CARACTERÍSTICAS DA OBTENÇÃO HIGIÊNICA E VARIAÇÃO...

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Universidade Camilo Castelo Branco Pós-Graduação em Produção Animal, Campus Descalvado GENALDO MARTINS DE ALMEIDA JUNIOR CARACTERÍSTICAS DA OBTENÇÃO HIGIÊNICA E VARIAÇÃO SAZONAL DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA, CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA TOTAL DO LEITE, EM ESPIGÃO DO OESTE-RO HYGIENIC CHARACTERISTICS OF OBTAINING AND SEASONAL VARIATION IN CHEMICAL COMPOSITION, AND SOMATIC CELL COUNT TOTAL BACTERIAL MILK, IN ESPIGÃO DO OESTE-RO Descalvado, SP 2014

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Universidade Camilo Castelo Branco

Pós-Graduação em Produção Animal, Campus Descalvado

GENALDO MARTINS DE ALMEIDA JUNIOR

CARACTERÍSTICAS DA OBTENÇÃO HIGIÊNICA E VARIAÇÃO

SAZONAL DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA, CONTAGEM DE

CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA TOTAL DO LEITE, EM

ESPIGÃO DO OESTE-RO

HYGIENIC CHARACTERISTICS OF OBTAINING AND SEASONAL

VARIATION IN CHEMICAL COMPOSITION, AND SOMATIC CELL COUNT

TOTAL BACTERIAL MILK, IN ESPIGÃO DO OESTE-RO

Descalvado, SP

2014

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Genaldo Martins de Almeida Junior

CARACTERÍSTICAS DA OBTENÇÃO HIGIÊNICA E VARIAÇÃO

SAZONAL DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA, CONTAGEM DE

CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA TOTAL DO LEITE, EM

ESPIGÃO DO OESTE-RO

Orientador: Profa. Dra. Liandra Maria Abaker Bertipaglia

Co-Orientador: Prof. Dr. Vando Edésio Soares

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Produção Animal da

Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para

obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Descalvado, SP

2014

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha família, meu pai Genaldo Martins de Almeida, minha mãe

Maria José de Oliveira Almeida, meus irmãos Fernand o Martins de Almeida

e Geovani Martins de Almeida, minha esposa Thais Fu zari de Abreu

Almeida e a minha filha Bárbara de Abreu Almeida.

Também dedico aos meus colegas de jornada da EMATER e aos

Professores que se dedicaram nesta nova conquista.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado tudo que tenho nesta vida.

Também agradeço a minha esposa e minha família por ter me dado apoio

e motivação para que completasse mais esta etapa em minha vida.

Aos meus professores da UNICASTELO e em especial mi nha orientadora

Dr. Liandra Maria Abaker Bertipaglia pelo grande apoio prestado.

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O Senhor é meu pastor e nada me faltara.

Deitar-me faz em pastos verdejantes, guia-me mansamente a águas tranquilas.

Refrigera a minha alma, guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu

estás comigo, a tua vara e o seu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unge com óleo a

minha cabeça, o meu cálice transporta.

Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e

habitarei na casa do senhor por longos dias.

Salmo 23.

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CARACTERÍSTICAS DA OBTENÇÃO HIGIÊNICA E VARIAÇÃO

SAZONAL DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA, CONTAGEM DE

CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANAS TOTAL DO LEITE, EM

ESPIGÃO DO OESTE-RO

RESUMO

Este trabalho objetivou verificar os indicadores de composição (gordura,

proteína, lactose e sólidos) e qualidade contagem de células somáticas (CCS) e

contagem bacteriana total (CBT) do leite da microrregião de Espigão do Oeste-

RO, usando como referência a instrução normativa 62 (MAPA) e, analisar os

dados de CCS e CBT frente às informações das propriedades diante abordagem

estatística multivariada. O experimento foi conduzido a partir da análise de

informações de 51 propriedades rurais, referentes aos aspectos de obtenção

higiênica do leite das respectivas amostras de leite obtidas de tanques de

expansão. As amostras de leite cru refrigerado foram coletadas no período de

fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014, totalizando 420 amostras que foram

encaminhadas ao Laboratório de Análise, pertencente à rede Nacional de

Controle da Qualidade do Leite, para análise da proteína, gordura, lactose,

contagem de células somáticas e contagem bacteriana total. Considerando a

análise dos dados, observou-se que as médias dos indicadores de composição

estão dentro dos parâmetros preconizados pela IN 62 do MAPA, porém um dos

indicadores de qualidade o CBT (contagem bacteriana total) e CCS (contagem

de células somáticas) na sua média geral está acima do que é previsto pela

norma vigente, na época da primavera e verão, em função das condições de

chuva, o que predisponibiliza casos de mastite e má higienização no processo

de ordenha. De acordo com os resultados da análise multivariada, obteve-se a

formação de 6 grupos diferentes entre si, quanto ao aspecto da obtenção do leite

e, segundo a análise de componentes principais detectou-se quais as variáveis

que asseguraram a formação destes grupos das 51 propriedades avaliadas.

Palavras-chave: componentes do leite, qualidade higiênico-sanitária, qualidade

microbiológica, segurança alimentar, sólidos totais

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HYGIENIC CHARACTERISTICS OF OBTAINING AND SEASONAL

VARIATION IN CHEMICAL COMPOSITION, AND SOMATIC CELL COUNT

TOTAL BACTERIAL MILK, IN ESPIGÃO DO OESTE-RO

ABSTRACT

This work comes verify indicators of composition (fat, protein, lactose and solids)

and quality (CCS and CBT) of milk on Espigão do Oeste-RO, using as reference

62 NI (MAPA), and analyze the data of TBC and SCC through the information of

the properties and multivariate statistical approach. The experiment was

conducted by analyzing information from 51 farms, regarding the hygienic

aspects milk getting from their milk samples obtained from bulk tanks. Samples

of refrigerated raw milk were collected from February 2013 to February 2014,

totaling 420 samples that were sent to the Analysis Laboratory (National Network

of Quality Control of Milk), for protein, fat, lactose analysis and somatic cell count

and total bacterial count. Considering the analysis of the data, it was observed

that the mean composite indicators are within the parameters established by IN

62 (MAPA). But one of the indicators of quality CBT (total bacterial count) and

SCC (somatic cell count) in our overall average is above, at the time of the spring

and summer, with depending on rainfall conditions, that leave mastitis cases and

poor hygiene of the milking getting. According to the results of the multivariate

analysis, were obtained six different groups among themselves as to the aspect

of getting the milk. According to principal component analysis was detected which

variables ensured the formation of these groups of 51 properties assessed.

Keywords: food safety, microbiological quality, milk components, sanitary

quality, solids

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBT...............................................................................Contagem total bacterina

CCS....................................................................Contagem de células somáticas

EMATER - RO.................................... ................ Empresa de Assistência

Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia

FAO................................................ .................... Organização das Nações

Unidas para Agricultura e Alimentação

ha............................................................................................................ Hectares

IBGE........................................................ ........... Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística

IDARON ......... ................................................... Agência de Defesa Sanitária

Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia

IN .........................................................................................Instrução Normativa

MAPA.................................................... ............. Ministério de Pecuária e

Abastecimento

OMS................................................................... Organização Mundial da Saúde

PNMQL............................. .................................. Programa Nacional de Melhoria

da Qualidade do leite

PRONAF............................ ................................. Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar

RBQL........................................................ .......... Rede Brasileira de Qualidade

do Leite

SEAGRI – RO....................................... .............. Secretaria de Agricultura,

Pecuária e Regularização Fundiária do Estado de Rondônia

SIF...........................................................................Serviço de Inspeção Federal

SRD..........................................................................................Sem raça definida

UA ................................................................................................Unidade Animal

UFC................................................................ .... Unidades formadoras de

colônias

UHT.................................................................................. Ultra alta temperatura

USDA....................................... ........................... Departamento de Agricultura do

Estados Unidos

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Oferta e demanda de leite, expressos em mil litros, nas diferentes

unidades da Federação, no 1º trimestre de 2012 .......................................... 20

Tabela 2: Número de vacas ordenhadas, produção anual em litros de leite,

relação litros por vaca ano e relação litros de leite por vaca por dia de lactação

(300 dias de lactação) no Brasil, no período de 1990 a 2010. ...................... 21

Tabela 3: Ranking da produção de Leite por Estado, 2010/2011. ................ 24

Tabela 4: Volume diário de produção de leite, expresso em litros, nos principais

municípios produtores de leite em 2013 e suas contribuições relativas ao estado

de Rondônia. ................................................................................................. 25

Tabela 5: Resultados gerais da produção leiteira em Rondônia, no ano de 2012.

