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CAPÍTULO 4. 88 Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA COMPOSIÇÃO AROMÁTICA NA PELE EM FUNÇÃO DO CICLO MENSTRUAL

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Capítulo 4

ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA COMPOSIÇÃO AROMÁTICA NA PELE EM FUNÇÃO DO CICLO MENSTRUAL

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Resumo

A perfumaria fina envolve inspiração, sofisticação e disputa os mercados nacional e

internacional. É um mercado muito competitivo, pois a cada dia é lançado vários

perfumes diferentes, que buscam cada vez mais o conceito de mais estáveis e

confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro,

principalmente na pele da mulher, direciona as pesquisas para um estudo mais

elaborado dos fatores que afetam sua substantividade quando aplicado. Recentes

estudos têm revelado que os hormônios sexuais (progesterona e estrógeno)

manifestam inúmeros efeitos biológicos e imunológicos na pele. Foram observados

que existem oscilações na intensidade de percepção do perfume durante as fases

do ciclo menstrual, porém os resultados não foram conclusivos. Nesta pesquisa, foi

proposto um estudo relevante da substantividade do perfume usando como variante

as fases do ciclo menstrual (dosagem hormonal), empregando como metodologia a

análise sensorial e medidas biomecânicas durante as fases do ciclo, a fim de se

observar a alteração da sensibilidade olfativa e alterações fisiológicas na pele

durante o ciclo, causadas pelos hormônios. As alterações fisiológicas na pele, que

foram consideradas covariáveis no estudo, não apresentaram diferença significativa

em nenhuma das fases do ciclo menstrual, enquanto que a intensidade de perfume

percebida em função do ciclo foi superior na fase lútea, quando a mulher avalia sua

pele e menor quando avalia a pele do homem em comparação às outras fases.

Conclui-se que o que faz a mulher perceber diferenças na performance do perfume

na pele, tanto na sua pele quanto na do homem, é exclusivamente da sua

sensibilidade olfativa influenciada pelas oscilações hormonais. Este fato orienta para

o desenvolvimento de fragrâncias e instiga a explorar matérias-primas aromáticas

que influenciam no comportamento da mulher ou até mesmo na atração entre os

sexos. Apesar de ser um estudo exploratório, gerou um poder de teste de 0,886,

considerado alto. No entanto, é indicado um estudo mais abrangente, com um

número de mulheres representativo da população.

Palavras-chave: hormônios sexuais, medidas biomecânicas, intensidade de

perfume, fragrância e substantividade.

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1. Considerações gerais

Na pele ocorrem desequilíbrios biológicos ocasionados pelo envelhecimento e

disfunções psicológicas, como psoríase ou que podem ser induzidos pelo contato

com produtos irritantes. Segundo CHILCOTT et al., 2000; SEKIGUCHI et al., 2001

essas condições podem acelerar a multiplicação dos queratinócitos basais e

influenciar o processo de diferenciação para corneócitos e, afetar a camada do

extrato córneo. Ou seja, muitos processos podem afetar a permeabilidade, a

proliferação de células e isto podem impactar na performance de uma composição

aromática quando da percepção do perfume, por exemplo, aplicado na pele.

Quando se fala de composição aromática/fragrância entende-se como uma

composição de diversas matérias-primas odoríferas, elaborada por intermédio de um

perfumista (GUERRA, 2002). Nesta pesquisa, quando nos referimos ao termo

perfume, estaremos mencionando o atributo ou característica avaliada da

composição aromática.

Os componentes da composição aromática podem ter comportamentos

diferentes na pele, além disso, a durabilidade do perfume e a alteração de suas

características decorrem pela mistura dos inúmeros compostos que contêm grupos

funcionais, como acetonas, aldeídos, ésteres, amidas e alquenos.

O ciclo menstrual é caracterizado por diferenças cíclicas na concentração do

hormônio luteinizante, folículo estimulante, estrogênio e progesterona. O aumento

da secreção de estradiol no plasma na fase pré-ovulatória resulta numa

vasodilatação. Similarmente, a elevação da secreção do hormônio termogênico,

progesterona, na fase pós-ovulatória aumenta a temperatura basal corpórea acima

dos níveis da fase pré-ovulatória. Essas mudanças de temperatura podem afetar a

duração do perfume na pele (SHAH et al., 1984).

Outro fato que deve ser considerado é a questão da percepção do odor pela

mulher alterar durante o ciclo menstrual. Estudos realizados em 1950 e 1960

registraram a elevação na sensibilidade do odor próximo ao período de ovulação,

entretanto, esses não foram estatisticamente significativos, nem foram avaliados os

níveis hormonais, indicadores do tempo de ovulação. Posteriormente, um estudo

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subsequente encontrou um pico de sensibilidade ao odor na fase lútea do ciclo

menstrual (HUMMEL et al., 1991).

A avaliação sensorial é uma ferramenta para quantificar e qualificar as mudanças

ocorridas na intensidade do perfume durante o tempo de aplicação na pele. Além

disso, envolvem provadores humanos como instrumentos de medição, a fim de

caracterizar um produto (cosméticos, alimentícios, farmacêuticos entre outros) e

verificar sua aceitação. O objetivo da avaliação sensorial envolve a medição da

resposta fisiológica a um estímulo, minimizando as influências introduzidas por

fatores psicológicos. Os órgãos sensoriais influenciam na capacidade do cérebro em

receber e processar a informação sensorial, que é definida como percepção, e

influenciam pelos órgãos do sentido e mantêm papel fundamental na avaliação

sensorial do produto (SANTOS et al., 2005).

As medidas biomecânicas da pele envolvem um campo extenso para a

investigação da suas características, no qual o desenvolvimento tecnológico de

equipamentos biomédicos aplicados às técnicas e métodos é capaz de investigar a

pele de uma forma mais precisa e detalhada e não invasiva, com conforto para o

voluntário (BERARDESCA et al., 1995). Com as medidas obtidas, é possível avaliar

a fisiologia de pele e relacionar com as respostas obtidas com a análise sensorial,

verificando as alterações que ocorrem na pele e aquelas da sensibilidade olfativa

que estão relacionadas com as oscilações hormonais no organismo e influenciam na

substantividade da composição aromática/fragrância na pele. Entende-se a

substantividade como a permanência residual da composição aromática em um

material, neste caso a pele, no qual foi aplicado. Termo muito utilizado na indústria

de perfumaria para designar o tempo de duração de uma composição aromática

(GUERRA, 2002).

Em função dos efeitos que os hormônios causam na pele e outros de origem

intrínseca, é importante realizar a avaliação sobre as mudanças de desempenho

ocasionadas pelos componentes da fragrância, possibilitando a síntese e a seleção

de matérias-primas no desenvolvimento do produto final (perfume) que ocasionam a

menor influência dos hormônios na pele, a fim de não interferir em seu desempenho.

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Portanto, com as medidas obtidas, é possível conhecer melhor as características

fisiológicas da pele por meio da metodologia bioengenharia cutânea e relacionar as

respostas obtidas com as na análise sensorial, verificando as alterações que

ocorrem na pele e aquelas da sensibilidade olfativa que estão relacionadas com as

oscilações hormonais no organismo e influenciam na substantividade da

composição aromática/fragrância na pele.

2. Fases do ciclo menstrual

Para investigar o porquê das diferenças de sensibilidade olfativa e de fisiologia

do corpo entre as fases do ciclo menstrual, tais como temperatura corpórea,

alterações do muco cervical, deve ser evidenciada novamente a atuação dos

esteróides no organismo da mulher.

Os esteróides sexuais estrogênios são responsáveis pela maturação dos órgãos

reprodutores e pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias. A

partir deste momento, estão envolvidos na regulação das alterações cíclicas

expressas no ciclo menstrual e são importantes durante a gravidez. A Figura 1

fornece um esboço simplificado da inter-relação dessas substâncias no controle

fisiológico do ciclo menstrual (RANG et al., 2004).

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Figura 1. Concentração plasmática dos hormônios ovarianos e das gonadotrofinas em mulheres

durante o ciclo menstrual normal. Os valores envolvem a média ± desvio padrão em 40 mulheres. As

áreas sombreadas indicam todo o espectro de observações. O 1o dia é considerado o início da

menstruação. Na forma de diagrama, as alterações que ocorrem no folículo ovariano e no endométrio

durante o ciclo. A ovulação no 14 o dia do ciclo menstrual ocorre com o pico de LH no meio do ciclo,

representado pela linha tracejada vertical. Legenda: LH - hormônio luteinizante; FSH - hormônio

folículo estimulante (RANG et al., 2004)

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Observa-se na Figura 1, que maiores diferenças na concentração dos

esteróides, principalmente na fase ovulatória da mulher e um leve pico de estrogênio

na fase lútea. Os picos de concentração do estrógeno, é que poderiam acarretar

modificações no organismo da mulher, além de proliferação celular e do crescimento

tecidual nos órgãos sexuais e de outros tecidos relacionados à reprodução.

Observaram-se alterações de percepção de odor pela mulher em diferentes

fases do ciclo, com elevação na sensibilidade olfativa na fase ovulatória e na lútea

em relação às outras fases e também em relação ao homem (DOTY et al., 1984;

SCHEMPER et al.,1981; STEVENS & CAIN, 1987; HUMMEL et al., 1991, LEOPOLD

et al., 1991; WEIFFENBACH, 1991)

Segundo CORWIN et al., 1995, as mulheres registraram e demonstraram

maiores habilidades olfativas em relação ao homem, apresentando declínio menor

de percepção em relação à idade em ambientes de trabalho avaliados, mas, por

outro lado, também, tiveram mais problemas olfativos secundários como reações

alérgicas e infecções respiratórias superiores. Outros estudos relacionaram a

variabilidade na percepção olfativa no ciclo menstrual e na gravidez, indicando que a

mulher tem vantagens em relação ao homem, considerando suas características

hormonais (CORWIN et al., 1995).

Conforme as literaturas estudadas, devido às diferenças de sensibilidade olfativa

ou de fisiologia da pele ser encontradas principalmente no pico ovulatório do ciclo

menstrual, torna-se importante a identificação deste. Um dos mais antigos métodos

de planejamento familiar e identificação de infertilidade é a medição a temperatura

basal corpórea, imediatamente ao acordar e antes de se levantar, que corresponde

o aumento da concentração de progesterona para formação do corpo lúteo. A

presença do corpo lúteo é incompatível com a ovulação, o período de infertilidade se

inicia, no qual dificilmente a mulher engravida. A diferença encontrada é de

aproximadamente 0,1 ºC no período entre 05h30min e 11h da manhã (SAMPLES &

ABRAMS, 1984).

