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CARACTERIZAÇÃO DE COPOLÍMEROS POLI(ETILENO-CO-ACETATO DE VINILA) UTILIZADOS EM ARGAMASSAS
COLANTES
Alexandra A. P. Mansur1, Herman S. Mansur1*
1Depto. Engenharia Metalúrgica e Materiais da Universidade Federal de Minas Gerais - [email protected] Rua Espírito Santo, 35/316 – Centro, Belo Horizonte, MG, CEP: 30160-030.
Characterization of Copolymers Poly(Ethylene-co-vinyl acetate) for Dry- Set Mortar
Latex modified Portland cement mortars based on poly(ethylene-co-vinyl acetate), EVA, are the standard product in the market for ceramic tile installation. The object of the present work was to evaluate two EVA redispersible powders with different amounts of vinyl acetate groups in their composition. X-Ray Diffraction (XRD), Small Angle X-Ray Scattering (SAXS), Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR), and mechanical evaluations were conducted and the results allow us to characterize and differentiate both products. Based on the results, the global features of polymers are a consequence of the polymer composition and type and kind of surfactant and anti-caking agent. Also some properties of the EVA films in mortars may be predicted. Introdução
Pós redispersíveis de copolímero poli(etileno-co-acetato de vinila) - EVA (Figura 1a) são os
polímeros mais usualmente empregados para fabricação de argamassas colantes destinadas ao
assentamento de revestimentos externos [1]. Os EVAs disponíveis comercialmente para
modificação de argamassas apresentam temperatura de transição vítrea variando entre -20 ºC e
16 ºC, indicando teores de acetato variando, em massa, entre 60% e 90%.
O uso do EVA na forma de pó redispersível também resulta na presença do poli(álcool vinílico) na
medida em que este é um dos polímeros mais utilizados como surfactante nas etapas de
polimerização e atomização para a obtenção do EVA em pó [2-4]. Os teores do PVA correspondem
a cerca de 5% a 15%, em massa, do polímero em pó [3,4] permanecendo parcialmente enxertado na
cadeia principal do EVA [4].
O polímero poli(álcool vinílico) (PVA) apresenta uma estrutura química relativamente simples,
pertencendo à classe dos vinílicos com uma hidroxíla como grupo lateral. Devido ao processo de
obtenção do PVA, este polímero se apresenta sempre na forma de um copolímero poli(álcool
vinílico-co-acetato de vinila), PVA-co-PVAc (Figura 1b), sendo o percentual molar de monômeros
VA em relação ao total (VA + VAc) medido através do grau de hidrólise do polímero. Baseado
nestas propriedades, para garantia da qualidade da redipersão do EVA, geralmente são utilizados
PVAs com grau de hidrólise da ordem de 88% e tamanho de cadeia em torno de 26000 g/mol como
surfactantes[2].
O objetivo do presente trabalho foi caracterizar dois EVAs na forma de polímero em pó
Anais do 9o Congresso Brasileiro de Polímeros
redispersível, produzidos para utilização em argamassas colantes, com diferentes teores de acetato
em sua composição.
Figura 1 – Estrutura molecular dos copolímeros (a) EVA e (b) PVA.
Experimental
Para os estudos foram escolhidos dois tipos de EVA, indicados pelos fabricantes como adequados
para a para elaboração de argamassas colantes. Algumas características importantes dos polímeros
selecionados estão anotadas na Tabela 1. Tabela 1 – Nomes comerciais, temperaturas de transição vítrea, teores de etileno e acetato, fabricantes e identificação da amostra.
a Calculado a partir da equação Tg = M1Tg1 + M2Tg2, utilizando o Tg fornecido pelo fabricante e os valores de Tg = -80oC para o etileno e Tg = 30oC para o acetato de vinila [6]; b NF = não fornecido pelo fabricante
Como o EVA foi fornecido na forma de um pó redispersível em água, os padrões de difração foram
obtidos a partir deste pó utilizando o aparelho PW1710, da Philips (Kα do cobre, λ = 1,54056 Å).