....................................................................................................................... 25

Tabela 6: Composição média (%) do leite de diferentes raças de bovinos

leiteiros. ......................................................................................................... 29

Tabela 7: Composição média (%) do leite de diversas espécies. ................. 30

Tabela 8: Composição de células somáticas de secreções mamárias de animal

saudável. ....................................................................................................... 34

Tabela 9: Limites de contagem de células somáticas aceitos em diferentes

países. ........................................................................................................... 34

Tabela 10: Requisitos microbiológicos, físicos, químicos, de CCS, de resíduos

químicos a serem avaliados pela Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da

Qualidade do Leite ( IN 62 ). ......................................................................... 36

Tabela 11: Prazo de adequação e limites definido na Instrução Normativa n°

62/2011- conforme a região, para contagem padrão em placa do leite de

propriedades rurais e tanque de resfriamento. .............................................. 37

Tabela 12: Estatística descritiva dos atributos de composição química do leite

cru refrigerado, do município de Espigão do Oeste – RO, de fevereiro de 2014 a

fevereiro de 2014. ......................................................................................... 41

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Composição química do leite de vaca. ........................................ 29

Figura 2: Desenho esquemático do procedimento de coleta de amostras, de leite

de cru. ......................................................................................................... 39

Figura 3: Dendrograma resultante da análise de agrupamento das 51

propriedades, do município de Espigão do Oeste – RO, de fevereiro de 2013 a

fevereiro de 2014, utilizando a distância euclidiana como coeficiente de

similaridade e o algoritmo UPGMA como método de agrupamento quanto aos

atributos biológicos avaliados. ..................................................................... 46

Figura 4: Gráfico biplot mostrando a distribuição dos atributos CCS e CBT

avaliados no leite cru refrigerado de 51 propriedades, do município de Espigão

do Oeste – RO, de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014. ......................... 49

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14

1.1. Objetivo geral ........................................................................................ 15

1.2. Objetivos específicos ............................................................................. 15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 16

2.1. Produção de leite no Brasil e no mundo ................................................ 16

2.2. Produção de Leite em Rondônia ........................................................... 20

2.3. Leite e Segurança Alimentar .................................................................. 24

2.4. Composição do leite .............................................................................. 26

2.5. Mastite e Células Somáticas .................................................................. 28

2.6. A Legislação atual para o setor lácteo ................................................... 32

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 36

3.1. Área de estudo e amostragem .............................................................. 36

3.2. Período experimental e processamento das amostras .......................... 36

3.3 Análises da obtenção higiênica do leite .................................................. 37

3.4 Análises estatística dos dados ................................................................ 38

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 39

4.1. Atributos de qualidade do leite cru refrigerado, obtido no município de

Espigão do Oeste- RO .................................................................................. 39

4.2 Relações entre as variáveis CCS e CBT do leite analisado, com as

variáveis ligadas à obtenção do leite (questionário) ..................................... 43

5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 49

ANEXO

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1. INTRODUÇÃO

A pecuária leiteira é de vital importância para a economia do Estado de

Rondônia, pois está difundida em todo seu território gerando receita e evitando

o êxodo rural. No entanto, a atividade leiteira passa por um momento de

transformação deixando de ser convencional para empresarial, fato relacionado

à crescente demanda por produtos lácteos.

A produção de leite no Estado é a principal fonte de renda para as

pequenas propriedades rurais, onde a mão de obra é predominantemente

familiar, e, devido a isso, ações governamentais estão sempre buscando o

incremento da produção. Porém, sabe se que a produção em volume aumenta

a cada ano e, no quesito qualidade, não se tem indicadores que mostram

melhoria. Em Rondônia não há política leiteira consistente, o que mostra a

fragilidade do setor na Região, pois ainda existem muitos produtores que

entregam o leite sem qualidade. Contudo, isso ainda ocorre devido às grandes

indústrias (Laticínios) que processam o leite no Estado não diferenciarem os

produtores que produzem com qualidade daqueles que produzem leite de

qualidade duvidosa, ou seja, só se remunera por volume, e assim, causam um

grande descontentamento aos bons produtores.

O produto leite deve seguir padrões mínimos de qualidade que são

definidos pela Instrução normativa nº 62 (MAPA, 2011), que apesar de definir os

padrões mínimos de qualidade não há fiscalização exigindo seu cumprimento. O

seu adequado cumprimento poderia gerar impacto negativo na economia do

Estado de Rondônia, pois muitos produtores não se enquadrariam nos padrões

definidos por esta normativa e ficariam impedidos em fornecer o leite produzido.

Existem poucos estudos em Rondônia sobre a real situação da

qualidade do leite e este trabalho evidenciará parâmetros para se fazer uma

reflexão sobre a real situação da qualidade leiteira do Estado.

Para tanto, esse estudo tem como objetivo indicar os parâmetros da

qualidade microbiológica e nutricional do leite cru refrigerado do Município de

Espigão do Oeste – RO, tendo como referência a Instrução Normativa 62 (MAPA,

2011), que regulamenta padrões mínimos de qualidade do leite. Além disso,

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estabeleceu relação entre os atributos microbiológicos do leite com a sua

obtenção higiênica, através da análise multivariada dos dados.

1.1. Objetivo geral

Indicar a composição nutricional e qualidade microbiológica do leite cru

refrigerado, no município de Espigão do Oeste–Rondônia com referência a IN

62.

1.2. Objetivos específicos

• Determinar a composição química do leite, baseada na concentração

de sólidos totais, gordura, lactose e proteína total do leite refrigerado;

• Determinar a contagem bacteriana total e a contagem de células

somáticas no leite refrigerado;

• Avaliar a relação da situação da obtenção higiênica do leite levantada a

partir das respostas às questões aplicadas ao produtor com os

resultados da qualidade microbiológica do leite obtido no município;

• Avaliar se há alteração na qualidade frente às alterações sazonais.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Produção de leite no Brasil e no mundo

De acordo com o Departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA), em

2012, a Índia foi o maior produtor de leite do mundo, seguido pelos Estados

Unidos e China. Considerando-se os dados oficiais mais recentes do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2012) sobre a produção brasileira, os

33 bilhões de litros de leite captados em 2012 colocam o Brasil em 4º lugar no

ranking dos maiores produtores de leite do mundo daquele ano à frente da

Rússia e da Nova Zelândia.

Apesar de possuir o segundo maior rebanho leiteiro mundial (21.198.000

animais), ficando atrás apenas da Índia (38.500.000 animais), o Brasil apresenta

índices de produtividade bastante desfavoráveis: em média, uma vaca brasileira

produz por dia pouco mais de quatro litros de leite, cerca de 7,5 vezes menos do

que nos Estados Unidos, ou apenas o equivalente a 20% do que uma vaca

francesa produz (ALVES et al., 2010).

Com base nos elevados preços praticados na safra de 2013 no Brasil e

na consequente maior capitalização de produtores, com possibilidades de

investimento para expansão dos negócios, o IBGE (2013) estima que haja o

incremento de mais 4,8% na produção nacional em 2014 atingindo 36,75 bilhões

de litros.

A pecuária leiteira nacional tem passado por transformações

importantes, a partir dos anos de 1980, iniciado com a entrada do produto “Longa

vida” (UHT) no mercado. A produção de leite cresceu de forma expressiva,

passou de 14,4 bilhões litros nos anos 90 para 32 bilhões em 2012.

Apesar da ampliação do consumo de leite e derivados lácteos no Brasil,

enfrenta-se, ainda, diversos obstáculos no aumento da produção, sendo o maior

deles, são os problemas que aconteceram envolvendo adulteração do leite que

diminui a confiança do consumidor no produto. De acordo com a Fagundes

(2013), os brasileiros consumiram 175,4 L/habitante/ano. As estimativas para o

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ano de 2014 indicam aumento em aproximadamente 3,0% (34,7 bilhões de litros)

e consumo per capita próximo de 1,5% (178,0 L/per capita/ano), o que

caracteriza demanda interna em alta.

A aquisição de leite cru foi de 5,7 bilhões de litros no 1º trimestre de

2013, indicando quedas de 1,4% com relação ao 1º trimestre de 2012 e de 2,0%

com relação ao 4º trimestre de 2012. Minas Gerais foi o estado que mais adquiriu

leite cru com destinação à industrialização no 1º trimestre de 2013, segundo a

pesquisa trimestral do leite. Este estado participou com 25,7% do total nacional,

seguido pelo Rio Grande do Sul (14,6%) e Paraná (12,5%) (IBGE, 2013).

O processamento de 98,1% da produção de leite em estabelecimentos sob

o Serviço de Inspeção Federal (SIF) coloca o Estado de Minas Gerais como

potencial exportador de lácteos (SEBRAE, 2002; ADA, 2006), assim, como

apresentado na Tabela 1, a diferença entre o leite adquirido e industrializado no

Brasil, em função das Unidades da Federação e Brasil, no 1º trimestre de 2012.

Segundo Guimarães e Langoni (2009), o agronegócio do leite ocupa

destacado espaço na economia mundial. Este sistema agroindustrial é um dos

mais expressivos do Brasil pela sua importância social e a atividade leiteira é

praticada em todo País, em cerca de milhares de propriedades rurais (PACHECO,

2011).

Estima-se que cerca de 12 a 14% da população mundial, ou 750-900

milhões de pessoas, vivam em fazendas leiteiras ou dentro de famílias que

trabalhem com a criação de gado leiteiro (HEMME e OTTE, 2010).

A produção de leite no Brasil acompanhou o processo de urbanização.

As bacias leiteiras se formaram com o propósito de atender ao mercado de

consumidores das cidades (CARVALHO et al., 2009). Ainda é raro encontrar um

município brasileiro, dos 5.570 existentes, que não tenha pelo menos uma vaca

leiteira, por menos que ela produza. A importância que a atividade adquiriu no

país é incontestável, tanto no desempenho econômico como na geração de

empregos permanentes (ZOCCAL et al., 2010).

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Tabela 1: Oferta e demanda de leite, expressos em mil litros, nas diferentes unidades da Federação, no 1º trimestre de 2012. Brasil e Unidades da Federação

Adquirido Industrializado Diferença entre aquisição e industrialização

Brasil 1º Minas Gerais 2º Rio Grande do Sul 3º Paraná 4º Goiás 5º São Paulo 6º Santa Catarina 7º Rondônia 8º Mato Grosso 9º Bahia 10º Rio de Janeiro 11º Espírito Santo 12º Pernambuco 13º Pará 14º Ceará 15º Sergipe 16º Tocantins 17º Alagoas 18º Maranhão 19º Rio G. do Norte 20º Paraíba 21º Acre 22º Piauí 23º Amazonas 24º Roraima

5.731,496

1.468,415 876.235 645.958 603.400 582.115 508.680 208.983 160.205 100.518 88.808 77.965 74.378 68.957 63.363 35.838 30.810 23.673 17.532 14.916 14.432 3.178 2.601

961 148

5. 714,048

1.463,581 574.451 642.194 599.370 580.852 508.413 208.948 160.192 100.235 88.346 77.961 74.375 68.705 63.336 35.838 39.766 23.673 17.532 14.790 14.430 3.178 2.546

955 148

17. 448

4.834 1.784 3.764 4.029 1.263

267 35 13

283 462

4 3

252 27 0

44 0 0

126 2 0

55 6 0

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa Trimestral do Leite,1º trimestre de 2012.

