Capítulo 6 Mídias: Amigas ou Vilãs? Qual a Influência sobre ... · Mídias: amigas ou vilãs?...

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Capítulo 6 Mídias: Amigas ou Vilãs? Qual a Influência sobre o Desenvolvimento das Crianças? Tainá Ribas Mélo * e Karina Fink 1. Introdução No in´ ıcio da civiliza¸ c˜ao o homem tinha que ca¸ car seu pr´ oprio alimento, e para isso, ele corria, pulava, nadava, escalava, ou seja, realizava atividades ısicas intensas para sua sobrevivˆ encia ao mesmo tempo que cuidava e criava de sua prole, atividade destinada mais ` as mulheres. Atrelada ` a Revolu¸ ao Industrial no s´ eculo XVIII (Aguiar, 2009) e depois da Segunda Guerra Mundial houve profundas mudan¸ cas sociais, com a inser¸c˜ ao da mulher no mercado (Tardido & Falc˜ ao, 2006), o que ocasionou uma modifica¸ ao na forma de cuidar das crian¸ cas, que agora permaneciam em locais denominados creches (Aguiar, 2009). Al´ em disso motivou-se a fabrica¸ c˜ao de alimentos pr´ e-preparados (Aguiar, 2009) com consequentes mudan¸ cas nos perfis epidemiol´ ogicos e aumento de doen¸cas crˆ onicas relacionadas aos abitos de vida (Tardido & Falc˜ ao, 2006). Isso configura um novo modelo de cuidar e/ou educar. Se antes as crian¸ cas eram criadas em casas, ambientes espa¸cosos, onde podiam correr e brincar, at´ e mesmo na rua, com o tempo com a urbaniza¸ ao e violˆ encia, e as crian¸ cas passaram a ficar dentro de casa, em apartamentos com pouco espa¸co para de desenvolver, e/ou sob cuidados muitas vezes de outras pessoas que n˜ ao os pais, como familiares e/ou bab´as e ainda podendo esse cuidado ser terceirizado nas creches. No in´ ıcio desse eculo novas ferramentas e instrumentos est˜ ao possibilitando transforma¸ c˜oes sociais (Brito & da Purifica¸ ao, 2008). * Autor para contato: [email protected] Luize Bueno de Araujo & Vera Lúcia Israel (Ed.), (2017) DOI: 10.7436/2017.dcfes.06 ISBN 978-85-64619-19-7

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Capítulo 6

Mídias: Amigas ou Vilãs?Qual a Influência sobre

o Desenvolvimento das Crianças?

Tainá Ribas Mélo∗ e Karina Fink

1. Introdução

No inıcio da civilizacao o homem tinha que cacar seu proprio alimento, epara isso, ele corria, pulava, nadava, escalava, ou seja, realizava atividadesfısicas intensas para sua sobrevivencia ao mesmo tempo que cuidava e criavade sua prole, atividade destinada mais as mulheres. Atrelada a RevolucaoIndustrial no seculo XVIII (Aguiar, 2009) e depois da Segunda GuerraMundial houve profundas mudancas sociais, com a insercao da mulherno mercado (Tardido & Falcao, 2006), o que ocasionou uma modificacaona forma de cuidar das criancas, que agora permaneciam em locaisdenominados creches (Aguiar, 2009). Alem disso motivou-se a fabricacaode alimentos pre-preparados (Aguiar, 2009) com consequentes mudancasnos perfis epidemiologicos e aumento de doencas cronicas relacionadas aoshabitos de vida (Tardido & Falcao, 2006).

Isso configura um novo modelo de cuidar e/ou educar. Se antes ascriancas eram criadas em casas, ambientes espacosos, onde podiam correre brincar, ate mesmo na rua, com o tempo com a urbanizacao e violencia,e as criancas passaram a ficar dentro de casa, em apartamentos com poucoespaco para de desenvolver, e/ou sob cuidados muitas vezes de outraspessoas que nao os pais, como familiares e/ou babas e ainda podendo essecuidado ser terceirizado nas creches.

No inıcio desse seculo novas ferramentas e instrumentos estaopossibilitando transformacoes sociais (Brito & da Purificacao, 2008).

