodinâmica (e.g. ondas, correntes
e marés) durante o transporte dos sedimentos pode produzir mudanças composicionais
significativas, principalmente quando nos referimos às diferentes espécies de minerais
pesados (Figura 32).
Figura 32: Processo de transporte e seleção hidrodinâmica dos grãos de sedimentos
A figura x abaixo mostra as três possíveis áreas fonte de sedimentos para a
planície costeira da área em estudo e plataforma continental adjacente, além dos
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sedimentos bioclásticos de origem autóctone, são elas: sedimentos de Falésias Ativas,
sedimentos de Barreiras Arenosas e sedimentos de Campos de Dunas (Figura 33).
Figura 33: Síntese das áreas fonte de sedimentos para plataforma adjacente à área em estudo
Fonte: O autor
Os sedimentos provenientes das falésias ativas, localizadas na área das Praias de
Retiro Grande, Ponta Grossa e Peroba são disponibilizados para o sistema costeiro no
momento em que elevados índices de precipitação atingem as falésias que são erodidas
fazendo os sedimentos escoarem superficialmente até a praia, e quando as mesmas são
atingidas pela abrasão marinha, intensificada no período de entrada de ondas swell na
costa, formando uma plataforma de abrasão que é constantemente retrabalhada pelos
processos costeiros (Figura 34).
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Figura 34: Transferência de material das falésias ativas para faixa de praia.
Fonte: O Autor
As Barreiras Arenosas ocorrem na Praia de Ponta Grossa e a presença das
mesmas indica a alta disponibilidade de sedimentos na dinâmica sedimentar da área,
que é constantemente modificada pela ação das ondas de direção NNW-N, N e NNE-N.
Figura 35: Barreiras Arenosas na Praia de Ponta Grossa.
Fonte: Oliveira, 2012
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Os sedimentos dos Campos de dunas estão associados aos sedimentos
provenientes das falésias nas Praias de Redonda e Ponta Grossa e são principalmente
remobilizados pela ação eólica na área com ventos de direção E-ESSE, NE-SE e NE-
ESSE. Na Praia de Ponta Grossa é possível notar a transferência de material sedimentar
para a faixa de praia adjacente, em momentos de preamar, a base da duna é solapada
pela ação das ondas que transportam os sedimentos no sentido da corrente gerada, tal
fato pode ser observado através da Figura 36.
Figura 36: (A e D) transporte de sedimentos dunares para faixa de praia via força eólica; (B) Base da duna
solapada pela ação da maré e ondas incidentes destaque para os leques de sedimentos que são
transportados por gravidade; (C) influência antrópica no transporte de sedimentos dunares.
Fonte: O autor
Em virtude disto, é possível apontar a importância dos processos costeiros na
atual configuração da planície costeira da área em estudo, ondas, correntes e marés
atuam na erosão e transporte do material proveniente de falésias, dunas e barreiras
arenosas que contribuem para a formação de depósitos superficiais na plataforma
interna da área em estudo.
Caracterização Faciológica da Plataforma Continental Interna do Município de Icapuí, Ceará – Barros, E.L. (2014)
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A análise da batimetria feita em campo juntamente com imagem de satélite
trabalhada é possível identificar um intenso transporte de sedimentos na plataforma
interna ao longo de todo o município de Icapuí, principalmente na área em estudo, esse
transporte de sedimentos ocorre aproximadamente até a cota de -15 m, a cerca de 20 km
da costa. Isto é motivado pela ocorrência de uma plataforma relativamente rasa e grande
disponibilidade de sedimentos no sistema. (Mapa 12).
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Mapa 12: Imagem de satélite mostrando a dispersão de sedimentos ao longo da plataforma interna do
Município de Icapuí, em destaque, a área em estudo.
