Caracterização do estado da arte de CSCW

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CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DA ARTE DE CSCW DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR ANTÓNIO JOSÉ GUILHERME CORREIA Sob orientação dos Professores Doutores Benjamim Fonseca e Hugo Paredes UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS 2011

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CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DA ARTE DE CSCW

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR

ANTÓNIO JOSÉ GUILHERME CORREIA

Sob orientação dos Professores Doutores Benjamim Fonseca e Hugo Paredes

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS

2011

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Dissertação apresentada por António José Guilherme

Correia à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para o

cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de

Mestre em Tecnologias da Informação e Comunicação, sob a

orientação dos Professores Doutores Benjamim Fonseca e Hugo

Paredes.

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RESUMO Nas últimas décadas, o trabalho cooperativo adquiriu uma importância assinalável na

comunidade científica como um domínio de investigação composto por múltiplos interesses. A

avaliação do estado da arte do campo multidisciplinar de Trabalho Cooperativo Suportado por

Computador, uma área científica polimórfica focada no fenómeno social do trabalho em grupo

e no suporte tecnológico às suas dinâmicas processuais, suscitou uma meta-análise transversal

a diversas publicações científicas encontradas em conferências e revistas especializadas. Numa

perspectiva holística, esta dissertação fundamenta-se na conceptualização do campo científico

supra-referido, onde é procurado um ponto de referência comum na literatura para explicar os

elementos que caracterizam a sua envolvente terminológica, no enquadramento histórico com

alguns dos factos que marcaram a sua evolução, bem como nos seus domínios de aplicação.

A análise bibliométrica ao campo de Trabalho Cooperativo Suportado por Computador

respeitou um processo de selecção prévia de conferências e revistas com tópicos dedicados ao

seu domínio de investigação, e catalogação dos atributos de identificação presentes neste tipo

de artigos. Complementarmente, foram recolhidos dados sobre o número de citações em cada

artigo, segundo os resultados obtidos no Google Scholar, ACM Digital Library e Web of Science,

num total de 1480 artigos. Os resultados obtidos com a análise bibliométrica apresentam uma

perspectiva que pode clarificar possíveis tendências futuras, em termos de produção científica,

bem como uma caracterização aproximada sobre o impacto de determinadas publicações. Este

estudo demonstra assim uma forte volatilidade na composição da comunidade de investigação

científica, num intervalo de tempo com profundos avanços tecnológicos. A selecção de um

período de análise entre 2003 e 2010, deveu-se particularmente ao facto de representar uma

grande parte da produção científica na última década, complementando os estudos anteriores.

De forma a caracterizar a perspectiva actual desta área de investigação, é utilizado um

método de revisão sistemática da literatura para rever o conjunto de taxonomias apresentadas

para classificação de características de trabalho cooperativo e atributos funcionais de sistemas

centrados no suporte à cooperação. Neste sentido, foi adoptado um esquema de classificação

proposto para categorizar as tipologias e os atributos funcionais de ferramentas colaborativas,

funcionando como a base de classificação seleccionada para publicações desta natureza. Neste

processo, foram classificados um total de 541 artigos publicados entre 2003 e 2010, registando

as suas características taxonómicos. A metodologia de análise deste conjunto de publicações

respeitou um processo sistemático de leitura do resumo de cada artigo, leitura na íntegra para

o caso específico de artigos que apresentam elevados níveis de complexidade para a obtenção

deste tipo de informação, bem como busca por palavras-chave relacionadas com as categorias.

De uma forma genérica, o campo de Trabalho Cooperativo Suportado por Computador

tem apresentado alguns esforços para combinar a investigação sobre os fenómenos sociais do

trabalho e a investigação de cariz mais tecnológico. A análise efectuada neste trabalho aponta

para a prevalência das ferramentas centradas em dinâmicas de grupo, bem como a tendência

de crescimento das aplicações de tagging social e videoconferência.

Palavras-chave

Trabalho Cooperativo Suportado por Computador, CSCW, Groupware, Bibliometria, Interacção

Humano-Computador, Taxonomias, Revisão Sistemática, Análise Transversal.

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ABSTRACT In the last decades, cooperative work has gained a remarkable importance in the

scientific community as a research domain that encompasses multiple interests. The

evaluation of the state of the art of the multidisciplinary field of Computer Supported

Cooperative Work, a polymorphic scientific area focused on the social phenomenon of group

work and on the technological support to its procedural dynamics, prompted a cross-sectional

meta-analysis to several scientific publications found in specialized conferences and journals.

In an holistic view, this dissertation is based on the conceptualization of the above-mentioned

scientific field, where a common reference point in the literature is sought to explain the

elements that characterize its surrounding terminology, in the historical background with

some of the facts that marked its progress, as well as in their application domains.

The bibliometric analysis to the field of Computer Supported Cooperative Work,

respected a prior selection process of conferences and journals with topics dedicated to their

research domain, and cataloging the identification attributes present in this type of articles. In

addition, data about the number of citations in each article was collected, according to the

results obtained using Google Scholar, ACM Digital Library and Web of Science, in a total of

1480 articles. The results obtained with bibliometric analysis present a perspective that can

clarify possible future trends in terms of scientific production, as well as an approximate

characterization to the impact of certain publications. This study thus shows a strong volatility

in the composition of the scientific research community, in a review period characterized by

deep technological advances. The selection of the 2003-2010 period was due particularly to

the fact that it represents a significant part of the last decade scientific production,

complementing previous studies.

In order to characterize the current state of this research field, a systematic review

method is used to review the taxonomies presented for the classification of cooperative work

characteristics and the functional attributes of systems centered in the cooperation support. In

this sense, a classification scheme was adopted that aims to categorize the typologies and

functional properties of cooperative work tools, working as the classification basis chosen for

this type of publications. In this process, a total of 541 articles published between 2003 and

2010 were classified, recording their taxonomic elements. The analysis methodology used for

this set of publications to obtain this kind of information followed a process of reading the

summary of each article, searching for keywords related to each category, as well as fully

reading those articles that have high levels of complexity.

Generally, the scientific field of Computer Supported Cooperative Work has been

carrying out some efforts to combine research concerning social aspects of work with research

dealing with technological aspects. The analysis carried out in this thesis point to a prevalence

of group dynamics tools, as well as a growing trend for applications of social tagging and

videoconference.

Keywords

Computer Supported Cooperative Work, CSCW, Groupware, Bibliometrics, Human-Computer

Interaction, Taxonomies, Systematic Review, Cross-seccional Analysis.

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AGRADECIMENTOS Esta dissertação é resultado da confluência entre o esforço e empenho do autor, bem

como do apoio e incentivo incondicional de muitas entidades aglutinadoras de um crescimento

assinalável.

Assumindo um risco sempre presente em conjunturas psicossociais desta natureza, de

ser injusto por omissão, gostaria de agradecer particularmente:

- Aos Professores Doutores Hugo Paredes e Benjamim Fonseca, orientadores da minha

investigação, auxiliando-me incondicionalmente com o seu conhecimento científico, incentivo,

infinita amizade e espírito de união que, em uníssono, muito contribuíram para ultrapassar as

dificuldades de percurso que uma investigação neste domínio multidisciplinar acarreta.

- À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pela forte entreajuda que é patente

no seio desta instituição, pelas excelentes condições de trabalho que proporciona, e por todas

as oportunidades de investigação concedidas. Um agradecimento especial para os Professores

Doutores João Varajão, Leonel Morgado, Joaquim Escola e Paulo Martins por terem feito parte

da minha evolução enquanto investigador, constituindo-se como verdadeiros mentores.

- Aos meus colegas do laboratório, em particular o André Pinheiro, o Diogo Azevedo, o

Ricardo Nunes, o Gonçalo Matos, o Jorge Santos, a Daniela Pedrosa, o Pedro Neves e a Ana

Margarida Maia, pelo ambiente de trabalho maravilhoso que constroem diariamente.

- Aos meus colegas de curso, em especial à Nilza Rocha, ao Luís Rodrigues e ao Gilberto

Vilela, por sempre acreditarem em mim desde a minha entrada na universidade.

- À minha família, em particular à avó ‘Rosa’, fonte de sabedoria ancestral que serviu

de sustentáculo à minha manutenção e evolução enquanto ser.

- Um agradecimento não menos especial à minha ‘musa’ e aos meus amigos e colegas,

por terem sido o alicerce de todo o meu desenvolvimento, criando-me um ambiente propício

às tarefas de investigação, reflexão e redacção do trabalho que agora se materializa.

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ÍNDICE Resumo .......................................................................................................................................... v

Abstract ........................................................................................................................................ vii

Agradecimentos ............................................................................................................................ ix

Lista de figuras ............................................................................................................................ xiii

Lista de tabelas ............................................................................................................................. xv

Glossário, acrónimos e abreviaturas .......................................................................................... xvii

Capítulo 1: Introdução................................................................................................................... 1

1.1 Enquadramento ......................................................................................................... 2

1.2 Motivação e contribuições ........................................................................................ 4

1.3 Objectivos .................................................................................................................. 4

1.4 Estrutura .................................................................................................................... 5

Capítulo 2: Trabalho Cooperativo Suportado por Computador.................................................... 7

2.1 Envolvente conceptual .............................................................................................. 8

2.2 Enquadramento histórico ........................................................................................ 11

2.3 Etnografia e psicossociologia do trabalho e das organizações ............................... 16

2.4 Groupware ............................................................................................................... 18

2.4.1 Requisitos ............................................................................................................ 19

2.4.2 Factores de sucesso e fracasso ........................................................................... 21

2.4.3 Áreas de aplicação ............................................................................................... 22

2.4.3.1 Colaboração móvel .............................................................................................. 23

2.4.3.2 Comércio colaborativo ........................................................................................ 26

2.4.3.3 Telemedicina ....................................................................................................... 29

2.4.3.4 Aprendizagem Colaborativa Suportada por Computador .................................. 31

2.4.3.5 Ambientes virtuais e videojogos colaborativos................................................... 35

Capítulo 3: Classificação de CSCW .............................................................................................. 39

3.1 Classificação de sistemas groupware ...................................................................... 40

3.1.1 Matriz tempo-espaço .......................................................................................... 40

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3.1.2 Domínios de aplicação ........................................................................................ 42

3.1.3 Modelo 3C ........................................................................................................... 47

3.1.4 Taxonomias híbridas ........................................................................................... 54

3.2 Modelos de classificação de trabalho cooperativo ................................................. 61

Capítulo 4: Metodologia .............................................................................................................. 69

4.1 Cienciometria: Origem e aplicabilidade .................................................................. 70

4.2 Métricas de avaliação quantitativa ......................................................................... 72

4.3 Método de investigação .......................................................................................... 74

4.3.1 Métodos de recolha e catalogação de bibliografia de referência....................... 75

4.3.2 Avaliação taxonómica de publicações científicas sobre groupware ................... 80

Capítulo 5: Resultados ................................................................................................................. 85

5.1 Estudos de análise bibliométrica na literatura de CSCW ........................................ 86

5.2 Bibliométricas transversais de investigação em CSCW ........................................... 93

5.3 Classificação de publicações científicas de groupware ......................................... 104

Capítulo 6: Conclusões e trabalho futuro ................................................................................. 111

Referências bibliográficas ......................................................................................................... 119

Apêndices .................................................................................................................................. 157

Apêndice 1: Compilação das propriedades taxonómicas de CSCW .......................................... 157

Apêndice 2: Lista de publicações com maior número de citações ........................................... 167

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LISTA DE FIGURAS Figura 1. Cronologia de sistemas de suporte à colaboração ...................................................... 15

Figura 2. Estrutura de um sistema de actividade humana (Adaptado de Engeström, 1987) ..... 32

Figura 3. Relação entre teorias individuais e sociais de aprendizagem (Adaptado de Stahl, 2011)

..................................................................................................................................................... 34

Figura 4. Natureza geográfica em sistemas de CSCW (Rodden & Blair, 1991) ........................... 41

Figura 5. Classificação de acordo com as funções de suporte (Adaptado de Borghoff &

Schlichter, 2000) .......................................................................................................................... 48

Figura 6. Modelo de colaboração em trevo (Adaptado de Elmarzouqi et al., 2007) .................. 50

Figura 7. Modelo para avaliar a percepção da actividade (Adaptado de Neale et al., 2004) ..... 51

Figura 8. Diagrama cíclico do Modelo 3C (Adaptado de Fuks et al., 2005) ................................. 52

Figura 9. Roda de ferramentas colaborativas (Adaptado de Weiseth et al., 2006) .................... 57

Figura 10. Redes de comunicação (Adaptado de Shaw, 1971) ................................................... 62

Figura 11. Circunflexo das tarefas de grupo (Adaptado de McGrath, 1984) .............................. 63

Figura 12. Quadro de pessoas/artefactos (Adaptado de Dix, 1994) ........................................... 64

Figura 13. Modelo dinâmico de interacção em grupo (Adaptado de Andriessen, 2002) ........... 65

Figura 14. Modelo teórico de formação da percepção da situação (Adaptado de Bolstad et al.,

2005) ........................................................................................................................................... 66

Figura 15. Diagrama lógico da metodologia de investigação ..................................................... 84

Figura 16. Variação da percentagem média de investigadores de CSCW em redes de co-autoria

(Horn et al., 2004) ....................................................................................................................... 87

Figura 17. Distribuição dos locais de publicação de trabalhos citados em CSCW (2000-2002)

(Adaptado de Horn et al., 2004).................................................................................................. 88

Figura 18. Evolução dos tipos de investigação (Adaptado de Wainer & Barsottini, 2007) ......... 89

Figura 19. Rede de referências no campo de CSCL em 2003 (Adaptado de Kienle & Wessner,

2006) ........................................................................................................................................... 90

Figura 20. Estatísticas da conferência CHI (Adaptado de Henry et al., 2007) ............................. 91

Figura 21. Tópicos de investigação da conferência CRIWG (Adaptado de Antunes & Pino, 2010)

..................................................................................................................................................... 93

Figura 22. Variações na média de citações do Google Scholar ................................................... 96

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Figura 23. Análise global aos dados comparáveis nos três índices de citação ........................... 98

Figura 24. Locais de publicação de autores de referência em CSCW (2000-2010) ................... 100

Figura 25. Resultados embrionários da análise aos tópicos globais de CSCW (1945-2010) ..... 101

Figura 26. Análise bianual dos atributos funcionais de groupware .......................................... 105

Figura 27. Características funcionais de groupware por conferência ....................................... 108

Figura 28. Análise bianual das tipologias de groupware ........................................................... 109

Figura 29. Tipologias de groupware por conferência ............................................................... 110

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LISTA DE TABELAS Tabela 1. Comparação de CVE orientados à aprendizagem (Adaptado de Rajaei & Aldhalaan,

2011) ........................................................................................................................................... 38

Tabela 2. Matriz tempo-espaço para a classificação de groupware (Adaptado de Johansen,

1988) ........................................................................................................................................... 40

Tabela 3. Categorização do espaço de interacção segundo os domínios de aplicação (Adaptado

de Ellis, 2000) .............................................................................................................................. 43

Tabela 4. Ferramentas colaborativas e respectivas funcionalidades (Adaptado de Bafoutsou &

Mentzas, 2002) ............................................................................................................................ 45

Tabela 5. Esquema de classificação para tecnologias de suporte à colaboração (Mittleman et

al., 2008)...................................................................................................................................... 47

Tabela 6. Características de colaboração para partilha de conteúdo em redes sociais (Oliveira &

Gerosa, 2011) .............................................................................................................................. 53

Tabela 7. Taxonomia de colaboração (Adaptado de Bolstad & Endsley, 2003).......................... 56

Tabela 8. Classificação não-exclusiva (Adaptada de Penichet et al., 2007) ................................ 58

Tabela 9. Classificação das referências taxonómicas de groupware (Adaptado de Bafoutsou &

Mentzas, 2002) ............................................................................................................................ 60

Tabela 10. Modelo hierárquico de colaboração (Adaptado de Okada, 2007) ............................ 67

Tabela 11. Conferências e revistas seleccionadas....................................................................... 75

Tabela 12. Campos de dados do modelo de catalogação de artigos .......................................... 79

Tabela 13. Esquema de comparação para sistemas de groupware (Adaptado de Mittleman et

al., 2008)...................................................................................................................................... 80

Tabela 14. Método de classificação de publicações científicas .................................................. 83

Tabela 15. Comparação da presença de CSCW segundo a organização do trabalho (Adaptado

de Grudin, 1994) ......................................................................................................................... 86

Tabela 16. Organização dos indicadores ‘bibliométricos’ obtidos com o processo de

catalogação ................................................................................................................................. 94

Tabela 17. Tópicos usados para a classificação de artigos entre 1945-2010 (Adaptado de

Greenberg, 1991) ...................................................................................................................... 102

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GLOSSÁRIO, ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS ABC – Activity-Based Computing

ACCM – Augmented Continuum of Collaboration Model

AI – Artificial Intelligence

AR – Augmented Reality

ATM – Asynchronous Transfer Mode

B2B – Business-to-Business

BPM – Business Process Management

BPML – Business Process Modeling Language

CAD – Computer-Aided Design

CAM – Computer-Aided Manufacturing

C-Commerce – Collaborative Commerce

CMC – Computer-Mediated Communication

CRM – Customer Relationship Management

CSCL – Computer-Supported Collaborative Learning

CSCW – Computer Supported Cooperative Work

CVEs – Collaborative Virtual Environments

CVGE – Collaborative Virtual Geographic Environment

DIS – Distributed Interactive Simulation

E-Business – Electronic Business

ebXML – Electronic Business XML

E-Commerce – Electronic Commerce

EIP – Enterprise Information Portals

E-mail – Electronic Mail

EMR – Electronic Medical Record

ENIAC – Electronic Numerical Integrator and Calculator

ERP – Enterprise Resource Planning

GDSS – Group Decision Support Systems

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HCI – Human-Computer Interaction

HLA – High Level Arquitecture

JCR – Journal Citation Reports

LDA – Linear Discriminant Analysis

MMOGs – Massively Multiplayer Online Games

MUDs – Multi-User Dungeons

OA – Office Automation

P2P – Peer-to-Peer

PDAs – Personal Digital Assistants

PLC – Product Lyfecycle Collaboration

PLM – Product Lifecycle Management

PoP – Publish or Perish

RPC – Remote Procedure Call

SCI – Science Citation Index

SI – Sistemas de Informação

SIDES – Shared Interfaces to Develop Effective Social Skills

SMS – Short Message Service

SNA – Social Network Analysis

TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação

TOUCH – Telehealth Outreach for Unified Community Health)

WFM – Workflow Management

WIF – Web Impact Factor – WIF

Workflow – Fluxo de trabalho

WoS – Web of Science

WWW – World Wide Web

WYSIWIS – What You See Is What I See

XML – Extensible Markup Language

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

“Coming together is a beginning. Keeping together is progress. Working

together is success.”

Henry Ford

Neste capítulo de génese introdutória, faz-se um enquadramento lógico do problema e

das motivações que conduziram à definição concreta do estudo proposto. São ainda definidos

os objectivos parciais que se pretendem alcançar com o trabalho de investigação e apresenta-

se a estrutura da dissertação, referindo sumariamente os assuntos que são abordados em cada

um dos capítulos seguintes.

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1.1 ENQUADRAMENTO

Com o advento do novo milénio, sucedeu-se uma efervescente mutação paradigmática

na aplicação de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), fomentando a criação de uma

sociedade centrada na informação, com base num conjunto de relações interpessoais (Paredes

& Martins, 2011), e regenerando a capacidade de trabalhar remotamente através da redução

das barreiras temporais, espaciais e de interacção social. Neste contexto, a tecnologia adquiriu

um papel estratégico como suporte aos processos de ‘trabalho cooperativo’, suscitando uma

simbiose eficaz entre humanos e máquinas com funções distintas mas fortemente interligadas

(Gruber, 2008). Os avanços tecnológicos que se concretizaram no domínio da colaboração com

suporte informático, designadamente o correio electrónico (e-mail) como ferramenta de apoio

à coordenação de tarefas, o uso de mundos virtuais para a realização de reuniões, formações

específicas e simulação de actividades com elevados níveis de exigência, sistemas de workflow

dinâmicos, mensagens instantâneas (instant messaging), videoconferência, audioconferência e

espaços multi-utilizador para a edição e partilha de documentos em tempo real, introduziram

inúmeras possibilidades ao campo do ‘teletrabalho’. No entanto, estes progressos acarretam

também imensos desafios no que diz respeito às múltiplas necessidades dos utilizadores para

aumentar a transparência, ‘co-presença’, privacidade e produtividade laboral em contextos de

natureza operacional, numa manifesta tentativa de cooperar activamente de forma ‘ubíqua’. O

conceito de Computação Ubíqua é subentendido na forma de “submersão” dos computadores

‘embutidos’ no mundo real, com o intuito de auxiliar o ser humano na utilização de tecnologia

de uma forma ‘inconsciente’. Com a colocação dos dispositivos computacionais num plano

secundário, “a virtualidade embebida no espaço físico permitiu reverter as forças centrípetas

afectantes que os computadores pessoais convencionais inseriram dentro da vida e do espaço

de trabalho” (Weiser, 1991). Na senda evolutiva deste paradigma, Dey e Abowd (2000) fizeram

um enquadramento conceptual ao ‘contexto’ e definiram-no como “qualquer informação que

possa ser usada para caracterizar uma entidade” e melhorar, desta forma, a interacção entre o

utilizador e uma aplicação, reportando-se tipicamente “à localização, à identidade e ao estado

de pessoas, grupos e objectos físicos e computacionais”. Por sua vez, Dourish (2004) afirmou

que “o contexto não é a informação per si, mas as propriedades que a constituem”, suscitando

a criação de sistemas ‘cientes do contexto’ (context-aware) que permitam “extrair, interpretar

e usar a informação de contexto” e adaptar a sua funcionalidade a situações específicas (Rohn,

2003), trazendo um conjunto de desafios e oportunidades para o desenvolvimento de sistemas

colaborativos mais robustos (Kulkarni & Tripathi, 2010).

O paradigma actual dos sistemas de apoio à cooperação amplia a metáfora do espaço

de trabalho auxiliado por dispositivos informáticos e abre novos caminhos à forma como as TIC

podem apoiar as várias dinâmicas processuais de um grupo em constante interacção, tornando

crucial a manutenção de uma ‘percepção do contexto de trabalho’ para que a cooperação seja

bem sucedida (Bardram & Hansen, 2010). A componente de ‘percepção do espaço de trabalho’

concentra-se no conhecimento da interacção de outras pessoas com um ambiente operacional

partilhado, num esforço conjunto, tornando-se uma funcionalidade útil para uma grande parte

das actividades de colaboração. Esta característica permite coordenar acções, gerir junções de

forma estratégica, manter a comunicação objectiva e ininterrupta sobre uma tarefa, antecipar

as acções dos outros elementos do grupo e encontrar oportunidades para alcançar um elevado

grau de entreajuda tendo como base um ‘entendimento mútuo’ (Gutwin & Greenberg, 2002).

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O Trabalho Cooperativo Suportado por Computador (Computer Supported Cooperative

Work – CSCW, na terminologia anglo-saxónica) emergiu como um campo científico de carácter

multidisciplinar, centrado nas possibilidades e nos efeitos do suporte tecnológico a grupos de

trabalho envolvidos em tarefas e/ou objectivos comuns (Bowers & Benford, 1991). Conforme

argumentou Ackerman (2000), uma grande parte dos avanços alcançados em CSCW durante a

década de 1990 centrou-se em pressupostos como a actividade humana ser altamente flexível,

contextualizada e variável, suscitando a necessidade de criação de ‘entidades’ computacionais

ajustáveis a esta envolvente, nomeadamente ao nível da transferência de informação, funções

e políticas. Com os estudos realizados, tornou-se evidente a existência de uma lacuna inerente

entre os ‘requisitos sociais’ e os ‘mecanismos técnicos’ implementados, um fenómeno que tem

originado preocupações da parte dos investigadores de CSCW ao tentarem colmatar a ‘rigidez’

dos sistemas colaborativos em termos de fundamentação lógica e apoio à actividade social. Os

‘mecanismos sociais’ apresentam uma forma de complementar as aplicações ao possibilitarem

controlar, regular e estimular comportamentos (Sproull & Kiesler, 1991). Neste sentido, tem-se

mantido activa uma procura por novas formas de gerir problemas e compromissos resultantes

de conflitos observados em ambientes de trabalho em grupo e da coordenação das actividades

dos participantes (Malone & Crowston, 1994; Schmidt & Simone, 1996). As visões precedentes

que defendiam uma natureza intelectual, mecanicista e metódica das actividades laborais têm

sido questionadas, na medida em que as interacções passaram a ocorrer com maior frequência

e em níveis de complexidade mais elevados, o que acarreta sérios desafios para a resolução de

problemas relacionados com o suporte ao ‘trabalho de articulação’ (Schmidt, 2010).

A implementação de sistemas colaborativos em ambientes organizacionais requer uma

adaptação estruturada, contínua e flexível, sedimentada na ‘co-evolução’ e propulsionada pela

tendência dos utilizadores para moldar o sistema às suas necessidades específicas (Orlikowski,

1992). Esta situação pode originar vários conflitos e mobilizar sinergias para uma análise sobre

os impactos e as variações verificáveis no processo de negociação de um grupo de trabalho nas

suas configurações naturais. A psicologia social aplicada ao campo de CSCW (Finholt & Teasley,

1998; Kraut, 2003; Beenen et al., 2004) fundamenta-se na análise do comportamento humano

em grupo com o objectivo de atingir uma compreensão sistemática das transformações ‘sócio-

comportamentais’ que caracterizam o segmento da Interacção Humano-Computador (Human-

Computer Interaction – HCI). Segundo Sinha et al. (2010), a HCI pode ser entendida como “uma

disciplina afecta ao desenvolvimento, avaliação e implementação de sistemas computacionais

interactivos para utilização humana e ao estudo dos principais fenómenos que os rodeiam” e a

sua origem remonta a 1946, com a introdução do primeiro computador electrónico de grande

escala, denominado por Electronic Numerical Integrator and Calculator (ENIAC).

A ‘co-construção de conhecimento’ (Clases & Wehner, 2002), compreendida como um

modo específico de cooperação expansiva no ciberespaço, estabelece-se na redefinição mútua

de funções, objectivos de trabalho e padrões de interacção. Neste contexto, as ‘comunidades

virtuais’ (Rheingold, 1993) surgem como um espaço onde as pessoas podem interagir entre si,

construir relações fechadas e executar actividades (Paredes & Martins, 2011), com o objectivo

de alcançar o ‘capital social’ e aumentar a eficácia laboral. Em virtude do seu compromisso em

construir aplicações que suportem a estrutura interpessoal, o CSCW situou a tecnologia numa

envolvente composta por actividades funcionais, através de uma análise rigorosa das práticas

reais de trabalho (Schmidt, 2010), criando novas directrizes para um alinhamento estratégico.

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1.2 MOTIVAÇÃO E CONTRIBUIÇÕES

Segundo Schmidt (2009), o CSCW nunca conseguiu estabelecer-se como um campo de

investigação bem delimitado, encontrando-se num estado avançado de ‘fragmentação’. Neste

sentido, torna-se essencial visualizar a evolução da área ao longo da sua existência, recorrendo

a métodos de avaliação ‘bibliométrica’ para determinar os factores de impacto da comunidade

de investigação científica em CSCW e os seus principais tópicos de interesse. A motivação para

a realização deste trabalho de investigação baseia-se na premissa de que existe uma manifesta

necessidade de analisar a produção científica deste campo devido à escassez de conhecimento

sobre estudos recentes que contemplem uma amostra com o nível de granularidade desejado.

O estudo do impacto científico das publicações de CSCW é complementado com a classificação

de sistemas colaborativos abordados no conjunto específico de artigos científicos catalogados,

possibilitando a avaliação das transformações mais relevantes. Com o intuito de compreender

os dados considerados, esta dissertação expõe as variações em formatos simétricos, utilizando

uma metodologia uniforme no tratamento e subsequente apresentação dos dados. Contudo,

os processos de pesquisa e de análise dos artigos catalogados levantaram uma necessidade de

construir um modelo para a classificação de publicações dirigidas aos fundamentos teóricos do

CSCW, acrescentando a dimensão tecnológica. As características deste modelo de classificação

que se pretende criar futuramente são apresentadas de forma genérica no terceiro capítulo da

dissertação, sendo extraídas da literatura de CSCW e respeitando uma estrutura ‘ortogonal’. O

contributo principal deste estudo foca-se na decomposição de uma década caracterizada pelas

introduções de diferentes ferramentas colaborativas, promovendo uma comparação funcional

aos seus atributos técnicos, articulada numa visão global e prospectiva, exposta no formato de

hipótese sobre o crescimento, organização e impacto do campo de CSCW.

1.3 OBJECTIVOS

A caracterização do estado da arte de um campo científico de natureza interdisciplinar

acarreta imensos desafios de investigação. De forma a contextualizar o crescimento verificado

na área de CSCW, pretende-se desenvolver um estudo que avalie a sua perspectiva histórica,

defina o estado actual e analise possíveis tendências futuras. O trabalho a realizar em contexto

de dissertação transita por um processo de catalogação e ‘revisão sistemática’ de literatura de

referência, levantamento de taxonomias centradas na classificação de tecnologias de suporte à

colaboração e consequente justificação da necessidade de uma taxonomia compreensiva, bem

como o cruzamento de dados estatísticos e reflexão sob perspectivas distintas. Os ‘metadados’

obtidos no âmbito deste estudo funcionarão como uma das componentes integrantes da base

de dados criada para organizar o conjunto de publicações catalogadas e classificadas, podendo

ser facilmente actualizados e analisados. Neste sentido, pretende-se enfatizar o status quo em

CSCW, colocando alguns dos seus factos mais marcantes num referencial compreensivo.

A concretização do objectivo primordial desta dissertação passa pelo estabelecimento

de objectivos parcelares que se concretizarão em várias fases do seu desenvolvimento global,

delimitando uma sequência de ‘desideratos’ cruciais para atingir resultados reais. Apresenta-se

assim, em seguida, a lista sintetizada de objectivos a concretizar no âmbito desta dissertação:

Elaborar um estudo sobre o estado da arte de CSCW, onde se apresentem os

factos históricos que marcaram a evolução do campo, a sua perspectiva actual

e as formas de convergência que apresenta para o futuro.

Page 23: Caracterização do estado da arte de CSCW

5

Fazer a análise transversal ao conteúdo de alguns dos artigos que representam

o maior número de citações no campo em estudo.

Processo de recolha, catalogação e análise de artigos publicados em revistas e

conferências internacionais de reconhecido mérito científico na área.

Aplicação de métodos de avaliação ‘bibliométrica’ ao universo catalogado.

Criar uma árvore de dependências para definir as áreas específicas e as áreas

transversais que constituem o campo de CSCW.

Identificação de taxonomias para a classificação de artigos relativos a CSCW, e

justificação da necessidade de um modelo formal composto por ‘propriedades’

abordadas separadamente na literatura.

Classificação de artigos relativos a tecnologias de suporte a grupos envolvidos

em tarefas colaborativas segundo uma taxonomia pré-definida.

Consolidar a análise estatística dos dados obtidos no processo de classificação,

de forma a contextualizar a evolução dos sistemas colaborativos ao longo dos

últimos anos.

Análise dos resultados obtidos e definição de linhas de trabalho futuro.

1.4 ESTRUTURA

A estrutura da dissertação encontra-se dividida em seis capítulos independentes mas

fortemente interligados, respeitando um encadeamento lógico e sequencial. A par da presente

secção introdutória, a dissertação encontra-se organizada da seguinte forma:

Capítulo 2

Trabalho Cooperativo Suportado por Computador

Estudo dos fundamentos do CSCW, auxiliado pelo enquadramento conceptual

relativo às temáticas que o caracterizam transversalmente. Abordagem sucinta

aos domínios da etnografia, psicologia e sociologia em contexto de trabalho de

grupo com suporte informático, clarificando as suas características primaciais.

Descrição detalhada das ferramentas de suporte à colaboração, delimitando a

sua envolvente conceptual, os requisitos de maior relevância para a utilização

destes sistemas e os factores de adopção e rejeição mencionados na literatura,

bem como algumas das suas áreas de aplicação.

Capítulo 3

Classificação de CSCW

Descrição de taxonomias abordadas na literatura com o objectivo de classificar

os sistemas colaborativos e as suas dinâmicas de trabalho em grupo. É exposta

uma fracção significativa da produção científica neste domínio, com correlação

entre os atributos que caracterizam as principais correntes taxonómicas. Neste

contexto, são apresentadas as ‘propriedades’ de forma agregada com o intuito

de traçar uma linha de investigação baseada na criação de um modelo híbrido.

Capítulo 4

Metodologia

Apresentação dos métodos de análise ‘cienciométrica’ existentes na literatura,

definindo esta envolvente e inserindo-a no contexto em estudo. Descrição dos

processos de recolha, catalogação e análise de dados ‘bibliométricos’ relativos

Page 24: Caracterização do estado da arte de CSCW

6

a artigos de CSCW. Exposição dos métodos utilizados na avaliação dos sistemas

colaborativos e fundamentação da amostra considerada no estudo.

Capítulo 5

Resultados

Validação dos resultados conseguidos com a análise ‘bibliométrica’ numa visão

hipotética sobre as transformações e tendências que o campo apresenta para

o futuro. Análise profunda às possibilidades de convergência em CSCW, no que

se refere às funcionalidades mais evidentes dos sistemas colaborativos, sendo

complementada por um estudo aos tipos de sistemas mais estudados entre os

anos 2003 e 2010 em conferências e revistas específicas. Determinação de um

conjunto de publicações científicas onde um grupo pré-definido de autores de

CSCW publicou na última década. Lista de artigos sobre CSCW com um número

significativo de citações nos índices de indexação contemplados. Os conjuntos

de ‘metadados’ são agrupados e apresentados de forma sucinta para facilitar a

leitura e tornar os resultados mais perceptíveis.

Capítulo 6

Conclusões e trabalho futuro

Sinopse dos conteúdos com maior relevância no trabalho de caracterização do

estado da arte de CSCW, suscitando uma avaliação crítica aos dados obtidos e

apresentados com tratamento estatístico, fundamentando evidências relativas

ao processo de extracção de informação. Averiguação do cumprimento eficaz

dos objectivos propostos inicialmente, indicando linhas de investigação futura

com base nos desafios encontrados com o desenvolvimento desta dissertação.

Page 25: Caracterização do estado da arte de CSCW

7

CAPÍTULO 2: TRABALHO COOPERATIVO SUPORTADO POR COMPUTADOR

“Society does not consist of individuals, but expresses the sum of the interrelations

within which these individuals stand.”

Karl Marx

Esta secção apresenta um enquadramento conceptual do campo de CSCW e descreve-

o como uma área científica multidisciplinar alavancada por uma comunidade de investigadores

de HCI com interesses específicos no estudo do impacto social da tecnologia, enquadrando-se

em domínios como a antropologia, a informática e a psicologia. Neste sentido, são referidas as

definições introduzidas na literatura de CSCW para explicar os conceitos genéricos, é feita uma

abordagem à etnografia e à corrente psicossociológica do trabalho cooperativo como métricas

de análise usadas para determinar os factores que influenciam a utilização efectiva de sistemas

colaborativos e explica-se, pormenorizadamente, o domínio tecnológico circunscrito ao CSCW.

Os factores de sucesso e fracasso, os paradigmas, os requisitos formais e as áreas de aplicação,

em que é possível identificar segmentos de utilização destes sistemas, são também abordados

neste capítulo com o objectivo de apresentar as principais linhas de trabalho desta área.

Page 26: Caracterização do estado da arte de CSCW

8

2.1 ENVOLVENTE CONCEPTUAL

A investigação em CSCW assume um papel ‘instrumental’ na redução da complexidade

de coordenação relativa às actividades cooperativas intercedidas por ferramentas informáticas

(Schmidt & Simone, 1996), suscitando o interesse pela criação de unidades estruturais flexíveis

e de fácil integração que orientem a execução de tarefas através de mecanismos de interacção

social adaptados à imprevisibilidade do mundo real (Holt, 1985, p. 281). Na distinção analítica

‘recursiva’ enfatizada por Schmidt e Simone (1996), “o trabalho cooperativo é constituído pela

interdependência de múltiplos actores a interagir através da alteração do estado de um campo

comum de trabalho”, onde o seu carácter distribuído depende de factores como a ‘repartição’

de actividades no tempo e espaço, o número de participantes em disposições de cooperação, a

complexidade estrutural constituída pela área de trabalho (interacções e heterogeneidade), o

nível de especialização dos participantes e a variedade de ‘heurísticas’ envolvidas, exigindo um

‘trabalho de articulação’ efectivo para unir os esforços cooperativos nas actividades realizadas

de forma distribuída através de ‘artefactos’ específicos. Neste domínio, podem ser englobados

os ‘mecanismos de coordenação’ como construções resultantes da relação entre um protocolo

coordenativo (um conjunto integrado de procedimentos e convenções que fomentam a junção

de actividades interdependentes) e um artefacto (onde o protocolo é materializado), podendo

ser concebido como um dispositivo de software especializado que interage com uma aplicação

para apoiar o ‘trabalho de articulação’ representado por estruturas de dados e funcionalidades

concretas, numa base ‘semântica’ acessível a todas as entidades cooperantes. Historicamente,

o termo ‘trabalho cooperativo’ remonta à primeira metade do século XIX, subentendido como

a designação geral e neutra de trabalho com a envolvência de múltiplos actores (Ure, 1835). A

definição formal de Marx (1867) pressupõe a presença de “múltiplos indivíduos a trabalhar em

conjunto, de forma planeada, no mesmo processo de produção ou em processos de produção

diferentes mas interligados”.

Segundo Bannon e Schmidt (1989), o CSCW não pode ser entendido apenas em termos

de técnicas a serem aplicadas, mas sim como uma área de investigação centrada na concepção

de sistemas de suporte a grupos, tendo uma base conceptual em diversos campos das ciências

sociais e da computação. Nesta óptica, deve ser definido como um esforço de compreensão da

natureza holística e das características que constroem o trabalho cooperativo, com o objectivo

de criar tecnologias computacionais adequadas e aperfeiçoadas num esforço sistemático. Greif

(1988) define a envolvente de CSCW como “um campo de investigação identificável, centrado

no papel do computador no trabalho em grupo”. O termo ‘grupo’ é aqui enfatizado no sentido

de caracterizar qualquer tipo de interacção social, podendo ser entendido como um conjunto

de pessoas, relativamente fechado e fixo, que partilham objectivos comuns e estão envolvidas

num processo de comunicação ininterrupto. A interacção entre os membros pode alternar em

termos de frequência, desde o simples acto de informar ao caso da cooperação, onde coexiste

uma actividade partilhada para a qual é necessário interagir com grande frequência. O caso da

coordenação não envolve comunicação com o propósito de operar uma actividade simultânea,

mas sim o contacto com o objectivo de ‘coordenar’ actividades e informação (Ellis et al., 1991).

O trabalho em equipa designa um tipo específico de relação cooperativa expressa pela partilha

de responsabilidades entre os membros, por ser premeditada e por respeitar um planeamento

efectivo (Johansen, 1988). O conceito de ‘trabalho cooperativo’ define a envolvente composta

por múltiplas pessoas a trabalhar em conjunto, através de processos relacionados em termos

Page 27: Caracterização do estado da arte de CSCW

9

de conteúdo, para produzir um determinado ‘produto’ ou ‘serviço’ (Bannon & Schmidt, 1989).

O núcleo do ‘trabalho cooperativo’ encontra-se na noção de ‘dependência mútua’ no processo

laboral, envolvendo actores a cooperar com o objectivo de terminar determinadas tarefas com

eficácia, e uma forte dependência sobre o tempo e a qualidade do trabalho realizado (Schmidt

& Bannon, 1992). A configuração de um ambiente de trabalho cooperativo considera o ‘campo

de trabalho’ como uma parte do universo que é controlada ou transformada pelo trabalho dos

actores, incluindo as suas interfaces (Schmidt, 1994), envolvendo igualmente a ‘organização do

trabalho cooperativo’ como uma combinação de actores interdependentes constituída por um

sistema de actividades de dependência mútua (Schmidt, 2002). Neste sentido, os participantes

num cenário desta natureza dependem da ‘informação contextual’ sobre o estado efectivo das

acções dos restantes elementos, possibilitando um acompanhamento mais rigoroso. McGrath

(1984) descreveu ‘grupos’ como instrumentos que influenciam ou modificam os seus membros

constituintes e fomentam a produção de trabalho, formando agregações sociais que envolvem

um nível comum de conhecimento e interacção. O trabalho cooperativo é ‘articulado’ de modo

a que os actores envolvidos sejam estimulados a partilhar, distribuir, coordenar ou interligar as

suas actividades individuais distribuídas (Schmidt & Bannon, 1992).

A ‘percepção’ (conceptualizada como ‘awareness’, na terminologia anglo-saxónica) foi

definida por Dourish e Bellotti (1992) como a compreensão da actividade dos outros membros

de um grupo num espaço partilhado, fornecendo um ‘contexto’ para a sua própria acção. Com

a ‘percepção mútua’ da presença e das actividades dos colaboradores num contexto específico

de trabalho em grupo, torna-se possível ‘articular’ as actividades cooperativas de acordo com a

sua situação actual, num fenómeno contínuo onde a prática pode ocorrer de forma implícita,

em ambientes de pequena dimensão, e onde se verifica a criação recursiva de conhecimento,

interesses e intenções por parte dos membros do grupo (Schmidt, 1994). Em CSCW, o conceito

de ‘foco’ foi introduzido como um domínio explícito da actividade de determinados indivíduos,

enquanto a nomenclatura ‘nimbo’ foi utilizada para descrever o comportamento, a disposição

ou a actividade que podem derivar da acção de um indivíduo, numa relação sem reciprocidade

em que o cruzamento dos dois conceitos resulta na ‘percepção’ (Rodden, 1996). A literatura de

CSCW apresenta diversas combinações com o termo ‘percepção’ para caracterizar os domínios

específicos em que se encontram os ‘sistemas colaborativos’, designadamente: ‘percepção de

colaboração’ (Lauwers & Lantz, 1990), ‘percepção passiva’ (Dourish & Bellotti, 1992, p. 107),

‘percepção genérica’, ‘conhecimento mútuo’ e ‘percepção periférica’ (Bly et al., 1993; Grudin,

2001), ‘percepção recíproca’ e ‘percepção mútua’ (Shmidt, 1994), ‘conhecimento da presença’

(Milewski & Smith, 2000), ‘percepção contextual’ (Izadi et al., 2002), ‘percepção da situação’ e

‘percepção do espaço de trabalho’ (Gutwin & Greenberg, 2002). Segundo Schmidt (2002), este

conjunto de abordagens conceptuais indica que o termo ‘percepção’ é ambíguo e necessita de

uma qualificação mais rigorosa para que não seja usado de forma contraditória. Na envolvente

aplicacional, a informação que possibilita a ‘percepção’ deve ser coerente em toda a rede, algo

que é reflectido pela exigência de sistemas síncronos ‘multi-utilizador’ onde a percepção visual

do espaço de trabalho é partilhada entre todos os participantes (What You See Is What I See –

WYSIWIS). Neste contexto, as ‘sobrecargas’ cognitivas devem ser evitadas, e os mecanismos de

notificação devem ser ‘accionados’ sem perturbar a atenção nas tarefas (Papadopoulos, 2006).

O conceito de ‘fluxo de trabalho’, conhecido por ‘workflow’, é definido por Xiao (2005)

como o conjunto de processos criados por uma organização para coordenar as actividades de

Page 28: Caracterização do estado da arte de CSCW

10

múltiplos indivíduos e, desta forma, assegurar a conclusão do trabalho com êxito e aumentar a

eficiência dos colaboradores. Os ‘procedimentos’ funcionais padronizados podem influenciar o

carácter das actividades coordenadas, fomentando a incorporação de ‘tecnologia colaborativa’

dentro do fluxo de trabalho de uma organização. Segundo Ellis (1999), alguns tipos de trabalho

em contexto de escritório podem ser vistos como conjuntos interligados de tarefas recorrentes

estruturadas (processos ou procedimentos do ‘fluxo de trabalho’), onde as etapas elementares

de trabalho (actividades) devem ser realizadas por várias pessoas (actores) numa determinada

sequência. Os sistemas de ‘workflow’ têm a capacidade de definir, gerir e executar ‘processos’

através de software, cuja ordem de execução é dirigida por uma representação computacional

da lógica referente ao ‘fluxo de trabalho’.

Em termos genéricos, o CSCW aborda processos cooperativos unindo indivíduos, assim

como grupos homogéneos, para que possam trabalhar conjuntamente visando alcançar metas

comuns, independentemente da sua localização física e actuando numa configuração temporal

simultânea e/ou assíncrona. Segundo Bowers e Benford (1991), “na sua forma mais genérica, o

CSCW examina as possibilidades e os efeitos do suporte tecnológico a pessoas envolvidas em

processos de comunicação e trabalho colaborativo”. Neste sentido, salientam-se os dois pares

de caracteres que formam o acrónimo, ‘CW’ como fenómeno social que caracteriza o trabalho

em grupo e ‘CS’ na perspectiva dos sistemas colaborativos que fornecem o respectivo suporte,

conhecidos internacionalmente por groupware (Schmidt & Bannon, 1992; Ackerman, 2000). O

termo aparece inicialmente como a ‘combinação’ entre os processos de grupo intencionais e o

software para os suportar (Johnson-Lenz & Johnson-Lenz, 1981). Numa envolvente conceptual

mais estrita, pode subentender-se por groupware “o conjunto de sistemas computacionais que

suportam indivíduos envolvidos numa tarefa (ou objectivo) comum e fornecem uma interface

para um ambiente partilhado”, incluindo software, hardware e serviços de suporte a processos

de trabalho cooperativo (Ellis et al., 1991). De acordo com a interpretação feita ao trabalho de

Poltrock e Grudin (1999), as ferramentas de suporte à ‘coordenação’ podem ser caracterizadas

como groupware que permite aos seus utilizadores capturar e coordenar os processos internos

de uma organização, aumentar a qualidade e reduzir custos de coordenação (Sproull & Kiesler,

1991). Na definição de Ehrlich (1999), o conceito de groupware refere-se ao “desenvolvimento

de tecnologias que suportam o modo como as pessoas comunicam e colaboram para cumprir

metas de trabalho no contexto de processos pessoais, organizacionais e de gestão”. Neste tipo

de sistema, o trabalho pode ser tácito e amorfo, e as tarefas executadas podem apresentar um

carácter explícito, observável e concreto. Contudo, as organizações possuem uma necessidade

contínua de aumentar a produtividade devido à competitividade global, suscitando a execução

de tarefas mais complexas e ‘polimorfas’. Desta forma, são necessários sistemas ‘flexíveis’ para

enfrentar problemas como o aumento da sobrecarga administrativa, a pressão para aumentar

os índices de eficácia e eficiência, bem como a intenção dos colaboradores em diminuir a carga

de trabalho desnecessária que pode provocar diversas perturbações orgânicas e psíquicas.

O ‘suporte’ aos processos de trabalho cooperativo não se baseia apenas na ‘disposição

metódica’ de tecnologias e instrumentos de trabalho, consolida-se pela formação de sistemas

‘sociotécnicos’ eficazes (Trist & Bamforth, 1951). Enquanto os sistemas groupware abordam os

problemas técnicos para aperfeiçoar a interface homem-computador, fornecendo tecnologias

de suporte a múltiplos utilizadores, o CSCW deve articular o trabalho cooperativo, partilhar um

espaço de informação activo, e adaptar a tecnologia ao ‘contexto’ da organização (Bannon &

Page 29: Caracterização do estado da arte de CSCW

11

Schmidt, 1989), focando o estudo dos efeitos ‘psicossociais’ observáveis com a implementação

de sistemas colaborativos, a criação de modelos de classificação que contemplem as dinâmicas

de trabalho em grupo e o suporte informático, e as ‘heurísticas’ que devem ser ponderadas na

fase de desenvolvimento de um sistema ‘multi-utilizador’. Wilson (1991) expressou a diferença

entre os dois conceitos, definindo o CSCW como um termo genérico que combina a percepção

do modo como as pessoas trabalham em grupo através de tecnologia de groupware suportada

por redes de dispositivos computacionais.

