Partituras - Prisma Brasil - Coletânea para grupos vocais ou corais
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Marília Bentes Paes
Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e
saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2008
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Marília Bentes Paes
Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e
saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
Dissertação apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação da Profª. Drª. Marta Assumpção de Andrada e Silva.
SÃO PAULO
2008
iii
Banca Examinadora
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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou
parcial desta dissertação, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título,
instituição e ano.
São Paulo, _____ de fevereiro de 2008.
_____________________________
iv
DEDICATÓRIA
Aos meus amados pais, Raymundo e Arlêce, pessoas especiais que sempre foram e serão
meus maiores exemplos de vida, que me deram toda a base necessária para viver bem e nunca
pouparam esforços para minha formação. A vocês, todo o amor que possa existir.
Aos meus irmãos pela força, preocupação e dedicação para com nossa família que, com
certeza, proporcionou a mim a tranqüilidade necessária para complementar minha formação
em São Paulo.
Ao Tiago, uma pessoa especial na minha vida, que entendeu o significado desta pesquisa,
compreendeu minhas ausências, esteve ao meu lado em todos os momentos difíceis e vibrou
comigo em minhas vitórias neste percurso. Meu carinho e eterno agradecimento a quem faz
melhor todos os meus momentos.
Aos idosos que tornaram a pesquisa mais fácil e muito prazerosa pela companhia, pelas lições
de vida que passaram e por um carinho que levarei comigo no coração.
v
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora Profª. Drª. Marta Assumpção de Andrada e Silva pelo conhecimento que me ofereceu, por ter acreditado desde o início em mim e nesta pesquisa, e ter sempre me incentivado a seguir adiante quando o caminho parecia complicado demais. A Profª. Drª. Leslie Piccolotto Ferreira, pelas sugestões nesta pesquisa, por sua dedicação memorável ao nosso LABORVOX, imensa disponibilidade, carinho e grande apoio durante todo o trajeto. As Profas. Dras. Ieda Pacheco Russo, Alcione Brasolotto e Auxiliadora Ávila pelo incentivo e pelas valiosas sugestões que muito contribuíram para esta pesquisa. A Virgínia que sempre nos acolheu e orientou com muita dedicação e competência. A todos os integrantes do meu querido LABORVOX, da PUC-SP, por todo o aprendizado que adquiri nas reuniões, pelas contribuições para esta pesquisa, pelos momentos felizes que passamos juntos e que tornaram a caminhada mais leve. Levo comigo importantes mudanças pessoais que foram favorecidas nessa convivência e que farão grande diferença em minha vida. A todos os professores do Programa de Estudos Pós-graduados em Fonoaudiologia por dividirem conosco sua experiência e por nos direcionarem a realmente enxergar o ser humano. A CAPES pela bolsa de estudos concedida para a realização desta pesquisa. Às queridas idosas que aceitaram participar da pesquisa meu eterno agradecimento.
Aos dirigentes e funcionários dos locais onde foi realizada a coleta de dados desta pesquisa, pela grande colaboração e acolhimento. Ao Círculo Militar de São Paulo e o Pólo Cultural do Cambuci pelo incentivo à Fonoaudiologia. Ao Coronel Joanor Sérvulo da Cunha pelo auxílio e oportunidade disponibilizada. A D. Maria de Lourdes G. de Oliveira e D. Isaura, por terem se mobilizado com grande preocupação e tão boa vontade para ajudar na realização da coleta de dados. À maestrina Joana D´Arc Soares pela amizade de apoio na coleta de dados. Às fonoaudiólogas que, apesar da vida atribulada, disponibilizaram pacientemente algumas horas de seu dia para participarem como juízas desta pesquisa. A todas as minhas colegas de Mestrado pelo companheirismo, incentivo e troca de experiências.
vi
À família Queiroz, a doce avó Amélia e às famílias Geraldo e Fornazier pelo acolhimento e imensurável ajuda. À amiga Daniela Queiroz, grande companheira durante a realização da pesquisa, pelos momentos alegres, de conquistas, e também pelos momentos difíceis que, divididos, tornaram-se até engraçados. Aos queridos amigos e companheiros, Rossana e Ênio, pelas sugestões, pelas críticas sempre construtivas, por toda a força e amizade desde o início desse trajeto. Não poderiam haver pessoas melhores para dividir essa fase comigo. A minha grande e inesquecível amiga Fabiana Bonfim, pessoa fundamental em cada momento desse trajeto e a quem não há palavras suficientes para agradecer todo o apoio e carinho. A ela minha eterna e verdadeira amizade. A minha valiosa amiga Silvinha Barbosa, que nunca mediu esforços para ajudar, agradeço de todo o coração. Sua presença em minha vida reforçou a certeza de que com amigos verdadeiros nunca se está sozinha. À Flávia pela imensurável atenção e cuidado a mim dispensado. Meu eterno agradecimento a quem me ajudou a seguir adiante quando minhas forças estavam se esgotando. As minhas amadas amigas de Belém, que souberam compreender minha ausência e que, mesmo de longe, são um alicerce e força para meu dia-a-dia.
A todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa, deixo
o meu sincero e carinhoso obrigada!
vii
"O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quanto o destino."
(Antoine de Saint-Exupery)
viii
RESUMO
Introdução: a preocupação com o idoso cresceu muito, pois despontou, no cenário mundial, uma transição demográfica, com um aumento significativo do número de pessoas com 60 anos ou mais. Considera-se fundamental realizar pesquisas com atenção às diferentes faixas etárias nesse segmento da população, pois agrupá-los simplesmente como idosos, pode ocultar as diversidades biopsicossociais existentes entre eles. Optou-se por realizar esta pesquisa somente com mulheres, pois elas constituem a maior parte da população idosa e promovem maiores demandas às unidades de saúde. Objetivo: comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos. Método: foi realizado um estudo com 94 idosas, distribuídas em três grupos: G1 (60- 69 anos), G2 (70-79 anos) e G3 (80-90 anos). Aplicou-se um formulário com questões sobre aspectos ocupacionais, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos auditivos, aspectos vocais e percepção sobre o envelhecimento. Foram medidos os tempos máximos de fonação na emissão da vogal /a/ e nos fonemas /s/ e /z/. Realizou-se uma gravação da voz, na qual foi registrada a fala espontânea das participantes. Três juízes fonoaudiólogos especialistas em voz realizaram a análise perceptivo-auditiva das vozes. Foi realizada análise descritiva dos dados coletados e, por meio de análise estatística, realizaram-se as comparações entre as faixas etárias. Resultados: observou-se associação estatisticamente significativa entre a faixa etária e a demanda vocal, o relato de dificuldade para cantar, o relato de dificuldade para ouvir, o uso de prótese auditiva, a coordenação pneumo-fonoarticulatória, a articulação e a qualidade vocal. Apesar de não ter havido correlação estatisticamente significativa, notou-se um aumento percentual, a cada faixa etária, em outros parâmetros: número de doenças por pessoa; queixa de pigarro; queixa de que ouve, mas não compreende; queixa de zumbido; relato de alteração auditiva; uso de prótese auditiva; uso da televisão em volume alto; ocorrência de ressonância baixa; e percepção de mudança na voz. Quanto à opinião sobre o envelhecimento, houve predomínio de aspectos fisiológicos e de atividades cotidianas nas respostas do G1 (62,5%) e G2 (52,9%), e de aspectos emocionais e/ou psíquicos no G3 (53,6%). Emergiram de forma mais prevalente em algumas faixas etárias os seguintes fatores: a saúde, o preconceito, o isolamento social e a importância da realização de atividades, principalmente no G1; tristeza e solidão, no G2; o cansaço, a falta de disposição física, o desânimo e as modificações nas relações sociais, primordialmente no G3. Conclusão: A comparação entre as idosas de 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e de 80 a 90 anos permitiu concluir que existem diferenças significativas, entre as faixas etárias, em relação à demanda vocal, ao relato de dificuldade para cantar, à coordenação pneumo-fonoarticulatória, à articulação, à qualidade vocal, ao relato de dificuldade para ouvir e ao uso de prótese auditiva. Os aspectos fisiológicos e de atividades cotidianas, mais citados pelo G1 e G2, e os aspectos emocionais e psíquicos, mais freqüentes nos discursos do G3, surgiram como fatores que afetam o modo como as idosas vêem a velhice e se sentem em relação ao seu próprio envelhecimento. Por meio desta pesquisa, pôde-se reafirmar a natureza biopsicossocial do envelhecimento e que este é um processo com diferenciações de uma pessoa para outra e a cada faixa etária. Palavras-chave: idoso voz percepção envelhecimento geriatria gerontologia
ix
ABSTRACT
Introduction: There has been a worldwide demographic transition, characterized by a significant population increase in the specific age group of those who are 60 years old or older. This fact has brought an increasing concern towards elderly citizens. In this manner it is very important to carry on researches with different age groups of this particular population segment, since grouping these people simply as elders may conceal the bio-psychosocial differences existing amongst them. The subjects of this study were exclusively women. This option was made because they are the greater part of the elderly population and more frequently seek help at health units. Aim: To compare the vocal characteristics, awareness of aging, vocal complaints and vocal health of women between 60 and 90 years of age. Method: The subjects of this study were 94 elderly women, distributed in three groups: G1 (ages 60-69), G2 (ages 70-79) and G3 (ages 80-90). A form consisting of questions on occupational aspects, everyday habits, vocal health, vocal and auditory aspects and perceptions about the aging process was filled out. Maximum phonation times of vowel /a/ and phonemes /s/ and /z/ were measured. A voice recording which registered spontaneous conversation of the subjects was also performed. Three speech therapists specialized in the voice field perceptually evaluated the recorded voices. The collected data was analyzed descriptively, and then statistical analysis was performed to compare the different age groups. Results:
There was a statistically significant association between age group and vocal demand, reported difficulties to sing, reported hearing difficulties, use of hearing aids, respiratory-speech coordination, articulation of speech and vocal quality. Although there was no statistically significant correlation between the following issues, there was a percentage increase along the age groups in other parameters: number of illnesses per person; phlegm complaints; complaints of hearing but not understanding; tinnitus complaints; reports of hearing impairments; use of hearing aids; watching television in high volumes; occurrence of low voice resonance; and awareness of vocal changes. As for the subjecaging process, there was a predominance of references to physiological aspects and of the daily activities in the answers provided by G1 (62.5%) and by G2 (52.9%), and of emotional aspects in the answers given by G3 (53.6%). The following issues were more prevalent in answers of certain age groups: health, prejudice, social isolation and the importance of practicing physical activities, mainly in G1; sadness and loneliness in G2; tiredness, lack of physical wellness, despondency and changes in social relationships, primarily in G3. Conclusion: The comparison of women of ages 60-69, 70-79 and 80-90 leads to the conclusion that there are significant differences between age groups related to vocal demands, reported difficulties in singing, respiratory-speech coordination, articulation of speech, vocal quality, reported hearing impairments, and use of hearing aids. The physiologic and daily life aspects mainly present in the answers of G1 and G2 as well as the emotional aspects predominant of the answers in G3 are factors that affect the way these women look at aging in general, and how they feel towards their own aging process. This study enables us to reaffirm the bio-psychosocial nature of the aging process, which is different not only from one person to another, but also in each age group. Key Words: elderly voice perception aging geriatrics gerontology
x
SUMÁRIO
Dedicatória iv
Agradecimentos v
Epígrafe vii
Resumo viii
Abstract ix
Lista de tabelas e quadros xii
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 01
2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 05
3. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................... 06
3.1. Panorama geral do envelhecimento............................................................................... 06
3.2. Aspectos da comunicação no envelhecimento.............................................................. 16
3.3. O processo de envelhecimento vocal............................................................................. 21
3.4. Fatores interferentes no processo de envelhecimento da voz, queixa e propriocepção
vocal................................................................................................................................
27
4. MÉTODO .......................................................................................................................... 34
4.1.Seleção dos sujeitos........................................................................................................ 34
4.2.Instrumentos de pesquisa................................................................................................ 35
4.2.1.Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da profissão,
hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o
envelhecimento.........................................................................................................
35
4.2.2.Protocolo de registro do tempo máximo de fonação............................................... 36
4.2.3.Protocolo de registro de dados da avaliação perceptivo-auditiva da voz................ 37
4.3.Procedimentos................................................................................................................. 37
4.4.Análise dos dados .......................................................................................................... 40
4.4.1.Tempo máximo de fonação..................................................................................... 40
4.4.2.Transcrições e análise das respostas dos participantes à questãos nº 26 do
Formulário................................................................................................................
40
4.4.3.Avaliação perceptivo-auditiva da voz..................................................................... 40
4.5.Análise dos resultados................................................................................................... 42
5. RESULTADOS.................................................................................................................. 44
5.1. Domínio atividade profissional...................................................................................... 44
xi
5.2. Domínio moradia........................................................................................................... 45
5.3. Domínio saúde geral...................................................................................................... 46
5.4. Domínio hábitos cotidianos e saúde vocal..................................................................... 48
5.5. Domínio audição............................................................................................................ 54
5.6. Domínio aspectos da voz............................................................................................... 55
5.7. Domínio opinião sobre o envelhecimento..................................................................... 60
5.8. Medidas fonatórias......................................................................................................... 78
5.9. Análise perceptivo-auditiva da voz............................................................................... 78
6. DISCUSSÃO...................................................................................................................... 81
7. CONCLUSÕES.................................................................................................................. 107
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 110
Bibliografia Consultada........................................................................................................ 117
Anexos
xii
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 1. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e
G3 em relação à existência de atividade profissional pregressa............................
44
Quadro 1. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade profissional pregressa....................................
45
Tabela 2. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade profissional atualmente e o tipo de profissão.................................................................................................................
45
Tabela 3. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao fato de morar sozinha ou acompanhada...................................
46
Tabela 4. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de problemas na saúde geral......................................
47
Quadro 2. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de problema na saúde geral............................................
47
Tabela 5. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao uso regular de medicação.........................................................
48
Quadro 3. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à finalidade do uso de medicamento(s)......................................
48
Tabela 6. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de hábito de fumar, tempo de fumo e quantidade consumida por dia..................................................................................................
49
Tabela 7. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ingestão de bebida alcoólica, freqüência desta e tipo de bebida de que faz uso........................................................................................................
49
Tabela 8. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade física, freqüência e tempo de prática....................................................................................................................
50
Quadro 4. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade física que pratica........................................
50
Tabela 9. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade social e/ou de lazer e a freqüência..............................................................................................................
51
Quadro 5. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade social e/ou de lazer que pratica..................
51
xiii
Tabela 10. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à demanda geral de voz no dia-a-dia e a freqüência de uso do telefone...............................................................................................................
52
Quadro 6. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação às atividades em que mais usa a voz no dia-a-dia......................
.
52
Tabela 11. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à prática de canto, de que forma canta e se apresenta alguma dificuldade nesta prática.....................................................................................
52
Quadro 7. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de dificuldade para cantar...............................................
53
Tabela 12. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência do hábito de pigarrear, tossir, falar alto, gritar e sobre a ingestão de água.....................................................................................
53
Tabela 13. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de queixa de audição; ao uso de televisão (TV) em volume alto; ao fato de escutarem, mas não entenderem o que lhe dizem; ao incômodo com barulho; e ocorrência de zumbido.........................................
54
Tabela 14. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de audiometria, há quanto tempo realizaram o exame, resultado e uso de prótese auditiva.........................................................
55
Tabela 15. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ocorrência de queixa de voz e tipo de queixa..........................
55
Quadro 8 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de queixa de voz.............................................................
56
Tabela 16. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de cuidados com a voz............................................
56
Quadro 9. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de cuidado que realizam com a voz...................................
56
Tabela 17. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ocorrência de problema vocal pregresso e tipo de problema.............................................................................................................
57
Tabela 18. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à auto-percepção de mudança vocal com o passar dos anos e tipo de mudança percebida.................................................................................
57
Tabela 19. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação a saberem referir o que acham que faz bem para a voz.............
58
xiv
Quadro 10. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao que acham que faz bem para a voz........................................
58
Tabela 20. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação a saberem referir o que acham que faz mal para a voz..............
58
Quadro 11. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao que acham que faz mal para a voz......................................
59
Tabela 21. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à opinião sobre a própria voz representada por uma única palavra.................................................................................................................
59
Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método..................................................
60
Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método..................................................
66
Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método..................................................
72
Tabela 22. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à média do tempo máximo de fonação na vogal /a/ e consoantes /s/ e /z/..............................................................................................
78
Tabela 23. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à coordenação pneumo-fonoarticulatória, articulação e ressonância apresentada......................................................................................
78
Tabela 24. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao pitch e loudness.....................................................................
79
Tabela 25. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo vocal e o grau geral de manifestação da qualidade de voz......................................................................................................................
79
Quadro 15. Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à qualidade vocal apresentada....................................................
80
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento humano é, em linhas gerais, considerado um processo
fisiológico da vida humana, constituído por progressivas mudanças físicas, psíquicas e sociais
no indivíduo e que se inscrevem com velocidade e intensidade variada para cada um. A
velhice, um período específico dentro desse processo, tornou-se, na atualidade, assunto de
interesse público, tematizado na mídia e nos diversos campos do conhecimento. Parece haver
um desejo, manifesto por grande parte da sociedade, de saber como a vida do idoso pode ser
alongada, mas com qualidade satisfatória. Contudo, ainda é um assunto que provoca reações
adversas nas pessoas, que vai desde uma aceitação daquilo que é imposto inexoravelmente
pela velhice ou resignação pacífica a ela, até uma incisiva negação dessa realidade.
Freire (2000) relatou que o significado do envelhecimento ganhou maior
importância, principalmente na contemporaneidade, na medida em que se passou a dar conta
de que velhice ou envelhecimento não pressupõe necessariamente doença, desamparo e
afastamento social.
A preocupação com o universo do idoso também cresceu pela constatação de que
despontou, no cenário mundial, uma transição demográfica progressiva e marcante, com um
aumento significativo do número de pessoas com 60 anos ou mais. Diante desta realidade, os
profissionais de diversas áreas têm investigado as particularidades deste período do ciclo vital
humano, a fim de conhecer melhor suas características.
Em nosso país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2004), a população de idosos configurava, na época, um contingente de 16 milhões de
habitantes, o que correspondia a um índice de 9,5 a 10% da população total. Se houver uma
continuidade das tendências indicadas para as taxas de longevidade dos habitantes brasileiros,
as estimativas para os próximos 20 anos mostram que o número de pessoas idosas poderá
exceder 30 milhões. Ao final deste período chegará a representar quase 13% da população.
Adicionalmente, há outra condição que se destaca: a tendência mundial de uma
longevidade superior das mulheres em detrimento a dos homens. Lebrão e Laurenti (2005)
relataram que no projeto de Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE), coordenado pela
Organização Pan-Americana de Saúde, foi organizado um estudo em áreas urbanas de
metrópoles de sete países da América Latina e Caribe. Dentre estas, especificamente no
município de São Paulo, a pesquisa foi desenvolvida com 2.143 pessoas acima de 60 anos,
2
residentes na capital no ano 2000. O estudo demonstrou que a maioria (58,2%) da população
era constituída de mulheres.
Segundo Herédia (2004), a discrepância na distribuição das pessoas idosas se torna
maior, no Brasil, conforme aumenta a idade. Na faixa etária entre 60 e 64 anos, por exemplo,
ocorre um predomínio do sexo feminino de 6,4%, que se eleva até alcançar uma diferença de
31,6% na faixa etária entre 95 e 99 anos.
As mulheres idosas formam, portanto, um segmento mais visível, que ocupa cada
vez mais espaços na sociedade, e é factual a maior procura delas pelos serviços de saúde. Vale
salientar que, em qualquer idade, as singularidades do sexo feminino são muito evidentes.
Estes fatos mostram que estudar as mulheres e direcionar maior atenção às suas necessidades
configura-se essencial na perspectiva atual.
Assim como outras áreas da saúde, a Fonoaudiologia vem retomando as
elaborações teóricas sobre a velhice e tem realizado pesquisas com essa população no sentido
de melhor atender às demandas cada vez maiores dos idosos. O fonoaudiólogo, a princípio,
teve maior preocupação em investigar a influência das doenças na voz. Ainda hoje, não
constitui uma questão habitual o estudo da voz de indivíduos sem alterações vocais e sem
problemas de saúde que possam afetar diretamente a voz. No entanto, este tipo de pesquisa é
fundamental para que se possa entender a mudança vocal em curso ao longo da vida.
Sabe-se que os sistemas do corpo humano, inclusive aqueles relacionados com a
produção da voz, se desenvolvem e se modificam gradativamente a partir do nascimento.
Soyama et al. (2005) afirmaram que mudanças fisiológicas e estruturais advêm a todo o trato
vocal e podem causar alterações na voz com impacto em maior ou menor intensidade. O
envelhecimento vocal, que acompanha o processo normal de envelhecimento humano, recebe
o nome de presbifonia (Morsomme et al., 1997). Andrada e Silva e Duprat (2004)
explicitaram que são suas características: instabilidade do pitch, tremor vocal discreto,
loudness fraco, tessitura restrita, ataque vocal suave ou aspirado e ressonância com
predomínio laringofaríngeo.
Greene e Mathieson (2001) afirmaram que as mudanças a que o ser humano está
sujeito no decorrer dos anos dão-se em um processo contínuo e podem ocorrer diferenças nas
características vocais de um mesmo indivíduo em cada sucessiva década de vida. Boone e
Macfarlane (1994), baseados em sua experiência clínica e em pesquisa, também enfatizaram
que há uma significativa variabilidade, fisiológica e cronológica, entre os idosos. Esses
pesquisadores relataram que, em 15 anos de estudos sobre a comunicação e o envelhecimento,
na Universidade do Arizona (Estados Unidos da América), observaram diferenças nas
3
respostas na maior parte das investigações a que submeteram idosos-jovens (de 65 a 80 anos)
e idosos mais velhos (com 80 anos ou mais). Os autores destacaram que agrupá-los
simplesmente como idosos, exclui ou oculta as diversidades fisiológicas e sociais existentes
entre os mesmos. A partir dessas pontuações, julga-se necessário realizar pesquisas levando
em consideração as diferentes faixas etárias desse segmento da população.
Além das modificações na voz, são claras as mudanças que o processo de
envelhecimento promove nas funções neurovegetativas e nos aspectos da linguagem, com
conseqüências de grau diferenciado, de acordo com as possibilidades de adaptação de cada
indivíduo. O avançar dos anos também acarreta alterações auditivas, as quais ocasionam forte
impacto psicossocial na vida das pessoas (Russo, 2004). Nessa fase, há uma série de
mudanças concatenadas que ocorrem na comunicação e que traz a possibilidade de o
indivíduo dar-se conta ainda mais, em seu dia-a-dia, dos efeitos do envelhecer.
Ao abordar o contexto comunicativo, com destaque neste estudo para a questão
vocal, é preciso refletir sobre os aspectos biopsicossociais envolvidos. Na vida em sociedade,
os indivíduos são colocados diante de variadas situações que exigem comunicação, e há um
complexo conjunto de fatores capazes de interferir no comportamento vocal. A voz não é um
fenômeno que se dá puramente por movimentos das estruturas do trato vocal, mas também é
resultante da relação do indivíduo com o mundo e consigo próprio. Logo, a concepção do
sujeito idoso sobre o envelhecimento e sobre sua própria voz merece receber atenção, pois
tem efeitos na sua qualidade de vida, nos laços sociais e na interação comunicativa com as
demais pessoas.
Brasolotto (2005) afirmou que há poucos estudos que analisam a queixa vocal do
idoso. De forma geral, na área de voz, as pesquisas investigam bem mais os distúrbios do que
a normalidade, e não está ainda suficientemente definido o limite entre o processo fisiológico
e a interferência de doenças na voz dos idosos. Além disso, para a autora, ainda há dúvida se
as alterações na voz, inerentes ao envelhecimento, são percebidas por eles a ponto de se
incomodarem com o problema.
A partir dessas formulações sobre a problemática vocal, surgiu a motivação, na
presente pesquisa, para estudar o assunto e analisar as seguintes questões: existem diferenças
entre mulheres idosas, de faixas etárias distintas, em relação às características gerais e vocais?
Há variação quanto à propriocepção do envelhecimento nas diferentes faixas etárias?
É fundamental estudar o envelhecimento vocal sob uma ótica mais ampla e
estabelecer relações entre os vários fatores associados a esse complexo processo. As
mudanças a que estão sujeitas as pessoas no processo de envelhecimento podem promover
4
prejuízos à interação social e à qualidade de vida com o avançar dos anos. Por conseguinte, é
importante a elaboração de estratégias e ações por parte de todos os profissionais de saúde,
que visem a uma assistência mais abrangente a essa população e que tenham por objetivo,
primordialmente, a prevenção e a promoção da saúde.
Pretende-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para que os
fonoaudiólogos e profissionais de áreas afins obtenham mais informações sobre o quanto o
processo de envelhecimento tem incidência significativa na voz e no padrão comunicativo de
mulheres idosas.
5
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e
a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos.
2.2. Específicos:
2.2.1. Comparar mulheres nas faixas etárias de 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e 80 a 90 anos,
segundo:
as características perceptivo-auditivas da voz;
a opinião sobre o envelhecimento;
a ocorrência de queixa vocal;
os hábitos cotidianos e a saúde vocal;
a percepção de mudança vocal com o avançar da idade;
a saúde geral;
os aspectos ocupacionais;
os aspectos relacionados à audição.
6
3. REVISÃO DE LITERATURA
O capítulo de revisão de literatura está dividido em quatro sub-capítulos. O
primeiro refere-se a um panorama geral do envelhecimento, com informações
epidemiológicas, conceitos sobre o envelhecimento, modificações gerais orgânicas e
psíquicas, bem como a auto-imagem do idoso. O segundo apresenta os aspectos
comunicativos sujeitos a modificações durante o envelhecimento, especialmente em relação à
linguagem, audição e sistema sensório-motor oral. No terceiro sub-capítulo é descrito o
processo de envelhecimento vocal, e podem ser observadas pesquisas sobre os aspectos
anatomo-fisiológicos e perceptivo-auditivos da voz nessa população. O quarto sub-capítulo
traz preceitos teóricos e pesquisas científicas sobre os fatores de interferência no processo de
envelhecimento vocal, queixa e propriocepção vocal.
3.1. Panorama geral do envelhecimento
O ser humano tem se preocupado, ao longo dos tempos, em como prolongar a
juventude e em como ter boa qualidade de vida na velhice. A Organização Mundial de Saúde,
por meio de uma discussão com especialistas de vários lugares do mundo, definiu a qualidade
de vida como a percepção dos indivíduos de sua posição na vida no contexto da cultura e
sistema de valores nos quais eles vivem e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e interesses (The WHOQOL Group, 1995).
A literatura internacional na área da Gerontologia tem buscado compreender o
significado de uma velhice saudável, e o termo que tem sido preferido e empregado na área é
o da velhice bem-sucedida. Esta está relacionada a uma situação individual e coletiva de
sensação de bem-estar físico e social, que tem ligação com as aspirações da sociedade, as
circunstâncias e valores do ambiente em que se vive e o histórico pessoal e do grupo etário do
qual o indivíduo faz parte. Na velhice bem-sucedida, a pessoa mantém a capacidade para
desenvolver-se, considerando os limites da plasticidade individual (Baltes e Smith, 1995).
Os autores complementaram ainda que, para que o sujeito envelheça
satisfatoriamente, é necessário que haja um equilíbrio entre as suas limitações e suas
potencialidades, de forma que este seja capaz de lidar, em níveis variados de eficácia, com as
perdas inevitáveis que surgem com o avançar dos anos e desenvolva compensações para estas.
7
Envelhecer bem compreende as chances proporcionadas à pessoa para o acesso à adequada
educação, urbanização, habitação, saúde e trabalho durante toda a sua vida. Estes são os itens,
mais citados na literatura, considerados fundamentais à manutenção dos indicadores
associados a uma velhice bem-sucedida. Como tais indicadores, são mencionados: a saúde (a
real e a percebida pelo indivíduo), a longevidade, a atividade, a produtividade e a satisfação, a
eficácia cognitiva e a competência social, a capacidade de manter papéis familiares e uma
rede de conhecimentos informais, a capacidade de auto-regulação da personalidade, e o nível
de motivação individual para buscar informações e para a interação social.
Rodríguez (1996) enfatizou que a construção da idéia de velhice se estabelece nas
relações sociais, de acordo com os interesses ideológicos e até econômicos da sociedade. O
significado e o sentido da noção de envelhecimento, de velho e de velhice resultam de uma
construção histórica e social e não tem um caráter concludente, estruturado de forma
categórica, nem para o coletivo, nem para o sujeito individual.
De acordo com a opinião de Paschoal (1996), a longevidade pode promover
implicações importantes para a qualidade de vida, pode ser um problema e ter conseqüências
sérias no que concerne às questões físicas, psíquicas e sociais. Todavia, o fato de o indivíduo
conseguir manter sua autonomia e independência, sua participação na sociedade de forma a
cumprir papéis sociais, manter sua auto-estima elevada e ter um sentido para sua existência,
favorece que esta sobrevida possa ser plena de significado.
Há na literatura a indicação de diferenças, no processo de envelhecimento, entre o
sexo masculino e o feminino. Barros (1998) afirmou que é dada maior atenção na sociedade
ao homem idoso, pois com ele ocorre uma mudança radical de vida com a aposentadoria, na
qual sai de um mundo amplo e público, para um universo doméstico e restrito. Para a mulher,
não ocorre essa mudança abrupta, pois ela em geral está ligada ideologicamente à esfera
doméstica, independente de possuir ou não vida profissional ativa.
As diferenciações entre os sexos foram vislumbradas em uma pesquisa
interdisciplinar de Baltes e Mayer (1999), realizada em Berlim, com 515 idosos de 70 a 100
anos. O estudo fez uma comparação entre homens e mulheres de acordo com 32 variáveis
relativas à saúde, funcionalidade física, saúde mental, saúde percebida, personalidade,
relações sociais e sociodemográficas. Foi encontrada uma associação entre o sexo feminino e
melhor audição, maior freqüência de doenças crônicas e do sistema musculoesquelético, mais
incapacidade funcional, problemas de mobilidade, depressão, doenças psiquiátricas severas,
mais queixas somáticas, menos saúde percebida e maior necessidade de ajuda. Verificaram
uma probabilidade 2,5 vezes maior de fragilidade nas mulheres do que nos homens. Outra
8
relação constatada foi entre a degradação da qualidade de vida na mulher e a condição de
viver sozinha, ter baixo nível de escolaridade e piores condições de vida. A conclusão
principal da pesquisa foi de que, no campo da saúde, da funcionalidade física e da saúde
percebida, o maior fator de risco é o sexo. As mulheres são e se percebem mais frágeis do que
os homens. Em suma, os autores consideraram, a partir desse estudo, que a somatória das
conseqüências da fragilidade física com os efeitos de variáveis sociodemográficas
(escolaridade menor, viver só, ter que cuidar e precisar de cuidados), tende a promover um
declínio da qualidade de vida da mulher.
Sobre a velhice, Motta (1999) e Debert (1999) declararam que esta consta de uma
experiência de várias faces, que envolve critérios de sexo, classe social, fatores
sociodemográficos e demandas psicológicas. Ilustraram várias questões emergentes em
relação à mulher idosa. Dentre essas, que as mulheres pertencentes à classe social baixa e
média costumam se afirmar como idosas em espaços destinados a esta população, tais como:
clubes, universidades da terceira idade e centros de convivência. Essa auto-afirmação provém
do fato de, nesses locais, participarem de atividades, terem sensação de independência e
autonomia para dirigir suas vidas e por freqüentar locais que anteriormente eram incomuns
aos indivíduos idosos. Essas mulheres, ao falarem de si próprias, descrevem a existência de
vigor, de saúde, de satisfação e, às vezes, relatam uma falta de limites que não parece
corresponder à realidade desta etapa da vida, em função de questões biológicas e sociais. As
mulheres idosas utilizam os novos espaços como símbolos de liberdade, e há, muitas vezes,
uma negação da submissão aos controles sociais que sempre estiveram presentes na
sociedade.
Os mesmos autores preconizaram que a sociedade consumista contribui para que
elas tenham a ânsia da eterna juventude e a ideologia de que a velhice é um estado de espírito,
uma condição que pode ser disfarçada ou adiada por meio dos avanços da medicina e da
ciência. Também destacou um aumento relativo do índice de idosas que são chefes de família
e que fazem parte da população economicamente ativa. Apontaram que há o aspecto positivo
e negativo deste fato, uma vez que isso indica que as gerações mais jovens não estão
conseguindo prover suas próprias necessidades.
