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A CAPOEIRA RONDONOPOLITENSE. Luiz Carlos Varella de Oliveira 1 Elizabeth Martins de Souza 2 Valéria Lucas Filgueiras 3 INTRODUÇÃO: Os seres humanos nascem livres, iguais e originais, mas quando deixam de exercer tais prerrogativas no plano social, tornam-se cópias de um sistema em transformação e, essa mutação limita o homem culturalmente. Esse desenvolvimento não terá representação e representantes vigorosos na transmissão de informações úteis aos componentes de um determinado segmento social. Por isso é preferível o homem livre e criativo que ampliará a si e a comunidade. A Cultura, enquanto produção histórica em sociedade aparece como um arsenal complexo no qual, estão incluídos os conhecimentos, crenças, artes, moral, costumes e quaisquer aptidões ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. O ambiente e o modo de viver de um grupo de seres humanos, ocupando um território comum criaram o social e o cultural na forma de idéias, instituições, linguagem, instrumentos, serviços e sentimentos que darão complementação à sobrevivência física e coletiva. O estudo dos aspectos culturais de uma etnia e como eles foram implantados no meio social, no caso, os afro-brasileiros que trouxeram a capoeira para Rondonópolis, possivelmente revelarão o modo, também como determinada realidade social foi construída, pensada e lida por esses atores. Dessa maneira, cultura é tudo aquilo produzido pelo trabalho humano, também no nível de nossa história local, depois de um processo migratório. A cultura é o dispositivo que move o indivíduo e o grupo para longe da indiferença, da indistinção transformando-se e transformando-o podendo então atingir a diferenciação. Ela depende da história de um povo. Especificamente no caso da Capoeira Rondonopolitana, as contribuições de início estão vinculadas às situações pelas quais passaram e viveram seus implantadores. E depois a mesma ganhou novos contornos, novas mudanças, pois engendrou e se incorporou nos processos locais. 1 Professor de História do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação. 2 Professora Pedagoga do Ensino Fundamenta da Municipal de Educação. 3 Professora de História do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de Educação.

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A CAPOEIRA RONDONOPOLITENSE.

Luiz Carlos Varella de Oliveira1

Elizabeth Martins de Souza2

Valéria Lucas Filgueiras3

INTRODUÇÃO:

Os seres humanos nascem livres, iguais e originais, mas quando deixam de exercer tais prerrogativas no plano social, tornam-se cópias de um sistema em transformação e, essa mutação limita o homem culturalmente. Esse desenvolvimento não terá representação e representantes vigorosos na transmissão de informações úteis aos componentes de um determinado segmento social. Por isso é preferível o homem livre e criativo que ampliará a si e a comunidade.

A Cultura, enquanto produção histórica em sociedade aparece como um arsenal complexo no qual, estão incluídos os conhecimentos, crenças, artes, moral, costumes e quaisquer aptidões ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. O ambiente e o modo de viver de um grupo de seres humanos, ocupando um território comum criaram o social e o cultural na forma de idéias, instituições, linguagem, instrumentos, serviços e sentimentos que darão complementação à sobrevivência física e coletiva.

O estudo dos aspectos culturais de uma etnia e como eles foram implantados no meio social, no caso, os afro-brasileiros que trouxeram a capoeira para Rondonópolis, possivelmente revelarão o modo, também como determinada realidade social foi construída, pensada e lida por esses atores. Dessa maneira, cultura é tudo aquilo produzido pelo trabalho humano, também no nível de nossa história local, depois de um processo migratório.

A cultura é o dispositivo que move o indivíduo e o grupo para longe da indiferença, da indistinção transformando-se e transformando-o podendo então atingir a diferenciação. Ela depende da história de um povo.

Especificamente no caso da Capoeira Rondonopolitana, as contribuições de início estão vinculadas às situações pelas quais passaram e viveram seus implantadores. E depois a mesma ganhou novos contornos, novas mudanças, pois engendrou e se incorporou nos processos locais.

1 Professor de História do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação.

2 Professora Pedagoga do Ensino Fundamenta da Municipal de Educação.

3 Professora de História do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de Educação.

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O estudo da capoeira em Rondonópolis destacará o movimento, ainda que incipiente desta arte/luta/dança, genuinamente afro-brasileira, também como prática desportiva e de inclusão social.

