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Francisco Fábio de Assis Paiva Raimundo Marcelino da Silva Neto Processamento industrial da castanha-de-caju Capítulo 3 Resumo: O processamento industrial da castanha-de-caju é uma avidade que tem grande importância social e econômica da cadeia produva do caju, desde os primórdios da ulização da amêndoa da castanha como alimento. Isso jusfica o seu constante desenvolvimento, seja por meio de trabalhos empíricos, seja por pesquisa e desenvolvimento, viabilizando a passagem do sistema artesanal para o sistema manual e depois para o sistema semimecanizado, mecanizado e automáco. Neste capítulo, são apresentadas as caracteríscas de cada processo industrial da castanha-de-caju e dos equipamentos ulizados, além das normas de classificação das castanhas e das amêndoas, bem como seus atributos de qualidade e preferências dos mercados interno e externo. O capítulo inova ao apresentar um modelo de organização e gestão do processamento da castanha-de-caju formado por várias minifábricas denominado de Módulo Agroindustrial Múlplo. São apresentados também os avanços obdos na indústria de equipamentos para beneficiamento da castanha-de-caju e a descrição de diversos acessos de patentes e modelos de ulidade para equipamentos, processos e produtos do caju registrados no Brasil. Introdução O uso de nozes como alimento remonta a tempos pré-históricos. Muitos povos primivos subsisram principalmente com o consumo delas, juntamente a raízes e frutos silvestres. Depois de séculos de negligência, elas vieram de novo em destaque, como resultado dos avanços na pesquisa de alimentos. Hoje as nozes formam uma parte importante de cada refeição diária em vários países, sendo, em geral, alimentos ricos em proteína, gordura, carboidratos, minerais e vitaminas essenciais para o bem-estar do ser humano. A amêndoa da castanha-de-caju (ACC) é a terceira entre as nozes consumidas no mundo na forma de fruta seca ou ingrediente de cozinha de diferentes culturas do mundo. É também consumida como recheio ou adicionada na formulação de bombons e confeites em geral. A história da industrialização da castanha-de-caju no mundo tem seu início na Índia no século 20, tendo como suporte o corte manual de descasque da castanha-de-caju, processo ainda hoje empregado naquele país. Por mais de 70

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Francisco Fábio de Assis PaivaRaimundo Marcelino da Silva Neto

Processamento industrial da castanha-de-caju

Capítulo3

Resumo: O processamento industrial da castanha-de-caju é uma atividade que tem grande importância social e econômica da cadeia produtiva do caju, desde os primórdios da utilização da amêndoa da castanha como alimento. Isso justifica o seu constante desenvolvimento, seja por meio de trabalhos empíricos, seja por pesquisa e desenvolvimento, viabilizando a passagem do sistema artesanal para o sistema manual e depois para o sistema semimecanizado, mecanizado e automático. Neste capítulo, são apresentadas as características de cada processo industrial da castanha-de-caju e dos equipamentos utilizados, além das normas de classificação das castanhas e das amêndoas, bem como seus atributos de qualidade e preferências dos mercados interno e externo. O capítulo inova ao apresentar um modelo de organização e gestão do processamento da castanha-de-caju formado por várias minifábricas denominado de Módulo Agroindustrial Múltiplo. São apresentados também os avanços obtidos na indústria de equipamentos para beneficiamento da castanha-de-caju e a descrição de diversos acessos de patentes e modelos de utilidade para equipamentos, processos e produtos do caju registrados no Brasil.

IntroduçãoO uso de nozes como alimento remonta a tempos pré-históricos. Muitos povos

primitivos subsistiram principalmente com o consumo delas, juntamente a raízes e frutos silvestres. Depois de séculos de negligência, elas vieram de novo em destaque, como resultado dos avanços na pesquisa de alimentos. Hoje as nozes formam uma parte importante de cada refeição diária em vários países, sendo, em geral, alimentos ricos em proteína, gordura, carboidratos, minerais e vitaminas essenciais para o bem-estar do ser humano.

A amêndoa da castanha-de-caju (ACC) é a terceira entre as nozes consumidas no mundo na forma de fruta seca ou ingrediente de cozinha de diferentes culturas do mundo. É também consumida como recheio ou adicionada na formulação de bombons e confeites em geral.

A história da industrialização da castanha-de-caju no mundo tem seu início na Índia no século 20, tendo como suporte o corte manual de descasque da castanha-de-caju, processo ainda hoje empregado naquele país. Por mais de 70

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396 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

anos, a Índia liderou a industrialização da castanha-de-caju no mundo, quando surgiram modelos automatizados empregando equipamentos desenvolvidos na Itália e Inglaterra que foram adotados no Brasil e na África.

O processamento industrial da castanha-de-caju no Brasil iniciou-se, com maior importância, no início da década de 1970, quando foram implantadas as fábricas mecanizadas, por corte com lâminas ou por impacto, o que proporcionou a expansão da cajucultura e colocou o País como um dos principais produtores de castanha-de-caju do mundo e um importante mercado exportador da amêndoa.

Atualmente, o setor industrial da castanha-de-caju no Nordeste do Brasil é formado por oito fábricas que utilizam processamento mecânico com a maioria dos equipamentos desenvolvidos a partir de modelos utilizados, principalmente no continente africano, sendo aperfeiçoados e adaptados às condições locais. O nosso parque industrial tem capacidade atual para processar 550 mil toneladas de castanha-de-caju por ano. O processamento mecânico tradicional de castanha-de-caju é caracterizado por uma alta produtividade, mas o produto, apesar de ser de elevada qualidade, apresenta baixa porcentagem de ACCs inteiras (60%-65%) e pequenas alterações de cor e sabor, no entanto sem comprometer a qualidade do produto.

Só no Brasil, a indústria de castanha-de-caju oferece 18 mil empregos diretos e oportunidade de emprego para cerca de 60 mil pessoas nas cooperativas de trabalho que fazem parte da despeliculagem manual da ACC. Há também cerca de 120 minifábricas com capacidade anual para processar 5 mil toneladas de castanhas--de-caju.

Composição e atributos qualitativos da castanha-de-caju

O caju compõe-se de um pedúnculo suculento e hipertrofiado (o pseudofruto ou maçã do caju) e a castanha (o verdadeiro fruto do cajueiro), que é um aquênio reniforme, com uma única semente indeiscente, e não abre na época da maturação. A castanha é constituída de três partes distintas: casca, película e amêndoa (Figura 1).

Devido à grande variabilidade genética nos pomares de cajueiro plantados por semente, é grande a variação do peso e tamanho da castanha-de-caju, de 2 g até 30 g. Ao contrário, os pomares plantados com clones de cajueiro-anão-precoce, desenvolvido pela Embrapa, não apresentam variabilidade genética e por isso têm maior uniformidade no peso e tamanho das castanhas-de-caju, variando de 8,0 g a 11,5 g, o que permite redução de custos na sua calibragem e, consequentemente, no processo de beneficiamento.

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397Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Figura 1. Corte longitudinal da castanha-de-caju.

Foto

: Clá

udio

de

Nor

ões

Roch

a

Casca A casca ou pericarpo é formada pelo conjunto epicarpo, mesocarpo e

endocarpo. O epicarpo coriáceo é atravessado por um espesso mesocarpo esponjoso cujos alvéolos são preenchidos com um líquido viscoso – o líquido da casca de castanha-de-caju (LCC) – de cor escura, cáustico e vesicante, que é abrasivo para a pele e facilmente inflamável. A casca da castanha-de-caju contém cerca de 25% desse óleo, líquido que é um subproduto do processo do seu cozimento.

Após a extração do LCC, a casca da castanha-de-caju ainda mantém em torno de 5% de LCC, que permanece nos alvéolos e serve como material de combustão para caldeiras, geralmente das fábricas de castanha-de-caju. Esse subproduto é disputado também pelas indústrias de cimento, olarias e outras indústrias que o utilizam em seus fornos para a geração de vapor.

O LCC pode ser matéria-prima para a síntese da lasiodiplodina, substância já conhecida por atuar contra a leucemia (câncer de sangue). Os trabalhos que comprovam essa hipótese estão sendo desenvolvidos pela Universidade de Brasília com extração da substância a partir do ácido anacárdico encontrado na casca de castanha-de-caju.

A composição química do LCC é formada basicamente por um ácido de natureza cáustica, o ácido anacárdico, que pode causar sérias lesões no contato com a pele do operador na unidade de processamento.

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398 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

As cascas de castanha-de-caju são geralmente utilizadas pelas empresas de beneficiamento de castanha como combustível para suas caldeiras, na proporção de até 30% para geração de vapor. Segundo informações de empresas especializadas em caldeirarias, quando se utilizam quantidades maiores de cascas de castanha--de-caju na geração de vapor, elas podem ocasionar entupimentos nas tubulações que alimentam as caldeiras e causar sérios prejuízos e risco na segurança do equipamento.

PelículaA película que protege a amêndoa de castanha-de-caju é formada por um

tegumento composto basicamente de catequinas e alguns alcaloides, além de pigmentos de cor alaranjada. Representando cerca de 3% do peso da castanha-de--caju, a película pode ter, pelo menos, duas utilizações: na composição de rações animais ou ainda como fonte de tanino para curtumes. Essas aplicações da película permitem o aproveitamento de um subproduto da industrialização que antes era simplesmente descartado (PAIVA et al., 2000a). Alguns trabalhos citam também o emprego da película como substrato na produção de mudas de fruteiras como fonte de minerais.

A película da amêndoa de castanha-de-caju apresenta valor energético significativo com 5.365 kcal kg-1 (MAIA et al., 1981), além de fibras, proteínas e extrato etéreo. Dessa forma, a utilização da película na alimentação animal tem como alicerce a sua composição química e seu valor energético.

AmêndoaA amêndoa de castanha-de-caju é a parte comestível do fruto, tendo em

média 28% a 30% do seu peso. Na industrialização, o seu rendimento cai para 21% a 23%, devido principalmente ao processo de secagem ao sol para ser armazenada. É considerada um alimento de sabor agradável e de alto valor nutricional, apresentando, em sua constituição, 21% de proteína, 47% de gordura e 22% de hidratos de carbono (Tabela 1). O seu baixo teor de carboidratos, menos de 1% de açúcar solúvel, é responsável pelo sabor agradável. É, portanto, recomendada para pessoas que sofrem de diabetes e obesidade, pelo seu reduzido teor de açúcares e equilibrado valor energético (OHLER, 1979).

De acordo com Arango (1994), a qualidade da ACC pode ser definida como um conjunto de características organolépticas, tais como gosto, cor, cheiro e homogeneidade morfológica. Nesse caso, atributos como tamanho, integridade física do produto, cor e sabor são relevantes na determinação das preferências do consumidor final.

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399Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

NutrientesNecessidade nutricional diária para uma pessoa

adulta

Quantidade por 100 g de amêndoas

% da necessidade nutricional máxima

Calorias 3.000-3.500 600 17,14Proteínas 60-75 g 21 g 28,00Carboidratos 375 g 22 g 0,06Gorduras 68 g 47 g 69,11Fósforo 1,44 g 0,45 g 31,25Cálcio 0,68 g 0,05 g 7,35Ferro 0,015 g 5 mg 33,33Vitamina A 4.000 I.U 322 I.U 8,05Vitamina B 400 I.U 111 I.U 27,75Vitamina E 46 mg – –

Tabela 1. Valor nutritivo da amêndoa de castanha-de-caju.

Fonte: http://www.bolacashew.com/nutrition.php

Também é considerada uma fonte de proteína de alta qualidade, rica em ácidos graxos poli-insaturados de grande valor energético, além de apresentar elevado teor de ferro, fósforo e vitamina B, contribuindo com percentuais significativos da necessidade diária de nutrientes e calorias (Tabela 2).

A amêndoa é um alimento altamente nutritivo, proporcionando uma quantidade substancial de energia. Tem sabor agradável e pode ser comida crua, frita e, por vezes, salgada ou caramelizada com açúcar (MANAY et al., 1987). Contribui

Tabela 2. Composição química média da ACC.

Componente Valores Médios

Umidade (%)Proteína bruta (N x 6.25) (%)Extrato etéreo (%)Ácidos graxos saturados (%)Ácidos graxos insaturados (%)Carboidratos totais (%)Fibra bruta (%)Sais minerais (%)Cálcio (mg 100 g-1)Fósforo (mg 100 g-1)Ferro (mg 100 g-1)Tiamina (mg 100 g-1)Riboflavina (mg 100 g-1)Ácido nicotínico total (mg 100 g-1)

10,029,947,018,581,527,2

1,21,7

165,0490,0

5,0140,0150,0

2.200,0

Fonte: Paiva et al. (2000 a).

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400 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Além da ACC, outros subprodutos podem ser obtidos do processamento da castanha, conforme a Figura 2.

Figura 2. Produtos obtidos a partir do beneficiamento da castanha-de-caju.

Castanha

Amêndoa com película

PelículaTaninos

Amêndoa sempelícula

Farinharefinada

Amêndoacrua

Farinha grossa

Óleo nãosaturado

Manteigavegetal

Casca

LCCTaninos

Colas fenólicasTintas

VernizesPlásticos

Resinas fenólicasImpermeabilizantes

Pó de fricçãoAglomeradosCompensados

Isolantes elétricos

Resíduosprensados

Normas de identidade e qualidade da castanha-de-cajuPara regulamentar a comercialização da castanha-de-caju, o governo brasileiro,

por meio de Portaria, criou normas para a classificação da castanha-de-caju, que tem como objetivo definir as características de identidade, qualidade, apresentação, embalagem, armazenamento e transporte que se destina à comercialização interna.

A castanha-de-caju será classificada em classes, segundo o tamanho, e tipos, segundo a qualidade.

como uma fonte importante de gordura na dieta, sendo também uma importante fonte de minerais. A procura por amêndoas de castanha-de-caju em muitos países de clima temperado tem aumentado (RUSSEL, 1979).

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401Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

ClassesAs classes da castanha-de-caju são determinadas em função do seu tamanho e

de acordo com as peneiras abaixo discriminadas, ficando assim distribuídas em cinco classes:

• Grande – É o produto que ficar retido na peneira de malha 25 mm.• Média – É o produto que vazar na peneira de 25 mm e ficar retido na peneira

de furo circular de 23 mm.• Pequena – É o produto que vazar na peneira de 23 mm e ficar retida na

peneira de furo circular de 21 mm.• Miúda – É o produto que vazar na peneira de 21 mm e ficar retida na peneira

de furo circular de 19 mm.• Misturada – É o produto que não se enquadrar nas classes anteriores e se

apresenta constituído de duas ou mais classes.Admite-se um percentual máximo de 10% de mistura de outras classes

diferentes da predominante. As castanhas-de-caju que não vazarem na peneira de 17 mm, poderão ser incorporadas na classe miúda.

TiposA castanha-de-caju será classificada em quatro tipos (Tabela 3) segundo a sua

qualidade, respeitada a classe a que pertence e ainda os critérios estabelecidos.Independente do tipo, as castanhas deverão ser novas, inteiras, com cascas

de cor natural, limpas, secas, livres de materiais estranhas, contendo amêndoas maduras, perfeitas e sãs, com película de cor uniforme.

A diferenciação dos tipos será feita com base nos percentuais máximos permitidos de castanhas avariadas, impurezas, matérias estranhas e cajuís.

A castanha-de-caju será considerada abaixo do padrão quando ultrapassar os limites estabelecidos para o tipo 4 e não exceder o limite máximo de 25% de castanhas avariadas.

Tabela 3. Limites máximos de tolerância dos defeitos da castanha-de-caju.

TipoCastanhas avariadas

(%)

Impurezas ematérias estranhas

(%)

Cajuí (%)

Umidade(%)

1 4 1 1

82 6 1,5 2

3 8 2 3

4 10 2,5 4

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402 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Será desclassificada e proibida a comercialização de toda castanha que apresentar precário estado de conservação, totalmente danificada, apresentar aspecto generalizado de mofo e/ou fermentação, afetando a amêndoa, e cujo teor de micotoxinas esteja acima dos limites estabelecidos pela legislação em vigor.