Devido à dificuldade em mensurar essa diferença pequena de temperatura, foi

proposto um método comparativo por meio da medição da temperatura da urina ao

acordar, porém, devido ao desconforto, não é o mais indicado para o estudo clínico.

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No entanto, alguns estudos demonstraram uma correlação positiva da medição da

temperatura da urina com a anal, a axilar, vaginal e oral. Portanto optou-se para

este estudo clínico a temperatura oral, além de ser mais conveniente para avaliação,

tem uma boa correlação com outras medidas corporais basais (SANKEY, 1978).

A medida da temperatura basal é um método consagrado na literatura e é

utilizado na identificação da fase ovulatória, porém o uso da temperatura não é

ideal, mas o monitoramento das dosagens hormonais é difícil e caro (MOGHISSI,

1976 in KAPLAN et al., 1990).

Apesar de a temperatura basal ser um método embasado por literatura, nesta

pesquisa agregou-se ao estudo a avaliação do muco cervical, que apesar de ser

visual, permite identificar de forma adequada a fase do ciclo menstrual. As

alterações do muco ocorrem de uma forma rítmica durante o ciclo menstrual em

resposta à função ovariana (SÉGUY & SIMMONET, 1933).

Entre a fase folicular e o meio-ciclo (ovulatório) a quantidade de muco aumenta

em 10 vezes, com máximo no pico ovulatório que precede ao aumento da

temperatura basal, variando de 1 a 3 dias. A secreção do muco cervical é

estimulada pelo estrógeno e inibida pela progesterona. Se o muco está com o

aspecto de “clara de ovo” e no microscópio observa-se à formação de cristais

(formato de “samambaia”), com poucas células epiteliais, a mulher se encontra no

pico ovulatório. Quando a mulher se encontra em outras fases do ciclo, a formação

dos cristais ocorre de forma reduzida com células epiteliais, ou praticamente

inexistentes (RYDBERG, 1948; PAPANICOLAOU, 1946; MACDONALD, 1969;

MENARGUÉZ et al., 2003). Na Figura 2, temos os aspectos do muco nas diferentes

fases do ciclo menstrual.

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Figura 2. Aspecto do muco cérvico nas diferentes fases do ciclo (MACDONALD, 1969)

Legenda: a) muco cérvico durante a menstruação, primeiro dia do ciclo (fase menstrual); b)

após a menstruação, 6º dia do ciclo normal (fase folicular); c) 9º dia do ciclo (fase folicular); d) 13º

dia do ciclo (pico ovulatório); e) final da fase lútea, com um grande número de células epiteliais,

praticamente sem cristais (fase lútea); f) um dia antes da menstruação (fase lútea – pré-

menstrual)

e) 

a) b)  c) 

d) f) 

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A característica do muco cérvico é apresentada por MACDONALD, 1969, que

descreve a formação dos cristais com formato de “samambaia”, como cristais

salinos envolvidos por material orgânico. A concentração de sal, na verdade de

cloreto de sódio (NaCl), se mantém a mesma durante todo o ciclo (0,9%), e se

ocorre a diminuição deste, a quantidade de água é reduzida para balancear a

concentração do meio que permanece sempre constante (ZONDEK, 1954).

Outro fator considerado na formação dos cristais é a quantidade de material

orgânico, proteínas e carboidratos. Se o nível dessas substâncias diminui, não

ocorre a formação dos cristais. A ação do estrógeno estimula as glândulas cervicais

para produzir o muco orgânico, de tal forma, como se o muco fosse uma “esponja”,

com sal e água. O efeito da progesterona reduz a quantidade de sal e água. O papel

da solução salina formada é o controle do volume, consistência e penetrabilidade do

esperma. Alterações na proporção de salina, a quantidade de material orgânico, o

pico de NaCl que ocorre no meio-ciclo (fase ovulatória), e a concentração da

proteína e também a sinergia de todos esses fenômenos são os fatores que alteram

a formação e o aspecto dos cristais durante o ciclo menstrual (MACDONALD, 1969).

Para ZINAMAN, 2006, a medição da temperatura basal corpórea apresentou

uma boa correlação de aumento de temperatura com o período de infertilidade da

mulher. O aumento da temperatura é um bom indicador que a ovulação tenha

ocorrido a poucos dias, com a precisão comparável ao muco cérvico (ALLIENDE,

2005). As mudanças deste demonstraram excelente correlação com os níveis

hormonais basais tanto quanto o ultra-som. Durante o pico de estrogênio, ocorre, no

muco cérvico, a formação dos cristais, e relações sexuais durante este período tem

demonstrado um aumento na taxa de gestantes. Existem numerosas bases de

dados clínicos que têm usado as alterações do muco cérvico como indicação de

ovulação.

Devido aos efeitos descritos que a oscilação hormonal causa e a preocupação

na identificação das fases do ciclo menstrual, principalmente, a ovulatória, é

importante o estudo criterioso sobre as mudanças de performance dos componentes

da fragrância, possibilitando a síntese e seleção de matérias-primas que tenham

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menor interferência dos hormônios presentes na pele, a fim de não influenciar em

sua performance.

Portanto, baseando-se de informações obtidas na literatura, foi demonstrado que

é importante verificar a influência hormonal na percepção olfativa em função do ciclo

menstrual, a partir das alterações fisiológicas (oleosidade, hidratação e perda de

água transepidermal) na pele em paralelo com a avaliação da intensidade de

perfume na substantividade do perfume.

3. Objetivos Avaliar a influência da oscilação dos hormônios sexuais na intensidade e/ou

percepção do perfume aplicado na pele da mulher, empregando a análise

sensorial.

Verificar se a oscilação hormonal altera fisiologicamente a pele analisada,

empregando medidas biomecânicas, e como este efeito pode alterar a

intensidade de perfume aplicado na pele.

Analisar se a oscilação hormonal pode afetar a sensibilidade olfativa em

determinada fase do ciclo menstrual e, consequentemente, interferir na

percepção da intensidade de perfume na pele.

4. Material e métodos 4.1 Material 4.1.1 Solvente Álcool etílico desodorizado e neutro 80ºGL, grau de pureza analítico, produto

comercializado pela Usina Ester.

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4.1.2 Matérias-primas

Composição aromática: componente aromático, produto comercializado pela Givaudan®: Ciclo® 1910, Ciclo®1911 e Ciclo®1912.

Irgasan® DP 300 (Triclosan): conservante da formulação, grau de pureza farmacêutico, produto comercializado pela Ciba®

4.1.3 Fórmula utilizada A formulação escolhida após o estudo de estabilidade Normal foi a Ciclo® 1910

Componentes % p/p Composição aromática Ciclo 1910® 12,0

Irgasan® DP 300 (INCI: Triclosan) 0,1-0,3

Álcool etílico desodorizado e neutro 80ºGL q.s.p. 100,0

4.1.4. Equipamentos

Detetor de Sebo, Courage-Khazaka, modelo SEBUMETER® SM 810.

Detetor de hidratação cutânea, Courage-Khazaka, modelo

CORNEOMETER® CM 825

Detetor de perda de água transepidermal, Courage-Khazaka, modelo

TEWAMETER® TM 210

Termômetro clínico de mercúrio

Microscópio eletrônico Leika, modelo Galen III

4.2 Métodos 4.2.1 Desenho do estudo

O estudo avaliou a intensidade de perfume em função do ciclo menstrual em 19

voluntárias com ciclo menstrual normal com idade entre 18 a 40 anos, e não

usuárias de medicamentos contraceptivos ou de reposição hormonal no mínimo 6

meses. Os riscos previsíveis intercorridos pelos voluntários que fizeram parte do

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estudo foram mínimos, e houve coerência entre o objetivo do estudo e os possíveis

riscos e problemas relacionados à modalidade planejada do protocolo.

Os riscos durante a aplicação do perfume e da coleta de sangue foram mínimos

para os voluntários. Todos os procedimentos de aplicação de perfume, assim como

as medidas biomecânicas como a avaliação sensorial não foram invasivos, não

causando efeitos adversos para o voluntário.

4.2.2 Tipo de estudo

Este estudo foi elaborado de acordo com as “Condições gerais para a realização

de um teste em humano”, documento que o Instituto de Pesquisa Clínica forneceu.

O controle foi realizado por meio de um indivíduo do sexo masculino, com idade

entre 18 a 40 anos. No homem não existem as oscilações hormonais ou ciclo

menstrual e menor influência hormonal (PALACIOS et al, 2003). Desta forma,

puderam ser observados os efeitos decorrentes da oscilação hormonal, na

sensibilidade olfativa da mulher, sem ter alterações na fisiologia da pele, que

pudessem interferir na substantividade do perfume.

4.2.3 Aspectos éticos

A pesquisa foi realizada de acordo com a legislação brasileira, baseada na

Resolução Normativa 196/96, “CNS/MS”, normas da International Conference

Harmonization (ICH), Good Clinical Practice (GCP) e a Declaração de Helsinque,

após a obtenção da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP),

regulamentado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Para cada voluntária que participou desta pesquisa no grupo de estudo e para o

voluntário controle, foram dadas as informações e esclarecimentos necessários,

fornecendo o seu consentimento, por meio da assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, conforme o Anexo 4 e Anexo 5,

respectivamente.

A pesquisa manteve o anonimato do voluntário, e sua saída voluntariamente do

estudo foi garantida a qualquer tempo. Todos foram esclarecidos dos possíveis

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riscos mais frequentes descritos na literatura para a categoria do produto, como

dermatite de contato tipo irritativa / alérgica.

Outros documentos necessários para o prosseguimento da pesquisa estão

descritos como:

Anexo 1: Escala de avaliação sensorial (LMS)

Anexo 2: Carta de aprovação do CEP do Instituto Medcin

Anexo 3: Carta de aprovação do CEP da Faculdade de Ciências Farmacêuticas -

USP

Anexo 4: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) do grupo de

estudo

Anexo 5: TCLE do grupo controle

4.2.4 Tamanho amostral

O valor amostral exato envolveu, inicialmente, 26 voluntárias, obtido por meio

das variâncias ocorridas em estudos preliminares com a escala (LMS) escolhida

para o teste e o mínimo de diferença entre dois pontos da escala, para que

ocorresse diferença significativa no nível de 95% de intervalo de confiança.