∗Autor para contato: [email protected]

Luize Bueno de Araujo & Vera Lúcia Israel (Ed.), (2017) DOI: 10.7436/2017.dcfes.06 ISBN 978-85-64619-19-7

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Assim, as novas tecnologias da informacao e comunicacao1, representadaspelas mıdias, estao presente em praticamente tudo que nos cerca, desdetelevisores com controle remoto, aparelhos que lavam e secam a roupae a louca, videogames, carros, tablets e celulares, e esse acesso estacada vez mais facil para as criancas, incluindo mıdias educativas2.Antigamente as brincadeiras de criancas entre elas eram a principalforma de entretenimento, geralmente em espacos amplos, e atualmentesao restritas ou trocadas por outras formas de diversao, por meio derecursos tecnologicos atrativos, que muitas vezes funcionam como “babas”substituindo o cuidado e tempo dos pais e familiares.

A influencia das mıdias na vida das criancas e tanta que ja se tornoualvo de estudos nacionais e internacionais (Rideout, 2013; AVG, 2015) querealizam por anos o padrao de consumo e comportamento no uso das mıdiaspor criancas na America e o impacto sobre suas vidas.

Pode-se observar um exemplo desse grande alcance das mıdias emestudo realizado com 34 escolares de Curitiba: dessas, 100% tem televisaoe celulares, 91% tem computador em suas casas e 90% podem “brincar”nos computadores com jogos e em alguns sites da Internet e 21% temvideogames. O computador foi a mıdia citada como preferida (47%) pelascriancas (Mota, 2007) e tem suscitado investigacoes do uso e das relacoesdas criancas e familiares apos esse aumento de consumo das mıdias pelascriancas, ao passo que 57% de 5 anos das criancas sabem usar aplicativosmas dessas apenas 14% sabem amarrar os cadarcos dos sapatos (AVG,2015). Em criancas de 6 a 9 anos, no Brasil cerca de 97% utiliza a internet(AVG, 2015). E em menores de 2 anos cerca de 38% ja utilizaram algumdispositivo movel (Sena, 2014).

Para Buckingham (2000) crescer na era das mıdias eletronicas virouum desafio! Desde o seculo XX que ha uma preocupacao contınua acercadas mudancas do que se chama de infancia, sendo que o uso das mıdiasparece ter influencias contraditorias.

1 “As tecnologias da informacao e comunicacao sao o resultado da fusao de tresvertentes tecnicas: a informatica, as telecomunicacoes e as mıdias eletronicas.(...) As novas tecnologias podem ser classificadas em mıdia, multimıdia ehipermıdia. A mıdia caracteriza-se por poucos elementos, como por exemplo,o radio, o toca fitas que transmitem apenas som, ou seja, e so audio; a televisaode antena tambem e uma mıdia e ja possibilita som e imagem. A hipermıdiasao os documentos que incorporam texto, imagem e som de maneira naolinear. Multimıdias (...) integram varios elementos ou aparatos que podemser elementos ou dispositivos diferentes interconectados apresentados comomodulos ou como um unico produto denominado, geralmente, de computadormultimıdia” (Pinto, 2004, p. 04)

2 Mıdia educativa corresponde a uma variedade de mıdias, incluindo imagens defilmes (filme, televisao, vıdeo), radios e musicas, mıdias impressas (jornais erevistas), e tambem as novas tecnologias de comunicacao digital (Buckingham,2002).

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Figura 1. Cenarios da infancia 1. (Ilustracao: Henrique Martins Schmidt)

Por esse atual panorama e questionamentos que o presente capıtulorevisa e traz conceitos atuais sobre desenvolvimento infantil e a influenciado uso de mıdias e tecnologias sobre seu desenvolvimento.

2. Metodologia

O presente trabalho buscou revisar de forma crıtica alguns trabalhosque analisaram a influencia das mıdias e/ou tecnologias sobre odesenvolvimento infantil. Com base no questionamento que originou otıtulo deste capıtulo: seriam as mıdias amigas ou vilas do desenvolvimentoinfantil?

Como suporte teorico buscaram-se trabalhos em livros, bases dedados como Scielo, Pubmed, Google academico, ou sites relacionadosa estudos nacionais e internacionais sobre o tema. Como palavras-chave foram utilizados os termos “desenvolvimento infantil e tecnologias”,“desenvolvimento e mıdias”, “infancia e mıdias”, “infancia e tecnologias”,porem nao se detendo somente a esses descritores como tambem realizandobuscas em trabalhos citados.