Quando se ultrapassar o limite máximo de 25% de castanhas avariadas, elas serão temporariamente desclassificadas, podendo, quando possível, ser novamente beneficiadas, desde que se mantenha a sanidade da amêndoa.

Roteiro de classificação da castanha-de-caju • Homogeneizar a amostra.• Aferir a balança sempre que for proceder a uma pesagem.• Determinar a umidade da amostra reservada para esse fim cujo peso

depende do aparelho a ser utilizado. • Pesar um 1 kg de castanha-de-caju da amostra a ser classificada, o qual será

a amostra de trabalho.• Proceder a separação das impurezas e matérias estranhas encontradas

na amostra e acrescentar ainda os restos de pedúnculos encontrados nas castanhas-de-caju que deverão ser cortados com facas ou estiletes. Pesar e anotar no laudo as impurezas e matérias estranhas.

• Despejar a amostra de trabalho em peneiras de furos circulares sobrepostas em ordem decrescente de diâmetros, ou seja, as peneiras de 25 mm, 23 mm, 21 mm, 19 mm e 17 mm.

• Anotar no laudo de classificação o peso das castanhas que ficarem retidas nas referidas peneiras. No caso específico do cajuí, que deverá vazar na peneira de 17 mm, seu peso será também anotado no campo destinado para esse fim, o qual será utilizado para enquadramento em tipo.

• Proceder o corte de todas as castanhas da amostra de trabalho, já retiradas as impurezas e matérias estranhas para identificação, separação e pesagem dos defeitos abaixo relacionados. Recomenda-se, antes do corte, a retirada de toda castanha furada pela traça Anacampis sp.

• Separar as castanhas defeituosas de acordo com o defeito, pesando-as isoladamente e anotando no laudo de classificação.

• Transformar em percentuais os pesos dos defeitos isolados, bem como os dos cajuís, impurezas e materiais estranhos.

• Fazer o somatório do total do peso de castanhas com defeitos e entrar na fórmula com o valor obtido.

• Remover as amêndoas de suas respectivas cascas para determinação do seu rendimento.

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403Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

% Defeitos = Peso das amêndoas defeituosas 10

• Retirar do rendimento de amêndoas o peso das defeituosas para determinação do rendimento das que estão sadias.

Utilize a fórmula abaixo para a transformação de peso em percentual:

Normas de identidade e qualidade da amêndoa de castanha-de-caju (ACC)

O regulamento técnico de identidade e de qualidade para a classificação da amêndoa da castanha-de-caju (ACC) é de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e adotada por todas as fábricas que beneficiam a castanha-de-caju para a exportação.

A ACC será classificada em classes, em função do tamanho, e tipos, em função da qualidade.

ClassesDe acordo com o tamanho, a amêndoa será classificada em sete classes.

Observa-se, para a denominação das classes, o uso das iniciais dos nomes em inglês, seguidas ou não do número correspondente à quantidade de ACC por libra-peso (453,59 gramas), assim especificada:

Whole: constituída de amêndoas inteiras que obedecem a uma calibragem e apresentam características específicas conforme descritas abaixo:

Special Large Whole (SLW): é o produto que contém até 180 amêndoas de castanha-de-caju em 453,59 gramas. Large Whole (LW ou W210): é o produto que contém de 181 a 210 amêndoas de castanha-de-caju em 453,59 gramas.Whole (W240): é o produto que contém de 220 a 240 amêndoas de castanha-de-caju em 453,59 gramas.Whole (W280): é o produto que contém de 260 a 280 amêndoas de castanha-de-caju em 453,59 gramas.Whole (W320): é o produto que contém de 300 a 320 amêndoas de castanha-de-caju em 453,59 gramas.Whole (W450): é o produto que contém de 400 a 450 amêndoas de castanha-de-caju em 453,59 gramas.

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404 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Short Whole (SW): é o produto que contém de 451 a 500 amêndoas de castanha-de-caju em 453,59 gramas.Mix Whole (WM): constituída da mistura das diversas classes acima mencionadas e composta de todos os tipos (W1, W2, W3, W4 e W5).Whole (W3): constituída de amêndoas inteiras de todos os tamanhos e de cor uniformemente tostada.

Split (S): constituída de cotilédones inteiros (bandas), incluindo aqueles com fraturas inferiores a 1/8, desde que em pequena quantidade.

Butt (B): constituída de amêndoas de castanha-de-caju com fratura transversal em um ou em ambos cotilédones, porém maiores do que 3/8 de seu tamanho original.

Piece (P): constituída de pedaços de amêndoas de castanha-de-caju de tamanhos variados, conforme denominação abaixo:

Large Piece (P): aquele que fica retido na peneira de malha de 6,35 mm. Incluem-se nesta categoria os pedaços denominados P1, P2 e P3. Medium Piece (PM): aquele que vaza na peneira de malha de 6,35 mm e fica retido na peneira de malha 4, fio 16 SWG ou 4,75 mm. Incluem-se nesta categoria os pedaços médios denominados P1M, P2M e P3M.Short Piece (SP): aquele que vaza na peneira de malha 4, fio 16 SWG ou 4,75 mm e que fica retido na peneira de malha 7, fio 20 SWG ou 2,80 mm. Incluem-se nesta categoria os pedaços médios denominados SP1, SP2 e SP3.Super Short Piece (SSP): aquele que vaza na peneira de malha 7, fio 20 SWG ou 2,80 mm e que fica retido na peneira de malha 8, fio 20 SWG ou 2,36 mm. Incluem-se nesta categoria os pedaços denominados SSP1, SSP2 e SSP3.

Grain (G): fragmento de amêndoa que vaza na peneira de malha 8, fio 20 SWG ou 2,36 mm, e que fica retido na peneira de malha 10, fio 24 SWG ou 1,70 mm. Incluem-se nesta categoria os fragmentos denominados G1, G2 e G3.

Baby Bits (BB): é o próprio germe da ACC. Para separá-lo, utiliza-se a mesma peneira usada para os grânulos.

Xerém (X): fragmento de amêndoa de castanha-de-caju que vaza na peneira de malha 10, fio 24 SWG ou 1,70 mm, e que fica retido na peneira de malha 14, fio 22 SWG ou 1,19 mm. Incluem-se nesta categoria os fragmentos denominados X1, X2 e X3.

Flour (F): fragmento de amêndoa que vaza na peneira de malha 14, fio 22 SWG ou 1,19 mm. Incluem-se nesta categoria os fragmentos denominados F1, F2 e (FE, F3).

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405Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

TiposObservada a classe a que pertence, a amêndoa da castanha-de-caju será

classificada em 5 tipos, expressos por números arábicos, definidos em função da cor, dos limites máximos de tolerância de defeitos, observados ainda os demais critérios de classificação estabelecidos no Regulamento do Mapa, aqui apresentado.

A designação dos tipos considera duas sequências básicas. Na primeira, utilizam-se as letras iniciais dos nomes em inglês da classe a que pertence, seguidas do algarismo arábico correspondente ao tipo. Na segunda, utilizam-se as letras iniciais dos nomes em inglês da classe a que pertence, seguidas do número correspondente à quantidade de amêndoas/libra e do algarismo arábico correspondente ao tipo.

Os tipos 1, 2 e 3 devem ser constituídos de amêndoas secas, sãs, limpas e inteiras, com cor uniforme, odor e sabor característico, livres de insetos e fungos (mofo, bolor ou levedura), observados os limites máximos de tolerância.

A diferenciação entre os tipos 1, 2 e 3 é feita com base na coloração da ACC, que varia para cada tipo entre alva (ou marfim pálido), marfim fechado e creme (e/ou ligeiramente tostada, acinzentada, azulada ou manchada), respectivamente. Incluem-se nesses tipos as amêndoas abaixo denominadas:

Tipo 1: (Cor alva ou marfim pálido). Incluem-se neste tipo as amêndoas de castanha-de-caju das seguintes denominações: SLW1, LW1 ou W1-210, W1-240, W1-280, W1-320, W1-450, SW1, B1, S1, P1M, SP1, SSP1, G1, X1 e F1.

Tipo 2: (Cor marfim fechado ou ligeiramente amarelado). Incluem-se neste tipo as amêndoas de castanha-de-caju das seguintes denominações: SLW2, LW2 ou W2-210, W2-240, W2-280, W2-320, W2-450, SW2, B2, S2, P2, P2M, SP2, SSP2, G2, X2 e F2.

Tipo 3: (Cor creme e/ou ligeiramente tostada), podendo ser ainda ligeiramente acinzentada ou azulada. Incluem-se neste tipo as amêndoas de castanha-de-caju das seguintes denominações: SLW3, LW3 ou W3-210, W3, B3, S3, P3, P3M, SP3, SSP3, G3 e X3.

Tipo 4: Deve ser constituído de amêndoas secas, limpas e inteiras, com cor idêntica à dos tipos 1 e 2, com odor e sabor característicos, livres de insetos e fungos (mofo, bolor e levedura), admitindo-se pontuações pretas (brocas) e/ou pequenas manchas em um ou em ambos os cotilédones, observados os limites máximos de tolerância estabelecidos no Regulamento do Mapa (Tabela 9). Incluem-se neste tipo as amêndoas denominadas W4.

Tipo 5: Deve ser constituído de amêndoas secas, limpas e inteiras, com coloração variada, podendo ser amareladas, acentuadamente tostadas, acinzentadas, azuladas ou arroxeadas, com odor e sabor característicos, livres de insetos e fungos (mofo, bolor e levedura), admitindo-se, também, amêndoas manchadas, brocadas,

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406 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

imaturas e raspadas, observados os limites máximos de tolerância estabelecidos no Regulamento do Mapa. Incluem-se neste tipo as amêndoas denominadas de W5.

O percentual máximo de amêndoas quebradas admitidas para todos os tipos da classe inteira é de 8,0%, no ato do embarque. O produto que ultrapassar esse percentual deverá ser rebeneficiado com objetivo de enquadrá-lo no limite fixado.

Na tipificação das bandas, batoques, pedaços, grânulos, xerém e farinha, observam-se os mesmos critérios utilizados na tipificação das amêndoas inteiras no que diz respeito à variação da cor. Consideram-se, ainda, os diversos tamanhos dos pedaços e fragmentos determinados por meio de suas respectivas peneiras, bem como os limites máximos de tolerância estabelecidos no Regulamento do Mapa e em suas tabelas.

O percentual máximo de pedaços e/ou fragmentos (grânulos ou baby bits, xerém e farinha) admitido para todos os tipos de batoques e bandas é de 8,0%, no ato do embarque. O produto que ultrapassar esse percentual deverá ser rebeneficiado com objetivo de enquadrá-lo no limite fixado.

As amêndoas inteiras, quando misturadas, serão denominadas como WM. Elas não serão calibradas, devido à diversidade de tamanhos, mas serão tipificadas como tipo único.

Sistemas de processamento da castanha-de-cajuUm dos principais objetivos do processamento da castanha-de-caju é a

remoção da amêndoa preservando seus atributos de integridade, cor e tamanho. Amêndoas inteiras obtêm preço mais elevado do que os pedaços quebrados. As de tonalidade pálida, cor de marfim ou brancas são preferíveis às coloridas ou queimadas. O rendimento do processo geralmente varia entre 22% e 24% do peso total de matéria-prima processada. A percentagem de amêndoas de castanha--de-caju inteiras, no final, varia entre 55% e 85%, dependendo do método de processamento e de gestão da fábrica. Em geral, 65% de amêndoas inteiras pode ser considerado um resultado satisfatório (PAIVA et al., 2000a).

Existem três tipos de sistema de beneficiamento da castanha-de-caju: mecanizado, semimecanizado e artesanal. Estima-se que entre 5% e 10% da produção de castanha-de-caju no Brasil seja processada pelo sistema semimecanizado e artesanal com o emprego de máquina manual, geralmente associada a pequenas unidades de produção, as minifábricas, que, ao contrário das fábricas mecanizadas, estão localizadas na zona rural das cidades do interior, principalmente da região Nordeste, conferindo-lhes grande capilaridade.

Um dos gargalos no processamento da castanha-de-caju é a sua abertura, que tem como fatores restritivos a sua forma irregular, a dureza da casca e o endocarpo

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407Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

esponjoso constituído, em parte, pelo LCC, que pode contaminar a ACC durante as etapas do processamento. Na maioria dos processos, não se faz a remoção do LCC, sendo as cascas destinadas à queima como fonte de calor na própria unidade industrial, ou vendidas para a queima em caldeiras ou em fornos. Nas fábricas brasileiras que utilizam o processamento mecanizado, o LCC é extraído da casca numa operação delicada que exige conhecimentos e equipamentos adequados.

Em geral, a operação de descasque da castanha-de-caju é um dos fatores que diferencia o tipo do processamento empregado nas fábricas. Dessa forma, pode--se utilizar o descasque manual, método usado principalmente na Índia, restante da Ásia e em todo o continente Africano, e o mecanizado, com duas variantes básicas: o descasque por choque ou por impacto por meio de um disco que arremessa a castanha com direção tangencial sobre uma superfície cônica, ocasionando a ruptura da parede do seu endocarpo.

O rendimento industrial da castanha-de-caju em qualquer sistema adotado pode variar, entre outros fatores, pela sua umidade, seu estado fitossanitário, o nível de impurezas e matérias estranhas e a presença de castanhas miúdas ou cajuí. Os melhores resultados são alcançados quando se utilizam castanhas-de-caju médias.

Sistema mecanizadoAs castanhas-de-caju que haviam sido classificadas e separadas em função do

seu tamanho (grande, média e pequena) voltam a ser agrupadas em um mesmo lote logo após saírem das centrífugas.

Após o cozimento, as castanhas são transportadas através de um elevador de caçambas, que descarrega em uns transportadores vibratórios horizontais, que, por sua vez, descarregam em classificadores de rolos, para se fazer uma nova separação por tamanho.

Segundo Cavalcante Neto (2007), essa classificação é feita por meio de um espaçamento entre os rolos, de forma variada ao longo do seu comprimento, isto é, a largura entre os rolos do classificador vai aumentando da entrada do classificador até a saída. Esses rolos são giratórios e inclinados, obrigando a castanha a deslizar sobre eles, sendo assim selecionadas por tamanho. São quatro os tamanhos das castanhas selecionados no classificador, pequena, média 1, média 2, e graúda.

Abaixo dos rolos classificadores, existem funis e calhas, específicos para cada tamanho, que transferem aos silos de resfriamento – referentes também a cada tamanho – cuja finalidade é resfriar a castanha, que chega ainda quente, pois o processo de corte requer que a castanha esteja na temperatura ideal. Levam-se em média 2 horas para realizar um bom resfriamento.

Existe um grande ventilador, que, por meio de dutos, promove o resfriamento das castanhas dentro dos silos. A troca de calor é feita por um duto perfurado, que se

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408 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

situa na região central do silo, e permite a circulação do ar proveniente do ventilador.Após as castanhas serem cozidas, são transferidas por um elevador de

caçambas, que as descarrega em uns transportadores vibratórios horizontais, que, por sua vez, as descarregam em classificadores de rolos, para que seja feita uma nova separação por tamanho.

Tecnologia OltremareA Oltremare foi pioneira no sistema automatizado de corte da castanha-de-

-caju. O processo é baseado pelo comando de corte por duas facas. As castanhas são conduzidas por canaletas e alinhadas para se ajustar entre as facas. Em seguida são empurradas entre as facas para efetuar o corte. O alinhamento das castanhas na caneleta é feita de forma manual. Depois de vir em conjunto, as facas fazem um movimento de torção, separando assim a casca da amêndoa. A maior desvantagem desse método é que castanhas com calibre inferior a 18 mm não podem ser processadas.

