Cap.VI
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Universidade Politécnica/ Apolitécnica
Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.VI - 0/14
CCaappííttuulloo 66
AANNÁÁLLIISSEE EE DDIIMMEENNSSIIOONNAAMMEENNTTOO AAOOSS EESSTTAADDOOSS LLIIMMIITTEESS DDEE UUTTIILLIIZZAAÇÇÃÃOO
ÍÍnnddiiccee TTeemmááttiiccoo
1. Verificação da segurança em relação à fendilhação ...................................................... 1 1.1. Comportamento do betão armado à tracção............................................................................1 1.2. Fendilhação estabilizada ..........................................................................................................1 1.3. Distância média entre fendas ...................................................................................................1 1.4. Extensão média da armadura ..................................................................................................3 1.5. Critérios para o controle da fendilhação...................................................................................6
1.5.1. Definição de estados limites..............................................................................................6 1.5.2. Agressividade do ambiente ...............................................................................................7 1.5.3. Sensibilidade das armaduras à corrosão..........................................................................7
1.6. Estado limites de fendilhação a considerar..............................................................................8 1.7. Estado limite de descompressão..............................................................................................8 1.8. Estado limite de largura de fendas...........................................................................................9 1.9. Dispensa de verificação .........................................................................................................10
Exemplo 1 ..................................................................................................................................10 Exemplo 2 ..................................................................................................................................10
2. Verificação da segurança em relação à deformação.................................................... 11 2.1. Introdução...............................................................................................................................11 2.2. Princípios de cálculo...............................................................................................................11 2.3. Dispensa de Verificação.........................................................................................................12 2.4. Algumas razões para o controle das deformações ................................................................12
Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1
1. Verificação da segurança em relação à fendilhação 1.1. Comportamento do betão armado à tracção
A resistência à tracção do betão é baixa e não oferece confiança já que a cura e endurecimento do
betão, os efeitos de coacção interna e externa provocam microfendilhação e fendilhação mesmo
antes da aplicação das cargas.
A secção menos resistente é a secção da fenda, por isso o cálculo da capacidade resistente é
efectuado para esta secção. A contribuição do betão traccionado entre fendas tem no entanto de ser
contabilizada quando pretendemos calcular a abertura das fendas ou a deformação da peça.
1.2. Fendilhação estabilizada
Com o desenvolvimento de tensões de aderência, τ, entre o aço e o betão, o aço transmite ao betão
tensões de tracção.
A partir de uma dada distância, sr, da primeira fenda as tensões tangenciais τ anulam-se e o betão
adquire a tensão máxima, , como se a peça não estivesse fendilhada.
Com um acréscimo do esforço N, atinge-se a tensão de rotura do betão à tracção numa segunda
secção. Esta segunda fenda formar-se-á, em princípio, a uma distância da primeira maior ou igual a
s (s ≥ s ). r r
Uma terceira fenda entre as duas primeiras pode aparecer somente se as tensões da aderência, τ,
são suficientes para transmitir uma força de tracção do aço para o betão, tal que a resistência do
betão à tracção, fct, seja de novo atingida.
1.3. Distância média entre fendas
Como se pode observar da distribuição de tensões numa barra traccionda a segunda fenda poderá
surgir a uma distância em geral maior que sr, numa zona de menor resistência. Se no entanto a
distância entre a primeira e a segunda fendas for maior que 2sr é possível que entre elas se forme
nova fenda.
e 2sA distância entre fendas num estado estabilizado, variará entre sr r, sendo o valor médio dado
por:
sendo:
− o comprimento de aderência destruída;
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− s a distância mínima entre fendas; r
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− Um termo correctivo, determinado experimentalmente, que tem em conta a influência
do rebatimento, c, e o espaçamento das armaduras, s.
Na expressão anterior o termo 1/2 ν0 pode ser omitido, atribuindo a o valor:
O comprimento, sr, é o comprimento mínimo necessário para o aço transmitir ao betão por aderência
(tensões τ) a tensão fct que o pode levar de novo à rotura.