De acordo com o IBGE (2013), embora a produção de leite nacional

tenha aumentado, a produtividade por animal dia aumentou apenas 1,8 litros por

animal dia de lactação (300 dias), demonstrando a baixa produtividade individual

dos animais criados no Brasil, conforme indicado na Tabela 2.

De modo geral, o crescimento se deve ao aumento do número de vacas

ordenhadas do que ao aumento da produtividade. A produtividade do rebanho

nacional cresceu aproximadamente 23% nos últimos 10 anos enquanto a

produção total cresceu quase 50% (IBGE, 2013).

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Tabela 2: Número de vacas ordenhadas, produção anual em litros de leite, relação litros por vaca ano e relação litros de leite por vaca por dia de lactação (300 dias de lactação) no Brasil, no período de 1990 a 2010.

Ano Número de vacas

Litros de leite (x1000)/ano

Litros/vaca/ano (litros)

Leite/vaca/dia (lactação 300

dias)

1990 19.072.907 14.484.414 759,4 2,5

1995 20.579.211 16.474.365 800,5 2,7

2000 17.885.019 19.767.206 1105,2 3,7

2005 20.625.925 24.620.859 1193,7 4,0

2010 22.435.289 29.105.455 1297,3 4,3

Fonte: IBGE (2013).

Segundo Brasil (2014), hoje a produção nacional é capaz de fornecer à

população brasileira aproximadamente 170 litros de leite/habitante/ano,

quantidade inferior aos 210 litros recomendados pelos órgãos de saúde nacionais

e internacionais. Com a estimativa de crescimento da população brasileira até

2023 para 216 milhões de habitantes, o volume de leite produzido deverá ser de

45,3 bilhões de litros/ano. As projeções indicam que, em 2023, o País exportará

cerca de 150 milhões de litros de leite ao ano.

De acordo com Carvalho; Carneiro e Stock (2006), o setor de lácteos no

Brasil sempre foi voltado essencialmente para o mercado doméstico, com alguma

inserção mais recente nas exportações.

A expansão na demanda mundial por lácteos é resultante do aumento na

renda e do crescimento populacional, aliados à ocidentalização do hábito

alimentar e ao acesso dos países em desenvolvimento às facilidades da cadeia

do frio (FAO 2013).

O incremento da produção de leite tem ocorrido com mais intensidade no

Sul da Ásia, pela elevação do consumo per capita em países altamente povoados

naquela região. Entretanto, tais nações ainda são muito dependentes de compras

externas para se abastecer. China, Emirados Árabes Unido, República Islâmica

do Irã, Arábia Saudita, Indonésia, República da Coreia, Japão, Malásia e Omã

devem, assim, despontar como os principais destinos de lácteos no mercado

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internacional nos próximos anos. Os maiores vendedores de lácteos são os

Estados Unidos, União Europeia, Nova Zelândia e Argentina (FAO 2013).

2.2. Produção de Leite em Rondônia

A indústria de laticínios em Rondônia surgiu no final da década de 70, a partir de

incentivo governamental com vista em promover o desenvolvimento da pecuária

leiteira, com a instalação de um laticínio em Porto Velho para produzir leite

pasteurizado, queijo e manteiga. Posteriormente, este laticínio foi absorvido pela

iniciativa privada e realocado no Município de Ouro Preto do Oeste com a

denominação de Laticínio Ouro Branco. A partir dessa experiência, deu-se início

o surgimento de indústrias de lácteos de pequeno, médio e grande porte na

região central do Estado (CARVALHO, 2011).

A pecuária de leite em Rondônia é considerada um dos setores mais

importantes do agronegócio rondoniense. Os segmentos de produção,

industrialização e comercialização de leite e derivados estão presentes em várias

regiões, desempenhando um papel relevante no suprimento de alimentos e na

geração de emprego e renda para a população. Essa atividade é uma das

melhores formas de acrescer renda na agricultura familiar, por não necessitar de

grandes áreas para produção (IDARON, 2013).

No que concerne à produção primária, Rondônia responde por cerca de

2,6% de todo o leite produzido no Brasil (29 bilhões de litros), ainda assim, é

responsável pela produção de 44,6% dos 1.673.073 bilhões de litros da Região

Norte (IBGE, 2011b). Em nível nacional o estado de Rondônia ocupa o 7º lugar

no ranking com uma produção estimada em 802,969 litros dia (IBGE, 2012).

O parque industrial lácteo rondoniense encontra-se presente em todas

as microrregiões, formado por 61 estabelecimentos, sendo duas fábricas de

beneficiamento de leite UHT, duas de leite em pó e três de leite condensado, 52

laticínios, e dois postos de resfriamento (CARVALHO, 2011).

Em dez anos (2000 a 2010), a produção rondoniense passou de 422

milhões de litros para 802,9 milhões. O crescimento expressivo da região de modo

geral está associado à estrutura fundiária desconcentrada associada ao menor

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custo da terra, produção extensiva, condições edafoclimáticas da região, a mão

de obra familiar (SEBRAE, 2002) e à disponibilidade de financiamento para a

atividade (MARTINS, 2008; SANTANA, 2003; SOARES, 2009).

O aumento da competitividade do segmento do leite em Rondônia está

condicionado a diversos fatores como: melhoria da capacitação tecnológica e

gerencial dos produtores e laticinistas locais; melhoria da qualidade do rebanho

leiteiro; incentivo ao associativismo, principalmente como uma estratégia de

sobrevivência para os pequenos pecuaristas; melhoria da gestão da cadeia de

refrigerados; estabelecimento de um padrão de qualidade para os produtos

regionais derivados do leite; implantação de políticas efetivas de defesa

comercial; disponibilidade de crédito e sanidade do rebanho (IDARON 2013).

Rondônia, por possuir áreas privilegiadas para a formação de pastagens

e com altos índices pluviométricos, tem grande potencial para a exploração da

atividade leiteira. Devido a isto o setor leiteiro tem crescido de maneira substancial

e atraído novos produtores. (EMATER, 2013).

De acordo com levantamentos da Secretaria de Agricultura e Pecuária

do Estado de Rondônia (SEAGRI-RO), IBGE e Embrapa, Rondônia tem uma

média de produção acima de 2,2 milhões de litros de leite por dia, sendo

considerado o maior produtor de leite da região norte e a 9ª maior bacia leiteira

do País. Em 2010, foram beneficiados 802 milhões e 969 mil litros, enquanto que

o Brasil produziu 30,7 bilhões de litros representando a 6ª maior produção

mundial. Em 2011, a produção em Rondônia foi de 779 milhões e 361 mil litros,

mantendo a média de 2 milhões e 200 mil litros/dia (IBGE, 2012).

Contudo o estado de Rondônia ocupa o 9º lugar no ranking de produção

nacional (Tabela 3). O rebanho de bovinos é aproximadamente de 11.742.953

milhões de cabeças, porém deste montante 3.622.566 são de bovinos leiteiros

que representa 30,85% do total (IDARON, 2011).

O município de Espigão do Oeste possui área geográfica aproximada

de 4.518 Km², sendo cerca de 193.000 há de pastagens (EMATER, 2011) e

possui um rebanho estimado em 372.401 cabeças de bovinos (IDARON, 2012).

A produção anual estimada é de 30 milhões de litros de leite (IDARON, 2013), e

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envolvendo cerca de 2.206 produtores a produtividade média do rebanho é 4,44

litros /vaca/dia.

Tabela 3: Ranking da produção de Leite por Estado, 2010/2011.

Estado Volume de produção (mil litros) Taxa de

crescimento % total 2010 2011*

Minas Gerais 8.388.039 8.767.932 0,045 27,3 Rio Grande do Sul 3.633.834 3.896.650 0,072 11,8 Paraná 3.595.775 3.930.428 0,093 11,7 Goiás 3.193.731 3.365.703 0,054 10,4 Santa Catarina 2.381.130 2.573.337 0,081 7,8 São Paulo 1.605.657 1.593.515 -0,008 5,2 Bahia 1.238.547 1.354.714 0,094 4,0 Pernambuco 877.420 964.769 0,100 2,9 Rondônia 802.969 841.092 0,047 2,6 Mato Grosso 708.481 735.719 0,038 2,3 Fonte: IBGE/Pesquisa da Pecuária Municipal. 2011. Atualizado em fevereiro/2012.

No Estado de Rondônia a condições são propicias para a exploração da

atividade leiteira, deste modo, caracteriza-se como sendo a principal fonte de

renda para as pequenas propriedades rurais (EMATER, 2013). Na região central

do Estado, concentra-se a bacia leiteira, conforme indicado na Tabela 4.

Tabela 4: Volume diário de produção de leite, expresso em litros, nos principais municípios produtores de leite em 2013 e suas contribuições relativas ao estado de Rondônia.

Posição produtiva Município Produção Diária (L/município)

% por Município

1 Jaru 160.256 6,34 2 Ouro Preto do Oeste 152.845 6,05 3 Ji-Paraná 110.876 4,39 4 Urupá 93.486 3,70 5 Cacoal 91.690 3,63 6 Nova Mamoré 91.590 3,63 7 Governador Jorge Teixeira 89.915 3,56 8 Buritis 86.505 3,42 9 Espigão D'oeste 80.477 3,19

10 Machadinho D'oeste 76.886 3,04 Produção diária nos dez municípios mais produtores de Rondônia 1.034.526 40,95

Produção diária do Estado 2.526.379 Produção mensal do Estado 75.791.355

Fonte: IDARON (2013).