Tecnologia CashcoNo sistema Cashco de descasque, as castanhas também são alimentadas na

canaleta, mas com alinhamento automático. O dispositivo de descasque tem duas facas que cortam os lados da castanha, e um pino que é enfiado na sua extremidade superior faz a abertura e separa a amêndoa da casca. Esse sistema é vantajoso na medida em que é uma operação completamente mecanizada com uma saída de cerca de 75% de amêndoas inteiras. No entanto, castanhas-de-caju com calibre inferior a 15 mm não podem ser processadas nesse sistema.

Tecnologia SturtevantO sistema Sturtevant e variações do processo industrial foi introduzido no

País pela empresa Brasil Oiticica S.A., surgindo, alguns anos depois, alternativas de equipamentos desenvolvidos que tinham como princípio o mesmo empregado pelos equipamentos introduzidos no Brasil na década de 1970. O mecanismo de corte da castanha-de-caju é simples e permite um fluxo contínuo. No processo, emprega-se força centrífuga de rotor com velocidade controlada para abertura da castanha. Por meio de pás rotativas, as castanhas são arremessadas pelo disco contra o invólucro sólido da máquina, cujo impacto causa rachaduras que permitem abrir a casca sem quebrar a amêndoa. A vantagem do processo é que todos os tamanhos de castanhas podem ser beneficiadas por este método. No entanto, faz-se necessário que elas sejam classificadas em quatro tamanhos, sendo que cada calibre de castanha deve ser arremessada pelo disco com velocidade diferente.

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409Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Processo de corte semimecanizado

Um dos pontos importantes que diferencia o sistema mecanizado do semimecanizado é o aquecimento que a castanha recebe antes da decorticação. No semimecanizado, a castanha é aquecida com uma fonte de vapor que pode ser uma caldeira ou autoclave por cerca de 20 minutos, enquanto, no processo mecanizado, a castanha-de-caju, previamente umidificada, recebe um banho em LCC quente, que resulta na extração da parte do LCC contido nela.

Nesse processo, é feito o corte manual das castanhas previamente limpas e selecionadas, retiradas do armazém e submetidas a uma autoclavagem com vapor úmido saturado, utilizando-se pressão a 10 psi (pound square inch), por 15 a 20 minutos, com equipamentos tipo vaso cozedor com geração própria de vapor ou com auxílio de uma caldeira. Após o resfriamento das castanhas, realiza-se o corte individual de cada uma delas em máquinas de operação manual. Essas máquinas são dotadas de duas lâminas curvas, semelhantes ao formato da castanha-de-caju, que realizam a separação da casca da amêndoa. As amêndoas com película são levadas para a estufa, para posterior despeliculagem, seleção, classificação e embalagem.

Nesse processo, fatores específicos, tais como boa autoclavagem da castanha, regulagem adequada das lâminas de corte e a habilidade do operador da máquina de corte manual, influenciam no rendimento e percentual de amêndoas inteiras, que pode alcançar 85% no final do processo.

Processo artesanal de beneficiamentoO processo artesanal de beneficiamento da castanha-de-caju, adotado em

pequenas propriedades do interior do Nordeste, consiste basicamente em colocar as castanhas em chapas metálicas com aquecimento direto em fogo intenso até a total queima do LCC, resultando numa castanha escura, cuja quebra individual é feita com pedaços de madeira ou metal, para a abertura e a obtenção da amêndoa. A soltura da película é facilitada devido ao processo inicial de queima da castanha, que chega a assar parcialmente a sua amêndoa. Esse processo, quando realizado empiricamente, apresenta vários inconvenientes, resultantes principalmente das condições precárias de higiene do ambiente utilizado, que na maioria dos casos são beiras de estradas e locais inadequados nas próprias casas dos produtores ou processadores.

Comparação das tecnologias de processamentoApesar de utilizarem equipamentos e tecnologias diferentes, cada processo

tem suas particularidades e adota estratégia diferente de processamento em função da disponibilidade e da quantidade da matéria-prima, linha de equipamentos e

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410 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

estratégia de mercado. Na Tabela 4, estão relacionadas algumas diferenças dos processos de beneficiamento da castanha-de-caju utilizados no Brasil.

Tabela 4. Diferenças entre os processos de beneficiamento da castanha-de-caju no Brasil.

Etapa do processoProcesso industrial

Mecanizado Semimecanizado Artesanal

Castanha-de-caju

ClassificaçãoClassificador rotativo com malhas de retenção de diferentes calibres

Classificador rotativo com malhas de retenção de diferentes calibres

Faz separação das castanhas sãs e avariadas

UmidificaçãoImersão em água por 30 minutos e repouso de até 72 horas

Não faz Não faz

Cozimento Imersão no LCC a 210 0C por cerca de 3 minutos

Em vapor úmido a 160 0C por 20 a 30 minutos

Queima direta da castanha até a liberação do LCC

Corte

Máquina centrífuga em alta rotação. Elevado índice de amêndoas quebradas

Máquina de corte manual com uso de navalhas. Elevado índice de amêndoas inteiras

Quebra individual com pedaço de madeira ou metal. Elevado índice de amêndoas quebradas

Amêndoa de castanha-de-caju

Estufagem da amêndoaEstufas de um estágio com vapor seco ou em estufas contínuas

Estufas com vapor seco ou estufas a gás de cozinha ou lenha

Quando necessária, em estufa a lenha ou secagem ao sol

Umidificação Operação geralmente não realizada

Vapor úmido por 2 a 5 minutos Não faz

Despeliculagem Ar comprimido Despeliculador manual ou rotativo Manual

Seleção e classificação Pelo padrão da AFI(1) Pelo padrão da AFI Inteiras e pedaços

EmbalagemLatas sanitárias, sacos aluminizados, vácuo e inertizantes

Latas sanitárias, sacos aluminizados, vácuo e inertizantes

Sacos plásticos

(1) Association of Food Industries (AFI) (ASSOCIATION…, 1999).

Tabela 4. Diferenças entre os processos de beneficiamento da castanha-de-caju no Brasil.

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411Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Aplicação do sistema mecanizado no BrasilA industrialização da castanha-de-caju no Brasil assumiu maior relevância a

partir da década de 1970, quando foram implantadas as grandes unidades industriais mecanizadas, com sistema de abertura da castanha-de-caju por corte com lâminas ou por impacto. Isso contribuiu para a expansão da agroindústria do caju no Nordeste do Brasil, que conta com capacidade operacional de processamento atual de 550 mil toneladas de castanha por ano, colocando o País como um dos principais produtores de castanha-de-caju do mundo e um importante mercado exportador da ACC.

Nas fábricas brasileiras, foram implantados os sistemas Sturtevant e Cashco (TELLES, 1988). Esse foi o processo predominante nas unidades do sistema mecanizado, surgindo alguns anos depois outras alternativas, desenvolvidas por nossas metalúrgicas, que nada mais eram do que variações dos dois processos introduzidos no Brasil. As etapas simplificadas do processo mecanizado são apresentadas na Figura 3.

Figura 3. Fluxograma do processamento mecanizado da castanha-de-caju.

Limpeza

Classificação

Umidificação

Fritura

Centrifugação

Resfriamento

Classificação

Decorticagem

Estufagem

Despeliculagem

Classificação (Amêndoa)

Embalagem

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412 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Operações do processamento da castanha-de-caju mecanizadoLimpeza

Iniciando o processamento, as castanhas-de-caju passam por uma operação de limpeza, com objetivo da retirada de matérias estranhas bem como das castanhas chochas, furadas e danificadas, sendo utilizadas, para esse efeito, peneiras vibratórias e aspiradores pneumáticos. Essa operação é de grande importância no sentido de preservar a qualidade do LCC, extraído no processo de fritura da castanha-de-caju.

Classificação IAs etapas subsequentes de umidificação e fritura são influenciadas pelo

tamanho da castanha-de-caju, dado que o fluxo de umidade é tanto mais rápido quanto menor for o seu tamanho, pelo que se faz necessário uma separação dos diversos tamanhos, como forma de garantir uma maior homogeneidade àquelas etapas.

Após ser retirada parte das impurezas presentes nas castanhas-de-caju, é feito o processo seletivo por tamanho, que são: cajuí, pequena, média e graúda.

Esse processo é feito em classificadores que apresentam a forma sextavada e funcionam com rotação média em torno de 10 rpm. As laterais são fechadas com chapas perfuradas, de diâmetros diferentes e crescentes ao longo de sua extensão, de forma que a classificação é feita da menor para a maior castanha-de-caju.

Esses classificadores apresentam uma declinação voltada para a saída das castanhas-de-caju, fazendo com que haja um deslocamento forçado no sentido de saída.

Abaixo dos classificadores, existem silos de armazenagem, que recebem as castanhas que caem já selecionadas por tamanho. Existe um silo para cada tamanho, tendo o silo de castanha média a maior capacidade de armazenamento.

Uma vez a cada turno, os classificadores são parados, para que seja feita a desobstrução dos orifícios de classificação. É também necessário, quando há existência de grande quantidade de barbantes presos ao eixo principal do classificador, que o operador faça a sua remoção.

UmidificaçãoA umidificação tem como finalidade dar às partes constituintes da castanha

teores de umidade nos quais a fritura possa ser efetuada de forma rápida, sem alterar as características naturais da ACC, notadamente quanto à cor e ao sabor.

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413Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

As condições da matéria-prima (maiores teores de umidade nas castanhas--de-caju mais novas) e a temperatura ambiente influenciam a evolução do processo de umidificação, o qual normalmente estende-se ao longo de 60 a 80 horas. As tentativas para acelerar esse processo produziram resultados desencorajadores, por originar teores elevados de amêndoas queimadas (TEIXEIRA, 1979).

Ao final da umidificação, o teor de umidade deverá variar de 13% a 16% na casca e de 8% a 9% na amêndoa.

Fritura ou cozimento A operação de fritura tem como finalidade retirar parte do LCC contido na casca

e reduzir a consistência da sua estrutura, tornando-a apta para a decorticagem ou abertura da castanha-de-caju.

O combustível que alimenta as fornalhas é o farelo (pedaços de casca da castanha-de-caju), e é armazenado em um fosso que alimenta as fornalhas. De lá, ele é transferido por um elevador de caçambas que o desloca para um transportador.

Após as castanhas terem sido submetidas ao processo de tratamento, a tampa inferior do tanque de umidificação é aberta, e as castanhas-de-caju caem sobre um transportador vibratório horizontal que as transporta para um elevador de caçambas. Este as transfere para tremonhas controladoras de fluxo de castanha no setor de cozimento.

A finalidade básica das tremonhas é armazenar as castanhas já umedecidas, além de funcionar como estoque regulador para os cozinhadores (cookers), isto é, permite uma velocidade constante e contínua no processamento.

Logo em seguida, há as válvulas dosadoras, ligando as tremonhas aos cozinhadores, que objetiva o perfeito isolamento dos gases originados nos cozinhadores. Esses gases se originam após as castanhas entrarem nos cozinhadores, pois nestes existe LCC com temperatura entre 200 °C e 205 °C, que, ao entrar em contato com a castanha-de-caju, provoca um cozimento instantâneo e a ocorrência de gases. É também função da válvula dosadora manter uma alimentação contínua de castanha-de-caju para o cozinhador, onde é feito o cozimento propriamente dito. A temperatura do LCC e o tempo de imersão variam em função do teor de umidade da castanha-de-caju, sendo que a regulação desses fatores (temperatura/tempo) determina a obtenção de mais ou menos rendimentos em amêndoas de castanha-de-caju brancas e inteiras.

A castanha é cozida em banho de LCC, à medida que vai sendo deslocada por uma rosca sem fim existente dentro do cozinhador.

Durante a imersão, a água que havia sido absorvida ao longo da umidificação é removida pela ação do LCC aquecido, que arrasta o LCC contido na casca (SOARES, 1986). O LCC é removido durante os primeiros 50 a 70 segundos do tempo de fritura,

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414 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

sendo o restante do tempo destinado a retirar a umidade da casca, até o limite necessário para a decorticagem (TEIXEIRA, 1979).

Quando a castanha-de-caju é submetida ao processo de tratamento, introduz--se água dentro dos alvéolos na casca da castanha, que são pequenas bolsas que armazenam o LCC. Quando a castanha sofre esse choque térmico com o LCC, a água existente nos alvéolos evapora instantaneamente, expandido assim seu volume e rompendo-os, liberando LCC e fragilizando a casca.

Em média, o processo de fritura da castanha-de-caju em LCC quente é de aproximadamente 2 minutos, dependendo da classe da castanha.

No setor de cozimento, existem fornalhas, com o objetivo de aquecer o LCC, onde se utiliza a casca da castanha-de-caju como combustível para fornecer calor e a casca conduzida por um transportador de rosca, que por sua vez distribui para silos, e logo abaixo existe uma calha vibratória que joga o farelo para uma tubulação. De lá será arrastado para dentro da fornalha por uma corrente de ar gerada por um ventilador.

Acoplado à fornalha, há um ventilador que fornecerá o oxigênio necessário à combustão. Ele tem também a função de desobstruir os orifícios das grelhas, já que elas entopem com restos de farelo queimado.

Existem, ainda, bombas de engrenagens que fazem com que o líquido da casca permaneça em constante circulação dos cozinhadores para fornalhas e vice-versa. Essas bombas são movidas a eletricidade, e, em caso de falta de energia elétrica, são acionadas bombas dúplex (burrinhos), movidas a vapor gerado pela caldeira. É de fundamental importância que o LCC permaneça circulando, caso contrário sua temperatura se eleva a ponto de entrar em combustão.

Nas paradas de fins de semana, faz-se necessária a retirada de todo o LCC existente dentro das tubulações. Antes, porém, de fazer tal operação, circula-se o líquido por trocadores de calor, com o objetivo de diminuir a temperatura a 100 °C, para só assim fazer a retirada do óleo.

O líquido utilizado para o resfriamento nos trocadores de calor é a água, que fica armazenada em um grande tanque próximo ao setor.

Há ainda um lavador de gases por onde todos os gases originados nos cozinhadores passam, bem como os gerados nas fornalhas. O objetivo é fazer a retirada de fuligens existentes na fumaça, antes que ela entre em contato com a atmosfera. Os lavadores têm no seu interior uma cortina de água, formada por bicos aspersores, que borrifam a água e fazem decantar as impurezas para um reservatório, que depois são jogadas no esgoto.

Durante o processamento, são necessários alguns cuidados:• Observar constantemente o nível de castanha-de-caju dentro das tremonhas

de armazenamento, para que não haja transbordamento.

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415Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

• Verificar a perfeita isolação e constância na alimentação na válvula dosadora.

• Analisar o LCC uma vez a cada turno de trabalho, para verificar a viscosidade do óleo, que deverá estar situada em torno de 300 CPS, valor que representa a densidade do LCC em gramas por centímetro cúbico.

• Verificar a quantidade de água existente no óleo, oriunda do cozimento.

• Coletar amostras a cada tanque processado, antes e depois de as castanhas serem cozidas, para verificar níveis de umidade na casca e na amêndoa, observando ainda se, logo após cozidas, as castanhas estão abrindo com facilidade e se não apresentam sinais de queimado.

• Limpar constantemente os orifícios das peneiras, com o auxílio de raspadeiras, visando melhor rendimento.

• Verificar, a cada tipo de castanha-de-caju, a regulagem da válvula reguladora de sucção do ciclone, pois para cada tipo existe uma regulagem. Isso fará com que o ciclone não aspire castanhas boas.

CentrifugaçãoDepois de cozidas, as castanhas ainda apresentam alguma quantidade de LCC

aderido à sua superfície exterior, sendo a remoção feita por meio de força centrífuga. A centrifugação é tanto mais eficiente quanto menor a viscosidade do LCC.

A centrífuga é composta de um cesto perfurado, que gira a uma rotação média de 900 rpm, forçando as castanhas a se deslocarem de baixo para cima, deslizando nas paredes internas do cesto, expulsando o excesso de óleo pelos orifícios.

A parte externa da centrífuga é fixa, e as castanhas, ao alcançarem essa região, são direcionadas para as peneiras resfriatórias, que constituem a próxima etapa.