As figuras nesse capıtulo, mais do que ilustracoes informativas buscama sua reflexao.

3. Infância, Mídias e Brincadeiras

Para responder a pergunta principal do presente capıtulo, foramorganizados topicos para discussao: Definicao da Infancia; Mıdias etecnologias: Amigas ou Vilas?; Mudancas na Infancia; O Brincar.

3.1 Definição de infânciaEm termos legais e por definicao de idade:

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Lei Federal 8.069/90 (Estatuto da Crianca e do

Adolescente). Art. 2o Considera-se crianca, para

os efeitos desta Lei, a pessoa ate doze anos de

idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e

dezoito anos de idade (BRASIL, 1990).

Infancia compreende portanto o perıodo desde o nascimento ate atransicao para a fase adulta e em termo biologicos ate o advento dapuberdade com as caracterısticas sexuais secundarias que caracterizam atransicao para a adolescencia.

Defende-se, tambem, uma definicao voltada nao somente aos aspectosbiologicos e de idade cronologica, mas tambem como um perıodo definidopor uma construcao social e cultural variavel, ou seja, em constanteconstrucao e sob influencias de varios fatores (Buckingham, 2000).

De qualquer maneira e independentemente da idade tem-se nodesenvolvimento infantil a base, o alicerce da construcao de habilidadese capacidades. Esse desenvolvimento e um processo contınuo ao longode toda vida, influencia e e influenciado pelos processos cognitivos e deinteligencia, assim como por fatores do ambiente e atividades que realiza(Israel et al., 2014; Castilho-Weinert & Forti-Bellani, 2015).

Em termos motores o desenvolvimento ocorre por ganhos e mudancasconstantes no repertorio motor, geralmente das habilidades mais amplas ateserem aperfeicoadas na motricidade fina (Castilho-Weinert & Forti-Bellani,2015).

Na proposicao de um desenvolvimento infantil pleno, diversao,educacao, socializacao e comunicacao deveriam ser os topicos de umainfancia saudavel (Behenck et al., 2013).

Com a mudanca de cenario da infancia e os grandes avancos detecnologias (reflita sobre as Figuras 1–5), esperam-se mudancas tambemno desenvolvimento infantil.

Nesse sentido, seriam as mıdias as propulsoras de taismudancas?

Nao da para negar as mudancas ocorridas na infancia. Nos ultimos30 anos elas comecaram a passar mais tempo em instituicoes, emdesigualdades sociais crescentes. As fronteiras entre criancas e adultosparecem menos visıveis em algumas areas enquanto em outras foramaumentadas. Pode-se dizer que as criancas ganharam poder polıtico,atraves de leis e representacoes, mas isso tambem as tornou mais vigiadas.Nesse caminho as mudancas das mıdias tambem parecem influenciar asmudancas na infancia. Estudos (Buckingham, 2000, 2007) relatam quecriancas que tem poder aquisitivo melhor consomem mais mıdias e passammais tempo em casa, enquanto o uso de espacos publicos e das brincadeirasparece entrar em declınio. Ha outros no entanto que defendem que a oferta

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Figura 2. Cenarios da infancia 2. (Ilustracao: Henrique Martins Schmidt)

de brinquedos adequados e justamente na classe economica mais favorecida(Barros et al., 2003).

Seria o uso de tecnologia um fator de influencia aodesenvolvimento infantil? De que maneira? Poderia serconsiderada uma forma de entretenimento passivo? Ese ofertada na dosagem correta e de forma associadas aaspectos pedagogicos? E como fica “o brincar”?

Pesquisas apontam que a natureza simbolica da televisao nao ecompreendida por criancas ate a fase pre-escolar. Porem, se usado de formaeducativa como programas da Vila Sesamo, pode favorecer as atividadesde leitura na escola (Kirkorian et al., 2008).

Cabe lembrar no entanto que a brincadeira ainda constitui aspectofundamental no desenvolvimento infantil (Kishimoto, 2014), devendo ser aprincipal atividade cotidiana da crianca (Kishimoto, 2010).

