Caracterização da composição corporal e ingestão ... · duração de um jogo, os jogadores...

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Caracterização da composição corporal e ingestão nutricional de uma equipa sénior feminina de basquetebol da II Divisão Nacional Characterization of body composition and nutritional intake of a senior basketball female team from the national second division Raquel Ferreira Teixeira Orientado por: Mestre Bruno Rodrigues Silva Pereira Coorientado por: Professor Doutor Bruno Miguel Paz Mendes de Oliveira Trabalho de Investigação Ciclo de estudos: 1.º Ciclo em Ciências da Nutrição Instituição académica: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto Porto, 2018

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Caracterização da composição corporal e ingestão nutricional de uma

equipa sénior feminina de basquetebol da II Divisão Nacional

Characterization of body composition and nutritional intake of a senior

basketball female team from the national second division

Raquel Ferreira Teixeira

Orientado por: Mestre Bruno Rodrigues Silva Pereira

Coorientado por: Professor Doutor Bruno Miguel Paz Mendes de Oliveira

Trabalho de Investigação

Ciclo de estudos: 1.º Ciclo em Ciências da Nutrição

Instituição académica: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da

Universidade do Porto

Porto, 2018

i

Resumo

Introdução: O basquetebol é um desporto de equipa que envolve vários tipos de

jogadores com diferentes níveis de exigência física dependendo da sua posição em

campo. A sua composição corporal assume particular relevância no seu

desempenho e a adoção de uma alimentação saudável é impreterível para garantir

o suporte nutricional adequada às suas necessidades.

Objetivos: Avaliar os hábitos alimentares e a ingestão nutricional comparando-a

com as recomendações e avaliar a composição corporal das atletas em função da

posição em campo, e posteriormente ao seguimento de um plano alimentar

individual estruturado.

Metodologia: Utilizou-se uma amostra de conveniência constituída por atletas

recreativas federadas, do sexo feminino. Estas preencheram registos alimentares

de 7 dias comuns e consecutivos. Na avaliação antropométrica e de composição

corporal mediu-se a estatura, peso, gordura corporal, hidratação e massa muscular.

Posteriormente, foi prescrito um plano alimentar individual estruturado a cada

atleta.

Resultados: Verificou-se que 85% da amostra tem uma ingestão proteica de

acordo com o valor recomendado, apenas 15% da amostra ingere a quantidade de

hidratos de carbono (HC) recomendada e 85% da amostra tem uma ingestão

concordante com as recomendações para os lípidos. Nenhuma das atletas atingiu

o valor mínimo recomendado de água, assim como das vitaminas A, D e E e de

cálcio e potássio. Registaram-se reduções significativas no peso (p=0.027) e IMC

(p=0.025) entre o momento inicial e o momento final.

Conclusão: seria benéfico para as atletas fazerem algumas alterações, quer ao

nível da ingestão alimentar e nutricional, quer ao nível da composição corporal.

ii

Palavras-Chave: Basquetebol, atletas recreativas federadas, composição

corporal, ingestão nutricional

iii

Abstract

Introduction: Basketball is a team sport that involves several types of players with

different levels of physical requirement depending on their position on the court.

Their body composition assumes an extreme relevance in its performance and the

adoption of a healthy diet is essential to guarantee the nutritional support adapted

to their needs.

Aims: To evaluate dietary habits and nutritional intake by comparing it with the

recommendations and to evaluate the athletes' body composition according to the

position on the court and after the follow-up of a structured individual dietary plan.

Methodology: A sample of female athletes who filled out regular and consecutive

7 day food reports was undertaken. The sample consisted of the measuring of

anthropometric and body composition evaluation like height, weight, body fat,

hydration and muscle mass. Subsequently, a structured individual dietary plan was

prescribed for each athlete.

Results: In the findings 85% of the sample had a protein intake according to the

recommended value, only 15% of the sample consumes the recommended amount

of carbohydrate (HC) and 85% of the sample have an ingestion consistent with the

recommendations for lipids. None of the athletes reached the recommended

minimum value of water, as well as vitamins A, D and E, and calcium and potassium.

There were significant reductions in weight (p = 0.027) and BMI (p = 0.025) between

the initial and final moments.

Conclusions: It would be beneficial for athletes to make some changes, both in

terms of food and nutritional intake and body composition.

