CAPÍTULO 08 TÉCNICA TRÊS QUEIMAS€¦ · CAPÍTULO 08 Rodrigo Bicalho Toda técnica nasce depois...
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CAPÍTULO 08
Rodrigo Bicalho
Toda técnica nasce depois de se ter aprendido uma outra téc-
nica ou a técnica surge da união de outras técnicas. Mas com
o objetivo de agregar e simplificar sem perder qualidade. Não
foi diferente com a técnica das três queimas. Ela nasceu há
muito tempo atrás quando eu ainda não sabia nada de pró-
tese, e dava os primeiros passos com o meu mestre Paulo
Kano, entre 2010 e 2011. Nesta época, o Paulo oferecia um
curso extensivo para proprietários de laboratório, onde mos-
trava um fluxo de trabalho e neste fluxo a técnica de pintura
era usada em uma linha de produção, feita por algum fun-
cionário qualificado e treinado para a função. O resultado da
técnica do Paulo Kano é fantástico, impressiona quem vê, não
perdendo nada para um caso estratificado com várias quei-
mas, às vezes 7 ou 9 queimas de pintura e mais 3 queimas
de glaze. Porém, eu era um dos poucos dentistas na turma
que tinha um modesto laboratório e vivia da parte clínica. A
maioria dos colegas tinham laboratórios comerciais de gran-
de proporção, o que justificava e muito a proposta do work
flow do curso. Mas na minha mente ficou uma grande dúvida
e pergunta: seria possível simplificar isso?
Realmente no início não tive como fugir disso, fazia muitas quei-
mas e o resultado era fantástico, mas não estava feliz, trabalha
muito como dentista e ainda não tinha uma equipe completa la-
boratorial para me ajudar. Eu mesmo tinha que executar os ca-
sos mais estéticos e personalizados. Poderia treinar uma equipe,
TÉCNICA TRÊS QUEIMAS O projeto, a forma e a cor
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
003
mas pelo fato de morar no interior, não tinha vo-
lume para bancar uma equipe especializada. Eu
era uma espécie de “faz tudo”, como se fosse um
jogador de futebol que batesse o escanteio e cor-
resse para a área para cabecear. Depois, com o
tempo, consegui montar uma equipe e o laborató-
rio hoje flui sozinho.
Mas voltando à técnica, foi no meio a essas dificul-
dades que tive que buscar soluções, fazendo às
vezes poucas queimas para conseguir dar conta
do volume de serviço. E com o tempo fui aperfei-
çoando a técnica. O grande salto foi quando ad-
quiri o meu primeiro sistema CAD/CAM. Um Cerec
BlueCam (Sirona) in Lab, diga-se de passagem
que fizemos uma compra coletiva, 10 equipamen-
tos ao mesmo tempo. Na época a Sirona tinha
poucos usuários e poucas vendas. Juntamente
com o laboratório Clelio de BH, somos as primei-
ras máquinas vendidas diretamente pela Sirona
em Minas Gerais. Já existiam algumas máquinas,
mas vendidas por outros representantes. Aí veio a
curva de aprendizado, muita coisa para assimilar
ao mesmo tempo. No começo fazia tudo fresado
e estratificava depois. Mais tempo perdido. Com o
tempo percebi que era possível fresar os dentes
já no formato anatômico e dar acabamento e pin-
tura. Com a prática as pinturas foram melhorando,
reduzindo a quantidade de queimas de 11 para 3.
Outros nomes foram importantes, como Dieter
Gruber, Oliver Brix e Murilo Calgaro, agregando
experiências e formas de pensar à minha técnica.
Passaram-se seis anos, e hoje a técnica das três
queimas está consolidada. De uma simples forma
de pintura agora está integrada a um work flow
de trabalho, onde me dedico a aprimorar a técni-
ca, todos os dias, através de três passos: projeto,
forma e cor. E neste capitulo tentarei descrevê-la
da melhor forma possível. Atualmente como den-
tista sou quase 100% CAD/CAM, exceto alguns
tipos de protocolos e próteses removíveis. Mas o
meu laboratório só agora está entrando nesta era
digital, mudando da metalocerâmica para o CAD/
CAM. Mas ainda será um longo caminho, pois a
demanda por metalocerâmica está ligada ao que
o profissional (dentista) apreendeu e domina e,
muitas vezes, a realidade é que no interior do
Brasil, os dentistas ainda não se aprimoraram.
O PROJETO - A FORMA - A COR
O PROJETO E SEUS DESAFIOS
O sistema CAD/CAM vem revolucionando a mi-
nha forma de trabalhar e de muitos outros den-
tistas e técnicos em prótese dentária também na
fase de projeto. Está mudando a forma de fazer o
projeto, onde a busca da excelência passou por
novos desafios agregados com novas descober-
tas. É também um longo caminho de aprendiza-
do. As novas ferramentas de trabalho mudaram
a maneira de se fazer o processo de confec-
ção dos trabalhos protéticos desde o início, lá
no projeto, que é a execução do planejamento
estético. Existe uma curva de aprendizado mui-
to importante para dominar o sistema como um
UM UNIVERSO EM HARMONIA
004
01. A,B Fazer uma sequência de fotografia para fazer uma boa avaliação. Foto de face, de perfil, do sorriso sem afastador e com o uso de afastador.