Extrapolando as dimensões supramencionadas para uma definição mais compreensiva,

caracteriza-se a génese do acrónimo CSCW como uma ‘fórmula’ terminológica para identificar

um conjunto de sistemas e processos de trabalho de natureza cooperativa, envolvendo grupos

de indivíduos situados no tempo e espaço, com objectivos comuns e um ‘contexto’ partilhado,

permitindo a percepção de todas as acções ocorridas num âmbito específico de trabalho. Num

espectro evolutivo, devemos ser capazes de ‘repensar’ o estado actual do campo em epígrafe,

na medida em que o acrónimo perdeu alguma relevância ao deixar de reflectir a actividade de

um grupo, devido a factores como o computador ter perdido o estatuto de exclusividade como

dispositivo digital de interesse global, a tecnologia não estar confinada unicamente a um papel

de suporte, o foco principal já não incidir em pequenos grupos para os quais a cooperação era

a regra, levando o mundo digital a englobar ataques de hackers, spam, preocupações com a

privacidade, conflitos e competição, bem como os sistemas capazes de apoiar as tarefas dos

grupos em contexto laboral terem ampliado significativamente o seu espaço de disseminação

e utilização para além do ambiente corporativo (Grudin, 2010; Correia et al., 2011).

2.2 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

Embora o termo ‘CSCW’ remonte originalmente a 1984, num seminário organizado por

Irene Greif e Paul Cashman (Grudin, 1994), a sua ideia central remete-nos à década de 1940

quando Vannevar Bush propôs o MEMEX, um sistema de memória e comunicação baseado em

hipertexto que usaria código binário, foto células e fotografia instantânea para que as pessoas

pudessem criar e seguir referências cruzadas de ‘microfilmes’ (Bush, 1945). Impulsionado pela

visão vanguardista do seu antecessor, Douglas Engelbart desenvolveu o AUGMENT/NLS SYSTEM,

o “primeiro” sistema colaborativo operacional baseado em hipertexto, introduzindo conceitos

que suportariam a origem de tecnologias como a ‘teleconferência’ e o groupware, tendo como

objectivo o ‘aumento do intelecto humano’ (Engelbart, 1963). Neste sentido, o surgimento do

sistema SABRE, em 1964, veio solucionar os problemas apresentados pelas companhias aéreas

americanas a nível do preenchimento de lugares em voos de avião e da impressão de cheques

de pagamento (Copeland et al., 1995), introduzindo uma “era” denominada por Automação de

Escritório (Office Automation – OA, na terminologia anglo-saxónica). Em 1969, é implementada

a ARPA NETWORK, que viria a transformar-se na grande catalisadora da Internet. Dois anos mais

tarde, é criado o sistema de e-mail pelas mãos de Ray Tomlinson, marcando uma revolução de

importância capital ao nível das comunicações (Berners-Lee, 1996). Schmidt (2009) considera a

introdução da Comunicação Mediada por Computador (Computer-Mediated Communication –

CMC) como um ‘movimento intelectual’ que se fundiu com a OA na constituição do CSCW. Este

conceito possui ‘raízes’ de orientação tecnológica com enfoque em aspectos de interacção que

se constituem como parte integrante na operacionalização do trabalho e estão profundamente

‘entrosados’ na configuração do ambiente físico, nos procedimentos laborais e nas convenções

organizacionais estabelecidas. A investigação realizada em CMC incidiu sobre os efeitos sociais

Page 30: Caracterização do estado da arte de CSCW

12

da tecnologia de suporte à comunicação, passando pela criação de padrões com o objectivo de

reunir um conjunto de normas estabilizadas na década de 1980 para a comunicação por e-mail

e noutras ferramentas de groupware (ex.: X.25, X.400 e STML).

Com a introdução do campo de CSCW, surgiram inúmeros estudos centrados no modo

como o software colaborativo poderia articular os processos de trabalho, tornando obsoleta a

OA. Na prossecução desta mudança, construíram-se várias aplicações de groupware, nas quais

se salienta o COORDINATOR, para a troca de mensagens semi-estruturadas (Winograd & Flores,

1986), o LOTUS NOTES, como um sistema ‘cliente-servidor’ de suporte ao trabalho colaborativo

com vários módulos integrados, cuja base remonta ao sistema PLATO NOTES (Orlikowski, 1992),

o CALLISTO, como um sistema de ‘gestão de projectos’ orientado à construção de protótipos de

engenharia (Sathi et al., 1986), o CAVECAT, um ‘espaço multimédia’ com a integração de vídeo

e áudio para reuniões remotas (Mantei et al., 1991), o CHAOS, um sistema baseado no suporte

à conversação e melhoria da coordenação no âmbito das tarefas de escritório (De Cindio et al.,

1986), o COGNOTER, como uma ferramenta ‘multi-utilizador’ centrada na organização de ideias

(Foster & Stefik, 1986), o gIBIS, um sistema de hipertexto desenvolvido para suportar o debate

de políticas de forma exploratória (Conklin, 1988), o GROUPSKETCH, um ‘bloco de notas’ multi-

utilizador para pequenos grupos dispersos geograficamente (Greenberg & Bohnet, 1991), bem

como os sistemas MMCONF (Thomas et al., 1985), SIBYL (Lee, 1990), PROJECTNICK (Begeman et

al., 1986), e TEAMWORKSTATION (Ishii, 1990).

Ao ‘projectar’ a arquitectura da World Wide Web (WWW), Tim Berners-Lee visionou o

potencial cooperativo associado ao que o mesmo descreveu como “o universo de informação

acessível através de uma rede global” (Berner-Lee, 1996), marcando o fim de uma era marcada

por incompatibilidades entre os sistemas computacionais e fomentando uma explosão ao nível

da ‘acessibilidade’, caracterizada por enormes impactos sociais e económicos. A consolidação

deste fenómeno, na década de 1990, globalizou as comunicações e constituiu uma verdadeira

“auto-estrada” de conhecimento acessível à população, crescendo a partir de uma ferramenta

utilizada por uma pequena comunidade de especialistas, para uma ‘rede global’ composta por

milhões de utilizadores. Neste sentido, torna-se premente enfatizar o estudo das redes sociais

como espaços virtuais que trouxeram algumas possibilidades de suporte a inter-relações entre

um conjunto de pessoas que comunicam entre si, partilham as suas convicções e trabalham de

forma colaborativa. Numa perspectiva correlacionada, Rheingold (1993) define ‘comunidades

virtuais’ como sendo autênticas “agregações sociais que emergem a partir da Internet quando

um número suficiente de pessoas desenvolve discussões públicas por tempo indeterminado”,

possuindo sentimentos suficientes para estabelecer redes de relações pessoais no ciberespaço

e sendo caracterizadas por múltiplos grupos de pessoas com sistemas de valor, normas, regras,

bem como um sentido de identificação e associação comum. As ‘comunidades de prática’ são

caracterizadas pela envolvência ‘recíproca’ numa actividade através de uma estrutura informal

estabelecida por três componentes: objectivo, funcionamento e produção (Wenger, 1998). Na

sua generalidade, aplicam-se fortemente ao ambiente empresarial, num contexto de gestão de

conhecimento e aprendizagem.

A interacção social manteve-se originalmente no desenvolvimento dos computadores

baseados em terminais, e através da USENET e de diversos tipos de software na Internet. Entre

1995 a 1997, foram lançados o ICQ (“I Seek You”) e o AOL Instant Messenger, e a utilização de

Page 31: Caracterização do estado da arte de CSCW

13

mensagens de texto via telefone (Short Message Service – SMS) teve uma ascensão acentuada,

dando origem a portais Web com este segmento de interacção incorporado. Durante o mesmo

período, surgiram redes sociais precursoras como a CLASSMATES.COM e SIXDEGREES.COM e, em

2001, foi lançada oficialmente a RYZE.COM, numa aproximação para a melhoria das redes de

negócios interpessoais. Segundo Boyd e Ellison (2007), as redes sociais são ‘serviços’ baseados

na Web, que posssibilitam às pessoas criar um perfil ‘público’ ou ‘semi-público’ dentro de um

sistema limitado, articular a lista de outros utilizadores com quem podem partilhar conexões, e

visualizar ou percorrer as suas listas de conexões.

A utilização das redes sociais por profissionais aumentou de uma forma exponencial, e

as questões de investigação confrontam-se com o modo e a facilidade de utilização, a variação

da produtividade, a adequação às ‘necessidades empresariais’ e as tendências de evolução. No

final de 2008, o MYSPACE e o FACEBOOK tinham ambos cerca de 60 milhões de utilizadores nos

Estados Unidos e representavam entre 6% e 8% do tempo gasto online. A utilização pessoal do

LINKEDIN quadruplicou para mais de 25 milhões de membros num ano e o e-mail continua a ter

uma missão estratégica no meio organizacional (Skeels & Grudin, 2009). Na ascendente espiral

de mudança social, prosperaram muitos sítios novos com uma componente de rede social (por

exemplo, TWITTER, FLICKR e YOUTUBE). No intervalo temporal entre os anos 2002 e 2004, foram

libertadas ou promovidas activamente redes como CYWORLD, FRIENDSTER e LIVE SPACES. A nível

‘funcional’, as acções de classificação, anotação, marcação de objectos, entre outras formas de

enriquecimento da informação, podem resultar na associação de ideias inovadoras, e definição

de ‘ontologias’ para a maximização mútua da ‘inteligência colectiva’ e valor acrescentado para

participantes em partilha dinâmica de informação. Os resultados alcançados com a cooperação

podem reflectir-se na criação de ‘conhecimento colectivo’, num processo comum para garantir

a auto-regulação da qualidade (Hoegg et al., 2006).

A análise quantitativa das ‘interacções sociais’ remonta ao princípio da década de 1920

(Freeman, 1996), sendo caracterizada pela interacção cruzada entre investigadores de diversas

disciplinas como sociologia, antropologia aplicada, psicologia social e estatística, com métricas

específicas. A Análise de Redes Sociais (Social Network Analysis – SNA) incide sobre as relações

entre as ‘entidades sociais’, a comunicação entre os membros de um grupo, ou as transacções

económicas entre organizações e países, suscitando o interesse no estudo de redes complexas

com uma estrutura dinâmica em termos de evolução no tempo (Boccaletti et al., 2006). Neste

contexto, podem abordar-se estudos ao nível da análise de ferramentas de ‘microblog’ como o

TWITTER em termos de relações interpessoais, frequência das contribuições e tipo de conteúdo

publicado (Zhao & Rosson, 2009), utilização de ‘blogs’ como uma actividade social (Nardi et al.,

2004), aplicação da psicologia social para compreender as motivações para a contribuição nas

comunidades online (Beenen et al., 2004), utilização de funcionalidades e vocabulários focados

na marcação ou ‘tagging’ social (Sen et al., 2006), uso do FACEBOOK por um grande número de

utilizadores num espaço de tempo reduzido (Lampe et al., 2006) ou a participação colaborativa

na WIKIPÉDIA (Bryant et al., 2005), num substrato colectivo onde o ‘crowdsourcing’ apresenta a

sua génese na prática de obter informações de um grupo de pessoas de grande dimensão que

contribui de forma conectada, e as ‘folksonomias’ são subentendidas como taxonomias criadas

pelos utilizadores para categorizar e recuperar conteúdo na Web como páginas, fotografias, e

ligações usando rótulos de marcação (Albors et al., 2008).

Page 32: Caracterização do estado da arte de CSCW

14

A tendência de investigação em CSCW transitou das ‘infra-estruturas de rede’ originais

para os Ambientes Virtuais Colaborativos (Collaborative Virtual Environments – CVEs), desde a

simples ‘interface de texto’ às complexas ‘interfaces tridimensionais’, promovendo a evolução.

Nos últimos anos, foi possível verificar a utilização de mundos virtuais como o SECOND LIFE e o

WORLD OF WARCRAFT para fins de negócio, entretenimento, e simulação de tarefas complexas,

suscitando um interesse crescente por parte dos investigadores sobre o impacto que este tipo

de tecnologia pode ter sobre os padrões de comportamento no domínio do trabalho em grupo

através de CVEs (Kock, 2008). Numa perspectiva genérica, os mundos virtuais podem aplicar-se

a várias áreas, nomeadamente a ‘telemedicina’, a educação, o treino militar, o desporto, entre

outros segmentos de actuação onde a simulação pode ter uma importância estratégica.

As ‘superfícies tangíveis’, abrangidas num domínio anglo-saxónico que se designa por

surface computing/tabletop display (Scott et al., 2003), apresentam ‘tecnologias’ de interacção

interpessoal, permitem um acesso a objectos digitais físicos partilhados, bem como transições

entre actividades e pessoas, fomentando a ‘colaboração síncrona’ na resolução de problemas.

Na sua generalidade, têm sido estudadas diversas formas de melhorar a ‘acessibilidade’ destas

superfícies para invisuais (Kane et al., 2011), a execução de tarefas de forma colaborativa com

o intuito de aumentar a produtividade em domínios como a ‘pesquisa’ na WWW (Morris et al.,

2010), a análise visual colaborativa de documentos com grande complexidade (Isenberg et al.,

2010), o apoio a grupos de programadores de pequena dimensão em ‘reuniões co-localizadas’,

através de sistemas de interacção híbridos (por exemplo, o CODE SPACE) (Bragdon et al., 2011),

bem como o suporte a colaboradores num escritório, no processo de gestão das relações entre

o conteúdo digital e em papel (Everitt et al., 2008). No domínio educacional, encontram-se as

interfaces para promoção da participação equitativa dos alunos no trabalho em grupo (Morris

et al., 2006a), e ferramentas como o SIDES (Shared Interfaces to Develop Effective Social Skills),

“uma ferramenta concebida para ajudar os adolescentes com Síndrome de Asperger a praticar

as suas capacidades de trabalho em grupo usando um jogo de computador multi-utilizador que

funciona sobre a tecnologia tangível” (Piper et al., 2005). No controlo de acesso e coordenação

de múltiplas superfícies, foram abordadas várias políticas de coordenação (Morris et al., 2004),

e técnicas para partilha de documentos (Ringel et al., 2004). Ainda no domínio tecnológico das

superfícies tangíveis, foram abordadas questões como a anotação colectiva através do sistema

TEAMTAG (Morris et al., 2006b), as técnicas de ensino de utilizadores sobre gestos disponíveis

e as respectivas formas de execução através do sistema SHADOWGUIDES (Freeman et al., 2009),

bem como o estudo prático sobre o impacto que a dimensão de um grupo e de uma ‘superfície

tangível’ pode ter na interacção (Ryall et al., 2004).

A Figura 1 apresenta um referencial com a evolução dos aspectos técnicos relativos ao

campo de CSCW. A identificação dos elementos que caracterizam a linha temporal foi feita de

acordo com uma ‘bibliografia anotada’ composta por uma análise às ‘teorias’ e aos sistemas de

groupware introduzidos até à década de 1990 a nível científico (Greenberg, 1991). Este estudo

foi complementado por uma análise genérica a sistemas colaborativos que surgiram a partir do

desenvolvimento da WWW até à última década. Com a análise gráfica desta envolvente, torna-

se possível visualizar algumas das principais introduções tecnológicas que foram estudadas ao

nível científico com alguma incidência, uma vez que retrata os fundamentos da área de CSCW,

e foca um número diversificado de sistemas concebidos para suportar a partilha de informação

e a contribuição de diversos utilizadores de múltiplas formas.

Page 33: Caracterização do estado da arte de CSCW

15

FIGURA 1. CRONOLOGIA DE SISTEMAS DE SUPORTE À COLABORAÇÃO

Page 34: Caracterização do estado da arte de CSCW

16

2.3 ETNOGRAFIA E PSICOSSOCIOLOGIA DO TRABALHO E DAS ORGANIZAÇÕES

A origem do termo ‘etnografia’ remonta à antropologia ocidental do século XIX, tendo-

se tornado posteriormente uma referência na integração da investigação empírica e teórica na

interpretação comparativa de uma cultura ou organização social. O ‘trabalho de campo’ requer

uma forte vivência com um grupo de pessoas durante extensos períodos de tempo, de forma a

documentar e interpretar o modo de vida dessa comunidade, as suas crenças e valores. Numa

abordagem paralela, os ‘estudos de caso’ despontaram a partir da investigação protagonizada

por sociólogos entre as décadas de 1920 e 1950 com base no estudo da vida social humana. Na

aproximação efectuada por Macdonald (2001), o termo ‘etnografia’ é utilizado para quantificar

o desenvolvimento e a reconfiguração do trabalho etnográfico na antropologia anglo-saxónica,

tendo os seus domínios de análise sido “ampliados” à psicologia humana e às componentes de

âmbito geográfico (Hammersley & Atkinson, 2007).

A etnografia tornou-se uma das principais abordagens usadas na comunidade de CSCW

para especificar a importância da concepção de sistemas computacionais na prática laboral. No

domínio organizacional, é fundamental ter em consideração diversas etapas para certificar que

os materiais etnográficos cobrem um espectro suficiente de tarefas situadas, bem como alguns

subconjuntos específicos, envolvendo uma adopção generalizada por parte dos seus membros.

A etnografia aplicada ao CSCW apresenta diversas vertentes de formulação, reportando-se ao

estudo de locais de trabalho com recurso à observação, programas analíticos ou teóricos onde

podem ser utilizados os dados etnográficos para fomentar a partilha de informação e as causas

perceptíveis para o facto de uma grande parcela dos etnógrafos nesta área terem uma agenda

tácita que se opõe à mudança tecnologicamente orientada (Harper, 2000). A discussão gerada

em torno desta envolvente aborda questões como a natureza das reportagens etnográficas, as

visões sociológicas de ‘organização’ (Jirotka et al., 1992), interacção em termos de conversação

(Luff et al., 1990) e negociação (Schmidt & Bannon, 1992), sendo necessária uma forma híbrida

de etnografia mais específica para o campo de CSCW. A etnografia marca uma transição entre

as abordagens quantitativas e as ciências sociais, e acarreta um compromisso que envolve um

longo período de tempo e um grau de imersão elevado no ambiente em estudo, com o intuito

de alcançar uma compreensão qualitativa do seu ‘modo de operação’ (Shapiro, 1994).

No extenso domínio da etnometodologia, Heath e Luff (1992) descreveram as práticas

e os procedimentos de trabalho colaborativo através dos quais se processa a comunicação e a

coordenação numa sala de controlo do metro de Londres, propulsionados por Suchman (1987)

que havia utilizado esta aproximação como base dos seus ‘planos’ e das suas ‘acções situadas’

e Garfinkel (1967) como uma das referências introdutórias neste campo. Conforme argumenta

Shapiro (1994), a complexa padronização da actividade social decorre das práticas dos próprios

membros, contrariamente à promulgação de determinado esquema interiorizado, suscitando a

prossecução activa da organização social das actividades por parte de todos os membros. Com

o estudo ao sistema de controlo do tráfego aéreo no Reino Unido (Hughes et al., 1992; Bentley

et al., 1992), foram abordados ‘métodos etnográficos’ para identificar a ‘organização social’ do

trabalho cooperativo e a utilização de ‘instrumentos’ para a sua realização. Neste contexto, foi

introduzido um conjunto de ‘metáforas’ para a representação electrónica das práticas manuais

e exploraram-se formas de interligar a etnografia na concepção de sistemas colaborativos.

Page 35: Caracterização do estado da arte de CSCW

17

Na área de CSCW, a etnografia recaíu fortemente nas implicações de desenvolvimento,

onde os fundamentos da ‘psicologia cognitiva’ foram aplicados na modelação de requisitos. No

âmbito da sociologia, salienta-se a ‘teoria marxista do processo de trabalho’ sobre a percepção

da utilização dos sistemas computacionais e a evolução da ‘divisão do trabalho’. Num espectro

de possibilidades de avaliação para os sistemas colaborativos, argumentou-se que as formas e

as tecnologias referentes ao trabalho cooperativo, representam um suporte sistemático para a

exploração de diferentes aspectos etnográficos (por exemplo, a divisão global do trabalho). As

tecnologias podem ter uma natureza inerentemente democrática e ‘libertadora’, e os diversos

modos de trabalho estão a tornar-se cada vez menos opressivos e apelam à preponderância de

‘relações humanas’ colaborativas (Shapiro, 1994), exigindo um ‘alinhamento estratégico’ entre

as práticas que podem ser observadas num determinado ambiente de trabalho, e a concepção

metódica de ferramentas adequadas às funções que lhe estão intrinsecamente associadas.

No domínio metodológico, Hughes et al. (1997) abordaram uma ‘vertente’ etnográfica

que permite aos etnógrafos capturar os requisitos do sistema através de um estudo ‘sistémico’

do local de trabalho e de todas as actividades das pessoas envolvidas, englobando a percepção

laboral, os planos e procedimentos, a ‘coordenação distribuída’ na dimensão de ‘interesse pelo

trabalho de campo’, a representação dos utilizadores e do trabalho ao nível das ‘preocupações

do sistema’, e o suporte às acções, às tarefas e à ‘coordenação multi-utilizador’. O conceito de

‘meta-modelação’ (Farias et al., 2000), entendido pela “análise, construção e desenvolvimento

de estruturas, regras, constrangimentos, modelos e teorias aplicáveis para modelar uma classe

pré-definida de problemas”, pode ser aplicado na representação dos atributos de configuração

de ‘ambientes de trabalho’. Estas características podem ser capturadas com recurso a estudos

etnográficos focados na concepção de sistemas, baseando-se em pontos fortes e ‘intersecções’

comuns entre as teorias de ‘coordenação’, ‘actividade’, ‘acção/interacção’, ‘gestão de tarefas’,

e no ‘modelo de suporte às actividades objectivas’. Dourish (2006) identificou a importância do

trabalho etnográfico na perspectiva de apoio à compreensão e reflexão da prática tecnológica,

ao invés de influenciar unicamente intervenções específicas. Como consequência, este tipo de

abordagem não significa a simples documentação de práticas, mas a percepção da organização

das ‘actividades’ e dos ‘recursos’ usados na sua realização, num ambiente de trabalho sujeito a

transformações. Na perspectiva do ensino, a etnografia apresenta sérios desafios ao combinar

um conjunto de capacidades teóricas, analíticas, organizacionais e de observação em contexto

de aprendizagem colaborativa com recurso a ferramentas informáticas (Brown et al., 2007).

Na óptica de Bell et al. (2005), a etnografia em HCI pode ser caracterizada pelo foco de

atenção dos etnógrafos incidir na ‘cultura de consumo’ e nas ‘práticas culturais’, apresentando

bases literárias relativas ao contexto social de utilização da tecnologia e estimulando sugestões

inovadoras para a resolução de problemas. Neste sentido, as novas aproximações etnográficas

baseiam-se em estudos antropológicos, literários e culturais para fornecer múltiplas formas de

compreender as relações humanas e repensar as tecnologias como um conjunto de ‘artefactos

culturais’. No domínio da ‘reflexão crítica’, são identificados os pressupostos inconscientes em

HCI que podem resultar em impactos negativos, envolvendo utilizadores e programadores na

prática de concepção tecnológica socialmente responsável (Sengers et al., 2005). Na ‘estrutura

interpretativa crítica’, a investigação etnográfica focaliza-se na organização de encontros entre

culturas e funciona como base para a ‘análise interpretativa’, recorrendo à exploração cultural,

etnografia e desenvolvimento participativo, que partilham o reconhecimento do papel central

Page 36: Caracterização do estado da arte de CSCW

18

desempenhado pelos intérpretes e se opõem às concepções comuns usadas em HCI (Crabtree

et al., 2009). A ‘etnografia colaborativa’, por seu lado, concentra-se na procura pelos requisitos

de trabalho em grupos inseridos em ambientes complexos, permitindo realizar a análise social

extensiva das actividades laborais (Silva et al., 2009), combinando as características das outras

abordagens etnográficas, e reformulando as funções básicas dos sistemas colaborativos.

A ‘etnografia virtual’, também definida pelos termos ‘netnografia’, ‘etnografia digital’ e

‘ciberetnografia’, pode ser entendida como um ‘método’ que se prende, em grande parte, com

o facto da informação retirada para análise se encontrar inteiramente em fontes provenientes

da Internet (Hine, 2000; Mann & Stewart, 2000; Markham, 2005). Este ‘método’ foi concebido

como resposta à necessidade de analisar as ‘comunidades virtuais’ baseadas em comunicações

electrónicas, complementando a ‘etnografia convencional’ com características específicas para

estudar a utilização de tecnologias sedimentadas no ciberespaço (Hine, 2000). Contudo, esta

‘abordagem etnográfica’ contém ainda algumas limitações ao nível do rigor metodológico que

é estabelecido para analisar as ‘práticas sociais’ em rede, englobando um conjunto muito vasto

de variáveis que deve ser devidamente especificado.

2.4 GROUPWARE

Segundo Ellis e Wainer (1999), enquanto o CSCW se centra no estudo de novas formas

de trabalho em grupo e nas potencialidades de implementação de tecnologia para melhorar as

dinâmicas de interacção e colaboração, o groupware cinge-se à tecnologia para assistir grupos,

compreendendo sistemas assentes em computação e comunicação e suportando um ambiente

partilhado e os seus respectivos participantes. A aceleração do ritmo de mudança na economia

impõe uma necessidade de adaptação de processos por parte de grupos e organizações devido

a factores como a introdução de novas tecnologias, procura de novos clientes ou concorrência.

Grudin (1994) abordou a investigação realizada em torno de Sistemas de Suporte à Tomada de

Decisão em Grupo (Group Decision Support Systems – GDSS), estabelecendo as suas raízes pela

década de 1970 no campo dos Sistemas de Informação (SI). Estas ferramentas oferecem vários

recursos que possibilitam a resolução de conflitos através da negociação de propostas entre os

participantes, numa envolvência mútua de dinâmicas de grupo, brainstorming, infra-estruturas

de comunicação e avaliação de ideias e onde o advento da WWW deu origem a sistemas inter-

organizacionais de suporte à decisão com funções de discussão e votação (Shim et al., 2002).

Chang et al. (2001) propuseram um esquema composto por alterações paradigmáticas

no domínio de investigação em sistemas cooperativos, sustentando a transição das aplicações

‘monoutilizador’ assíncronas para uma dimensão síncrona ‘multi-utilizador’, e perspectivando

o desenvolvimento de ferramentas baseadas nos conceitos de ‘ubiquidade’ e de ‘comunidade’

como uma tendência emergente. Ao nível do ‘controlo’, verificou-se uma evolução desde a era

em que não existiam mecanismos de ‘percepção’ para situar o trabalho executado, transitando

para a inserção de aplicações ‘customizáveis’ pelos utilizadores. O ‘fluxo de trabalho’ tornou-se

distribuído e multidimensional, evoluindo a partir das abordagens centralizadas e lineares que

foram implementadas anteriormente. As ‘sessões’ passaram a ser mais dinâmicas/flexíveis, em

oposição à natureza rígida e pré-definida. Contudo, os domínios supra-referidos, juntamente

com o ‘controlo de acesso’, apresentam perspectivas tendenciais para um suporte centrado na

‘procura’. No que diz respeito ao ‘ambiente’, é expectável a transição de um contexto múltiplo

para a dimensão ‘ubíqua’. O conceito de ‘comunidade’ passou de um estado isolado para uma

Page 37: Caracterização do estado da arte de CSCW

19

envolvente cooperativa e evolucionária, a ‘coordenação’ tem uma granularidade fina e baseia-

se em serviços com uma composição de ‘computação dinâmica’, e as ‘condutas sociais’ focam-

se na federação de comunidades com diferentes culturas e valores. A inserção de padrões para

a definição de ‘políticas’ de utilização e ‘normas de regulação’ torna-se fundamental neste tipo

de aplicações. A ‘realidade virtual’ é amplamente estudada ao nível da imersão de utilizadores,

em tempo real, num espaço composto por diversos objectos interactivos. No que diz respeito à

‘forma de armazenamento’, esta tende a basear-se em conceitos de ‘auto-presença’, migração

e remoção de arquivos de forma automática. A ‘formalização’ da arquitectura tende a basear-

se no contexto em que o trabalho é executado, com a implementação de uma ‘linguagem livre’

ao invés de centrada no conhecimento, e uma ‘interface’ que pode passar de middleware para

componentware. Os sistemas centrados na partilha do espaço de trabalho tiveram algum êxito

no suporte a diferentes formas de cooperação (Divitini et al., 2004). Os campos de CSCW e HCI

analisaram os benefícios atingidos com a implementação de vídeo nos ambientes de trabalho,

representando uma grande evolução no sentido de presença (Dourish & Bly, 1992).

Segundo Xue et al. (2008), os sistemas de groupware ‘distribuídos’ envolvem um grupo

de utilizadores em localizações distintas que cooperam entre si através da manipulação directa

dos objectos partilhados. Hindmarsh et al. (2005) salientaram a preocupação crescente dentro

do CSCW, com a concepção de novos sistemas para suportar a colaboração num conjunto mais

diversificado de domínios, implicando não apenas o movimento para “fora da sala de controlo”

(Hughes et al., 1994), mas mais longe dos locais de trabalho tradicionais e em ‘arenas’ como os

domínios públicos e as configurações internas e adicionais consideradas importantes para que

envolvem ‘mobilidade’ (Grinter et al., 2002; Crabtree et al., 2003). Nesta visão, a ‘reorientação’

da agenda de CSCW levanta desafios ao nível de estudo e desenvolvimento, que sustentam a

procura de novos resultados na esfera do trabalho social e técnico de CSCW. Grudin e Poltrock

(1997) defenderam que, devido a uma grande parte das aplicações incorporar funcionalidades

que suportam comunicação, coordenação, e partilha, o termo ‘groupware’ já não denota tanta

importância como uma simples nomenclatura, mas é fundamental sob a óptica de envolvência

dos desafios de natureza técnica e social que caracterizam o ‘processo de trabalho’. Orlikowski

(1992) investigou a introdução de software colaborativo numa organização para compreender

as transformações visíveis nas práticas de trabalho e a interacção social através de tecnologia.

Os resultados sugeriram que a implementação e subsequente utilização de tecnologia de apoio

a grupos de trabalho são influenciadas pela cultura e estrutura organizacional, e pelos modelos

mentais das pessoas, comportando a adaptação por parte de todos os membros às constantes

transformações ‘sociotécnicas’.

2.4.1 REQUISITOS

As ferramentas de suporte ao trabalho cooperativo requerem um número mínimo de

utilizadores, uma massa crítica, envolvendo um estudo prévio dos seus benefícios de utilização

e dos custos que acarretam (Grudin, 1994; Dix, 1997), bem como um conjunto de requisitos de

colaboração constituído por: i) tamanho do grupo (número total de utilizadores que o sistema

suporta), ii) controlo de versões, iii) mapeamento, iv) partilha de ficheiros, e v) repositório com

a informação necessária ao desenvolvimento das tarefas. Marca (1991) identificou um número

diversificado de requisitos para software colaborativo com base em entrevistas, salientando-se

o fornecimento de mecanismos de coordenação e co-autoria, a autenticação dos participantes

distribuídos geograficamente, a gestão das actividades e a integração entre aplicações.

Page 38: Caracterização do estado da arte de CSCW

20

Beck e Bellotti (1993) identificaram que, até ao início da década de 1990, grande parte

dos sistemas colaborativos era ‘implementada’ sem ter em consideração as diversas formas de

colaborar entre os membros de um grupo, uma questão que merece alguma reflexão da parte

dos investigadores para apurar a continuidade desta afirmação em termos científicos. Segundo

Grudin (1994), é difícil definir os requisitos de um sistema groupware, na medida em que este

processo exige uma extensa consideração de ‘aspectos funcionais’ e características dos grupos

que não apresentam um carácter intuitivo, permitindo aos programadores adaptarem diversas

funcionalidades ao contexto específico em que se desenrola o ‘fluxo laboral’, e onde a relação

custo/benefício depende de factores como as preferências, as funções, a experiência anterior,

e as tarefas dos utilizadores. Na perspectiva de utilização do sistema, alguns estudos focaram a

sobrecarga imposta sobre os membros do grupo pela introdução de groupware (Rogers, 1994),

e as elevadas despesas que surgem de forma imprevista (Bowers, 1994), como alguns factores

a considerar na implementação de um sistema. Prinz et al. (1998) defenderam a capacidade de

compreender melhor os processos de trabalho, a nível dos requisitos de desenvolvimento e da

utilização do sistema, com o objectivo de identificar experiências e estabelecer directrizes para

a prática futura com o devido suporte computacional.

Com a aprendizagem da ‘dinâmica de funcionamento’ de um sistema groupware, deve

ser feita uma reflexão sobre as necessidades dos membros para desenvolver os procedimentos

adequados, com o objectivo de coordenar o trabalho efectuado e utilizar as funcionalidades do

sistema (Malone & Crowston, 1990). Neste sentido, é importante considerar as normas sociais,

os comportamentos e as atitudes que se movem gradualmente em direcção à ‘congruência’ no

grupo (Newcomb, 1968), onde a tecnologia e os processos do grupo não devem ser encarados

separadamente (Prinz et al., 1998). A natureza ‘pervasiva’ dos dispositivos computacionais na

sociedade tornou a ‘informação digital’ uma condição fundamental durante a colaboração. Por

sua vez, Gutwin e Greenberg (2000) identificaram ‘mecanismos de colaboração’ para o uso por

parte de pessoas com o objectivo de organizar as suas actividades e interacções colaborativas,

aumentando a ‘percepção do espaço de trabalho’ (Gutwin et al., 1996) através da transmissão

e compilação de informações sobre o tipo de acções executadas, os responsáveis, e o instante

temporal em que ocorrem as actividades.

As convenções para estabelecer padrões e regular acordos de cooperação recorrentes,

podem ser introduzidas para melhorar a interacção de um grupo (Mark, 2002). Para Schmidt e

Bannon (1992), a cooperação é caracterizada por ‘interdependências mútuas’ e as convenções

podem regular a comunicação (Lenke et al., 1995), o ‘afastamento interpessoal’ (Hall, 1966), a

utilização de ‘artefactos’ e o controlo dos processos socais com efeitos negativos (Mark, 2002).

A ‘engenharia de requisitos’ é uma parte fundamental do processo de concepção de software,

envolvendo programadores e consumidores ‘em rede’ para que possam construir socialmente

os seus requisitos e atingir elevados níveis de eficiência através da colaboração, num processo

de ‘negociação’ permanente (Herlea & Greenberg, 1998). O ‘design participativo’ é entendido

como um método complementar para a etnografia no qual os utilizadores e outros públicos se

envolvem no desenvolvimento a partir de um estágio muito inicial, acompanhando o processo

de concepção integralmente. Esta abordagem suscita igualmente um conjunto diversificado de

possibilidades para aumentar gradualmente a eficácia na fase de criação dos sistemas de apoio

à colaboração. Complementarmente, caracteriza uma forma de trabalho centrada no aumento

da qualidade através da adequação contínua do sistema à envolvente do consumidor.

Page 39: Caracterização do estado da arte de CSCW

21

De forma genérica, podem identificar-se alguns requisitos que devem ser considerados

no desenvolvimento de groupware a partir de estudos pré-existentes, nomeadamente:

O sistema não deve ser restritivo. Na cooperação, as funções dos participantes

são frequentemente informais e dinâmicas (Strauss, 1993), onde a envolvência

dos utilizadores na ‘coordenação’ de esforços (controlo de acesso das funções

de comunicação e colaboração) não deve ser limitativa. No entanto, quando os

papéis explícitos são atribuídos, um sistema de groupware deve ser capaz de

aprovar ‘políticas de coordenação’ para reforçar o acesso controlado a opções

mais delicadas (Beck & Bellotti, 1993).

Suporte a múltiplas tarefas, métodos de trabalho, escalabilidade de um grupo,

métodos de interacção, ajustamento ao ‘contexto’ do grupo, e manutenção de

características comportamentais. Em complemento, os sistemas colaborativos

estão “constrangidos” à tecnologia disponível, às dificuldades na concepção de

‘interfaces sociais’, bem como aos requisitos de cada ambiente de trabalho, o

que exige um elevado grau de ‘interoperabilidade’ para eliminar as ‘restrições’

de utilização e fomenta a criação de novas ‘interfaces sociais’ que estabeleçam

padrões únicos de interacção (Mandviwalla & Olfman, 1994).

Suporte à ‘interacção interpessoal’ no núcleo da colaboração, transição entre a

actividade laboral em grupo e de forma individual, ‘acesso’, possível utilização

de ‘objectos’ físicos e digitais partilhados, disposição flexível dos utilizadores, e

‘interacção simultânea’ no espaço de trabalho partilhado (Scott et al., 2003).

Comunicação ‘ponto a ponto’ (peer-to-peer, na nomenclatura anglo-saxónica)

entre objectos (como artefactos, actividades e funções), situados num ou mais

espaços de trabalho (Babar, 2010).

Fornecimento de mecanismos não funcionais e extra-funcionais de ‘percepção’

das tarefas executadas por parte dos utilizadores (Teruel et al., 2011).

2.4.2 FACTORES DE SUCESSO E FRACASSO

Numa envolvente de elementos sociais, políticos, económicos e motivacionais, Grudin

(1994) identificou alguns dos principais ‘desafios’ encarados por programadores de groupware,

designadamente: i) a disparidade acentuada entre trabalho e benefícios, na medida em que as

aplicações colaborativas exigem um trabalho adicional de indivíduos que não compreendem as

vantagens directas de utilização, ii) a existência de uma ‘massa crítica’, porque o groupware só

tem sucesso se uma grande parte dos membros do grupo o usar de forma activa, iii) a ‘ruptura’

com os processos sociais, devido ao facto deste tipo de sistemas poder representar ameaças às

estruturas políticas existentes ou infringir ‘convenções sociais’, iv) o tratamento de excepções,

na medida em que os sistemas colaborativos podem não acomodar a grande imprevisibilidade

que caracteriza as actividades de trabalho em grupo, v) a acessibilidade discreta mas eficaz, no

que respeita ao uso das características que suportam os processos de grupo, vi) as dificuldades

de avaliação dos obstáculos intransponíveis à aprendizagem do funcionamento de groupware,

vii) o processo de adopção, envolvendo uma introdução cuidadosa da tecnologia no espaço de

trabalho, e viii) a falha de intuição nas aplicações ‘multi-utilizador’, podendo resultar num fluxo

de trabalho inadequado, numa gestão feita de forma incorrecta, e num processo de concepção

susceptível a erros que podem marcar o fracasso de um projecto.

Page 40: Caracterização do estado da arte de CSCW

22

Por sua vez, Grudin e Palen (1995) apontaram para uma melhoria da ‘infra-estrutura’

(rede, software, suporte e comportamento), facilidade de acesso da ‘interface gráfica’, pressão

generalizada e expansão da funcionalidade da aplicação como as principais razões encontradas

para explicar uma adopção bem sucedida de aplicações de suporte ao trabalho em equipa. Na

sua generalidade, o sucesso dos sistemas colaborativos requer um balanço entre o esforço e os

benefícios para todos os utilizadores, sem disparidade, que deve ser comunicado e conglobar a

necessidade de construção de interfaces fáceis de utilizar e com capacidades de integração.

Menold (2009) defende que a aplicação bem sucedida das TIC para suportar o trabalho

cooperativo numa organização depende não só das características da tecnologia, mas também

das características de uma organização, como a estrutura ou cultura organizacional, estratégia,

gestão, as proprieadades do utilizador e a sua motivação, bem como os ‘factores cognitivos’. A

característica fundamental para o sucesso destas aplicações passa pela partilha de informação

entre os membros de um grupo, trazendo maior coesão aos procedimentos existentes (Koch &

Gross, 2006). Segundo Noël e Robert (2004), a maioria das pessoas usa processadores de texto

de carácter pessoal para escrever documentos de forma colaborativa, comunicando-se através

de e-mail, reuniões cara-a-cara e telefone. Em geral, alguns sistemas de suporte à colaboração

não foram bem sucedidos e, na visão destes autores, as razões prendem-se com o facto de que

a sua adopção é dispendiosa para utilizadores mais experientes por envolver um novo ciclo de

aprendizagem (Whitehead & Goland, 1999), a sua instalação e utilização pode suscitar diversos

problemas (Grasso et al., 1997), e o software deve ser instalado de forma correcta em todos os

locais de trabalho, exigindo um nível funcional aceitável para todos os utilizadores, levando-os

a reconhecer a sua importância na execução de tarefas (Noël e Robert, 2004). Para se alcançar

o êxito com a implementação de groupware num determinado ambiente de trabalho, torna-se

fundamental a utilização obrigatória por parte de todos os utilizadores (Grudin & Palen, 1995).

A interoperabilidade entre diferentes plataformas torna-se igualmente uma condição essencial

a nível operacional, fomentando a criação de ferramentas com vários módulos integrados, que

sejam personalizáveis mediante as necessidades dos utilizadores.

2.4.3 ÁREAS DE APLICAÇÃO

As ferramentas de groupware podem aplicar-se a diversos domínios científicos, onde a

mobilidade, as transacções comerciais na WWW, o suporte colaborativo a equipas médicas, as

dinâmicas processuais e as tecnologias que apoiam o paradigma de aprendizagem actual, bem

como a aplicação de mundos virtuais e a construção de videojogos de carácter cooperativo, se

assumem como ‘rotas de investigação’ na área de CSCW. Com os desenvolvimentos verificados

nestes segmentos, o software colaborativo e as conjunturas sociais que suporta, podem trazer

maior eficiência laboral, com a sua utilização a ser uma condição sine qua non para que muitas

organizações consigam expandir os seus negócios, motivar uma participação de toda a ‘infra-

estrutura social’ que sustenta a produção e transmissão de conhecimento, e reduzir o risco de

erro em situações complexas. A análise das subáreas de CSCW apresentadas nesta dissertação

pode ser feita respeitando a seguinte sequência de leitura: i) enquadramento histórico, com as

origens e as possíveis motivações de investigação em cada segmento, ii) domínios de actuação,

onde são apresentadas as características específicas para cada domínio, as limitações técnicas,

e os efeitos associados às implementações tecnológicas, e iii) perspectiva actual das subáreas e

possíveis tendências de convergência futura, onde se apresentam alguns estudos que têm sido

efectuados pela comunidade científica nos últimos anos.

Page 41: Caracterização do estado da arte de CSCW

23

2.4.3.1 COLABORAÇÃO MÓVEL

O surgimento de redes sem fios de grande autonomia e a proliferação dos dispositivos

móveis no ambiente de trabalho deram lugar a uma subárea de investigação denominada por

CSCW Móvel, promovendo a colaboração ao longo do espaço e do tempo, e permitindo que as

equipas cooperem enquanto se movem. Alguns protótipos de CSCW focaram-se na concepção

de ambientes onde os utilizadores podiam ter acesso a colegas distribuídos, bem como mover-

se ou reconfigurar um ambiente espacial partilhado (Benford & Fahlén, 1993). Na revisão feita

por Luff e Heath (1998), foram identificados alguns estudos empíricos centrados nos requisitos

de suporte à ‘mobilidade’ dentro das actividades colaborativas inseridas em ‘contexto social de

trabalho’. Com a análise à ‘co-operação’ entre duas organizações remotas, Bellotti e Bly (1996)

afirmaram que a ‘mobilidade’ é essencial para a comunicação e o uso de recursos partilhados,

facilitando a ‘interacção informal’, e possibilitando a ‘percepção’ da actividade de um ou mais

membros situados em locais remotos. Similarmente, Whittaker et al. (1994) abordaram o facto

de que as tendências de teletrabalho, trabalho móvel e a globalização dos negócios, separaram

os colaboradores geograficamente e reduziram a necessidade de proximidade física. Contudo,

em cenários de comunicação ‘informal’ no espaço de trabalho, as ‘interrupções’ podem fazer a

notificação visual/verbal necessária para captar a atenção do destinatário sobre determinados

pormenores relativos ao processo de execução de uma tarefa.

Conceptualmente, o CSCW Móvel congloba a ‘mobilidade’ de trabalhadores individuais

entre vários locais, conforme as exigências verificadas para a ‘actividade distribuída’ (Wiberg &

Grönlund, 2000). O ‘teletrabalho’ foi definido como “trabalhar à distância” usando as saídas do

local de trabalho fixo, onde os trabalhadores móveis operam de um modo eficaz em diferentes

ambientes sem fixação (Dix & Beale, 1996). O conceito surgiu na década de 1990 como o efeito

resultante do aumento da largura de banda e rápido declínio no custo de soluções de TIC para

trabalhadores individuais, diversificando os modos de trabalho de forma remota e flexível num

desafio contínuo (Kakihara et al., 2002). O recurso à ‘computação móvel’ na colaboração exige

uma compreensão sobre o ‘contexto’ e as execuções práticas desta tecnologia (Kristoffersen &

Ljungberg, 1999), impondo restrições à HCI e fomentando o desenvolvimento de novos estilos

de interacção. De uma forma genérica, a ideia que caracteriza o CSCW Móvel pode ser descrita

como o trabalho conjunto em vários locais, com recurso à utilização de TIC móveis, envolvendo

a solução de problemas técnicos de comunicação, processamento de dados, eficácia da rede, e

actividade social. No domínio dos aspectos sociais, destacam-se problemáticas como a filiação

em grupos móveis, manutenção de comunidades, ‘co-operação’, partilha de conhecimento de

forma remota, o atendimento ao cliente, bem como a ‘co-ordenação’ e optimização processual

em oposição ao isolamento e controlo (Wiberg & Grönlund, 2000).

A análise da importância da localização em sistemas móveis (Dix et al., 2000) estimulou

a prossecução de taxonomias para o ‘contexto’ da interacção, a ‘localização’ dos participantes,

os ‘níveis de mobilidade’, e a capacidade de ‘percepção’ dos dispositivos. Litiu e Prakash (2000)

descreveram um modelo designado por DACIA que disponibiliza mecanismos para simplificar a

criação de groupware em domínios onde os utilizadores são ‘móveis’. Wiberg (2001) abordou

formas de apoiar aplicações colaborativas específicas através da mobilidade, nomeadamente o

suporte directo e sem obstáculos entre reuniões. A utilização dos dispositivos móveis no apoio

à ‘percepção’ foi aprofundada por Watanabe et al. (2000), enquanto o trabalho protagonizado

por Prinz e Grather (2001) descreveu a cooperação numa comunidade móvel baseada na Web.

Page 42: Caracterização do estado da arte de CSCW

24

Neste âmbito, Kawash et al. (2007) abordaram um ‘modelo de colaboração’ para comunidades

virtuais móveis que engloba as dimensões de percepção, sociabilidade e usabilidade. Divitini et

al. (2004) introduziram o sistema UBICOLLAB com um enfoque no acesso móvel ao ‘contexto da

colaboração’, suporte a transacções entre a colaboração formal/informal, flexibilidade para os

programadores de aplicações, e apoio à colaboração ‘ubíqua’ através da inclusão de ‘recursos’

digitais e físicos. No caso do sistema BSCW (Bentley et al., 1997), uma ferramenta para partilha

do espaço de trabalho sedimentada na WWW, os clientes móveis são adicionados para aceder

a um dado subconjunto de funcionalidades disponíveis e a sua ‘mobilidade’ é facultada através

de uma componente adicional que se encontra limitada ao sistema, descurando o apoio para a

‘colaboração ubíqua’. No campo de roomware, o sistema TEAMROOMS (Roseman & Greenberg,

1996) motivou a criação de um ambiente virtual de colaboração bidimensional/tridimensional

com o objectivo de ampliar as capacidades de ‘mobilidade’ das salas de suporte a reuniões.