Também na opinião desses autores, a combinação dessa mudança nas práticas
sociais, da desigualdade social e dos efeitos do envelhecimento populacional aumenta a
probabilidade de as mulheres idosas de qualquer nível social viverem sozinhas. Algumas
conseguem lidar de forma adequada com esta situação por terem condições comportamentais,
9
afetivas e econômicas para tanto. Outras, porém, sofrem com os efeitos do isolamento e da
solidão, o que favorece o aumento da fragilidade e piora da qualidade de vida.
Ao falar sobre o processo de envelhecimento, Neri e Freire (2000) destacaram que
existem inúmeros termos e expressões para denominar as pessoas com idade avançada ou o
provém de preconceitos para com a velhice, manifestados por meio de reações de
afastamento, desgosto, ridicularização, negação e discriminação. Há uma noção construída ao
longo dos séculos de que existe uma estreita relação entre essa fase e a morte, doenças,
isolamento e dependência. Esta noção também carrega, até a atualidade, a associação entre
velhice e incapacidade, apesar das evidências de que se pode viver com um bom padrão de
desempenho físico e cognitivo nesse período. A adoção de muitos termos tem o objetivo de
apenas soar bem e podem servir para mascarar os preconceitos, inclusive dos próprios idosos,
-
biopsicossociais que se tornam mais perceptíveis a partir dos 45 anos de idade.
Freire (2000) declarou que a idéia de envelhecimento ideal é almejada pelas
pessoas desde a Antiguidade. O envelhecimento satisfatório é subordinado a um equilíbrio
entre as limitações e as potencialidades do sujeito e de sua constante interação com o
ambiente, de forma que este apresente uma competência adaptativa. Esta corresponde a uma
capacidade geral para ter flexibilidade perante aos desafios biológicos, mentais, interpessoais,
socioeconômicos ou de conceitos próprios, ou seja, relaciona-se basicamente com as
habilidades da pessoa para lidar com fatores de estresse, resolver problemas e manter a
competência social.
Segundo Capitanini (2000), o envelhecer não tem que representar
obrigatoriamente perdas, doenças ou ser acompanhado por um isolamento social e/ou solidão.
Contudo, algumas condições da vida moderna contribuem para a ocorrência de solidão, como,
por exemplo, as mudanças no estilo de vida das pessoas. As mulheres, ao longo do tempo,
tornaram-se independentes devido ao trabalho fora de casa, o que coincidiu com o adiamento
do casamento e a conseqüente redução no número de filhos. O fato de as mulheres viverem
mais anos do que os homens contribui igualmente para a solidão, uma vez que a possibilidade
de viuvez aumenta conforme ficam mais velhas. O índice de mulheres que se casam de novo é
pequeno; portanto, é maior a possibilidade de que fiquem sozinhas em algum período da
terceira idade. Por outro lado, os homens têm maior facilidade em se casar e com mulheres
10
mais jovens o que faz com que aumente a probabilidade de as mulheres mais velhas serem
mais sozinhas do que os homens idosos.
O autor reforçou também que a solidão aparece em relatos de muitos idosos e com
mais freqüência de mulheres, porém que essa não é uma condição natural e permanente desta
população. O impacto dos acontecimentos da vida sobre um indivíduo depende de vários
fatores, como: história, personalidade, contato com os filhos e outros familiares, e existência
de amigos.
De acordo com Sayeg e Mesquita (2000), os idosos representam o segmento da
população que mais demonstra uma heterogeneidade entre pessoas da mesma faixa etária e
diferenças entre gênero, inclusive na forma de viver e adoecer.
É retratada também na literatura uma diferença na longevidade entre homens e
mulheres. Para Schoueri Junior et al. (2000), a expectativa de vida média entre os homens é
de 67,6 anos e entre as mulheres, nascidas no mesmo ano, a média de vida é de 75,2 anos. Na
população acima de 70 anos, cerca de 70% é do sexo feminino e, acima de 85 anos esta
percentagem sobe para 80%. De acordo com os autores, alguns fatores podem ser
responsáveis pelo fato de as mulheres atingirem idades mais avançadas do que os homens,
como: diferenças biológicas, hábitos cotidianos, profissão, tabagismo e alcoolismo. Além
disso, as mulheres são mais atentas à sua saúde e procuram assistência médica mais
precocemente do que os homens, fator determinante de melhor prognóstico de doenças
crônicas. Há uma tendência maior do sexo feminino ao adoecimento, e dos homens, ao óbito.
Conforme Neri (2001), um fenômeno que tem chamado a atenção daqueles que
estudam o envelhecimento é a feminização da velhice, a qual significa, para a gerontologia
nacional, apenas aumento do número de mulheres na população idosa. Contudo, para a autora,
este fenômeno está relacionado também ao exercício de papéis na sociedade e ao
funcionamento do self . No Brasil, os idosos, especialmente as mulheres, tem tido cada vez
mais visibilidade na sociedade, devido não apenas a uma ascensão numérica, mas também ao
fato de que estão conquistando cada vez mais espaço e têm promovido novas demandas para
instituições e agentes sociais. Ser uma mulher idosa traz riscos que aumentam com o avançar
dos anos em função de aspectos biológicos, estilo de vida, histórico de saúde e doença,
self é um sistema composto por estruturas de conhecimento sobre si mesmo e um conjunto de funções
cognitivas que integram ativamente essas estruturas ao longo do tempo e de várias áreas de funcionamento self está associado com a sensação de bem-estar subjetivo e a qualidade de vida percebida, permite
fazer interpretações das experiências, auto-regular emoções, vivenciar o senso de continuidade e iniciar comportamentos (Herzog e Marcus, 1999).
11
pobreza, baixa escolaridade e isolamento social. Por outro lado, ser mulher implica a prática
de papéis sociais que mantêm as mulheres no mundo das relações. Este fato está associado ao
papel do cuidado com o outro, estabelecido prioritariamente como uma tarefa feminina e que
fornece benefícios sociais e intrapessoais às mulheres. Estas tendem a ver este papel como
parte integrante do seu self, muito mais do que os homens.
Ao se tratar do envelhecimento, um ponto importante a considerar é também a
saúde. Vida e saúde são inseparáveis. Tudo o que tem a ver com a saúde deve fazer parte da
conceituação de qualidade de vida, principalmente no caso dos idosos, pois esta é uma
questão de grande relevância para eles. Apresentar boa saúde é um fator determinante da boa
qualidade de vida, na opinião dessa população. A longevidade proporciona modificações nos
padrões de saúde, com aumento da prevalência das doenças crônicas. Desta forma, o principal
objetivo das condutas e políticas de saúde não corresponde mais à cura e, sim, à manutenção
de boa qualidade de vida. Conseqüentemente, essa população deve ser sempre avaliada
também por meio de variáveis subjetivas, que incluam as percepções de seu bem-estar
(Alleyne, 2001).
Santos (2002) realizou um estudo que avaliou o pensamento das pessoas sobre a
associação entre os conceitos de envelhecimento, saúde e doença. Na primeira fase
participaram 47 idosos, entre 40 e 79 anos de idade, de ambos os sexos, que faziam parte de
maneira ativa de grupos de terceira idade e que responderam a um questionário sobre o
significado da velhice e o momento em que consideravam que esta tinha início. Da segunda
fase participaram dez grupos de idosos, com média de 25 pessoas cada, na faixa etária de 50 a
80 anos, de ambos os sexos. Com estes, o objetivo foi de possibilitar a discussão sobre o
mesmo assunto. De um modo geral, verificaram que a noção sobre o momento em que se
inicia o envelhecimento é variável, e a definição deste é afetada diretamente por componentes
de personalidade, por conceitos formados socialmente e na família. Houve uma tendência
maior (40,4%) em olhar o envelhecimento como algo que depende do esforço de cada um na
busca de uma melhor forma de viver e de manter-se ativo. Observaram que 27,6% dos idosos
basearam-se em rótulos preestabelecidos e não emitiram opinião pessoal, própria de quem
está vivenciando a terceira idade. O envelhecer foi citado como sinônimo de doença por 25%
das pessoas, e a negação do envelhecimento foi constatada em 8,3% dos idosos. O
pesquisador afirmou que, apesar de a negação ter aparecido com freqüência reduzida, na
sociedade capitalista sabe-se que o olhar é sempre direcionado para o moderno e para a
juventude. Assim sendo, um conceito negativo e opiniões depreciativas sobre o
envelhecimento permeiam muitas vezes os discursos. O investigador confirmou a presença de
12
uma construção cultural negativa do envelhecimento e que parece estar se modificando com o
aumento do número de idosos longevos e saudáveis na sociedade. Percebeu, ainda, que
aqueles que freqüentam grupos são capazes de romper com os estereótipos de forma mais
fácil do que os demais. Estes indivíduos tiveram que romper antecipadamente com outros
estigmas para se engajar em atividades em grupo e são revitalizados por esta convivência.
A preocupação com as questões do idoso é pertinente e é uma temática que deveria
ser abordada em todas as áreas, uma vez que nosso país caminhou com um envelhecimento
demográfico e a população brasileira não pode mais ser considerada jovem.
O aumento da expectativa de vida foi demonstrado por Pessini e Queiroz (2002).
Os pesquisadores relataram que, em 1980, a estimativa de vida da população brasileira era de
57,2 anos para os homens e 64,3 anos para as mulheres. Dez anos mais tarde, este valor subiu
para 59,5 e 65,8, respectivamente. Em 2000, a expectativa de vida foi estimada em 64,8 anos
para os homens e 72,5 anos para mulheres, o que justifica o progressivo aumento no número
de idosos em nosso país.
O crescimento populacional foi abordado por Knorst et al. (2002). Eles
evidenciaram que em 2002 havia no Brasil aproximadamente 11 milhões de pessoas com
mais de 60 anos de idade e que existe uma previsão desse número aumentar para quase 32
milhões (13,8% da população geral) em 2025. Para os autores o aumento da expectativa de
vida está associado à prevenção e cura de problemas de saúde, à engenharia sanitária e
urbana, bem como aos avanços tecnológicos e educacionais. Segundo eles, envelhecer não
deve significar, necessariamente, grave diminuição ou perda das funções.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem se esforçado no sentido de
modificar a concepção da saúde como simples ausência de doenças. Ao lidar com o paciente
idoso, é imprescindível um conhecimento extenso e a atuação de profissionais de várias áreas,
na busca pela compreensão de toda a gama de fatores, que influenciam o processo de
envelhecimento e de doenças nesta população (Equipe Técnica da Casa Gerontológica de
Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes, 2004).
Lustri e Morelli (2004) afirmaram ver o envelhecimento como um processo
dinâmico, marcado por modificações nas dimensões funcional, orgânica, bioquímica e
psicológica.
Durante o envelhecimento ocorrem importantes modificações fisiológicas nos
indivíduos. Estas têm início em diferentes partes do corpo, em momentos distintos e com
velocidade variada entre as células, tecidos e órgãos. Em relação ao sistema respiratório, as
mudanças se apresentam no tórax, brônquios e alvéolos; a mobilidade das costelas diminui e
13
os músculos respiratórios tornam-se, gradualmente, atrofiados. O coração começa a apresentar
menor eficiência, com aumento na freqüência dos batimentos. No sistema nervoso há uma
redução significativa do número de neurotransmissores. Contudo, os neurônios remanescentes
permanecem com sua capacidade de fazer sinapses com outros neurônios, ou seja, mantêm a
plasticidade cerebral se houver estímulos para isso. Declínio e mudanças também são
encontrados na forma e função dos sistemas endócrino, imunológico, digestivo, geniturinário,
musculoesquelético e nos órgãos dos sentidos. No envelhecimento bem-sucedido, essas
modificações são gradativas e permitem que o organismo consiga se adaptar ao novo ritmo,
mantendo a qualidade de vida (Ribeiro, 2004).
Jordão-Netto (2004) relatou que, a partir dos 60-65 anos, quando as mudanças
físicas já são bem visíveis, acentuam-se aquelas relacionadas ao psiquismo. Ocorrem algumas
modificações interiores, com mudanças muitas vezes de valores e atitudes. Afirmou que,
atualmente, têm sido empregados poucos esforços em estender a proteção ao indivíduo idoso
quando este deixa de ser produtivo. É natural, portanto, que haja uma tendência à falta de
motivação e, assim, uma dificuldade de adaptação à nova condição, na busca de um novo
equilíbrio.
No que se refere ao fenômeno biológico, Santos (2005) declarou que o
envelhecimento é marcado por mudanças sucessivas de todas as estruturas e sistemas do
corpo humano, que geram, naturalmente, uma redução na capacidade de adaptação ao meio
ambiente.
A saúde do sujeito idoso é também determinada pela independência e a capacidade
de desempenhar variadas funções e atividades cotidianas sem necessitar de auxílio. As
limitações no idoso geralmente estão ligadas à presença de um ou mais problemas de saúde e,
portanto, a prevenção dos agravos é fundamental (Farinasso, 2005).
Silva et al. (2005) destacaram que a infância, a adolescência, a fase adulta e a
velhice são etapas que compõem o ciclo de vida do ser humano, e todas elas têm limites e
possibilidades. Cada etapa contribui para o crescimento de cada um, e a terceira idade precisa
ser encarada com essa naturalidade. Ser idoso não implica estar em decadência. Várias
enfermidades que costumam surgir na terceira idade podem ser prevenidas ou retardadas para
que o idoso se mantenha saudável o suficiente para usufruir de sua vida. Velhice não é
sinônimo de doença, e sim de maturidade. Porém, para os autores, seria irreal pensar que
todos os indivíduos não precisam dar atenção à sua condição de idoso. Para eles, é inegável
que, com o avançar da idade, passa-se a ter uma diminuição da reserva do organismo e uma
lentidão no nível de funcionamento, motivo pelo qual não se pode submeter um idoso a
14
demandas excessivas. A deterioração gradual dos processos sensoriais pode levar o idoso a se
isolar e causar considerável impacto sobre o seu psiquismo, com alteração de sua auto-
imagem. Outro motivo é que muitos de seus amigos ou entes queridos já morreram ou se
encontram bastante limitados pelo próprio processo do envelhecimento ou por enfermidades
crônicas.
De acordo com os mesmos autores, é importante sabermos que a depressão é três
vezes mais prevalente em idosos com alguma deterioração funcional do que naqueles sem
essa condição. Os autores pontuaram ainda que, ao longo dos tempos, a terceira idade
despertou e ainda desperta para muitos, sentimentos negativos como o medo e pode levar a
situações de piedade e constrangimento. Por isso, o desejo de controlar ou atrasar essa etapa
da existência está presente em muitas pessoas, em fase de envelhecimento. Complementaram
com a afirmação de que a consciência de sua condição pode gerar a depressão e, talvez seja
por isso que a rejeição à terceira idade é um mecanismo de defesa natural do homem. Porém,
a aceitação desta como uma realidade e a compreensão de que se pode ser plenamente feliz
em qualquer época da vida é o caminho mais adequado para se evitar a depressão.
Desta forma, o envelhecer contempla muito mais do que simplesmente mudanças
físicas do corpo. Os aspectos emocionais, cognitivos e sociais também corroboram para que o
processo de envelhecimento de uma pessoa seja bem-sucedido ou patológico (Oliveira, 2005).
Araújo et al. (2006) investigaram as representações sociais da velhice, por meio de
entrevista e posterior comparação entre os conteúdos expressos por idosos de instituições de
longa permanência e idosos participantes de grupos de convivência. Os resultados revelaram
que, de um modo geral, a população do estudo pautou seus conceitos da velhice no binômio
velhice-doença, demonstrando uma idealização da velhice como algo negativo. Foram
observadas representações em dois pólos distintos: vivências relativas aos ganhos e, por outro
lado, às perdas que acompanham a velhice. Os dois grupos vivenciam seu processo de
envelhecimento de forma diferenciada: aqueles de grupos de convivência realizam atividades
sociorecreativas, de valorização do exercício da cidadania e relacionadas à promoção de
saúde, enquanto os idosos de instituições de longa permanência demonstraram vivenciar este
processo num confinamento sócio-afetivo.
Uma pesquisa* realizada pelo Núcleo de Opinião Pública da Fundação Perseu
Abramo (FPA, 2007) sobre as vivências, desafios e expectativas na terceira idade, forneceu
* Esta foi uma iniciativa da Fundação Perseu Abramo (FPA), com parcerias do SESC Nacional e SESC São
Paulo. Encontra-se disponível no site: http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/index.php?storytopic=1642
15
também dados importantes sobre o panorama geral do idoso brasileiro. Participaram do
estudo pessoas idosas (a partir de 60 anos) e jovens e adultos (16 a 59 anos). Foram realizadas
2.136 entrevistas com idosos e 1.608 com uma população não idosa, totalizando 3.759
entrevistas. Foi verificado o desequilíbrio da população em relação ao gênero: 57% dos idosos
brasileiros são mulheres e 43% homens.
Nesse estudo, os pesquisadores investigaram, entre outros aspectos, a imagem que
os idosos têm sobre o envelhecimento. Segundo a opinião de 58% dos idosos, o surgimento
de doenças ou debilidades físicas é o principal sinal de que a velhice chegou. Além disso,
ficou claro que outros sinais que marcam para eles o início do envelhecimento é o desânimo,
a perda da vontade de viver, opinião citada por 35% deles. A dependência física foi outro
sinal do envelhecimento, apontado no estudo por pouco mais de um quarto dos participantes.
Ainda nessa pesquisa, quando os sujeitos foram questionados sobre como se
sentem com a idade que possuem, a maioria (69%) respondeu positivamente. Afirmaram estar
satisfeitos ou felizes 48% dos idosos, 29% referiram ter disposição para seus afazeres e 27%
relataram ter ânimo e vontade de viver. Referências negativas foram citadas por 39%, com
destaque para debilidades físicas e doenças (35%).
Os pesquisadores verificaram também que, de modo geral, a imagem da velhice é
mais negativa que positiva, contudo, de forma alguma é apenas negativa, sobretudo na
opinião dos idosos, os quais observaram tanto aspectos negativos quanto positivos em sua
condição. Entre eles, há a consciência de que existe um importante preconceito social contra o
idoso.
A maioria dos idosos pesquisados relatou que se sente bem, e 53% afirmaram não
se sentir idosos. Só a partir dos 70 anos, a maior parte dos idosos brasileiros sente-se como
tal. Na média, sentem-se de fato idosos apenas 39%, e 7% sentem-se idosos parcialmente ou
em certas circunstâncias.
Quando questionados se havia mais coisas boas ou coisas ruins no fato de ser
idoso, 35% deles responderam que há mais pontos negativos (sendo essa a opinião da maioria
só após os 70 anos), equilibrando-se com o índice daqueles que responderam que há mais
coisas boas (33%). A resposta de que existem aspectos bons e ruins na terceira idade foi
verificada em 23% da população dos idosos.
As piores coisas na terceira idade relatadas pelos entrevistados remetem a alguns
traços negativos da imagem da velhice, tais como: as debilidades físicas e doenças que foram
mencionadas por 57% dos idosos; a dependência física e a perda da autonomia (14%).
16
Destacaram ainda a discriminação social contra a pessoa idosa mencionada por 18% dos
idosos e a falta de cuidado por parte das famílias citada por 6% deles.
As melhores coisas desse período, citadas na pesquisa pelos idosos, equivalem à
experiência de vida, à sabedoria (citadas por 21% deles) e ao tempo livre para se dedicar ao
que querem ou podem fazer (16%). O fato de contarem com proteção, carinho ou
compreensão familiar foi mencionado por 13% dos pesquisados. A independência econômica
e financeira foi citada por 12% deles e a prerrogativa de gozarem de novos direitos sociais foi
relatada por 12% como algo positivo nessa fase da vida.
3.2. Aspectos da comunicação no envelhecimento
No processo de envelhecimento, podem ocorrer distúrbios na comunicação, em
virtude da redução dos níveis de consciência, atenção, memória, raciocínio e alterações
linguagem. Ocorrem também alterações musculares que prejudicam os órgãos
fonoarticulatórios e, conseqüentemente, a inteligibilidade de fala. No indivíduo idoso,
ocorrem modificações fisiológicas e orgânicas que podem afetar todo o seu sistema
estomatognático (Duarte et al., 1997).
Entre as principais funções do sistema estomatognático destacam-se a mastigação,
a sucção, a deglutição e a fala. Estas se influenciam mutuamente e têm relação com os demais
sistemas que fazem parte do organismo humano. Desta forma, qualquer alteração em uma
delas poderá causar modificações nas outras funções (Douglas, 1998).
Bacha et al. (1999) destacaram que, com o avançar da idade, as habilidades de
linguagem podem ser alteradas de diferentes formas. Parecem se manter sem prejuízos os
aspectos de: reconhecimento de vocabulário, produção oral automática e compreensão de
sentenças contextualizadas. Entretanto, quando há uma exigência maior no que se refere ao
material lingüístico, a compreensão e a expressão parecem estar comprometidas. Além disso,
pode haver uma interferência na linguagem proveniente de perdas auditivas variadas,
adquiridas com o passar dos anos.
Sobre as dificuldades na fala do indivíduo idoso, Felício (1999) afirmou que
alterações morfológicas e funcionais atingem o sistema estomatognático, e complementou que
este quadro pode ser agravado pela perda dos dentes. Para o autor, a ausência de dentes
promove, em alguns casos, alteração na inteligibilidade da fala e no ponto de articulação dos
17
sons, em decorrência da mudança da posição dos dentes e do contorno do palato, provocada
pela prótese. A adaptação de prótese dentária não garante necessariamente estabilidade
muscular, óssea e das funções estomatognáticas. Pode ocorrer também deglutição alterada,
mesmo após a adaptação protética.
Cassol e Behlau (2000) desenvolveram uma pesquisa com objetivo de verificar o
impacto de um programa de reabilitação vocal, em mulheres, na faixa etária de 57 a 80 anos,
sem queixa de alteração vocal. Participaram 22 mulheres, que foram submetidas a avaliações,
pré e pós-intervenção fonoaudiológica, avaliação perceptivo-auditiva e acústica da voz. Ao
serem questionadas sobre sua voz atual, 55% delas relataram ter voz normal e 45% alterada;
59% mencionaram que ocorreram mudanças em virtude da idade, tais como: a voz ficou mais
relataram ter tido algum tipo de problema vocal, mas nunca haviam feito tratamento
específico, e somente 5% da população tinha cuidados com a voz. Foi detectada a presença de
hábitos prejudiciais à voz, como ingestão de bebida alcoólica (18%), pigarro (27%), falar alto
(55%) e falar muito (59%). Uma parcela pequena das participantes apresentou relato de
dificuldade para ouvir (23%). Sobre a prática de canto, 100% relataram gostar de cantar e
55% costumavam cantar antes de iniciar aulas de canto em coral. Dentre as 22 mulheres, 73%
referiram dificuldade nos tons agudos e 14% nos graves. Após o programa de reabilitação
aplicado, foram percebidas modificações positivas nos padrões da voz: qualidade vocal, *tempo máximo de fonação (TMF), coordenação pneumo-fonoarticulatória (CPFA),
articulação, velocidade, intensidade, ressonância, pitch e ataque vocal. Os parâmetros
acústicos não refletiram as melhoras obtidas na análise perceptivo-auditiva.
Amorim (2001) enfatizou que as mudanças morfo-funcionais promovidas pelo
envelhecimento repercutem de forma direta na comunicação do indivíduo, uma vez que
incidem sobre a linguagem, a fala, a voz e a audição, e nos padrões motores de alimentação.
Destacou que estas se manifestam de forma diferenciada nas pessoas, de acordo com as
características individuais.
Santos et al. (2001) também declararam que as mudanças anatômicas e/ou
funcionais no mecanismo oral dos idosos podem afetar diretamente a fala e outras funções,
como mastigação e deglutição. Especificaram que as causas mais comuns de alterações nessas
* O TMF corresponde ao tempo máximo em que a pessoa é capaz de sustentar uma emissão de som ou fala encadeada em uma só inspiração; a CPFA é resultado da relação harmônica das forças expiratórias, mioelásticas laríngeas e musculares da articulação; a ressonância é o conjunto de elementos do aparelho fonador, que tem estreita associação entre si, e é responsável pela moldagem e projeção do som no ambiente; e o pitch, por sua vez, se refere à sensação psicofísica da freqüência fundamental da voz (Behlau et al., 2001b).
18
funções são: ausência de dentes, problemas periodontais, atrofia do músculo mastigatório, uso
de prótese, diminuição do paladar, diminuição da saliva, presença de refluxo gastroesofágico
e disfagia.
De acordo com Berenstein (2002), com o passar dos anos há uma diminuição, de
forma geral, da ação motora no corpo humano, a qual se torna mais lenta. Essa lentificação é
proporcionada por uma alteração morfo-funcional da musculatura e dos ligamentos. Isto
prejudica o tônus muscular dos órgãos fonoarticulatórios, o que, conseqüentemente, traz
alterações para funções neurovegetativas.
Distúrbios que afetam as articulações temporomandibulares também podem surgir,
e o indivíduo pode ter sua qualidade de vida alterada, não se deparando somente com outras
dificuldades impostas pelo envelhecimento, mas pode passar também a ser portador de dores
orofaciais, dificuldades de alimentação, fonação e deglutição, o que pode afetar a sua vida
social (Stechman-Neto et al., 2002).
Quanto às dificuldades na deglutição decorrentes da idade, Silva-Netto (2003)
relatou que várias alterações prejudicam essa função, sendo estas resultantes do próprio
envelhecimento; outras decorrem das enfermidades comuns no idoso ou do uso de
medicamentos, uma vez que esta população é mais propensa a um aumento no consumo de
agentes farmacológicos. No idoso, um achado comum é o da sensação de boca seca, que está
geralmente relacionado ao uso de fármacos. No decorrer dos anos, há também uma diminuição
do estímulo do centro da sede, o que faz com que o indivíduo consuma uma quantidade
reduzida de líquidos. Esta condição contribui para a desidratação de tecidos e das mucosas,
podendo causar alterações significativas na deglutição.
Kendall et al. (2004) afirmaram que o envelhecimento inclui inúmeras
conseqüências no que se refere à motricidade orofacial, e altera a propriocepção, a
coordenação e a força muscular das estruturas.
Uma pesquisa de Nisa-Castro et al. (2004) analisou as modificações ocorridas no
sistema estomatognático no processo de envelhecimento e suas implicações na fala.
Participaram 36 idosas e sete idosos, com idade entre 65 e 85 anos. Os pesquisadores
revelaram predominância de: tônus labial adequado (22 sujeitos); tônus de língua normal (42);
flacidez em ambas as bochechas (29); tônus do músculo mentual adequado (42); mobilidade
normal dos lábios (39); mobilidade de língua adequada (25); mobilidade normal de mandíbula
(39). Verificaram cinco idosos com alterações na articulação; dois idosos com acúmulo de
saliva em comissuras; duas idosas com sibilância e uma com leve distorção do fonema /r/.
Encontraram associação estatisticamente significativa entre o tônus das bochechas e a
19
presença de fala normal, e também entre o tônus das bochechas e o acúmulo de saliva nas
comissuras labiais durante a fala. Além disso, foi encontrada associação significativa entre as
condições de mobilidade da mandíbula e a presença de fala normal ou a presença de alteração.
Houve ainda relação significativa entre sexo e mobilidade da língua, com um maior número
de idosas apresentando normalidade para essa variável e um número bem menor de mulheres
apresentando tremor ao movimento. A partir dos resultados, concluíram que os idosos
freqüentemente comunicam-se bem em seu meio, pois as leves modificações que ocorrem na
voz ou na articulação não têm grande impacto nas habilidades de comunicação. Mesmo na
presença de modificações, a população do estudo apresentou comportamentos adaptativos.
Não houve limitação da funcionalidade, possivelmente em função de as modificações serem
leves.
A Equipe Técnica da Casa Gerontológica de Aeronáutica Brigadeiro Eduardo
Gomes (equipe técnica do CGABEG, 2004) ressaltou que a redução das atividades
intelectuais e socioprofissionais, durante o processo de envelhecimento, pode levar ao uso
reduzido da linguagem oral, escrita e da comunicação em geral. Vale ressaltar que, segundo o
grupo, um histórico de falta de emprego da comunicação pode contribuir para precipitar ou
agravar quadros demenciais na terceira idade. A alteração da função auditiva também é
comum nesta população e contribui para o isolamento social.
Segundo Pinzan-Faria e Iorio (2004) a perda de audição resultante do
envelhecimento é caracterizada por uma lesão auditiva coclear, simétrica, progressiva e de
grau variável. A sensibilidade auditiva de baixa freqüência permanece próxima aos limites
normais, o que possibilita ao indivíduo ouvir a voz do outro. Todavia, ocorre uma perda
auditiva de alta freqüência, que causa dificuldade em ouvir as consoantes necessárias para
decodificar a mensagem. Por este motivo, é típico do indivíduo idoso afirmar que ouve o que
as pessoas dizem, porém, não entende.
Russo (2004) destacou que, entre os distúrbios da comunicação, a deficiência
auditiva corresponde a um dos mais incapacitantes na terceira idade, pois pode prejudicar de
maneira devastadora a participação do idoso na sociedade, comprometendo a comunicação
com os familiares, além de gerar impacto psicossocial e frustrações significativas na pessoa.
Esse distúrbio é marcado pela perda da sensibilidade auditiva e redução da inteligibilidade da
fala em níveis supraliminares e, para denominá-lo, é utilizado o termo presbiacusia. O idoso
portador de presbiacusia pode apresentar queixa de dificuldade na compreensão da fala mais
severa do que o esperado, considerando que os limiares audiométricos não são tão rebaixados
20
nesses casos. É comum também a queixa de intolerância a sons de forte intensidade,
conhecida como recrutamento.
Amaral e Sena (2004) realizaram um estudo científico cujo objetivo foi de analisar
o perfil audiológico dos pacientes atendidos em um núcleo de atenção médica. Compuseram a
população 260 pacientes, 122 homens e 138 mulheres, na faixa etária entre 65 e 104 anos. As
queixas mais freqüentes foram: zumbido (58,08%), dificuldade para entender (26,15%),
vertigem (9,62%), plenitude auricular (7,69%) e hipersensibilidade a sons fortes (6,54%).
Entre os achados, verificaram que dos 260 idosos, 10,77% apresentaram audição normal e
89,23% perda auditiva. A perda auditiva nessa população foi, primordialmente,
neurosensorial, de grau variado, bilateral e simétrica. A faixa etária de 65 a 70 anos foi a que
mais demonstrou procura pelo serviço de audiologia.
Alguns idosos passam a ter mudanças em sua vida pessoal devido às dificuldades
impostas pelo problema auditivo e é preciso ter em mente que a convivência com outras
pessoas é de fundamental importância para o envelhecimento saudável (Silva et al., 2005).
Por outro lado, Monteiro (2007) verificou em uma pesquisa com 55 idosos que as
alterações fonoaudiológicas não prejudicaram a satisfação quanto à qualidade de vida. A
população freqüentava um grupo de convivência, e foi composta por 15 homens e 40
mulheres entre 60 e 80 anos. Foi investigada a ocorrência de alterações na voz, audição e
funções orofaciais, bem como a correlação com os aspectos relacionados à qualidade de vida.
Esta foi considerada boa por 61,82% das pessoas, e em diferentes graus demonstraram
satisfação com a saúde (67,67%), apesar de necessitarem de assistência médica com
freqüência variada (61,82%). Em relação à voz, relataram que não tinham dificuldade para
falar ao telefone ou no trabalho (87,27%) e não evitavam atividades sociais devido a possíveis
problemas vocais (89,09%). Houve predominância de pessoas que não se queixaram de
problemas nas funções orofaciais: não percebiam estalos ou ruídos na fala (89,09%); não
achavam que sua articulação prejudicava o entendimento do ouvinte (83,64%); não relataram
dificuldade na fala (78,18%); e não apresentavam nenhuma dificuldade ao mastigar (65,45%).
Sobre a audição, 54,55% relataram ter dificuldade para ouvir. Contudo, o problema auditivo
não os levava a não querer sair de casa (90,91%) ou preferirem ficar sozinhos (89,09%).
Desta forma, os autores concluíram que a maioria dos idosos não relatou insatisfação no que
se refere à qualidade de vida e nem alterações fonoaudiológicas significativas. Observaram
que as mulheres apresentaram maior freqüência de queixas, principalmente quanto às funções
orofaciais.
21
3.3. O processo de envelhecimento vocal
A voz é uma das características que sofre modificações com o passar dos anos. O
fato de que a voz de pessoas idosas pode geralmente ser distinguida da de adultos jovens
demonstra que parece mesmo haver alterações específicas, geradas pelo envelhecimento, que
acometem a laringe humana (Honjo e Isshiki, 1980).