Pode ser obtido aproximadamente por:
em que:
− fctm é o valor médio da tensão de rotura do betão à tracção simples aos 28 dias de idade;
− τbm é a tensão da secção do do betão traccionado envolvente da armadura;
− A é área da secção do betão traccionado envolvente da armadura; c,r
− Σu éo somatório do perímetro das armaduras em contacto com o betão.
Note-se que no caso visto (tracção simples) η2 = 1/4; para a flexão simples obteriamos uma
expressão semelhante com η2 = 1/8.
Portanto, substituindo, a distância média entre fendas será:
que é a expressão do REBAP, em que:
− c é o recobrimento da armadura;
− s é o espaçamento dos varões da armadura (sendo s > 15∅ deve considerar-se s = 15∅);
− ∅ é o diâmetro dos varões (quando se utilizam varões de diâmetro diferente pode adoptar-se
um diâmetro médio);
− η1 é um coeficiente dependente das características de aderência dos varões, igual a 0,4 para
varões de alta aderência e igual a 0,8 para varões de aderência normal (os varões de aço
A400 EL e as redes electrossoldadas de aço A500 EL podem ser consideradas como de alta
aderência, segundo o REBAP);
− η2 é um coeficiente que depende da distribuição de tensões de tracção na secção, dado pela
expressão:
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;
em que ε1 e ε2 são as extensões aos níveis inferior e superior da área do betão envolvente da
armadura, calculadas em secção fendilhada; para o caso da tracção simples η2 = 0,25 e para
flexão simples η2 = 0,125.
− ρ é a relação A ,entre a área da secção da armadura (A
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r s/Ac,r s) e a área da secção do betão
traccionado envolvente da armadura (Ac,r); esta área é definida como o somatório das áreas
de influência de cada varão da armadura, cada uma das quais deve estar contida num
rectângulo centrado no varão e com lado igual, no máximo, a 15� e deve ser limitada pelo
contorno da secção, não devendo sobrepor-se às áreas de influência de varões contíguos;
estas áreas devem situar-se totalmente na zona traccionada da secção (figura 1).
Figura 1 – área da secção traccionada de betão envolvente das armaduras
1.4. Extensão média da armadura
A tensão no aço, σs, atinge um valor máximo na secção da fenda e um valor mínimo a meia distância
entre fendas. O valor médio da extensão na armadura, εsm, corresponderá ao valor médio da tensão
num dado comprimento da peça:
em que Es é o modo de elasticidade do aço.
A diferença entre a tensão média e a tensão máxima na armadura depende do grau de contribuição
do betão envolvente entre as fendas que influi decididamente no valor de εsm.
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Após o início da fendilhação há um aumento brusco da extensão média, devido à formação de
diversas fendas com a consequente perda de tensão no betão.
Em seguida, com a fendilhação já estabilizada, a contribuição do betão vai diminuindo à medida que
se deteriora a ligação aço-betão com o aumento da força N, mas a extensão média é sempre inferior
aquela que se obteria se a peça fosse apenas de aço.
Figura 2 – Extensões relativas das armaduras
A figura 2 representa a variação da extensão média da armadura com a tensão instalada no aço na
secção da fenda, σ . Nesta figura, σsr s2 é a tensão da armadura numa secção fendilhada sob a acção
das acções consideradas σsr é a tensão da armadura calculada na secção fendilhada correspondente
ao esforço que provoca o início da fendilhação (esforço que, em secção não fendilhada conduz a
uma tensão máxima no betão de valor f
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ctm), εs1 e εs2 são as deformações relativas da armadura
calculada em estado 1 (considerando secções não fendilhadas) e estado 2 (desprezando a
contribuição do betão traccionado entre fendas), e ε e εsr2 sr1 são as extensões relativas da armadura
correspondentes às tensões σ (estado 1) e σs2 (estado 2). sr
, é dada por: A deformação média da armadura, para N ≥ Nr
onde ∆εs, que representa a contribuição do betão traccionado, aproxima-se da recta εs2 para tensões
superiores a σ , seguindo uma lei hipérbica que foi estabelecida experimentalmente: sr
que substituindo na expressão anterior, obtém-se:
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Ou, fazendo ,
Note-se que ξ deve-se considerar nulo se σsr > σs2.