Uma grande parte dos estudos em CSCW Móvel focou a dimensão tecnológica com as

redes móveis, considerando as propriedades dos sistemas distribuídos ao nível de Chamada de

Procedimento Remoto (Remote Procedure Call – RPC), sistemas de geoposicionamento, Modo

de Transferência Assíncrono (Asynchronous Transfer Mode – ATM), e aspectos de usabilidade e

confiança. Com o recurso à utilização de infra-estruturas tecnológicas fixas e móveis, é possível

gerir e organizar ‘actividades laborais’ com menos restrições, tornando o ambiente de trabalho

flexível ao incorporar comunicações de natureza ‘nómada’ com mecanismos que suportam os

requisitos de privacidade, autenticação e transporte de dados. Este tipo de ‘computação’ pode

explorar as tecnologias avançadas sem fios, a Internet, os sistemas de posicionamento global e

os dispositivos ‘portáveis’ (Wiberg & Grönlund, 2000). O conceito de ‘trabalho nómada’ baseia-

se na noção de ‘mobilidade’ dos membros de uma ‘comunidade’ no espaço, com um propósito

intencional de realização de trabalho, apresentando sinais de prevalência nas empresas. Numa

sondagem independente conduzida por uma empresa ‘Fortune 500’, chegou-se à conclusão de

que o ‘trabalho nómada’ simbolizava aproximadamente 20% do total da sua força de trabalho.

Não obstante, a ‘computação nómada’ também tem sido aplicada fora das organizações, como

por exemplo em aeroportos, compartimentos de hotéis e cafés (Mark & Su, 2010).

Embora tenha suscitado vários progressos, a subárea de CSCW Móvel enfrentou sérios

desafios devido às limitações dos dispositivos móveis em termos de memória, baixa resolução,

energia disponível, tamanho de ecrâ e teclado, e confiabilidade da rede, que se traduziram em

consequências desastrosas para o sucesso da cooperação em situações de interrupção fortuita

(Papadopoulos, 2006). Nos últimos anos, o paradigma alterou-se com a inovação tecnológica e

muitas das limitações foram ultrapassadas com êxito, num cenário onde a ‘acção humana’ está

situada num ‘contexto’ específico que é transformado pelo desempenho de uma actividade de

forma recursiva. A importância dos ambientes ‘sensíveis ao contexto’ reflecte-se na captação

da natureza da interacção para adequar os recursos tecnológicos às necessidades expostas por

pessoas que trabalham de forma cooperativa (Kakihara & Sorensen, 2002; Diallo et al., 2011).

A tendência verificada em CSCW para aumentar a colaboração com um apoio cada vez

mais complexo sobre as estações de trabalho convencionais contraria o facto dos participantes

coordenarem as suas tarefas com dependência sobre a ‘mobilidade’ de pessoas e artefactos. A

‘micro-mobilidade’ de objectos pode ser crítica quando se considera o suporte das actividades

colaborativas através da ‘co-presença’ (Luff & Heath, 1998; Mark & Su, 2010). A nível prático, é

Page 43: Caracterização do estado da arte de CSCW

25

verificado o surgimento de aplicações focadas no ‘aumento’ de mapas físicos com informações

úteis fornecidas em tempo real, com base em Realidade Aumentada (Augmented Reality – AR),

onde se pode destacar o sistema MapLens (Morrison et al., 2009). Ainda neste domínio, torna-

se premente enfatizar sistemas como o PACER (Liao et al., 2010), que possibilita a manipulação

de conteúdo através de interacção por gestos, e o Deep Shot (Chang & Li, 2011), que fornece o

apoio aos utilizadores para a migração de tarefas através de dispositivos móveis heterógeneos,

capturando o estado do trabalho e retomando a tarefa respectiva num dispositivo diferente.

A utilização de dispositivos móveis enquanto os utilizadores se movimentam no espaço

limita a ‘capacidade motora’ e perturba a sua atenção, resultando na redução do desempenho.

Neste sentido, os dipositivos de ‘computação móvel’ que podem receber, armazenar e adaptar

informações aos factores ‘contextuais’ em que se desenrola a HCI, podem fornecer as medidas

necessárias à resolução de determinadas tarefas com maior eficiência, podendo adequar-se ao

contexto de utilização no local de trabalho, em casa, na rua, no carro, entre outros locais. Com

a análise ao tamanho das interfaces em contexto de movimento, foi possível concluir que uma

alteração contínua do ‘tamanho’ do foco visível num dispositivo pode ser uma estratégia eficaz

para reduzir os efeitos negativos, exigindo parametrização face às diferenças de cada indivíduo

(Kane et al., 2008). Algumas abordagens basearam-se em testes à adequação da capacidade de

‘reconhecimento de voz’ como um método de interacção complementar ao uso de dispositivos

móveis para digitar texto de forma ‘semi-automática’ (Cox et al., 2008), à marcação ou tagging

social (social bookmarking, na nomenclatura anglo-saxónica) e recuperação de imagens digitais

através de anotações feitas por voz/texto (Cherubini et al., 2009), às barreiras de comunicação

entre médicos e pacientes com problemas auditivos, através de linguagem gestual reproduzida

num sistema móvel em tempo real (Buttussi et al., 2010), bem como ao suporte a situações de

risco com a utilização de ‘robótica’ (Drury et al., 2004) e de mapas para a partilha de pontos de

interesse por parte dos bombeiros no combate aos incêndios, utilizando o sistema MobileMap

(Herskovic et al., 2011; Monares et al., 2011), e à assistência aos encarregados da manutenção

de instalações industriais (Ziegler et al., 2010), em cenários onde pode ocorrer colaboração.

As TIC móveis impõem diversos desafios de ‘usabilidade’ no que se refere ao design de

interfaces fáceis de utilizar (Ballard, 2007), à forma como é medida a ‘usabilidade’ (Kjeldskov &

Stage, 2004), ou às relações entre as tarefas, a tecnologia de suporte e o contexto de trabalho

(Kristoffersen & Ljungberg, 1999). Os participantes em processos de colaboração móvel devem

ser capazes de trabalhar de uma maneira “autónoma” através do sistema (Neyem et al., 2007;

Monares et al., 2011), levando a cabo processos esporádicos de colaboração sob demanda. No

sentido de definir os requisitos fundamentais para a criação de um sistema móvel de apoio à

colaboração, Herskovic et al. (2011) introduziram um modelo denominado por ‘efeito iceberg’,

sendo consituído pelos seguintes elementos: i) ‘flexibilidade’ de interacção entre utilizadores,

onde se destacam os mecanismos de ‘detecção automática’ e conexão/desconexão para que o

sistema se possa adaptar às transformações frequentes em termos de tamanho e estrutura do

grupo, ii) ‘protecção’, na medida em que o sistema deve incorporar medidas que garantam ao

utilizador que o seu trabalho está seguro (sessões de trabalho ad-hoc, privacidade do utilizador

e segurança), iii) ‘comunicação’, em que o sistema deve fornecer mecanismos de comunicação

síncrona/assíncrona, partilha de ficheiros e notificação de eventos, iv) ‘heterogeneidade’, pelo

facto da colaboração poder envolver ‘dipositivos heterogéneos’ como computadores portáteis,

smartphones e Assistentes Digitais Pessoais (Personal Digital Assistants – PDAs) e necessitar de

Page 44: Caracterização do estado da arte de CSCW

26

versões configuradas mediante o tipo de dispositivo utilizado. A ‘interoperabilidade’ “refere-se

à capacidade de um sistema de software para compreender o significado dos dados e serviços,

mesmo que estes recursos tenham sido desenvolvidos por vários fornecedores”, sendo exigida

com o objectivo de prevenir o ‘isolamento’ dos utilizadores, v) ‘serviços autónomos de suporte

à interacção’, suportando a comunicação sem fios com mecanismos de “conexão automática”,

“descoberta de serviços e dispositivos”, “encaminhamento de mensagens” e “conversas entre

utilizadores de um modo informal”, vi) ‘percepção’, onde se situam os domínios online, offline

e transição, e vii) ‘consistência e disponibilidade dos dados’, de forma a prevenir desconexões

frequentes com o devido suporte de informação em tempo real, onde os requisitos podem ser

estabelecidos por “replicação explícita de dados”, “armazenamento temporário na rede”, bem

como “resolução de conflitos”. Desta forma, o processo de concepção de aplicações móveis de

suporte ao trabalho cooperativo deve respeitar um conjunto de requisitos bem especificado, e

ultrapassar óbices relativos à implementação técnica, ao suporte à colaboração e à aprovação

dos utilizadores (Herskovic et al., 2011).

2.4.3.2 COMÉRCIO COLABORATIVO

Com o desenvolvimento global das TIC e de serviços baseados na Internet, o Comércio

Electrónico (E-Commerce) emergiu como um ‘modelo de negócios’ determinante para o futuro

das organizações na aquisição de ‘vantagens competitivas’ (Fingar et al., 2000), sendo definido

pela utilização de tecnologia para permitir ‘transacções’. Os Negócios Electrónicos (E-Business)

referem-se ao processo de transformação e racionalização de actividades da cadeia de valor de

uma organização com base no suporte tecnológico da Internet, dando origem a um paradigma

denominado por Comércio Colaborativo (C-Commerce), um domínio que se foca na interacção

colaborativa entre uma comunidade de colaboradores, parceiros de negócio e consumidores, e

que é adoptado para alcançar múltiplas oportunidades de negócio na Internet. Neste contexto,

Holsapple e Singh (2000) apresentaram um vasto conjunto de definições inseridas na literatura

para C-Commerce. Segundo Burdick et al. (1999), o objectivo principal desta estratégia virtual

passa pelo aproveitamento de todas as informações sobre um produto e os respectivos activos

de aplicação numa estrutura fundamentada na Web, disponibilizando um acesso “ubíquo” e

personalizado a todos os participantes numa comunidade de comércio. Ward (1999) defende a

ocorrência do C-Commerce quando as organizações recorrem ao uso de sistemas colaborativos

em tempo real para comercializar os seus produtos e serviços com outras entidades (em canais

direccionados a empresas ou consumidores). Este segmento tem a capacidade de facultar uma

infra-estrutura dinâmica para suportar negócios entre empresas, com o intuito de interligar as

informações sobre produtos, ‘ferramentas internas’, processos, fornecedores, consumidores e

parceiros (Maynard, 1999), numa rede de distribuição multi-canal que permite aos fabricantes

automatizar os fluxos de informação com os restantes elementos da cadeia de abastecimento.

De uma forma genérica, o C-Commerce pode ser subentendido como “um conjunto de

tecnologias e práticas de negócio que possibilitam às empresas construir relações mais sólidas

com os seus parceiros comerciais”, através da integração de processos inter-organizacionais de

natureza complexa regidos pela lógica e as regras de negócio e pelo fluxo de trabalho existente

na organização. Para além da definição supra-referida, Chan et al. (2007) salientaram também

a possibilidade de uso dos “serviços Web” para automatizar o C-Commerce e fornecer serviços

ao cliente em tempo real (por exemplo, o caso da AMAZON). Os objectivos das iniciativas de C-

Commerce baseiam-se na maximização do retorno sobre o investimento em TIC, no reforço da

Page 45: Caracterização do estado da arte de CSCW

27

integração da cadeia de abastecimento, e no aumento da ‘agilidade do negócio’ e da qualidade

do serviço ao cliente. O C-Commerce pode ajudar as organizações a conectar e automatizar um

conjunto de processos com os seus parceiros, clientes e fornecedores, reduzir as ‘latências’ de

processamento e os custos, bem como apoiar o processo de tomada de decisões operacionais,

planear e desenvolver projectos de forma dinâmica. Os padrões usados neste tipo de comércio

(Tschammer, 2001) podem incluir o ‘protocolo’ SOAP para aceder às componentes de software

de um ‘ambiente distribuído’, bem como as ‘linguagens de marcação’ XML e ebXML (Electronic

Business XML) para a partilha de dados, e a Linguagem de Modelação de Processos de Negócio

(Business Process Modeling Language – BPML) usada para descrever o fluxo de trabalho (Chen

et al., 2007). Conforme defenderam Hartono et al. (2011), o C-Commerce “é uma área cada vez

mais importante para a inovação e o investimento ao nível tecnológico, tornando-se a espinha

dorsal da actividade empresarial moderna”.

A implementação de software social e ‘módulos colaborativos’ em Sistemas Integrados

de Gestão Empresarial (Enterprise Resource Planning – ERP) e Gestão da Relação com o Cliente

(Customer Relationship Management – CRM) tornou-se crítica para a interacção síncrona entre

as empresas e os seus consumidores (Koch, 2008). No que se refere à aptidão das organizações

para gerar lucros sustentáveis a partir da relação com o cliente, coexiste uma forte confluência

entre forças de mercado, tecnologia e pessoas, onde a colaboração reside num ciclo composto

pela identificação, atracção e aquisição de potenciais consumidores para obter lucro de forma

‘bilateral’ (Kracklauer et al., 2004), envolvendo os recursos em torno de objectivos comuns. O

conceito referente à Gestão de Processos de Negócio (Business Process Management – BPM),

na visão de van der Aalst et al. (2003), “inclui métodos, técnicas e ferramentas para suportar a

concepção, implementação, gestão e análise de processos operacionais de negócio”, podendo

ser vista como uma extensão da Gestão do Fluxo de Trabalho (Workflow Management – WFM)

ao centrar-se no apoio à automatização do ciclo de vida dos processos de negócio e incorporar

funcionalidades de colaboração. O ‘ciclo de vida’ da BPM consiste na concepção de processos,

configuração do sistema, implementação dos processos e no diagnóstico, respectivamente. Na

caracterização feita por Hill et al. (2008), a BPM pode ser vista como uma ‘disciplina’ de gestão

orientada a processos que congloba a componente tecnológica da gestão do fluxo de trabalho.

Segundo Ko et al. (2009), uma metodologia eficiente para suportar os processos de negócio no

domínio da colaboração entre duas empresas (Business-to-Business – B2B) é fundamental para

alcançar o sucesso num mercado em constante mutação, suscitando a necessidade de abordar

a semântica de alto nível que caracteriza os processos colaborativos de negócio.

No domínio do desenvolvimento colaborativo no sector industrial, a Gestão do Ciclo de

Vida de um Produto (Product Lifecycle Management – PLM) foi concebida como um modelo de

negócio estratégico para o suporte à criação, gestão, disseminação e utilização colaborativa de

activos, incluindo dados, informação e conhecimento. Esta corrente integra pessoas, processos

e tecnologia, e permite às organizações obterem vantagens competitivas através da criação de

produtos com maior qualidade, menos defeitos, um custo inferior, e em tempo reduzido. Com

os sistemas de PLM, possibilitou-se a colaboração entre os participantes interligados na cadeia

de valor, indo ao encontro de algumas necessidades das organizações em reunir as equipas de

desenvolvimento e os parceiros da cadeia de abastecimento dispersos a nível geográfico, num

processo virtual colaborativo, bem como trocar e controlar as informações sobre os produtos e

gerir/desenvolver projectos em tempo real, tendo em consideração a interoperabilidade entre

Page 46: Caracterização do estado da arte de CSCW

28

plataformas. No entanto, o processo de desenvolvimento de um produto enfrenta dificuldades

de coordenação entre equipas, e incompatibilidades entre os sistemas e dados na prossecução

de ‘tarefas complexas’. Embora os sistemas tradicionais de Desenho Auxiliado por Computador

(Computer-Aided Design – CAD), bem como de Produção Assistida por Computador (Computer-

Aided Manufacturing – CAM) tenham tornado o processo de design mais eficiente, encontram-

se geralmente separados de operações convencionais de colaboração nas organizações. Com a

necessidade assinalada de adaptar eficazmente as funcionalidades colaborativas aos requisitos

de negócio actuais, foi apresentada uma solução tecnológica denominada por Colaboração no

Ciclo de Vida de um Produto (Product Lyfecycle Collaboration – PLC), que incorpora funções de

gestão de ‘portfólios’ de produtos, bem como de parametrização, desenvolvimento, fabricação

e fornecimento de componentes de um produto de forma colaborativa. Complementarmente,

foi abordado o ‘protocolo de colaboração’ que fornece a regulação necessária para estabelecer

colaboração síncrona durante o ciclo de vida, incluindo diferentes ‘camadas de alinhamento da

colaboração’, como o objectivo, o processo, a informação, e o método (Ming et al., 2008).

Conforme argumentam Mun et al. (2009), o conceito de ‘organização virtual’ baseia-se

no paradigma da colaboração entre empresas num ambiente em rápida transformação, onde a

confiança se torna fundamental em diferentes tipos de interacção ao possibilitar a actuação de

uma empresa em situações de incerteza. Neste ambiente, as empresas têm uma oportunidade

clara de cooperar com outras organizações, através da Internet, num esforço ‘simbiótico’. Com

o estudo protagonizado por Oh et al. (2010), introduziu-se um ‘modelo’ colaborativo de gestão

da cadeia de abastecimento para lidar com a questão da confiança na colaboração e diminuir a

carga computacional no planeamento da produção, aplicando-se aos segmentos de logística da

indústria automóvel por esta manifestar um rácio muito elevado na aquisição de peças a partir

dos parceiros de negócio. Ainda neste sector, Wang et al. (2011) introduziram um método com

base nos processos de trabalho cooperativo relativos à encomenda de produtos, manutenção,

e ordem de montagem, com suporte de uma plataforma de C-Commerce.

Numa perspectiva agregada, podem assinalar-se estudos como a introdução de Portais

de Informação Empresarial (Enterprise Information Portals – EIP), definidos como “plataformas

para a integração de gestão do conhecimento e TIC” através de processos de negócio internos

e externos, onde a coordenação das equipas de desenvolvimento envolve os consumidores no

processo de concepção do produto (Chang & Wang, 2010). Foram também feitas investigações

orientadas à evolução dos serviços propostos pelos ‘mercados electrónicos’ (Mola et al., 2008),

a SI inter-organizacionais, onde soluções como a NETWORK COLLABORATE podem ser adoptadas

para que as empresas criem e mantenham ‘planos de negócio’, monitorizem a sua execução, e

avaliem o sucesso de forma colaborativa (Saeed et al., 2011), ou à ‘integração’ de C-Commerce

em fábricas com base num modelo de ‘optimização’ (Wang & Huang, 2010).

A avaliação da qualidade de dados em C-Commerce é enfatizada por Zhou et al. (2011),

onde são apresentados alguns problemas actuais de transparência, integração, e sincronização

de dados, enquanto a investigação protagonizada por Choi et al. (2011) se focou na construção

de um modelo colaborativo para o comércio, na venda e entrega de produtos, com base numa

‘taxonomia’ com informação partilhada sobre cada produto. Por sua vez, analisou-se o tipo de

informação de ‘percepção’ que pode existir num cenário de comércio electrónico colaborativo

(Jiang et al., 2011), desenvolveu-se um modelo conceptual para estudar as relações verificadas

Page 47: Caracterização do estado da arte de CSCW

29

com o processo de adopção de ferramentas de C-Commerce, as implementações colaborativas

na ‘cadeia de abastecimento’, a inovação dos serviços e as vantagens competitivas em diversos

países (Chong et al., 2011), fomentou-se a aplicação do segmento de comércio supra-citado no

sector turístico (Hsiang et al., 2011), entre outros domínios em que se pode enquadrar o CSCW

nas estratégias de negócio que caracterizam as transacções económicas baseadas na Internet.

2.4.3.3 TELEMEDICINA

Numa rota científica de investigação focada no suporte à saúde, denota-se um esforço

sistemático por parte de entidades especializadas que prestam um atendimento aos pacientes

congregando os seus conhecimentos com suporte de sistemas colaborativos. Segundo Strauss

et al. (1984), o trabalho de articulação tem uma função essencial na integração e coordenação

da contribuição de múltiplos indivíduos enquanto os pacientes permanecem num hospital. Em

ambientes desta natureza, o trabalho executa-se num esquema sem rotinas pré-estabelecidas,

onde é extremamente difícil padronizar processos. Segundo Field (1997), a ‘telemedicina’ pode

ser definida pelo “uso de informação electrónica e tecnologias de comunicação para fornecer e

suportar cuidados médicos quando a distância separa os intervenientes”, num domínio onde a

‘co-presença’ e a ‘percepção mútua’ constituem a base de uma comunicação implícita (Bellotti

& Bly, 1996). Com a crescente fragmentação a nível da saúde, o alcance da ‘percepção’ tornou-

se um factor crítico para conseguir a eficiência e a segurança do paciente, onde o desafio passa

em grande parte por unir os domínios situados entre o universo tangível e a informação digital

através da integração dos dispositivos interligados em rede no espaço de trabalho físico (Xiao,

2005). O conceito de ‘equipa de saúde’ pode ser entendido como “um grupo de profissionais

de saúde que trabalha para um objectivo comum e efectua contribuições complementares no

atendimento ao paciente” (McCallin, 2001).

Os ambientes de trabalho cooperativo em núcleos hospitalares e de apoio ao paciente

têm objectos físicos usados por equipas médicas para executar determinadas funções, onde se

enquadram os medicamentos e suplementos para pacientes e as amostras laboratoriais. Neste

contexto, um ‘artefacto físico’ pode facilitar a articulação do trabalho fragmentado e reduzir a

necessidade de despender esforços de ‘articulação’ explícita, como por exemplo uma situação

em que uma equipa de enfermeiros pode configurar uma sala de operações para um grupo de

cirurgiões, onde o ambiente físico se transforma no ‘instrumento de mediação’ das actividades

desenvolvidas (Xiao, 2005). Hazlehurst et al. (2003) recorreram ao uso da etnografia com base

na análise à disposição física de instrumentos, ferramentas, auxiliares de memória, bem como

outros meios que funcionam como artefactos cognitivos para os enfermeiros. A monitorização

permite a detecção síncrona das actividades, para que possam ser efectuadas as ‘interrupções’

necessárias com o mínimo de efeitos prejudiciais. Os dispositivos de ‘exibição pública’, por seu

lado, fornecem informações sobre o estado dos funcionários, pacientes e recursos fixados num

ambiente hospitalar, suportando ‘comunicação síncrona’ entre trabalhadores a colaborar cara-

a-cara e tendo um papel importante no suporte à discussão em grupo (Xiao, 2005).

Alguns estudos no âmbito da introdução de TIC na saúde em grande escala indicaram a

incompatibilidade presente entre os fluxos de informação nos processos de medicação (Ash et

al., 2003). Em Portugal, verificou-se que no ano de 2006, aproximadamente 23% dos hospitais

praticavam impreterivelmente actividades baseadas em telemedicina, com especial incidência

no ‘telediagnóstico’ e na ‘teleconsulta’ (INE, 2006). Com esta visão genérica da adopção de TIC

Page 48: Caracterização do estado da arte de CSCW

30

no sector da saúde, é possível reflectir sobre as potencialidades do CSCW como uma área que

pode catalisar a inovação aos mais diversos níveis, facultando novas métricas para a resolução

de problemas na acção médica em situações de risco através de fluxos de trabalho cooperativo

e tecnologias de suporte mais eficazes. Neste sentido, a aplicação específica de CSCW pode ter

relevância na análise de registos médicos electrónicos em ambientes clínicos cooperativos, nas

práticas cooperativas das equipas de assistência médica ao paciente, bem como na criação dos

sistemas colaborativos que suportam a envolvente humana (Xiao, 2005). No estudo de Pratt et

al. (2004), foi abordada a melhoria de sinergias entre a telemedicina e o campo de CSCW como

um desafio eminente para a concepção de SI orientados aos serviços médicos, com o objectivo

de fomentar a colaboração entre equipas médicas através da incorporação de mecanismos de

‘percepção’, contabilidade em ‘estruturas de incentivo’, e compreensão do fluxo de trabalho. A

taxa de insucesso deste tipo de sistemas situava-se, no final da década de 1990, entre os 30% e

os 50% (Sauer, 1999), distribuindo-se por consultórios médicos (Heath & Luff, 1996), hospitais

(Ornstein, 2003), e centros de expedição de ambulâncias (Wastell & Newman, 1996). As causas

podem ter advindo de questões sociais e organizacionais, nomeadamente as ‘normas da acção

médica’, os ‘padrões organizacionais’, o ‘comportamento’ de pequenos grupos, as preferências

individuais de cada utilizador, e a sua resistência à mudança tecnológica (Grudin, 1994).

A utilização de groupware no sector da saúde foi ‘enfatizada’ por Househ e Lau (2005),

analisando uma ‘lista de artigos’ relacionados com a inclusão de software colaborativo na área

dos ‘cuidados médicos’, onde os resultados apontaram para a rota de investigação centrada na

classificação de tarefas dentro de uma ‘equipa de saúde’ a nível clínico e de gestão, no estudo

dos impactos da tecnologia de groupware na prestação dos cuidados ao paciente, nos recursos

técnicos que podem eliminar as barreiras de comunicação e melhorar a troca de informação, e

na redução das incertezas no processo de decisão através da estruturação de processos. Neste

âmbito, salienta-se a proposta de Yousfi et al. (1994) para a criação de um ‘modelo conceptual’

e uma ‘arquitectura’ de software centrada na ‘simbiose’ entre CSCW e o ambiente de cuidados

intensivos no que concerne à cooperação entre pessoas para partilha de informação e tarefas,

recolha de dados, ou atribuição de responsabilidades.

As ferramentas de Registo Médico Electrónico (Electronic Medical Record – EMR) são

utilizadas de diferentes formas, por múltiplas pessoas, para completar um objectivo comum no

atendimento ao paciente (Xiao, 2005), onde o ‘registo’ do paciente funciona como ‘mecanismo

de coordenação’ entre os profissionais de saúde (Berg & Bowker, 1997). Segundo Heath e Luff

(1996), estes registos podem ser usados em consultórios médicos como uma forma assíncrona

de colaboração. Ao nível institucional, o incentivo para a adopção de EMR consiste na melhoria

do acesso aos cuidados, redução de custos e maior qualidade dos serviços prestados e, a nível

administrativo, centra-se na melhoria do ‘treino médico especializado’ e das práticas de gestão

(Ingeborg & Wiederhold, 1981). Nos cuidados médicos, o ambiente de trabalho é uma mistura

complexa de ‘rotinas’ e eventos excepcionais com os quais os médicos lidam numa base diária,

em paralelo às normas e aos planos estabelecidos. A inserção de mecanismos de ‘percepção’ e

interacção através de sistemas de EMR exige uma compreensão do ‘contexto’ nos cuidados de

saúde (Xiao, 2005). Segundo Reddy et al. (2008), os ‘sistemas computadorizados de prescrição

médica electrónica’ possuem a capacidade de apoiar mais actividades colaborativas, enquanto

Dorr et al. (2007) apontam para a tendência de um apoio mais individual dos sistemas de EMR

devido às suas normas, em contraste com a estrutura centrada nas necessidades das equipas.

Page 49: Caracterização do estado da arte de CSCW

31

A investigação referente ao suporte à colaboração no sector da saúde tem-se centrado

nas dificuldades identificadas pelos profissionais de saúde nos processos de trabalho em grupo

que podem resultar em restrições sobre a utilização de recursos de colaboração para se atingir

um entendimento geral dos problemas do paciente (Kvarnström, 2008), bem como em tópicos

orientados à ‘prevenção’ e ‘controlo’ de doenças crónicas através de iniciativas de participação

social (Choi et al., 2008), à aplicação de computação ‘pervasiva’ (Bardram, 2008) e de sistemas

‘sensíveis ao contexto’ de segurança crítica (Bardram & Nørskov, 2008) nos hospitais, à criação

de uma tipologia para a concepção e personalização de SI em saúde (Balka et al., 2008), ao que

se pode melhorar nas reuniões das equipas multidisciplinares de tratamento e gestão contínua

de pacientes com ‘cancro da mama’ (Robertson et al., 2010), ou à etnografia em hospitais com

o intuito de analisar o uso de sistemas de EMR por parte dos médicos para visualizar históricos,

comunicar com outros membros das equipas médicas e coordenar tarefas (Østerlund, 2008). O

estudo protagonizado por Shaw et al. (2008) defende que “a colaboração está a tornar-se num

novo padrão de cuidados de saúde” e baseia-se em métodos de observação e entrevista para a

análise de uma equipa de reabilitação. Por sua vez, Bardram (2009) apresentou o ‘conceito’ de

Computação Baseada na Actividade (Activity-Based Computing – ABC) que se foca no apoio ao

‘trabalho clínico’ no hospital, incluindo desafios decorrentes da gestão de actividades paralelas

e interrupções que caracterizam uma envolvente com elevados níveis de mobilidade, urgência,

e colaboração. Outros estudos enfatizaram o uso de ‘superfícies tangíveis’ partilhadas para um

‘fluxo de interacção médica’ entre um paciente ‘surdo’ e um médico sem dificuldades auditivas

(Piper & Hollan, 2008), bem como a actuação colaborativa em situações de emergência (Palen

et al., 2007; Shklovski et al., 2008; Sarcevic et al., 2011).

2.4.3.4 APRENDIZAGEM COLABORATIVA SUPORTADA POR COMPUTADOR

Conceptualmente, o campo de investigação em Aprendizagem Colaborativa Suportada

por Computador (Computer-Supported Collaborative Learning – CSCL, na nomenclatura anglo-

saxónica) pode ser fundamentado em estratégias educativas de exploração intelectual através

da interacção social, onde os recursos informáticos actuam como intermediários nos processos

de colaboração. A ‘génese’ do acrónimo ‘CSCL’ remonta à primeira metade da década de 1990,

impulsionado pelo potencial de conexão da Internet para fomentar a ‘procura mútua’ de linhas

de raciocínio em ambientes pedagógicos de natureza ‘pluridisciplinar’, contrastando com uma

‘reacção isolada’ aos conteúdos estáticos. Não obstante, a ‘origem’ da aprendizagem em grupo

encontra-se na década de 1960 no âmbito da psicologia social (Stahl et al., 2006), explorando o

‘construtivismo social’ e as ‘teorias de diálogo’ (Koschmann, 1996). A CSCL foca-se na melhoria

contínua da interacção em grupo, fomentando o uso de capacidades de forma recíproca para a

partilha de conhecimento pelos membros de uma comunidade (Lipponen et al., 2004), onde as

‘configurações espaciais’ com o devido suporte tecnológico podem incluir redes assíncronas de

aprendizagem (Bourne et al., 1997), aprendizagem no contexto do ‘individualismo interligado’

(Castells, 2001), comunidades online (Barab et al., 2004), comunidades focadas na ‘construção

de conhecimento’ (Bielaczyc, 2006), ou ambientes de aprendizagem ‘móvel’ e ‘ubíqua’ (Rogers

& Price, 2008). Neste sentido, a interacção pode envolver uma distribuição espacial e temporal

entre actores e meios de comunicação, numa configuração ‘síncrona’, ‘assíncrona’, ou ‘semi-

síncrona’ com uma granularidade variável, e onde os participantes podem estar co-localizados

ou distribuídos geograficamente com o auxílio de múltiplos ‘dispositivos’ e ‘formatos de dados’

(Suthers et al., 2010). Numa ‘meta-análise’ a nível universitário, concluiu-se que a utilização de

Page 50: Caracterização do estado da arte de CSCW

32

estratégias colaborativas para aprendizagem pode promover o alargamento do ‘espectro’, um

‘raciocínio de alto nível’, a criação de ideias de forma frequente, mais soluções para problemas

complexos e a transferência de conhecimento, contrastando com estratégias de aprendizagem

individualistas e competitivas (Johnson et al., 1991), suscitando a criação de novas ferramentas

de suporte informático com capacidades a nível de ‘percepção do espaço de trabalho’ (Gutwin

& Greenberg, 1995) para a procura constante de um ‘fundamento comum’.

Os pressupostos epistémicos relacionados com a aprendizagem construtivista diferem

da educação tradicional. A Teoria da Actividade (Figura 2) tem a sua origem na filosofia clássica

alemã de Kant (1787) e Hegel (1807) e enfatiza a construção histórica de ideias e o papel activo

do homem na partilha de conhecimento, representando a base para a filosofia de Marx (1867)

e a ‘psicologia histórico-cultural’ soviética de Vygotsky (1930) e Leont’ev (1978). As suposições

fundamentais desta teoria são as unidades de consciência e actividade (Kaptelinin, 1996), onde

as ferramentas intercedem a natureza da actividade humana e podem influenciar a capacidade

de ‘desenvolvimento mental’ (Kuutti, 1996; Stahl, 2011). A actividade envolve artefactos, como

instrumentos, sinais, procedimentos, máquinas, métodos, leis e formas de organização laboral,

ao invés da psicologia cognitiva que envolve apenas ‘representações mentais’, estabelecendo-

se como “um sistema de relações sociais” (Jonassen & Rohrer-Murphy, 1999). Os conceitos de

‘cognição situada’, ‘cognição distribuída’ e ‘comunidades de prática’, emergiram num contexto

educativo acompanhadas por uma transformação na natureza do conhecimento, pensamento

e da aprendizagem, numa envolvente designada por ‘perspectiva situacional’ (Greeno, 1997).

FIGURA 2. ESTRUTURA DE UM SISTEMA DE ACTIVIDADE HUMANA (ADAPTADO DE ENGESTRÖM, 1987)

No domínio da ‘epistemologia individual’, o indivíduo é o agente de aprendizagem que

pode beneficiar da situação de colaboração. Na ‘epistemologia intersubjectiva’, o grupo é visto

como o motor da aprendizagem, dentro da qual a participação individual pode mudar. Embora

o ‘construtivismo’ (Piaget, 1976) não seja encarado como uma epistemologia de aprendizagem

colaborativa, é citado como uma teoria motivacional na literatura de CSCL e constitui a base de

algumas epistemologias colaborativas. A ‘epistemologia construtivista’ enfatiza a actividade do

aluno no processo de aprendizagem, onde o suporte computacional pode englobar simulações

de tarefas (Rieber, 2005), e o conhecimento adquirido é construído pelo aluno ao invés de uma

perspectiva ‘individualista’, estabelecendo-se como uma forma de “construção colaborativa de

conhecimento” (Stahl, 2000) que implica a interactividade com base nas teorias de dissonância

cognitiva (Festinger, 1957) e ‘conflito sócio-cognitivo’ (Doise & Mugny, 1984). Segundo Pfister

Page 51: Caracterização do estado da arte de CSCW

33

(2005), a essência da aprendizagem cooperativa reside no conceito de ‘informação partilhada’,

fomentando a transferência bidireccional de informação entre indivíduos. No caso concreto da

‘epistemologia participativa’, a aprendizagem pode ser concebida como “um processo legítimo

de participação periférica” nas práticas de uma comunidade (Lave & Wenger, 1991). Em geral,

a aprendizagem e a colaboração não se fundem apenas na dimensão epistemológica, possuem

fortes significações ‘ontológicas’ e têm a capacidade de se complementar numa transformação

pessoal e social (Packer & Goicoechea, 2000).

O desenvolvimento cognitivo individual resulta da espiral de causalidade que estimula

a participação em ‘interacções sociais’, predispondo novos estados individuais com capacidade

de ‘resolução de conflitos’ (Dillenbourg et al., 1996). Schwartz (1995) aborda a ‘indução’ como

um factor considerável para os padrões de ‘construção mútua’. A redução da ‘carga cognitiva’

explica o facto de uma regulação de processos de determinados parceiros ser mais prática que

a ‘auto-regulação’, podendo aumentar a competência da regulação (Blaye, 1988). A ‘explicação

automática’ relaciona-se com a situação social e tem sido importada para estudos de ‘cognição

individual’, no domínio da psicologia e no campo da Inteligência Artificial (Artificial Intelligence

– AI). Na aprendizagem colaborativa, englobam-se os critérios de simetria e divisão de trabalho

para definir o estado, a interacção, o trabalho de campo e a ‘modelação mútua’, relativamente

aos processos e efeitos resultantes (Dillenbourg, 1999). O mecanismo pelo qual a participação

conjunta na resolução de problemas pode mudar a compreensão de um problema é conhecido

por ‘apropriação’ (Rogoff, 1991).

Com a definição da chamada ‘teoria sociocultural’ (Vygotsky, 1978), estabeleceu-se um

grau de diferença entre os co-aprendizes baseado na ‘zona de desenvolvimento potencial’. Por

sua vez, o conceito de ‘cognição partilhada’ está profundamente relacionado com a ‘teoria da

cognição situada’ (Suchman, 1987), onde o ‘ambiente’ é um elemento integrante da actividade

cognitiva, centrando-se num plano social onde as concepções emergentes são analisadas como

um produto resultante do trabalho em grupo. O paradigma dominante na psicologia cognitiva,

designadamente o ‘raciocínio simbólico’, centra-se na delineação dos caminhos que processam

as informações sobre o aluno e o seu estado de conhecimento actual resultante dos processos

de articulação e reflexão num ‘contexto’ específico. As ‘ferramentas cognitivas’ são aplicações

informáticas que exigem aos alunos a interpretação e organização do conhecimento (Jonassen

et al., 1995). Num plano complementar, a colaboração assume-se como o epicentro da ‘teoria

construtivista’ em actividades de ensino à distância (Seaton, 1993). Com a introdução de novas

tecnologias, pode verificar-se um movimento longe da duplicação dos tradicionais métodos de

ensino, tanto em sala de aula como à distância (Turoff 1995), perspectivando-se a abordagem

centrada nos recursos (Smith & Kelly, 1987). O paradigma actual das escolas descreve-se pela

relação entre informação, tecnologia e pessoas, num plano de transição dinâmico centrado no

progresso e na inovação (Olson & Grudin, 2009).

A Figura 3 representa um conjunto de relações entre as teorias individuais e sociais de

aprendizagem que foram introduzidas ao longo do tempo e que, de certa forma, constituem os

fundamentos da CSCL enquanto domínio de investigação. Numa análise genérica ao ‘esquema’

adaptado por Stahl (2011), é possível identificar a aproximação de Hegel (1807) à teoria social,

numa linha divisória entre as teorias orientadas ao indivíduo e aquelas que se destinam a uma

unidade maior de análise que contempla várias pessoas no processo de aprendizagem.

Page 52: Caracterização do estado da arte de CSCW

34

FIGURA 3. RELAÇÃO ENTRE TEORIAS INDIVIDUAIS E SOCIAIS DE APRENDIZAGEM (ADAPTADO DE STAHL, 2011)

No domínio multidisciplinar da CSCL, foram analisados efeitos sócio-cognitivos (Järvelä

et al., 2000), níveis de ‘argumentação’ e raciocínio complexo (Hoadley & Linn, 2000), processos

de aprendizagem e concepção (Edelson et al., 1999), construção colaborativa de conhecimento

(Lipponen, 2000), aspectos motivacionais (Hakkarainen et al., 1999), e compreensão ‘cognitiva’

e ‘metacognitiva’ (Brown et al., 1998), transitando para as questões de participação (Lipponen

et al., 2001). Os desafios da CSCL residem nos problemas de gestão do conhecimento em bases

de dados, em construção de conhecimento orientada aos factos, tópicos de discussão curtos e

divergentes, e padrões desiguais de participação (Guzdial & Turns, 2000). De acordo com Stahl

(1999), um dos maiores problemas enfrentados pela CSCL reside na hesitação de professores e

alunos face à utilização de ‘sistemas colaborativos’ por diferentes razões pessoais e culturais. A

construção de uma ‘infra-estrutura social’ em torno da envolvente técnica pode resultar numa

implementação bem sucedida de CSCL.

No âmbito da avaliação da CSCL, Kreijns et al. (2002) introduziram uma taxonomia para

classificar os elementos que afectam a interacção social e a aprendizagem em grupo, onde são

identificados os seguintes factores: conduta adequada do professor e dos restantes membros,

natureza das tarefas de aprendizagem, funções dos membros, recursos físicos e conhecimento

que permitem a execução das tarefas, avaliação formativa com comentários dos participantes,

definição do objectivo da colaboração e avaliação sumativa numa estrutura de recompensas. A

‘computação sensível ao contexto’ faculta uma grande capacidade de organização e mediação

de interacções sociais, onde a ‘aprendizagem ubíqua’ pode conceber-se em ambientes de CSCL

(O’Malley, 1995) no processo sócio-cognitivo de construção e partilha social de conhecimento

e integrar uma enorme mobilidade em ambientes de aprendizagem ‘pervasivos’ enquanto um

aluno se movimenta com o seu dispositivo móvel, fornecendo um apoio tecnológico dinâmico

através da comunicação com computadores integrados no ambiente (Ogata & Yano, 2004).

Page 53: Caracterização do estado da arte de CSCW

35

Em contexto de aprendizagem móvel, os sistemas de resposta em sala de aula, como o

CLASSTALK (Dufresne et al., 1996) e o QWIZDOM, enquadram-se na disseminação de conteúdos

através de mensagens de texto para dispositivos móveis (Thornton & Houser, 2004), fazendo a

apresentação do problema ou ‘estímulo’, seguida da resposta do aluno com a contribuição. As

redes sociais podem constituir-se como uma componente central em ambientes colaborativos

de aprendizagem (Liccardi et al., 2007), numa perspectiva que concebe a aprendizagem como

um “resultado social e colectivo realizado por meio de conversas idênticas, práticas partilhadas

e redes de relações sociais” (Brown & Duguid, 1991). O conhecimento, neste sentido, não é um

objecto estático adquirido por um indivíduo ‘atómico’, mas é activamente co-construído pelas

colaborações e ‘transformações sociais’ contínuas entre os diversos alunos inseridos (Cohen &

Prusak, 2001), afirmando-se como uma fonte de suporte social e de socialização para os alunos

distribuídos (Cho et al., 2007). Por sua vez, os sistemas CSILE/KNOWLEDGE FORUM (Salovaara &

Järvelä, 2003) e GSTUDY (Winne et al., 2006) promoveram modelos distintos de aprendizagem

colaborativa e possibilitaram o uso de ferramentas, acesso aos produtos e a discussão sobre as

posições teóricas que variam em função da finalidade (Gress et al., 2010). O projecto AMBIENT

HOOD (Rogers et al., 2002) foi desenvolvido para permitir às crianças alternarem de uma forma

intermitente entre experiências no ambiente físico, numa aprendizagem lúdica aumentada por

um conjunto de abstracções digitais.

Numa envolvente conceptual extremamente complexa e forçosamente metamórfica, a

aprendizagem estabelece-se num plano de transição dinâmico onde a utilização de dispositivos

de computação ‘móvel’ (Sharples et al., 2010), ‘ubíqua’, e ‘sensível ao contexto’ (Liu & Hwang,

2009; Chu et al., 2010) se pode transformar num factor determinante para alcançar um grande

número de pessoas distribuídas no espaço. Numa tendência futura, perspectiva-se que a ‘Web

3.0’, também designada por ‘Web Semântica’, possa estabelecer algumas soluções inteligentes

de pesquisa na Internet, gestão eficiente de documentos e organização de conteúdo (Wheeler,

2009), funcionando por ‘metadados’ convertidos em informações significativas que podem ser

situadas, avaliadas e entregues por agentes de software (Morris, 2011). Devedžic (2006) previu

um ‘paradigma’ de educação sustentado num “cenário de ensino, aprendizagem, colaboração,

avaliação, entre outras actividades educativas”, focalizando os ‘agentes pedagógicos’ como um

suporte à aprendizagem, através da interacção dos alunos e professores em colaboração com

outros agentes, permitindo o fluxo de conteúdos num ambiente de aprendizagem interactivo.

2.4.3.5 AMBIENTES VIRTUAIS E VIDEOJOGOS COLABORATIVOS

Com o aumento da capacidade de ‘conexão em rede’, os CVEs transformaram as redes

computacionais em espaços tridimensionais navegáveis e habitados, fornecendo ambientes de

suporte ao trabalho cooperativo e à interacção social entre múltiplos participantes, provendo-

os de incorporações gráficas designadas por ‘avatares’, que podem transmitir a identidade, co-

presença, localização e actividade (Benford et al., 2001). Um vasto número de universidades e

investigadores na área da educação tem utilizado mundos virtuais para analisar a sua utilidade

pedagógica, demonstrando o potencial de aplicação destas ‘plataformas’ para obter benefícios

educacionais em ‘grupos de discussão’, e fornecer representações visuais adequadas a tópicos

complexos (Pinkwart & Oliver, 2009). Os CVEs estabelecidos na Internet foram propostos como

meios de aprendizagem em diferentes contextos (Bruckman, 1997), sendo importantes para o

suporte à ‘percepção social’ pela capacidade de oferecer um espaço social onde várias pessoas

se podem encontrar e superar as barreiras do mundo físico (Neal, 1997).

Page 54: Caracterização do estado da arte de CSCW

36

Na área de CSCL, o VIRTUAL CAMPUS (Maher, 1999) e os ACTIVE WORLDS, apresentaram-

se como CVEs dinâmicos e flexíveis, que possibilitam a uma comunidade construir e estruturar

progressivamente o ambiente de acordo com o seu crescimento (Prasolova-Førland & Divitini,

2003). O interesse da ‘comunidade’ de CSCW em CVEs (Benford et al., 1995) suscitou múltiplos

estudos sobre o apoio à interacção em grupo através de realidade virtual, numa perspectiva de

colaboração, estabelecendo a combinação com a computação ubíqua (Brown & Bell, 2004). De

uma forma genérica, os ambientes virtuais são “representações digitais” que permitem simular

actividades reais entre múltiplos utilizadores (Morgado et al., 2010). Historicamente, delimita-

se a origem destes ambientes no ano de 1979, sob a insígnia de Multi-User Dungeons (MUDs),

e os seus desenvolvimentos possibilitaram a transição da interacção textual para a imersão no

‘espaço virtual’, onde as pessoas participam em actividades de carácter lúdico, profissional, ou

social, com recurso a vários ‘artefactos’ (Dalgarno et al., 2011). Neste contexto, o RENDEZVOUS

e o Reality Built for Two suscitaram vários avanços e desafios técnicos (Joslin et al., 2004).

A utilização de CVEs para aprendizagem e trabalho colaborativo no sector da ‘saúde’ é

enfatizada por Creutzfeldt et al. (2010) no ‘treino’ dos estudantes de medicina em situações de

‘reanimação cardiopulmunar’, no domínio da ‘medicina dentária’ (Phillips & Berge, 2009), e na

envolvente da ‘educação médica’ (Wiecha et al., 2010). Este tipo de tecnologia pode fomentar

o ensino à distância de práticas complexas de colaboração, e possibilitar o uso de um conjunto

de recursos para a comunicação em ‘tempo real’, onde se insere o sistema TOUCH (Telehealth

Outreach for Unified Community Health), no ‘treino virtual’ dos estudantes de medicina para a

prestação de cuidados ao paciente (Caudell et al., 2003), e o WebOnCOLL (Maglogiannis et al.,

2006), um sistema que fornece um ‘ambiente’ distribuído de trabalho colaborativo orientado a

médicos envolvidos no processo de troca de registos electrónicos de sáude.

A nível industrial, o uso de CVEs pode envolver situações de emergência/risco e outros

mecanismos de trabalho que requerem uma aprendizagem ‘mecanizada’, podendo verificar-se

em consonância com modelos CAD para a elaboração de projectos. Neste domínio, o ambiente

CVGE (Collaborative Virtual Geographic Environment) possibilita uma “visualização interactiva”

onde os utilizadores co-localizados exploram informação espacial e trabalham em grupo para a

obtenção de um objectivo comum (Zhu et al., 2007). Neste sentido, os mundos virtuais SECOND

LIFE, ACTIVE WORLDS e THERE proporcionam uma grande liberdade de interacção (Brown & Bell,

2004) e o OPENSIMULATOR pode ser usado para a criação de mundos virtuais que possibilitam a

modelação de objectos por parte dos utilizadores e a programação mediante os processos e as

componentes de interacção definidas (Fonseca et al., 2011).