A
B
todo, principalmente nessa primeira
etapa, e transferir para o programa
todas aquelas informações valiosas
das características de cada pacien-
te. Mas, antes de falar sobre o proje-
to do planejamento estético, existem
considerações importantes. Acredito
que saber ouvir o paciente é uma das
mais importantes tarefas, pedir opi-
nião a ele também de qual formato
de dente e o que realmente incomo-
da no seu sorriso. O que gostaria de
melhorar. Depois fazer uma análise
criteriosa do sorriso e da função, ob-
servar se existe algum desgaste da
guia canina e dos dentes posteriores
para definir um planejamento reabi-
litador ou não. Não basta, apenas,
ter conhecimento de forma; tem que
ter essas informações valiosas para
fazer qualquer tratamento. E estar
bem documentado com fotografias
de qualidade (Figuras 01A,B).
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
005
E é nessa parte do planejamento estético e de
projeto que a Odontologia Digital evolui a cada
ano; é impressionante a quantidade de opções
que existe, atualmente, de equipamentos e de
possibilidades. Podemos citar também que os
materiais também evoluíram e estão muito melho-
res, oferecendo excelentes possibilidades estéti-
cas e resultados fantásticos, tanto os blocos mo-
nolíticos como os blocos de multicamadas, nos
fazendo refletir se realmente precisamos estrati-
ficar um caso. São tantas as opções de blocos
que basta saber usar o material correto e conhe-
cer os desafios em cada etapa para atingir o ob-
jetivo. Esses desafios não param de estabelecer
uma harmonia bucal com as características des-
tes materiais. O projeto digital deve integrar tudo
isso: volume necessário para o material, forma,
tamanho e posição dentária final. Mas todos os
sistemas CAD/CAM ainda apresentam limitações
neste aspecto visto que eles não entregam 100%
do que foi planejado digitalmente e a correta po-
sição dentária depende de uma análise prévia
na boca. O resultado final ainda depende muito
da experiência do clínico e/ou ceramista com co-
nhecimento profundo da forma, função e textu-
ra superficial dos dentes. Porém, recentemente,
descobri uma forma de ajudar ao programa para
elaborar melhor uma proposta. Gurel7, em 2013,
citou que, por enquanto, os programas CAD/
CAM não conseguem criar novos sorrisos natu-
rais na zona estética, dependendo da habilidade
de cada usuário para melhorar o resultado. Pior
quando a escolha é por restaurações monolíti-
cas, que são usinadas no consultório. Observa-
-se que, com a evolução dos programas e com
a versatilidade de usuários mais habilidosos e
experientes no assunto, esse desafio está sendo
vencido, utilizando os próprios recursos do siste-
ma CAD. Observo quanto melhor fica o projeto di-
gital estético e, ao criar uma tática de edição des-
te projeto, melhor será a proposta do programa
oferecida em relação ao projeto estético inicial.
Alguns programas digitais estão surgindo para
ajudar a fornecer para as máquinas projetos
mais bem elaborados, que recebem as imagens
através de um arquivo STL, que pode ser editá-
vel dentro destes novos programas e depois de
pronto poder ser impresso em forma de modelo
pelas impressoras 3D a fim de fazer testes e mo-
ck-up na boca. Com a vantagem de que alguns
programas têm bancos de dados de dentes natu-
rais. Estamos na fase de explosão de ideias com
muitas opções. Algumas muito boas e outras,
apesar de serem excelentes, pecam um pouco
na aplicabilidade diária, como logística e custo.
A proposta deste capítulo é demonstrar alguns
caminhos que podem ser seguidos pelos dentis-
tas que queiram fazer seu trabalho sozinho ou em
parceria com os laboratórios, sempre em busca
da excelência no resultado com naturalidade de
forma nos resultados mesmo usando restaura-
ções monolíticas fresadas.
Pelo que foi discutido em grupos de estudo, aqui
no Brasil temos alguns caminhos para se chegar
UM UNIVERSO EM HARMONIA
006
a um resultado mais previsível e natural do que só
usando o projeto encerado, que será citado abai-
xo, mas antes temos que descrever como anda o
sistema CAD/CAM que uso.
No caso do CEREC (Sirona), esse sistema tem
evoluído constantemente, como o programa
biogenérico individual, que consegue formar
uma estrutura ausente a partir de outra que
se apresenta intacta, sendo excelente para os
dentes posteriores. Nos dentes anteriores, de-
pende da presença de algum dente contralate-
ral intacto para servir de referência (referência
biogenérica ou biogenérico individual). Para
casos mais complexos na região anterior, as
propostas apresentadas não são tão boas. Mas
depois de entender como funcionam seus loga-
ritmos, conseguirmos sim entregar para a fre-
sagem uma proposta excelente. Umas destas
formas de se conseguir um resultado melhor
seria usar a cópia biogenérica, de um projeto
predeterminado aprovado anteriormente pelo
paciente, e saber editá-lo. Neste momento é
que precisamos definir que tipo de projeto de-
sejamos enviar para a máquina. Ela executa o
que você entrega. Se entregar um projeto ruim,
fica mais difícil editá-lo. O programa precisa
de orientação espacial e de forma para poder
apresentar um resultado que atenda às exi-
gências dos pacientes. E a melhor forma se-
ria executar um projeto mais natural possível.
Como assim natural? Natural seria, literalmente,
pegar todas as características dos dentes na-
turais. E transportá-las para a máquina do jeito
que foi aprovado pelo paciente ou fazer tudo
digitalmente e imprimir um modelo para que
o paciente aprove o tratamento. Esse projeto
digital deve poder ser usado como cópia bio-
genérica na execução do caso. Mesmo usan-
do a cópia biogenérica, às vezes a máquina
apresenta dificuldades para casar as imagens,
principalmente usando a versão do Cerec 4.4
(chairside), pois ele não consegue montar cor-
retamente a proposta oferecida. Uma opção
neste tipo de situação é começar sempre pelos
dentes da ponta (os que estão mais na lateral
do tratamento proposto), pois assim a máquina
conseguir calcular melhor a proposta, pois terá
uma referência de algum dente natural da boca
que não entrou no projeto.