3.2 Mídias e tecnologias: amigas ou vilãs?Alguns estudos e crıticos ao uso das mıdias relatam que ela poderiarepresentar um perigo ao desenvolvimento infantil e influenciariafortemente a “comercializacao” da infancia (Buckingham, 2000). Outrosja relatam que essa exposicao e necessaria a um desenvolvimento saudavel(Buckingham et al., 2007). O fato e que cada vez mais as criancas passam

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Figura 3. Cenarios da infancia 3. (Ilustracao: Henrique Martins Schmidt)

mais tempo companhia das mıdias do que na escola ou com sua famılia eamigos (Buckingham, 2007) e esse novo cenario passou a se tornar interessede estudo em varios paıses (Buckingham, 2002).

Em estudo, feito em Portugal, sobre a preferencia e escolha de gadgets:a perspectiva da crianca, Gomes (2014) concluiu que mais da metade dascriancas menores de 12 anos usam os tablets; 77% usam em jogos; 57%em educacao; 55% em entretenimento nas viagens; 43% para assistir aprogramas de televisao; 41% entretenimento nos restaurantes e 15% paracomunicar com os amigos. 55% das criancas responderam que preferemcomprar jogos, 33% a roupas (33%) e produtos desportivos (11%) .

Buckingham (2000, p. 05) no entanto alerta para a necessidade deuma visao crıtica no uso das mıdias e de sua influencia no desenvolvimentoinfantil. Para o autor:

...as mıdias est~ao longe de ser a causa unica dessas

mudancas: elas nem s~ao as destruidoras autonomas da

infancia, nem suas libertadoras.

Apesar de ser atribuıdo as tecnologias e mıdias um papel dedeterminante social, para Buckingham (2000) na verdade o que ocorre e umprocesso de convergencia entre tecnologias de comunicacao e de informacao:

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N~ao se pode examinar as mıdias de forma isolada -

seja como o agente causador do desaparecimento da

infancia, seja como a raz~ao de seu maior poder. Ao

contrario, e essencial situar a relac~ao das criancas

com as mıdias no contexto das mudancas sociais e

historicas mais amplas (Buckingham, 2000, p. 52).

Nao se pode esquecer, ainda, que apesar da preocupacao com o usoexcessivo das mıdias, numa sociedade de desigualdades, como a nossa,mesmo com a grande oferta de produtos o acesso a essas mıdias e desiguale representa muitas vezes um “poderio” daqueles que as tem e consomemsobre os que nao as usam ou usam em menor frequencia.

Alem disso, parece que somado a efeitos negativos encontram-se efeitospositivos no uso das mıdias, sendo importante tambem entender sobre quaisaspectos do desenvolvimento exercem influencia (Buckingham et al., 2007).

Positivos e/ou negativos, os efeitos das mıdias carecem de atencao!Isso porque e de consenso a influencia do meio e estımulos externos sobreo desenvolvimento infantil e que na privacao de vivencias sensorio motorasadequadas, alteracoes na motricidade sao esperadas (Formiga et al., 2010;Israel et al., 2014).

Ha evidencias em estudos preliminares que desde que seja usada deforma mediada e associada com atividades ludicas as mıdias parecemnao influenciar de maneira negativa o Desenvolvimento Neuropsicomotor(DNPM) (Fink, 2016).

No estudo sobre a influencia da tecnologia no desenvolvimento motor decriancas de quatro a seis anos de uma escola particular de Curitiba, (Fink,2016) avaliou 23 criancas atraves da Escala de Denver II e observou queas criancas de quatro anos tiveram atraso na area pessoal-social, motoragrossa e linguagem, as de cinco anos apresentaram atraso nas areas motoragrossa e linguagem, ja as de seis anos, apenas uma crianca apresentouatraso na area motora grossa. Foi avaliado tambem a area motora fina enenhuma crianca da amostra apresentou atraso.

O aumento do consumo das mıdias tambem revela uma tendenciade menor atividade fısica, o que cria um ciclo vicioso: inatividade fısicaversus uso excessivo de tecnologias. Tudo isso colabora para a questaodo sedentarismo e seus agravantes: problemas cardıacos, colesterol alto,diabetes, hipertensao, obesidade entre outros, fatores esses que podeminfluenciar o desenvolvimento.