Entretanto, considerando a perda de voluntários ou intercorrências durante o estudo,

para obter uma margem de segurança para as análises, foram recrutados do sexo

feminino, inicialmente, aproximadamente, 40 voluntários e selecionados 30 a 35

voluntários para o estudo, aqueles com melhor desempenho para uso da escala.

Como se tratou de um estudo exploratório, não foi representativo da população.

Caso fosse utilizada outra escala e se quisesse detectar outras diferenças, o valor

amostral poderia ser alterado.

4.2.5 Seleção dos sujeitos

Foram selecionadas, por meio de banco de voluntárias do Instituto de Pesquisa,

30-35 mulheres de 18 a 40 anos, não usuárias de anticoncepcionais orais, com

período de ciclo menstrual variando entre 28 e 30 dias e que não estavam usando

nenhum medicamento contraceptivo ou de reposição hormonal até seis meses antes

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do teste. O painel correspondeu aos critérios de inclusão estabelecidos para a

realização do estudo.

O controle de pele foi realizado por um único voluntário do sexo masculino,

adulto de 18 a 40 anos, que foi selecionado segundo os critérios de inclusão, não-

inclusão e exclusão pertinentes.

4.2.5.1 Critérios específicos de inclusão

Os critérios específicos de inclusão, definidos no protocolo, foram os seguintes:

- Idade: de 18 a 40 anos;

- sexo feminino; masculino

- usuários ocasionais ou regulares de produtos cosméticos;

- mulheres com período de ciclo menstrual de 28 a 30 dias

4.2.5.2 Critérios específicos de não-inclusão

Os critérios específicos de não-inclusão, definidos no protocolo, foram os

seguintes:

- Uso de medicamentos contraceptivos orais ou de reposição hormonal menos

de 6 meses e durante os testes

- marcas cutâneas na área experimental que pudessem interferir nas avaliações

das reações cutâneas (problemas de pigmentação, cicatrizes, pilosidade super

desenvolvida, efélides, tatuagem e nevus em grande quantidade e queimadura solar

dentre outras);

- alergia ou reatividade à categoria de produtos testada;

- tratamento hormonal (anticoncepcionais orais ou reposição hormonal);

- previsão de alteração dos métodos contraceptivos orais durante o período do

estudo;

- dismenorréia *;

- obesidade;

- anorexia;

- mulheres em período de gestação ou amamentando;

* relatada pelo voluntário ou suspeita médica, sem comprovação laboratorial

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4.2.5.3 Critérios de exclusão

- Não atendimento às exigências do estudo;

- gravidez detectada durante o estudo;

- fatores ocorridos independentemente, mas com potencialidade de impedir a

continuidade do voluntário no estudo, como exemplo, fraturas ósseas;

- Outros, a critério médico.

4.2.5.4 Exigências requeridas pelo estudo

As exigências impostas aos voluntários durante o período de estudo foram as

seguintes:

- não se expor à radiação intensa (solar ou câmara de bronzeamento);

- não alterar hábitos de higiene;

- não utilizar medicamentos como tranqüilizantes, antidepressivos, diuréticos,

laxantes ou psicotrópicos;

- não realizar esfoliação de pele com esfoliantes químicos ou mecânicos, na área

experimental;

- não alterar hábitos de consumo de café, álcool e tabaco;

- comparecer ao Instituto sempre nos mesmos horários, em todas as visitas;

- comunicar qualquer desvio ao investigador.

4.2.6 Normas IFRA para a composição aromática

A composição aromática que foi utilizada estava em conformidade com as

normas da Associação Internacional de Fragrâncias (IFRA – 39a atualização/ abril

2005) sendo permitido o seu uso em 100% em perfume.

As normas IFRA referentes à restrição de uso foram baseadas na avaliação de

segurança do Conselho de Especialistas do Instituto de Pesquisa de Materiais para

Fragrâncias (RIFM) e foram revistas pelo Comitê Científico da IFRA.

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A avaliação dos ingredientes da composição aromática foi feita de acordo com os

padrões de segurança mencionados no Anexo I do Código de Prática da IFRA.

4.2.7 Avaliação Sensorial

Para esta análise foi utilizada a escala LMS (Labeled Magnitude Scale), que é

uma escala semântica de percepção, caracterizada por espaçamento não lineares

(semi-logaritmico) das categorias. Esta escala foi modelada baseada na escala

“category-ratio” desenvolvida para a mensuração de força física (GUERRA, 2002). A

escala para avaliação encontra-se no Anexo 1.

O julgador marcou a intensidade de perfume nesta escala (anexo 1) nos tempos

inicial e a cada 90 minutos até completar 6h de teste. Os dados foram analisados

estatisticamente para a avaliação das diferenças significativas (p<0,05) em cada

intervalo de tempo entre as fases do ciclo menstrual de avaliação, segundo

MEEILGAARD et al., 1999.

A determinação do perfil tempo-intensidade foi realizado por meio de um gráfico

de intensidade de perfume versus o tempo. Para cada tempo, obteve-se uma média

de intensidade de perfume avaliada pelos julgadores (GUERRA, 2002)

4.2.7.1 Condições experimentais

Na primeira avaliação, os voluntários, que preencheram os critérios de inclusão e

aceitaram voluntariamente participar deste estudo, após serem esclarecidos e

assinarem o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, Anexo 4 e 5,

responderam ao questionário fornecido pelo Instituto de Pesquisa, a respeito dos

critérios mencionados nos itens 4.2.5.1 a 4.2.5.4. Em seguida, foram submetidos à

avaliação cuidadosa pelo co-investigador, na qualidade de médico, nas instalações

do centro monitor e investigador, Instituto de Pesquisa Clínica. O co-investigador,

em todos os tempos experimentais determinados, realizou o acompanhamento

clínico do estudo, anotando qualquer reação não esperada do produto, em

documento apropriado para esta finalidade.

Os dados iniciais do voluntário, referentes às medidas consideradas para os

estudos, como: peso, altura, avaliação do ciclo menstrual nos últimos 6 meses,

Page 18: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

105

foram tomados pelas técnicas Ana Paula dos Santos Gal, Elaine Primo Freire e o

médico ginecologista Mauricio Addor CRM: 10415 para avaliação clínica (medidas

de temperatura basal e muco cérvico), sendo-lhes atribuída à responsabilidade de

avaliar este parâmetro em cada fase do ciclo menstrual.

4.2.7.2 Experimento

Foi formada uma equipe sensorial para avaliação, em que os julgadores foram

previamente orientados na avaliação de perfume na pele.

O local de realização dos testes foi no Instituto de Pesquisa Clínica Medcin –

Instituto da Pele de acordo com as necessidades do teste: temperatura 22-25ºC e

Umidade Relativa de 45-55%.

O teste avaliou o desempenho do perfume, assim como a percepção olfativa das

mulheres em diferentes fases do ciclo.

Antes da aplicação do perfume, todas as vezes que as julgadoras visitaram o

Instituto, foram realizadas medidas instrumentais da pele das julgadoras

(sebumetria, corneometria e TEWL).

Próximo ao período ovulatório, que compreendeu os dias (12º a 16º do ciclo

menstrual), foi realizada uma coleta do muco cérvico por uma profissional treinada,

que utilizou espéculo descartável e coletor com escova também descartável, o

material coletado foi analisado por microscopia para identificar a fase ovulatória.

As avaliações sensoriais ocorreram em todas as julgadoras e em uma área

delimitada na superfície da pele do antebraço, onde foi aplicado o perfume que

permaneceu na pele das voluntárias durante 6 horas.

Imediatamente após a aplicação do perfume e a cada 90 minutos, a julgadora fez

a avaliação em escala LMS do perfume em sua pele e no pulso de um único

voluntário homem, considerado o controle de pele neste estudo. Esta etapa se

repetiu cinco vezes em cada visita e o voluntário permaneceu no instituto pelo

período de 6 horas.

Sendo assim, cada julgadora visitou o Instituto quatro vezes durante um mês,

considerando quatro fases do ciclo menstrual para avaliação. O voluntário controle

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CAPÍTULO 4.

 

106

(homem) estava disponível para participar do teste todas as vezes que ocorreu a

avaliação das voluntárias em função do ciclo menstrual.

Portanto, o desenho de teste se descreve da seguinte forma:

- Teste dos voluntários (grupo de estudo)

1) Para determinar em que fases do ciclo menstrual (menstrual, folicular, lútea e

o pico ovulatório) estão as julgadoras, foi realizada avaliação clínica (temperatura

basal e muco cérvico) nas fases do ciclo de avaliação, segundo Bardin et al 1985,

pelo médico ginecologista Mauricio Addor CRM: 10415.

2) Foram realizadas as medidas das propriedades biomecânicas da pele:

temperatura corpórea, hidratação da pele, oleosidade e perda de água

transepidérmica ou transepidermal, que foram realizadas pela técnica Elaine Primo

Freire do instituto.

3) Aplicou-se na superfície da pele do antebraço direito da julgadora, numa área

de aproximadamente 10 cm2, com auxílio de uma seringa para ajudar no

espalhamento de 40 µL do produto.

4) No tempo inicial e a cada 90 minutos, durante 6 h de teste, cada julgadora

recebeu uma ficha de avaliação de substantividade da composição aromática na

escala, avaliando o perfume aplicado na sua pele e na do pulso direito de um único

voluntário do sexo oposto.

Este teste se repetiu até completar todas as fases do ciclo das voluntárias que

foram estudadas.

Após o término das avaliações, tabularam-se os resultados e procedeu-se à

análise estatística dos dados.

Durante o estudo, foi proibido o uso de cremes corporais, hidratante e perfumes

que poderiam alterar as condições da pele para o estudo.

5. Resultados e discussão Conforme citado no item 4.2.4., a pesquisa necessitava de 26 avaliações, mas

foram realizadas 19, ou seja, 19 voluntárias, devido à baixa adesão ao teste, e

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CAPÍTULO 4.

 

107

dificuldade em conseguir identificar a fase ovulatória, segundo o experimento

descrito no item 4.2.7.2. Cada uma dessas voluntárias avaliou a intensidade da

fragrância de um perfume aplicado em seu braço direito, para cada uma das quatro

fases do ciclo menstrual (folicular, ovulatória, lútea e menstrual) avaliando-se cinco

tempos experimentais (inicial, 1,5h, 3h, 4,5h e 6h), em cada uma, além de analisar o

produto aplicado em seu braço direito, as voluntárias também avaliaram o produto

aplicado no braço direito de um homem. Foram coletadas medidas biomecânicas

que poderiam interferir nos resultados: índice de TEWL; de corneometria e de

sebumetria. Essas três variáveis biomecânicas foram coletadas em triplicata, logo

após a aplicação do perfume (tempo inicial) e 6 horas após a aplicação do mesmo.