Keywords: Basketball, federated recreational athletes, body composition,

nutritional intake

iv

v

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos

dp – desvio padrão

EFSA – European Food Safety Authority

GiCA – Ginásio Clube de Águeda

HC – Hidratos de Carbono

IMC – Índice de Massa Corporal

MG – Massa Gorda

MM – Massa Muscular

VET – Valor Energético Total

Vit – Vitamina

vi

Sumário

Resumo e Palavras-Chave em Português .......................................................... i

Resumo e Palavras-Chave em Inglês ................................................................ iii

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos........................................................... v

Introdução .......................................................................................................... 1

Objetivos ............................................................................................................ 4

Metodologia ........................................................................................................ 4

Amostra ......................................................................................................... 4

Ingestão Nutricional ...................................................................................... 4

Avaliação antropométrica e composição corporal .......................................... 5

Plano alimentar individual estruturado .......................................................... 5

Análise estatística ......................................................................................... 6

Resultados ......................................................................................................... 7

Avaliação inicial ............................................................................................ 7

Avaliação final ............................................................................................... 9

Discussão ......................................................................................................... 11

Conclusões ....................................................................................................... 15

Agradecimentos ............................................................................................... 17

Referências ...................................................................................................... 18

Anexos ............................................................................................................. 22

Índice de anexos .............................................................................................. 22

1

Introdução

O basquetebol é uma modalidade de elevada exigência, com intensa atividade de

jogo, que se caracteriza por ser intermitente(1-4). Ao longo dos 40 minutos de

duração de um jogo, os jogadores executam uma diversidade de movimentos,

percorrendo determinadas distâncias a intensidades variadas. Contudo, existem

também intervalos de descanso irregulares, ocorrendo assim uma alternância entre

atividades de alta e baixa intensidade. Nesta modalidade estão envolvidos ambos

os sistemas energéticos, o aeróbio e o anaeróbio(1, 3, 5-7). Porém aquele que

predomina como fonte energética primária é o anaeróbio(8-10), utilizado

principalmente nas atividades de alta intensidade tais como, arranques, paragens,

mudanças de direção, lançamentos, bloqueios, ressaltos, e também em

movimentos táticos como transições entre jogo ofensivo/defensivo. Por outro lado,

o metabolismo aeróbio prevalece durante as pausas (descontos de tempo ou

substituições) e atividades de baixa intensidade. Uma boa condição aeróbia permite

uma recuperação rápida entre os momentos de alta intensidade(11).

O basquetebol é um desporto de equipa que envolve vários tipos de jogadores que

diferem fisicamente entre si. As posições dos jogadores em campo são vulgarmente

distinguidas em base, extremo e poste, em função da estatura e da

responsabilidade na organização do jogo de equipa(10). De uma forma geral, os

jogadores responsáveis pela organização são os bases, enquanto que os jogadores

na posição extremo auxiliam nessa tarefa. Estas são posições que exigem uma

atividade de maior intensidade(10, 12), já que os jogadores passam grande parte do

tempo a correr. Os postes são normalmente os jogadores mais altos e/ou pesados

2

de cada equipa estando normalmente menos envolvidos em exercícios intensos(12).

Logo, o nível de exigência física de cada jogador depende da sua posição em

campo(5, 8, 11, 13). No entanto, não foram encontradas recomendações diferenciadas

para a composição corporal em função da posição em campo.

A composição corporal assume particular interesse na prática de desporto(5, 14, 15),

uma vez que é um indicador da capacidade física e saúde dos atletas. A massa

gorda (MG) é o elemento da composição corporal que mais se destaca.

Normalmente, as atletas de basquetebol têm percentagens de MG entre 20% e

27%(16). Vários estudos demonstram que uma reduzida % de massa gorda melhora

o desempenho dos atletas(15, 17). O excesso de tecido adiposo atua como peso

morto em atividades durante as quais a massa corporal deve ser repetidamente

levantada contra a gravidade. Em contraste, a massa isenta de gordura contribui

para a produção de energia durante atividades de alta intensidade(1). As alterações

no peso e composição corporal decorrentes de um aporte energético inadequado

podem afetar negativamente o desempenho. Por isso, é fundamental manter um

balanço energético através de um consumo alimentar adequado, que permita

atingir as necessidades de macro e micronutrientes(10, 18-20), sendo estas especiais

nos atletas devido às sobrecargas físicas e psicológicas a que estão sujeitos. A

adoção de uma alimentação saudável por parte dos atletas é impreterível para

garantir o suporte nutricional que lhes permita manterem-se saudáveis e livres de

lesões(20).

De acordo com as recomendações, a ingestão de proteína deverá ser entre 1.2-

2.0g/kg/dia(21, 22), sendo que as necessidades individuais resultam da ponderação

de diversos fatores como o volume de exercício, idade, composição corporal,

ingestão energética total e condição física(22). Em relação aos glícidos, mais

3

vulgarmente designados por hidratos de carbono (HC) no mundo da nutrição

desportiva, as recomendações mais recentes sugerem uma quantidade diária de

pelo menos 5g/kg/dia (para atletas envolvidos em exercícios de intensidade

moderada e duração de 1h por dia)(23). Para os lípidos, a recomendação é similar à

da população em geral, 20-35% do valor energético total diário(20).

A hidratação dos atletas é outro fator a ter em conta no seu rendimento. As

recomendações da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA -

European Food Safety Authority) sugerem, em indivíduos com idade superior a 14

anos, uma ingestão de 2.0 e 2.5 L de água por dia, para o sexo feminino e

masculino, respetivamente(24).

