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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Marília Bentes Paes Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA SÃO PAULO 2008

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Marília Bentes Paes

Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e

saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

SÃO PAULO

2008

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Marília Bentes Paes

Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e

saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação da Profª. Drª. Marta Assumpção de Andrada e Silva.

SÃO PAULO

2008

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Banca Examinadora

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

parcial desta dissertação, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título,

instituição e ano.

São Paulo, _____ de fevereiro de 2008.

_____________________________

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DEDICATÓRIA

Aos meus amados pais, Raymundo e Arlêce, pessoas especiais que sempre foram e serão

meus maiores exemplos de vida, que me deram toda a base necessária para viver bem e nunca

pouparam esforços para minha formação. A vocês, todo o amor que possa existir.

Aos meus irmãos pela força, preocupação e dedicação para com nossa família que, com

certeza, proporcionou a mim a tranqüilidade necessária para complementar minha formação

em São Paulo.

Ao Tiago, uma pessoa especial na minha vida, que entendeu o significado desta pesquisa,

compreendeu minhas ausências, esteve ao meu lado em todos os momentos difíceis e vibrou

comigo em minhas vitórias neste percurso. Meu carinho e eterno agradecimento a quem faz

melhor todos os meus momentos.

Aos idosos que tornaram a pesquisa mais fácil e muito prazerosa pela companhia, pelas lições

de vida que passaram e por um carinho que levarei comigo no coração.

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AGRADECIMENTOS

A minha orientadora Profª. Drª. Marta Assumpção de Andrada e Silva pelo conhecimento que me ofereceu, por ter acreditado desde o início em mim e nesta pesquisa, e ter sempre me incentivado a seguir adiante quando o caminho parecia complicado demais. A Profª. Drª. Leslie Piccolotto Ferreira, pelas sugestões nesta pesquisa, por sua dedicação memorável ao nosso LABORVOX, imensa disponibilidade, carinho e grande apoio durante todo o trajeto. As Profas. Dras. Ieda Pacheco Russo, Alcione Brasolotto e Auxiliadora Ávila pelo incentivo e pelas valiosas sugestões que muito contribuíram para esta pesquisa. A Virgínia que sempre nos acolheu e orientou com muita dedicação e competência. A todos os integrantes do meu querido LABORVOX, da PUC-SP, por todo o aprendizado que adquiri nas reuniões, pelas contribuições para esta pesquisa, pelos momentos felizes que passamos juntos e que tornaram a caminhada mais leve. Levo comigo importantes mudanças pessoais que foram favorecidas nessa convivência e que farão grande diferença em minha vida. A todos os professores do Programa de Estudos Pós-graduados em Fonoaudiologia por dividirem conosco sua experiência e por nos direcionarem a realmente enxergar o ser humano. A CAPES pela bolsa de estudos concedida para a realização desta pesquisa. Às queridas idosas que aceitaram participar da pesquisa meu eterno agradecimento.

Aos dirigentes e funcionários dos locais onde foi realizada a coleta de dados desta pesquisa, pela grande colaboração e acolhimento. Ao Círculo Militar de São Paulo e o Pólo Cultural do Cambuci pelo incentivo à Fonoaudiologia. Ao Coronel Joanor Sérvulo da Cunha pelo auxílio e oportunidade disponibilizada. A D. Maria de Lourdes G. de Oliveira e D. Isaura, por terem se mobilizado com grande preocupação e tão boa vontade para ajudar na realização da coleta de dados. À maestrina Joana D´Arc Soares pela amizade de apoio na coleta de dados. Às fonoaudiólogas que, apesar da vida atribulada, disponibilizaram pacientemente algumas horas de seu dia para participarem como juízas desta pesquisa. A todas as minhas colegas de Mestrado pelo companheirismo, incentivo e troca de experiências.

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À família Queiroz, a doce avó Amélia e às famílias Geraldo e Fornazier pelo acolhimento e imensurável ajuda. À amiga Daniela Queiroz, grande companheira durante a realização da pesquisa, pelos momentos alegres, de conquistas, e também pelos momentos difíceis que, divididos, tornaram-se até engraçados. Aos queridos amigos e companheiros, Rossana e Ênio, pelas sugestões, pelas críticas sempre construtivas, por toda a força e amizade desde o início desse trajeto. Não poderiam haver pessoas melhores para dividir essa fase comigo. A minha grande e inesquecível amiga Fabiana Bonfim, pessoa fundamental em cada momento desse trajeto e a quem não há palavras suficientes para agradecer todo o apoio e carinho. A ela minha eterna e verdadeira amizade. A minha valiosa amiga Silvinha Barbosa, que nunca mediu esforços para ajudar, agradeço de todo o coração. Sua presença em minha vida reforçou a certeza de que com amigos verdadeiros nunca se está sozinha. À Flávia pela imensurável atenção e cuidado a mim dispensado. Meu eterno agradecimento a quem me ajudou a seguir adiante quando minhas forças estavam se esgotando. As minhas amadas amigas de Belém, que souberam compreender minha ausência e que, mesmo de longe, são um alicerce e força para meu dia-a-dia.

A todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa, deixo

o meu sincero e carinhoso obrigada!

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"O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quanto o destino."

(Antoine de Saint-Exupery)

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RESUMO

Introdução: a preocupação com o idoso cresceu muito, pois despontou, no cenário mundial, uma transição demográfica, com um aumento significativo do número de pessoas com 60 anos ou mais. Considera-se fundamental realizar pesquisas com atenção às diferentes faixas etárias nesse segmento da população, pois agrupá-los simplesmente como idosos, pode ocultar as diversidades biopsicossociais existentes entre eles. Optou-se por realizar esta pesquisa somente com mulheres, pois elas constituem a maior parte da população idosa e promovem maiores demandas às unidades de saúde. Objetivo: comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos. Método: foi realizado um estudo com 94 idosas, distribuídas em três grupos: G1 (60- 69 anos), G2 (70-79 anos) e G3 (80-90 anos). Aplicou-se um formulário com questões sobre aspectos ocupacionais, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos auditivos, aspectos vocais e percepção sobre o envelhecimento. Foram medidos os tempos máximos de fonação na emissão da vogal /a/ e nos fonemas /s/ e /z/. Realizou-se uma gravação da voz, na qual foi registrada a fala espontânea das participantes. Três juízes fonoaudiólogos especialistas em voz realizaram a análise perceptivo-auditiva das vozes. Foi realizada análise descritiva dos dados coletados e, por meio de análise estatística, realizaram-se as comparações entre as faixas etárias. Resultados: observou-se associação estatisticamente significativa entre a faixa etária e a demanda vocal, o relato de dificuldade para cantar, o relato de dificuldade para ouvir, o uso de prótese auditiva, a coordenação pneumo-fonoarticulatória, a articulação e a qualidade vocal. Apesar de não ter havido correlação estatisticamente significativa, notou-se um aumento percentual, a cada faixa etária, em outros parâmetros: número de doenças por pessoa; queixa de pigarro; queixa de que ouve, mas não compreende; queixa de zumbido; relato de alteração auditiva; uso de prótese auditiva; uso da televisão em volume alto; ocorrência de ressonância baixa; e percepção de mudança na voz. Quanto à opinião sobre o envelhecimento, houve predomínio de aspectos fisiológicos e de atividades cotidianas nas respostas do G1 (62,5%) e G2 (52,9%), e de aspectos emocionais e/ou psíquicos no G3 (53,6%). Emergiram de forma mais prevalente em algumas faixas etárias os seguintes fatores: a saúde, o preconceito, o isolamento social e a importância da realização de atividades, principalmente no G1; tristeza e solidão, no G2; o cansaço, a falta de disposição física, o desânimo e as modificações nas relações sociais, primordialmente no G3. Conclusão: A comparação entre as idosas de 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e de 80 a 90 anos permitiu concluir que existem diferenças significativas, entre as faixas etárias, em relação à demanda vocal, ao relato de dificuldade para cantar, à coordenação pneumo-fonoarticulatória, à articulação, à qualidade vocal, ao relato de dificuldade para ouvir e ao uso de prótese auditiva. Os aspectos fisiológicos e de atividades cotidianas, mais citados pelo G1 e G2, e os aspectos emocionais e psíquicos, mais freqüentes nos discursos do G3, surgiram como fatores que afetam o modo como as idosas vêem a velhice e se sentem em relação ao seu próprio envelhecimento. Por meio desta pesquisa, pôde-se reafirmar a natureza biopsicossocial do envelhecimento e que este é um processo com diferenciações de uma pessoa para outra e a cada faixa etária. Palavras-chave: idoso voz percepção envelhecimento geriatria gerontologia

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ABSTRACT

Introduction: There has been a worldwide demographic transition, characterized by a significant population increase in the specific age group of those who are 60 years old or older. This fact has brought an increasing concern towards elderly citizens. In this manner it is very important to carry on researches with different age groups of this particular population segment, since grouping these people simply as elders may conceal the bio-psychosocial differences existing amongst them. The subjects of this study were exclusively women. This option was made because they are the greater part of the elderly population and more frequently seek help at health units. Aim: To compare the vocal characteristics, awareness of aging, vocal complaints and vocal health of women between 60 and 90 years of age. Method: The subjects of this study were 94 elderly women, distributed in three groups: G1 (ages 60-69), G2 (ages 70-79) and G3 (ages 80-90). A form consisting of questions on occupational aspects, everyday habits, vocal health, vocal and auditory aspects and perceptions about the aging process was filled out. Maximum phonation times of vowel /a/ and phonemes /s/ and /z/ were measured. A voice recording which registered spontaneous conversation of the subjects was also performed. Three speech therapists specialized in the voice field perceptually evaluated the recorded voices. The collected data was analyzed descriptively, and then statistical analysis was performed to compare the different age groups. Results:

There was a statistically significant association between age group and vocal demand, reported difficulties to sing, reported hearing difficulties, use of hearing aids, respiratory-speech coordination, articulation of speech and vocal quality. Although there was no statistically significant correlation between the following issues, there was a percentage increase along the age groups in other parameters: number of illnesses per person; phlegm complaints; complaints of hearing but not understanding; tinnitus complaints; reports of hearing impairments; use of hearing aids; watching television in high volumes; occurrence of low voice resonance; and awareness of vocal changes. As for the subjecaging process, there was a predominance of references to physiological aspects and of the daily activities in the answers provided by G1 (62.5%) and by G2 (52.9%), and of emotional aspects in the answers given by G3 (53.6%). The following issues were more prevalent in answers of certain age groups: health, prejudice, social isolation and the importance of practicing physical activities, mainly in G1; sadness and loneliness in G2; tiredness, lack of physical wellness, despondency and changes in social relationships, primarily in G3. Conclusion: The comparison of women of ages 60-69, 70-79 and 80-90 leads to the conclusion that there are significant differences between age groups related to vocal demands, reported difficulties in singing, respiratory-speech coordination, articulation of speech, vocal quality, reported hearing impairments, and use of hearing aids. The physiologic and daily life aspects mainly present in the answers of G1 and G2 as well as the emotional aspects predominant of the answers in G3 are factors that affect the way these women look at aging in general, and how they feel towards their own aging process. This study enables us to reaffirm the bio-psychosocial nature of the aging process, which is different not only from one person to another, but also in each age group. Key Words: elderly voice perception aging geriatrics gerontology

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SUMÁRIO

Dedicatória iv

Agradecimentos v

Epígrafe vii

Resumo viii

Abstract ix

Lista de tabelas e quadros xii

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 01

2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 05

3. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................... 06

3.1. Panorama geral do envelhecimento............................................................................... 06

3.2. Aspectos da comunicação no envelhecimento.............................................................. 16

3.3. O processo de envelhecimento vocal............................................................................. 21

3.4. Fatores interferentes no processo de envelhecimento da voz, queixa e propriocepção

vocal................................................................................................................................

27

4. MÉTODO .......................................................................................................................... 34

4.1.Seleção dos sujeitos........................................................................................................ 34

4.2.Instrumentos de pesquisa................................................................................................ 35

4.2.1.Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da profissão,

hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o

envelhecimento.........................................................................................................

35

4.2.2.Protocolo de registro do tempo máximo de fonação............................................... 36

4.2.3.Protocolo de registro de dados da avaliação perceptivo-auditiva da voz................ 37

4.3.Procedimentos................................................................................................................. 37

4.4.Análise dos dados .......................................................................................................... 40

4.4.1.Tempo máximo de fonação..................................................................................... 40

4.4.2.Transcrições e análise das respostas dos participantes à questãos nº 26 do

Formulário................................................................................................................

40

4.4.3.Avaliação perceptivo-auditiva da voz..................................................................... 40

4.5.Análise dos resultados................................................................................................... 42

5. RESULTADOS.................................................................................................................. 44

5.1. Domínio atividade profissional...................................................................................... 44

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5.2. Domínio moradia........................................................................................................... 45

5.3. Domínio saúde geral...................................................................................................... 46

5.4. Domínio hábitos cotidianos e saúde vocal..................................................................... 48

5.5. Domínio audição............................................................................................................ 54

5.6. Domínio aspectos da voz............................................................................................... 55

5.7. Domínio opinião sobre o envelhecimento..................................................................... 60

5.8. Medidas fonatórias......................................................................................................... 78

5.9. Análise perceptivo-auditiva da voz............................................................................... 78

6. DISCUSSÃO...................................................................................................................... 81

7. CONCLUSÕES.................................................................................................................. 107

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 110

Bibliografia Consultada........................................................................................................ 117

Anexos

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e

G3 em relação à existência de atividade profissional pregressa............................

44

Quadro 1. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade profissional pregressa....................................

45

Tabela 2. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade profissional atualmente e o tipo de profissão.................................................................................................................

45

Tabela 3. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao fato de morar sozinha ou acompanhada...................................

46

Tabela 4. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de problemas na saúde geral......................................

47

Quadro 2. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de problema na saúde geral............................................

47

Tabela 5. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao uso regular de medicação.........................................................

48

Quadro 3. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à finalidade do uso de medicamento(s)......................................

48

Tabela 6. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de hábito de fumar, tempo de fumo e quantidade consumida por dia..................................................................................................

49

Tabela 7. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ingestão de bebida alcoólica, freqüência desta e tipo de bebida de que faz uso........................................................................................................

49

Tabela 8. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade física, freqüência e tempo de prática....................................................................................................................

50

Quadro 4. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade física que pratica........................................

50

Tabela 9. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade social e/ou de lazer e a freqüência..............................................................................................................

51

Quadro 5. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade social e/ou de lazer que pratica..................

51

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Tabela 10. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à demanda geral de voz no dia-a-dia e a freqüência de uso do telefone...............................................................................................................

52

Quadro 6. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação às atividades em que mais usa a voz no dia-a-dia......................

.

52

Tabela 11. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à prática de canto, de que forma canta e se apresenta alguma dificuldade nesta prática.....................................................................................

52

Quadro 7. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de dificuldade para cantar...............................................

53

Tabela 12. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência do hábito de pigarrear, tossir, falar alto, gritar e sobre a ingestão de água.....................................................................................

53

Tabela 13. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de queixa de audição; ao uso de televisão (TV) em volume alto; ao fato de escutarem, mas não entenderem o que lhe dizem; ao incômodo com barulho; e ocorrência de zumbido.........................................

54

Tabela 14. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de audiometria, há quanto tempo realizaram o exame, resultado e uso de prótese auditiva.........................................................

55

Tabela 15. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ocorrência de queixa de voz e tipo de queixa..........................

55

Quadro 8 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de queixa de voz.............................................................

56

Tabela 16. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de cuidados com a voz............................................

56

Quadro 9. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de cuidado que realizam com a voz...................................

56

Tabela 17. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ocorrência de problema vocal pregresso e tipo de problema.............................................................................................................

57

Tabela 18. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à auto-percepção de mudança vocal com o passar dos anos e tipo de mudança percebida.................................................................................

57

Tabela 19. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação a saberem referir o que acham que faz bem para a voz.............

58

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xiv

Quadro 10. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao que acham que faz bem para a voz........................................

58

Tabela 20. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação a saberem referir o que acham que faz mal para a voz..............

58

Quadro 11. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao que acham que faz mal para a voz......................................

59

Tabela 21. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à opinião sobre a própria voz representada por uma única palavra.................................................................................................................

59

Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método..................................................

60

Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método..................................................

66

Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método..................................................

72

Tabela 22. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à média do tempo máximo de fonação na vogal /a/ e consoantes /s/ e /z/..............................................................................................

78

Tabela 23. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à coordenação pneumo-fonoarticulatória, articulação e ressonância apresentada......................................................................................

78

Tabela 24. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao pitch e loudness.....................................................................

79

Tabela 25. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo vocal e o grau geral de manifestação da qualidade de voz......................................................................................................................

79

Quadro 15. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à qualidade vocal apresentada....................................................

80

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1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento humano é, em linhas gerais, considerado um processo

fisiológico da vida humana, constituído por progressivas mudanças físicas, psíquicas e sociais

no indivíduo e que se inscrevem com velocidade e intensidade variada para cada um. A

velhice, um período específico dentro desse processo, tornou-se, na atualidade, assunto de

interesse público, tematizado na mídia e nos diversos campos do conhecimento. Parece haver

um desejo, manifesto por grande parte da sociedade, de saber como a vida do idoso pode ser

alongada, mas com qualidade satisfatória. Contudo, ainda é um assunto que provoca reações

adversas nas pessoas, que vai desde uma aceitação daquilo que é imposto inexoravelmente

pela velhice ou resignação pacífica a ela, até uma incisiva negação dessa realidade.

Freire (2000) relatou que o significado do envelhecimento ganhou maior

importância, principalmente na contemporaneidade, na medida em que se passou a dar conta

de que velhice ou envelhecimento não pressupõe necessariamente doença, desamparo e

afastamento social.

A preocupação com o universo do idoso também cresceu pela constatação de que

despontou, no cenário mundial, uma transição demográfica progressiva e marcante, com um

aumento significativo do número de pessoas com 60 anos ou mais. Diante desta realidade, os

profissionais de diversas áreas têm investigado as particularidades deste período do ciclo vital

humano, a fim de conhecer melhor suas características.

Em nosso país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2004), a população de idosos configurava, na época, um contingente de 16 milhões de

habitantes, o que correspondia a um índice de 9,5 a 10% da população total. Se houver uma

continuidade das tendências indicadas para as taxas de longevidade dos habitantes brasileiros,

as estimativas para os próximos 20 anos mostram que o número de pessoas idosas poderá

exceder 30 milhões. Ao final deste período chegará a representar quase 13% da população.

Adicionalmente, há outra condição que se destaca: a tendência mundial de uma

longevidade superior das mulheres em detrimento a dos homens. Lebrão e Laurenti (2005)

relataram que no projeto de Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE), coordenado pela

Organização Pan-Americana de Saúde, foi organizado um estudo em áreas urbanas de

metrópoles de sete países da América Latina e Caribe. Dentre estas, especificamente no

município de São Paulo, a pesquisa foi desenvolvida com 2.143 pessoas acima de 60 anos,

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residentes na capital no ano 2000. O estudo demonstrou que a maioria (58,2%) da população

era constituída de mulheres.

Segundo Herédia (2004), a discrepância na distribuição das pessoas idosas se torna

maior, no Brasil, conforme aumenta a idade. Na faixa etária entre 60 e 64 anos, por exemplo,

ocorre um predomínio do sexo feminino de 6,4%, que se eleva até alcançar uma diferença de

31,6% na faixa etária entre 95 e 99 anos.

As mulheres idosas formam, portanto, um segmento mais visível, que ocupa cada

vez mais espaços na sociedade, e é factual a maior procura delas pelos serviços de saúde. Vale

salientar que, em qualquer idade, as singularidades do sexo feminino são muito evidentes.

Estes fatos mostram que estudar as mulheres e direcionar maior atenção às suas necessidades

configura-se essencial na perspectiva atual.

Assim como outras áreas da saúde, a Fonoaudiologia vem retomando as

elaborações teóricas sobre a velhice e tem realizado pesquisas com essa população no sentido

de melhor atender às demandas cada vez maiores dos idosos. O fonoaudiólogo, a princípio,

teve maior preocupação em investigar a influência das doenças na voz. Ainda hoje, não

constitui uma questão habitual o estudo da voz de indivíduos sem alterações vocais e sem

problemas de saúde que possam afetar diretamente a voz. No entanto, este tipo de pesquisa é

fundamental para que se possa entender a mudança vocal em curso ao longo da vida.

Sabe-se que os sistemas do corpo humano, inclusive aqueles relacionados com a

produção da voz, se desenvolvem e se modificam gradativamente a partir do nascimento.

Soyama et al. (2005) afirmaram que mudanças fisiológicas e estruturais advêm a todo o trato

vocal e podem causar alterações na voz com impacto em maior ou menor intensidade. O

envelhecimento vocal, que acompanha o processo normal de envelhecimento humano, recebe

o nome de presbifonia (Morsomme et al., 1997). Andrada e Silva e Duprat (2004)

explicitaram que são suas características: instabilidade do pitch, tremor vocal discreto,

loudness fraco, tessitura restrita, ataque vocal suave ou aspirado e ressonância com

predomínio laringofaríngeo.

Greene e Mathieson (2001) afirmaram que as mudanças a que o ser humano está

sujeito no decorrer dos anos dão-se em um processo contínuo e podem ocorrer diferenças nas

características vocais de um mesmo indivíduo em cada sucessiva década de vida. Boone e

Macfarlane (1994), baseados em sua experiência clínica e em pesquisa, também enfatizaram

que há uma significativa variabilidade, fisiológica e cronológica, entre os idosos. Esses

pesquisadores relataram que, em 15 anos de estudos sobre a comunicação e o envelhecimento,

na Universidade do Arizona (Estados Unidos da América), observaram diferenças nas

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respostas na maior parte das investigações a que submeteram idosos-jovens (de 65 a 80 anos)

e idosos mais velhos (com 80 anos ou mais). Os autores destacaram que agrupá-los

simplesmente como idosos, exclui ou oculta as diversidades fisiológicas e sociais existentes

entre os mesmos. A partir dessas pontuações, julga-se necessário realizar pesquisas levando

em consideração as diferentes faixas etárias desse segmento da população.

Além das modificações na voz, são claras as mudanças que o processo de

envelhecimento promove nas funções neurovegetativas e nos aspectos da linguagem, com

conseqüências de grau diferenciado, de acordo com as possibilidades de adaptação de cada

indivíduo. O avançar dos anos também acarreta alterações auditivas, as quais ocasionam forte

impacto psicossocial na vida das pessoas (Russo, 2004). Nessa fase, há uma série de

mudanças concatenadas que ocorrem na comunicação e que traz a possibilidade de o

indivíduo dar-se conta ainda mais, em seu dia-a-dia, dos efeitos do envelhecer.

Ao abordar o contexto comunicativo, com destaque neste estudo para a questão

vocal, é preciso refletir sobre os aspectos biopsicossociais envolvidos. Na vida em sociedade,

os indivíduos são colocados diante de variadas situações que exigem comunicação, e há um

complexo conjunto de fatores capazes de interferir no comportamento vocal. A voz não é um

fenômeno que se dá puramente por movimentos das estruturas do trato vocal, mas também é

resultante da relação do indivíduo com o mundo e consigo próprio. Logo, a concepção do

sujeito idoso sobre o envelhecimento e sobre sua própria voz merece receber atenção, pois

tem efeitos na sua qualidade de vida, nos laços sociais e na interação comunicativa com as

demais pessoas.

Brasolotto (2005) afirmou que há poucos estudos que analisam a queixa vocal do

idoso. De forma geral, na área de voz, as pesquisas investigam bem mais os distúrbios do que

a normalidade, e não está ainda suficientemente definido o limite entre o processo fisiológico

e a interferência de doenças na voz dos idosos. Além disso, para a autora, ainda há dúvida se

as alterações na voz, inerentes ao envelhecimento, são percebidas por eles a ponto de se

incomodarem com o problema.

A partir dessas formulações sobre a problemática vocal, surgiu a motivação, na

presente pesquisa, para estudar o assunto e analisar as seguintes questões: existem diferenças

entre mulheres idosas, de faixas etárias distintas, em relação às características gerais e vocais?

Há variação quanto à propriocepção do envelhecimento nas diferentes faixas etárias?

É fundamental estudar o envelhecimento vocal sob uma ótica mais ampla e

estabelecer relações entre os vários fatores associados a esse complexo processo. As

mudanças a que estão sujeitas as pessoas no processo de envelhecimento podem promover

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prejuízos à interação social e à qualidade de vida com o avançar dos anos. Por conseguinte, é

importante a elaboração de estratégias e ações por parte de todos os profissionais de saúde,

que visem a uma assistência mais abrangente a essa população e que tenham por objetivo,

primordialmente, a prevenção e a promoção da saúde.

Pretende-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para que os

fonoaudiólogos e profissionais de áreas afins obtenham mais informações sobre o quanto o

processo de envelhecimento tem incidência significativa na voz e no padrão comunicativo de

mulheres idosas.

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2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e

a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos.

2.2. Específicos:

2.2.1. Comparar mulheres nas faixas etárias de 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e 80 a 90 anos,

segundo:

as características perceptivo-auditivas da voz;

a opinião sobre o envelhecimento;

a ocorrência de queixa vocal;

os hábitos cotidianos e a saúde vocal;

a percepção de mudança vocal com o avançar da idade;

a saúde geral;

os aspectos ocupacionais;

os aspectos relacionados à audição.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

O capítulo de revisão de literatura está dividido em quatro sub-capítulos. O

primeiro refere-se a um panorama geral do envelhecimento, com informações

epidemiológicas, conceitos sobre o envelhecimento, modificações gerais orgânicas e

psíquicas, bem como a auto-imagem do idoso. O segundo apresenta os aspectos

comunicativos sujeitos a modificações durante o envelhecimento, especialmente em relação à

linguagem, audição e sistema sensório-motor oral. No terceiro sub-capítulo é descrito o

processo de envelhecimento vocal, e podem ser observadas pesquisas sobre os aspectos

anatomo-fisiológicos e perceptivo-auditivos da voz nessa população. O quarto sub-capítulo

traz preceitos teóricos e pesquisas científicas sobre os fatores de interferência no processo de

envelhecimento vocal, queixa e propriocepção vocal.

3.1. Panorama geral do envelhecimento

O ser humano tem se preocupado, ao longo dos tempos, em como prolongar a

juventude e em como ter boa qualidade de vida na velhice. A Organização Mundial de Saúde,

por meio de uma discussão com especialistas de vários lugares do mundo, definiu a qualidade

de vida como a percepção dos indivíduos de sua posição na vida no contexto da cultura e

sistema de valores nos quais eles vivem e em relação aos seus objetivos, expectativas,

padrões e interesses (The WHOQOL Group, 1995).

A literatura internacional na área da Gerontologia tem buscado compreender o

significado de uma velhice saudável, e o termo que tem sido preferido e empregado na área é

o da velhice bem-sucedida. Esta está relacionada a uma situação individual e coletiva de

sensação de bem-estar físico e social, que tem ligação com as aspirações da sociedade, as

circunstâncias e valores do ambiente em que se vive e o histórico pessoal e do grupo etário do

qual o indivíduo faz parte. Na velhice bem-sucedida, a pessoa mantém a capacidade para

desenvolver-se, considerando os limites da plasticidade individual (Baltes e Smith, 1995).

Os autores complementaram ainda que, para que o sujeito envelheça

satisfatoriamente, é necessário que haja um equilíbrio entre as suas limitações e suas

potencialidades, de forma que este seja capaz de lidar, em níveis variados de eficácia, com as

perdas inevitáveis que surgem com o avançar dos anos e desenvolva compensações para estas.

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Envelhecer bem compreende as chances proporcionadas à pessoa para o acesso à adequada

educação, urbanização, habitação, saúde e trabalho durante toda a sua vida. Estes são os itens,

mais citados na literatura, considerados fundamentais à manutenção dos indicadores

associados a uma velhice bem-sucedida. Como tais indicadores, são mencionados: a saúde (a

real e a percebida pelo indivíduo), a longevidade, a atividade, a produtividade e a satisfação, a

eficácia cognitiva e a competência social, a capacidade de manter papéis familiares e uma

rede de conhecimentos informais, a capacidade de auto-regulação da personalidade, e o nível

de motivação individual para buscar informações e para a interação social.

Rodríguez (1996) enfatizou que a construção da idéia de velhice se estabelece nas

relações sociais, de acordo com os interesses ideológicos e até econômicos da sociedade. O

significado e o sentido da noção de envelhecimento, de velho e de velhice resultam de uma

construção histórica e social e não tem um caráter concludente, estruturado de forma

categórica, nem para o coletivo, nem para o sujeito individual.

De acordo com a opinião de Paschoal (1996), a longevidade pode promover

implicações importantes para a qualidade de vida, pode ser um problema e ter conseqüências

sérias no que concerne às questões físicas, psíquicas e sociais. Todavia, o fato de o indivíduo

conseguir manter sua autonomia e independência, sua participação na sociedade de forma a

cumprir papéis sociais, manter sua auto-estima elevada e ter um sentido para sua existência,

favorece que esta sobrevida possa ser plena de significado.

Há na literatura a indicação de diferenças, no processo de envelhecimento, entre o

sexo masculino e o feminino. Barros (1998) afirmou que é dada maior atenção na sociedade

ao homem idoso, pois com ele ocorre uma mudança radical de vida com a aposentadoria, na

qual sai de um mundo amplo e público, para um universo doméstico e restrito. Para a mulher,

não ocorre essa mudança abrupta, pois ela em geral está ligada ideologicamente à esfera

doméstica, independente de possuir ou não vida profissional ativa.

As diferenciações entre os sexos foram vislumbradas em uma pesquisa

interdisciplinar de Baltes e Mayer (1999), realizada em Berlim, com 515 idosos de 70 a 100

anos. O estudo fez uma comparação entre homens e mulheres de acordo com 32 variáveis

relativas à saúde, funcionalidade física, saúde mental, saúde percebida, personalidade,

relações sociais e sociodemográficas. Foi encontrada uma associação entre o sexo feminino e

melhor audição, maior freqüência de doenças crônicas e do sistema musculoesquelético, mais

incapacidade funcional, problemas de mobilidade, depressão, doenças psiquiátricas severas,

mais queixas somáticas, menos saúde percebida e maior necessidade de ajuda. Verificaram

uma probabilidade 2,5 vezes maior de fragilidade nas mulheres do que nos homens. Outra

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relação constatada foi entre a degradação da qualidade de vida na mulher e a condição de

viver sozinha, ter baixo nível de escolaridade e piores condições de vida. A conclusão

principal da pesquisa foi de que, no campo da saúde, da funcionalidade física e da saúde

percebida, o maior fator de risco é o sexo. As mulheres são e se percebem mais frágeis do que

os homens. Em suma, os autores consideraram, a partir desse estudo, que a somatória das

conseqüências da fragilidade física com os efeitos de variáveis sociodemográficas

(escolaridade menor, viver só, ter que cuidar e precisar de cuidados), tende a promover um

declínio da qualidade de vida da mulher.

Sobre a velhice, Motta (1999) e Debert (1999) declararam que esta consta de uma

experiência de várias faces, que envolve critérios de sexo, classe social, fatores

sociodemográficos e demandas psicológicas. Ilustraram várias questões emergentes em

relação à mulher idosa. Dentre essas, que as mulheres pertencentes à classe social baixa e

média costumam se afirmar como idosas em espaços destinados a esta população, tais como:

clubes, universidades da terceira idade e centros de convivência. Essa auto-afirmação provém

do fato de, nesses locais, participarem de atividades, terem sensação de independência e

autonomia para dirigir suas vidas e por freqüentar locais que anteriormente eram incomuns

aos indivíduos idosos. Essas mulheres, ao falarem de si próprias, descrevem a existência de

vigor, de saúde, de satisfação e, às vezes, relatam uma falta de limites que não parece

corresponder à realidade desta etapa da vida, em função de questões biológicas e sociais. As

mulheres idosas utilizam os novos espaços como símbolos de liberdade, e há, muitas vezes,

uma negação da submissão aos controles sociais que sempre estiveram presentes na

sociedade.

Os mesmos autores preconizaram que a sociedade consumista contribui para que

elas tenham a ânsia da eterna juventude e a ideologia de que a velhice é um estado de espírito,

uma condição que pode ser disfarçada ou adiada por meio dos avanços da medicina e da

ciência. Também destacou um aumento relativo do índice de idosas que são chefes de família

e que fazem parte da população economicamente ativa. Apontaram que há o aspecto positivo

e negativo deste fato, uma vez que isso indica que as gerações mais jovens não estão

conseguindo prover suas próprias necessidades.