Primeiramente, foi apresentado a performance da equipe sensorial nas

avaliações sensoriais de intensidade de perfume no item 5.1. No item 5.2 foram

apresentadas as medições de temperatura diária das voluntárias para a detecção da

fase ovulatória nas voluntárias, conforme descrito no item 2. No item 5.3 segue a

análise descritiva do painel para as medidas biomecânicas.

5.1 Performance da equipe sensorial em cada tempo experimental entre as

fases do ciclo menstrual

Nas Figuras de 3 a 7 foram apresentados gráficos de linhas da equipe sensorial

em cada tempo de avaliação entre as fases do ciclo menstrual para identificar

julgadoras que pudessem ser “outliers” e, conseqüentemente, prejudicariam o

tratamento dos dados.

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CAPÍTULO 4.

 

108

tempo inicial

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fases do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20

cm)

Julgador 1

Julgador 2

Julgador 3

Julgador 4

Julgador 5

Julgador 6

Julgador 7

Julgador 8

Julgador 9

Julgador 10

Julgador 11

Julgador 12

Julgador 13

Julgador 14

Julgador 15

Julgador 16

Julgador 17

Julgador 18

Julgador 19

tempo inicial

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fase do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20c

m)

a)

b)

Figura 3. Gráficos de linha para análise de desempenho da equipe sensorial (tempo de avaliação

Inicial) nas fases do ciclo menstrual e perfil da intensidade de perfume em função das fases do ciclo

menstrual.

Legenda: a) gráfico de linhas das notas da equipe sensorial no tempo inicial em função das fases do

ciclo menstrual; b) perfil de média de intensidade de perfume em função das fases do ciclo menstrual

no tempo inicial

Page 22: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

109

tempo 1,5h

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fases do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20

cm)

Julgador 1

Julgador 2

Julgador 3

Julgador 4

Julgador 5

Julgador 6

Julgador 7

Julgador 8

Julgador 9

Julgador 10

Julgador 11

Julgador 12

Julgador 13

Julgador 14

Julgador 15

Julgador 16

Julgador 17

Julgador 18

Julgador 19

tempo 1,5h

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fase do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20c

m)

c)

d)

Figura 4. Gráficos de linha para análise de desempenho da equipe sensorial (tempo de avaliação

1,5h) nas fases do ciclo menstrual e perfil da intensidade de perfume em função das fases do ciclo

menstrual.

Legenda: a) gráfico de linhas das notas da equipe sensorial no tempo 1,5h em função das fases do

ciclo menstrual; b) perfil de média de intensidade de perfume em função das fases do ciclo menstrual

no tempo inicial

Page 23: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

110

tempo 3,0h

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fases do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20

cm)

Julgador 1

Julgador 2

Julgador 3

Julgador 4

Julgador 5

Julgador 6

Julgador 7

Julgador 8

Julgador 9

Julgador 10

Julgador 11

Julgador 12

Julgador 13

Julgador 14

Julgador 15

Julgador 16

Julgador 17

Julgador 18

Julgador 19

tempo 3,0h

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fase do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20c

m)

e)

f)

Figura 5. Gráficos de linha para análise de desempenho da equipe sensorial (tempo de avaliação

3,0h) nas fases do ciclo menstrual e perfil da intensidade de perfume em função das fases do ciclo

menstrual.

Legenda: a) gráfico de linhas das notas da equipe sensorial no tempo 3,0h em função das fases do

ciclo menstrual; b) perfil de média de intensidade de perfume em função das fases do ciclo menstrual

no tempo inicial.

Page 24: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

111

tempo 4,5h

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fases do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20

cm)

Julgador 1

Julgador 2

Julgador 3

Julgador 4

Julgador 5

Julgador 6

Julgador 7

Julgador 8

Julgador 9

Julgador 10

Julgador 11

Julgador 12

Julgador 13

Julgador 14

Julgador 15

Julgador 16

Julgador 17

Julgador 18

Julgador 19

tempo 4,5h

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fase do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20c

m)

g)

h)

Figura 6. Gráficos de linha para análise de desempenho da equipe sensorial (tempo de avaliação

4,5h) nas fases do ciclo menstrual e perfil da intensidade de perfume em função das fases do ciclo

menstrual.

Legenda: a) gráfico de linhas das notas da equipe sensorial no tempo 4,5h em função das fases do

ciclo menstrual; b) perfil de média de intensidade de perfume em função das fases do ciclo menstrual

no tempo inicial;

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CAPÍTULO 4.

 

112

tempo 6,0h

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fases do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20

cm)

Julgador 1

Julgador 2

Julgador 3

Julgador 4

Julgador 5

Julgador 6

Julgador 7

Julgador 8

Julgador 9

Julgador 10

Julgador 11

Julgador 12

Julgador 13

Julgador 14

Julgador 15

Julgador 16

Julgador 17

Julgador 18

Julgador 19

tempo 6,0h

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

Fase do Ciclo Menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e P

erfu

me

(LM

S 0

-20c

m)

i)

j)

Figura 7. Gráficos de linha para análise de desempenho da equipe sensorial (tempo de avaliação

6,0h) nas fases do ciclo menstrual e perfil da intensidade de perfume em função das fases do ciclo

menstrual.

Legenda: a) gráfico de linhas das notas da equipe sensorial no tempo 6,0h em função das fases do

ciclo menstrual; b) perfil da média de intensidade de perfume em função das fases do ciclo menstrual

no tempo inicial;

Page 26: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

113

A partir dos resultados apresentados, na análise do desempenho da equipe

sensorial nos diferentes tempos de avaliação observou-se que existem “outliers” em

praticamente todos os tempos, porém não influenciou de forma significativa a

análise, por isso foram mantidos. Notou-se que os tempos inicial e 1,5h foram os

que mais demonstraram o não consenso da equipe. No tempo inicial e após 1,5h,

provavelmente pela característica da fragrância ser muito “verde”, que muitas vezes

pode não proporcionar sensação agradável para algumas voluntárias, influenciou na

avaliação na escala, considerando a intensidade; mais alta ou mais baixa do que

deveria. A dificuldade no tratamento dos dados em manter as julgadoras

consideradas “outliers” é alcançar suposições necessárias para testes paramétricos,

como ANOVA, no qual a igualdade de variâncias e a normalidade dos dados são

pré-requisitos para esta análise (KUTNER et al., 2005; WINER et al., 1991).

Quanto ao perfil de intensidade de perfume obtido em cada tempo em função do

ciclo menstrual, analisando descritivamente, verificou-se uma tendência de valores

superiores de intensidade de perfume nas fases ovulatória e, principalmente, na

lútea em praticamente todos os tempos (inicial, 1,5 h, 3,0 h, 4,5 h e 6,0 h).

5.2 Temperatura basal (oral) diária das julgadoras em função do ciclo

menstrual

Foram realizadas a medição da temperatura diária e a coleta de muco cérvico

para obter uma identificação mais confiável da fase ovulatória da mulher. Nas

Figuras 8 e 9, temos alguns exemplos da avaliação do perfil de temperatura basal

corpórea diária em função do ciclo menstrual de algumas julgadoras e como foi

realizado o estudo para identificar a fase ovulatória.

Page 27: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

114

Voluntária 2

35

35.2

35.4

35.6

35.8

36

36.2

36.4

36.6

36.8

37

30/1

12/

124/

126/

128/

12

10/1

212

/12

14/1

216

/12

18/1

2

Dias de avaliação

tem

per

atu

ra c

orp

óre

a (

oC

)

Pico Ovulatório

Voluntária 21

35

35.2

35.4

35.6

35.8

36

36.2

36.4

36.6

36.8

37

11/3

13/3

15/3

17/3

19/3

21/3

23/3

25/3

27/3

Dias de avaliação

tem

per

atu

ra c

orp

óre

a (

oC

)

Pico Ovulatório

a)

 

 

b)

Figura 8. Perfil da temperatura (oral) basal corpórea diária em função do ciclo menstrual, para o

auxílio na identificação do pico ovulatório pré-elevação da temperatura.

Legenda: a) perfil de temperatura basal (oral) corpórea da julgadora 2; b) perfil de temperatura

basal (oral) corpórea da julgadora 21

Page 28: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

115

Voluntária 22

35

35.2

35.4

35.6

35.8

36

36.2

36.4

36.6

36.8

37

25/3

27/3

29/3

31/3 2/

44/

46/

48/

410

/4

Dias de avaliação

tem

per

atu

ra c

orp

óre

a (

oC

)

Pico Ovulatório

Voluntária 26

35

35.2

35.4

35.6

35.8

36

36.2

36.4

36.6

36.8

37

37.2

15/4

16/4

17/4

18/4

19/4

20/4

21/4

22/4

23/4

24/4

25/4

26/4

27/4

28/4

29/4

Dias de avaliação

tem

per

atu

ra c

orp

óre

a (

oC

)

Pico Ovulatório

c)

d)

Figura 9. Perfil da temperatura (oral) basal corpórea diária em função do ciclo menstrual, para o

auxílio na identificação do pico ovulatório pré-elevação da temperatura.

Legenda: c) perfil de temperatura basal (oral) corpórea da julgadora 22; d) perfil de temperatura

basal (oral) corpórea da julgadora 26

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CAPÍTULO 4.

 

116

A partir da observação de algumas voluntárias, o perfil de medição diária da

temperatura basal (oral) corpórea (oC) demonstrou que ocorreu a elevação da

temperatura após o pico ovulatório, conforme descreveu MACDONALD, 1969. Este

fato foi identificado por meio da contagem dos dias do ciclo e do histórico da

voluntária, se o ciclo era de 28 ou 30 dias. Entre o 12º ao 16º dia do ciclo, que

corresponde o período no qual a mulher poderá estar ovulando, foi realizada a

coleta de muco cérvico e por meio de microscopia, para avaliar se ocorre a presença

de cristais no formato de “samambaia”, e em caso positivo, era ou não realizada as

etapas seguintes ao estudo. Na fase lútea foi verificado se ocorre a elevação da

temperatura ou não. Entretanto, em algumas mulheres, não foi clara a elevação da

temperatura como citado na Figura 9 – c) e d), mesmo tendo no meio-ciclo o

aspecto do muco cérvico semelhante a “clara de ovo” e a formação de cristais na

microscopia, que confirmam a ovulação.