A ingestão de micronutrientes, igualmente importantes para os atletas, deve atingir,

no mínimo, as recomendações para a população em geral(25, 26), exceto no caso do

ferro, cujas recomendações são 1.3 a 1.7 vezes superiores para os atletas(27).

Alguns micronutrientes têm especial interesse na prática desportiva,

nomeadamente o ferro, potássio, magnésio, cálcio, sódio, cloro, vitaminas D e C e

as vitaminas do complexo B(26, 28).

Uma alimentação adequada leva a uma melhor desempenho e recuperação,

promove o crescimento muscular, atrasa os fatores que conduzem à fadiga, ajuda

a manter a composição corporal ideal e detém ainda um papel importante na

manutenção do funcionamento do sistema imunitário e músculo-esquelético(18).

4

Objetivos

- Avaliar a ingestão nutricional das atletas de uma equipa de basquetebol sénior,

do sexo feminino;

- Comparar a ingestão nutricional com as recomendações;

- Avaliar a composição corporal das atletas em função da posição em campo;

- Avaliar a composição corporal em dois momentos, anterior e posteriormente ao

seguimento de um plano alimentar individual estruturado, respetivamente.

Metodologia

Amostra

Neste estudo longitudinal utilizou-se uma amostra de conveniência constituída por

atletas recreativas federadas, do sexo feminino, com idades compreendidas entre

os 17 e 29 anos, da equipa sénior feminina de basquetebol do Ginásio Clube de

Águeda (GiCA) e sem relato de problemas de saúde. As atletas foram informadas

sobre os procedimentos do estudo e preencheram o consentimento informado,

sendo assinado pelos encarregados de educação no caso das atletas com idade

inferior a 18 anos, após consentimento oral das atletas. O clube autorizou

igualmente a recolha dos dados. Todos os dados foram recolhidos e tratados pela

orientanda e reunidos numa base de dados anonimizada.

Foram inicialmente contactadas 17 atletas, mas excluíram-se 4 atletas, 1 por

gravidez, 1 por toma de medicação que promoveu um aumento considerável do

peso e 2 atletas por preenchimento incompleto do registo alimentar.

Ingestão nutricional

As atletas preencheram um registo alimentar de 7 dias comuns e consecutivos

entre o final de março e o início de abril de 2018, onde foram incluídos todos os

5

alimentos e bebidas consumidas. Para quantificar o consumo de comida e bebida

foram usadas medidas caseiras, informação das quantidades presentes nos rótulos

e fotografias tiradas pelas atletas a tudo o que consumiram. O software usado para

estimar a ingestão nutricional foi o Food Processor® SQL, versão 10.6 (ESHA

Research Inc., USA), ao qual foram adicionadas algumas receitas e alimentos. A

averiguação da adequação dos micronutrientes foi baseada nos valores das

Necessidades Médias Estimadas (Estimated Average Requirements - EAR)

definidos pelo Food and Nutrition Board do Institute of Medicine(27).

Avaliação antropométrica e composição corporal

As avaliações antropométricas e de composição corporal decorreram ao final da

tarde, antes do treino, em dois momentos: perto do fim da época, de 26 a 29 de

março de 2018 e após término do campeonato, de 21 a 25 de maio de 2018.

Foi medida a estatura (em m, com precisão 0,01m) com auxílio do estadiómetro

vertical SECA®, peso (em kg), gordura corporal (em kg e %), hidratação (em kg e

%) e massa muscular (em kg e %) com recurso ao aparelho Tanita® BC-545N

(precisão de 0.1% ou 0,1 kg) com balança e medidor de impedância bioelétrica

(Anexo A). Calculou-se o índice de Massa Corporal (IMC, em kg/m2).

Plano alimentar individual estruturado

No seguimento da primeira avaliação, foi prescrito um plano alimentar individual

estruturado a cada atleta (Anexo B), a ser cumprido nas 4 semanas anteriores à

segunda avaliação. Os planos tinham como objetivo comum estruturar a

alimentação. A maior parte das atletas tinha como objetivo diminuir a massa gorda,

6

aproximando-a do limite inferior do intervalo (20%) normalmente observado(16) para

atletas de basquetebol e as outras, com valores próximos de 20% de MG,

pretendiam manter o peso.

Os planos tinham em consideração os dados de saúde, rotinas de treino e hábitos

alimentares. As necessidades energéticas calcularam-se adicionando ao

metabolismo basal, com base na equação de Harris-Benedict(29), o gasto energético

com as atividades diárias e exercício físico(30). Na elaboração dos planos evitaram-

se restrições severas, considerou-se a qualidade e momento de ingestão da

proteína, o consumo de produtos com baixa densidade energética, e os momentos

das refeições.

Para avaliar o nível de adesão ao plano alimentar após as 4 semanas, as atletas

quantificaram o grau de cumprimento numa escala de 4 níveis: 1 – Incumprimento

total, 2 – Incumprimento na grande maioria das situações; 3 – Cumprimento na

grande maioria das situações e 4 – Cumprimento total.