Também na opinião desses autores, a combinação dessa mudança nas práticas

sociais, da desigualdade social e dos efeitos do envelhecimento populacional aumenta a

probabilidade de as mulheres idosas de qualquer nível social viverem sozinhas. Algumas

conseguem lidar de forma adequada com esta situação por terem condições comportamentais,

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afetivas e econômicas para tanto. Outras, porém, sofrem com os efeitos do isolamento e da

solidão, o que favorece o aumento da fragilidade e piora da qualidade de vida.

Ao falar sobre o processo de envelhecimento, Neri e Freire (2000) destacaram que

existem inúmeros termos e expressões para denominar as pessoas com idade avançada ou o

provém de preconceitos para com a velhice, manifestados por meio de reações de

afastamento, desgosto, ridicularização, negação e discriminação. Há uma noção construída ao

longo dos séculos de que existe uma estreita relação entre essa fase e a morte, doenças,

isolamento e dependência. Esta noção também carrega, até a atualidade, a associação entre

velhice e incapacidade, apesar das evidências de que se pode viver com um bom padrão de

desempenho físico e cognitivo nesse período. A adoção de muitos termos tem o objetivo de

apenas soar bem e podem servir para mascarar os preconceitos, inclusive dos próprios idosos,

-

biopsicossociais que se tornam mais perceptíveis a partir dos 45 anos de idade.

Freire (2000) declarou que a idéia de envelhecimento ideal é almejada pelas

pessoas desde a Antiguidade. O envelhecimento satisfatório é subordinado a um equilíbrio

entre as limitações e as potencialidades do sujeito e de sua constante interação com o

ambiente, de forma que este apresente uma competência adaptativa. Esta corresponde a uma

capacidade geral para ter flexibilidade perante aos desafios biológicos, mentais, interpessoais,

socioeconômicos ou de conceitos próprios, ou seja, relaciona-se basicamente com as

habilidades da pessoa para lidar com fatores de estresse, resolver problemas e manter a

competência social.

Segundo Capitanini (2000), o envelhecer não tem que representar

obrigatoriamente perdas, doenças ou ser acompanhado por um isolamento social e/ou solidão.

Contudo, algumas condições da vida moderna contribuem para a ocorrência de solidão, como,

por exemplo, as mudanças no estilo de vida das pessoas. As mulheres, ao longo do tempo,

tornaram-se independentes devido ao trabalho fora de casa, o que coincidiu com o adiamento

do casamento e a conseqüente redução no número de filhos. O fato de as mulheres viverem

mais anos do que os homens contribui igualmente para a solidão, uma vez que a possibilidade

de viuvez aumenta conforme ficam mais velhas. O índice de mulheres que se casam de novo é

pequeno; portanto, é maior a possibilidade de que fiquem sozinhas em algum período da

terceira idade. Por outro lado, os homens têm maior facilidade em se casar e com mulheres

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mais jovens o que faz com que aumente a probabilidade de as mulheres mais velhas serem

mais sozinhas do que os homens idosos.

O autor reforçou também que a solidão aparece em relatos de muitos idosos e com

mais freqüência de mulheres, porém que essa não é uma condição natural e permanente desta

população. O impacto dos acontecimentos da vida sobre um indivíduo depende de vários

fatores, como: história, personalidade, contato com os filhos e outros familiares, e existência

de amigos.

De acordo com Sayeg e Mesquita (2000), os idosos representam o segmento da

população que mais demonstra uma heterogeneidade entre pessoas da mesma faixa etária e

diferenças entre gênero, inclusive na forma de viver e adoecer.

É retratada também na literatura uma diferença na longevidade entre homens e

mulheres. Para Schoueri Junior et al. (2000), a expectativa de vida média entre os homens é

de 67,6 anos e entre as mulheres, nascidas no mesmo ano, a média de vida é de 75,2 anos. Na

população acima de 70 anos, cerca de 70% é do sexo feminino e, acima de 85 anos esta

percentagem sobe para 80%. De acordo com os autores, alguns fatores podem ser

responsáveis pelo fato de as mulheres atingirem idades mais avançadas do que os homens,

como: diferenças biológicas, hábitos cotidianos, profissão, tabagismo e alcoolismo. Além

disso, as mulheres são mais atentas à sua saúde e procuram assistência médica mais

precocemente do que os homens, fator determinante de melhor prognóstico de doenças

crônicas. Há uma tendência maior do sexo feminino ao adoecimento, e dos homens, ao óbito.

Conforme Neri (2001), um fenômeno que tem chamado a atenção daqueles que

estudam o envelhecimento é a feminização da velhice, a qual significa, para a gerontologia

nacional, apenas aumento do número de mulheres na população idosa. Contudo, para a autora,

este fenômeno está relacionado também ao exercício de papéis na sociedade e ao

funcionamento do self . No Brasil, os idosos, especialmente as mulheres, tem tido cada vez

mais visibilidade na sociedade, devido não apenas a uma ascensão numérica, mas também ao

fato de que estão conquistando cada vez mais espaço e têm promovido novas demandas para

instituições e agentes sociais. Ser uma mulher idosa traz riscos que aumentam com o avançar

dos anos em função de aspectos biológicos, estilo de vida, histórico de saúde e doença,

self é um sistema composto por estruturas de conhecimento sobre si mesmo e um conjunto de funções

cognitivas que integram ativamente essas estruturas ao longo do tempo e de várias áreas de funcionamento self está associado com a sensação de bem-estar subjetivo e a qualidade de vida percebida, permite

fazer interpretações das experiências, auto-regular emoções, vivenciar o senso de continuidade e iniciar comportamentos (Herzog e Marcus, 1999).

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pobreza, baixa escolaridade e isolamento social. Por outro lado, ser mulher implica a prática

de papéis sociais que mantêm as mulheres no mundo das relações. Este fato está associado ao

papel do cuidado com o outro, estabelecido prioritariamente como uma tarefa feminina e que

fornece benefícios sociais e intrapessoais às mulheres. Estas tendem a ver este papel como

parte integrante do seu self, muito mais do que os homens.

Ao se tratar do envelhecimento, um ponto importante a considerar é também a

saúde. Vida e saúde são inseparáveis. Tudo o que tem a ver com a saúde deve fazer parte da

conceituação de qualidade de vida, principalmente no caso dos idosos, pois esta é uma

questão de grande relevância para eles. Apresentar boa saúde é um fator determinante da boa

qualidade de vida, na opinião dessa população. A longevidade proporciona modificações nos

padrões de saúde, com aumento da prevalência das doenças crônicas. Desta forma, o principal

objetivo das condutas e políticas de saúde não corresponde mais à cura e, sim, à manutenção

de boa qualidade de vida. Conseqüentemente, essa população deve ser sempre avaliada

também por meio de variáveis subjetivas, que incluam as percepções de seu bem-estar

(Alleyne, 2001).

Santos (2002) realizou um estudo que avaliou o pensamento das pessoas sobre a

associação entre os conceitos de envelhecimento, saúde e doença. Na primeira fase

participaram 47 idosos, entre 40 e 79 anos de idade, de ambos os sexos, que faziam parte de

maneira ativa de grupos de terceira idade e que responderam a um questionário sobre o

significado da velhice e o momento em que consideravam que esta tinha início. Da segunda

fase participaram dez grupos de idosos, com média de 25 pessoas cada, na faixa etária de 50 a

80 anos, de ambos os sexos. Com estes, o objetivo foi de possibilitar a discussão sobre o

mesmo assunto. De um modo geral, verificaram que a noção sobre o momento em que se

inicia o envelhecimento é variável, e a definição deste é afetada diretamente por componentes

de personalidade, por conceitos formados socialmente e na família. Houve uma tendência

maior (40,4%) em olhar o envelhecimento como algo que depende do esforço de cada um na

busca de uma melhor forma de viver e de manter-se ativo. Observaram que 27,6% dos idosos

basearam-se em rótulos preestabelecidos e não emitiram opinião pessoal, própria de quem

está vivenciando a terceira idade. O envelhecer foi citado como sinônimo de doença por 25%

das pessoas, e a negação do envelhecimento foi constatada em 8,3% dos idosos. O

pesquisador afirmou que, apesar de a negação ter aparecido com freqüência reduzida, na

sociedade capitalista sabe-se que o olhar é sempre direcionado para o moderno e para a

juventude. Assim sendo, um conceito negativo e opiniões depreciativas sobre o

envelhecimento permeiam muitas vezes os discursos. O investigador confirmou a presença de

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uma construção cultural negativa do envelhecimento e que parece estar se modificando com o

aumento do número de idosos longevos e saudáveis na sociedade. Percebeu, ainda, que

aqueles que freqüentam grupos são capazes de romper com os estereótipos de forma mais

fácil do que os demais. Estes indivíduos tiveram que romper antecipadamente com outros

estigmas para se engajar em atividades em grupo e são revitalizados por esta convivência.

A preocupação com as questões do idoso é pertinente e é uma temática que deveria

ser abordada em todas as áreas, uma vez que nosso país caminhou com um envelhecimento

demográfico e a população brasileira não pode mais ser considerada jovem.

O aumento da expectativa de vida foi demonstrado por Pessini e Queiroz (2002).

Os pesquisadores relataram que, em 1980, a estimativa de vida da população brasileira era de

57,2 anos para os homens e 64,3 anos para as mulheres. Dez anos mais tarde, este valor subiu

para 59,5 e 65,8, respectivamente. Em 2000, a expectativa de vida foi estimada em 64,8 anos

para os homens e 72,5 anos para mulheres, o que justifica o progressivo aumento no número

de idosos em nosso país.

O crescimento populacional foi abordado por Knorst et al. (2002). Eles

evidenciaram que em 2002 havia no Brasil aproximadamente 11 milhões de pessoas com

mais de 60 anos de idade e que existe uma previsão desse número aumentar para quase 32

milhões (13,8% da população geral) em 2025. Para os autores o aumento da expectativa de

vida está associado à prevenção e cura de problemas de saúde, à engenharia sanitária e

urbana, bem como aos avanços tecnológicos e educacionais. Segundo eles, envelhecer não

deve significar, necessariamente, grave diminuição ou perda das funções.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem se esforçado no sentido de

modificar a concepção da saúde como simples ausência de doenças. Ao lidar com o paciente

idoso, é imprescindível um conhecimento extenso e a atuação de profissionais de várias áreas,

na busca pela compreensão de toda a gama de fatores, que influenciam o processo de

envelhecimento e de doenças nesta população (Equipe Técnica da Casa Gerontológica de

Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes, 2004).

Lustri e Morelli (2004) afirmaram ver o envelhecimento como um processo

dinâmico, marcado por modificações nas dimensões funcional, orgânica, bioquímica e

psicológica.

Durante o envelhecimento ocorrem importantes modificações fisiológicas nos

indivíduos. Estas têm início em diferentes partes do corpo, em momentos distintos e com

velocidade variada entre as células, tecidos e órgãos. Em relação ao sistema respiratório, as

mudanças se apresentam no tórax, brônquios e alvéolos; a mobilidade das costelas diminui e

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os músculos respiratórios tornam-se, gradualmente, atrofiados. O coração começa a apresentar

menor eficiência, com aumento na freqüência dos batimentos. No sistema nervoso há uma

redução significativa do número de neurotransmissores. Contudo, os neurônios remanescentes

permanecem com sua capacidade de fazer sinapses com outros neurônios, ou seja, mantêm a

plasticidade cerebral se houver estímulos para isso. Declínio e mudanças também são

encontrados na forma e função dos sistemas endócrino, imunológico, digestivo, geniturinário,

musculoesquelético e nos órgãos dos sentidos. No envelhecimento bem-sucedido, essas

modificações são gradativas e permitem que o organismo consiga se adaptar ao novo ritmo,

mantendo a qualidade de vida (Ribeiro, 2004).

Jordão-Netto (2004) relatou que, a partir dos 60-65 anos, quando as mudanças

físicas já são bem visíveis, acentuam-se aquelas relacionadas ao psiquismo. Ocorrem algumas

modificações interiores, com mudanças muitas vezes de valores e atitudes. Afirmou que,

atualmente, têm sido empregados poucos esforços em estender a proteção ao indivíduo idoso

quando este deixa de ser produtivo. É natural, portanto, que haja uma tendência à falta de

motivação e, assim, uma dificuldade de adaptação à nova condição, na busca de um novo

equilíbrio.

No que se refere ao fenômeno biológico, Santos (2005) declarou que o

envelhecimento é marcado por mudanças sucessivas de todas as estruturas e sistemas do

corpo humano, que geram, naturalmente, uma redução na capacidade de adaptação ao meio

ambiente.

A saúde do sujeito idoso é também determinada pela independência e a capacidade

de desempenhar variadas funções e atividades cotidianas sem necessitar de auxílio. As

limitações no idoso geralmente estão ligadas à presença de um ou mais problemas de saúde e,

portanto, a prevenção dos agravos é fundamental (Farinasso, 2005).

Silva et al. (2005) destacaram que a infância, a adolescência, a fase adulta e a

velhice são etapas que compõem o ciclo de vida do ser humano, e todas elas têm limites e

possibilidades. Cada etapa contribui para o crescimento de cada um, e a terceira idade precisa

ser encarada com essa naturalidade. Ser idoso não implica estar em decadência. Várias

enfermidades que costumam surgir na terceira idade podem ser prevenidas ou retardadas para

que o idoso se mantenha saudável o suficiente para usufruir de sua vida. Velhice não é

sinônimo de doença, e sim de maturidade. Porém, para os autores, seria irreal pensar que

todos os indivíduos não precisam dar atenção à sua condição de idoso. Para eles, é inegável

que, com o avançar da idade, passa-se a ter uma diminuição da reserva do organismo e uma

lentidão no nível de funcionamento, motivo pelo qual não se pode submeter um idoso a

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demandas excessivas. A deterioração gradual dos processos sensoriais pode levar o idoso a se

isolar e causar considerável impacto sobre o seu psiquismo, com alteração de sua auto-

imagem. Outro motivo é que muitos de seus amigos ou entes queridos já morreram ou se

encontram bastante limitados pelo próprio processo do envelhecimento ou por enfermidades

crônicas.

De acordo com os mesmos autores, é importante sabermos que a depressão é três

vezes mais prevalente em idosos com alguma deterioração funcional do que naqueles sem

essa condição. Os autores pontuaram ainda que, ao longo dos tempos, a terceira idade

despertou e ainda desperta para muitos, sentimentos negativos como o medo e pode levar a

situações de piedade e constrangimento. Por isso, o desejo de controlar ou atrasar essa etapa

da existência está presente em muitas pessoas, em fase de envelhecimento. Complementaram

com a afirmação de que a consciência de sua condição pode gerar a depressão e, talvez seja

por isso que a rejeição à terceira idade é um mecanismo de defesa natural do homem. Porém,

a aceitação desta como uma realidade e a compreensão de que se pode ser plenamente feliz

em qualquer época da vida é o caminho mais adequado para se evitar a depressão.

Desta forma, o envelhecer contempla muito mais do que simplesmente mudanças

físicas do corpo. Os aspectos emocionais, cognitivos e sociais também corroboram para que o

processo de envelhecimento de uma pessoa seja bem-sucedido ou patológico (Oliveira, 2005).

Araújo et al. (2006) investigaram as representações sociais da velhice, por meio de

entrevista e posterior comparação entre os conteúdos expressos por idosos de instituições de

longa permanência e idosos participantes de grupos de convivência. Os resultados revelaram

que, de um modo geral, a população do estudo pautou seus conceitos da velhice no binômio

velhice-doença, demonstrando uma idealização da velhice como algo negativo. Foram

observadas representações em dois pólos distintos: vivências relativas aos ganhos e, por outro

lado, às perdas que acompanham a velhice. Os dois grupos vivenciam seu processo de

envelhecimento de forma diferenciada: aqueles de grupos de convivência realizam atividades

sociorecreativas, de valorização do exercício da cidadania e relacionadas à promoção de

saúde, enquanto os idosos de instituições de longa permanência demonstraram vivenciar este

processo num confinamento sócio-afetivo.

Uma pesquisa* realizada pelo Núcleo de Opinião Pública da Fundação Perseu

Abramo (FPA, 2007) sobre as vivências, desafios e expectativas na terceira idade, forneceu

* Esta foi uma iniciativa da Fundação Perseu Abramo (FPA), com parcerias do SESC Nacional e SESC São

Paulo. Encontra-se disponível no site: http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/index.php?storytopic=1642

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também dados importantes sobre o panorama geral do idoso brasileiro. Participaram do

estudo pessoas idosas (a partir de 60 anos) e jovens e adultos (16 a 59 anos). Foram realizadas

2.136 entrevistas com idosos e 1.608 com uma população não idosa, totalizando 3.759

entrevistas. Foi verificado o desequilíbrio da população em relação ao gênero: 57% dos idosos

brasileiros são mulheres e 43% homens.

Nesse estudo, os pesquisadores investigaram, entre outros aspectos, a imagem que

os idosos têm sobre o envelhecimento. Segundo a opinião de 58% dos idosos, o surgimento

de doenças ou debilidades físicas é o principal sinal de que a velhice chegou. Além disso,

ficou claro que outros sinais que marcam para eles o início do envelhecimento é o desânimo,

a perda da vontade de viver, opinião citada por 35% deles. A dependência física foi outro

sinal do envelhecimento, apontado no estudo por pouco mais de um quarto dos participantes.

Ainda nessa pesquisa, quando os sujeitos foram questionados sobre como se

sentem com a idade que possuem, a maioria (69%) respondeu positivamente. Afirmaram estar

satisfeitos ou felizes 48% dos idosos, 29% referiram ter disposição para seus afazeres e 27%

relataram ter ânimo e vontade de viver. Referências negativas foram citadas por 39%, com

destaque para debilidades físicas e doenças (35%).

Os pesquisadores verificaram também que, de modo geral, a imagem da velhice é

mais negativa que positiva, contudo, de forma alguma é apenas negativa, sobretudo na

opinião dos idosos, os quais observaram tanto aspectos negativos quanto positivos em sua

condição. Entre eles, há a consciência de que existe um importante preconceito social contra o

idoso.

A maioria dos idosos pesquisados relatou que se sente bem, e 53% afirmaram não

se sentir idosos. Só a partir dos 70 anos, a maior parte dos idosos brasileiros sente-se como

tal. Na média, sentem-se de fato idosos apenas 39%, e 7% sentem-se idosos parcialmente ou

em certas circunstâncias.

Quando questionados se havia mais coisas boas ou coisas ruins no fato de ser

idoso, 35% deles responderam que há mais pontos negativos (sendo essa a opinião da maioria

só após os 70 anos), equilibrando-se com o índice daqueles que responderam que há mais

coisas boas (33%). A resposta de que existem aspectos bons e ruins na terceira idade foi

verificada em 23% da população dos idosos.

As piores coisas na terceira idade relatadas pelos entrevistados remetem a alguns

traços negativos da imagem da velhice, tais como: as debilidades físicas e doenças que foram

mencionadas por 57% dos idosos; a dependência física e a perda da autonomia (14%).

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Destacaram ainda a discriminação social contra a pessoa idosa mencionada por 18% dos

idosos e a falta de cuidado por parte das famílias citada por 6% deles.

As melhores coisas desse período, citadas na pesquisa pelos idosos, equivalem à

experiência de vida, à sabedoria (citadas por 21% deles) e ao tempo livre para se dedicar ao

que querem ou podem fazer (16%). O fato de contarem com proteção, carinho ou

compreensão familiar foi mencionado por 13% dos pesquisados. A independência econômica

e financeira foi citada por 12% deles e a prerrogativa de gozarem de novos direitos sociais foi

relatada por 12% como algo positivo nessa fase da vida.

3.2. Aspectos da comunicação no envelhecimento

No processo de envelhecimento, podem ocorrer distúrbios na comunicação, em

virtude da redução dos níveis de consciência, atenção, memória, raciocínio e alterações

linguagem. Ocorrem também alterações musculares que prejudicam os órgãos

fonoarticulatórios e, conseqüentemente, a inteligibilidade de fala. No indivíduo idoso,

ocorrem modificações fisiológicas e orgânicas que podem afetar todo o seu sistema

estomatognático (Duarte et al., 1997).

Entre as principais funções do sistema estomatognático destacam-se a mastigação,

a sucção, a deglutição e a fala. Estas se influenciam mutuamente e têm relação com os demais

sistemas que fazem parte do organismo humano. Desta forma, qualquer alteração em uma

delas poderá causar modificações nas outras funções (Douglas, 1998).

Bacha et al. (1999) destacaram que, com o avançar da idade, as habilidades de

linguagem podem ser alteradas de diferentes formas. Parecem se manter sem prejuízos os

aspectos de: reconhecimento de vocabulário, produção oral automática e compreensão de

sentenças contextualizadas. Entretanto, quando há uma exigência maior no que se refere ao

material lingüístico, a compreensão e a expressão parecem estar comprometidas. Além disso,

pode haver uma interferência na linguagem proveniente de perdas auditivas variadas,

adquiridas com o passar dos anos.

Sobre as dificuldades na fala do indivíduo idoso, Felício (1999) afirmou que

alterações morfológicas e funcionais atingem o sistema estomatognático, e complementou que

este quadro pode ser agravado pela perda dos dentes. Para o autor, a ausência de dentes

promove, em alguns casos, alteração na inteligibilidade da fala e no ponto de articulação dos

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sons, em decorrência da mudança da posição dos dentes e do contorno do palato, provocada

pela prótese. A adaptação de prótese dentária não garante necessariamente estabilidade

muscular, óssea e das funções estomatognáticas. Pode ocorrer também deglutição alterada,

mesmo após a adaptação protética.

Cassol e Behlau (2000) desenvolveram uma pesquisa com objetivo de verificar o

impacto de um programa de reabilitação vocal, em mulheres, na faixa etária de 57 a 80 anos,

sem queixa de alteração vocal. Participaram 22 mulheres, que foram submetidas a avaliações,

pré e pós-intervenção fonoaudiológica, avaliação perceptivo-auditiva e acústica da voz. Ao

serem questionadas sobre sua voz atual, 55% delas relataram ter voz normal e 45% alterada;

59% mencionaram que ocorreram mudanças em virtude da idade, tais como: a voz ficou mais

relataram ter tido algum tipo de problema vocal, mas nunca haviam feito tratamento

específico, e somente 5% da população tinha cuidados com a voz. Foi detectada a presença de

hábitos prejudiciais à voz, como ingestão de bebida alcoólica (18%), pigarro (27%), falar alto

(55%) e falar muito (59%). Uma parcela pequena das participantes apresentou relato de

dificuldade para ouvir (23%). Sobre a prática de canto, 100% relataram gostar de cantar e

55% costumavam cantar antes de iniciar aulas de canto em coral. Dentre as 22 mulheres, 73%

referiram dificuldade nos tons agudos e 14% nos graves. Após o programa de reabilitação

aplicado, foram percebidas modificações positivas nos padrões da voz: qualidade vocal, *tempo máximo de fonação (TMF), coordenação pneumo-fonoarticulatória (CPFA),

articulação, velocidade, intensidade, ressonância, pitch e ataque vocal. Os parâmetros

acústicos não refletiram as melhoras obtidas na análise perceptivo-auditiva.

Amorim (2001) enfatizou que as mudanças morfo-funcionais promovidas pelo

envelhecimento repercutem de forma direta na comunicação do indivíduo, uma vez que

incidem sobre a linguagem, a fala, a voz e a audição, e nos padrões motores de alimentação.

Destacou que estas se manifestam de forma diferenciada nas pessoas, de acordo com as

características individuais.

Santos et al. (2001) também declararam que as mudanças anatômicas e/ou

funcionais no mecanismo oral dos idosos podem afetar diretamente a fala e outras funções,

como mastigação e deglutição. Especificaram que as causas mais comuns de alterações nessas

* O TMF corresponde ao tempo máximo em que a pessoa é capaz de sustentar uma emissão de som ou fala encadeada em uma só inspiração; a CPFA é resultado da relação harmônica das forças expiratórias, mioelásticas laríngeas e musculares da articulação; a ressonância é o conjunto de elementos do aparelho fonador, que tem estreita associação entre si, e é responsável pela moldagem e projeção do som no ambiente; e o pitch, por sua vez, se refere à sensação psicofísica da freqüência fundamental da voz (Behlau et al., 2001b).

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funções são: ausência de dentes, problemas periodontais, atrofia do músculo mastigatório, uso

de prótese, diminuição do paladar, diminuição da saliva, presença de refluxo gastroesofágico

e disfagia.

De acordo com Berenstein (2002), com o passar dos anos há uma diminuição, de

forma geral, da ação motora no corpo humano, a qual se torna mais lenta. Essa lentificação é

proporcionada por uma alteração morfo-funcional da musculatura e dos ligamentos. Isto

prejudica o tônus muscular dos órgãos fonoarticulatórios, o que, conseqüentemente, traz

alterações para funções neurovegetativas.

Distúrbios que afetam as articulações temporomandibulares também podem surgir,

e o indivíduo pode ter sua qualidade de vida alterada, não se deparando somente com outras

dificuldades impostas pelo envelhecimento, mas pode passar também a ser portador de dores

orofaciais, dificuldades de alimentação, fonação e deglutição, o que pode afetar a sua vida

social (Stechman-Neto et al., 2002).

Quanto às dificuldades na deglutição decorrentes da idade, Silva-Netto (2003)

relatou que várias alterações prejudicam essa função, sendo estas resultantes do próprio

envelhecimento; outras decorrem das enfermidades comuns no idoso ou do uso de

medicamentos, uma vez que esta população é mais propensa a um aumento no consumo de

agentes farmacológicos. No idoso, um achado comum é o da sensação de boca seca, que está

geralmente relacionado ao uso de fármacos. No decorrer dos anos, há também uma diminuição

do estímulo do centro da sede, o que faz com que o indivíduo consuma uma quantidade

reduzida de líquidos. Esta condição contribui para a desidratação de tecidos e das mucosas,

podendo causar alterações significativas na deglutição.

Kendall et al. (2004) afirmaram que o envelhecimento inclui inúmeras

conseqüências no que se refere à motricidade orofacial, e altera a propriocepção, a

coordenação e a força muscular das estruturas.

Uma pesquisa de Nisa-Castro et al. (2004) analisou as modificações ocorridas no

sistema estomatognático no processo de envelhecimento e suas implicações na fala.

Participaram 36 idosas e sete idosos, com idade entre 65 e 85 anos. Os pesquisadores

revelaram predominância de: tônus labial adequado (22 sujeitos); tônus de língua normal (42);

flacidez em ambas as bochechas (29); tônus do músculo mentual adequado (42); mobilidade

normal dos lábios (39); mobilidade de língua adequada (25); mobilidade normal de mandíbula

(39). Verificaram cinco idosos com alterações na articulação; dois idosos com acúmulo de

saliva em comissuras; duas idosas com sibilância e uma com leve distorção do fonema /r/.

Encontraram associação estatisticamente significativa entre o tônus das bochechas e a

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presença de fala normal, e também entre o tônus das bochechas e o acúmulo de saliva nas

comissuras labiais durante a fala. Além disso, foi encontrada associação significativa entre as

condições de mobilidade da mandíbula e a presença de fala normal ou a presença de alteração.

Houve ainda relação significativa entre sexo e mobilidade da língua, com um maior número

de idosas apresentando normalidade para essa variável e um número bem menor de mulheres

apresentando tremor ao movimento. A partir dos resultados, concluíram que os idosos

freqüentemente comunicam-se bem em seu meio, pois as leves modificações que ocorrem na

voz ou na articulação não têm grande impacto nas habilidades de comunicação. Mesmo na

presença de modificações, a população do estudo apresentou comportamentos adaptativos.

Não houve limitação da funcionalidade, possivelmente em função de as modificações serem

leves.

A Equipe Técnica da Casa Gerontológica de Aeronáutica Brigadeiro Eduardo

Gomes (equipe técnica do CGABEG, 2004) ressaltou que a redução das atividades

intelectuais e socioprofissionais, durante o processo de envelhecimento, pode levar ao uso

reduzido da linguagem oral, escrita e da comunicação em geral. Vale ressaltar que, segundo o

grupo, um histórico de falta de emprego da comunicação pode contribuir para precipitar ou

agravar quadros demenciais na terceira idade. A alteração da função auditiva também é

comum nesta população e contribui para o isolamento social.

Segundo Pinzan-Faria e Iorio (2004) a perda de audição resultante do

envelhecimento é caracterizada por uma lesão auditiva coclear, simétrica, progressiva e de

grau variável. A sensibilidade auditiva de baixa freqüência permanece próxima aos limites

normais, o que possibilita ao indivíduo ouvir a voz do outro. Todavia, ocorre uma perda

auditiva de alta freqüência, que causa dificuldade em ouvir as consoantes necessárias para

decodificar a mensagem. Por este motivo, é típico do indivíduo idoso afirmar que ouve o que

as pessoas dizem, porém, não entende.

Russo (2004) destacou que, entre os distúrbios da comunicação, a deficiência

auditiva corresponde a um dos mais incapacitantes na terceira idade, pois pode prejudicar de

maneira devastadora a participação do idoso na sociedade, comprometendo a comunicação

com os familiares, além de gerar impacto psicossocial e frustrações significativas na pessoa.

Esse distúrbio é marcado pela perda da sensibilidade auditiva e redução da inteligibilidade da

fala em níveis supraliminares e, para denominá-lo, é utilizado o termo presbiacusia. O idoso

portador de presbiacusia pode apresentar queixa de dificuldade na compreensão da fala mais

severa do que o esperado, considerando que os limiares audiométricos não são tão rebaixados

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nesses casos. É comum também a queixa de intolerância a sons de forte intensidade,

conhecida como recrutamento.

Amaral e Sena (2004) realizaram um estudo científico cujo objetivo foi de analisar

o perfil audiológico dos pacientes atendidos em um núcleo de atenção médica. Compuseram a

população 260 pacientes, 122 homens e 138 mulheres, na faixa etária entre 65 e 104 anos. As

queixas mais freqüentes foram: zumbido (58,08%), dificuldade para entender (26,15%),

vertigem (9,62%), plenitude auricular (7,69%) e hipersensibilidade a sons fortes (6,54%).

Entre os achados, verificaram que dos 260 idosos, 10,77% apresentaram audição normal e

89,23% perda auditiva. A perda auditiva nessa população foi, primordialmente,

neurosensorial, de grau variado, bilateral e simétrica. A faixa etária de 65 a 70 anos foi a que

mais demonstrou procura pelo serviço de audiologia.

Alguns idosos passam a ter mudanças em sua vida pessoal devido às dificuldades

impostas pelo problema auditivo e é preciso ter em mente que a convivência com outras

pessoas é de fundamental importância para o envelhecimento saudável (Silva et al., 2005).

Por outro lado, Monteiro (2007) verificou em uma pesquisa com 55 idosos que as

alterações fonoaudiológicas não prejudicaram a satisfação quanto à qualidade de vida. A

população freqüentava um grupo de convivência, e foi composta por 15 homens e 40

mulheres entre 60 e 80 anos. Foi investigada a ocorrência de alterações na voz, audição e

funções orofaciais, bem como a correlação com os aspectos relacionados à qualidade de vida.

Esta foi considerada boa por 61,82% das pessoas, e em diferentes graus demonstraram

satisfação com a saúde (67,67%), apesar de necessitarem de assistência médica com

freqüência variada (61,82%). Em relação à voz, relataram que não tinham dificuldade para

falar ao telefone ou no trabalho (87,27%) e não evitavam atividades sociais devido a possíveis

problemas vocais (89,09%). Houve predominância de pessoas que não se queixaram de

problemas nas funções orofaciais: não percebiam estalos ou ruídos na fala (89,09%); não

achavam que sua articulação prejudicava o entendimento do ouvinte (83,64%); não relataram

dificuldade na fala (78,18%); e não apresentavam nenhuma dificuldade ao mastigar (65,45%).

Sobre a audição, 54,55% relataram ter dificuldade para ouvir. Contudo, o problema auditivo

não os levava a não querer sair de casa (90,91%) ou preferirem ficar sozinhos (89,09%).

Desta forma, os autores concluíram que a maioria dos idosos não relatou insatisfação no que

se refere à qualidade de vida e nem alterações fonoaudiológicas significativas. Observaram

que as mulheres apresentaram maior freqüência de queixas, principalmente quanto às funções

orofaciais.