O mesmo ocorre com as estruturas do aparelho fonador, que apresentam alterações
anatomo-fisiológicas progressivas e contribuem também para que ocorram mudanças na
qualidade vocal. Na laringe, as modificações mais marcantes são a calcificação e a ossificação
progressiva das cartilagens e atrofia dos músculos laríngeos intrínsecos (Greene, 1989).
Aronson (1990) destacou as alterações na estrutura das pregas vocais, que são
responsáveis por mudanças significativas nas características da voz, como: atrofia muscular
somada à redução de massa, edema e desidratação da mucosa das pregas vocais.
De acordo com Sataloff (1991) a voz do idoso apresenta características similares
às identificadas em indivíduos portadores de determinadas patologias e no caso de realização
de repouso vocal prolongado, ou seja, não são exclusivas da velhice. O desuso da musculatura
provoca perda de fibras musculares, tanto por essas condições quanto pelo envelhecimento.
Vários pesquisadores buscaram esclarecer, ao longo dos anos, o processo de
envelhecimento da voz humana. Sob diversos pontos de vista, eles têm buscado completar o
panorama de fatores ligados a este complexo fenômeno. As diferenças entre os sexos em
relação à voz foram demonstradas em pesquisas. Contudo podem ser observadas também
características comuns no envelhecimento vocal de homens e mulheres.
Nas pesquisas de Priston et al. (1992) e Priston (1994), participaram 140
indivíduos brasileiros, de ambos os sexos, distribuídos em sete faixas etárias, dos 18 aos 89
anos. Foram avaliados: freqüência fundamental, tempo máximo de fonação (TMF) da vogal
/a/, capacidade vital e fluxo aéreo adaptado. Entre outros achados, observaram que a
capacidade vital teve um declínio em ambos os sexos; a freqüência vocal masculina manteve-
se estável até os 60 anos e, a partir de então, iniciou um aumento; e, nas mulheres, houve
redução desta a partir dos 50 anos, na menopausa. Em relação ao TMF, observaram uma
redução significativa em ambos os sexos nas faixas etárias mais avançadas. No sexo
feminino, encontraram os seguintes resultados: entre 60 e 69 anos, o valor médio do TMF do
/a/ foi de 15,2 segundos; entre 70 e 79 anos foi de 15 segundos e, entre 80 e 90 anos, foi de
12,4 segundos.
22
Sobre a etiologia dos distúrbios vocais em idosos, Morrison e Rammage (1994)
apontaram a possibilidade de existir uma ou mais etiologias, tais como: modificações
provenientes do envelhecimento normal, compensações vocais mal-sucedidas, doenças
psicológicas, distúrbios neurológicos, problemas orgânicos, refluxo gastroesofágico e
iatrogenias. Citaram como conseqüências normais do envelhecimento laríngeo a ossificação
das cartilagens, as modificações atróficas na lâmina própria e camada muscular das pregas
vocais, o edema e alterações polipóides na camada superficial da lâmina própria. Segundo os
autores, essas últimas são mais salientadas nas mulheres e podem promover insatisfação, pois
a freqüência da voz pode se igualar à masculina. A alteração citada pode gerar como
conseqüência a tentativa das idosas de elevar a freqüência fundamental, o que ocasiona um
aumento de tensão e pode produzir constrição lateral da laringe, favorecendo, portanto, a
ocorrência de disfonia ventricular. Para os autores, a instabilidade vocal, incluindo o tremor,
são também manifestações possíveis de se observar na voz de pessoas com idade avançada.
A fadiga vocal e a CPFA alterada são outras características observáveis, esta
última um fator com freqüência associado ao envelhecimento devido à progressiva redução do
suporte respiratório, com conseqüente tendência à diminuição do loudness*. Na voz do idoso,
é possível identificar características como: presença de tremor vocal, voz de qualidade rouca,
soprosa ou áspera, instabilidade, fadiga vocal e compensações inapropriadas na tentativa de
produzir uma voz com qualidade vocal melhor (Andrews, 1995).
Conforme referiu Bertelli (1995), a laringe assume uma posição mais baixa em
mulheres idosas e há redução da ressonância vocal. A voz tende a ficar estereotipada, com
pitch alterado, rouca, com falta de intensidade e modulação. Em mulheres após a menopausa,
mudanças hormonais alteram a freqüência fundamental.
Em relação ao envelhecimento vocal, Morrison e Rammage (1996) preconizaram
que a maioria das alterações da voz relacionadas com a idade ocorre devido a processos
degenerativos fisiológicos naturais.
Em uma investigação sobre a ocorrência de mudanças vocais ao redor dos 50 anos
de idade, Boulet e Oddens (1996) avaliaram 72 cantores clássicos, 48 mulheres e 24 homens,
com idade entre 40 e 74 anos. Os pesquisadores aplicaram um questionário em três diferentes
países: Bélgica, Holanda e Áustria. Verificaram que 77% das mulheres e 71% dos homens
relataram que as mudanças na voz começaram a ocorrer por volta dos 50 anos. O grupo
feminino destacou em seu relato a dificuldade para alcançar notas altas, e o grupo masculino
relatou que o controle vocal estava mais difícil. Durante a menopausa, as mulheres * O loudness corresponde à sensação psicofísica da intensidade vocal (Behlau et al., 2001).
23
apresentaram rouquidão, compressão do registro, menor flexibilidade das pregas vocais e
estabilidade vocal reduzida, com manutenção dos registros agudos.
A partir de uma pesquisa com indivíduos idosos de ambos os sexos, Morsomme et
al. (1997) enfatizaram que a qualidade vocal é menos comprometida nas mulheres idosas.
Constataram tempo de fonação mais reduzido no sexo feminino e, em ambos os sexos,
redução na capacidade respiratória vital. Para os autores, isto faz com que o idoso fale frases
mais curtas devido à necessidade de reabastecimento constante de ar.
Feijó et al. (1998), em um estudo no qual avaliaram o comportamento vocal de 42
indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 65 anos, demonstraram que a
tendência é haver uma ressonância laringofaríngea (63% das mulheres e 85% dos homens) e
pitch grave. Encontraram, também, intensidade vocal forte, tanto para fonação sustentada
quanto para fala encadeada. Em relação ao tempo máximo de fonação, observaram uma
redução: nas vogais, a média do TMF foi de 13,62 segundos para as mulheres e 15,27 para os
homens; na consoante /s/, 12,52 para as mulheres e 12 segundos para os homens; e o TMF do
/z/ foi de 13,96 e 12,25 segundos, respectivamente. Além disso, 50% dos participantes
apresentaram queixa de fadiga vocal e quase metade deles apresentou rouquidão, tanto na
avaliação perceptiva fonoaudiológica quanto na auto-percepção dos sujeitos. Foi encontrado
padrão articulatório normal em 81% das mulheres e 40% dos homens. Em relação ao tipo
vocal, 37% das mulheres apresentaram voz rouca; 34%, presbifônica; 12%, normal; 9%,
soprosa; 4%, monótona; 4%, agudizada. Nos homens prevaleceu o tipo vocal presbifônico
(60%). Concluíram que os dados constatados reforçaram a relevância de se tentar estabelecer
os parâmetros de normalidade para esta população.
Ferreira (1998) apontou algumas modificações na musculatura intrínseca da
laringe durante o envelhecimento, como: degeneração de gordura nos tecidos, com
conseqüente declínio na elasticidade dos ligamentos; perda de tecidos e atrofia; calcificação
das cartilagens; possibilidade de ocorrer arqueamento das pregas vocais, e redução dos
movimentos vibratórios da onda mucosa. A capacidade respiratória também é modificada: o
fluxo de ar médio reduz e há diminuição nos tempos máximos de fonação. Há redução do
suporte respiratório e menor pressão subglótica, promovendo intensidade vocal diminuída. Na
mulher, o edema das pregas vocais é um achado comum, principalmente se é fumante.
Costa e Andrada e Silva (1998) relataram que podem influenciar no
envelhecimento vocal: os fatores psicológicos (diminuição da motivação e novos medos);
fatores neurológicos, com redução do controle neural; e endocrinológicos, relacionados a um
24
declínio na produção de hormônios, redução na capacidade pulmonar e alteração na qualidade
do epitélio que reveste a laringe.
Pautado na literatura sobre o envelhecimento vocal, Bressan (1999) afirmou em
uma pesquisa bibliográfica que limitações respiratórias e influências hormonais somadas ao
envelhecimento aumentam as perturbações na qualidade vocal. Para a mulher, a freqüência
fundamental diminui mais rapidamente após a menopausa, o pitch se agrava, enquanto nos
homens este se torna mais agudo com o passar dos anos. Há uma redução na extensão dos
sons agudos e loudness reduzido em ambos os sexos. Há tendência de a voz do idoso ser
caracterizada por rouquidão, TMF reduzido, pausas articulatórias longas, velocidade de fala
lenta, grau de nasalidade aumentado, esforço ao falar e articulação imprecisa. Quanto à queixa
vocal, raramente é observada no indivíduo idoso, em virtude de as prioridades deles serem
outras, como, por exemplo, sua condição geral de saúde. Complementou ainda que as
alterações na voz podem fazer o idoso sentir-se inadequado, inseguro e pode levá-lo a sofrer
por isso.
Abitbol et al. (1999) associaram a fadiga vocal a questões hormonais, ou seja, ao
aumento dos níveis dos androgênios, que provoca atrofia da mucosa das pregas vocais, além
de redução nas células glandulares da laringe. Este fato ocasiona redução da hidratação da
borda livre das pregas vocais, cujo ressecamento leva à fadiga rápida e à disfonia. Os autores
fizeram referência à síndrome vocal da menopausa, a qual é caracterizada principalmente por
intensidade vocal diminuída; fadiga vocal; escala vocal reduzida, com perda dos tons mais
agudos; perda do timbre na fala e no canto; e piora da qualidade vocal. Essa é progressiva e
mais percebida por profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, a saber:
cantores, atores, advogados, entre outros. Os autores apresentaram um estudo realizado com
cem mulheres na menopausa, no qual foram submetidas à gravação vocal em vídeo,
estroboscopia e espectografia. Dessas, 17 apresentaram disfonia e outros sintomas da
síndrome. A maioria mostrou, entre outros sinais, atrofia do músculo vocal, redução na
espessura da mucosa e redução na mobilidade da articulação cricoaritenóidea. Noventa e três
mulheres não se queixaram de problemas vocais, porém apresentaram sintomas discretos da
síndrome.
Para Brasolotto (2000), há evidências significativas de que o envelhecimento afeta
a estrutura e as funções da laringe. A autora relatou que pesquisas com a utilização de
laringoscopia têm demonstrado modificações na morfologia das pregas vocais de idosos, as
quais influenciam a qualidade vocal.
25
Ao discorrerem sobre as características vocais na terceira idade, Behlau et al.
(2001a) apontaram: pitch feminino com tendência a grave e masculino a agudo, qualidade
vocal com tendência a instável e trêmula, loudness com propensão a reduzido, e
predominância de incoordenação pneumo-fonoarticulatória, por falta de suporte respiratório.
Os pesquisadores citaram ainda que os estudos já realizados na área não possibilitam a
descrição de um marcador único e exclusivo do envelhecimento vocal. Ressaltaram que as
vozes mostradas na televisão ou no cinema como sendo de idosos correspondem a
estereótipos, e não exatamente a um padrão vocal dessa população.
De acordo com Deivitis e Barros (2002), existem alguns aspectos que
acompanham o envelhecimento, propiciam a ocorrência de alterações nos ajustes laríngeos e
culminam em modificações na voz. Entre eles, destacaram as modificações no pulmão, com
alteração da produção e direcionamento da energia sonora, promovendo uma voz mais fraca.
Para os autores, a qualidade vocal é também influenciada por condições auditivas, e
exemplificaram que quando uma pessoa não ouve bem, tende a aumentar a intensidade vocal
e, assim, provoca uma mudança sistemática nos ajustes fisiológicos da laringe. Com o passar
do tempo esta condição pode alterar a qualidade vocal do indivíduo.
Ferreira e Annunciato (2003), ao descreverem as mudanças vocais relativas à
idade, pontuaram uma série de observações. Relataram que o envelhecimento reduz a
eficiência biomecânica da laringe, o que pode afetar significativamente a voz. Reforçaram que
a laringe que apresenta sinais de envelhecimento recebe o nome de presbilaringe e pode gerar
a presbifonia. Alguns fatores atuam como limitantes nas habilidades de comunicação, como:
deterioração do controle neuromuscular, do sistema sensorial, nível de energia, efeitos de
medicações, estado psicológico e morbidades, como, por exemplo, patologias pulmonares,
neurológicas e cardiovasculares. Ressaltaram que as alterações vocais do sujeito idoso são
mais visíveis a partir dos 60 anos de idade e que os efeitos são mais marcantes no sexo
feminino, com maiores conseqüências na voz cantada, na qual pode ser identificada uma
diminuição da potência, da tessitura e deterioração da qualidade. Pode haver fraqueza na voz
relacionada à diminuição na capacidade vital, e voz trêmula, justificada pela irregularidade
progressiva na expiração durante a fonação. Além disso, o idoso tende a realizar
compensações vocais, como o aumento da intensidade da voz na presença de alterações
auditivas. Acrescentaram, também, que as características vocais do idoso mostradas na
literatura se referem a uma tendência, e não a um padrão vocal apresentado por todos os
indivíduos.
Behlau (2004) afirmou que, apesar de existirem divergências, a freqüência
26
fundamental é o principal marcador vocal da idade, e esta se apresenta mais aguda nos
homens e mais graves nas mulheres. O abaixamento do pitch ocorre em mulheres,
provavelmente em conseqüência do edema pós-menopausa e da queda hormonal.
As características vocais de indivíduos idosos foram investigadas em um estudo de
Venites et al. (2004). As pesquisadoras tiveram como objetivo verificar a efetividade de um
programa de reabilitação vocal para indivíduos com queixa de voz e comparar os aspectos da
avaliação da dinâmica fonatória, respiratória e da avaliação perceptivo-auditiva vocal antes e
depois da aplicação do programa. A população compreendeu 25 idosos, com idade entre 62 e
86 anos. Estes foram submetidos a 12 sessões fonoaudiológicas grupais e semanais. Antes e
após a intervenção, os idosos passaram por uma avaliação clínica da dinâmica respiratória e
fonatória, bem como avaliação perceptiva auditiva da voz. No período pré-intervenção, foi
verificado TMF com média de 12 segundos, 12,1 segundos e 12,2 segundos para as vogais /a/,
/i/ e /u/, respectivamente, e relação s/z com média de 0,96 segundos. Foram encontrados,
entre outros achados, predominância de: loudness reduzido (56%); velocidade de fala
reduzida (56%); coordenação pneumo-fonoarticulatória ausente (72%); ataque vocal aspirado
(44%); ressonância laringo-faríngea (72%); pitch grave (56%); e articulação indiferenciada
(52%). Em relação à qualidade vocal, observaram: vozes não neutras desviadas (40%), vozes
não neutras alteradas (12%); vozes neutras (48%); e grau de alteração discreto (24%),
moderado (21%) e grave (16%). Concluíram que, no período pós-intervenção, houve melhora
estatisticamente significativa da ressonância, pitch, CPFA e modulação.
Sobre a presbifonia, Behlau et al. (2005) pontuaram que esta deve ser considerada
um processo de envelhecimento normal, e não um transtorno vocal, apesar de ser difícil
estabelecer um limite entre os dois.
Ximenes-Filho et al. (2005) enfatizaram que a presbifonia tem origem
multifatorial e que são inúmeras as modificações laríngeas provocadas pelo envelhecimento.
Relataram que, atualmente, os principais fatores associados ao desenvolvimento da
presbifonia correspondem a: atrofia de fibras musculares, diminuição de fibras elásticas,
redução da espessura das mucosas, calcificação das cartilagens da laringe e redução na
velocidade de transmissão neural. Adicionalmente, afirmaram que podem ser identificadas as
qualidades de voz fraca, soprosa e trêmula.
Um estudo realizado por Menezes e Vicente (2007) avaliou as características
vocais de idosos institucionalizados, identificou se essas características interferem no
processo de comunicação e as correlacionou com a avaliação das estruturas do sistema
estomatognático e do padrão de fala. Participaram da pesquisa 48 idosos (46 mulheres e dois
27
homens) com média de idade de 75,7 anos. Na avaliação perceptivo-auditiva vocal,
observaram predomínio de qualidade vocal rouca (70,8%) em grau moderado (33,3%),
loudness reduzido (56,2%), pitch grave (62,5%), TMF reduzido (81,2%), precisão
articulatória preservada (83,3%) e inteligibilidade de fala preservada (83,3%). Entre os
participantes, 85,4% responderam, durante a anamnese, que a voz não interfere em sua
comunicação. Concluíram que o envelhecimento sadio traz conseqüências quanto aos
parâmetros da voz, as quais têm relação com outras mudanças no sistema estomatognático.
Contudo, as alterações provocadas não têm influência significativa no desempenho
comunicativo do indivíduo.
3.4. Fatores interferentes no processo de envelhecimento da voz, queixa e
propriocepção vocal
Dados apresentados na literatura enfatizaram uma marcante variabilidade do
envelhecimento vocal entre os indivíduos e destacaram fatores relacionados a esta
diferenciação.
Morrison e Rammage (1994) afirmaram que o desuso vocal pode acentuar as
alterações na camada superficial da lâmina própria da prega vocal e declararam que os efeitos
do envelhecimento na voz podem ser menos evidentes em idosos que apresentem uma
condição física boa.
Segundo Ferreira (1995), a voz corresponde a um instrumento de interação social e
que, portanto, os fatores psicológicos e sociais são determinantes de uma voz.
Brown (1996), por sua vez, relatou que o raciocínio em relação à voz deve
obedecer ao mesmo aplicado sobre o desenvolvimento muscular geral do corpo humano: a
voz de cada pessoa tem a própria capacidade de se desenvolver, e o número de fibras
musculares varia de um indivíduo para outro. Observou vários cantores e concluiu que, com o
uso correto da voz, pode ser promovida uma boa saúde vocal e ser preservada a qualidade
desta durante um tempo prolongado de vida. De acordo com o pesquisador, cantores com uma
longa carreira conservaram suas vozes com a realização de exercícios vocais regulares. Os
exercícios diários possibilitaram um bom condicionamento vocal.
Para Sataloff et al. (1997), o desuso da voz pode provocar perdas de fibras
musculares. Os autores acrescentaram ainda que as pessoas fisicamente ativas têm vozes
28
difíceis de ser distinguidas das vozes de falantes jovens.
Boone (1997) apontou outro fator de influência sobre a voz: o treinamento vocal,
que possibilita a um artista, com estilo de vida e trabalho regrado, um grande controle
respiratório e habilidade fonatória que excede o do não-artista. Ou seja, o profissional da voz
idoso mantém um padrão vocal surpreendentemente estável quando comparado à voz de um
indivíduo não treinado.
Costa e Andrada e Silva (1998) ressaltaram que o período de máxima eficiência da
voz geralmente ocorre entre os 25 e 40 anos, sendo que o grau de deterioração vocal depende
de cada pessoa. Este varia conforme outros fatores: sociais e ambientais, saúde física e
psicológica, história de vida, raça e hereditariedade.
Behlau (1999) também pontuou que o início da presbifonia, o desenvolvimento e o
grau de deterioração vocal dependem de cada indivíduo e que há influência dos aspectos
constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais, ambientais, psicológicos e estilo de
vida. As observações que a autora realizou a partir do estudo de indivíduos com vozes
treinadas e indivíduos fisicamente ativos permitiram inferir que os exercícios vocais
contribuem para minimizar os efeitos da idade sobre a voz.
Dada a importância da voz, a qual mantém íntima relação com a identidade
pessoal, na presença de modificações vocais podem acontecer dificuldades de comunicação e
problemas em relação à auto-imagem no idoso. Desta forma, este pode modificar seu
comportamento laríngeo, a fim de compensar as diferenças em sua voz (Brasolotto, 2000).
Decoster e Debruyne (2000) afirmaram que, mesmo em estudos longitudinais, não
é possível verificar todos os fatores que interferem no envelhecimento e/ou eliminar todos da
amostra.
Para Greene e Mathieson (2001) é visível que, na crença popular geral, existe um
estereótipo estruturado sobre a voz do idoso, o que pode ser comprovado ao observarmos a
interpretação dada por atores ao imitar a voz de um idoso. No entanto, para o autor,
características reconhecidas como pertinentes ao processo de envelhecimento vocal não
costumam ser observadas nas pessoas cujas vozes são naturalmente bem produzidas ou que
realizaram treinamento vocal.
Os pesquisadores do envelhecimento da voz salientaram as queixas mais presentes
no discurso do idoso e demonstraram sua auto-imagem vocal.
De acordo com Bilton e Sanchez (2002), as principais queixas e sintomas vocais
relatados por pessoas idosas são: alterações na qualidade vocal, como a rouquidão e a afonia;
fadiga vocal; cansaço durante a emissão da voz; esforço para melhorar a projeção vocal;
29
presença de ar na voz; falta de modulação; tremor vocal; dificuldade em modular a
intensidade vocal; dor à produção da voz; dor muscular na região da cintura escapular;
sensação de ardor e queimação ou corpo estranho na laringe. Tais sintomas podem estar
associados a alterações que excedem aquelas decorrentes apenas do processo de
envelhecimento vocal. São observadas queixas mais destacadas nas pessoas que utilizam a
voz no canto. As mais comuns, nesses casos, são a perda dos tons agudos e a diminuição da
extensão vocal.
Aquino (2003), com a utilização do Protocolo de Qualidade de Vida e Voz (QVV),
investigou a opinião dos idosos sobre sua própria voz e estabeleceu as relações entre esta e a
qualidade de vida. Fizeram parte da amostra cem idosos (60 mulheres e 40 homens), com
idade igual ou superior a 65 anos. Obteve como resultado que 68% dos homens e 40% das
mulheres classificaram suas vozes como excelentes. Concluiu que a maioria dos participantes
apresentou uma avaliação positiva em relação à própria voz e não demonstrou alterações na
qualidade de vida relacionada à voz.
Foi realizado por Anhoque (2003) um estudo científico com o objetivo de
investigar se há diferenças na qualidade vocal e parâmetros acústicos entre idosas fisicamente
ativas (que praticavam atividade física aeróbica regular) e sedentárias (que não praticavam
nenhuma atividade). Compuseram a amostra 31 mulheres fisicamente ativas e 20 sedentárias,
na faixa etária entre 65 e 88 anos. Estas foram selecionadas por meio de um questionário com
foco na auto-avaliação vocal, hábitos relacionados à voz e na prática de atividades físicas
regulares. Na auto-avaliação da voz, entre as idosas ativas, 19 (61,3%) avaliaram suas vozes
como normais e 12 (38,7%), como vozes alteradas. Entre as sedentárias, oito (40,0%)
consideraram suas vozes como normais e 12 (60,0%) como alteradas. O TMF, em ambos os
grupos, foi respectivamente de 10,4 e 4,7 segundos. A qualidade vocal apresentada pelas
idosas ativas foi predominante tensa e pelas sedentárias foi principalmente rouca. As vozes de
mulheres ativas foram consideradas instáveis em 61,3% dos casos e nas sedentárias, em 80%.
As ativas apresentaram uma articulação predominantemente adequada (80,6%), enquanto
45% das sedentárias tiveram sua articulação considerada adequada. Desta forma, a autora
concluiu que as idosas sedentárias têm mais tendência a apresentar rouquidão e, por outro
lado, aquelas fisicamente ativas tendem a apresentar mais tensão na voz, maior TMF, melhor
articulação e estabilidade vocal.
A investigação da autopercepção vocal foi objetivo de estudo em outra pesquisa
(Schneider et al., 2004), da qual participaram 107 mulheres, com idades entre 37 e 71 anos,
que foram submetidas à avaliação fonoaudiológica e otorrinolaringológica. Destas, 54% não
30
perceberam mudança em suas vozes com o passar dos anos, mas aquelas que perceberam
associaram-na à menopausa.
Venites et al. (2004) afirmaram que a queixa vocal do idoso reflete a valorização
do papel e da influência da comunicação em suas atividades diárias.
Vale ressaltar que o início da presbifonia, o desenvolvimento e o grau de
deterioração vocal são individuais; dependem do sujeito e das compensações que realiza de
forma inconsciente em virtude do declínio na eficiência da voz (Behlau et al., 2005).
Brasolotto (2005) destacou que, apesar de os indivíduos na terceira idade
apresentarem diferenciações nas manifestações do envelhecimento na voz e na laringe, há
modificações comuns e relevantes na qualidade da voz decorrentes da idade, e estas não
causam necessariamente incômodo ao idoso.
Em uma investigação qualitativa realizada por Machado et al. (2005) foram
analisados os sentidos atribuídos à voz por mulheres após a menopausa. Foram selecionadas
30 mulheres, de 48 a 59 anos, não-profissionais da voz, em amenorréia há pelo menos um
ano. Constataram, por meio de entrevista gravada, que a voz é utilizada na comunicação para
o estabelecimento de relações e auto-reflexão da vida. Verificaram que as alterações vocais
promovem conflitos ou contradições na constituição da nova identidade. As mulheres
identificaram e atribuíram sentidos e significados para a voz que não se relacionam somente
com a fisiologia vocal. Emergiu nos discursos a relação da voz com os fatores
biopsicossociais do cotidiano, sugerindo que estes devam sempre ser considerados como
importantes questões de influência sobre a voz.
Costa e Matias (2005) desenvolveram um estudo que teve a finalidade de verificar
o impacto da voz na qualidade de vida da mulher idosa, por meio dos questionários Short-
form Health Survey (SF36) e Voice Index Handicap (VHI). Participaram 50 mulheres, com
idades entre 60 e 87 anos. De acordo com os dados obtidos no VHI, 80% delas apresentaram
baixo nível de desvantagem vocal, ou seja, consideraram suas vozes adequadas para as suas
atividades cotidianas. Foram encontrados valores estatisticamente significativos nas
correlações entre o domínio físico do VHI e os domínios do SF-36 de funcionamento físico,
dor corporal e papel físico na vida. Os autores declararam que a correlação significativa entre
o domínio físico e o funcionamento físico sugere que as mudanças na qualidade vocal, o
esforço ao falar e a instabilidade vocal, que ocorre no envelhecimento, podem promover
limitações na realização das tarefas físicas diárias como: fazer compras, caminhar, tomar
banho e praticar esportes. Complementaram que, por mais que não haja uso vocal nas
atividades avaliadas na escala funcionamento físico, os domínios físico e funcionamento
31
físico estão associados. Verificaram que a alteração na qualidade vocal, o esforço ao falar, a
instabilidade e a fadiga vocal podem representar algumas das causas que levam os idosos a
buscar os serviços de saúde. Encontraram também a correlação estatística de que quanto
maior for a desvantagem vocal, pior é a qualidade de vida do sujeito.
Pontes et al. (2005) avaliaram a relação entre as características indicativas de
presbilaringe com a ocorrência de queixa vocal e alterações da mucosa das pregas vocais.
Participaram da pesquisa 210 pessoas acima de 60 anos de idade (88 homens e 122 mulheres),
com queixas faringo-laríngeas. Foram utilizados registros clínicos dos pacientes e exames de
laringoscopia, nos quais investigaram a ocorrência de: características glóticas de arqueamento
de pregas vocais, saliência de processos vocais, fenda fusiforme membranácea, que são
achados referentes à presbilaringe; aumento de massa de pregas vocais, leucoplasia e
alterações de pregas vocais. As queixas vocais ocorreram em 63,81% dos sujeitos e as mais
freqüentes foram: tosse (22,38%), pigarro ou secreção (20,00%), desconforto faringo-laríngeo
(19,52%), dificuldades de deglutição (12,81%), dispnéia (9,05%), alergia (5,24%) e ronco
(2,38%). Diante de alguns dos resultados obtidos, concluíram que houve maior ocorrência de
queixa de voz na ausência de arqueamento de pregas vocais. Os homens com arqueamento de
pregas vocais e saliências de processos vocais apresentaram maior ocorrência de queixa do
que as mulheres. E, além disso, verificaram que não houve diferença na ocorrência de queixa
entre pacientes com ou sem saliência de processos vocais e fenda fusiforme.
Em uma pesquisa, Polido et al. (2005) afirmaram que, por existirem tantas
variáveis envolvidas no envelhecimento, é importante saber o que o idoso pensa sobre si,
sobre sua voz e quais são as suas expectativas em relação a ela. Os autores realizaram uma
pesquisa com objetivo de comparar as características perceptivo-auditivas da voz de idosas
com a literatura e verificar a sua propriocepção quanto ao próprio envelhecimento vocal.
Fizeram parte da amostra cem mulheres entre 60 e 95 anos, as quais responderam questões
sobre a autopercepção do corpo, a voz e o rejuvenescimento vocal. Alguns dados obtidos na
avaliação perceptivo-auditiva fonoaudiológica mostraram que: o TMF estava reduzido; a
ressonância da maioria da amostra estava equilibrada, seguida de uma minoria com
ressonância baixa e alguns sujeitos com ressonância alta; o tremor vocal foi observado apenas
em uma minoria; o loudness foi classificado como adequado; e foi encontrada articulação
precisa na população estudada. O pitch se apresentou mais agravado, especialmente no caso
das fumantes. Os autores pontuaram que, na presbifonia, a estabilidade vocal pode estar mais
ou menos alterada de acordo com as condições do sistema respiratório e controle
neuromuscular. Afirmaram também que a falta de sustentação da qualidade vocal, observada
32
nos sujeitos desta pesquisa, caracterizada geralmente por crepitação na voz, é típica da
presbifonia.
Ainda sobre os dados da pesquisa anterior, estes revelaram que grande parte das
mulheres que tinham a voz, segundo os juízes, pouco ou muito envelhecida, não perceberam
este fato. Ao final da gravação, a maioria das idosas quis ouvir a própria voz e, ao se
escutarem, se surpreenderam dizendo que aquela voz era feia e parecia com a de uma pessoa
muito velha. Aquelas pessoas com alteração ressonantal comentaram que não eram
compreendidas pelo companheiro quando falavam e afirmaram que isso acontecia porque ele
não ouvia bem, mas não cogitaram a hipótese de que elas próprias tinham dificuldade em
projetar a voz. Segundo os autores, a falta de percepção do envelhecimento da própria voz
observadas em algumas das participantes pode estar relacionada ao fato de elas não serem
profissionais da voz e também em função de algumas terem vida social inativa, o que lhes
conferiu menos experiências vocais.
Soyama et al. (2005) realizaram uma pesquisa com objetivo de caracterizar, por
meio de análise acústica, os aspectos de longo termo da qualidade vocal de homens e
mulheres idosos, e discutir sua relação com os aspectos fisiológicos do envelhecimento. A
amostra foi composta por quatro falantes do sexo feminino e quatro do sexo masculino. Os
traçados de longo termo demonstraram variações de energia espectral em determinadas faixas
de freqüência, capazes de distinguir os falantes entre si, mas não entre os gêneros. O
julgamento perceptivo-auditivo das vozes mostrou uma identificação adequada do gênero dos
falantes. Todavia, a faixa etária prevista foi inferior em até aproximadamente duas décadas.
Os autores sugeriram que isto ocorreu devido à boa condição física, de saúde e vocal de
alguns participantes que tinham como hábito praticar exercícios físicos e participar de coral.
Cassol e Bós (2006) realizaram uma pesquisa com o propósito de avaliar as
modificações de sintomas vocais, em idosos no período de dois anos de atividade em canto
coral. Participaram 44 pessoas entre 60 e 80 anos (média de 65 anos para o sexo feminino e
de 67 anos para o masculino). Os sintomas vocais foram avaliados em quatro etapas (inicial,
após oito meses de atividade, pós-férias e após 21 meses), por meio da aplicação de um
questionário com perguntas referentes à voz. Na fase pré-atividade, os sintomas vocais
referidos pelos participantes foram: queixa de voz rouca (6,8%); problemas de voz (25,0%);
rouquidão pós-ensaio do coral (9,1%); piora da voz após o canto (4,5%) e quebras na voz
(27,3%); voz desafinada (38,6%); dificuldade na emissão de tons agudos (45,5%); dificuldade
na emissão de tons graves (25,0%); falta de ar para terminar frases musicais (36,4%); hábito
de pigarrear (31,8%); automedicação para sintomas vocais (20,5%); e uso intensivo da voz
33
em outras atividades (20,5%). Concluíram que, no que se refere aos sintomas vocais, os
idosos passaram a ter mais controle sobre a emissão vocal no canto em coral, a desafinar com
menor freqüência, relataram maior controle de ar, passaram a ter menor índice de queixas de
voz e mostraram-se mais ativos vocalmente com a participação no coral. Os autores acreditam
que a melhora da maioria dos sintomas vocais tem importância clínica, apesar de não ter sido
estatisticamente significativa. Um fator que pode ter influenciado a não-obtenção de dados
estatisticamente significativos foi os participantes serem saudáveis do ponto de vista médico e
terem apresentado inicialmente poucos sintomas vocais.