Análise estatística

O tratamento estatístico foi realizado com recurso ao programa IBM® SPSS®

(Statistical Package for the Social Sciences) versão 25.0 para Windows®. A

estatística descritiva consistiu no cálculo de médias, desvios padrão (dp) e

frequências relativas e absolutas. Utilizou-se o teste Shapiro-Wilk para avaliar a

normalidade das distribuições das variáveis cardinais. A maior parte das variáveis

segue uma distribuição próxima da normal, exceto a quantidade de HC (quantidade

diária, por peso e em % do VET) e as vitaminas B2, B6, B12, E, K e magnésio. O

grau de associação entre pares de variáveis foi medido através dos coeficientes de

correlação de Pearson (rp) e Spearman (rs). Utilizaram-se os testes t-Student para

7

comparar médias de amostras emparelhadas. Aplicaram-se os testes One Way

Anova para comparar médias de amostras independentes e Mann-Whitney para

comparar a mediana de amostras independentes. A hipótese nula foi rejeitada

quando o nível de significância crítico para a sua rejeição (p) foi inferior a 0.05.

Resultados

Avaliação Inicial

Características da amostra

A média de idades é de 21 anos (dp=4). Do total da amostra 54% são estudantes,

das quais 86% são do ensino secundário e 14% (n=1) do ensino superior.

Relativamente às posições em campo, a amostra divide-se em base (31%),

extremo (46%) e poste (23%).

Avaliação antropométrica e composição corporal

A estatura média da amostra é igual a 1.66m (mín=1.56; máx=1.78). Na primeira

avaliação verificou-se que o peso médio era de 62.9kg (mín=52.3; máx=72.2) e a

média de IMC era igual a 22.9 kg/m2 (mín=18.7; máx=26.5), sendo que 3 atletas

tinham excesso de peso. A média de MG era de 26.7% (mín=19.3; máx=35.1), o

que equivale a 17.0kg (mín=10.3; máx=23.5) de MG e apenas 23% das atletas

apresentaram um valor de MG próximo do valor mínimo recomendado. A hidratação

média foi de 54.5% (mín=48.4; máx=59.7) e a média de massa muscular (MM) foi

igual a 43.6kg (mín=40.0; máx=48.0) (Tabela C1).

Relativamente à composição corporal das atletas em função da sua posição em

campo, a única característica com diferenças significativas entre posições foi a

estatura das atletas, com uma média superior nas jogadoras da posição poste

8

(média=1.73m; dp=0.05) em relação às posições base (média=1.61m; dp=0.04) e

extremo (média=1.65m; dp=0.03). Não se verificaram diferenças significativas

quanto ao peso, IMC, MG e MM.

Ingestão nutricional

Nenhuma das atletas toma qualquer tipo de suplementação. Em relação à ingestão

energética, não se verificaram diferenças significativas (p=0.489) entre a média de

ingestão obtida nos registos alimentares (média=2224kcal/dia; dp=494) e a média

de energia que resultou do cálculo das necessidades individuais

(média=2119kcal/dia; dp=138). Foi possível perceber que as atletas que têm uma

ingestão energética superior são também as que mais excedem as suas

necessidades em energia (rp=0.966, p<0.001). Verificou-se ainda que 46% da

amostra tem uma ingestão energética acima e 54% da amostra abaixo das

necessidades diárias para uma mulher com uma atividade física moderada, e que

aproximadamente, 85% da amostra tem uma ingestão proteica de acordo com o

valor recomendado, apenas 15% da amostra ingere a quantidade de hidratos de

carbono (HC) recomendada, sendo que 77% tem uma ingestão abaixo desse valor

e, relativamente aos lípidos, 85% da amostra tem também uma ingestão

concordante com as recomendações. Em relação à água ingerida, nenhuma das

atletas ingere o valor mínimo recomendado (Tabela 1 e C2).

Relativamente aos micronutrientes verificou-se que nenhuma das atletas atingiu os

valores recomendados de vitaminas A, D e E e de cálcio e potássio. Verificou-se

ainda que para as vitaminas B5 e K, 85% e 92% das atletas, respetivamente, não

atingiu as recomendações. Para o ferro a inadequação foi também de 92%. Quanto

à vitamina B12, magnésio, fósforo, potássio e selénio, todas as atletas atingiram o

9

valor recomendado e, em relação às vitaminas B1, B2, B3, B6, C e ao zinco

verificou-se que a maioria das atletas atingiu as recomendações (Tabela 1 e C2).