Após as centrífugas, estão as peneiras resfriatórias, que têm por finalidade promover o resfriamento das castanhas-de-caju, que, depois de serem cozidas, ainda encontram-se em elevada temperatura. Dispondo de exaustores, as peneiras fazem o deslocamento de ar de baixo para cima, diminuindo a temperatura das castanhas. Outra função é retirar o farelo (pedaços de casca) gerado no processo. É importante verificar se, junto a esse farelo, não se encontram pedaços de amêndoas, pois a presença delas é uma evidência de falha no funcionamento da centrífuga, que, estando desregulada, quebrará as castanhas.

Na etapa seguinte, temos os transportadores vibratórios horizontais que transferem as castanhas para um elevador de caçambas, que por sua vez as transportará para a próxima etapa do processo. Antes, porém, de chegarem ao elevador, existe um ciclone que tem por finalidade separar a castanha-de-caju chocha (sem sua amêndoa) e o farelo do processo.

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416 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

ResfriamentoEm função das altas temperaturas verificadas nas castanhas à saída das

centrífugas, o LCC residual se mantém suficientemente fluido, a ponto de poder entrar em contato com a amêndoa. Daí a necessidade de um resfriamento das castanhas o mais rápido possível, seguindo-se um período de repouso antes da decorticagem.

Durante esse período de repouso, o resfriamento até a temperatura ambiente provoca o enrijecimento da casca, tornando-a mais quebradiça, além de consolidar aderência entre os cotilédones que compõem a ACC (TEIXEIRA, 1979).

Nos sistemas que utilizam a decorticagem por impacto, o resfriamento é menos intenso e praticamente sem período de repouso.

Classificação IIAs castanhas-de-caju que haviam sido classificadas e separadas em função do

seu tamanho (grande, média e pequena) voltam a ser agrupadas em um mesmo lote logo após a saída das centrífugas.

Antes da decorticagem por corte com lâminas, as castanhas devem ser introduzidas nas máquinas de tal forma que o seu tamanho ou calibre mantenha um limite de 2 mm entre as suas extremidades e a lâmina. Assim sendo, as castanhas passam por uma nova classificação após o resfriamento, sendo separadas em até oito tamanhos, de acordo com a sua largura, quais sejam: < 18 mm; 18 – 20 mm; 20 – 22 mm; 22 – 24 mm; 24 – 26 mm; 26 – 28 mm; 28 – 30 mm; > 30 mm.

O processo é feito em um espaçamento existente entre os rolos de conformação giratória e inclinados, obrigando a castanha a deslizar sobre eles, e assim serem selecionadas em quatro tamanhos e colocadas em silos com ventiladores que fazem o resfriamento delas.

Após as castanhas serem cozidas, são transferidas por um elevador de caçambas, que as descarregam em uns transportadores vibratórios horizontais, que, por sua vez, as descarregam em classificadores de rolos, para que seja feita uma nova separação por tamanho.

Decorticagem O processo de descasque automático é feito por choque ou impacto da

castanha-de-caju sobre um disco que a arremessa em alta rotação contra uma chapa alvo de formato cilíndrico.

Na entrada do decorticador, existe um direcionador, também conhecido por navalha, que tem por finalidade posicionar a castanha-de-caju na horizontal e com seu dorso voltado para a região de impacto. É nesse impacto que ocorre a separação

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417Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

da amêndoa da casca. Existe um espaçamento entre os discos da zona de impacto, de acordo com o tamanho da castanha a ser processada.

Em seguida ao decorticador, há o separador pneumático, que objetiva fazer a separação da casca e do pó, originados no processo de corte no decorticador.

Essa separação é feita por uma corrente de ar, gerada por um rotor, que faz o arraste das partículas mais leves, pedaços de cascas e pó (resíduos), para a parte superior do pneumático, enquanto a amêndoa, já separada da casca, em conjunto com o retorno (castanhas não abertas), segue para parte inferior, por ser mais pesada.

Uma vez que uma grande quantidade de amêndoa permanece aderida à casca após sofrerem a decorticagem, segue-se a passagem delas por um circuito pneumático, onde por projeção contra superfícies fixas, a ACC é separada da casca. Paralelamente há uma ação coadjuvante de peneiras vibratórias, por outra via, que conduzem as castanhas semiabertas novamente ao mecanismo de corte para completar a etapa.

Após as ACCs serem separadas dos rejeitos (cascas, amêndoas estragadas e retornos), são colocadas em carrinhos que têm várias bandejas (de 18 mm a 23 mm), para posteriormente serem estufadas. Logo após as amêndoas serem colocadas nas bandejas, o carrinho é pesado e esse peso é anotado em formulário próprio tanto do supervisor das esteiras quanto pelo responsável pelas estufas.

O tipo de decorticador utilizado pelas fábricas mecanizadas no Brasil tem semelhança com o desenvolvido pela Sturtevant. O equipamento tem formato cônico, feito em estrutura de aço 1.020, composto de um jogo de martelos de ferro fundido e comando central com disco de ferro com diâmetro de 500 mm, cujo giro é feito por um motor de 1 CV, com rotação em torno 600 rpm a 700 rpm, comandado por um inversor de frequência. Sua produtividade é de 300 kg de castanhas por hora.

EstufagemA amêndoa obtida na decorticagem apresenta teores de umidade da ordem

dos 6% a 8%, o que torna difícil a remoção da película que a envolve. Por meio da estufagem, essa película torna-se mais quebradiça e, consequentemente, mais fácil de ser removida.

O processo de estufagem consiste em colocar as amêndoas, separadas uma das outras, em carrinhos com até 20 bandejas, para posteriormente serem desidratadas. Dependendo do tipo da estufa, esses carros ficam dispostos lateralmente um do outro fora da estufa, até se completar a carga, para só depois serem colocados nela, todos de uma vez, com a finalidade de que todos os carros tenham um mesmo tempo de estufagem.

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418 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

A estufa é utilizada com o objetivo de retirar umidade da ACC, e com isso facilitar a retirada da película existente. O calor gerado no processo de estufagem é fornecido por dois conjuntos de serpentinas tubulares onde circula vapor fornecido pela caldeira. Existem ainda ventiladores, para cada conjunto de serpentina, que fazem o deslocamento das massas de calor gerado pela serpentina para o ambiente interno da estufa. Esses ventiladores alternam o sentido de rotação automaticamente a cada 15 minutos, para assim mudar o sentido de deslocamento das massas de calor, equalizando o melhor possível a temperatura dentro da estufa.

Na estufagem, ocorre a presença de umidade gerada durante o processo. Essa umidade necessita ser retirada pelo método de extração, que consiste em manobra manual de duas válvulas, em que a primeira fecha a passagem dos dutos, permitindo a circulação das massas de ar quente dentro da estufa, e a segunda abre uma passagem que dá saída para um exaustor, fazendo o arraste do ar em conjunto com a umidade. Esse exaustor só é ligado durante a extração, e essa operação leva em média 20 minutos.

Geralmente, são feitas três extrações durante o processo de estufagem, sendo que a última se estende até o fim do tempo necessário para estufagem.

Importa que a redução de umidade durante a estufagem seja feita até o limite de 3%, para manter a integridade estrutural da amêndoa. Para esse efeito, elas são mantidas em temperaturas entre 70 °C e 80 °C por um período de 8 a 10 horas.

DespeliculagemA despeliculagem consiste na remoção da película que envolve a ACC. Nas

grandes indústrias, o processo é realizado de forma mecânica, sendo elas separadas e colocadas em uma área reservada, onde permanecem por um período de repouso de até 4 horas, com a finalidade de esfriarem.

Em fábricas de grande porte, a despeliculagem da amêndoa é feita com auxílio de equipamentos que consistem na retirada da película aderente por meio de choque térmico, sistema pressurizado ou ainda por atrito. Após essa operação, elas poderão passar pelos processos de limpeza, que consiste em separar as amêndoas avariadas, seleção por tipo, que é diferenciação por cor, e calibragem, que as diferencia por tamanho e peso.

Segundo Cavalcante Neto (2007), em qualquer um desses processos, as ACCs são colocadas em uma tremonha que irá alimentar o despeliculador mecânico. Antes, porém, de se iniciar o processo, deve-se fazer um checklist, para ser verificada a pressão e temperatura do ar comprimido que será utilizado. Deve-se observar ainda a regulagem da mola do cesto.

A regulagem da mola do cesto é feita pelo operador baseando-se na quantidade de película existente nas amêndoas e no resultado quando elas estão

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419Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

sendo processadas, isto é, verifica-se se está havendo um bom desprendimento da película sem que ocorra elevado índice de quebra.

O processo acontece por meio de uma corrente de ar comprimido, que é aquecido por vapor antes de entrar no despeliculador, para promover contato das ACCs umas contra as outras, retirando a película por atrito. Em seguida, elas passam por um ciclone que fará a retirada das películas desprendidas, por meio de exaustão, sendo então transferidas para uma esteira transportadora que irá levá-las para as esteiras pneumáticas, com o objetivo de separar os pedaços, as cascas, as películas e as amêndoas inteiras.

Pedaços, cascas e películas são coletados em monoblocos e enviados para outra etapa. As amêndoas inteiras são transferidas para duas esteiras transportadoras para que possa ser feita a classificação por tipos.

As amêndoas com películas resistentes à despeliculagem por atrito são separadas e armazenadas em um local específico e enviadas para raspagem manual, operação geralmente feita fora das fábricas por cooperativas de trabalho.

Seleção e classificação

A ACC é classificada no final do processo de laboração com base nos critérios de tamanho, integridade estrutural ou física, isto é, se é inteira ou partida, e pela cor, variando, nesse aspecto, da cor alva marfim-pálido até a cor creme e/ou ligeiramente tostada (SOARES, 1986).

Cada uma dessas classificações abrange uma série de tipos, sendo as inteiras brancas classificadas segundo o número de amêndoas por libra-peso (453,59 g). Ao contrário do critério adotado no Brasil, a seleção africana reúne em um mesmo tipo as amêndoas inteiras de diferentes tamanhos e colorações.

Após as ACCs passarem pela esteira de retirada de rejeitos, o produto aceito segue para seleção, para mais uma vez ser feita a retirada de amêndoas com película, estragadas, manchadas, brocadas, sujas e pedaços, que não fazem parte do fluxo principal de produção.

As amêndoas com película são direcionadas para a raspagem, enquanto o material estragado é passado em uma esteira para que seja retirado algum produto que seja aceito e separado para posterior beneficiamento. Os pedaços são levados para um separador pneumático, para daí serem retirados e encaminhados para a raspagem e seleção. O produto que apresenta brocas passa pelas máquinas eletrônicas, onde as amêndoas são separadas em dois tipos, o aceito para W4, e o rejeito para W7. Esses materiais, em seguida, vão para a esteira das brocadas. O material sujo é lavado e depois retorna para a seleção, para ser feito o mesmo processo dos outros materiais.

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420 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Nessa fase do processo, a sequência de retirada na esteira é a seguinte: W2, algumas sujas, com película, manchadas e pedaços, caindo na ponta da esteira o material aceito W1. O produto sujo é lavado e retorna à seleção, já o com película vai para o setor de raspagem. Para amêndoas manchadas, é feito um processo de revisão, para a retirada de algum W2, com películas, sujas e brocadas. Para as ACCs selecionadas como W2, faz-se outra revisão retirando algum W1, sujas, brocadas e com películas.

Nessa etapa, as amêndoas são separadas por cor. Na classificação, é feita a separação delas por tamanho. Essa operação pode ser feita manualmente, por pessoas treinadas, ou por máquinas automatizadas, tipo Falko.

Na classificação automática Falko, utiliza-se equipamento eletrônico para classificar ACCs, tendo como princípio a triagem pela máquina utilizada para separá- -las por sua diferença, em termos de volume e/ou peso. A amêndoa é alimentada por um vibrador e uma lâmina de forma apropriada para colocá-la na esteira transportadora que a leva sob um sistema de sensor digital com dispositivo de carga acoplada – Charge Coupled Device (CCD) – cujo sinal é enviado para um microprocessador que determina o volume e o peso da peça única e da classe a que pertence. O produto é, então, ordenado por meio de um ejetor na classe determinada. O sistema automático tem como características importantes a sua alta eficiência, com segurança de processo em torno de 96%, e sua elevada velocidade do microprocessador de controle, possibilitando memorizar até 30 programas. Ele também faz a eliminação de material estragado. Sua leitura é feita pelo emprego de câmera digital de alta resolução. Cada equipamento da versão Falko substitui o trabalho de cerca de 30 pessoas.

No equipamento Falko, desenvolvido pela Oltremare, a desidratação da amêndoa pode ser feita com um secador de operação estática ou contínua. O equipamento consiste em um ou mais módulos padrão, montados em série, para atingir a capacidade de secagem desejada. Um módulo final é colocado na extremidade do sistema de secagem, semelhante às anteriores, com a finalidade de esfriar os grãos. Um único módulo tem as dimensões da sala de secagem: 2 m x 4 m (8 m²), e consiste de uma tremonha de alimentação ao longo de um núcleo entalhado, permitindo uma corrente de ar quente que vem do fundo do secador.

O ar é transportado a partir do exterior por uma ventoinha elétrica e enviado para um permutador térmico que pode ser operado eletricamente ou a vapor ou óleo diatérmico, sendo então transportado por meio do produto a ser secado na direção do movimento da correia.

Os parâmetros em que se baseiam as escolhas do sistema de regulação são os seguintes:

• Temperatura do ar.• Velocidade do ar.• Período de permanência do produto dentro do secador.

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421Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Os dispositivos de regulação são os seguintes:• Trocador térmico de dispositivo de regulação da temperatura.• Ajustamento do ar de entrada e de saída para a sala de secagem.• Transportador dispositivo liga/desliga.• Alimentação funil regulação do obturador.Um aspirador é colocado sobre o capuz secador superior para facilitar o fluxo

de ar quente. No caso de um sistema de arrefecimento, é utilizado um dispositivo de reciclagem de ar quente, que é também previsto a partir do refrigerador para o primeiro módulo do secador, o qual pode ser usado como um pré-aquecedor.

O secador é fornecido com cinto de limpeza e dispositivo de fenda para manter o sistema de malha constantemente aberto e facilitar o fluxo de ar.

Quando se está processando amêndoas pequenas, a classificação é feita com base nos seguintes tamanhos: 240, 320 e 450. Para o caso da amêndoa média 1, a classificação é: 210, 240, 320 e 450; já para a amêndoa média 2 é a seguinte: 180, 210, 240 e 320; e, no caso de amêndoa graúda, é a seguinte: 180, 210, 240 e 320. Para amêndoa W3, só é feita seleção. Já para as amêndoas W1 e W2, são feitas seleção e classificação.

O processo de controle de qualidade em cima dos produtos classificados é feito baseando-se na Tabela 5, a seguir.

Tabela 5. Média aceitável de unidades de amêndoa calibrada por peso da amostra.

AmostrasTipos

100 g 200 g 226,8 g 453,6 g

SLW 35 – 40 71 – 79 80 – 90 160 – 180

LW 40 – 46 79 – 93 100 – 105 200 – 210

240 49 – 53 97 – 106 110 – 120 220 – 240

320 66 - 71 132 – 141 150 – 160 300 – 320

450 88 – 99 176 – 198 200 – 225 400 – 450

Fonte: Cavalcante Neto (2007).

Rendimento industrial mecanizadoPara fins de análise dos rendimentos industriais, podemos tomar como

referenciais aqueles verificados em Moçambique no ano de 1998, por ter sido o último ano em que o setor industrial de processamento de castanha-de-caju daquele país laborou dentro de uma conjuntura favorável a essa atividade.

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422 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Sellschopp et al. (1999) constataram que a unidade industrial que alcançou os melhores rendimentos obteve 56,57% de amêndoas inteiras, com um rendimento em amêndoa de 20,74%. O relatório da Tecnoserve/Paic (1999) indica que essa mesma fábrica empregou um contingente de 184 trabalhadores por 1.000 toneladas de castanha-de-caju processada, ao custo de US$ 505,70 por tonelada.