Um estudo de Rocha et al. (2007) teve como finalidade comparar a extensão vocal
de 40 idosos coralistas há mais de três anos e 40 idosos não-coralistas, e analisar a influência
da prática do canto coral amador na extensão vocal de idosos. Participaram da pesquisa 20
homens e 20 mulheres em cada grupo. Na coleta da extensão, observaram as seguintes
características vocais: aumento da extensão no falsete, para os homens; instabilidade vocal,
incluindo emissão trêmula; perda dos extremos na extensão da voz e dos formantes das notas
altas; e perfil de extensão vocal com valores médios. Verificaram que a extensão vocal dos
indivíduos estava além dos padrões referidos na literatura, que demonstra que os idosos
apresentam uma extensão vocal de duas oitavas ou menos. Nessa pesquisa, a maioria dos
sujeitos (coralistas e não-coralistas) alcançou no mínimo duas oitavas. Constataram também
que o número de semitons atingido pelos coralistas foi significativamente maior do que o
alcançado pelos não-coralistas, ou seja, concluíram que a prática do canto coral amador
promove um aumento importante da extensão vocal dos idosos.
Soares et al. (2007) compararam as diferenças entre a presença dos hábitos
inadequados, as formas de prevenção e os sintomas vocais mais freqüentes em dois grupos de
idosos. Para tanto, aplicaram um questionário em 45 indivíduos de ambos os sexos. Apenas
um grupo recebeu orientações vocais, por um fonoaudiólogo, durante o ano anterior à
pesquisa. Os pesquisadores observaram que aqueles que receberam orientação apresentavam
hábitos inadequados em menor freqüência, adotavam algum tipo de cuidado preventivo para
problemas de voz e alguns relataram realizar treinamento vocal. Por outro lado, aqueles que
não receberam orientação, não relataram nenhum cuidado com a voz e apresentaram, em
comparação com o grupo que havia recebido orientações, maior freqüência de queixa de
cansaço ao falar (50%), dor na garganta (50%) e sensação de corpo estranho (67%). Em suma,
concluíram que o grupo que foi orientado apresentou índices menores de presença de hábitos
inadequados e sintomas vocais, o que demonstrou a eficácia do trabalho de orientação sobre a
saúde vocal.
34
4. MÉTODO
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, sob o n° 040/2006 (anexo 1).
O estudo é do tipo transversal observacional.
4.1. Seleção dos sujeitos
A pesquisa foi realizada com mulheres entre 60 e 90 anos. Optou-se por incluir
somente mulheres que realizavam alguma atividade física e/ou de lazer fora do domicílio.
Foram excluídas da pesquisa aquelas que:
a) relataram apresentar alterações neurológicas ou doenças degenerativas;
b) haviam realizado tratamento para câncer de cabeça e pescoço e/ou cirurgias na laringe;
c) declararam estar com um quadro de hipertireoidismo ou hipotireoidismo, com níveis
hormonais alterados detectados por meio dos exames específicos;
d) estavam com alterações em vias aéreas superiores ou inferiores no dia da avaliação;
e) apresentavam rebaixamento do nível de consciência segundo a percepção da pesquisadora.
Foram convidadas a participar do estudo mulheres a partir de 60 anos, pois a
Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como população idosa aquela a partir desta
idade. Este limite é válido para os países em desenvolvimento.
Os critérios de exclusão foram investigados pela pesquisadora no dia da avaliação.
Vale ressaltar que as idosas que faziam uso de medicação para hiper ou hipotireoidismo foram
questionadas há quanto tempo haviam se consultado com médico e realizado exames
relacionados à tireóide. Foram incluídas aquelas que faziam uso de medicação para essas
enfermidades, mas que afirmaram ter se consultado com médico há pelo menos três meses e
que obtiveram, nos exames a que se submeteram, resultados compatíveis com a normalidade,
segundo avaliação clínica.
35
A partir de cálculo estatístico ficou determinado que o tamanho amostral mínimo
necessário para a coleta de dados proposta seria de 84 participantes. Este número de sujeitos
foi calculado estatisticamente, com base na fórmula proposta por Cochran (1986).
Para a análise dos resultados e de forma a cumprir o objetivo do estudo, a amostra
foi dividida de acordo com a faixa etária. Logo, como seriam formados três grupos (três
faixas etárias), o tamanho mínimo calculado estatisticamente para cada grupo foi de 28
mulheres. Os três grupos foram dispostos da seguinte forma:
Grupo 1 (G1) 60 a 69 anos
Grupo 2 (G2) 70 a 79 anos
Grupo 3 (G3) 80 a 90 anos
Do Grupo 1 fizeram parte 32 mulheres; do Grupo 2, 34 mulheres; e do Grupo 3, 28
mulheres.
4.2. Instrumentos de pesquisa
4.2.1. Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da
profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o
envelhecimento (anexo 4)
O formulário foi elaborado pela pesquisadora e pela orientadora, a fim de servir
aos propósitos da pesquisa e teve como base estudos científicos sobre a voz e a comunicação,
a saber: Soyama et al. (2005); Cassol (2004); Polido et al. (2005) e Figueiredo et al. (2003).
Segundo Cochran (1986, p.75), adota-se a seguinte fórmula para o cálculo do tamanho mínimo da:
2
2
d
)p1.(p.tn
Onde: n = tamanho da amostra desejada; t = abscissa da curva normal determinada por uma área de tamanho, que é o risco adotado para que a margem de erro adotada seja a menor possível; d = margem de erro adotado, ou, também chamada de precisão adotada; p = proporção de ocorrência do fato observado.
36
O instrumento é constituído por perguntas abertas e fechadas, com um total de 59
questões, incluindo os subitens. Os questionamentos foram elaborados de forma a não induzir
as respostas das participantes.
A seguir, estão descritos os itens presentes no formulário, agrupados em blocos de
perguntas, de acordo com o assunto:
1o domínio Identificação pessoal: iniciais, idade, data de nascimento e telefones para
contato.
2o domínio (questão 1 e subitens) Atividade profissional: refere-se à existência de
atividade profissional pregressa e atual, e tem como objetivo principal identificar aquelas
pessoas que fizeram uso profissional da voz.
3o domínio (questão 2) Moradia: visa identificar com quem a idosa mora ou se reside
sozinha, a fim de obter mais uma informação quanto a sua demanda vocal e contato familiar.
4o domínio (questões 3 e 4 e subitens) Saúde geral: investiga a saúde geral e o uso de
medicamentos.
5o domínio (questões 5 a 15 e subitens) Hábitos cotidianos e saúde vocal: pesquisa o
uso de álcool e fumo, a prática de atividade física, atividade social e/ou de lazer, como
acontece o uso vocal no dia-a-dia, prática de canto, hábito de pigarrear, tossir, gritar, falar alto
e ingestão de água.
6o domínio (questões 16 e subitens) Audição: investiga a ocorrência de relato de
dificuldade para ouvir, presença de sintomas auditivos, realização de audiometria e uso de
prótese.
7o domínio (questões 17 a 25 e subitens) Aspectos vocais: existência de queixa vocal;
histórico de problema de voz; realização prévia de tratamento fonoaudiológico; autopercepção
da voz; e noções sobre o que faz bem e mal à voz.
8º domínio (questão 26) Opinião sobre o envelhecimento: uma pergunta aberta sobre
como é o envelhecer na opinião da participante.
4.2.2. Protocolo de registro do tempo máximo de fonação (anexo 5)
O protocolo foi usado no momento da avaliação para o registro, pela pesquisadora,
do tempo máximo de fonação das participantes na vogal /a/ e nos fonemas /s/ e /z/.
37
4.2.3. Protocolo de registro de dados da avaliação perceptivo-auditiva da voz
(anexo 6)
Para a avaliação perceptivo-auditiva da voz, realizada por juízes fonoaudiólogos,
foi utilizado um protocolo elaborado especificamente para esta pesquisa, o qual contemplou
os seguintes parâmetros: coordenação pneumo-fonoarticulatória, articulação, pitch, loudness,
ressonância, qualidade vocal e grau geral de manifestação da qualidade vocal.
4.3. Procedimentos
Primeiramente, buscaram-se, por meio da internet, locais na cidade de São Paulo
onde são realizados encontros de idosos ou quaisquer clubes freqüentados por esta população.
A partir de uma lista de locais registrada pela pesquisadora, foram realizados contatos, via
telefone, com os dirigentes de cada instituição a fim de questionar o interesse e a
disponibilidade para que a proposta da pesquisa fosse apresentada pessoalmente a eles e,
depois, às idosas. Concordaram com a realização da pesquisa e em ceder uma sala para que
fossem feitas as avaliações: dois grupos de terceira idade, um clube recreativo e um local com
atividades culturais para pessoas da terceira idade, todos localizados na cidade de São Paulo.
Estes foram visitados, em dias diferentes, pela pesquisadora, a qual procedeu da seguinte
forma: realizou uma apresentação pessoal e explicitou o papel do fonoaudiólogo aos
dirigentes e aos idosos. Em seguida, convidou os presentes para participarem de uma pesquisa
científica do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da PUC-SP, na qual
seria realizada avaliação da voz dos participantes. Para beneficiar os idosos sem
discriminação, foram avaliados pela pesquisadora todos aqueles que desejassem participar,
mesmo que apresentassem algum dos critérios de exclusão. Contudo, na pesquisa, foram
incluídas somente as mulheres que preenchiam os requisitos necessários.
Realizou-se o agendamento individual do dia e horário da avaliação de cada um.
Todas as etapas da avaliação ocorreram em salas disponibilizadas nos locais e que eram as
mais silenciosas possíveis. Antes do início da coleta de dados propriamente dita, foi realizado,
em um dos locais, um estudo-piloto com dez idosas. Verificou-se que a maioria das perguntas
foi de fácil compreensão por parte das participantes; outras necessitaram de ajustes para
facilitar o entendimento, e foram acrescentadas algumas questões que se mostraram
38
necessárias. Identificou-se, também, que o tempo necessário para a coleta foi de
aproximadamente 30 minutos.
Adicionalmente, a pesquisadora realizou contatos pessoais para conhecer e
convidar mais pessoas a participar do estudo, para garantir que fosse atingido o número
necessário de sujeitos em cada faixa etária. Aquelas pessoas que foram contatadas
individualmente e aceitaram participar receberam visita domiciliar da pesquisadora. Nos
domicílios visitados, foi escolhido o local mais silencioso para ser feita a avaliação. Ao todo,
foram avaliadas em suas residências 17 mulheres, sendo oito do G1 (25%), duas do G2
(5,9%) e sete (25%) do G3. Vale ressaltar que em todos os casos foi mantida a fidelidade aos
critérios de inclusão.
No momento da avaliação, os sujeitos eram solicitados a ler e assinar o termo de
consentimento livre e esclarecido dos pesquisados (anexo 2). Durante a avaliação, os
indivíduos permaneceram sentados, e esta aconteceu em três etapas realizadas no mesmo dia,
a saber:
1a etapa: primeiramente, as participantes responderam ao Formulário de identificação do
idoso e caracterização dos aspectos da profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da
voz, audição e opinião sobre o envelhecimento (anexo 4). A pesquisadora fazia as perguntas
e, quando o indivíduo não compreendia uma questão, esta era repetida. As respostas foram
registradas por escrito pela pesquisadora no mesmo documento. As respostas dos sujeitos à
pergunta aberta número 26 foram gravadas para posterior transcrição. Foi utilizado, nessa
gravação, um Mini Cassette Recorder modelo RQ-L11 da Panasonic e fitas-cassete da marca
TDK.
2a etapa: para registro do tempo máximo de fonação, foi utilizado um cronômetro da
marca Casio, modelo Stopwatch HS-3. Os indivíduos foram solicitados a ficar sentados, com
os pés apoiados no chão, e a emitir o som da vogal /a/ e dos fonemas /s/ e /z/, duas vezes cada
um. As participantes receberam instrução para inspirar, para encher o pulmão de ar e emitir
determinado som de forma prolongada até acabar o ar. Os resultados foram registrados no
Protocolo de Registro do Tempo Máximo de Fonação (anexo 5).
3a etapa: as participantes foram submetidas à gravação da voz, para coleta da fala
espontânea, com um MiniDisc da marca Sony modelo MZ R50, microfone digital da marca
Bright modelo Headset e, para o registro das vozes, foram utilizados mini-disks marca Sony.
39
O microfone foi posicionado em um ângulo de 90° da boca do indivíduo. Para a emissão da
vogal foi mantida uma distância em torno de cinco centímetros, no sentido de evitar
interferências no sinal e manter uma proporção sinal-ruído elevado. Para a fala espontânea foi
mantida uma distância maior, de dez centímetros, para que o ruído respiratório não
contaminasse a gravação (Behlau et al., 1999). Nessa tarefa, foram utilizadas duas fotografias
da cidade de São Paulo, referentes às décadas de 30 e 50, em função da faixa etária das
As duas fotografias usadas constam das figuras 1 e 2:
Figura 1*: Bonde Vila Mariana, na Praça da Sé, em 1935.
*Disponível em: <www.estacoesferroviarias.com.br/bondes_sp/fotos/bondessp4.jpg>
Figura 2*: Fotografia da praça e catedral da Sé na década de 50.
*Adquirida em janeiro de 2007, em banca de comércio informal na Avenida Paulista (São Paulo-SP).
40
As três etapas aconteceram em um tempo médio de 30 minutos para cada sujeito.
Todas as gravações foram, posteriormente, digitalizadas em um computador e gravadas no
formato WAV, no programa Sound Forge 7.0. A seguir, foi realizada a cópia dos arquivos
com as vozes, no programa Nero, em um compact disk (CD) da marca Sony para posterior
avaliação dos juízes. A amostra das vozes no CD obedeceu à ordem de gravação.
4.4. Análise dos dados
4.4.1. Tempo máximo de fonação
Para a avaliação do tempo máximo de fonação, solicitou-se duas emissões de cada
som anteriormente citado e foi considerado o melhor tempo atingido pela participante.
4.4.2. Transcrições e análise das respostas das participantes à questão número 26
do Formulário (Como é o envelhecer para você?)
As transcrições foram efetuadas pela pesquisadora, de forma literal, no programa
Word, sendo as mulheres identificadas pelo número de participação. Foi elaborado um quadro
para o registro dos trechos de fala, divididos pela pesquisadora de acordo com as categorias
citadas abaixo, a fim de facilitar a visualização e a análise das respostas:
aspectos emocionais e/ou psíquicos: quando a fala do sujeito apresentou conteúdos
emocionais e/ou psíquicos;
aspectos sociais e familiares: quando o sujeito relatou alguma situação familiar ou social;
aspectos físiológicos e/ou de atividades cotidianas: quando o sujeito citou questões
relacionadas às modificações no corpo ou às atividades diárias.
4.4.3. Avaliação perceptivo-auditiva da voz
Três fonoaudiólogos especialistas em voz participaram da pesquisa como juízes,
leram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 3).
41
Foi realizada uma reunião com os mesmos, na qual, inicialmente, foi apresentado
o Protocolo de Registro de Dados da Avaliação Perceptivo-Auditiva da Voz (anexo 6) e
foram feitos os esclarecimentos necessários a respeito dos critérios da análise. Nessa ocasião,
foi realizado um treinamento auditivo com os juízes, no qual as vozes de três mulheres que
não fizeram parte da amostra foram analisadas em conjunto e discutidas para que os
avaliadores se familiarizassem com o protocolo de avaliação.
A seguir, a pesquisadora apresentou as vozes das participantes da pesquisa,
ordenadas pelo número de participação no estudo. Cada juiz registrava individualmente, no
protocolo específico, sua opinião sobre cada parâmetro e, ao final da gravação, emitia
verbalmente seu parecer. A concordância entre as respostas de dois juízes foi suficiente para
ser considerada válida. A pesquisadora registrava, então, o resultado final em outro protocolo.
Foi obedecida a seguinte classificação para cada item avaliado:
Coordenação pneumo-fonoarticulatória: classificada em coordenada quando a emissão
transmite a sensação de domínio das funções fonatórias, com estabilidade e sem predomínio
em nenhuma estrutura; e classificada em incoordenada quando isso não ocorre (Andrada e
Silva e Duprat, 2004).
Articulação: considerada como o processo de ajustes dos órgãos fonoarticulatórios na
produção de sons, foi classificada como articulação precisa (quando havia exatidão na
emissão das palavras e sons, emitidos com a necessária precisão) ou articulação imprecisa, na
ausência dessas condições.
Pitch: foi classificado em médio, médio para grave, médio para agudo, agudo, grave ou
variado (quando não existe um pitch dominante).
Loudness: foi observado se a intensidade da voz era predominantemente fraca, forte,
adequada à situação ou oscilante (no caso de haver variação significativa da intensidade).
Ressonância (classificação proposta por Andrada e Silva e Duprat, 2004):
- equilibrada: quando não se consegue localizar nenhum foco de concentração de energia
sonora;
- hipernasal: quando o foco da ressonância está na região do nariz;
42
- hiponasal: quando há distribuição insuficiente de energia sonora na região nasal;
- alta: Há equilíbrio entre a oralidade e a
nasalidade, mas o foco fica concentrado absolutamente na frente, sem distribuição
suficiente de energia sonora na fonte laríngea e na faringe;
- posterior: ocorre quando o foco principal é o tubo faríngeo (percebemos que a voz está
- laringo-faríngea: quando se percebe um predomínio do som vocal na região do pescoço;
normalmente, é observada uma voz com tensão, pitch grave e, muitas vezes, com qualidade
vocal rouca;
- laringo-faríngea com foco nasal discreto: o predomínio permanece no pescoço, todavia,
percebe-se nas vogais e consoantes, discreta nasalidade;
- laringo-faríngea com foco nasal acentuado: percebe-se o foco no pescoço, embora com
menos força, e o foco superior é distribuído pela parte central do rosto (nariz e seios
paranasais).
Qualidade vocal: sem alteração, rouca, monótona, fluída, áspera, tensa-estrangulada,
trêmula, soprosa, bitonal, pastosa, sussurrada, diplofônica, crepitante ou outras. Nesse
momento, as avaliadoras escolhiam no máximo dois itens predominantes na voz do
participante.
Grau geral de manifestação da qualidade vocal: ao final, os juízes faziam uma avaliação
de forma geral do grau com que apenas a(s) qualidade(s) vocal(is) se manifestava(am),
classificando-o em discreto, moderado ou severo, sem levar em consideração os demais
parâmetros de avaliação (pitch, loudness, coordenação pneumo-fonoarticulatória, ressonância
e articulação).
4.5. Análise dos resultados
As respostas à questão 26 do Formulário foram analisadas de forma qualitativa. Os
achados da análise perceptivo-auditiva da voz, das medidas fonatórias e das demais questões
do formulário foram registrados em um banco de dados no Excel.
43
formulário, sobre a ingestão de água, as respostas foram classificadas do seguinte modo:
quando a idosa relatou tomar de um a sete copos de água, foi considerada como baixa
ingestão de água, e quando afirmou ingerir oito ou mais copos de água ao dia, classificou-se
como média a alta ingestão de água.
Foi realizada a análise descritiva dos resultados nos três grupos e as comparações
estatísticas entre eles. Foi adotado o nível de significância de 5% (0,050) para a aplicação dos
testes estatísticos e utilizou-se o programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences), em
sua versão 13.0, para a obtenção dos resultados.
Na comparação entre as faixas etárias, foi aplicado o Teste de Associação do Qui-
quadrado, com exceção do parâmetro tempo máximo de fonação, no qual foi aplicada a
Análise de Variância (Anova).
44
5. RESULTADOS
5.1. Domínio atividade profissional
Os dados obtidos no G1 (60-69 anos), com 32 mulheres, G2 (70-79 anos), com 34
mulheres e G3 (80-90 anos), com 28 mulheres, encontram-se descritos a seguir. Alguns destes
foram dispostos em quadros por ter havido mais de uma resposta a determinadas questões, o
que justifica um maior número de pessoas em cada categoria.
Vale destacar que, na análise de algumas variáveis, não foi possível aplicar o Teste
de Associação do Qui-quadrado, pois mais de 20% dos valores encontrados eram menores
que cinco.
A tabela 1 demonstra se as participantes exerceram ou não atividade profissional
no passado. Verificou-se que: 18 mulheres (57%) do G1, 18 (53%) do G2 e 14 (50%) do G3
trabalharam durante um período de um a dez anos; nove (28,2%) idosas do G1, nove (26,5%)
do G2 e oito (28,5%) do G3 trabalharam durante um período de 11 a 30 anos; e quatro
(12,5%) do G1, três (8,8%) do G2 e quatro (14,3%) do G3 por mais de 30 anos. Além disso,
81,3% do G1, 70,6% do G2 e 78,6% do G3 pararam de trabalhar há mais de 20 anos. No
Quadro 1, a categoria Outras corresponde a profissões variadas. Foram citadas: empresária,
caixa, bancária, urdideira, enfermeira, auxiliar de enfermagem, escriturária, babá, sapateira,
artesã, cozinheira, esteticista, telefonista, lavadeira, servente, economista, recepcionista e
técnica em contabilidade.
Tabela 1 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de atividade profissional pregressa.
Existência de
profissão
pregressa
G1 G2 G3 Total p* N % N % N % N %
Não 2 6,3 5 14,7 2 7,1 9 9,6 0,442 Sim 30 93,7 29 85,3 26 92,9 85 90,4 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
45
Quadro 1 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade profissional pregressa.
Tipo de profissão
pregressa
G1 G2 G3
N % N % N %
Costureira 11 36,7 10 34,5 5 19,2 Operária fábrica ou indústria 4 13,3 6 20,7 7 26,9 Faxineira e/ou copeira 3 10,0 1 3,4 1 3,8 Secretária 2 6,7 3 10,3 3 11,5 Cabeleireira 1 3,3 2 6,9 0 0,0 Vendedora 6 20,0 3 10,3 4 15,4 Professora 3 10,0 3 10,3 5 19,2 Outras 5 16,7 9 31,0 6 23,1
Nenhuma das participantes referiu uso profissional da voz atualmente (tabela 2),
inclusive a idosa do Grupo 1 que trabalha com vendas, pois relatou que durante seu trabalho
apenas fornece um catálogo para as clientes, a fim de que escolham os produtos, e utiliza,
então, muito pouco sua voz nessa atividade. Desta forma, não lhe foram questionados os itens
1.2 a 1.4 do formulário, referentes ao uso profissional da voz.
Tabela 2 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade profissional atualmente e o tipo de profissão.
Atividade profissional
atual
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Exerce uma profissão
Não 28 87,5 33 97,1 26 92,9 87 92,6 0,334 Sim 4 12,5 1 2,9 2 7,1 7 7,4
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Tipo de profissão
Vendedora 1 25,0 0 0,0 0 0,0 1 14,3
--- Costureira 3 75,0 0 0,0 1 50,0 4 57,1 Esteticista 0 0,0 1 100,0 0 0,0 1 14,3 Cozinheira 0 0,0 0 0,0 1 50,0 1 14,3
Total
4 (100,0) 1 (100,0) 2 (100,0) 7 (100,0)
5.2. Domínio moradia
Sobre a situação de moradia (tabela 3), seis pessoas (18,8%) do G1, quatro
(11,7%) do G2 e três (23,8%) do G3 relataram que moram somente com o esposo; seis
pessoas (18,8%) do G1, nove (26,5%) do G2 e oito (28,6%) do G3 moram apenas com
46
filho(a). Residem com outras pessoas (netos, sobrinha, funcionária, genro ou nora) uma
mulher (3,2%) do G1, três (8,8%) do G2 e quatro (14,3%) do G3. Houve também aquelas que
referiram morar com filho(a) e esposo (12,5% do G1, 8,8% do G2 e 3,5% do G3) ou com
filho(a) e outras pessoas (12,5% do G1, 8,8% do G2 e 7,2% do G3). Há ainda participantes
que moram com o esposo, filho(s) e outras pessoas (3,1% do G1 e 3,5% do G3).
Tabela 3 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao fato de morar sozinha ou acompanhada.
Com quem mora G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Mora sozinha 10 31,2 12 35,3 9 32,1 31 33,0 0,935 Mora com alguém 22 68,8 22 64,7 19 67,9 63 67,0
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
5.3. Domínio saúde geral
Quanto à presença de problemas de saúde (tabela 4 e quadro 2), foi constatado que
um maior número de idosas relatou ter de duas a três doenças: 53,1% no G1; 50,0% no G2 e
53,6,2% no G3. Afirmaram apresentar apenas uma doença 28,1% do G1, 17,7% do G2 e
10,7% do G3, e referiram apresentar mais de três doenças, concomitantemente, 15,6% do G1,
17,6% do G2 e 25,0% do G3. Na categoria Outras (quadro 2) encontram-se vários tipos de
problemas de saúde, sendo que cada um destes foi relatado por poucos participantes. Estes
foram: obesidade, problemas na circulação sangüínea, alergias cutâneas, problemas
relacionados ao nervo ciático e coluna, constipação, problemas no estômago (gastrite e/ou
úlcera), problemas na visão (catarata e/ou glaucoma), reumatismo, cálculos na vesícula,
hepatite C, nível de triglicerídeos aumentado, tendinite, hérnia de disco, ansiedade e
incontinência urinária. Estão incluídos na categoria problemas nas vias aéreas: amigdalite,
faringite, sinusite, rinite, bronquite e asma.
47
Tabela 4 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de problemas na saúde geral.
Apresenta
problemas de
saúde
G1 G2 G3 Total p* N % N % N % N %
Não 1 3,1 5 14,7 3 10,7 9 9,6 0,271 Sim 31 96,9 29 85,3 25 89,3 85 90,4 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Quadro 2 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de problema na saúde geral.
Tipo de problema de saúde G1 G2 G3
N % N % N %
Hipertensão 18 58,1 17 58,6 21 84,0 Diabetes 4 12,9 5 17,2 4 16,0 Coração 8 25,8 4 13,8 6 24,0 Colesterol 10 32,3 11 37,9 8 32,0 Osteoporose/ Osteopenia 7 22,6 8 27,6 3 12,0 Labirintite 1 3,2 4 13,8 2 8,0 Problema nas vias aéreas 0 0,0 2 6,9 2 8,0 Depressão 4 12,9 2 6,9 2 8,0 Artrose 4 12,9 8 27,6 8 32,0 Gastrite e/ou úlcera 3 9,7 5 17,2 3 12,0 Problema na tireóide 4 12,9 6 20,7 0 0,0 Outros 10 32,3 5 17,2 8 32,0
Sobre o uso de medicamentos (tabela 5 e quadro 3), observou-se que utilizavam
dois a três tipos de remédios, 50% do G1, 44,1% do G2 e 53,8% do G3. Faziam uso de apenas
um medicamento 37,5% do G1, 23,5% do G2 e 28,5% do G3. A minoria usava mais de três
remédios (6,25% do G1, 14,7% do G2 e 7,2% do G3). Devido à dificuldade apresentada pelas
participantes em referir o nome dos medicamentos que utilizavam, citaram apenas a finalidade
de seu uso. A categoria Outros (quadro 3) se refere ao uso de remédio para problemas como:
alergias cutâneas, problemas no estômago, reumatismo, problemas circulatórios, glaucoma,
processos inflamatórios, artrose, vitaminas, dores musculares e ósseas, constipação,
problemas na tireóide, insônia, incontinência urinária, ansiedade e reposição hormonal. Vale
destacar que algumas participantes das três faixas etárias (quatro, uma e três pessoas,
respectivamente) afirmaram fazer uso de Ginkgo biloba para alívio de tonturas, dores nas
pernas e nos braços, bem como para a memória.
48
Tabela 5 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao uso regular de medicação. Faz uso regular
de medicação
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Não 2 6,2 6 17,6 3 10,7 11 11,7 0,348 Sim 30 93,8 28 82,4 25 89,3 83 88,3 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Quadro 3 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à finalidade do uso do(s) medicamento(s).
Finalidade do medicamento G1 G2 G3
N % N % N %
Hipertensão arterial 18 60,0 17 60,7 21 84,0 Diabetes 4 13,3 3 10,7 4 16,0 Coração 3 10,0 4 14,3 0 0,0 Colesterol 7 23,3 10 35,7 7 28,0 Osteoporose/ Osteopenia 6 20,0 8 28,6 3 12,0 Labirintite 0 0,0 2 7,1 1 4,0 Problema nas vias aéreas 0 0,0 2 7,1 2 8,0 Tireóide 4 13,3 6 21,4 0 0,0 Depressão 4 13,3 2 7,1 3 12,0 Outros 16 53,3 10 35,7 14 56,0
5.4. Domínio hábitos cotidianos e saúde vocal
O tempo de uso do cigarro (na tabela 6) corresponde a quantos anos o sujeito
consome atualmente ou consumiu o cigarro no passado, este último referente aos ex-
fumantes. Da mesma forma, a variável quantidade de cigarros incluiu dados dos fumantes e
ex-fumantes.
49
Tabela 6 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de hábito de fumar, tempo de fumo e quantidade consumida por dia.
Hábito de fumar G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Ocorrência
Nunca 26 81,2 27 79,4 24 85,7 77 81,9 --- Já fumou 3 9,4 7 20,6 4 14,3 14 14,9
Ainda fuma 3 9,4 0 0,0 0 0,0 3 3,2 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Tempo de fumo
5-10 anos 2 33,3 1 14,3 2 50,0 5 29,4 --- 11-30 anos 1 16,7 4 57,1 2 50,0 7 41,2
+ 30 anos 3 50,0 2 28,6 0 0,0 5 29,4 Total
6 (100,0) 7 (100,0) 4 (100,0) 17 (100,0)
Quantidade de cigarros por dia
1-5 1 16,7 2 28,6 2 50,0 5 29,4 --- 6-20 5 83,3 4 57,1 2 50,0 11 64,7
+ 20 0 0,0 1 14,3 0 0,0 1 5,9 Total
6 (100,0) 7 (100,0) 4 (100,0) 17 (100,0)
Em relação à freqüência do uso de álcool (tabela 7), as pessoas que relataram
beber apenas em ocasiões sociais foram dispostas na categoria Sem Regularidade.
Tabela 7 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ingestão de bebida alcoólica, freqüência desta e tipo de bebida de que faz uso.
Ingestão de bebida
alcoólica
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Ocorrência Não 20 62,5 17 50,0 19 67,9 56 59,6 0,332 Sim 12 37,5 17 50,0 9 32,1 38 40,4
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Freqüência 1-3 dias 2 16,7 5 29,4 3 33,3 10 26,3 --- 4-7 dias 1 8,3 0 0,0 0 0,0 1 2,6
SR 9 75,0 12 70,6 6 66,7 27 71,1 Total
12 (100,0) 17 (100,0) 9 (100,0) 38 (100,0)
Tipo de bebida
Fermentada 11 91,7 12 70,6 7 77,8 30 78,9 --- Destilada 1 8,3 5 29,4 2 22,2 8 21,1
Total
12 (100,0) 17 (100,0) 9 (100,0) 38 (100,0)
Legenda: SR = sem regularidade
Nas questões sobre a prática de exercício físico (tabela 8), verificou-se que
realizam uma única atividade física 31,3% do G1, 41,2% do G2 e 11 39,3% do G3.
Afirmaram realizar mais de um tipo de exercício físico a maioria (43,8%) do G1, 35,3% do
50
G2 e 17,8% do G3. No quadro 4, na categoria Outras, foram citadas: tai chi chuan, natação,
uso de esteira, bicicleta e musculação. Quando uma pessoa referiu freqüentar academia e
realizar, no local, vários tipos de exercícios, como esteira, ginástica, alongamento e
musculação, foi classificada na categoria Academia, a qual incluiu desta forma as pessoas que
realizavam as quatro atividades.
Tabela 8 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade física, freqüência e tempo de prática.