Devido às diferenças do perfil da temperatura basal entre as mulheres,

provavelmente pela falta de orientação correta no manuseio do termômetro, ou

intercorrências, como febre, elevação da pressão arterial, ou simplesmente por que

não ocorreu a ovulação naquele determinado mês, ficou estabelecido de avaliar a

ovulação pela coleta de muco cérvico, identificação do aspecto semelhante a “clara

de ovo” e o emprego da microscopia para verificar a formação de cristais em formato

de “samambaia”, conforme descrição na literatura (PAPANICOLAOU, 1946;

RYDBERG, 1948; MACDONALD, 1969; MENARGUÉZ et al., 2003).

5.3 Análise descritiva e exploratória dos dados

5.3.1 Análise descritiva das medidas biomecânicas

Foi realizada uma análise descritiva das medidas biomecânicas (perda de água

transepidermal, corneometria, sebumetria) por meio de gráficos do tipo “boxplot”

(gráficos em forma de caixa que mostra a variabilidade, mediana, média, “outliers”

do tratamento dos dados).

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CAPÍTULO 4.

 

117

Para a avaliação das variáveis biomecânicas, coletadas em triplicatas, foi

utilizada a média de três medidas. Analisaram-se, de forma descritiva, os dados

coletados na avaliação do braço direito, visualizados por meio de gráficos “boxplot”.

Nas Figuras 10 a 12 podem-se comparar, para cada uma das variáveis, as fases

do ciclo em cada tempo experimental e identificar os dados atípicos. As variáveis

biomecânicas foram analisadas descritivamente com as fases do ciclo e os tempos

experimentais. As observações atípicas foram retiradas das análises para não

influenciarem nos resultados das etapas posteriores.

A Figura 10 segue a análise “boxplot” comparando as medidas de corneometria

obtidas em unidades arbitrárias nas quatro fases do ciclo menstrual para os dois

tempos experimentais (inicial e 6,0h).

Figura 10. Análise “boxplot” da medida de corneometria (medida arbitrária que varia de 0 a 100,0) das julgadoras/voluntárias, no tempo inicial e após 6h de aplicação do produto, em cada fase do ciclo menstrual.

Legenda:

(O) - observação atípica, “outlier” (valores encontrados entre 1,5 e 3 intervalos interquartil acima do terceiro quartil ou abaixo do primeiro); (*) - observação extrema (valores que distam mais de 3 intervalos interquartis)

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CAPÍTULO 4.

 

118

A partir dos resultados apresentados, observou-se que, para a medida de

corneometria, as diferenças entre as fases e os tempos experimentais foram

pequenas, pois os valores das medianas estavam próximos (“barra preta” horizontal

do gráfico) entre as fases do ciclo menstrual. Adicionalmente, o tamanho das

“caixas” está semelhante e a linha que corta as “caixas” na vertical, que apresenta a

variabilidade dos dados, apresentou-se semelhante entre as fases do ciclo também.

A seguir temos os “boxplot” na Figura 11 comparando a medida de TEWL (perda

de água transepidermal) nas quatro fases do ciclo menstrual, para os dois tempos

experimentais (inicial e após 6h):

Figura 11. Análise “boxplot” da medida de perda de água transepidermal – TEWL (medida arbitrária que varia de 0 a 100,0) das julgadoras/voluntárias no tempo inicial e após 6h de aplicação do produto em cada fase do ciclo menstrual.

Legenda:

(O) - observação atípica, “outlier” (valores encontrados entre 1,5 e 3 intervalos interquartil acima do terceiro quartil ou abaixo do primeiro); (*) - observação extrema (valores que distam mais de 3 intervalos interquartis)

Verificou-se que para medida de perda de água transepidermal (TEWL) as

diferenças entre as fases e os tempos experimentais foram pequenas. Da mesma

Page 32: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

119

forma, como explicado para a corneometria, os dados foram semelhantes entre uma

fase e outra do ciclo menstrual (tamanho das “caixas”, medianas próximas e a

variabilidade dos dados semelhante). Os asteriscos (*) apresentados são

observações extremas (valores que distam mais de 3 intervalos interquartis),

apresentadas nas fases ovulatória e lútea. Os círculos (o) foram observações

consideradas atípicas “outliers” (valores encontrados entre 1,5 e 3 intervalos

interquartil acima do terceiro quartil ou abaixo do primeiro), decorrentes,

provavelmente, de um desvio na calibração do equipamento ou situação intrínseca

de algumas voluntárias (aumento do fluxo sanguíneo durante o experimento,

metabolismo, etc).

A seguir, temos o “boxplot” na Figura 12 comparando a medida de sebumetria

nas quatro fases do ciclo menstrual para os dois tempos experimentais:

Figura 12. Análise “boxplot” da medida de sebumetria (medida arbitrária que varia de 0 a 100,0) das julgadoras/voluntárias no tempo inicial e após 6h de aplicação do produto em cada fase do ciclo menstrual.

Legenda:

(O) - observação atípica, “outlier” (valores encontrados entre 1,5 e 3 intervalos interquartil acima do terceiro quartil ou abaixo do primeiro); (*) - observação extrema (valores que distam mais de 3 intervalos interquartis)

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CAPÍTULO 4.

 

120

A partir dos dados apresentados, observou-se que para a medida de sebumetria,

as distribuições foram semelhantes e notou-se grande número de observações

atípicas. Este fato se justifica, provavelmente, devido à característica de oleosidade

ser intrínseca de cada voluntária, sendo consequência da alimentação, metabolismo

e das oscilações hormonais (BERARDESCA et al., 1995).

Como as diferenças entre as fases do ciclo e os tempos experimentais, de

acordo com as medidas biomecânicas, foram mínimas, essas medidas não afetaram

na sensibilidade olfativa das mulheres.

5.3.2 Análise descritiva dos dados geral

Segue, nas Figuras 13, 14 e 15, a análise descritiva dos resíduos preditos vs

não preditos, a fim de avaliar a normalidade dos dados em função do ciclo

menstrual.

Figura 13. Gráfico Q-Q plot da normalidade dos resíduos em função do ciclo menstrual.

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CAPÍTULO 4.

 

121

Figura 14. Histograma dos resíduos em função do ciclo menstrual.

Figura 15. Análise dos resíduos (ordenada) e não-preditos (abscissa).

Legenda: Lê-se valores preditos (ordenada) e valores não-preditos (abscissa).

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CAPÍTULO 4.

 

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ESTATÍSTICA GRAUS DE LIBERDADE VALOR_P

Teste de Normalidade dos Resíduos

0,094 379 <0,01

Na Tabela 1 seguem os dados do teste de Kolmogorov_Smirnov de normalidade

dos resíduos.

Tabela 1. Teste de Kolmogorov-Smirnov(a) de normalidade dos resíduos

Antes de avaliar qual modelo matemático é o mais adequado para o tratamento

dos dados, devemos considerar se os resíduos foram independentes e distribuídos

de forma aleatória, e que não ocorreu dependência entre o resíduo e a variável

resposta (intensidade de perfume). Portanto, foram analisados: o gráfico de

normalidade dos resíduos (Q-Q Plot), o histograma e o gráfico de dispersão do

resíduo predito versus não-predito. No gráfico de normalidade dos resíduos, Figura

13, estes valores se apresentaram próximos da normalidade, com poucos pontos

fora da curva. No histograma realizado, Figura 14, verificou-se que existe uma leve

assimetria dos resíduos tendendo para a direita. No gráfico do resíduo do predito

versus não-predito, Figura 15, não ficou demonstrada a dependência entre as

variáveis (distribuição aleatória do resíduo), portanto, a hipótese de dependência

entre as variáveis não foi violada.

Para testar se as hipóteses / suposições (independência e resíduos

identicamente distribuídos) eram verdadeiras, foi realizado o teste de normalidade

de Kolmogorov_Smirnov (WINER et al., 1991).

No teste de normalidade dos resíduos, a hipótese de normalidade foi rejeitada

(valor de p < 0,01), pois se considera significativo valor de p < 0,05, ou seja, rejeitou-

se a hipótese, e este fato foi justificado pelo número de voluntárias reduzido, e,

provavelmente, com maior número de voluntárias, a hipótese de normalidade

poderia ser validada. Entretanto, ainda que estes testes sejam muito objetivos e

válidos para um diagnóstico da normalidade, o teste de Kolmogorov_Smirnov não é

considerado robusto o suficiente para estudos em que o número de observações é

pequeno (n=19), como é o caso deste estudo clínico. A análise de

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CAPÍTULO 4.

 

123

homoscedasticidade (igualdade de variâncias) de dados, que normalmente aplica o

teste de Levene, mas não foi realizado neste caso, pois se preferiu aplicou um

modelo misto, que não precisou ter a igualdade de variâncias. Entretanto, a despeito

do desvio de normalidade, é comum utilizar em avaliações sensoriais,

principalmente, em testes afetivos onde se usa escalas categóricas (VILLANUEVA

et al., 2000). Além disso, existem vários estudos que demonstraram esta violação

com amplo uso de escalas tradicionais (O’ MAHONY, 1982; MCPHERSON &

RANDALL, 1985; VILLANUEVA et al.,2000)

5.3.3 Modelo para avaliação dos dados clínicos

Para verificar se houve alteração na sensibilidade olfativa de acordo com a fase

do ciclo menstrual e o tempo experimental, analisando a influência das variáveis

biomecânicas, na pele masculina, foi construído um modelo linear misto, a partir

das análises descritivas realizadas nos itens 5.3.1 e 5.3.2, que não rejeitou a

independência e a distribuição de forma aleatória dos resíduos, não demonstrando

tendências (WINER et al., 1991). Nesse modelo consideraremos: a sensibilidade

olfativa como variável resposta (y); a fase do ciclo menstrual ( ) e o tempo

experimental ( ) como fatores fixos com medidas repetidas; as voluntárias ( )

como fator aleatório, as variáveis biomecânicas (TEWL - T, Corneometria - C,

Sebumetria - S) e a avaliação na pele masculina (M), como covariáveis. Foi incluída

no modelo a interação entre os dois fatores fixos (fase do ciclo menstrual e tempo

experimental) e resultou no seguinte modelo, representado na equação:

Equação 1

ijkkikikikikikiijkkjiijk SSCCTTMy 1541531521...