As curvas foram obtidas na região de 2� compreendida na faixa 3º < 2� < 70º com passo de 0,06º.
Para algumas avaliações, como, por exemplo, para estimativa do teor de vinil e acetato e para a
determinação das características mecânicas do polímero puro, julgou-se necessário estudar o EVA
reduzindo ou eliminando o efeito do colóide protetor (surfactante) e dos minerais usualmente
adicionados. Para isto foi feita a solubilização do EVA em diclorometano (DCM) através dos
procedimentos descritos em MANSUR (2007) [5].
Espectros de FTIR foram obtidos para os EVAs na forma de pó através de reflectância difusa
utilizando KBr como dispersante (32 varreduras; 400-4000 cm-1; resolução = 4 cm-1 e intervalo =
2 cm-1). Esta mesma técnica e parâmetros foram utilizados para avaliação da fase aquosa líquida
gerada no processo de extração do EVA utilizando DCM. Neste caso, o líquido com pó suspenso
foi gotejado sobre o KBr, seco em estufa a (40±5)o e cominuído em grau de ágata antes da análise.
Nome Comercial DP 88 Vinnapas RE 5010 N Temperatura de Transição Vítrea – Tg (°C) -12 16
Fração em Massa de Acetatoa 62% 87% Fração em Massa do Etilenoa 38% 13% MFFT da Redispersão (°C) NFb 4
Colóide Protetor PVA PVA
Antes redispersão Tamanho médio = 90 �m Máximo de 4% > 400 �m Tamanho de Partícula
Após redispersão NFb 0,5-8 �m
% Sólidos 99±1 (99,7) 99±1 (99,4) % Cinzas 10±2 (10) 11±2 (10,1) Fabricante Rohm and Haas Química Wacker Chemie
Identificação da Amostra DP88 RE5010
CH2 CH
n
CH2 CH
m OCOCH3 OH
PVA PVAc
CH2 CH2
n
CH2 CH
m OCOCH3
PE PVAc (a) (b)
Anais do 9o Congresso Brasileiro de Polímeros
Espectros dos polímeros puros (após solubilização em DCM) foram coletados a partir de filmes
moldados em placas de petri de vidro através da técnica de ATR (Attenuated Total Reflectance) (32
varreduras; 4000-600 cm-1; resolução = 2 cm-1 e intervalo = 1 cm-1). Em todas as análises foi
utilizado o equipamento Spectrum 1000 da Perkin Elmer.
As avaliações de SAXS foram realizadas utilizando a linha SAS do Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron (LNLS, Campinas, Brasil) a partir de filmes moldados após dispersão em água do
polímero em pó (látex), sendo determinada a intensidade do espalhamento, I(q), em função do
módulo do vetor de espalhamento q (Equação 1), sendo � metade do ângulo de espalhamento.
)(seno*4
q �
���
�
λπ= (Equação 1)
A análise microestrutural utilizando MEV foi realizada no equipamento JSM 6360LV, Jeol/Noran,
para filmes obtidos a partir do polímero na forma de látex e de solução (DCM). Imagens foram
obtidas utilizando elétrons secundários (SE – Secondary Electrons) e retroespalhados (BSE –
Backscattered Electrons) e energia do feixe de 15 kV. Em função do caráter não condutor da
amostra em avaliação, esta foi previamente metalizada pela deposição de uma fina camada de ouro.
Ensaios mecânicos foram realizados em filmes obtidos a partir do látex e do polímero puro. Os
filmes foram moldados em placas de petri, sendo, após 3-4 semanas, desformados e cortados
utilizando molde-faca metálico para a obtenção de corpos-de-prova de acordo com a ASTM D-638-
03 (Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics), com espessura média de 0,8 mm. Os
corpos-de-prova foram, então ensaiados à tração direta na máquina universal de ensaios EMIC DL
3000 com velocidade de ensaio de 50 mm/min, em duas condições: seca e após imersão em água
deionizada por 20 minutos.