SOBRE A CAPOEIRA:

A construção cultural de qualquer atividade do contexto social na atualidade exigiu uma demanda pretérita, motivada para solucionar uma situação-problema imediata que atenda a vontade de uma coletividade ou apenas um sujeito. Dessa maneira, procuraremos apoiado por nossos colaboradores diretos e indiretos, apresentar uma argumentação satisfatória, explicando as tendências e a importância da presença da Capoeira; essa arte/luta/dança, genuinamente brasileira, em Rondonópolis.

O caminho que iremos trilhar terá origem em çfrica, pois a matéria-prima onde ela desabrochou e cresceu foi na etnia negra; que a desenvolveu como forma de defesa e sustentáculo para a liberdade, quando escravizados no Brasil.

O nome Capoeira já consumiu vários e acalorados debates. Vamos citar algumas concepções de estudiosos da temática. Na fala de Francisco Pereira da Silva, esse jogo de destreza corporal se constituía na arma com a qual os escravizados fugidos utilizavam contra seus perseguidores naturais: os escravocratas, nesta especificidade representado pelo capitão-do-mato.

A luta geralmente era travada no mato, onde os negros estavam escondidos. Que tipo de mato era esse? A capoeira. ( vernacularização do tupi-guarani CAÀ-PUÊRA: Caá = mato, Puêra = que se foi). Assim, tem-se por melhor definição aquela que vem do dialeto caipira de Amadeu Amara. CAPUÊRA, substantivo feminino, mato que cresceu em lugar de outro derrubado ou queimado.

Dessa maneira, capoeira (forma culta de capuêra, mato), local das primeiras contendas dos escravizados rebeldes teria sido, o termo adotado para denominar a luta física Nacional: a Capoeira.

A palavra tem várias acepções e por uma dela se designa um tipo de cesto ou gaiola de uso na guarda e transporte de galináceos. Os escravizados conduziam capoeiras de galinhas ao mercado, e enquanto as portas não eram abertas, os negros exercitavam o corpo no “brinquedo” que com o passar do tempo e transformação tornar-se-ia famoso.

Esse episódios ocorriam no estado de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. O filólogo Antenor Nascentes é de opinião que, por efeito metamínico, o nome de tal gaiola passou a designar também um jogo atlético e o indivíduo que o pratica. Assim o lutador seria capoeirista; a luta, o jogo de agilidade, a Capoeira; o ato de joga-la, capoeiragem.

A obra, A Capoeira Escrava de Carlos Eugênio Líbano Soares, na página 63, faz referência ao que foi descrito sobre a Capoeira até o presente momento neste artigo.

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Os dois estudiosos da temática apresentam argumentação idêntica sobre a “capoeira”. Nós procuraremos vê-la e estudá-la como uma arte/luta/dança utilizada pelos escravizados no combate a opressão e aos castigos corporais; bem como, através dela, a inclusão social.

A história da Capoeira sempre despertou interesse e curiosidade aos seus pesquisadores. Tanto isso é verdadeiro que no ano de 1966, o professor Inezil Penna Marinho esteve em Angola pesquisando uma possível origem dela. Após assistir várias festas religiosas e danças guerreiras, chegou a conclusão ser inteiramente desconhecida, quer entre os eruditos, quer entre os nativos.

Este colóquio pode ser esclarecido desta maneira. A situação dos negros escravizados aqui (Brasil) e no seu país de origem (Angola), era muito diferente. Em çfrica eram livres, aqui cativos. Podemos acreditar, em função das informações que temos: a Capoeira, como a concebemos, teve suas raízes formadoras no Brasil, mas gestação no continente africano.

Uma informação para nossa reflexão sobre a origem da Capoeira vem das práticas religiosas a que os africanos se entregavam. As danças litúrgicas, ao som dos instrumentos de percussão, desempenhavam papel de grande relevância. Pois o ritmo “bárbaro” exacerbava-lhes a gesticulação, exagerava os saltos, exercitava-os na ginga do corpo, dotando-os de extraordinária mobilidade, excepcional destreza, surpreendente velocidade de movimentos. Foram a esse rituais religiosos, que alguns pesquisadores atribuem o surgimento da capoeiragem.

Outra fonte nos chega com Charles Ribeyrolles, um francês que aproveitou o tempo vivido no Brasil para retratar os costumes do lugar. Assim ele descreveu: “no sábado a noite, concluída a última tarefa da semana e nos dias santificados, que trazem folga, descanso e cerão concedem-se aos escravizados uma ou duas horas para a dança. Reúnem-se no terreiro da senzala, chamam-se, agrupam-se, incitam-se e a festa principia. Espécie de dança ao redor da fogueira, de evoluções atrevidas e combativas ao som do tambor do congo”.