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A Agência IDARON realizou em 2012 levantamento de informações

sobre a produção de leite no estado de Rondônia. Esse trabalho ocorreu nos

meses de maio e novembro com a entrevista de todos os produtores de leite do

estado. É importante ressalvar que essa pesquisa é fruto de parceria técnica com

a Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia

(EMATER/RO). Na Tabela 5 pode-se observar algumas informações sobre os

dados coletados.

Tabela 5: Resultados gerais da produção leiteira em Rondônia, no ano de 2012.

Quantidades Mês

Média Mai/12 Nov/12

Propriedades que produzem leite

(unidade) 42.028 41.511 41.770

Vacas em lactação (cabeça) 540.908 580.657 560.783

Produção de leite diária (litros) 2.380.002 2.672.755 2.526.379

Produção média por animal diária

(litros) 4,60 4,40 4,50

Produção de leite anual em

Rondônia (litros) * 868.700.730 975.555.575 922.128.153

Fonte: IDARON/2013 *dados absolutos

Através dos dados pode-se dizer que Rondônia produz mais de 2,5

milhões de litros de leite por dia, ou seja, cerca de 76 milhões de litros por mês.

Se considerarmos um período de lactação de 305 dias e a produtividade média

de 4,5 litros/vaca/dia, ou seja, cada vaca em lactação produz cerca de 1.373

litros por ano.

Ressalva-se diante do relatório apresentado pelo IDARON (2013), o

período de lactação das vacas é inferior aos 305 dias, desejados. Constatou-se

que essa produção está muito próxima da média de produção de leite no Brasil,

segundo o IBGE/2012, que para 2011 foi estimada em 1.374 litros/vaca/ano.

Pode-se afirmar que Rondônia possui hoje uma média de 13,4 vacas em

lactação por propriedade. O que demonstra claramente que a produção de

leite em Rondônia ocorre principalmente nas pequenas propriedades.

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Cerca de 80% dos produtores de leite são classificados como pequenos

e a falta de tecnologias no manejo do rebanho, aliada ao transporte inadequado

do leite, resultam em altas perdas e baixo valor agregado aos produtos lácteos.

Outras carências, como a baixa qualidade nutricional da alimentação dos

animais, manejo sanitário inadequado, baixo padrão genético, longo intervalo

entre partos, são fatores que contribuem para o baixo rendimento médio do

rebanho (IDARON, 2013).

Pode-se dizer que em Rondônia a parcela familiar do setor leiteiro é

muito mais expressiva do que em regiões tradicionais. Em Minas Gerais, por

exemplo, 40% dos produtores produzem até 50 litros/dia, e correspondem a 6%

da produção do Estado. Em Rondônia, este mesmo estrato representa 64% dos

produtores, os quais respondem por 22% da produção (SEBRAE, 2002;

SANTANA, 2003; PAES, 2004; ZOCAL et al., 2007; MAIA et al., 2010;

CARVALHO et al, 2011).

Admite-se ainda a vocação natural da região para pecuária leiteira,

sendo o leite a principal fonte de renda dos produtores de base familiar, e, além

de mobilizar a economia regional, é responsável por alavancar a pecuária leiteira

do Estado (PAES, 2004; MAIA et al., 2010; CARVALHO et al, 2011).

O processamento de 98,1% da produção de leite em estabelecimentos

sob o Serviço de Inspeção Federal (SIF) coloca o Estado como potencial

exportador de lácteos (SEBRAE, 2002; ADA, 2006).

A produção do leite em Rondônia atinge níveis significativos, o que

explica a expansão do número de indústrias, com reflexos no crescimento da

oferta de produtos lácteos advindos do parque industrial estadual no mercado

nacional, uma vez que a captação de leite pelas indústrias atingiu o patamar

superior a 2 milhões litros/dia (IBGE, 2011).

2.3. Leite e Segurança Alimentar

Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha

completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem

alimentadas e descansadas. O leite de outros animais deve denominar-se

segundo a espécie que o proceda (BRASIL, 2002). Do ponto de vista biológico,

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leite é o produto da secreção das glândulas mamárias de fêmeas mamíferas, cuja

função natural é a alimentação dos recém-nascidos. Do ponto de vista físico-

químico, é uma mistura homogênea de substâncias em emulsão ou suspensão e

outras em dissolução verdadeira (PEREDA, 2005).

Sendo um fluido biológico, o leite apresenta composição muito variável,

tanto no aspecto quantitativo, quanto no qualitativo (CARVALHO, 2011). O leite

é influenciado por múltiplos fatores, dentre os quais se destacam: os fatores

zootécnico e sanitário, associados à alimentação, potencial genético dos

rebanhos, estado fisiológico (saúde, estágio número de lactação, nível de

produção, idade do animal e intervalo de ordenhas), manejo e ambiente (clima e

estação do ano) (OLIVEIRA, 1999; LINDMARK-MANSSON et al., 2003; NORO

et al., 2006; TRONCO,2008).

A busca constante para suprir a necessidade de alimento com alto valor

nutricional, sem colocar em risco a população, vem contribuindo com a melhoria

da qualidade de vida do ser humano. Essas etapas, porém, induzem alterações

bioquímicas, físico-químicas, microbiológicas, nutricionais, sensoriais e

reológicas que podem comprometer a qualidade do produto final (SILVA, 1997).

Segundo dados do Serviço de Nutrição da Junta Leiteira do Canadá, apud

Amiot (1991), o consumo de leite e produtos lácteos supre mais de 20% das

necessidades de proteínas, cálcio, fósforo, vitamina A, riboflavina e niacina em

adolescentes e adultos.

Por segurança alimentar, entende-se o acesso por meios socialmente

aceitáveis a uma dieta qualitativa e quantitativamente adequada às

necessidades humanas individuais para que todos os membros do grupo familiar

se mantenham saudáveis. O conceito de insegurança alimentar se estende

desde a percepção de preocupação e angústia ante a incerteza de dispor

regularmente de comida, até a vivência de fome por não ter o que comer em todo

um dia, passando pela perda da qualidade nutritiva, incluindo a diminuição da

diversidade da dieta e da quantidade de alimentos, sendo estas as estratégias

para enfrentar essa adversidade (BICKEL et. al. 2000).

Doenças causadas por alimentos contaminados ainda são uma das

principais causas de morbidade em diversos países e, em certas circunstâncias,

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podem gerar sérias consequências (ANGELILLO et al., 2000). Essas

enfermidades denominadas toxi-infecções alimentares, são causadas pelo

consumo de alimentos contaminados, representados principalmente pelas

bactérias patogênicas (MEER; MISNER, 1999).

Segurança alimentar, segundo a FAO/OMS, consiste na garantia do

acesso continuado para todas as pessoas a quantidades suficientes de

alimentos seguros que lhes assegurem uma dieta adequada; na obtenção e

manutenção do bem-estar de saúde e de nutrição de todas as pessoas; na

promoção de um processo de desenvolvimento em bases seguras do ponto de

vista ambiental e socialmente sustentável, que contribua para uma melhoria na

nutrição e na saúde, eliminando as epidemias e as mortes pela fome.

2.4. Composição do leite

As propriedades químicas do leite são determinadas a partir da sua composição

nutricional. Em geral a composição do leite bovino é de 87% água, 4% gordura,

4,6% lactose, 3,3% proteína, 0,7% minerais, entre outros, sendo secretado como

uma mistura desses componentes (WALSTRA; WOUTERS; GEURTS, 2006).

De acordo com Walstra e Jenness (1984), a composição média do leite

pode ser ilustrada conforme a Figura 1.

ESD Extrato seco desengordurado; EST Extrato seco total; NNP Nitrogênio não proteico.

Figura 1: Composição química do leite de vaca. Fonte: Adaptado de Walstra e Jenness (1984).

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Existe uma relativa uniformidade na composição do leite, quando se

compara vacas da mesma raça submetidas a dietas semelhantes (Tabela 6). No

entanto, os valores médios variam consideravelmente entre vacas de diferentes

raças (BAILEY, 1997).

Tabela 6: Composição média (%) do leite de diferentes raças de bovinos leiteiros.

Raça Gordura (%) Proteína (%) Lactose (%) Cinzas (%) Sólidos* (%)

Ayrshire 3,9 3,4 4,81 0,68 8,89 Pardo Suíço 3,3 3 5,08 0,72 8,8 Guernsey 3,6 3,2 4,96 0,74 8,9 Holandês 3,4 3,2 4,87 0,68 8,75 Jersey 4,4 3,6 5 0,7 9,3

Fonte: Adaptado de Harris e Bachman (1988).

A composição do leite também pode variar de acordo com os fatores como

a espécie e raça animal, idade, alimentação, estágio de lactação (WALSTRA,

WOUTERS e GEURTS, 2006), conforme Tabela 7.

Tabela 7 : Composição média (%) do leite de diversas espécies.

Espécie Gordura Proteína Lactose Cinzas Mulher Vaca Ovelha Cabra Foca Coelha

4,5 3,5-5,5

6,3 4,1

53,2 12,2

1,1 3,6 5,5 4,2

11,2 10,4

6,8 4,9 4,6 4,6 2,6 1,8

0,2 0,7 0,9 0,8 0,7 2,0

Fonte: PEREDA et al., (2005).

As propriedades físicas do leite apresentam relação direta com sua

composição nutricional, sendo estas propriedades representadas pela acidez

natural, que pode ser medida por potenciometria (pH) e por titulação; densidade;

ponto de ebulição e crioscópico; tensão superficial; condutividade elétrica e

viscosidade (TRONCO, 2008).

A avaliação da qualidade do leite, levando-se em conta o parâmetro

acidez, por meio da determinação de pH, titulação através do grau Dornic e teste

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de alizarol vem sendo bastante utilizada nos laticínios e testada por alguns

pesquisadores, devido à facilidade e rapidez na sua execução (DONATELE;

VIEIRA; FOLLY, 2003; SILVA et al., 2008).