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3.3. O processo de envelhecimento vocal

A voz é uma das características que sofre modificações com o passar dos anos. O

fato de que a voz de pessoas idosas pode geralmente ser distinguida da de adultos jovens

demonstra que parece mesmo haver alterações específicas, geradas pelo envelhecimento, que

acometem a laringe humana (Honjo e Isshiki, 1980).

O mesmo ocorre com as estruturas do aparelho fonador, que apresentam alterações

anatomo-fisiológicas progressivas e contribuem também para que ocorram mudanças na

qualidade vocal. Na laringe, as modificações mais marcantes são a calcificação e a ossificação

progressiva das cartilagens e atrofia dos músculos laríngeos intrínsecos (Greene, 1989).

Aronson (1990) destacou as alterações na estrutura das pregas vocais, que são

responsáveis por mudanças significativas nas características da voz, como: atrofia muscular

somada à redução de massa, edema e desidratação da mucosa das pregas vocais.

De acordo com Sataloff (1991) a voz do idoso apresenta características similares

às identificadas em indivíduos portadores de determinadas patologias e no caso de realização

de repouso vocal prolongado, ou seja, não são exclusivas da velhice. O desuso da musculatura

provoca perda de fibras musculares, tanto por essas condições quanto pelo envelhecimento.

Vários pesquisadores buscaram esclarecer, ao longo dos anos, o processo de

envelhecimento da voz humana. Sob diversos pontos de vista, eles têm buscado completar o

panorama de fatores ligados a este complexo fenômeno. As diferenças entre os sexos em

relação à voz foram demonstradas em pesquisas. Contudo podem ser observadas também

características comuns no envelhecimento vocal de homens e mulheres.

Nas pesquisas de Priston et al. (1992) e Priston (1994), participaram 140

indivíduos brasileiros, de ambos os sexos, distribuídos em sete faixas etárias, dos 18 aos 89

anos. Foram avaliados: freqüência fundamental, tempo máximo de fonação (TMF) da vogal

/a/, capacidade vital e fluxo aéreo adaptado. Entre outros achados, observaram que a

capacidade vital teve um declínio em ambos os sexos; a freqüência vocal masculina manteve-

se estável até os 60 anos e, a partir de então, iniciou um aumento; e, nas mulheres, houve

redução desta a partir dos 50 anos, na menopausa. Em relação ao TMF, observaram uma

redução significativa em ambos os sexos nas faixas etárias mais avançadas. No sexo

feminino, encontraram os seguintes resultados: entre 60 e 69 anos, o valor médio do TMF do

/a/ foi de 15,2 segundos; entre 70 e 79 anos foi de 15 segundos e, entre 80 e 90 anos, foi de

12,4 segundos.

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Sobre a etiologia dos distúrbios vocais em idosos, Morrison e Rammage (1994)

apontaram a possibilidade de existir uma ou mais etiologias, tais como: modificações

provenientes do envelhecimento normal, compensações vocais mal-sucedidas, doenças

psicológicas, distúrbios neurológicos, problemas orgânicos, refluxo gastroesofágico e

iatrogenias. Citaram como conseqüências normais do envelhecimento laríngeo a ossificação

das cartilagens, as modificações atróficas na lâmina própria e camada muscular das pregas

vocais, o edema e alterações polipóides na camada superficial da lâmina própria. Segundo os

autores, essas últimas são mais salientadas nas mulheres e podem promover insatisfação, pois

a freqüência da voz pode se igualar à masculina. A alteração citada pode gerar como

conseqüência a tentativa das idosas de elevar a freqüência fundamental, o que ocasiona um

aumento de tensão e pode produzir constrição lateral da laringe, favorecendo, portanto, a

ocorrência de disfonia ventricular. Para os autores, a instabilidade vocal, incluindo o tremor,

são também manifestações possíveis de se observar na voz de pessoas com idade avançada.

A fadiga vocal e a CPFA alterada são outras características observáveis, esta

última um fator com freqüência associado ao envelhecimento devido à progressiva redução do

suporte respiratório, com conseqüente tendência à diminuição do loudness*. Na voz do idoso,

é possível identificar características como: presença de tremor vocal, voz de qualidade rouca,

soprosa ou áspera, instabilidade, fadiga vocal e compensações inapropriadas na tentativa de

produzir uma voz com qualidade vocal melhor (Andrews, 1995).

Conforme referiu Bertelli (1995), a laringe assume uma posição mais baixa em

mulheres idosas e há redução da ressonância vocal. A voz tende a ficar estereotipada, com

pitch alterado, rouca, com falta de intensidade e modulação. Em mulheres após a menopausa,

mudanças hormonais alteram a freqüência fundamental.

Em relação ao envelhecimento vocal, Morrison e Rammage (1996) preconizaram

que a maioria das alterações da voz relacionadas com a idade ocorre devido a processos

degenerativos fisiológicos naturais.

Em uma investigação sobre a ocorrência de mudanças vocais ao redor dos 50 anos

de idade, Boulet e Oddens (1996) avaliaram 72 cantores clássicos, 48 mulheres e 24 homens,

com idade entre 40 e 74 anos. Os pesquisadores aplicaram um questionário em três diferentes

países: Bélgica, Holanda e Áustria. Verificaram que 77% das mulheres e 71% dos homens

relataram que as mudanças na voz começaram a ocorrer por volta dos 50 anos. O grupo

feminino destacou em seu relato a dificuldade para alcançar notas altas, e o grupo masculino

relatou que o controle vocal estava mais difícil. Durante a menopausa, as mulheres * O loudness corresponde à sensação psicofísica da intensidade vocal (Behlau et al., 2001).

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apresentaram rouquidão, compressão do registro, menor flexibilidade das pregas vocais e

estabilidade vocal reduzida, com manutenção dos registros agudos.

A partir de uma pesquisa com indivíduos idosos de ambos os sexos, Morsomme et

al. (1997) enfatizaram que a qualidade vocal é menos comprometida nas mulheres idosas.

Constataram tempo de fonação mais reduzido no sexo feminino e, em ambos os sexos,

redução na capacidade respiratória vital. Para os autores, isto faz com que o idoso fale frases

mais curtas devido à necessidade de reabastecimento constante de ar.

Feijó et al. (1998), em um estudo no qual avaliaram o comportamento vocal de 42

indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 65 anos, demonstraram que a

tendência é haver uma ressonância laringofaríngea (63% das mulheres e 85% dos homens) e

pitch grave. Encontraram, também, intensidade vocal forte, tanto para fonação sustentada

quanto para fala encadeada. Em relação ao tempo máximo de fonação, observaram uma

redução: nas vogais, a média do TMF foi de 13,62 segundos para as mulheres e 15,27 para os

homens; na consoante /s/, 12,52 para as mulheres e 12 segundos para os homens; e o TMF do

/z/ foi de 13,96 e 12,25 segundos, respectivamente. Além disso, 50% dos participantes

apresentaram queixa de fadiga vocal e quase metade deles apresentou rouquidão, tanto na

avaliação perceptiva fonoaudiológica quanto na auto-percepção dos sujeitos. Foi encontrado

padrão articulatório normal em 81% das mulheres e 40% dos homens. Em relação ao tipo

vocal, 37% das mulheres apresentaram voz rouca; 34%, presbifônica; 12%, normal; 9%,

soprosa; 4%, monótona; 4%, agudizada. Nos homens prevaleceu o tipo vocal presbifônico

(60%). Concluíram que os dados constatados reforçaram a relevância de se tentar estabelecer

os parâmetros de normalidade para esta população.

Ferreira (1998) apontou algumas modificações na musculatura intrínseca da

laringe durante o envelhecimento, como: degeneração de gordura nos tecidos, com

conseqüente declínio na elasticidade dos ligamentos; perda de tecidos e atrofia; calcificação

das cartilagens; possibilidade de ocorrer arqueamento das pregas vocais, e redução dos

movimentos vibratórios da onda mucosa. A capacidade respiratória também é modificada: o

fluxo de ar médio reduz e há diminuição nos tempos máximos de fonação. Há redução do

suporte respiratório e menor pressão subglótica, promovendo intensidade vocal diminuída. Na

mulher, o edema das pregas vocais é um achado comum, principalmente se é fumante.

Costa e Andrada e Silva (1998) relataram que podem influenciar no

envelhecimento vocal: os fatores psicológicos (diminuição da motivação e novos medos);

fatores neurológicos, com redução do controle neural; e endocrinológicos, relacionados a um

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declínio na produção de hormônios, redução na capacidade pulmonar e alteração na qualidade

do epitélio que reveste a laringe.

Pautado na literatura sobre o envelhecimento vocal, Bressan (1999) afirmou em

uma pesquisa bibliográfica que limitações respiratórias e influências hormonais somadas ao

envelhecimento aumentam as perturbações na qualidade vocal. Para a mulher, a freqüência

fundamental diminui mais rapidamente após a menopausa, o pitch se agrava, enquanto nos

homens este se torna mais agudo com o passar dos anos. Há uma redução na extensão dos

sons agudos e loudness reduzido em ambos os sexos. Há tendência de a voz do idoso ser

caracterizada por rouquidão, TMF reduzido, pausas articulatórias longas, velocidade de fala

lenta, grau de nasalidade aumentado, esforço ao falar e articulação imprecisa. Quanto à queixa

vocal, raramente é observada no indivíduo idoso, em virtude de as prioridades deles serem

outras, como, por exemplo, sua condição geral de saúde. Complementou ainda que as

alterações na voz podem fazer o idoso sentir-se inadequado, inseguro e pode levá-lo a sofrer

por isso.

Abitbol et al. (1999) associaram a fadiga vocal a questões hormonais, ou seja, ao

aumento dos níveis dos androgênios, que provoca atrofia da mucosa das pregas vocais, além

de redução nas células glandulares da laringe. Este fato ocasiona redução da hidratação da

borda livre das pregas vocais, cujo ressecamento leva à fadiga rápida e à disfonia. Os autores

fizeram referência à síndrome vocal da menopausa, a qual é caracterizada principalmente por

intensidade vocal diminuída; fadiga vocal; escala vocal reduzida, com perda dos tons mais

agudos; perda do timbre na fala e no canto; e piora da qualidade vocal. Essa é progressiva e

mais percebida por profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, a saber:

cantores, atores, advogados, entre outros. Os autores apresentaram um estudo realizado com

cem mulheres na menopausa, no qual foram submetidas à gravação vocal em vídeo,

estroboscopia e espectografia. Dessas, 17 apresentaram disfonia e outros sintomas da

síndrome. A maioria mostrou, entre outros sinais, atrofia do músculo vocal, redução na

espessura da mucosa e redução na mobilidade da articulação cricoaritenóidea. Noventa e três

mulheres não se queixaram de problemas vocais, porém apresentaram sintomas discretos da

síndrome.

Para Brasolotto (2000), há evidências significativas de que o envelhecimento afeta

a estrutura e as funções da laringe. A autora relatou que pesquisas com a utilização de

laringoscopia têm demonstrado modificações na morfologia das pregas vocais de idosos, as

quais influenciam a qualidade vocal.

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Ao discorrerem sobre as características vocais na terceira idade, Behlau et al.

(2001a) apontaram: pitch feminino com tendência a grave e masculino a agudo, qualidade

vocal com tendência a instável e trêmula, loudness com propensão a reduzido, e

predominância de incoordenação pneumo-fonoarticulatória, por falta de suporte respiratório.

Os pesquisadores citaram ainda que os estudos já realizados na área não possibilitam a

descrição de um marcador único e exclusivo do envelhecimento vocal. Ressaltaram que as

vozes mostradas na televisão ou no cinema como sendo de idosos correspondem a

estereótipos, e não exatamente a um padrão vocal dessa população.

De acordo com Deivitis e Barros (2002), existem alguns aspectos que

acompanham o envelhecimento, propiciam a ocorrência de alterações nos ajustes laríngeos e

culminam em modificações na voz. Entre eles, destacaram as modificações no pulmão, com

alteração da produção e direcionamento da energia sonora, promovendo uma voz mais fraca.

Para os autores, a qualidade vocal é também influenciada por condições auditivas, e

exemplificaram que quando uma pessoa não ouve bem, tende a aumentar a intensidade vocal

e, assim, provoca uma mudança sistemática nos ajustes fisiológicos da laringe. Com o passar

do tempo esta condição pode alterar a qualidade vocal do indivíduo.

Ferreira e Annunciato (2003), ao descreverem as mudanças vocais relativas à

idade, pontuaram uma série de observações. Relataram que o envelhecimento reduz a

eficiência biomecânica da laringe, o que pode afetar significativamente a voz. Reforçaram que

a laringe que apresenta sinais de envelhecimento recebe o nome de presbilaringe e pode gerar

a presbifonia. Alguns fatores atuam como limitantes nas habilidades de comunicação, como:

deterioração do controle neuromuscular, do sistema sensorial, nível de energia, efeitos de

medicações, estado psicológico e morbidades, como, por exemplo, patologias pulmonares,

neurológicas e cardiovasculares. Ressaltaram que as alterações vocais do sujeito idoso são

mais visíveis a partir dos 60 anos de idade e que os efeitos são mais marcantes no sexo

feminino, com maiores conseqüências na voz cantada, na qual pode ser identificada uma

diminuição da potência, da tessitura e deterioração da qualidade. Pode haver fraqueza na voz

relacionada à diminuição na capacidade vital, e voz trêmula, justificada pela irregularidade

progressiva na expiração durante a fonação. Além disso, o idoso tende a realizar

compensações vocais, como o aumento da intensidade da voz na presença de alterações

auditivas. Acrescentaram, também, que as características vocais do idoso mostradas na

literatura se referem a uma tendência, e não a um padrão vocal apresentado por todos os

indivíduos.

Behlau (2004) afirmou que, apesar de existirem divergências, a freqüência

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fundamental é o principal marcador vocal da idade, e esta se apresenta mais aguda nos

homens e mais graves nas mulheres. O abaixamento do pitch ocorre em mulheres,

provavelmente em conseqüência do edema pós-menopausa e da queda hormonal.

As características vocais de indivíduos idosos foram investigadas em um estudo de

Venites et al. (2004). As pesquisadoras tiveram como objetivo verificar a efetividade de um

programa de reabilitação vocal para indivíduos com queixa de voz e comparar os aspectos da

avaliação da dinâmica fonatória, respiratória e da avaliação perceptivo-auditiva vocal antes e

depois da aplicação do programa. A população compreendeu 25 idosos, com idade entre 62 e

86 anos. Estes foram submetidos a 12 sessões fonoaudiológicas grupais e semanais. Antes e

após a intervenção, os idosos passaram por uma avaliação clínica da dinâmica respiratória e

fonatória, bem como avaliação perceptiva auditiva da voz. No período pré-intervenção, foi

verificado TMF com média de 12 segundos, 12,1 segundos e 12,2 segundos para as vogais /a/,

/i/ e /u/, respectivamente, e relação s/z com média de 0,96 segundos. Foram encontrados,

entre outros achados, predominância de: loudness reduzido (56%); velocidade de fala

reduzida (56%); coordenação pneumo-fonoarticulatória ausente (72%); ataque vocal aspirado

(44%); ressonância laringo-faríngea (72%); pitch grave (56%); e articulação indiferenciada

(52%). Em relação à qualidade vocal, observaram: vozes não neutras desviadas (40%), vozes

não neutras alteradas (12%); vozes neutras (48%); e grau de alteração discreto (24%),

moderado (21%) e grave (16%). Concluíram que, no período pós-intervenção, houve melhora

estatisticamente significativa da ressonância, pitch, CPFA e modulação.

Sobre a presbifonia, Behlau et al. (2005) pontuaram que esta deve ser considerada

um processo de envelhecimento normal, e não um transtorno vocal, apesar de ser difícil

estabelecer um limite entre os dois.

Ximenes-Filho et al. (2005) enfatizaram que a presbifonia tem origem

multifatorial e que são inúmeras as modificações laríngeas provocadas pelo envelhecimento.

Relataram que, atualmente, os principais fatores associados ao desenvolvimento da

presbifonia correspondem a: atrofia de fibras musculares, diminuição de fibras elásticas,

redução da espessura das mucosas, calcificação das cartilagens da laringe e redução na

velocidade de transmissão neural. Adicionalmente, afirmaram que podem ser identificadas as

qualidades de voz fraca, soprosa e trêmula.

Um estudo realizado por Menezes e Vicente (2007) avaliou as características

vocais de idosos institucionalizados, identificou se essas características interferem no

processo de comunicação e as correlacionou com a avaliação das estruturas do sistema

estomatognático e do padrão de fala. Participaram da pesquisa 48 idosos (46 mulheres e dois

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homens) com média de idade de 75,7 anos. Na avaliação perceptivo-auditiva vocal,

observaram predomínio de qualidade vocal rouca (70,8%) em grau moderado (33,3%),

loudness reduzido (56,2%), pitch grave (62,5%), TMF reduzido (81,2%), precisão

articulatória preservada (83,3%) e inteligibilidade de fala preservada (83,3%). Entre os

participantes, 85,4% responderam, durante a anamnese, que a voz não interfere em sua

comunicação. Concluíram que o envelhecimento sadio traz conseqüências quanto aos

parâmetros da voz, as quais têm relação com outras mudanças no sistema estomatognático.

Contudo, as alterações provocadas não têm influência significativa no desempenho

comunicativo do indivíduo.

3.4. Fatores interferentes no processo de envelhecimento da voz, queixa e

propriocepção vocal

Dados apresentados na literatura enfatizaram uma marcante variabilidade do

envelhecimento vocal entre os indivíduos e destacaram fatores relacionados a esta

diferenciação.

Morrison e Rammage (1994) afirmaram que o desuso vocal pode acentuar as

alterações na camada superficial da lâmina própria da prega vocal e declararam que os efeitos

do envelhecimento na voz podem ser menos evidentes em idosos que apresentem uma

condição física boa.

Segundo Ferreira (1995), a voz corresponde a um instrumento de interação social e

que, portanto, os fatores psicológicos e sociais são determinantes de uma voz.

Brown (1996), por sua vez, relatou que o raciocínio em relação à voz deve

obedecer ao mesmo aplicado sobre o desenvolvimento muscular geral do corpo humano: a

voz de cada pessoa tem a própria capacidade de se desenvolver, e o número de fibras

musculares varia de um indivíduo para outro. Observou vários cantores e concluiu que, com o

uso correto da voz, pode ser promovida uma boa saúde vocal e ser preservada a qualidade

desta durante um tempo prolongado de vida. De acordo com o pesquisador, cantores com uma

longa carreira conservaram suas vozes com a realização de exercícios vocais regulares. Os

exercícios diários possibilitaram um bom condicionamento vocal.

Para Sataloff et al. (1997), o desuso da voz pode provocar perdas de fibras

musculares. Os autores acrescentaram ainda que as pessoas fisicamente ativas têm vozes

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difíceis de ser distinguidas das vozes de falantes jovens.

Boone (1997) apontou outro fator de influência sobre a voz: o treinamento vocal,

que possibilita a um artista, com estilo de vida e trabalho regrado, um grande controle

respiratório e habilidade fonatória que excede o do não-artista. Ou seja, o profissional da voz

idoso mantém um padrão vocal surpreendentemente estável quando comparado à voz de um

indivíduo não treinado.

Costa e Andrada e Silva (1998) ressaltaram que o período de máxima eficiência da

voz geralmente ocorre entre os 25 e 40 anos, sendo que o grau de deterioração vocal depende

de cada pessoa. Este varia conforme outros fatores: sociais e ambientais, saúde física e

psicológica, história de vida, raça e hereditariedade.

Behlau (1999) também pontuou que o início da presbifonia, o desenvolvimento e o

grau de deterioração vocal dependem de cada indivíduo e que há influência dos aspectos

constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais, ambientais, psicológicos e estilo de

vida. As observações que a autora realizou a partir do estudo de indivíduos com vozes

treinadas e indivíduos fisicamente ativos permitiram inferir que os exercícios vocais

contribuem para minimizar os efeitos da idade sobre a voz.

Dada a importância da voz, a qual mantém íntima relação com a identidade

pessoal, na presença de modificações vocais podem acontecer dificuldades de comunicação e

problemas em relação à auto-imagem no idoso. Desta forma, este pode modificar seu

comportamento laríngeo, a fim de compensar as diferenças em sua voz (Brasolotto, 2000).

Decoster e Debruyne (2000) afirmaram que, mesmo em estudos longitudinais, não

é possível verificar todos os fatores que interferem no envelhecimento e/ou eliminar todos da

amostra.

Para Greene e Mathieson (2001) é visível que, na crença popular geral, existe um

estereótipo estruturado sobre a voz do idoso, o que pode ser comprovado ao observarmos a

interpretação dada por atores ao imitar a voz de um idoso. No entanto, para o autor,

características reconhecidas como pertinentes ao processo de envelhecimento vocal não

costumam ser observadas nas pessoas cujas vozes são naturalmente bem produzidas ou que

realizaram treinamento vocal.

Os pesquisadores do envelhecimento da voz salientaram as queixas mais presentes

no discurso do idoso e demonstraram sua auto-imagem vocal.

De acordo com Bilton e Sanchez (2002), as principais queixas e sintomas vocais

relatados por pessoas idosas são: alterações na qualidade vocal, como a rouquidão e a afonia;

fadiga vocal; cansaço durante a emissão da voz; esforço para melhorar a projeção vocal;

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presença de ar na voz; falta de modulação; tremor vocal; dificuldade em modular a

intensidade vocal; dor à produção da voz; dor muscular na região da cintura escapular;

sensação de ardor e queimação ou corpo estranho na laringe. Tais sintomas podem estar

associados a alterações que excedem aquelas decorrentes apenas do processo de

envelhecimento vocal. São observadas queixas mais destacadas nas pessoas que utilizam a

voz no canto. As mais comuns, nesses casos, são a perda dos tons agudos e a diminuição da

extensão vocal.

Aquino (2003), com a utilização do Protocolo de Qualidade de Vida e Voz (QVV),

investigou a opinião dos idosos sobre sua própria voz e estabeleceu as relações entre esta e a

qualidade de vida. Fizeram parte da amostra cem idosos (60 mulheres e 40 homens), com

idade igual ou superior a 65 anos. Obteve como resultado que 68% dos homens e 40% das

mulheres classificaram suas vozes como excelentes. Concluiu que a maioria dos participantes

apresentou uma avaliação positiva em relação à própria voz e não demonstrou alterações na

qualidade de vida relacionada à voz.

Foi realizado por Anhoque (2003) um estudo científico com o objetivo de

investigar se há diferenças na qualidade vocal e parâmetros acústicos entre idosas fisicamente

ativas (que praticavam atividade física aeróbica regular) e sedentárias (que não praticavam

nenhuma atividade). Compuseram a amostra 31 mulheres fisicamente ativas e 20 sedentárias,

na faixa etária entre 65 e 88 anos. Estas foram selecionadas por meio de um questionário com

foco na auto-avaliação vocal, hábitos relacionados à voz e na prática de atividades físicas

regulares. Na auto-avaliação da voz, entre as idosas ativas, 19 (61,3%) avaliaram suas vozes

como normais e 12 (38,7%), como vozes alteradas. Entre as sedentárias, oito (40,0%)

consideraram suas vozes como normais e 12 (60,0%) como alteradas. O TMF, em ambos os

grupos, foi respectivamente de 10,4 e 4,7 segundos. A qualidade vocal apresentada pelas

idosas ativas foi predominante tensa e pelas sedentárias foi principalmente rouca. As vozes de

mulheres ativas foram consideradas instáveis em 61,3% dos casos e nas sedentárias, em 80%.

As ativas apresentaram uma articulação predominantemente adequada (80,6%), enquanto

45% das sedentárias tiveram sua articulação considerada adequada. Desta forma, a autora

concluiu que as idosas sedentárias têm mais tendência a apresentar rouquidão e, por outro

lado, aquelas fisicamente ativas tendem a apresentar mais tensão na voz, maior TMF, melhor

articulação e estabilidade vocal.

A investigação da autopercepção vocal foi objetivo de estudo em outra pesquisa

(Schneider et al., 2004), da qual participaram 107 mulheres, com idades entre 37 e 71 anos,

que foram submetidas à avaliação fonoaudiológica e otorrinolaringológica. Destas, 54% não

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30

perceberam mudança em suas vozes com o passar dos anos, mas aquelas que perceberam

associaram-na à menopausa.

Venites et al. (2004) afirmaram que a queixa vocal do idoso reflete a valorização

do papel e da influência da comunicação em suas atividades diárias.

Vale ressaltar que o início da presbifonia, o desenvolvimento e o grau de

deterioração vocal são individuais; dependem do sujeito e das compensações que realiza de

forma inconsciente em virtude do declínio na eficiência da voz (Behlau et al., 2005).

Brasolotto (2005) destacou que, apesar de os indivíduos na terceira idade

apresentarem diferenciações nas manifestações do envelhecimento na voz e na laringe, há

modificações comuns e relevantes na qualidade da voz decorrentes da idade, e estas não

causam necessariamente incômodo ao idoso.

Em uma investigação qualitativa realizada por Machado et al. (2005) foram

analisados os sentidos atribuídos à voz por mulheres após a menopausa. Foram selecionadas

30 mulheres, de 48 a 59 anos, não-profissionais da voz, em amenorréia há pelo menos um

ano. Constataram, por meio de entrevista gravada, que a voz é utilizada na comunicação para

o estabelecimento de relações e auto-reflexão da vida. Verificaram que as alterações vocais

promovem conflitos ou contradições na constituição da nova identidade. As mulheres

identificaram e atribuíram sentidos e significados para a voz que não se relacionam somente

com a fisiologia vocal. Emergiu nos discursos a relação da voz com os fatores

biopsicossociais do cotidiano, sugerindo que estes devam sempre ser considerados como

importantes questões de influência sobre a voz.

Costa e Matias (2005) desenvolveram um estudo que teve a finalidade de verificar

o impacto da voz na qualidade de vida da mulher idosa, por meio dos questionários Short-

form Health Survey (SF36) e Voice Index Handicap (VHI). Participaram 50 mulheres, com

idades entre 60 e 87 anos. De acordo com os dados obtidos no VHI, 80% delas apresentaram

baixo nível de desvantagem vocal, ou seja, consideraram suas vozes adequadas para as suas

atividades cotidianas. Foram encontrados valores estatisticamente significativos nas

correlações entre o domínio físico do VHI e os domínios do SF-36 de funcionamento físico,

dor corporal e papel físico na vida. Os autores declararam que a correlação significativa entre

o domínio físico e o funcionamento físico sugere que as mudanças na qualidade vocal, o

esforço ao falar e a instabilidade vocal, que ocorre no envelhecimento, podem promover

limitações na realização das tarefas físicas diárias como: fazer compras, caminhar, tomar

banho e praticar esportes. Complementaram que, por mais que não haja uso vocal nas

atividades avaliadas na escala funcionamento físico, os domínios físico e funcionamento

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físico estão associados. Verificaram que a alteração na qualidade vocal, o esforço ao falar, a

instabilidade e a fadiga vocal podem representar algumas das causas que levam os idosos a

buscar os serviços de saúde. Encontraram também a correlação estatística de que quanto

maior for a desvantagem vocal, pior é a qualidade de vida do sujeito.

Pontes et al. (2005) avaliaram a relação entre as características indicativas de

presbilaringe com a ocorrência de queixa vocal e alterações da mucosa das pregas vocais.

Participaram da pesquisa 210 pessoas acima de 60 anos de idade (88 homens e 122 mulheres),

com queixas faringo-laríngeas. Foram utilizados registros clínicos dos pacientes e exames de

laringoscopia, nos quais investigaram a ocorrência de: características glóticas de arqueamento

de pregas vocais, saliência de processos vocais, fenda fusiforme membranácea, que são

achados referentes à presbilaringe; aumento de massa de pregas vocais, leucoplasia e

alterações de pregas vocais. As queixas vocais ocorreram em 63,81% dos sujeitos e as mais

freqüentes foram: tosse (22,38%), pigarro ou secreção (20,00%), desconforto faringo-laríngeo

(19,52%), dificuldades de deglutição (12,81%), dispnéia (9,05%), alergia (5,24%) e ronco

(2,38%). Diante de alguns dos resultados obtidos, concluíram que houve maior ocorrência de

queixa de voz na ausência de arqueamento de pregas vocais. Os homens com arqueamento de

pregas vocais e saliências de processos vocais apresentaram maior ocorrência de queixa do

que as mulheres. E, além disso, verificaram que não houve diferença na ocorrência de queixa

entre pacientes com ou sem saliência de processos vocais e fenda fusiforme.

Em uma pesquisa, Polido et al. (2005) afirmaram que, por existirem tantas

variáveis envolvidas no envelhecimento, é importante saber o que o idoso pensa sobre si,

sobre sua voz e quais são as suas expectativas em relação a ela. Os autores realizaram uma

pesquisa com objetivo de comparar as características perceptivo-auditivas da voz de idosas

com a literatura e verificar a sua propriocepção quanto ao próprio envelhecimento vocal.

Fizeram parte da amostra cem mulheres entre 60 e 95 anos, as quais responderam questões

sobre a autopercepção do corpo, a voz e o rejuvenescimento vocal. Alguns dados obtidos na

avaliação perceptivo-auditiva fonoaudiológica mostraram que: o TMF estava reduzido; a

ressonância da maioria da amostra estava equilibrada, seguida de uma minoria com

ressonância baixa e alguns sujeitos com ressonância alta; o tremor vocal foi observado apenas

em uma minoria; o loudness foi classificado como adequado; e foi encontrada articulação

precisa na população estudada. O pitch se apresentou mais agravado, especialmente no caso

das fumantes. Os autores pontuaram que, na presbifonia, a estabilidade vocal pode estar mais

ou menos alterada de acordo com as condições do sistema respiratório e controle

neuromuscular. Afirmaram também que a falta de sustentação da qualidade vocal, observada

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nos sujeitos desta pesquisa, caracterizada geralmente por crepitação na voz, é típica da

presbifonia.

Ainda sobre os dados da pesquisa anterior, estes revelaram que grande parte das

mulheres que tinham a voz, segundo os juízes, pouco ou muito envelhecida, não perceberam

este fato. Ao final da gravação, a maioria das idosas quis ouvir a própria voz e, ao se

escutarem, se surpreenderam dizendo que aquela voz era feia e parecia com a de uma pessoa

muito velha. Aquelas pessoas com alteração ressonantal comentaram que não eram

compreendidas pelo companheiro quando falavam e afirmaram que isso acontecia porque ele

não ouvia bem, mas não cogitaram a hipótese de que elas próprias tinham dificuldade em

projetar a voz. Segundo os autores, a falta de percepção do envelhecimento da própria voz

observadas em algumas das participantes pode estar relacionada ao fato de elas não serem

profissionais da voz e também em função de algumas terem vida social inativa, o que lhes

conferiu menos experiências vocais.

Soyama et al. (2005) realizaram uma pesquisa com objetivo de caracterizar, por

meio de análise acústica, os aspectos de longo termo da qualidade vocal de homens e

mulheres idosos, e discutir sua relação com os aspectos fisiológicos do envelhecimento. A

amostra foi composta por quatro falantes do sexo feminino e quatro do sexo masculino. Os

traçados de longo termo demonstraram variações de energia espectral em determinadas faixas

de freqüência, capazes de distinguir os falantes entre si, mas não entre os gêneros. O

julgamento perceptivo-auditivo das vozes mostrou uma identificação adequada do gênero dos

falantes. Todavia, a faixa etária prevista foi inferior em até aproximadamente duas décadas.

Os autores sugeriram que isto ocorreu devido à boa condição física, de saúde e vocal de

alguns participantes que tinham como hábito praticar exercícios físicos e participar de coral.

Cassol e Bós (2006) realizaram uma pesquisa com o propósito de avaliar as

modificações de sintomas vocais, em idosos no período de dois anos de atividade em canto

coral. Participaram 44 pessoas entre 60 e 80 anos (média de 65 anos para o sexo feminino e

de 67 anos para o masculino). Os sintomas vocais foram avaliados em quatro etapas (inicial,

após oito meses de atividade, pós-férias e após 21 meses), por meio da aplicação de um

questionário com perguntas referentes à voz. Na fase pré-atividade, os sintomas vocais

referidos pelos participantes foram: queixa de voz rouca (6,8%); problemas de voz (25,0%);

rouquidão pós-ensaio do coral (9,1%); piora da voz após o canto (4,5%) e quebras na voz

(27,3%); voz desafinada (38,6%); dificuldade na emissão de tons agudos (45,5%); dificuldade

na emissão de tons graves (25,0%); falta de ar para terminar frases musicais (36,4%); hábito

de pigarrear (31,8%); automedicação para sintomas vocais (20,5%); e uso intensivo da voz

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em outras atividades (20,5%). Concluíram que, no que se refere aos sintomas vocais, os

idosos passaram a ter mais controle sobre a emissão vocal no canto em coral, a desafinar com

menor freqüência, relataram maior controle de ar, passaram a ter menor índice de queixas de

voz e mostraram-se mais ativos vocalmente com a participação no coral. Os autores acreditam

que a melhora da maioria dos sintomas vocais tem importância clínica, apesar de não ter sido

estatisticamente significativa. Um fator que pode ter influenciado a não-obtenção de dados

estatisticamente significativos foi os participantes serem saudáveis do ponto de vista médico e

terem apresentado inicialmente poucos sintomas vocais.