O fato relevante que necessita ser relatado é a forma pelo qual os negros eram capturados e para onde eram levados. Convém mencionar que a çfrica, antes da chegada dos portugueses, não possuía uma divisão política. Tinha sim uma divisão em função da cultura dos povos que ali habitavam.

Os negros capturados eram conduzidos aos portos de “embarque” e ali permaneciam por vários dias e até meses, para embarcarem nos navios negreiros. O contato com culturas africanas diversificadas já ocorria em çfrica. Ao chegarem na América, somando-se ao tempo de viagem çfrica/Brasil, a espera para completar a “carga”, contatos culturais eram realizados, forçados ou não. Acreditamos que essa fusão cultural, ainda no continente africano veio também contribuir para o desenvolvimento da Capoeira no Brasil.

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SOBRE A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO:

O negro foi retirado à força do seu mundo, a fim de produzir riqueza para o senhor. Nesse encontro, onde o outro é o elemento que rouba a libido, ocorre a desvitalização da personalidade. Aqui, o arquétipo da “Mãe çfrica”, rege o desejo de fusão e indiferenciação da consciência. Nesse estágio o negro encontra-se imobilizado e, será o sofrimento que despertará a necessidade do sacrifício, de abrir mão da simbiose em que ele se encontrava acorrentado.

Os negros foram trazidos para um mundo desconhecido, separados de sua terra, família, costumes, e agrupados em etnias diferentes. Essa separação sugere a idéia de divisão. O todo se fragmentou, e junto com ele vivenciam a angústia e o sofrimento. Da situação problemática emanada dessas especificidades decorre o nascimento da consciência, o que permitiu o reconhecimento do seu oposto, o inconsciente, e todo o conjunto começa a se relacionar com o seu eu, em sua tentativa de retornar a unidade original.

A situação emanada dessas convergências e divergências entre as etnias africanas, vítimas desse processo de deslocamento, de um continente para outro, assume proporções complexas, onde o principal objetivo, não importando a tendência cultural, era ter a liberdade. Nessa particularidade notamos a eficácia e inteligência do negro. Além de ter que comunicar-se com sujeitos do seu próprio continente, com línguas diferenciadas, era obrigado a compreender e agir sob o comando do opressor, em outro idioma. Em função dessa dupla ação por ele realizada, era natural que fosse convencionar alguns gestos corporais que abrigassem várias informações para ações no presente, a serem utilizadas no futuro.

Um gesto muito utilizado, pelo menos para combinar fugas, era aquele que se imitava chutar uma bola invisível. Quanto ao tempo que iria ocorrer essa ação, dependeria de uma comunicação mais específica para serem planejados os detalhes da fuga.

Para escravizar alguém é difícil. Para ter um africano como escravo, era necessário suprimir-lhe a cultura, transformando-o em bicho ou coisa. Retiravam seu nome tribal e dava-lhe outro em português.

A sua religião ancestral era trocada pela a de Cristo. Como isso não bastasse, os brancos escravistas completavam o serviço com a pancadaria, a chibata, o açoite. A pauleira começava desde o momento que o negro era capturado ou comprados dos sobás.

Os escravizados negros apanhavam durante a longa viagem, aproximadamente 90 (noventa) dias, da çfrica até chegar ao litoral do Brasil. Batiam-lhes no depósito

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mantido pelos agentes, (pombeiros como eram chamados); recebiam surras no convés do navio, durante a travessia do atlântico. Sofria castigos corporais no mercado, a espera dos fazendeiros compradores. Continuavam com esse sofrimento durante toda sua existência como cativo.

Não lhe batiam por maldade, embora isso ocorresse. A finalidade era esvaziá-lo da parte propriamente humana que todos os homens possuem e, são homens propriamente porque a possuem. Assim coisificado, o negro africano estava pronto para ser escravo.

SOBRE OS NEGROS NO BRASIL.