Os CVEs mais antigos, como o SIMNET e NPSNET, foram concebidos para ‘treino militar’

em diferentes escalas, suscitando a criação do ‘protocolo’ de Simulação Interactiva Distribuída

(Distributed Interactive Simulation – DIS), bem como da Arquitectura de Alto Nível (High Level

Arquitecture – HLA) como padrões IEEE para facilitar níveis de interoperabilidade e reutilização

de componentes com resultados satisfatórios. A simulação de actividades militares que exigem

treino táctico e de combate no terreno assume um papel crucial para o sucesso de ‘operações’

onde a tolerância a falhas é praticamente nula. Como exemplo, foram introduzidos CVEs para a

‘manutenção de motores’ de aviões militares de forma colaborativa, por equipas de mecânicos

que interagem no espaço virtual com procedimentos pré-definidos e manipulam instrumentos

de trabalho numa sequência de actividades que simula as práticas reais (Fonseca et al., 2011).

Page 55: Caracterização do estado da arte de CSCW

37

Os jogos multi-utilizador tornaram-se um foco de investigação antropológica e cultural

devido aos seus complexos níveis de interacção social, e por promoverem o desenvolvimento

de ‘clãs’ organizados automaticamente com políticas, hierarquias, e sistemas de ‘governação’,

tendo uma ‘natureza cooperativa’ na medida em que a actuação dos seus membros considera

objectivos comuns (Herz, 2001). Neste sentido, os Jogos Electrónicos Online Multi-jogador em

Massa (Massively Multiplayer Online Games – MMOGs) definem-se como jogos online com um

ambiente gráfico bidimensional ou tridimensional e uma natureza social e ‘material’. Contudo,

apresentam uma ‘estruturação’ sem grande rigor e por tempo indeterminado, congregando as

‘narrativas’ que fornecem uma grande liberdade aos jogadores (Oblinger & Oblinger, 2005).

O crescimento dos MMOGs mostrou-se acelerado e generalizado (Griffiths et al., 2004;

Yee, 2006), fornecendo acesso a comunidades globais com estruturas de suporte e interligação

orientadas a grupos com diferentes características. No caso do EVERQUEST, a organização social

é bastante complexa e os seus utilizadores podem participar em ‘transacções económicas’ com

repercussões assinaláveis no “plano virtual” (Jakobsson & Taylor, 2009). No domínio das ‘redes

sociais’, o FACEBOOK disponibiliza um conjunto de jogos que podem ser considerados MMOGs,

na medida em que permitem interligar pessoas num cenário de socialização e competição (ex.:

THE SIMS SOCIAL). Na vertente de investigação, MMOGs como o LEAGUE OF LEGENDS, WORLD OF

WARCRAFT ou LORD OF THE RINGS, suscitam um interesse pela análise às formas de colaboração

entre os utilizadores. Zagal et al. (2006) apresentaram um conjunto de dificuldades observadas

no desenvolvimento de ‘jogos colaborativos’, argumentando que deve ser fornecida uma razão

suficiente para existir colaboração e evitar assim a ‘degeneração’ de uma equipa pela decisão

única de um jogador, os jogadores precisam estar ‘conscientes’ dos resultados alcançáveis com

o recrutamento e agregação de outros membros, e a experiência de jogo exige uma constante

actualização com desafios por superar, envolvendo conjunturas motivacionais e de liderança.

No que se refere à aplicação de jogos desta natureza para desenvolver competências a

nível profissional ou treinar a execução de determinadas tarefas com dinâmicas pré-definidas,

torna-se premente mencionar a taxonomia de Kraus et al. (2010), orientada a jogos de gestão

hospitalar, na medida em que permitem melhorar o planeamento de recursos escassos para os

cuidados de saúde, modelar processos de tomada de decisão e gestão financeira em situações

de risco, bem como simular tarefas reais com níveis elevados de precisão. Por sua vez, foi feita

alguma investigação em torno da utilização de jogos militares como o AMERICA’S ARMY para o

recrutamento de soldados por parte das Forças Armadas dos Estados Unidos, com um nível de

realismo elevado e uma ‘mecânica de jogo’ baseada em narrativas e sequências de batalha em

cenários que simulam situações reais de ‘guerra’ (Andersen & Kurti, 2009). Neste segmento da

indústria de entretenimento, jogos como o HALO ou o CALL OF DUTY, tiveram grande projecção

em termos de vendas no final da última década (Sliwinski, 2009). Outros exemplos de ‘jogos de

combate na primeira pessoa’ incluem o MARINE DOOM (Riddell, 1997), como um simulador de

treino adaptado do DOOM original pela marinha norte-americana, e CLOSE COMBAT, que simula

um campo de batalha virtual onde é feita formação no solo (Andersen & Kurti, 2009). No caso

do FULL SPECTRUM WARRIOR, treinam-se os soldados com tácticas de liderança e estratégias de

combate ‘na terceira pessoa’, onde as equipas coordenam esforços sem utilizar armas de fogo

nas situações em que estão inseridas. Na Tabela 1 está representado o estudo comparativo de

Rajaei & Aldhalaan (2011) sobre CVEs, que se baseia num critério de análise às características e

aos serviços específicos fornecidos por cada plataforma.

Page 56: Caracterização do estado da arte de CSCW

38

TABELA 1. COMPARAÇÃO DE CVE ORIENTADOS À APRENDIZAGEM (ADAPTADO DE RAJAEI & ALDHALAAN, 2011)

Arquitectura da Tecnologia Representação

Disp

on

ibilid

ade

Acessib

ilidad

e

Co

mp

atibilid

ade

Comunicação Síncrona

Grelha Ponto-a-

Ponto Cliente-Servidor

Multi-Servidor

Avatar Vídeo

Expressão

Facial

Percep

ção

Social

Chat Vídeo Áudio

America’s Army

Full Spectrum Warrior

TOUCH

WebOn COLL

CVGE

Active Worlds

ASCIT Sick Children

O sistema ASCIT Sick Children (Again at my School by fostering Communication through

Interactive Technologies for long-term sick children) abrange todas as funcionalidades relativas

aos tipos de comunicação usados, à capacidade de um utilizador exibir ‘expressões faciais’, aos

tipos de interface que podem ser usados na interacção com o sistema, à ‘compatibilidade’ com

outras plataformas, ao acesso livre para todos os utilizadores, entre outras componentes como

a ‘percepção social’, e disponibilidade do sistema (Di Fiore et al., 2007). Os ACTIVE WORLDS, por

sua vez, não possuem as funcionalidades de ‘expressão facial’ e disponibilidade, e usam o chat

como a sua única forma de comunicação. Os jogos militares AMERICA’S ARMY e FULL SPECTRUM

WARRIOR possuem as mesmas características em todos os domínios de comparação, enquanto

os ambientes TOUCH e CVGE diferem apenas na ‘arquitectura’ e na possibilidade de comunicar

por chat que está apenas disponível no sistema CVGE. Por último, mas não menos importante,

o WebOnCOLL baseia-se numa arquitectura ponto-a-ponto e na representação por vídeo, onde

a disponibilidade é a única funcionalidade que não está presente no sistema.

Page 57: Caracterização do estado da arte de CSCW

39

CAPÍTULO 3: CLASSIFICAÇÃO DE CSCW

“The sum of wisdom is that time is never lost that is devoted to work.”

Ralph Waldo Emerson

Este capítulo apresenta uma perspectiva global das taxonomias de classificação criadas

com o objectivo de corresponder às diversas necessidades dos investigadores para caracterizar

as aplicações de groupware de forma agregada. Numa dimensão centrada exclusivamente nos

fundamentos teóricos que constituem o trabalho cooperativo, abordam-se diferentes modelos

de classificação apresentados na literatura de CSCW para agrupar as principais características

num referencial multidimensional.

Page 58: Caracterização do estado da arte de CSCW

40

3.1 CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS GROUPWARE

Os sistemas computacionais introduzidos sob a insígnia de “automação de escritório”

cederam o seu espaço a uma abordagem composta por aplicações colaborativas com múltiplas

funcionalidades (Schmidt, 2009) e manifestas possibilidades de incorporação nas organizações,

num fenómeno que interferiu substancialmente nos ‘processos internos’ adoptados e no fluxo

de ‘interacção social’ em trabalho cooperativo. Neste sentido, torna-se importante salientar os

esforços de alguns investigadores de CSCW em avaliar a natureza fragmentada dos sistemas de

suporte ao trabalho em grupo, produzindo modelos específicos de classificação que facilitaram

a sua interpretação holística. Os desafios relativos à construção de taxonomias compreensivas,

flexíveis e adaptativas às constantes ‘metamorfoses’ no campo da colaboração, centram-se na

aptidão para abordar as ‘tipologias’ de groupware existentes na literatura de CSCW, segmentar

a fracção temporal em que ocorre uma interacção, a localização geográfica dos intervenientes,

e as formas de cooperação possíveis que resultam dos ‘processos de trabalho’ investigados em

CSCW, interligando várias categorias de forma ‘articulada’. A estrutura da secção respeita uma

sequência focada essencialmente na evolução histórica dos estudos realizados neste domínio,

desde as primeiras abordagens feitas na década de 1980, até ao final da década de 2000.

3.1.1 MATRIZ TEMPO-ESPAÇO

A taxonomia tempo-espaço foi iniciada por DeSanctis e Gallupe (1987) e desenvolvida

em diversos estudos subsequentes, complementando-a com novas tipologias de classificação.

No seu estado inicial, apresentava quatro configurações distintas para a classificação de GDSS

segundo o tamanho do grupo e a proximidade entre os membros em tarefas de cooperação,

delimitando a ocorrência de interacções presenciais ou dispersas geograficamente em grupos

de pequena ou grande dimensão. Não obstante, esta taxonomia evoluiu para uma perspectiva

que substitui a variável de ‘tamanho do grupo’ pelo instante em que se verifica a comunicação,

podendo estabelecer-se numa ‘disposição temporal’ síncrona ou assíncrona (Johansen, 1988).

Na composição síncrona, as pessoas executam uma acção contínua e em tempo real, enquanto

as interacções assíncronas estimulam uma influência recíproca durante diferentes períodos de

tempo. A ‘dimensão espacial’ da interacção complementa uma matriz de quatro ‘células’ inter-

relacionadas (ver Tabela 2), onde um sistema de groupware pode englobar as componentes de

todos os quadrantes, mediante as necessidades de cooperação apresentadas pelos utilizadores

ao nível da interacção (Ellis et al., 1991).

TABELA 2. MATRIZ TEMPO-ESPAÇO PARA A CLASSIFICAÇÃO DE GROUPWARE (ADAPTADO DE JOHANSEN, 1988)

Síncrono (Simultâneo)

Assíncrono (Instantes diferentes)

Mesmo espaço (Co-localizado)

Interacções cara-a-cara Reuniões presenciais

a, groupware de

exibição singular, superfícies tangíveis, sistemas de suporte à

decisão, roomware, monitores de parede

Tarefa contínua Gestão de projectos, salas de equipa,

trabalho por turnos, groupware de exibição pública

Espaços distintos

(Remoto)

Interacções remotas Videoconferência, editores multi-utilizador colaborativos, mundos virtuais, instant messaging, chat,

MUDs, ecrãs partilhados

Comunicação + Coordenação Workflow, e-mail, bulletin boards, calendários de grupo, blogs, wikis,

conferência assíncrona, controlo de versões

a. Reuniões electrónicas com a presença dos intervenientes.

Page 59: Caracterização do estado da arte de CSCW

41

Complementarmente, Nunamaker et al. (1991) aumentaram o nível de granularidade

implementado na variável de tamanho do grupo, circunscrevendo a possibilidade de existência

de interacção entre um membro constituinte de uma equipa de projecto composta por “três a

sete pessoas” e um elemento de uma unidade de trabalho centrada numa tarefa com “mais de

sete indivíduos”, subdividindo a ‘dimensão espacial’ de proximidade entre os membros numa

disposição caracterizada por um vasto número de participantes dispersos no espaço, um grupo

‘co-localizado’, ou ‘múltiplos grupos’ que trabalham em espaços diferentes. Numa abordagem

prospectiva, Rodden e Blair (1991) subdividiram a ‘natureza geográfica’ dos sistemas de CSCW

em quatro propriedades distintas, categorizando a envolvente dos sistemas co-localizados, co-

localizados virtualmente, remotos localmente e remotos, ampliando o universo taxonómico de

‘espaço’, em termos de granularidade, face às visões precedentes (Figura 4). Nesta corrente,

foram referidas simultaneamente as formas de cooperação incluídas na matriz inicial, sendo as

quais complementadas posteriormente com uma quinta categoria relativa à capacidade de um

sistema para possibilitar a interacção em qualquer lugar e instante (Johansen, 1992), anulando

as limitações temporais e espaciais com uma base computacional apropriada (Mentzas, 1993).

FIGURA 4. NATUREZA GEOGRÁFICA EM SISTEMAS DE CSCW (RODDEN & BLAIR, 1991)

Na senda evolutiva das versões taxonómicas primordiais, Grudin (1994) fundamentou

a categorização do espaço e do tempo em seis construções distintas, expondo que a actividade

pode ocorrer num único local, em diversos locais previamente conhecidos pelos participantes

ou em vários locais de natureza imprevisível para os utilizadores. No que concerne à dimensão

temporal, a actividade pode suceder-se em ‘tempo real’, em ‘diferentes momentos’ altamente

previsíveis, ou em fracções temporais distintas e imprevisíveis, servindo como um fundamento

lógico para os programadores de groupware, devido à extensibilidade funcional que apresenta

para caracterizar a comunicação em diversas configurações. Lubich (1995) abordou um critério

de classificação centrado nas características do fluxo de informações entre participantes numa

sessão, onde a informação ‘unidireccional’, tal como o nome indica, flui numa única direcção, e

a variável ‘multidireccional’ é enviada em várias direcções.

Com o objectivo de refinar substancialmente a ‘dimensão temporal’ da taxonomia em

epígrafe, Dix et al. (1998) propuseram a supressão parcial da terminologia que subcategoriza a

interacção num formato síncrono ou assíncrono, restituindo-a com o termo ‘sincronizado’ para

os sistemas de suporte ao trabalho cooperativo que oferecem uma conexão por computador

Page 60: Caracterização do estado da arte de CSCW

42

em tempo real, ‘dessincronizado’ para situações onde o tempo de operação dos participantes

não constitui uma condição fundamental, suscitando uma transmissão descontínua, ‘misto’ na

eventualidade de um sistema possuir ambas as características de sincronização, e ‘recorrente’

no caso de se verificar o desempenho sequencial de múltiplas operações.

3.1.2 DOMÍNIOS DE APLICAÇÃO

A classificação de acordo com os domínios de aplicação (Ellis et al., 1991) fundamenta-

se na subdivisão das aplicações groupware em seis categorias distintas, tendo em conta a sua

funcionalidade principal. Seguidamente, são referidas de forma articulada as várias classes que

constituem a versão ‘preambular’ desta taxonomia.

Sistemas de mensagens – conglobam o processo de troca de mensagens entre

os elementos de um grupo sem restrições estabelecidas.

Editores multi-utilizador – permitem a criação, edição e revisão cooperativa de

documentos por parte de múltiplas pessoas entrosadas num esforço conjunto.

O objecto editado é normalmente dividido em segmentos lógicos e a aplicação

pode fornecer indicadores explícitos sobre as acções dos outros utilizadores.

Sistemas de suporte à decisão em grupo e Salas de reunião electrónicas – a sua

finalidade primordial contempla o fornecimento de componentes baseadas em

dispositivos informáticos para a exploração de problemas sem estruturação,

incorporando espaços multimédia na prossecução de reuniões de trabalho em

grupo com o objectivo de melhorar a produtividade ao acelerar o processo de

tomada de decisão e melhorar a qualidade das decisões resultantes. As salas

de reunião electrónicas abrangem várias estações de trabalho ligadas em rede,

monitores de grande dimensão controlados por computador e equipamentos

de áudio e vídeo integrados.

Sistemas de conferência – possibilitam a comunicação entre os intervenientes.

A conferência em tempo-real permite a interacção síncrona entre um grupo de

utilizadores co-localizados ou dispersos fisicamente através das suas estações

ou terminais. A videoconferência faculta a capacidade de obter contacto visual

entre participantes dispersos no espaço, enquanto a audioconferência foca-se

na comunição por voz para um tipo de configuração espacial idêntico. Este tipo

de sistema pode ainda permitir a execução de aplicações partilhadas.

Agentes inteligentes – funcionam como aplicações que procuram substituir os

humanos na execução de determinadas tarefas, onde a ‘interface’ do utilizador

faz com que as suas acções se assemelhem às dos outros participantes.

Sistemas de coordenação (worflow management) – facilitam a coordenação de

‘actividades’ e grupos de trabalho para suportar a cooperação, possibilitando a

gestão de conflitos e suportando o estabelecimento de compromissos entre os

participantes. Geralmente, estes sistemas podem ‘desencadear’ as acções dos

utilizadores com recurso a mecanismos de notificação e percepção, usados em

situações estratégicas para o sucesso de uma tarefa.

Numa abordagem análoga, Coleman (1995) introduziu doze categorias de classificação

para sistemas colaborativos no mesmo domínio, estruturando-as da seguinte forma: e-mail e

mensagens electrónicas, calendários de grupo, sistemas de reuniões electrónicas, conferência

Page 61: Caracterização do estado da arte de CSCW

43

de dados em tempo-real e incorporada na área de trabalho, conferência assíncrona, gestão de

documentos em grupo, ferramentas de desenvolvimento, ‘serviços’ de groupware, ‘utilitários’

para o grupo de trabalho e ferramentas de suporte ao trabalho em equipa, ‘fluxo de trabalho’,

e sistemas colaborativos sedimentados na Internet. Neste sentido, as variações decorrentes do

fenómeno social no eixo de interacção do ‘ciberespaço’, levaram os investigadores do campo

de CSCW a considerar as ferramentas de comunicação presentes na Internet como um objecto

de estudo para explorar as suas potencialidades ao nível da interacção social e das formas de

trabalho suportadas, classificando-as segundo determinadas tipologias (Long & Baecker, 1997).

De forma a consolidar os ‘domínios de aplicação’ referenciados na literatura de CSCW,

Ellis (2000) estabeleceu um modelo de classificação constituído por um conjunto de ‘tipologias

de groupware’, numa combinação readaptada às inovações introduzidas a nível organizacional

com a implementação de múltiplas ferramentas no mercado. A Tabela 3 apresenta o ‘esquema

de classificação’ supracitado, com exemplos de sistemas de suporte à colaboração que podem

ser inseridos em cada ‘domínio’ especificado, complementando a primeira aproximação feita a

este tipo de classificação com novas tipologias resultantes dos avanços alcançados no domínio

da colaboração através da Internet.

TABELA 3. CATEGORIZAÇÃO DO ESPAÇO DE INTERACÇÃO SEGUNDO OS DOMÍNIOS DE APLICAÇÃO (ADAPTADO DE ELLIS, 2000)

DOMÍNIOS DE APLICAÇÃO TECNOLOGIAS

Sistemas de gestão de documentos OpenText

Documentum

Groupware assíncrono Lotus Notes GroupWise Exchange

Sistemas de gestão de processos Phios

Ferramentas de conferência

NetMeeting TeamStation

SunForum Mbone

Ferramentas de gravação/transferência de dados

ICAST Pointcast NetShow

RealMedia

Espaços virtuais de trabalho

Lotus TeamRoom Atrium BSCW CVW

Databeam eRoom

Sistemas de fluxo de trabalho Chautauqua FlowMark

ERP SAP

PeopleSoft

Ferramentas de desenho gráfico na Web

NetFusion Frontpage

Alexa Web.SiteBuilder

WebWorksPublisher

Page 62: Caracterização do estado da arte de CSCW

44

DOMÍNIOS DE APLICAÇÃO TECNOLOGIAS

Servidores Web SiteServer

Apache

Tecnologias de salas de reunião Ventana

TeamBoard SoftBoard

Sistemas de gestão do conhecimento Livelink Intranet

Sametime Intraspect

Ferramentas de extracção de dados KnowledgeX

Abuzz

Sistemas de aprendizagem Learning Works

Ferramentas de desenvolvimento ActiveWeb

NetDynamics

Numa abordagem reformulada para a classificação de groupware segundo os domínios

de aplicação, Coleman (2002) propôs uma taxonomia centrada na classe das ferramentas e nas

suas categorias funcionais, adaptando-se às tendências existentes no ínicio da década de 2000.

Neste sentido, foi proposta a seguinte classificação: i) sistemas de gestão de conteúdo, onde se

enquadra o domínio colaborativo da aprendizagem (ex.: BLACKBOARD), ii) conhecimento tácito

e gestão do capital intelectual (armazenamento, indexação, avaliação, procura de informação),

iii) ferramentas de colaboração em ‘tempo real’ (conferência áudio/vídeo/dados, salas de aula

virtuais, apresentações online), iv) sistemas de CRM colaborativos, baseados na ‘aplicação’ de

agentes humanos em E-Commerce através do uso de sistemas colaborativos em tempo real, v)

portais e ‘comunidades online’ (Yahoogroups, MSNgroups), vi) ferramentas de equipas virtuais

(sistemas orientados a processos, espaços virtuais de trabalho, gestão de projectos distribuída)

e vii) infra-estruturas de mensagens sem fios para a colaboração (serviços baseados em e-mail,

quadros de avisos, ponto-a-ponto, instant messaging/chat).

No sentido de caracterizar a envolvente taxonómica de groupware de modo agregado

e flexível às constantes mutações tecnológicas, Bafoutsou e Mentzas (2002) projectaram uma

lista de serviços colaborativos composta por quadros de avisos, discussões, e-mail, notificações

de e-mail, serviços de notificação e mensagens online, chat, quadro branco electrónico, lista de

tarefas, conferência voz/vídeo, gestor de contactos, partilha de ecrã, ferramentas de pesquisa

e votação, actas/registos de reuniões, ferramentas de calendarização de reuniões, capacidade

de apresentação, gestão de documentos, trabalho síncrono em documentos/slides, gestão de

projectos e partilha de ficheiros/documentos, concebendo um quadro inclusivo (Tabela 4) com

os produtos classificados no eixo vertical e as suas características taxonómicas situadas no eixo

horizontal. Neste esquema, torna-se possível visualizar as funcionalidades disponibilizadas por

cada sistema, podendo coexistir aplicações que se direccionam a uma actividade específica ou

que contemplam um conjunto de características de forma agregada. Numa análise transversal,

é possível assinalar a ausência expressiva de funcionalidades de notificação/mensagens online,

quadros de avisos e gestão de projectos, contrapondo com a presença acentuada de sistemas

de discussão, ferramentas de partilha de ficheiros e documentos, notificações de e-mail, chat e

gestão de documentos, fornecendo um plano de análise multidimensional.

Page 63: Caracterização do estado da arte de CSCW

45

TABELA 4. FERRAMENTAS COLABORATIVAS E RESPECTIVAS FUNCIONALIDADES (ADAPTADO DE BAFOUTSOU & MENTZAS, 2002)

Numa perspectiva genérica, é possível identificar uma maior abrangência (ao nível das

funcionalidades apresentadas no primeiro fragmento da Tabela 4) por parte de sistemas como

CentraNow, NetMeeting, Cybozu Office 3, DIVA, HyperOffice, InfoWorkSpace, JointPlanning, e

Web-4**, constituindo-se como soluções a ter em conta numa adopção a nível organizacional.

No segundo fragmento da tabela supra-referida, é possível identificar uma maior ‘abrangência

funcional’ por parte dos sistemas DOLPHIN, PictureTalk, BSCW, eRoom, TeamWave, e VEGA. O

critério utilizado na identificação dos sistemas de suporte à colaboração acima mencionados,

baseou-se na contagem simples das características (número superior a cinco funcionalidades

suportadas para o primeiro fragmento, e valor igual ou superior a quatro características no que

se refere ao fragmento seguinte). Embora a análise tenha sido feita em 2002, existem diversos

sistemas que se mantêm activos na procura de fornecer o suporte adequado à exigência que

se manifesta em cenários de trabalho num plano multi-utilizador. Neste sentido, as empresas e

instituições que pretendam implementar ferramentas colaborativas na sua envolvente laboral,

têm aqui uma base de análise às funcionalidades de um conjunto de aplicações desta natureza

que podem fornecer um suporte adequado às diferentes necessidades.

Page 64: Caracterização do estado da arte de CSCW

46

A taxonomia baseada nos ‘domínios de aplicação’ pode ser contextualizada no âmbito

do ‘esquema de classificação’ proposto por Mittleman et al. (2008) para aplicações groupware,

permitindo a actualização expressiva das abordagens precedentes tendo em conta os avanços

tecnológicos verificados na envolvente colaborativa (ver Tabela 5). Este esquema subdivide as

tecnologias de colaboração em quatro categorias que diferem entre si mediante a ‘capacidade

principal’. O primeiro nível, alusivo às páginas de co-autoria, tem a sua categorização referente

a aplicações que fornecem pelo menos uma janela que pode ser visualizada em ‘simultâneo’ e

onde os utilizadores podem assim prestar o seu contributo, dividindo-se nas seguintes classes:

ferramentas de conversação, dinâmicas de grupo, editores partilhados e votação. O segundo

nível refere-se às tecnologias que possibilitam a transferência contínua de dados em múltiplas

formas, dividindo-se em três subcategorias: audioconferência, videoconferência e partilha do

espaço de trabalho/aplicação. No terceiro nível, estabelece-se um conjunto de ferramentas de

acesso à informação com as classes alusivas a repositórios de ficheiros partilhados, sistemas de

marcação social, ferramentas de sindicalização e motores de busca, fornecendo várias formas

de armazenamento, partilha, localização e classificação de objectos de dados aos membros do

grupo. O último nível refere-se aos sistemas agregados que devem integrar um conjunto de

ferramentas a partir das três primeiras categorias e optimizá-las para suportar eficazmente as

práticas de trabalho que não podem ser alcançadas com uma única tecnologia.

Page 65: Caracterização do estado da arte de CSCW

47

TABELA 5. ESQUEMA DE CLASSIFICAÇÃO PARA TECNOLOGIAS DE SUPORTE À COLABORAÇÃO (MITTLEMAN ET AL., 2008)

CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS DESCRIÇÕES

Páginas de co-autoria Tecnologias que fornecem uma ou mais janelas que podem ser visualizadas de forma simultânea e onde múltiplos utilizadores prestam o seu contributo.

Ferramentas de conversação Optimizadas para auxiliar o diálogo entre membros de um grupo.

Editores partilhados Orientados à produção conjunta de documentos, gráficos ou folhas de cálculo.

Dinâmicas de grupo Ferramentas voltadas para a criação, manutenção ou alteração dos padrões de colaboração entre as pessoas que reúnem múltiplos esforços em torno de um objectivo comum.

Ferramentas de agregação Optimizadas para recolher, agregar e compreender comentários, opiniões e informações de um amplo conjunto de pessoas.

Tecnologias de transferência contínua de dados

Fornecem uma reprodução sucessiva de dados em constante alteração.

Partilha da área de trabalho/aplicação Ferramentas centradas na visualização remota e/ou controlo dos computadores de outros membros de um grupo.

Audioconferência Optimizada para transferência e recepção de sons.

Videoconferência Orientada à transmissão e recepção ininterrupta de imagens dinâmicas.

Ferramentas de acesso à informação Fornecem opções para armazenamento, pesquisa, partilha e classificação de objectos de dados.

Repositórios de ficheiros partilhados Provêm os membros de um grupo com métodos de armazenamento e partilha de ficheiros digitais.

Sistemas de marcação social Fornecem meios para afixar etiquetas constituídas por palavras-chave em objectos digitais de forma a facilitar a procura de objectos de interesse e outras pessoas com interesses semelhantes.

Motores de busca Proporcionam meios para a procura e recuperação de objectos digitais relevantes a partir de bases de dados tendo em conta os critérios de pesquisa.

Ferramentas de distribuição Notificam os utilizadores quando são acrescentadas novas contribuições de interesse aos repositórios.

Sistemas agregados Tecnologias que combinam um conjunto agregado de ferramentas e as optimizam para apoiar um tipo de tarefa específico.

O ‘esquema de classificação’ supracitado pode ser utilizado para comparar as múltiplas

capacidades fornecidas pelos sistemas colaborativos, analisar as suas variações concomitantes

ao longo do tempo, e reavaliar os domínios de aplicação num contexto susceptível a evoluções

‘gradativas’ no sentido de acompanhar as tendências tecnológicas.

3.1.3 MODELO 3C

O Modelo 3C organiza os domínios de aplicação numa estrutura triangular baseada na

lógica de que para realizar uma actividade colaborativa, os membros de um grupo comunicam

entre si, coordenam as suas tarefas e cooperam activamente, inserindo três variáveis ‘capitais’

Page 66: Caracterização do estado da arte de CSCW

48

referentes à sustentação fornecida pelo sistema: Comunicação, Coordenação e Cooperação. A

aproximação inicial ao modelo em estudo foi feita por Ellis et al. (1991), onde a nomenclatura

‘cooperação’ era substituída por colaboração, entendida como uma ‘pedra angular’ da acção

do grupo que exige a partilha efectiva de informação por parte dos membros constituintes. No

entanto, o modelo evoluiu substancialmente, baseando-se na premissa de que a comunicação

se refere à ‘partilha de informação’ e ‘negociação de compromissos’ entre os elementos de um

grupo, a coordenação envolve a gestão de pessoas, actividades e recursos com a pretensão de

resolver conflitos e evitar a perda de esforços, e a cooperação refere-se ao ‘envolvimento’ dos

membros de um grupo na prossecução de ‘objectivos comuns’. Esta substituição em termos de

terminologia, pode advir de um entendimento da ‘cooperação’ como o trabalho em grupo, e a

‘colaboração’ como um dos aspectos que caracterizam a cooperação, estando relacionada com

a “gestão de informação partilhada” (Amiour & Estublier, 1998). A subdivisão dos ‘domínios de

aplicação’ de groupware pode ser contextualizada neste modelo de classificação num formato

inteligível (ver Figura 5), onde a aproximação dos domínios inseridos aos vértices do triângulo

adquire a respectiva significância (Teufel et al., 1995 apud Borghoff & Schlichter, 2000).

FIGURA 5. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM AS FUNÇÕES DE SUPORTE (ADAPTADO DE BORGHOFF & SCHLICHTER, 2000)

Num domínio complementar, Sauter et al. (1995) reutilizam este modelo numa ‘esfera’

empírica conducente à avaliação funcional de groupware nas organizações, acrescentando um

conjunto de ‘categorias de classificação’ resultante da intersecção de diversas tipologias. Desta

forma, é possível determinar quatro classes de sistemas inseridas neste esquema: computação

colaborativa, sistemas de comunicação, gestão do fluxo de trabalho e espaços de informação

partilhada. Bandinelli et al. (1996) focaram os aspectos funcionais da cooperação numa matriz

que comporta as três dimensões originais do Modelo 3C, seguindo a formulação conceptual de

Yang (1995) que define comunicação como a troca de informação entre os membros do grupo,

coordenação como a sucessão semi-automática das fases de um processo, e colaboração como

o método de criação e gestão de informação partilhada. Grudin e Poltrock (1997) introduziram

a partilha de informação como um modo de colaboração que substitui a variável ‘cooperação’.

Bardram (1998) defende a necessidade de compreensão da natureza fragmentada do

‘trabalho cooperativo’, abordando uma teoria psicossociológica centrada nas transformações e

dinâmicas de fomentação em actividades de trabalho humano colectivo”. Os fundamentos da

Page 67: Caracterização do estado da arte de CSCW

49

Teoria da Actividade que a formaram como uma ‘conjectura’ de relações entre as actividades

de trabalho individual e colectivo que podem ser sujeitadas a uma divisão do trabalho, bem

como à regulação (Leont’ev, 1978; Engeström, 1987), catalisaram a introdução desta teoria no

campo de CSCW (Kuutti, 1991) e fomentaram a sua aplicação na concepção de ferramentas de

groupware (Nardi, 1996). De um modo geral, a teoria determina três níveis hierárquicos para

estruturar a actividade colaborativa: co-ordenação, co-operação e co-construção (Engeström

et al., 1997). O aspecto “co-ordenado” do trabalho fundamenta-se na apreensão do fluxo de

interacção num espaço composto por diferentes actores que actuam em consonância sobre

um objecto comum. Nesta composição, os ‘actores’ são participantes passivos que constituem

uma peça essencial da “maquinaria organizacional” (Kuutti, 1991). Extrapolando para o nível

seguinte, o trabalho “co-operativo” foca um modo de interacção onde os ‘actores’ partilham o

objectivo da actividade colaborativa numa acção combinada e acordada entre os participantes,

diferenciando-se do primeiro nível na medida em que o participante tem um papel activo na

actividade. Na dimensão da “co-construção”, englobam-se as interacções sobre as quais os

‘actores’ reformulam colectivamente a sua própria organização e interacção relativamente aos

objectos partilhados. A transformação dinâmica do trabalho cooperativo tem um estado inicial

de reflexão sobre os meios e os objectos de trabalho entre as etapas de “co-ordenação” e “co-

construção”, transitando para a introdução de rotinas no ciclo inverso (Engeström et al., 1997).

A introdução de um modelo ontológico para a decomposição funcional de ferramentas

groupware (Ellis & Wainer, 1994) constituiu um suplemento importante à versão originária do

Modelo 3C, suscitando a criação de um modelo disposto em trevo que decompõe três funções

específicas: produção, coordenação e comunicação. No que concerne ao espaço de produção,

verifica-se a coexistência de um conjunto de objectos que sustentam a ‘edição colaborativa de

artefactos’ ou motivam um ‘entendimento mútuo’ entre os participantes. O domínio referente

ao espaço de coordenação engloba as dependências das actividades cooperativas, incluindo as

suas relações temporais. Complementarmente, o espaço de comunicação suporta a interacção

unidireccional mediada por computador num formato síncrono e/ou assíncrono (Calvary et al.,

1997; Laurillau & Nigay, 2002). Com o objectivo de formalizar e operacionalizar todas as regras

possíveis de actuação de um grupo de trabalho num espaço virtual, Ferraris e Martel (2000)

acrescentaram uma nova folha ortogonal ao ‘trevo’ de groupware denominada por regulação

da actividade conjunta, uma extensão que se sustenta no princípio de que a interdependência

necessária entre os participantes para o desenvolvimento e a operacionalização de um espaço

de trabalho partilhado não deve afectar a autonomia dos participantes, devendo actuar para

estabelecer as regras de cooperação resultantes do compromisso entre o grupo e os interesses

individuais. Similarmente, o modelo apela à resolução de conflitos no decorrer da actividade e

facilita o processo de tomada de decisões.

Num estudo protagonizado por Elmarzouqi et al. (2007), foi proposta a ‘continuidade’

do modelo em ‘trevo’ para groupware, apresentando um esquema que reúne diversos espaços

que podem determinar as “dimensões funcionais do trabalho colaborativo” (ver Figura 6). Com

a reformulação do modelo original concebido para as interfaces ‘homem-máquina’, introduziu-

se uma nova perspectiva focada na ‘continuidade do espaço de trabalho’ que se estabelece em

três dimensões que vão desde a coordenação à colaboração, caracterizada como “a realização

de trabalho em equipa de acordo com um objectivo comum que implica diferentes actores que

participam em relações mútuas fechadas e duráveis”, transitando pela cooperação, distinguida

Page 68: Caracterização do estado da arte de CSCW

50

por “relações abstractas e sem uma estrutura definida” (Kvan, 2000; Ferraris & Martel, 2000;

Godart et al., 2001). A cooperação suporta a ‘percepção’ de todos os dados referentes à tarefa

em execução, bem como os ‘métodos’ apropriados para a ‘resolução de problemas’ através de

groupware. Complementarmente, o modelo em trevo para os grupos de trabalho é constituído

por um espaço de comunicação, co-produção e conversação (pode inserir-se na comunicação),

um espaço ortogonal de ‘regulação’, bem como uma área de ‘percepção’ do grupo, perfazendo

assim a ‘arquitectura’ que Elmarzouqi et al. (2007) definiram de ACCM (Augmented Continuum

of Collaboration Model).

FIGURA 6. MODELO DE COLABORAÇÃO EM TREVO (ADAPTADO DE ELMARZOUQI ET AL., 2007)

Na abordagem feita por Neale et al. (2004), foram introduzidas novas variações para a

avaliação de aplicações colaborativas. A sua aproximação ao Modelo 3C baseia-se no suporte

fornecido pelos sistemas de CSCW à percepção de uma actividade num formato em ‘pirâmide’.

Os colaboradores que se encontram distantes no espaço e actuam em momentos diferentes

necessitam de ter um conhecimento profundo sobre a presença exacta dos seus parceiros, as

suas ideias, expectativas, atitudes e objectivos, os recursos disponíveis, o foco de atenção e os

critérios utilizados para avaliar os resultados conjuntos, suscitando a coexistência de diferentes

formas de percepção na literatura de CSCW com enfoque na envolvente social e nos domínios

de presença, acção, espaço de trabalho e situação. A proposta supra-citada centra a percepção

da actividade, incorporando o conceito multi-camada a partir da teoria da actividade. A Figura

7 comporta as variáveis consideradas no modelo de avaliação da percepção de uma actividade.

Os factores contextuais representam a base de todas as actividades de colaboração e definem

a forma como o trabalho é estruturado. No núcleo do ‘triângulo’ encontra-se a ‘confluência do

trabalho’, um conceito criado para definir a intensidade ou exigência de trabalho para partilhar

informações, bem como para decidir sobre o nível de comunicação necessário para a execução

de determinadas tarefas (Borghoff & Schlichter, 2000; Olson & Olson, 2000).

Subsequentemente, a variável relativa à ‘junção do trabalho’ pode repartir-se em duas

conjecturas possíveis, onde o trabalho pode ser reunido de forma espontânea ou fortemente

acoplado mediante as exigências de comunicação das actividades, onde a demanda de acções/

comportamentos coordenados aumenta em consonância com o grau de reunião do trabalho. A

Page 69: Caracterização do estado da arte de CSCW

51

perda do processo distribuído resulta da quantidade de coordenação necessária para gerir os

desenvolvimentos alcançados no trabalho. Para que um grupo possa alcançar um fundamento

mútuo e obter a percepção da actividade que se afirma crítica para o funcionamento efectivo

do grupo, terão de ser suportados níveis de comunicação e coordenação adequados, apelando

a um processo cíclico de transformação em consonância com as necessidades apresentadas.

As interacções leves estão ligadas de forma espontânea ao trabalho, numa conjectura efectiva

que fomenta a mobilidade das pessoas entre uma interacção social causal e a comunicação. A

partilha de informação pode ser realizada num formato unidireccional ou ocorrer entre pares,

num fluxo constante de propriedades contextuais que coadjuvam a tarefa em funcionamento

no grupo de trabalho. A coordenação envolve uma ‘junção de trabalho’ mais fechada e requer

que os membros do grupo coordenem as actividades e a comunicação em sintonia. A transição

para a colaboração envolve a partilha de objectivos e tarefas e o desejo de manter um estado

elevado de conhecimento por todos os participantes. A cooperação é o nível mais elevado da

junção laboral e exige a maior quantidade e qualidade de comunicação, envolvendo a partilha

e interacção corrente com os restantes membros do grupo (Neale et al., 2004).

FIGURA 7. MODELO PARA AVALIAR A PERCEPÇÃO DA ACTIVIDADE (ADAPTADO DE NEALE ET AL., 2004)

Na senda evolutiva do Modelo 3C, Fuks et al. (2005) desenvolveram um diagrama com

as correlações entre os processos de comunicação, coordenação e cooperação e os elementos

que compõem o trabalho em grupo através de sistemas colaborativos em contextos funcionais

(Figura 8). Quando a comunicação se encontra num estado ‘activo’, sustenta a co-construção

de um entendimento mútuo com base na partilha de informação entre os membros do grupo,

possibilitando a execução de tarefas interdependentes cuja resolução necessita de negociação

(Fussel et al., 1998), utilizando um canal transmissivo implícito de ‘percepção’ que opera como

sustentáculo para a comunicação. A coordenação das actividades garante o cumprimento dos

compromissos estabelecidos, reúne as condições necessárias para o cumprimento do trabalho

colaborativo com base na soma de todos os fragmentos individuais num esforço articulado, e

Page 70: Caracterização do estado da arte de CSCW

52

organiza o grupo trazendo consistência aos processos de desenvolvimento laboral. No domínio

da cooperação, os elementos que constituem o grupo trabalham conjuntamente num espaço

partilhado, utilizando ferramentas para a produção, manipulação e organização de artefactos

digitais. A percepção possui um papel fundamental nesta variante do Modelo 3C, estimulando

a troca de informações de forma assíncrona, estruturada, filtrada, agrupada, personalizada e

sintetizada para detalhar o contexto em que se inserem os intervenientes e facilitar a execução

das suas tarefas (Kraut & Attewell, 1997).

FIGURA 8. DIAGRAMA CÍCLICO DO MODELO 3C (ADAPTADO DE FUKS ET AL., 2005)

Koch (2008) apresenta uma disposição do Modelo 3C que desloca as variáveis originais

para um plano secundário e insere a gestão de informação, comunicação (suporte) e gestão da

identidade e rede num ‘triângulo de software social’ que oferece uma visão geral da utilização

possível destes sistemas para apoiar o trabalho colaborativo dentro de uma empresa ou entre

várias organizações, apontando as suas diferenças relativamente aos sistemas de groupware.

Oliveira e Gerosa (2011) fundamentaram-se no Modelo 3C para analisar um conjunto

de redes sociais segundo as características de colaboração para a partilha de conteúdo (Tabela

6). A alusão feita a este estudo comparativo advém da importância actual das redes sociais no

domínio de CSCW, na medida em que representam verdadeiros ‘ecossistemas’ de interacção e

fornecem uma base de sustentação a relações interpessoais dinâmicas, onde a transmissão de

conteúdo e os ‘processos de colaboração’ exigem uma análise constante. Na Tabela 6 expõem-

se detalhadamente as redes sociais analisadas e as características alinhadas segundo o tipo de

serviço suportado, designadamente comunicação, coordenação e cooperação. A categorização

fornece uma visão geral destas ferramentas e consubstancia a reflexão necessária ao nível do

seu potencial. Na sua envolvente ‘taxonómica’, o esquema contextualiza a comunicação numa

perspectiva de uso de uma característica para enviar mensagens entre pessoas, a coordenação

numa óptica de utilização de componentes para gerir pessoas e tornar possível a percepção de

actividades e dos seus efeitos na colaboração, e a cooperação num plano de gestão do espaço

de partilha e interacção com artefactos partilhados através de características específicas.

Page 71: Caracterização do estado da arte de CSCW

53

TABELA 6. CARACTERÍSTICAS DE COLABORAÇÃO PARA PARTILHA DE CONTEÚDO EM REDES SOCIAIS (OLIVEIRA & GEROSA, 2011)

Serviço Características Redes Sociais

Face

bo

ok

Gro

up

site

Ork

ut

Foto

log

Dev

ian

t A

rt

Foto

aki

Ph

oto

bu

cket

Pic

asa

Flic

kr

You

tub

e

Hi5

Xan

ga

Net

log

Win

do

ws

Live

Frie

nd

ster

Co

mu

nic

ação

Comentar X X X X X X X X X X X X X X X

Co

ord

enaç

ão

Actividades recentes X X X X X X X X X X X X X X X

Procurar pessoas X X X X X X X X X X X

Grupos X X X X X X X X X X X

Denunciar um abuso X X X X X X

Co

op

eraç

ão

Conteúdo partilhado X X X X X X X X X X X X X X X

Estatísticas X X X X X

Classificação X X X X

Exportar X X X X X X

Descrever X X X X X X X X X X X X X X X

Recomendar X X X X X X X X X X X X X

Enviar um arquivo X X X X X X X X X X X X X X X

Marcar X X X X X X X X X

Categorias X X X

Pesquisa de conteúdo X X X X X X X X X

Promover X X X

Reprodução ou álbuns X X X X X X X X X X X X X X

Favoritos X X X X X X X X

Anotar X

Tags X X X X X X

Permissão X X X X X X X X X X X X

Page 72: Caracterização do estado da arte de CSCW

54

3.1.4 TAXONOMIAS HÍBRIDAS

As taxonomias podem abranger propriedades análogas aos três modelos apresentados

anteriormente e ser complementadas com novas categorias, tornando-as compostas. Neste

contexto, a arquitectura proposta por Bui e Jarke (1986) baseia-se na análise dos requisitos de

comunicação em diferentes ambientes de decisão em equipa, focando-se particularmente na

definição e aplicação de protocolos dinâmicos que organizam formalmente a interacção de um

grupo através de GDSS. As situações de comunicação em grupo podem ser classificadas tendo

em conta quatro dimensões: a distância espacial entre uma tomada de decisão disposta numa

configuração ‘co-localizada’ ou remota; a distância temporal que determina se os participantes

estão juntos numa reunião (local ou remota) em simultâneo ou se dão o seu contributo para o

processo de ‘tomada de decisão’ em diferentes pontos no tempo; a ‘centralização do controlo’

de forma democrática ou hierárquica (na qual um líder ou mediador do grupo com mais poder

que os restantes membros pode tomar uma decisão sozinho numa situação extrema); e o grau

de cooperação que distingue uma situação de trabalho cooperativo em grupo e uma ‘corrente’

de negociação onde as partes estão envolvidas em torno de uma questão de interesse comum.

No domínio relativo aos modelos de classificação para GDSS, Jelassi e Beauclair (1987)

descreveram três configurações possíveis, salientando a possibilidade de ocorrência de sessões

síncronas ou assíncronas, interacções cara-a-cara ou em disposições sem contacto visual, bem

como situações onde os elementos podem estar próximos ou dispersos geograficamente. Nas

‘constelações’ taxonómicas para GDSS, DeSanctis e Gallupe (1987) introduziram uma dimensão

complementar para quantificar a experiência colaborativa de uma reunião em grupo, dispondo

as categorias de tamanho do grupo, proximidade dos membros e tipo de tarefa (planeamento,

criatividade, intelectualidade, preferência, conflito cognitivo e motivação mista) num esquema

de contingência tridimensional para a investigação em GDSS. No modelo hierárquico de Daft et

al. (1987) está presente a ‘teoria da riqueza dos meios de comunicação’, traçando uma linha

de classificação lógica que segmenta os canais de informação segundo a sua capacidade para

processar informação de natureza ambígua e incorporar três categorias distintas (interacções

cara-a-cara, modalidades com recurso a vídeo e áudio e documentos de texto), onde o nível de

‘riqueza’ do meio é avaliado mediante a sua capacidade para retornar comentários (feedback),

dispor múltiplos sinais de entrada, transmitir uma grande variedade de linguagens e comunicar

pontos de convergência pessoais. Num eixo sequencial, Kraemer e King (1988) construíram um

sistema de classificação para as tecnologias básicas que ‘fundam’ os GDSS, onde a ‘tecnologia’

pode ser caracterizada por: i) salas de reunião electrónicas, ii) centros de informação, iii) rede

de grupo, iv) teleconferência, v) ‘laboratórios de colaboração’, e vi) conferência com suporte à

decisão. Numa dimensão correlacionada, encontram-se os ‘elementos principais’ que a podem

constituir, nomeadamente o hardware necessário, o software utilizado, o tipo de pessoas que

participam numa sessão e a sua localização, bem como os dados e os produtos organizacionais

exigidos em determinados contextos funcionais.

Na sumarização feita por Zigurs e Buckland (1998) de classificações para tecnologias de

suporte a grupos de trabalho, evidencia-se a subdivisão taxonómica feita por tipo de suporte à

decisão ou à comunicação em grupo, onde os factores pessoais e situacionais, a estrutura do

grupo, o suporte tecnológico e a tarefa caracterizam o ambiente operacional (Pinsonneault &

Kraemer, 1989). Jarczyk et al. (1992) inseriram os ‘meta-critérios’ de escalabilidade e projecção

ortogonal para sustentar, genericamente, as classes de propriedades existentes nas aplicações

Page 73: Caracterização do estado da arte de CSCW

55

de suporte à colaboração, designadamente a sua envolvente funcional, técnica, bem como de

aplicação, ‘usabilidade’ e ‘ergonomia’. Teng e Ramamurthy (1993) propuseram uma taxonomia

funcional para GDSS baseada em duas dimensões: o suporte ao conteúdo (sem suporte, apoio

convencional, suporte à análise de decisões e suporte com base no conhecimento), e o suporte

ao processo (sem suporte a processos, suporte à comunicação, sustentação da estruturação de

processos e suporte aos processos de inteligência).