Atividade física G1 G2 G3 Total
p* N % N % N % N %
Realiza atividade física
Não 8 25,0 8 23,5 12 42,9 28 29,8 0,195 Sim 24 75,0 26 76,5 16 57,1 66 70,2
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Freqüência por semana
1-3x 14 58,3 14 53,8 11 68,8 39 59,1 --- 4-7x 10 41,7 11 42,3 5 31,2 26 39,4
SR 0 0,0 1 3,9 0 0,0 1 1,5 Total
24 (100,0) 26 (100,0) 16 (100,0) 66 (100,0)
Tempo de prática
Até 6m 3 12,5 5 19,2 3 18,8 11 16,7 ---
7m-2anos 4 16,7 4 15,4 4 25,0 12 18,2 3-10anos 15 62,5 13 50,0 8 50,0 36 54,5 +10 anos 2 8,3 4 15,4 1 6,2 7 10,6
Total
24 (100,0) 26 (100,0) 16 (100,0) 66 (100,0)
Legenda: SR = sem regularidade; m = meses. Quadro 4 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade física que pratica.
Modalidade de atividade física G1 G2 G3
N % N % N %
Caminhada 14 58,3 9 34,6 7 43,7 Hidroginástica 4 16,7 5 19,2 2 12,5 Academia 4 16,7 2 7,7 0 0,0 Dança 3 12,5 3 11,5 0 0,0 Fisioterapia 1 4,2 0 0,0 2 12,5 Ioga 4 16,7 10 38,5 4 25,0 Alongamento 4 16,7 4 15,4 3 18,7 Ginástica 4 16,7 4 15,4 3 18,7 Outras 3 12,5 5 19,2 1 6,2
51
A partir dos dados sobre a realização de atividade social e/ou de lazer (tabela 9 e
quadro 5), constatou-se que a maioria no G1 (59,3%) e G2 (61,7%), e a menor parte do G3
(46,5%) tem somente uma atividade desse gênero. A maioria (50%) no G3 realiza mais de
um tipo de atividade e no G1 e G2, 25% e 35,3%, respectivamente. No quadro 5, na categoria
Outras foram mencionadas: atividades na igreja, dança, bailes, baladas, encontro com amigos,
jogo de snoker, universidade da terceira idade, passeios semanais em determinado local da
cidade e jogo de cartas com amigos. A maioria das mulheres cuja resposta foi classificada na
categoria Local destinado a atividades culturais (quadro 5), realizava mais de um tipo de
atividade, pois neste são disponibilizadas diversas atividades aos idosos, inclusive exercícios
físicos.
Tabela 9 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de atividade social e/ou de lazer e a freqüência.
Atividade social e/ou de
lazer
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Realiza atividade social e/ou de lazer
Não 5 15,6 1 2,9 1 3,6 7 7,4 --- Sim 27 84,4 33 97,1 27 96,4 87 92,6
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Freqüência por semana
1-3x 20 74,1 28 84,9 17 63,0 65 74,7 --- 4 -7x 5 15,5 5 15,1 8 29,6 18 20,7
SR 2 7,4 0 0,0 2 7,4 4 4,6 Total
27 (100,0) 33 (100,0) 27 (100,0) 87 (100,0)
Legenda: SR = sem regularidade
Quadro 5 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de atividade social e/ou de lazer que pratica.
Tipo de atividade social e/ou lazer G1 G2 G3
N % N % N %
Grupo de terceira idade 19 70,4 28 84,9 11 40,7 Trabalho voluntário 3 11,1 5 15,1 0 0,0 Cursos 2 7,4 2 6,1 3 11,1 Clube recreativo 3 11,1 0 0,0 2 7,4 Bingo 1 3,7 2 6,1 2 7,4 Local de atividades culturais 2 7,4 2 6,1 9 33,3 Outras 6 22,2 5 15,1 6 22,2
52
Tabela 10 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à demanda geral de voz no dia-a-dia e a freqüência de uso do telefone.
Uso da voz no dia-a-dia G1 G2 G3 Total
p* N % N % N % N %
Demanda de voz
Pouco uso 12 37,5 19 55,9 9 32,1 40 42,6 0,035 Uso médio 11 34,4 13 38,2 16 57,2 40 42,6
Uso intenso 9 28,1 2 5,9 3 10,7 14 14,8 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Freqüência de uso do telefone
Pouco uso 20 62,5 18 53,0 17 60,7 55 58,5 0,364 Uso médio 5 15,6 10 29,4 9 32,1 24 25,2
Uso intenso 7 21,9 6 17,6 2 7,1 15 16,0 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Sobre o quadro 6, todas as idosas citaram que conversar pessoalmente é sua
atividade de maior uso vocal, sendo esta, para algumas delas, a única atividade que envolve a
voz, enquanto outras realizam mais uma ou duas atividades que necessitam do uso vocal.
Quadro 6 - Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação às atividades em que mais usa a voz no dia-a-dia.
Atividade em que mais usa a
voz no dia-a-dia
G1 G2 G3
N % N % N %
Conversa 19 59,3 19 55,9 14 50,0 Conversa e canto 4 12,5 4 11,8 8 28,5 Conversa e telefone 7 21,9 10 29,4 4 14,2 Conversa e leitura 1 3,1 1 2,9 0 0,0 Conversa, canto e telefone 1 3,1 0 0,0 0 0,0 Conversão, telefone e leitura 0 0,0 0 0,0 1 3,6 Conversa, canto e teatro 0 0,0 0 0,0 1 3,6
Tabela 11 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à prática de canto, de que forma canta e se apresenta alguma dificuldade nesta prática.
Canto G1 G2 G3 Total
p* N % N % N % N %
Canta Não 16 50,0 23 67,6 14 50,0 53 56,4 0,253 Sim 16 50,0 11 32,4 14 50,0 41 43,6
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Como canta Sozinha em casa 11 68,8 7 63,6 7 50,0 25 61,0 --- Atividade religiosa 3 18,7 2 18,2 1 7,1 6 14,6
Coral 2 12,5 2 18,2 6 42,9 10 24,4 Total
16 (100,0) 11 (100,0) 14 (100,0) 41 (100,0)
Dificuldade para cantar
Não 3 18,7 1 9,1 9 64,3 13 31,7 0,005 Sim 13 81,3 10 90,9 5 35,7 28 68,3
Total
16 (100,0) 11 (100,0) 14 (100,0) 41 (100,0)
53
Quadro 7 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de dificuldade para cantar.
Tipo de dificuldade no canto G1 G2 G3
N % N % N %
Dificuldade nos tons agudos 8 50,0 9 81,8 3 21,4 Dificuldade nos tons graves 1 6,2 0 0,0 0 0,0 A voz trava 3 18,7 0 0,0 1 7,1 Cansaço vocal 1 6,2 0 0,00 2 14,3 Voz fraca 1 6,2 1 9,1 0 0,0 Não tem ritmo 1 6,2 0 0,0 0 0,0 Esforço vocal 2 12,5 0 0,00 1 7,1 Desafina 1 6,2 1 9,1 0 0,00
Na tabela 12 constata-se que cinco mulheres (15,7%) do G1, nove (26,5%) do G2
e 12 (42,8%) do G3 têm pigarro às vezes; e oito (25%) do G1, sete (20,5%) do G2 e três
(10,7%) do G3 tem pigarro constante. Têm tosse às vezes oito (25%) pessoas do G1, seis
(17,7%) do G2 e oito (28,5%) do G3; sempre têm tosse duas (6,3%) do G1, duas (5,9%) do
G2 e duas (7,1%) do G3. Às vezes e sempre falam alto, respectivamente, duas (6,3%) e 18
(56,3%) mulheres do G1, duas (5,9%) e 11 (32,3%) do G2, e nove (32,2%) e duas (7,1%) do
G3. Relataram gritar às vezes e sempre, respectivamente, dez (31,3%) e uma idosa (3,2%) do
G1, e quatro (11,7%) e uma (2,9%) G2; e oito (28,5%) do G3 gritam apenas às vezes.
Tabela 12 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência do hábito de pigarrear, tossir, falar alto, gritar e sobre a ingestão de água.
Hábitos cotidianos e
ingestão de água
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Pigarro Não 19 59,4 18 52,9 13 46,4 50 53,2 0,605 Sim 13 40,6 16 47,1 15 53,6 44 46,8
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Tosse Não 22 68,8 26 76,5 18 64,3 66 70,2 0,566 Sim 10 31,2 8 23,5 10 35,7 28 29,8
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Fala alto Não 12 37,5 21 61,8 17 60,7 50 53,2 0,091 Sim 20 62,5 13 38,2 11 39,3 44 46,8
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Grita Não 21 65,6 29 85,3 20 71,4 70 74,5 0,170 Sim 11 34,4 5 14,7 8 28,6 24 25,5
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Ingestão de água
Baixa ingestão 23 71,9 28 82,4 24 85,7 75 79,8 0,370
Média a alta 9 28,1 6 17,6 4 14,3 19 20,2
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
54
5.5. Domínio audição
mesma forma que na tabela 12. Referiram às vezes ter dificuldade na compreensão 15
mulheres (46,9%) do G1, 21 (61,8%) do G2 e 18 (64,3%) do G3. Escutam, mas sempre têm
dificuldade para compreender o que foi dito duas idosas (6,3%) do G1, três (8,8%) do G2 e
cinco (17,8%) do G3. Sobre o incômodo com barulho forte, oito pessoas (25%) do G1
referem ter às vezes e 11 (34,4%) sempre; quatro mulheres (11,7%) do G2 às vezes sentem
incômodo e 14 (41,2%) sempre sentem; já no G3, quatro mulheres (6,3%) relataram às vezes
ter incômodo e 16 (57,2%) sempre.
Tabela 13 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à existência de queixa de audição; ao uso de televisão (TV) em volume alto; ao fato de escutarem, mas não entenderem o que lhe dizem; ao incômodo com barulho; e à ocorrência de zumbido.
Audição G1 G2 G3 Total
p* N % N % N % N %
Relata dificuldade para ouvir
Não 22 68,8 15 44,1 6 21,4 43 45,7 0,001 Sim 10 31,2 19 55,9 22 78,6 51 54,3
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Usa TV em volume alto
Não 26 81,3 24 70,6 19 67,9 69 73,4 0,452 Sim 6 18,7 10 29,4 9 32,1 25 26,6
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Ouve, mas não entende
Não 14 43,8 10 29,4 5 17,9 29 30,9 0,093 Sim 18 56,2 24 70,6 23 82,1 65 69,1
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Incômodo com barulho
Não 13 40,6 16 47,1 8 28,6 37 39,4 0,328 Sim 19 59,4 18 52,9 20 71,4 57 60,6
Total 32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Zumbido Não 21 65,6 20 58,8 16 57,1 57 60,6 0,770 Sim 11 34,4 14 41,2 12 42,9 37 39,4
Total 32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
55
Tabela 14 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de audiometria, há quanto tempo realizaram o exame, resultado e uso de prótese auditiva.
Audiometria e uso de
prótese auditiva
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Já realizou audiometria
Não 6 18,7 9 26,5 8 28,6 23 24,5 0,639 Sim 26 81,3 25 73,5 20 71,4 71 75,5
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Há quanto tempo realizou
Até 12m 22 84,6 20 80,0 16 80,0 58 81,7 ---- 13m-3 anos 1 3,9 3 12,0 2 10,0 6 8,4
+ 3 anos 3 11,5 2 8,0 2 10,0 7 9,9 Total
26 (100,0) 25 (100,0) 20 (100,0) 71 (100,0)
Relato de resultado da audiometria
Normal 19 73,1 15 60,0 8 40,0 42 59,2 0,077 Alterado 7 26,9 10 40,0 12 60,0 29 40,8
Total
26 (100,0) 25 (100,0) 20 (100,0) 71 (100,0)
Uso de prótese auditiva
Não 32 100,0 33 97,1 22 78,6 87 92,6 0,003 Sim 0 0,0 1 2,9 6 21,4 7 7,4
Total 32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
5.6. Domínio aspectos da voz
Tabela 15 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ocorrência de queixa de voz e tipo de queixa.
Ocorrência de queixa
vocal
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Não 21 65,6 29 85,3 23 82,1 73 77,7 0,126 Sim 11 34,4 5 14,7 5 17,9 21 22,3 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
As queixas presentes na cat falo para dentro e as
56
Quadro 8 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de queixa de voz.
Tipo de queixa vocal G1 G2 G3
N % N % N %
Rouquidão 6 54,6 1 20,0 2 40,0
Cansaço na fala ou canto 3 27,3 1 20,0 1 20,0
Voz baixa 1 9,1 0 0,0 0 0,0
Voz falha durante conversas 2 18,2 2 40,0 3 60,0
Outras 0 0,0 2 40,0 1 20,0
Tabela 16 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à realização de cuidados com a voz.
Realiza algum
cuidado com a
voz
G1 G2 G3 Total p* N % N % N % N %
Não 28 87,5 29 85,3 24 85,7 81 86,2 0,964 Sim 4 12,5 5 14,7 4 14,3 13 13,8 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Quadro 9 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo de cuidado que realizam com a voz.
Tipo de cuidado com a voz G1 G2 G3
N % N % N %
Gargarejo 2 50,0 2 40,0 0 0,0 Pastilha 0 0,0 1 20,0 1 25,0 Remédio 1 25,0 1 20,0 2 50,0 Evita líquidos e alimentos gelados ou muito quentes 1 25,0 1 20,0 0 0,0 Ingere limão 1 25,0 0 0,00 0 0,00 Ingere romã 1 25,0 1 20,0 0 0,0
Os problemas vocais classificados como Outros, na tabela 17,
de meu marido e precisei operar nódulos nas pregas vocais por causa disso quando tinha 25
fonoaudiológico. Por esse motivo este item não consta na tabela.
57
Tabela 17 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à ocorrência de problema vocal pregresso e tipo de problema.
Problema vocal pregresso G1 G2 G3 Total
p* N % N % N % N %
Ocorrência Não 24 75,0 26 76,5 25 89,3 75 79,8 0,324 Sim 8 25,0 8 23,5 3 10,7 19 20,2
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Tipo de problema
Ficava rouca ao falar muito ou falar alto
1 12,5 0 0,0 0 0,0 1 5,2
---
Ficava rouca ou sem voz quando nervosa
1 12,5 1 12,5 1 33,3 3 15,8
Ficava rouca por problemas na garganta
2 25,0
1 12,5 0 0,0 3 15,8
Teve ou costumava ter rouquidão ou afonia sem motivo aparente
0 0,0 3 37,5 1 33,3 4 21,1
Ficava rouca devido ao trabalho
3 37,5 0 0,0 1 33,4 4 21,1
Episódio de rouquidão devido um abuso vocal isolado
1 12,5 1 12,5 0 0,0 2 10,5
Outros 0 0,0 2 25,0 0 0,0 2 10,5 Total
8 (100,0) 8 (100,0) 3 (100,0) 19 (100,0)
Na tabela 18, referente à percepção de mudanças na própria voz com o passar dos
anos e o tipo de mudança percebida, a categoria Outras incluiu as respostas:
Tabela 18 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à autopercepção de mudança vocal com o passar dos anos e tipo de mudança percebida.
Percepção de mudança vocal G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Percebeu mudança vocal
Não 20 62,5 15 44,1 10 35,7 45 47,9 0,101 Sim 12 37,5 19 55,9 18 64,3 49 52,1
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Tipo de mudança
Ficou grossa 5 41,7 7 36,8 12 66,8 24 49,0
---
Ficou rouca 2 16,7 4 21,1 3 16,7 9 18,4 Ficou mais fraca ou baixa 0 0,0 2 10,5 1 5,5 3 6,1 Ficou mais forte ou alta 0 0,0 3 15,8 0 0,0 3 6,1 Ficou menos clara ou limpa
0 0,0 2 10,5 0 0,0 2 4,1
Ficou menos melodiosa 0 0,0 0 0,0 1 5,5 1 2,0 Mudou o timbre 1 8,3 1 5,3 0 0,0 2 4,1 Outras 4 33,3 0 0,0 1 5,5 5 10,2
Total
12 (100,0) 19 (100,0) 18 (100,0) 49 (100,0)
58
Tabela 19 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação a saberem referir o que acham que faz bem para a voz.
O que faz bem
para a voz
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Não respondeu 15 46,9 18 52,9 13 46,4 46 48,9 0,842 Respondeu 17 53,1 16 47,1 15 53,6 48 51,1 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Na categoria Outros (quadro 10) foram incluídas as seguintes respostas:
refrigerante, esticar a língua até o céu da boca, limão, frutas, legumes, laranja, exercícios
vocais, cebola, gemada, vinagre, sal e postura. Os exercícios vocais foram citados por três
(9,4%) idosas do G1 e uma idosa (2,9%) do G2.
Quadro 10 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao que acham que faz bem para a voz.
O que faz bem para a
voz
G1 G2 G3
N % N % N %
Gargarejo 3 17,7 8 50,0 6 40,0 Pastilha 3 17,7 0 0,0 1 6,7 Romã 1 5,9 2 12,5 0 0,0 Mel 2 11,8 2 12,5 3 20,0 Gengibre 2 11,8 2 12,5 1 6,7 Água 6 35,3 0 0,0 1 6,7 Chá 0 0,0 2 12,5 1 6,7 Maçã 2 11,8 1 6,2 2 13,3 Exercícios vocais 3 17,7 1 6,2 0 0,00 Outros 5 29,4 6 37,5 6 40,0
Tabela 20 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação a saberem referir o que acham que faz mal para a voz.
O que faz mal
para a voz
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Não respondeu 15 46,9 16 47,1 11 39,3 42 44,7 0,791 Respondeu 17 53,1 18 52,9 17 60,7 52 55,3 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
59
A categoria Outras (quadro 11) contemplou as seguintes respostas: ficar nervosa;
sereno; vento gelado; gripe; boca seca; mel; hortelã; chocolate; clima e idade.
Quadro 11 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao que acham que faz mal para a voz.
O que faz mal para a
voz
G1 G2 G3
N % N % N %
Líquido gelado 12 70,6 13 72,2 9 52,9 Falar muito 2 11,8 0 0,0 2 11,8 Falar alto 4 23,5 0 0,0 1 5,9 Gritar 2 11,8 1 5,6 1 5,9 Cigarro 2 11,8 2 11,1 2 11,8 Álcool 0 0,0 3 16,7 1 5,9 Outros 3 17,7 3 16,7 5 29,4
Foram incluídas na categoria Outras (tabela 21) as palavras: firme, fanhosa, boa
dicção, presa, velha, inexpressiva, pausada e insegura.
Tabela 21 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à opinião sobre a própria voz representada por uma única palavra.
Palavra referida para
representar a própria voz
G1 G2 G3 Total
N % N % N % N %
Não soube referir 0 0,0 1 2,9 0 0,0 1 1,1 Normal 8 25,0 12 35,3 12 42,8 32 34,0 Alta ou forte 9 28,2 4 11,8 4 14,3 17 18,1 Baixa ou fraca 1 3,1 0 0,0 3 10,7 4 4,3 Fina 1 3,1 2 5,9 1 3,6 4 4,3 Grossa 3 9,4 2 5,9 3 10,7 8 8,5 Rouca 1 3,1 2 5,9 1 3,6 4 4,3 Suave 1 3,1 1 2,9 0 0,0 2 2,1 Monótona 1 3,1 0 0,0 1 3,6 2 2,1 Outras 7 21,9 10 29,4 3 10,7 20 21,2 Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
60
5.7. Domínio opinião sobre o envelhecimento
Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
1
Traz um sentimento de felicidade. Pra mim é um prazer ser velha. A gente recebe mais respeito.
2
Tem pessoas que quando vão envelhecer tem aquela preocupação porque vão ficar mais velhas. Eu não ponho na minha cabeça que eu tenho idade, que eu sou velha. O envelhecimento é próprio da cabeça da pessoa.
Eu estou com disposição pra fazer tudo. Quando entrei na menopausa, to nem aí, tô bem de saúde.
3
Se a gente envelhece com saúde, tudo bem. O problema é se aparecerem doenças ruins. Quando eu era mais nova achava que quando envelhecesse ia ficar chateada, mas não... Geralmente estou fazendo o que eu gosto. Pena que eu tenho problema de coração, senão estaria tudo ótimo.
4
Eu acho bem normal. Porque todo mundo tem que envelhecer. Não acho nem ruim nem bom, é normal.
5
Tá sendo tranqüilo. Pra mim tá sendo normal porque nunca senti nada sobre a menopausa. Não tive nenhum sintoma, não tenho nada, não sinto nada.
6
É diminuir as forças, a energia, as atividades, porque você vai ficando mais velha e não tem tanto pique quanto tinha quando jovem.
61
Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
7
Pra mim tô envelhecendo normalmente, não tenho o que reclamar. Porque não tenho esse medo de envelhecer.
Eu acho que a gente tendo saúde nem percebe o tempo passar.
8
Ah, eu não sinto não assim o envelhecer. Pra mim é normal, parece que nunca tô velha. Parece que tô sempre jovem nos meus sentimentos.
9
É normal. Todo mundo tem que envelhecer. Não sou
ficando velha, não posso fazer isso, não posso fazer
eu quero. Vai chegar uma hora que eu vou parar. Mas assim de ficar se achando velha, ficar chorando nos cantos, eu não fico.
10
É fogo, né! Nunca mais na minha vida eu quero ser velha. Ah, a gente se priva de tanta coisa. Por exemplo, eu trabalhava, era muito ativa, viajava a trabalho sempre, voltava pra casa só final de semana. E agora levo uma vida pacata.
11
É uma fase da vida da gente que tem que ser aproveitada ao máximo possível. É bom chegar nessa fase se você tá bem de saúde como eu.
62
Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
12
São os anos de experiência que a gente tem. E também é uma vitória porque se viveu até aqui, eu sinto agradecimento. Temos que dar graças a Deus porque chegamos a essa fase. Eu não tenho medo de envelhecer, porque eu já vivi o que eu tinha que viver.
13
As pessoas às vezes acham que a gente tá biruta, recusam ficar junto, não querem mais passear com a pessoa. Isso que eu acho que muda.
Pra mim tá ótimo porque eu tô com saúde.
14
Ah, desanima, né. Estamos mais pra lá do que pra cá. Quando eu acordo, sinto angústia, sabe. Parece que eu não vou mais conseguir resolver os problemas do dia-a-dia, acho que tem muita coisa pra ser resolvido e penso que não consigo. Mas depois que me levanto e começo fazer as coisas, não fico mais com tanta angústia. E a depressão que eu tenho.
15
Não tenho problema não, eu mantenho minhas atividades. Eu acho que pela minha idade eu ainda tô bem. Pra mim não influenciou em nada.
16
Pra mim eu tô envelhecendo normal. Eu tenho as minhas atividades, mesmo em casa sozinha eu gosto de fazer as coisas, não sou parada. Procuro as coisas pra fazer, fico costurando pra mim e para outros.
63
Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
17 Pra mim é normal. Não senti nenhuma mudança.
18
Ah, eu tenho muita revolta. Não posso fazer serviço em casa. Só não estou melhor por causa de problemas na coluna. Eu sinto muita dor e preciso tomar remédio. Mudaram os doces que a gente não pode comer.
19
Achei muito difícil. Para fazer as coisas é difícil, me sinto cansada. É um sentimento que até choro. O filho briga muito comigo porque já trabalhei muito e não quer que eu faça mais nada, mas eu não consigo ficar parada. Se eu ficasse sem fazer nada, já tava agora no lugar de doido, então eles deixam eu me movimentar.
20
As pessoas te olham diferente, e isso é ruim.
Ah, pra mim não é uma fase tão fácil não.Você já não tem a mesma disposição de antes pras coisas.
21
Eu acho ótimo, tenho meus filhos perto que é o mais importante. Saio por aí com eles, passeio, venho pra terceira idade.
Tenho uns problemas de saúde que me perturbam, isso incomoda, mas a gente vai levando.
22
Nossa, eu me sinto muito bem, sinceramente. É uma parte normal da vida da gente.
Você nem percebe que está ficando velha. Porque sei lá, você passa, você cozinha, leva uma vida normal. Não estou parada, ao contrário, trabalho muito mais ainda agora. Eu ando, consigo fazer tudo que é normal. Não me sinto cansada.
64
Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
23
O tempo passa e você não percebe certas coisas. Eu procuro não pensar. Enfrento o que acontece, tenho que aceitar as coisas. Eu não sinto como se eu tivesse a idade que eu tenho. Eu falo pro
24
Ah, envelhecer pra mim é tranqüilo, porque eu me sinto bem, sou uma pessoa muito alegre. Procuro não perder nenhum minuto da minha vida bem, levanto cedo pra curtir o dia inteiro, não importa como, eu quero estar ali vivendo.
A única coisa que eu senti de diferença é que eu estou um pouco rouca, preferia minha voz como antes.
25
Olha, pra mim está melhor agora do que quando eu era nova. Porque podavam a gente demais. Não podia fazer isso, fazer aquilo. Depois de uns anos de casada, quando meu marido deu um deslize, eu liberei meu espírito.
26
Não estou me sentindo velha não. Continuo a mesma. Não sinto nada ruim.
27
Está sendo tranqüilo, acho que estou convivendo bem com isso. Estou feliz, tenho uma vida muito boa.
Estou aceitando bem minhas rugas, minhas gordurinhas.
65
Quadro 12. Trechos de fala das participantes do Grupo 1 (60-69anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
28
Acho que é uma coisa meio trágica. Não acho fácil não, queria pular essa fase. Acho que a gente tem que procurar ter condições de vida, viver de uma maneira mais adequada. Saber os limites da gente é difícil.
O espírito, acho que não envelhece, né, mas o corpo... Eu já sinto assim um cansaço.
29
O envelhecer não me traz preocupação pelo fato de estar acumulando anos. Eu não tenho preocupação fixada na velhice. Eu sei que faz parte da vida e me cuido pra tentar vivê-la bem.
Eu cumpri um papel bom na vida, tive e criei três filhos, fui amparada pelo meu marido em todo esse trajeto.
Meu estado de saúde sempre foi bom, isso traz tranqüilidade.
30
Eu sou uma pessoa feliz. Eu sempre encarei o envelhecer como uma coisa divina, eu acho. Porque quem não chegou na minha idade é porque morreu antes e ninguém quer morrer cedo. Pra mim está sendo bom, levo naturalmente, não faço tempestade em copo d´água, vivo sem estresse. Estou esperando viver até os 82, se for mais, é crédito.
31
Eu não sinto o envelhecer. Acho que ninguém sente, mas ele vem. Eu senti algumas limitações muito pequenas, vai nos pegando sem perceber. Por mim pode ir embora!
32
Está sendo saudável para mim porque, nossa, eu tenho tanta atividade que não estou nem dando conta. Está sendo maravilhoso, eu me sinto uma cinqüentona.
66
Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
33 O envelhecimento me traz muita tristeza. Eu não queria ficar velha.
34
O envelhecimento traz um sentimento de tristeza. O idoso tem falta de paciência e sempre quer ter razão.
35
Nós idosos sabemos viver. Ficamos velhos na aparência, mas não no coração e na mente.
Temos mais aptidão no físico do que os jovens, pois nos cuidamos melhor.
36
Não tenho nada contra a idade, mas a gente sente solidão.
37 Nós não deveríamos envelhecer, é uma coisa triste.
A gente sente cansaço, falta de disposição.
38
É uma coisa natural, é o ciclo da vida. Não me perturba nem um pouco. Só tenho medo da forma como a gente vai envelhecer.
39
O envelhecer é a gente se sentir sabida. Uma pessoa que sabe. Quanto mais a gente vive, mas se aprende e mais se tem pra explicar pras pessoas que são mais novas. A velhice é a prova que se viveu.
40
O sentimento de solidão que vem com o envelhecimento incomoda muito, mas só isso. Os filhos casam....
41
Muito chato. Você não se sente bem com pouca gente, também não se sente bem no meio de muita gente. Fica uma pessoa meio balançada.
Você não tem mais disposição, não tem aquele pique. Tem aquela sensação de que tudo que você vai fazer gasta mais tempo, demora mais pra tudo. E isso é meio irritante na velhice.
67
Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
42
Ninguém gosta de envelhecer. Eu não gosto, mas fazer o quê. A pessoa se olha no espelho e já sabe que está envelhecendo.
43
Eu me sinto mais inteligente. Além de ter experiência na vida, leio mais do que quando era jovem, faço cursos.
44
Ah, eu acho que o envelhecer vai definhando muitas coisas da gente, né. Você vai perdendo o ânimo de se expressar, conversar. Parece que todo mundo olha pra você e pensa ai que velha! Eu detesto quando vejo um garoto falando isso. Mas a velhice vai da cabeça de cada um, eu não me sinto velha. Eu quero viver, brincar.
45
Ah, pra mim tá sendo bom. Não tenho o que reclamar porque tô com saúde, me sentindo bem. Pra mim está bom, então, né.
46
Eu não tenho medo de envelhecer, nunca pensei nisso. Agora eu tenho medo é ficar doente na cama e não ter ninguém pra ajudar. Ou medo de passar mal à noite e estar sozinha.
47
A gente sente a diferença, é completamente diferente. Você vai sentindo os sintomas. É muito diferente em várias coisas. Você vai esquecendo as coisas, tem coisas que você nem quer participar. Muitas coisas mudam com a idade.
68
Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
48
Ah, não tô achando ruim, tô me sentindo bem. Me relaciono bem com as pessoas, então tudo é bom.
49
É uma fase normal. Eu me conformo com isso, fazer o quê. Tudo tem seu tempo. Eu fico até contente de estar com a idade que eu tô.
Algumas pessoas da minha família morreram novas, doentes e eu não, eu estou bem de saúde.
50
Estou sempre perto dos meus netos, da minha filha, então, acho que está sendo bom o envelhecer.
Eu acho que tá bom, porque eu não tô sofrendo, não tô com nenhuma doença grave.
51
Está bom, tá ótimo, não mudou nada. Tudo que essas meninas de 18 fazem, correm, pulam, dançam, eu faço.
52
Estou admirada do meu envelhecimento porque quando eu era jovem eu achava que não chegaria nem aos 60 anos. Espiritualmente eu me sinto como se tivesse 40, eu me sinto bem, eu não tenho o que reclamar. Tenho só que agradecer a Deus pela bênção da vida que ele tá me dando.
53
Pra mim tá normal. Não tô sentindo muita diferença não. Tô aceitando bem o meu envelhecer.
54
Eu estou envelhecendo bem, tô conformada, não reclamo. A única coisa que eu fico triste é que eu caí e amassei duas vértebras. Fiquei meio aleijada, mas graças a Deus agora tô andando, então, tenho que me conformar.
69
Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
55
Às vezes eu fico triste, porque acho que eu tinha que fazer mais coisas para os meus filhos e pras outras pessoas. Então me sinto triste mesmo e às vezes me emociono de falar, chego a chorar por causa disso. Mas depois me pego muito com Deus e acho que ele responde que isso é o normal, que só de ter o dom da vida é uma graça muito grande, aí vem a conformação.
56
Tô aceitando bem, eu acho que a gente tem que aceitar. A gente não aceita muito, muito, mas devagarzinho a gente vai aceitando.
Até que agora vivo melhor do que quando meu marido era vivo. Ele era um alcoólatra, então eu sofri bastante, eu não tinha liberdade, ele me perseguia. E agora sou dona dos meus atos.
57
Estou aceitando a velhice sem problema nenhum, com muito orgulho. Já fui jovem e agora tem que envelhecer mesmo. Eu sou jovem de espírito, vivo alegre, não vivo triste, chorando. Estou feliz como eu sou. Tem pessoas que são novas e têm espírito de idosas.
58
Eu fiquei mais triste agora, mais por causa do problema da vista. O que me atrapalha é a vista, porque não faço mais todas as coisas de antes. Só isso que mudou.
70
Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
59
Eu acho que está sendo normal. É o ritmo da vida, a gente vai tendo deficiência de algumas coisas. Hoje tenho mais dificuldade de ser ágil pra fazer as coisas. Antigamente, começava a fazer alguma coisa era rápido, agora demora mais. Parece que tudo aumenta e fica mais lento.
60
Olha, o envelhecer pra mim tá sendo ótimo. Estou tendo agora problema de família. Depois que criei a filha e as três netas, eles acharam de cada um cuidar da sua vida, nem lembram que eu existo. Então, tô me adaptando a viver sozinha. Tá difícil pra encarar porque eu nunca vivi sozinha. Abalou um pouquinho, mas não foi muito. Se não fosse isso eu viveria melhor. Só sinto que foi um tipo de ingratidão.
61
Eu não tenho mais vontade de viver muito não, às vezes eu tenho até vontade de ir embora. Porque agora eu li um livro espírita e lá diz que a gente vai se encontrar, então eu não vejo a hora de encontrar meu marido. Viver com o marido é você ter um estímulo, você volta pra casa e é diferente. Quando a pessoa morre, você se sente muito só.
71
Quadro 13. Trechos de fala das participantes do Grupo 2 (70-79anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
62
Graças a Deus eu não tenho um problema de andar, nem muito problema de saúde. Tenho alguns, mas me sinto bem no dia-a-dia.