3.2.1 Mídia vilã?Com relacao a efeitos negativos no uso de mıdias pode-se citar a exposicaonem sempre controlada/mediada de conteudos inadequados a idade como osde cunho sexual ou de violencia. Isso poderia influenciar crencas, condutase ate mesmo o comportamento de criancas caso nao orientadas e tendo nesse

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Figura 4. Cenarios da infancia 4. (Ilustracao: Henrique Martins Schmidt)

tipo de conteudo a unica forma de contato com os assuntos (Buckinghamet al., 2007).

Alem disso supoe que alguns fatores psicomotores poderiam serinfluenciados em decorrencia de serem propiciados menos estımulos demotricidade grossa, equilıbrio e estruturacao espaco-temporal. Mas seriamas mıdias uma forma de aprimoramento de funcoes intelectuais e demotricidade fina?

Sabe-se que restricoes na manipulacao, principalmente por ambientespobres em estımulos resultam em escores inferiores em testes padronizadospara motricidade fina (Barros et al., 2003). Porem estudos preliminares emcriancas de 4–6 anos (Fink, 2016) nao identificaram influencias restritivaspelo uso de mıdias, possivelmente pelo fato de tambem explorarem asfuncoes manuais com brincadeiras

Alem dessas questoes ha de se questionar o tempo de uso dessasmıdias. Atualmente um estudo (Hansraj, 2014) identificou o aumento dechance a dores cervicais em pessoas que ficam muito tempo com flexaodo pescoco, ocasionando intensa sobrecarga nessa regiao. Para maioresdetalhes, ler o capıtulo desse mesmo livro denominado “Endireite essascostas menin@: verdades e mitos sobre desenvolvimento posturalna infancia”, que aborda as questoes posturais na infancia e relacao comuso excessivo de mıdias.

A Associacao Americana de Pediatria (AAP) pretende rever arecomendacao dada em 2011 que pedia aos pais para nao permitirem o uso

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das tecnologias por criancas menores de dois anos, pois esta recomendacaofoi redigida antes da explosao dos aplicativos e Ipads, orientando para queas criancas sempre tem que ter o acompanhamento dos pais (O Globo,2015).

3.2.2 Mídia amiga?Atualmente surgem visoes positivas da relacao infancia versus mıdias. Aoinves de vıtimas nao seriam as criancas em uso de mıdias dotadas de umaforma poderosa de“alfabetizacao midiatica”, com novas oportunidades paraa criatividade, a comunidade, a auto realizacao? (Buckingham, 2000).

Por mais relutantes que a sociedade possa ser com isso, ha sim efeitospositivos evidenciados no desenvolvimento das criancas: no aprendizado,linguagem e cognicao, por meio das mıdias educativas; participacao cıvica,auxılio na formacao de identidade pela identificacao com pessoas e assuntos,manutencao da atencao (sim, isso mesmo!) nos jogos de computadores eincentivo a criatividade (Buckingham et al., 2007)

Ha tambem o lado positivo na utilizacao de videogames e tablets, pois acrianca poderia ter a possibilidade de melhorar sua habilidade motora finae o tempo de reacao de escolha, porem devem ser utilizados com cautela esupervisionado pelos pais.

Em adultos, efeitos positivos e significativos sobre a precisao manual(habilidade motora, tempo de reacao e coordenacao oculo-manual)sao relatados em estudo que utilizou a tecnologia como forma deaperfeicoamento dessas habilidades em cirurgioes. Aqueles que realizarampelo menos 3 horas/semana jogando no computador ou no videogame,apresentaram 37% menos erros em cirurgias de laparoscopia e velocidadeate 27% superior dos que praticaram o treinamento em comparacao aosmedicos que nao treinaram em jogo (Rosser Jr. et al., 2007).

Seriam esses mesmos efeitos possıveis em criancas? Seriaa infancia um perıodo crıtico para esses estımulos? Porquanto tempo? Haveria efeitos positivos sobre quaisoutros aspectos do DNPM?