EmbalagemDepois de selecionadas, as ACCs são acondicionadas em sacos plásticos, com a

formação de vácuo e adição de CO2.

Aplicação do sistema semimecanizado (minifábricas) no Brasil

O modelo de beneficiamento de castanha-de-caju em minifábricas é uma prática adotada por pequenas unidades particulares ou por associações comunitárias e cooperativas, que buscam na maioria dos casos a comercialização da amêndoa no mercado interno, por produzirem amêndoas com melhor qualidade comparada com os outros processos descritos. A exportação da ACC já é uma prática adotada em muitas minifábricas, principalmente no Piauí, destacando-se os grupos formados pelas fábricas localizadas nas regiões de Inhuma e Picos (Figura 4); no Ceará, com as unidades da região de Pacajus e Barreiras, e no Estado do Rio Grande do Norte, com as minifábricas localizadas na Serra do Mel. Nos demais estados, a produção de amêndoas em minifábricas destina-se exclusivamente para o abastecimento do mercado interno (PAIVA et al., 2003).

Figura 4. Etapa da classificação nas minifábricas de Inhuma, PI.

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423Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Limitações do processamento em minifábricas

As limitações identificadas no processamento de castanha-de-caju em pequena escala estão mais relacionadas com a grande diversidade de marcas e modelos de equipamentos, muitos deles elaborados com especificações técnicas inadequadas e com baixo controle de qualidade, com resultados danosos na vida útil e na manutenção desses equipamentos.

As minifábricas de castanha-de-caju, instaladas geralmente em comunidades e a maioria em áreas de produção de castanha, apresentam problemas de gestão relacionados com a sua capacidade de formar capital de giro para aquisição de castanha e pagamento de mão de obra, além de sua baixa capacidade para investimento e modernização das unidades. A comercialização dos produtos obtidos no processamento também constitui um gargalo na atividade, por competir em preço, qualidade e escala de produção com as grandes fábricas. A sua baixa escala de produção reduz a sua competitividade para atender, principalmente, o mercado externo. Tais dificuldades contribuem para a falta de estímulo para o desenvolvimento dessa atividade na área rural e para a sua modernização tecnológica, de forma a torná-la competitiva para os mercados de amêndoas de castanha-de-caju.

Segundo Paiva et al. (2003), a competitividade em comparação com o corte mecanizado, que produz em maior escala e menor custo, está na obtenção de amêndoas inteiras superior em até 40%, quando comparado apenas o atributo de integridade. Outra vantagem do corte manual está na qualidade final da ACC com relação à cor, odor e sabor.

Operações do processamento da castanha-de-caju semimecanizado (minifábricas) Secagem

As castanhas-de-caju devem ser secas até atingirem 7% a 9% de umidade, para que não haja problemas de deterioração durante a estocagem. A secagem é feita espalhando-as em terreiros ou quadra de cimento, por um período de até 72 horas para a completa secagem. Elas devem ser amontoadas, no máximo, a 10 cm do solo (Figura 5), para permitir a entrada de luz e a circulação de ar entre elas, além de facilitar a uniformidade da secagem, com revolvimentos periódicos, pelo menos duas vezes ao dia. Durante o período noturno, elas devem ser cobertas com plástico ou lona para evitar o excesso de umidade e eventuais chuvas.

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Figura 5. Quadra de secagem da castanha-de-caju in natura.

LimpezaÉ conveniente manter as castanhas limpas, livre de folhas, pedras, areia,

pedaços de pedúnculo e outras impurezas, que são fontes de contaminação e aceleram a sua deterioração durante a armazenagem. A limpeza pode ser efetuada em peneiras manuais ou em chapas perfuradas utilizadas para a calibragem, e deve ser complementada em mesas, retirando-se os restos de pedúnculo com facas e tesouras apropriadas.

ClassificaçãoEssa operação, também chamada de calibragem, consiste em separar as

castanhas por tamanho, em chapas perfuradas de calibres diversos, levando-se em conta sua retenção em peneiras diferentes, conforme a Tabela 6.

Classe de castanha-de-caju Especificação técnica Cajus kg-1

Cajuí(1) Quando a castanha-de-caju vaza na peneira de 19 mm Acima de 300

Miúda Quando a castanha-de-caju fica retida na peneira de 19 mm e vaza na peneira de 21 mm 221 a 300

Pequena Quando a castanha-de-caju fica retida na peneira de 21 mm e vaza na peneira de 23 mm 141 a 220

Média Quando a castanha-de-caju fica retida na peneira de 23 mm e vaza na peneira de 25 mm 91 a 140

Grande Quando a castanha-de-caju fica retida na peneira de malha 25 mm 90

Tabela 6. Sistema de classificação da castanha-de-caju por tamanho, em chapas perfuradas.

(1) A castanha-de-caju tipo cajuí não tem importância econômica no processamento em minifábricas.

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425Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

ArmazenamentoA castanha-de-caju, depois de seca, limpa e classificada, pode ser armazenada

por mais de 1 ano. O armazenamento deve ser feito, preferencialmente, em sacos de fibra vegetal, com capacidade de 50 kg. O uso de sacos plásticos ou outra fibra sintética deve ser evitado, para que não ocorra acúmulo de umidade em seu interior. Os sacos devem ser empilhados em depósitos com boa ventilação providos de janelas, esquadrias e combogós com telas finas nas aberturas de ventilação, sob estrados em locais secos e arejados, com espaços para circulação, evitando principalmente a proximidade com as paredes e o teto.

Em algumas fábricas, é muito comum a prática do seu armazenamento a granel, em que elas são postas diretamente sobre os estrados de madeira, com 5 cm a 10 cm acima do chão, evitando o contato direto com o piso e a absorção da umidade. No entanto, essa prática não é totalmente aceita pela maioria das fábricas, uma vez que o controle da matéria-prima é deficiente e a exposição das castanhas-de-caju nas camadas inferiores da pilha pode provocar perda na sua qualidade.

PesagemApós a classificação e antes do armazenamento, as castanhas-de-caju devem

ser pesadas e separadas por classes e tipos com objetivo de facilitar as operações seguintes, principalmente o corte e a classificação. Além de facilitar fluxos dessas etapas, a pesagem é uma forma de controle de estoque e planejamento no atendimento de encomendas. As embalagens em sacos de 50 kg são mais comuns nas minifábricas, embora embalagens de 60 kg também possam ser encontradas.

CozimentoEssa operação tem como objetivo aumentar o volume da castanha-de-caju, tornar

a casca friável e vitrificar o LCC, e ainda facilitar a soltura da amêndoa do endocarpo. O processo consiste no cozimento da castanha-de-caju em vapor úmido, por meio de autoclave com geração de vapor ou ainda diretamente em uma caldeira, por um período que varia de 20 a 30 minutos. A maioria dos cozedores desenvolvidos para as minifábricas geram vapor no próprio vaso de cozimento (Figura 6), têm capacidade de 50 kg e usam como fonte de calor o gás de cozinha ou lenha. Nos modelos desenvolvidos para operar com caldeiras, considera-se que equipamento com produção de 100 kg de vapor hora-1 é suficiente para atender a demanda de uma minifábrica, inclusive para as estufas e o umidificador. Somente se recomenda o uso de caldeiras quando a produção diária da fábrica está acima de duas toneladas de castanha.

O uso de caldeiras em minifábricas deve ser acompanhado por um técnico especializado e com experiência na sua manutenção, devendo a operação ser

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Figura 6. Cozedor vertical de castanha-de-caju com vapor gerado por caldeira.

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realizada periodicamente. A qualidade da água empregada e a natureza da fonte de calor, madeira ou casca da castanha, precisam ser bem acompanhadas. A água que apresentar elevados teores de cálcio e sais de sódio deve ser evitada. Evitar também o uso de casca de castanha em quantidades superiores a 30%. Para atender as necessidades de uma caldeira, são gastos diariamente 2 metros cúbicos de lenha.

Resfriamento e secagemApós cozidas, as castanhas-de-caju são colocadas em local arejado, para o seu

resfriamento e para que sequem, facilitando a quebra durante o corte. Em algumas unidades, é costume deixá-las de um dia para o outro para serem cortadas. Em média, 6 horas são suficientes para elas secarem e estarem prontas para o corte. A secagem pode ser feita em ambiente coberto.

Corte O corte, ou decorticagem, é a operação mais delicada e crítica de todo o

beneficiamento da castanha quando se usa máquina manual de corte. Essa etapa é realizada em máquina tipo manual com alavanca e pedal que ajusta o tamanho da castanha-de-caju num sistema com lâminas no seu formato e promove a sua abertura no sentido longitudinal, liberando a amêndoa com película. Na máquina, trabalham duas pessoas: uma corta, e a outra, munida de estilete, retira a amêndoa do interior do endocarpo. Esses operários trabalham com mãos protegidas com óleo

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427Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

vegetal ou mineral, a fim de evitar a ação cáustica do LCC (Figura 7). Recomenda--se manter cuidados permanentes com a exposição do operário ao LCC, protegendo, além das mãos, a pele do rosto e dos braços.

Existe um grande questionamento no uso desse tipo de equipamento, em face dos perigos que pode ocasionar no operário não só por ser uma operação insalubre, mas também pela ação de esforço repetitivo com o uso contínuo da máquina de corte, em que o operário trabalha em pé.

Figura 7. Corte da castanha-de-caju com máquina manual.

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aAtualmente existe no mercado um equipamento que funciona com o mesmo

princípio, mas o custo inviabiliza a sua aquisição, visto que cada máquina é preparada para cortar um único tipo de castanha-de-caju. Outras máquinas estão sendo desenvolvidas e testadas, mas nenhuma ainda está disponível no mercado.

Estufagem ou desidratação A desidratação da amêndoa de castanha-de-caju tem como função reduzir a

sua umidade e promover a liberação da película. A operação é realizada em estufas com circulação de ar quente (60 °C – 70 °C), por um período de 6h a 8h. As ACCs são colocadas em bandejas teladas e devem ser aquecidas de modo que a película se solte por igual. Como medida importante, recomenda-se fazer um planejamento na minifábrica, de modo que o processo seja realizado, preferencialmente no mesmo dia, evitando a necessidade de pessoas no turno da noite. Em muitas minifábricas, a amêndoa é submetida a um processo de umidificação por vapor saturado com objetivo de facilitar a soltura da película. Nesse caso, as bandejas com as amêndoas, após umidificadas por 3 a 5 minutos, devem retornar à estufa por mais uma hora.

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428 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Resfriamento

O resfriamento da amêndoa de castanha-de-caju deve ser feito no próprio suporte com as bandejas da estufa ou suportes apropriados até a temperatura ambiente. Longas exposições podem provocar sua reumidificação e perda na sua qualidade, dificultando inclusive a retirada da película. Caso seja necessário estocá--las para posterior despeliculagem, recomenda-se acondicioná-las em vasilhames com tampa de boa vedação ou mesmo em sacos plásticos de alta densidade, bem fechados e em locais com baixa umidade.

Despeliculagem Essa operação pode ser realizada em cilindro rotativo acionado por motor

elétrico de baixa rotação em que as amêndoas de castanha-de-caju são submetidas ao atrito em tela perfurada, promovendo a liberação parcial da película. Na despeliculagem na mesa, utiliza-se estrutura de madeira ou chapa galvanizada dotada com tela de metal em que as castanhas são submetidas a um atrito com escova de cerdas até a obtenção da amêndoa sem película. Em qualquer uma dessas operações, pode-se obter até 70% de amêndoas totalmente sem película, sendo o restante submetido ao processo de raspagem manual com auxílio de facas ou estiletes. Essa operação em muitas minifábricas é descentralizada, geralmente em cooperativas e feita por mulheres (Figura 8).

Figura 8. Despeliculagem manual da amêndoa de castanha- -de-caju por operárias em mesas.

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429Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Seleção e classificação

As ACCs devem ser selecionadas e classificadas segundo a Portaria apresentada no item “Normas de identidade e qualidade para a amêndoa de castanha-de-caju (ACC)”.

A minifábrica deverá processar com a possível rapidez todo o produto à medida que seja recebido para garantir a sua integridade e, ao mesmo tempo, reduzir o tempo de beneficiamento.

Tanto os supervisores como os auxiliares devem ser treinados para facilmente identificar a variedade de tipos existentes para que produzam a qualidade desejada e evitem o retrabalho resultante de má seleção, classificação ou mistura.

O trabalho de seleção e classificação de amêndoas inteiras é realizado em esteiras e mesas. As amêndoas encontradas ainda com resíduos de película agregada são raspadas por auxiliares em mesas para depois serem também selecionadas e classificadas. Os pedaços, além de ventilados, são classificados mecanicamente por tamanho e posteriormente selecionados em mesas e esteiras por tipos.

O uso de esteiras, geralmente com acionamento mecânico, é prática utilizada nas fábricas de castanha-de-caju, tendo como objetivo selecionar todos os tipos de amêndoas produzidas no beneficiamento. São utilizadas esteiras para as amêndoas inteiras brocadas (provenientes da matéria-prima ou da pré-seleção e seleção nas outras esteiras), batoques, bandas e pedaços grandes, fazendo a pré-seleção e seleção desses produtos, deixando-os prontos para serem embalados ou torrados e embalados. Há também esteiras para pré-seleção de amêndoas inteiras, recebidas das minifábricas, e esteira para selecionar as inteiras dos tipos W1 e W2, tendo também a função de revisar, se necessário, os tipos W3 e WM, deixando-os prontos para serem embalados ou torrados e embalados. A esteira do final do processo tem a finalidade de classificar as amêndoas inteiras nos tipos W1 e W2, resultantes da seleção pelo seu tamanho, deixando-as prontas para serem embaladas ou torradas e embaladas.

Em pequenas minifábricas, a despeliculagem é feita sem auxílio dos equipamentos descritos. Nesse caso, os operários, com simples torção de dedos, conseguem separar a película da amêndoa. Em alguns casos, lança-se mão de estiletes de metal para a retirada de partes de película mais aderente, ou então retorna-se à estufa essa amêndoa com película mais aderente para nova secagem, o que desvaloriza o produto.

Após essa operação, as amêndoas poderão passar pelos processos de limpeza, que consiste em separar as avariadas, e de seleção por tipo, considerando a diferenciação por cor e calibragem, ou seja, por tamanho e peso.

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430 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

São utilizadas também mesas em que é feita toda a seleção dos pedaços pequenos, deixando-os prontos para serem embalados ou torrados e embalados. Nelas também é realizada a operação de despeliculagem manual (raspagem) das amêndoas de castanha-de-caju inteiras, batoques e bandas que eventualmente ainda possuam película agregada e a pré-seleção deste produto.

Antes de serem embaladas, as amêndoas selecionadas, serão submetidas a um processo de esterilização para a eliminação de qualquer inseto vivo que porventura se encontre acidentalmente presente.

Fritura A fritura das amêndoas de castanha-de-caju é uma operação opcional nas

minifábricas, sendo adotada quando a comercialização do produto se destina ao mercado interno. O procedimento para a etapa da fritura deve ser precedido da separação das amêndoas por tamanho e qualidade, com objetivo de manter a uniformidade do produto após a fritura. No mercado, existem equipamentos apropriados para essa operação, podendo ser empregado o mesmo usado para batatas. O ajuste e o controle da temperatura (150 °C a 170 °C) são importantes para uma operação bem feita. O óleo recomendado para a fritura deve ser de boa qualidade, sendo os óleos mais utilizados o de milho ou de soja. Não é recomendável o uso de gordura hidrogenada, para não conferir sabor estranho à amêndoa frita.

O procedimento recomendado para a operação de fritura e salga realiza-se da seguinte maneira:

• As amêndoas de castanha-de-caju do mesmo tamanho e cor são colocadas em cestas apropriadas e imersas em óleo bem quente, no ponto de fritura. A quantidade de óleo deve ser suficiente para cobrir todas as amêndoas.