Resultados e Discussão
Os difratogramas obtidos para os EVA em estudo estão mostrados na Figura 2. Ambas as curvas
(na cor preta) permitem identificar o caráter amorfo dos polímeros utilizados neste estudo, com
apenas alguns picos bem definidos associados a uma fração inorgânica (carbonato de cálcio, para o
DP88 e caulinita, para o RE5010). Estes materiais inorgânicos são usualmente adicionado aos
polímeros em pó redispersíveis de modo a impedir o empolamento dos pós na embalagem durante
transporte e armazenamento (anti-caking agents) [7].
O amorfismo destes polímeros era esperado considerando os elevados teores de VAc presentes nos
copolímeros usualmente utilizados na produção de argamassas. O polietileno é um polímero
semicristalino (ver na Figura 2 as curvas em vermelho que representam PE puro para efeito de
comparação com o copolímero [8]) apresentando polimorfismo (monoclínico, principalmente, e
ortorrômbico). A introdução de grupos acetato na estrutura do polietileno reduz a cristalinidade pela
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distorção da célula unitária devido às maiores dimensões dos grupos acetoxi, sendo que a estrutura
cristalina é completamente destruída quando o teor de VAc excede o percentual em peso de 50%
[9]. Nos EVAs em estudo, devido ao teor de acetato superior a 50% em peso, os picos cristalinos do
PE (referência em vermelho) são substituídos por uma ou duas regiões alargadas (2 theta entre 10 e
30º, principalmente) na região dos picos principais, como pode ser visto nas curvas em preto,
indicando o amorfismo do PE nos copolímeros.
Figura 2 – Difratogramas (curvas na cor preta) obtido para a amostra (a) EVA DP88 e (b) EVA RE5010. As curvas em vermelho correspondem ao PE puro para facilitar a visualização do caráter amorfo do PE no copolímero em função do elevado teor de acetato.
A curva de espalhamento de baixo ângulo (Figura 3) obtida para um dos EVAs em estudo confirma este caráter amorfo do material.
�
Figura 3 – Curva de espalhamento de baixo ângulo verificada para o RE5010.
Os espectros de FTIR (Figura 4) para estas amostras revelam os picos associados aos copolímeros
etileno e acetato de vinila, conforme mostrado na Tabela 2, além das vibrações associadas à fração
inorgânica: carbonato de cálcio, caulinita e quartzo.
10 20 30 40 50 60 70 80 900
200
400
600
800
1000
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
2 theta (graus)
Caulinita
PE semicristalino
10 20 30 40 50 60 70 80 900
200
400
600
800
1000
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
2 theta (graus)
PE semicristalino
Carbonato de cálcio Quartzo
(a) (b)
0.1 0.21E-8
1E-7
1E-6
1E-5
1E-4
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
Vetor q (A-1)
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Para a quantificação do teor de acetato em relação ao teor de etileno é usualmente utilizada a razão
das absorbâncias entre picos característicos dos grupos acetoxi em relação a bandas das seqüências
de etileno. Algumas bandas verificadas na literatura estão anotadas na Tabela 3. Baseado nas
restrições de uso anotadas nesta tabela, a avaliação de VAc no EVA no caso em estudo será
realizada pela razão entre as bandas I610/ I2680. Foram obtidos os valores de (2,8±0,1) e (3,3±0,0)
para as amostras DP88 e RE5010, respectivamente. Estes valores indicam o maior teor de VAc na
amostra RE5010, conforme mostrado na Tabela 1.
Figura 4 – Espectro de FTIR para os latexes (a) DP88 e (b) RE5010. Tabela 2 – Números de onda associados às vibrações verificadas no EVA e estruturas químicas associadas [7,10,11].