Em que: o índice i é referente às fases do ciclo (i=1 representa a fase menstrual, 2 a folicular, 3

a lútea e 4 a ovulatória), j aos tempos experimentais (j=1 representa o tempo inicial, 2 refere-se a

1,5 hora, 3 a 3 horas, 4 a 4,5 horas e 5 a 6 horas) e k as mulheres (1, 2, 3, ..., 19). A média geral é

representada por ... , e o erro aleatório é representado por .

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CAPÍTULO 4.

 

124

Foi avaliado o emprego deste modelo, pois para que fossem considerados todos

os parâmetros e para alcançar os próprios objetivos do presente trabalho, que

podem influenciar a variável resposta “sensibilidade olfativa” (y), foram

determinados: os efeitos da mulher avaliando o seu próprio braço, os tempos

experimentais, as fases do ciclo menstrual; e como covariáveis, as medidas

biomecânicas e a avaliação no braço do homem.

Antes de se avaliar se existem diferenças estatísticas entre os parâmetros do

modelo, deve-se considerar que estatisticamente, existem dois tipos de erros em

análise sensorial quando se testa a hipótese nula. O erro tipo I, que, no presente

estudo, refere-se a dizer que os parâmetros são significativos para o modelo

quando, na verdade, não são, ou seja, rejeita-se a hipótese nula quando ela é

verdadeira. O erro do tipo I é controlado pelo analista sensorial, tradicionalmente, α

é escolhido para ser muito baixo (0,05, 0,01, ou 0,001), que corresponde,

respectivamente, 1 em 20, 1 em 100, e 1 em 1000 chances. O erro do tipo II ocorre

quando o analista aceita a hipótese nula, quando ela não é verdadeira. O erro do

tipo II é baseado no tamanho do β, que corresponde ao risco de não encontrar

diferença quando ela existe. O poder do teste é definido como 1- β.

O poder do teste pode ser definido como a probabilidade de encontrar diferença

se ela realmente existe. Ou seja, é a sensibilidade do teste. Este é dependente da

magnitude da diferença entre os parâmetros, o tamanho do α, e o número de

julgadores que participaram do teste (LAWLESS & HEYMANN, 1999).

Para o presente estudo, foi estipulado n=26, obtido por meio das variâncias

ocorridas em estudos preliminares com a escala (LMS) escolhida para o teste e o

mínimo de diferença entre dois pontos da escala, para que ocorresse diferença

significativa para um α igual 0,05, portanto, o poder do teste seria 0,981.

Devido às desistências e intercorrências das julgadoras, ocorridas durante o

estudo, considerou-se o n=19, e analisando os mesmos parâmetros estipulados

para o “n” anterior, o poder do teste foi 0,886. Ou seja, foi analisado o poder de cada

parâmetro do modelo proposto para o estudo e determinou o menor valor para ser

considerado o do modelo de forma geral. Em suma, mesmo com “n” inferior ao

desejado, a sensibilidade do modelo proposto é alta.

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CAPÍTULO 4.

 

125

FATOR GRAUS DE LIBERDADE ESTATÍSTICA F VALOR_P CONCLUSÃO *

Intercepto 1 79,858 <0,001 Rejeita a hipótese.

Fase * Tempo 12 1,484 0,128 Não rejeita a hipótese.Fase 3 4,873 0,002 Rejeita a hipótese.

Tempo 4 34,052 <0,001 Rejeita a hipótese.

Masculino 1 190,542 <0,001 Rejeita a hipótese.

Corneometria 1 0,288 0,592 Não rejeita a hipótese.

TEWL 1 0,573 0,449 Não rejeita a hipótese.

Sebumetria 1 0,461 0,498 Não rejeita a hipótese.

As Tabelas 2, 3, 4, 5 e 6 demonstram a análise estatística realizada, para

verificar se os parâmetros inseridos no modelo foram significativos ou não. As

Figuras 16, 17 e 18 ilustram, descritivamente, o perfil da intensidade de perfume

(sensibilidade olfativa), em função do ciclo menstrual.

Tabela 2. Efeitos de cada fator na intensidade de perfume (sensibilidade olfativa)

* Nível de Significância: 5% (p<0,05) ** Hipótese: Não há diferenças entre as médias do fator avaliado. ***As marcações em negrito refletem que existem diferenças entre as médias do fator, sendo este significativo para o modelo.

Foi evidenciado na Tabela 2 que os efeitos da fase do ciclo menstrual, do tempo

experimental e a avaliação da intensidade de perfume na pele masculina

(masculino) foram estatisticamente significativos, ou seja, somente estes

parâmetros podem ser considerados no modelo proposto. O fato da avaliação da

intensidade de perfume aplicado na pele masculina ser uma variável que exerce

influência estatisticamente significativa na variável resposta (intensidade de perfume

geral entre as fases do ciclo menstrual) pode ser indicativo que existem,

provavelmente, aspectos fisiológicos no homem, que interferem significativamente

na percepção do odor e não foram considerados nesse estudo.

Como pode ser evidenciados nos valores de percepção do homem e da mulher

são descritos na Tabela 3.

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CAPÍTULO 4.

 

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Fase do Ciclo Parâmetros Média Erro padrão da média

Folicular Mulher 3,99 0,35 Masculino 3,83 0,33

Lútea Mulher 4,75 0,38 Masculino 4,11 0,33

Menstrual Mulher 3,87 0,31 Masculino 3,64 0,28

Ovulatória Mulher 4,29 0,35 Masculino 4,15 0,34

Fases do Ciclo t graus de liberdade p valor (p<0,05)

Folicular 0,79 94 0,4301

Lútea 3,93 94 0,0002

Menstrual 1,61 94 0,1117

Ovulatória 0,89 94 0,3783

Tabela 3. Análise descritiva (média e erro padrão) da percepção da mulher na

pele do homem versus a sua própria pele

Na Tabela 4 foi realizado teste t Student pareado para verificar se existem

diferenças estatísticas de percepção entre as duas peles.

Tabela 4. Teste t Student pareado entre as percepções nas peles masculina e

femininas entre as fases do ciclo menstrual.

Segundo, NAVARRETE-PALACIOS et al., 2003, algumas significâncias

biológicas como a percepção de mulher diferente na pele do homem,

provavelmente, esteja envolvida com a procura do parceiro sexual, a mulher escolhe

o homem dentre vários odores, que suportam essa diferente percepção dependendo

da fase do ciclo em que a mulher se encontra.

No presente estudo demonstrou-se que a percepção na pele do homem é

estatisticamente menor apenas na fase lútea.

Na Tabela 2, a percepção olfativa altera no decorrer nos tempos experimentais e

de acordo com a fase do ciclo. As variáveis que não exerceram influência

estatisticamente significativa no modelo foram retiradas, pois não têm efeito no

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CAPÍTULO 4.

 

127

FATOR GRAUS DE LIBERDADE ESTATÍSTICA F VALOR_P CONCLUSÃO *

Intercepto 1 135,902 <0,0001 Rejeita a hipótese.

Fase 3 4,370 0,0005 Rejeita a hipótese. Tempo 4 38,130 <0,0001 Rejeita a hipótese.

Masculino 1 201,607 <0,0001 Rejeita a hipótese.

IC DE 95% COMPARAÇÃO DIFERENÇA VALOR_P

LI LS CONCLUSÃO *

Lútea e Ovulatória 0,49 0,0137 0,10 0,87 Rejeita a hipótese.

Lútea e Folicular 0,61 0,0022 0,22 0,99 Rejeita a hipótese.

Lútea e Menstrual 0,62 0,0019 0,23 1,00 Rejeita a hipótese.

Folicular e Menstrual 0,01 0,9643 -0,38 0,39 Não rejeita a hipótese

Folicular e Ovulatória -0,12 0,5392 -0,51 0,27 Não rejeita a hipótese

Ovulatória e Menstrual 0,13 0,5115 -0,26 0,52 Não rejeita a hipótese.

Inicial e 1,5 h 1,65 <0,0001 1,16 2,14 Rejeita a hipótese.

Inicial e 3,0 h 3,01 <0,0001 2,43 3,59 Rejeita a hipótese.

Inicial e 4,5 h 3,68 <0,0001 3,03 4,33 Rejeita a hipótese.

Inicial e 6,0 h 4,20 <0,0001 3,49 4,91 Rejeita a hipótese.

1,5 h e 3,0 h 1,36 <0,0001 0,91 1,82 Rejeita a hipótese.

1,5 h e 4,5 h 2,03 <0,0001 1,53 2,53 Rejeita a hipótese.

1,5 h e 6,0 h 2,55 <0,0001 2,01 3,10 Rejeita a hipótese.

3,0 h e 4,5 h 0,67 0,0033 0,22 1,11 Rejeita a hipótese.

3,0 h e 6,0 h 1,19 <0,0001 0,72 1,66 Rejeita a hipótese.

4,5 h e 6,0 h 0,52 0,0195 0,08 0,96 Rejeita a hipótese.

modelo. A análise estatística foi refeita e o resultado do modelo está apresentado na

Tabela 5.

Tabela 5. Efeitos de cada fator significativo ao modelo de intensidade de perfume

(sensibilidade olfativa)

* Nível de Significância: 5% (p<0,05) ** Hipótese: Não há diferenças entre as médias do fator avaliado. ***A rejeição da hipótese apresenta que há diferença significativa entre as médias de cada fator

Segue na Tabela 6, a análise comparativa duas a duas de LSD (mínima diferença

significativa) das fases do ciclo e dos tempos experimentais.

Tabela 6. Estimativas dos parâmetros do modelo

*As marcações em negrito refletem que existem diferenças entre as médias do fator, sendo este

significativo para o modelo.

Legenda: IC - intervalo de confiança; LI – limite inferior; LS – limite superior; p valor < 0,05 ou

95% de intervalo de confiança: efeito significativo. Quando os intervalos de confiança contêm o

zero, a análise comparativa não é significativa.

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CAPÍTULO 4.

 

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Realizando a análise de comparação das variáveis agrupadas duas a duas

(fases do ciclo menstrual e tempos experimentais), conforme apresentado na Tabela

6, observou-se que houve diferenças estatisticamente significativas entre a fase

lútea e as demais fases do ciclo menstrual, pois nas análises comparativas duas a

duas com a fase lútea foi rejeitada a hipótese, ou seja, o p valor foi menor que 0,05.

Em contrapartida, não houve diferença significativa entre as fases folicular,

ovulatória e menstrual na comparação duas a duas, ou seja, foi apresentado p

valores maiores que 0,05 e não foi rejeitado a hipótese de que as médias foram

iguais. Pode-se concluir que a sensibilidade olfativa nas fases ovulatória, folicular e

menstrual foram similares e na fase lútea foi superior em relação às outras fases.