Foi tratado o caso de uma peça sujeita a um esforço de tracção simples, mas as expressões são
válidas para peças sujeitas a flexão.
A fim de se ter em conta as características da aderência dos varões da armadura e a influência da
duração da aplicação descargas, são introduzidos dois coeficientes, β e β1 2, na expressão que define
ξ:
Estes coeficientes serão descritos mais adiante, quando se apresentar a expressão da extensão
média das armaduras que é indicada no REBAP.
A extensão média da armadura em relação à extensão do betão adjacente é definida (figura 3) por:
Figura 3 – Extensão relativa da armadura em relação ao betão adjacente
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As expressões indicadas fornecem medidas de extensão média das armaduras para o conjunto da
peça. As extensões relativas que daí resultam, subestimam as extensões médias locais (e por
consequência, a abertura das fendas) nos primeiros estados de desenvolvimento da fendilhação.
Com base em resultados experimentais, encontrou-se uma maneira cómoda de se ter em conta este
desvio, especificado um limite inferior (0,4) para o coeficiente �.
O REBAP fornece esta expressão para o cálculo da extensão média das armaduras traccionadas, na
forma:
em que:
− σs é a tensão de tracção da armadura, calculada em secção fendilhada, correspondente ao
esforço resultante das combinações de acções em causa;
− Es é o módulo de elasticidade do aço;
− σsr é a tensão de tracção na armadura, calculada em secção fendilhada, correspondente ao
esforço que provoca o início da fendilhação; este esforço é o que, em secção não fendilhada
conduz a uma tensão de tracção máxima no betão, f ; ctm
− β1 é um coeficiente dependente das características de aderência dos varões da armadura;
deve ser 1 para varões de alta aderência e 0,5 para varões de aderência normal (o REBAP
permite que os varões de aço A400 EL e as redes electrossoldadas de aço A500 EL podem
ser consideradas como de alta aderência);
− β2 é um coeficiente dependente da duração e da repetição das acções, que se deve ser
tomado igual a 1no caso de combinações raras de acções e igual a 0,5 no caso de
combinações frequentes ou quase permanentes.
. O valor da extensão média das armaduras não pode ser considerado inferior a 0,4
Para determinação das tensões nas armaduras em secção fendilhada pode admitir-se um
comportamento elástico perfeito dos materiais com um coeficiente de homogeneização, que, por
simplificação, o REBAP indica o valor de α = 15.
1.5. Critério para o controle da fendilhação 1.5.1. Definição de estados limites
São considerados, basicamente, três estados limites de fendilhação:
− Estado limite de descompressão
− Estado limite de formação de fendas
− Estado limite de largura de fendas
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O estado limite intermédio de formação de fendas não é contemplado no R.E.B.A.P., podendo no
entanto ser útil no caso de verificação de depósitos e de secções pré-esforçadas em fase de
construção. O estado limite de largura de fendas compreende ainda três diferentes valores
permissíveis de abertura de fendas. No quadro I encontram-se as definições dos estados limites de
fendilhação por ordem decrescente de severidade.
QUADRO I – Estados limites de fendilhação
ESTADO LIMITE DEFINIÇÃO
Descompressão O estado no qual, sob a combinação de acções consideradas, as tensões
descompressão são no extremo levadas a zero para a fibra considerada.
Formação de fendas Estado no qual, sob a combinação de acções consideradas, a tensão de tracção
característica do betão em tracção não será ultrapassada
Largura de fendas w1 = 0,1mm Estado no qual, sob a combinação de acções consideradas, a abertura
característica da fenda é igual a 0,1mm.