02. A,B Será demonstrado abaixo no capítulo a sequência, mas para ilustrar o projeto executado. Seguiu a forma exata do modelo original, fazendo facetas de resina flow e adaptadas no modelo do paciente. Uma variação da técnica do Skyn desenvolvida pelo Paulo Kano.
A B
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
007
Mas o que é esse projeto? Projeto ou planejamento
é tudo o que podemos fazer com antecedência e
bem pensado dentro de normas concebidas como
ideais. Antes tínhamos como forma de planejamen-
to estético e/ou funcional somente o enceramento.
Funciona muito bem, mas tenho percebido que, se
não tomar muito cuidado, os casos clínicos ficam
com o mesmo aspecto, a mesma assinatura em to-
dos os casos por quem executou o planejamento.
Pois temos sempre uma ou duas formas em men-
te. Percebo isso no meu laboratório; tenho um fun-
cionário responsável pela parte de planejamento,
encera muito bem, mas a forma sempre fica muito
parecida. Às vezes tenho que dar um toque no en-
ceramento para tentar mudar um pouco. E às vezes
mudamos tanto que o paciente estranha a forma
executada durante o mock-up e o resultado final.
Muitas vezes tentamos melhorar o que foi encerado,
mas pode criar um estresse entre as partes (quem
está executando o tratamento e quem está rece-
bendo). Às vezes esse estresse pode ser favorável
e o cliente gostar mais do resultado final do que do
mock-up. É o que vejo na maioria dos casos. Mas
a possibilidade do cliente não gostar da forma final
é possível, e em algumas situações acontece, tor-
nando o resultado indesejado, e o estresse entre as
partes aumenta; acaba-se tendo que trocar alguns
dentes do trabalho, podendo levar a algum prejuízo
para o dentista e/ou laboratório.
Acredito que, ao usar o enceramento, deve-se fa-
zê-lo da melhor forma possível; esse enceramen-
to deve ser aprovado no início pelo paciente e a
execução deve seguir à risca o que foi planejado.
Conheço excelentes laboratórios que fazem um
fantástico projeto encerado; já outros se perdem
um pouco na qualidade, na forma e na naturali-
dade. Usamos ainda muito o enceramento para
guia cirúrgico e para casos de reabilitação mon-
tados em articulador (Figuras 03A,B).
A B
03. A,B Exemplo de uso das técnicas de enceramento para guia cirúrgico. Posicionando na boca com resina bisacrílica 3M cor A1 e muralha feita com a base do silicone de adição Silagum (DMG); depois da presa inicial, inicia-se o acabamento dos excessos com lâmina de bisturi. E serve de guia para o início da cirurgia.
UM UNIVERSO EM HARMONIA
008
Na minha vivência diária, durante a execução
dos projetos, às vezes nos perdemos no cami-
nho, algum detalhe passa despercebido, e o re-
sultado fica diferente, causando uma certa frus-
tração. Com a chegada do sistema CAD/CAM,
temos a possibilidade de executar esse projeto
seguindo à risca o que foi planejado através da
cópia biogenérica quando usamos o In Lab, por
exemplo, do sistema CEREC In Lab 4.2.5 ou In
Lab 15 laboratorial como no Ineos X5 (sistema
de laboratórios).
Para exemplificar melhor, esse projeto aprovado
pelo paciente começa no planejamento digital
2D e depois se transforma em um projeto digital
3D. Dentro desse programa 2D, que vai ser usa-
do para executar o planejamento estético, temos
algumas opções. Tenho mais costume de usar o
DSD usando o Keynote (Figuras 04A,B) e agora
um programa chamado de Smile Design Pro, que
na verdade é um DSD (Figuras 05A,B), mais inte-
rativo e inteligente de se usar, reduzindo o tempo
de execução dos projetos; ele apresenta alguns
desenhos de dentes naturais e dos modelos do
Hajto. Mas ainda não faz o projeto 3D, tendo que
ser executado de forma analógica ou digital. Está
surgindo uma versão digital do programa para
o DSD (App DSD) com previsão de ser lançada
ainda no Brasil em 2017.
Se o objetivo final é ter trabalhos projetados com
aspecto de dentes naturais (Figuras 05C-G), o
ideal é ter uma cópia dos dentes naturais, seja de
um banco de dados digitais ou de um banco de
dados analógicos, para que esse banco de dados
de dentes naturais possa ser copiado. Até nesta
edição inicial do projeto deve-se ter esse cuida-
do. Criar um caminho fiel, que agrade ao paciente
do início ao fim. Uso essas informações no projeto
inicial para construir o projeto 3D (Figuras 06A-F).
A
B
04. A,B Planejamento digital: imagens que orientam primeiro a parte estética usando o DSD.
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
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05. A-G Planejamento digital usando o Programa Smile Designer Pro (A,B). Casos com resultado estético na-tural, onde os pacientes ficaram satisfeitos com o resultado alcançado, superando suas expectativas. Observe a riqueza de detalhes em ângulos variados e algumas diferentes formas de dentes (C-G).
A B
C
D
UM UNIVERSO EM HARMONIA
010
E
F
G
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
011
Existem vários caminhos que têm como objetivo atin-
gir um grau de resultado previsível como o inicial. (*)
Esse projeto 3D precisa ser aprovado pelo pacien-
te, através de um mock-up que pode ser corrigido,
caso o paciente desagrade de algum detalhe.