A taxonomia introduzida por Mentzas (1993) destaca um conjunto de áreas referentes

à coordenação num cenário organizacional, restringindo o foco de análise sobre: os objectivos

a nível global; as características do modelo formal de coordenação no que respeita ao controlo

e às formas de representação; o suporte à decisão com as categorias de resolução de conflitos,

negociação e ‘modelação’ de decisões; o ‘tipo de processamento’ no contexto de comunicação

(síncrono ou assíncrono) e o fluxo de informação (troca ou partilha); o ambiente organizacional

em termos de arquitectura de controlo (centralizada/descentralizada); e as opções que geram

conflitos na concepção de sistemas de grupo (por exemplo, a implementação e especificação

da coordenação, sincronização das fases de trabalho e suporte ao processamento sequencial,

à modelação analítica ou à resolução e negociação de conflitos).

O modelo criado por Reinhard et al. (1994) envolve ‘critérios funcionais de interacção’

(implícita/explícita ou síncrona/assíncrona), coordenação, distribuição, visualização, ocultação

de dados, e as reacções específicas do utilizador. Paralelamente, é também considerado o seu

cruzamento com os ‘critérios técnicos’ (hardware, software e suporte de rede), bem como os

‘cenários de aplicação’ de determinada tarefa, num modelo flexível que possibilita uma análise

das capacidades operacionais de um sistema colaborativo. O sistema de classificação proposto

por DeSanctis e Poole (1994) assinala as características estruturais e o ‘engenho’ da tecnologia

num referencial que divide a estrutura social das ferramentas tecnológicas avançadas segundo

o processo de decisão promovido, a liderança que desponta quando a tecnologia é utilizada, a

eficiência da interacção face à compressão do tempo, a gestão de conflitos e a atmosfera onde

se segmenta uma interacção, tendo em conta o nível de estruturação que apresenta. De forma

complementar, são ainda consideradas as propriedades técnicas da interface, a funcionalidade

(por exemplo, exibição pública, votação anónima, mensagens privadas), entre outros atributos

funcionais. A função básica de um sistema pode estar circunscrita à comunicação, informação,

ou ao suporte de tarefas. McGrath e Hollingshead (1994) inseriram a dimensão de aumento da

qualidade potencial necessária para o sucesso de uma tarefa, numa configuração naturalística

ou controlada, com manipulação rígida ou mínima/inexistente, e através de múltiplos tipos de

sistemas de suporte à comunicação em grupo. Pode ainda ser introduzida a extensão na qual o

utilizador pode ‘controlar’ ou ‘alterar’ o sistema de forma aberta ou fechada (Vickers, 1994).

Nickerson (1997) classificou os tipos de aplicações colaborativas segundo as dimensões

temporal (síncrono/assíncrono) e espacial (próximo/distante), e quanto ao modo de interacção

entre os membros de um grupo, especificamente a comunicação ‘áudio’, ‘visual’, ou através de

documentos ou dados, possibilitando uma utilização solitária ou em combinação, e fornecendo

exemplos demonstrativos de aplicações, num esquema que complementa a taxonomia tempo-

espaço e os domínios de aplicação. As componentes de suporte de um sistema de groupware

podem subdividir-se pelo nível individual, processos de grupo, meta-processos e modelação do

grupo (Rana et al., 1997). A metodologia de avaliação para a investigação empírica de sistemas

Page 74: Caracterização do estado da arte de CSCW

56

centrados no suporte a grupos caracteriza a tarefa por tipo e complexidade, o grupo (tamanho,

composição, características dos membros e liderança) e a tecnologia (ferramentas de suporte

a tarefas, estrutura dos processos, modo de comunicação e concepção), fundamentando uma

conjuntura ‘taxonómica’ que caracteriza múltiplas dimensões (Fjermestad & Hiltz, 1998). Num

domínio ‘bidimensional’, Kaliannan (1999) considera a ‘dinâmica’ de um grupo no que respeita

ao número de entidades que o constitui, o padrão de acesso dos membros, e os vários tipos de

informação partilhada através de padrões de comunicação e interacção, inserindo os critérios

de escala (espacial, numérica e organizacional) num segmento ortogonal.

O modelo conceptual inserido por Gutwin e Greenberg (2000) “articula as mecânicas

de colaboração para sistemas de groupware baseados na partilha do espaço de trabalho”, num

quadro que subdivide as características de comunicação explícita/consequencial, coordenação

da acção, planeamento, monitorização, assistência e protecção e inclui três níveis de avaliação:

eficácia, eficiência e satisfação. Wenger (2001) apresentou uma abordagem multidimensional

que classifica as ‘comunidades de prática’ através de um conjunto de dimensões associadas:

trabalho (espaços de projecto), troca de conhecimento (acesso à experiência), estrutura social

(comunidades de websites), instrução (espaços de e-learning), integração contínua de trabalho

e conhecimento (espaço de trabalho do ‘operário de conhecimento’), conversação (grupos de

discussão), interacções efémeras (síncronas) e documentos (bases de conhecimento). Na visão

de Araujo et al. (2002), a avaliação de aplicações groupware tem uma importância estratégica

na percepção efectiva da sua utilização em contextos reais, introduzindo as dimensões alusivas

ao contexto do grupo, usabilidade, colaboração e impacto cultural no método de classificação,

e a alteração e influência como as possíveis acções que podem resultar deste processo. Numa

perspectiva composta, Coleman (2003) abordou os níveis de colaboração conducentes à esfera

de comunicação, interacção e colaboração, e acrescentou uma dimensão relativa aos tipos de

dados: nível, objectos, documentos, conversações e tarefas.

A taxonomia de colaboração proposta por Bolstad e Endsley (2003) sustenta uma vista

extensa sobre a utilidade das classes e técnicas de colaboração para diversos tipos de tarefas e

situações, pelas categorias/características das ferramentas colaborativas, as características de

colaboração e os tipos de informação que uma tecnologia pode suportar (ver Tabela 7).

TABELA 7. TAXONOMIA DE COLABORAÇÃO (ADAPTADO DE BOLSTAD & ENDSLEY, 2003)

Page 75: Caracterização do estado da arte de CSCW

57

Numa dimensão complementar, estão inseridos os processos colaborativos permitidos

por ferramentas de groupware, onde se destaca o planeamento, agendamento, brainstorming,

a monitorização de informação, ‘recolha de dados’, elaboração de documentos, distribuição de

informação, e ‘percepção da situação’. Com este modelo é possível ter uma linha de referência

sólida para a escolha/criação de sistemas colaborativos.

A ‘roda’ de ferramentas colaborativas (Figura 9) sustenta-se numa tipologia holística

para a análise e especificação de soluções centradas na colaboração (Weiseth et al., 2006). O

seu domínio conceptual parte do princípio de que “a colaboração ocorre quando duas ou mais

pessoas se comunicam e interagem para alcançar um objectivo”, consubstanciando um quadro

de referência onde as componentes de suporte, processo e ambiente colaborativo formam um

sistema bidireccional que sustenta o universo de negócio e a tecnologia utilizada. Numa esfera

de entendimento global, a camada média representa uma decomposição genérica das funções

necessárias para suportar os sub-processos de coordenação, tomada de decisão e produção. A

camada externa representa a interface para as funções de colaboração com base em ‘portais’,

dispositivos e no espaço de trabalho físico e a camada central contempla as funções de gestão

de conteúdo e integração de processos. Para avaliar as ferramentas e actividades colaborativas

de acordo com a sua manifesta evolução, Bernard et al. (2006) criaram um esquema composto

pelas ‘constelações taxonómicas’ da WWW ao nível da sua capacidade para conectar pessoas

(software social), informação (Web), inteligência (metaweb) e conhecimento (Web Semântica),

onde os graus de conectividade social e de informação (potencial de partilha) representam as

dimensões de avaliação de um conjunto muito vasto de categorias.

FIGURA 9. RODA DE FERRAMENTAS COLABORATIVAS (ADAPTADO DE WEISETH ET AL., 2006)

A taxonomia proposta por Penichet et al. (2007) comporta a matriz tempo-espaço, o

modelo 3C adaptado com as funções de CSCW para a coordenação, comunicação e partilha de

informação, bem como a selecção dos ‘domínios de aplicação’. Neste esquema, pode verificar-

se a existência de um determinado conjunto de características em simultâneo num sistema, e

os resultados indicaram que, em termos gerais, os padrões de comunicação estão presentes na

Page 76: Caracterização do estado da arte de CSCW

58

maioria das aplicações (com mais de 85% do total do universo analítico) e os sistemas voltados

exclusivamente para o trabalho no mesmo local são menos frequentes. A Tabela 8 apresenta a

taxonomia mencionada anteriormente de uma forma estruturada, onde o valor (N=0) significa

que a ferramenta analisada não possui determinada característica, e o valor (S=1) confirma a

sua possível existência.

TABELA 8. CLASSIFICAÇÃO NÃO-EXCLUSIVA (ADAPTADA DE PENICHET ET AL., 2007)

Ferramenta

Característica de CSCW Tempo Espaço

Partilha de informação

N=0/S=1

Comunicar N=0/S=1

Coordenar N=0/S=1

Síncrono N=0/S=1

Assíncrono N=0/S=1

Mesmo N=0/S=1

Diferente N=0/S=1

Fax 0 1 0 0 1 0 1

E-mail 0 1 0 0 1 0 1

Sistema de voz sobre IP

0 1 0 1 0 0 1

Chat 0 1 0 1 0 0 1

Gestão de documentos

1 1 0 0 1 1 1

Notícias 1 1 0 0 1 1 1

Fórum 1 1 0 0 1 1 1

Discussões 1 1 0 0 1 1 1

Mecanismos de aprovação

1 1 1 0 1 1 1

Calendários de grupo 0 1 1 0 1 1 1

Planificação partilhada

0 1 1 0 1 1 1

Fluxo de trabalho 0 0 1 0 1 1 1

Gestão de eventos 0 1 1 0 1 1 1

Agenda 0 1 1 0 1 1 1

Co-navegador 1 0 0 1 0 1 1

Quadro branco partilhado

1 0 0 1 0 1 1

Sistemas de notificação

0 1 0 0 1 1 1

Sistemas de apresentação

1 1 0 1 1 0 1

GDSS 1 1 1 1 0 1 1

BSCW 1 1 1 1 1 1 1

Sharepoint 1 1 0 0 1 1 1

Salas de reunião 1 1 0 1 0 1 0

Videoconferência 1 1 0 1 0 0 1

O ‘esquema de comparação’ para as características centrais de groupware engloba um

conjunto de atributos dinâmicos que podem caracterizar fielmente as componentes principais

dos sistemas colaborativos. A ‘funcionalidade principal’ define a capacidade primária fornecida

por uma ferramenta (por exemplo, a característica principal da audioconferência é um fluxo de

áudio contínuo). Neste sentido, podem coexistir três tipos de funcionalidades: conferência de

voz/vídeo, partilha de texto e/ou introdução de ligações. O ‘tipo de informação’ refere-se ao

conteúdo que pode ser utilizado em possíveis contribuições, definindo as seguintes estruturas

de dados: texto, ligações (indicadores de referência com etiquetas), grafo (imagens, objectos

ou diagramas), fluxo contínuo de dados e hipermédia. Os ‘tipos de relacionamento’ podem ser

definidos como associações que os utilizadores podem estabelecer nas suas contribuições, em

que se apresentam na forma de colecção (relaciona um grupo de utilizadores num conjunto de

diferentes objectos independentes), lista (conjunto ordenado de objectos), árvore (relações de

Page 77: Caracterização do estado da arte de CSCW

59

hierarquia com cada objecto) e gráfico (cada objecto pode conter entre zero a muitas ligações

para outros objectos). As ‘acções suportadas’ indicam as acções que os utilizadores podem ter

sobre as estruturas ou relações, podendo subdividir-se da seguinte forma: adicionar, receber,

associar, editar, mover, remover e comentar. Os ‘parâmetros de acção’ permitem caracterizar

ou modificar as acções, estabelecendo o atributo de sincronização (síncrono e/ou assíncrono)

e identificação (identificado e/ou anónimo). O ‘controlo de acesso’ lida com a configuração de

direitos e privilégios do utilizador em relação à sua entrada numa sessão e execução de acções

apoiadas. A ‘duração da sessão’ avalia o tempo de duração de uma aplicação, verificando se as

contribuições são efémeras ou permanentes. Por último, os ‘mecanismos de alerta’ restringem

o seu domínio à forma como os participantes são interrompidos ou notificados de que algo no

sistema exige a sua atenção (Mittleman et al., 2008). A estrutura da taxonomia é apresentada

pormenorizadamente no quarto capítulo desta dissertação, uma vez que serviu de base para o

processo de classificação de artigos científicos referentes a groupware.

No sentido de examinar os paradigmas de ‘aprendizagem colaborativa’ e em rede, as

suas motivações e respectivas consequências, foi desenvolvida uma taxonomia que abarca as

variáveis de autoridade/propriedade, difusão, aprendizagem, valores, colaboração, acesso ao

conhecimento, propriedade intelectual, democratização, benefícios claros, e inovação/modelo

de negócio, definindo-as na perspectiva social, empresarial e académica (Albors et al., 2008). O

modelo proposto por Penichet et al. (2009) engloba os itens organizacionais ao nível de grupo,

função, ‘actor’, utilizador e tarefa. Paralelamente, define as seguintes relações organizacionais:

estruturação, recreação, agregação, colaboração e interacção cooperativa, apontando ainda os

objectivos em termos de organização, grupo e tarefa.

No trabalho preconizado por Giraldo et al. (2009), propõe-se uma estrutura conceptual

para o desenvolvimento da interface para groupware, fornecendo uma representação a partir

de diferentes pontos de vista e com vários níveis de granularidade, generalidade e abstracção.

Neste esquema sistemático, é possível congregar os conceitos de domínio que caracterizam o

mundo real e aqueles que descrevem o seu sistema de informação (conceitos de modelagem)

e a sua implementação. Com base neste modelo, foram decompostas diversas propostas de

concepção de sistemas de CSCW com base nas seguintes referências: i) Teoria da Actividade

(Kuutti, 1991), que está centrada na compreensão e análise dos ‘efeitos socioculturais’ sobre o

pensamento humano, ii) Teoria da Coordenação (Crowston et al., 2004), que é baseada num

conjunto de princípios sobre a forma como as actividades podem ser coordenadas, iii) análise

de tarefas em grupo (van Welie & van der Veer, 2003), que se centra nas ‘representações’ para

a especificação concreta da estrutura e do fluxo de trabalho, dos artefactos e do ambiente em

que o trabalho em equipa se desenrola, iv) modelo AMENITIES (Gea et al., 2002), alicerçado na

metodologia de especificação e programação de sistemas cooperativos através de ‘padrões de

comportamento’ e tarefas, v) esquema CIAM (Molina et al., 2007), auxilia programadores com

o suporte metodológico para sistemas de modelação direccionados a grupos de trabalho, e vi)

a ‘taxonomia’ TOUCHE (Penichet et al., 2008), que propõe uma solução para a inexistência de

um vocabulário comum em aplicações de CSCW, formalizando uma lista de conceitos em torno

dos sistemas colaborativos para dispôr uma especificação completa e coerente das estruturas

organizacionais de colaboração entre os utilizadores.

Page 78: Caracterização do estado da arte de CSCW

60

A Tabela 9 sintetiza uma pequena parcela das taxonomias de groupware apresentadas

na literatura de CSCW, expondo uma análise comparativa parametrizada por nome (s) de autor

(es) e ano da publicação, critérios técnicos de escalabilidade, software e hardware, dimensões

de grupo ao nível de tipos de tarefas englobados, características pessoais e tamanho do grupo,

a abrangência dos factores temporais e espaciais, e outros critérios de classificação valorizados

num esquema de compilação com as principais características de um sistema de classificação

para ferramentas de suporte ao trabalho em equipa. Os critérios adoptados nesta abordagem

advêm do modelo de classificação das dimensões na literatura (Bafoutsou & Mentzas, 2002). A

sequência de capacidades abrangidas por uma taxonomia pode resultar da dimensão do grupo

(grupos constituídos por poucos ou múltiplos elementos), composição do grupo (determina a

coesão e as relações entre os membros), existência de um ‘facilitador’ no domínio abrangente

das características, envolvência dos tipos de tarefas abordados por DeSanctis e Gallupe (1987)

e capacidade técnica (escalabilidade, programas/aplicações e dispositivos de hardware). Numa

perspectiva continuada, a dimensão temporal e os factores espaciais constituem duas variáveis

relevantes para obter informação sobre a actuação de um sistema e os critérios ergonómicos e

de usabilidade, o modo de interacção entre os utilizadores, os tipos de informação suportados

e domínios de aplicação podem acrescentar granularidade ao esquema. Complementarmente,

é fornecida uma ‘antologia taxonómica’ com os detalhes das propriedades individuais de cada

proposta, focalizando-se em groupware, nos fundamentos de trabalho cooperativo e nas inter-

relações possíveis entre grupos e artefactos de trabalho, interligando um conjunto específico

de propriedades de CSCW num formato agregado (Apêndice 1).

TABELA 9. CLASSIFICAÇÃO DAS REFERÊNCIAS TAXONÓMICAS DE GROUPWARE (ADAPTADO DE BAFOUTSOU & MENTZAS, 2002)

Autor (es), Ano

Critérios técnicos

Questões de grupo

Tempo/ Espaço

Outros

Escalabili- dade

Software Hardware Tipos de tarefas

Caracte-rísticas

do grupo

Tamanho do grupo

Jelassi & Beauclair,

1987

X Proximidade entre os

membros, e modo de

interacção DeSanctis &

Gallupe, 1987

X X Proximidade entre os

membros Johansen,

1988 X

Kraemer & King, 1988

X X X Domínios de aplicação

Pinsonneault & Kraemer,

1989

X X

Nunamaker et al., 1991

X X Proximidade entre os

membros Rodden & Blair, 1991

X

Ellis et al., 1991

X Modo de interacção, e domínios de

aplicação

Jarczyk, et al., 1992

X X X X X Usabilidade e ergonomia, e

modo de interacção

Page 79: Caracterização do estado da arte de CSCW

61

Autor (es), Ano

Critérios técnicos

Questões de grupo

Tempo/ Espaço

Outros

Escalabili- dade

Software Hardware Tipos de tarefas

Caracte-rísticas

do grupo

Tamanho do grupo

Mentzas, 1993

X X Modo de interacção

Grudin, 1994 X

Malone & Crowston,

1994

X

Reinhard et al., 1994

X X X Modo de interacção

McGrath & Hollingshead,

1994

X Domínios de aplicação

Coleman, 1995

X Domínios de aplicação

Nickerson, 1997

X Domínios de aplicação, e

modo de interacção

Dix et al., 1998

X

Fjermestad & Hiltz, 1998

X X X Modo de interacção

Ellis, 2000 X X Domínios de aplicação

Gutwin & Greenberg,

2000

X Modo de interacção

Bafoutsou & Mentzas,

2002

X Domínios de aplicação

Araujo et al., 2002

X X Usabilidade e ergonomia

Coleman, 2003

X Modo de interacção

Bolstad & Endsley,

2003

X X Domínios de aplicação, e

modo de interacção

Weiseth et al., 2006

X Modo de interacção

Penichet et al., 2007

X Domínios de aplicação, e

modo de interacção

Mittleman et al., 2008

X Domínios de aplicação, modo de

interacção, e indicadores de

percepção

Giraldo et al., 2009

X X

Penichet et al., 2009

X X Modo de interacção

3.2 MODELOS DE CLASSIFICAÇÃO DE TRABALHO COOPERATIVO

Os esquemas de classificação para ‘classes’ de tarefas inseridas no contexto de decisão

organizacional em grupo podem ser estruturados considerando a tarefa na forma de requisitos

ou descrição do comportamento e das capacidades ou unicamente enquanto tarefa (Hackman,

1969). Segundo a categorização feita por Carter et al. (1950), as tarefas podem estar cingidas à

‘construção intelectual’, discussão, administração, ‘coordenação motora’, montagem mecânica

ou ao raciocínio, tendo como base de classificação a ‘actividade do grupo’. Shaw (1954) avaliou

Page 80: Caracterização do estado da arte de CSCW

62

a complexidade de uma tarefa em dois níveis (simples e complexa), sendo complementado por

Bass et al. (1958) com a mesma linha taxonómica mas numa perspectiva de dificuldade (fácil e

difícil). Hackman (1968) segmentou a produção, discussão e resolução de problemas tendo em

consideração os requisitos de comportamento das tarefas intelectuais que concebem produtos

escritos, associando-se à edição colaborativa de conteúdos.

Na visão de O’Neill e Alexander (1971), os requisitos de comportamento das tarefas de

génese intelectual são categorizados por discussão, decisão e desempenho. A combinação de

um conjunto de contribuições dos membros para produzir um produto final através das tarefas

unitárias (Steiner, 1972) pode ser disposta conforme a sua visão unitária ou divisível, orientada

à maximização ou optimização e estruturada/alinhada por um processo prescrito ou permitido

(discricionário, disjuntivo, conjuntivo ou aditivo). De acordo com McGrath (1964), as estruturas

de comunicação de um grupo podem ser consideradas como um conjunto de ligações possíveis

ou um padrão de canais de comunicação usados efectivamente durante a actividade do grupo.

Shaw (1971) afirmou que uma estrutura de comunicação emerge como resultado de relações

espaciais que exercem uma influência significativa sobre a percepção do estado, os padrões de

participação, as actividades de liderança e a reacção efectiva dos membros do grupo e indicou

várias disposições possíveis.

Na Figura 10, os ‘pontos’ simbolizam os participantes, as ‘linhas’ são os possíveis canais

de comunicação de duas vias que podem ser estabelecidos entre os participantes, e as ‘linhas

com setas’ indicam que a comunicação flui exclusivamente numa direcção. Numa investigação

posterior, Shaw (1973) perspectivou a ‘continuidade inclusiva’ constituída por seis categorias:

dificuldade, multiplicidade de soluções, familiaridade, requisitos de cooperação e manipulados

intelectualmente, e interesse intrínseco. Complementarmente, Frost et al. (1993) propuseram

uma estrutura interligada conhecida por ‘circuito com um líder’, centrando-se na comunicação

uniforme entre cada membro do grupo, possuindo um líder que pode intervir e orientar uma

discussão, esclarecer pontos, procurar um entendimento mútuo e resumir decisões. Rogers et

al. (1981) descreveram três tipos de modelos de comunicação, subdividindo-os pelas tipologias

‘linear’, ‘relacional’ e ‘convergência’. Desta forma, torna-se possível compreender as redes de

comunicação introduzidas a nível científico e repensá-las na envolvente social actual, uma vez

que a comunicação entre grupos é feita em grande escala e apresenta níveis de previsibilidade

muito reduzidos face aos paradigmas anteriores.

FIGURA 10. REDES DE COMUNICAÇÃO (ADAPTADO DE SHAW, 1971)

Page 81: Caracterização do estado da arte de CSCW

63

As abordagens de classificação que abrangem as ‘relações’ dos membros do grupo e os

‘processos de desempenho’ de uma tarefa podem ocorrer entre grupos cooperativos ou com

motivações distintas (Davis et al., 1976; Laughlin, 1980). As ‘dimensões’ das tarefas, ao nível da

unidade de trabalho, são compostas por um conjunto de elementos que podem caracterizar os

factores críticos de sucesso na execução de determinada ‘actividade’, apresentando diferentes

tipos de dificuldade, variabilidade, e interdependência (Poole, 1978).

McGrath (1984) inseriu um quadro de referência para o estudo sistemático de grupos,

com o objectivo de estruturar um conjunto restrito de ‘classes’ de propriedades ou variáveis e

relacionar as suas dimensões de forma lógica. A peça central do modelo baseia-se no ‘processo

de interacção do grupo’, sendo afectada pelas características ‘polimorfas’ dos participantes ou

membros que se inter-relacionam de diversas formas. Estes padrões de relações simbolizam os

aspectos da estrutura do grupo, exercendo uma influência assinalável sobre o comportamento

dos seus membros. A intervenção recíproca acontece num determinado ambiente e envolve a

execução efectiva de tarefas com objectivos similares e funções estabelecidas informalmente.

No diagrama conceptual para o estudo de grupos, é possível visualizar o conjunto de relações

existentes entre a configuração do comportamento (relações uniformizadas de grupo e tarefa),

as propriedades biológicas, sociais e psicológicas dos indivíduos, a estrutura do grupo (relações

padronizadas entre os membros), a actuação do grupo (processos de interacção), a situação/

tarefa (conexões entre as entradas no ambiente) e as propriedades socioculturais, tecnológicas

e físicas do ambiente. Os padrões de comunicação, relacionamento interpessoal e execução da

tarefa resultam dos processos de comunicação, acção e atracção respectivamente, conglobam

os aspectos da interacção e provocam efeitos aos mais variados níveis. Paralelamente, foi feita

uma abordagem taxonómica que representa um ‘esquema’ com diferentes tipos de tarefas em

grupo (Figura 11), composto por categorias mutuamente exclusivas, exaustivas e interligadas.

FIGURA 11. CIRCUNFLEXO DAS TAREFAS DE GRUPO (ADAPTADO DE MCGRATH, 1984)

Page 82: Caracterização do estado da arte de CSCW

64

Numa análise geral ao modelo de McGrath (1984), é possível observar que o primeiro

quadrante circunscreve o processo de ‘produção’, fragmentando as tarefas de ‘planeamento’ e

‘criatividade’. O processo de escolha/selecção é composto por tarefas intelectuais e de tomada

de decisões em grupo. No terceiro quadrante, encontra-se a negociação através de tarefas em

que se podem gerar ‘conflitos cognitivos’ e motivações distintas. A fase de ‘execução’ aborda a

competição que surge entre os membros de um grupo, no domínio de resolução de conflitos, e

o desempenho atingido em tarefas psicomotoras de encontro a objectivos e padrões absolutos

de excelência. Em termos de avaliação, as tarefas podem possuir uma natureza cooperativa ou

conflituante e ser inseridas num domínio conceptual ou comportamental.

No estudo protagonizado por Campbell (1988), são abordadas múltiplas combinações

de atributos de complexidade elementar: simples, decisão, opinião, problema e distorção. Os

ambientes de trabalho cooperativo são muito diferentes em termos de tarefa, duração, grupo,

contexto e cultura organizacional. Kuutti (1991) classificou a função de uma pessoa implicada

numa actividade (expansiva, activa e passiva), a área de suporte (instrumentos, papéis, divisão

do trabalho, ‘pensamento’, objecto e comunidade) e os vários padrões de trabalho suportados

(por exemplo, ‘automação de rotinas’, controlo, fixação, coordenação, procura de informação,

construção de ferramentas/instrumentalização, organização, ou ainda o desencadeamento de

uma acção pré-determinada).

A coexistência e a percepção foram concebidas como os pré-requisitos essenciais para

o sucesso efectivo do trabalho cooperativo (Dourish & Bellotti, 1992; Koch & Gross, 2006), e a

coordenação foi operacionalizada a nível processual, tendo em conta uma gestão dos recursos

partilhados (atribuição de tarefas e definição de prioridades), a tomada de decisão em grupo, a

gestão da relação tarefa/subtarefa (decomposição de objectivos), a gestão das ‘restrições’ de

simultaneidade (sincronização), a gestão de relações entre o produtor e o consumidor e, numa

envolvente de ‘sustentação lógica’, a comunicação (Malone & Crowston, 1994). A ‘taxonomia’

desenvolvida por Dix (1994) para compreender os diferentes modos de comunicação em grupo

aborda a relação funcional entre os membros e as ferramentas usadas no apoio à colaboração,

mapeando as ‘inter-relações’ resultantes do processo de interacção entre os participantes e a

sua envolvência com os ‘artefactos de trabalho’ (Figura 12).

FIGURA 12. QUADRO DE PESSOAS/ARTEFACTOS (ADAPTADO DE DIX, 1994)

Page 83: Caracterização do estado da arte de CSCW

65

Com base na integração de teorias referentes às ‘dinâmicas de grupo’ com a tecnologia

de colaboração que suporta e altera a forma de trabalhar de múltiplos indivíduos situados num

espaço de trabalho partilhado, Andriessen (2002) introduziu o modelo de interacção em grupo

de forma dinâmica (Figura 13). Este esquema faz a distinção entre o ‘contexto de utilização dos

sistemas’ (factores de entrada), os processos, e os ‘resultados’ (onde o sucesso é avaliado).

FIGURA 13. MODELO DINÂMICO DE INTERACÇÃO EM GRUPO (ADAPTADO DE ANDRIESSEN, 2002)

Num foco genérico, os ‘factores de entrada’ representam as características dos grupos,

podendo variar ao longo do tempo “como consequência das actividades (processos) do grupo.

Com esta dimensão, encontram-se associadas as características das tarefas/objectivos, da

tecnologia, da estrutura formal (incluindo as funções e procedimentos definidos formalmente),

do contexto a respeito da cultura do grupo (ex.: valores centrais) e estrutura do ambiente (ex.:

processos de produção), bem como das características pessoais (ex.: competências). Os grupos

constroem a sua coesão e confiança (através de compromissos), partilham conhecimento, e

definem novas tarefas através da interacção, constituindo o ambiente organizacional. As

formas de interagir e os resultados alcançados podem gerar processos de feedback, pelos

quais o contexto de uso se altera em conformidade num processo cíclico.

As ‘categorias de interacção’ podem ser distinguidas pela comunicação (por exemplo, a

troca de informação entre os membros do grupo), que por sua vez é a base para a cooperação,

coordenação, interacção social (actividades sociais que suportam o funcionamento dos grupos

sem serem explicitamente orientadas para a tarefa), e aprendizagem (por exemplo, na recolha,

criação ou partilha de conhecimento). Por sua vez, a construção e desenvolvimento da ‘equipa’

através de ciclos de vida, presupõe a reflexão sobre o funcionamento dos grupos.

Importa também focar os resultados da interacção do grupo num domínio intencional,

relacionado com os objectivos e as tarefas do grupo (procurando sempre um equilíbrio entre o

benefício geral dos diferentes membros do grupo para que estes se sintam motivados a querer

contribuir), e não intencional (onde não existe um planeamento prévio), numa perspectiva de

organização, grupo e a nível individual (Andriessen, 2002).

Page 84: Caracterização do estado da arte de CSCW

66

Numa dimensão afecta à ‘percepção da situação’, entendida pelo conceito situational

awareness na nomenclatura anglo-saxónica, Bolstad et al. (2005) propuseram um modelo com

base na recolha de dados a partir de um exercício de treino simulado, concebido para eventos

de natureza real, num centro de recuperação de pessoal militar. A percepção de uma situação

pode ser afectada pelas capacidades dos membros da equipa a nível individual, pela interacção

com os restantes elementos, e o ‘ambiente’ em que trabalham. Conforme argumentou Endsley

(1995), este conceito pode ser definido como “a percepção dos elementos no ambiente dentro

de um volume de tempo e espaço, a compreensão do seu significado, e a projecção do estado

num futuro próximo”. Embora possa ser uma propriedade a considerar no desenvolvimento de

uma ferramenta colaborativa, a ‘percepção da situação’ envolve um conjunto de ‘factores’ que

estão intimamente relacionados com os ‘processos de trabalho em grupo’ e, numa perspectiva

mais estrita, com os ‘factores individuais’ que condicionam os outros processos. De uma forma

geral, factores como a distribuição geográfica, liderança, proximidade da rede, familiariedade,

e utilização de ferramentas colaborativas, podem afectar a construção e ‘manutenção’ de uma

‘percepção’ a este nível (Bolstad et al., 2005). A Figura 14 foca o ‘modelo teórico’ supradescrito

e fornece uma base de análise aos inter-relacionamentos existentes entre os seus atributos.

FIGURA 14. MODELO TEÓRICO DE FORMAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA SITUAÇÃO (ADAPTADO DE BOLSTAD ET AL., 2005)

Okada (2007) propôs um modelo ‘multi-camada’ organizado num formato hierárquico,

argumentando que uma prática de ‘colaboração’ pode ser fortemente influenciada pelos níveis

de assertividade e cooperação exibidos pelos participantes, resultando em comprometimento

quando se verificam níveis reduzidos de ambas as componentes, colisão nos casos em que se

assinala maior assertividade que cooperação, concessão para as situações onde subsiste maior

cooperação, e coordenação quando se assinalam níveis elevados em ambas as categorias. Esta

camada é apoiada pela ‘partilha’ de ideias e opiniões através da comunicação, conhecimento e

Page 85: Caracterização do estado da arte de CSCW

67

informação, bem como de trabalho/operações. O substrato referente à partilha, por sua vez, é

suportado pela ‘percepção’ das acções dos outros participantes humanos, do ambiente onde

se desenvolve o trabalho, e dos objectos e ferramentas que estão envolvidos no processo. Por

último, a percepção é afectada pela ‘coexistência’, definindo os factores temporais e espaciais

que caracterizam uma determinada situação colaborativa (Tabela 10).

TABELA 10. MODELO HIERÁRQUICO DE COLABORAÇÃO (ADAPTADO DE OKADA, 2007)

Page 86: Caracterização do estado da arte de CSCW

68

Page 87: Caracterização do estado da arte de CSCW

69

CAPÍTULO 4: METODOLOGIA

"...all research is a practical activity requiring the exercise of judgement in context; it is

not a matter of simply following methodological rules.”

Martyn Hammersley and Paul Atkinson

Neste capítulo, aborda-se a metodologia de desenvolvimento do presente trabalho de

investigação, apresentando detalhadamente um conjunto de métodos aplicados nos processos

de recolha, catalogação e classificação de informação inserida em publicações científicas sobre

CSCW, bem como as técnicas de bibliometria que podem ser utilizadas para analisar o trabalho

produzido na literatura. O objectivo principal deste capítulo passa por definir meticulosamente

as linhas de orientação adoptadas na fase de execução do trabalho de análise bibliométrica,

descrevendo os critérios de selecção e os métodos utilizados como fundamentação científica.

Page 88: Caracterização do estado da arte de CSCW

70

4.1 CIENCIOMETRIA: ORIGEM E APLICABILIDADE

O termo ‘cienciometria’ foi introduzido por Nalimov e Mulchenko (1969), sendo usado

para descrever o estudo da ciência em termos de estrutura, crescimento, produtividade, bem

como das inter-relações resultantes, constituindo-se como uma parte integrante da sociologia

da ciência e tendo um papel importante no desenvolvimento de políticas científicas. Conforme

defende Tague-Sutcliffe (1992), a ‘cienciometria’ pode definir-se como “o estudo dos aspectos

quantitativos da ciência enquanto uma disciplina ou actividade económica”, recorrendo ao uso

de indicadores centrados na avaliação das variações de produção de um campo ou grupo de

investigadores com o intuito de traçar o crescimento de determinado ramo do conhecimento.

Segundo Van Raan (1997), os principais interesses da investigação cienciométrica focam-se em

quatro áreas inter-relacionadas, nomeadamente: desenvolvimento de métodos e técnicas para

a criação e aplicação de ‘indicadores quantitativos’ em aspectos relativos à ciência e tecnologia

e estudo da interacção entre estas dimensões; a análise das estruturas sócio-organizacionais e

cognitivas dos campos científicos e dos processos de desenvolvimento em relação aos factores

sociais; e concepção de SI nas linhas de análise, transmissão e disseminação de conhecimento.

Neste contexto, a ‘cienciometria’ e a ‘bibiometria’ podem definir-se como métodos diferentes,

onde o primeiro conceito se refere à “ciência de avaliação e análise da comunicação científica”

(Price, 1963), enquanto o segundo diz respeito à “análise matemática e estatística dos padrões

que surgem na publicação e utilização de documentos” (Diodato, 1994). A bibliometria centra-

se na análise à probabilidade de ocorrência de um conjunto de atributos da informação (como

por exemplo, o número de citações de um artigo e a frequência de palavras num documento),

dedicando-se ao estudo de aspectos quantitativos relativos à produção, disseminação e uso da

informação registada, com recurso à criação de padrões matemáticos para medir os processos.

No caso da cienciometria, o espectro de análise sobrepõe-se à bibliometria, na medida em que

os objectos de estudo são as áreas científicas, os assuntos, as disciplinas e os campos, de modo

a avaliar as formas de comunicar dos cientistas através das publicações (Tague-Sutcliffe, 1992).

Hood e Wilson (2001) abordaram a distinção terminológica presente entre as métricas

de ‘cienciometria’, ‘bibliometria’ e ‘informetria’ numa envolvente conceptual comparativa. Nas

aproximações conceptuais da literatura, o termo ‘bibliometria’ foi definido de diversas formas.

Segundo Pritchard (1969), este conceito pode ser entendido numa perspectiva que engloba os

processos de comunicação escrita, a natureza e o curso do desenvolvimento de uma disciplina

com base na contagem e análise de várias propriedades de informação presentes na literatura

recorrendo à aplicação de métodos estatísticos, uma abordagem seguida por vários autores no

campo (Fairthorne, 1969; Hawkins, 1977; Khawaja, 1987; Burton, 1988; Egghe, 1988; Khurshid

& Sahai, 1991; Tague-Sutcliffe, 1992). O conceito pode ser igualmente aceite como a “pesquisa

de padrões sistemáticos em organismos compreensivos de literatura” (Glas, 1986), introduzido

para formalizar a utilização de dados estatísticos relativos à distribuição e crescimento literário

(Machlup e Mansfield, 1983), incluindo todos os estudos que utilizam ou discutem as análises

estatísticas de dados referentes à comunicação impressa, especialmente a contagem de obras

publicadas, o estudo de citações, resumos periódicos, alguns estudos de distribuição para ver

as principais correntes e tendências de investigação, bem como o estudo exacto de elementos

individuais encontrados num artigo (Pritchard & Wittig, 1981). Hertzel (1987) traçou a linha de

desenvolvimento da ‘bibliometria’ a partir das suas raízes em estatísticas e bibliografia, numa

envolvente segmentada na história como um alicerce lógico. White e McCain (1989) defendem

Page 89: Caracterização do estado da arte de CSCW

71

uma definição de ‘bibliometria’ que a caracteriza na forma de estudo quantitativo da literatura

como está reflectida na bibliografia, onde o seu objectivo principal passa por fornecer modelos

evolucionários de ciência, tecnologia e conhecimento. Historicamente, a primeira abordagem a

estudos empíricos desta natureza foi efectuada por Campbell (1986), quando utilizou métodos

estatísticos para analisar a disseminação de conteúdos em publicações. Hulme (1923) inseriu o

termo ‘bibliografia estatística’ para descrever a utilidade do processo de soma de documentos

escritos para tornar mais perceptível a análise histórica da ciência e tecnologia, dando lugar ao

domínio específico da ‘bibliometria’.

No que se refere ao segmento terminológico caracterizado por ‘informetria’, este pode

constituir-se no âmbito conceptual das restantes envolventes abordadas, englobando estudos

empíricos e de natureza teórica com base nas propriedades matemáticas de leis e distribuições

específicas. Tague-Sutcliffe (1992) define o termo ‘informetria’ como o “estudo dos aspectos

quantitativos da informação” em qualquer formato e grupo social, alargando o espectro para a

dimensão informal da comunicação ao incorporar, utilizar e ampliar os estudos de avaliação da

informação que se encontram fora dos limites da ‘cienciometria’ e ‘bibliometria’, bem como ao

englobar os tipos e as características das medidas de desempenho no processo de recuperação

de informação. Ingwersen e Christensen (1997) corroboram esta visão definindo o termo como

uma extensão às análises ‘bibliométricas’ tradicionais, cobrindo todos os tipos de comunidades

nas quais a informação é produzida, comunicada e utilizada. Para Wilson (2001), a ‘informetria’

pode ser entendida como “o estudo quantitativo de colecções de unidades de média dimensão

de texto potencialmente informativo, direccionado à compreensão científica dos processos de

informação a nível social”. O termo ‘livrometria’ foi sugerido por Ranganathan (1948) na óptica

de “aplicação de métodos quantitativos na gestão de bibliotecas e dos seus serviços”. O termo

‘ciência de mapeamento’ foi introduzido por Price (1965) como um conceito focado no estudo

da dinâmica das redes de citação.

O conceito de ‘webometria’, conhecido igualmente por ‘cibermetria’, surgiu na década

de noventa com o intuito de caracterizar as análises quantitativas sobre publicações de acesso

público na WWW, avaliando o fluxo de informação e comunicação no espaço virtual através da

análise às citações de websites como um indicador que sustenta o Factor de Impacto da Web

(Web Impact Factor – WIF), a densidade de hiperligações e as estratégias de pesquisa criadas

para detectar e avaliar determinados sítios e quantificar a presença de investigadores, países e

instituições na rede, visando o incremento da eficiência dos motores de busca na recuperação

de informações (Almind & Ingwersen, 1997). As métricas de estudo sobre a utilização e citação

de artigos na ‘Web 2.0’, incluindo serviços como a marcação social ou o microblogging, podem

construir a ‘cienciometria 2.0’ (Priem & Hemminger, 2010). No paradigma actual, a citação não

representa a única fonte de métricas para avaliação do impacto e a WWW pode ser explorada

no sentido de obter resultados sobre estes factores (Thelwall, 2008). Com a ‘webometria’, foi

possível envolver investigadores de diversas áreas no estudo do curriculum online de inúmeros

autores (Kousha & Thelwall, 2008), das ligações para artigos académicos com recurso a fontes

Web (Vaughan & Shaw, 2005) e da migração de artigos para a representação electrónica com o

objectivo de construir métricas de influência com base na recolha de artigos (Kurtz et al., 2005;

Bollen, et al., 2009), capitalizando a capacidade ‘pervasiva’ das tecnologias apresentadas sob a

insígnia de ‘Web 2.0’ ao aumentar o espectro de informação e fomentar a disseminação rápida

e com acesso livre (Priem & Hemminger, 2010).

Page 90: Caracterização do estado da arte de CSCW

72

O estudo de caracterização do estado da arte do campo de CSCW pode estabelecer-se

numa envolvente de bibliometria, na medida em que possibilita identificar autores, revistas e

conferências, analisar o impacto das publicações e dos serviços de transferência de informação

e identificar possíveis tendências, recorrendo ao uso de métricas como a contagem de citações

e a validação da frequência com a qual determinadas propriedades se repetem e relacionam.

4.2 MÉTRICAS DE AVALIAÇÃO QUANTITATIVA

Com a investigação em ‘cienciometria’, foi possível fomentar a criação de técnicas para

analisar múltiplos conjuntos de dados relativos a publicações de reconhecido mérito científico.

Inicialmente, o trabalho concentrou-se na identificação de redes ou grupos de autores, artigos

e referências (Garfield, 1955), transitando posteriormente para um plano de substancialização

de métodos alternativos baseados na decomposição de conteúdo para identificar associações

‘semânticas’ entre os dados (Callon & Law, 1982). Segundo Wade (1975), os estudos relativos à

análise e quantificação de citações representaram uma medida ‘central’ para ver a influência e

qualidade de um artigo na literatura científica, identificando a sua ‘estrutura’ social e cognitiva.

A motivação para citar um trabalho científico baseia-se na creditação de influências prévias, ou

meramente para justificação própria em determinado contexto de fundamentação, originando

complexas conjunturas ‘psicossociológicas’ relacionadas (MacRoberts & MacRoberts, 1996). A

análise de citações de um autor envolve processos de recolha e análise de dados, bem como as

técnicas de exibição gráfica que podem ser usadas para a criação de ‘mapas semânticos’ com a

informação relativa ao seu trabalho sob diversas perspectivas. Consequentemente, é possível

argumentar que a análise da distribuição de autores num espaço multidimensional pode trazer

diversos resultados, tendo como base relações temporais e geográficas, bem como a definição

de especialidades de investigação e segmentos lógicos de evolução (McCain, 1990).

No domínio da cienciometria, podem ser utilizados os seguintes indicadores: i) número

de trabalhos, onde é traçada uma dinâmica de pesquisa para monitorização das tendências de

determinado campo através da contagem de trabalhos e de tipos de documento, ii) número de

citações, que reflecte o impacto dos artigos ou temas citados, iii) co-autoria, reflecte o grau de

colaboração na ciência e pode medir os ‘níveis de crescimento’ da investigação cooperativa, iv)

número de patentes, congloba as tendências técnicas ao longo do tempo e mede a eficácia da

utilização de recursos em tarefas de investigação e desenvolvimento de tecnologia, v) número

de citações relativo às patentes, onde se avalia o impacto tecnológico, e vi) mapas dos campos

científicos, que possibilitam situar posições geoestratégicas relativas à cooperação científica. O

conjunto de técnicas bibliométricas envolve: o estudo da frequência de palavras (Zipf, 1949), a

análise de citações (Moed, 2005), a co-word analysis, centrada numa análise de conteúdo para

o mapeamento da associação entre palavras-chave no texto (Leydesdorff, 1997), e a contagem

simples de documentos científicos em relação ao ‘número de publicações’ por autor, grupo de

investigação ou país de origem (Thelwall, 2008).

A Lei de Bradford (1934) permite orientar o desenvolvimento de colecções em campos

de aplicação específicos, subdividindo um campo concreto em várias fracções. Num primeiro

plano, forma-se um núcleo básico constituído por artigos de interesse, transitando para a fase

de distribuição num universo de periódicos mais abrangente e culminando num terceiro grupo

de publicações que abrange o restante universo analítico, traçando uma relação profícua entre

os grupos num fenómeno contínuo de avaliação da produtividade em termos de artigos. A Lei

Page 91: Caracterização do estado da arte de CSCW

73

de Lotka (1926), também designada por ‘lei da produtividade científica’, estabeleceu um ‘eixo’

comparativo entre investigadores mediante o seu prestígio em determinado campo científico,

contabilizando apenas os autores principais no caso de contagem directa, creditando com uma

contribuição cada autor individualmente na contagem completa e atribuindo uma fracção ou

parcela da contribuição total a cada autor no domínio da contagem ajustada, fomentando uma

relação entre os números de publicações e de autores afectados pelos trabalhos produzidos. A

Lei de Zipf (1932) considera a frequência com que uma determinada palavra é mencionada em

fontes textuais, sendo este número inversamente proporcional à posição ocupada na relação

de todas as palavras ordenadas conforme a sua frequência de ocorrência (Potter, 1988).

A utilização da análise de citações para produzir indicadores de desempenho científico

foi amplamente discutida na literatura em termos de definição e monitorização das mudanças

verificadas na estrutura específica da ciência. A crítica à adopção da contagem de citações para

avaliar o trabalho produzido pelos investigadores é baseada em dois conjuntos de fragilidades,

nomeadamente a mecânica de compilação dos dados e as suas características intrínsecas. Uma

das questões que é abordada frequentemente na ‘cienciometria’ baseia-se na premissa de que

os trabalhos com menos aceitação tendem a ser ignorados por parte dos cientistas devido ao

seu grau de importância para determinada ‘corrente’ de investigação ou à sua capacidade para

confrontar ideias estabelecidas. Alguns cientistas argumentaram que a contagem de citações

não deveria ser uma medida válida pelo facto de que favorece os métodos de investigação em

detrimento dos trabalhos de teorização sobre os resultados obtidos. A ‘cienciometria’ pode ser

entendida como uma medida de cálculo da actividade científica, trazendo maior objectividade

ao trabalho de análise. O fenómeno da ‘obliteração’ ocorre quando a linha de trabalho de um

investigador se torna demasiado genérica para um determinado campo, ficando integrada no

seu substrato de conhecimento e permitindo a sua negligência em termos de citação explícita.

A dimensão de um campo é medida pelo tamanho do seu núcleo literário ao invés do número

de investigadores que o constitui. O número médio de referências de um artigo publicado num

determinado campo é a medida mais exacta para obter dados fidedignos sobre o potencial de

citação (Garfield, 1979).