Um estudo de Rocha et al. (2007) teve como finalidade comparar a extensão vocal

de 40 idosos coralistas há mais de três anos e 40 idosos não-coralistas, e analisar a influência

da prática do canto coral amador na extensão vocal de idosos. Participaram da pesquisa 20

homens e 20 mulheres em cada grupo. Na coleta da extensão, observaram as seguintes

características vocais: aumento da extensão no falsete, para os homens; instabilidade vocal,

incluindo emissão trêmula; perda dos extremos na extensão da voz e dos formantes das notas

altas; e perfil de extensão vocal com valores médios. Verificaram que a extensão vocal dos

indivíduos estava além dos padrões referidos na literatura, que demonstra que os idosos

apresentam uma extensão vocal de duas oitavas ou menos. Nessa pesquisa, a maioria dos

sujeitos (coralistas e não-coralistas) alcançou no mínimo duas oitavas. Constataram também

que o número de semitons atingido pelos coralistas foi significativamente maior do que o

alcançado pelos não-coralistas, ou seja, concluíram que a prática do canto coral amador

promove um aumento importante da extensão vocal dos idosos.

Soares et al. (2007) compararam as diferenças entre a presença dos hábitos

inadequados, as formas de prevenção e os sintomas vocais mais freqüentes em dois grupos de

idosos. Para tanto, aplicaram um questionário em 45 indivíduos de ambos os sexos. Apenas

um grupo recebeu orientações vocais, por um fonoaudiólogo, durante o ano anterior à

pesquisa. Os pesquisadores observaram que aqueles que receberam orientação apresentavam

hábitos inadequados em menor freqüência, adotavam algum tipo de cuidado preventivo para

problemas de voz e alguns relataram realizar treinamento vocal. Por outro lado, aqueles que

não receberam orientação, não relataram nenhum cuidado com a voz e apresentaram, em

comparação com o grupo que havia recebido orientações, maior freqüência de queixa de

cansaço ao falar (50%), dor na garganta (50%) e sensação de corpo estranho (67%). Em suma,

concluíram que o grupo que foi orientado apresentou índices menores de presença de hábitos

inadequados e sintomas vocais, o que demonstrou a eficácia do trabalho de orientação sobre a

saúde vocal.

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4. MÉTODO

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, sob o n° 040/2006 (anexo 1).

O estudo é do tipo transversal observacional.

4.1. Seleção dos sujeitos

A pesquisa foi realizada com mulheres entre 60 e 90 anos. Optou-se por incluir

somente mulheres que realizavam alguma atividade física e/ou de lazer fora do domicílio.

Foram excluídas da pesquisa aquelas que:

a) relataram apresentar alterações neurológicas ou doenças degenerativas;

b) haviam realizado tratamento para câncer de cabeça e pescoço e/ou cirurgias na laringe;

c) declararam estar com um quadro de hipertireoidismo ou hipotireoidismo, com níveis

hormonais alterados detectados por meio dos exames específicos;

d) estavam com alterações em vias aéreas superiores ou inferiores no dia da avaliação;

e) apresentavam rebaixamento do nível de consciência segundo a percepção da pesquisadora.

Foram convidadas a participar do estudo mulheres a partir de 60 anos, pois a

Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como população idosa aquela a partir desta

idade. Este limite é válido para os países em desenvolvimento.

Os critérios de exclusão foram investigados pela pesquisadora no dia da avaliação.

Vale ressaltar que as idosas que faziam uso de medicação para hiper ou hipotireoidismo foram

questionadas há quanto tempo haviam se consultado com médico e realizado exames

relacionados à tireóide. Foram incluídas aquelas que faziam uso de medicação para essas

enfermidades, mas que afirmaram ter se consultado com médico há pelo menos três meses e

que obtiveram, nos exames a que se submeteram, resultados compatíveis com a normalidade,

segundo avaliação clínica.

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A partir de cálculo estatístico ficou determinado que o tamanho amostral mínimo

necessário para a coleta de dados proposta seria de 84 participantes. Este número de sujeitos

foi calculado estatisticamente, com base na fórmula proposta por Cochran (1986).

Para a análise dos resultados e de forma a cumprir o objetivo do estudo, a amostra

foi dividida de acordo com a faixa etária. Logo, como seriam formados três grupos (três

faixas etárias), o tamanho mínimo calculado estatisticamente para cada grupo foi de 28

mulheres. Os três grupos foram dispostos da seguinte forma:

Grupo 1 (G1) 60 a 69 anos

Grupo 2 (G2) 70 a 79 anos

Grupo 3 (G3) 80 a 90 anos

Do Grupo 1 fizeram parte 32 mulheres; do Grupo 2, 34 mulheres; e do Grupo 3, 28

mulheres.

4.2. Instrumentos de pesquisa

4.2.1. Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da

profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o

envelhecimento (anexo 4)

O formulário foi elaborado pela pesquisadora e pela orientadora, a fim de servir

aos propósitos da pesquisa e teve como base estudos científicos sobre a voz e a comunicação,

a saber: Soyama et al. (2005); Cassol (2004); Polido et al. (2005) e Figueiredo et al. (2003).

Segundo Cochran (1986, p.75), adota-se a seguinte fórmula para o cálculo do tamanho mínimo da:

2

2

d

)p1.(p.tn

Onde: n = tamanho da amostra desejada; t = abscissa da curva normal determinada por uma área de tamanho, que é o risco adotado para que a margem de erro adotada seja a menor possível; d = margem de erro adotado, ou, também chamada de precisão adotada; p = proporção de ocorrência do fato observado.

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O instrumento é constituído por perguntas abertas e fechadas, com um total de 59

questões, incluindo os subitens. Os questionamentos foram elaborados de forma a não induzir

as respostas das participantes.

A seguir, estão descritos os itens presentes no formulário, agrupados em blocos de

perguntas, de acordo com o assunto:

1o domínio Identificação pessoal: iniciais, idade, data de nascimento e telefones para

contato.

2o domínio (questão 1 e subitens) Atividade profissional: refere-se à existência de

atividade profissional pregressa e atual, e tem como objetivo principal identificar aquelas

pessoas que fizeram uso profissional da voz.

3o domínio (questão 2) Moradia: visa identificar com quem a idosa mora ou se reside

sozinha, a fim de obter mais uma informação quanto a sua demanda vocal e contato familiar.

4o domínio (questões 3 e 4 e subitens) Saúde geral: investiga a saúde geral e o uso de

medicamentos.

5o domínio (questões 5 a 15 e subitens) Hábitos cotidianos e saúde vocal: pesquisa o

uso de álcool e fumo, a prática de atividade física, atividade social e/ou de lazer, como

acontece o uso vocal no dia-a-dia, prática de canto, hábito de pigarrear, tossir, gritar, falar alto

e ingestão de água.

6o domínio (questões 16 e subitens) Audição: investiga a ocorrência de relato de

dificuldade para ouvir, presença de sintomas auditivos, realização de audiometria e uso de

prótese.

7o domínio (questões 17 a 25 e subitens) Aspectos vocais: existência de queixa vocal;

histórico de problema de voz; realização prévia de tratamento fonoaudiológico; autopercepção

da voz; e noções sobre o que faz bem e mal à voz.

8º domínio (questão 26) Opinião sobre o envelhecimento: uma pergunta aberta sobre

como é o envelhecer na opinião da participante.

4.2.2. Protocolo de registro do tempo máximo de fonação (anexo 5)

O protocolo foi usado no momento da avaliação para o registro, pela pesquisadora,

do tempo máximo de fonação das participantes na vogal /a/ e nos fonemas /s/ e /z/.

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37

4.2.3. Protocolo de registro de dados da avaliação perceptivo-auditiva da voz

(anexo 6)

Para a avaliação perceptivo-auditiva da voz, realizada por juízes fonoaudiólogos,

foi utilizado um protocolo elaborado especificamente para esta pesquisa, o qual contemplou

os seguintes parâmetros: coordenação pneumo-fonoarticulatória, articulação, pitch, loudness,

ressonância, qualidade vocal e grau geral de manifestação da qualidade vocal.

4.3. Procedimentos

Primeiramente, buscaram-se, por meio da internet, locais na cidade de São Paulo

onde são realizados encontros de idosos ou quaisquer clubes freqüentados por esta população.

A partir de uma lista de locais registrada pela pesquisadora, foram realizados contatos, via

telefone, com os dirigentes de cada instituição a fim de questionar o interesse e a

disponibilidade para que a proposta da pesquisa fosse apresentada pessoalmente a eles e,

depois, às idosas. Concordaram com a realização da pesquisa e em ceder uma sala para que

fossem feitas as avaliações: dois grupos de terceira idade, um clube recreativo e um local com

atividades culturais para pessoas da terceira idade, todos localizados na cidade de São Paulo.

Estes foram visitados, em dias diferentes, pela pesquisadora, a qual procedeu da seguinte

forma: realizou uma apresentação pessoal e explicitou o papel do fonoaudiólogo aos

dirigentes e aos idosos. Em seguida, convidou os presentes para participarem de uma pesquisa

científica do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da PUC-SP, na qual

seria realizada avaliação da voz dos participantes. Para beneficiar os idosos sem

discriminação, foram avaliados pela pesquisadora todos aqueles que desejassem participar,

mesmo que apresentassem algum dos critérios de exclusão. Contudo, na pesquisa, foram

incluídas somente as mulheres que preenchiam os requisitos necessários.

Realizou-se o agendamento individual do dia e horário da avaliação de cada um.

Todas as etapas da avaliação ocorreram em salas disponibilizadas nos locais e que eram as

mais silenciosas possíveis. Antes do início da coleta de dados propriamente dita, foi realizado,

em um dos locais, um estudo-piloto com dez idosas. Verificou-se que a maioria das perguntas

foi de fácil compreensão por parte das participantes; outras necessitaram de ajustes para

facilitar o entendimento, e foram acrescentadas algumas questões que se mostraram

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necessárias. Identificou-se, também, que o tempo necessário para a coleta foi de

aproximadamente 30 minutos.

Adicionalmente, a pesquisadora realizou contatos pessoais para conhecer e

convidar mais pessoas a participar do estudo, para garantir que fosse atingido o número

necessário de sujeitos em cada faixa etária. Aquelas pessoas que foram contatadas

individualmente e aceitaram participar receberam visita domiciliar da pesquisadora. Nos

domicílios visitados, foi escolhido o local mais silencioso para ser feita a avaliação. Ao todo,

foram avaliadas em suas residências 17 mulheres, sendo oito do G1 (25%), duas do G2

(5,9%) e sete (25%) do G3. Vale ressaltar que em todos os casos foi mantida a fidelidade aos

critérios de inclusão.

No momento da avaliação, os sujeitos eram solicitados a ler e assinar o termo de

consentimento livre e esclarecido dos pesquisados (anexo 2). Durante a avaliação, os

indivíduos permaneceram sentados, e esta aconteceu em três etapas realizadas no mesmo dia,

a saber:

1a etapa: primeiramente, as participantes responderam ao Formulário de identificação do

idoso e caracterização dos aspectos da profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da

voz, audição e opinião sobre o envelhecimento (anexo 4). A pesquisadora fazia as perguntas

e, quando o indivíduo não compreendia uma questão, esta era repetida. As respostas foram

registradas por escrito pela pesquisadora no mesmo documento. As respostas dos sujeitos à

pergunta aberta número 26 foram gravadas para posterior transcrição. Foi utilizado, nessa

gravação, um Mini Cassette Recorder modelo RQ-L11 da Panasonic e fitas-cassete da marca

TDK.

2a etapa: para registro do tempo máximo de fonação, foi utilizado um cronômetro da

marca Casio, modelo Stopwatch HS-3. Os indivíduos foram solicitados a ficar sentados, com

os pés apoiados no chão, e a emitir o som da vogal /a/ e dos fonemas /s/ e /z/, duas vezes cada

um. As participantes receberam instrução para inspirar, para encher o pulmão de ar e emitir

determinado som de forma prolongada até acabar o ar. Os resultados foram registrados no

Protocolo de Registro do Tempo Máximo de Fonação (anexo 5).

3a etapa: as participantes foram submetidas à gravação da voz, para coleta da fala

espontânea, com um MiniDisc da marca Sony modelo MZ R50, microfone digital da marca

Bright modelo Headset e, para o registro das vozes, foram utilizados mini-disks marca Sony.

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O microfone foi posicionado em um ângulo de 90° da boca do indivíduo. Para a emissão da

vogal foi mantida uma distância em torno de cinco centímetros, no sentido de evitar

interferências no sinal e manter uma proporção sinal-ruído elevado. Para a fala espontânea foi

mantida uma distância maior, de dez centímetros, para que o ruído respiratório não

contaminasse a gravação (Behlau et al., 1999). Nessa tarefa, foram utilizadas duas fotografias

da cidade de São Paulo, referentes às décadas de 30 e 50, em função da faixa etária das

As duas fotografias usadas constam das figuras 1 e 2:

Figura 1*: Bonde Vila Mariana, na Praça da Sé, em 1935.

*Disponível em: <www.estacoesferroviarias.com.br/bondes_sp/fotos/bondessp4.jpg>

Figura 2*: Fotografia da praça e catedral da Sé na década de 50.

*Adquirida em janeiro de 2007, em banca de comércio informal na Avenida Paulista (São Paulo-SP).

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As três etapas aconteceram em um tempo médio de 30 minutos para cada sujeito.

Todas as gravações foram, posteriormente, digitalizadas em um computador e gravadas no

formato WAV, no programa Sound Forge 7.0. A seguir, foi realizada a cópia dos arquivos

com as vozes, no programa Nero, em um compact disk (CD) da marca Sony para posterior

avaliação dos juízes. A amostra das vozes no CD obedeceu à ordem de gravação.

4.4. Análise dos dados

4.4.1. Tempo máximo de fonação

Para a avaliação do tempo máximo de fonação, solicitou-se duas emissões de cada

som anteriormente citado e foi considerado o melhor tempo atingido pela participante.

4.4.2. Transcrições e análise das respostas das participantes à questão número 26

do Formulário (Como é o envelhecer para você?)

As transcrições foram efetuadas pela pesquisadora, de forma literal, no programa

Word, sendo as mulheres identificadas pelo número de participação. Foi elaborado um quadro

para o registro dos trechos de fala, divididos pela pesquisadora de acordo com as categorias

citadas abaixo, a fim de facilitar a visualização e a análise das respostas:

aspectos emocionais e/ou psíquicos: quando a fala do sujeito apresentou conteúdos

emocionais e/ou psíquicos;

aspectos sociais e familiares: quando o sujeito relatou alguma situação familiar ou social;

aspectos físiológicos e/ou de atividades cotidianas: quando o sujeito citou questões

relacionadas às modificações no corpo ou às atividades diárias.

4.4.3. Avaliação perceptivo-auditiva da voz

Três fonoaudiólogos especialistas em voz participaram da pesquisa como juízes,

leram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 3).

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Foi realizada uma reunião com os mesmos, na qual, inicialmente, foi apresentado

o Protocolo de Registro de Dados da Avaliação Perceptivo-Auditiva da Voz (anexo 6) e

foram feitos os esclarecimentos necessários a respeito dos critérios da análise. Nessa ocasião,

foi realizado um treinamento auditivo com os juízes, no qual as vozes de três mulheres que

não fizeram parte da amostra foram analisadas em conjunto e discutidas para que os

avaliadores se familiarizassem com o protocolo de avaliação.

A seguir, a pesquisadora apresentou as vozes das participantes da pesquisa,

ordenadas pelo número de participação no estudo. Cada juiz registrava individualmente, no

protocolo específico, sua opinião sobre cada parâmetro e, ao final da gravação, emitia

verbalmente seu parecer. A concordância entre as respostas de dois juízes foi suficiente para

ser considerada válida. A pesquisadora registrava, então, o resultado final em outro protocolo.

Foi obedecida a seguinte classificação para cada item avaliado:

Coordenação pneumo-fonoarticulatória: classificada em coordenada quando a emissão

transmite a sensação de domínio das funções fonatórias, com estabilidade e sem predomínio

em nenhuma estrutura; e classificada em incoordenada quando isso não ocorre (Andrada e

Silva e Duprat, 2004).

Articulação: considerada como o processo de ajustes dos órgãos fonoarticulatórios na

produção de sons, foi classificada como articulação precisa (quando havia exatidão na

emissão das palavras e sons, emitidos com a necessária precisão) ou articulação imprecisa, na

ausência dessas condições.

Pitch: foi classificado em médio, médio para grave, médio para agudo, agudo, grave ou

variado (quando não existe um pitch dominante).

Loudness: foi observado se a intensidade da voz era predominantemente fraca, forte,

adequada à situação ou oscilante (no caso de haver variação significativa da intensidade).

Ressonância (classificação proposta por Andrada e Silva e Duprat, 2004):

- equilibrada: quando não se consegue localizar nenhum foco de concentração de energia

sonora;

- hipernasal: quando o foco da ressonância está na região do nariz;

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- hiponasal: quando há distribuição insuficiente de energia sonora na região nasal;

- alta: Há equilíbrio entre a oralidade e a

nasalidade, mas o foco fica concentrado absolutamente na frente, sem distribuição

suficiente de energia sonora na fonte laríngea e na faringe;

- posterior: ocorre quando o foco principal é o tubo faríngeo (percebemos que a voz está

- laringo-faríngea: quando se percebe um predomínio do som vocal na região do pescoço;

normalmente, é observada uma voz com tensão, pitch grave e, muitas vezes, com qualidade

vocal rouca;

- laringo-faríngea com foco nasal discreto: o predomínio permanece no pescoço, todavia,

percebe-se nas vogais e consoantes, discreta nasalidade;

- laringo-faríngea com foco nasal acentuado: percebe-se o foco no pescoço, embora com

menos força, e o foco superior é distribuído pela parte central do rosto (nariz e seios

paranasais).

Qualidade vocal: sem alteração, rouca, monótona, fluída, áspera, tensa-estrangulada,

trêmula, soprosa, bitonal, pastosa, sussurrada, diplofônica, crepitante ou outras. Nesse

momento, as avaliadoras escolhiam no máximo dois itens predominantes na voz do

participante.

Grau geral de manifestação da qualidade vocal: ao final, os juízes faziam uma avaliação

de forma geral do grau com que apenas a(s) qualidade(s) vocal(is) se manifestava(am),

classificando-o em discreto, moderado ou severo, sem levar em consideração os demais

parâmetros de avaliação (pitch, loudness, coordenação pneumo-fonoarticulatória, ressonância

e articulação).

4.5. Análise dos resultados

As respostas à questão 26 do Formulário foram analisadas de forma qualitativa. Os

achados da análise perceptivo-auditiva da voz, das medidas fonatórias e das demais questões

do formulário foram registrados em um banco de dados no Excel.

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formulário, sobre a ingestão de água, as respostas foram classificadas do seguinte modo:

quando a idosa relatou tomar de um a sete copos de água, foi considerada como baixa

ingestão de água, e quando afirmou ingerir oito ou mais copos de água ao dia, classificou-se

como média a alta ingestão de água.

Foi realizada a análise descritiva dos resultados nos três grupos e as comparações

estatísticas entre eles. Foi adotado o nível de significância de 5% (0,050) para a aplicação dos

testes estatísticos e utilizou-se o programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences), em

sua versão 13.0, para a obtenção dos resultados.

Na comparação entre as faixas etárias, foi aplicado o Teste de Associação do Qui-

quadrado, com exceção do parâmetro tempo máximo de fonação, no qual foi aplicada a

Análise de Variância (Anova).

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5. RESULTADOS

5.1. Domínio atividade profissional

Os dados obtidos no G1 (60-69 anos), com 32 mulheres, G2 (70-79 anos), com 34

mulheres e G3 (80-90 anos), com 28 mulheres, encontram-se descritos a seguir. Alguns destes

foram dispostos em quadros por ter havido mais de uma resposta a determinadas questões, o

que justifica um maior número de pessoas em cada categoria.

Vale destacar que, na análise de algumas variáveis, não foi possível aplicar o Teste

de Associação do Qui-quadrado, pois mais de 20% dos valores encontrados eram menores

que cinco.

A tabela 1 demonstra se as participantes exerceram ou não atividade profissional

no passado. Verificou-se que: 18 mulheres (57%) do G1, 18 (53%) do G2 e 14 (50%) do G3

trabalharam durante um período de um a dez anos; nove (28,2%) idosas do G1, nove (26,5%)

do G2 e oito (28,5%) do G3 trabalharam durante um período de 11 a 30 anos; e quatro

(12,5%) do G1, três (8,8%) do G2 e quatro (14,3%) do G3 por mais de 30 anos. Além disso,

81,3% do G1, 70,6% do G2 e 78,6% do G3 pararam de trabalhar há mais de 20 anos. No

Quadro 1, a categoria Outras corresponde a profissões variadas. Foram citadas: empresária,

caixa, bancária, urdideira, enfermeira, auxiliar de enfermagem, escriturária, babá, sapateira,

artesã, cozinheira, esteticista, telefonista, lavadeira, servente, economista, recepcionista e

técnica em contabilidade.

Tabela 1 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de atividade profissional pregressa.

Existência de

profissão

pregressa

G1 G2 G3 Total p* N % N % N % N %

Não 2 6,3 5 14,7 2 7,1 9 9,6 0,442 Sim 30 93,7 29 85,3 26 92,9 85 90,4 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

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Quadro 1 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade profissional pregressa.

Tipo de profissão

pregressa

G1 G2 G3

N % N % N %

Costureira 11 36,7 10 34,5 5 19,2 Operária fábrica ou indústria 4 13,3 6 20,7 7 26,9 Faxineira e/ou copeira 3 10,0 1 3,4 1 3,8 Secretária 2 6,7 3 10,3 3 11,5 Cabeleireira 1 3,3 2 6,9 0 0,0 Vendedora 6 20,0 3 10,3 4 15,4 Professora 3 10,0 3 10,3 5 19,2 Outras 5 16,7 9 31,0 6 23,1

Nenhuma das participantes referiu uso profissional da voz atualmente (tabela 2),

inclusive a idosa do Grupo 1 que trabalha com vendas, pois relatou que durante seu trabalho

apenas fornece um catálogo para as clientes, a fim de que escolham os produtos, e utiliza,

então, muito pouco sua voz nessa atividade. Desta forma, não lhe foram questionados os itens

1.2 a 1.4 do formulário, referentes ao uso profissional da voz.

Tabela 2 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade profissional atualmente e o tipo de profissão.

Atividade profissional

atual

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Exerce uma profissão

Não 28 87,5 33 97,1 26 92,9 87 92,6 0,334 Sim 4 12,5 1 2,9 2 7,1 7 7,4

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Tipo de profissão

Vendedora 1 25,0 0 0,0 0 0,0 1 14,3

--- Costureira 3 75,0 0 0,0 1 50,0 4 57,1 Esteticista 0 0,0 1 100,0 0 0,0 1 14,3 Cozinheira 0 0,0 0 0,0 1 50,0 1 14,3

Total

4 (100,0) 1 (100,0) 2 (100,0) 7 (100,0)

5.2. Domínio moradia

Sobre a situação de moradia (tabela 3), seis pessoas (18,8%) do G1, quatro

(11,7%) do G2 e três (23,8%) do G3 relataram que moram somente com o esposo; seis

pessoas (18,8%) do G1, nove (26,5%) do G2 e oito (28,6%) do G3 moram apenas com

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filho(a). Residem com outras pessoas (netos, sobrinha, funcionária, genro ou nora) uma

mulher (3,2%) do G1, três (8,8%) do G2 e quatro (14,3%) do G3. Houve também aquelas que

referiram morar com filho(a) e esposo (12,5% do G1, 8,8% do G2 e 3,5% do G3) ou com

filho(a) e outras pessoas (12,5% do G1, 8,8% do G2 e 7,2% do G3). Há ainda participantes

que moram com o esposo, filho(s) e outras pessoas (3,1% do G1 e 3,5% do G3).

Tabela 3 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao fato de morar sozinha ou acompanhada.

Com quem mora G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Mora sozinha 10 31,2 12 35,3 9 32,1 31 33,0 0,935 Mora com alguém 22 68,8 22 64,7 19 67,9 63 67,0

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

5.3. Domínio saúde geral

Quanto à presença de problemas de saúde (tabela 4 e quadro 2), foi constatado que

um maior número de idosas relatou ter de duas a três doenças: 53,1% no G1; 50,0% no G2 e

53,6,2% no G3. Afirmaram apresentar apenas uma doença 28,1% do G1, 17,7% do G2 e

10,7% do G3, e referiram apresentar mais de três doenças, concomitantemente, 15,6% do G1,

17,6% do G2 e 25,0% do G3. Na categoria Outras (quadro 2) encontram-se vários tipos de

problemas de saúde, sendo que cada um destes foi relatado por poucos participantes. Estes

foram: obesidade, problemas na circulação sangüínea, alergias cutâneas, problemas

relacionados ao nervo ciático e coluna, constipação, problemas no estômago (gastrite e/ou

úlcera), problemas na visão (catarata e/ou glaucoma), reumatismo, cálculos na vesícula,

hepatite C, nível de triglicerídeos aumentado, tendinite, hérnia de disco, ansiedade e

incontinência urinária. Estão incluídos na categoria problemas nas vias aéreas: amigdalite,

faringite, sinusite, rinite, bronquite e asma.

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Tabela 4 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de problemas na saúde geral.

Apresenta

problemas de

saúde

G1 G2 G3 Total p* N % N % N % N %

Não 1 3,1 5 14,7 3 10,7 9 9,6 0,271 Sim 31 96,9 29 85,3 25 89,3 85 90,4 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Quadro 2 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de problema na saúde geral.

Tipo de problema de saúde G1 G2 G3

N % N % N %

Hipertensão 18 58,1 17 58,6 21 84,0 Diabetes 4 12,9 5 17,2 4 16,0 Coração 8 25,8 4 13,8 6 24,0 Colesterol 10 32,3 11 37,9 8 32,0 Osteoporose/ Osteopenia 7 22,6 8 27,6 3 12,0 Labirintite 1 3,2 4 13,8 2 8,0 Problema nas vias aéreas 0 0,0 2 6,9 2 8,0 Depressão 4 12,9 2 6,9 2 8,0 Artrose 4 12,9 8 27,6 8 32,0 Gastrite e/ou úlcera 3 9,7 5 17,2 3 12,0 Problema na tireóide 4 12,9 6 20,7 0 0,0 Outros 10 32,3 5 17,2 8 32,0

Sobre o uso de medicamentos (tabela 5 e quadro 3), observou-se que utilizavam

dois a três tipos de remédios, 50% do G1, 44,1% do G2 e 53,8% do G3. Faziam uso de apenas

um medicamento 37,5% do G1, 23,5% do G2 e 28,5% do G3. A minoria usava mais de três

remédios (6,25% do G1, 14,7% do G2 e 7,2% do G3). Devido à dificuldade apresentada pelas

participantes em referir o nome dos medicamentos que utilizavam, citaram apenas a finalidade

de seu uso. A categoria Outros (quadro 3) se refere ao uso de remédio para problemas como:

alergias cutâneas, problemas no estômago, reumatismo, problemas circulatórios, glaucoma,

processos inflamatórios, artrose, vitaminas, dores musculares e ósseas, constipação,

problemas na tireóide, insônia, incontinência urinária, ansiedade e reposição hormonal. Vale

destacar que algumas participantes das três faixas etárias (quatro, uma e três pessoas,

respectivamente) afirmaram fazer uso de Ginkgo biloba para alívio de tonturas, dores nas

pernas e nos braços, bem como para a memória.

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Tabela 5 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao uso regular de medicação. Faz uso regular

de medicação

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Não 2 6,2 6 17,6 3 10,7 11 11,7 0,348 Sim 30 93,8 28 82,4 25 89,3 83 88,3 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Quadro 3 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à finalidade do uso do(s) medicamento(s).

Finalidade do medicamento G1 G2 G3

N % N % N %

Hipertensão arterial 18 60,0 17 60,7 21 84,0 Diabetes 4 13,3 3 10,7 4 16,0 Coração 3 10,0 4 14,3 0 0,0 Colesterol 7 23,3 10 35,7 7 28,0 Osteoporose/ Osteopenia 6 20,0 8 28,6 3 12,0 Labirintite 0 0,0 2 7,1 1 4,0 Problema nas vias aéreas 0 0,0 2 7,1 2 8,0 Tireóide 4 13,3 6 21,4 0 0,0 Depressão 4 13,3 2 7,1 3 12,0 Outros 16 53,3 10 35,7 14 56,0

5.4. Domínio hábitos cotidianos e saúde vocal

O tempo de uso do cigarro (na tabela 6) corresponde a quantos anos o sujeito

consome atualmente ou consumiu o cigarro no passado, este último referente aos ex-

fumantes. Da mesma forma, a variável quantidade de cigarros incluiu dados dos fumantes e

ex-fumantes.

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Tabela 6 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de hábito de fumar, tempo de fumo e quantidade consumida por dia.

Hábito de fumar G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Ocorrência

Nunca 26 81,2 27 79,4 24 85,7 77 81,9 --- Já fumou 3 9,4 7 20,6 4 14,3 14 14,9

Ainda fuma 3 9,4 0 0,0 0 0,0 3 3,2 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Tempo de fumo

5-10 anos 2 33,3 1 14,3 2 50,0 5 29,4 --- 11-30 anos 1 16,7 4 57,1 2 50,0 7 41,2

+ 30 anos 3 50,0 2 28,6 0 0,0 5 29,4 Total

6 (100,0) 7 (100,0) 4 (100,0) 17 (100,0)

Quantidade de cigarros por dia

1-5 1 16,7 2 28,6 2 50,0 5 29,4 --- 6-20 5 83,3 4 57,1 2 50,0 11 64,7

+ 20 0 0,0 1 14,3 0 0,0 1 5,9 Total

6 (100,0) 7 (100,0) 4 (100,0) 17 (100,0)

Em relação à freqüência do uso de álcool (tabela 7), as pessoas que relataram

beber apenas em ocasiões sociais foram dispostas na categoria Sem Regularidade.

Tabela 7 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ingestão de bebida alcoólica, freqüência desta e tipo de bebida de que faz uso.

Ingestão de bebida

alcoólica

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Ocorrência Não 20 62,5 17 50,0 19 67,9 56 59,6 0,332 Sim 12 37,5 17 50,0 9 32,1 38 40,4

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Freqüência 1-3 dias 2 16,7 5 29,4 3 33,3 10 26,3 --- 4-7 dias 1 8,3 0 0,0 0 0,0 1 2,6

SR 9 75,0 12 70,6 6 66,7 27 71,1 Total

12 (100,0) 17 (100,0) 9 (100,0) 38 (100,0)

Tipo de bebida

Fermentada 11 91,7 12 70,6 7 77,8 30 78,9 --- Destilada 1 8,3 5 29,4 2 22,2 8 21,1

Total

12 (100,0) 17 (100,0) 9 (100,0) 38 (100,0)

Legenda: SR = sem regularidade

Nas questões sobre a prática de exercício físico (tabela 8), verificou-se que

realizam uma única atividade física 31,3% do G1, 41,2% do G2 e 11 39,3% do G3.

Afirmaram realizar mais de um tipo de exercício físico a maioria (43,8%) do G1, 35,3% do

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50

G2 e 17,8% do G3. No quadro 4, na categoria Outras, foram citadas: tai chi chuan, natação,

uso de esteira, bicicleta e musculação. Quando uma pessoa referiu freqüentar academia e

realizar, no local, vários tipos de exercícios, como esteira, ginástica, alongamento e

musculação, foi classificada na categoria Academia, a qual incluiu desta forma as pessoas que

realizavam as quatro atividades.

Tabela 8 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade física, freqüência e tempo de prática.