Número de onda (cm-1) Grupo Associado Número de onda (cm-1) Grupo Associado 3630-3620 CH2 (etileno) 1275-1200 C-O 3460-3350 C=O 1105-1100 C-O 3550-3200 OH 1030-1020 C-O, CH3 2900-2850 C-H 950-940 C-C
2680 CH2 (etileno) 750-720 CH2 (etileno) 1742 (split) C=O 635-625 O-C-O 1730-1725 C=O 610-600 C=O 1470-1440 CH2 (etileno), CH3 540-530 C=O 1370-1380 CH3 - -
Os espectros de FTIR obtidos a partir de filmes moldados com as soluções de EVA em
diclorometano estão mostrados na Figura 5. Inicialmente, pode-se verificar nestes espectros que,
3440
3630
2924
28
57
2509
1793
17
42
1728
1225
12
64
878
945
1029
11
04
797 71
3
610
627
853
1370
3550-3200
Abs
orbâ
ncia
(u.a
.)
3692
36
52 36
19
3440
2947
28
68
1751
17
42
1443
13
68
1381
12
72
1245
12
25
1172
11
10
1009
94
0 91
5 79
7 75
0 69
7
433
469
542
627
1035
610
4000 3600 3200 2800 2000 1600 1200 800 400 1400 1000 600 2400 1800
2680
26
80
1446
14
60
Número de onda (cm-1)
(a)
(b)
Caulinita Carbonato de cálcio Quartzo Etileno Acetato de Viníla
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para o DP88, não foi possível remover completamente a fase inorgânica pela presença de alguns
picos associados ao carbonato de cálcio. No que diz respeito à quantificação dos teores de acetato
em relação ao de etileno, a utilização da razão entre as intensidades das bandas I610/ I2680, conforme
adotada para o EVA na forma de látex, ficou comprometida em função das baixas absorbâncias
obtidas para o pico 2680 cm-1. As demais razões de picos que não utilizam esta banda (Tabela 3)
não puderam ser utilizadas pela sobreposição com os picos do carbonato que permaneceu residual.
No entanto, qualitativamente, são verificadas menores intensidades para os picos que possuem
contribuição de seqüências de etileno na amostra RE5010, conforme esperado em função do seu
maior teor de acetato. Tabela 3 – Bandas utilizadas para avaliação do teor de acetato incorporado em copolímeros de EVA [10,11].
Bandas (cm-1) Acetato Etileno
Razão Limitação de Uso anotada na Literatura Limitação Adicional de Uso nos casos em Estudo
610 C=O
720 -CH2-
I610/I720 -
Banda em 720 esta associada à cristalinidade do EVA e no caso em estudo
os polímeros são amorfos [8] Interferência com pico de agente anti-
empolamento 3460 C=O
2680 -CH2-
I3460/I2680 A banda em 3460 está sobreposta com o
estiramento do OH [10] -
610 COOR
2680 -CH2-
I610/ I2680 - -
1020 COOR
2680 -CH2-
I1020/ I2680 - Sobreposição da banda em 1020 com os picos da caulinita
1742 C=O
2680 -CH2-
I1742/ I2680 -
1742 C=O
1460 -C-H- I1742/ I1460
Banda em 1742 apresenta desdobramentos devido a diferentes tipos de interação entre
os grupos polares [10] Sobreposição da banda em 1460 com os picos do carbonato de cálcio
Figura 5 – Espectros de FTIR obtidos a partir de filmes moldados com a solução de EVA em diclorometano (linha vermelho: RE5010 e linha preta: DP88).
Espectros obtidos a partir da fase solúvel em água durante o processo de extração do EVA puro
estão mostrados na Figura 6 e indicam a presença de picos característicos do PVA. A partir destes
espectros, é possível verificar a eficiência na remoção do colóide protetor obtida com o processo
adotado, pela obtenção do espectro característico do PVA. No que diz respeito aos componentes
inorgânicos, o processo foi bem sucedido para a remoção da caulinita do RE5010 (picos indicados
4000 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600
Abs
orbâ
ncia
(u.a
.)