Tabela 1. Ingestão nutricional

Energia Proteína Hidratos de Carbono Lípidos

kcal kcal/kg g g/kg %VET g g/kg %VET g g/kg %VET

Média 2224 36 99.4 1.6 18 309.8 5.0 55 79.6 1.3 31.9

dp 494 10 17.1 0.3 2 111.3 2.3 11 21.9 0.4 3.4

Vit D (µg/d)

Vit E (mg/d)

Vit K (µg/d)

Ca (mg/d)

Fe (mg/d)

Mg (mg/d)

P (mg/d)

K (mg/d)

Se (µg/d)

Zn (mg/d)

Média 1.23 3.82 42.39 682.91 13.28 297.31 1159.89 2.7 82.54 9.16

dp 0.58 2.26 20.49 261.58 2.87 47.67 304.80 0.6 17.97 2.36

Avaliação Final

Evolução antropométrica e da composição corporal

Registaram-se reduções significativas no peso (p=0.027) e IMC (p=0.025) entre o

momento inicial e o momento final. No entanto, uma vez que a amostra é pequena,

destacam-se também outras variações, apesar de não significativas: diminuição da

% de massa gorda, redução da massa muscular e melhoria da hidratação (Tabela

C1).

Analisando separadamente a evolução antropométrica e da composição corporal

em função do objetivo de perder ou manter o peso (Tabela 2 e C3), mais

especificamente em MG, é possível observar que as atletas que tinham como

Água

(L) Vit A (µg/d)

Vit B1 (mg/d)

Vit B2 (mg/d)

Vit B3 (mg/d)

Vit B5 (mg/d)

Vit B6 (mg/d)

Folato (µg/d)

Vit B12 (µg/d)

Vit C (mg/d)

Média 1.2 411.89 1.11 1.37 22.73 3.76 1.25 304.90 7.99 94.57

dp 0.4 145.54 0.26 0.40 5.49 1.11 0.33 7.13 8.96 41.64

10

objetivo perder peso, perderam em média 1.5kg, sendo que desses, 1.0kg foram

de MG. Consequente à redução do peso, houve também uma diminuição de

0.6kg/m2 no IMC. Registou-se também uma diminuição de 0.9% na MG e 0.5kg na

MM. A hidratação destas atletas melhorou ligeiramente 0.6%. Quanto às atletas

que tinham como objetivo manter o peso, houve um aumento médio de 0.6kg,

sendo que de MG registou-se um aumento de 0.7kg. Consequentemente ao

aumento de peso, houve também um ligeiro aumento de 0.2kg/m2 no IMC.

Assinalou-se igualmente uma diminuição na MM de 0.5kg. Ao contrário do grupo

anterior, a hidratação destas atletas diminuiu ligeiramente 0.4%.

Tabela 2 – Diferença entre o momento inicial e final, em função do objetivo: perder ou manter

o peso.

Perder

a

Manter a

p b

Peso (kg) - 1.5 (1.2) 0.6 (0.9) 0.028

IMC (kg/m²) - 0.6 (0.4) 0.2 (0.3) 0.028

Nota: IMC – Índice de Massa Corporal. aOs valores estão apresentados como média (dp) bTeste T-

student

Plano alimentar e relação com o cumprimento

Relativamente ao nível de cumprimento do plano alimentar (grau 1 a 4), a resposta

mais frequente foi o grau 3 (62%), ou seja, o plano foi cumprido na grande maioria

das situações (Tabela C4). Verificou-se que quanto mais velhas as atletas, menor

é o grau de cumprimento do plano alimentar (rp= - 0.616, p=0.025).

11

Discussão

Em função da pesquisa bibliográfica efetuada, este foi o primeiro estudo realizado

em Portugal com atletas recreativas federadas de uma equipa sénior de

basquetebol, do sexo feminino, que avaliou a sua composição corporal, os hábitos

alimentares e a ingestão nutricional, comparando-a com as recomendações.

Encontrou-se apenas um estudo realizado em Portugal com a caracterização dos

hábitos de ingestão nutricional de praticantes de Basquetebol da 1ª liga, do sexo

masculino, com um alto nível de rendimento.

Os atletas deverão fazer uma alimentação adequada, tendo em consideração o

momento e a quantidade dos nutrientes ingeridos, dado que interferem com os

sistemas energéticos, a disponibilidade de substrato e as adaptações ao treino(20).

Os HC têm recebido especial atenção devido à sua contribuição no desempenho

desportivo. Apesar da média de ingestão estar no limite inferior das

recomendações, apenas 15% da amostra registou uma ingestão de acordo com o

valor recomendado. Como consequência, a disponibilidade de HC para o músculo

e para o sistema nervoso central pode ser comprometida dado que o gasto

energético do treino e/ou competição excede as reservas de HC(23). Relativamente

à ingestão proteica, ao contrário do que habitualmente se verificou noutros

estudos(21, 31), a ingestão da maior parte das atletas encontra-se dentro das

recomendações. Dado o seu importante papel na adaptação metabólica e

estimulação da síntese proteica muscular durante a recuperação, é importante que

a sua ingestão seja adequada(32, 33). A ingestão de lípidos mostrou estar

maioritariamente de acordo com as necessidades. Ao contrário dos HC e das

proteínas, os lípidos não apresentam influência explícita no desempenho(34). No

12

entanto, uma ingestão abaixo de 20% do consumo energético, provavelmente

reduz a ingestão de uma variedade de nutrientes, como vitaminas lipossolúveis e

ácidos gordos essenciais(20).