O projeto 3D pode ser feito de diversas maneiras:
� enceramento (depende muito da mão de quem
faz; quanto mais experiente, atento e habilidoso
for o profissional, melhor será o resultado, não
podendo ser considerado uma forma padrão
para todos os usuários), vai depender muito do
laboratório que executa. Ainda é a versão mais
difundida nos laboratórios e em algumas clíni-
cas que têm laboratórios próprios.
� planejamento digital com impressão de mode-
los, método mais recente (depende também de
quem executa o desenho no programa, além da
qualidade da impressão quando se imprime o
modelo 3D; existem impressoras boas e outras
nem tanto e, somando-se a isso, a logística de
entrega. Tem que criar um bom vínculo com
quem vai se trabalhar para diminuir esta lacu-
na na entrega do projeto). Cada sistema tem
seu programa especifico de edição de projeto.
Nesse capítulo será mostrado um modo de fazer
enceramento digital usando apenas o In lab 16.
� outra forma utilizada é começar a fazer um
projeto natural analógico e depois ele se tor-
na um projeto digital como demonstrado nes-
te caso (Figuras 06A-F a 07A-D).
Por ser um caso mais simples, feito por etapas, foi
usado o programa Cerec 4.4 (chairside) para rea-
bilitar a região anterossuperior, sempre dentro da
proposta de criar uma referência de forma do início
ao fim. Foi confeccionado o modelo com as carac-
terísticas do projeto. Esse modelo é uma cópia da
boca do paciente com facetas de resina flow adap-
tadas sobre ele com todas as informações neces-
sárias para realizar este caso. Em muitos casos o
mock-up não adapta perfeitamente, pois tinha den-
tes vestibularizados. Isso deve ser explicado ao
paciente. Mas o objetivo é avaliar a forma, se o pa-
ciente realmente gostou. Enquanto o paciente não
aprovar o mock-up, não se deve prosseguir.
Aprovado o projeto e acertado o tratamento, po-
dem ser executados os preparos e fazer o esca-
neamento dos preparos e do modelo do projeto,
que vai ser a referência final do caso. Depois
de editado, tem um resultado muito próximo do
original; depois de fresado, precisa-se de muito
pouco na fase de acabamento. Leves texturas
e linha de brilho. Considerando esse como um
programa com nível difícil de edição de cópia
biogenérica sendo que, ao se trabalhar uma tá-
tica de edição de projeto, o resultado fica muito
melhor, precisando só de textura. Para os usu-
ários Charside, com a chegada do 4.5 vai ser
muito mais fácil seguir essa sequência e atingir
excelentes resultados, sem precisar fazer muito
acabamento. Para os usuários de laboratórios e
em clínicas com o In lab 15 ou 16, esse progra-
ma já tem uma boa edição de projetos.
UM UNIVERSO EM HARMONIA
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06. A-F Como se percebe neste caso, a paciente tinha os dentes muito estragados e tratados anteriormente. Assim, precisava de uma forma melhor. Foi sugerida uma nova forma de dentes seguindo o desenho de um banco de dados analógico, sendo a forma de um modelo do Hajto que foi usado como referência no projeto 3D.
Depois de fresadas as facetas, a parte de aca-
bamento se torna simples já que toda a forma
já foi definida antes. Preconizo um modelo de
gesso ou impresso para aferir a forma final de
todos os dentes alinhados no modelo para não
fugir do projeto original (Figuras 07A,B). Para
conferir a adaptação, tem que remover a gen-
giva interna do gesso.
A
C
E
B
D
F
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C D
07. A-D Projeto definitivo no modelo de gesso; serve de modelo para mock-up na boca (A,B). Fase de projeto, edição no programa cerrei 4.4.3. É possível, sim, fazer bons projetos no Cerec 4.4 (C,D).
A
B
014
UM UNIVERSO EM HARMONIA
08. A-D Caso finalizado, pronto para ir para a boca. Foram usados neste caso blocos de IPS e-max CAD Value 2 maquiados na técnica das três queimas (A,B). Resultado da busca pela forma natural (C,D).
A B
C
D
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015
Um resumo do tratamento pode ser observado
nas figuras 09A-D; observa-se previsibilidade na
execução do tratamento, evitando estresse entre
a equipe que executa o projeto e o paciente des-
de que esse projeto tenha sido aprovado por ele
na fase de mock-up.
09. A-D Resumo do passo a passo do tratamento após concluir o planejamento estético e todas as informações foram passadas para o projeto 3D, que se torna previsível e esteticamente agradável pois foi feita a cópia da forma natural do dente em todos os seus detalhes.
A
B C
D
UM UNIVERSO EM HARMONIA
016
Quando o caso é mais complexo, o enceramento
ainda é muito bem-vindo para aferir a oclusão e
desoclusão, sendo o caso montado em articulador
(Figuras 10A-E).
Mas é possível fazer isso digitalmente desde
que se passe as informações corretas para
o programa fazer o enceramento digitalmen-
te. A primeira informação seria um registro de
mordida confiável já com a nova dimensão de
oclusão, além da correta posição dos caninos
já corrigidos para servir de suporte de máxi-
ma intercuspidação. Outra informação valiosa
seria já passar para o escaneamento digital o
tamanho dos incisivos centrais. Isso ajuda na
proposta estética do paciente em virtude de
nenhum programa ter um senso estético. Preci-
sa de informação para ser editado.