As novas tecnologias de videogames que tambem utilizam movimentoscorporais para a interacao com os jogos, surgem como o inıcio de umanova perspectiva sobre estes, envolvendo um gasto calorico nunca vistoantes na utilizacao deste tipo de tecnologia e iniciando um desenvolvimentocognitivo satisfatorio. Uma combinacao de alimentacao saudavel, atividadefısica regular e uma media de utilizacao destas tecnologias (videogames,televisao, computador) de 2 horas/dia na vida desta populacao sao umacombinacao muito boa para o desenvolvimento fısico e cognitivo (Carneiro,2007).

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Figura 5. Cenarios da infancia 5. (Ilustracao: Henrique Martins Schmidt)

As novas tecnologias estao aı para serem decifradas, entendidas eutilizadas, pois nao existe logica em tentar impedir os avancos das cienciasexatas, humanas e biologicas, pois a cura para doencas e a ida do homemao espaco so foram possıveis pela compreensao e utilizacao das tecnologiasdisponıveis no momento, e assim, continua-se a caminhada para um futuroonde a informacao sera ainda mais valiosa e a busca do desenvolvimentodo ser humano sera mais importante do que e considerada hoje.

Ha ainda que se citar o uso de mıdias em tecnologias assistivas(Figura 5) favorecendo o processo de inclusao de inumeras criancas comdificuldades e limitacoes de diferentes tipos (Rocha & Deliberato, 2012) eate mesmo em casos de educacao a distancia, principalmente em locais dedifıcil acesso.

Defende-se a ideia que estamos na era de (re)aprender a conhecer,comunicar, integrar e se relacionar com as mıdias (Brito & da Purificacao,2008).

Nao se incentiva o abandono das praticas educativas motoras, artısticas,sociais e culturais em detrimento do uso exclusivo das mıdias. Demaneira adequada e mediada ela pode se tornar instrumento importantede aprendizado, entretenimento e informacao.

Existem estudos com informacoes sobre indicacao de tempo de usotanto de mıdias quanto de realizacao de atividades fısicas. A Tabela 1aponta que as mıdias so devem ser usadas a partir dos 2 anos de idade,

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Tabela 1. Tempo de exposicao indicada ao uso mıdias vs atividade fısica

em cada faixa etaria. (*) entende-se por atividades livres,brincadeiras, jogos e/ou exercıcios fısicos.

Idade Uso de mıdias Atividade fısica *(AVG, 2015) (Tremblay et al., 2011, 2012)

Ate 1 ano Evitar uso Livre/todo dia2 anos Evitar uso 30’/dia–6x/semana2–5 anos 1h/dia 30’/dia–6x/semana6–12 anos 2h/dia 1h/dia–3x/semana>13 anos 3h/dia 1h/dia–3x/semana

Obs.: faixas etarias foram aproximadas para permitir relacao entre os estudos.

Fonte: (Tremblay et al., 2011, 2012; AVG, 2015)

com limite de uso diario de 1h. Somente a partir dos 6 anos que esse tempopode ser ampliado para 2h por dia e aos 13 para 3h por dia. Lembrandoaqui que esse uso deve ser monitorado pela famılia, tanto em tempo, comoem conteudo. Em contrapartida a atividade fısica, por meio de brincadeirase/ou jogos e indicada em todas as faixas etarias, podendo a partir dos 5/6anos serem atividades mais vigorosas.

Seria possıvel usar as mıdias de maneira educativa comfilh@ e/ou Alun@?

Estudos preliminares de (Fink, 2016) apontam que muitas criancasutilizam tecnologias no seu dia a dia, e desde que tambem adicionembrincadeiras em seu repertorio, seu repertorio, seu desenvolvimento naoparece comprometido.

Alem disso, o consumo excessivo nao e realidade de todas as criancas.Muller (2014), observou 17 criancas entre 5 e 6 anos de uma instituicaopublica federal durante 8 meses e registrou por meio de filmagens, fotose gravacoes em audio o comportamento de consumo das tecnologias pelascriancas. Sobre o perfil do grupo ela observou que a renda familiar eraacima de tres salarios mınimos, e, embora a maioria das famılias possuıssecomputador, tablets, notebook, smartphone, a maior parte das criancas faziauso desses artefatos em torno de duas a quatro vezes na semana, comduracao de ate uma hora. Entre os consumos culturais, a preferencia foipelos jogos.