A ingestão de água não se aproximou das recomendações, sendo que nenhuma

das atletas atingiu a quantidade preconizada pela EFSA. O nível de hidratação das

atletas também não atinge os 60% de água corporal desejável para um indivíduo

adulto(35). A partir destes resultados é possível inferir que, muito provavelmente, as

atletas não ingerem a quantidade de água necessária em situações de treino e jogo,

à semelhança do que foi observado noutro estudo(36). A desidratação afeta

negativamente o desempenho e os efeitos estão bem demonstrados na literatura,

inclusivamente em estudos realizados com basquetebolistas(37, 38). É aconselhável

adotar estratégias que permitam aumentar a ingestão hídrica das atletas.

Idealmente, estas deveriam surgir da parte dos treinadores que têm o poder de

interferir a este nível, assim como dos pais e restante equipa(36, 39), não deixando

de parte a importância de alertar os atletas para esta questão.

O exercício físico pode aumentar as perdas de micronutrientes(26) que, para além

de outras funções(26, 40-44), desempenham um papel essencial na produção de

energia. Neste estudo as atletas demonstraram uma elevada inadequação de

alguns micronutrientes. Verificou-se uma elevada inadequação para a ingestão de

ferro. Esta é das deficiências mais prevalentes nos atletas, especialmente do sexo

feminino, podendo prejudicar a função muscular(26). É importante considerar estes

défices vitamínicos e minerais, normalmente mais prevalentes no sexo feminino(45).

A ingestão inadequada de micronutrientes estará potencialmente relacionada com

uma dieta desajustada.

13

Quanto à composição corporal dos atletas vários estudos expõem o impacto

negativo que o excesso de massa gorda pode ter no desempenho desportivo(17, 46,

47). Os únicos valores de referência conhecidos para a MG em atletas portuguesas

de basquetebol foram obtidos num estudo(46) que usou o método de absormetria

radiológica de dupla energia (DXA). O valor de referência obtido foi de 25.6% de

MG. No presente estudo encontraram-se valores semelhantes, quer na avaliação

inicial, quer na final. Comparando estes valores de MG da amostra com um estudo

em atletas de elite (21,2%)(1), estes são manifestamente superiores. A diferença no

nível de profissionalismo entre as atletas pode justificar esta diferença, visto que as

exigências físicas são também diferentes. No decorrer deste estudo houve uma

diminuição do volume de treino por parte das atletas, o que justifica a diminuição,

ainda que não significativa, da MM.

À semelhança de resultados encontrados em estudos anteriores(48, 49), quando

avaliamos a composição corporal das atletas em função da posição em campo a

única característica com diferenças significativas entre posições foi a estatura das

atletas. Alguns estudos(10, 12) que estudaram as características físicas de jogadoras

profissionais de basquetebol concluíram que a % de MG é maior nos postes em

comparação com os bases e extremos. Por oposição, foi encontrado um outro

estudo que refuta essa ideia, não demonstrando diferenças entre posições quanto

à proporção de MG(49), tal como observado no presente estudo. Estas

desigualdades entre estudos podem dever-se às diferentes faixas etárias

analisadas. Adicionalmente, o que se verifica no presente estudo, e que pode

contribuir para esta ausência de diferenças na composição corporal entre posições,

14

é que os atletas não assumem posições fixas, quer ao longo da época ou, em

alguns casos, até mesmo no decorrer de um jogo.

Analisando os fatores relacionados com o plano alimentar, concluiu-se que as

atletas mais velhas têm maior dificuldade em cumpri-lo. Explica-se, em parte, pelo

apoio que os familiares podem dar às atletas mais novas para preparar as

refeições. Pressupõe-se que os motivos que mais dificultaram a perda de MG foram

o incumprimento do plano alimentar e a diminuição do volume de treino.

Limitações

Devem ser consideradas as limitações encontradas no presente estudo. O reduzido

tamanho da amostra e o curto intervalo de tempo da intervenção dificultaram a

possibilidade de encontrar efeitos significativos. Uma outra limitação, reside em se

ter usado uma escala não validada para averiguar o grau de cumprimento do plano

alimentar. Relativamente à quantificação da ingestão alimentar, embora o registo

de sete dias seja considerado um método válido para estimar a ingestão nutricional

em atletas, estes resultados devem ser interpretados com precaução. Por último, o

método usado na avaliação da composição corporal não está validado em atletas(47,

50) e não foi possível realizar a avaliação da composição corporal respeitando a

totalidade dos critérios indicados(14, 51-53) para a realização de impedância

bioelétrica, nomeadamente os critérios relacionados com a ingestão alimentar e a

atividade física prévia. O facto de a amostra ser do sexo feminino, e de estar

associada a alternância do período menstrual, pode também ter influenciado alguns

resultados(54).