Os escravos negros começaram a ser desembarcados no Brasil por volta de 1548 e, nos três séculos seguintes, seriam predominantemente do tronco linguístico banto, do qual faz parte a língua quimbundo. Esse grupo engloba angolas, benguelas, moçambiques, cabindas e congos. Eram povos de pequenos reinos, com razoável domínio de técnicas agrícolas; possuíam uma visão muito plástica e imaginosa da vida, e demonstravam ter grande capacidade de adaptação cultural.

Não há indicações seguras de que a capoeira se tenha desenvolvido em qualquer outra parte do planeta além do Brasil. “A tendência dos historiadores e africanistas, tomando como base poucos e raros documentos conhecidos, é se fixarem como sendo de Angola os primeiros negros aqui chegados, tendo a grande maioria de nossos escravos escoado do porto de São Paulo de Luanda e Benguela. Ao lado disso, a gente do povo e sobretudo os Capoeiras falam todo o tempo em Capoeira Angola, especialmente quando querem distingui-la da Capoeira Regional. Ora, tudo isso seria um pressuposto para se dizer que a Capoeira veio de Angola, trazida pelo negros desse país. Mas, mesmo que se tivesse notícia concreta da existência de tal folguedo por aquelas bandas, ainda não seria argumento suficiente. Está documentado e sabido por todos que os africanos uma vez livres e os que retornaram às sua pátrias levaram muita coisa do Brasil, coisas não só inventadas por eles aqui, como assimiladas do índio e do português. Portanto, não se pode ser dogmático na gênese das coisas em que é constatada a presença africana; pelo contrário, devemos andar com bastante cautela nessas particularidades”

A Capoeira nas décadas de 70 e 80 do século XX espalhou-se por todo o Brasil e fora dele (Europa e Estados Unidos). Dessa Maneira, os grandes centros de sua divulgação, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, iniciou-se uma migração interna de capoeristas. Para a época essa movimentação foi importante, pois mais pessoas e mais adeptos começaram a conhecer essa nova modalidade de luta marcial, genuinamente brasileira.

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A VIAGEM ATÉ RONDONÓPOLIS.

O deslocamento seguia tranqüilo e como acontece com todo o viajante, é normal

conversar com outras pessoas. Com Mestre Carivaldo não foi diferente. Antes de chegar

em Rondonópolis, em uma parada para refeição ele trava um diálogo com um senhor

que morava nesta cidade. Quando falou-lhe o que fazia e o porquê estava viajando, esse

homem fez questão de fazer uma cortesia, isto é, pagando-lhe o que foi consumido e

ainda indicando um local para pernoitar, além disso disse qual seria a academia e com

quem falar para ter disponibilidade de trabalho.

O Hotel Sumaré de Rondonópolis foi quem primeiro abrigou o Mestre de

Capoeira. Nesse período, esse estabelecimento comercial era um dos mais próximos do

terminal rodoviário da cidade. Carivaldo Lopes, (Mestre Carivaldo), chegou em

Rondonópolis em 27 de setembro de 1984; sua entrevista para iniciar o trabalho foi no

dia seguinte. Após identificar-se ao proprietário de uma academia da cidade quem era

ele, quais suas especificidades e esperar um tempo dilatado, pois seus documentos

precisavam ter comprovação de sua autenticidade, procedimento realizado por telefone

à academia que o capacitou em São Paulo, recebe sinal positivo para iniciar suas

atividades.

Da fala do capoeirista destacamos: “No começo foi difícil, pois a capoeira não

era difundida por aqui; comecei com seis alunos, e só depois de algum tempo é que o

pessoal foi apreciar esse tipo de luta; uns dois anos depois (1986), já tinha mais de 200

alunos. Hoje a Capoeira possui mais alunos do que as demais academias de lutas

marciais juntas...”.

Conforme as declarações do mestre nesse desabafo, ele enfrentava duas barreiras.

A primeira delas, ser o esporte por ele praticado pouco conhecido naquela época em

Rondonópolis; a segunda e essa, a grande maioria da população brasileira, de alguma

maneira já foi vítima, Carivaldo é afro-descendente, também sofreu discriminação e

preconceito. Apesar de ter essas adversidades, continuou com seu objetivo: divulgar a

sua arte. Para isso, realizava apresentações individuais em praças públicas, feiras

livres, clubes, para despertar o interesse dos espectadores para a luta.

O compromisso assumido com a academia continuava sendo cumprido e, nos

finais de semana, o mestre fazia as demonstrações de destreza corporal e agilidade.