Porem ha estudo eu identificou que a exposicao por exemplo abrinquedos tecnologicos apresenta efeitos deleterios ao desenvolvimentoprincipalmente da linguagem, tanto em termos quantitativos comoqualitativos, quando comparado a criancas que utilizaram brinquedos naotecnologicos (Sosa, 2016).

E voce? Brinca com sua crianca?

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3.3 O brincarAlem das questoes mencionadas sobre o uso de mıdias, a pratica deatividade fısica por meio de brincadeiras auxilia a evitar o sedentarismo,manutencao de massa corporal com nıveis de IMC adequados, mantendo-se eutroficas3 por serem mais ativas, e ficarem menos tempo expostas atelevisao e videogame, atividades essas que em tempos prolongados saoassociadas a com sobrepeso, com possibilidades de desenvolvimento dedoencas na vida adulta (Carneiro, 2007).

A atividade fısica, por meio de exercıcios fısicos incentiva a producaode hormonio de crescimento e tambem auxilia no metabolismo de lipıdios,proteınas e glicıdios (Carneiro, 2007).

Segundo a OMS (World Health Association, 2011) a evidenciacientıfica disponıvel para a faixa etaria entre cinco e dezessete anosapoia que a atividade fısica proporciona benefıcios para a saudefundamentais para criancas e adolescentes. Nıveis adequados de atividadefısica contribuem para o desenvolvimento musculoesqueletico, sistemacardiovascular, consciencia neuromuscular, manutencao do peso corporal,auxilia no desenvolvimento social, autoconfianca e melhor controle daansiedade e depressao. A recomendacao e que pratiquem sessenta minutosde atividade fısica por dia, o que inclui: brincadeiras, jogos, esportes,tarefas, educacao fısica, transporte.

Sem duvidas o brincar e essencial para a crianca, pois atraves dasbrincadeiras elas testam suas habilidades e tentam superar seus limites. Osjogos com bola, como volei, basquete, futebol, handball proporcionam umaatividade fısica intensa para a crianca, e com isso o desenvolvimento dashabilidades motoras. Outros tipos de brinquedos, como bicicletas, patins,skates e cordas tambem incentivam a atividade fısica intensa e auxiliamas criancas a dominarem seus movimentos e a exercitarem os aspectosnecessarios para uma boa motricidade, tais como o equilıbrio e as nocoesde esquema corporal, temporal e percepcao viso motora

Porem dados de uma pesquisa internacional, feita pela OMO,denominada “Valor do Brincar Livre4”, relata que contraditoriamente aimportancia dada ao brincar por 98% dos pais, 87% desses percebem quesuas criancas deveriam brincar mais! A pesquisa5 foi realizada com 12 milpais de criancas em idade de 5 a 12 anos, em 2016, em varios paıses. Alem

3 Por criancas eutroficas entende-se aquelas com peso adequado para sua altura,ou seja, IMC dentro dos parametros ideias.

4 Estudo conduzido por Edelman Berland, agencia independente de pesquisade marketing. Levantamento realizado entre fevereiro e marco de 2016 nosEUA, Brasil, Reino Unido, Turquia, Portugal, Africa do Sul, Vietna, China,Indonesia e India. Participacao de especialistas como Stuart Brown, PriscilaCruz, Vital Didonet.

5 O vıdeo da pesquisa, de 60” pode ser visto em http://www.dirtisgood.com/

br/home.html?gclid=CLv0kaz5pMwCFRMJkQodvFYK4A

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do Brasil, China, India, Indonesia, Portugal, Africa do Sul, Turquia, ReinoUnido, Estados Unidos e Vietna participaram da pesquisa. A pesquisachega a comparar que 84% criancas brincam ao ar livre menos de 2h por dia,tempo menor de exposicao ao ar livre que presidiarios, os quais consideramessas 2h as mais importantes do seu dia.

Os motivos disso? Um dos motivos apontados foi a troca de atividadesfısicas pela tecnologia: 9 em cada 10 pais relatam que suas criancaspreferem modalidades virtuais a atividades fısicas. Assim o projeto daOMO lanca campanhas como: “se sujar faz bem”, “#livre para brincar”,como iniciativas de incentivo as brincadeiras. O site6 inclusive, combase em especialistas, relata a importancia do brincar no desenvolvimentoinfantil, com dicas interessantes de atividades que podem ser realizadas.“Brincar e mais que diversao7” defende Stuart Brown, fundador doInstituto Nacional para Brincadeira8. Ate mesmo a revista New YorkTimes fez uma materia em 2008 (Henig, 2008) relatando que “Brincare coisa seria!”. A brincadeira alem de desenvolvimento fısico, promovedesenvolvimento emocional, podendo representar importante forma deconstrucao de empatia evitando atitudes violentas em criancas (Brown,2014).