O Índice de Citações Científicas (conhecido por Science Citation Index – SCI), possibilita

uma análise global relativa à evolução da produção científica, tendo em consideração apenas o

primeiro autor por cada artigo (Garfield, 1963), o que pode afectar o rácio de citação devido ao

facto de não contemplar a contribuição dos co-autores (Lindsey & Brown, 1977). No sentido de

trazer consistência aos resultados obtidos através do índice de citações e aumentar o universo

analítico, Garfield (1979) apresentou uma abordagem multidimensional complementada com

as dimensões referentes ao índice global de citações dos autores e co-autores de um campo. A

colaboração entre autores tornou-se uma ‘fórmula’ que pode traduzir-se em benefícios claros

de produtividade e afectar a contagem total de citações. Existem diversos factores sociológicos

que podem influenciar as taxas de citação mais reduzidas, envolvendo um estudo do conjunto

de padrões de citação adequados para avaliar um campo específico. A autoridade reconhecida

internacionalmente por Journal Citation Reports (JCR) possui um meio sistemático para avaliar

revistas de reconhecido mérito científico, disponibilizando informação estatística baseada nos

dados de citação e fornecendo métricas exactas para a avaliação do impacto e da influência na

comunidade científica global. Desta forma é possível acompanhar tendências ‘bibliométricas’ e

padrões de citação, num conjunto de métricas composto por: i) factor de impacto, calculado

Page 92: Caracterização do estado da arte de CSCW

74

pela divisão entre o número de citações obtido em revistas indexadas num período de tempo

específico e o número de artigos, revisões, procedimentos ou notas publicadas analogamente,

ii) índice de imediação, mede a frequência de citação anual de artigos publicados numa revista,

iii) contagem de artigos, mostra o número de artigos publicados numa revista em determinado

ano (investigação original e artigos de análise), iv) tempo médio de citação, referencia a ‘idade’

dos artigos citados e fornece dados importantes para uma possível reestruturação de políticas

editoriais e v) dados-fonte, disponibilizam informações sobre o número de artigos de revisão e

investigação original comparados com outros conteúdos publicados por uma revista específica.

Por sua vez, o indicador ‘bibliométrico’ h-index, normalmente aplicado aos autores, quantifica

a produtividade científica e o impacto de um cientista com base no conjunto de trabalhos mais

citados e no número concreto de citações recebidas em publicações de outros autores (Hirsch,

2005; Leydesdorff, 2008), representando uma métrica de análise consistente.

4.3 MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO

Para avaliar o campo de investigação em CSCW é necessário considerar alguns estudos

que podem suportar os seus fundamentos científicos e aplicar métodos sequenciais de análise

com recurso a revisões sistemáticas para definir Questões de Investigação (Research Questions

– RQs) e tópicos de interesse com rigor metodológico (Kitchenham, 2007). As RQs podem ser

consideradas como “a essência da maioria das investigações realizadas e actuam como o plano

de orientação para a investigação” (Mertler & Vannatta, 2001), formulando o que é necessário

descobrir ou compreender (Maxwell, 2005). A primeira fase metodológica (F1) concentra-se na

síntese de evidências teóricas ou empíricas de modo a definir as limitações da área em estudo

e os possíveis benefícios que podem ser alcançados com uma revisão sistemática, assimilando-

se eventuais lacunas e sugerindo-se focos de investigação específicos de forma aglomerada. A

formulação de RQs neste estudo respeitou um processo de reflexão, estimulado pela leitura de

artigos científicos na área de CSCW e reflectido na identificação de potenciais evidências sobre

o estado da arte. Neste contexto, a questão central estabelece-se na possibilidade de avaliação

do campo de CSCW de forma holística, suscitando o estabelecimento das seguintes RQs:

RQ1: Quais as conferências e revistas especializadas na área de CSCW que possibilitam

traçar linhas de investigação e variações do campo nos últimos anos e de que forma podem ser

catalogadas e analisadas?

RQ2: Qual a taxonomia de classificação de CSCW existente na literatura que contém as

características mais apropriadas ao suporte científico de uma análise ‘bibliométrica’ nesta área

e de que forma se podem classificar as propriedades dos sistemas de groupware?

RQ3: Como se podem formalizar os resultados obtidos e quais as suas possibilidades de

convergência e comparação com a envolvente real a nível social e tecnológico?

A identificação do problema de investigação foi feita com base no desconhecimento de

estudos que representem uma análise extensiva ao campo de CSCW através de uma amostra

que complemente as publicações que deram origem à área e trace a sua perspectiva evolutiva.

As possíveis contribuições desta investigação podem ser definidas numa relação simples entre

o conhecimento pré-existente e os avanços alcançados no domínio em estudo com base numa

escala temporal específica, determinando linhas promissoras de desenvolvimento futuro. Num

plano estratégico a nível de definição da amostra, o estudo abrange um grande e diversificado

Page 93: Caracterização do estado da arte de CSCW

75

espectro da literatura com o objectivo de representar uma visão mais ampla sobre a origem do

campo e as suas principais propriedades a nível tecnológico. As actividades de investigação são

fragmentadas devido à necessidade de ‘parametrizar’ as várias etapas de execução do trabalho

global de recolha, catalogação, classificação e análise de publicações científicas de CSCW. Num

plano global, as linhas metodológicas seguidas respeitam o ‘protocolo de revisão’ proposto por

Kitchenham (2007), contemplando igualmente algumas estratégias de investigação específicas

apresentadas noutros estudos de âmbito similar (Pervan, 1998; Holsapple & Luo, 2003; Horn et

al., 2004; Jacovi et al., 2006; Kienle & Wessner, 2006; Kaye, 2009; Wainer et al., 2009; Hong et

al., 2009; Antunes & Pino, 2010; Vivian et al., 2011).

4.3.1 MÉTODOS DE RECOLHA E CATALOGAÇÃO DE BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA

A segunda fase metodológica (F2) consiste na identificação, extracção e catalogação de

literatura de referência para o campo científico de CSCW. Inicialmente, foi feita uma pesquisa

em bases de dados electrónicas para definir um conjunto específico de conferências e revistas

estabilizadas com um foco específico na área de CSCW. Entre as bases de dados contempladas

estão: ACM Digital Library, Web of Science (WoS), Google Scholar, SpringerLink Libraries e IEEE

Xplore, devido ao facto de conterem um grande número de publicações no domínio em estudo

e fornecerem o acesso autenticado aos dados dos artigos científicos publicados. Na Tabela 11

está representado o conjunto de conferências e revistas definido para a análise ‘bibliométrica’

aos últimos oito anos de investigação em CSCW. O critério de selecção utilizado para delimitar

o universo analítico foi estabelecido pelas métricas determinísticas: i) nível de especificidade e

relevância para o campo de CSCW, ii) representação de uma ‘amostra’ significativa do trabalho

feito no campo, iii) a grande maioria das publicações e os seus dados de citação encontram-se

disponíveis online e podem ser processados automaticamente, e iv) ‘locais de referência’ para

publicação regular das comunidades de investigação e desenvolvimento em CSCW.

TABELA 11. CONFERÊNCIAS E REVISTAS SELECCIONADAS

Tipo Nome Acrónimo Dimensão temporal

Conferência International Conference on Supporting Group Work GROUP 2003-2010 Conference on Computer Supported Cooperative Work CSCW 2004-2010 European Conference on Computer-Supported Cooperative Work ECSCW 2003-2009 Conference on Computer Supported Cooperative Work in Design CSCWD 2006-2009 Conference on Collaboration and Technology CRIWG 2006-2009 Revista Journal of Collaborative Computing JCSCW 2003-2010 International Journal of Computer-Supported Collaborative Learning ijCSCL 2006-2010 International Journal of Cooperative Information Systems IJCIS 2006-2010

No que concerne às bases de dados electrónicas definidas para a aquisição de artigos e

análise de citações, os critérios de preferência sobre as bibliotecas ACM Digital Library, Google

Scholar e WoS recaem num conjunto de factores apresentados na literatura. Segundo a visão

defendida por Mikki (2009), a WoS é uma fonte de dados útil ao nível de análise bibliométrica,

onde o processo de selecção de revistas é feito de forma minuciosa com base na publicação de

normas, pareceres de peritos, publicações regulares e qualidade da informação sobre citações

(Garfield, 1990). Comparativamente, o Google Scholar abrange o maior número de publicações

face ao WoS e o seu algoritmo de pesquisa está desenvolvido para retornar os resultados mais

relevantes, fornecendo menor ‘grau de controlo’ para fazer pesquisas de forma sistemática em

comparação ao WoS (Mikki, 2009). No entanto, o Google Scholar carece de fontes de conteúdo

Page 94: Caracterização do estado da arte de CSCW

76

importantes e os seus mecanismos para notificação de conteúdo, bem como o uso inadequado

de ‘metadados’, tornam o serviço menos útil para procurar literatura (Drewry, 2007). Além das

suas alusões como um paradigma recente na investigação académica, Haglund e Olsson (2008)

argumentam que este fornece fácil acesso a textos completos em relação a muitas bibliotecas

fornecidas pelos portais. Relativamente às citações, é unânime que os serviços Google Scholar

e WoS se mantêm informados com dados de citação actuais e oferecem ferramentas eficientes

para a pesquisa de fontes relevantes, sendo ambos comparáveis no que respeita à cobertura e

classificação devido ao seu carácter multidisciplinar. No caso concreto do WoS, as citações são

controladas manualmente até certo ponto, enquanto o Google Scholar extrai citações de uma

forma automática a partir de listas de referência de documentos científicos (Mikki, 2009). Num

plano crítico, Jacsó (2008) afirmou que a maioria dos aspectos negativos do Google Scholar se

encontram relacionados com os seus recursos de software, como o ‘agrupamento’ inadequado

de citações idênticas, resultando em possíveis duplicações, ‘contagem inflacionada’ em termos

de citações e incapacidade de identificar correctamente todos os autores, um problema criado

pela indexação automática, que poderia ser resolvido se os ‘metadados’ fossem utilizados num

plano mais amplo. Embora a pesquisa avançada do Google Scholar ofereça opções de procura

por autor, publicação, data e tipo de conteúdo, os resultados podem apresentar uma estrutura

fora do espectro da expressão utilizada na pesquisa, onde até as pesquisas ‘booleanas’ simples

podem ser mal interpretadas. As grandes vantagens do algoritmo do Google Scholar podem-se

estabelecer pela detecção e filtragem de documentos, a par da indexação do mesmo conjunto

de documentos a partir de diversas fontes como bases de dados comerciais, arquivos e páginas

de instituições e investigadores, fornecendo um acesso livre aos dados. Em geral, os resultados

de uma pesquisa específica efectuada no WoS e as suas respectivas citações, apresentam uma

problemática na falta de referência aos dados de muitas publicações, enquanto o problema do

Google Scholar reside no número inflacionado de citações. Em forma de síntese, pode referir-

se um conjunto de indicações sobre o Google Scholar e WoS possíveis de verificar na literatura:

A contagem de citações é feita de forma idêntica em ambos os serviços (Mikki,

2009);

Os resultados no Google Scholar abrangem um ‘espectro de análise’ superior e

os livros recebem altas taxas de citação neste índice (Bar‐Ilan et al., 2007);

Os artigos mais antigos que não estão publicados na Web, não são susceptíveis

de indexação no Google Scholar (Neuhaus et al., 2006);

Menor indexação da base de dados do WoS para livros e actas de conferências

(Mikki, 2009);

Cobertura superior do Google Scholar para documentos que estão escritos em

várias línguas (Mikki, 2009);

Rapidez no processo de pesquisa dos dois motores de busca utilizados.

O portal WoS tem sido a ferramenta ‘padrão’ para a realização de pesquisa por citação

e análise ‘bibliométrica’ de forma extensiva. Não obstante, emergiram muitas ferramentas que

fornecem capacidades de pesquisa no campo de texto inteiro para determinar a frequência de

citação de artigos, livros, autores ou revistas num dado documento (por exemplo, ACM Digital

Library, arXiv.org, Emerald Full Text, ERIC, Google Book Search, IEEE Computer Society Digital

Library e IEEE Xplore, Library Literature and Information Science Full Text, NetLibrary e Elsevier

Page 95: Caracterização do estado da arte de CSCW

77

Scirus). Numa dimensão inter-relacionada, encontram-se as bases de dados ou ferramentas de

extracção e análise automática de informações bibliográficas e referências citadas recuperadas

de páginas pessoais e arquivos ou repositórios digitais, como são exemplo a CiteSeer, o Google

Scholar, a RePEc e a SMEALSearch. Na área de bases de dados ou ferramentas que permitem a

pesquisa em referências citadas para identificar citações relevantes, encontram-se a Academic

Search Premier and Library, Information Science and Technology Abstracts, PsycINFO, PubMed

Central e Elsevier ScienceDirect e numa conjectura destinada à procura de citações, bem como

de bibliografia de referência, encontra-se o WoS e o Scopus. Além das indicações supra-citadas

Meho e Yang (2007) fizeram a comparação entre as bases de dados Scopus e WoS, afirmando-

as como ferramentas de grande valor para a pesquisa em bases ‘bibliométricas’. Similarmente,

Meho e Rogers (2008) compararam especificamente as bases de dados Scopus e WoS, onde se

pôde constatar uma semelhança no “funcionamento” destes serviços. Numa comparação feita

por Bauer e Bakkalbasi (2005) à contagem de citações fornecida pelo Scopus, Google Scholar e

WoS, foi indicado que devido ao facto do Google Scholar apresentar uma contagem com maior

número de citações a nível estatístico, deve ser consultado como complemento aos restantes.

A selecção das bases de dados WoS e Google Scholar foi motivada pelas razões supra-referidas

enquanto a inclusão da ACM Digital Library se deveu fundamentalmente ao facto de conglobar

a maioria das publicações representadas na Tabela 11 e proporcionar uma ‘análise de citações’

com as características necessárias para complementar o presente estudo.

Após a identificação das conferências e revistas a analisar no estudo de caracterização

do estado da arte de CSCW, o processo de catalogação de artigos na F2 foi subdividido em três

subdomínios funcionais: i) artigos de conferências e revistas apresentadas na Tabela 11 (2003-

2010), ii) análise das publicações científicas de um conjunto de dez autores com referência na

última década (2000-2010), e iii) análise geral ao campo de CSCW desde as suas origens (1945-

2010). Cada subárea possui uma base de dados específica devido à necessidade de registar um

conjunto diferenciado de campos. A motivação para expandir o espectro de análise reflecte-se

na compreensão das linhas de trabalho anteriores, nas possíveis mutações do campo de CSCW

num espaço de tempo mais amplo, na avaliação do trabalho realizado por um conjunto restrito

de autores com reconhecido mérito científico e no impacto da investigação global nesta área.

Esta visão holística baseia-se numa investigação longitudinal para avaliar diversas ‘fracções’ de

propriedades dos artigos científicos de CSCW em diferentes intervalos temporais.

Na base de dados relativa ao primeiro subdomínio de catalogação, foram registados os

seguintes campos de dados:

Tipo de Publicação: indica se a publicação é uma conferência ou revista;

Nome da Conferência/Revista: representa a designação do local de publicação

de um artigo;

Ano: menciona o ano de publicação;

ID: indica o número de identificação de um artigo na base de dados;

Título: designação principal de um artigo;

Autor(es): nome do autor principal e dos possíveis co-autores;

Filiação: designação da(s) instituição(ões) ao qual o(s) autor(es) estão filiados,

seguindo a ordem de apresentação nos artigos;

Page 96: Caracterização do estado da arte de CSCW

78

Referência Bibliográfica: ligação para um ficheiro com a referência bibliográfica

no formato BibTex;

Resumo: ligação para o resumo de cada artigo;

Número de Citações: contagem das citações de um artigo nas ‘bases de dados’

WoS, Google Scholar e ACM Digital Library;

Notas: indicações suplementares;

Groupware/CSCW: distinção entre artigos com uma proposta, implementação

ou avaliação de sistemas centrados na colaboração (groupware) e artigos cujo

domínio reside em questões teóricas, dinâmicas sociais e de grupo, formas de

trabalho em conjunto e coordenação ou trabalhos empíricos com observação

em contexto real (CSCW) (Grudin, 1994; Wainer & Barsottini, 2007).

A Tabela 12 apresenta um esquema geral com as diversas componentes desta base de

dados. Complementarmente aos campos abordados anteriormente, foram introduzidos filtros

para facilitar a análise das propriedades. Neste ‘repositório’ de dados, foi colocada informação

sobre um conjunto total de 1480 artigos, distribuídos pelas conferências e revistas inseridas na

Tabela 11, após uma fase de extracção e organização dos artigos por ID e nome. O processo de

selecção contemplou apenas os artigos com as características científicas importantes, tendo-se

excluído os editoriais, as tabelas de conteúdo e os artigos curtos sem uma estrutura linear. Isto

permitiu registar um conjunto de características e propriedades tendo em consideração as RQs

definidas para este estudo. As limitações da catalogação estabelecem-se na ausência de dados

sobre o país de origem dos autores, uma vez que poderia traçar resultados interessantes, bem

como das conferências COOP (International Conference on the Design of Cooperative Systems),

MobileHCI (International Conference on Human-Computer Interaction with Mobile Devices and

Services), CHI, International Conference on Human-Computer Interaction ou de revistas como a

IJeC (International Journal of e-Collaboration) e a CoDesign (International Journal of CoCreation

in Design and the Arts), num panorama que poderia ampliar o espectro à análise bibliométrica.

De salientar que na contagem de citações, foi utilizado o programa Publish or Perish (PoP) para

extrair informações do Google Scholar e foram acedidos directamente os ‘repositórios’ WoS e

ACM Digital Library para recolher os respectivos dados com o objectivo claro de complementar

o processo de análise.

O segundo subdomínio de catalogação contém uma base de dados idêntica à anterior,

mas cujo volume de dados é substancialmente inferior, num total de 150 artigos em inúmeras

conferências e revistas distribuídos por dez autores com um reconhecido mérito científico num

total de 10 artigos por autor. Outra grande diferença face ao primeiro subdomínio é a ausência

do número de citações, devendo-se ao facto de que este ‘substrato’ de análise corresponde ao

estudo concreto da última década de publicação dos autores (2000-2010) para caracterizar um

possível percurso e definir as comunidades que estão a ser mais exploradas por estes autores.

O critério de escolha dos artigos foi materializado por uma lista específica de autores, usando a

ferramenta PoP para filtrar a pesquisa de artigos no ‘intervalo temporal’ pré-definido e reter o

número de citações de cada artigo, sendo uma medida meramente indicativa para encadear os

trabalhos catalogados. Seguidamente, os artigos que já haviam sido catalogados na outra base

de dados foram eliminados e substituídos pelos artigos seguintes mediante a classificação por

citações fornecida pelo programa PoP.

Page 97: Caracterização do estado da arte de CSCW

79

TABELA 12. CAMPOS DE DADOS DO MODELO DE CATALOGAÇÃO DE ARTIGOS

Page 98: Caracterização do estado da arte de CSCW

80

Contudo, a necessidade de conhecer aprofundadamente as origens da área de CSCW e

a forma como evoluiu, desde as primeiras abordagens aos conceitos de colaboração com apoio

informático em 1945, fez com que se criasse uma base de dados específica para catalogar uma

amostra de 1905 publicações (artigos científicos e livros) entre o intervalo de 1945 a 2010. No

que concerne às diferenças relativamente aos subdomínios expostos anteriormente, esta base

de dados está estruturada pelas características: ID, Nome do Artigo, Autor(es) subdivididos por

colunas, Ano, Citações, Tipologia (Groupware/CSCW), Especificidade(s) divididas por colunas e

Notas. A divisão por colunas contém fins estatísticos para a integração futura com outras bases

de dados e a introdução do campo Especificidade(s) permite obter uma visão global do que foi

abordado em determinado artigo e possibilita traçar um referencial sobre o que foi investigado

ao longo do tempo em CSCW. Neste contexto, o terceiro subdomínio apresenta o universo de

análise mais abrangente mas contém dados menos sólidos em termos científicos. A análise das

citações foi feita com uma base única no Google Scholar. Neste subdomínio, estão igualmente

catalogados alguns artigos da base de dados do primeiro subdomínio, uma vez que constituem

dados essenciais para analisar a envolvente da última década em CSCW.

4.3.2 AVALIAÇÃO TAXONÓMICA DE PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS SOBRE GROUPWARE

A terceira fase metodológica (F3) consiste na classificação de artigos com ‘tipologia’ de

groupware e envolve um processo paralelo de catalogação numa base de dados criada para o

efeito. Num plano global, foi classificado um conjunto de 541 artigos, relativos às conferências

GROUP (2003-2010), CSCW (2004-2008), ECSCW (2005-2007) e CRIWG (2006-2008). O estudo

quantitativo permite complementar abordagens anteriores de avaliação de artigos científicos e

traz uma nova perspectiva com as propriedades específicas de cada tecnologia apresentada na

literatura de CSCW, registando os dados numa base de dados flexível que pode transitar para a

Web no futuro, apelando a mecanismos de colaboração que permitam à comunidade de CSCW

e ao público em geral classificar e contribuir para a ciência neste ‘ramo’ do conhecimento. Nos

projectos de investigação preliminares, foram feitas algumas abordagens gerais a conferências

e revistas com algum detalhe técnico sobre as propriedades dos artigos, no entanto limitam-se

por vezes no intervalo de tempo e na quantidade de artigos avaliados. Estes factos suscitaram

a necessidade de uma avaliação mais extensa com a caracterização dos sistemas de groupware

na última década. A classificação destes artigos foi baseada num estudo prévio ao conjunto de

taxonomias orientadas ao estudo de tecnologias de suporte à colaboração, transitando para os

processos de selecção que foram motivados pelo nível de ‘granularidade’ fornecido. Com estas

linhas, definiu-se a taxonomia proposta por Mittleman et al. (2008) como uma estrutura sólida

para a avaliação ‘fragmentada’ das características destas tecnologias na literatura científica. Os

elementos diferenciadores da taxonomia adoptada neste estudo permitem a decomposição da

avaliação em dez ‘construções arquitectónicas’ fundamentais. A Tabela 13 apresenta o sistema

de classificação adoptado ao nível das características funcionais de groupware.

TABELA 13. ESQUEMA DE COMPARAÇÃO PARA SISTEMAS DE GROUPWARE (ADAPTADO DE MITTLEMAN ET AL., 2008)

CAPACIDADE QUALIDADES ESSENCIAIS À NATUREZA DA TECNOLOGIA

Funcionalidade principal Identifica a capacidade primária fornecida por uma ferramenta. A natureza desta característica está relacionada com o esquema de classificação de ferramentas groupware (Tabela 5). Neste sentido, podem existir três funcionalidades diferentes: i) Partilha de texto, ii) Introdução de hiperligações e iii) Conferência voz/vídeo.

Page 99: Caracterização do estado da arte de CSCW

81

CAPACIDADE QUALIDADES ESSENCIAIS À NATUREZA DA TECNOLOGIA

Funcionalidade principal Alguns sistemas podem apresentar mais que uma propriedade, como por exemplo o blog (página onde os utilizadores podem publicar uma miríade de textos e fazer hiperligações para outras páginas). Num plano singular, as ferramentas de audioconferência possibilitam o fluxo contínuo de áudio.

Conteúdo Descreve os tipos de dados que podem ser utilizados para que um indivíduo possa contribuir numa colaboração particular (Briggs et al., 1997).

Texto Bloco de informação textual (ex.: mensagem de texto).

Ligações Apontadores de referências com rótulos (ex.: URL).

Grafo Imagem, objecto ou diagrama de natureza pictórica (ex.: imagem nos formatos .jpg ou .gif).

Fluxo de dados Transferência contínua de dados (ex.: canal de som ou partilha do ambiente de trabalho).

Hipermédia Combinações das estruturas de dados anteriores.

Relacionamentos Associações que os utilizadores estabelecem entre contribuições. As ferramentas podem suportar vários tipos de relacionamento e permitir um vasto conjunto de construções de informação. Alguns sistemas de groupware podem articular a semântica das relações representadas no conteúdo e outros podem representar apenas a sua sintaxe, subdelegando para os membros do grupo o processo de ‘entendimento mútuo’ sobre a semântica.

Colecção Relaciona a participação de um grupo de membros num conjunto diferenciado de objectos independentes.

Lista Conjunto ordenado de objectos (ex.: antes/depois, maior/menor).

Árvore Grupo de objectos em relações hierárquicas (excepto a raiz), com apenas um ‘domínio’ mas com nenhum a inúmeros ‘subdomínios’ (ex.: sistema, subsistema ou componente).

Gráfico Organização onde cada objecto pode ter entre zero a muitos links para outros objectos (ex.: pais, irmãos, filhos, primos).

Acções suportadas Indicam o que um sistema permite aos participantes efectuar nos seus conteúdos e nas relações.

Adicionar Contribuir com informação para o grupo (ex.: adicionar um novo item num blog ou falar durante uma audioconferência).

Receber Detectar contribuições feitas (ex.: observar contribuições textuais ou escutar um canal de áudio).

Associar Estabelecer relações entre contribuições (ex.: organizar ideias em categorias ou organizar o conteúdo dentro de um perfil).

Editar Modificar conteúdo de uma contribuição (por exemplo, alterar ou corrigir o texto que já contribuiu para a sessão).

Mover Alterar as relações entre contribuições.

Eliminar Remover uma contribuição de uma sessão (ex.: apagar o texto ou retirar o áudio).

Comentar Dar uma opinião sobre o valor relativo das possíveis contribuições (por exemplo, votar segundo um padrão de classificação).

Parâmetros de acção Descrevem as características de acções que exercem influência na experiência de contribuição dos utilizadores quando são usadas as ferramentas de suporte à colaboração.

Sincronismo Caracteriza o atraso esperado entre o instante em que o utilizador executa uma acção e o tempo de resposta dos outros utilizadores.

Page 100: Caracterização do estado da arte de CSCW

82

CAPACIDADE QUALIDADES ESSENCIAIS À NATUREZA DA TECNOLOGIA

Sincronismo No tipo síncrono, a interacção é efectuada ao mesmo tempo (ex.: vídeoconferência) enquanto numa disposição do tipo ‘assíncrono’ a interacção é realizada em tempos diferentes (ex.: e-mail, wikis).

Identificação Caracteriza o grau com o qual os utilizadores podem decidir quem efectua uma acção. A identificação pode variar entre o anonimato total ou a identificação de subgrupos, pseudónimos ou absoluta.

Controlos de acesso Configuração dos direitos e privilégios do utilizador relativamente à sua entrada numa sessão e execução de acções suportadas (por exemplo, as acções podem estar sempre disponíveis ou então ser bloqueadas de forma total ou parcial.

Persistência da sessão Avalia o tempo de duração da sessão num sistema de groupware, verificando se as contribuições são efémeras ou permanentes. Em algumas ferramentas colaborativas, os utilizadores podem decidir se o conteúdo da sessão será salvo ou se é eliminado assim que as pessoas abandonem o sistema ou mediante uma acção própria.

Mecanismos de alerta Forma como os participantes são interrompidos ou notificados de que algo no sistema requer a sua atenção (por exemplo, o sistema INSTANT MESSENGER notifica quando uma contribuição é realizada através de um sinal sonoro e uma mensagem visual e os feeds RSS contêm mecanismos de alerta que não interrompem a atenção do utilizador mas suscitam a sua procura deliberada). A interrupção é gerada para atrair a atenção imediata mas pode ser desactivada.

Indicadores de percepção Conhecimento sobre a situação actual de pessoas que têm acesso a uma sessão, podendo apresentar as acções executadas, funções específicas e o estado actual do trabalho e do próprio utilizador. A existência destes indicadores numa ferramenta permite visualizar quem está activo através de uma lista, qual a ferramenta que está a ser usada e quais as contribuições que estão a ser manipuladas.

Com base na taxonomia supra-referida foi construído um modelo de base de dados de

suporte à classificação de artigos relativos a groupware, contendo as seguintes características

tendo em consideração as propriedades da Tabela 5 no que intenta aos domínios de aplicação

e da Tabela 13 na decomposição dos atributos dos sistemas apresentados na literatura, onde

foi definido o seguinte conjunto de campos:

ID do artigo;

Nome da Conferência/Revista;

Ano;

Funcionalidade Principal: Partilha de texto, Conferência voz/vídeo e Introdução

de links;

Tipo de Informação: Texto, Links, Gráfico, Fluxo de dados e Hipermédia;

Tipo de Relacionamento: Colecção, Lista, Árvore e Gráfico;

Acções Suportadas: Adicionar, Receber, Associar, Editar, Eliminar, Comentar e

Mover;

Sincronismo: Síncrono, Assíncrono e Síncrono/Assíncrono;

Identificação: Identificado, Anónimo e Identificado/Anónimo;

Controlos de Acesso;

Duração da Sessão: Limitado, Ilimitado e Limitado/Ilimitado;

Page 101: Caracterização do estado da arte de CSCW

83

Mecanismos de Alerta;

Indicadores de Percepção;

Tipologia: Audioconferência, Editores Partilhados, Ferramentas de Agregação,

Ferramentas de Conversação, Motores de Busca, Ferramentas de Dinâmicas de

Grupo, Ferramentas de Distribuição, Sistemas Agregados, Sistemas de Tagging

Social, Partilha de Desktop/Aplicação, Repositórios de Ficheiros Partilhados e

Videoconferência.

A Tabela 14 apresenta o método de classificação utilizado na F3, indicando as diversas

formas de verificar manualmente as propriedades funcionais de um sistema de groupware nas

publicações científicas analisadas. Este processo poderá posteriormente ser refinado com uma

adaptação de um sistema de extracção de dados ao domínio de categorização de CSCW.

TABELA 14. MÉTODO DE CLASSIFICAÇÃO DE PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS

i) Leitura singular do ‘resumo’ de cada artigo.

ii) Introdução de ‘palavras-chave’ relativas a cada atributo da taxonomia adoptada (ex.: para o caso da funcionalidade principal, foram introduzidos termos como ‘text’, ‘link’, ‘video’, ‘audio’, ‘voice’, ‘videoconference’ e ‘audioconference’, ou ainda combinações como ‘text sharing’ para direccionar a pesquisa a determinada característica de um sistema, adoptando um método idêntico para todas as ‘propriedades taxonómicas’ com as palavras-chave respectivas.

iii) Leitura na íntegra de diversos artigos que apresentam conceitos mais complexos para uma análise sucinta, com o objectivo de compreender determinadas propriedades de uma maneira mais extensa.

iv) As propriedades foram assinaladas na base de dados conforme a evolução do processo de análise em tempo-real, utilizando um método de registo sistemático.

v) Nos casos em que a análise sobre um atributo não é suficientemente concludente, optou-se por assinalar com a sigla ‘nd’, uma classificação para os atributos ‘não definidos’.

Os problemas de classificação reflectem-se na análise individual de cada artigo de uma

forma manual, o que suscita alguns erros de interpretação e rigor técnico. Contudo, pretende-

se resolver esta lacuna com a criação futura de um repositório Web de CSCW, com o objectivo

de suscitar a colaboração à escala global para a classificação de artigos científicos. Na senda de

avaliação de sistemas de groupware, surgiram vários estudos taxonómicos com características

distintas, mas o modelo de classificação de Mittleman et al. (2008) foi o que apresentou o nível

de granularidade mais apropriado às necessidades existentes neste estudo. Na Figura 15 está

representado o esquema com a síntese da metodologia de investigação utilizada, fazendo um

encadeamento lógico dos processos supramencionados.

De uma forma geral, o processo é iniciado na fase de formulação das RQs (F1), onde foi

estabelecido o conjunto de problemas por resolver no estudo bibliométrico à área de CSCW. A

F2 de execução respeitou um processo de identificação de publicações científicas como ponto

de partida para a ‘recolha de dados’. Ainda nesta fase, foi feita uma catalogação da informação

em três bases de dados diferentes. Na F3, classificou-se um conjunto de artigos pertencente às

publicações catalogadas no primeiro subdomínio. As ‘rodas dentadas’ indicam os índices onde

foi recolhida a informação sobre o número de citações e o processo que lhe está associado. As

linhas a tracejado remetem para o número de artigos considerados nas fases de catalogação e

classificação, descrevendo uma sequência de processos de suporte ao trabalho desenvolvido.

Page 102: Caracterização do estado da arte de CSCW

84

FIGURA 15. DIAGRAMA LÓGICO DA METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Page 103: Caracterização do estado da arte de CSCW

85

CAPÍTULO 5: RESULTADOS

“Great discoveries and improvements invariably involve the cooperation of many

minds!”

Alexander Graham Bell

Este capítulo apresenta, num primeiro plano, os estudos de âmbito ‘bibliométrico’ em

áreas contíguas ao CSCW que foram introduzidos na literatura. Neste domínio, traça-se um elo

de comparação possível com os resultados que se apresentam na segunda parte do capítulo. O

estudo ‘bibliométrico’ transversal à área de CSCW, em vários planos de análise, delimita o foco

principal desta investigação através de resultados comparados com variáveis reais. Este tipo de

abordagem permite realizar análises em vários níveis e torna possível descrever o campo numa

perspectiva holística, possibilitando análises mais refinadas sobre possíveis tendências na área

de CSCW e traçando uma parcela extensiva da investigação neste domínio.

Page 104: Caracterização do estado da arte de CSCW

86

5.1 ESTUDOS DE ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA NA LITERATURA DE CSCW

No domínio da bibliometria, Leydesdorff e Amsterdamska (1990) argumentaram que a

análise de citações favorece uma variedade de propósitos e não é necessariamente o índice de

relevância de trabalhos citados. Contudo, tornou-se eminente que a citação de publicações de

natureza científica é um indicador mais enquadrado nos vínculos intelectuais face aos sociais

(White et al., 2004). A avaliação da investigação na área de CSCW com recurso à bibliometria

requer a consideração de estudos com objectivos similares para definir as lacunas de pesquisa

e evitar a duplicação de esforços científicos. Neste sentido, Grudin (1994) examinou os pontos

fracos da OA a nível conceptual e mencionou a necessidade decorrente dos requisitos sociais

estarem intrinsecamente relacionados com as aplicações de groupware, inserindo um modelo

caracterizado pelo ‘nível de trabalho’ (organização, projecto, grupo de pequena dimensão ou

individual) e os seus ‘sistemas correspondentes’, o ‘desenvolvimento de software’ e as ‘áreas

de investigação’ que deram justificação ao surgimento do campo de CSCW, designadamente os

SI de gestão e processamento de dados (1965), a OA e engenharia de software (1975) e a HCI e

os factores humanos (1980). No entanto, embora o modelo apresente as perspectivas centrais,

oculta a capacidade de analisar as questões que transcendem as divisões. Para complementar

o estudo, foi feita uma análise à participação do CSCW no domínio norte-americano com base

nas conferências CHI (Conference on Human Factors in Computer Systems) e CSCW, bem como

a nível europeu com a ECSCW, a Crete e a ICIS (The First International Conference on Systems

Integration). Com os dados inseridos na Tabela 15, é possível subentender uma semelhança na

composição do CSCW nos Estados Unidos e no Japão a partir do campo de HCI, explicando um

foco nas ferramentas para os grupos de pequena dimensão. Paralelamente, pode-se verificar a

preocupação duradoura da comunidade de investigação europeia em questões organizacionais

e projectos de grande dimensão.

TABELA 15. COMPARAÇÃO DA PRESENÇA DE CSCW SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO (ADAPTADO DE GRUDIN, 1994)

Estados Unidos/Japão

Pequenos grupos

Europa

Organização e projectos de grande dimensão

Organização do trabalho CHI 90 CSCW 86-90 ECSCW 89 Crete 90

ICIS 90

Teoria 40% 30% 70% 85%

Desenvolvimento de produtos 30% 40% 10% 1%

Telecomunicações 10% 7% 5% 0%

Outros 20% 23% 15% 14%

Newman (2001) explorou a estrutura das redes de colaboração científica e apresentou

histogramas com o número de artigos analisados e o espectro de co-autoria entre os grupos de

autores, apontando valores reduzidos na área da ciência da computação. Segundo Holsapple e

Luo (2003), as metodologias de investigação e análise de citações têm sido combinadas para a

produção de classificações de revistas de referência com o objectivo de classificar o campo da

‘computação colaborativa’. Neste sentido, os autores recolheram e analisaram cerca de 19.271

citações provenientes de artigos de revista, livros, actas de conferências e relatórios/ trabalhos

técnicos realizados durante um período de oito anos (1992-1999), fazendo observações sobre

o facto da revista GD&N (Group Decision and Negotiation) apresentar um número considerável

de citações (5587) face a revistas como a JCSCW com um valor aproximado de 4417 citações, a

TIS (The Information Society) com 4866 citações e o JOC (Journal of Organizational Computing

and Electronic Commerce) com 4401 citações. Complementarmente, foi traçado um referencial

Page 105: Caracterização do estado da arte de CSCW

87

com as revistas mais influentes para a investigação em sistemas colaborativos, organizado por

categoria, objectivo e escala. Os resultados apontaram para a escolha de revistas de relevo

como a Communications of ACM, Decision Support Systems e ACM Transactions on Information

Systems ao nível das questões de ‘utilização’ e ‘desenvolvimento’, Management Science e ACM

Transactions on Information Systems no que concerne à ‘estratégia’ e ‘política’, Management

Science, MIS Quarterly e Organizational Behavior and Human Decision Processes no domínio

de ‘grupo’ e Communications of ACM e MIS Quarterly na esfera envolvente da ‘organização’.

A investigação efectuada na última década com incidência nas variações bibliométricas

de CSCW (Horn et al., 2004; Convertino et al., 2006; Jacovi et al., 2006) demonstrou o valor de

investigar a configuração da comunidade científica ao nível dos principais tópicos de interesse,

das citações e da pesquisa através da análise de redes sociais com dados de co-autoria. No que

concerne aos resultados apresentados por Horn et al. (2004), foi conduzida uma análise com a

identificação dos investigadores de CSCW e a composição de ligações para cada pessoa. Neste

sentido, chegou-se à conclusão que a tendência de ‘co-autoria’ nos autores de CSCW manteve-

se constante ao longo do tempo desde a origem do campo até 1999, baseando-se na premissa

válida de que tiveram uma elevada proporção de co-autores de fora da comunidade quando o

campo surgiu nos anos oitenta e mantiveram um grande número de conexões com co-autores

provenientes de outros campos (Figura 16).

FIGURA 16. VARIAÇÃO DA PERCENTAGEM MÉDIA DE INVESTIGADORES DE CSCW EM REDES DE CO-AUTORIA (HORN ET AL.,

2004)

Simultaneamente, efectuou-se um estudo ao conjunto principal de indivíduos ou pares

em CSCW e HCI tendo em consideração as medidas de centralidade, produtividade e ‘robustez’

de colaboração para a rede cumulativa entre 1982 e 2003, sendo possível determinar a grande

conexão colaborativa na autoria de artigos de CSCW com as participações em pares de autores

como: Jonathan Grudin/Steven Poltrock, Saul Greenberg/Mark Roseman e Gary Olson/Judith

Olson. Ao nível da ‘intermediação’, Jonathan Grudin, Tom Rodden e Paul Dourish expressaram

os valores mais acentuados e John Carroll, Jakob Nielsen, Brad Myers, Jonathan Grudin e Saul

Greenberg apresentaram o maior número de artigos na área, respectivamente. As conclusões

obtidas no domínio da ‘desagregação de fontes de publicação de trabalhos citados’ (Figura 17)

apontam para uma preferência dos autores por revistas para a maior proporção de referências

a par das conferências de CSCW analisadas (CSCW, ECSCW e GROUP) que também manifestam

um grande número de trabalhos citados.

Page 106: Caracterização do estado da arte de CSCW

88

FIGURA 17. DISTRIBUIÇÃO DOS LOCAIS DE PUBLICAÇÃO DE TRABALHOS CITADOS EM CSCW (2000-2002) (ADAPTADO DE HORN

ET AL., 2004)

No estudo protagonizado por Convertino et al. (2006) foi feita uma ‘meta-análise’ aos

artigos da conferência CSCW (1986-2002), delimitando as dimensões de ‘filiação institucional’,

‘localização geográfica’, ‘nível de análise’, tipo de contribuição’ e ‘tipo de função colaborativa’,

recorrendo ao método de Análise Discriminativa Linear (Linear Discriminant Analysis – LDA, na

nomenclatura anglo-saxónica). Os resultados demonstram um número maior de contribuições

provenientes do ‘universo’ académico (universidades) a partir do ano de 1990 e a investigação

proveniente da América do Norte assume predominância (70-90%) face à Europa (10-30%). Os

níveis principais de análise pertenceram às questões de grupo ao longo da história, os estudos

etnográficos e experimentais apresentaram uma tendência de crescimento nos últimos anos e

os aspectos de desenvolvimento e/ou arquitectura de sistemas manteve-se constante com um

nível destacado, enquanto as contribuições teóricas decresceram gradualmente. A função mais

comum de colaboração foca-se na comunicação e partilha de informação, seguida pela função

de coordenação e percepção e é apresentada uma porção inferior na produção cooperativa ou

tomada de decisão, constituindo pontos de referência interessantes para um estudo actual. Na

‘análise gráfica de citações’ produzida por Jacovi et al. (2006), argumentou-se sobre o ‘núcleo’

coeso da comunidade de investigação em CSCW com o objectivo de compreender a estrutura

e evolução da conferência CSCW e identificar as suas lacunas com base na exploração de actas

e na análise de citações relacionadas, com o intuito de acompanhar a evolução dos fragmentos

ao longo do tempo.

Com um ‘universo de análise’ caracterizado por ‘meta-informação’ proveniente de 465

artigos inseridos na conferência supra-referida (1986-2004), apurou-se que cerca de 110 nunca

tinham sido citados e os artigos situados entre 1988 e 1994 foram citados ‘massivamente’ face

à primeira conferência em 1986 devido ao facto do campo de CSCW ainda estar num processo

de definição na altura. Neste ‘universo analítico’, Dourish e Belloti (1992) compuseram o artigo

mais citado com cerca de 801 citações, na sua totalidade, de acordo com o Google Scholar. No

que intenta ao segundo artigo com mais citações (Grudin, 1992), é argumentado que o mesmo

provém do agrupamento das ciências sociais e da etnografia. O conjunto de agrupamentos que

Page 107: Caracterização do estado da arte de CSCW

89

foi identificado (123) apresenta um tamanho médio de 10,3 artigos por fragmento e um desvio

padrão de 21,4. Os agrupamentos principais de artigos neste estudo manifestam a preferência

pelos seguintes tópicos de interesse: i) teorias e modelos, etnografia e estudos de utilizadores,

ii) ciências da computação, iii) reunião/suporte à decisão, espaços de multimédia partilhados e

conferência, iv) instant messaging, espaços sociais e presença, v) ferramentas computacionais

no espaço laboral, vi) desenvolvimento de groupware e ‘percepção’ do espaço de trabalho, vii)

gestão da computação e SI e vii) comunicação mediada por vídeo e espaço visual partilhado. A

principal tendência encontrada apontou para o facto de que, embora os trabalhos de natureza

técnica e social serem citados entre si, existe uma divisão clara do campo de CSCW para ambas

as partes, levantando a necessidade de garantir uma maior ‘interacção’. Os artigos com maior

centralidade constituem aproximadamente 40% dos artigos das conferências, coincidindo com

resultados anteriores noutras redes. Segundo os resultados apresentados, a conferência CSCW

sugere uma ênfase maior sobre artigos com um carácter tecnológico mais sólido e demonstra

uma menor incidência no lado social da tecnologia (Jacovi et al., 2006).

Wainer e Barsottini (2007) analisaram 169 artigos nas conferências ACM/CSCW (1998-

2004), fazendo uma distinção entre os artigos de groupware como propostas, implementações

e avaliações de sistemas que permitem e fomentam a colaboração entre humanos e os artigos

de CSCW no domínio das dinâmicas sociais e de grupo, formas de trabalho em conjunto e a sua

respectiva coordenação e trabalhos empíricos centrados nas observações em contexto real. Os

resultados apresentaram um decréscimo constante no número de artigos que não descrevem

um trabalho empírico, uma proporção quase inalterável de artigos que sugerem um sistema de

groupware ou se centram na sua avaliação e um incremento significativo do número de artigos

que descrevem situações de trabalho/colaboração e testam hipóteses através de experiências.

A Figura 18 demonstra graficamente as variações dos tipos de investigação apresentados.

FIGURA 18. EVOLUÇÃO DOS TIPOS DE INVESTIGAÇÃO (ADAPTADO DE WAINER & BARSOTTINI, 2007)

Page 108: Caracterização do estado da arte de CSCW

90

A análise efectuada por Kienle e Wessner (2006) à área de CSCL apresenta sinais sobre

o crescimento da comunidade na sua primeira década (1995-2005) e conclui que grande parte

dos dados considerados confirma que a comunidade de CSCL apresenta um rácio constante de

membros novos e recorrentes que lhe dá alguma maturidade. Os dados revelaram ainda que a

comunidade tem aumentado o seu ‘espectro’ internacional em todos os níveis de participação.

O aumento da conectividade internacional é um dado que pode ser demonstrado pelo número

crescente de citações e co-autorias em diferentes países (Figura 19).

FIGURA 19. REDE DE REFERÊNCIAS NO CAMPO DE CSCL EM 2003 (ADAPTADO DE KIENLE & WESSNER, 2006)

No domínio específico da HCI, Henry et al. (2007) apresentaram uma exploração visual

composta por algumas conferências na área, organizada por autor e recorrendo a ‘metadados’,

onde se contabilizaram as ‘palavras-chave’ mais frequentes entre 1983 e 2006 e se apresentou

um referencial composto por uma grande ocorrência de termos como ‘usabilidade’ em 1994 e

2001, ‘foco no utilizador’ em 1997, 1998 e 2006, ‘estudo de utilizadores’ em 2000, ‘interfaces

gráficas’ e ‘manipulação directa’ em 1992, ‘técnicas de interacção’ em 2000, ‘visualização de

informação’ em 1994, 1995, 1997, 1998 e 2000, ‘multimédia’ em 1998, ‘realidade virtual’ em

2004, ‘computação ubíqua’ em 1999 e 2002, ‘realidade aumentada’ em 1999, ‘WWW’ entre os

anos 1996 e 1998 e ‘dispositivos de entrada’ entre 1997 e 1999. Complementarmente, traçou-

se um plano de análise, com especial incidência na conferência CHI, composto pelo ‘número de

artigos aceites’ e ‘citações por artigo’, bem como o ‘valor médio de referências’ e ‘citações por

artigo’. A Figura 20 representa graficamente alguns resultados obtidos neste estudo, indicando

um número muito elevado de artigos com aceitação e de citações por artigo.

Page 109: Caracterização do estado da arte de CSCW

91

Kaye (2009) protagonizou uma análise extensa à conferência CHI com destaque sobre

a ‘contagem de autores’ (aproximadamente três autores por artigo em 2007), a ‘frequência do

número de autores por ano’ (decréscimo nos artigos com um único autor e aumento de artigos

com a co-autoria de dois a quatro autores), a ‘percentagem de artigos CHI com n autores’, bem

como o ‘género’ de autor predominante em cada ano da conferência, contemplando ainda um

estudo sobre a ‘frequência de repetição de autoria’ nas conferências. Estes focos de análise e o

seu carácter extensivo e perceptível perfizeram os principais factores pelos quais a conferência

CHI não foi contemplada na análise ‘bibliométrica’ de CSCW. A diferenciação de tópicos visível

na grande maioria das publicações desta conferência concede-lhe um carácter menos centrado

nas questões de CSCW, embora tenha uma pequena parte, face às conferências especializadas.