Esses exercícios chamavam atenção da garotada e entre eles um em especial, Edir

Machado. O menino Edir com aproximadamente treze anos entra em contato com o

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capoeirista e começa ter suas aulas. Citamo-lo como exemplo, mas o Mestre Carivaldo,

teve várias dezenas de alunos com essa idade como “discípulos”.

A grande maioria deles oriundos de famílias humildes. Mas o mestre, jamais

deixou de dar atenção e ter os devidos cuidados, principalmente na alimentação. Ainda

que ele enfrentasse dificuldades financeiras no início, nenhum de seus alunos

“capoeiristas” nos final dos encontros voltavam às suas casas sem ter recebido do

professor, além dos ensinamentos do mundo da capoeira, a alimentação.

A dedicação e persistência do Mestre naquilo em que ele acreditava, após três

anos de trabalho (1984 a 1987), começam a surgir os primeiros frutos. Em 16 de junho

de 1987 funda sua escola de capoeira, a Associação de Capoeira Regional Chibata, a

primeira do gênero em Rondonópolis. Carivaldo com 33 anos administra um

empreendimento exclusivo.

Nesse período, como é típico em seu perfil, enquanto ser humano, as tarefas que

precisavam ser realizadas na academia eram divididas entre os seus alunos mais

graduados. Essa prática continua sendo aplicada, mesmo após de mais de duas décadas

de fundação desse espaço destinado à prática da capoeira.

A Capoeira, arte/luta/dança do Brasil, somente tem desenvolvimento quando seus

praticantes entram em contato com outros grupos. Em Rondonópolis não foi diferente.

Ma como conseguir recursos financeiros para esses deslocamentos? Mestre Carivaldo

faz valer sua genialidade. A feira da Vila Aurora foi o local aonde esses

“financiamentos” realizaram-se.

O mestre e seus alunos faziam ali uma roda de Capoeira. No término dessa

atividade, era “movimentado” entre as pessoas que assistiam a demonstração, “uma

caixa de papelão” onde a “platéia” oferecia quantias em numerário. A coleta, após ser

contabilizada custeava a viagem para outras localidades. Era dessa maneira que o Grupo

de Capoeira Chibata fazia-se presente em eventos fora da cidade de origem.

Em entrevista ao pesquisador em fevereiro de 2005, o Professor Machado, nos

brindou com a seguinte declaração. “Era muito bom fazer isso. Eu pude observar que a

Capoeira me dava comida, bebida e viagem para eu aprender mais sobre ela...”.

O sucesso conseguido pelo Mestre Carivaldo no início da década de 90 do

século XX, em função do seu esforço e dedicação, possibilitou a outros capoeiristas,

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ex-alunos ou não, ter renda ministrando aulas de capoeira. Dessa maneira e antevendo

futuros ganhos com a atividade, vários grupos começaram a ser criados ou foram

transferidos pra a cidade. Esse desenvolvimento somente foi possível porque o baiano

que fundou a primeira escola de capoeira acreditou no potencial da cidade e acima de

tudo, na cultura que ele representava.

A capoeira em Rondonópolis está em franco desenvolvimento. Existem vários

grupos, cada um com suas especificidades. Entre eles destacamos:

• Grupo Chibata – Mestre Carivaldo,

• Grupo Guerreiros de Ouro – Professor Adão,

• Grupo Filhos do Quilombo – Professor Edivaldo.

• Grupo Zumba – Professor Wandão,

• Grupo Arqueando – Professor Joricley

• Grupo Quizumba – Professor Lindomar, (Capoeira Angola).

A Lei 10.639/03, em função de tratar-se da inclusão nos currículos escolares,

tanto em instituições públicas como particulares, alterada pela Lei 11.645/08, onde é

obrigatória o Ensino da História da çfrica e dos Africanos e Indígenas, deu

possibilidades que uma parcela da cultura africana, especialmente a capoeira,

arte/luta/dança do Brasil, ser ministrada nas escolas. Para tanto, um grande número

delas possuem em sua programação. Ainda que fora da grade, um horário específico

para a prática dessa atividade.

O Grupo de Capoeira Chibata, fundado pelo Mestre Carivaldo na década de 80 do

século XX, em Rondonópolis é o precursor da disseminação da capoeira na cidade e

circunvizinhança. A comunidade rondonopolitana, principalmente as crianças, já

possuem um contato mais efetivo com essa especificidade da cultura afro-descendente.