A brincadeira e conhecida como atividade rica de possibilidades para odesenvolvimento infantil, porem nao recebe o tratamento devido em todosos espacos, sendo que em muitos a realidade e de pouca variedade deestimulacao (Marcolino & Mello, 2015).

Em casa e/ou na escola: BRINQUE com sua crianca!

Obviamente que algumas brincadeiras podem ser realizadas comtecnologias. As mıdias estao aı e nao usa-las seria negar os avancos doconhecimento e da tecnologia, mas como e quanto usa-las pode fazer adiferenca e ser determinante no desenvolvimento da sua crianca.

Dessa maneira as presentes autoras propoem questoes de seguranca enorteadoras do uso das tecnologias: quando usar ou nao, tem de uso, tipode estımulo...

De maneira analoga a piramide alimentar, pode-se orientar que o“consumo” das criancas seja preferencialmente em elementos na baseda piramide (Figura 6), os quais estao relacionados a brinquedos comexploracao espacial, motricidade ampla em atividades tanto individuaiscomo coletivas. Na sequencia atividades mais especıficas, em jogos, com uso

6 Mais informacoes em: http://www.dirtisgood.com/br/truth-about-dirt.

html7 Entrevista completa Play is more than just fun (maio, 2008) em:

https://www.ted.com/talks/stuart_brown_says_play_is_more_than_fun_

it_s_vital?language=en.8 Instituto Nacional da Brincadeira: http://www.nifplay.org/

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de bolas, skates etc. No topo da piramide ha a representacao da televisao, aqual representa recursos tecnologicos, devendo seu consumo ser moderado epreferencialmente supervisionado pela famılia, tanto na questao do tempo,como na de conteudo.

Figura 6. Piramide indicativa do consumo de brinquedos e mıdias porcriancas. (Ilustracao: Henrique Martins Schmidt)

Propoe-se a continuidade em estudos, preferencialmente longitudinaispara acompanhamentos das implicacoes sobre o DNPM no uso detecnologias. Isso porque as proprias tecnologias, assim como odesenvolvimento estao em constante mudanca, necessitando de esforcosconjunto no entendimento dos impactos de seu uso, das mais variadasformas, sobre os diferentes aspectos da vida.

Sugere-se que na propria relacao com as mıdias e tecnologias, prioriza-se uma visao crıtica, pela busca de informacoes em livros e/ou sitesconfiaveis, assim como pela consulta a profissionais especializados emdesenvolvimento infantil, e, na duvida, busque informacoes sobre odesenvolvimento de seu/sua filho/a por profissionais especializados emdesenvolvimento infantil, como pediatras, neuropediatras, pedagogos,

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psicologos infantis, fisioterapeutas especializados, assim como terapeutasocupacionais e fonoaudiologos, em unidades basicas de saude, consultoriose escolas.

4. Considerações Finais

Vive-se em constantes mudancas sociais, com aumento cada vez maisexpressivo no uso de mıdias em todas as idades. Embora ainda sejaminiciais as evidencias de influencia no desenvolvimento infantil, a mudancana pratica do consumo, com substituicao de brincadeiras pelas atrativastecnologias ja e fato comprovado. Nao se busca aqui o abandono dasmesmas, mas sim seu uso controlado e consciente, de maneira a incentivaro desenvolvimento infantil e associada as praticas de brincadeiras, essassim, consideradas fundamentais ao desenvolvimento infantil.

Portanto, e necessario atencao a esse consumo, oriente, estabelecalimites e escolha opcoes de mıdias que sejam associadas a atividadespedagogicas. Alem disso sempre com atencao ao desenvolvimento dacrianca e na existencia de duvidas e/ou alteracoes na aquisicao de marcosmotores, cognitivos e/ou comportamentais e afetivos, e busca de orientacaode profissional adequado, seja na area da saude ou na escola.

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