FIGURA 20. ESTATÍSTICAS DA CONFERÊNCIA CHI (ADAPTADO DE HENRY ET AL., 2007)

Na envolvente de GDSS, Pervan e Atkinson (1995) efectuaram uma revisão substancial

a uma grande porção de literatura sobre o tema, tendo em conta um esquema de classificação

constituído pelas seguintes propriedades: ano da publicação, abordagem geral de investigação,

filosofia subjacente à recolha de dados, tipo de suporte, carácter longitudinal, foco principal de

investigação e algumas variáveis demográficas como autor e fonte. Os resultados desta análise

apontaram para: i) o aumento na proporção de publicações sobre GDSS, ii) a ênfase acentuada

na experimentação laboratorial de GDSS interligados, reflectindo desenvolvimentos deste tipo

de sistemas nas universidades, não descurando o ambiente empresarial, iii) apenas 6% do total

de artigos estudados representa uma pesquisa longitudinal, iv) o ordenamento dos resultados

distribuiu-se respectivamente pelo tipo subjectivo/argumentativo, experiências de laboratório,

estudos de caso, experiências de campo e inquéritos de forma ‘multi-metodológica’. O foco de

predominância do estudo de investigação incidiu no impacto sobre o comportamento humano

(uma preocupação verificada em 90% dos artigos), incluindo conceitos como o ‘entendimento

Page 110: Caracterização do estado da arte de CSCW

92

mútuo’, ‘desempenho do grupo’, ‘efeitos de anonimato’, ‘pensamento’ e ‘compromisso’. Num

plano de certa forma evolucionário, Pervan (1998) investigou o núcleo de revistas de SI e GDSS

entre 1984 e 1996, anotando uma maioria nos artigos sobre situações cara-a-cara (82,5%), um

crescimento global entre quatro a trinta artigos por ano, com indicadores de estabilidade para

os últimos anos ao nível da ‘taxa de publicação’.

Wainer et al. (2009) protagonizaram uma avaliação empírica à investigação executada

no vasto domínio das ciências da computação e concluíram que os artigos publicados em 2005

apresentaram os seguintes indicadores: teoria formal (4%), trabalho empírico (17%), teste de

hipóteses (4,7%), desenvolvimento e modelação (70%) e outros (3,4%). A análise de Hong et al.

(2009) sugeriu um modelo de classificação para a literatura centrada nos sistemas ‘sensíveis ao

contexto’, num conjunto total de 237 artigos (2000-2007) que possibilitou obter resultados em

termos de crescimento do número de artigos nos últimos anos no âmbito de classificação, bem

como uma maior incidência sobre tópicos como os ‘algoritmos’, ‘comércio móvel’, ‘protocolo’,

‘raciocínio contextual’, ‘dados de contexto’, ‘espaços inteligentes’, ‘interface’, entre outros. No

estudo de Watson-Manheim et al. (2002) foi classificada uma amostra de 75 artigos publicados

sobre ambientes de trabalho virtuais e correntes de pesquisa relacionadas, sendo observadas

as ocorrências de palavras-chave como ‘teletrabalho’, ‘organização virtual’, ‘escritório flexível’,

‘comunidade virtual’, entre inúmeras possibilidades devidamente referenciadas. Não obstante,

Serenko & Bontis (2004) fizeram uma ‘meta-revisão’ à literatura relativa ao ‘capital intelectual’

e à ‘gestão de conhecimento’ de forma a estudar o impacto das citações e a avaliação alusiva à

produtividade da investigação, apresentando um plano metodológico consistente.

Entretanto, foi apresentado um estudo de natureza ‘bibliométrica’ para avaliar dados

específicos da investigação efectuada na conferência CRIWG (Antunes & Pino, 2010) e foi feito

um estudo transversal sobre a investigação em ‘computação colaborativa’ através de métodos

experimentais para medir os impactos nesta fracção do conhecimento (Convertino & Carroll,

2011). Numa análise sucinta, é possível reunir diversas conclusões sobre a conferência CRIWG

através de um conjunto de indicadores expostos da seguinte forma: i) foram analisados todos

os artigos publicados entre 2000 e 2008 com base no índice de citações para as actas relativas

às conferências fornecido pela Thomson Reuters (abreviado pelo acrónimo ‘ISI’), num conjunto

total de 246 artigos, ii) calculou-se um número total de 336 citações nos artigos considerados,

onde a citação média por artigo foi de 1,37 e o h-index obtido foi 6, iii) um número concreto de

132 artigos (53%) não obteve citações, iv) comparou-se a CRIWG com outras conferências para

verificar o número de artigos publicados e as citações obtidas, chegando à conclusão de que os

níveis de qualidade da CRIWG se encontram elevados quando comparados com os indicadores

médios das restantes conferências, v) foram apresentadas várias listas compostas pelos artigos

com mais citações, autores com mais artigos publicados e citações obtidas (onde os autores de

topo em termos de contabilização de citações são Carl Gutwin, Robert Briggs, Saul Greenberg,

Clarence Ellis e Paul Dourish, respectivamente), vi) o rácio de internacionalização decresceu no

último biénio da análise (2007-2008) e os países com maior presença nesta conferência podem

distribuir-se sequencialmente por Brasil, Chile, Alemanha, Portugal e Espanha, vi) definiram-se

os tópicos de investigação da conferência segundo o grau de importância (Figura 21) e vii) fez-

se uma análise SWOT para qualificar a conferência na sua globalidade (Antunes & Pino, 2010).

Page 111: Caracterização do estado da arte de CSCW

93

FIGURA 21. TÓPICOS DE INVESTIGAÇÃO DA CONFERÊNCIA CRIWG (ADAPTADO DE ANTUNES & PINO, 2010)

5.2 BIBLIOMÉTRICAS TRANSVERSAIS DE INVESTIGAÇÃO EM CSCW

O trabalho de análise ‘bibliométrica’ ao conjunto de publicações de CSCW e groupware

constitui-se como um exercício para medir variações factíveis entre o número de contribuições

analisadas nas actas das conferências e revistas de CSCW representadas na Tabela 16. Com a

inclusão de uma amostra com dados específicos sobre os locais de publicação dos autores de

referência na área, bem como um estudo embrionário sobre as origens do campo de CSCW e a

sua evolução no tempo, é possível complementar esta análise e delinear uma perspectiva mais

extensiva. Neste sentido, o número total de artigos considerados reflecte o universo de análise

deste estudo, distribuído por: i) total de citações contabilizado entre 2003 e 2010, ii) atributos

de classificação de groupware obtidos a partir de uma análise rigorosa às publicações relativas

a este domínio, iii) lista de conferências e revistas científicas onde um conjunto dos autores de

CSCW de reconhecido mérito científico tem publicado com alguma frequência (num intervalo

situado entre os anos 2000 e 2010) e iv) dados embrionários sobre possíveis tópicos abordados

em publicações apresentadas entre 1945 e 2010. Com este estudo, pretende-se fomentar uma

perspectiva transversal ao campo de CSCW e traçar as principais características das tecnologias

de groupware com um nível de granularidade obtido a partir do esquema de comparação para

este tipo de sistemas, fornecido pela taxonomia de Mittleman et al. (2008).

No entrosamento do estudo ‘bibliométrico’ aos artigos catalogados entre os anos 2003

e 2010, foram consideradas as variáveis relativas ao número total de artigos considerados para

análise nas diferentes bases de dados, os artigos de CSCW, groupware e CSCW/groupware (os

que apresentam uma forte ambiguidade em termos de definição, por apresentarem tópicos de

ambas as tipologias ou com um carácter indeterminado), total de citações, média de citações e

número de artigos sem citações, tendo em conta os dados fornecidos pelas bases de dados do

Google Scholar, ACM Digital Library e WoS. O número total de citações reflecte uma contagem

em todos os tipos de dados de publicação no Google Scholar e, numa dimensão mais estrita, as

citações ACM Digital Library e WoS respeitam o princípio do cálculo de citações científicas que

fornece uma abordagem mais restritiva para os ‘metadados’. As técnicas de ‘bibliometria’ que

foram utilizadas neste estudo reflectem a contagem simples de publicações e cruzam os dados

resultantes para visualizar a evolução do campo. Neste contexto, é possível medir o factor de

impacto de uma conferência ou revista específica e associar estes resultados estatísticos com

as principais mutações no domínio científico de CSCW. A Tabela 16 apresenta os dados obtidos

por conferência/revista e ano de publicação, fornecendo um referencial multidimensional.

Page 112: Caracterização do estado da arte de CSCW

94

TABELA 16. ORGANIZAÇÃO DOS INDICADORES ‘BIBLIOMÉTRICOS’ OBTIDOS COM O PROCESSO DE CATALOGAÇÃO

Conferência/ Revista

Número total de artigos

Artigos de CSCW

Artigos de groupware

Total de citações (Google Scholar)

Média de citações (Google Scholar)

Total de citações

(ACM Digital

Library)

Média de citações

(ACM Digital

Library)

Total de citações (WoS)

Média de citações (WoS)

GROUP 265 34 217 3994 (69)1

15,07 (265)2

1120 (105)

4,23 (265)

70 (65) 0,69 (101)

2003 41 0 41 1459 (0) 35,59 (41) 363 (0) 8,85 (41) 0 (0) 0 (0)

2005 57 0 56 1312 (7) 23,02 (57) 397 (14) 6,96 (57) 0 (0) 0 (0)

2007 47 0 47 796 (1) 16,94 (47) 247 (6) 5,26 (47) 50 (26) 1,06 (47)

2009 54 15 34 409 (8) 7,57 (54) 110 (22) 2,04 (54) 20 (39) 0,37 (54)

2010 66 19 39 18 (53) 0,27 (66) 3 (63) 0,05 (66) 0 (0) 0 (0)

CSCW 286 39 247 8602 (5) 30,08 (286)

2625 (34)

9,18 (286)

113 (95) 0,78 (144)

2004 80 6 74 4484 (0) 56,05 (80) 1315 (4) 16,44 (80)

0 (0) 0 (0)

2006 62 4 58 2410 (0) 38,87 (62) 735 (1) 11,85 (62)

0 (0) 0 (0)

2008 86 3 83 1309 (1) 15,22 (86) 448 (15) 5,21 (86) 113 (37) 1,31 (86) 2010 58 26 32 399 (4) 6,88 (58) 127 (14) 2,19 (58) 0 (58) 0 (58)

ECSCW 90 15 75 1979 (6) 21,99 (90) 359 (1) 8,16 (44) 91 (46) 1,01 (90)

2003 20 0 20 1098 (0) 54,9 (20) 191 (0) 9,55 (20) 31 (4) 1,55 (20) 2005 24 4 20 545 (0) 22,71 (24) 168 (1) 7,00 (24) 26 (14) 1,08 (24) 2007 23 6 17 252 (2) 10,96 (23) 0 (0) 0 (0) 22 (13) 0,96 (23)

2009 23 5 18 84 (4) 3,65 (23) 0 (0) 0 (0) 12 (15) 0,52 (23)

CSCWD 391 0 391 568 (177) 1,45 (391) 19 (114) 0,15 (125)

156 (294) 0,4 (391)

2005 65 0 65 133 (18) 2,05 (65) 0 (0) 0 (0) 49 (35) 0,75 (65)

2007 201 0 201 318 (88) 1,58 (201) 0 (0) 0 (0) 94 (146) 0,47 (201)

2009 125 0 125 117 (71) 0,94 (125) 19 (114) 0,15 (125)

13 (113) 0,1 (125)

CRIWG 121 22 99 472 (26) 3,9 (121) 41 (60) 0,47 (87) 167 (57) 1,38 (121)

2006 34 1 33 207 (4) 6,09 (34) 0 (0) 0 (0) 71 (8) 2,09 (34)

2007 27 10 17 157 (2) 5,81 (27) 25 (14) 0,93 (27) 75 (5) 2,78 (27) 2008 30 8 22 69 (8) 2,3 (30) 7 (23) 0,23 (30) 14 (20) 0,47 (30) 2009 30 3 27 39 (12) 1,3 (30) 9 (23) 0,3 (30) 7 (24) 0,23 (30)

JCSCW 146 78 68 3536 (10) 24,22 (146)

821 (32) 5,66 (145)

72 (21) 1,33 (54)

2003 17 6 11 883 (0) 51,94 (17) 161 (0) 9,47 (17) 0 (0) 0 (0)

2004 20 4 16 899 (0) 44,95 (20) 254 (0) 13,37 (19)

0 (0) 0 (0)

2005 16 7 9 735 (0) 45,94 (16) 178 (1) 11,13 (16)

0 (0) 0 (0)

2006 19 9 10 465 (1) 24,47 (19) 103 (1) 5,42 (19) 0 (0) 0 (0)

2007 20 10 10 339 (1) 16,95 (20) 79 (4) 3,95 (20) 0 (0) 0 (0) 2008 18 13 5 122 (0) 6,78 (18) 27 (6) 1,5 (18) 32 (6) 1,78 (18)

2009 14 11 3 43 (2) 3,07 (14) 10 (6) 0,71 (14) 26 (5) 1,86 (14) 2010 22 18 4 50 (6) 2,27 (22) 9 (14) 0,41 (22) 14 (10) 0,64 (22)

IJCIS 78 14 64 806 (16) 10,33 (78) 0 (0) 0 (0) 212 (30) 2,72 (78)

2006 24 3 21 265 (1) 11,04 (24) 0 (0) 0 (0) 89 (4) 3,71 (24) 2007 18 6 12 125 (3) 6,94 (18) 0 (0) 0 (0) 25 (7) 1,39 (18) 2008 18 2 16 197 (6) 10,94 (18) 0 (0) 0 (0) 59 (8) 3,28 (18)

2009 12 0 12 210 (3) 17,5 (12) 0 (0) 0 (0) 38 (6) 3,17 (12) 2010 6 3 3 9 (3) 1,5 (6) 0 (0) 0 (0) 1 (5) 0,17 (6)

ijCSCL 103 44 59 1800 (12) 17,48 (103)

0 (0) 0 (0) 532 (22) 5,17 (103)

2006 19 12 7 691 (2) 36,37 (19) 0 (0) 0 (0) 183 (2) 9,63 (19)

2007 19 7 12 429 (1) 22,58 (19) 0 (0) 0 (0) 148 (0) 7,79 (19) 2008 25 4 21 440 (0) 17,6 (25) 0 (0) 0 (0) 150 (1) 6 (25)

2009 18 9 9 174 (3) 9,67 (18) 0 (0) 0 (0) 36 (6) 2 (18) 2010 22 12 10 66 (6) 3 (22) 0 (0) 0 (0) 15 (13) 0,68 (22)

1 Número de artigos sem citações em cada base de dados analisada.

2 Total de artigos contemplados para o cálculo da média de citações.

Page 113: Caracterização do estado da arte de CSCW

95

Este trabalho de análise inclui uma compilação efectiva de publicações de reconhecido

mérito científico, a partir da qual foi classificada uma parcela de 36,55% do total de artigos que

foi catalogado. Neste sentido, as estatísticas são fornecidas inicialmente sob um plano que visa

uma análise comparativa à envolvente ‘bibliométrica’ de CSCW entre 2003 e 2010. Em termos

de estrutura, o ‘eixo vertical’ é composto pelas seguintes variáveis: i) nome da conferência ou

revista e a sua dimensão temporal, ii) número total de artigos catalogados, iii) artigos de CSCW

ou groupware, mediante o ‘padrão’ de classificação usado por Grudin (1994) e apresentado no

capítulo anterior, iv) total de citações nas bases de dados Google Scholar, ACM Digital Library e

WoS, v) média de citações calculada através da fórmula (

),

vi) total de artigos sem citações nas respectivas bases de dados e vii) número de artigos que se

consideram em cada linha do ‘eixo horizontal’.

As principais dificuldades verificadas em ‘bibliometria’ reportam-se às diferenças entre

os nomes dos autores, títulos de artigos e erros de digitação, levando por vezes à duplicação. A

par destas questões, são também observados erros a nível de dados incompletos, como o caso

das ‘auto-citações’ que podem alterar o significado dos dados de citação, a contemplação dos

artigos curtos (short papers na nomenclatura anglo-saxónica), que não apresentam referências

mensuráveis e que por vezes são tratados da mesma forma que os artigos longos (full papers).

As razões que levam outros autores a citar um artigo podem derivar de vários factores, como a

pertinência do tema para o tópico que se deseja abordar, qualidade do trabalho e proximidade

dos membros de uma comunidade científica (Jacovi et al., 2006), entre inúmeros factores que

podem descurar uma corrente de trabalho específica pelo seu desconhecimento parcial ou por

questões de falta de identificação com o trabalho realizado.

Devido às limitações impostas pelas bases de dados usadas no processo de recolha de

informação, mais concretamente na obtenção do número de citações de cada artigo, optou-se

por uma comparação exclusiva às conferências/revistas e respectivos anos que apresentam os

indicadores necessários para este exercício, descurando todos os valores nulos por omissão de

informação. De acordo com Convertino et al. (2006), a contribuição da investigação entre 1986

e 2002 foi principalmente focada na concepção de sistemas e arquitecturas, reforçando a ideia

desta análise na medida em que, num total de 1480 artigos catalogados, 1220 centram-se em

abordagens tecnológicas (taxonomias, sistemas e arquitecturas), mantendo uma tendência de

investigação mais voltada para o domínio tecnológico. O número total de 246 artigos de CSCW

reflecte a baixa quantidade de trabalhos científicos produzidos em torno de questões teóricas,

sendo os restantes 14 referentes a artigos sem indicadores claros de avaliação. Verifica-se uma

variação mais acentuada no número de artigos publicados anualmente no caso real da GROUP,

CSCW, CSCWD e, numa dimensão menos evidente, a revista IJCIS apresenta um número menor

de artigos nos últimos dois anos catalogados, o que pode traduzir as ‘políticas’ adoptadas pelas

comissões organizadoras ou a frequência de submissão apresentada pelos autores. A Figura 22

representa as variações verificadas com o cálculo da média de citações no Google Scholar num

universo analítico que considera todas as publicações catalogadas. Uma análise pormenorizada

de natureza ‘bibliométrica’ aos dados do Google Scholar permite apurar índices de citação com

valores acentuados no caso das conferências CSCW (2004) e ECSCW (2003) e da revista JCSCW

(2003 e 2005). Num plano oposto, encontram-se as conferências CSCWD e CRIWG com valores

mais reduzidos face às restantes publicações. Numa perspectiva anual, a JCSCW decresceu em

Page 114: Caracterização do estado da arte de CSCW

96

termos de citações no ano 2004, tendo assinalado um ligeiro aumento em 2005 e uma descida

até ao ano 2010, fruto da dimensão temporal que representa uma questão-chave neste tipo

de análise bibliométrica.

FIGURA 22. VARIAÇÕES NA MÉDIA DE CITAÇÕES DO GOOGLE SCHOLAR

Page 115: Caracterização do estado da arte de CSCW

97

A título de curiosidade, torna-se importante enfatizar que a JCSCW tem aumentado a

sua predominância em questões teóricas de CSCW em detrimento das tecnologias. No domínio

da ECSCW, verifica-se uma média de citações superior à GROUP e à JCSCW em 2003, mas o seu

trajecto apresenta uma grande quebra em 2005 e um decréscimo mais normalizado num nível

de publicação posterior, perdendo claramente o seu estatuto em 2009, num substrato com um

forte complemento nas questões tecnológicas (83,3%). A GROUP foi a conferência mais citada

nos anos 2005, 2007 e 2009, decrescendo de uma forma “regular” nos seus respectivos biénios

até ao ano 2010, onde passou a ser anual e numa dimensão onde ainda se podem tirar poucas

conclusões. De salientar que, embora esteja orientada a groupware, nos dois últimos anos tem

tido uma forte incumbência nas questões conceptuais de CSCW. A conferência CSCW mostra o

seu domínio nos anos 2004 e 2006, sendo ultrapassada apenas em 2008 pela revista ijCSCL. De

notar o seu impacto significativo como uma comunidade muito sólida e com uma tendência de

estabilidade acentuada, bem como a maior abrangência de questões técnicas face às teóricas.

Contudo, no ano 2010, as questões conceptuais de CSCW aproximaram-se das tecnológicas. As

citações na CSCWD são muito reduzidas em relação a todas as outras publicações. No entanto,

o decréscimo na média de citações nesta conferência é verificado mas pouco visível, contendo

todo o seu trabalho dedicado às questões tecnológicas. A CRIWG decresceu numa forma quase

despercebida entre 2006 e 2007, baixando com maior visibilidade em 2008. Embora apresente

índices de citação reduzidos, a sua abrangência encontra-se maioritariamente em questões de

âmbito tecnológico mas também apresenta níveis interessantes em termos teóricos em 2007 e

2008. A revista IJCIS apresenta um decréscimo de 2006 para 2007, mas cresce em 2008 e volta

a crescer em 2009, o que contraria as tendências anteriores. O seu foco de abrangência reside

em groupware e o seu número de artigos tem decrescido ligeiramente no tempo. Por último, a

ijCSCL apresenta valores muito idênticos relativamente à sua envolvência teórica e prática e os

seus índices de citação no Google Scholar apresentam valores muito elevados mas com ligeiros

decréscimos anualmente.

A escolha em cobrir estas publicações científicas teve a sua principal causa no facto de

que as suas respectivas comissões científicas, conselhos editoriais e todas as suas envolventes

no plano global, incluem os investigadores mais citados no domínio de CSCW, o que torna este

conjunto de publicações numa base de análise efectiva para avaliar as mutações do campo. As

métricas de análise de citações possibilitaram identificar um conjunto de artigos de relevância

e foram estudadas listas de referências específicas num período de tempo extenso, criando a

lista de conferências e revistas citadas e uma tabulação composta pelo número de citações de

cada publicação. Quando se utiliza este tipo de metodologia, é necessário ter em consideração

as questões relativas à selecção de artigos, ao período de tempo a analisar, e à necessidade de

normalização dos dados (Holsapple & Luo, 2003). Neste estudo, importa ainda salientar o facto

de algumas conferências ocorrerem de dois em dois anos, o que afecta a contagem de citações

e influencia os resultados gerais.

Dando continuidade à revisão ‘bibliométrica’ num espectro de análise mais restrito ao

que é possível comparar simultaneamente nos três índices de indexação (Figura 23), a citação

média no Google Scholar é muito superior face aos restantes índices em todos os anos que são

aqui considerados, o que demonstra uma maior abrangência e permite ter a percepção exacta

do que se passa a nível mundial, englobando não só citações em artigos científicos como o seu

reflexo em dissertações de mestrado, teses de doutoramento ou sítios Web dedicados. Nestas

Page 116: Caracterização do estado da arte de CSCW

98

amostras comparativas, é possível visualizar que a conferência ECSCW (2003) apresenta o nível

mais elevado de citações por artigo obtido a partir do portal ACM, seguida da ECSCW (2005) e,

num plano muito próximo, aparece a GROUP (2007) e a CSCW (2008). No caso da análise sobre

os dados do índice fornecido pelo WoS, verifica-se uma média de citações mais acentuada na

conferência CRIWG (2007) e na revista JCSCW (2009 e 2008, respectivamente). Ao analisar-se a

envolvente global dos dados obtidos neste estudo com maior pormenor, verifica-se que existe

um decréscimo na média de citações entre 2003 e 2005 no caso do Google Scholar, mas o ano

2006 apresenta um crescimento enorme mas volta a decrescer posteriormente até 2010. Com

a análise ao portal ACM, verifica-se um aumento nas citações de 2003 para 2004, revelando os

índices mais elevados, decrescendo em 2005 de forma natural até ao ano 2010. Na análise aos

índices de citação do WoS, a média de citação nos primeiros dois anos é muito reduzida face às

elevações acentuadas assinaladas entre 2006 e 2009. Como já foi indicado anteriormente, são

várias as conferências e revistas para as quais não foi possível aceder aos dados no WoS e ACM

Digital Library, levando à opção por uma análise mais centrada no Google Scholar.

FIGURA 23. ANÁLISE GLOBAL AOS DADOS COMPARÁVEIS NOS TRÊS ÍNDICES DE CITAÇÃO

Page 117: Caracterização do estado da arte de CSCW

99

A percentagem de artigos sem qualquer citação nos três índices é um indicador que se

pode analisar pormenorizadamente. Em 2003, não existem artigos sem citações no portal ACM

e Google Scholar, sendo apenas de 4 artigos no WoS. Em 2004, verifica-se um valor de quatro

artigos sem citações no portal ACM e nenhum artigo nos restantes índices. Em 2005, constata-

se um total de 16,67% de artigos Google Scholar sem citações, 10,67% no portal ACM e 32,67%

no WoS. O ano 2006 mostra uma grande diminuição no universo analítico e isso reflecte-se em

números, 6,2% dos artigos Google Scholar, 1,55% no portal ACM e 10,85% no WoS não tiveram

citações. Em 2007, aproximadamente 31% dos artigos Google Scholar, 7,59% do portal ACM e

62,34% no WoS não tiveram qualquer citação. Os valores inverteram-se em 2008 para 10,2%

no Google Scholar, 29,93% no portal ACM e 48,98% no WoS, o que faz sentido pela questão da

dimensão temporal ainda muito reduzida. Em 2009, observa-se um número total de 42,2% dos

artigos Google Scholar, 72,37% no portal ACM e 91,23% na base de dados WoS sem citações. O

ano 2010, em grande parte devido à dimensão temporal ser muito recente, apresenta imensos

artigos sem qualquer citação. Contudo, a conferência CSCW apresenta uma ‘média de citações’

no Google Scholar de aproximadamente seis citações por artigo. Esta sequência representa um

grande número de artigos ACM sem citações nos últimos anos e os anos 2003, 2004 e 2006 são

um exemplo de uma produção científica positiva. No entanto, os resultados são influenciados

pelas questões temporais e pelo reduzido número de artigos indexados no portal ACM e WoS.

Transitando de uma rota ‘bibliométrica’ para uma análise centrada em dez autores de

CSCW identificados segundo o seu h-index e numa pesquisa paralela no Google Scholar por um

conjunto de artigos com um grande número de citações na área, foram recolhidas informações

sobre os locais de publicação destes autores na última década (2000-2010). A selecção foi feita

segundo os resultados apresentados pelo programa PoP para o termo de pesquisa ‘computer-

supported cooperative work’, filtrando por citações e tendo em consideração a regularidade da

produção científica dos autores na área de CSCW, sendo retirado desta análise um conjunto de

artigos que já haviam sido catalogados para o estudo ‘bibliométrico’. A Figura 24 demonstra

esta análise de forma gráfica, onde o comprimento das barras simboliza o número de artigos e

as faixas coloridas traduzem o número de artigos de cada autor por publicação. Neste sentido,

é importante enfatizar que a conferência CHI representa o local de publicação preferencial dos

autores analisados perante esta amostra, seguida da revista JCSCW e da conferência GROUP. A

nível individual, verifica-se uma preferência do autor Paul Dourish pela CHI e a revista Personal

and Ubiquitous Computing, do autor Carl Gutwin pela conferência CHI, do autor Gerry Stahl na

conferência denominada CSCL (International Conference on Computer-Supported Collaborative

Learning) e do autor Steven Poltrock na GROUP. Numa segunda linha de publicações de maior

preferência pelos autores, encontra-se a conferência CSCL, as revistas Personal and Ubiquitous

Computing e TOCHI (ACM Transactions on Computer-Human Interaction). Numa perspectiva

menos imponente, aparecem conferências como a COOP, CSCW, CRIWG, ECSCW, entre outras

que, embora não tenham apresentado elevados índices de preferência nos autores estudados,

merecem referência pelo simples facto de representarem oportunidades de publicação para os

novos investigadores, bem como para todos os outros que procuram alternativas consistentes

às que normalmente estão envolvidos. Este alargamento do espectro de publicação a revistas

como a CoDesign, IEEE Annals of the History of Computing ou European Journal of Information

Systems, permite aumentar as oportunidades de partilha de conhecimento a nível científico.

Page 118: Caracterização do estado da arte de CSCW

100

FIGURA 24. LOCAIS DE PUBLICAÇÃO DE AUTORES DE REFERÊNCIA EM CSCW (2000-2010)

No que se refere ao estudo de caracterização geral do campo de CSCW, este encontra-

se ainda num estado embrionário, embora possibilite uma primeira análise factual. Em termos

genéricos, a aquição dos dados foi feita unicamente no Google Scholar tendo em consideração

a lista de publicações (livros e artigos científicos) de CSCW desde 1945 até 2010, aproveitando

a ‘taxonomia’ de classificação utilizada na bibliografia anotada de Greenberg (1991) com certas

implementações necessárias para caracterizar os segmentos que foram introduzidos depois do

ano 1991. Neste sentido, a Figura 25 representa uma visão global dos ‘tópicos’ apresentados e

discutidos na bibliografia supra-citada e nas restantes publicações que foram introduzidas para

este estudo em concreto, reflectindo uma visão transversal de CSCW entre 1945 e 2010. Numa

perspectiva de análise complementar, foi identificado o ‘Top 5’ dos artigos com maior número

de citações possíveis de analisar no WoS (Apêndice 2) entre 2003 e 2010.

Page 119: Caracterização do estado da arte de CSCW

101

FIGURA 25. RESULTADOS EMBRIONÁRIOS DA ANÁLISE AOS TÓPICOS GLOBAIS DE CSCW (1945-2010)

Page 120: Caracterização do estado da arte de CSCW

102

Como já foi referido anteriormente, o critério usado para definir os tópicos baseou-se

no esquema de classificação de Greenberg (1991), considerando-o como referência até ao ano

de 1991. No entanto, os anos que se sucedem à data do artigo envolvem um vasto conjunto de

nomenclaturas associadas aos avanços tecnológicos relacionados, de certa forma, com o CSCW

e groupware. A Tabela 17 apresenta um conjunto de categorias usadas para a classificação dos

tópicos gerais encontrados nas publicações analisadas entre 1945 e 2010. O número de artigos

considerado em cada intervalo temporal apresenta valores diferentes, num total de apenas 17

artigos entre os anos de 1945 e 1983 (pré-CSCW), 249 artigos de 1984 a 1993 (primeira década

de existência do campo de CSCW), 438 artigos entre 1994-2003 (crescimento da WWW), e 623

artigos entre 2004-2010 (desenvolvimento das plataformas colaborativas na Web Social). Com

este estudo, ainda embrionário, é possível traçar um plano genérico do campo desde as raízes,

envolvendo alguns artigos que haviam sido catalogados no primeiro subdomínio, bem como as

outras temáticas que não estão totalmente relacionadas com o CSCW mas cujos resultados da

pesquisa no Google Scholar, por termos associados, representa a sua relevância. O conjunto de

publicações considerado até 1991 foi igualmente baseado na análise efectuada por Greenberg

(1991), sendo complementado com alguns artigos obtidos nesta pesquisa.

TABELA 17. TÓPICOS USADOS PARA A CLASSIFICAÇÃO DE ARTIGOS ENTRE 1945-2010 (ADAPTADO DE GREENBERG, 1991)

TIPOLOGIA SIGNIFICADO

Conferência assíncrona Reuniões em instantes diferentes.

Automação de Escritório Conjunto de ferramentas inseridas sob a insígnia de OA.

GDSS Sistemas de suporte à decisão em grupo.

HCI Artigos específicos sobre a área de HCI.

Hipertexto Texto em formato digital, ao qual se agregam outros tipos de informação.

SI Artigos genéricos sobre Sistemas de Informação.

Videoconferência Tecnologia que permite o contacto visual e sonoro entre pessoas que se encontram em espaços diferentes.

Agentes Inteligentes Entidades computacionais que funcionam de uma forma contínua e autónoma num ambiente restrito.

CAD Desenho assistido por computador.

Calendários de grupo Funcionam no agendamento de tarefas em simultâneo.

Computação em Nuvem Refere-se à utilização da memória e das capacidades de armazenamento e cálculo de computadores e servidores partilhados e interligados através da Internet.

Calendarização de reuniões Calendários específicos para o agendamento de reuniões.

CMC Artigos genéricos sobre CMC.

Comunidades Virtuais Comunidades que estabelecem relações específicas num espaço virtual com meios de comunicação à distância.

CSCL Artigos genéricos sobre a subárea de CSCL.

CSCW Móvel Artigos relativos ao suporte móvel ao trabalho.

Editores multi-utilizador Espaços de edição síncrona para múltiplos utilizadores.

E-mail Aplicação do correio electrónico em vários contextos.

CRM Sistemas centrados na relação com o cliente.

Enterprise Artigos genéricos relativos à envolvente organizacional.

Espaços de informação partilhada Repositórios com informação partilhada.

Espaços Multimédia Múltiplos tipos de média (ex.: gráficos, voz, vídeo, texto).

Gestão de projectos Ferramentas centradas no planeamento de projectos de forma contínua.

Gestão do conhecimento Fundamentos relacionados com a teoria organizacional e gestão estratégica.

Healthcare Estudos sobre telemedicina.

Inteligência Artificial Uma área centrada nos métodos e dispositivos com uma capacidade de simular a capacidade racional de resolver problemas de forma inteligente.

Page 121: Caracterização do estado da arte de CSCW

103

Monitor público Monitores de exibição pública (por exemplo, os que estão colocados nas salas de espera dos hospitais).

Mundos virtuais Espaços virtuais 2D ou 3D que simulam actividades.

Salas de reunião electrónicas Espaços concebidos para o suporte a reuniões através da utilização de dispositivos electrónicos.

Sistemas de conferência com editores colaborativos Permitem a visualização e edição síncrona de conteúdo.

Sistemas de conferência com vista partilhada Possibilitam visualizar todos os participantes num espaço dedicado.

Sistemas de mensagens estruturadas Comunicação textual com algum texto livre.

Tagging Sistemas de marcação social.

Superfícies partilhadas Mesas ou outro tipo de superfícies para a manipulação de objectos em tempo real.

TIC Artigos genéricos sobre TIC.

Workflow Sistemas para acompanhar o fluxo de trabalho.

WWW Artigos genéricos sobre as capacidades da Internet.

Awareness Percepção do estado do trabalho desenvolvido.

Bases de dados Estudos sobre o armazenamento de dados.

Computação Ubíqua Artigos sobre a invisibilidade dos dispositivos embutidos no espaço físico.

Desenvolvimento de software Concepção e desenvolvimento de groupware, incluindo o processo de design e toolkits.

E-Commerce Comércio com suporte electrónico.

ERP Sistemas integrados de gestão empresarial.

Etnografia Estudo empírico de questões sociais para determinar os possíveis efeitos da tecnologia.

Filtragem colaborativa Onde os utilizadores indicam, através de avaliações, o quanto gostam de determinados itens.

Instant Messaging Comunicação textual em tempo real.

Quadros de avisos Permite deixar mensagens de carácter público.

Realidade virtual Recria a sensação de realidade para o utilizador.

RFID Identificação por radiofrequência.

Recuperação de desastres Sistemas de suporte a situações de emergência.

Rádio Permite comunicar por intermédio de informações pré-codificadas num sinal electromagnético que se propaga através do espaço.

Realidade aumentada Integração de informações virtuais para visualizações do mundo real.

Roomware Consiste em diversos elementos para complementar uma sala de reuniões através da integração das TIC.

Sistemas distribuídos Estudos genéricos sobre a origem e evolução de sistemas de processamento distribuído.

Sistemas de recomendação Artigos genéricos sobre o suporte à recomendação.

Trabalho de articulação Artigos de CSCW sobre a articulação de tarefas.

Wikis Colecção de diversas páginas interligadas que podem ser visitadas e editadas por qualquer pessoa.

Videojogos Artigos sobre jogos apresentados a nível científico.

Audioconferência Comunicação remota por voz.

Blogging Comentários ou notícias sobre um assunto em particular, podendo funcionar mais como diários online.

Bookmarking Método utilizado na Internet para organizar, armazenar, gerir e procurar itens online.

BPM Gestão dos processos de negócio.

Folksonomias Taxonomias criadas nas comunidades para identificar um tipo de informação específica.

Mashups Site personalizado ou aplicação Web que usa conteúdo de várias fontes para criar um novo serviço.

Num plano de análise aos resultados obtidos nesta primeira alusão ao estudo global da

área de CSCW, é possível verificar que entre 1945 e 1983 existiu uma diferença muito reduzida

entre os artigos de CSCW (7) e groupware (12), aumentando no período de 1984-1993 para os

Page 122: Caracterização do estado da arte de CSCW

104

123 em CSCW e 242 de groupware. No período seguinte verificaram-se 155 em CSCW e 291 de

groupware e no último período calcularam-se 182 em CSCW e 497 em groupware. Em termos

de tópicos, a CSCL é abordada de forma sólida no último período analisado, a par da ‘WWW’,

do CSCW Móvel, da telemedicina, dos editores multi-utilizador, das wikis, redes sociais e outro

tipo de comunidades virtuais, sistemas de tagging social, instant messaging, videojogos, bem

como as superfícies partilhadas. No primeiro período (1945-1983), correspondente à era ‘pré-

CSCW’, verifica-se uma envolvência sobra a OA, o hipertexto e a videoconferência e no período

de 1984-1993, nos anos iniciais do campo de CSCW, acentuam-se os tópicos de editores multi-

utilizador, videoconferência, correio electrónico, salas de reunião electrónicas, hipertexto e os

sistemas GDSS. No período seguinte (1994-2003), os tópicos mais abordados depois da CSCL e

‘WWW’ são o CSCW Móvel, os CVEs e as comunidades virtuais em geral, os SI, as TIC e a esfera

‘Enterprise’ direccionada aos modelos de negócio das organizações.

5.3 CLASSIFICAÇÃO DE PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS DE GROUPWARE

No que concerne à classificação de artigos que foram identificados como groupware, a

amostra contemplou um total de 541 artigos, optando-se por uma análise bianual por mostrar

a relação entre os atributos de uma forma agregada face às limitações temporais impostas. Na

forma de visualização gráfica, são apresentadas as principais características das ‘tecnologias de

colaboração’ conglobadas em artigos de conferência. O universo temporal do estudo congloba

o intervalo 2003-2010, embora no ano 2010 esteja apenas representada a conferêcia GROUP.

O estudo comparativo é caracterizado por quatro referenciais de análise segmentados

por biénios (numa análise temporal) e por conferência (na vertente de análise específica sobre

cada publicação). Para o efeito, foram utilizadas as ‘categorias taxonómicas’ para as aplicações

de groupware propostas por Mittleman et al. (2008) num período de tempo comum, definindo

o tipo de funcionalidade fornecida por cada tecnologia e a sua tipologia ao nível do domínio de

aplicação. Na fase de operacionalização dos conceitos, foram definidos os atributos funcionais

estabelecendo a sua ocorrência mediante as funcionalidades verificadas com a leitura de cada

artigo, através de resumo, introdução de ‘palavras-chave’ e leitura na íntegra. Não obstante, as

limitações verificadas ao nível da flexibilidade da taxonomia e a adequação a tipos específicos

de colaboração constituem uma necessidade de criar um modelo formal que contenha um tipo

de granularidade suficientemente abrangente ao espectro de CSCW. A análise de propriedades

de CSCW e groupware pode transitar para o aumento do número de referências consideradas

com o processo de recolha bibliográfica, especificando o nível de granularidade pretendido.

Na Figura 26 encontram-se representados graficamente os resultados alcançados com

o estudo dos atributos funcionais de groupware apresentados na literatura, sendo organizados

por biénio e baseados no esquema de comparação para sistemas de groupware (Mittleman et

al., 2008). A linha azul refere-se ao biénio 2003-2004, conglobando as conferências GROUP e

CSCW. Na linha vermelha pode analisar-se um fragmento das conferências GROUP, CSCW, tal

como a ECSCW e a CRIWG incluídas no biénio 2005-2006. A linha verde torna-se uma métrica

importante com dados comparáveis entre 2007 e 2008 em todas as conferências analisadas. O

biénio 2009-2010 é composto unicamente pela conferência GROUP. O eixo horizontal mostra a

percentagem estimada de ocorrência de uma determinada característica perante o cálculo da

quantidade de artigos da amostra que abordam esses atributos de groupware. A percentagem

Page 123: Caracterização do estado da arte de CSCW

105

é calculada através da soma de características específicas a dividir pelo número total de artigos

considerados em cada biénio.

FIGURA 26. ANÁLISE BIANUAL DOS ATRIBUTOS FUNCIONAIS DE GROUPWARE

Se analisarmos estes dados de forma probabilística, pode referir-se o ano 2003 como o

segundo indicador com a maior diferença entre artigos dedicados a tecnologia de groupware e

Page 124: Caracterização do estado da arte de CSCW

106

trabalhos de investigação em CSCW. Este resultado pode reflectir o desenvolvimento de alguns

avanços nucleares nas redes móveis e em CVEs, onde se pode mencionar o surgimento oficial

do SECOND LIFE pela Linden Lab (Bainbridge, 2007). Em 2004, assistiu-se a um decréscimo de

aproximadamente 2,3% nos artigos de groupware, simbolizando ainda uma fase de transição a

nível tecnológico.

O ano de 2005 assume um papel fundamental para as redes sociais e esse facto pode

explicar o aumento exponencial de artigos dedicados a groupware. Sob a insígnia da ‘Web 2.0’

(Gruber, 2008), assistiu-se ao desenvolvimento do FACEBOOK, FLICKR, wikis, das folksonomias e

sistemas de tagging social, assumindo-se como o grande ano das redes sociais na comunidade

científica e podendo ser impulsionado pelos avanços técnicos anteriores. Os anos 2006, 2008 e

2010 apresentam enormes quedas no domínio de groupware, contrastando com os artigos de

investigação dedicados a CSCW. Em oposição, 2007 é um ano de algumas implementações de

ferramentas colaborativas como a DROPBOX e o GOOGLE DOCS, apresentando enormes avanços

nas questões de armazenamento na ‘nuvem’ e ‘percepção do espaço de trabalho’. O ano 2009

assinalou o desenvolvimento do projecto GOOGLE WAVE que, mais recentemente, perdeu a sua

consistência. Embora o ano 2010 não apresente dados muito concretos, é possível observar as

transformações que o campo de CSCW poderá apresentar ao nível de uma possível tendência

para questões mais teóricas, eliminando o grande ‘fosso’ existente entre as duas abordagens.

Ao analisar-se detalhadamente os dados obtidos com a classificação de ferramentas de

groupware inseridas no universo científico estudado, é possível obter uma visão concreta com

as principais mutações ocorridas. No domínio da funcionalidade principal, a partilha de texto é

a característica com valores mais acentuados em todos os biénios, com especial incidência em

2005-2006. A partilha de texto em conjunto com as características de conferência áudio/vídeo,

também consideradas de forma singular demonstra uma diminuição significativa dos primeiros

biénios até ao terceiro, subindo posteriormente no biénio 2009-2010 e a partilha de texto com

hiperligações incorporadas representa um crescimento com maior expressão no último biénio.

Pode argumentar-se que a necessidade dos programadores de groupware se encontra

na comunicação textual, as hiperligações têm uma grande expansão e a conferência diminui de

forma expansiva mas apresenta indicadores de mudança no último biénio. Se cruzarmos os

valores respeitantes ao tipo de informação, torna-se possível indicar a hipermédia como o tipo

mais utilizado embora apresente um ligeiro decréscimo, sendo seguido pelo texto. O conteúdo

gráfico é incomum mas apresenta indicadores mais elevados nos dois últimos biénios e o fluxo

de dados aumentou no terceiro biénio mas decresceu nos últimos dois anos com a expansão

deste tipo de funcionalidades fornecidas pela WWW. As hiperligações apresentam valores com

maior visibilidade apenas no último biénio.

No que se refere concretamente ao domínio de tipo de relacionamento, a colecção é a

mais importante implementação feita por programadores de ferramentas groupware, seguida

pela árvore e a lista. O ‘gráfico’ é uma relação incomum no primeiro biénio, mas denota sinais

de crescimento regulares. Esta informação pode reforçar a noção de uma falta de estruturação

em determinadas componentes das aplicações. No que diz respeito às acções suportadas pelos

sistemas de groupware, a adição de conteúdo é substancialmente elevada, decaindo de forma

regular até 2007-2008 mas voltando a assumir sinais de retoma. Receber é a segunda função

Page 125: Caracterização do estado da arte de CSCW

107

mais visível mas é ultrapassada no último biénio pela capacidade de comentar. A tendência de

associar conteúdo pode traduzir-se no terceiro biénio, embora no último possúa valores muito

reduzidos.

Seguem-se as funcionalidades para apagar e mover com valores similares, a edição de

conteúdo tende a ser das mais incomuns nos últimos anos e os comentários mantêm-se numa

linha regular em todos os biénios. Quando se transita para a sincronização, podem verificar-se

os níveis mais elevados nas aplicações síncronas, seguindo-se a ‘fusão’ do síncrono/assíncrono

nos biénios 2003-2004 e 2007-2008 e apenas assíncrono nos restantes. Embora as ferramentas

de groupware tenham uma forte característica de identificação dos utilizadores que executam

as acções, as ferramentas onde o utilizador age anonimamente e onde pode escolher entre ser

anónimo ou identificado, apresentam sinais de crescimento assinaláveis. A variável de controlo

de acesso apresenta o seu domínio na preocupação pelas questões de autenticação. Com esta

métrica, a segurança pode ser melhorada e os utilizadores podem confiar mais nos sistemas de

suporte à colaboração.

Na funcionalidade persistência da sessão, verifica-se um domínio do carácter limitado,

mas a possibilidade de uma sessão ser efémera/permanente e de ser totalmente ilimitada tem

uma grande expressão no último biénio, onde a função de temporalidade permanente tende a

diminuir e esta noção dá uma ideia de mais liberdade diante das limitações temporais. Com os

mecanismos de alerta a assumirem valores importantes nesta análise, é possível assumir que

os programadores de groupware estão principalmente centrados na aplicação de mecanismos

desta natureza em detrimento de sistemas sem atributos de notificação. No domínio concreto

dos indicadores de percepção, verifica-se pouca diferença entre as ferramentas que possuem e

fazem uso deste tipo de funcionalidade, embora no primeiro e no último biénio tenha sido um

atributo preferencial segundo os resultados obtidos.

Num plano de análise diferente, a Figura 27 representa os atributos funcionais destes

sistemas classificados na literatura numa perspectiva específica de cada conferência, onde são

extraídas conclusões gerais como a presença de partilha de texto em quase todas as aplicações

apresentadas na CRIWG, a sua respectiva ausência de mecanismos de percepção ou mesmo as

suas implementações centradas na identificação dos utilizadores. No caso da ECSCW, visualiza-

se um interesse pelos mecanismos de percepção e alerta, controlos de acesso e identificação e

um complemento de conferência voz/vídeo à partilha de texto, e a CSCW anuncia uma menor

preocupação pela ‘percepção’ mas faz uso dos mecanismos de notificação e sessões limitadas.

A GROUP, por sua vez, demonstra uma maior incidência sobre as questões de partilha

de texto/ligações face às restantes conferências, algum enfoque em aplicações assíncronas, e

uma das principais conferências a apresentar aplicações dotadas de mecanismos de percepção

para situar os participantes da ‘situação actual’ do trabalho em execução, o que se tornou num

objectivo a curto prazo para a maioria das ferramentas desta natureza. Estes dados permitem

trazer um nível de granularidade específico sobre o tipo de aplicação que, inconscientemente,

foi mais abordado nas conferências analisadas. Com os resultados apresentados graficamente,

é possível obter uma perspectiva global do trabalho desenvolvido desde o biénio 2003-2004,

com o intuito de traçar possíveis linhas de trabalho futuro, uma vez que estes dados ainda não

cobrem a totalidade das publicações de CSCW identificadas.

Page 126: Caracterização do estado da arte de CSCW

108

FIGURA 27. CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DE GROUPWARE POR CONFERÊNCIA

A segunda parte da classificação de artigos refere-se ao esquema de classificação para

tecnologias de suporte à colaboração (Mittleman et al., 2008). Num plano geral, é possível ver

uma forte apetência pelas ferramentas de dinâmicas de grupo, embora apresente variações no

seu percurso, um crescimento regular da videoconferência, dos motores de procura e sistemas

de tagging social e um decréscimo na partilha de desktop/aplicação e audioconferência. O tipo

de sistema agregado apresentou o seu valor máximo no biénio 2005-2006, os repositórios com

ficheiros partilhados apresentarem um decréscimo até ao penúltimo biénio mas cresceram em

2009-2010, as ferramentas de distribuição seguiram o mesmo percurso, os editores com uma

Page 127: Caracterização do estado da arte de CSCW

109

componente de partilha mantêm-se estáveis, as ferramentas de conversação abordaram-se de

forma mais significativa nos dois primeiros biénios e as ferramentas de agregação tiveram uma

maior influência no biénio 2007-2008. A Figura 28 fornece uma representação gráfica de apoio

à análise sucinta efectuada anteriormente.