Ela, a Capoeira, através dos programas desenvolvidos por componentes do Grupo

Chibata ou ex-aluno prestaram e prestam relevantes serviços à sociedade local.

Nesse espaço temporal, mais de duas décadas, muitos jovens já praticaram esse

esporte. É claro que nem todos são professores nessa atividade, mas são pessoas que,

apesar de sua origem humilde, deram sua contribuição social, sendo chefes de família

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exemplares, pessoas equilibradas e responsáveis. Essas particularidades foram herdadas

ou sugeridas pelos ensinamentos da capoeira.

A prática da capoeira envolve vários elementos para sua efetividade. Os

berimbaus, juntamente com os caxixis; o pandeiro; o atabaque e especialmente as

palmas dos sujeitos que fazem parte da roda. As letras das melodias sempre trazem em

seus versos, uma história ocorrida, uma ação para ser realizada, uma comunicação, um

convite, uma lembrança.

A Capoeira, arte/luta/dança brasileira, combatida e combatente, segue sua

trajetória na História sempre agregando elementos culturais dos locais onde chega,

porém, não esquecendo sua estrutura principal. Agindo dessa maneira, torna-se mais

forte, mais vigorosa e com isso, inclui mais pessoas em sua prática transformando-as em

cidadãs.

SOBRE OS GRUPOS DE CAPOEIRA

O ser humano sempre que enfrenta algum problema, principalmente de

subsistência, emigra. Isto é, procura outras localidades para exercer uma atividade.

Nessa ação, leva consigo, elementos culturais de onde vem e incorpora aqueles que

encontram aonde chega.

A situação para muitos na Bahia, economicamente falando, principalmente os

afro-descendentes, não era das melhores logo, mudanças emergenciais precisavam ser

realizadas. Dessa maneira, baianos junto com nordestinos em geral, “deixa seu berço

natal e bate em retirada para as terras do Sul”. A princípio esses deslocamentos para

outras localidades era a procura de melhores condições, isto é, trabalho.

Quando esse contingente de pessoas chega a São Paulo e com eles os capoeiristas,

não se ocupam da capoeira. Vieram a fim de ganhar a sobrevivência com atividades que

rendesse algum numerário. Foi dentro desse clima que aqueles praticantes ou possuíam

conhecimento da capoeiragem, muitas vezes em praças, feiras livres, nos terreiros das

casas dos bairros onde residiam, com objetivos bem simples: trocar notícias dos

familiares e saber das novidades da sua terra e de sua gente.

Com o transcorrer do tempo esses encontros ficaram mais efetivos. E quando eles

aconteciam sempre alguém levava um berimbau, um pandeiro, um atabaque, um vestia

uma roupa folgada. Nessa atmosfera, as conversas rolavam soltas, fatos comuns eram

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revividos e os assuntos que envolvesse a capoeira era o ponto culminante do encontro.

A intensidade da reunião era tanta que em um determinado momento, alguém não

agüentava tantas recordações e tirava uma nota de sua excelência, o berimbau; o seu

pandeiro coaxava respondendo e em seguida um canto ecoava:

Bahia, minha Bahia,

Capital é Salvador,

Quem não conhece capoeira

Não Pode dar valor.

Todos podem aprender,

General até doutor,

Mas para isso é necessário,

Procurar um professor. (AA4)

A partir desse momento dois homens arregaçavam as pernas das calças,

abaixavam-se ao pé do berimbau, se benziam, davam-se as mãos, o solista gritava: “Dá

volta ao mundo”. Eles pulavam para dentro da roda. Era mais uma vez o reencontro

com uma maneira peculiar de ser, existir e se expressar. Momentaneamente não

existiam conflitos entre estilos, filosofia e fundamentos da capoeira.

Segundo Anande das Areias, “acima das diferenças, estava à necessidade

expressar-se espontaneamente, revivendo uma sensação de prazer e reencontro consigo

mesmo. As diferenças eram uma complementação, a capoeira tornava-se uma só e

tudo era festa e brincadeira”. E assim, provavelmente tenha começado o movimento

capoeirístico em São Paulo. Encontros entre os capoeiristas. Valdemar Angoleiro,

Mestre Ananias, Zé Freitas, entre muitos outros, foram alguns dos primeiros a

disseminar a capoeira em terras paulistas. Essa era a época que a pessoas, fora do

movimento da capoeira, quando viam um berimbau perguntavam: o que é isso?