• O tempo de fritura varia de 3 a 6 minutos, dependendo do volume de amêndoa contido nas cestas. Recomenda-se não mexer o produto para que não ocorra quebra e a fritura seja uniforme.

• Após a fritura, remove-se o excesso de óleo do produto, derramando o conteúdo da cesta sobre superfície plana recoberta por papel absorvente ou saco de estopa limpo. Melhor resultado se obtém com o uso de uma centrífuga.

• A salga realiza-se com as amêndoas ainda quentes, utilizando-se sal refinado de boa qualidade, seco e sem impurezas, na quantidade de 2% do peso da quantidade de ACC que está sendo submetida ao processo de fritura.

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431Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Sistema artesanal As recomendações a seguir são indicadas para o beneficiamento de castanha-

-de-caju em pequenas quantidades quando a produção local é insuficiente para o processamento de cozimento e corte em máquina manual. O processo que consiste no tratamento prévio da castanha-de-caju pelo calor é utilizado na Índia Ocidental, na África e em algumas regiões do Nordeste do Brasil. As operações utilizadas são as seguintes:

• Colocam-se cerca de 40 kg de castanhas-de-caju por batelada em chapas de metal e leva-se ao fogo (Figura 9) por aproximadamente 8 minutos, com objetivo de promover a liberação parcial do LCC, tornando a casca friável e quebradiça, simultaneamente.

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Figura 9. Sistema artesanal de assar a castanha-de-caju em chapa com fogo.

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432 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Figura 10. Quebra e abertura da castanha-de-caju no processo artesanal.

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• A operação seguinte é a secagem da amêndoa de castanha-de-caju, feita ao sol em bandejas, por cerca de 6 horas, dependendo das condições do clima da região. Pode também ser utilizada estufa com aquecimento solar, onde as amêndoas são colocadas em bandejas perfuradas sobrepostas, por um período de até 12 horas. Nesse caso, é importante observar o rígido controle da temperatura, que não deve exceder a 60 oC. O tempo recomendado em média é de 6 horas. Na maioria dos casos, não são utilizadas estufas para a secagem, já que no processo da queima da castanha o calor chega a ser suficiente para liberar por completo a película. Na Índia (Figura 11), o processo de secagem da amêndoa no sistema artesanal geralmente é feito em secadores solares por período de até 20 horas. O processo de queima da castanha-de-caju é feito de forma parcial com o objetivo de não manchar a ACC e depreciar o preço, principalmente quando se trata de mercado externo, que tem exigências pelos atributos de cor, sabor, tamanho e integridade. Esse processo é utilizado em algumas regiões da Venezuela, Honduras e principalmente da Índia.

• Em seguida, as castanhas são postas para resfriamento, em temperatura ambiente, cobrindo-as com uma camada de pó de madeira ou cinza para absorver o excesso do líquido liberado no processo anterior.

• Após resfriadas, as castanhas são postas em bancadas para o corte manual, que consiste na quebra da casca, utilizando um pedaço de madeira de formato cilíndrico (Figura 10) e aplicando uma força suficiente para a abertura das bandas da casca, tendo o cuidado de não danificar as amêndoas. Em muitos casos, o corte da castanha é feito no próprio local onde foi realizada a sua torrefação.

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433Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Figura 11. Secagem da amêndoa de castanha-de-caju em estufa solar.

Ventilador turbina

Porta de carregamento

Porta principal

Porta de descarga

Roda de mãoVisores

6 polegadas

• Realizada essa operação, retira-se manualmente a película (Figura 12) que envolve a amêndoa, utilizando-se uma mesa de despeliculagem com superfície de atrito, como também canivetes ou facas apropriadas.

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Figura 12. Despeliculagem manual no sistema artesanal.

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434 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Especificações técnicas de máquinas e equipamentos para minifábricas

Quando se planeja implantar uma unidade de beneficiamento de castanha--de-caju, o passo inicial é determinar qual a quantidade de matéria-prima que existe disponível na comunidade e nos produtores para, a partir desse ponto, iniciar todo o planejamento de necessidades requeridas para o empreendimento. As máquinas, equipamentos e demais infraestruturas da minifábrica serão dimensionados a partir dessa informação.

Existem atualmente no mercado metalúrgicas que fabricam esses equipamentos, atendendo desde a microunidade, que funciona com uma ou duas máquinas de corte, até a unidade de porte médio, que processa por dia cerca de 3 a 4 toneladas de castanhas-de-caju. Para cada porte de fábrica, existe uma linha apropriada de equipamentos, tais como classificador, cozedor, caldeira, estufa e despeliculador (PAIVA et al., 2000b). O único equipamento que atende a qualquer unidade é a máquina de corte, pois a quantidade necessária é determinada pelo seu porte. Eles são confeccionados em chapas metálicas, sendo alguns componentes em aço inoxidável, principalmente as mesas de seleção e classificação e o conjunto de fritura e centrífuga da ACC. Em algumas unidades de porte médio, onde o grande volume de amêndoa pode comprometer as etapas seguintes, admite-se o emprego de seletores eletrônicos que as separam por coloração e integridade. Tal equipamento, apesar de caro, chega a tirar vários postos de trabalho dentro da minifábrica.

• Após a retirada da película, as amêndoas são selecionadas por cor, tamanho e integridade (inteiras, bandas, pedaços, etc.).

• A etapa da fritura pode ser realizada em fritadeira convencional de batata frita. Coloca-se 1 kg da amêndoa em cesto apropriado, em óleo vegetal aquecido por cerca de 4 minutos, tomando-se o cuidado para não revolver em camadas.

• Depois de fritas, se for o caso, as amêndoas são colocadas sobre uma mesa para serem salgadas com 2% de sal de cozinha em relação ao peso da quantidade de ACC submetida ao processo de fritura.

• Para a embalagem, recomendam-se sacos plásticos transparentes de textura média, tipo polipropileno, em embalagens com peso de acordo com as necessidades dos mercados.

No sistema de beneficiamento artesanal ou caseiro, as amêndoas apresentam uma aparência de tostada e um gosto especial, características muito apreciadas pelos consumidores.

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435Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

A decisão sobre incorporação desses equipamentos, que além dos seletores incluem as esteiras pneumáticas, a esteira de seleção, os classificadores de amêndoas e outros equipamentos automatizados, vai depender do nível de produção da unidade de beneficiamento e dos compromissos assumidos em atender as encomendas em curto espaço de tempo.

A seguir são apresentadas as especificações técnicas dos principais equipamentos na linha de produção de uma minifábrica:

Classificador Confeccionado em chapa galvanizada, apresenta formato cilíndrico, raio

de 40 cm e comprimento de 4 a 6 metros, em estrutura com tela perfurada nos calibres 18 mm a 23 mm, 24 mm e 27 mm para a separação das castanhas-de-caju. É acionado por motor elétrico de 2,0 CV, e rotação de 1.750 rpm, montados sobre estrutura em cantoneira. Nas minifábricas de menor porte, é utilizado o classificador manual. Ele é composto de quatro rotores com chapas perfuradas nos mesmos calibres citados acima e feito em chapa de aço carbono com capacidade de 300 kg por hora.

Vaso para cozimento Fabricado em aço carbono com formato cilíndrico, encamisado para produção

de vapor saturado, com manômetro, visor de nível e válvula de segurança, é montado em base de ferro com queimador a gás de cozinha ou com dispositivo de fornalha para a queima de lenha e casca da castanha-de-caju, com capacidade para cozinhar 52 kg de castanha a cada 20 minutos.

Para minifábricas de maior porte, ou seja, que beneficiam acima de 3 toneladas de castanhas por dia, recomenda-se o emprego de cozedores com caldeiras com geração de, no máximo, 100 kg hora-1, o suficiente para produzir vapor para o cozedor, o umidificador e as estufas.

A caldeira é fabricada em chapa 5/16, montada sobre estrutura metálica, onde se localiza a fornalha com cinzeiro, acompanhando os seguintes instrumentos: Visor d’água, manômetro, válvula de segurança, registro de saída de vapor, registro de entrada d’água, válvula de retenção e bomba manual. O equipamento é complementado por uma linha de vapor com isolamento em calha de lã de rocha, alumínio corrugado para revestimento, fita e selo aluminizado e seus acoplamentos em flange.

Máquina de corte manual Equipamento com perfil metálico em ferro fundido, composto de pedal e

alavanca para acionamento de um conjunto de navalhas, no formato da castanha-de-

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436 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

-caju, para o corte da castanha. A máquina é feita num único gabarito com diferença apenas nas navalhas que são colocadas e repostas de acordo com o tamanho da castanha a ser cortada. Essas máquinas pesam em torno de 5 kg e são montadas em mesas de madeira ou perfil metálico em bancadas duplas. A bancada tem altura de 80 cm e dois lados onde se posicionam o cortador que aciona o mecanismo de corte e do outro lado o tirador que tem a função de retirar a amêndoa parcialmente solta do endocarpo da castanha-de-caju.

Estufa (desidratador)A estufa é provavelmente o equipamento que apresenta a maior quantidade de

modelos e tipos. Existem estufas com ar quente proveniente de diversas fontes, tais como de caldeira, lenha, gás GLP, aquecimento solar e energia elétrica. As estufas podem ser com ar forçado por meio de exaustores elétricos ou por convecção. Existem também as versões mais modernas de estufas que realizam a desidratação da amêndoa em módulos de 2 ou 3 estágios. Com relação ao material empregado para a sua construção, são classificadas em estufas metálicas e de alvenaria. No primeiro tipo, a estufa é construída em chapa metálica SAE 1020, para 14 bandejas, dotada de termômetro, válvula termostática, queimador a GLP, com isolamento em lã de vidro e capacidade para 42 kg de amêndoas. Nas estufas alimentadas com vapor da caldeira, o equipamento é construído em perfil metálico com capacidade para 100 kg por operação, aquecido a vapor por meio de serpentina com isolamento em lã de rocha, com termômetro, filtro e purgador, com capacidade para um carro por operação e dez bandejas. Nas estufas em alvenaria se enquadram os modelos mencionados acima.

UmidificadorO umidificador é um equipamento semelhante à estufa, com o mesmo formato,

sendo construído em chapa metálica com porta e prateleira em perfil metálico para 4 a 6 bandejas, com instalação para injeção de vapor úmido, produzido pelo vaso cozedor ou pela caldeira, com capacidade para realizar a umidificação de até 300 kg de amêndoas por dia. Em algumas minifábricas, é comum encontrar o equipamento em alvenaria. Em qualquer caso, o umidificador deve manter uma aproximação com a fonte de geração de vapor, com objetivo de evitar a perda de pressão e eficiência na operação.

Despeliculador manualNas minifábricas, o despeliculador pode ser do tipo mesa dotada de tela

metálica, escovas de cerdas, montada em suporte de madeira de lei e tremonha

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437Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

em chapa metálica, ou ainda em cilindro em chapa metálica com diâmetro de 40 cm a 50 cm, dotado de telas com perfurações suficientes para vazar as películas das amêndoas, resultantes do atrito com sua superfície. O acionamento elétrico é feito com motor de 2,0 CV e baixa rotação.

Esteira transportadoraÉ confeccionada em perfis de chapa de aço SAE-1020, com correia sintética

na cor verde com 24 polegadas de largura, medindo 12 metros de comprimento. É equipada com o sistema de iluminação da área de trabalho, com o silo de alimentação e alimentador vibratório com comando eletrônico de volume de produção.

Peneira vibratóriaMedindo 1,50 m x 0,60 m com quatro decks, inclui dois motovibradores

elétricos de 0,5 CV, rotação de 1.750 rpm, carcaça em aço SAE-1020, com cinco bocais de descarga para o produto e asa inferior para fixação dos motovibradores, quatro amarrações em aço SAE-1020, com quatro chapas 18 em inox AISI-304 perfuradas com furos de 8 mm, 6 mm, 4 mm e 2 mm de diâmetro e conjunto de suspensão com quatro molas espirais.

Mesa (seleção e classificação)Mesa em madeira e revestida de fórmica branca, ou aço inox, medindo 1,55 m

x 1,05 m x 1,00 m; incluindo uma chapa em aço inox AISI-304, perfurada com furos de 3/16 polegadas, para a eliminação de resíduos e farinha da amêndoa.

Conjunto para frituraConjunto fritadeira e centrífuga para extração do óleo de fritura da amêndoa

de castanha-de-caju, confeccionada em ferro fundido e aço carbono e revestimento de aço inox com dois cestos compatíveis para acoplamento na centrífuga, com funcionamento a gás de cozinha e energia elétrica para a centrífuga.

Máquina para selar embalagemEquipamento para selagem de sacos plásticos aluminizados de 50 libras,

incluindo molde formador de sacos e transportador de rolos, composto de caixa termostática, lâmpada piloto, chave deslizante para funcionamento automático com regulagem de calor, barramento de solda composto de resistência e barra de alumínio, montado em sistema de vácuo e injeção de gás.

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438 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Processo simplificado de extração do LCCO LCC é constituído por uma mistura de fenóis, sendo os principais o ácido

anacárdico, derivado do ácido salicílico, e o cardol, derivado do resorcinol. Quando submetido a um tratamento térmico, o ácido anacárdico é prontamente descarbonizado e transformado em cardanol.

O LCC está contido no mesocarpo esponjoso da castanha-de-caju na proporção de 32% a 34% (SOARES, 1986).

A extração desse líquido da casca da castanha pode ser feita por prensagem da casca a frio, em tratamento térmico “hot oil method”. A casca da castanha pode ser imersa no próprio LCC quente (185 oC a 210 oC), para a retirada da maior parte do líquido na estrutura alveolar da casca, por extração por solventes ou ainda por combinações dessas operações. O tempo de exposição ao aquecimento é de cerca de 2 minutos.

Quando a extração é feita por prensa, o LCC cru tem uma cor marrom-escura, sendo vesicante, cáustico e, quando descarboxilado, apresenta uma cor quase preta.

Nas minifábricas, o LCC é extraído via prensagem das cascas a frio, sendo o produto obtido chamado de “óleo de prensa”. Esse produto difere, na sua estrutura física e química, do LCC comercializado pelas indústrias mecanizadas, que é descarboxilado. A descarboxilação ocorre durante o aquecimento das castanhas no processo de fritura, provocando a eliminação do CO2.

A qualidade do LCC é função do método como ele é extraído. É indispensável a observação de vários fatores por ocasião da extração, principalmente o tempo e a temperatura de cozimento quando se emprega o método da imersão da castanha no LCC já quente. A exposição do líquido a temperaturas altas ou por tempo prolongado acarreta uma pré-polimerização. Tal fato produz mudanças nas características químicas e físicas do produto, tais como variações percentuais dos compostos existentes, alterações nos valores de viscosidade e densidade.

No processo mecanizado de extração, obtêm-se rendimento de 18% do líquido, 55% da torta residual e 4% de perdas. Já no processo manual, em que o LCC é retirado via extração a frio por prensas, o seu rendimento alcança 28%; 50% da torta residual e 2% de perdas.

Embora a produção brasileira confira uma posição de destaque no cenário internacional, o País não apresenta força tecnológica em patentes obtidas a partir dos derivados do ácido anacárdico, o que se pode observar pela baixa quantidade de trabalhos publicados sobre o assunto.

No início da industrialização da castanha-de-caju no Brasil, na década de 1940, o grande interesse do mercado internacional era para o LCC, devido ao emprego

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439Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

desse produto em atividades bélicas. Passando o interesse imediatista, a procura pela amêndoa se intensificou e o preço do LCC começou a declinar.

A obtenção de resinas fenólicas é feita pela condensação do LCC descarboxilado a 170 °C com aldeído ou derivados, resultando por meio do emprego de componentes químicos num produto similar às resinas sintéticas.

Essas resinas, na forma de materiais líquidos, são empregadas como aglomerantes de fibras de madeira, materiais celulósicos, palhas de cereais, fibras de babaçu e aglomerantes de papéis, tecidos e outras aplicações (Tabelas 7 e 8).

Tabela 8. Especificações para o líquido da casca da castanha-de-caju comercial.