A
C D
E
B
10. A-E Fotos iniciais de um caso mais complexo, envolvendo estética e função. Planejamento digital 2D feito usando o DSD no Keynote. As informações serviram para realizar a cirurgia de correção gengival. Outras fotos são importantes, como foto de perfil e com afastador para ver o nível de desgaste dos dentes. Paciente perdeu todas as guias e está com bruxismo avançado (A,B). Imagens pós-cirurgia: com orientação para o planejamento digital, tamanho e alinhamento dos centrais e definindo a dimensão ideal de oclusão para depois fazer uma prova na boca. Assim foi escaneada a boca do paciente: arco superior, inferior e vestibular (registro de mordida) (C-E).
017
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
Após a cirurgia, foram reconstruídas as guias caninas e os dois centrais superiores
para servir de referência para o enceramento digital. O programa usado para digitali-
zar as imagens foi o CEREC Connect. E essas imagens foram enviadas para o labora-
tório cadastrado fazer o enceramento digital.
O laboratório que ficou encarregado de executar o enceramento foi o Coterc (Tel-
mo Rodrigues, Belo Horizonte), onde foi feito todo o processo digitalmente e, de-
pois de pronto, o modelo foi impresso através de uma impressora 3D (Bego).
O mesmo ocorre com o modelo inferior, que vai precisar de alguns desgastes
para a muralha do mock-up encaixar. Depois de mapeadas as áreas diferentes,
faz-se o desgaste e o mock-up encaixa melhor.
11. A-C Print da tela do Cerec Conect preparando para escanear e enviar as imagens 3D.
A B
C
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UM UNIVERSO EM HARMONIA
A B
C
D
12. A-D Modelos superior e inferior escaneados (A,B). Boca articulada, referência para o enceramento digital (C,D).
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
019
13. A-F Boca digitalizada e o projeto sendo executado digitalmente. Programa in lab 16. (Consegue também com o In Lab 15) (A,B). Detalhes do projeto executado: os acréscimos na forma estão em cinza. Como foi feita uma exportação em STL para dentro do In Lab, a cor está diferente do escaneamento da Omnicam (C,D). Modelo inferior encerado digitalmente pronto para ser exportado (E,F).
A
C
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UM UNIVERSO EM HARMONIA
A
B
C
14. A-C Modelo superior encerado pronto para imprimir (A). Modelos ocluídos no programa digitalmente (B). Ajustando a oclusão dos modelos superior com o inferior (C).
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A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
Depois de prontos os projetos, eles são exportados para uma impressora 3D
(Figuras 15A-D). Foi quando recebi os modelos impressos para serem usados
como uma prova. Ele vai ser usado de duas maneiras: para testar a oclusão pro-
visoriamente nos posteriores e servir de cópia biogenérica para os preparos. É
possível aferir toda a oclusão dos dentes digitalmente.
15. A-D Modelo inferior encerado digitalmente em detalhes (A,B). Modelo superior encerado digitalmente em detalhes pronto para exportar para a impressora 3D (C,D).
A B
C
D
UM UNIVERSO EM HARMONIA
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Os modelos foram usados logo que chegaram (Figuras 16A-G). Agora é só iniciar os preparos
e usar essa forma como provisório e testar a oclusão.
16. A-G Modelos impressos ocluídos (A-C). Modelos impressos superior e inferior (D-F). Modelo inferior (G).
A
D
F G
E
B C
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Para ter aprovação final do tratamento, o primei-
ro mock-up foi feito sem preparo (Figura 17A-C);
como tinha áreas retentivas, como mostrado nas
figuras 13D,E, não encaixou ainda totalmente.
Somente depois de aprovado o mock-up é que
podemos realmente preparar os dentes, esca-
near e fazer um novo jogo de provisórios.
Este caso será apresentado no congresso e, por
motivo de tempo, não houve tempo hábil de ter-
miná-lo a tempo para a publicação.
Outro programa que está sendo discutido é o
Nemo, que tem a possibilidade de executar pro-
jetos 3D e com ótimo banco de dados de dentes
naturais. Primeiro faz-se o escaneamento no Ce-
rec e salva em .lab (um formato compatível com
o inLab (inLab 15 ou inLab 16 para programas
de laboratório da Dentsply Sirona). Abre esse ar-
quivo no inLab e exporta em outro formato, .stl
para outro programa; o Nemo salva esse pro-
jeto em .stl no Nemo e assim é possível editar
os modelos podendo imprimir o projeto em uma
impressora 3D.
Outra possibilidade seria exportar o projeto de
volta para o inLab 15 ou inLab 16 e para servir de
biocópia quando os dentes já tiverem sido prepa-
rados. Acredita-se que se mantém mais detalhes
de texturas assim.
A
B
C
17. A-C Prova do mock-up feito do modelo impresso.
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A
B
C
18. A-C Programa Nemo na edição do modelo e caindo com a foto da boca da paciente. Possibilidade de im-primir (A,B). Mostrando a integração de um caso com a boca de uma paciente (Caso cedido pelo Dr. Ronaldo Figueira, só para demonstrar o Nemo no texto) (C).
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
025
Infelizmente o valor cobrado por ele ainda é bem
alto, além de cobrar uma anuidade para fazer
sua utilização, mas para quem tem muito volume
de casos estéticos torna-se viável adquiri-lo. No
quadro abaixo se pode ver um resumo de algu-
mas possibilidades de projeto hoje em dia.