A composição química do leite determina a qualidade nutricional e tem

impacto na indústria de laticínios, já que exerce efeito direto sobre o

processamento, como a adequação e rendimento dos produtos lácteos

(WALSTRA, 1999, FILIPONI, 2009).

O conhecimento da composição do leite é essencial para a determinação

de sua qualidade, pois define diversas propriedades sensoriais e industriais. Os

parâmetros de qualidade são cada vez mais utilizados para detecção de falhas

nas práticas de manejo, servindo como referência na valorização da matéria-

prima. Os principais parâmetros utilizados pela maioria dos programas de

qualidade industrial do leite são os conteúdos de gordura, proteína, sólidos totais

e a contagem de células somáticas (NORO et al., 2006).

2.5. Mastite e Células Somáticas

Dentre as doenças infecciosas, a mastite bovina é responsável pelo maior

impacto econômico na pecuária leiteira, com prejuízos diretos ao produtor e à

indústria de produtos lácteos (PŸORÄLÄ, 2002; REIS et al., 2003), além de

representar um sério problema de saúde pública (CARDOSO et al., 2000).

As perdas relacionadas à mastite são ocasionadas pela redução da

produção; comprometimento da qualidade do leite e derivados em decorrência da

alteração dos seus componentes nutricionais; perda parcial ou total da

capacidade secretória da glândula mamária; ou mesmo pelo abate de animais

(DEVLIEGHER et al. 2005, PŸORÄLÄ; TAMPONEN 2009, COSTA 2009).

A mastite bovina, definida como uma inflamação da glândula mamária

pode ter origem infecciosa ou não infecciosa. Diversos organismos, como

bactérias, micoplasmas e algas são considerados causadores desta doença

(BRADLEY, 2002). No entanto, a mastite de origem infecciosa é mais comum

sendo resultado de infecções bacterianas (RYAN et al., 2000).

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Segundo Germano e Germano (2003) e Sharif e Muhammad (2009), as

mastites se caracterizam por alterações físicas, químicas e bacteriológicas do

leite e por distúrbios patológicos do tecido glandular. As modificações mais

importantes observadas no leite incluem, além do aumento do número de células

somáticas, a alteração de cor e a presença de grumos.

É cada vez mais visível a preocupação dos órgãos de saúde com relação

a qualidade dos alimentos disponíveis para o consumo. Neste contexto, com

relação à qualidade do leite, têm sido debatidos com foco principal na qualidade

da matéria-prima, controle de processo e manutenção da sua qualidade (LIMA,

2006). Uma das causas que exerce influência extremamente prejudicial sobre a

composição e as características físico-químicas do leite é a mastite,

acompanhada por um aumento na CCS no leite. (KITCHEN, 1998).

A mastite determina mudanças nas concentrações tanto dos principais

componentes do leite, como proteína, gordura e lactose, quanto de outras

substâncias, como minerais e enzimas. Os principais mecanismos pelos quais

ocorre alteração nos níveis dos componentes do leite são: lesão às células

epiteliais produtoras de leite, que pode resultar em alteração da concentração de

lactose, proteína e gordura, e aumento da permeabilidade vascular, que

determina o aumento da passagem de substâncias do sangue para o leite, tais

como sódio, cloro, imunoglobulinas e outras proteínas (PALES et al., 2005).

Mundialmente, as perdas causadas pela mastite estão estimadas em

aproximadamente US$ 35 bilhões/ano (GIRAUDO et al. 1997). As perdas

decorrentes dessa doença são da ordem de 10 a 15% da produção total de um

país (COSTA 2009). Segundo o mesmo autor, estima-se que a média de perdas

por mastite subclínica no Brasil seja de US$ 317,38/vaca/ano, e o cálculo do custo

de prevenção foi em média de US$ 23,98/vaca/ano.

Segundo Harmon (1994), National Mastitis Council (1996), mais de 80

microrganismos diferentes foram identificados como agentes causadores de

mastite bovina.

Os microrganismos que comumente causam mastite podem ser divididos

em dois grupos, baseados na sua origem: patógenos contagiosos e patógenos

ambientais. Dentre os patógenos relatados com maior ocorrência nos rebanhos

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brasileiros, assume importância no grupo dos microrganismos contagiosos o

Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase negativo, Streptococcus

agalactiae, e Corynebacteurim bovis e uma série de patógenos “menores”

envolvidos geralmente em infecções subclínicas de menor severidade (BRITO,

1999; ACURI, et al., 2008; ZARDOKS et al., 2009; ANDRADE et al., 2009;

CAMARGO, 2010, SOUZA, 2010; ALMEIDA, 2010; ESTEVÃO NETO, 2011).

Para Zegarra et al. (2007), Brandão et al. (2008), Oliveira (2010) e Souza

(2010), a presença do bezerro ao pé durante a lactação diminui a incidência de

mastite, pelo esgotamento da glândula mamária, com diminuição do leite residual

e consequente redução do crescimento de microrganismos causadores da

doença.

No segundo grupo, responsável por causar mastite ambiental, incluem-se

Escherichia coli, Klebsiella sp., Streptococcus uberis, Enterobacter sp. e outros

patógenos predominantemente oportunistas (Pseudomonas sp., Prototheca sp.,

Nocardia sp., Streptococcus uberis, S. faecalis, S. faecium e outros

Streptococcus, Pseudomonas aruginosa etc.) (BRITO, 1999; ACURI, et al., 2008;

ZARDOKS et al., 2009; ANDRADE et al., 2009; CAMARGO, 2010, SOUZA, 2010;

ALMEIDA, 2010; ESTEVÃO NETO, 2011).

As células somáticas são provenientes do animal e estão presentes

naturalmente no leite. Dentre essas, encontram-se células de descamação,

devido ao processo de renovação natural do epitélio da glândula mamária, e

células brancas de defesa, derivadas da circulação do animal (GIGANTE;

COSTA, 2008). A CCS de animais individuais e/ou do rebanho é um parâmetro

para verificar o índice de mastite (RIBEIRO, 2008).

As células somáticas são todas aquelas presentes no leite, que são

principalmente células de defesa originárias da corrente sanguínea tais como

leucócitos e células de descamação do epitélio glandular secretor (PHILPOT;

NICKERSON, 1991; SCHUKKEN et.al., 2003).

As células somáticas do leite são normalmente, células de defesa do

organismo (leucócitos) que migram do sangue para o interior da glândula

mamária, com o objetivo de combater os agentes causadores da mastite,

podendo ser, também, células secretoras descamadas; no entanto, em uma

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glândula mamária infectada, as células de defesa correspondem entre 98 e 99%

das células encontradas no leite (MACHADO; PEREIRA; SARRÍES, 2000).

A CCS, que apresenta correlação positiva com a presença de mastite

(COFFEY et al., 1986; EMANUELSON et al., 1988; PÖSÖ; MANTYSAARI, 1996;

RUPP; BOICHARD, 1999; RUPP; BOICHARD, 2000), passou a ser um dos

principais métodos utilizados no controle da infecção. A mastite continua a ser a

doença mais importante, economicamente, do gado leiteiro sendo responsável

por 38% do total dos custos diretos com as doenças comuns de produção

(BRADLEY, 2002).

O papel do sistema imunológico da glândula mamária, a relação das

células somáticas com a mastite e os impactos na produção de leite e na

indústria láctea têm sido objetos de pesquisas há várias décadas (KNIGHT,

1998, SORDILLO; STREICHER, 2006, PAAPEa et al., 1992; CARNEIRO et al.,

2009; SHARMA et al., 2010).

Diversos são os fatores que afetam a CCS, normalmente, encontra-se

elevada em caso de mastite, um reflexo da resposta inflamatória a infecções

intramamárias (IMs) (SORDILO et.al., 1997; SORDILO; STRHEICHER, 2002).

Além do método de amostragem, a época do ano, o estágio de lactação e a idade

da vaca (RANGEL et al.; 2009).

Há censo comum entre os pesquisadores americanos e europeus,

mostrando que quartos mamários não infectados apresentam CCS geralmente

inferior a 70.000 000 células/mL. Para fins de diagnóstico (com aproximadamente

75% de sensibilidade e especificidade de 90%), aceita-se uma variação média de

200.000 a 250.000 células, tendo em vista que a elevação acima desse valor é

geralmente considerada anormal, havendo evidência histológica de inflamação

no úbere (SORDILLO; STREICHER, 2002; RARMON, 2001; SCHUKKEN et al.,

2003; RAINARD; RIOLLET, 2003).

Na Tabela 8, estão indicadas as principais alterações na composição de

células somáticas em diferentes secreções mamárias, em um animal saudável.

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Tabela 8: Composição de células somáticas de secreções mamárias de animal saudável.

Tipo de secreção mamária Célula Somática do Leite (%) PMN Macrófago Linfócito Células epiteliais Leite 3 80 16 Colostro 62 35 4 Secreção glândula seca 3 80 7

PMN = neutrófilos polimorfonucleares. Fonte: adaptada, Sharm et al. (2010).

O limite mínimo de células somáticas aceito em diferentes países do

mundo pode ser observado na Tabela 9.

Tabela 9: Limites de contagem de células somáticas aceitos em diferentes países. Países e Regiões Limite de CCS (Células/mL) Austrália, União Europeia e Nova Zelândia 400.000 Canadá 500.000 Estados Unidos 750.000 Brasil* 400.000 Austrália, União Europeia e Nova Zelândia 400.000 Canadá 500.000

* Etapa final do cronograma da IN 62 para 2017 (BRASIL, 2011)

2.6. A Legislação atual para o setor lácteo

A legislação brasileira que trata especificamente desse assunto através do

Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL) passou por um

recente processo de atualização, por intermédio da criação da Instrução

Normativa n.º 62 (MAPA, 2011), para acompanhar as necessidades impostas

pelos riscos biológicos que podem ocorrer em todos os setores da cadeia

produtiva IN 62 (MAPA).