A capoeira continua seu caminho. Mais tarde registra-se em São Paulo a

presenças de outros mestres. Entre eles: Paulo Gomes, Suassuna, Brasília, Joel, Gilvam

e a estes se incorporaram os recém formados capoeiristas paulistas, na atualidade,

Mestres Paulão, Pinatti, Melo, Japonês Seiko.

O mercado consumidor de capoeira em São Paulo na época estava em franca

expansão. Ela já freqüentava os mais variados ambientes. Os mestres estavam

4 Autor anônimo

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deslumbrados, vivenciavam a possibilidade de sobreviver da sua arte, e a de conquistar

o seu espaço como capoeiristas e indivíduos dentro da sociedade.

Nessa ebulição da capoeira e a efervescência de novas políticas públicas para a

nação brasileira, os “trabalhadores do Brasil”, precisavam ter organização e assim, a

sociedade colaboraria com o poder executivo central, na construção de um ´país

soberano. A capoeira precisava de uma federação, para resolver alguns entraves, e para

que ela fosse transformada em Arte Marcial Brasileira criou-se a Federação Paulista de

Capoeira.

Os mestres líderes da capoeiragem paulista, Suassuna e Pinatti, estimulados pelo

mestre Onça, recém chegado da Bahia e representante da ideologia da ideologia

ditatorial, tentam “unir”, dirigir e integrar o meio capoeirístico ao regime. A federação

agindo dessa maneira provocou dissabores a vários capoeiristas.

O Grupo “Capitães das Areias” fundado e liderado por Almir das Areias,

atualmente, Anande das Areias, reunindo os mestres Demir, Valdir, Baiano, Carioca,

Pessoa, não aceitaram esse novo caminho imposta à capoeiragem. A reação desses

homens na época foi considerada uma traição. Mas agiram assim porque, para eles a

capoeira era muito mais que uma luta e um esporte, era acima de tudo uma consciência

de vida e um reencontro com a nossa identidade.

Alguns jovens da classe média carioca, durante as férias de fim de ano, no

começo dos anos 60 tiveram aulas com o mestre Bimba. Retornaram pra o Rio de

Janeiro, prosseguem o aprendizado de forma quase autodidata. A aplicação aos

treinamentos desses jovens foi recompensada, pois em 1966/67/68, eles conquistaram o

troféu “Berimbau de Ouro” e o grupo que representavam “Grupo Senzala”, chegou ao

auge com as rodas realizadas aos sábados no Bairro do Cosme Velho.

O Grupo Senzala e seus intrépidos componentes já no final da década de 1960, obteve

grande sucesso em termos de número de alunos, de dinheiro e status. Vários fatores

contribuíram, entre eles:

• A dedicação de seus instrutores;

• As novidades introduzidas;

• Serem da classe média da Zona Sul do Rio (Copacabana).

• Aceitação maior da sociedade (não eram negros).

Segundo Nestor Capoeira, “... se tornou um dos grupos mais famosos do Brasil,

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praticando e ensinando um estilo que poderíamos chamar Regional-Senzala, e

influenciou capoeiristas de todo o Brasil, até mesmo os jovens professores de Salvador.

Acredita-se que a capoeira pode e deve ser ensinada globalmente, deixando que o

educando busque a sua identificação em quaisquer dessas enumerações que veremos a

seguir. Caberá ao docente um papel relevante orientando e estimulando para que o

discente possa aproveitar ao máximo toda a sua potencialidade.

AS ESPECIFICIDADS DA CAPOEIRA

Ribeiro (1992), concebe capoeira das seguintes maneiras:

Capoeira Luta - Representa a sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua

forma mais natural, como instrumento de defesa pessoal, genuinamente brasileiro.

Deverá ser ministrada com o objetivo de combate e defesa.

Capoeira Dança e Arte - A Arte se faz presente através da música, ritmo, canto,

instrumento, expressão corporal e criatividade de movimentos. É também um

riquíssimo tema para as artes plásticas, literárias e cênicas. Na Dança, as aulas deverão

ser dirigidas no sentido de aproveitar os movimentos da capoeira, desenvolvendo

flexibilidade, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora, seguindo em busca

da coreografia a da satisfação pessoal.

Capoeira Folclore - É uma expressão popular que faz parte da cultura brasileira, e que

deve ser preservada, promovendo a participação dos alunos, tanto na parte prática,

como na teórica.