Outra possibilidade seria usar a própria forma
dos dentes do paciente em casos que ele gosta
dos mesmos e precisa fazer alguma mudança,
como aumentar de tamanho, fechar diastemas
ou mascarar uma cor escura. No caso abaixo
não foi diferente: a paciente gostava dos seus
dentes mas o que a incomodava era os dias-
temas e, pelo fato dos dentes serem curtos, foi
feito o planejamento inicial, usando tanto o DSD
quanto o Smile Designer Pro. Foi feita uma pla-
ca para a paciente clarear e, paralelamente, fi-
zemos seu planejamento digital. Ela aprovou o
projeto 2D e foi realizada a correção na gengiva
a frio (usando lâmina de bisturi); esperamos 60
dias para uma nova moldagem e conferir como
ficou o resultado do clareamento - ficou muito
bom, quase não precisava mais nada. Mas ela
queria os dentes um pouco maiores e que os
diastemas fossem fechados (Figuras 19C,D).
O projeto neste caso foi feito usando a forma dos
próprios dentes da paciente: primeiro pegou-se o
modelo de gesso pós-cirurgia e aumentou-se um
pouco nas incisais dos dentes gastos; corrigiu-se a
forma com cera, fez-se o fechamento dos diastemas
e o alinhamento incisal. Depois dessa boca corrigi-
da com pequenas correções com cera foi feita uma
moldagem com silicone e feita uma cópia da forma
fabricando finas facetas de resina flow que foram
adaptadas em outro modelo de gesso da paciente,
melhorando o posicionamento dos dentes.
No dia do mock-up final, a faceta estava tão fina
que fraturava na hora de remover a muralha de
silicone. O desafio era muito grande, pois era
um dos casos mais desafiadores que fiz visto
que o resultado do clareamento já estava ótimo,
MÉTODO CHARSIDE INLAB VANTAGENS DESAVANTAGENS INDICAÇÃO
Enceramento Indicado Indicado Melhor resultado para os experts
Para os iniciantes, não é uma técnica reprodutível
Todos os casos, a priori reabilitações
Skyn Indicado Indicado, exporta para o inLab
Forma natural dos dentes
Stress para fazer em boca. Mais casos estéticos
Uso em casos meno-res. Dois ou um dente. Fica muito prático
Skyns no modelo Indicado Indicado, exporta para o inLab
Forma natural dos dentes. Melhora fluxo de trabalho precisível
Tem que ter um modelo analógico
Casos estéticos anteriores
Enceramento digital Não indicado Indicado, exporta Forma natural, pode imprimir
custo alto (programas) Casos complexos e casos estéticos
UM UNIVERSO EM HARMONIA
026
e assumi a responsabilidade de tentar deixar
melhor. Muitos dentistas preferem fazer um caso
como esse com facetas de porcelana em refra-
tário, pois não acreditam no resultado estético
que se pode conseguir com blocos fresados.
Foi feito o escaneamento selecionando a cópia
biogenérica na área administrativa do programa
Cerec 4.4.3 usando uma Omnicam AC (Dents-
play Sirona). Como o caso era pequeno, optei por
fazer 100% chairside.
19. A-G Projeto digital, sendo o DSD e o Smile Designer Pro, respectivamente (A,B). Observa-se com detalhes como respondeu bem ao clareamento, mas também observa-se as facetas de desgaste nos caninos e começando em alguns dentes posteriores. As guias canina e in-cisiva devem ser restabelecidas (C,D). Modelo que foi usado para fazer a colagem das facetas de resina nesse caso. Percebe-se que algumas partes da cera não foram removidas da face palatina com áreas de desgaste (E-G).
A
C
F
E
D
G
B
027
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
20. A-C Mock-up posicionado na boca; após aprovação pela paciente, iniciamos os preparos sobre o mock-up, preparos seletivos, pois na maioria das áreas foi acréscimo. Todo o preparo foi ao nível de esmalte, onde nem se anestesiou a paciente. Foi colocado fio afastador 000 (Ultrapack) para realizar o escaneamento (A). Nota-se o pouco desgaste, um desafio para fazer preparos para CAD/CAM, onde os mesmos têm que ter um desenho mais arredon-dado, tipo “capô de fusca”, removendo todos os ângulos internos, o que facilita a adaptação pós-fresagem (B,C).
A
B
C
028
UM UNIVERSO EM HARMONIA
A
C
B
D
E
21. A-E Área administrativa selecionando o material e como será feito os dentes. Na próxima figura mostra as ima-gens casadas (A,B). Edição dos dentes e, na segunda imagem, o projeto pronto para a fresagem; detalhe que jamais fiz um dente assim e toda a informação veio da própria genética da paciente (C,D). Caso como este, onde o desafio foi imenso, fresar com 0,3 mm feldspática teve alguns problemas, como algumas fraturas de bordo em três blocos (IPS Empress CAD multi BL1- Ivoclar Vivadent); sabia que não era indicado fresar tão fino com esse material, mas conseguia na minha fresadora depois de calibrar os motores e não fraturava mais. Mudei o projeto para dissilicato de lítio nos incisivos laterais e no canino por falta de material (IPS e-max CAD Opal 1- Ivoclar Vivadent). Detalhe do espessamento do bordo para tentar preservar sua integridade durante a fresagem (E).
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
029
O PROJETO - A FORMA - A COR
A FORMA talvez seja a fase mais importante que
a cor. Neste work flow de trabalho, me dedico tan-
to a ela na fase de projeto que essa forma para
ser trabalhada após a fresagem é muito pouco
ou quase nada, pois o dente já sai praticamente
pronto após a fresagem. Mas para isso o projeto
inicial tem que estar praticamente perfeito, e saber
fazer um acabamento mais refinado neste projeto,
valorizando a forma. Prezo pela forma natural dos
dentes, procuro imitá-la. Não faço mais a mão li-
vre; apesar de ter certa habilidade, tendemos para
fazer formas já preconcebidas na nossa mente.