Quando se analisam as perspectivas do agronegócio do leite no Brasil,

seus desafios e cenários futuros, a melhoria dos indicadores de qualidade do

leite é sempre citada como um dos principais desafios para as diferentes regiões.

Os indicadores de qualidade podem ser classificados como de qualidade

composicional, representado basicamente pela gordura, proteína e lactose, e de

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qualidade higiênico-sanitária, representados pela contagem de células

somáticas (CCS) e contagem total de bactérias (CTB).

A Instrução Normativa n° 62 de 29 de dezembro de 2011, do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa (BRASIL, 2011c), reúne um

arcabouço de normas e regulamento técnico de produção, identidade e

qualidade de leite tipos A, cru refrigerado e pasteurizado (Anexos I, II e III), além

de regulamento técnico da coleta de leite cru refrigerado e seu transporte a

granel (Anexo IV), e complementou a legislação sanitária federal, Decreto n°

30691 de 29 de março de 1952 (BRASIL, 1952a) que instituiu o Regulamento da

Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA).

O monitoramento da qualidade do leite cru das propriedades rurais tem

sido executado pela Rede Brasileira de Qualidade do Leite – RBQL (BRASIL,

2002b) que dispõe de equipamentos de alta capacidade analítica, com

expectativa de acurácia e precisão adequada aos propósitos previstos (Tabela

10).

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Tabela 10 : Requisitos microbiológicos, físicos, químicos, de CCS, de resíduos químicos a serem avaliados pela Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite ( IN 62 ).

Índice medido (por propriedade rural ou por tanque comunitário)

A partir de 01.7.2008 até 31.12.2011 Regiões: S /SE/ CO A partir de 01.7.2010 até 31.12.2012 Regiões:

N /NE

A partir de 01.01.2012 até 30.6.2014 Regiões: S / SE/ CO A partir de 01.01.2013 até 30.6.2015 Regiões:

N / NE

A partir de 01.7.2014 até 30.6.2016 Regiões: S / SE/ CO A partir de 01.7.2015 até 30.6.2017 Regiões:

N / N

A partir de 01.7.2016 Regiões: S / SE / CO A partir de 01.7.2017

Regiões:

N/ NE

Contagem Padrão em Placas (CPP), expressa em UFC/mL (mínimo de 01 análise mensal, com média geométrica sobre período de 03 meses)

Máximo de 7,5 x 105

Máximo de 6,0 x 105

Máximo de 3,0 x 105

Máximo de 1,0 x 105

Contagem de Células Somáticas (CCS), expressa em célula/mL (Mínimo de 01 análise mensal, com média geométrica sobre período de 03 meses)

Máximo de 7,5 x 105

Máximo de 6,0 x 105

Máximo de 5,0 x 105

Máximo de 4,0 x 105

Pesquisa de Resíduos de Antibióticos/outros Inibidores do crescimento microbiano:

Limites Máximos previstos no Programa Nacional de Controle de Resíduos –MAPA

Temperatura máxima de conservação do leite: 7oC na propriedade rural/Tanque

comunitário e 10oC no estabelecimento processador.

Composição Centesimal: Índices estabelecidos na RTIQ (regulamento técnico de

identidade e qualidade de leite)..

Fonte: Instrução Normativa 62 (MAPA 2011).

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A legislação nacional IN 62 (Brasil, 2011) estabelece o limite de CTB

expressa em UFC/mL, medida obtida por meio da análise em equipamento

automatizado, que adota o princípio de citometria de fluxo. A partir de 1/7/2017,

o valor máximo de CBT aceito para o leite de propriedades rurais e tanque de

refrigeração de todas as regiões será equiparado com o padrão higiênico

estabelecido pela União Europeia e EUA de (máximo admitido: 100.000

UFC/mL) (Tabela 11).

Tabela 11: Prazo de adequação e limites definido na Instrução Normativa n° 62/2011- conforme a região, para contagem padrão em placa do leite de propriedades rurais e tanque de resfriamento.

Limites Regionais

(1) (2) (3) (4) CBT Máximo de Máximo de Máximo de Máximo de (UFC/mL) 750 x 106 600 x 106 300 x 106 100 x 106

Limites regionais: (1) até 31/12/2011 nas regiões S/SE/CO e até 31/12/2012 nas regiões N/NE; (2) a partir 01/01/2012 até 30/6/2014 regiões S/SE/CO e a partir 1/1/2013 até 30/6/2015 nas regiões N/NE; (3) de 1/7/2014 a 01/07/2016 nas regiões S/SE/CO e de 01/07/2015 até 30/06/2017 nas regiões N/NE; (4) a partir de 1/7/2016 nas regiões S/SE/CO e a partir de 1/7/2017 nas regiões N/NE do Brasil.

Fonte : Brasil (2011).

O resultado da CBT é de extrema importância, visto que, reflete as

condições de higiene empregadas durante o processo de ordenha, o estado

sanitário do rebanho e, as condições de armazenamento do leite (COUSIN,

1982).

Com relação à composição química, os teores mínimos exigidos de

gordura, proteína bruta do leite são, respectivamente: 3,0%; 2,9% (Brasil, 2011).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de estudo e amostragem

Selecionou-se para este estudo, o município de Espigão d’ Oeste – Rondônia,

por apresentar representatividade na produção leiteira e pelos altos potenciais

no setor da pecuária leiteira ainda a serem explorados, além de possuir um

Laticínio com SIF (Serviço de Inspeção Federal).

Foram coletadas 420 (quatrocentas e vinte) amostras de leite cru

refrigerado provenientes de 51 tanques de expansão localizados em

propriedades rurais distintas. Essas propriedades que constituem o estudo

entregam o leite ao Laticínios Kinutri situado no município Espigão do Oeste-RO.

As amostras de leite cru foram coletadas pelos encarregados

(empregados) do transporte do leite ao laticínio. São pessoas devidamente

treinadas para tal função, como descrito por Brito et al (2007).

3.2. Período experimental e processamento das amost ras

As coletas foram realizadas de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014,

diretamente dos tanques de resfriamento das 51 unidades produtoras de leite

(UPLs) assistidas pela indústria, de acordo com Manual de Instruções da Clínica

do Leite (ESALQ-USP).

Durante as coletas as amostras foram acondicionadas em recipientes

estéreis contendo conservantes específicos para futuras análises. As amostras

(tanques comunitários) continham aproximadamente 40 mL de leite, coletadas

em frascos específicos, contendo conservantes na forma de pastilhas. O

Bronopol® foi usado em amostras de CCS e determinação centesimal de

gordura, proteína, lactose e sólidos totais, e o Azidiol® para CTB.

A conservação da coleta, no ponto de amostragem foi em caixas

isotérmicas com gelo reciclável, e posteriormente refrigeradas a <4 ºC até o

envio para o Laboratório de Controle da Qualidade do Leite da Associação

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Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa em Curitiba - PR em

caixas isotérmicas, uma vez acondicionadas, as amostras foram mantidas em

temperatura de refrigeração, <4 ºC, em caixa térmica, até o momento de entrega

nos laboratórios, onde foram efetuadas as análises composicionais (sólidos

totais, proteína, gordura, lactose,) e microbiológica (contagem de células

somáticas e contagem total bacteriana). Na Figura 2, pode-se observar o

esquema utilizado para a realização de colheita e processamento das amostras.

Figura 2: Desenho esquemático do procedimento de coleta de amostras, de leite de cru.

Fonte: Garcia (2011)

3.3 Análises da obtenção higiênica do leite

Foi elaborado questionário (Anexo 1), para avaliar as medidas higiênicas da

produção do leite e aplicado sob a forma de entrevista aos proprietários das 51

propriedades rurais envolvidas no presente estudo, com prospecção à obtenção

higiênica do leite.

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As variáveis que foram obtidas do questionário foram as seguintes: como

uso de cobertura no curral de ordenha, tipo de piso no curral de ordenha, uso de

água clorada durante a ordenha, uso de linha de ordenha em vacas com mastite

clínica, uso de pré e pós dipping; uso do teste de CMT, tratamento de mastite,

acompanhamento profissional de Médico Veterinário, limpeza de utensílios e

tanque de expansão, e, por fim, se há incentivo de produção/pagamento em

função da qualidade do leite.

3.4 Análises estatística dos dados

Os dados amostrais foram submetidos às prerrogativas para análises

paramétricas e, posteriormente, submetidos ao delineamento inteiramente

casualizados pelo procedimento GLM. As comparações múltiplas foram aferidas

pelo teste t, ao nível de 95% de confiabilidade, usando o programa estatístico

SAS v.9.0.

Os dados mensais da composição química e microbiológica foram

agrupados nas quatro estações do ano para melhor avaliação dos resultados.

Os valores de CCS não foram transformados para a escala logarítmica, usando-

se os seus valores originais.

Os procedimentos de análise estatística multivariada foram realizados

através da análise de componentes principais, que é uma abordagem

multivariada, sendo processada no software STATISTICA, versão 9.0.

Na análise multivariada das informações a respeito de CCS e CBT e das

variáveis obtidas do questionário, pretendendo-se identificar práticas de manejo

que sejam relacionadas com os atributos microbiológicos do leite. Utilizou-se o

método de agrupamento de clusters, usando a distância euclidiana como critério

de separação dos grupos de propriedades e, posteriormente, análise de

componentes principais.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Atributos de qualidade do leite cru refrigerad o, obtido no município de Espigão do Oeste- RO Foi realizada análise de variância e aplicado o teste F nos dados de sólidos totais, gordura, proteína, lactose, CCS e CBT, como é

indicado na Tabela 12. O quadro de análise de variância (Tabela 12) indica que houve efeito significativo da estação do ano sobre

os teores de gordura, proteína e, valores de CCS e CBT (P<0,0001).