Atividade física G1 G2 G3 Total

p* N % N % N % N %

Realiza atividade física

Não 8 25,0 8 23,5 12 42,9 28 29,8 0,195 Sim 24 75,0 26 76,5 16 57,1 66 70,2

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Freqüência por semana

1-3x 14 58,3 14 53,8 11 68,8 39 59,1 --- 4-7x 10 41,7 11 42,3 5 31,2 26 39,4

SR 0 0,0 1 3,9 0 0,0 1 1,5 Total

24 (100,0) 26 (100,0) 16 (100,0) 66 (100,0)

Tempo de prática

Até 6m 3 12,5 5 19,2 3 18,8 11 16,7 ---

7m-2anos 4 16,7 4 15,4 4 25,0 12 18,2 3-10anos 15 62,5 13 50,0 8 50,0 36 54,5 +10 anos 2 8,3 4 15,4 1 6,2 7 10,6

Total

24 (100,0) 26 (100,0) 16 (100,0) 66 (100,0)

Legenda: SR = sem regularidade; m = meses. Quadro 4 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade física que pratica.

Modalidade de atividade física G1 G2 G3

N % N % N %

Caminhada 14 58,3 9 34,6 7 43,7 Hidroginástica 4 16,7 5 19,2 2 12,5 Academia 4 16,7 2 7,7 0 0,0 Dança 3 12,5 3 11,5 0 0,0 Fisioterapia 1 4,2 0 0,0 2 12,5 Ioga 4 16,7 10 38,5 4 25,0 Alongamento 4 16,7 4 15,4 3 18,7 Ginástica 4 16,7 4 15,4 3 18,7 Outras 3 12,5 5 19,2 1 6,2

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51

A partir dos dados sobre a realização de atividade social e/ou de lazer (tabela 9 e

quadro 5), constatou-se que a maioria no G1 (59,3%) e G2 (61,7%), e a menor parte do G3

(46,5%) tem somente uma atividade desse gênero. A maioria (50%) no G3 realiza mais de

um tipo de atividade e no G1 e G2, 25% e 35,3%, respectivamente. No quadro 5, na categoria

Outras foram mencionadas: atividades na igreja, dança, bailes, baladas, encontro com amigos,

jogo de snoker, universidade da terceira idade, passeios semanais em determinado local da

cidade e jogo de cartas com amigos. A maioria das mulheres cuja resposta foi classificada na

categoria Local destinado a atividades culturais (quadro 5), realizava mais de um tipo de

atividade, pois neste são disponibilizadas diversas atividades aos idosos, inclusive exercícios

físicos.

Tabela 9 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade social e/ou de lazer e a freqüência.

Atividade social e/ou de

lazer

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Realiza atividade social e/ou de lazer

Não 5 15,6 1 2,9 1 3,6 7 7,4 --- Sim 27 84,4 33 97,1 27 96,4 87 92,6

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Freqüência por semana

1-3x 20 74,1 28 84,9 17 63,0 65 74,7 --- 4 -7x 5 15,5 5 15,1 8 29,6 18 20,7

SR 2 7,4 0 0,0 2 7,4 4 4,6 Total

27 (100,0) 33 (100,0) 27 (100,0) 87 (100,0)

Legenda: SR = sem regularidade

Quadro 5 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade social e/ou de lazer que pratica.

Tipo de atividade social e/ou lazer G1 G2 G3

N % N % N %

Grupo de terceira idade 19 70,4 28 84,9 11 40,7 Trabalho voluntário 3 11,1 5 15,1 0 0,0 Cursos 2 7,4 2 6,1 3 11,1 Clube recreativo 3 11,1 0 0,0 2 7,4 Bingo 1 3,7 2 6,1 2 7,4 Local de atividades culturais 2 7,4 2 6,1 9 33,3 Outras 6 22,2 5 15,1 6 22,2

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52

Tabela 10 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à demanda geral de voz no dia-a-dia e a freqüência de uso do telefone.

Uso da voz no dia-a-dia G1 G2 G3 Total

p* N % N % N % N %

Demanda de voz

Pouco uso 12 37,5 19 55,9 9 32,1 40 42,6 0,035 Uso médio 11 34,4 13 38,2 16 57,2 40 42,6

Uso intenso 9 28,1 2 5,9 3 10,7 14 14,8 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Freqüência de uso do telefone

Pouco uso 20 62,5 18 53,0 17 60,7 55 58,5 0,364 Uso médio 5 15,6 10 29,4 9 32,1 24 25,2

Uso intenso 7 21,9 6 17,6 2 7,1 15 16,0 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Sobre o quadro 6, todas as idosas citaram que conversar pessoalmente é sua

atividade de maior uso vocal, sendo esta, para algumas delas, a única atividade que envolve a

voz, enquanto outras realizam mais uma ou duas atividades que necessitam do uso vocal.

Quadro 6 - Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação às atividades em que mais usa a voz no dia-a-dia.

Atividade em que mais usa a

voz no dia-a-dia

G1 G2 G3

N % N % N %

Conversa 19 59,3 19 55,9 14 50,0 Conversa e canto 4 12,5 4 11,8 8 28,5 Conversa e telefone 7 21,9 10 29,4 4 14,2 Conversa e leitura 1 3,1 1 2,9 0 0,0 Conversa, canto e telefone 1 3,1 0 0,0 0 0,0 Conversão, telefone e leitura 0 0,0 0 0,0 1 3,6 Conversa, canto e teatro 0 0,0 0 0,0 1 3,6

Tabela 11 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à prática de canto, de que forma canta e se apresenta alguma dificuldade nesta prática.

Canto G1 G2 G3 Total

p* N % N % N % N %

Canta Não 16 50,0 23 67,6 14 50,0 53 56,4 0,253 Sim 16 50,0 11 32,4 14 50,0 41 43,6

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Como canta Sozinha em casa 11 68,8 7 63,6 7 50,0 25 61,0 --- Atividade religiosa 3 18,7 2 18,2 1 7,1 6 14,6

Coral 2 12,5 2 18,2 6 42,9 10 24,4 Total

16 (100,0) 11 (100,0) 14 (100,0) 41 (100,0)

Dificuldade para cantar

Não 3 18,7 1 9,1 9 64,3 13 31,7 0,005 Sim 13 81,3 10 90,9 5 35,7 28 68,3

Total

16 (100,0) 11 (100,0) 14 (100,0) 41 (100,0)

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53

Quadro 7 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de dificuldade para cantar.

Tipo de dificuldade no canto G1 G2 G3

N % N % N %

Dificuldade nos tons agudos 8 50,0 9 81,8 3 21,4 Dificuldade nos tons graves 1 6,2 0 0,0 0 0,0 A voz trava 3 18,7 0 0,0 1 7,1 Cansaço vocal 1 6,2 0 0,00 2 14,3 Voz fraca 1 6,2 1 9,1 0 0,0 Não tem ritmo 1 6,2 0 0,0 0 0,0 Esforço vocal 2 12,5 0 0,00 1 7,1 Desafina 1 6,2 1 9,1 0 0,00

Na tabela 12 constata-se que cinco mulheres (15,7%) do G1, nove (26,5%) do G2

e 12 (42,8%) do G3 têm pigarro às vezes; e oito (25%) do G1, sete (20,5%) do G2 e três

(10,7%) do G3 tem pigarro constante. Têm tosse às vezes oito (25%) pessoas do G1, seis

(17,7%) do G2 e oito (28,5%) do G3; sempre têm tosse duas (6,3%) do G1, duas (5,9%) do

G2 e duas (7,1%) do G3. Às vezes e sempre falam alto, respectivamente, duas (6,3%) e 18

(56,3%) mulheres do G1, duas (5,9%) e 11 (32,3%) do G2, e nove (32,2%) e duas (7,1%) do

G3. Relataram gritar às vezes e sempre, respectivamente, dez (31,3%) e uma idosa (3,2%) do

G1, e quatro (11,7%) e uma (2,9%) G2; e oito (28,5%) do G3 gritam apenas às vezes.

Tabela 12 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência do hábito de pigarrear, tossir, falar alto, gritar e sobre a ingestão de água.

Hábitos cotidianos e

ingestão de água

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Pigarro Não 19 59,4 18 52,9 13 46,4 50 53,2 0,605 Sim 13 40,6 16 47,1 15 53,6 44 46,8

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Tosse Não 22 68,8 26 76,5 18 64,3 66 70,2 0,566 Sim 10 31,2 8 23,5 10 35,7 28 29,8

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Fala alto Não 12 37,5 21 61,8 17 60,7 50 53,2 0,091 Sim 20 62,5 13 38,2 11 39,3 44 46,8

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Grita Não 21 65,6 29 85,3 20 71,4 70 74,5 0,170 Sim 11 34,4 5 14,7 8 28,6 24 25,5

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Ingestão de água

Baixa ingestão 23 71,9 28 82,4 24 85,7 75 79,8 0,370

Média a alta 9 28,1 6 17,6 4 14,3 19 20,2

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

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54

5.5. Domínio audição

mesma forma que na tabela 12. Referiram às vezes ter dificuldade na compreensão 15

mulheres (46,9%) do G1, 21 (61,8%) do G2 e 18 (64,3%) do G3. Escutam, mas sempre têm

dificuldade para compreender o que foi dito duas idosas (6,3%) do G1, três (8,8%) do G2 e

cinco (17,8%) do G3. Sobre o incômodo com barulho forte, oito pessoas (25%) do G1

referem ter às vezes e 11 (34,4%) sempre; quatro mulheres (11,7%) do G2 às vezes sentem

incômodo e 14 (41,2%) sempre sentem; já no G3, quatro mulheres (6,3%) relataram às vezes

ter incômodo e 16 (57,2%) sempre.

Tabela 13 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de queixa de audição; ao uso de televisão (TV) em volume alto; ao fato de escutarem, mas não entenderem o que lhe dizem; ao incômodo com barulho; e à ocorrência de zumbido.

Audição G1 G2 G3 Total

p* N % N % N % N %

Relata dificuldade para ouvir

Não 22 68,8 15 44,1 6 21,4 43 45,7 0,001 Sim 10 31,2 19 55,9 22 78,6 51 54,3

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Usa TV em volume alto

Não 26 81,3 24 70,6 19 67,9 69 73,4 0,452 Sim 6 18,7 10 29,4 9 32,1 25 26,6

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Ouve, mas não entende

Não 14 43,8 10 29,4 5 17,9 29 30,9 0,093 Sim 18 56,2 24 70,6 23 82,1 65 69,1

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Incômodo com barulho

Não 13 40,6 16 47,1 8 28,6 37 39,4 0,328 Sim 19 59,4 18 52,9 20 71,4 57 60,6

Total 32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Zumbido Não 21 65,6 20 58,8 16 57,1 57 60,6 0,770 Sim 11 34,4 14 41,2 12 42,9 37 39,4

Total 32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

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55

Tabela 14 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de audiometria, há quanto tempo realizaram o exame, resultado e uso de prótese auditiva.

Audiometria e uso de

prótese auditiva

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Já realizou audiometria

Não 6 18,7 9 26,5 8 28,6 23 24,5 0,639 Sim 26 81,3 25 73,5 20 71,4 71 75,5

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Há quanto tempo realizou

Até 12m 22 84,6 20 80,0 16 80,0 58 81,7 ---- 13m-3 anos 1 3,9 3 12,0 2 10,0 6 8,4

+ 3 anos 3 11,5 2 8,0 2 10,0 7 9,9 Total

26 (100,0) 25 (100,0) 20 (100,0) 71 (100,0)

Relato de resultado da audiometria

Normal 19 73,1 15 60,0 8 40,0 42 59,2 0,077 Alterado 7 26,9 10 40,0 12 60,0 29 40,8

Total

26 (100,0) 25 (100,0) 20 (100,0) 71 (100,0)

Uso de prótese auditiva

Não 32 100,0 33 97,1 22 78,6 87 92,6 0,003 Sim 0 0,0 1 2,9 6 21,4 7 7,4

Total 32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

5.6. Domínio aspectos da voz

Tabela 15 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ocorrência de queixa de voz e tipo de queixa.

Ocorrência de queixa

vocal

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Não 21 65,6 29 85,3 23 82,1 73 77,7 0,126 Sim 11 34,4 5 14,7 5 17,9 21 22,3 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

As queixas presentes na cat falo para dentro e as

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56

Quadro 8 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de queixa de voz.

Tipo de queixa vocal G1 G2 G3

N % N % N %

Rouquidão 6 54,6 1 20,0 2 40,0

Cansaço na fala ou canto 3 27,3 1 20,0 1 20,0

Voz baixa 1 9,1 0 0,0 0 0,0

Voz falha durante conversas 2 18,2 2 40,0 3 60,0

Outras 0 0,0 2 40,0 1 20,0

Tabela 16 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de cuidados com a voz.

Realiza algum

cuidado com a

voz

G1 G2 G3 Total p* N % N % N % N %

Não 28 87,5 29 85,3 24 85,7 81 86,2 0,964 Sim 4 12,5 5 14,7 4 14,3 13 13,8 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Quadro 9 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de cuidado que realizam com a voz.

Tipo de cuidado com a voz G1 G2 G3

N % N % N %

Gargarejo 2 50,0 2 40,0 0 0,0 Pastilha 0 0,0 1 20,0 1 25,0 Remédio 1 25,0 1 20,0 2 50,0 Evita líquidos e alimentos gelados ou muito quentes 1 25,0 1 20,0 0 0,0 Ingere limão 1 25,0 0 0,00 0 0,00 Ingere romã 1 25,0 1 20,0 0 0,0

Os problemas vocais classificados como Outros, na tabela 17,

de meu marido e precisei operar nódulos nas pregas vocais por causa disso quando tinha 25

fonoaudiológico. Por esse motivo este item não consta na tabela.

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57

Tabela 17 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ocorrência de problema vocal pregresso e tipo de problema.

Problema vocal pregresso G1 G2 G3 Total

p* N % N % N % N %

Ocorrência Não 24 75,0 26 76,5 25 89,3 75 79,8 0,324 Sim 8 25,0 8 23,5 3 10,7 19 20,2

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Tipo de problema

Ficava rouca ao falar muito ou falar alto

1 12,5 0 0,0 0 0,0 1 5,2

---

Ficava rouca ou sem voz quando nervosa

1 12,5 1 12,5 1 33,3 3 15,8

Ficava rouca por problemas na garganta

2 25,0

1 12,5 0 0,0 3 15,8

Teve ou costumava ter rouquidão ou afonia sem motivo aparente

0 0,0 3 37,5 1 33,3 4 21,1

Ficava rouca devido ao trabalho

3 37,5 0 0,0 1 33,4 4 21,1

Episódio de rouquidão devido um abuso vocal isolado

1 12,5 1 12,5 0 0,0 2 10,5

Outros 0 0,0 2 25,0 0 0,0 2 10,5 Total

8 (100,0) 8 (100,0) 3 (100,0) 19 (100,0)

Na tabela 18, referente à percepção de mudanças na própria voz com o passar dos

anos e o tipo de mudança percebida, a categoria Outras incluiu as respostas:

Tabela 18 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à autopercepção de mudança vocal com o passar dos anos e tipo de mudança percebida.

Percepção de mudança vocal G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Percebeu mudança vocal

Não 20 62,5 15 44,1 10 35,7 45 47,9 0,101 Sim 12 37,5 19 55,9 18 64,3 49 52,1

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Tipo de mudança

Ficou grossa 5 41,7 7 36,8 12 66,8 24 49,0

---

Ficou rouca 2 16,7 4 21,1 3 16,7 9 18,4 Ficou mais fraca ou baixa 0 0,0 2 10,5 1 5,5 3 6,1 Ficou mais forte ou alta 0 0,0 3 15,8 0 0,0 3 6,1 Ficou menos clara ou limpa

0 0,0 2 10,5 0 0,0 2 4,1

Ficou menos melodiosa 0 0,0 0 0,0 1 5,5 1 2,0 Mudou o timbre 1 8,3 1 5,3 0 0,0 2 4,1 Outras 4 33,3 0 0,0 1 5,5 5 10,2

Total

12 (100,0) 19 (100,0) 18 (100,0) 49 (100,0)

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Tabela 19 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação a saberem referir o que acham que faz bem para a voz.

O que faz bem

para a voz

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Não respondeu 15 46,9 18 52,9 13 46,4 46 48,9 0,842 Respondeu 17 53,1 16 47,1 15 53,6 48 51,1 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Na categoria Outros (quadro 10) foram incluídas as seguintes respostas:

refrigerante, esticar a língua até o céu da boca, limão, frutas, legumes, laranja, exercícios

vocais, cebola, gemada, vinagre, sal e postura. Os exercícios vocais foram citados por três

(9,4%) idosas do G1 e uma idosa (2,9%) do G2.

Quadro 10 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao que acham que faz bem para a voz.

O que faz bem para a

voz

G1 G2 G3

N % N % N %

Gargarejo 3 17,7 8 50,0 6 40,0 Pastilha 3 17,7 0 0,0 1 6,7 Romã 1 5,9 2 12,5 0 0,0 Mel 2 11,8 2 12,5 3 20,0 Gengibre 2 11,8 2 12,5 1 6,7 Água 6 35,3 0 0,0 1 6,7 Chá 0 0,0 2 12,5 1 6,7 Maçã 2 11,8 1 6,2 2 13,3 Exercícios vocais 3 17,7 1 6,2 0 0,00 Outros 5 29,4 6 37,5 6 40,0

Tabela 20 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação a saberem referir o que acham que faz mal para a voz.

O que faz mal

para a voz

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Não respondeu 15 46,9 16 47,1 11 39,3 42 44,7 0,791 Respondeu 17 53,1 18 52,9 17 60,7 52 55,3 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

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A categoria Outras (quadro 11) contemplou as seguintes respostas: ficar nervosa;

sereno; vento gelado; gripe; boca seca; mel; hortelã; chocolate; clima e idade.

Quadro 11 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao que acham que faz mal para a voz.

O que faz mal para a

voz

G1 G2 G3

N % N % N %

Líquido gelado 12 70,6 13 72,2 9 52,9 Falar muito 2 11,8 0 0,0 2 11,8 Falar alto 4 23,5 0 0,0 1 5,9 Gritar 2 11,8 1 5,6 1 5,9 Cigarro 2 11,8 2 11,1 2 11,8 Álcool 0 0,0 3 16,7 1 5,9 Outros 3 17,7 3 16,7 5 29,4

Foram incluídas na categoria Outras (tabela 21) as palavras: firme, fanhosa, boa

dicção, presa, velha, inexpressiva, pausada e insegura.

Tabela 21 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à opinião sobre a própria voz representada por uma única palavra.

Palavra referida para

representar a própria voz

G1 G2 G3 Total

N % N % N % N %

Não soube referir 0 0,0 1 2,9 0 0,0 1 1,1 Normal 8 25,0 12 35,3 12 42,8 32 34,0 Alta ou forte 9 28,2 4 11,8 4 14,3 17 18,1 Baixa ou fraca 1 3,1 0 0,0 3 10,7 4 4,3 Fina 1 3,1 2 5,9 1 3,6 4 4,3 Grossa 3 9,4 2 5,9 3 10,7 8 8,5 Rouca 1 3,1 2 5,9 1 3,6 4 4,3 Suave 1 3,1 1 2,9 0 0,0 2 2,1 Monótona 1 3,1 0 0,0 1 3,6 2 2,1 Outras 7 21,9 10 29,4 3 10,7 20 21,2 Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

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5.7. Domínio opinião sobre o envelhecimento

Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

1

Traz um sentimento de felicidade. Pra mim é um prazer ser velha. A gente recebe mais respeito.

2

Tem pessoas que quando vão envelhecer tem aquela preocupação porque vão ficar mais velhas. Eu não ponho na minha cabeça que eu tenho idade, que eu sou velha. O envelhecimento é próprio da cabeça da pessoa.

Eu estou com disposição pra fazer tudo. Quando entrei na menopausa, to nem aí, tô bem de saúde.

3

Se a gente envelhece com saúde, tudo bem. O problema é se aparecerem doenças ruins. Quando eu era mais nova achava que quando envelhecesse ia ficar chateada, mas não... Geralmente estou fazendo o que eu gosto. Pena que eu tenho problema de coração, senão estaria tudo ótimo.

4

Eu acho bem normal. Porque todo mundo tem que envelhecer. Não acho nem ruim nem bom, é normal.

5

Tá sendo tranqüilo. Pra mim tá sendo normal porque nunca senti nada sobre a menopausa. Não tive nenhum sintoma, não tenho nada, não sinto nada.

6

É diminuir as forças, a energia, as atividades, porque você vai ficando mais velha e não tem tanto pique quanto tinha quando jovem.

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Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

7

Pra mim tô envelhecendo normalmente, não tenho o que reclamar. Porque não tenho esse medo de envelhecer.

Eu acho que a gente tendo saúde nem percebe o tempo passar.

8

Ah, eu não sinto não assim o envelhecer. Pra mim é normal, parece que nunca tô velha. Parece que tô sempre jovem nos meus sentimentos.

9

É normal. Todo mundo tem que envelhecer. Não sou

ficando velha, não posso fazer isso, não posso fazer

eu quero. Vai chegar uma hora que eu vou parar. Mas assim de ficar se achando velha, ficar chorando nos cantos, eu não fico.

10

É fogo, né! Nunca mais na minha vida eu quero ser velha. Ah, a gente se priva de tanta coisa. Por exemplo, eu trabalhava, era muito ativa, viajava a trabalho sempre, voltava pra casa só final de semana. E agora levo uma vida pacata.

11

É uma fase da vida da gente que tem que ser aproveitada ao máximo possível. É bom chegar nessa fase se você tá bem de saúde como eu.

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Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

12

São os anos de experiência que a gente tem. E também é uma vitória porque se viveu até aqui, eu sinto agradecimento. Temos que dar graças a Deus porque chegamos a essa fase. Eu não tenho medo de envelhecer, porque eu já vivi o que eu tinha que viver.

13

As pessoas às vezes acham que a gente tá biruta, recusam ficar junto, não querem mais passear com a pessoa. Isso que eu acho que muda.

Pra mim tá ótimo porque eu tô com saúde.

14

Ah, desanima, né. Estamos mais pra lá do que pra cá. Quando eu acordo, sinto angústia, sabe. Parece que eu não vou mais conseguir resolver os problemas do dia-a-dia, acho que tem muita coisa pra ser resolvido e penso que não consigo. Mas depois que me levanto e começo fazer as coisas, não fico mais com tanta angústia. E a depressão que eu tenho.

15

Não tenho problema não, eu mantenho minhas atividades. Eu acho que pela minha idade eu ainda tô bem. Pra mim não influenciou em nada.

16

Pra mim eu tô envelhecendo normal. Eu tenho as minhas atividades, mesmo em casa sozinha eu gosto de fazer as coisas, não sou parada. Procuro as coisas pra fazer, fico costurando pra mim e para outros.

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Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

17 Pra mim é normal. Não senti nenhuma mudança.

18

Ah, eu tenho muita revolta. Não posso fazer serviço em casa. Só não estou melhor por causa de problemas na coluna. Eu sinto muita dor e preciso tomar remédio. Mudaram os doces que a gente não pode comer.

19

Achei muito difícil. Para fazer as coisas é difícil, me sinto cansada. É um sentimento que até choro. O filho briga muito comigo porque já trabalhei muito e não quer que eu faça mais nada, mas eu não consigo ficar parada. Se eu ficasse sem fazer nada, já tava agora no lugar de doido, então eles deixam eu me movimentar.

20

As pessoas te olham diferente, e isso é ruim.

Ah, pra mim não é uma fase tão fácil não.Você já não tem a mesma disposição de antes pras coisas.

21

Eu acho ótimo, tenho meus filhos perto que é o mais importante. Saio por aí com eles, passeio, venho pra terceira idade.

Tenho uns problemas de saúde que me perturbam, isso incomoda, mas a gente vai levando.

22

Nossa, eu me sinto muito bem, sinceramente. É uma parte normal da vida da gente.

Você nem percebe que está ficando velha. Porque sei lá, você passa, você cozinha, leva uma vida normal. Não estou parada, ao contrário, trabalho muito mais ainda agora. Eu ando, consigo fazer tudo que é normal. Não me sinto cansada.

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Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

23

O tempo passa e você não percebe certas coisas. Eu procuro não pensar. Enfrento o que acontece, tenho que aceitar as coisas. Eu não sinto como se eu tivesse a idade que eu tenho. Eu falo pro

24

Ah, envelhecer pra mim é tranqüilo, porque eu me sinto bem, sou uma pessoa muito alegre. Procuro não perder nenhum minuto da minha vida bem, levanto cedo pra curtir o dia inteiro, não importa como, eu quero estar ali vivendo.

A única coisa que eu senti de diferença é que eu estou um pouco rouca, preferia minha voz como antes.

25

Olha, pra mim está melhor agora do que quando eu era nova. Porque podavam a gente demais. Não podia fazer isso, fazer aquilo. Depois de uns anos de casada, quando meu marido deu um deslize, eu liberei meu espírito.

26

Não estou me sentindo velha não. Continuo a mesma. Não sinto nada ruim.

27

Está sendo tranqüilo, acho que estou convivendo bem com isso. Estou feliz, tenho uma vida muito boa.

Estou aceitando bem minhas rugas, minhas gordurinhas.

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Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

28

Acho que é uma coisa meio trágica. Não acho fácil não, queria pular essa fase. Acho que a gente tem que procurar ter condições de vida, viver de uma maneira mais adequada. Saber os limites da gente é difícil.

O espírito, acho que não envelhece, né, mas o corpo... Eu já sinto assim um cansaço.

29

O envelhecer não me traz preocupação pelo fato de estar acumulando anos. Eu não tenho preocupação fixada na velhice. Eu sei que faz parte da vida e me cuido pra tentar vivê-la bem.

Eu cumpri um papel bom na vida, tive e criei três filhos, fui amparada pelo meu marido em todo esse trajeto.

Meu estado de saúde sempre foi bom, isso traz tranqüilidade.

30

Eu sou uma pessoa feliz. Eu sempre encarei o envelhecer como uma coisa divina, eu acho. Porque quem não chegou na minha idade é porque morreu antes e ninguém quer morrer cedo. Pra mim está sendo bom, levo naturalmente, não faço tempestade em copo d´água, vivo sem estresse. Estou esperando viver até os 82, se for mais, é crédito.

31

Eu não sinto o envelhecer. Acho que ninguém sente, mas ele vem. Eu senti algumas limitações muito pequenas, vai nos pegando sem perceber. Por mim pode ir embora!

32

Está sendo saudável para mim porque, nossa, eu tenho tanta atividade que não estou nem dando conta. Está sendo maravilhoso, eu me sinto uma cinqüentona.

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Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

33 O envelhecimento me traz muita tristeza. Eu não queria ficar velha.

34

O envelhecimento traz um sentimento de tristeza. O idoso tem falta de paciência e sempre quer ter razão.

35

Nós idosos sabemos viver. Ficamos velhos na aparência, mas não no coração e na mente.

Temos mais aptidão no físico do que os jovens, pois nos cuidamos melhor.

36

Não tenho nada contra a idade, mas a gente sente solidão.

37 Nós não deveríamos envelhecer, é uma coisa triste.

A gente sente cansaço, falta de disposição.

38

É uma coisa natural, é o ciclo da vida. Não me perturba nem um pouco. Só tenho medo da forma como a gente vai envelhecer.

39

O envelhecer é a gente se sentir sabida. Uma pessoa que sabe. Quanto mais a gente vive, mas se aprende e mais se tem pra explicar pras pessoas que são mais novas. A velhice é a prova que se viveu.

40

O sentimento de solidão que vem com o envelhecimento incomoda muito, mas só isso. Os filhos casam....

41

Muito chato. Você não se sente bem com pouca gente, também não se sente bem no meio de muita gente. Fica uma pessoa meio balançada.

Você não tem mais disposição, não tem aquele pique. Tem aquela sensação de que tudo que você vai fazer gasta mais tempo, demora mais pra tudo. E isso é meio irritante na velhice.

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Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

42

Ninguém gosta de envelhecer. Eu não gosto, mas fazer o quê. A pessoa se olha no espelho e já sabe que está envelhecendo.

43

Eu me sinto mais inteligente. Além de ter experiência na vida, leio mais do que quando era jovem, faço cursos.

44

Ah, eu acho que o envelhecer vai definhando muitas coisas da gente, né. Você vai perdendo o ânimo de se expressar, conversar. Parece que todo mundo olha pra você e pensa ai que velha! Eu detesto quando vejo um garoto falando isso. Mas a velhice vai da cabeça de cada um, eu não me sinto velha. Eu quero viver, brincar.

45

Ah, pra mim tá sendo bom. Não tenho o que reclamar porque tô com saúde, me sentindo bem. Pra mim está bom, então, né.

46

Eu não tenho medo de envelhecer, nunca pensei nisso. Agora eu tenho medo é ficar doente na cama e não ter ninguém pra ajudar. Ou medo de passar mal à noite e estar sozinha.

47

A gente sente a diferença, é completamente diferente. Você vai sentindo os sintomas. É muito diferente em várias coisas. Você vai esquecendo as coisas, tem coisas que você nem quer participar. Muitas coisas mudam com a idade.

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Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

48

Ah, não tô achando ruim, tô me sentindo bem. Me relaciono bem com as pessoas, então tudo é bom.

49

É uma fase normal. Eu me conformo com isso, fazer o quê. Tudo tem seu tempo. Eu fico até contente de estar com a idade que eu tô.

Algumas pessoas da minha família morreram novas, doentes e eu não, eu estou bem de saúde.

50

Estou sempre perto dos meus netos, da minha filha, então, acho que está sendo bom o envelhecer.

Eu acho que tá bom, porque eu não tô sofrendo, não tô com nenhuma doença grave.

51

Está bom, tá ótimo, não mudou nada. Tudo que essas meninas de 18 fazem, correm, pulam, dançam, eu faço.

52

Estou admirada do meu envelhecimento porque quando eu era jovem eu achava que não chegaria nem aos 60 anos. Espiritualmente eu me sinto como se tivesse 40, eu me sinto bem, eu não tenho o que reclamar. Tenho só que agradecer a Deus pela bênção da vida que ele tá me dando.

53

Pra mim tá normal. Não tô sentindo muita diferença não. Tô aceitando bem o meu envelhecer.

54

Eu estou envelhecendo bem, tô conformada, não reclamo. A única coisa que eu fico triste é que eu caí e amassei duas vértebras. Fiquei meio aleijada, mas graças a Deus agora tô andando, então, tenho que me conformar.

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Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

55

Às vezes eu fico triste, porque acho que eu tinha que fazer mais coisas para os meus filhos e pras outras pessoas. Então me sinto triste mesmo e às vezes me emociono de falar, chego a chorar por causa disso. Mas depois me pego muito com Deus e acho que ele responde que isso é o normal, que só de ter o dom da vida é uma graça muito grande, aí vem a conformação.

56

Tô aceitando bem, eu acho que a gente tem que aceitar. A gente não aceita muito, muito, mas devagarzinho a gente vai aceitando.

Até que agora vivo melhor do que quando meu marido era vivo. Ele era um alcoólatra, então eu sofri bastante, eu não tinha liberdade, ele me perseguia. E agora sou dona dos meus atos.

57

Estou aceitando a velhice sem problema nenhum, com muito orgulho. Já fui jovem e agora tem que envelhecer mesmo. Eu sou jovem de espírito, vivo alegre, não vivo triste, chorando. Estou feliz como eu sou. Tem pessoas que são novas e têm espírito de idosas.

58

Eu fiquei mais triste agora, mais por causa do problema da vista. O que me atrapalha é a vista, porque não faço mais todas as coisas de antes. Só isso que mudou.

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Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

59

Eu acho que está sendo normal. É o ritmo da vida, a gente vai tendo deficiência de algumas coisas. Hoje tenho mais dificuldade de ser ágil pra fazer as coisas. Antigamente, começava a fazer alguma coisa era rápido, agora demora mais. Parece que tudo aumenta e fica mais lento.

60

Olha, o envelhecer pra mim tá sendo ótimo. Estou tendo agora problema de família. Depois que criei a filha e as três netas, eles acharam de cada um cuidar da sua vida, nem lembram que eu existo. Então, tô me adaptando a viver sozinha. Tá difícil pra encarar porque eu nunca vivi sozinha. Abalou um pouquinho, mas não foi muito. Se não fosse isso eu viveria melhor. Só sinto que foi um tipo de ingratidão.

61

Eu não tenho mais vontade de viver muito não, às vezes eu tenho até vontade de ir embora. Porque agora eu li um livro espírita e lá diz que a gente vai se encontrar, então eu não vejo a hora de encontrar meu marido. Viver com o marido é você ter um estímulo, você volta pra casa e é diferente. Quando a pessoa morre, você se sente muito só.