Com referência à interação entre o masculino e fases do ciclo, não foi incluída no

teste LSD, pois a variável masculino é uma covariável (variável que não foi

controlada no modelo como parte do desenho, mas que foi medida e incluída para

reduzir a variabilidade do erro, uma vez que exerce influência considerável na

variável resposta).

Quanto à análise comparativa duas a duas entre os tempos experimentais, foi

verificado que existem diferenças estatisticamente significativas entre todos os

tempos experimentais (inicial, 1,5h, 3,0h, 4,5h e 6,0h), ou seja, a sensibilidade

olfativa diminuiu com o passar do tempo. Pode-se considerar que não existe um

tempo experimental específico que justificaria a ocorrência da diferença entre as

fases do ciclo. Em qualquer tempo experimental que se considere a análise

comparativa entre as fases do ciclo menstrual é significativa, no nível de confiança

de 95%.

Na Figura 16, visualizamos o perfil da intensidade de perfume nas fases do ciclo

menstrual.

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0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

fases do ciclo menstrual

Inte

nsi

dad

e d

e p

erfu

me

(esc

ala

LM

S)

 

Figura 16. Médias da sensibilidade olfativa (percepção da intensidade de perfume) nas fases do

ciclo menstrual

A partir da observação da Figura 16, verifica-se que as médias de intensidade

de perfume (sensibilidade / percepção olfativa) foram maiores na fase lútea em

relação às outras fases. Estes resultados estão concordantes com os citados na

literatura científica, que apresenta os picos de sensibilidade olfativa nas fases

ovulatória e lútea. “As alterações de percepção de odor pela mulher em diferentes

fases do ciclo, com elevação na sensibilidade olfativa na fase ovulatória e na lútea

em relação às outras fases e, também, em relação ao homem” (SCHEMPER et

al.,1981; DOTY et al., 1984; STEVENS; CAIN, 1987, HUMMEL et al., 1991;

LEOPOLD et al., 1991; WEIFFENBACH, 1991). Outro ponto que deve ser

considerado demonstra que, justamente na fase ovulatória, que ocorre o pico de

concentração de estrógeno e na fase lútea o de progesterona, verificou-se que os

hormônios sexuais exerceram influência, principalmente, na percepção do odor.

Este fato pode ser justificado, pois os hormônios sexuais, principalmente o

estrógeno têm receptores no epitélio olfativo, bulbo olfativo e em outras partes

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0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Inicial 1,5h 3,0h 4,5h 6,0h

tempos experimentais

inte

nsi

dad

e d

e p

erfu

me

(esc

ala

LM

S)

relacionadas com o mecanismo do olfato, conforme estudado em várias espécies de

mamíferos (NAVARRETE-PALACIOS et al., 2003b).

Foi reportado que alterações morfológicas no epitélio nasal durante o ciclo

menstrual são semelhantes às alterações que ocorre na vagina no mesmo período,

conforme descrito no item 2 (NAVARRETE-PALACIOS et al., 2003a).

Na Figura 17, foi traçado o perfil da intensidade de perfume em função dos

tempos experimentais.

Figura 17. Efeito das médias da sensibilidade olfativa (percepção da intensidade de perfume) por

tempo experimental

A partir da observação da Figura 17, verificou-se que os valores das médias da

sensibilidade decaíram com o passar do tempo, sendo que nas primeiras horas essa

diminuição foi mais acentuada. Este resultado constatou que a cada 90 minutos de

experimento, ocorreu uma redução significativa da intensidade de perfume, podendo-se

estimar facilmente, por meio de modelos de regressão, a duração do perfume na pele

em função do tempo, conforme citado por GUERRA, 2002. Na Figura 18 apresentam-

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Gráfico de Interação do Tempo com as Fases do Ciclo para as Médias da Sensibilidade Olfativa

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Inicial 1,5h 3,0h 4,5h 6,0h

tempos experimentais

Inte

nsi

dad

e d

e p

erfu

me

(esc

ala

LM

S)

Menstrual Folicular Ovulatória Lútea

se os perfis da intensidade de perfume em cada fase do ciclo menstrual (folicular,

ovulatória, lútea e menstrual) em função dos tempos experimentais (inicial, 1,5 h, 3,0 h,

4,5 h e 6,0 h).

Figura 18. Efeito da interação do tempo entre as fases do ciclo menstrual e as médias da

sensibilidade olfativa (percepção da intensidade de perfume)

Observamos pelos resultados da Figura 18, que a interação entre a fase do ciclo

menstrual e o tempo experimental foi pequena, ou seja, as curvas da sensibilidade

olfativa em relação ao tempo seguiram comportamentos semelhantes em todas as

fases do ciclo menstrual. Constatamos que conforme decorreu o tempo, o efeito nas

fases continuou o mesmo, independente do tempo experimental no qual foi avaliado,

não existiu diferença significativa em determinado tempo experimental e as diferenças

entre as fases do ciclo ocorreram de forma indiferente ao tempo experimental.

Em suma, era esperado que os tempos experimentais fossem estatisticamente

diferentes, pois o decaimento do perfume ao passar do tempo é claramente percebido

pelas julgadoras. Entretanto, este trabalho, apesar de exploratório, demonstrou o

aumento da percepção da mulher na fase lútea, a percepção menor na pele do homem

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CAPÍTULO 4.

 

132

nesta fase, evidencia que a oscilação hormonal realmente altera o olfato da mulher.

Este fato nos chama a atenção, para o desenvolvimento de fragrâncias voltadas para

esta fase do ciclo menstrual, na qual a mulher está mais sensível, e nos instiga a

explorar matérias-primas aromáticas que influenciam no comportamento da mulher ou

até mesmo favoreçam na atração entre os sexos.

6. Conclusões

A oscilação hormonal e os efeitos decorrentes na percepção do odor e nas

alterações fisiológicas (medidas biomecânicas) nos conduziram às seguintes

conclusões:

As diferenças nas medidas biomecânicas: corneometria (p=0,592), TEWL

(p=0,449) e sebumetria (p=0,498) não foram significativas após a aplicação

da fragrância Ciclo® 1910 na pele.

A cada 1,5h, a fragrância aplicada na pele apresentou diferença de

percepção olfativa. Entre os tempos experimentais (inicial, 1,5 h, 3,0 h, 4,5 h

e 6,0 h) houve diferença significativa ao nível de 95% de confiança

(p<0,0001).

A substantividade da composição aromática na pele foi resultante

praticamente da avaliação olfativa, ou seja, da sensibilidade/percepção da

julgadora, influenciada pela oscilação hormonal principalmente na fase

lútea. A fase lútea apresentou maior percepção do perfume do que as

outras fases; versus ovulatória (p<0,05) e versus folicular e menstrual

(p<0,01).

A avaliação da intensidade de perfume aplicado na pele masculina

representou uma variável que exerceu influência estatisticamente

significativa (p<0,001). Provavelmente, os aspectos fisiológicos da pele

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CAPÍTULO 4.

 

133

masculina, que não foram considerados neste estudo, interferiram na

percepção do odor, pois a mulher apresentou percepção menor na pele do

homem na fase lútea (p<0,0002).

Os resultados obtidos foram exploratórios, porém o poder do teste para

n=19 foi de 0,886, considerado elevado para o modelo proposto para a

análise, que nos permitiu, mesmo com um “n” pequeno, observar diferenças

significativas na percepção do olfato. No entanto, recomenda-se um estudo

mais abrangente, com um número de mulheres representativo da

população.

Este trabalho, apesar de exploratório, demonstrou o aumento da percepção

da mulher na fase lútea, e a percepção menor na pele do homem nesta

mesma fase. Chama-nos a atenção para o desenvolvimento de fragrâncias

e nos instiga a explorar matérias-primas aromáticas que influenciem no

comportamento da mulher ou até mesmo favoreçam a atração entre os

sexos.

Referências bibliográficas*

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CAPÍTULO 4.

 

134

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CAPÍTULO 4.

 

138

Anexo 1: escala de avaliação LMS.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nome:

Ordem do teste: 1 2 3

Produto

Substantividade em Pele

Tempo: Inicial

O mais forte possível

Muito Forte

Forte

Moderado

Fraco

Quase não detectável

Perfume

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CAPÍTULO 4.

 

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Anexo 2: Aprovação do CEP do Instituto de Pesquisa Clínica Medcin

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CAPÍTULO 4.

 

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CAPÍTULO 4.

 

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CAPÍTULO 4.

 

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CAPÍTULO 4.

 

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ANEXO 3: Carta de aprovação do CEP da Faculdade de Ciências Farmacêuticas

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CAPÍTULO 4.

 

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ANEXO 4: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do grupo de estudo

Universidade de São Paulo Faculdade de Ciências Farmacêuticas

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Grupo de Estudo)

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU LEGAL RESPONSÁVEL

1. Nome do Paciente:..................................................................................................................

Documento de Identidade Nº :......................................................... Sexo: ( ) M ( ) F

Data de Nascimento:............/............/...........

Endereço:.........................................................................................Nº:....................Apto:...........

Bairro:..............................................................Cidade:.................................................................CEP:..........

.........................................Telefone:............................................................................

2. Responsável Legal:...........................................................................................................................

Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):.............................................................................

Documento de Identidade Nº:....................................................................Sexo: ( )M ( )F

Data de Nascimento:........../........../.............

Endereço:...................................................................................................Nº: ...............Apto:..............

Bairro:...................................Cidade:.....................................CEP:........................Tel:.........................

II – DADOS SOBRE A PESQUISA

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CAPÍTULO 4.

 

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1. Título do Protocolo de Pesquisa: Estudo da Substantividade do Perfume na pele em função do ciclo menstrual

2. Pesquisador:Claudia Silva Cortez Pereira Cargo/Função:Farmacêutica (Analista Sensorial) Inscrição Conselho Regional Nº: 30791

Departamento da FCF/USP: Fármaco e Medicamentos

3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA

Risco Mínimo ( X ) Risco Médio ( ) Risco Baixo ( ) Risco Maior ( )

4. Duração da Pesquisa: 6 meses

III – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:

Você está sendo convidada a participar de uma pesquisa. Pedimos que entenda detalhadamente todas

as etapas e, se concordar, assine este termo de consentimento. Você será previamente examinada pelo

médico ginecologista Dr Mauricio Addor CRM: 10415 e acompanhada durante a realização da pesquisa.