A maioria dos laboratórios fresa em cera, em di-
ferentes equipamentos CAM, pois este material
tem fiabilidade, ou seja, resistência à fratura de
bordo. E com a vantagem de pode fazer peque-
nos ajustes antes de injetar, caso for fazer um
trabalho com IPS e-max em lingotes de pastilhas
de cores variadas. Pensando nisso, não precisa
engrossar o bordo para fresar. Para quem faz
direto em um bloco cerâmico, tem que ter esse
cuidado, principalmente quando o caso é com
laminados muito finos (Figuras 22A,B), sendo a
primeira providência a ser tomada remover esse
bordo grosso antes de dar o acabamento, além
de remover o sprue.
Continuando com a fase de forma, sempre sigo
um roteiro para dar acabamento:
� Linha incisal: para saber se está bem posicio-
nada no arco e precisa de algum ajuste.
� Linhas de brilho: após a fresagem, essa linha fica
tremida, perde-se um pouco da naturalidade.
� Faces do dente: avaliar a anatomia como está.
No caso de um incisivo central, avaliar os pla-
nos (cervical, médio e incisal).
� Avaliar as texturas: verticais e horizontais.
� Por último, avaliar as microtexturas.
22. A,B Acabamento do bordo com borracha sintetizada da Eve diapol cerâmica roda azul (L26Dg) e pedra Ninja da Talmax.
A A
UM UNIVERSO EM HARMONIA
030
23. A-D Com a chegada do novo programa Cerec 4.5, não será necessário engrossar o bordo, pois a força de fresagem vai ser controlada; será um programa mais inteligente (A). Caso inicial de um incisivo central fraturado, após anos usando um provisório (B,C). Foto inicial para saber a cor dos dentes e a cor do substrato; isso ajuda a saber selecionar o bloco correto para fazer a forma e a pintura (D).
A B
C
D
CEREC SW 4.4 CEREC SW 4.5
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
031
24. A-E Como alinhar a incisal (A). Linhas de brilho (reflexão de luz) (B,C). Textura (D,E).
A
C
B
D
E
032
UM UNIVERSO EM HARMONIA
25. A-D Caso finalizado com pintura: três queimas.
A B
C
D
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
033
O PROJETO - A FORMA - A COR
Os materiais cerâmicos ácido-sensíveis foram evo-
luindo junto com os sistemas CAD/CAM e também
as técnicas de aplicação foram evoluindo de acordo
com os estudos da biomimética, que é o estudo de
como se comportam determinadas estruturas na na-
tureza. As cerâmicas passaram a ter características
ópticas semelhantes aos dentes naturais, possibili-
tando uma variação nas técnicas de aplicação de
acordo com a característica de cada material e sua
indicação clínica. Houve também a possibilidade
de usar materiais mais resistentes e com espessura
cada vez menor, podendo preservar estruturas den-
tárias sadias. Esses materiais, em interação com a
luz, têm efeitos ópticos fantásticos (Figuras 26A,B).
Das opções técnicas de uso das cerâmicas, a
pintura de cerâmica foi a que mais desenvolveu
nestes últimos anos muito graças aos trabalhos
de Shigeo Kataoka, onde se fazia a técnica de
maquiagem interna e depois estratificava os den-
tes. Depois Paulo Kano (desenvolveu a técnica
do pontilhismo, onde demonstrou uma nova téc-
nica permitindo trabalhos muito bem acabados
através de várias queimas de uma maquiagem
externa, coberta com três queimas de glaze para
proteger a pintura como discutido no inicio). Ca-
sos fantásticos. Introduzi na minha técnica alguns
princípios do mestre Paulo Kano como controle
da quantidade de cor e até a forma de usar a téc-
nica do pontilhismo na aplicação do glaze inicial
para molhar o dente antes da pintura ou em ca-
sos mais complexos, onde se busca a mudança
de shade. Com esses novos materiais, o esforço
para fazer uma pintura diminui consideravelmen-
te. Eles já estão prontos; faltam apenas algumas
correções de cores e efeitos.
Dieter Grubel e Oliver Brix mostraram novas pos-
sibilidades, novas misturas para dentes posterio-
res através das novas técnicas de maquiagem,
podendo ser feitas com poucas aplicações, des-
de que se saiba como escolher o material. Isso
me despertou para novas possibilidades: por
que não fazer em dentes anteriores?
Como disse na introdução, a busca por pratici-
dade me fez enxergar novos horizontes dentro
26. A,B Novos materiais cerâmicos, com efeitos ópticos e que, de acordo com a mudança da incidência de luz, o material absorve e reflete comprimentos diferentes de ondas de luz, criando o efeito opalescente (cor luz) (IPS e-max CAD Impulse Opal1).
A
B
UM UNIVERSO EM HARMONIA
034
daquilo que buscava e, ao misturar as técnicas,
podemos fazer trabalhos maravilhosos como
Paulo Kano, Shigeo Katoka, Oliver Brix e outros
grandes ceramistas. Basta dominar a essência,
praticar e aprimorar sua técnica.
E através do estudo, da pesquisa e da observa-
ção dos novos materiais cerâmicos torna-se, en-
tão, possível desenvolver uma nova técnica de
pintura cerâmica como no caso a seguir. A técni-
ca das três queimas veio para simplificar a forma
de trabalhar as cerâmicas.