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Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

62

Graças a Deus eu não tenho um problema de andar, nem muito problema de saúde. Tenho alguns, mas me sinto bem no dia-a-dia.

63

Eu me cuido muito, mas não fico com aquele pensamento achando que tá tudo ruim, reclamando. Acho que todas as fases da vida têm uma recompensa. Você perde muita coisa, mas ganha também. Eu não acho ruim, a minha animação nas coisas não perdi muito.

Faço questão de participar de tudo, não fico em casa escondida. O mais importante é você ter saúde e usufruir tudo o que aparece.

64

Meus netos dizem que tô ótima. Enquanto eu puder sair pra ver meus netos, eu tô ótima.

Até agora ainda não senti a velhice, eu tô indo bem, faço a ginástica. Mas quando eu caminho, sinto um pouco de cansaço por causa do coração.

65

O envelhecer tá ótimo, pra mim está sendo muito bom. Me sinto muito bem.

66

O envelhecer é o normal da vida. É aquela tristeza. Não, não é que é triste. Agora tem muitas coisas pra gente passar o tempo e, também, envelhecer com saúde é outra coisa, né. Pra mim está sendo bom, minha idade tá no corpo, mas na mente não tá muito.

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72

Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

67

Significa rugas, cabelos brancos, pernas doloridas.

68

É ruim, eu acho triste. Eu acho muito triste a solidão. Principalmente pra mim que sou sozinha, não tenho ninguém. Tenho muito sobrinho e sobrinha, mas cada um pro seu lado, sabe como é.

69

Pra mim tá muito bom, porque eu só me acho velha quando olho no espelho. Eu me sinto bem, não sinto que não sou velha, apesar de que já tô tendo dificuldade para subir em algum lugar.

70

Ah, eu acho bem ruim, porque antes eu era esperta, fazia tudo e não cansava. Agora já vou devagar, cansa mais...

71

Ainda me sinto animada. Eu acho que é normal. Para mim está sendo normal.

A gente se sente um pouco enfraquecida às vezes, mas a gente aceita, né.

72

Sabe que não me pesa muito? Eu não sei se é porque agora eu passeio com a terceira idade, venho aqui. A gente fica muito descontraída, eu relaxo. E eu era muito deprimida antes... E acho que eu tô aceitando assim.

Eu comecei a perceber que eu tava envelhecendo quando eu comecei a ver meus netos nascendo... Aí caiu a ficha.

73

Agradável, até que está sendo agradável do ponto de vista familiar, de convívio com as pessoas, está ótimo.

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73

Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

74 Ah, eu estou conformada em envelhecer. Não tenho preconceito de ser velha.

Deus me deu bastante sorte de ter saúde pra criar meus netos, então pra mim já está bom.

75

Tá sendo muito difícil, né, porque tenho de lidar com meu filho e ele me dá muito trabalho. Só por isso.

76

Pra mim não faz diferença, pois todo mundo tem que envelhecer mesmo. Eu estou conformada.

Bom não tá sendo. Eu me preocupo com o fim da minha vida. Hoje os filhos não ligam para os pais. Eu tenho medo de ficar doente em cima de uma cama e precisar deles.

77

Envelhecer é a pessoa não se cuidar, não procurar uma atividade, ficar só dentro de casa. Pra mim está sendo ótimo. Antes eu não subia nem uma cadeira. Agora eu faço exercício, me sinto bem melhor.

78

Eu acho ótimo, porque eu quando era moça não tinha as regalias de hoje, o transporte de hoje. Hoje eu viajo, já viajei quase o Brasil todo. Faço tudo que não fazia antes. Quando eu lembro que tô

79

Normal. Não mudei nada, só os números da idade.

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74

Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e

familiares

Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

80

No envelhecer, tenho que procurar entender a situação e sobreviver de acordo com a minha idade. Procurar também ativar os neurônios para que eu não perca a memória e não me irritar, não implicar, que é muito comum com pessoas idosas e se tornam inconvenientes. De um lado, eu acho bom, pois vivo sozinha, mas não sou solitária. Vivo em solidão, mas porque este é meu temperamento. Sou assim desde pequena. Agora, nós não somos uma ilha, é claro que precisamos das pessoas, mas não sou carente afetivamente, não sou chameguenta.

81

Pra mim é uma surpresa o envelhecer, porque eu não me sinto velha. Me sinto com menos idade, tô bem. Só mudou a parte que eu tenho mais tranqüilidade, me aposentei, já criei os filhos e isso dá uma certa tranqüilidade pra gente. Agora é aproveitar a vida, todos instantes, não perco um minuto.

82

O que muda é que tô ficando calma, quieta, que eu não era. Eu era mais alegre, cantava, brincava muito e agora não tenho mais vontade.

Eu me sinto cansada, acho que é devido eu não parar de fazer as coisas. No dia que eu não trabalho, eu amanheço melhor. O dia que eu não venho pra cá, se eu passo o dia em casa, fico melhor também. Mas querem que eu ande. Domingo eu só saio à tarde, depois de almoçar, pra ir pra casa dos filhos, aí fico mais descansada.

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Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

83

Envelhecer é uma fase da vida, mas algumas coisas mudam. A relação com as pessoas parece que muda, começam a olhar e tratar você de outro jeito, já não têm tanto prazer na sua companhia. Por isso que tem muita gente sozinha por aí, que se fecha pro mundo.

84

Eu vivo bem assim, converso com os outros, tenho amizades.

Eu acho que é normal, está bem o meu envelhecer. Eu vou devagar, eu acho que não precisa se arrumar, se maquiar, pra parecer jovem. Mas eu acho que a gente devia ter sempre 20 anos, pra mim não muda o que a gente sente, só por fora.

85

Olha, você sabe que, às vezes, eu não sinto que tô envelhecendo? Acho que tô sempre com 50 anos, não acho ruim essa época não.

Mudou que antigamente eu só tinha filhos, não tinha netos, bisnetos. Agora tenho e a preocupação redobrou por causa deles.

86

Olha, eu vou te dizer, eu não

todo dia uma notícia triste:

perna. Outra está com

desgastando a cabeça da gente. Eu falo pro meu filho:

temos que aproveitar a vida

já cheguei aos 80 fico feliz porque tem gente que morre antes.

Eu no máximo, de vida útil que considero pra eu sair sozinha, pegar táxi sozinha, eu tenho mais uns dez anos. Depois vou ter que ficar em casa, porque vai faltando o equilíbrio, as pernas estão cansando e isso eu não acho bom. Eu trocaria tudo isso por uns meses de juventude.

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Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

87

Pra mim está sendo bem, porque eu não me entrego à velhice não. Prefiro imaginar que estou sempre com uns 35 ou 40 anos no máximo. Não sinto que estou envelhecendo, que estou velha. Pra mim está bem normal. Acho que ninguém deve se sentir velha.

Eu sou ativa no meu dia-a-dia, não sou de depender dos outros pra fazer nada. A pessoa não deve ficar dependendo de ninguém, a não ser que tenha uma doença grave. Mas não ficar dizendo que não pode fazer isso ou aquilo porque está velha.

88

É difícil de aceitar, porque eu sempre fui uma pessoa ativa, mas eu tô lutando pra não me abater. Eu procuro nem sentir a idade, tento levar na naturalidade, como eu sempre fui.

89

O envelhecer é paulatinamente ir perdendo as forças, a memória. Há uma degradação geral de todas as atividades da pessoa. Essa degradação pode ser mais rápida ou menos rápida, aí depende da pessoa e de momento. Eu me sinto enfraquecida, não consigo fazer certas coisas, mas, também, vai diminuindo a vontade. Eu acho ótimo ficar em casa, prefiro até.

90

Olha, pra mim eu não tenho acho que nada, parece que tô sempre tão bem. Ninguém desfaz de mim, eu tô sempre bem.

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Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.

Nº Como é o envelhecer para você?

Aspectos emocionais e/ou

psíquicos

Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e

atividades cotidianas

91

É meio mal, eu sinto falta de certos tempos da minha vida. Mas tenho três filhos, dez netos e 13 bisnetos, então, é bom, mas é cada um no seu canto e eu no meu aqui. Essa fase até que tá sendo boa, mas eu tenho uma amiga que a filha mora no mesmo prédio dela, e eu com minha filha fico até um mês sem ver ela. Então, essa é uma coisa que sinto falta e tenho inveja.

92

Pra mim tá ótimo, eu não senti envelhecer, não sei se porque eu trabalhei desde os 20 anos e não senti a vida passar, com certeza absoluta. Tenho boa memória, gravo ainda até anedota.

93

Ah, tô achando triste. Não queria, né. Tô pensando já que vou morrer, que vou deixar meus filhos. Eu penso muito nisso, já escrevi carta pros meus filhos pra dizer o que eu quero que façam, pra não brigarem.

O que é triste é que os filhos não ligam pra gente. Minha filha é grossa, ela não é uma filha que se preocupa com a mãe, não tá nem aí, não me liga.

Bom, mesmo com esses problemas, me sinto nova ainda, faço tudo que eu quero, eu mesma faço todo o serviço, não tenho faxineira.

94

Mas é muito bom, eu, por exemplo, tenho seis netos, tenho uma família já, então, eu sou muito feliz.

Eu vou ser sincera. A velhice é uma coisa que a gente tem que aceitar e saber conviver com ela, senão, fica muito pesado, porque você já tem certas limitações. Eu tenho muita atividade. Não me sinto idosa, vou mostrar o trabalho que eu fiz e todo mundo elogiou, então, não me sinto inútil não. Qualquer peça de roupa que tenha uma mancha, um rasgado, eles trazem pra mim e eu conserto direitinho, então...

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78

5.8. Medidas fonatórias

Tabela 22 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à média do tempo máximo de fonação na vogal /a/ e consoantes /s/ e /z/.

Tempo máximo de

fonação

G1 G2 G3 p*

Média DP Média DP Média DP TMF /a/ 13,7 3,7 13,8 4,1 12,1 4,4 0,195 TMF /s/ 11,8 4,9 10,0 4,0 9,5 3,5 0,076 TMF /z/ 12,4 5,1 10,3 3,4 12,8 6,5 0,134

* Nível de significância estatística segundo Anova (análise de variância).

5.9. Análise perceptivo-auditiva da voz

Tabela 23 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à coordenação pneumo-fonoarticulatória, articulação e ressonância apresentada.

Análise perceptivo-auditiva da

voz

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

CPFA Coordenada 28 87,5 34 100,0 20 71,4 82 87,2 0,004 Incoordenada 4 12,5 0 0,0 8 28,6 12 12,8

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 99 (100,0)

Articulação Precisa 29 90,6 34 100,0 28 100,0 91 96,8 0,050 Imprecisa 3 9,4 0 0,0 0 0,0 3 3,2

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 99 (100,0)

Ressonância

Equilibrada 19 59,3 22 64,7 10 35,7 51 54,3

---

Hiponasal 2 6,3 0 0,0 1 3,6 3 3,2 Alta 1 3,1 1 2,9 2 7,1 4 4,3 Posterior 1 3,1 1 2,9 1 3,6 3 3,2 LF 4 12,5 3 8,9 5 17,9 12 12,7 LF com foco nasal discreto

3 9,4 6 17,7 7 25,0 16 17,0

LF com foco nasal acentuado

2 6,3 1 2,9 2 7,1 5 5,3

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Legenda: CPFA = coordenação pneumo-fonoarticulatória; LF = laringofaríngea

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79

Tabela 24 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao pitch e loudness.

Análise perceptivo-auditiva

da voz

G1 G2 G3 Total

N % N % N % N %

Pitch

Médio 10 31,3 19 55,9 11 39,3 40 42,6 Médio para agudo 7 21,9 7 20,6 3 10,7 17 18,0 Médio para grave 13 40,6 7 20,6 9 32,1 29 30,9 Agudo 0 0,0 1 2,9 0 0,0 1 1,1 Grave 2 6,2 0 0,0 4 14,3 6 6,4 Variável 0 0,0 0 0,0 1 3,6 1 1,1

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Loudness

Adequado 29 90,6 33 97,1 24 85,7 86 91,5 Fraco 2 6,3 0 0,0 3 10,7 5 5,3 Forte 1 3,1 1 2,9 1 3,6 3 3,2

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Na tabela 25, o grau severo não foi demonstrado, pois nenhuma participante

apresentou esse grau de manifestação da qualidade vocal. Em relação ao quadro 15, vale

destacar que duas participantes do G2 apresentaram mais de um tipo de alteração na qualidade

vocal: uma delas apresentou voz com qualidade soprosa e trêmula, enquanto a outra mulher

apresentou qualidade de voz rouca e soprosa.

Tabela 25 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo vocal e o grau geral de manifestação da qualidade de voz.

Análise perceptivo-auditiva

da voz

G1 G2 G3 Total p*

N % N % N % N %

Qualidade vocal

Sem alteração 30 93,8 31 91,2 19 67,9 80 85,1 0,009

Com alteração 2 6,2 3 8,8 9 32,1 14 14,9

Total

32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)

Grau geral da qualidade vocal

Discreto 2 100,0 3 100,0 8 88,9 13 92,9 --- Moderado 0 0,0 0 0,0 1 11,1 1 7,1

Total

2 (100,0) 3 (100,0) 9 (100,0) 14 (100,0)

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80

Quadro 15 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à qualidade vocal apresentada.

Qualidade vocal G1 G2 G3

N % N % N %

Rouca 1 50,0 0 0,0 6 66,7 Tensa 0 0,0 1 33,3 2 22,2 Soprosa 1 50,0 1 33,3 2 22,2 Trêmula 0 0,0 1 33,3 1 11,1

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81

6. DISCUSSÃO

Na Fonoaudiologia ainda há uma carência de pesquisas com idosos não-

institucionalizados e não-acamados. Em outras palavras, o idoso com o qual nos deparamos

no dia-a-dia e que não necessariamente tem sua vida deteriorada pelos efeitos do

envelhecimento, fato que se pensava, anteriormente, ser inevitável. A partir desta observação

iniciou-se a motivação para realizar esta pesquisa. Optou-se por incluir somente mulheres, por

considerar que é uma necessidade dos dias de hoje, uma vez que elas constituem a maior parte

da população idosa e promovem maiores demandas às unidades de saúde, até mesmo de

forma preventiva.

Entre outros, um ponto relevante considerado ao elaborar o projeto de pesquisa foi

o reduzido número de estudos que investigam a auto-imagem vocal dos idosos e como eles

vêem o envelhecimento. Acredita-se que estas questões podem trazer esclarecimentos a

respeito da comunicação do indivíduo idoso, úteis para a noção do profissional sobre como

atuar com esta população.

Ao realizar um levantamento da literatura na área de voz, percebeu-se que cada

autor utilizou um questionário diferente para investigar as particularidades dos idosos,

fundamentais para este tipo de estudo, como: características demográficas, sociais, psíquicas,

queixa de voz e histórico de problemas vocais. Destaca-se também uma pesquisa (Aquino,

2003) que utilizou o questionário QVV, o qual foi elaborado para a utilização com indivíduos

disfônicos, e não com a população sem distúrbio de voz. Notou-se, desse modo, a importância

de se padronizar e realizar a validação de um instrumento específico para idosos, que

contemple questões voltadas às suas peculiaridades.

Não foi encontrado um questionário que incluísse todos os questionamentos que se

julgavam necessários para esta pesquisa. Por este motivo, elaborou-se um novo instrumento

que atendesse aos objetivos propostos e que pudesse ser aplicado à população de idosos em

geral. Neste sentido, foi realizada uma leitura e a análise de outros questionários para servir de

base para aquele que iria ser construído. Houve um cuidado para não induzir respostas, com a

inclusão, sempre que possível, de perguntas abertas, que permitissem a livre expressão.

Todavia, durante o processo de coleta de dados notou-se a necessidade de investigar mais

alguns itens que não constavam do Formulário: a descendência das participantes, mais alguns

aspectos relacionados à profissão (durante quanto tempo você trabalhou? Parou de trabalhar

há quanto tempo?) e se as alterações vocais das quais se queixavam eram constantes ou

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82

intermitentes. Sugere-se que, em uma próxima pesquisa, essas questões sejam incluídas no

Formulário.

Além disso, um diferencial foi a forma de aplicação do instrumento, que se

considerou a mais apropriada para esta população. O instrumento foi denominado Formulário,

pois se utilizou o método no qual a pesquisadora fazia as perguntas da mesma forma que

estavam redigidas e anotava a resposta das idosas. Este modo de registro proporcionou uma

boa aceitação da pesquisa, pois diminui o tempo de aplicação, não causa constrangimento e

nem exclui as pessoas com dificuldades visuais e de leitura.

Pôde-se notar que, com essa forma de abordagem, as idosas sentiram-se acolhidas,

por poderem expressar seus pensamentos, emoções e experiências, e serem ouvidas. Isto foi

relatado verbalmente por algumas delas que, inclusive, conversavam com outras mulheres

após o término de suas avaliações e estimulavam-nas a também participar. Em uma próxima

pesquisa, sugere-se que seja realizada a validação do Formulário, uma vez que este se

mostrou um bom instrumento de investigação.

Mais uma opção incomum, em pesquisas na área da voz, foi a de apresentar

fotografias para incitar a fala espontânea dos sujeitos, com o objetivo de gravar a voz para

posterior análise perceptivo-auditiva. Esta iniciativa foi bem-sucedida também em virtude de

as fotos terem como temática o passado e marcos históricos da cidade de São Paulo. Uma

pessoa pode não ter nada ou ter pouco a dizer sobre um assunto específico como futebol,

religião, paisagens, contudo, qualquer um tem um passado a recordar. Por mais que parte das

mulheres não tivesse utilizado os serviços de um bonde ou não houvesse entrado na igreja

apresentada na época da fotografia, estas imagens remetiam a alguma história do passado,

faziam emergir principalmente boas recordações e lições de vida. A partir dos relatos, tornou-

se possível conhecer um pouco mais do universo feminino no passado e no presente e,

certamente, isso contribuiu para o desenvolvimento desta pesquisa e o aprendizado pessoal e

profissional das investigadoras.

Sobre a coleta de dados, vale ressaltar que esta foi realizada em locais destinados

exclusivamente à população idosa e também em um clube recreativo freqüentado por pessoas

de qualquer idade. Nesses lugares, foi visível a superioridade numérica feminina já descrita na

literatura (Neri, 2001; Schoueri-Junior et al., 2000; Lebrão e Laurenti, 2005).

A maioria das mulheres que freqüentava os locais aceitou facilmente participar da

pesquisa após ter sido explicitada a importância desta. Elas encararam a participação como

uma boa oportunidade de cuidado com a saúde e prevenção de comorbidades, confirmando a

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83

referência na literatura de que a mulher geralmente é atenta à sua saúde (Schoueri-Junior et

al., 2000).

Houve dificuldade em encontrar, durante a coleta de dados, mulheres na faixa

etária entre 80 e 90 anos. Em virtude de a pesquisa ter sido desenvolvida somente em quatro

lugares, não se pode afirmar com toda a segurança que pessoas dessa faixa etária freqüentam

menos os ambientes destinados a idosos. Ao menos as que participaram desta pesquisa e que

foram avaliadas em domicílio realizavam atividades fora de casa e, inclusive, algumas

participavam de outros grupos de terceira idade não visitados. Entretanto, observa-se, no

cotidiano, que há uma tendência de as mulheres nessa faixa de idade ficarem mais restritas ao

ambiente doméstico, talvez por opção própria ou devido a algum impedimento, como, por

exemplo, dificuldades de locomoção.

Quanto à literatura apresentada, há um consenso de que tem havido, ao longo dos

anos, um aumento substancial da expectativa de vida da população brasileira (Pessini e

Queiroz, 2002; Knorst et al., 2002; IBGE, 2004). Outra opinião convergente entre os autores é

de que as mulheres têm uma longevidade maior do que os homens (Lebrão e Laurenti, 2005;

Herédia, 2004; Schoueri-Junior et al., 2000; Neri, 2001). Sem dúvida, o número de idosos no

país é crescente e demonstra que a Fonoaudiologia precisa ter um olhar específico sobre como

atuar com esta população.

Os pesquisadores, entre eles Bacha et al. (1999), Cassol e Behlau (2000), Amorim

(2001), Nisa-Castro et al. (2004), Russo (2004) e Monteiro (2007), concordaram que ocorrem

transformações gradativas, em idades mais avançadas, nos órgãos fonoarticulatórios, nas

funções neurovegetativas e na função auditiva, ou seja, na comunicação de um modo geral. É

utilizado o termo presbifonia para identificar o envelhecimento da voz. Entretanto, pode-se

notar que não há uma conformidade nas opiniões sobre as características vocais que compõem

este diagnóstico. As mais comumente citadas são: a rouquidão (Behlau, 1999); tendência a

tremor, instabilidade, ressonância baixa e loudness fraco (Behlau, 1999; Andrada e Silva e

Duprat, 2004); quebra de sonoridade, variações de intensidade ou freqüência e bitonalidade

(Andrews, 1995; Polido et al., 2005); tessitura restrita, ataque vocal suave ou aspirado

(Andrada e Silva e Duprat, 2004); e crepitação na voz (Behlau et al., 2001).

De modo geral, há uma concordância de que a voz da mulher idosa passa por

modificações durante o período da menopausa (Machado et al. 2005; Abitbol et al., 1999;

Bressan, 1999; Boulet e Oddens, 1996) e o pitch tende a se agravar com o avançar dos anos

(Behlau, 2004; Venites et al., 2004; Behlau et al., 2001; Feijó et al., 1998).

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84

Em relação aos resultados, a tabela 1 mostrou que 90,4% da população total

exerceu alguma atividade profissional no passado, sendo que a maioria nos três grupos

trabalhou durante um período que vai de um a dez anos e parou de trabalhar há mais de 20

anos. No quadro 1 nota-se, nas duas primeiras faixas etárias, um predomínio de mulheres que

exerceram no passado a profissão de costureira. No G3, a profissão mais citada foi a de

operária de fábrica ou indústria. Ao considerar-se os três grupos, 30,6% tiveram essa

atividade laboral, enquanto na pesquisa de Farinasso (2005) a principal profissão relatada

pelos entrevistados com 75 anos ou mais foi a agricultura e exerceram a profissão de

costureira apenas 8,1% dos idosos.

O alto índice de mulheres que trabalharam fora de casa pode causar admiração,

pois contraria a noção, do senso comum, de que a maioria das idosas exerceu apenas

atividades domésticas. Contudo, vale lembrar que eventos históricos promoveram, ao longo

dos séculos, mudanças na dinâmica de trabalho e no papel feminino na sociedade, como, por

exemplo, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, no século XVIII, bem como a

Segunda Guerra Mundial, no século XX. A partir desses eventos, sua participação no mercado

de trabalho foi crescente e mais acelerada, dentro e fora do Brasil. As idosas que compuseram

esta pesquisa, especialmente por terem vivido a maior parte de suas vidas em uma grande

metrópole (São Paulo), fizeram parte dessa realidade.

Atualmente, mantêm atividade laboral somente 12,5% das mulheres do G1, 2,9%

do G2 e 7,1% do G3. Estes são índices diferentes dos constantes na pesquisa do Núcleo de

Opinião Pública da Fundação Perseu Abramo (FPA, 2007), na qual verificaram que ainda

trabalhavam 21% das mulheres de 60 a 69 anos, 8% daquelas com 70 a 79 anos, e 1% das

mulheres com 80 ou mais. A discrepância nos valores encontrados pode estar pautada no fato

de essa pesquisa ter sido realizada em várias regiões do Brasil, com outras realidades.

No presente estudo, identificou-se que as mulheres da última faixa etária

desenvolvem seu trabalho no próprio domicílio, pois a profissão não requer inserção no

mercado formal, o que pode ter facilitado a manutenção da atividade até os dias de hoje.

Apenas uma delas atua como cozinheira em uma lanchonete, de propriedade da família.

Na tabela 3 observa-se que grande parte das mulheres, nos três grupos, mora com

alguém (68,8%, 64,7% e 67,9% respectivamente). Vivem sozinhas 33% da população total,

valor mais alto do que o encontrado por Farinasso (2005), talvez pelo fato de a sua pesquisa

ter incluído também homens e sabe-se que é maior a proporção de mulheres que vivem

sozinhas na velhice (Capitanini, 2000). Quanto ao vínculo das pessoas com quem moram,

constatou-se que no G1 a maioria (18,8%) das mulheres mora apenas com o filho ou com o

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esposo (18,8%), enquanto nos demais grupos houve maior número de pessoas que moravam

apenas com filhos (26,5% do G2 e 28,6% do G3).

Os dados citados acima são muito relevantes, pois de acordo com alguns

pesquisadores (Baltes e Mayer, 1999; Motta, 1999; Debert, 1999), mulheres que moram

acompanhadas tendem a ter melhor qualidade de vida do que as que vivem sozinhas.

A tabela 4 revelou que 90,4% das idosas apresentam algum tipo de problema na

saúde geral, o que corrobora com a taxa de 95,5% encontrada, nesta questão, por Farinasso

(2005). A hipertensão arterial (quadro 2) foi a doença mais comum na população estudada

(65,9%), equivalente ao identificado na literatura (Farinasso, 2005; FPA, 2007).

É possível evidenciar que, entre as três faixas etárias, o G1 tem o maior percentual

de mulheres com algum problema de saúde. Apesar de esse grupo ter tido um índice baixo de

pessoas que utilizaram cigarro e, provavelmente, ter obtido mais informações do que os

demais sobre a prevenção de comorbidades, outros fatores podem ter influenciado nessa

condição. A qualidade de vida e a saúde da população certamente sofreram um declínio com o

passar do tempo, com o advento dos alimentos industrializados, aumento da violência e

estresse. As idosas das faixas etárias mais avançadas possivelmente viveram um cotidiano

mais saudável ao longo de suas vidas.

Entretanto, ainda que no G1 haja mais idosas que afirmaram ter alguma doença, é

necessário destacar que o grupo apresentou, ao mesmo tempo, um menor número de

enfermidades por pessoa. Constatou-se que o número de doenças por pessoa aumentou com a

idade e, realmente, é perceptível essa tendência na população idosa. É claro também que há

fatores individuais, sociodemográficos e ambientais que influenciam na saúde e, por isso, em

outro estudo, os resultados poderiam ser diferentes.

Ao analisar os dados sobre o uso de medicamentos (tabela 5 e quadro 3), notou-se

que 88,3% das idosas faziam uso regular de algum tipo de medicação, similar à percentagem

de 86,7 encontrada na pesquisa descrita por Lebrão e Laurenti (2005). Foi constatada uma

proporção de consumo ligeiramente maior no G1 (93,8%), explicada pelo número maior de

enfermidades apresentadas por este grupo. Observou-se que a população dos três grupos

ingeria, na maioria dos casos, de dois a três tipos de medicação, e a mais consumida era

destinada ao tratamento da hipertensão arterial, em função da maior ocorrência desta

enfermidade.

Sabe-se que o indivíduo idoso tem propensão a um consumo aumentado de

fármacos, que pode promover sensação de boca seca e, conseqüentemente, alterações na

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deglutição (Silva-Netto, 2003), e os efeitos colaterais também podem contribuir para

alterações na voz (Bressan, 1999).

Sobre a ocorrência do hábito de fumar (tabela 6), verificou-se que nunca

consumiram tabaco 81,2% das mulheres do G1, 79,4% do G2 e 85,7% do G3. Fumaram, em

algum momento da vida, 9,4% do G1, 20,6% do G2 e 14,3% do G3, percentagens reduzidas

quando comparadas às da pesquisa da FPA (2007) em que foram encontradas,

respectivamente, as percentagens: 25%, 26% e 30%. Evidenciou-se que apenas três mulheres

(9,4%) do G1 ainda fazem uso do cigarro, divergindo do estudo da FPA (2007), no qual

continuavam fumando 16% das mulheres de 60 a 69 anos, 6% de 70 a 79 anos e 4% daquelas

com 80 anos ou mais. O número de cigarros consumidos atualmente ou no passado por grande

parte das mulheres do G1 e do G2 era de seis a 20 ao dia (83,3% e 57,1%), enquanto o

consumo do G3 ficou entre um e 20 cigarros (100%). Nota-se variação no tempo de uso do

tabaco entre os três grupos, porém, sem diferença estatisticamente significativa. A maior parte

da população pesquisada utilizou cigarro por um período que variou de 11 a 30 anos (41,2%).

Os achados no G1, grupo de mulheres mais novas, destacam-se, pois foi aquele

com maior percentual de mulheres que nunca fumaram e com menor percentual das que

fumaram em alguma época da vida. Estes dados têm lógica, pois nas épocas mais remotas o

cigarro era considerado símbolo de independência, elegância e maturidade, porém, essa visão

modificou-se com o passar do tempo. A faixa etária de 60 a 69 anos foi, sem dúvida, a que

mais teve contato com propagandas anti-tabagistas e que mais obteve informações a respeito

das conseqüências do cigarro sobre a saúde, o que pode ter levado a esse resultado.

O hábito de ingerir bebida alcoólica (tabela 7) ocorreu em 40,4% das idosas no

total e, no G2, houve um maior número de mulheres que relataram este fato (50%) quando

comparado com o G1 (37,5%) e o G3 (32,1%). Estes números são mais altos do que os

visualizados na pesquisa da FPA (2007), em que consumiam bebida 17%, 8% e 5%,

respectivamente, em cada faixa etária. Apesar de as percentagens terem sido elevadas nos três

grupos, no presente estudo a maioria relatou que utiliza álcool sem regularidade, ou seja,

apenas em eventos sociais e em pouca quantidade. A bebida mais consumida pelas idosas é a

fermentada (78,9%), principalmente o vinho. Sabe-se que algumas mulheres, em especial do

G1, descendem de famílias italianas e que esta bebida costuma ser bastante consumida por

elas.

A prática regular de atividade física (tabela 8) foi constatada em 70,2% das

participantes, em divergência com a população de outro estudo (Farinasso, 2005), em que os

indivíduos não praticavam nenhum exercício físico de forma regular. O grupo 3 foi aquele em

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que um número menor de idosas relatou essa prática, talvez por elas terem, além de outros

problemas, mais ocorrência de artrose. Esta doença é comum na velhice e pode afetar, entre

outras partes do corpo, quadris, joelhos, mãos, dedos e coluna, gerando desconforto articular,

cansaço, dor, deformidades, inflamações e limitação da função articular.

Na tabela 8, observa-se também que as mulheres, nas três faixas etárias, praticam

exercícios, prioritariamente, com uma freqüência que variava de uma a três vezes por semana

(59,1%) e já realizam atividade física por um período que variava de três a dez anos na

maioria dos casos (54,5%), sem diferença importante entre os grupos. Pode-se observar que

várias idosas iniciaram alguma atividade há pouco tempo (de seis meses a dois anos), o que

demonstra que nunca é tarde para começar a se exercitar. Em seus relatos, muitas alegaram

que, antigamente, não havia tanto estímulo à prática de exercícios físicos. Hoje, além da

divulgação maciça sobre os benefícios dos mesmos, os locais que elas freqüentam

disponibilizam atividades desse tipo.

Percebeu-se que a maior parte do G1 (43,8%) realizava mais de um tipo de

exercício físico (quadro 4), enquanto nos demais grupos a maioria praticava apenas uma

modalidade (41,2% e 39,3%). Essa diferença pode ser devido ao fato de o G1 incluir mais

mulheres com problemas na saúde e elas, por esse motivo, dedicarem-se mais às atividades

físicas.

O tipo de exercício físico mais referido pelas participantes no G1 e G3 foi a

caminhada, a qual é realizada por 58,3% e 43,7% das idosas, respectivamente. Na população

total, praticam caminhadas 31,9% das idosas, corroborando com o percentual de 34,9%

encontrado por Farinasso (2005). No G2, o tipo mais praticado é a ioga (38,5%), seguida da

caminhada (34,6%).

Na tabela 9, nota-se que um alto percentual de mulheres nos três grupos realiza

atividade social e/ou de lazer (92,6%). É possível identificar uma tendência na população total

a desenvolver mais atividades desse tipo do que praticar exercícios físicos. Não houve

diferença estatisticamente significativa entre os grupos, todavia, percebe-se que as

participantes do G1 são as que menos desenvolvem práticas sociais e de lazer, talvez por

ocuparem um tempo maior com o trabalho físico.