CHx CHx
C=O
CHx
C-O
C-O
C-C (acetato)
Carbonato
Número de onda (cm-1)
C-O
C=O
Anais do 9o Congresso Brasileiro de Polímeros
por setas na Figura 6b), mas não garantiu a completa eliminação do carbonato de cálcio
(permaneceu no espectro da Figura 5). Deve-se observar que a ausência dos picos do carbonato no
espectro da Figura 6a (DP88) não significa a ausência deste componente na solução de PVA. O
material particulado nesta suspensão havia se depositado no fundo do tubo, não tendo sido coletada
alíquota para evitar interferências com os picos do PVA. Para o caso do RE5010, havia material
depositado no fundo do tubo, mas também havia material ainda em suspensão quando da retirada do
líquido para o ensaio de FTIR.
Figura 6 – Espectro de FTIR obtido para o líquido obtido durante a etapa de remoção do PVA (colóide protetor) e inorgânicos do polímero redispersível em pó. (a) DP88 e (b) RE5010. Ainda considerando as curvas mostradas na Figura 6, foram estimados os graus de hidrólise destes
PVA extraídos utilizando a razão entre os picos localizados em 1730 cm-1 e 2937 cm-1 e a equação
de regressão linear obtida para a correlação entre o grau de hidrólise e a razão entre estes picos [5].
Foram calculados os valores de 90% e 87% para os PVAs do DP88 e o RE5010, respectivamente.
Estes valores estão de acordo com a literatura, na medida em que PVAs parcialmente hidrolisados
(87-89%) são geralmente preferidos para produção de emulsões a partir de acetato de vinila devido
à boa estabilidade das emulsões associadas com estes graus e para garantia de adequada redispersão
e formação de filme [2,4].
Abs
orbâ
ncia
(u.
a.)
2870
29
07
2937
1727
17
12
1572
1650-1630
1270
1329
1376
1417
14
43
1141
10
93
945
916
852
1023
4000.0 3000 2000 1500 1000 400.0
1461
3550-3200
Número de onda (cm - 1 )
4000 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 350
3691
2942
29
14 1729
1717
16
18
1430
14
15
1375
13
36
1259
1093
11
39
1033
93
9 914
845
542
470
428
751
Abs
orbâ
ncia
(u.a
.)
(a)
(b)
Número de onda (cm-1)
Anais do 9o Congresso Brasileiro de Polímeros
Imagens de MEV para filmes obtidos a partir do látex DP88 estão mostradas na Figura 7. Nesta
figura, imagem de SE (Figura 7a) permite visualizar o filme polimérico no qual está imerso o
material inorgânico finamente granulado, que é realçado através de imagens de BSE (Figura 7b).
No filme polimérico não são observados contornos das partículas do látex, indicando adequada
formação de filme.
Imagens capturadas a partir do látex RE5010 mostraram que o filme apresentou na sua superfície
superior (em contato com o meio ambiente e por onde o solvente evaporou) algumas crateras
(Figuras 8a). Acredita-se que estas crateras estejam associadas com o processo de secagem, uma
vez que se observa, logo após a moldagem, a formação de uma película superficial. Na
continuidade da secagem, a saída da água na forma de vapor de água rompe esta película, deixando
para trás uma cratera pouco profunda. A não capacidade do RE5010 de recompor esta camada
superficial pode ser associada à menor mobilidade deste polímero, em temperatura ambiente,
devido ao seu maior Tg, quando comparado com o DP 88. Esta menor mobilidade do polímero
também está relacionada à visualização de contornos de partículas de látex de dimensões da ordem
de 1 a 2 �m (Figura 8a), característica de dificuldade de coalescência/formação do filme. De forma
similar ao verificado para o DP88, as partículas inorgânicas presentes, imersas no filme polimérico
(Figura 8b), podem ser claramente visualizadas através de imagens de BSE.
�
�
�
Figura 7 – Fotomicrografia do filme polimérico formado a partir do látex do DP88 ((a) SE, 2000X; (b) BSE, 2000X).
�
�
�
� Figura 8 – Fotomicrografia do filme polimérico formado a partir do látex do RE5010 ((a) SE, 2000X; (b) BSE, 2000X).