63
Eu me cuido muito, mas não fico com aquele pensamento achando que tá tudo ruim, reclamando. Acho que todas as fases da vida têm uma recompensa. Você perde muita coisa, mas ganha também. Eu não acho ruim, a minha animação nas coisas não perdi muito.
Faço questão de participar de tudo, não fico em casa escondida. O mais importante é você ter saúde e usufruir tudo o que aparece.
64
Meus netos dizem que tô ótima. Enquanto eu puder sair pra ver meus netos, eu tô ótima.
Até agora ainda não senti a velhice, eu tô indo bem, faço a ginástica. Mas quando eu caminho, sinto um pouco de cansaço por causa do coração.
65
O envelhecer tá ótimo, pra mim está sendo muito bom. Me sinto muito bem.
66
O envelhecer é o normal da vida. É aquela tristeza. Não, não é que é triste. Agora tem muitas coisas pra gente passar o tempo e, também, envelhecer com saúde é outra coisa, né. Pra mim está sendo bom, minha idade tá no corpo, mas na mente não tá muito.
72
Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
67
Significa rugas, cabelos brancos, pernas doloridas.
68
É ruim, eu acho triste. Eu acho muito triste a solidão. Principalmente pra mim que sou sozinha, não tenho ninguém. Tenho muito sobrinho e sobrinha, mas cada um pro seu lado, sabe como é.
69
Pra mim tá muito bom, porque eu só me acho velha quando olho no espelho. Eu me sinto bem, não sinto que não sou velha, apesar de que já tô tendo dificuldade para subir em algum lugar.
70
Ah, eu acho bem ruim, porque antes eu era esperta, fazia tudo e não cansava. Agora já vou devagar, cansa mais...
71
Ainda me sinto animada. Eu acho que é normal. Para mim está sendo normal.
A gente se sente um pouco enfraquecida às vezes, mas a gente aceita, né.
72
Sabe que não me pesa muito? Eu não sei se é porque agora eu passeio com a terceira idade, venho aqui. A gente fica muito descontraída, eu relaxo. E eu era muito deprimida antes... E acho que eu tô aceitando assim.
Eu comecei a perceber que eu tava envelhecendo quando eu comecei a ver meus netos nascendo... Aí caiu a ficha.
73
Agradável, até que está sendo agradável do ponto de vista familiar, de convívio com as pessoas, está ótimo.
73
Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
74 Ah, eu estou conformada em envelhecer. Não tenho preconceito de ser velha.
Deus me deu bastante sorte de ter saúde pra criar meus netos, então pra mim já está bom.
75
Tá sendo muito difícil, né, porque tenho de lidar com meu filho e ele me dá muito trabalho. Só por isso.
76
Pra mim não faz diferença, pois todo mundo tem que envelhecer mesmo. Eu estou conformada.
Bom não tá sendo. Eu me preocupo com o fim da minha vida. Hoje os filhos não ligam para os pais. Eu tenho medo de ficar doente em cima de uma cama e precisar deles.
77
Envelhecer é a pessoa não se cuidar, não procurar uma atividade, ficar só dentro de casa. Pra mim está sendo ótimo. Antes eu não subia nem uma cadeira. Agora eu faço exercício, me sinto bem melhor.
78
Eu acho ótimo, porque eu quando era moça não tinha as regalias de hoje, o transporte de hoje. Hoje eu viajo, já viajei quase o Brasil todo. Faço tudo que não fazia antes. Quando eu lembro que tô
79
Normal. Não mudei nada, só os números da idade.
74
Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e
familiares
Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
80
No envelhecer, tenho que procurar entender a situação e sobreviver de acordo com a minha idade. Procurar também ativar os neurônios para que eu não perca a memória e não me irritar, não implicar, que é muito comum com pessoas idosas e se tornam inconvenientes. De um lado, eu acho bom, pois vivo sozinha, mas não sou solitária. Vivo em solidão, mas porque este é meu temperamento. Sou assim desde pequena. Agora, nós não somos uma ilha, é claro que precisamos das pessoas, mas não sou carente afetivamente, não sou chameguenta.
81
Pra mim é uma surpresa o envelhecer, porque eu não me sinto velha. Me sinto com menos idade, tô bem. Só mudou a parte que eu tenho mais tranqüilidade, me aposentei, já criei os filhos e isso dá uma certa tranqüilidade pra gente. Agora é aproveitar a vida, todos instantes, não perco um minuto.
82
O que muda é que tô ficando calma, quieta, que eu não era. Eu era mais alegre, cantava, brincava muito e agora não tenho mais vontade.
Eu me sinto cansada, acho que é devido eu não parar de fazer as coisas. No dia que eu não trabalho, eu amanheço melhor. O dia que eu não venho pra cá, se eu passo o dia em casa, fico melhor também. Mas querem que eu ande. Domingo eu só saio à tarde, depois de almoçar, pra ir pra casa dos filhos, aí fico mais descansada.
75
Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
83
Envelhecer é uma fase da vida, mas algumas coisas mudam. A relação com as pessoas parece que muda, começam a olhar e tratar você de outro jeito, já não têm tanto prazer na sua companhia. Por isso que tem muita gente sozinha por aí, que se fecha pro mundo.
84
Eu vivo bem assim, converso com os outros, tenho amizades.
Eu acho que é normal, está bem o meu envelhecer. Eu vou devagar, eu acho que não precisa se arrumar, se maquiar, pra parecer jovem. Mas eu acho que a gente devia ter sempre 20 anos, pra mim não muda o que a gente sente, só por fora.
85
Olha, você sabe que, às vezes, eu não sinto que tô envelhecendo? Acho que tô sempre com 50 anos, não acho ruim essa época não.
Mudou que antigamente eu só tinha filhos, não tinha netos, bisnetos. Agora tenho e a preocupação redobrou por causa deles.
86
Olha, eu vou te dizer, eu não
todo dia uma notícia triste:
perna. Outra está com
desgastando a cabeça da gente. Eu falo pro meu filho:
temos que aproveitar a vida
já cheguei aos 80 fico feliz porque tem gente que morre antes.
Eu no máximo, de vida útil que considero pra eu sair sozinha, pegar táxi sozinha, eu tenho mais uns dez anos. Depois vou ter que ficar em casa, porque vai faltando o equilíbrio, as pernas estão cansando e isso eu não acho bom. Eu trocaria tudo isso por uns meses de juventude.
76
Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
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Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
87
Pra mim está sendo bem, porque eu não me entrego à velhice não. Prefiro imaginar que estou sempre com uns 35 ou 40 anos no máximo. Não sinto que estou envelhecendo, que estou velha. Pra mim está bem normal. Acho que ninguém deve se sentir velha.
Eu sou ativa no meu dia-a-dia, não sou de depender dos outros pra fazer nada. A pessoa não deve ficar dependendo de ninguém, a não ser que tenha uma doença grave. Mas não ficar dizendo que não pode fazer isso ou aquilo porque está velha.
88
É difícil de aceitar, porque eu sempre fui uma pessoa ativa, mas eu tô lutando pra não me abater. Eu procuro nem sentir a idade, tento levar na naturalidade, como eu sempre fui.
89
O envelhecer é paulatinamente ir perdendo as forças, a memória. Há uma degradação geral de todas as atividades da pessoa. Essa degradação pode ser mais rápida ou menos rápida, aí depende da pessoa e de momento. Eu me sinto enfraquecida, não consigo fazer certas coisas, mas, também, vai diminuindo a vontade. Eu acho ótimo ficar em casa, prefiro até.
90
Olha, pra mim eu não tenho acho que nada, parece que tô sempre tão bem. Ninguém desfaz de mim, eu tô sempre bem.
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Quadro 14. Trechos de fala das participantes do Grupo 3 (80-90anos) resposta à questão nº 26 do formulário, identificados pelo número de participação e divididos de acordo com a classificação descrita no método.
Nº Como é o envelhecer para você?
Aspectos emocionais e/ou
psíquicos
Aspectos sociais e familiares Aspectos fisiológicos e
atividades cotidianas
91
É meio mal, eu sinto falta de certos tempos da minha vida. Mas tenho três filhos, dez netos e 13 bisnetos, então, é bom, mas é cada um no seu canto e eu no meu aqui. Essa fase até que tá sendo boa, mas eu tenho uma amiga que a filha mora no mesmo prédio dela, e eu com minha filha fico até um mês sem ver ela. Então, essa é uma coisa que sinto falta e tenho inveja.
92
Pra mim tá ótimo, eu não senti envelhecer, não sei se porque eu trabalhei desde os 20 anos e não senti a vida passar, com certeza absoluta. Tenho boa memória, gravo ainda até anedota.
93
Ah, tô achando triste. Não queria, né. Tô pensando já que vou morrer, que vou deixar meus filhos. Eu penso muito nisso, já escrevi carta pros meus filhos pra dizer o que eu quero que façam, pra não brigarem.
O que é triste é que os filhos não ligam pra gente. Minha filha é grossa, ela não é uma filha que se preocupa com a mãe, não tá nem aí, não me liga.
Bom, mesmo com esses problemas, me sinto nova ainda, faço tudo que eu quero, eu mesma faço todo o serviço, não tenho faxineira.
94
Mas é muito bom, eu, por exemplo, tenho seis netos, tenho uma família já, então, eu sou muito feliz.
Eu vou ser sincera. A velhice é uma coisa que a gente tem que aceitar e saber conviver com ela, senão, fica muito pesado, porque você já tem certas limitações. Eu tenho muita atividade. Não me sinto idosa, vou mostrar o trabalho que eu fiz e todo mundo elogiou, então, não me sinto inútil não. Qualquer peça de roupa que tenha uma mancha, um rasgado, eles trazem pra mim e eu conserto direitinho, então...
78
5.8. Medidas fonatórias
Tabela 22 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à média do tempo máximo de fonação na vogal /a/ e consoantes /s/ e /z/.
Tempo máximo de
fonação
G1 G2 G3 p*
Média DP Média DP Média DP TMF /a/ 13,7 3,7 13,8 4,1 12,1 4,4 0,195 TMF /s/ 11,8 4,9 10,0 4,0 9,5 3,5 0,076 TMF /z/ 12,4 5,1 10,3 3,4 12,8 6,5 0,134
* Nível de significância estatística segundo Anova (análise de variância).
5.9. Análise perceptivo-auditiva da voz
Tabela 23 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à coordenação pneumo-fonoarticulatória, articulação e ressonância apresentada.
Análise perceptivo-auditiva da
voz
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
CPFA Coordenada 28 87,5 34 100,0 20 71,4 82 87,2 0,004 Incoordenada 4 12,5 0 0,0 8 28,6 12 12,8
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 99 (100,0)
Articulação Precisa 29 90,6 34 100,0 28 100,0 91 96,8 0,050 Imprecisa 3 9,4 0 0,0 0 0,0 3 3,2
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 99 (100,0)
Ressonância
Equilibrada 19 59,3 22 64,7 10 35,7 51 54,3
---
Hiponasal 2 6,3 0 0,0 1 3,6 3 3,2 Alta 1 3,1 1 2,9 2 7,1 4 4,3 Posterior 1 3,1 1 2,9 1 3,6 3 3,2 LF 4 12,5 3 8,9 5 17,9 12 12,7 LF com foco nasal discreto
3 9,4 6 17,7 7 25,0 16 17,0
LF com foco nasal acentuado
2 6,3 1 2,9 2 7,1 5 5,3
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Legenda: CPFA = coordenação pneumo-fonoarticulatória; LF = laringofaríngea
79
Tabela 24 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao pitch e loudness.
Análise perceptivo-auditiva
da voz
G1 G2 G3 Total
N % N % N % N %
Pitch
Médio 10 31,3 19 55,9 11 39,3 40 42,6 Médio para agudo 7 21,9 7 20,6 3 10,7 17 18,0 Médio para grave 13 40,6 7 20,6 9 32,1 29 30,9 Agudo 0 0,0 1 2,9 0 0,0 1 1,1 Grave 2 6,2 0 0,0 4 14,3 6 6,4 Variável 0 0,0 0 0,0 1 3,6 1 1,1
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Loudness
Adequado 29 90,6 33 97,1 24 85,7 86 91,5 Fraco 2 6,3 0 0,0 3 10,7 5 5,3 Forte 1 3,1 1 2,9 1 3,6 3 3,2
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Na tabela 25, o grau severo não foi demonstrado, pois nenhuma participante
apresentou esse grau de manifestação da qualidade vocal. Em relação ao quadro 15, vale
destacar que duas participantes do G2 apresentaram mais de um tipo de alteração na qualidade
vocal: uma delas apresentou voz com qualidade soprosa e trêmula, enquanto a outra mulher
apresentou qualidade de voz rouca e soprosa.
Tabela 25 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação ao tipo vocal e o grau geral de manifestação da qualidade de voz.
Análise perceptivo-auditiva
da voz
G1 G2 G3 Total p*
N % N % N % N %
Qualidade vocal
Sem alteração 30 93,8 31 91,2 19 67,9 80 85,1 0,009
Com alteração 2 6,2 3 8,8 9 32,1 14 14,9
Total
32 (100,0) 34 (100,0) 28 (100,0) 94 (100,0)
Grau geral da qualidade vocal
Discreto 2 100,0 3 100,0 8 88,9 13 92,9 --- Moderado 0 0,0 0 0,0 1 11,1 1 7,1
Total
2 (100,0) 3 (100,0) 9 (100,0) 14 (100,0)
80
Quadro 15 Distribuição numérica (N) e percentual (%) dos sujeitos dos grupos G1, G2 e G3 em relação à qualidade vocal apresentada.
Qualidade vocal G1 G2 G3
N % N % N %
Rouca 1 50,0 0 0,0 6 66,7 Tensa 0 0,0 1 33,3 2 22,2 Soprosa 1 50,0 1 33,3 2 22,2 Trêmula 0 0,0 1 33,3 1 11,1
81
6. DISCUSSÃO
Na Fonoaudiologia ainda há uma carência de pesquisas com idosos não-
institucionalizados e não-acamados. Em outras palavras, o idoso com o qual nos deparamos
no dia-a-dia e que não necessariamente tem sua vida deteriorada pelos efeitos do
envelhecimento, fato que se pensava, anteriormente, ser inevitável. A partir desta observação
iniciou-se a motivação para realizar esta pesquisa. Optou-se por incluir somente mulheres, por
considerar que é uma necessidade dos dias de hoje, uma vez que elas constituem a maior parte
da população idosa e promovem maiores demandas às unidades de saúde, até mesmo de
forma preventiva.
Entre outros, um ponto relevante considerado ao elaborar o projeto de pesquisa foi
o reduzido número de estudos que investigam a auto-imagem vocal dos idosos e como eles
vêem o envelhecimento. Acredita-se que estas questões podem trazer esclarecimentos a
respeito da comunicação do indivíduo idoso, úteis para a noção do profissional sobre como
atuar com esta população.
Ao realizar um levantamento da literatura na área de voz, percebeu-se que cada
autor utilizou um questionário diferente para investigar as particularidades dos idosos,
fundamentais para este tipo de estudo, como: características demográficas, sociais, psíquicas,
queixa de voz e histórico de problemas vocais. Destaca-se também uma pesquisa (Aquino,
2003) que utilizou o questionário QVV, o qual foi elaborado para a utilização com indivíduos
disfônicos, e não com a população sem distúrbio de voz. Notou-se, desse modo, a importância
de se padronizar e realizar a validação de um instrumento específico para idosos, que
contemple questões voltadas às suas peculiaridades.
Não foi encontrado um questionário que incluísse todos os questionamentos que se
julgavam necessários para esta pesquisa. Por este motivo, elaborou-se um novo instrumento
que atendesse aos objetivos propostos e que pudesse ser aplicado à população de idosos em
geral. Neste sentido, foi realizada uma leitura e a análise de outros questionários para servir de
base para aquele que iria ser construído. Houve um cuidado para não induzir respostas, com a
inclusão, sempre que possível, de perguntas abertas, que permitissem a livre expressão.
Todavia, durante o processo de coleta de dados notou-se a necessidade de investigar mais
alguns itens que não constavam do Formulário: a descendência das participantes, mais alguns
aspectos relacionados à profissão (durante quanto tempo você trabalhou? Parou de trabalhar
há quanto tempo?) e se as alterações vocais das quais se queixavam eram constantes ou
82
intermitentes. Sugere-se que, em uma próxima pesquisa, essas questões sejam incluídas no
Formulário.
Além disso, um diferencial foi a forma de aplicação do instrumento, que se
considerou a mais apropriada para esta população. O instrumento foi denominado Formulário,
pois se utilizou o método no qual a pesquisadora fazia as perguntas da mesma forma que
estavam redigidas e anotava a resposta das idosas. Este modo de registro proporcionou uma
boa aceitação da pesquisa, pois diminui o tempo de aplicação, não causa constrangimento e
nem exclui as pessoas com dificuldades visuais e de leitura.
Pôde-se notar que, com essa forma de abordagem, as idosas sentiram-se acolhidas,
por poderem expressar seus pensamentos, emoções e experiências, e serem ouvidas. Isto foi
relatado verbalmente por algumas delas que, inclusive, conversavam com outras mulheres
após o término de suas avaliações e estimulavam-nas a também participar. Em uma próxima
pesquisa, sugere-se que seja realizada a validação do Formulário, uma vez que este se
mostrou um bom instrumento de investigação.
Mais uma opção incomum, em pesquisas na área da voz, foi a de apresentar
fotografias para incitar a fala espontânea dos sujeitos, com o objetivo de gravar a voz para
posterior análise perceptivo-auditiva. Esta iniciativa foi bem-sucedida também em virtude de
as fotos terem como temática o passado e marcos históricos da cidade de São Paulo. Uma
pessoa pode não ter nada ou ter pouco a dizer sobre um assunto específico como futebol,
religião, paisagens, contudo, qualquer um tem um passado a recordar. Por mais que parte das
mulheres não tivesse utilizado os serviços de um bonde ou não houvesse entrado na igreja
apresentada na época da fotografia, estas imagens remetiam a alguma história do passado,
faziam emergir principalmente boas recordações e lições de vida. A partir dos relatos, tornou-
se possível conhecer um pouco mais do universo feminino no passado e no presente e,
certamente, isso contribuiu para o desenvolvimento desta pesquisa e o aprendizado pessoal e
profissional das investigadoras.
Sobre a coleta de dados, vale ressaltar que esta foi realizada em locais destinados
exclusivamente à população idosa e também em um clube recreativo freqüentado por pessoas
de qualquer idade. Nesses lugares, foi visível a superioridade numérica feminina já descrita na
literatura (Neri, 2001; Schoueri-Junior et al., 2000; Lebrão e Laurenti, 2005).
A maioria das mulheres que freqüentava os locais aceitou facilmente participar da
pesquisa após ter sido explicitada a importância desta. Elas encararam a participação como
uma boa oportunidade de cuidado com a saúde e prevenção de comorbidades, confirmando a
83
referência na literatura de que a mulher geralmente é atenta à sua saúde (Schoueri-Junior et
al., 2000).
Houve dificuldade em encontrar, durante a coleta de dados, mulheres na faixa
etária entre 80 e 90 anos. Em virtude de a pesquisa ter sido desenvolvida somente em quatro
lugares, não se pode afirmar com toda a segurança que pessoas dessa faixa etária freqüentam
menos os ambientes destinados a idosos. Ao menos as que participaram desta pesquisa e que
foram avaliadas em domicílio realizavam atividades fora de casa e, inclusive, algumas
participavam de outros grupos de terceira idade não visitados. Entretanto, observa-se, no
cotidiano, que há uma tendência de as mulheres nessa faixa de idade ficarem mais restritas ao
ambiente doméstico, talvez por opção própria ou devido a algum impedimento, como, por
exemplo, dificuldades de locomoção.
Quanto à literatura apresentada, há um consenso de que tem havido, ao longo dos
anos, um aumento substancial da expectativa de vida da população brasileira (Pessini e
Queiroz, 2002; Knorst et al., 2002; IBGE, 2004). Outra opinião convergente entre os autores é
de que as mulheres têm uma longevidade maior do que os homens (Lebrão e Laurenti, 2005;
Herédia, 2004; Schoueri-Junior et al., 2000; Neri, 2001). Sem dúvida, o número de idosos no
país é crescente e demonstra que a Fonoaudiologia precisa ter um olhar específico sobre como
atuar com esta população.
Os pesquisadores, entre eles Bacha et al. (1999), Cassol e Behlau (2000), Amorim
(2001), Nisa-Castro et al. (2004), Russo (2004) e Monteiro (2007), concordaram que ocorrem
transformações gradativas, em idades mais avançadas, nos órgãos fonoarticulatórios, nas
funções neurovegetativas e na função auditiva, ou seja, na comunicação de um modo geral. É
utilizado o termo presbifonia para identificar o envelhecimento da voz. Entretanto, pode-se
notar que não há uma conformidade nas opiniões sobre as características vocais que compõem
este diagnóstico. As mais comumente citadas são: a rouquidão (Behlau, 1999); tendência a
tremor, instabilidade, ressonância baixa e loudness fraco (Behlau, 1999; Andrada e Silva e
Duprat, 2004); quebra de sonoridade, variações de intensidade ou freqüência e bitonalidade
(Andrews, 1995; Polido et al., 2005); tessitura restrita, ataque vocal suave ou aspirado
(Andrada e Silva e Duprat, 2004); e crepitação na voz (Behlau et al., 2001).
De modo geral, há uma concordância de que a voz da mulher idosa passa por
modificações durante o período da menopausa (Machado et al. 2005; Abitbol et al., 1999;
Bressan, 1999; Boulet e Oddens, 1996) e o pitch tende a se agravar com o avançar dos anos
(Behlau, 2004; Venites et al., 2004; Behlau et al., 2001; Feijó et al., 1998).
84
Em relação aos resultados, a tabela 1 mostrou que 90,4% da população total
exerceu alguma atividade profissional no passado, sendo que a maioria nos três grupos
trabalhou durante um período que vai de um a dez anos e parou de trabalhar há mais de 20
anos. No quadro 1 nota-se, nas duas primeiras faixas etárias, um predomínio de mulheres que
exerceram no passado a profissão de costureira. No G3, a profissão mais citada foi a de
operária de fábrica ou indústria. Ao considerar-se os três grupos, 30,6% tiveram essa
atividade laboral, enquanto na pesquisa de Farinasso (2005) a principal profissão relatada
pelos entrevistados com 75 anos ou mais foi a agricultura e exerceram a profissão de
costureira apenas 8,1% dos idosos.
O alto índice de mulheres que trabalharam fora de casa pode causar admiração,
pois contraria a noção, do senso comum, de que a maioria das idosas exerceu apenas
atividades domésticas. Contudo, vale lembrar que eventos históricos promoveram, ao longo
dos séculos, mudanças na dinâmica de trabalho e no papel feminino na sociedade, como, por
exemplo, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, no século XVIII, bem como a
Segunda Guerra Mundial, no século XX. A partir desses eventos, sua participação no mercado
de trabalho foi crescente e mais acelerada, dentro e fora do Brasil. As idosas que compuseram
esta pesquisa, especialmente por terem vivido a maior parte de suas vidas em uma grande
metrópole (São Paulo), fizeram parte dessa realidade.
Atualmente, mantêm atividade laboral somente 12,5% das mulheres do G1, 2,9%
do G2 e 7,1% do G3. Estes são índices diferentes dos constantes na pesquisa do Núcleo de
Opinião Pública da Fundação Perseu Abramo (FPA, 2007), na qual verificaram que ainda
trabalhavam 21% das mulheres de 60 a 69 anos, 8% daquelas com 70 a 79 anos, e 1% das
mulheres com 80 ou mais. A discrepância nos valores encontrados pode estar pautada no fato
de essa pesquisa ter sido realizada em várias regiões do Brasil, com outras realidades.
No presente estudo, identificou-se que as mulheres da última faixa etária
desenvolvem seu trabalho no próprio domicílio, pois a profissão não requer inserção no
mercado formal, o que pode ter facilitado a manutenção da atividade até os dias de hoje.
Apenas uma delas atua como cozinheira em uma lanchonete, de propriedade da família.
Na tabela 3 observa-se que grande parte das mulheres, nos três grupos, mora com
alguém (68,8%, 64,7% e 67,9% respectivamente). Vivem sozinhas 33% da população total,
valor mais alto do que o encontrado por Farinasso (2005), talvez pelo fato de a sua pesquisa
ter incluído também homens e sabe-se que é maior a proporção de mulheres que vivem
sozinhas na velhice (Capitanini, 2000). Quanto ao vínculo das pessoas com quem moram,
constatou-se que no G1 a maioria (18,8%) das mulheres mora apenas com o filho ou com o
85
esposo (18,8%), enquanto nos demais grupos houve maior número de pessoas que moravam
apenas com filhos (26,5% do G2 e 28,6% do G3).
Os dados citados acima são muito relevantes, pois de acordo com alguns
pesquisadores (Baltes e Mayer, 1999; Motta, 1999; Debert, 1999), mulheres que moram
acompanhadas tendem a ter melhor qualidade de vida do que as que vivem sozinhas.
A tabela 4 revelou que 90,4% das idosas apresentam algum tipo de problema na
saúde geral, o que corrobora com a taxa de 95,5% encontrada, nesta questão, por Farinasso
(2005). A hipertensão arterial (quadro 2) foi a doença mais comum na população estudada
(65,9%), equivalente ao identificado na literatura (Farinasso, 2005; FPA, 2007).
É possível evidenciar que, entre as três faixas etárias, o G1 tem o maior percentual
de mulheres com algum problema de saúde. Apesar de esse grupo ter tido um índice baixo de
pessoas que utilizaram cigarro e, provavelmente, ter obtido mais informações do que os
demais sobre a prevenção de comorbidades, outros fatores podem ter influenciado nessa
condição. A qualidade de vida e a saúde da população certamente sofreram um declínio com o
passar do tempo, com o advento dos alimentos industrializados, aumento da violência e
estresse. As idosas das faixas etárias mais avançadas possivelmente viveram um cotidiano
mais saudável ao longo de suas vidas.
Entretanto, ainda que no G1 haja mais idosas que afirmaram ter alguma doença, é
necessário destacar que o grupo apresentou, ao mesmo tempo, um menor número de
enfermidades por pessoa. Constatou-se que o número de doenças por pessoa aumentou com a
idade e, realmente, é perceptível essa tendência na população idosa. É claro também que há
fatores individuais, sociodemográficos e ambientais que influenciam na saúde e, por isso, em
outro estudo, os resultados poderiam ser diferentes.
Ao analisar os dados sobre o uso de medicamentos (tabela 5 e quadro 3), notou-se
que 88,3% das idosas faziam uso regular de algum tipo de medicação, similar à percentagem
de 86,7 encontrada na pesquisa descrita por Lebrão e Laurenti (2005). Foi constatada uma
proporção de consumo ligeiramente maior no G1 (93,8%), explicada pelo número maior de
enfermidades apresentadas por este grupo. Observou-se que a população dos três grupos
ingeria, na maioria dos casos, de dois a três tipos de medicação, e a mais consumida era
destinada ao tratamento da hipertensão arterial, em função da maior ocorrência desta
enfermidade.
Sabe-se que o indivíduo idoso tem propensão a um consumo aumentado de
fármacos, que pode promover sensação de boca seca e, conseqüentemente, alterações na
86
deglutição (Silva-Netto, 2003), e os efeitos colaterais também podem contribuir para
alterações na voz (Bressan, 1999).
Sobre a ocorrência do hábito de fumar (tabela 6), verificou-se que nunca
consumiram tabaco 81,2% das mulheres do G1, 79,4% do G2 e 85,7% do G3. Fumaram, em
algum momento da vida, 9,4% do G1, 20,6% do G2 e 14,3% do G3, percentagens reduzidas
quando comparadas às da pesquisa da FPA (2007) em que foram encontradas,
respectivamente, as percentagens: 25%, 26% e 30%. Evidenciou-se que apenas três mulheres
(9,4%) do G1 ainda fazem uso do cigarro, divergindo do estudo da FPA (2007), no qual
continuavam fumando 16% das mulheres de 60 a 69 anos, 6% de 70 a 79 anos e 4% daquelas
com 80 anos ou mais. O número de cigarros consumidos atualmente ou no passado por grande
parte das mulheres do G1 e do G2 era de seis a 20 ao dia (83,3% e 57,1%), enquanto o
consumo do G3 ficou entre um e 20 cigarros (100%). Nota-se variação no tempo de uso do
tabaco entre os três grupos, porém, sem diferença estatisticamente significativa. A maior parte
da população pesquisada utilizou cigarro por um período que variou de 11 a 30 anos (41,2%).
Os achados no G1, grupo de mulheres mais novas, destacam-se, pois foi aquele
com maior percentual de mulheres que nunca fumaram e com menor percentual das que
fumaram em alguma época da vida. Estes dados têm lógica, pois nas épocas mais remotas o
cigarro era considerado símbolo de independência, elegância e maturidade, porém, essa visão
modificou-se com o passar do tempo. A faixa etária de 60 a 69 anos foi, sem dúvida, a que
mais teve contato com propagandas anti-tabagistas e que mais obteve informações a respeito
das conseqüências do cigarro sobre a saúde, o que pode ter levado a esse resultado.
O hábito de ingerir bebida alcoólica (tabela 7) ocorreu em 40,4% das idosas no
total e, no G2, houve um maior número de mulheres que relataram este fato (50%) quando
comparado com o G1 (37,5%) e o G3 (32,1%). Estes números são mais altos do que os
visualizados na pesquisa da FPA (2007), em que consumiam bebida 17%, 8% e 5%,
respectivamente, em cada faixa etária. Apesar de as percentagens terem sido elevadas nos três
grupos, no presente estudo a maioria relatou que utiliza álcool sem regularidade, ou seja,
apenas em eventos sociais e em pouca quantidade. A bebida mais consumida pelas idosas é a
fermentada (78,9%), principalmente o vinho. Sabe-se que algumas mulheres, em especial do
G1, descendem de famílias italianas e que esta bebida costuma ser bastante consumida por
elas.
A prática regular de atividade física (tabela 8) foi constatada em 70,2% das
participantes, em divergência com a população de outro estudo (Farinasso, 2005), em que os
indivíduos não praticavam nenhum exercício físico de forma regular. O grupo 3 foi aquele em
87
que um número menor de idosas relatou essa prática, talvez por elas terem, além de outros
problemas, mais ocorrência de artrose. Esta doença é comum na velhice e pode afetar, entre
outras partes do corpo, quadris, joelhos, mãos, dedos e coluna, gerando desconforto articular,
cansaço, dor, deformidades, inflamações e limitação da função articular.
Na tabela 8, observa-se também que as mulheres, nas três faixas etárias, praticam
exercícios, prioritariamente, com uma freqüência que variava de uma a três vezes por semana
(59,1%) e já realizam atividade física por um período que variava de três a dez anos na
maioria dos casos (54,5%), sem diferença importante entre os grupos. Pode-se observar que
várias idosas iniciaram alguma atividade há pouco tempo (de seis meses a dois anos), o que
demonstra que nunca é tarde para começar a se exercitar. Em seus relatos, muitas alegaram
que, antigamente, não havia tanto estímulo à prática de exercícios físicos. Hoje, além da
divulgação maciça sobre os benefícios dos mesmos, os locais que elas freqüentam
disponibilizam atividades desse tipo.
Percebeu-se que a maior parte do G1 (43,8%) realizava mais de um tipo de
exercício físico (quadro 4), enquanto nos demais grupos a maioria praticava apenas uma
modalidade (41,2% e 39,3%). Essa diferença pode ser devido ao fato de o G1 incluir mais
mulheres com problemas na saúde e elas, por esse motivo, dedicarem-se mais às atividades
físicas.
O tipo de exercício físico mais referido pelas participantes no G1 e G3 foi a
caminhada, a qual é realizada por 58,3% e 43,7% das idosas, respectivamente. Na população
total, praticam caminhadas 31,9% das idosas, corroborando com o percentual de 34,9%
encontrado por Farinasso (2005). No G2, o tipo mais praticado é a ioga (38,5%), seguida da
caminhada (34,6%).
Na tabela 9, nota-se que um alto percentual de mulheres nos três grupos realiza
atividade social e/ou de lazer (92,6%). É possível identificar uma tendência na população total
a desenvolver mais atividades desse tipo do que praticar exercícios físicos. Não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos, todavia, percebe-se que as
participantes do G1 são as que menos desenvolvem práticas sociais e de lazer, talvez por
ocuparem um tempo maior com o trabalho físico.
Ao todo, 74,7% das mulheres têm atividade social e/ou de lazer com uma
freqüência que varia de uma a três vezes por semana. Participar de grupo da terceira idade
(quadro 5) foi a atividade mais citada nas três faixas de idade. A maioria no G1 e G2 realiza
apenas um tipo de atividade, enquanto a maior parte do G3 realiza mais de um tipo,
88
possivelmente em função de grande parte delas (33,3%) freqüentar um local destinado a
atividades culturais e de lazer, com várias opções de escolha.