Características Especificações técnicas

Natureza Líquido de cor escura, quase preto, extraído da casca da castanha-de-caju e descarboxilado

Viscosidade a 25 0C máximo 600 cps.

Densidade a 25 0C 0,943 – 0,968

Perdas por volatilização(205 0C/30 min) máximo 2,0%

Índice de iodo (wijs) mínimo 250Tempo de polimerização(177 + 3 0C) máximo 6,0 min

pH mínimo 6,0

Impurezas máximo 1,0%

Tabela 7. Características do líquido da casca da castanha-de-caju (LCC) in natura e descarboxilado.

Características LCC(in natura)

LCC(descarboxilado)

Viscosidade a 25 0C 535 cps 190 cpsDensidade a 25 0C 1,000 0,858Perdas por volatilização(204 + 3 0C/30 min) 11,1% 1,0%Índice de iodo (wijs) 208 285Tempo de polimerização(175 + 3 0C) 3,70 min 3,73 minpH 5,6 9,8

Como materiais sólidos, a resina tem uso frequente na formulação de lonas de freios. A eficácia da aplicação é comprovada, conferindo maior fricção, reduzindo o desgaste e diminuindo a fadiga do material. Esse produto apresenta ainda como vantagem sua boa condutividade térmica, resistindo a variações bruscas de temperatura e a ação da umidade, solventes, sendo perfeitamente apropriado para elementos de fricção.

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440 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Etapas do processo de extração do LCCDa operação de decorticação da castanha-de-caju, obtêm-se amêndoa e casca,

sendo a casca a matéria-prima para extração do LCC. Esse líquido cáustico representa de 32% a 34% do peso da castanha-de-caju.

CozimentoA retirada do LCC da casca de castanha-de-caju pode se processar pela fritura

da castanha num banho de LCC quente (185 oC a 210 oC) para a retirada da maior parte do líquido contido na estrutura alveolar da casca, com o tempo de exposição ao aquecimento de 2 minutos. A casca de castanha-de-caju proveniente da operação de decorticação manual é submetida a um aquecimento com vapor até uma temperatura de 80 oC.

PrensagemDepois do aquecimento, a casca é submetida à prensagem em prensas expeller,

sendo obtido na operação o LCC e uma torta com um teor residual do líquido, que é extraído por solventes.

DescarboxilaçãoO LCC, obtido por extração mecânica ou por solvente, é submetido à

operação de descarboxilação, que tem a finalidade de retirar CO2 e umidade. Tanques cilíndricos de chapa de ferro, munidos de serpentina para vapor e agitador, chamados descarboxiladores, são utilizados na operação. Neles, o LCC é aquecido a uma temperatura de 140 °C, com agitação de 15 rpm por tempo variável.

FiltraçãoApós descarboxilado, o LCC obtido é filtrado, para a retirada de impurezas por

meio de filtro prensa.

ArmazenagemApós filtração, o LCC é armazenado em tambores de 200 litros ou em tanques

metálicos com capacidade variada.

Módulo agroindustrial múltiplo O Módulo Agroindustrial Múltiplo é um modelo de organização do

processamento da castanha-de-caju formado por várias minifábricas integradas no processo industrial. Coordenado por uma unidade central, ele busca padronizar e alavancar de forma permanente a qualidade dos produtos e a produtividade dos processos produtivos, mediante uma melhor coordenação e articulação das

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441Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

atividades realizadas, desde a compra da castanha-de-caju até a comercialização da sua amêndoa. Ele tem as seguintes funções:

• Adquirir, classificar e autoclavar a matéria-prima pela unidade central, repassando as castanhas para as minifábricas que realizam algumas etapas do fluxograma.

• Vender os produtos com melhor preço nos mercados, nacional e internacional.

• Coordenar exportações, fazer acordos para transporte, possibilitando uma posição de negociação mais forte.

• Promover campanhas de marketing nos mercados consumidores (importadores).

• Coordenar negociações, visando a acordos com cadeias de supermercados e outros clientes.

• Capturar e disseminar informações tecnológicas e comerciais.• Apresentar especificações claras sobre a qualidade dos produtos.• Monitorar as tendências e aspirações do mercado.A unidade central destina-se em princípio a atender as minifábricas que

beneficiam a castanha-de-caju pelo processo de corte manual (Figura 13) e cujas capacidades de produção variam entre si, criando, principalmente, problemas de comercialização e fluxo de caixa por insuficiência de volumes. A concentração do produto na unidade central não só permitirá compensar essas desvantagens, como a padronização a ser realizada assegurará garantia da aceitação do produto pelo mercado. Ela deverá receber o produto numa fase intermediária de acabamento a fim de, por meio da seleção por tipos e classificação por tamanhos, tanto das amêndoas inteiras como quebradas, garantir a sua qualidade.

UNIDADE CENTRALCONSELHO ADMINISTRATIVOASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS

UNIDADE ADMINISTRATIVATécnico Gerencial

MarketingComercialização

Minifábricas

Agricultores

Figura 13. Modelo operacional do Módulo agroindustrial múltiplo.

Minifábricas

Agricultores

Minifábricas

Agricultores

Minifábricas

AgricultoresMinifábricas

Agricultores

Minifábricas

Agricultores

Minifábricas

AgricultoresMinifábricas

Agricultores

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442 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

A contribuição de pequenos volumes de todos os participantes permitirá a formação mais rápida de lotes maiores de tipos, abrindo um leque maior de clientes, que de outro modo seriam limitados a compradores irregulares de pequenas quantidades, muitas vezes pagando valores inferiores ao do mercado. Acrescente-se o risco de infestação nas minifábricas pelo fato de terem que aguardar produzir as quantidades de amêndoas de castanha-de-caju necessárias para completar o enchimento de caixas, especialmente com os tipos pequenos.

Os recebimentos de castanhas-de-caju de cada associado pela unidade central deverão ser registrados pela quantidade e pela qualidade para que sirvam de referência quando da determinação da correspondente participação nos lucros das vendas, depois de deduzidas as despesas da unidade central. Devem ser regulamentados critérios bem específicos quanto aos procedimentos a seguir nesses casos para que não subsistam quaisquer dúvidas por parte dos associados quanto à isenção e equanimidade do sistema.

Competirá à unidade central fazer o acompanhamento em todas as minifábricas associadas por meio de um técnico especializado em processo e gestão empresarial com vista à padronização da amêndoa de castanha-de-caju quanto a seus atributos de qualidade, tamanho, integridade e cor.

Competirá, ainda, à unidade central, por meio da seleção e classificação, valorizar o produto para que ele se beneficie de melhor preço.

A unidade central deverá processar com a possível rapidez todo o produto à medida que seja recebido para garantir a integridade dele e, ao mesmo tempo, reduzir o tempo de transformação, para que disponha o mais rapidamente possível do produto final para venda ou embarque, se já vendido.

Tanto os supervisores como os auxiliares devem ser treinados para facilmente identificar a variedade de tipos existentes para que produzam a qualidade desejada e evitem o retrabalho resultante de má seleção, classificação ou mistura.

O trabalho de seleção e classificação de amêndoas inteiras será realizado em esteiras e mesas. As amêndoas encontradas ainda com resíduos de película serão raspadas por auxiliares em mesas para depois serem também selecionadas e classificadas. Os pedaços, além de ventilados, serão classificados mecanicamente por tamanho e posteriormente selecionados em esteiras por tipos.

Anteriormente à embalagem, as amêndoas serão submetidas a um processo de esterilização para a eliminação de qualquer inseto vivo que porventura se encontre acidentalmente presente.

A integração das minifábricas em Módulos Agroindustriais Múltiplos permitirá a formação de container de amêndoas de 700 caixas de 50 libras cada uma, no menor período de tempo possível. O espaço para a formação do container depende da quantidade de unidades integradas e da produção de cada módulo. O ideal é que

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443Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

cada módulo se habilite a produzir pelo menos dois containers de amêndoas por mês. A otimização do processo se dará quando estiver em condições de atender à demanda do mercado pelas suas exigências.

A aquisição da matéria-prima poderá ser feita pela unidade central por meio da sua estrutura de organização (cooperativa, associação, condomínio, entre outras), que repassará a castanha-de-caju classificada e, preferencialmente, autoclavada, para as minifábricas, que realizarão as etapas de cozimento, corte, estufagem, umidificação, despeliculagem e pré-seleção, sendo em seguida enviada para a unidade central.

Atribuições das minifábricasAs etapas do beneficiamento da castanha-de-caju em sistema de minifábricas

compreendem a secagem, limpeza, classificação, cozimento, corte manual, estufagem, resfriamento, despeliculagem, seleção e classificação, conforme a Figura 14.

Em algumas unidades, a classificação da amêndoa de castanha-de-caju é feita na unidade central. A complementação do processo se dá com a revisão, esterilização e embalagem em sacos aluminizados com caixas padronizadas.

Figura 14. Etapas do beneficiamento da castanha-de-caju realizadas nas minifábricas.

Secagem Despeliculagem

Limpeza

Classificação

Armazenamento

Pesagem

Resfriamento

Estufagem

Corte manual

Cozimento

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444 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Atribuições da unidade centralCompete à unidade central receber as amêndoas selecionadas e sem a película

e realizar as operações de revisão, classificação, embalagem e comercialização, conforme a Figura 15.

Figura 15. Etapas do beneficiamento da castanha-de-caju nas minifábricas e unidade central.

Seleção da amêndoaClassificação

Embalagem

Fritura

Comercialização externa

Armazenamento

Centrifugação

Salga

Embalagem

Armazenamento

Comercialização interna

Unidade Central Recepção

da castanhaPesagem

Secagem da castanha

Limpeza

Classificação

EnsacamentoPesagem

Minifábricas

Autoclavagem

Estufagem da castanha

Umidificação

Despeliculagem

Pré-seleção

Corte da castanha

Na classificação, as amêndoas despeliculadas são separadas em inteiras, batoques, bandas e pedaços (graúdos e pedaços pequenos) e livres de farinha. As amêndoas brocadas inteiras, batoques, bandas e pedaços grandes devem ser entregues separadamente.

O recebimento de produto é feito com limite máximo de 10% de amêndoas com película, que não devem exceder 3 mm de diâmetro no agregado, excetuando os pedaços grandes e os pedaços pequenos. É de 7% a média prevista de amêndoas com película.

Todos os produtos crus são então colocados em carros de estufa e submetidos durante 1 hora a uma temperatura de 80 °C para prevenir qualquer infestação (insetos ou lagartas) viva no alimento à altura do acondicionamento. Em seguida, as

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445Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

amêndoas são resfriadas naturalmente até a temperatura ambiente e despejadas na mesa de inspeção final, onde são inspecionadas visualmente pelo supervisor da embalagem. Havendo dúvida quanto à qualidade do produto obtido, o responsável pelo controle de qualidade deve ser chamado para uma avaliação mais aprofundada e decisão do destino a ser dado à amêndoa. Se não houver dúvidas, o produto final é pesado e acondicionado em sacos ou latas, conforme a solicitação dos clientes, para o produto específico (Tabela 9). As embalagens, antes de serem fechadas, ficam em vácuo, recebem injeção de CO2 e são seladas. O alimento embalado é então enviado ao armazém de produto terminado e expedição. A embalagem pode ser em saco náilon polilaminado metalizado ou em lata litografada com capacidade de 10 litros e com tampa. Tanto o saco como a lata devem receber embalagem secundária em caixa de papelão conforme tabela abaixo. Em geral, as caixas são transportadas em containers de 20 ou 40 pés.

As amêndoas torradas devem ser embaladas em material e quantidade conforme as determinações do cliente ou do mercado, podendo ser em latas de flandres, sacos plásticos metalizados ou transparentes, ou outros, com pesos que variam de 100 g a 500 g. As caixas com sacos aluminizados devem ser empilhadas deitadas formando-se um quadrado e com uma altura máxima de dez caixas; as caixas com duas latas devem ser empilhadas a uma altura máxima de cinco caixas.

Tabela 9. Especificações técnicas das embalagens para amêndoa de castanha-de-caju.

Tipo embalagem Especificações saco/lata(dimensões cm)

Caixa papelão(dimensões cm)

Capacidade(libras)(1)

Quantidade caixa/container(20 pés/40 pés)

Corvac padrão Saco náilon polilaminado metalizado (54 x 92 x 0,20) 320 x 192 x 613 50 700

1.050

Pequeno Corvac Saco náilon polilaminado metalizado (54 x 60 x 0,20) 320 x 192 x 613 2 x 25 700

1.050

Pequeno Corvac e caixa

Saco náilon polilaminado metalizado (54 x 60 x 0,20) 320 x 192 x 306 2 x 25 1.400

2.100

Corvac reforçado Saco náilon polilaminado metalizado (54 x 92 x 0,20) 320 x 192 x 613 50 700

1.050

Bulk box Saco náilon polilaminado, metalizado (122 x 250 x 800) 1.168 x 945 x 1.090 1.750 20

30

Lata Lata litografada, capacidade de 18 litros, com tampa 470 x 240 x 345 50 700

1.050

(1)Uma libra corresponde a 22,68 gramas.

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446 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Estratégia de implantação do módulo agroindustrial múltiplo

A estratégia operacional para a implantação do sistema integrado de minifábricas, para o beneficiamento de castanha, denominado de Módulo Agroindustrial Múltiplo, consiste na realização de visitas de sensibilização nas regiões de produção de castanha-de-caju e realização de diagnóstico e levantamento de informações. O objetivo é conhecer as opiniões dos respondentes sobre a importância e a necessidade da realização de um trabalho conjunto que vise à inserção de suas minifábricas em um Modelo Agroindustrial Múltiplo, com vista à obtenção de um produto padronizado com qualidade para exportação, com maior escala de processamento, conforme processo adotado pela Embrapa, para atender as demandas internas e externas do mercado de amêndoas. Esse diagnóstico é realizado por meio da aplicação de questionários com produtores de castanha-de-caju, intermediários dos elos da produção, pequenos processadores, associações comunitárias e cooperativas que possuem unidade de beneficiamento de castanha-de-caju em pequena escala. Nesses questionários, são relacionadas as etapas de produção pertinentes ao uso de tecnologia e insumos, área e produtividade dos pomares, condições de armazenamento da matéria-prima e do processamento da castanha-de-caju, limitações no processo industrial, questões de higiene e boas práticas de fabricação, comercialização da matéria-prima, beneficiamento da amêndoa e seus mercados. Também são avaliadas as situações administrativas e gerenciais de cada minifábrica, por meio de questões relacionadas com:

• Processo e fluxograma de produção das minifábricas.

• Instalações físicas, secador de castanha-de-caju e armazenagem.

• Situação e quantificação das máquinas e equipamentos.

• Produção diária de amêndoas e qualidade do produto processado.

• Determinação de índices técnicos dos equipamentos.

• Produção de amêndoas inteiras, raladas, manchadas e estragadas.

• Condições de acondicionamento das amêndoas beneficiadas.

• Condições de fritura e embalagem das amêndoas processadas.

• Situação administrativa e gerencial de cada minifábrica.

• Participação da comunidade no empreendimento.

• Forma de acondicionamento do produto processado.

• Mercado e canais de distribuição da amêndoa.

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447Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Reunidas todas as informações coletadas na aplicação dos questionários, são feitas avaliações de cada estabelecimento e recomendações para viabilizar o processo de beneficiamento em pequena escala, conforme os objetivos do projeto, de modo a torná-lo competitivo como agronegócio de amêndoa para os mercados internos e externos.

Em seguida, são elaborados os planos de implantação da unidade central e estruturação das minifábricas, com a aquisição ou substituição de equipamentos e recuperação das instalações físicas das unidades.

Avanços na indústria de equipamentos para beneficiamento da castanha-de-caju

A modernização da indústria de beneficiamento de castanha-de-caju possibilita a agregação de valor ao produto pelos ganhos de produção, preservação dos seus atributos de qualidade do mercado (integridade física, coloração), melhoria das condições de trabalho (ergonomia) e redução dos riscos químicos no manuseio dos produtos.