Ao todo, 74,7% das mulheres têm atividade social e/ou de lazer com uma

freqüência que varia de uma a três vezes por semana. Participar de grupo da terceira idade

(quadro 5) foi a atividade mais citada nas três faixas de idade. A maioria no G1 e G2 realiza

apenas um tipo de atividade, enquanto a maior parte do G3 realiza mais de um tipo,

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possivelmente em função de grande parte delas (33,3%) freqüentar um local destinado a

atividades culturais e de lazer, com várias opções de escolha.

Quanto à demanda vocal no dia-a-dia (tabela 10), houve diferença estatisticamente

significativa na comparação entre as faixas etárias. Notou-se que a demanda vocal variou

conforme a idade: a maioria das mulheres do G1 relatou que faz uso intenso da voz; no G3

verificaram-se mais relatos de uso médio da voz; e, no G2, pouco uso. Esses dados contrariam

o esperado, que seria uma redução da demanda vocal com o passar do tempo. Porém acredita-

se que o Grupo 3 relatou maior uso da voz do que o 2 em virtude de ter mais idosas que fazem

aula de canto e que realizam um número maior de atividades sociais e/ou lazer. Ou seja, há,

provavelmente, maior exigência no que se refere à comunicação oral para essas mulheres.

Foi citado uso do telefone (tabela 10) com pequena freqüência pelas mulheres no

total (58,5%). O Grupo 1, que relatou maior demanda vocal, também é aquele em que uma

percentagem maior de pessoas relatou uso do telefone de forma intensa. Quanto às atividades

de maior exigência de uso da voz (quadro 6), conversar pessoalmente foi a mais mencionada,

sendo esta a única atividade que envolve uso da voz para a maioria das participantes nas três

faixas etárias.

A tabela 11, sobre a prática de canto, demonstra que metade das mulheres do G1 e

do G3 relatou que canta e a maioria do G2 não canta. Contudo, esta não é uma prática formal

e regular entre as idosas, considerando-se a população total, uma vez que 61% cantam

sozinhas em casa e 14,6% durante atividades religiosas. Pratica atividade de canto em coral

uma percentagem bem mais elevada de mulheres no G3 (42,9%), em comparação ao G1

(12,5%) e G2 (18,2%). Pode ter havido esse resultado no G3 não só devido ao fato de as

participantes gostarem mais de cantar, mas também por haver no grupo índice maior mulheres

que freqüentavam um lugar que, entre aqueles onde a coleta de dados foi realizada, era o

único que oferecia aula de canto.

Verificou-se uma associação entre dificuldade para cantar e a idade: houve

diferença estatisticamente significativa entre os grupos, com um maior percentual de mulheres

do G3 que não relataram tal dificuldade, possivelmente por ser o grupo em que uma taxa

maior de mulheres se submete a treinamento de voz durante a atividade de canto em coral.

O tipo de dificuldade para cantar (quadro 7) mais mencionado foi a de alcançar

tons agudos, especialmente no G1 (50%) e G2 (81,8%). No G3 esta também foi a principal

queixa, contudo apareceu em percentagem bem mais baixa (21,4%). Estes dados concordam

com aqueles observados na literatura (Cassol e Bós, 2006; Bilton e Sanchez, 2002; Abitbol et

al., 1999; Bressan, 1999; Boulet e Oddens, 1996), os quais indicaram a ocorrência de redução

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na extensão vocal dos sons agudos com o avançar da idade. Um motivo para o G3 ter

apresentado menos queixa de dificuldade na emissão de tons agudos pode ter sido um melhor

condicionamento vocal adquirido no canto em coral, pois este pode promover um aumento

significativo da extensão vocal dos idosos (Rocha et al., 2007).

Por meio da tabela 12, observa-se que o hábito de pigarrear ocorreu em mais da

metade do G3 (53,6%), enquanto nos demais grupos a maioria das participantes não relatou

ter o hábito. O maior acúmulo de secreções na idade avançada ocorre devido à desidratação

tecidual progressiva da mucosa oral, por perda de água intracelular, bem como pelo uso

excessivo de medicamentos que afetam a função da glândula salivar e reduzem o fluxo de

saliva. A diminuição da lubrificação dos tecidos orais torna a saliva mais viscosa, prejudica a

mobilidade da língua e dificulta a deglutição. Na população total, o pigarro foi citado por

46,8%, percentagem essa acima da encontrada nos estudos de Pontes et al. (2005) e Cassol e

Bós (2006), mas semelhante à detectada por Soares et al. (2007).

O hábito de tossir ocorreu em apenas 29,8% das idosas nos três grupos,

confirmando os dados evidenciados na literatura (Cassol e Bós, 2006; Soares et al., 2007). As

mulheres do G3 foram as que mais relataram esse costume e este pode estar associado à

presença do pigarro do qual a maioria se queixou.

No G1, 62,5% das idosas responderam que têm o hábito de falar alto (tabela 12).

Por outro lado, a maioria nos dois outros grupos afirmou que não fala alto. O Grupo 1 é o que

contém maior número de mulheres com descendência italiana, e sabe-se que tal hábito é

comum em famílias dessa nacionalidade. Ao todo, 46,8% das mulheres deste estudo

apresentaram o hábito, índice pouco superior ao encontrado por Cassol e Behlau (2000): 55%.

Prevaleceu nos três intervalos de idade a ausência do hábito de gritar (tabela 12).

Este foi mais freqüente no G1 (34,4%) do que no G2 (14,7%) e no G3 (28,6%), o que

corresponde a 25,5% do número total de mulheres e diverge de Soares et al. (2007).

Os dados sobre a ingestão de água pelas participantes dos três grupos revelaram

que 79,8% realizam baixa ingestão, concordando com os achados de Soares et al. (2007), que

encontraram 63,6% de relatos de baixo consumo de água em um grupo de idosos sem

orientação sobre a saúde vocal. A ingestão de uma quantidade reduzida de líquido está

relacionada à diminuição do estímulo do centro da sede no processo de envelhecimento (Silva-

Netto, 2003). Pode-ser identificar nos resultados uma tendência de as idosas beberem menos

líquido conforme o aumento da idade, apesar de não ter havido diferença significativa entre as

faixas etárias. Entre os grupos pesquisados, o G3 foi o que relatou ingerir menor quantidade de

água, e isso deve ser um dos motivos para uma maior presença de pigarro e tosse nesse grupo.

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A autopercepção de dificuldade para ouvir (tabela 13) mostrou forte associação

com a idade. Constatou-se relação estatisticamente significativa, representada por um

aumento na freqüência desta percepção com o avançar da idade (31,2% no G1, 55,9% no G2 e

78,6% no G3). Tal achado é justificado pelo caráter progressivo da perda auditiva induzida

pelo envelhecimento. Das 94 idosas pesquisadas, 54,3% apresentaram relato de dificuldade,

em concordância com o estudo de Monteiro (2007).

Apesar de não ter havido diferença estatisticamente significativa nas demais

questões relacionadas à audição (tabela 13), identificou-se um aumento progressivo na

ocorrência das variáveis em cada faixa etária. Nessa tabela, constatou-se prevalência de idosas

que não costumam usar a televisão em volume alto (73,4%) Todavia, esse dado pode não

refletir exatamente a realidade, pois nota-se que, muitas vezes, o idoso não percebe que o

volume usado é alto. A dificuldade na compreensão foi verificada em 69,1% das idosas

(56,2% do G1, 70,6% do G2 e 82,1% do G3). Esta é considerada uma queixa comum no idoso

devido à perda auditiva de alta freqüência resultante do envelhecimento (Pinzan-Faria e Iorio,

2004).

Ainda na tabela 13 é possível observar a ocorrência de queixa de incômodo com

barulho, presente em 60,6% das participantes, maior no G3 (71,4%), em comparação ao G1

(59,4%) e ao G2 (52,9%), percentagens consideravelmente maiores do que a demonstrada por

Amaral e Sena (2004). A hipersensibilidade a sons fortes é outra queixa usual dos idosos,

conhecida como recrutamento (Russo, 2004). Por outro lado, houve predomínio de ausência

de zumbido na população geral (60,6%), similar ao resultado encontrado por Amaral e Sena

(2004).

Na tabela 14 constatou-se preponderância de mulheres que haviam se submetido,

em alguma época, a exame audiométrico (75,5% no total), especialmente no G1 (81,3%).

Uma maior procura do serviço de audiologia por idosas em faixa etária semelhante a do G1 já

foi citada na literatura (Amaral e Sena, 2004). Esta faixa de idade parece ter sido mais bem

alcançada pelas divulgações, nos meios de comunicação, sobre os cuidados com a audição e

as conseqüências psicossociais da deficiência auditiva, as quais têm sido intensificadas há

algum tempo.

Em dois dos quatro locais onde a coleta de dados foi realizada haviam sido

disponibilizados exames audiométricos aos idosos, durante uma campanha sobre a audição e

uma pesquisa sobre o envelhecimento auditivo, fator que também estimulou a realização do

exame. Desta forma, grande parte das mulheres não procurou, de forma totalmente

espontânea, o serviço de audiologia.

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Conforme a tabela 14, as participantes haviam realizado a avaliação auditiva até no

máximo 12 meses antes da avaliação da voz em 81,7% dos casos. Obteve resultados

compatíveis com a normalidade 59,2% das mulheres, segundo auto-relato. Não houve

associação estatisticamente significativa entre esse parâmetro e a idade, porém, é perceptível

um aumento do índice de relatos de alteração auditiva com o decorrer da idade. Entretanto,

não foi possível investigar a veracidade das informações fornecidas pelas idosas nessa questão

e, desse modo, esta pode não corresponder exatamente ao número de pessoas com perda

auditiva.

Nos resultados obtidos sobre a ocorrência de queixa vocal (tabela 15), verificou-se

um predomínio de mulheres sem queixa (77,7%) na população total. A autopercepção de

dificuldades na voz teve maior ocorrência no G1 (34,4%).

A percentagem total de mulheres com queixa vocal neste estudo foi baixa (22,3%)

e vai ao encontro da afirmação de Bressan (1999), de que essa queixa é raramente identificada

nos indivíduos idosos, uma vez que eles têm outras prioridades. No entanto, outros estudos

(Pontes et al., 2005; Cassol e Behlau, 2000; Feijó et al., 1998), detectaram taxa maior de

queixa de voz. Vale destacar que, especialmente na pesquisa de Pontes et al. (2005) a

população estudada constituía um grupo diferenciado, pois eram idosos de ambos os sexos e

que procuraram um serviço de otorrinolaringologia já com queixas faringolaríngeas, entre

elas, a queixa de voz.

A rouquidão foi o tipo de queixa vocal (quadro 8) apontado pela maioria das

idosas no G1 (54,6%) e apareceu em uma percentagem de 20% no G2 e 40% no G3. Os

resultados no G1, principalmente, confirmam a afirmação de Bilton e Sanchez (2002), de que

a rouquidão pode ser um dos principais sintomas relatados pelos idosos. Supõe-se que a

queixa de voz, especificamente a de rouquidão, tenha sido mais presente no primeiro grupo

devido ao fato de as participantes terem passado há menos tempo pela menopausa, período no

qual a voz da mulher sofre modificações mais marcantes. A rouquidão, entre outros sintomas,

pode fazer parte desse quadro, conforme foi demonstrado cientificamente (Ferreira e

Annunciato, 2003; Behlau, 2004; Schneider et al., 2004; Abitbol et al.,1999; Bressan, 1999;

Boulet e Oddens, 1996; Bertelli,1995; Priston, 1994; Priston et al.; 1992).

No G2 a prevalência foi de queixa de falha na voz durante a conversação e outros

tipos de queixas; já no G3 houve prevalência apenas de queixa de falha na voz. A quebra de

sonoridade foi enfatizada, na literatura, como uma das características possíveis da voz do

idoso (Cassol e Bós, 2006; Brito Filho, 1999; Behlau, 1999). Acredita-se que essa queixa

pode ter sido resultante de instabilidade do pitch associada à instabilidade da pressão aérea

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subglótica. Pode também ter ligação com uma redução da hidratação e presença de pigarro,

que altera a freqüência e a sincronia de vibração das pregas vocais.

Ao serem questionadas se realizavam algum tipo de cuidado com a voz (tabela

16), a maioria das participantes (86,2%) respondeu negativamente nas três faixas etárias. O

G1 apresentou o percentual mais baixo de adoção de cuidados, porém seria mais lógico que

esse grupo se preocupasse mais com sua voz, uma vez que é aquele com mais queixas vocais

e mais mulheres que fazem uso intenso da voz. Vale ressaltar que, ainda que nas outras faixas

etárias tenham surgido mais relatos de cuidados com a voz, isto não significa que estes sejam

adequados.

Entre as mulheres que realizavam algum cuidado vocal, o tipo mais citado (quadro

9) nos dois primeiros grupos (50% e 40%) foi o gargarejo (com limão; coca-cola; suco da

casca de romã; sal, vinagre e água morna). Essa prática, observada no presente estudo, não foi

citada em nenhuma das pesquisas com idosos consultadas na literatura. No terceiro grupo, a

maioria (50%) das idosas mencionou a automedicação. Os achados sugerem que, apesar das

iniciativas da Fonoaudiologia na divulgação de informações sobre a saúde vocal, a população

idosa parece não estar ainda devidamente conscientizada da importância da prevenção dos

distúrbios vocais e quais são as medidas preventivas mais adequadas. Uma parcela de

mulheres realiza atividade de canto em coral e parece não perceber que isto contribui para a

longevidade vocal, pois esta não foi citada por elas nessa questão.

Poucas mulheres, nesta pesquisa, relataram ter apresentado problemas vocais no

passado (tabela 17), e a maioria delas afirmou não ter tido nenhum tipo de problema (79,8%).

Cassol e Behlau (2000) detectaram ocorrência menor e, tal como na presente pesquisa, as

mulheres nunca haviam se submetido a tratamento para a voz.

No G1, ainda na mesma tabela, prevaleceu o relato de rouquidão devido ao uso

vocal no trabalho, seguido de relato de rouquidão em virtude de problemas na garganta; no

G2, o maior relato foi de rouquidão ou afonia sem motivo aparente, seguido de outros tipos de

problemas; enquanto no G3, cada pessoa apresentou relato diferente quanto ao tipo de

alteração. Os dois primeiros grupos apresentaram percentual semelhante de ocorrência de

problemas vocais pregressos, enquanto as mulheres do terceiro grupo foram as que menos

mencionaram este fato. O resultado pode ser atribuído a uma dificuldade maior das mulheres

mais velhas em identificar alterações vocais, pois as informações sobre a voz eram menos

divulgadas no passado. Além disso, a voz não representava um papel tão importante. Na

atualidade, o papel da comunicação é bem mais valorizado.

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As mudanças na voz com o passar dos anos (tabela 18) não foram percebidas pela

maior parte das mulheres do G1, apesar de ter sido o grupo com mais queixas de voz. É

importante notar que o G1 foi também o grupo que mais apresentou hábito de gritar e falar

alto, assim como é aquele que tem maior demanda vocal. Desta forma, pode-se supor que as

mulheres podem ter se queixado de alterações na voz relacionadas ao uso vocal ou problemas

otorrinolaringológicos, que não são constantes e que podem ter se apresentado de forma

intermitente ao longo dos anos. De fato, certas idosas que se queixaram, por exemplo, de

rouquidão, comentaram posteriormente que esta não era constante. Portanto, nesses casos,

talvez as alterações na voz não sejam consideradas por elas como mudanças decorrentes do

avançar dos anos. Foram incluídas nos resultados da pesquisa as queixas de alterações

constantes ou não, o que pode ter promovido os resultados comentados.

Ainda na mesma questão, constatou-se, nos demais grupos, que a maioria relatou

ter percebido essas mudanças. Ao todo, 52,1% das 94 idosas afirmaram ter percebido

modificações na voz com a idade, resultado contrário ao citado por Schneider et al. (2004) e

Polido et al. (2005). Estes últimos autores associaram a ausência de percepção das

modificações com a redução de experiências vocais, em função de as participantes possuírem

vida social inativa e também por não serem profissionais da voz.

Na presente pesquisa, a maior ocorrência dessa percepção pode estar justamente

ligada ao fato de que todas as participantes têm atividade física, social e/ou de lazer fora do

âmbito doméstico. Por esta razão, as exigências vocais são provavelmente maiores, o que

pode chamar mais a atenção das idosas para sua própria voz. Além disso, algumas delas,

principalmente do G3, praticam atividade de canto em coral e há, na maior parte da

população, pessoas que relataram cantar de alguma forma, mesmo sozinhas em suas casas.

Isto também pode estar ligado a uma propriocepção vocal melhor.

O tipo de mudança percebida (tabela 18) pela população total foi de que a voz

ficou mais grossa com o passar dos anos (49%), dado que contraria o identificado no estudo

de Polido et al. (2005), em que as mulheres não perceberam o agravamento da freqüência

vocal. Notou-se maior percepção dessa mudança no G3, ao compararem-se as três faixas

etárias. As idosas do G1 perceberam ainda outros tipos de modificação e as do G2 e G3

relataram notar que a voz ficou rouca.

De maneira geral, pouco mais da metade (51,1%) das idosas respondeu à questão

sobre o que faz bem para a voz (tabela 19), e não houve diferença significativa quanto às

faixas etárias. No quadro 10, no G1, a água apareceu como o fator mais citado (35,3%); no

G2, o gargarejo (50%); enquanto no G3 verificou-se o gargarejo e a categoria Outros em igual

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percentagem (40%). Nas respostas, foram detectados vários mitos existentes sobre os

cuidados com a voz, como, por exemplo: diversos tipos de gargarejo (com limão; coca-cola;

suco da casca de romã; sal, vinagre e água morna) e chás. Infelizmente, há muitas pessoas

adeptas das receitas caseiras. Não que todas causem algum prejuízo, obviamente, mas é claro

que, muitos dos conselhos transmitidos de geração para geração não têm respaldo científico.

No questionamento sobre o que faz mal à voz (tabela 20), 55,3% das 94

participantes forneceram alguma resposta. Destas, a maioria citou o líquido gelado como um

aspecto prejudicial (quadro 11). As respostas demonstraram que as idosas têm uma noção

melhor sobre os fatores que prejudicam a voz. Contudo, durante o diálogo, pôde-se perceber

que estas, na maioria dos casos, desconhecem de que forma influenciam na voz.

No momento em que as participantes foram solicitadas a dizer uma palavra que

representasse a própria voz (tabela 21), as idosas do primeiro grupo utilizaram de maneira

grupo com mais mulheres que tem o hábito de gritar e falar alto. Nos dois outros grupos, a

Anhoque (2003). Sabe-se que, em

qualquer idade, é difícil descrever a própria voz. Em geral, as pessoas não dispensam muita

atenção a sua voz ou simplesmente não sabem como classificá-la. Por essa razão, pode ter

havido maior freqüência da palavra normal em dois grupos.

Na pesquisa de Polido et al. (2005), a maioria dos participantes considerou a voz

como feia e semelhante à de alguém muito idosa. Referência parecida foi observada na

presente pesquisa, onde, no G2, três idosas utilizaram a palavra velha para representar a voz, o

que demonstra o estereótipo, ainda enraizado em algumas pessoas, sobre a voz do idoso.

É possível visualizar, na tabela 22, a média do TMF das participantes. Para a vogal

/a/, foi detectada média semelhante no G1 e G2 (13,7 e 13,8 segundos, respectivamente) e um

pouco menor no G3 (12,1 segundos). Nas duas primeiras faixas etárias, o TMF foi

ligeiramente menor do que o encontrado por outros pesquisadores (Priston et al., 1992;

Priston, 1994). Entretanto, na terceira faixa etária o resultado foi bastante similar.

A média do tempo máximo fonatório na consoante /s/ decresceu discretamente

conforme a faixa etária: 11,8 segundos no G1, 10 segundos no G2 e 9,5 segundos no G3.

Entretanto, não ocorreu diferença estatisticamente significativa. O achado no G1 assemelha-se

ao de outra pesquisa (Feijó et al., 1998). Em relação ao TMF da consoante /z/, não houve o

mesmo padrão de declínio: a média detectada foi próxima no G1 e G3 (12,4 e 12,8 segundos,

respectivamente) e mais baixa no G2 (10,3 segundos). Percebeu-se maior dificuldade das

participantes do G2 na articulação do fonema, o que justifica esse achado.

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Os resultados visualizados, na vogal e nas consoantes, foram abaixo do encontrado

por Cassol (2004) na avaliação dos sujeitos de sua pesquisa, porém acham-se dentro do

desvio-padrão calculado pela autora. O TMF do G1 e G3 concorda com aquele detectado por

Feijó et al. (1998).

Na comparação dos valores obtidos nas medidas fonatórias com o esperado para

um adulto, percebeu-se a clara redução que o processo de envelhecimento promove nesse

parâmetro (Menezes e Vicente, 2007; Polido et al., 2005; Bressan, 1999; Ferreira, 1998;

Priston et al., 1992; Priston, 1994).

É necessário destacar o fato de as idosas terem apresentado TMF maior no /z/ do

que no /s/, que não configura o esperado. Percebeu-se a tendência de elas utilizarem durante o

/z/ a musculatura extrínseca do pescoço, que favoreceu a manutenção da emissão por um

tempo maior.

A coordenação pneumo-fonoarticulatória (tabela 23) mostrou associação

significativa com a idade. Verificou-se predomínio de mulheres classificadas como

coordenadas neste parâmetro, especialmente no G2, no qual não houve nenhuma idosa com

incoordenação. Os dados obtidos diferem da literatura (Venites et al., 2004; Behlau et al.,

2001; Andrews, 1995), a qual indica uma prevalência de incoordenação pneumo-

fonoarticulatória em idosos, devido à falta de suporte respiratório. A maioria das idosas que

participaram do presente estudo realiza atividade física, a qual propicia um bom

condicionamento respiratório na velhice (Anhoque, 2003; Morrison e Rammage, 1994) e, por

esse motivo, pode ter havido alto percentual de idosas com CPFA adequada.

Outro parâmetro em que se constatou diferença estatisticamente significativa entre

as faixas etárias foi o da articulação (tabela 23). O G1 foi o único grupo em que houve

ocorrência de articulação imprecisa, embora, em percentual muito baixo. Nos demais, todas as

idosas apresentaram articulação precisa. Os resultados corroboram com outros estudos

(Menezes e Vicente, 2007; Polido et al., 2005; Anhoque, 2003; Felício, 1999), que mostraram

essa prevalência na população idosa.

Sabe-se que o próprio envelhecimento, a perda de elementos dentários e a

utilização de prótese dentária promovem efeito sobre todo o sistema sensório-motor oral

(Kendall et al., 2004; Santos et al., 2001; Duarte et al., 1997; Felício, 1999). Todavia, devido

à capacidade de adaptação dos indivíduos a essas modificações, as dificuldades na articulação

dos sons da fala nem sempre geram limitações funcionais significativas na comunicação,

segundo a literatura (Monteiro, 2007; Nisa-Castro et al., 2004) e conforme se pode inferir por

meio dos resultados da presente pesquisa.

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Ainda há certa controvérsia na literatura sobre esta questão, pois outros autores

sugeriram um predomínio de articulação imprecisa ou travada (Bressan, 1999; Venites et al.,

2004). Essa divergência pode ser justificada pelas diferenças na forma de avaliar esse

parâmetro e pode haver associação também com o uso de próteses dentárias e a adaptação das

mesmas.

A ressonância (tabela 23) foi predominantemente equilibrada na população

estudada (54,3% no total), principalmente no G1 e no G2, coincidindo com o achado de

Polido et al. (2005). Contudo, este resultado divergiu dos dados de outros autores (Venites et

al., 2004; Feijó et al., 1998). Além do tipo equilibrado de ressonância, no G3 houve uma

ocorrência maior, em comparação com as outras faixas etárias, de ressonância baixa,

incluindo a laringofaríngea com foco nasal discreto e acentuado. Não foi possível aplicar teste

estatístico neste parâmetro, mas a partir dos resultados visualizou-se um aumento discreto na

ocorrência de ressonância baixa com o avanço da idade, achado que vai ao encontro da

literatura (Venites et al., 2004; Feijó et al., 1998; Bertelli, 1995).

O pitch (tabela 24) foi considerado como médio para grave na maioria do G1.

Possivelmente, tal resultado deve-se às alterações hormonais da menopausa, mais recentes

nessas mulheres, e que influenciam na freqüência fundamental da voz. É interessante lembrar

que, nessa faixa etária, ocorreu mais queixa de rouquidão do que nas demais. Seis pessoas

apresentaram essa queixa, porém apenas uma delas tinha qualidade vocal rouca segundo a

avaliação dos fonoaudiólogos. Pode ser que as mulheres, por uma dificuldade em distinguir as

características vocais, tenham considerado como rouquidão a crepitância produzida pelo pitch

mais agravado.

No G2 e G3, o pitch médio foi o mais freqüente. Apesar disso, a mudança vocal

com o passar dos anos mais percebida pelas idosas desses grupos foi de que a voz ficou

grossa. Supõe-se então que talvez elas tivessem pitch agudo ou médio para agudo no passado,

e que pode ter se modificado com o avançar da idade.

Na população geral, a maior ocorrência foi de pitch médio (42,6%). Este resultado

diverge do de outros autores que indicaram tendência a pitch grave em idosas (Behlau, 2004;

Behlau, 2001; Feijó et al., 1998; Bressan, 1999). Todavia, por mais que o resultado geral

tenha sido diferente, ao comparar as faixas etárias, observa-se um aumento na ocorrência de

pitch médio para grave e grave na faixa etária mais avançada. A divergência em relação à

literatura pode ter ocorrido devido às diferenças na população analisada, que, no presente

estudo, foi composta apenas por mulheres ativas comunicativamente e uma parcela delas

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realiza canto em coral (24,5%). Sabe-se que esses são fatores que influenciam na longevidade

da voz.

O loudness (tabela 24) caracterizou-se como adequado na maioria das mulheres

(91,5%), e a percentagem deste foi um pouco menor no G3 em relação aos demais grupos. O

dado geral contraria a constatação, por outros pesquisadores, de tendência a loudness reduzido

(Menezese Vicente, 2007; Venites et al., 2004; Bressan, 1999). A prática de exercícios físicos

pode ter conferido, à parte das mulheres da presente pesquisa, um melhor suporte respiratório

e, conseqüentemente, a manutenção do loudness.

Evidenciou-se uma associação entre a faixa etária e a qualidade da voz (tabela 25):

houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Percebeu-se uma progressão na

ocorrência da alteração de voz, com diferença mais discreta do G1 para o G2, enquanto do G2

para o G3 a diferença foi bem maior. O terceiro grupo foi o que apresentou maior taxa de

alteração na qualidade vocal (32,1%), apesar de ser o grupo com maior percentual de idosas

que praticam canto em coral. Todavia, uma diferença em relação aos outros grupos é que o

G3 tem menor percentagem de mulheres que praticam exercícios físicos, os quais favorecem a

longevidade da voz.

O índice de alteração na qualidade vocal, entre outros resultados, demonstra o

caráter progressivo das modificações na voz e comprovam a importância de analisar a voz dos

indivíduos idosos de acordo com a faixa etária.

Os percentuais de ocorrência de queixa de voz, no G1 e G2, sugerem que a queixa,

muitas vezes, pode ser mais severa do que o esperado, pois as mulheres desses grupos

apresentaram baixo índice de alteração de voz na avaliação perceptivo-auditiva. Outro motivo

para o índice de queixa ter sido superior ao de alterações na qualidade vocal pode ser o fato

anteriormente citado: é possível que parte das mulheres tenha alterações vocais não contínuas,

as quais poderiam não estar presentes no momento da avaliação.

Ao contrário, no G3, os achados indicam que os fonoaudiólogos identificaram

alterações vocais em mulheres que não percebiam nenhum problema. Isso indica que as

alterações na voz, para elas, podem não trazer prejuízos a ponto de gerar queixa e influenciar

de forma significativa o desempenho comunicativo.

Ao considerar a população total, a freqüência maior foi de ausência de alteração

vocal (85,1%), o que diverge de outras pesquisas (Menezes e Vicente, 2007; Feijó et al.,

1998). A diferença de resultado pode estar pautada nas particularidades sociodemográficas, de

saúde, prática de atividade física, canto e da faixa etária incluída, as quais foram diferenciadas

em cada pesquisa.

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O grau geral de manifestação da qualidade vocal (tabela 25) foi classificado como

discreto na maior parte das idosas (92,9%). O resultado obtido nesse parâmetro diferenciou-se

daquele do detectado em outro estudo (Menezes e Vicente, 2007), todavia, concorda com

Venites et al. (2004).

A qualidade de voz (quadro 12) mais apresentada pelas mulheres com alteração foi

rouca (6,4%), tal como o encontrado por Feijó et al. (1998) e Menezes e Vicente (2007),

contudo, em percentual muito mais alto. Observou-se uma variação nas faixas etárias: no G1,

ocorreram as qualidades de voz rouca e soprosa; no G2, tensa, soprosa e trêmula; e, no G3,

rouca, tensa, soprosa, trêmula. De fato, pode ser encontrada na literatura a indicação dessas

como qualidades possíveis de se detectar na voz do idoso (Menezes e Vicente, 2007;

Ximenes-Filho et al., 2005; Anhoque, 2003; Ferreira e Annunciato, 2003; Bilton e Sanchez,

2002; Behlau et al., 2001).

É importante ressaltar que os estudos citados na revisão de literatura

demonstraram resultados gerais, incluindo muitas vezes ambos os sexos, e diferença quanto à

idade-limite. Isso pode justificar diferenciações existentes entre os resultados do presente

estudo e a literatura. Além do mais, os autores mencionados avaliaram os idosos em grandes

grupos, na maioria das vezes sem análise por faixa etária, fato que pode mascarar as

diferenças biopsicossociais (Boone e Macfarlane, 1994), assim como as mudanças vocais com

o passar do tempo.

Os quadros 12 a 14 mostraram a opinião das idosas sobre o envelhecer, na questão

número 26 do Formulário. Por meio dessa pergunta, buscou-se observar se as idosas

apresentaram tendência a abordar mais o lado positivo ou negativo do envelhecimento. Vale

salientar que essa não foi uma tarefa fácil, uma vez que algumas opiniões pareciam oscilar

entre ambos.

Ao realizar a estimativa, percebeu-se que a ocorrência de opiniões com tendência à

negatividade aumentou conforme a idade (21,9% no G1, 26,5% no G2 e 35,8% no G3). Os

discursos abaixo representam essa tendência:

As pessoas te olham diferente, e isso é ruim. Ah, pra mim não é uma fase tão fácil não. Você já não tem a mesma disposição de antes pras coisas (*P20 - G1).

Nós não deveríamos envelhecer, é uma coisa triste. A gente sente cansaço, falta de disposição... (P37 - G2).

* P = Participante

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acho. Eu vejo todo dia uma notícia triste [...] Essas coisas vão desgastando a cabeça da gente [...] Eu trocaria tudo isso por uns meses de juventude(P68 - G3).

Em função de as idosas considerarem importante as condições de saúde, pode ser

que o aumento do número de doenças por pessoa conforme a idade tenha gerado mais

referências que tendem a negativas no G3 e G2 do que no G1. Além disso, nas duas últimas

faixas etárias houve um percentual menor de mulheres que moram acompanhadas, em relação

ao G1, o que pode também ter levado a esse resultado.

Por outro lado, o percentual de mulheres em cujos discursos foram identificados

aspectos tendendo a positivos foi semelhante nos três grupos (25% no G1, 26,4 no G2 e 25%

no G3), e exemplos desses casos estão transcritos a seguir:

É uma fase da vida da gente que tem que ser aproveitada ao máximo possível. É bom chegar nessa fase se você tá bem de saúde como eu (P11 - G1).

O envelhecer é a gente se sentir sabida. Uma pessoa que sabe. Quando mais a gente vive, mais se aprende e mais se tem pra explicar pras pessoas que são mais novas. A velhice é a prova que se viveu (P39 - G2).

Eu acho ótimo, porque eu quando era moça não tinha as regalias de hoje, o transporte de hoje. Hoje eu viajo, já viajei quase o Brasil todo. Faço tudo que não fazia antes. Quando eu lembro que tô velhinha, penso: Puxa vida, agora que tava ficando bom! (P78 - G3).

No estudo da FPA (2007), a imagem dos idosos sobre o envelhecimento foi,

segundo os autores, mais negativa do que positiva. No entanto, na presente pesquisa,

resultado semelhante foi verificado somente no G3. No G1, verificou-se percentagem mais

elevada de opiniões com maior inclinação a positivas do que a negativas e no G2, essa

percentagem igualou-se.