Quanto à demanda vocal no dia-a-dia (tabela 10), houve diferença estatisticamente
significativa na comparação entre as faixas etárias. Notou-se que a demanda vocal variou
conforme a idade: a maioria das mulheres do G1 relatou que faz uso intenso da voz; no G3
verificaram-se mais relatos de uso médio da voz; e, no G2, pouco uso. Esses dados contrariam
o esperado, que seria uma redução da demanda vocal com o passar do tempo. Porém acredita-
se que o Grupo 3 relatou maior uso da voz do que o 2 em virtude de ter mais idosas que fazem
aula de canto e que realizam um número maior de atividades sociais e/ou lazer. Ou seja, há,
provavelmente, maior exigência no que se refere à comunicação oral para essas mulheres.
Foi citado uso do telefone (tabela 10) com pequena freqüência pelas mulheres no
total (58,5%). O Grupo 1, que relatou maior demanda vocal, também é aquele em que uma
percentagem maior de pessoas relatou uso do telefone de forma intensa. Quanto às atividades
de maior exigência de uso da voz (quadro 6), conversar pessoalmente foi a mais mencionada,
sendo esta a única atividade que envolve uso da voz para a maioria das participantes nas três
faixas etárias.
A tabela 11, sobre a prática de canto, demonstra que metade das mulheres do G1 e
do G3 relatou que canta e a maioria do G2 não canta. Contudo, esta não é uma prática formal
e regular entre as idosas, considerando-se a população total, uma vez que 61% cantam
sozinhas em casa e 14,6% durante atividades religiosas. Pratica atividade de canto em coral
uma percentagem bem mais elevada de mulheres no G3 (42,9%), em comparação ao G1
(12,5%) e G2 (18,2%). Pode ter havido esse resultado no G3 não só devido ao fato de as
participantes gostarem mais de cantar, mas também por haver no grupo índice maior mulheres
que freqüentavam um lugar que, entre aqueles onde a coleta de dados foi realizada, era o
único que oferecia aula de canto.
Verificou-se uma associação entre dificuldade para cantar e a idade: houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos, com um maior percentual de mulheres
do G3 que não relataram tal dificuldade, possivelmente por ser o grupo em que uma taxa
maior de mulheres se submete a treinamento de voz durante a atividade de canto em coral.
O tipo de dificuldade para cantar (quadro 7) mais mencionado foi a de alcançar
tons agudos, especialmente no G1 (50%) e G2 (81,8%). No G3 esta também foi a principal
queixa, contudo apareceu em percentagem bem mais baixa (21,4%). Estes dados concordam
com aqueles observados na literatura (Cassol e Bós, 2006; Bilton e Sanchez, 2002; Abitbol et
al., 1999; Bressan, 1999; Boulet e Oddens, 1996), os quais indicaram a ocorrência de redução
89
na extensão vocal dos sons agudos com o avançar da idade. Um motivo para o G3 ter
apresentado menos queixa de dificuldade na emissão de tons agudos pode ter sido um melhor
condicionamento vocal adquirido no canto em coral, pois este pode promover um aumento
significativo da extensão vocal dos idosos (Rocha et al., 2007).
Por meio da tabela 12, observa-se que o hábito de pigarrear ocorreu em mais da
metade do G3 (53,6%), enquanto nos demais grupos a maioria das participantes não relatou
ter o hábito. O maior acúmulo de secreções na idade avançada ocorre devido à desidratação
tecidual progressiva da mucosa oral, por perda de água intracelular, bem como pelo uso
excessivo de medicamentos que afetam a função da glândula salivar e reduzem o fluxo de
saliva. A diminuição da lubrificação dos tecidos orais torna a saliva mais viscosa, prejudica a
mobilidade da língua e dificulta a deglutição. Na população total, o pigarro foi citado por
46,8%, percentagem essa acima da encontrada nos estudos de Pontes et al. (2005) e Cassol e
Bós (2006), mas semelhante à detectada por Soares et al. (2007).
O hábito de tossir ocorreu em apenas 29,8% das idosas nos três grupos,
confirmando os dados evidenciados na literatura (Cassol e Bós, 2006; Soares et al., 2007). As
mulheres do G3 foram as que mais relataram esse costume e este pode estar associado à
presença do pigarro do qual a maioria se queixou.
No G1, 62,5% das idosas responderam que têm o hábito de falar alto (tabela 12).
Por outro lado, a maioria nos dois outros grupos afirmou que não fala alto. O Grupo 1 é o que
contém maior número de mulheres com descendência italiana, e sabe-se que tal hábito é
comum em famílias dessa nacionalidade. Ao todo, 46,8% das mulheres deste estudo
apresentaram o hábito, índice pouco superior ao encontrado por Cassol e Behlau (2000): 55%.
Prevaleceu nos três intervalos de idade a ausência do hábito de gritar (tabela 12).
Este foi mais freqüente no G1 (34,4%) do que no G2 (14,7%) e no G3 (28,6%), o que
corresponde a 25,5% do número total de mulheres e diverge de Soares et al. (2007).
Os dados sobre a ingestão de água pelas participantes dos três grupos revelaram
que 79,8% realizam baixa ingestão, concordando com os achados de Soares et al. (2007), que
encontraram 63,6% de relatos de baixo consumo de água em um grupo de idosos sem
orientação sobre a saúde vocal. A ingestão de uma quantidade reduzida de líquido está
relacionada à diminuição do estímulo do centro da sede no processo de envelhecimento (Silva-
Netto, 2003). Pode-ser identificar nos resultados uma tendência de as idosas beberem menos
líquido conforme o aumento da idade, apesar de não ter havido diferença significativa entre as
faixas etárias. Entre os grupos pesquisados, o G3 foi o que relatou ingerir menor quantidade de
água, e isso deve ser um dos motivos para uma maior presença de pigarro e tosse nesse grupo.
90
A autopercepção de dificuldade para ouvir (tabela 13) mostrou forte associação
com a idade. Constatou-se relação estatisticamente significativa, representada por um
aumento na freqüência desta percepção com o avançar da idade (31,2% no G1, 55,9% no G2 e
78,6% no G3). Tal achado é justificado pelo caráter progressivo da perda auditiva induzida
pelo envelhecimento. Das 94 idosas pesquisadas, 54,3% apresentaram relato de dificuldade,
em concordância com o estudo de Monteiro (2007).
Apesar de não ter havido diferença estatisticamente significativa nas demais
questões relacionadas à audição (tabela 13), identificou-se um aumento progressivo na
ocorrência das variáveis em cada faixa etária. Nessa tabela, constatou-se prevalência de idosas
que não costumam usar a televisão em volume alto (73,4%) Todavia, esse dado pode não
refletir exatamente a realidade, pois nota-se que, muitas vezes, o idoso não percebe que o
volume usado é alto. A dificuldade na compreensão foi verificada em 69,1% das idosas
(56,2% do G1, 70,6% do G2 e 82,1% do G3). Esta é considerada uma queixa comum no idoso
devido à perda auditiva de alta freqüência resultante do envelhecimento (Pinzan-Faria e Iorio,
2004).
Ainda na tabela 13 é possível observar a ocorrência de queixa de incômodo com
barulho, presente em 60,6% das participantes, maior no G3 (71,4%), em comparação ao G1
(59,4%) e ao G2 (52,9%), percentagens consideravelmente maiores do que a demonstrada por
Amaral e Sena (2004). A hipersensibilidade a sons fortes é outra queixa usual dos idosos,
conhecida como recrutamento (Russo, 2004). Por outro lado, houve predomínio de ausência
de zumbido na população geral (60,6%), similar ao resultado encontrado por Amaral e Sena
(2004).
Na tabela 14 constatou-se preponderância de mulheres que haviam se submetido,
em alguma época, a exame audiométrico (75,5% no total), especialmente no G1 (81,3%).
Uma maior procura do serviço de audiologia por idosas em faixa etária semelhante a do G1 já
foi citada na literatura (Amaral e Sena, 2004). Esta faixa de idade parece ter sido mais bem
alcançada pelas divulgações, nos meios de comunicação, sobre os cuidados com a audição e
as conseqüências psicossociais da deficiência auditiva, as quais têm sido intensificadas há
algum tempo.
Em dois dos quatro locais onde a coleta de dados foi realizada haviam sido
disponibilizados exames audiométricos aos idosos, durante uma campanha sobre a audição e
uma pesquisa sobre o envelhecimento auditivo, fator que também estimulou a realização do
exame. Desta forma, grande parte das mulheres não procurou, de forma totalmente
espontânea, o serviço de audiologia.
91
Conforme a tabela 14, as participantes haviam realizado a avaliação auditiva até no
máximo 12 meses antes da avaliação da voz em 81,7% dos casos. Obteve resultados
compatíveis com a normalidade 59,2% das mulheres, segundo auto-relato. Não houve
associação estatisticamente significativa entre esse parâmetro e a idade, porém, é perceptível
um aumento do índice de relatos de alteração auditiva com o decorrer da idade. Entretanto,
não foi possível investigar a veracidade das informações fornecidas pelas idosas nessa questão
e, desse modo, esta pode não corresponder exatamente ao número de pessoas com perda
auditiva.
Nos resultados obtidos sobre a ocorrência de queixa vocal (tabela 15), verificou-se
um predomínio de mulheres sem queixa (77,7%) na população total. A autopercepção de
dificuldades na voz teve maior ocorrência no G1 (34,4%).
A percentagem total de mulheres com queixa vocal neste estudo foi baixa (22,3%)
e vai ao encontro da afirmação de Bressan (1999), de que essa queixa é raramente identificada
nos indivíduos idosos, uma vez que eles têm outras prioridades. No entanto, outros estudos
(Pontes et al., 2005; Cassol e Behlau, 2000; Feijó et al., 1998), detectaram taxa maior de
queixa de voz. Vale destacar que, especialmente na pesquisa de Pontes et al. (2005) a
população estudada constituía um grupo diferenciado, pois eram idosos de ambos os sexos e
que procuraram um serviço de otorrinolaringologia já com queixas faringolaríngeas, entre
elas, a queixa de voz.
A rouquidão foi o tipo de queixa vocal (quadro 8) apontado pela maioria das
idosas no G1 (54,6%) e apareceu em uma percentagem de 20% no G2 e 40% no G3. Os
resultados no G1, principalmente, confirmam a afirmação de Bilton e Sanchez (2002), de que
a rouquidão pode ser um dos principais sintomas relatados pelos idosos. Supõe-se que a
queixa de voz, especificamente a de rouquidão, tenha sido mais presente no primeiro grupo
devido ao fato de as participantes terem passado há menos tempo pela menopausa, período no
qual a voz da mulher sofre modificações mais marcantes. A rouquidão, entre outros sintomas,
pode fazer parte desse quadro, conforme foi demonstrado cientificamente (Ferreira e
Annunciato, 2003; Behlau, 2004; Schneider et al., 2004; Abitbol et al.,1999; Bressan, 1999;
Boulet e Oddens, 1996; Bertelli,1995; Priston, 1994; Priston et al.; 1992).
No G2 a prevalência foi de queixa de falha na voz durante a conversação e outros
tipos de queixas; já no G3 houve prevalência apenas de queixa de falha na voz. A quebra de
sonoridade foi enfatizada, na literatura, como uma das características possíveis da voz do
idoso (Cassol e Bós, 2006; Brito Filho, 1999; Behlau, 1999). Acredita-se que essa queixa
pode ter sido resultante de instabilidade do pitch associada à instabilidade da pressão aérea
92
subglótica. Pode também ter ligação com uma redução da hidratação e presença de pigarro,
que altera a freqüência e a sincronia de vibração das pregas vocais.
Ao serem questionadas se realizavam algum tipo de cuidado com a voz (tabela
16), a maioria das participantes (86,2%) respondeu negativamente nas três faixas etárias. O
G1 apresentou o percentual mais baixo de adoção de cuidados, porém seria mais lógico que
esse grupo se preocupasse mais com sua voz, uma vez que é aquele com mais queixas vocais
e mais mulheres que fazem uso intenso da voz. Vale ressaltar que, ainda que nas outras faixas
etárias tenham surgido mais relatos de cuidados com a voz, isto não significa que estes sejam
adequados.
Entre as mulheres que realizavam algum cuidado vocal, o tipo mais citado (quadro
9) nos dois primeiros grupos (50% e 40%) foi o gargarejo (com limão; coca-cola; suco da
casca de romã; sal, vinagre e água morna). Essa prática, observada no presente estudo, não foi
citada em nenhuma das pesquisas com idosos consultadas na literatura. No terceiro grupo, a
maioria (50%) das idosas mencionou a automedicação. Os achados sugerem que, apesar das
iniciativas da Fonoaudiologia na divulgação de informações sobre a saúde vocal, a população
idosa parece não estar ainda devidamente conscientizada da importância da prevenção dos
distúrbios vocais e quais são as medidas preventivas mais adequadas. Uma parcela de
mulheres realiza atividade de canto em coral e parece não perceber que isto contribui para a
longevidade vocal, pois esta não foi citada por elas nessa questão.
Poucas mulheres, nesta pesquisa, relataram ter apresentado problemas vocais no
passado (tabela 17), e a maioria delas afirmou não ter tido nenhum tipo de problema (79,8%).
Cassol e Behlau (2000) detectaram ocorrência menor e, tal como na presente pesquisa, as
mulheres nunca haviam se submetido a tratamento para a voz.
No G1, ainda na mesma tabela, prevaleceu o relato de rouquidão devido ao uso
vocal no trabalho, seguido de relato de rouquidão em virtude de problemas na garganta; no
G2, o maior relato foi de rouquidão ou afonia sem motivo aparente, seguido de outros tipos de
problemas; enquanto no G3, cada pessoa apresentou relato diferente quanto ao tipo de
alteração. Os dois primeiros grupos apresentaram percentual semelhante de ocorrência de
problemas vocais pregressos, enquanto as mulheres do terceiro grupo foram as que menos
mencionaram este fato. O resultado pode ser atribuído a uma dificuldade maior das mulheres
mais velhas em identificar alterações vocais, pois as informações sobre a voz eram menos
divulgadas no passado. Além disso, a voz não representava um papel tão importante. Na
atualidade, o papel da comunicação é bem mais valorizado.
93
As mudanças na voz com o passar dos anos (tabela 18) não foram percebidas pela
maior parte das mulheres do G1, apesar de ter sido o grupo com mais queixas de voz. É
importante notar que o G1 foi também o grupo que mais apresentou hábito de gritar e falar
alto, assim como é aquele que tem maior demanda vocal. Desta forma, pode-se supor que as
mulheres podem ter se queixado de alterações na voz relacionadas ao uso vocal ou problemas
otorrinolaringológicos, que não são constantes e que podem ter se apresentado de forma
intermitente ao longo dos anos. De fato, certas idosas que se queixaram, por exemplo, de
rouquidão, comentaram posteriormente que esta não era constante. Portanto, nesses casos,
talvez as alterações na voz não sejam consideradas por elas como mudanças decorrentes do
avançar dos anos. Foram incluídas nos resultados da pesquisa as queixas de alterações
constantes ou não, o que pode ter promovido os resultados comentados.
Ainda na mesma questão, constatou-se, nos demais grupos, que a maioria relatou
ter percebido essas mudanças. Ao todo, 52,1% das 94 idosas afirmaram ter percebido
modificações na voz com a idade, resultado contrário ao citado por Schneider et al. (2004) e
Polido et al. (2005). Estes últimos autores associaram a ausência de percepção das
modificações com a redução de experiências vocais, em função de as participantes possuírem
vida social inativa e também por não serem profissionais da voz.
Na presente pesquisa, a maior ocorrência dessa percepção pode estar justamente
ligada ao fato de que todas as participantes têm atividade física, social e/ou de lazer fora do
âmbito doméstico. Por esta razão, as exigências vocais são provavelmente maiores, o que
pode chamar mais a atenção das idosas para sua própria voz. Além disso, algumas delas,
principalmente do G3, praticam atividade de canto em coral e há, na maior parte da
população, pessoas que relataram cantar de alguma forma, mesmo sozinhas em suas casas.
Isto também pode estar ligado a uma propriocepção vocal melhor.
O tipo de mudança percebida (tabela 18) pela população total foi de que a voz
ficou mais grossa com o passar dos anos (49%), dado que contraria o identificado no estudo
de Polido et al. (2005), em que as mulheres não perceberam o agravamento da freqüência
vocal. Notou-se maior percepção dessa mudança no G3, ao compararem-se as três faixas
etárias. As idosas do G1 perceberam ainda outros tipos de modificação e as do G2 e G3
relataram notar que a voz ficou rouca.
De maneira geral, pouco mais da metade (51,1%) das idosas respondeu à questão
sobre o que faz bem para a voz (tabela 19), e não houve diferença significativa quanto às
faixas etárias. No quadro 10, no G1, a água apareceu como o fator mais citado (35,3%); no
G2, o gargarejo (50%); enquanto no G3 verificou-se o gargarejo e a categoria Outros em igual
94
percentagem (40%). Nas respostas, foram detectados vários mitos existentes sobre os
cuidados com a voz, como, por exemplo: diversos tipos de gargarejo (com limão; coca-cola;
suco da casca de romã; sal, vinagre e água morna) e chás. Infelizmente, há muitas pessoas
adeptas das receitas caseiras. Não que todas causem algum prejuízo, obviamente, mas é claro
que, muitos dos conselhos transmitidos de geração para geração não têm respaldo científico.
No questionamento sobre o que faz mal à voz (tabela 20), 55,3% das 94
participantes forneceram alguma resposta. Destas, a maioria citou o líquido gelado como um
aspecto prejudicial (quadro 11). As respostas demonstraram que as idosas têm uma noção
melhor sobre os fatores que prejudicam a voz. Contudo, durante o diálogo, pôde-se perceber
que estas, na maioria dos casos, desconhecem de que forma influenciam na voz.
No momento em que as participantes foram solicitadas a dizer uma palavra que
representasse a própria voz (tabela 21), as idosas do primeiro grupo utilizaram de maneira
grupo com mais mulheres que tem o hábito de gritar e falar alto. Nos dois outros grupos, a
Anhoque (2003). Sabe-se que, em
qualquer idade, é difícil descrever a própria voz. Em geral, as pessoas não dispensam muita
atenção a sua voz ou simplesmente não sabem como classificá-la. Por essa razão, pode ter
havido maior freqüência da palavra normal em dois grupos.
Na pesquisa de Polido et al. (2005), a maioria dos participantes considerou a voz
como feia e semelhante à de alguém muito idosa. Referência parecida foi observada na
presente pesquisa, onde, no G2, três idosas utilizaram a palavra velha para representar a voz, o
que demonstra o estereótipo, ainda enraizado em algumas pessoas, sobre a voz do idoso.
É possível visualizar, na tabela 22, a média do TMF das participantes. Para a vogal
/a/, foi detectada média semelhante no G1 e G2 (13,7 e 13,8 segundos, respectivamente) e um
pouco menor no G3 (12,1 segundos). Nas duas primeiras faixas etárias, o TMF foi
ligeiramente menor do que o encontrado por outros pesquisadores (Priston et al., 1992;
Priston, 1994). Entretanto, na terceira faixa etária o resultado foi bastante similar.
A média do tempo máximo fonatório na consoante /s/ decresceu discretamente
conforme a faixa etária: 11,8 segundos no G1, 10 segundos no G2 e 9,5 segundos no G3.
Entretanto, não ocorreu diferença estatisticamente significativa. O achado no G1 assemelha-se
ao de outra pesquisa (Feijó et al., 1998). Em relação ao TMF da consoante /z/, não houve o
mesmo padrão de declínio: a média detectada foi próxima no G1 e G3 (12,4 e 12,8 segundos,
respectivamente) e mais baixa no G2 (10,3 segundos). Percebeu-se maior dificuldade das
participantes do G2 na articulação do fonema, o que justifica esse achado.
95
Os resultados visualizados, na vogal e nas consoantes, foram abaixo do encontrado
por Cassol (2004) na avaliação dos sujeitos de sua pesquisa, porém acham-se dentro do
desvio-padrão calculado pela autora. O TMF do G1 e G3 concorda com aquele detectado por
Feijó et al. (1998).
Na comparação dos valores obtidos nas medidas fonatórias com o esperado para
um adulto, percebeu-se a clara redução que o processo de envelhecimento promove nesse
parâmetro (Menezes e Vicente, 2007; Polido et al., 2005; Bressan, 1999; Ferreira, 1998;
Priston et al., 1992; Priston, 1994).
É necessário destacar o fato de as idosas terem apresentado TMF maior no /z/ do
que no /s/, que não configura o esperado. Percebeu-se a tendência de elas utilizarem durante o
/z/ a musculatura extrínseca do pescoço, que favoreceu a manutenção da emissão por um
tempo maior.
A coordenação pneumo-fonoarticulatória (tabela 23) mostrou associação
significativa com a idade. Verificou-se predomínio de mulheres classificadas como
coordenadas neste parâmetro, especialmente no G2, no qual não houve nenhuma idosa com
incoordenação. Os dados obtidos diferem da literatura (Venites et al., 2004; Behlau et al.,
2001; Andrews, 1995), a qual indica uma prevalência de incoordenação pneumo-
fonoarticulatória em idosos, devido à falta de suporte respiratório. A maioria das idosas que
participaram do presente estudo realiza atividade física, a qual propicia um bom
condicionamento respiratório na velhice (Anhoque, 2003; Morrison e Rammage, 1994) e, por
esse motivo, pode ter havido alto percentual de idosas com CPFA adequada.
Outro parâmetro em que se constatou diferença estatisticamente significativa entre
as faixas etárias foi o da articulação (tabela 23). O G1 foi o único grupo em que houve
ocorrência de articulação imprecisa, embora, em percentual muito baixo. Nos demais, todas as
idosas apresentaram articulação precisa. Os resultados corroboram com outros estudos
(Menezes e Vicente, 2007; Polido et al., 2005; Anhoque, 2003; Felício, 1999), que mostraram
essa prevalência na população idosa.
Sabe-se que o próprio envelhecimento, a perda de elementos dentários e a
utilização de prótese dentária promovem efeito sobre todo o sistema sensório-motor oral
(Kendall et al., 2004; Santos et al., 2001; Duarte et al., 1997; Felício, 1999). Todavia, devido
à capacidade de adaptação dos indivíduos a essas modificações, as dificuldades na articulação
dos sons da fala nem sempre geram limitações funcionais significativas na comunicação,
segundo a literatura (Monteiro, 2007; Nisa-Castro et al., 2004) e conforme se pode inferir por
meio dos resultados da presente pesquisa.
96
Ainda há certa controvérsia na literatura sobre esta questão, pois outros autores
sugeriram um predomínio de articulação imprecisa ou travada (Bressan, 1999; Venites et al.,
2004). Essa divergência pode ser justificada pelas diferenças na forma de avaliar esse
parâmetro e pode haver associação também com o uso de próteses dentárias e a adaptação das
mesmas.
A ressonância (tabela 23) foi predominantemente equilibrada na população
estudada (54,3% no total), principalmente no G1 e no G2, coincidindo com o achado de
Polido et al. (2005). Contudo, este resultado divergiu dos dados de outros autores (Venites et
al., 2004; Feijó et al., 1998). Além do tipo equilibrado de ressonância, no G3 houve uma
ocorrência maior, em comparação com as outras faixas etárias, de ressonância baixa,
incluindo a laringofaríngea com foco nasal discreto e acentuado. Não foi possível aplicar teste
estatístico neste parâmetro, mas a partir dos resultados visualizou-se um aumento discreto na
ocorrência de ressonância baixa com o avanço da idade, achado que vai ao encontro da
literatura (Venites et al., 2004; Feijó et al., 1998; Bertelli, 1995).
O pitch (tabela 24) foi considerado como médio para grave na maioria do G1.
Possivelmente, tal resultado deve-se às alterações hormonais da menopausa, mais recentes
nessas mulheres, e que influenciam na freqüência fundamental da voz. É interessante lembrar
que, nessa faixa etária, ocorreu mais queixa de rouquidão do que nas demais. Seis pessoas
apresentaram essa queixa, porém apenas uma delas tinha qualidade vocal rouca segundo a
avaliação dos fonoaudiólogos. Pode ser que as mulheres, por uma dificuldade em distinguir as
características vocais, tenham considerado como rouquidão a crepitância produzida pelo pitch
mais agravado.
No G2 e G3, o pitch médio foi o mais freqüente. Apesar disso, a mudança vocal
com o passar dos anos mais percebida pelas idosas desses grupos foi de que a voz ficou
grossa. Supõe-se então que talvez elas tivessem pitch agudo ou médio para agudo no passado,
e que pode ter se modificado com o avançar da idade.
Na população geral, a maior ocorrência foi de pitch médio (42,6%). Este resultado
diverge do de outros autores que indicaram tendência a pitch grave em idosas (Behlau, 2004;
Behlau, 2001; Feijó et al., 1998; Bressan, 1999). Todavia, por mais que o resultado geral
tenha sido diferente, ao comparar as faixas etárias, observa-se um aumento na ocorrência de
pitch médio para grave e grave na faixa etária mais avançada. A divergência em relação à
literatura pode ter ocorrido devido às diferenças na população analisada, que, no presente
estudo, foi composta apenas por mulheres ativas comunicativamente e uma parcela delas
97
realiza canto em coral (24,5%). Sabe-se que esses são fatores que influenciam na longevidade
da voz.
O loudness (tabela 24) caracterizou-se como adequado na maioria das mulheres
(91,5%), e a percentagem deste foi um pouco menor no G3 em relação aos demais grupos. O
dado geral contraria a constatação, por outros pesquisadores, de tendência a loudness reduzido
(Menezese Vicente, 2007; Venites et al., 2004; Bressan, 1999). A prática de exercícios físicos
pode ter conferido, à parte das mulheres da presente pesquisa, um melhor suporte respiratório
e, conseqüentemente, a manutenção do loudness.
Evidenciou-se uma associação entre a faixa etária e a qualidade da voz (tabela 25):
houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Percebeu-se uma progressão na
ocorrência da alteração de voz, com diferença mais discreta do G1 para o G2, enquanto do G2
para o G3 a diferença foi bem maior. O terceiro grupo foi o que apresentou maior taxa de
alteração na qualidade vocal (32,1%), apesar de ser o grupo com maior percentual de idosas
que praticam canto em coral. Todavia, uma diferença em relação aos outros grupos é que o
G3 tem menor percentagem de mulheres que praticam exercícios físicos, os quais favorecem a
longevidade da voz.
O índice de alteração na qualidade vocal, entre outros resultados, demonstra o
caráter progressivo das modificações na voz e comprovam a importância de analisar a voz dos
indivíduos idosos de acordo com a faixa etária.
Os percentuais de ocorrência de queixa de voz, no G1 e G2, sugerem que a queixa,
muitas vezes, pode ser mais severa do que o esperado, pois as mulheres desses grupos
apresentaram baixo índice de alteração de voz na avaliação perceptivo-auditiva. Outro motivo
para o índice de queixa ter sido superior ao de alterações na qualidade vocal pode ser o fato
anteriormente citado: é possível que parte das mulheres tenha alterações vocais não contínuas,
as quais poderiam não estar presentes no momento da avaliação.
Ao contrário, no G3, os achados indicam que os fonoaudiólogos identificaram
alterações vocais em mulheres que não percebiam nenhum problema. Isso indica que as
alterações na voz, para elas, podem não trazer prejuízos a ponto de gerar queixa e influenciar
de forma significativa o desempenho comunicativo.
Ao considerar a população total, a freqüência maior foi de ausência de alteração
vocal (85,1%), o que diverge de outras pesquisas (Menezes e Vicente, 2007; Feijó et al.,
1998). A diferença de resultado pode estar pautada nas particularidades sociodemográficas, de
saúde, prática de atividade física, canto e da faixa etária incluída, as quais foram diferenciadas
em cada pesquisa.
98
O grau geral de manifestação da qualidade vocal (tabela 25) foi classificado como
discreto na maior parte das idosas (92,9%). O resultado obtido nesse parâmetro diferenciou-se
daquele do detectado em outro estudo (Menezes e Vicente, 2007), todavia, concorda com
Venites et al. (2004).
A qualidade de voz (quadro 12) mais apresentada pelas mulheres com alteração foi
rouca (6,4%), tal como o encontrado por Feijó et al. (1998) e Menezes e Vicente (2007),
contudo, em percentual muito mais alto. Observou-se uma variação nas faixas etárias: no G1,
ocorreram as qualidades de voz rouca e soprosa; no G2, tensa, soprosa e trêmula; e, no G3,
rouca, tensa, soprosa, trêmula. De fato, pode ser encontrada na literatura a indicação dessas
como qualidades possíveis de se detectar na voz do idoso (Menezes e Vicente, 2007;
Ximenes-Filho et al., 2005; Anhoque, 2003; Ferreira e Annunciato, 2003; Bilton e Sanchez,
2002; Behlau et al., 2001).
É importante ressaltar que os estudos citados na revisão de literatura
demonstraram resultados gerais, incluindo muitas vezes ambos os sexos, e diferença quanto à
idade-limite. Isso pode justificar diferenciações existentes entre os resultados do presente
estudo e a literatura. Além do mais, os autores mencionados avaliaram os idosos em grandes
grupos, na maioria das vezes sem análise por faixa etária, fato que pode mascarar as
diferenças biopsicossociais (Boone e Macfarlane, 1994), assim como as mudanças vocais com
o passar do tempo.
Os quadros 12 a 14 mostraram a opinião das idosas sobre o envelhecer, na questão
número 26 do Formulário. Por meio dessa pergunta, buscou-se observar se as idosas
apresentaram tendência a abordar mais o lado positivo ou negativo do envelhecimento. Vale
salientar que essa não foi uma tarefa fácil, uma vez que algumas opiniões pareciam oscilar
entre ambos.
Ao realizar a estimativa, percebeu-se que a ocorrência de opiniões com tendência à
negatividade aumentou conforme a idade (21,9% no G1, 26,5% no G2 e 35,8% no G3). Os
discursos abaixo representam essa tendência:
As pessoas te olham diferente, e isso é ruim. Ah, pra mim não é uma fase tão fácil não. Você já não tem a mesma disposição de antes pras coisas (*P20 - G1).
Nós não deveríamos envelhecer, é uma coisa triste. A gente sente cansaço, falta de disposição... (P37 - G2).
* P = Participante
99
acho. Eu vejo todo dia uma notícia triste [...] Essas coisas vão desgastando a cabeça da gente [...] Eu trocaria tudo isso por uns meses de juventude(P68 - G3).
Em função de as idosas considerarem importante as condições de saúde, pode ser
que o aumento do número de doenças por pessoa conforme a idade tenha gerado mais
referências que tendem a negativas no G3 e G2 do que no G1. Além disso, nas duas últimas
faixas etárias houve um percentual menor de mulheres que moram acompanhadas, em relação
ao G1, o que pode também ter levado a esse resultado.
Por outro lado, o percentual de mulheres em cujos discursos foram identificados
aspectos tendendo a positivos foi semelhante nos três grupos (25% no G1, 26,4 no G2 e 25%
no G3), e exemplos desses casos estão transcritos a seguir:
É uma fase da vida da gente que tem que ser aproveitada ao máximo possível. É bom chegar nessa fase se você tá bem de saúde como eu (P11 - G1).
O envelhecer é a gente se sentir sabida. Uma pessoa que sabe. Quando mais a gente vive, mais se aprende e mais se tem pra explicar pras pessoas que são mais novas. A velhice é a prova que se viveu (P39 - G2).
Eu acho ótimo, porque eu quando era moça não tinha as regalias de hoje, o transporte de hoje. Hoje eu viajo, já viajei quase o Brasil todo. Faço tudo que não fazia antes. Quando eu lembro que tô velhinha, penso: Puxa vida, agora que tava ficando bom! (P78 - G3).
No estudo da FPA (2007), a imagem dos idosos sobre o envelhecimento foi,
segundo os autores, mais negativa do que positiva. No entanto, na presente pesquisa,
resultado semelhante foi verificado somente no G3. No G1, verificou-se percentagem mais
elevada de opiniões com maior inclinação a positivas do que a negativas e no G2, essa
percentagem igualou-se.
Vale lembrar que o G1, com opinião tendendo mais à positiva, foi também o grupo
com maior índice de queixa vocal. Por outro lado, os demais grupos, que apresentaram
tendência a relatos mais negativos do que o G1, tiveram menor percentual de queixa de voz.