Largura de fendas w2 = 0,2mm Idem, com abertura limite de 0,2mm.
Largura de fendas w3 = 0,3mm Idem, com abertura limite de 0,3mm.
1.5.2. Agressividade do ambiente
De acordo com as condições de exposição os ambientes podem ser escalonados em três categorias,
conforme o seu grau de agressividade. No Quadro II representam-se as definições de cada uma
dessas categorias.
QUADRO II – Agressividade do ambiente
CATEGORIA DEFINIÇÃO
Ambientes pouco agressivos
Ambientes em que a humidade relativa é habitualmente baixa e em que
não é de esperar a presença de agentes corrosivos (ex.: interiores de
edifícios de habitação, de escritórios, etc)
Ambientes moderadamente agressivos
Ambientes interiores em que a humidade relativa é habitualmente elevada
ou em que é de esperar a presença temporária de agentes corrosivos;
ambientes exteriores sem concentração especial de agentes corrosivos;
águas e solos não especialmente agressivos.
Ambientes muito agressivos
Ambientes com forte concentração habitual de agentes corrosivos; líquidos
agressivos (águas muito puras, algas salinas, etc.); solos especialmente
agressivos.
1.5.3. Sensibilidade das armaduras à corrosão
São considerados dois níveis de sensibilidade à corrosão, ilustrados no QUADRO III.
QUADRO III – Grau de sensibilidade à corrosão
SENSIBILIDADE TIPOS DE ARMADURAS
Muito sensíveis
Todas as armaduras com diâmetros menores que 3 mm.
Aços tratados – todos os diâmetros.
Armaduras de aço endurecido a frio submetido permanentemente a
tensões de tracção superiores a 400 Mpa.
Armaduras de Pré-
esforço
Pouco sensíveis Todos os outros tipos de armaduras Armaduras
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ordinárias
1.6. Estado limites de fendilhação a considerar
Para assegurar a conveniente durabilidade das estruturas os estados limites de fendilhação devem
ser escolhidos atendendo ao tipo de combinação de acções (sua duração), à agressividade do
ambiente e à sensibilidade das armaduras à corrosão.
No caso de armaduras ordinárias, o estado limite a considerar é o de largura de fendas, nas
condições indicadas no Quadro IV.
QUADRO IV – Estados limites de fendilhação para armaduras ordinárias
AMBIENTE COMBINAÇÕES DE ACÇÕES ESTADO LIMITE
Pouco agressivo Frequentes Largura de fendas w = 0,3mm
Moderadamente agressivo Frequentes Largura de fendas w = 0,2mm
Muito agressivo Raras Largura de fendas w = 0,1mm
1.7. Estado limite de descompressão
Por definição, nenhuma tensão de tracção deve estar presente na secção para este estado limite. O
cálculo das tensões pode assim ser efectuado de acordo com a teoria elástica, admitido como activa
toda a secção do betão. Quando a secção contiver uma percentagem considerável de armaduras
aderentes (sejam ordinárias ou de pré-esforço), elas devem ser tidas em conta na definição das
características da secção efectiva.
As tensões podem então ser obtidas palas fórmulas usuais:
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− Flexão e força axial
onde:
σ - Tensão na fibra considerada.
N - força axial (inclui o pré-esforço e qualquer força externa aplicada axialmente);
A - área efectiva da secção transversal;
M - momento na secção (inclui o momento devido ao pré-esforço e devido ao
carregamento);
I - momento de inércia efectivo;
y - distância do eixo neutro à fibra considerada (em geral a fibra externa).
− Esforço Transverso
onde:
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τ - Tensão tangencial na fibra considerada;
V – esforço transverso;
s – momento estático em relação ao eixo neutro da área acima da fibra considerada;
I – momento de inércia efectivo;
b – largura da secção ao nível da fibra considerada.