Tabela 12: Estatística descritiva dos atributos de composição química do leite cru refrigerado, do município de Espigão do Oeste – RO, de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014.

Atributos Primavera Verão Outono Inverno Média anual CV (%) R2 F

Value Pr > F

Sólidos Totais (%) 11,9 ±0,37 12,2 ±0,45 21,4 ±106,56 12,0 ±0,42 16,2 440,0 0,004293 0,86 ns

Gordura (%) 3,2 ±0,35 3,4 ±0,38 3,3 ±0,39 3,2 ±0,35 3,3 11,4 0,047247 9,90 <,0001

Proteína (%) 3,1 ±0,17 3,3 ±0,14 3,3 ±0,13 3,2 ±0,14 3,2 4,4 0,161526 38,46 <,0001

Lactose (%) 4,6 ±0,09 4,6 ±0,07 4,6 ±0,08 4,6 ±0,35 4,6 4,3 0,004491 0,90 ns

CCS (CS/mL) 162,3 ±205,2 245,4 ±119,1 8,8 ±0,16 8,8 ±0,19 63,2 140,7 0,507302 205,58 <,0001

CBT (UFC/mL) 1107,4 ±934,5 2545,7 ±3515,6 198,0 ±103,2 216,2 ±154,5 655,9 206,1 0,268752 73,38 <,0001

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40

De acordo com os dados apresentados na Tabela 12, pode-se afirmar

que ocorreu o efeito esperado das estações do ano sobre a variação do teor de

gordura, proteína, CCS e CBT (P<0,001); No caso da lactose, não foi observado

o mesmo efeito (P>0,4405), isto é, a probabilidade de erro ao se afirmar que o

tempo (estação do ano) ́ possui efeito sobre o teor de lactose foi apenas de 44%.

Quanto à concentração de sólidos totais do leite, também não foi observado o

efeito da estação do ano (P>0,4611), isto é a probabilidade de erro ao se afirmar

que o tempo (estação do ano) possui efeito sobre o teor de sólidos totais do leite

foi de 46%.

A variação do teor de gordura sofre maior variação entre os componentes

e isso ocorre devido aos períodos da estação do ano que influenciam no manejo

alimentar dos animais, pois o Estado de Rondônia tem estações bem definidas,

ou seja, temos seis meses com abundância de pastagens devido ao excesso de

chuvas e seis meses com menores índices pluviométricos, assim os animais

podem sofrer alterações fisiológicas significativas que vão interferir na síntese

de gordura, pois sabe-se que o percursor da gordura do leite é o ácido graxo

acético e este é produzido de forma abundante quando os animais consomem

forragens. Também nota se que a gordura apresentou-se em maior

concentração no verão que é a época em que há abundância de forragem de

boa qualidade. Porém o menor índice de gordura foi encontrado no inverno,

onde a disponibilidade de forragem nas pastagens é menor e de qualidade

inferior.

Quanto aos valores de proteína do leite a variação foi menor que o

componente gordura, porém a sazonalidade também influenciou, pois o rebanho

possui uma produtividade média de 4,5 litros/dia, assim como são animais de

baixa produção a componente proteína varia menos que o componente gordura.

Também se observa na tabela 12, que na primavera temos os menores teores

de proteína e nestes meses é o início das chuvas e as pastagens estão em fase

de rebrota e assim sua composição estão voltando aos níveis adequados.

Também como o componente gordura a proteína sofreu aumento no verão e

outono, isso devido à maior oferta de pastagens.

A legislação brasileira estabelece condições (IN 62, MAPA 2011) para a

obtenção e coleta do leite cru refrigerado, fixando os níveis de qualidade do leite,

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como requisitos físicos, químicos, microbiológicos, resíduos químicos e

contagem de células somáticas (CCS). De acordo com Fonseca e Santos (2000),

todos os requisitos de qualidade do leite são importantes, principalmente a CCS,

pois de acordo com, o aumento das células somáticas afeta diretamente a

qualidade do leite, causando perdas irreparáveis a produtores e indústria, já que

afeta de forma direta a composição do leite e diminui a vida de prateleira dos

derivados lácteos.

Na avaliação do leite cru refrigerado colhido do tanque de refrigeração,

das 51 propriedades que representam o município de Espigão do Oeste – RO,

de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014, observou-se que os níveis de CCS e

CBT estiveram elevados nas estações da primavera e verão, comparando-se

com os resultados de outono e inverno, devendo-se salientar que os resultados

(primavera-verão) estiveram acima do recomendado pela IN 62. Essa situação

está associada à distribuição das chuvas nesse período, que propicia a

ocorrência da formação de barro/lama nos locais de acesso dos animais (área

de descanso, alimentação, curral pré e pós ordenha) e, desta forma

possibilitando a ocorrência de mastite, principalmente clínica.

Como a maior parte das propriedades avaliadas não possui água clorada

e encanada no curral para que se possa realizar a higienização dos tetos antes

do procedimento da ordenha (pré-requisito para a obtenção do leite de

qualidade), na época de chuvas, a higiene fica comprometida, levando a casos

de mastite nos animais e, presença de microrganismos do ambiente no leite

obtido, em função da ineficiente higienização dos tetos e utensílios de ordenha.

Para o ano de 2013-14, a legislação brasileira estabelece o nível máximo

de 6 mil CCS/mL de leite, e deverá chegar ao limite de 4 mil CCS/mL, no ano de

2017, segundo IN 62 (MAPA 2011).

Segundo SMITH (2002), contagens abaixo de 100.000 células/mL

caracterizam o leite originário de úbere sadio, livre de mastite. No entanto, para

fins de diagnóstico aceitam-se 200.000 células/mL como limite, tendo em vista

que a elevação acima desse valor é geralmente considerada anormal, havendo

evidência histológica de inflamação no úbere (RARMON, 2001; SORDILLO;

STREICHER, 2002; RAINARD; RIOLLET, 2003). Para Philpot (2002), ocorre

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uma redução de 2,0 a 2,5% na produção de leite para cada 100.000 células/mL

a partir de 200.000 células/mL.

De acordo com Santos (2003), a CCS do tanque tem sido utilizada

principalmente para a detecção de mastite subclínica em nível de rebanho, para

estimar perdas de produção de leite em decorrência da mastite e como um

indicador das características qualitativas/higiênicas do leite.

Oliveira et al. (2009) verificaram o impacto da CCS no rendimento

industrial do queijo mussarela. Utilizando leite com nível de CCS no tanque de

fabricação de 365.000 células/mL, 485.000 células/mL e 1.723.000 células/mL,

foram necessários 9,52 litros, 10,69 litros, 10,69 litros da matéria-prima

respectivamente, para produzir 10,5 kg, 9,351 kg e 9,150 kg queijo mussarela

respectivamente.

Quanto à contagem bacteriana total (CBT), o máximo permitido é de 600

mil UFC/mL, no ano de 2013-14, devendo baixar para 100 mil UFC/mL até o ano

de 2017. A CBT é um parâmetro utilizado para monitorar a qualidade do leite

logo após a obtenção, a avaliação da qualidade microbiológica do leite é um

indicativo da saúde da glândula mamária, das condições gerais de manejo, e da

higiene na ordenha.

A importância dos microrganismos do leite revela que o conhecimento

sobre o seu índice de contaminação microbiana pode ser usado no julgamento

de sua qualidade intrínseca, bem como das condições sanitárias de sua

produção e da saúde do rebanho (GUERREIRO et al., 2005).

De acordo com o estudo realizado Nero et al. (2005), para avaliar se o

leite produzido em quatro estados produtores (MG, PR, RG, SP) de leite do

Brasil. Os autores constataram que apenas 51,4% dos produtores estariam em

condições de cumprir o estabelecido na legislação referente ao atendimento ao

padrão microbiológico de 106 x UFC/mL.

Em estudo realizado por Almeida (2010) foi avaliada a qualidade

microbiológica do leite cru de 32 propriedades leiteiras (tanque individual) do

Município de Ouro Preto do Oeste, RO. No início do estudo, 65,4% das

propriedades não atendiam ao parâmetro de 106 UFC/ml para contagem padrão

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em placa. Após intervenções da Ater, focadas em práticas de manejo e higiene,

o percentual de conformidade atingiu 75%.

Resultados semelhantes foram obtidos por Guerreiro et al. (2005) e Costa

(2006) em propriedades rurais do Estado de São Paulo e por Mattioda e

Bittencourt (2010) em Fernandes Pinheiro (PR). Os estudos analisaram a

interferência de práticas de manejo profiláticas na qualidade microbiológica do

leite produzido em propriedades da agricultura familiar.

4.2 Relações entre as variáveis CCS e CBT do leite analisado, com as variáveis ligadas à obtenção do leite (questionário )

Para identificar grupos de propriedades com característica de condição de

obtenção do leite (ordenha) semelhantes, aplicou-se a análise de agrupamento

(clusters). A Figura 3 apresenta o dendograma representativo da estrutura de

grupos contida nos dados construído com a distância euclidiana.

O objetivo dessa classificação em grupos foi repartir os indivíduos

(propriedades) em grupos homogêneos, de modo que cada grupo ficasse bem

diferenciado. Observou-se uma divisão de 7 grupos distintos, ao traçar

arbitrariamente uma linha na distância ao nível 6 do eixo x da abcissa (Distance

Linkage): grupo G1 identificado pelas propriedades 1, 50, 25,6, 25, 27, 16, 17,

28, 24, 7, 45, 14, 41, 9, 44,46, 8, 36, 40, 29, 35, 39, 13, 51, 33, 34, 37 3 38; G2

identificado pelas propriedades 4, 15, 42, 23, 19 e 26; G3 identificado pelas

propriedades 10, 18, 43, 49; G4 identificado pelas propriedades 3 e 47; G5

identificado pelas propriedades 12, 22 e 31; G6 identificado pelas propriedades

20, 32, 30 e 21; G7 identificado pelas propriedades 11 e 48.