PREPARO
Não é o objetivo falar aqui em preparos, mas o
que determina se o sistema CAD/CAM vai ser
usado ou não é justamente a qualidade dos pre-
paros. O laboratório já faz uma pré-seleção se
dá para fresar o caso ou não já que muita coisa
muda em relação a preparo para CAD/CAM. Os
ângulos têm que ser mais arredondados, além de
terem um excelente acabamento.
ESCOLHA DO MATERIAL
A grande diferença nessa técnica está na esco-
lha do material já que a técnica é relativamente
simples. Mas o material cerâmico escolhido faz
toda a diferença. Deve-se conhecer a teoria da
cor, entender a luz e sua interação com o mate-
rial. Saber identificar as limitações dos materiais
e suas indicações para cada situação clínica.
A escolha do material determina o sucesso do
tratamento pelas suas variações e características
particulares, variando também de uma empresa
para outra. Alguns são mais translúcidos e outros
têm características mais dentinárias ou esmalte
cromático. Tudo depende da percepção e saber
escolher a cerâmica certa.
Como o caso era minimamente invasivo, com
pequenas correções de forma, tinha a possibi-
lidade de escolher alguns materiais de acordo
com a possibilidade de cor a ser buscada: o
IPS Empress Cad Multi Bl1 e o IPS e-max Opal
1 (Ivoclar Vivadent). O IPS e-max Opal 1 é con-
traindicado para o fechamento de diastemas
pois pode ficar marcada a união do dente na
área com o diastema por ser muito translúcido
mas, neste caso, escolhermos esse material por
não ter tanto espaço para fechar o diastema, e
quando o material abraça o dente, aumenta seu
volume, disfarçando a sua translucidez.
Definido e fresando o material, faz-se toda a cor-
reção de forma e textura antes de iniciar a pintura,
27. Material sendo preparado para a pintura.
A ARTE NA PRÓTESE DENTÁRIA
035
alinhando o dente pela incisal, corrige as arestas
de reflexão de luz, os planos, as texturas horizon-
tais e verticais e, finalmente, as microtexturas.
Outro item importante é deixar as texturas bem
evidentes para não perdê-las durante a pintura
glazeada da técnica das três queimas.
Depois de finalizada a textura, o ideal é jatear a
faceta ou coroa com um jato de óxido de alumínio
de 50 um e, em seguida, limpar com vapor.
Pode-se começar a pintura com a técnica do
pontilhismo, como descrito por Paulo Kano, em
casos mais complexos. Mas neste caso foi usada
somente a técnica das três queimas; quando o
material selecionado está com um ou dois tons
de cor diferente do dente original, usa-se somen-
te essa nova técnica descrita abaixo:
TÉCNICA DE TRÊS QUEIMAS
Primeira queima: aplica-se também a pasta de
glaze fluo como se fosse a técnica do pontilhis-
mo; depois coloca as pinturas shade, shade inci-
sal 1 e 2, e outras massas de essence como whi-
te, terracota, profundo, dentre outras, de acordo
com a necessidade. Aqui usei as novas pinturas
do IPS Ivocolor (Ivoclar Vivadent).
Segunda queima: usa-se a pasta de glaze com a
técnica do pontilhismo; depois usa-se as massas
de acordo com a necessidade estética.
Terceira e última queima: segue o mesmo prin-
cipio. Pasta de glaze fluo molhando a superfície
como a técnica do pontilhismo, depois mais pin-
tura. Observar se tem alguma mancha externa ou
algum efeito para finalizar a maquiagem.
Como é uma pintura glazeada, não necessita
fazer uma cobertura de glaze. Essa teoria é de-
fendida por Oliver Brix11, mas usada em dentes
posteriores. Para dentes anteriores, a preferência
dele e da maioria dos mestres ceramistas é a téc-
nica de estratificação usando pastilhas ou blocos
de baixa translucidez, como MO ou LT.
A alquimia das misturas e onde colocá-las é o
diferencial para se chegar ao resultado perfeito.
Como misturar as massas é o segredo. A prática
e o conhecimento da cor levam ao refino da téc-
nica de aplicação e à percepção das cores e da
questão de translucidez.
Após as queimas, pode-se tirar um pouco do bri-
lho do glaze com rodas e pontas de borrachas e
pontas de papel abrasivas (Kota).
Depois de prontas as facetas, iniciou-se a ci-
mentação. É muito importante fazer o teste antes
com o sistema try in (Variolink Venner- Ivoclar Vi-
vadent) para saber qual cimento vai dar o valor
correto antes de cimentar. Os acabamentos fi-
nais foram feitos em outra sessão; observa-se os
excessos de cimento nesta foto imediatamente
após a cimentaçao.
036
UM UNIVERSO EM HARMONIA
Em outra oportunidade, foi feita a profilaxia e remoção dos excessos de cimento.
E a entrega de uma placa de bruxismo para, assim, finalizarmos o caso. Mas
controles periódicos são necessários para avaliar o grau de desgaste incisal dos
dentes que foram corrigidos.
28. A-C Novo kit de pintura da Ivoclar (IPS Ivocolor); observar o belo aspecto da cor luz do material,dependen-do da incidência de luz sobre eles (A,B). Imediatamente após a cimentação, os excessos de cimento ainda não tinham sido removidos (C).
A
B
C
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus; agradeço também a minha família pela paciência nesses finais de semana em virtude da minha ausência para me dedicar a esse capítulo. E aos meus colegas Dr. José Arbex Filho, pela oportunidade de demonstrar um caso na sua clínica; ao Adriano Shayder, por permitir usar seu espaço para desenvolver meus casos; e à Dra. Patricia Badaró, pela oportunidade de fazermos alguns casos juntos.