Não se observou a existência de uma relação entre ter uma visão mais positiva ou mais
negativa sobre o envelhecimento e a voz. As mudanças na voz, talvez por serem de grau
100
discreto, parecem não promover conseqüências significativas para as idosas desta pesquisa.
Entre as 94 idosas, apenas uma do G1, ao responder à questão sobre o envelhecimento,
queixou-se da mudança vocal. Apesar disso, não houve em sua fala nada que denotasse um
declínio na qualidade de vida ou nas relações sociais em função da voz.
Foi possível observar também a tendência de algumas mulheres a falar tanto de
ganhos quanto de perdas. Notou-se uma propensão maior das idosas do G2 (26,5%) a fazer
referências tendendo a positivas e a negativas simultaneamente, em detrimento das do G1
(15,7%) e G3 (14,3%). Essa dualidade nas respostas está exemplificada abaixo:
Eu acho ótimo, tenho meus filhos perto que é o mais importante. Saio por aí com eles, passeio, venho pra terceira idade. Tenho uns problemas de saúde que me perturbam. Isso incomoda, mas a gente vai levando (P21 - G1).
[...] Eu me cuido muito, mas não fico com aquele pensamento achando que tá tudo ruim, reclamando. Acho que todas as fases da vida têm uma recompensa. Você perde muita coisa, mas ganha também [...] (P63 - G2).
Eu vou ser sincera. A velhice é uma coisa que a gente tem que aceitar e saber conviver com ela, senão, fica muito pesado, porque você já tem certas limitações. Mas é muito bom. Eu, por exemplo, tenho seis netos, tenho uma família já. Então, eu sou muito feliz (P94 - G3).
É importante destacar que se decidiu não classificar em algumas respostas (12 do
G1, sete do G2 e nove do G3) a tendência a serem mais negativas ou positivas. Nessas
respostas transpareceu uma percepção mais ambígua sobre o envelhecimento, que se pode
considerar em vários sentidos. Um exemplo disso são os relatos em que as idosas utilizaram a
palavra normal para falar do envelhecer ou que relataram não ter ocorrido nenhuma mudança
promovida pela velhice. Assim como outros, esses relatos dão margem a interpretações e
indagações diversas. O que é normal para cada uma dessas mulheres? O sentido dessa palavra
pode ter inúmeros desdobramentos para cada indivíduo. Será que o envelhecimento é
realmente uma fase que não levou a nenhuma modificação para certas mulheres? É possível
que aquelas que relataram sentir-se com menos idade tenham conseguido manter, de fato, seu
vigor físico e não tenham passado por nenhum tipo de mudança interior? Ou estas estão
simplesmente negando sua condição, em virtude dos medos, preconceitos e de uma visão
estereotipada sobre o idoso, uma categoria na qual não quer ser incluída? Pode ser que estas
101
tenham o desejo até inconsciente de passar uma auto-imagem favorável, que lhes permita ser
facilmente aceitas no âmbito social.
Os conteúdos das respostas foram analisados e dispostos em três categorias,
conforme indicado no método (página 40). A distribuição em categorias demonstra muito
mais uma tendência do que uma classificação rígida. Nos conteúdos houve predomínio de
aspectos fisiológicos e/ou de atividades cotidianas no G1 (62,5%) e no G2 (52,9%), e de
aspectos emocionais e/ou psíquicos no G3 (53,6%). De qualquer forma, os percentuais de
ambas as categorias em cada grupo sugerem que essas questões exercem influência sobre o
modo como as idosas vêem a velhice e se sentem em relação ao próprio envelhecimento.
Percebe-se também que, conforme o aumento da idade, há uma progressão da freqüência com
que os aspectos sociais e familiares emergiram nas falas.
De maneira geral, os relatos demonstraram a dimensão complexa e individual do
processo de envelhecer. De modo algum se teve a pretensão de demarcar como é a percepção
das mulheres idosas, de forma a infligir limites fixos, mas sim trazer à discussão questões
relevantes que aparecem nos discursos e as propensões nas faixas etárias investigadas.
A temática da saúde, fator que, comprovadamente, influencia na qualidade de vida
dos idosos (Alleyne, 2001), apareceu em alguns discursos, principalmente no G1, que é o
grupo que possui maior percentual de mulheres com algum problema de saúde. Os discursos a
seguir representam esse resultado:
Se a gente envelhece com saúde, tudo bem. O problema é se aparecerem doenças ruins... Pena que eu tenho problema de coração, senão estaria tudo ótimo (P3 - G1).
Ah, pra mim tá sendo bom. Não tenho o que reclamar porque tô com saúde, me sentindo bem. [...] (P45 - G2).
[...] Deus me deu bastante sorte de ter saúde pra criar meus netos, tem, então pra mim já está bom (P74 - G3).
O cansaço e a falta de disposição física, bem como o desânimo, emergiram mais
nos discursos das idosas do G3. Esses temas foram apresentados como questões associadas à
velhice e a uma época em que as mais simples atividades do cotidiano parecem tomar uma
proporção maior, exigindo mais esforço e tempo para ser realizadas. Isso ficou claro, por
102
exemplo, quando a P70 do G3, relatou: Ah, eu acho bem ruim, porque antes eu era esperta, fazia
tudo e não cansava. Agora já vou devagar, cansa mais... .
A percepção de não poder mais contar e confiar, como anteriormente, em seu
próprio corpo para solucionar os problemas diários parece promover a sensação de que o
envelhecimento é uma fase triste que não deveria acontecer. Percebe-se também que esse fato
pode colocar a idosa diante de sua própria finitude, quando a P14 do G1 relatou:
Ah, desanima, né. Estamos mais pra lá do que pra cá. Quando eu acordo, sinto angústia, sabe. Parece que eu não vou mais conseguir resolver os problemas do dia-a-dia, acho que tem muita coisa pra ser resolvido e penso que não consigo [...] (P14 - G1).
Constatou-se a partir das respostas, primordialmente do G3, que as mudanças
provenientes do processo de envelhecimento alcançam o plano das relações sociais. A P41, do
G2, declarou sobre o envelhecimento: Muito chato. Você não se sente bem com pouca gente,
também não se sente bem no meio de muita gente [...] . Enquanto a P44, do mesmo grupo,
apontou claramente um desinteresse progressivo nas relações comunicativas, quando
comentou: [...] acho que o envelhecer vai definhando muitas coisas da gente... Você vai
perdendo o ânimo de se expressar, conversar [...] .
Podem ser identificados nas falas de duas participantes do G1, uma do G2 e uma
do G3, dois pontos importantes a se discutir em relação à velhice: o preconceito e o
isolamento social. Dois exemplos podem ser observados abaixo:
As pessoas, às vezes, acham que a gente tá biruta, recusam ficar junto, não querem mais passear com a pessoa. Isso que eu acho que muda (P13 - G1). [...] A relação com as pessoas parece que muda, começam a olhar e tratar você de outro jeito, já não têm tanto prazer na sua companhia. Por isso que tem muita gente sozinha por aí, que se fecha pro mundo (P83 - G3).
De acordo com o discurso da segunda idosa, pôde-se notar que o afastamento
social pode ser precedido de situações de preconceito. Estas podem partir até mesmo dos
próprios idosos. Às vezes, o idoso assume uma identidade de alguém dotado, prioritariamente,
de características negativas e com quem um jovem não pode ter uma conversa agradável.
Verificou-se esse tipo de pensamento em momentos, fora da situação de coleta de dados, nos
quais algumas mulheres, após contarem alguma história de suas vidas, um episódio recente ou
103
uma piada, desculpavam-se intensamente pelo tempo que haviam tomado. Acreditavam ter
provocado uma sensação de tédio por terem feito uma jovem escutar
conforme denominaram. Esse sentimento transpareceu também quando, por ocasião de uma
festa, em um dos locais de coleta de dados, apesar do ótimo astral no ambiente, duas das
participantes comentaram que as jovens presentes deviam estar rindo de tanto
das velhas pra dançar
e
Ainda hoje esse período da vida humana carrega muitos estigmas, e a
discriminação que o circunda é inegável. A negatividade em relação ao processo de
envelhecimento foi construída historicamente na sociedade. Percebe-se também que são
repugnadas pela sociedade e até mesmo pelas idosas aquelas mulheres que não se encaixam
devidamente no estereótipo, e essas são consideradas, muitas vezes inadequadas. Em
contraponto, o inverso também é verdadeiro. Nos relatos de certas mulheres, verificou-se o
desejo de fugir da imagem preconcebida de ser velha:
Está bom, tá ótimo, não mudou nada. Tudo que essas meninas de 18 fazem, correm, pulam, dançam, eu faço (P51 - G2).
Pra mim está sendo bem, porque eu não me entrego à velhice não. Prefiro imaginar que estou sempre com uns 35 ou 40 anos no máximo. Não sinto que estou envelhecendo, que estou velha. Pra mim está bem normal. Acho que ninguém deve se sentir velha. Eu sou ativa no meu dia-a-dia, não sou de depender dos outros pra fazer nada. A pessoa não deve ficar dependendo de ninguém, a não ser que tenha uma doença grave. Mas não ficar dizendo que não pode fazer isso ou aquilo porque está velha (P87 - G3).
A imagem da velhice ligada às doenças, às perdas e incapacidades foi absorvida ao
longo dos tempos pela sociedade. A idosa que vive uma velhice bem-sucedida, por não se
encaixar nesse estigma pode ter tendência a não se ver como velha. A reação da mulher pode
ser de negar sua condição de idosa, conforme se pode notar nas respostas anteriores e nas
transcritas a seguir:
Não estou me sentindo velha não. Continuo a mesma. Não sinto nada ruim.
(P26 - G1).
Eu não sinto como se eu tivesse a idade que eu tenho. Eu falo pro meu
(P23 - G1).
104
Pra mim é uma surpresa o envelhecer, porque eu não me sinto velha. Me sinto com menos idade, tô bem [...] (P81 - G3).
Na sociedade há uma valorização exacerbada da pessoa capacitada para o trabalho,
para produzir renda e bens de consumo. Além do mais, o culto à juventude e à beleza cresce
irrefreavelmente a cada dia, e tudo isso serve de combustível ao pensamento depreciativo em
relação ao sujeito idoso. Emergiu em certos relatos a referência da literatura (Motta, 1999;
Debert, 1999) de que para alguns a velhice é um estado de espírito, ou seja, uma condição que
pode ser evitada. Dentre eles o comentário da P2 do G2: [...] Eu não ponho na minha cabeça
.
A evolução quanto aos paradigmas sobre o envelhecimento demonstra que é
possível que a velhice seja vivida com satisfação, saúde e bem-estar, fato que se pode
observar em alguns dos discursos. Entretanto, não se pode afirmar com segurança que as
mulheres, que relataram se sentir com menos idade ou não perceber os efeitos do envelhecer
estão realmente em um processo de envelhecimento bem-sucedido. Seus relatos podem estar
contaminados pela imagem negativa atribuída à velhice e o desejo de não se encaixar nesse
perfil. Suas opiniões podem também ser afetadas pela constante cobrança social para que os
idosos estejam sempre bem-dispostos, mantenham-se joviais e satisfeitos com a vida, pois a
sociedade lida melhor com este tipo comportamento.
A habilidade mantida para a realização dos serviços domésticos ou outras
atividades apareceu em determinados discursos e na literatura (Baltes e Smith, 1995). Pareceu
haver uma necessidade de deixar evidente a autonomia que possuíam e suas capacidades.
Observou-se a importância dada, pelas idosas, à realização de atividades de qualquer tipo, as
quais, muitas vezes, ocupam a maior parte de seu tempo e podem até ultrapassar seus limites.
Vê-se que isso está estritamente relacionado com a sensação de bem-estar e traz um
sentimento de valorização. Observaram-se esses fatos nas falas de sete mulheres do G1
(28,9%), três do G2 (8,9%) e seis do G3 (21,4%). Os recortes de respostas a seguir
representam este fato:
Está sendo saudável para mim porque, nossa, eu tenho tanta atividade que não estou nem dando conta [...] (P32 G1).
Você nem percebe que está ficando velha. Porque sei lá, você passa, você cozinha, leva uma vida normal. Não estou parada, ao contrário, trabalho muito mais agora [...] (P22 - G1).
105
Eu tenho muita atividade. Não me sinto idosa, vou mostrar o trabalho que eu fiz e todo mundo elogiou, então, não me sinto inútil não. Qualquer peça de roupa que tenha uma mancha, um rasgado, eles trazem pra mim e eu conserto direitinho, então... (P94 - G3).
A impossibilidade ou dificuldade na realização de atividades, em especial na
esfera doméstica, traz insatisfação e foi declarada explicitamente por algumas participantes:
Ah, eu tenho muita revolta. Não posso fazer serviço em casa [...] (P18 - G1).
[...] Para fazer as coisas é difícil, me sinto cansada. É um sentimento que até choro. O filho briga muito comigo porque já trabalhei muito e não quer que eu faça mais nada, mas eu não consigo ficar parada. Se eu ficasse sem fazer nada, já tava agora no lugar de doido, então eles deixam eu me movimentar [...] (P19 - G1).
Essa última fala é interessante de se analisar. Por vezes, os membros da família
criam uma rede de proteção ao idoso exacerbada, que o impede de dar continuidade ao seu
cotidiano e o tiram da posição de tomada de decisões. O idoso perde, assim, sua vez e voz na
família, e essa subestimação das capacidades deste pode favorecer a dependência.
Pode-se verificar também outra situação totalmente contrária à citada acima: uma
cobrança da família pelo engajamento do idoso em atividades, o que reforça a idéia de
homogeneização na velhice, como se o que é bom para alguns fosse bom para todos. O idoso
não necessariamente quer estar envolvido em diversas atividades, mesmo as de lazer, ou ainda
estar desempenhando um trabalho formal. Essas situações estão ilustradas nos relatos abaixo:
Eu me sinto cansada, acho que é devido eu não parar de fazer as coisas. No dia que eu não trabalho, eu amanheço melhor. O dia que eu não venho pra cá, se eu passo o dia em casa fico melhor também. Mas querem que eu ande. Domingo eu só saio à tarde depois de almoçar, pra ir pra casa dos filhos, aí fico mais descansada (P82 - G3).
[...] Eu me sinto enfraquecida, não consigo fazer certas coisas, mas, também, vai diminuindo a vontade. Eu acho ótimo ficar em casa, prefiro até (P89 - G3).
Além disso, é possível observar também queixas em relação à falta de atenção por
parte da família e mesmo o abandono total foi citado na presente pesquisa por uma mulher do
106
G1 e três do G2, e pela FPA (2007). Especialmente para as mulheres, a família é um
importante suporte social e isso também transpareceu em algumas falas. Abaixo se observa
trechos de respostas com a temática da família:
Eu acho ótimo, tenho meus filhos perto, que é o mais importante. Saio por aí com eles, passeio [...] (P21 - G1). [...] O que é triste é que os filhos não ligam pra gente. Minha filha é grossa, ela não é uma filha que se preocupa com a mãe, não tá nem aí, não me liga (P93 - G3). [...] Eu acho muito triste a solidão. Principalmente pra mim que sou sozinha, não tenho ninguém. Tenho muito sobrinho e sobrinha, mas cada um pro seu lado, sabe como é (P 68 - G3).
O sentimento de solidão foi citado por algumas idosas, especialmente do G2, e
este emergiu como um aspecto ruim na velhice tanto nesta como em outras pesquisas. No
entanto, nem sempre o fato de morar sozinha leva a um sentimento negativo, conforme se
verifica no relato da P80 do G3: [...] De um lado, eu acho bom, pois vivo sozinha, mas não
sou solitária. Vivo em solidão, mas porque este é meu temperamento. Sou assim desde
pequena [...]. Não é necessariamente na idade avançada que os indivíduos experimentam
solidão. Esta pode ser vivida em qualquer idade. Motta (1999) e Debert (1999), de fato,
salientaram que o impacto da solidão varia para cada indivíduo e pode favorecer um declínio
da qualidade de vida.
De maneira geral, as respostas sugeriram que, para as participantes, os principais
aspectos que têm influência positiva sobre a sensação de bem-estar são: ter boa saúde, a
capacidade para realizar atividades cotidianas, bem como o contato e o bom relacionamento
com a família. Adicionalmente, é possível inferir que foram considerados como virtudes na
velhice: a experiência de vida e a sabedoria adquirida ao longo dos anos; os direitos
garantidos por lei; a liberdade, que quando jovens não possuíam; um maior respeito por parte
da sociedade e as oportunidades de lazer. Esses aspectos foram também identificados na
pesquisa da FPA (2007).
A autopercepção do envelhecimento assumiu formas diferentes para cada
indivíduo. Investigá-la foi importante para a obtenção de informações sobre a complexa gama
de fatores e razões que afetam a forma de as idosas se apresentar, agir e se comunicar no meio
social.
107
7. CONCLUSÕES
A comparação entre as mulheres do G1 (60 a 69 anos), G2 (70 a 79 anos) e G3 (80
a 90 anos) permitiu concluir que existem diferenças, entre as faixas etárias, em relação às
características gerais, vocais e propriocepção do envelhecimento, as quais estão descritas a
seguir.
1. Em relação às características perceptivo-auditivas da voz:
Houve associação estatisticamente significativa entre a idade e:
- a CPFA: nenhuma mulher do G2 apresentou incoordenação e no G3 houve o maior
índice de incoordenação;
- a articulação: apenas no G1 ocorreram casos de articulação imprecisa;
- a qualidade vocal: o percentual de alteração na voz aumentou a cada faixa etária.
Na emissão da vogal /a/ o TMF igualou-se no G1 e G2 e decresceu no G3; no fonema /s/
houve declínio a cada faixa etária; e no fonema /z/, o TMF foi maior no G3 do que nos demais
grupos.
A ressonância foi classificada predominantemente como equilibrada nos três grupos e
houve uma progressão discreta na ocorrência de ressonância baixa a cada faixa etária.
O pitch foi predominantemente médio para grave no G1 e médio no G2 e G3.
O loudness foi predominantemente adequado na maioria, especialmente no G2.
2. Em relação à opinião sobre o envelhecer:
Nas respostas do G1 e G2 houve predomínio de aspectos emocionais e/ou psíquicos, e, do
G3, de aspectos fisiológicos e/ou de atividades cotidianas, demonstrando que esses são fatores
que afetam o modo como as idosas vêem a velhice e se sentem em relação ao
envelhecimento.
Emergiram nos discursos, de forma mais prevalente em algumas faixas etárias, os seguintes
fatores: a saúde, o preconceito, o isolamento social e a importância da realização de
atividades, principalmente no G1; tristeza e solidão, no G2; o cansaço, a falta de disposição
física, o desânimo e as modificações nas relações sociais, primordialmente no G3.
108
3. Em relação à queixa vocal:
No G1 ocorreu maior percentual de queixa vocal e de problemas de voz no passado.
O tipo de queixa prevalente no G1 foi a rouquidão; no G2, as falhas na voz e outros tipos
de queixa; e, no G3, apenas as falhas na voz.
4. Em relação aos hábitos cotidianos e a saúde vocal:
Houve associação estatisticamente significativa entre o relato de dificuldade para cantar e a
idade. O G2 foi o que mais relatou essa dificuldade.
No G1 ocorreu maior índice de mulheres que nunca fumaram, que faziam uso intenso da
voz e que relataram o hábito de falar alto e gritar.
No G2 ocorreu maior índice de uso de álcool, de prática de atividade física e de atividade
social e/ou de lazer.
No G3 ocorreu maior percentagem de prática de canto em coral, de hábito de pigarrear,
tossir e de relato de baixa ingestão de água.
5. Em relação à percepção de mudança vocal:
No G3 detectou-se índice mais alto de percepção de mudança vocal com o passar dos anos.
A mudança mais percebida foi de que a voz ficou mais grossa, principalmente no G1.
6. Em relação à saúde geral:
O G1 teve a maior percentagem de mulheres com algum problema de saúde e que fazem
uso regular de medicação.
O número de doenças por pessoa aumentou a cada faixa etária.
7. Em relação aos aspectos ocupacionais:
O G1 teve maior percentual de mulheres que exerceram alguma atividade profissional no
passado e que exercem atualmente alguma atividade.
8. Em relação aos aspectos relacionados à audição:
Houve associação estatisticamente significativa entre a idade e o relato de dificuldade para
ouvir, bem como entre a idade e o relato de perda auditiva, sendo que a ocorrência desses
relatos aumentou a cada faixa etária.
109
Houve aumento discreto, a cada faixa etária, na ocorrência de relato de uso da TV em
volume alto; relato de que ouve, mas não entende; de zumbido; de realização pregressa de
audiometria; e de perda auditiva.
O relato de incômodo com barulho foi mais presente no G3.
Diante de todas as constatações, pôde-se reafirmar a natureza biopsicossocial do
envelhecimento e que este é um processo com diferenciações a cada faixa etária e também de
uma pessoa para outra. O modo como cada um vai viver esse período e de como será seu
desempenho vocal depende de inúmeras condições vivenciadas ao longo da vida. Cada
indivíduo tem sua própria forma de envelhecer e de enfrentar as modificações que ocorrem
nessa fase do ciclo vital humano.
110
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Anexo 1. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas
Anexo 2. Termo de consentimento livre e esclarecido dos pesquisados
Nome do participante:.................................................................................................... Pesquisador Principal: Marília Bentes Paes Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) Rua Ministro de Godoy, 969–Perdizes–São Paulo (SP)– CEP:05015-901
1. Título do estudo: “Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias”.
2. Propósito do estudo: comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos.
3. Procedimentos: Serei solicitado a responder a um formulário previamente apresentado pela pesquisadora. Posteriormente, será realizada a gravação da minha voz quando terei que falar algumas vogais e fonemas; além de falar sobre uma fotografia. A duração desses procedimentos será de, aproximadamente, 35 minutos. A realização destes testes será agendada segundo a minha conveniência.4. Riscos e desconfortos: Não existem riscos médicos ou desconfortos associados com esta pesquisa, embora possa experimentar alguma fadiga e/ou stress durante estes testes. Receberei tantas interrupções quanto desejar durante a sessão de testes. 5. Benefícios: Compreendo que não existem benefícios médicos diretos para mim como participante neste estudo. Entretanto os resultados deste estudo podem ajudar os pesquisadores a buscar parâmetros de normalidade na voz de idosos, que poderão ser utilizados na avaliação e tratamento da voz.6. Direitos do participante: Eu posso me retirar deste estudo a qualquer momento que desejar.7. Compensação financeira: Não será pago nenhum valor em dinheiro ou qualquer outro bem por minha participação, assim como não terei nenhum custo adicional.8. Confidencialidade: Os meus dados serão mantidos em sigilo e compreendo que os resultados deste estudo poderão ser publicados em jornais e revistas profissionais ou apresentados em congressos profissionais, mas que, minhas gravações não serão reveladas a menos que a lei o requisite.9. Uso dos dados colhidos: Autorizo o uso dos dados colhidos por meio do formulário apresentado pela pesquisadora. Estes poderão ser utilizados apenas em trabalhos científicos, publicados em jornal e revista profissional ou apresentados em congressos profissionais, porém sem identificação pelo meu nome, apenas com o número de participante da pesquisa.10. Uso da minha voz: Autorizo o uso da minha voz para avaliação vocal, por outros três fonoaudiólogos, além da pesquisadora. Ela poderá ser utilizada apenas em trabalhos científicos ou apresentada em congressos profissionais, mas ela não será identificada pelo meu nome, apenas com o número de participante da pesquisa.11. Se tiver dúvidas posso telefonar para a fonoaudióloga Marília Bentes Paes no número (11) 8443-1757.
Eu compreendo meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente consinto em
participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque este estudo está sendo feito.
Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.
Data: Assinatura do participante
_______ Assinatura do pesquisador
Anexo 3. Termo de consentimento livre e esclarecido dos juízes fonoaudiólogos
especialistas em voz
Nome do participante:.................................................................................................................... Pesquisador Principal: Marília Bentes Paes Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) Rua Ministro de Godoy, 969–Perdizes–São Paulo (SP) – CEP:05015-901
1. Título do estudo: “Características vocais e propriocepção do envelhecimento, queixa e saúde vocal em mulheres idosas de diferentes faixas etárias”.
2. Propósito do estudo: comparar as características vocais, a propriocepção do envelhecimento, a queixa e a saúde vocal de mulheres entre 60 e 90 anos.
3. Procedimentos: serei solicitado a realizar a avaliação perceptivo-auditiva da voz dos sujeitos participantes da pesquisa por meio das amostras gravadas e registrar os dados no protocolo de registro apresentado pela pesquisadora. A duração dessa análise será de, aproximadamente 4 horas.
4. Riscos e desconfortos: Não existem riscos médicos ou desconfortos associados com esta pesquisa, embora possa experimentar alguma fadiga e/ou stress durante a análise. Receberei tantas interrupções quanto desejar durante o período.
5. Benefícios: Compreendo que não existem benefícios diretos para mim como colaborador neste estudo. Entretanto, sei que os resultados deste estudo podem ajudar os fonoaudiólogos a buscar parâmetros de normalidade da voz de idosos, que poderão ser utilizados na avaliação e tratamento de voz.
6. Direitos do participante: Eu posso me retirar desta participação a qualquer momento que desejar.7. Compensação financeira: Não será pago nenhum valor em dinheiro ou qualquer outro bem por
minha participação, assim como não terei nenhum custo adicional.8. Confidencialidade: Os meus dados serão mantidos em sigilo e compreendo que os resultados deste
estudo poderão ser publicados em jornais e revistas profissionais ou apresentados em congressos profissionais. Não divulgarei os resultados parciais e/ou totais da pesquisa sem o consentimento dos pesquisadores antes que estes sejam publicados.
9. Se tiver dúvidas posso telefonar para a fonoaudióloga Marília Bentes Paes no número (11) 8443-1757.
Eu compreendo meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente consinto em
participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque este estudo está sendo feito.
Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.
Assinatura do participante
Data
Assinatura do pesquisador
Anexo 04 – Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da
profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o
envelhecimento (1/3)
Participante n°: ______
# IDENTIFICAÇÃO:
Iniciais:__________________ Idade: _______ D.N: _____________ Telefones: ___________________________________________________
# ATIVIDADE PROFISSIONAL
1. Você realiza atividade profissional atualmente? (1) não (2) sim 1.1Qual? ___________________________________________________________
Só aqueles que usam a voz profissionalmente respondem: 1.2 Há quanto tempo trabalha? __________________________________________ 1.3 Quantas horas você trabalha por dia? (1) 4h (2) 6h (3) 8h (4) 12h (5) outro1.4 Em seu ambiente de trabalho você tem contato com algum desses itens? (1) ruído (2) ar condicionado (3) ventilador (4) pó de giz (5) poeira (6) produtos químicos (7) fumaça
1.5 Você exerceu alguma profissão no passado? _________________________
# MORADIA
2. Com quem você mora? (1) sozinho (2) esposo/companheiro (3) filho (a)___ (4) outros____________________________________________________________
# SAÙDE GERAL
3. Você tem algum problema de saúde? (0) não (1) sim 3.1 Qual? ___________________________________________________________
4. Você utiliza algum medicamento regularmente? (0) não (1) sim 4.1 Qual? ___________________________________________________________
# HÁBITOS COTIDIANOS E SAÚDE VOCAL:
5. Você tem ou já teve o hábito de fumar? (0) não (1) já fumei (2) ainda fumo 5.1 Há quanto tempo fuma ou durante quanto tempo fumou?___________________ 5.2 Quantos cigarros por dia? ___________________________________________
6. Você ingere bebida alcoólica? (0) não (1) sim 6.1 Com que freqüência? _______________________________________________ 6.2 Que tipo de bebida? (1) fermentadas (2) destiladas (3) outras _______________
7. Você faz algum exercício físico? (0) não (1) sim 7.1 Qual? (1) caminhada (2) hidroginástica/hidroterapia (3) academia (4) dança (5) fisioterapia (6) ioga (7) outros ___________________________________________
Anexo 04 – Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da
profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o
envelhecimento (2/3)
7.2 Quantas vezes por semana? (1) 1x (2) 2x (3) 3x (4) 4x (5) 5x (6) 6x (7) diariamente (8) sem regularidade definida 7.3 Há quanto tempo pratica atividade física? _______________________________
8. Você realiza alguma atividade social e/ou de lazer? (0) não (1) sim 8.1 Qual? ___________________________________________________________ 8.2 Quantas vezes por semana? (1) 1x (2) 2-3x (3) 4-5x (4) 6-7x (5) sem regularidade definida
9. No seu dia-a-dia você utiliza a voz com que freqüência? (1) faço pouco uso da voz (2) uso médio (3) uso intenso da voz
9.1 Em quais atividades você mais usa a voz? (1) conversar pessoalmente (2) telefone (3) leitura em voz alta (4) canto (5) outras_________ 9.1.1. O quanto você fala ao telefone? (1) faço pouco uso (2) faço uso médio (3) faço uso intenso
Só aqueles que cantam respondem: 10. Você canta (1) sozinha (em casa), (2) em coral, (3) missa / novena / culto (4) outras ____10.1 Sente alguma dificuldade para cantar? (0) não (1) sim 10.2 Qual? (1) alcançar tons agudos (2) alcançar tons graves (3) outras _________
11. Você costuma pigarrear? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 12. Você costuma tossir? (0) nunca (2) às vezes (3) sempre 13. Você costuma falar alto? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 14. Você costuma gritar? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 15. Quantos copos de água você bebe por dia? _____________________________
# AUDIÇÃO:
16. Você tem dificuldade para ouvir? (0) não (1) sim 16.1 Você acha que escuta TV ou músicas em volume alto? (0) não (1) sim 16.2 Você acha que ouve, mas não entende? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 16.3 Barulhos fortes a incomodam? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre 16.4 Tem zumbido? (0) não (1) sim 16.5 Você já fez exame de audição (audiometria)? (0) não (1) sim 16.6 Qual foi o resultado? (0) normal (2) alterado ___________________________16.7 Há quanto tempo realizou o exame? __________________________________ 16.8 Você utiliza aparelho auditivo? (0) não (1) sim __________________________
# ASPECTOS DA VOZ
17. Você tem atualmente alguma dificuldade com sua voz? (0) não (1) sim 17.1 Qual? __________________________________________________________
18. Sente cansaço enquanto fala? (0) nunca (1) às vezes (2) sempre
19. Você tem algum cuidado especial com a voz para mantê-la bem? (0) não (1) sim 19.1 Qual? __________________________________________________________
Anexo 04 – Formulário de identificação do idoso e caracterização dos aspectos da
profissão, hábitos cotidianos, saúde vocal, aspectos da voz, audição e opinião sobre o
envelhecimento (3/3)
20. Você já teve problema de voz? (0) não (1) sim 20.1 Qual? __________________________________________________________
21. Você já realizou tratamento fonoaudiológico? (0) não (1) sim 21.1 Qual o motivo? __________________________________________________
22. Você acha que sua voz mudou com o passar dos anos? (0) não (1) sim 22.1 O que mudou?___________________________________________________
___________________________________________________________________
23. O que você acha que faz bem para a voz? ___________________________________________________________________
24. O que você acha que faz mal para a voz? ___________________________________________________________________
25. Diga uma palavra que represente como é sua voz em sua opinião: ___________
# OPINIÃO SOBRE O ENVELHECIMENTO
26. Como é o envelhecer para você?
Anexo 05 – Protocolo de registro do tempo máximo de fonação
Participante n : _____________________
Salvo como: ________________________
TMF:
/a/: _______________ /a/: _______________
/s/: _______ /s/: _______/z/: _______ /z/: _______
Anexo 6. Protocolo de registro de dados da avaliação perceptivo-auditiva da voz
Participante n : _______
Coordenação pneumo-fonoarticulatória: ( ) coordenada ( ) incoordenada
Articulação: ( ) precisa ( ) imprecisa
Pitch:
( ) médio ( ) agudo ( ) médio para agudo ( ) grave ( ) médio para grave ( ) variável
Loudness: ( ) adequado ( ) fraco ( ) forte ( ) oscilante
Ressonância:
( ) equilibrada( ) hipernasal( ) hiponasal( ) alta (na máscara) ( ) posterior ( ) laringo-faringea ( ) laringo-faringea com foco nasal discreto ( ) laringo-faringea com foco nasal acentuado
Qualidade vocal (escolha no máximo 2 itens):
( ) sem alteração ( ) bitonal ( ) rouca ( ) sussurrada ( ) áspera ( ) diplofônica ( ) tensa ( ) pastosa ( ) tensa-estrangulada ( ) fluída ( ) soprosa ( ) outra. Especifique: ______________________ ( ) trêmula ( ) monótona
Grau geral de manifestação da qualidade vocal:
( ) discreto ( ) moderado ( ) severo