15

Conclusões

Após analisar os resultados, é possível concluir que seria benéfico para as atletas

fazerem algumas alterações, quer ao nível da ingestão alimentar e nutricional, quer

ao nível da composição corporal. Em relação aos macronutrientes, a maior

desadequação verifica-se no consumo de HC, enquanto que o consumo de

proteína e lípidos está mais próximo das recomendações. Ao nível dos

micronutrientes, observou-se uma elevada inadequação muito provavelmente

relacionada com uma dieta desajustada. Quanto à composição corporal, a % de

MG mostrou estar acima do que seria desejado e benéfico para o desempenho das

atletas.

O seguimento de um plano alimentar individual estruturado permitiu uma evolução

positiva da composição corporal nas atletas que seguiram um plano para perda de

peso. Apesar de não ter sido uma melhoria muito significativa, demonstra, ainda

assim, a eficácia da intervenção nutricional nos atletas. Enquanto alguns atletas

apresentam um peso e composição corporal adaptados à prática desportiva, outros

têm necessidade de modificar estes fatores para poderem melhorar não só o seu

desempenho, como também a sua saúde e bem-estar. Neste sentido, seria

benéfico incluir a presença de um nutricionista nesta equipa, com um

acompanhamento mais próximo e duradouro, que desde logo contribua para o

alcance dos objetivos nas próximas épocas desportivas, nomeadamente a subida

de divisão.

16

Basketball is a team sport,

but an individual approach is needed to adequately plan each athlete’s diet”

Holway & Spriet, 2011(55)

17

Agradecimentos

Um agradecimento especial dirigido às atletas que prontamente aceitaram fazer

parte deste estudo. Também para elas foi um grande desafio. Agradeço imenso a

colaboração, o esforço e dedicação.

Agradeço também aos dirigentes do clube que contribuíram para a realização deste

estudo, por todo o apoio logístico e motivação.

Agradeço ainda ao Dr. Bruno Pereira, pela orientação e ideias sugeridas.

Por último, agradeço ao Professor Bruno Oliveira pela imprescindível ajuda na

concretização deste trabalho.

18

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22

Anexos

Índice de Anexos

Anexo A – Procedimentos efetuados para a avaliação antropométrica e

composição corporal .................................................................................. 24

Anexo B – Procedimentos de elaboração do plano alimentar .................... 25

Anexo C – Resultados de ingestão nutricional, medidas antropométricas,

composição corporal e cumprimento do plano alimentar ........................... 26

23

24

Anexo A – Procedimentos efetuados para a avaliação antropométrica e

composição corporal

Foi medida a estatura (em m, com precisão 0,01 m) com auxílio do estadiómetro

vertical SECA®, estando as atletas descalças, na posição ortostática e com a

cabeça orientada segundo o plano de Frankfurt, e envergadura (centímetros) com

auxílio de uma fita métrica; e peso (em quilogramas, com precisão de 0,1 kg), e

gordura corporal (%), hidratação (%), massa muscular (kg), massa óssea (kg) e

ainda massa gorda (%) e massa muscular (kg) por segmentos, isto é, braços,

pernas e tronco, com recurso à balança de impedância bioelétrica Tanita® BC-

545N (precisão de 0.1% ou 0,1 kg, conforme os parâmetros) tendo as atletas

vestido apenas os calções e a camisola,. Posteriormente foi calculado o índice de

Massa Corporal (IMC) usando para o efeito a fórmula de Quetelet: peso (kg) a dividir

pela estatura ao quadrado (m2).

25

Anexo B – Procedimentos de elaboração do plano alimentar

Foram recolhidas algumas informações que serviram de base à elaboração dos

planos alimentares individuais estruturados, nomeadamente dados de saúde

(problemas de saúde, medicação, alergias/intolerâncias alimentares,

funcionamento intestinal), rotinas de treino (treinos e jogos da modalidade e treinos

de ginásio) e hábitos alimentares (horários, local e conteúdo das refeições). Para o

cálculo das necessidades energéticas individuais teve-se em consideração o

metabolismo basal, com base na equação de Harris-Benedict(29), e o gasto

energético com a atividade e exercício físico(30). Para a elaboração dos planos

alimentares foram usadas estratégias que a priori permitem assegurar o sucesso

no processo de perda e manutenção do peso. Evitar uma restrição energética

severa, controlar a ingestão, qualidade e o momento de proteína, consumir

produtos com baixa densidade energética, aumentado o consumo alimentos com

alto teor de fibra e água e reduzido teor em açúcar e gordura, e controlar as horas

das refeições e lanches ao longo do dia em função do exercício foram algumas

dessas estratégias(17).