Fonte: PRONEX, 2013
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CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES
O levantamento batimétrico realizado até a cota de – 10 m mostrou uma
plataforma interna relativamente rasa ao longo de toda área em estudo atingindo
distâncias de até 3 km da linha de costa. É uma área extremamente acidentada na região
próxima à Praia de Ponta Grossa devido à presença de fragmentos relativos às antigas
linhas de falésias submersas. Identificou-se um pequeno canal submerso nas adjacências
do Pontal de Ponta Grossa, possivelmente correlacionado com a própria formação da
Bacia Potiguar e o sistema de falhamentos na região.
Os sedimentos coletados são formados basicamente por areias com cascalho
esparso que podem ser encontrados nas proximidades de fragmentos de rochas
submersas resultante de antigas linhas de falésias. Também foi possível identificar
material classificado basicamente como areia, sendo este encontrado na área adjacente
às Praias de Redonda e Peroba, que podem estar relacionados com os campos de dunas
do topo das falésias na região.
A análise dos parâmetros estatísticos mostrou que os grãos de sedimentos
coletados apresentam um diâmetro médio que as classifica como areias finas e areias
médias. Estas duas classificações podem ser identificadas com aproximadamente 40%
cada uma dentro do universo amostral. Quanto ao grau de seleção, predominam os
sedimentos moderadamente selecionados, 36 %, A análise da curtose apontou a
predominância de curvas leptocúrticas e muito leptocúrticas. Por sua vez, a assimetria
apontou uma igualdade em duas classificações obtidas, os sedimentos foram apresentam
assimetrias negativas a muito negativas e juntas, aparecem em 84% das amostras
coletadas e se fazem presentes em toda plataforma interna, com exceção de algumas
áreas mais afastadas da linha de costa.
Desta forma, interpretando os resultados obtidos é possível identificar uma
relação entre o grau de energia do ambiente de plataforma onde os sedimentos foram
coletados. As areias finas apresentam-se recobertas por sedimentos de frações mais
grosseiras em alguns pontos da plataforma e indicam um ambiente de menor energia na
maior parte do ano. No entanto, podem-se encontrar características de ambientes com
maior energia, devido à coleta em condições de mar agitado com influência de swell.
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Desta forma, pode-se evidenciar a influência dos processos costeiros no
retrabalhamento dos sedimentos depositados no fundo da plataforma.
As amostras de sedimentos finos apresentaram valores de matéria orgânica que
variaram entre 0.5% a 5.1%, utilizando-se da mufla, e valores bem mais baixos
utilizando o método químico, a titulação, entre 0.25% e 2.58%. Parte desta matéria
orgânica é proveniente da deposição de microorganismos em ambiente marinho, assim
como a produção primária. Vale ressaltar ainda que os valores mais altos encontrados na
área referem-se às áreas de ocupação antrópica, o que indica uma possível
contaminação devido à falta de esgotamento sanitário na área.
Os valores de carbonato de cálcio nos sedimentos se mostraram relativamente
altos, em média, apresentam 70%, as maiores concentrações encontram-se a leste da
área em estudo, em regiões onde há a presença de algas calcárias e uma menor
ocorrência de falésias ativas. Assim, é possível afirmar que o fundo da plataforma
interna em questão é formado basicamente de sedimentos bioclásticos finos a muito
fino. As menores concentrações encontram na porção oeste da área em estudo, nas
adjacências da Praia de Retiro Grande e Praia de Ponta Grossa, podem ser identificados
também valores mais baixos em alguns pontos isolados, distante 3 km da linha costa e
que podem estar relacionados a algum banco arenoso neste ponto.
Assim, conclui-se que a plataforma continental interna em estudo é formada por
um misto de sedimentos siliciclásticos, material proveniente da dinâmica sedimentar da
área, tendo por fonte as falésias ativas, campos de dunas e barreiras arenosas, e
materiais bioclástico proveniente de restos de conchas, algas calcárias e rodolitos
conforme pode ser observado em análises em lupa binocular e sofrem influência
constante dos processos costeiros atuantes na região devido à presença de uma
plataforma rasa.
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