Se for de considerar a combinação de τ e σ teremos de determinar as tensões principais nas fibras
nas condições mais desfavoráveis.
Para a determinação da área e do momento de inércia efectivo da secção, o REBAP define os
seguintes valores para o coeficiente de homogeneização α = Es / Ec que depende da duração das
acções para ter em conta a fluência do betão com o tempo; nos casos correntes pode-se considerar
α = 18 para acções com carácter de permanência e α = 6 para acções de curta duração.
Note-se que o estado limite de descompressão deve ser apenas verificado em relação à armadura
de pré-esforço e destina-se a assegurar que, para a combinação de acções em causa, estas
armaduras se situem em zona comprimida. Para além das acções aplicadas outros factores devem
estar presentes na verificação ao estado limite de descompressão como sejam a fluência, a retracção
e a variação de temperatura.
1.8. Estado limite de largura de fendas
A segurança em relação ao estado limite de largura de fendas considera-se satisfeita-se o valor
característico da largura das fendas, ao nível das armaduras mais traccionadas não excederem os
valores especificadas no Quadro IV.
O valor médio da largura das fendas é igual a
wm = srm .Εsm,
em que srm é a distância média das fendas e Εsm é a extensão média das armaduras. Os ensaios
demonstraram que existe uma grande dispersão dos resultados no que se refere ao afastamento e à
abertura das fendas.
Para limitar a maior abertura provável das fendas, é definida a abertura característica, wk, como um
valor que não é ultrapassado senão por uma pequena percentagem do conjunto das aberturas das
fendas. Segundo o REBAP a abertura característica das fendas é igual a
wk = 1,7 . wm.
Estas considerações são válidas para elementos sujeitos à tracção ou à flexão, simples ou
compostas.
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No caso de peças sujeitas a esforços transversos e à torção a verificação ao estado limite de largura
de fendas considera-se satisfeita nos casos correntes de vigas desde que sejam observadas as
disposições construtivas de armadura, nomeadamente a armadura transversal mínima e o
espaçamento de estribos no que se refere ao esforço.
1.9. Dispensa de verificação
Nos casos correntes de vigas, com armaduras ordinárias e em ambientes pouco agressivos ou
moderadamente agressivos, o REBAP considera satisfeita a verificação de segurança em relação ao
estado limite de largura de fendas, desde que sejam cumpridas as disposições relativas ao
espaçamento máximo dos varões de armadura longitudinal, representadas no Quadro VI.
QUADRO VI – Espaçamento máximo dos varões de armadura longitudinal de vigas (cm).
Tipos de aço Ambiente
A235 A400 A500
Pouco agressivo - 12,5 10
Moderadamente agressivo - 7,5 5
Exemplo 1
Dimensione um tirante de betão armado (B25, A400NR) com 4 metros de comprimento e secção de
(0.25x0.25) m2, destinado a receber os seguintes esforços axiais característicos:
NG=200kN (acções permanentes)
NQ=140kN (sobrecarga; Ψ1=0.6)
A estrutura encontra-se em meio moderadamente agressivo (wmax=0.2mm – combinações frequentes
de acções).
Exemplo 2
Consideremos uma parede de 20cm de espessura fazendo parte de um reservatório. A parede deve
ser armada horizontalmente de tal maneira que a largura característica das fendas seja inferior a
0.15mm afim de assegurar a estanqueidade desejada. O betão será o B25 e o aço será A500ER com
um recobrimento de 2cm.
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2. Verificação da segurança em relação à deformação 2.1. Introdução
A determinação das deformações em peças de betão armado fissurado tendo em conta as
combinações de acções, a fluência e a retracção do betão leva a cálculos laboriosos e por vezes
complexos. As flechas de peças flectidas podem ser calculadas, com generalidade, pela
integração numérica das curvaturas de pequenos troços em que uma viga pode ser dividida.