26

Anexo C – Tabelas com resultados de ingestão nutricional, medidas

antropométricas, composição corporal e cumprimento do plano alimentar

Inicial a Final

a Diferença a p

b

Peso (kg) 62.9 (6.2) 61.9 (5.6) - 1.0 (1.5) 0.027

IMC (kg/m²) 22.9 (2.5) 22.6 (2.3) - 0.4 (0.5) 0.025

Gordura Corporal (%) 26.7 (4.8) 26.2 (4.6) - 0.5 (2.0) 0.414

Gordura Corporal (kg) 17.0 (4.4) 16.4 (4.0) - 0.6 (1.5) 0.178

Hidratação (%) 54.5 (3.4) 54.9 (3.4) 0.4 (1.5) 0.378

Massa Muscular (kg) 43.6 (2.9) 43.1 (2.7) - 0.5 (1.1) 0.133

Média (dp)

a < Recomendado (%) Recomendado (%) > Recomendado (%)

Energia ingerida (kcal) 2224 (494)

Energia ingerida (kcal/kg) 36 (10) 54 31 15

Água (L) 1.2 (0.4) 100

Nutrientes

Proteína (g) 99.4 (17.1)

Proteína (g/kg) 1.6 (0.3) 7.7 84.6 7.7

Proteína (%VET) 18 (2)

Hidratos de Carbono (g) 309.8 (111.3)

Hidratos de Carbono (g/kg) 5.0 (2.3) 77 15 8

Hidratos de Carbono (%VET) 55 (11)

Lípidos (g) 79.6 (21.9)

Lípidos (g/kg) 1.3 (0.4)

Lípidos (%VET) 31.9 (3.4) 85 15

Tabela 1. Dados antropométricos e composição corporal das atletas no momento inicial e final e

diferença encontrada

Nota: IMC – Índice de Massa Corporal a

Os valores estão apresentados como média (dp) b

Teste T-student

Tabela 2. Média de ingestão e % de atletas que cumprem as recomendações energéticas, hídricas

e de macronutrientes

27

Nota: EAR – Estimated Average Requirements (necessidades médias estimadas). a Os valores estão apresentados como média (dp) b EAR para mulheres com idade ≥ 14 e < 19 anos c EAR para mulheres com idade > 19 e ≤ 30 anos d EAR para mulheres com idade 14 ≤ idade (anos) < 30 anos

Média a % Inadequação EAR

Vitamina A (µg/d) 411.89 (145.54) 100 700 d

Vitamina B1 (mg/d) 1.11 (0.26) 46 1.0 b ou 1.1 c

Vitamina B2 (mg/d) 1.37 (0.40) 23 1.0 b ou 1.1 c

Vitamina B3 (mg/d) 22.73 (5.49) 8 14 d

Vitamina B5 (mg/d) 3.76 (1.11) 85 4 d

Vitamina B6 (mg/d) 1.25 (0.33) 39 1.2 b ou 1.3 c

Folato (µg/d) 304.90 (7.13) 85 400 d

Vitamina B12 (µg/d) 7.99 (8.96) 0 2.4 d

Vitamina C (mg/d) 94.57 (41.64) 39 65 b ou 75 c

Vitamina D (µg/d) 1.23 (0.58) 100 15 d

Vitamina E (mg/d) 3.82 (2.26) 100 15 d

Vitamina K 42.39 (20.49) 92 75 b ou 90 c

Cálcio (mg/d) 682.91 (261.58) 100 1300 b ou 1000 c

Ferro (mg/d) 13.28 (2.87) 92 15 b ou 18 c

Magnésio (mg/d) 297.31 (47.67) 0 360 b ou 310 c

Fósforo (mg/d) 1159.89 (304.80) 0 1250 b ou 700 c

Potássio (mg/d) 2.7 (0.6) 100 4.7 d

Selénio (µg/d) 82.54 (17.97) 0 55 d

Zinco (mg/d) 9.16 (2.36) 46 9 b ou 8 c

Tabela 2 (continuação). Ingestão, inadequação e EAR dos micronutrientes

28

Nota: IMC – Índice de Massa Corporal a Os valores estão apresentados como média (dp) b Teste T-student

n %

1 - Incumprimento total 1 8

2 - Incumprimento na grande maioria das situações 3 23

3 - Cumprimento na grande maioria das situações 8 62

4 - Cumprimento total 1 8

Perder a Manter

a p

b

Peso (kg) - 1.5 (1.2) 0.6 (0.9) 0.017

IMC (kg/m²) - 0.6 (0.4) 0.2 (0.3) 0.019

Gordura Corporal (%) - 0.9 (2.0) 0.9 (1.5) 0.181

Gordura Corporal (kg) - 1.0 (1.5) 0.7 (1.1) 0.085

Hidratação (%) 0.6 (1.5) - 0.4 (1.4) 0.323

Massa Muscular (kg) - 0.5 (1.2) - 0.5 (1.1) 0.956

Tabela 3. Diferença nos dados antropométricos e de composição corporal das atletas no momento final, em função do objetivo: perder ou manter o peso.

Tabela 4. Grau de cumprimento do plano