Os grupos foram formados pela similaridade de características

apresentadas entre si, ou seja, quanto às variáveis analisadas: uso de curral

coberto; curral base (tipo de piso); se possui água no curral; tipo de ordenha; se

faz linha de ordenha; se faz o teste da caneca de fundo preto; se faz pré e pós

diping; se faz o teste do California Mastitis Test (CMT); se descarta o leite de

animais tratados; se faz tratamento de mastite em vaca seca; o tratamento de

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mastite é recomendado por quem; tipo de sanitizante usado na limpeza de

utensílios da ordenha; se recebe assistência técnica.

Figura 3: Dendograma resultante da análise de agrupamento das 51 propriedades, do município de Espigão do Oeste – RO, de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014, utilizando a distância euclidiana como coeficiente de similaridade e o algoritmo UPGMA como método de

agrupamento quanto aos atributos biológicos avaliados.

De acordo com Aleixo e Souza (2001), conhecendo a classificação,

obtêm-se os grupos de indivíduos (propriedades rurais), o que permite verificar

os parâmetros que evidenciam as características homogêneas dentro de um

grupo e, também, as principais diferenças entre esses grupos.

O gráfico bidimensional (biplot) construído com os componentes principais

CP1 e CP2 apresenta a distribuição espacial das 51 propriedades avaliadas

(grupos) e a direção da ação das variáveis que influenciaram esta distribuição

em grupos, em função dos valores de CBT e CCS, que identificam os padrões

de cada grupo formado (Figura 4).

0 2 4 6 8 10 12

481121303220312212473

4943181026192342154

38373433511339352940368

46449

4114457

242817162725652

501

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45

A variabilidade retida nestes componentes explicou 100% da variabilidade

original, sendo que CP1 e CP2 retêm cada um, 42,39% e 10,37%,

respectivamente. Em CP1 (eixo horizontal), as variáveis com maior poder

discriminatório, em ordem de importância foram: (C) possui água encanada

(clorada ou não) no curral (-0,96); (D) tipo de ordenha (-,095); (F) faz o teste da

caneca de fundo preto (-0,95); (O) avaliação de CBT (1,28); (N) avaliação de

CCS (1,47), na qual cada valor contido entre parênteses representa a correlação

entre cada variável e um componente principal.

Na Figura 4, quanto mais uma amostra se posiciona nas extremidades do

eixo (esquerda ou direita) mais padrões específicos ela apresenta nessa

dimensão. Assim, aquelas propriedades localizadas à esquerda fazem linha de

ordenha em caso da ocorrência de vacas com mastite clínica (E); fazem o teste

do CMT pelo menos uma vez ao mês (H); e, àquelas localizadas à direita são as

que descartam o leite de animais tratados com antibióticos (I); possuem curral

com base cimentada (B).

Em CP2 (eixo vertical), as variáveis com maior poder discriminatório em

ordem de importância foram: (E) faz linha de ordenha (1,92); (H) faz o teste do

CMT (1,80); (I) descarta o leite de animais tratados (1,41); (B) curral base (0,59);

(K) recomendação de veterinário para tratamento dos animais (0,48). Na Figura

4, quanto mais uma amostra se posiciona nas extremidades do eixo (abaixo ou

acima) mais padrões específicos a amostra apresenta nessa dimensão.

Assim, aquelas propriedades localizadas abaixo fazem de maneira

eficiente a limpeza de utensílios da ordenha (L); fazem tratamento de vaca seca

(J); fazem pré e pós diping (G); possuem água encanada no curral (C); têm

ordenhadeira mecânica (D) e, curral coberto (A); recebem assistência técnica

especializada (M); têm melhores valores para CCS (N); têm melhores valores

para CBT (O).

Considerando os dois eixos CP1 e CP2 ortogonais (Figura 4) tem-se a

distribuição das amostras resumidas num plano bidimensional. As amostras que

estão próximas à origem (0.0), não possuem características discriminatórias,

indicando que os padrões dessas amostras estão dentro de uma média

estatística. As propriedades 11 e 48 se posicionam dentro de uma região

periférica tendo por isso características próprias relevantes. Pode ser notado na

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Figura 4, que as propriedades localizadas abaixo, em geral, são aquelas com

melhor padrão de contagem para CCS e CBT e, para tanto têm melhores

condições estruturais e técnicas para apresentarem este resultado.

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Figura 4: Gráfico biplot representando a distribuição dos atributos CCS e CBT avaliados no leite cru refrigerado de 51 propriedades, do município de Espigão

do Oeste – RO, de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014.

(A) curral coberto; (B) curral base; (C) possui água no curral; (D) tipo de ordenha; (E) faz linha de ordenha; (F) faz o teste da caneca de fundo preto; (G) faz pré e pós diping; (H) faz o teste do CMT; (I) descarta o leite de animais tratados; (J) faz tratamento de vaca seca; (K) tratamento é recomendado por quem;

(L) limpeza de utensílios da ordenha; (M) recebe assistência técnica; (N) avaliação de CCS; (O) avaliação de CBT.

A

B

CD

E

F

G

H

I

J

L

L MN

O

1

2

3

45

6

7

8

9

10

11

12

1314

15

16

17

18

19

20

21

2223

2425

26

27

28

29

3031 32

33

3435

36 3738

39

40

4142

43

4445

46

47

48

49

50

51

-3 -2 -1 0 1

Fator 1 = 42,39%

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Fat

or 2

= 1

0,37

%

A

B

CD

E

F

G

H

I

J

L

L MN

O

1

2

3

45

6

7

8

9

10

11

12

1314

15

16

17

18

19

20

21

2223

2425

26

27

28

29

3031 32

33

3435

36 3738

39

40

4142

43

4445

46

47

48

49

50

51

CP 1

CP 2 K

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5. CONCLUSÃO

Em relação aos atributos composicionais analisados do leite cru

refrigerado, amostrado no período de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014, na

micro região de Espigão do Oeste, em Rondônia, estavam de acordo com a

legislação vigente IN 62. No entanto, os parâmetros de qualidade e higiene do

leite como a CCS e CBT estiveram dentro do que é preconizado pela normativa,

apenas uma época do ano, refletindo as condições inadequadas para a obtenção

do referido leite. Logo, para atender aos critérios estipulados na IN 62, medidas

devem ser incrementadas. Os parâmetros de qualidade e higiene sofreram uma

grande variação de sazonal, pois nos períodos com maior índice pluviométricos

estes aumentaram de maneira expressiva e isso devido ao acumulo de lama e

barro nos currais de ordenha assim acarretando maior contaminação do leite e

maiores índices de mastite. A CBT apresentou média geral acima das exigências

estabelecidas pela IN 62.

A produção leiteira na micro região de Espigão do Oeste tem se

mostrando emergente e com alto potencial de crescimento e para que se torne

sustentável ao longo dos anos a cadeia produtiva do leite deve ser fortalecida.

Por parte dos produtores adotar imediatamente medidas preventivas e

corretivas, assim como melhorar suas instalações e focar na prevenção e

controle da mastite e adotar medidas adequadas de higiene pré e pós ordenha.

Contudo a Indústria também deve adotar remunerar o produto não somente pelo

volume capitado e sim pela qualidade visando poucas contagens de CCS e CBT,

e também por volume de sólidos. E por parte da Instituições de Ensino e

fomentar trabalhos com extensionistas para que a pesquisa seja repassada ao

público alvo (produtores rurais).

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ANEXO

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QUESTIONÁRIO QUALIDADE DO LEITE

NOME:______________________________________________________________________

_

ENDEREÇO:__________________________________________________________________

_

MUNICÍPIO:_________________________________________UF:______________________

_

TELEFONE:___________________________________________________________________

_

1-QUANTIDADE MÉDIA DE LEITE PRODUZIDO

DIARIAMENTE:___________________________

2-QUANTIDADE DE VACAS ORDENHADAS:_________________________________________

3-MÃO DE OBRA: (_____)FAMILIAR (____) CONTRATADA

4-CURRAL COBERTO: (____) SIM (____)NÃO (_____)NÃO POSSUI CURRAL

5-CURRAL BASE: (____) TERRA (____) CONTRAPISO (_____)CASCALHADO

6-POSSUI ÁGUA ENCANADA NO CURRAL: (_____)SIM (_____)NÃO

7-ÁGUA CLORADA: (____)SIM (____)NÃO

8-ORDENHA: (___)MANUAL (___) MECANICA

9-FAZ LINHA DE ORDENHA: (___)SIM (____)NÃO (_____)NÃO SABE OQUE

É

10-FAZ TESTE DA CANECA DE FUNDO PRETO: (___)SIM (___)NÃO (_ __) NÃO

CONHECE11-FAZ PRÉ E PÓS DIPING: (_____) SIM (_____)NÃO (_____)NÃO

CONHECE

12-FAZ O TESTE DO CMT: (_____)SIM (_____)NÃO (_____)NÃO

CONHECE

13-FAZ TRATAMENTO DE MASTITE: (____)SIM (_____)NÃO

14-FAZ TRATAMENTO DE VACA SECA PARA MASTITE: (___)SIM (___)NÃO (___)NÃO

CONHECE

15-O TRATAMENTO É RECOMENDADO POR: (__)VETERINÁRIO (___)BALCONISTA DE

AGROPECUÁRIA (___)OUTROS

16-PARA LIMPEZA DE UTENSÍLIOS DA ORDENHA USA: (___)SABÃO COMUM

(___)SOMENTE ÁGUA (___)DETERGENTE COMUM (___)DETERGENTES ESPECÍFIOS

(___)OUTROS