Existem publicações que apresentam fórmulas simplificadas que permitem uma estimativa das
flechas para os casos mais correntes de lajes e vigas com diversas condições de apoio e de
carga. Adiante pretende-se dar uma iniciação a alguns métodos simplificados de cálculos de
flechas.
2.2. Princípios de cálculo
A curvatura total 1/r no tempo t é a soma da curvatura elástica (1/r)e e das curvaturas devidas à
retracção (1/r) e à fluência do betão (1/r)
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cc cs.
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ ++=⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛
csccet rrrr1111
onde, cada um dos termos do 2º membro refere-se, ao estado 1 (considerando secções não
fendilhadas) ou ao estado 2 (desprezando a contribuição do betão traccionado entre fendas),
dependendo do estado considerado.
A deformada devida aos momentos flectores é obtida por dupla integração da curvatura ao longo
do elemento,
EIM-1'' =⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛=
ery
Esta expressão é válida para o cálculo da curvatura elástica no estado 1. Para o estado 2 esta
expressão é substituída por
dr
cm sm-1 εε
ε
=⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
com
εcm – deformação relativa média do betão na fibra mais comprimida da secção
εsm – deformação relativa média da armadura mais traccionada
d – altura útil
A curvatura devida à fluência deve ser calculada como múltiplo da curvatura inicial sob as
combinações de acções quase permanentes.
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A curvatura devida à retracção pode ser avaliada pela expressão
dk
rcs
cscs
=⎟⎠
⎜⎝
ε⎞⎛ 1
Onde
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εcs – deformação devida à retracção
– é um coeficiente que tem em conta a influência das armaduras e kcs
d – altura útil
O REBAP não dá indicações precisas quanto ao cálculo dos deslocamentos, apenas fazendo
referência à expressão para o cálculo das curvaturas. A determinação das deformações em
peças de betão armado fissurado, tendo em conta as combinações de acções, e fluência e a
retracção do betão exigir cálculos complexos e laboriosos. Não foi, por isso, objectivo desta
monografia apresentar cálculos de flechas e rotações.
2.3. Dispensa de Verificação
O REBAP considera a verificação da segurança em relação aos estados limites de deformação
satisfeita se forem cumpridas as condições constantes nos artigos 89º para vigas e 102º para lajes
maciças.
2.4. Algumas razões para o controle das deformações
O projectista deve decidir, em cada caso, quais as verificações que são necessárias para
controlar as deformações das estruturas em serviço normal. Estas deformações podem ser
flechas, rotações, deslocações, etc...
O objectivo será de satisfazer as condições de serviço estabelecidas, evitar estragos ou
destruição de elementos não estruturais e usar contra-flechas quando aconselhável.
É geralmente considerado que flechas maiores que l/250 devem ser evitadas sob o ponto de
vista da aparência. A manifestação mais típica de flechas excessivas é no entanto a fissuração
de paredes não estruturais ou problemas com janelas. Há dois possíveis caminhos para tratar
este problema: ou as flechas são limitadas a um nível que não cause fissuração nos panos de
enchimento ou os elementos não estruturais devem ser projectados para acomodar os
movimentos de estrutura. Os valores usualmente especificados para as flechas de forma a
atenuar estes problemas são de l/500 ou 1 cm (o menor dos dois) para as flechas que ocorrem
depois da construção dos panos de enchimento.
Um outro factor a ter em conta é a possível diminuição de utilidade da estrutura por efeito do
aparecimento de deformações excessivas. Alguns casos podem ser mencionados:
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− Poças de água – se a flecha duma laje de cobertura é excessiva podem conduzir à
acumulação de água nos pontos baixos com a formação de poças, crescendo os riscos
de infiltração;
− Interferência com o funcionamento de portas e janelas;
− Interferência com o alinhamento de máquinas e de aparelhos – a conservação dos
alinhamentos pode ser dificultada com o desenvolvimento de flechas no tempo;
− Problemas de vibração.