Capoeira Esporte - Como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo

conselho nacional de desportos, ela mesma deverá ter um enfoque especial para

competição, estabelecendo-se treinamentos físicos, técnicos e táticos.

Capoeira Educação - Apresenta-se como um elemento importantíssimo para a

formação integral do aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e

influenciando nas mudanças de comportamento. Proporciona ainda um auto

conhecimento e uma análise crítica das suas potencialidades e limites.

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Capoeira Lazer - Funciona como prática não formal, através das "rodas" espontâneas,

realizadas nas praças, colégios, universidades, festas de largo e..., onde há uma troca

cultural entre os participantes.

Capoeira Filosofia - Entre muitos fundamentos, trás uma filosofia de vida que prega o

respeito ao próximo e aos mais velhos, estes que por sua vez possuem um grau maior de

sabedoria. Muitos são os adeptos que se engajam de corpo e alma criando dessa forma

uma filosofia de vida, tendo a capoeira como símbolo e até mesmo usando-a para a sua

sobrevivência.

Capoeira Terapia - O esporte exerce um papel fundamental no desenvolvimento

somático e funcional de todo indivíduo. Para o portador de deficiência, respeitando-se

as suas limitações e capacidades, o esporte tem importância inquestionável. A capoeira

vem tendo destaque muito grande, não só como esporte, mas, no caso dos portadores de

deficiência, ela atua, verdadeiramente, como terapia.

Considerando sempre a etapa mental, cronológica e motora do indivíduo, propicia

um desenvolvimento orgânico mais satisfatório, melhora o tônus muscular, permite

maior agilidade, flexibilidade e ampliação dos movimentos. Auxilia o ajuste postural,

bem como o esquema corporal, a coordenação dinâmica e, ainda, desenvolve a

agilidade e força. Vale ressaltar que a capoeira proporciona a liberação de sentimentos

como a agressividade e o medo, levando o ser humano a adquirir uma condição física

mais satisfatória e um comportamento mais socializado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao escrevemos este texto sobre a Capoeira em Rondonópolis, onde relatamos somente uma das várias facetas dessa atividade física, conseguimos vislumbrar a importância que é para nossa juventude conhecer a inteligência e as peripécias de nossos ancestrais para sobreviverem. O relato da história de Zumbi, seu empenho, sua persistência para ter liberdade tornando-se um símbolo de resistência não só para sua etnia, mas a grande maioria da sociedade oprimida, devolve-lhes o brilho nos olhos e o orgulho de serem afro-descendentes.

A nossa ação em mostrar aos estudantes aquilo que os manuais de história não traziam, ou quando mencionavam era de forma descontextualizada e incipiente, aproximou-os de várias temáticas onde os negros foram protagonistas. Isso aumentou a segurança e curiosidade para a compreensão da atuação desse elemento étnico na

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construção da sociedade brasileira. Não raro em muitas escolas de Rondonópolis está sendo implantada no contra-turno aulas de Capoeira, normalmente o instrutor é um ex-aluno ou discípulo do Mestre Carivaldo.

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RESUMO

CAPOEIRA RONDONOPOLITENSE.

A criatividade do ser humano para sua sobrevivência perpassa por criações culturais individuais que são aprimoradas coletivamente. Dessa interação e aprimoramento grupal aparecem novas possibilidades de mudanças e, elas são revertidas na afirmação de uma comunidade que anseia para transformar suas ações e realizações em manifestações coletivas para a aquisição da liberdade cidadã. Dessa maneira, os primeiros grupos para exercerem a prática da Capoeira sempre liderada por um mestre demonstravam que, para ser livre bastava aprimorar sua herança cultural e colocá-la ao alcance de todos. Em Rondonópolis também ocorreu nesses moldes essa prática desportiva.

RONDONOPOLITENSE DE CAPOEIRA

La creatividad del ser humano para su supervivencia es notable por creaciones culturales individuales que se han mejorado de forma colectiva. Este grupo de interacción y mejora aparece nuevas posibilidades para el cambio y se invierten en la afirmación de una comunidad que anhelan para transformar sus acciones y logros en manifestaciones colectivas para la adquisición de ciudadano de la libertad. De esta forma, los primeros grupos para perseguir la práctica de la Capoeira, siempre dirigida por un maestro demostraban que ser libre mejoraría su patrimonio cultural y ponerlo. En Rondonópolis también ocurrió en este deporte.