Todas as dúvidas surgidas durante e após o trabalho serão prontamente esclarecidas.

A pesquisa tem por objetivo estudar a duração do perfume na pele em função do ciclo menstrual da

mulher. A voluntária para participar do teste não pode estar tomando pílula anticoncepcional ou outro

medicamento de uso contínuo pelo menos 6 meses e ter ciclo menstrual normal de 28-30 dias. Ao se

dirigir ao Instituto Medcin, Instituto da Pele, endereço: av Dr Carlos de Moraes Barros, 304 – Osasco –

São Paulo, a voluntária não deverá estar utilizando cremes, loções corporais, óleos de banho, colônias e

perfumes nas áreas próximas ao teste. Sua permanência no instituto em cada dia de avaliação será de

9h (das 8 às 17h). O estudo no total durará um mês e você será convidada a retornar ao Instituto 4 vezes

neste período, correspondendo as fases do ciclo de avaliação.

Em cada uma das vezes em que voltar ao instituto serão realizados os seguintes procedimentos:

1º) Avaliação Clínica (medida da temperatura basal e secreção vaginal). Esta etapa será realizada pelo

médico ginecologista Dr Mauricio Addor CRM: 10415 que estará acompanhando todo o estudo, sem ônus

para a voluntária. Esta etapa será realizada apenas uma vez.

2º) Avaliação das características da pele: temperatura, perda de água, hidratação e oleosidade. As

medidas serão realizadas no tempo inicial. Esta etapa será realizada apenas 1 vez pela técnica do

instituto Elaine Primo Freire

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CAPÍTULO 4.

 

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3º) Aplicação de uma pequena quantidade de perfume próximo ao punho (quantidade usual de mercado),

que a voluntária ficará com esta aplicação durante 6h de teste e deverá permanecer no instituto durante

6h. Esta etapa será realizada apenas uma vez. Aplicação do perfume será realizada pela pesquisadora

responsável pelo estudo.

4º) Após a aplicação do perfume e a cada 90 minutos, primeiro será coletado os componentes voláteis do

perfume por meio de um tubo de vidro colocado em cima do local de aplicação do perfume e, na

seqüência, você avaliará o perfume aplicado na sua pele e na pele do pulso de um único voluntário

masculino. Esta etapa será repetida por 5 vezes. A coleta dos componentes voláteis será realizada pela

técnica do instituto Ana Paula dos Santos Gal

A partir dos dados obtidos com esta pesquisa, será possível identificar substâncias no perfume que o

modificam tanto em intensidade e característica, sendo possível substituí-las por substâncias mais

estáveis.

IV – ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA

1. Sua contribuição garantirá à comunidade um produto seguro e eficaz;

2. Conforme legislação em vigor, você não receberá nenhuma quantia em dinheiro, sendo que os gastos com transporte serão ressarcidos;

3. Você poderá se retirar da pesquisa a qualquer instante se assim desejar, ou se necessário, a critério do pesquisador;

4. Se houver qualquer modificação nos seus hábitos, solicitamos que nos comunique para melhor

interpretação dos resultados;

5. Todas as informações obtidas sobre os voluntários serão mantidas em sigilo;

6. Garantimos que qualquer reação adversa provocada pelo produto em teste será acompanhada pelo

médico e/ou especialista responsável pelo projeto e que, se necessário, será fornecida a medicação

adequada, assim como qualquer nova informação que seja relevante você será notificado;

7. Uma via deste termo permanecerá no arquivo do Instituto e a outra de posse do voluntário

V – INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS.

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CAPÍTULO 4.

 

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Todas as matérias primas utilizadas no produto são aprovadas para uso tópico e não são tóxicas.

Entretanto, como qualquer produto, poderá causar reações inesperadas como “vermelhidão”, “inchaço”,

“coceira” e “ardor” nos locais de aplicação do produto;

No caso de coceira intensa ou outros sinais fortes de irritação, comunique imediatamente,

comparecendo ao local de aplicação do teste ou pelo telefone 11- 3760-8289;

Em caso de dúvida ou problema, você poderá entrar em contato diretamente com responsável pela

pesquisa Claudia Silva Cortez Pereira através do telefone 11-3760-8289. Reclamações ou queixas podem

ser feitas diretamente ao Comitê de Ética em Pesquisa no telefone 11-3760-8289.

VI – OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES:

............................................................................................................................................

VII – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi

explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa.

São Paulo, __________ de ________________________ de ___________.

______________________________ __________________________

Assinatura do sujeito de pesquisa Assinatura do pesquisador

ou responsável legal (carimbo ou nome legível)

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CAPÍTULO 4.

 

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ANEXO 5: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do corpo controle

Universidade de São Paulo Faculdade de Ciências Farmacêuticas

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Controle)

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU LEGAL RESPONSÁVEL

2. Nome do Paciente:........................................................................................................................

Documento de Identidade Nº :......................................................... Sexo: ( ) M ( ) F

Data de Nascimento:............/............/...........

Endereço:.........................................................................................Nº:....................Apto:....................

Bairro:..............................................................Cidade:..........................................................................

CEP:...................................................Telefone:....................................................................................

2. Responsável Legal:...........................................................................................................................

Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):.............................................................................

Documento de Identidade Nº:....................................................................Sexo: ( )M ( )F

Data de Nascimento:........../........../.............

Endereço:...................................................................................................Nº: ...............Apto:..............

Bairro:...................................Cidade:.....................................CEP:........................Tel:.........................

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CAPÍTULO 4.

 

150

II – DADOS SOBRE A PESQUISA

5. Título do Protocolo de Pesquisa: Estudo da Substantividade de uma composição aromática na pele em função do ciclo menstrual

6. Pesquisador:Claudia Silva Cortez Pereira Cargo/Função:Farmacêutica (Analista Sensorial) Inscrição Conselho Regional Nº: 30791

Departamento da FCF/USP: Fármacos e Medicamentos

7. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA

Risco Mínimo ( X ) Risco Médio ( ) Risco Baixo ( ) Risco Maior ( )

8. Duração da Pesquisa: 6 meses

III – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:

Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa como controle, pois ocorrem modificações na

característica da pele da mulher em função do ciclo menstrual e para verificarmos essas mudanças

precisamos comparar com a pele do homem. Desta forma, caso aceite participar deste estudo, você

deverá estar disponível para participar do teste todas as vezes que tivermos avaliação das voluntárias em

função do ciclo menstrual. Pedimos que entenda detalhadamente todas as etapas e, se concordar,

assine este termo de consentimento. Todas as dúvidas surgidas durante e após o trabalho serão

prontamente esclarecidas.

A pesquisa tem por objetivo estudar a duração do perfume na pele em função do ciclo menstrual da

mulher. Ao se dirigir ao Instituto Medcin, Instituto da Pele, endereço: av Dr Carlos de Moraes Barros, 304

– Osasco – São Paulo, o voluntário não deverá estar utilizando cremes, loções corporais, óleos de

banho, colônias e perfumes nas áreas próximas ao teste. Sua permanência no instituto no dia da

avaliação será de 9h (das 8 às 17h). Você será convidado a retornar ao Instituto várias vezes neste

período, correspondendo as fases do ciclo de avaliação de cada voluntária participante.

Em cada uma das vezes em que voltar ao instituto, serão realizados os seguintes procedimentos:

1º) Aplicação de uma pequena quantidade de perfume próximo ao punho (quantidade usual de mercado)

que ficará com esta aplicação durante 6h de teste e deverá permanecer no instituto durante 6h. Esta

etapa será realizada apenas uma vez. Aplicação do perfume será realizada pela pesquisadora

responsável pelo estudo.

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CAPÍTULO 4.

 

151

2º) Logo após a aplicação do perfume e a cada 90 minutos, 1º será coletado os componentes voláteis do

perfume por meio de um tubo de vidro colocado em cima do local de aplicação do perfume, na

seqüência, as voluntárias avaliarão o perfume aplicado na sua pele, seguindo as instruções e orientações

realizadas anteriormente. Esta etapa será repetida por 5 vezes. A coleta dos componentes voláteis será

realizada pela técnica do instituto Ana Paula dos Santos Freire e apenas na primeira visita ao instituto.

A partir dos dados obtidos com esta pesquisa, será possível identificar substâncias no perfume que o

modificam tanto em intensidade e característica, sendo possível substituí-las por substâncias mais

estáveis.

IV – ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA

8. Sua contribuição garantirá à comunidade um produto seguro e eficaz;

9. Conforme legislação em vigor, você não receberá nenhuma quantia em dinheiro, sendo que os gastos com transporte serão ressarcidos;

10. Você poderá se retirar da pesquisa a qualquer instante se assim desejar, ou se necessário, a critério do pesquisador;

11. Se houver qualquer modificação nos seus hábitos, solicitamos que nos comunique para melhor

interpretação dos resultados;

12. Todas as informações obtidas sobre os voluntários serão mantidas em sigilo;

13. Garantimos que qualquer reação adversa provocada pelo produto em teste será acompanhada pelo

médico e/ou especialista responsável pelo projeto e que, se necessário, será fornecida a medicação

adequada, assim como qualquer nova informação que seja relevante você será notificado;

14. Uma via deste termo permanecerá no arquivo do Instituto e a outra de posse do voluntário

V – INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS.

Page 65: Capítulo 4 ESTUDO DA SUBSTANTIVIDADE DE UMA …€¦ · confiáveis em performance. A preocupação em se ter um perfume duradouro, principalmente na pele da mulher, direciona as

CAPÍTULO 4.

 

152

Todas as matérias primas utilizadas no produto são aprovadas para uso tópico e não são tóxicas.

Entretanto, como qualquer produto, poderá causar reações inesperadas como “vermelhidão”, “inchaço”,

“coceira” e “ardor” nos locais de aplicação do produto;

No caso de coceira intensa ou outros sinais fortes de irritação, comunique imediatamente,

comparecendo ao local de aplicação do teste ou pelo telefone 11- 3760-8289;

Em caso de dúvida ou problema, você poderá entrar em contato diretamente com o responsável pela

pesquisa Claudia Silva Cortez Pereira através do telefone 11-3760-8289. Reclamações ou queixas podem

ser feitas diretamente ao Comitê de Ética em Pesquisa no telefone 11-3760-8289.

VI – OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES:

............................................................................................................................................................

VII – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi

explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa.

São Paulo, __________ de ________________________ de ___________.

________________________ ____________________________

Assinatura do sujeito de pesquisa Assinatura do pesquisador

ou responsável legal (carimbo ou nome legível)