FIGURA 28. ANÁLISE BIANUAL DAS TIPOLOGIAS DE GROUPWARE

Seguindo a mesma linha processual de análise baseada no esquema de comparação de

atributos funcionais de groupware, a Figura 29 representa o foco de abrangência das tipologias

apresentadas anteriormente numa perspectiva individual por cada conferência classificada. Em

todas as conferências, a tipologia mais assinalada refere-se às dinâmicas de grupo. Transitando

para o caso concreto da CRIWG, o interesse encontra-se voltado para os sistemas agregados, a

agregação, os editores partilhados e a partilha de desktop/aplicação, respectivamente. No caso

da ECSCW, a sua abrangência encontra-se na partilha do espaço de trabalho, seguindo-se pelos

sistemas agregados e ferramentas de conversação, com níveis assinaláveis no domínio exacto

da videoconferência. A CSCW aposta claramente nas ferramentas de agregação, conversação e

Page 128: Caracterização do estado da arte de CSCW

110

editores partilhados a par da partilha de desktop/aplicação e a GROUP possui inúmeros artigos

repartidos pelos sistemas de conversação, agregação, marcação social, conversação, motores

de busca e edição partilhada.

FIGURA 29. TIPOLOGIAS DE GROUPWARE POR CONFERÊNCIA

Page 129: Caracterização do estado da arte de CSCW

111

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO

“If I have seen further it is by standing on the shoulders of giants.”

Isaac Newton

Neste capítulo faz-se uma análise crítica ao estudo de caracterização do estado da arte

do campo de CSCW e avalia-se o cumprimento dos objectivos propostos para esta dissertação.

As considerações finais apoiam-se na formulação de perspectivas sobre questões apresentadas

ao longo do trabalho desenvolvido. O capítulo culmina com a determinação de possíveis linhas

de trabalho futuro com base nas limitações existentes e em oportunidades de investigação.

Page 130: Caracterização do estado da arte de CSCW

112

A articulação das características de uma comunidade científica depende do compêndio

da sua própria história e contribuição. A caracterização global da área de CSCW congloba uma

classificação das contribuições anteriores e fornece dados novos para ajudar os investigadores

a catalisar o seu esforço de investigação, relacionar análises estruturadas, originar agendas de

investigação conscientes da história mas visando o futuro, e sustentar análises sistemáticas em

torno de tópicos específicos deste campo. É importante referir a natureza multidimensional do

CSCW numa evolução numérica, com várias perspectivas e aproximações evolutivas. Com esta

visão, podem ser inferidas algumas directrizes para a área de CSCW e, posteriormente, trazer-

se uma nova perspectiva sobre os principais atributos das ferramentas de groupware que são

introduzidas a partir da literatura. De uma forma genérica, o CSCW tem defendido um exame

crítico de pressupostos e princípios tecnológicos, promovendo algumas linhas promissoras em

teorias comportamentais para o desenvolvimento tecnológico, em áreas como os mecanismos

de ‘percepção’ e as dinâmicas de fluxo de trabalho aliadas às questões sociotécnicas.

Num espectro evolutivo, torna-se necessária uma reflexão transversal ao estado actual

do campo, na medida em que a sigla ‘CSCW’ perdeu alguma consistência (Grudin, 2010). Com

os resultados obtidos, pode sustentar-se uma nova era no desenvolvimento de groupware com

suporte à partilha de texto, ao conteúdo hipermédia (como combinação de todos os dados), às

relações dos participantes com objectos independentes, múltiplos tipos de acções suportadas,

independência temporal, controlo de acesso, e ‘percepção mútua’. Esta senda tecnológica traz

novas perspectivas face às primeiras tensões assinaladas, com especial incisão na conferência

voz/vídeo. Devido à quota de artigos de CSCW e groupware ser mutável, pode argumentar-se

a necessidade de desenvolvimento de ferramentas que apoiem o trabalho colaborativo de um

modo eficaz, tendo em conta todos os requisitos apresentados na óptica dos utilizadores.

Os estudos centrados na classificação de artigos científicos conglobam um conjunto de

métricas para a recolha de dados em repositórios científicos, a classificação de atributos com o

objectivo de trazer uma granularidade específica, a análise estatística ao número de citações, e

o estudo de possíveis tópicos de investigação relacionados com instituições, países ou autores.

A comunidade de CSCW poderá estar ciente dos dados apresentados neste estudo como base

de possíveis decisões sobre as estruturas sociais e tecnológicas a considerar em investigações

futuras para as quais é necessário um conhecimento prévio da literatura neste domínio.

No que diz respeito às técnicas adoptadas para a avaliação das variáveis, optou-se pelo

estudo de registos como a medida lógica para analisar conteúdo, tendo em conta a frequência

de ocorrência dos padrões associados às variáveis. Com este processo, foi possível clarificar os

objectivos de investigação, identificar tendências, registar e medir variáveis, extrair e organizar

dados estatísticos. Esta linha metodológica pode traçar um conjunto de resultados para análise

das ferramentas colaborativas sob diversas perspectivas.

Os resultados obtidos na análise bibliométrica à área de CSCW podem ser identificados

e organizados da seguinte forma:

A conferência CSCW representa o número mais elevado de citações por artigo

no ano 2004, segundo o Google Scholar, o que se pode traduzir num indicador

de produção científica com qualidade. De notar que este foi um ano em que se

introduziram redes sociais como o FLICKR e o FACEBOOK, trazendo um conjunto

Page 131: Caracterização do estado da arte de CSCW

113

de funcionalidades para facilitar a interacção social e dinamizar o fluxo laboral.

A par destes indicadores, torna-se premente enfatizar que a conferência CSCW

é também a que possui a média de citações mais acentuada e a que apresenta

o menor número de artigos sem citações, tornando-se uma das conferências a

considerar em investigação mais orientada às questões tecnológicas.

Dentro do universo de publicações catalogadas, a conferência CSCWD possui o

menor número de citações contabilizado nos índices do Google Scholar, WoS e

ACM Digital Library, apresentando igualmente o maior número de artigos sem

citações em todos os índices, focando-se excusivamente em groupware.

No que se refere à conferência ECSCW, esta apresentou valores extremamente

elevados em 2003 face ao ano 2005, onde diminuiu para menos de metade. Os

seus domínios de investigação têm-se centrado maioritariamente em questões

tecnológicas mas a conferência tem apresentado sinais de alguma presença de

estudos sociológicos para suportar o uso de sistemas colaborativos.

Em termos de crescimento anual no número de citações obtido com o Google

Scholar, as revistas IJCIS (2007-2009) e JCSCW (2004-2005) foram as únicas que

manifestaram tendências de oscilação, contrariando a noção de que o número

de citações é exclusivamente influenciado pela dimensão temporal.

A revista JCSCW foca-se maioritariamente no fenómeno social do trabalho em

grupo e apresenta o número de citações mais regular da amostra analisada no

Google Scholar.

A revista ijCSCL é a que apresenta o maior equilíbrio em termos de estudos em

CSCW e groupware.

Na análise comparativa ao WoS, a conferência CRIWG (no ano 2007) apresenta

a média de citações mais elevada, num período em que o número de artigos se

mostrou inferior face aos restantes anos, representando uma boa selecção. No

entanto, a análise ao WoS torna-se relativa, uma vez que este índice não cobre

todas as publicações consideradas neste estudo.

Os indicadores supramencionados podem dar uma visão geral sobre a produção que se

tem referenciado nestas publicações a nível científico. Contudo, não permitem analisar o fluxo

de citações de autores, filiações ou países em concreto, sendo uma possível linha de trabalho a

contemplar futuramente, uma vez que estes dados se encontram catalogados.

Com a análise efectuada ao conjunto de investigadores de CSCW na última década, foi

clara uma preferência de publicação nas conferências CHI, GROUP e CSCW, e na revista JCSCW.

Numa perspectiva individual, Paul Dourish publicou na revista Personal Ubiquitous Computing,

Kjeld Schmidt na conferência COOP, Robert Briggs na CRIWG, Jonathan Grudin na revista HICSS

(Hawaii International Conference on System Sciences), Saul Greenberg na revista TOCHI, Gerry

Stahl na conferência CSCL e também Tom Gross na SEAA (EUROMICRO Conference on Software

Engineering and Advanced Applications).

Transitando para uma evolução global do campo de CSCW, embora ainda num estado

de desenvolvimento embrionário, é possível observar que a era pré-CSCW (1945-1983) teve os

seus maiores focos de análise na implementação de hipertexto, aplicações de escritório sob a

insígnia de OA, videoconferência, HCI, SI, e GDSS. O nascimento do campo de CSCW em 1984 e

Page 132: Caracterização do estado da arte de CSCW

114

a sua primeira década de existência, ficaram marcadas por estudos mais focados na edição por

múltiplos utilizadores, videoconferência e outros tipos de sistemas de conferência, hipertexto,

e-mail e GDSS. Entre 1994 e 2003, foram abordados os serviços fornecidos pela WWW, as TIC

ganharam imensa força em termos científicos, começou a falar-se mais sobre mundos virtuais,

aprendizagem colaborativa e suporte móvel ao trabalho, bem como de comunidades virtuais e

SI de suporte organizacional. Neste período, a telemedicina ganhou também alguma projecção

e os sistemas de workflow tiveram o seu ponto alto segundo os dados obtidos com a contagem

de artigos. O último intervalo desta análise (2004-2010) permitiu observar uma tendência clara

de investigação sobre a CSCL, os serviços da denominada ‘Web 2.0’, a saúde, o CSCW Móvel, a

marcação ou ‘tagging’ social, as mensagens instantâneas, a HCI, e os editores multi-utilizador.

Num plano futuro, pretende-se construir um modelo formal de classificação para avaliar todos

os anos de publicação desde o pré-CSCW.

O grande ‘corpus’ desta dissertação incidiu na classificação de artigos apresentados na

literatura sobre groupware, entre 2003 e 2010, traçando um conjunto de características que se

podem complementar no desenvolvimento futuro de aplicações colaborativas. Neste contexto,

foram alcançados os seguintes resultados:

Na análise feita à funcionalidade principal fornecida por uma ferramenta desta

natureza, a partilha de texto assume predominância em todos os anos, com os

valores mais acentuados no biénio 2005-2006 e nos artigos da CRIWG e CSCW.

De salientar, que neste período surgiram serviços como o YOUTUBE, TWITTER e

WINDOWS LIVE SPACES, e a conferência CSCW apresentou o seu segundo valor

mais elevado de citações. No que diz respeito à partilha de texto e conferência

voz/vídeo utilizadas de forma agregada, verificou-se um decréscimo até ao ano

2008, indicando sinais de retoma no biénio 2009-2010. A conferência que mais

abordou esta dimensão foi a ECSCW, onde no ano 2009 teve uma média de 0,5

citações por artigo no WoS e 3,65 no Google Scholar. A introdução de ligações,

por sua vez, foi a funcionalidade menos abordada a nível científico. No entanto

apresenta uma tendência de evolução significativa, onde a GROUP representa-

se como um local de publicação preferencial para este tipo de aplicação.

Os tipos de dados utilizados na colaboração com recurso a groupware, podem-

se representar maioritariamente numa combinação entre texto, ligações, grafo

e fluxo de dados. Neste sentido, a hipermédia assume-se como o foco principal

de estudo com números idênticos em todos os biénios analisados e com maior

incidência na conferência CSCW. A utilização de blocos de informação textual

também possui alguma importância nos artigos analisados, principalmente nas

conferências ECSCW e CRIWG, respectivamente.

Ao nível das associações estabelecidas pelos utilizadores entre contribuições, a

colecção apresenta os valores mais elevados como um relacionamento entre o

grupo num conjunto de elementos independentes, denotando alguns sinais de

diminuição até 2008, mas com uma ligeira subida para o biénio 2009-2010, e a

conferência CSCW centrou-se mais no estudo desta característica. Nos anos de

maior impacto do relacionamento ‘colecção’, designadamente no biénio 2003-

2004, verificou-se o surgimento de aplicações como o Hi5, SECOND LIFE, SKYPE

e FACEBOOK, podendo confirmar este tipo de relacionamento.

Page 133: Caracterização do estado da arte de CSCW

115

Nas acções suportadas, a característica de contribuir com informação para um

grupo tem a sua presença na maioria das aplicações introduzidas no domínio

da literatura, com as conferências CSCW e ECSCW a estudarem esta função de

forma persistente. A capacidade de receber tem vindo a diminuir, a associação

de contribuições aumentou em 2007-2008, a edição é uma funcionalidade com

algumas oscilações, a capacidade de comentar aumentou em 2007 mas voltou

a descer em 2009, a eliminação de conteúdo tem vindo a diminuir numa forma

constante e a mobilidade entre contribuições segue a mesma tendência.

No que se refere ao sincronismo, as aplicações síncronas têm tido o maior foco

na literatura, com a conferência CSCW a explorar mais a vertente colaborativa

em tempo real. As aplicações assíncronas têm manifestado um crescimento de

grande ordem e os sitemas síncronos/assíncronos mantêm-se estáveis. Alguns

sistemas como o GOOGLE DOCS e FACEBOOK permitem a interacção em tempo

real de múltiplas formas.

A maioria das aplicações consideradas na amostra apresenta uma identificação

dos utilizadores na execução das suas acções, onde o biénio 2005-2006 teve os

níveis mais elevados em termos de artigos com esta característica incorporada.

Contudo, as tendências apontam para um crescimento do anonimato e a nível

da possibilidade dos participantes serem identificados com pseudónimos.

A configuração dos privilégios do utilizador relativamente à sua entrada numa

sessão e execução de acções suportadas, torna-se uma funcionalidade clara no

conjunto de aplicações analisadas. O biénio 2003-2004 foi o que apresentou os

valores mais acentuados, distribuídos por todas as conferências consideradas,

onde redes como FACEBOOK e LINKEDIN são exemplos com esta característica.

O tempo de duração da sessão num sistema de groupware é maioritariamente

limitado. No entanto, as tendências apontam para uma escolha do utilizador. A

conferência CSCW apresentou mais aplicações onde a contribuição permanece

no tempo, representando um ano de 2004 de excelente produção científica ao

nível do número de citações.

Os mecanismos de notificação apresentaram-se como uma condição essencial

em todos os biénios analisados, com especial destaque nas conferências CSCW

e GROUP. Contudo, esta característica tem estado menos presente conforme a

evolução das aplicações, demonstrando uma tendência de desaparecimento.

Os indicadores de percepção ainda não são uma condição dominante na maior

parte das aplicações de groupware, embora apresentem uma tendência para a

evolução. Neste sentido, perspectivam-se mais aplicações que permitam obter

um conhecimento da situação actual de pessoas que têm acesso a uma sessão.

A conferência ECSCW tem apresentado diversas abordagens neste domínio.

Numa perspectiva centrada nas tipologias de groupware abordadas na literatura entre

os anos 2003-2010, alcançaram-se os seguintes resultados:

A audioconferência apresenta valores muito reduzidos, com uma tendência de

desaparecimento para os próximos anos. A conferência CSCW foi a que mais se

centrou neste tipo de aplicação. Neste sentido, é possível argumentar que uma

Page 134: Caracterização do estado da arte de CSCW

116

ferramenta optimizada apenas para a transferência e recepção de sons tem as

suas limitações a nível futuro.

Os editores multi-utilizador orientados à produção conjunta de documentos e

outros tipos de suporte ao trabalho em grupo (ex.: folhas de cálculo e gráficos)

apresentam níveis regulares em todos os biénios, tendo maior importância no

ano de surgimento do GOOGLE DOCS.

As ferramentas de agregação apresentaram o seu nível mais elevado em 2007-

2008, onde as conferências CRIWG e CSCW contribuíram de forma activa.

No que concerne às ferramentas de conversação, optimizadas para auxiliar o

diálogo entre os membros de um grupo, mantêm oscilações entre alguns sinais

de crescimento e quedas acentuadas. O biénio 2005-2006 marcou este tipo de

aplicação, com especial incidência por parte da conferência CSCW.

As ferramentas de dinâmicas de grupo, voltadas para a criação, manutenção e

alteração dos padrões de colaboração entre múltiplas pessoas, apresentam os

níveis mais elevados de toda a amostra. Nas conferências CRIWG e ECSCW são

apresentados várias aplicações desta natureza.

As ferramentas de distribuição ou sindicalização, tiveram ligeiros decréscimos

até 2008, tendo mostrado sinais de crescimento no último biénio. Este tipo de

sistema notifica os utilizadores quando são acrescentadas novas contribuições.

Os motores de busca apresentam uma tendência clara de crescimento, sendo

maioritariamente abordados na conferência GROUP. Estes sistemas oferecem

meios para a procura e recuperação de objectos digitais a partir das bases de

dados, tendo em conta os critérios de pesquisa.

Contrariamente aos motores de busca, a partilha do ambiente de trabalho tem

vindo a diminuir continuamente, representando um tópico de interesse para a

conferência ECSCW.

Os repositórios de ficheiros partilhados tiveram um decréscimo acentuado até

ao ano 2008, tendo apresentado sinais de retoma no último biénio. A ECSCW e

a GROUP são as conferências mais centradas neste tipo de aplicação.

Os sistemas agregados, como tecnologias que combinam outras ferramentas e

as optimizam para suportar um tipo de tarefa específico, apresentaram sinais

de evolução na transição para o segundo biénio, mas têm vindo a diminuir nos

últimos anos. A CRIWG tem apresentado o maior número de aplicações neste

domínio específico.

Os sistemas de tagging social, acompanhando a evolução dos serviços da ‘Web

2.0’, demonstram sinais de crescimento e foram apresentados com uma maior

incidência na conferência GROUP.

A videoconferência tem tido um crescimento contínuo, estando representada

maioritariamente na ECSCW.

A formulação de entrevistas para obter a opinião de um conjunto específico de autores

com experiência de publicação no campo de CSCW, numa fase posterior de maturação deste

estudo bibliométrico, representa uma linha de trabalho futuro a curto prazo. Neste sentido, é

possível definir, de modo agregado, as directrizes que merecem destaque devido às limitações

identificadas nesta dissertação, estabelecendo-se da seguinte forma:

Page 135: Caracterização do estado da arte de CSCW

117

Entrevistas por videoconferência ou inquérito online aos autores de CSCW que

apresentam índices de qualidade assinaláveis na área em estudo para avaliar a

sua opinião pessoal sobre as questões aqui discutidas;

Ampliar o espectro de classificação de groupware a todas as publicações com o

intuito de traçar uma perspectiva global da última década;

Aumentar a granularidade da base de dados e espandi-la simultaneamente aos

domínios públicos da WWW através da construção de um repositório científico

dedicado exclusivamente à área de CSCW;

Construção de uma bibliografia anotada de CSCW entre 1992 e 2011, uma vez

que o último trabalho conhecido neste âmbito remonta a Greenberg (1991);

Criação de um modelo formal para a avaliação taxonómica e cienciométrica de

CSCW, tendo em conta a granularidade inadequada das taxonomias existentes.

Numa visão geral, têm sido investigadas múltiplas formas de cooperação em situações

de ‘lazer’ (Brown & Barkhuus, 2007), transitando o foco desde o local de trabalho às diferentes

configurações e contextos do quotidiano, englobando ambientes domésticos, jogos, fotografia,

turismo, museus e actuações, num conjunto infindável de actividades que podem fornecer um

contexto de interacção e diversas possibilidades de convergência (Crabtree et al., 2005). Desta

forma, é possível traçar uma rota de investigação para CSCW centrada na heterogeneidade das

dinâmicas sociais que transcendem o complexo laboral e se afirmam na envolvente ‘lúdica’. Os

resultados alcançados em CSCW podem fomentar a criação de tecnologias adaptativas a vários

contextos mediante as necessidades apresentadas, transpondo o ambiente de trabalho físico e

alcançando elevados graus de eficiência e eficácia, tendo sempre uma preocupação real sobre

as questões de acessibilidade e usabilidade, e visando uma maior integração social. Uma forte

possibilidade de convergência para sistemas colaborativos reside na Computação em Nuvem e

na capacidade dos sistemas operativos serem concebidos com o devido suporte à colaboração.

Page 136: Caracterização do estado da arte de CSCW

118

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APÊNDICE 1: COMPILAÇÃO DAS PROPRIEDADES TAXONÓMICAS DE CSCW

Neste apêndice, apresentam-se em pormenor as principais características encontradas

na literatura de CSCW no âmbito de classificação de sistemas tecnológicos de suporte a grupos

cooperativos e fluxos processuais verificados entre membros inseridos em configurações desta

natureza. As categorias de classificação são organizadas segundo o seu grau de semelhança em

termos taxonómicos, podendo sobrepor-se ‘espacialmente’ devido à sua composição informal.

Os principais critérios utilizados reportam-se ao nome do (s) autor (es) e data de publicação de

determinada taxonomia, propriedades constitutivas da composição de um grupo envolvido em

tarefas cooperativas com recurso à tecnologia, características tecnológicas extraídas da análise

bibliográfica às dimensões funcionais das ferramentas colaborativas, configuração temporal e

espacial das actividades de trabalho cooperativo com suporte informático e propriedades com

um carácter complementar às categorias anteriores.

Autor (es), ano Critérios de grupo Componentes técnicas Tempo/Espaço Outros

Carter et al., 1950 Actividades em grupo Discussão, colóquio,

construção intelectual, montagem mecânica,

coordenação motora, e raciocínio

Shaw, 1954 Complexidade da tarefa Simples, ou complexa

Bass et al., 1958 Dificuldade de uma tarefa Fácil, ou difícil

Hackman, 1968 Requisitos comportamentais das tarefas intelectuais de

redacção escrita Produção, discussão, e

resolução de problemas

O'Neill & Alexander, 1971

Requisitos comportamentais das

tarefas intelectuais Discussão, decisão, e

desempenho

Steiner, 1972 Tarefas unitárias em termos de combinação das contribuições dos

membros Unitário/divisível,

maximização/optimização, e processos prescritos/ permitidos (disjuntivo,

conjuntivo, aditivo)

Page 176: Caracterização do estado da arte de CSCW

Shaw, 1973 Continuação não exclusiva Dificuldade, multiplicidade

de soluções, interesse intrínseco, requisitos de

cooperação, familiaridade, e manipulação intelectual

Davis et al., 1976 Relações dos membros de um grupo e processos de desempenho de tarefas

Entre grupos cooperativos (intelectual/decisão),

grupos concorrentes ou com motivações mistas

(tarefas com duas pessoas e duas escolhas, troca e

negociação, ou formação de coalizões)

Poole, 1978 Dimensões das tarefas ao nível da unidade de

trabalho Dificuldade, variabilidade,

e interdependência

McGrath, 1984 Circunflexo das tarefas de grupo

Produzir (planeamento/ criatividade), seleccionar (intelectivo/tomada de

decisão), negociar (motivações distintas/ conflito cognitivo), e

executar (desempenho e domínio psicomotor/

competição)

Bui & Jarke, 1986 Grau de cooperação Cooperação, ou

negociação Centralização do controlo

Democrática, ou hierárquica

Distância temporal Mesmo tempo, ou tempos diferentes Distância espacial Local, ou remota

Jelassi & Beauclair, 1987

Sessão Síncrona, ou assíncrona

Configuração de proximidade dos

membros do grupo Próximo, ou disperso

Interacção Cara-a-cara, ou sem visualização directa

DeSanctis & Gallupe, 1987

Tipo de tarefa Planeamento, criatividade,

intelectual, preferência, conflito cognitivo, e

motivação divergente Tamanho do grupo Pequeno, ou grande

Proximidade entre os membros

Cara-a-cara, ou disperso

Daft et al., 1987 Canais de média Interacção cara-a-cara, modalidades de áudio e vídeo, e meios textuais

Riqueza dos meios Alta, ou baixa

Critérios Feedback, pistas

múltiplas, variedade de línguas, e foco

pessoal

Campbell, 1988 Combinações de atributos com pouca complexidade

Simples, decisão, comentário, problema, e

difusão

Johansen, 1988 Tempo Mesmo, ou diferente

Espaço Mesmo, ou diferente

Page 177: Caracterização do estado da arte de CSCW

Kraemer & King, 1988

Principais elementos de GDSS

Hardware, software, ‘organizationware’, e

pessoas Base tecnológica de GDSS

Salas de reunião electrónicas, instalações de teleconferência, rede

de grupo, centro de informação, conferência de decisão, e laboratório

de colaboração

Pinsonneault & Kraemer, 1989

Ambiente de um grupo Factores pessoais, factores situacionais, estrutura do

grupo, suporte tecnológico, e tarefa

Categorias de sistemas de suporte a grupos

Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo (GDSS),

e Sistemas de Suporte à Comunicação em Grupo

(GCSS)

Nunamaker et al., 1991

Tamanho do grupo 3 a 7, ou >7

Dispersão temporal Mesmo, ou diferente

Proximidade do grupo

Um grupo, diversos grupos, ou múltiplos

indivíduos

Kuutti, 1991 Função individual numa tarefa

Expansiva, activa, e passiva Área de suporte

Instrumentos, regras, divisão do trabalho,

‘pensamento’ sobre um assunto, e comunidade

Tipos de trabalho suportados

Automação de rotinas, acções pré-determinadas,

dados, controlo, fixo, separação ‘ocultando a

visibilidade’, ferramentas, significados e materiais

partilhados, coordenação, pesquisa de informação,

rede visível, automação ou criação de objectos,

negociação de funções, organização do trabalho,

compreensão, e criação de comunidades

Rodden & Blair, 1991

Formas de cooperação

Síncrono, assíncrono, ou misto

Natureza geográfica Co-localizado, co-

localizado virtualmente, remoto

localmente, ou remoto

Ellis et al., 1991 Modos de colaboração Comunicação,

coordenação, e colaboração

Funcionalidade do nível de aplicação

Sistemas de mensagens, editores multi-utilizador,

sistemas de suporte à decisão em grupo e salas de reunião electrónicas, conferência electrónica, agentes inteligentes, e

sistemas de coordenação

Page 178: Caracterização do estado da arte de CSCW

Johansen, 1992 Configuração temporal e espacial

Mesmo tempo/ mesmo espaço, mesmo tempo/

espaços diferentes, tempos diferentes/

espaços diferentes, e tempos diferentes/

mesmo espaço

Jarczyk et al., 1992 Principais classes de critérios

Funcional, técnico, aplicação, usabilidade, e

ergonomia e escalabilidade Meta-critérios

‘Ortogonalidade’, e escalabilidade

Teng & Ramamurthy, 1993

Suporte a processos de grupo

Sem apoio de processos, suporte comunicacional,

suporte à estruturação de processos, e apoio a

processos inteligentes

Suporte ao conteúdo do problema

Sem apoio de DSS, suporte convencional de DSS, DSS para a análise de decisões,

e DSS baseados em conhecimento

Mentzas, 1993 Objectivos Metas globais

Suporte à decisão Resolução de conflitos,

negociação, e modelação da decisão

Opções conflituantes no desenvolvimento de sistemas para grupos

Especificação e implementação de

coordenação, fases de trabalho síncronas e assíncronas, troca e

partilha de informação, suporte de processamento sequencial e simultâneo, suporte de negociação e resolução de conflitos, suporte de modelação

analítica, e descrição do ambiente organizacional

Características do modelo de coordenação formal Modelo de controlo, e

formas de representação Ambiente organizacional Arquitectura centralizada,

ou arquitectura de controlo descentralizada Tipo de processamento Modo de comunicação (síncrono/assíncrono) e

modo de fluxo de informação (troca ou

partilha de informação)

Grudin, 1994 Local Mesmo, diferente mas previsível, ou

diferente e imprevisível

Tempo Mesmo, diferente mas previsível, ou

diferente e imprevisível

Malone & Crowston, 1994

Processo de coordenação Gestão de recursos

partilhados (atribuição de tarefas e definição de

preferências), gestão de relações entre clientes e fornecedores, gestão da sincronização, gestão da relação tarefa/subtarefa

(decomposição de objectivos), tomada de

decisão em grupo, e comunicação

Page 179: Caracterização do estado da arte de CSCW

Dix, 1994 Entidades Pessoas, e artefactos de

trabalho Relações

Compreensão, comunicação directa, passagem directa, e controlo e feedback

Reinhard et al., 1994

Critérios de aplicação Cenários de aplicação de

tarefas

Critérios técnicos Suporte de hardware,

software, e rede Critérios funcionais

Interacção (implícita/explícita, e síncrona/assíncrona),

coordenação, distribuição, reacções específicas dos

utilizadores, visualização, e ocultação de dados

Ellis & Wainer, 1994 Decomposição funcional de groupware Comunicação,

coordenação, e produção

DeSanctis & Poole, 1994

Base de classificação Características estruturais, e ‘espírito’ da tecnologia

Propriedades técnicas Interface, funcionalidade,

e atributos holísticos

McGrath & Hollingshead, 1994

Tipo de tarefa Gerar ideias e planos, escolher a resposta

correcta (tarefas intelectuais), escolher a

resposta preferida (tarefas de avaliação), e negociar

conflitos de interesse Níveis de avaliação Aumentar a riqueza

potencial necessária para o sucesso da tarefa, e

aumentar o potencial de riqueza da informação

Tipos de avaliação Configuração (naturalística

ou controlada), e manipulação (rigorosa ou

mínima/inexistente) Media de GDSS

Sistemas computacionais, sistemas de áudio,

sistemas de vídeo, e comunicações cara-a-cara

Vickers, 1994 Extensão para a qual os utilizadores podem

controlar e/ou modificar o sistema

Fechada, fechada/aberta, aberta/fechada, ou aberta

Sauter et al., 1995 Suporte do sistema Comunicação,

coordenação, e cooperação

Classes de sistemas Sistemas de comunicação,

espaços de informação partilhada, gestão do fluxo de trabalho, e computação

colaborativa

Coleman, 1995 Categorias de groupware Correio e mensagens

electrónicas, calendários e agendas de grupo,

sistemas de reuniões electrónicas, conferência de dados em tempo real, conferência assíncrona,

tratamento de documentos em grupo,

workflow, utilitários colaborativos e sistemas de desenvolvimento de groupware, serviços de

groupware, aplicações de suporte a grupos de

trabalho, e aplicações colaborativas baseadas na

Internet

Page 180: Caracterização do estado da arte de CSCW

Nickerson, 1997 Tipo de aplicação colaborativa

Mensagens electrónicas, partilha de informação,

conferência de documentos, conferência de áudio, conferência de

vídeo, conferência electrónica, suporte a reuniões electrónicas,

calendários e agendas de grupo, e gestão do fluxo

de trabalho Dimensão modal

Documento, áudio, e visual

Dimensão temporal Síncrono, ou assíncrono

Dimensão espacial Próximo, ou distante

Rana et al., 1997 Componentes do sistema Suporte individual, suporte

a processos de grupo, suporte a meta-processos,

e suporte ao modelo de grupo

Grudin & Poltrock, 1997

Modos de colaboração Comunicação, partilha de

informação, e coordenação

Dix et al., 1998 Tempo Sincronizado

cooperativamente, mista, serial, e não

sincronizado Espaço

Co-localizado, ou remoto

Fjermestad & Hiltz, 1998

Tarefa Tipo, e complexidade

Grupo Tamanho do grupo,

composição do grupo, características dos

membros, liderança, e tipo de assunto

Tecnologia Suporte a tarefas,

ferramentas de suporte a tarefas, estrutura do processo, modo de

comunicação, e concepção

Kaliannan, 1999 Dinâmicas de grupo Nível do grupo, padrões de acesso, e disseminação de

informação Escala

Espacial, numérica, e organizacional

Borghoff & Schlichter, 2000

Modos de colaboração Comunicação,

coordenação, e cooperação

Ellis, 2000 Categorização de sistemas colaborativos

Keepers, coordenadores, comunicadores, e agentes

de equipa

Ferraris & Martel, 2000

Modelo de trevo Comunicação,

coordenação, produção, e regulação

Gutwin & Greenberg, 2000

Mecânicas de groupware Comunicação explícita,

consequencial, coordenação de acções,

planeamento, monitorização, assistência,

e protecção

Níveis de avaliação Eficácia, eficiência, e

satisfação

Wenger, 2001 Comunidades de prática Trabalho (espaços de

Page 181: Caracterização do estado da arte de CSCW

projecto), estrutura social (comunidades de

websites), conversação (grupos de discussão), interacções efémeras (síncronas), instrução

(espaços de aprendizagem electrónicos), troca de

conhecimento (acesso à especialidade),

documentos (bases de conhecimento), e

integração contínua de trabalho e conhecimento

(área de trabalho do ‘trabalhador de conhecimento’)

Bafoutsou & Mentzas, 2002

Categorias de ferramentas colaborativas

Tratamento de documentos e ficheiros em

contexto de grupo, conferência electrónica,

sistemas de reunião electrónicos, e espaço de

trabalho electrónicos Categorias ao nível da

aplicação Correio electrónico,

calendarização electrónica, workflow, suporte à

decisão em grupo, edição escrita colaborativa, e

ferramentas de aprendizagem

Serviços colaborativos Quadro de avisos, discussões, e-mail,

notificações de e-mail, páginas/mensagens online,

chat, quadro branco electrónico, conferência

áudio/vídeo, lista de tarefas, gestão de

contactos, partilha de ecrã,

inquéritos/sondagens, actas/registos de reuniões,

ferramentas de calendarização de

reuniões, capacidade de apresentação, gestão de

projectos, partilha de ficheiros e documentos,

gestão de documentos, e trabalho síncrono sobre ficheiros/documentos

Dimensão temporal Síncrono, e assíncrono

Dimensão espacial Co-localizado, e

remoto

Araujo et al., 2002 Dimensões para a avaliação de groupware

Contexto do grupo, usabilidade, colaboração,

e impacto cultural Acções possíveis

Alteração, e influência

Coleman, 2002 Classes de ferramentas Mensagens e

calendarização, gestão de projectos, gestão de

dados, acesso a dados neutros, acesso a dados

nativos, e revisão da

Page 182: Caracterização do estado da arte de CSCW

concepção em tempo-real Categorias funcionais

evoluídas Sistemas colaborativos de

gestão de conteúdo, gestão de capital

intelectual e conhecimento tácito,

ferramentas de colaboração em tempo-

real, ferramentas de equipas virtuais, gestão colaborativa de recursos

do cliente, portais e comunidades online, e

infra-estruturas de mensagens sem fios e

unificadas para a colaboração

Coleman, 2003 Níveis de colaboração Comunicação, interacção,

e colaboração

Tipos de dados Nível, objectos, documentos,

conversações, e tarefas

Bolstad & Endsley, 2003

Processos colaborativos Planeamento,

agendamento, localização de informação,

brainstorming, criação de documentos, recolha de dados, distribuição de

informação, e percepção da informação partilhada

Categoria da ferramenta Cara-a-cara, conferência vídeo, conferência áudio, telefone, rede de rádio, chat/instant messaging,

quadro branco electrónico, transferência de ficheiros,

partilha de programas/ aplicações, e-mail,

groupware, quadro de avisos, e ferramentas de

domínio específico Características das

ferramentas Gravável/delimitável,

identificável, e estruturado Tipos de informação Verbal, textual, vídeo,

emocional, fotográfico, e espacial/gráfico

Tempo Síncrono, assíncrono,

e sincronicidade média-alta

Previsibilidade Agendado, sem agendamento, e semi-agendado

Local Co-localizado, e

distribuído

Grau de interacção Baixo, moderado-baixo, moderado, médio-alto, e alto

Neale et al., 2004 Avaliação da percepção de uma actividade

Comunicação, cooperação, colaboração, coordenação,

partilha de informação, interacção leve, junção do

trabalho (fortemente reunido ou reunido de

forma espontânea), perda de processos distribuídos,

e factores contextuais

Weiseth et al., 2006 Funções de colaboração Coordenação, tomada de

decisão, e produção Coordenação

Planeamento, ajuste mútuo, e padronização

Tomada de decisão Escolha, avaliação e

análise, relatório, pesquisa, e inquérito Produção

Pesquisa e recuperação, correspondência, autoria,

publicação, e captura

Interface de colaboração Portais, dispositivos, e

espaço de trabalho físico Gestão de conteúdo e

integração de processos Integração de processos, gestão do ciclo de vida do

conteúdo, e gestão do modelo de conteúdo

Bernard et al., 2006 A Web conecta a informação

Motores de busca, portais

Dimensões de avaliação Grau de

Page 183: Caracterização do estado da arte de CSCW

de conteúdo, portais empresariais, bases de dados, servidores de

ficheiros, websites, pims, ‘push’, pub-sub, e partilha

de ficheiros p2p A metaweb conecta

inteligência Mentes empresariais,

mentes de grupo, lifelogs, weblogs semânticos, ‘o

cérebro global’, comunidades

descentralizadas, ‘a teia de relações’, mercados

inteligentes, e redes de conhecimento

A Web Semântica conecta conhecimento

Ontologias, taxonomias, redes semânticas, gestão de conhecimento, bases

de conhecimento, agentes inteligentes, assistentes pessoais, e inteligência

artificial O software social conecta

pessoas Groupware, e-mail, wikis,

mercados de leilões, conferência, weblogs, rss, portais de comunidades,

redes sociais, usenet, instant messaging, e

partilha de ficheiros p2p

conectividade social, e grau de conectividade da

informação (potencial de

partilha de informação)

Okada, 2007 Modelo de colaboração hierárquico

Colaboração, partilha, percepção, e coexistência

Colaboração Assertividade, e

cooperação Partilha

Ideia/opinião, conhecimento/informação,

e trabalho/operação Percepção Humanos,

espaço/atmosfera, e objectos

Coexistência Local/tempo

Penichet et al., 2007

Característica de CSCW Partilha de informação, comunicar, e coordenar

Categoria da ferramenta Fax, e-mail, sistema de voz

sobre ip, chat, gestão de documentos, notícias,

fórum, discussões, mecanismos de aprovação,

calendários de grupo, planificação partilhada,

fluxo de trabalho, gestão de eventos, agenda, co-

navegador, quadro branco electrónico partilhado,

sistemas de notificação, sistemas de apresentação, GDSS, BSCW, SharePoint,

sala de reuniões, e videoconferência

Tempo Síncrono, e assíncrono

Espaço Mesmo, e diferente

Koch, 2008 Conceitos nucleares Gestão de informação, identidade e gestão da rede, e comunicação

Page 184: Caracterização do estado da arte de CSCW

Classes de aplicações Wikis, redes sociais, instant messaging,

marcação social, editores de grupo, e weblogs

Mittleman et al., 2008

Atributos do esquema de comparação

Conteúdo, funcionalidade principal, parâmetros de acção (sincronicidade, e

identificabilidade), relacionamentos, acções suportadas, controlos de acesso, persistência da sessão, mecanismos de alerta, e indicadores de

percepção Esquema de classificação

para tecnologia de colaboração

Páginas de co-autoria (ferramentas de

conversação, editores partilhados, dinâmicas de grupo, e ferramentas de votação), tecnologias de

transferência contínua de dados (partilha da área de

trabalho/aplicação, audioconferência, e videoconferência),

ferramentas de acesso à informação (repositórios de ficheiros partilhados, sistemas de marcação

social, motores de busca, e sindicalização), e sistemas

agregados

Sincronicidade Síncrono, e assíncrono

Funcionalidade principal

Partilha de texto/hiperligações,

partilha de texto/conferência, e

partilha de texto Conteúdo

Texto, ligações, gráfico, fluxo de

dados, e hipermédia Relacionamentos

Colecção, lista, árvore, e gráfico Persistência da

sessão Identificado, e

anónimo Acções suportadas Adicionar, receber,

associar, editar, mover, eliminar, e

comentar

Albors et al., 2008 Contextos virtuais colaborativos

Autoridade/propriedade, difusão, aprendizagem, valores, colaboração,

acesso ao conhecimento, benefícios, propriedade intelectual, modelo de

inovação/negócio, e democratização

Modelos Social, académico, e

empresarial

Giraldo et al., 2009 Organização taxonómica de propostas

Contexto partilhado, área de visualização, divisão do trabalho, actividade, tipo

de tarefa, informação geográfica, pessoas

(unidade organizacional ou trabalhadores actores),

eventos, períodos de tempo, objecto, estratégia,

e regras

Quadro de Zachman

Perspectiva da tecnologia,

perspectiva do sistema, perspectiva

de negócio, informação, função,

rede, pessoas, tempo, e motivação

Penichet et al., 2009

Relacionamentos organizacionais

Relação estrutural, relação de diversão, relação de

agregação, relação colaborativa, e interacção

cooperativa Objectivos

Organização, grupo, e tarefa

Itens organizacionais Grupo, função,

actor, utilizador, e tarefa

Page 185: Caracterização do estado da arte de CSCW

APÊNDICE 2: LISTA DE PUBLICAÇÕES COM MAIOR NÚMERO DE CITAÇÕES

Este apêndice apresenta uma lista composta pelos artigos com mais citações segundo

o índice de ‘bibliometria’ do WoS, com o objectivo de fornecer as linhas de análise referentes à

qualidade do trabalho científico produzido nos últimos anos numa área de CSCW em constante

evolução e que necessita de uma regeneração contínua em termos de análise. A ordenação de

dados é feita segundo o número de citações em cada conferência ou revista analisada.

Autor (es), ano Título do artigo Número de citações (WoS)

Conferência/ Revista

Ano

Valeria Herskovic, José A. Pino, Sergio F. Ochoa,

Pedro Antunes

Evaluation Methods for Groupware Systems

10 CRIWG 2007

David A. Mejia, Alberto L. Morán, Jesus Favela

Supporting Informal Co-located Collaboration in Hospital Work

10 CRIWG 2007

Andrés Neyem, Sergio F. Ochoa, José A. Pino

Designing Mobile Shared Workspaces for Loosely Coupled Workgroups

10 CRIWG 2007

Andrés Neyem, Sergio F. Ochoa, José A. Pino

Supporting Mobile Collaboration with Service-Oriented Mobile Units

9 CRIWG 2006

Seiji Isotani, Riichiro Mizoguchi

Deployment of Ontologies for an Effective Design of Collaborative

Learning Scenarios

8 CRIWG 2007

Aniket Kittur, Robert E. Kraut

Harnessing the Wisdom of Crowds in Wikipedia: Quality through

Coordination

8 CSCW 2008

Joan DiMicco, David R. Millen, Werner Geyer,

Casey Dugan, Beth Brownholtz, Michael

Muller

Motivations for social networking at work

8 CSCW 2008

Eva Hornecker, Paul Marshall, Nick Sheep

Dalton, Yvonne Rogers

Collaboration and interference: Awareness with mice or touch input

7 CSCW 2008

Wai-Tat Fu The microstructures of social tagging: A rational model

5 CSCW 2008

Garrett Brown, Travis Howe, Micheal Ihbe, Atul

Prakash, Kevin Borders

Social networks and context-aware spam

5 CSCW 2008

Zhimin Yang, Wei Tang, Zengguang Zhang

P2P Cooperation based on Strong Migration in CSCW

6 CSCWD 2007

Hongyun Xiong, Surong Sun

A Distributed Collaborative Product Customization System Based on

Web3D

4 CSCWD 2007

Page 186: Caracterização do estado da arte de CSCW

Min-Jen Tsai, Chen-Sheng Wang, Po-Yu Yang, Chien-

Yu Yang

A Collaborated Computing System by Web Services Based P2P Architecture

4 CSCWD 2005

Nelson Baloian, Gustavo Zurita, Pedro Antunez,

Felipe Baytelman

A Flexible, Lightweight Middleware Supporting the Development of Distributed Applications across

Platforms

3 CSCWD 2007

Hui Li, Haiyang Wang, Lizhen Cui

Automatic Composition of Web Services Based on Rules and Meta-

Services

3 CSCWD 2007

Stacey D. Scott, Karen D. Grant, Regan L. Mandryk

System guidelines for co-located, collaborative work on a tabletop

display

6 ECSCW 2003

Federico Cabitza, Carla Simone

“…and do it the usual way”: Fostering Awareness of Work Conventions in Document-mediated Collaboration

5 ECSCW 2007

Victor M. González, Gloria Mark

Managing currents of work: Multi-tasking among multiple collaborations

5 ECSCW 2005

Daniel Wigdor, Ravin Balakrishnan

Empirical investigation into the effect of orientation on text readability in

tabletop displays

5 ECSCW 2005

Alex S. Taylor, Laurel Swan, Abigail Durrant

Designing Family Photo Displays 4 ECSCW 2007

Federico Cabitza, Marcello Sarini, Carla

Simone

Providing Awareness through Situated Process Maps: The Hospital Care Case

7 GROUP 2007

Dejin Zhao, Mary Beth Rosson

How and Why People Twitter: The Role that Micro-blogging Plays in Informal

Communication at Work

5 GROUP 2009

Georg Groh, Christian Ehmig

Recommendations in Taste Related Domains: Collaborative Filtering vs.

Social Filtering

5 GROUP 2007

Reid Priedhorsky, Jilin Chen, Shyong (Tony) K.

Lam, Katherine Panciera, Loren Terveen, John Riedl

Creating, Destroying, and Restoring Value in Wikipedia

5 GROUP 2007

Umer Farooq, John M. Carroll, Craig H. Ganoe

Supporting Creativity with Awareness in Distributed Collaboration

4 GROUP 2007

Michael P. Papazoglou, Paolo Traverso, Schahram Dustdar, Frank Leymann

Service-oriented Computing: A Research Roadmap

29 IJCIS 2008

Tibor Bosse, Catholijn M. Jonker, Lourens Van Der

Meij, Alexei Sharpanskykh, Jan Treur

Specification and Verification of Dynamics in Agent Models

20 IJCIS 2009

George Spanoudakis, Khaled Mahbub

Non-intrusive Monitoring of Service-based Systems

19 IJCIS 2006

Florian Gottschalk, Wil M. P. Van Der Aalst,

Monique H. Jansen-Vullers, Marcello La Rosa

Configurable Workflow Models 17 IJCIS 2008

Guido Governatori, Zoran Milosevic

A Formal Analysis of a Business Contract Language

15 IJCIS 2006

Daniel D. Suthers Technology affordances for intersubjective meaning making: A

research agenda for CSCL

43 ijCSCL 2006

Lars Kobbe, Armin Weinberger, Pierre

Dillenbourg, Andreas Harrer, Raija Hämäläinen,

Päivi Häkkinen, Frank Fischer

Specifying computer-supported collaboration scripts

29 ijCSCL 2007

Page 187: Caracterização do estado da arte de CSCW

Ulrike Cress, Joachim Kimmerle

A systemic and cognitive view on collaborative knowledge building with

wikis

20 ijCSCL 2008

Chris Jones, Lone Dirckinck Holmfeld, Berner Lindström

A Relational, Indirect, Meso-Level Approach to CSCL Design in the Next

Decade

18 ijCSCL 2006

Anne Meier, Hans Spada, Nikol Rummel

A rating scheme for assessing the quality of computer-supported

collaboration processes

16 ijCSCL 2007

Bridget Kane, Saturnino Luz

Achieving Diagnosis by Consensus 9 JCSCW 2009

Carsten S. Østerlund Documents in Place: Demarcating Places for Collaboration in Healthcare

Settings

6 JCSCW 2008

Alan Zemel, Timothy Koschmann, Curtis

LeBaron, Paul Feltovich

“What are We Missing?” Usability’s Indexical Ground

6 JCSCW 2008

Pernille Bjørn, Kjetil Rødje Triage Drift: A Workplace Study in a Pediatric Emergency Department

6 JCSCW 2008

Federico Cabitza, Carla Simone, Marcello Sarini

Leveraging Coordinative Conventions to Promote Collaboration Awareness

5 JCSCW 2009