Fotomicrografias capturadas a partir de filmes obtidos a partir do EVA solubilizado, pela
evaporação do diclorometano, revelaram filmes lisos e contínuos (Figura 9). Imagens de elétrons
(a) (b)
(a) (b)
Anais do 9o Congresso Brasileiro de Polímeros
retroespalhados mostram a quase completa remoção do material inorgânico dos polímeros, com
apenas algum particulado residual. Novamente foram verificadas crateras na superfície dos filmes
moldados a partir do RE5010, provavelmente associadas às mesmas causas discutidas
anteriormente.
�
Figura 9 – Fotomicrografia do filme polimérico formado a partir do polímero solubilizado em diclorometano (a) DP88, BSE, 2000X; (b) RE5010, BSE, 2000X.
Resultados de ensaios mecânicos realizados nos filmes de EVA na forma de látex e após
solubilização em diclorometano estão mostrados na Figura 10. Inicialmente, quando se comparam
os materiais na forma de látex, pode-se observar uma maior resistência à tração para o RE5010 em
detrimento do DP88. As propriedades mecânicas destes filmes poliméricos são resultado do
conjunto de elementos que constituem o látex (agentes anti-empolamento, surfactantes e resina
EVA propriamente dita, inclusive com os seus diferentes teores de cada um dos copolímeros),
sendo difícil separar como cada um destes elementos influência o valor final medido.
Figura 10 – Curvas de Tensão x Deformação típicas obtidas para os filmes de EVA na forma de látex (a) e após solubilização em diclorometano (b) antes e após imersão em água por 20 minutos juntamente com os resultados médios das principais propriedades mecânicas obtidas (n = 4).
Após imersão em água, apesar de se verificar um aumento da deformabilidade (menores E), pois a
água atua como um plastificante externo [12], perda praticamente total de resistência à tração foi
observada para os filmes obtidos a partir dos latexes. Esta diminuição de resistência é conseqüência
da entrada de água na cadeia do PVA, seguida de inchamento e dissolução deste polímero. Redução
de resistência de aderência em sistemas cerâmicos com argamassas colantes com EVA, após
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 5500.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
Ten
são
(MP
a)
Deformação (%)
DP88 DCM DP88 DCM após imersão RE5010 DCM RE5010 DCM após imersão
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
0
2
4
6
8
10
12
Tens
ão (M
Pa)
Deformação (%)
DP88 látex DP88 látex após imersão RE5010 látex RE5010 após imersão
(a) (b)
(a) (b)
Anais do 9o Congresso Brasileiro de Polímeros
imersão em água, é comumente observada e, provavelmente, é favorecida por esta desintegração
parcial do filme polimérico, devido às cadeias de PVA enxertadas no EVA [13].
Para avaliação das propriedades mecânicas do polímero puro, reduzindo/eliminando efeitos dos
materiais inorgânicos e do surfactante (PVA), ensaios de tração foram realizados em filmes obtidos
a partir dos polímeros solubilizados em diclorometano. Observou-se uma redução das resistências à
tração para os dois polímeros, apresentando o RE5010 a maior redução. Os resultados repetem, no
entanto, as menores resistências para o polímero DP88. Menores módulos de elasticidade e maior
capacidade de deformação foram também obtidos para os EVAs puros. Após imersão em água, as
resistências do DP88 permaneceram praticamente inalteradas, enquanto que, para o RE5010,
pequena redução na resistência à tração foi observada. Em todos os casos, após imersão, maior
aumento da deformação simultaneamente com redução do módulo de elasticidade foram
identificados, sendo detectadas maiores variações para o polímero DP88. Conclusões
Os resultados obtidos mostram a possibilidade de identificar as diferenças na composição do
polímero, na fase inorgânica e no surfactante do EVA utilizando técnicas de caracterização. Pode-se
observar que diferentes teores de acetato produzem importantes variações nas propriedades de
formação do filme polimérico e nas resistências mecânicas destes filmes, que também são bastante
influenciadas pelas propriedades e quantidade do surfactante utilizado. Além disso, a resistência
praticamente nula dos filmes moldados a partir dos latexes pode ter bastante influência na redução
das propriedades mecânicas das argamassas após saturação com água.
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil
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