Vale lembrar que o G1, com opinião tendendo mais à positiva, foi também o grupo

com maior índice de queixa vocal. Por outro lado, os demais grupos, que apresentaram

tendência a relatos mais negativos do que o G1, tiveram menor percentual de queixa de voz.

Não se observou a existência de uma relação entre ter uma visão mais positiva ou mais

negativa sobre o envelhecimento e a voz. As mudanças na voz, talvez por serem de grau

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discreto, parecem não promover conseqüências significativas para as idosas desta pesquisa.

Entre as 94 idosas, apenas uma do G1, ao responder à questão sobre o envelhecimento,

queixou-se da mudança vocal. Apesar disso, não houve em sua fala nada que denotasse um

declínio na qualidade de vida ou nas relações sociais em função da voz.

Foi possível observar também a tendência de algumas mulheres a falar tanto de

ganhos quanto de perdas. Notou-se uma propensão maior das idosas do G2 (26,5%) a fazer

referências tendendo a positivas e a negativas simultaneamente, em detrimento das do G1

(15,7%) e G3 (14,3%). Essa dualidade nas respostas está exemplificada abaixo:

Eu acho ótimo, tenho meus filhos perto que é o mais importante. Saio por aí com eles, passeio, venho pra terceira idade. Tenho uns problemas de saúde que me perturbam. Isso incomoda, mas a gente vai levando (P21 - G1).

[...] Eu me cuido muito, mas não fico com aquele pensamento achando que tá tudo ruim, reclamando. Acho que todas as fases da vida têm uma recompensa. Você perde muita coisa, mas ganha também [...] (P63 - G2).

Eu vou ser sincera. A velhice é uma coisa que a gente tem que aceitar e saber conviver com ela, senão, fica muito pesado, porque você já tem certas limitações. Mas é muito bom. Eu, por exemplo, tenho seis netos, tenho uma família já. Então, eu sou muito feliz (P94 - G3).

É importante destacar que se decidiu não classificar em algumas respostas (12 do

G1, sete do G2 e nove do G3) a tendência a serem mais negativas ou positivas. Nessas

respostas transpareceu uma percepção mais ambígua sobre o envelhecimento, que se pode

considerar em vários sentidos. Um exemplo disso são os relatos em que as idosas utilizaram a

palavra normal para falar do envelhecer ou que relataram não ter ocorrido nenhuma mudança

promovida pela velhice. Assim como outros, esses relatos dão margem a interpretações e

indagações diversas. O que é normal para cada uma dessas mulheres? O sentido dessa palavra

pode ter inúmeros desdobramentos para cada indivíduo. Será que o envelhecimento é

realmente uma fase que não levou a nenhuma modificação para certas mulheres? É possível

que aquelas que relataram sentir-se com menos idade tenham conseguido manter, de fato, seu

vigor físico e não tenham passado por nenhum tipo de mudança interior? Ou estas estão

simplesmente negando sua condição, em virtude dos medos, preconceitos e de uma visão

estereotipada sobre o idoso, uma categoria na qual não quer ser incluída? Pode ser que estas

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tenham o desejo até inconsciente de passar uma auto-imagem favorável, que lhes permita ser

facilmente aceitas no âmbito social.

Os conteúdos das respostas foram analisados e dispostos em três categorias,

conforme indicado no método (página 40). A distribuição em categorias demonstra muito

mais uma tendência do que uma classificação rígida. Nos conteúdos houve predomínio de

aspectos fisiológicos e/ou de atividades cotidianas no G1 (62,5%) e no G2 (52,9%), e de

aspectos emocionais e/ou psíquicos no G3 (53,6%). De qualquer forma, os percentuais de

ambas as categorias em cada grupo sugerem que essas questões exercem influência sobre o

modo como as idosas vêem a velhice e se sentem em relação ao próprio envelhecimento.

Percebe-se também que, conforme o aumento da idade, há uma progressão da freqüência com

que os aspectos sociais e familiares emergiram nas falas.

De maneira geral, os relatos demonstraram a dimensão complexa e individual do

processo de envelhecer. De modo algum se teve a pretensão de demarcar como é a percepção

das mulheres idosas, de forma a infligir limites fixos, mas sim trazer à discussão questões

relevantes que aparecem nos discursos e as propensões nas faixas etárias investigadas.

A temática da saúde, fator que, comprovadamente, influencia na qualidade de vida

dos idosos (Alleyne, 2001), apareceu em alguns discursos, principalmente no G1, que é o

grupo que possui maior percentual de mulheres com algum problema de saúde. Os discursos a

seguir representam esse resultado:

Se a gente envelhece com saúde, tudo bem. O problema é se aparecerem doenças ruins... Pena que eu tenho problema de coração, senão estaria tudo ótimo (P3 - G1).

Ah, pra mim tá sendo bom. Não tenho o que reclamar porque tô com saúde, me sentindo bem. [...] (P45 - G2).

[...] Deus me deu bastante sorte de ter saúde pra criar meus netos, tem, então pra mim já está bom (P74 - G3).

O cansaço e a falta de disposição física, bem como o desânimo, emergiram mais

nos discursos das idosas do G3. Esses temas foram apresentados como questões associadas à

velhice e a uma época em que as mais simples atividades do cotidiano parecem tomar uma

proporção maior, exigindo mais esforço e tempo para ser realizadas. Isso ficou claro, por

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exemplo, quando a P70 do G3, relatou: Ah, eu acho bem ruim, porque antes eu era esperta, fazia

tudo e não cansava. Agora já vou devagar, cansa mais... .

A percepção de não poder mais contar e confiar, como anteriormente, em seu

próprio corpo para solucionar os problemas diários parece promover a sensação de que o

envelhecimento é uma fase triste que não deveria acontecer. Percebe-se também que esse fato

pode colocar a idosa diante de sua própria finitude, quando a P14 do G1 relatou:

Ah, desanima, né. Estamos mais pra lá do que pra cá. Quando eu acordo, sinto angústia, sabe. Parece que eu não vou mais conseguir resolver os problemas do dia-a-dia, acho que tem muita coisa pra ser resolvido e penso que não consigo [...] (P14 - G1).

Constatou-se a partir das respostas, primordialmente do G3, que as mudanças

provenientes do processo de envelhecimento alcançam o plano das relações sociais. A P41, do

G2, declarou sobre o envelhecimento: Muito chato. Você não se sente bem com pouca gente,

também não se sente bem no meio de muita gente [...] . Enquanto a P44, do mesmo grupo,

apontou claramente um desinteresse progressivo nas relações comunicativas, quando

comentou: [...] acho que o envelhecer vai definhando muitas coisas da gente... Você vai

perdendo o ânimo de se expressar, conversar [...] .

Podem ser identificados nas falas de duas participantes do G1, uma do G2 e uma

do G3, dois pontos importantes a se discutir em relação à velhice: o preconceito e o

isolamento social. Dois exemplos podem ser observados abaixo:

As pessoas, às vezes, acham que a gente tá biruta, recusam ficar junto, não querem mais passear com a pessoa. Isso que eu acho que muda (P13 - G1). [...] A relação com as pessoas parece que muda, começam a olhar e tratar você de outro jeito, já não têm tanto prazer na sua companhia. Por isso que tem muita gente sozinha por aí, que se fecha pro mundo (P83 - G3).

De acordo com o discurso da segunda idosa, pôde-se notar que o afastamento

social pode ser precedido de situações de preconceito. Estas podem partir até mesmo dos

próprios idosos. Às vezes, o idoso assume uma identidade de alguém dotado, prioritariamente,

de características negativas e com quem um jovem não pode ter uma conversa agradável.

Verificou-se esse tipo de pensamento em momentos, fora da situação de coleta de dados, nos

quais algumas mulheres, após contarem alguma história de suas vidas, um episódio recente ou

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uma piada, desculpavam-se intensamente pelo tempo que haviam tomado. Acreditavam ter

provocado uma sensação de tédio por terem feito uma jovem escutar

conforme denominaram. Esse sentimento transpareceu também quando, por ocasião de uma

festa, em um dos locais de coleta de dados, apesar do ótimo astral no ambiente, duas das

participantes comentaram que as jovens presentes deviam estar rindo de tanto

das velhas pra dançar

e

Ainda hoje esse período da vida humana carrega muitos estigmas, e a

discriminação que o circunda é inegável. A negatividade em relação ao processo de

envelhecimento foi construída historicamente na sociedade. Percebe-se também que são

repugnadas pela sociedade e até mesmo pelas idosas aquelas mulheres que não se encaixam

devidamente no estereótipo, e essas são consideradas, muitas vezes inadequadas. Em

contraponto, o inverso também é verdadeiro. Nos relatos de certas mulheres, verificou-se o

desejo de fugir da imagem preconcebida de ser velha:

Está bom, tá ótimo, não mudou nada. Tudo que essas meninas de 18 fazem, correm, pulam, dançam, eu faço (P51 - G2).

Pra mim está sendo bem, porque eu não me entrego à velhice não. Prefiro imaginar que estou sempre com uns 35 ou 40 anos no máximo. Não sinto que estou envelhecendo, que estou velha. Pra mim está bem normal. Acho que ninguém deve se sentir velha. Eu sou ativa no meu dia-a-dia, não sou de depender dos outros pra fazer nada. A pessoa não deve ficar dependendo de ninguém, a não ser que tenha uma doença grave. Mas não ficar dizendo que não pode fazer isso ou aquilo porque está velha (P87 - G3).

A imagem da velhice ligada às doenças, às perdas e incapacidades foi absorvida ao

longo dos tempos pela sociedade. A idosa que vive uma velhice bem-sucedida, por não se

encaixar nesse estigma pode ter tendência a não se ver como velha. A reação da mulher pode

ser de negar sua condição de idosa, conforme se pode notar nas respostas anteriores e nas

transcritas a seguir:

Não estou me sentindo velha não. Continuo a mesma. Não sinto nada ruim.

(P26 - G1).

Eu não sinto como se eu tivesse a idade que eu tenho. Eu falo pro meu

(P23 - G1).

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Pra mim é uma surpresa o envelhecer, porque eu não me sinto velha. Me sinto com menos idade, tô bem [...] (P81 - G3).

Na sociedade há uma valorização exacerbada da pessoa capacitada para o trabalho,

para produzir renda e bens de consumo. Além do mais, o culto à juventude e à beleza cresce

irrefreavelmente a cada dia, e tudo isso serve de combustível ao pensamento depreciativo em

relação ao sujeito idoso. Emergiu em certos relatos a referência da literatura (Motta, 1999;

Debert, 1999) de que para alguns a velhice é um estado de espírito, ou seja, uma condição que

pode ser evitada. Dentre eles o comentário da P2 do G2: [...] Eu não ponho na minha cabeça

.

A evolução quanto aos paradigmas sobre o envelhecimento demonstra que é

possível que a velhice seja vivida com satisfação, saúde e bem-estar, fato que se pode

observar em alguns dos discursos. Entretanto, não se pode afirmar com segurança que as

mulheres, que relataram se sentir com menos idade ou não perceber os efeitos do envelhecer

estão realmente em um processo de envelhecimento bem-sucedido. Seus relatos podem estar

contaminados pela imagem negativa atribuída à velhice e o desejo de não se encaixar nesse

perfil. Suas opiniões podem também ser afetadas pela constante cobrança social para que os

idosos estejam sempre bem-dispostos, mantenham-se joviais e satisfeitos com a vida, pois a

sociedade lida melhor com este tipo comportamento.

A habilidade mantida para a realização dos serviços domésticos ou outras

atividades apareceu em determinados discursos e na literatura (Baltes e Smith, 1995). Pareceu

haver uma necessidade de deixar evidente a autonomia que possuíam e suas capacidades.

Observou-se a importância dada, pelas idosas, à realização de atividades de qualquer tipo, as

quais, muitas vezes, ocupam a maior parte de seu tempo e podem até ultrapassar seus limites.

Vê-se que isso está estritamente relacionado com a sensação de bem-estar e traz um

sentimento de valorização. Observaram-se esses fatos nas falas de sete mulheres do G1

(28,9%), três do G2 (8,9%) e seis do G3 (21,4%). Os recortes de respostas a seguir

representam este fato:

Está sendo saudável para mim porque, nossa, eu tenho tanta atividade que não estou nem dando conta [...] (P32 G1).

Você nem percebe que está ficando velha. Porque sei lá, você passa, você cozinha, leva uma vida normal. Não estou parada, ao contrário, trabalho muito mais agora [...] (P22 - G1).

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Eu tenho muita atividade. Não me sinto idosa, vou mostrar o trabalho que eu fiz e todo mundo elogiou, então, não me sinto inútil não. Qualquer peça de roupa que tenha uma mancha, um rasgado, eles trazem pra mim e eu conserto direitinho, então... (P94 - G3).

A impossibilidade ou dificuldade na realização de atividades, em especial na

esfera doméstica, traz insatisfação e foi declarada explicitamente por algumas participantes:

Ah, eu tenho muita revolta. Não posso fazer serviço em casa [...] (P18 - G1).

[...] Para fazer as coisas é difícil, me sinto cansada. É um sentimento que até choro. O filho briga muito comigo porque já trabalhei muito e não quer que eu faça mais nada, mas eu não consigo ficar parada. Se eu ficasse sem fazer nada, já tava agora no lugar de doido, então eles deixam eu me movimentar [...] (P19 - G1).

Essa última fala é interessante de se analisar. Por vezes, os membros da família

criam uma rede de proteção ao idoso exacerbada, que o impede de dar continuidade ao seu

cotidiano e o tiram da posição de tomada de decisões. O idoso perde, assim, sua vez e voz na

família, e essa subestimação das capacidades deste pode favorecer a dependência.

Pode-se verificar também outra situação totalmente contrária à citada acima: uma

cobrança da família pelo engajamento do idoso em atividades, o que reforça a idéia de

homogeneização na velhice, como se o que é bom para alguns fosse bom para todos. O idoso

não necessariamente quer estar envolvido em diversas atividades, mesmo as de lazer, ou ainda

estar desempenhando um trabalho formal. Essas situações estão ilustradas nos relatos abaixo:

Eu me sinto cansada, acho que é devido eu não parar de fazer as coisas. No dia que eu não trabalho, eu amanheço melhor. O dia que eu não venho pra cá, se eu passo o dia em casa fico melhor também. Mas querem que eu ande. Domingo eu só saio à tarde depois de almoçar, pra ir pra casa dos filhos, aí fico mais descansada (P82 - G3).

[...] Eu me sinto enfraquecida, não consigo fazer certas coisas, mas, também, vai diminuindo a vontade. Eu acho ótimo ficar em casa, prefiro até (P89 - G3).

Além disso, é possível observar também queixas em relação à falta de atenção por

parte da família e mesmo o abandono total foi citado na presente pesquisa por uma mulher do

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G1 e três do G2, e pela FPA (2007). Especialmente para as mulheres, a família é um

importante suporte social e isso também transpareceu em algumas falas. Abaixo se observa

trechos de respostas com a temática da família:

Eu acho ótimo, tenho meus filhos perto, que é o mais importante. Saio por aí com eles, passeio [...] (P21 - G1). [...] O que é triste é que os filhos não ligam pra gente. Minha filha é grossa, ela não é uma filha que se preocupa com a mãe, não tá nem aí, não me liga (P93 - G3). [...] Eu acho muito triste a solidão. Principalmente pra mim que sou sozinha, não tenho ninguém. Tenho muito sobrinho e sobrinha, mas cada um pro seu lado, sabe como é (P 68 - G3).

O sentimento de solidão foi citado por algumas idosas, especialmente do G2, e

este emergiu como um aspecto ruim na velhice tanto nesta como em outras pesquisas. No

entanto, nem sempre o fato de morar sozinha leva a um sentimento negativo, conforme se

verifica no relato da P80 do G3: [...] De um lado, eu acho bom, pois vivo sozinha, mas não

sou solitária. Vivo em solidão, mas porque este é meu temperamento. Sou assim desde

pequena [...]. Não é necessariamente na idade avançada que os indivíduos experimentam

solidão. Esta pode ser vivida em qualquer idade. Motta (1999) e Debert (1999), de fato,

salientaram que o impacto da solidão varia para cada indivíduo e pode favorecer um declínio

da qualidade de vida.

De maneira geral, as respostas sugeriram que, para as participantes, os principais

aspectos que têm influência positiva sobre a sensação de bem-estar são: ter boa saúde, a

capacidade para realizar atividades cotidianas, bem como o contato e o bom relacionamento

com a família. Adicionalmente, é possível inferir que foram considerados como virtudes na

velhice: a experiência de vida e a sabedoria adquirida ao longo dos anos; os direitos

garantidos por lei; a liberdade, que quando jovens não possuíam; um maior respeito por parte

da sociedade e as oportunidades de lazer. Esses aspectos foram também identificados na

pesquisa da FPA (2007).

A autopercepção do envelhecimento assumiu formas diferentes para cada

indivíduo. Investigá-la foi importante para a obtenção de informações sobre a complexa gama

de fatores e razões que afetam a forma de as idosas se apresentar, agir e se comunicar no meio

social.

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7. CONCLUSÕES

A comparação entre as mulheres do G1 (60 a 69 anos), G2 (70 a 79 anos) e G3 (80

a 90 anos) permitiu concluir que existem diferenças, entre as faixas etárias, em relação às

características gerais, vocais e propriocepção do envelhecimento, as quais estão descritas a

seguir.

1. Em relação às características perceptivo-auditivas da voz:

Houve associação estatisticamente significativa entre a idade e:

- a CPFA: nenhuma mulher do G2 apresentou incoordenação e no G3 houve o maior

índice de incoordenação;

- a articulação: apenas no G1 ocorreram casos de articulação imprecisa;

- a qualidade vocal: o percentual de alteração na voz aumentou a cada faixa etária.

Na emissão da vogal /a/ o TMF igualou-se no G1 e G2 e decresceu no G3; no fonema /s/

houve declínio a cada faixa etária; e no fonema /z/, o TMF foi maior no G3 do que nos demais

grupos.

A ressonância foi classificada predominantemente como equilibrada nos três grupos e

houve uma progressão discreta na ocorrência de ressonância baixa a cada faixa etária.

O pitch foi predominantemente médio para grave no G1 e médio no G2 e G3.

O loudness foi predominantemente adequado na maioria, especialmente no G2.

2. Em relação à opinião sobre o envelhecer:

Nas respostas do G1 e G2 houve predomínio de aspectos emocionais e/ou psíquicos, e, do

G3, de aspectos fisiológicos e/ou de atividades cotidianas, demonstrando que esses são fatores

que afetam o modo como as idosas vêem a velhice e se sentem em relação ao

envelhecimento.

Emergiram nos discursos, de forma mais prevalente em algumas faixas etárias, os seguintes

fatores: a saúde, o preconceito, o isolamento social e a importância da realização de

atividades, principalmente no G1; tristeza e solidão, no G2; o cansaço, a falta de disposição

física, o desânimo e as modificações nas relações sociais, primordialmente no G3.

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3. Em relação à queixa vocal:

No G1 ocorreu maior percentual de queixa vocal e de problemas de voz no passado.

O tipo de queixa prevalente no G1 foi a rouquidão; no G2, as falhas na voz e outros tipos

de queixa; e, no G3, apenas as falhas na voz.

4. Em relação aos hábitos cotidianos e a saúde vocal:

Houve associação estatisticamente significativa entre o relato de dificuldade para cantar e a

idade. O G2 foi o que mais relatou essa dificuldade.

No G1 ocorreu maior índice de mulheres que nunca fumaram, que faziam uso intenso da

voz e que relataram o hábito de falar alto e gritar.

No G2 ocorreu maior índice de uso de álcool, de prática de atividade física e de atividade

social e/ou de lazer.

No G3 ocorreu maior percentagem de prática de canto em coral, de hábito de pigarrear,

tossir e de relato de baixa ingestão de água.

5. Em relação à percepção de mudança vocal:

No G3 detectou-se índice mais alto de percepção de mudança vocal com o passar dos anos.

A mudança mais percebida foi de que a voz ficou mais grossa, principalmente no G1.

6. Em relação à saúde geral:

O G1 teve a maior percentagem de mulheres com algum problema de saúde e que fazem

uso regular de medicação.

O número de doenças por pessoa aumentou a cada faixa etária.

7. Em relação aos aspectos ocupacionais:

O G1 teve maior percentual de mulheres que exerceram alguma atividade profissional no

passado e que exercem atualmente alguma atividade.

8. Em relação aos aspectos relacionados à audição:

Houve associação estatisticamente significativa entre a idade e o relato de dificuldade para

ouvir, bem como entre a idade e o relato de perda auditiva, sendo que a ocorrência desses

relatos aumentou a cada faixa etária.

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Houve aumento discreto, a cada faixa etária, na ocorrência de relato de uso da TV em

volume alto; relato de que ouve, mas não entende; de zumbido; de realização pregressa de

audiometria; e de perda auditiva.

O relato de incômodo com barulho foi mais presente no G3.

Diante de todas as constatações, pôde-se reafirmar a natureza biopsicossocial do

envelhecimento e que este é um processo com diferenciações a cada faixa etária e também de

uma pessoa para outra. O modo como cada um vai viver esse período e de como será seu

desempenho vocal depende de inúmeras condições vivenciadas ao longo da vida. Cada

indivíduo tem sua própria forma de envelhecer e de enfrentar as modificações que ocorrem

nessa fase do ciclo vital humano.

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Anexo 1. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas

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Anexo 2. Termo de consentimento livre e esclarecido dos pesquisados

Nome do participante:.................................................................................................... Pesquisador Principal: Marília Bentes Paes Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) Rua Ministro de Godoy, 969–Perdizes–São Paulo (SP)– CEP:05015-901

1. Título do estudo: “Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias”.

2. Propósito do estudo: comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos.

3. Procedimentos: Serei solicitado a responder a um formulário previamente apresentado pela pesquisadora. Posteriormente, será realizada a gravação da minha voz quando terei que falar algumas vogais e fonemas; além de falar sobre uma fotografia. A duração desses procedimentos será de, aproximadamente, 35 minutos. A realização destes testes será agendada segundo a minha conveniência.4. Riscos e desconfortos: Não existem riscos médicos ou desconfortos associados com esta pesquisa, embora possa experimentar alguma fadiga e/ou stress durante estes testes. Receberei tantas interrupções quanto desejar durante a sessão de testes. 5. Benefícios: Compreendo que não existem benefícios médicos diretos para mim como participante neste estudo. Entretanto os resultados deste estudo podem ajudar os pesquisadores a buscar parâmetros de normalidade na voz de idosos, que poderão ser utilizados na avaliação e tratamento da voz.6. Direitos do participante: Eu posso me retirar deste estudo a qualquer momento que desejar.7. Compensação financeira: Não será pago nenhum valor em dinheiro ou qualquer outro bem por minha participação, assim como não terei nenhum custo adicional.8. Confidencialidade: Os meus dados serão mantidos em sigilo e compreendo que os resultados deste estudo poderão ser publicados em jornais e revistas profissionais ou apresentados em congressos profissionais, mas que, minhas gravações não serão reveladas a menos que a lei o requisite.9. Uso dos dados colhidos: Autorizo o uso dos dados colhidos por meio do formulário apresentado pela pesquisadora. Estes poderão ser utilizados apenas em trabalhos científicos, publicados em jornal e revista profissional ou apresentados em congressos profissionais, porém sem identificação pelo meu nome, apenas com o número de participante da pesquisa.10. Uso da minha voz: Autorizo o uso da minha voz para avaliação vocal, por outros três fonoaudiólogos, além da pesquisadora. Ela poderá ser utilizada apenas em trabalhos científicos ou apresentada em congressos profissionais, mas ela não será identificada pelo meu nome, apenas com o número de participante da pesquisa.11. Se tiver dúvidas posso telefonar para a fonoaudióloga Marília Bentes Paes no número (11) 8443-1757.

Eu compreendo meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente consinto em

participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque este estudo está sendo feito.

Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.

Data: Assinatura do participante

_______ Assinatura do pesquisador

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Anexo 3. Termo de consentimento livre e esclarecido dos juízes fonoaudiólogos

especialistas em voz

Nome do participante:.................................................................................................................... Pesquisador Principal: Marília Bentes Paes Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) Rua Ministro de Godoy, 969–Perdizes–São Paulo (SP) – CEP:05015-901

1. Título do estudo: “Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias”.

2. Propósito do estudo: comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos.

3. Procedimentos: serei solicitado a realizar a avaliação perceptivo-auditiva da voz dos sujeitos participantes da pesquisa por meio das amostras gravadas e registrar os dados no protocolo de registro apresentado pela pesquisadora. A duração dessa análise será de, aproximadamente 4 horas.

4. Riscos e desconfortos: Não existem riscos médicos ou desconfortos associados com esta pesquisa, embora possa experimentar alguma fadiga e/ou stress durante a análise. Receberei tantas interrupções quanto desejar durante o período.

5. Benefícios: Compreendo que não existem benefícios diretos para mim como colaborador neste estudo. Entretanto, sei que os resultados deste estudo podem ajudar os fonoaudiólogos a buscar parâmetros de normalidade da voz de idosos, que poderão ser utilizados na avaliação e tratamento de voz.

6. Direitos do participante: Eu posso me retirar desta participação a qualquer momento que desejar.7. Compensação financeira: Não será pago nenhum valor em dinheiro ou qualquer outro bem por

minha participação, assim como não terei nenhum custo adicional.8. Confidencialidade: Os meus dados serão mantidos em sigilo e compreendo que os resultados deste

estudo poderão ser publicados em jornais e revistas profissionais ou apresentados em congressos profissionais. Não divulgarei os resultados parciais e/ou totais da pesquisa sem o consentimento dos pesquisadores antes que estes sejam publicados.

9. Se tiver dúvidas posso telefonar para a fonoaudióloga Marília Bentes Paes no número (11) 8443-1757.

Eu compreendo meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente consinto em

participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque este estudo está sendo feito.

Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.

Assinatura do participante

Data

Assinatura do pesquisador

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Anexo 04 – Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da

profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o

envelhecimento (1/3)

Participante n°: ______

# IDENTIFICAÇÃO:

Iniciais:__________________ Idade: _______ D.N: _____________ Telefones: ___________________________________________________

# ATIVIDADE PROFISSIONAL

1. Você realiza atividade profissional atualmente? (1) não (2) sim 1.1Qual? ___________________________________________________________

Só aqueles que usam a voz profissionalmente respondem: 1.2 Há quanto tempo trabalha? __________________________________________ 1.3 Quantas horas você trabalha por dia? (1) 4h (2) 6h (3) 8h (4) 12h (5) outro1.4 Em seu ambiente de trabalho você tem contato com algum desses itens? (1) ruído (2) ar condicionado (3) ventilador (4) pó de giz (5) poeira (6) produtos químicos (7) fumaça

1.5 Você exerceu alguma profissão no passado? _________________________

# MORADIA

2. Com quem você mora? (1) sozinho (2) esposo/companheiro (3) filho (a)___ (4) outros____________________________________________________________

# SAÙDE GERAL

3. Você tem algum problema de saúde? (0) não (1) sim 3.1 Qual? ___________________________________________________________

4. Você utiliza algum medicamento regularmente? (0) não (1) sim 4.1 Qual? ___________________________________________________________

# HÁBITOS COTIDIANOS E SAÚDE VOCAL:

5. Você tem ou já teve o hábito de fumar? (0) não (1) já fumei (2) ainda fumo 5.1 Há quanto tempo fuma ou durante quanto tempo fumou?___________________ 5.2 Quantos cigarros por dia? ___________________________________________

6. Você ingere bebida alcoólica? (0) não (1) sim 6.1 Com que freqüência? _______________________________________________ 6.2 Que tipo de bebida? (1) fermentadas (2) destiladas (3) outras _______________

7. Você faz algum exercício físico? (0) não (1) sim 7.1 Qual? (1) caminhada (2) hidroginástica/hidroterapia (3) academia (4) dança (5) fisioterapia (6) ioga (7) outros ___________________________________________

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Anexo 04 – Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da

profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o

envelhecimento (2/3)

7.2 Quantas vezes por semana? (1) 1x (2) 2x (3) 3x (4) 4x (5) 5x (6) 6x (7) diariamente (8) sem regularidade definida 7.3 Há quanto tempo pratica atividade física? _______________________________

8. Você realiza alguma atividade social e/ou de lazer? (0) não (1) sim 8.1 Qual? ___________________________________________________________ 8.2 Quantas vezes por semana? (1) 1x (2) 2-3x (3) 4-5x (4) 6-7x (5) sem regularidade definida

9. No seu dia-a-dia você utiliza a voz com que freqüência? (1) faço pouco uso da voz (2) uso médio (3) uso intenso da voz

9.1 Em quais atividades você mais usa a voz? (1) conversar pessoalmente (2) telefone (3) leitura em voz alta (4) canto (5) outras_________ 9.1.1. O quanto você fala ao telefone? (1) faço pouco uso (2) faço uso médio (3) faço uso intenso

Só aqueles que cantam respondem: 10. Você canta (1) sozinha (em casa), (2) em coral, (3) missa / novena / culto (4) outras ____10.1 Sente alguma dificuldade para cantar? (0) não (1) sim 10.2 Qual? (1) alcançar tons agudos (2) alcançar tons graves (3) outras _________

11. Você costuma pigarrear? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 12. Você costuma tossir? (0) nunca (2) às vezes (3) sempre 13. Você costuma falar alto? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 14. Você costuma gritar? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 15. Quantos copos de água você bebe por dia? _____________________________

# AUDIÇÃO:

16. Você tem dificuldade para ouvir? (0) não (1) sim 16.1 Você acha que escuta TV ou músicas em volume alto? (0) não (1) sim 16.2 Você acha que ouve, mas não entende? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 16.3 Barulhos fortes a incomodam? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 16.4 Tem zumbido? (0) não (1) sim 16.5 Você já fez exame de audição (audiometria)? (0) não (1) sim 16.6 Qual foi o resultado? (0) normal (2) alterado ___________________________16.7 Há quanto tempo realizou o exame? __________________________________ 16.8 Você utiliza aparelho auditivo? (0) não (1) sim __________________________

# ASPECTOS DA VOZ

17. Você tem atualmente alguma dificuldade com sua voz? (0) não (1) sim 17.1 Qual? __________________________________________________________

18. Sente cansaço enquanto fala? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre

19. Você tem algum cuidado especial com a voz para mantê-la bem? (0) não (1) sim 19.1 Qual? __________________________________________________________

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Anexo 04 – Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da

profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o

envelhecimento (3/3)

20. Você já teve problema de voz? (0) não (1) sim 20.1 Qual? __________________________________________________________

21. Você já realizou tratamento fonoaudiológico? (0) não (1) sim 21.1 Qual o motivo? __________________________________________________

22. Você acha que sua voz mudou com o passar dos anos? (0) não (1) sim 22.1 O que mudou?___________________________________________________

___________________________________________________________________

23. O que você acha que faz bem para a voz? ___________________________________________________________________

24. O que você acha que faz mal para a voz? ___________________________________________________________________

25. Diga uma palavra que represente como é sua voz em sua opinião: ___________

# OPINIÃO SOBRE O ENVELHECIMENTO

26. Como é o envelhecer para você?

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Anexo 05 – Protocolo de registro do tempo máximo de fonação

Participante n : _____________________

Salvo como: ________________________

TMF:

/a/: _______________ /a/: _______________

/s/: _______ /s/: _______/z/: _______ /z/: _______

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Anexo 6. Protocolo de registro de dados da avaliação perceptivo-auditiva da voz

Participante n : _______

Coordenação pneumo-fonoarticulatória: ( ) coordenada ( ) incoordenada

Articulação: ( ) precisa ( ) imprecisa

Pitch:

( ) médio ( ) agudo ( ) médio para agudo ( ) grave ( ) médio para grave ( ) variável

Loudness: ( ) adequado ( ) fraco ( ) forte ( ) oscilante

Ressonância:

( ) equilibrada( ) hipernasal( ) hiponasal( ) alta (na máscara) ( ) posterior ( ) laringo-faringea ( ) laringo-faringea com foco nasal discreto ( ) laringo-faringea com foco nasal acentuado

Qualidade vocal (escolha no máximo 2 itens):

( ) sem alteração ( ) bitonal ( ) rouca ( ) sussurrada ( ) áspera ( ) diplofônica ( ) tensa ( ) pastosa ( ) tensa-estrangulada ( ) fluída ( ) soprosa ( ) outra. Especifique: ______________________ ( ) trêmula ( ) monótona

Grau geral de manifestação da qualidade vocal:

( ) discreto ( ) moderado ( ) severo