Tanto no modelo de processamento que tem como referência o cozimento da castanha-de-caju em vapor saturado e o corte dela com máquina manual com navalhas quanto no processo mecanizado pelo cozimento da castanha em LCC e o corte por impacto, alguns avanços foram incorporados à linha de produção, entre os quais se destacam:

Autoclaves cilíndricas pressurizadasJá existem disponíveis no mercado autoclaves cilíndricas pressurizadas,

com capacidade operacional de 150 quilos de castanha-de-caju in natura em 10 minutos, com distribuição de vapor em sua parte interna, constando de tampa de abastecimento com fecho rápido em sua parte superior, tampa de descarga na sua parte inferior, base de montagem em estrutura metálica, parte externa isolada em lã de rocha e vedação da tampa com cordão de amianto.

O processo de cozimento das castanhas-de-caju é feito por meio de programação para temperaturas e tempos desejados, com microcontrolador digital e sistema de segurança em válvula de alívio. O equipamento é munido de torneira para descarga e ajuste programado de início/fim de processo operacional e válvula de compensação automática da temperatura.

Estufas de multiestágiosAlgumas indústrias de castanha-de-caju no Brasil estão utilizando estufas de

três estágios, em que a amêndoa é conduzida sob esteiras, num sistema contínuo

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448 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

fechado com gradação de temperatura, até a finalização do processo de estufagem. Esse equipamento representa um avanço em relação à estufa convencional, geralmente de natureza estática, e que demanda grande tempo de processo. As estufas de multiestágios operam com temperatura em torno de 85 °C, sendo o processo realizado em cerca de 4 horas e meia.

A estufagem das amêndoas de castanha-de-caju pode ser feita com secador estático ou contínuo. Atualmente, existem no mercado secadores contínuos com um ou mais módulos padrão, montados em série para atingir a capacidade de secagem desejada. O equipamento, construído em chapa metálica, tem formato retangular, com tamanho de acordo com a capacidade de desidratação, e consiste de um dispositivo de alimentação que conduz as amêndoas por uma esteira que passa através de uma corrente de ar quente vindo do interior da estufa, com temperatura em torno de 65 °C a 70 °C.

O ar é transportado a partir do exterior por uma ventoinha elétrica e enviado para um permutador térmico, que pode ser operado eletricamente ou por meio de vapor ou óleo diatérmico, e é então transportado com a amêndoa a montante em direção do movimento da correia. Um aspirador é colocado sobre o capuz secador superior para facilitar o fluxo de ar quente.

No caso de um sistema de arrefecimento, é utilizado um dispositivo de reciclagem de ar quente, podendo ser colocado a partir do refrigerador para o primeiro módulo do secador, o qual pode ser usado como um pré-aquecedor. A estufa contínua é fornecida com dispositivo de limpeza para manter o sistema de malha constantemente aberto e facilitar o fluxo de ar.

Estufas estacionárias para minifábricasAs estufas para a desidratação da amêndoa em escala de minifábricas também

apresentam inovações principalmente no processo de circulação do vapor entre as bandejas, permitindo a uniformidade e menor tempo do processo. Confeccionada em metalon e chapa preta de ferro, revestida em lã de rocha, constando de aquecimento a vapor por serpentina, comporta 100 kg de amêndoas por 8 horas de operação.

Além da circulação de ar por convecção natural operando em temperatura máxima de 100 oC, a estufa é dotada de controlador eletrônico microprocessado de temperatura, com dupla função de termômetro e termostato. Possui ainda indicação digital da temperatura programável, diferencial máximo dentro da câmara, sensor de temperatura tipo Pt100 com proteção em aço inox, sistema bivolt para tensão de alimentação, purgador eletrônico de vapor, programador de tempo de ajuste de ciclo, alarme sonoro e visual contra alta temperatura e alarme de fim de processo.

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449Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Classificador eletrônico

A Oltremare desenvolveu um equipamento eletrônico utilizado para classificar amêndoa de castanha-de-caju, o Falko 6006, tendo como princípio a triagem pela máquina utilizada para separar as amêndoas por sua diferença, em termos de volume ou peso. A descrição do processo foi feita no item “Operações do processamento de castanha mecanizado, subitem Seleção, embalagem e classificação” deste capítulo.

Decorticador

No Brasil, foi desenvolvida uma máquina para a abertura da casca da castanha por mecanismo cilíndrico de compressão que se propõe a romper a casca pela deformação específica limite. O equipamento é composto de uma base de sustentação em um chassi e um sistema de decorticação, um conduto alimentador e cilindros de compressão, acionados por transmissão por polias, rodas dentadas, correia e corrente, e por um sistema de acionamento com motor elétrico. Por meio do conduto alimentador, as castanhas são conduzidas em posição preferencial, até os cilindros de compressão. Estes, por sua vez, são ajustados de forma a possibilitar alterações na deformação específica limite imposta a diversos tamanhos de castanha-de-caju.

O equipamento foi construído com curvatura radial acentuada, para acolher o dorso da castanha, com curvatura discreta, para acolher a parte oposta da castanha, de forma a permitir a compressão. A distância entre as superfícies dos cilindros estabelece a deformação máxima permitida ou deformação específica limite. A alimentação é individual e automática, de forma que as castanhas-de-caju deslizem por um duto vertical, de seção trapezoidal, e mantenham a orientação da castanha--de-caju até o contato com os cilindros. Apesar de apresentar ótimos resultados, principalmente, na obtenção de amêndoas inteiras, o equipamento apresenta limitações de uso, por requerer, para a sua operação de descasque, castanhas com limite específico de classificação, notadamente com relação ao tamanho, peso e densidade. Tais fatores restritivos dificultam a sua entrada no mercado.

Decorticadora pneumática

A Embrapa desenvolveu uma máquina pneumática decorticadora de castanha--de-caju (PI 0604152-3A de 19/6/2008), Figura 16, que tem por objetivo a obtenção de amêndoas por meio de impacto pneumático e corte direcionado entre lâminas, superior e inferior com conformação adequada. O equipamento construído em material metálico (aço, alumínio) é composto de cilindro, suporte para fixar a alavanca com o garfo do cilindro e bucha do eixo de proteção. A função pneumática

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450 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

é responsável pelo movimento da faca superior para impacto e corte da castanha-de-caju.

O sistema de separação da casca da amêndoa é formado por comando de pistões que é acionado após movimento de abertura lateral de cilindros inferiores e o posicionador da castanha-de-caju, por um braço de abertura que movimenta os “ombros” inferiores do equipamento.

A alimentação é individual, em que as castanhas são posicionadas entre as facas inferiores e faca superior, tendo a função de introduzir fraturas na direção mais frágil da castanha, preparando-as para abertura. A faca inferior, além de fragilizar a castanha, libera a amêndoa, por meio do recuo dos braços de abertura que afasta a castanha de sua posição. Entre as vantagens, proporciona fácil manuseio, manutenção e ajustes para diversos tamanhos de castanha e fácil troca das facas.

O sistema de segurança da máquina impede que o pistão superior desça no momento em que a castanha esteja sendo posicionada pelo operador, evitando, dessa forma, que ocorram acidentes. O movimento dos atuadores pneumáticos pode ser acionado por válvulas e controladores eletrônicos.

A máquina tem a função de ampliar a habilidade do operador e eliminar esforços que podem lesionar seus músculos. Em todas as operações, não há mais alavancas a serem acionadas nem esforço a ser realizado pelo operador. Botões acionam comandos do controlador lógico programável (CLP) com ajustes de tempo e de controle realizados no programa.

Nas avaliações do desempenho da máquina, não foi percebida nenhuma condição que colocasse em risco o operador de forma involuntária. Movimentos violentos dos pistões são realizados somente com a porta de segurança fechada, situação em que o espaço disponível não permite a introdução das mãos do operador, mantendo-as fora do alcance das lâminas. Uma vez que ocorre a abertura da castanha-de-caju, o sistema fica inoperante até que o operador abra a porta de segurança. Esse mecanismo, acionado por sensor, evita que o operador retire a porta de segurança para aumentar produtividade. Além de a porta de segurança ativar o sensor, este escora mecanicamente o braço da lâmina, evitando que por acidente ou defeito elétrico desça alcançando os dedos do operador.

O desempenho operacional do equipamento foi de 60 castanhas-de-caju por minuto em teste de produtividade, todas sem dano às amêndoas. Esse item ainda deve ser comparado em outros ambientes para levar em conta a variabilidade de qualidade e obter o número de amêndoas não danificadas por minuto, o índice de insucesso, o tempo de reprocesso e a finalização da retirada da amêndoa por facas. A média de desempenho do processamento da castanha-de-caju para o processo tradicional é o dobro do obtido pela máquina, porém observa-se que é um índice que pode não se sustentar em trabalho contínuo e com a qualidade e regularidade requerida.

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451Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Um alimentador vibratório espiral está sendo feito para dar maior produtividade à máquina decorticadora. A condução das castanhas-de-caju é feita por meio da vibração numa amplitude e frequência específicas, fazendo com que as castanhas-de-caju se movimentem em sentido espiral ascendente. No trajeto serão colocadas ranhuras e entalhes que fazem com que as castanhas-de-caju que estiverem fora da posição desejada caiam do trajeto, retornando assim ao fundo do alimentador, iniciando essa etapa do processo novamente.

Todos os processos que garantem à indústria de castanha-de-caju uma produção limpa e com resultados no aumento da produtividade e redução de custos são potenciais contribuições sociais e econômicas das novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas. Tem-se também a vantagem da modernização dos sistemas mecânicos via automação, quanto aos seus aspectos de segurança de trabalho e adequação ergonômica nas operações de corte, reduzindo índices de surgimento de lesão por esforço repetitivo, bem como as agressões químicas do LCC nas operações que envolvem a manipulação na etapa de corte ou abertura da castanha-de-caju.

Os sistemas ou CLP são alternativas que estão sendo trabalhadas para reduzir o atraso da tecnologia mecânica empregada nos processos de calibragem, corte e estufagem da amêndoa de castanha-de-caju. Eles são válidos para as grandes e as pequenas indústrias, pois possibilitam melhores controles dos parâmetros físicos e químicos (tempo, temperatura, rotação, umidade, coloração e integridade) importantes nas operações unitárias do beneficiamento da castanha-de-caju, com grande influência nos seus atributos de qualidade, tais como a coloração e a integridade física da ACC.

Figura 16. Máquina pneumática decorticadora de castanha-de-caju desenvolvida pela Embrapa (PI 0604152-3A de 19/06/2008).

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452 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Patentes e modelos de utilidade para equipamentos, processos e produtos da castanha-de-caju

A Classificação Internacional de Patentes, conhecida pela sigla IPC (International Patent Classification), foi estabelecida pelo Acordo de Estrasburgo em 1971 e prevê um sistema hierárquico de símbolos para a classificação de Patentes de Invenções (PI) e de Modelo de Utilidade (MU) de acordo com as diferentes áreas tecnológicas a que pertencem. A IPC é adotada por mais de 100 países e coordenada pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi).

No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) tem por finalidade executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica (BRASIL, 1996).

As patentes associadas à castanha-de-caju estão divididas em produtos e processos derivados do líquido da casca da castanha (LCC) e máquinas e equipamentos para o seu processamento industrial. Em geral, cerca de 90% das patentes de derivados do LCC estão depositadas em órgãos fora do Brasil, principalmente no Reino Unido, Holanda, Japão e Estados Unidos.

No Brasil, de acordo com o Código de Propriedade Industrial (BRASIL, 1996), uma patente de invenção tem vigência de 20 anos, a partir da data de depósito do pedido, assegurando o mínimo de 10 anos a partir da data de concessão da patente, e o modelo de utilidade tem vigência de 15 anos, assegurado o mínimo de 7 anos, a partir da data de concessão (PIMENTEL, 2009).

Os primeiros equipamentos desenvolvidos no Brasil para o beneficiamento da castanha-de-caju, notadamente, para o processo manual da abertura da castanha, surgiram na década de 1940, tendo seu incremento com novos equipamentos e a adaptação de modelos de patente inglesa e italiana que possibilitaram o processamento mecanizado adotado até hoje pelas grandes processadoras de castanha-de-caju no Brasil.

Dos 50 acessos de patentes registradas no Brasil, 19 são de produtos e/ou processos obtidos a partir do líquido da casca da castanha, 16 de máquinas para extração da amêndoa da castanha-de-caju, 4 associadas à remoção da película da amêndoa, 6 para produtos do pedúnculo do caju e 5 para diversas utilidades (PATENTES ON LINE, 2012).

Máquina seletora de produtos de formatos irregulares, tais como castanhas-de-caju (PI9105574-1)

É uma máquina seletora de produtos de formatos irregulares do tipo em que os produtos são alimentados a partir de uma tremonha para uma série de

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453Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

canais descendentes, passam por sensores para detectar uma determinada característica e depois por ejetoras para desviar do seu trajeto normal aqueles produtos que não se conformam a um padrão pré-estabelecido. A tremonha é vibratória e há um dosador para impedir a formação de aglomerações do produto antes de sua alimentação aos canais e assim permitir uma alimentação individual de produtos de formatos irregulares. O dosador compreende, de preferência, uma aba que executa movimentos de vaivém a baixa frequência sobre uma calha de alimentação para os canais para colocar o produto empilhado entre si. Os canais são formados por cilindros que giram em sentidos contrários, reduzindo o atrito e permitindo a aceleração dos produtos individualizados e alinhados. Os cilindros são separados entre si para a eliminação por gravidade de produtos quebrados. Os sensores poderão detectar o tamanho (comprimento) dos produtos e/ou a sua cor para permitir a rejeição dos produtos de tamanhos indesejáveis e/ou com defeitos cromáticos.

Dispositivo para abrir nozes de castanha-de-caju (PI 9403836) - AlemanhaComposto por um dispositivo retentivo que põe a noz em posição de ataque.

A abertura da casca ocorre pela ação de um conjunto de lâminas que avançam em direção à noz retida.

Equipamento para abertura de castanha-de-caju (PI9402110-4) É um equipamento para abertura de castanha-de-caju para a retirada da

amêndoa inteira por meio de um conjunto composto de uma lâmina fixa e outra móvel e um conjunto composto de duas lâminas fixas e duas lâminas móveis, com acionamento manual, pedal, podendo também ser constituído de dois pedais para acionamento duplo. O equipamento é construído com opções em aço carbono, aço inox ou ferro fundido.

Dispositivo para abrir nozes (PI9403836-8) - AlemanhaEsse invento abrange um dispositivo retentivo, no qual a castanha a ser

aberta é fixa em uma posição de preparo. Há ademais uma disposição de lâminas, a qual apresenta dois cabeçotes porta-lâminas com lâminas arqueadas. Assenta-se um dispositivo de avanço que pode acionar a lâmina a um movimento de avanço na direção da castanha retida. O movimento de avanço está subdividido em duas fases de movimento consecutivas, a saber, em uma fase de sensoriamento, para o reconhecimento do tamanho de castanha, e em uma fase de incisão, na qual a casca de castanha é incisada um tanto. Depois da incisão, os cabeçotes porta-lâminas são movidos da posição de corte ocupada antes a uma posição de separação, na qual eles ficam fora do plano de corte, de modo que a casca é rompida. Dessa maneira, as castanhas podem ser abertas sem problema, independentemente do seu tamanho.

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454 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Máquina decorticadora de castanha-de-caju (PI 9504109)É uma máquina cortadora de castanha, composta de um funil preso a um

suporte com gabarito, de um disco duplo giratório de dupla face com orifícios na sua extremidade, duas molas, uma na parte inferior e outra na superior do disco, uma lâmina entre as duas faces do disco duplo giratório e um motor elétrico que aciona os discos e promove a abertura da casca.

Dispositivo para alimentar, automaticamente, castanhas-de-caju à máquina descascadora (PI9602800-9) - Itália

O equipamento consiste de sistema de alimentação onde as castanhas, uma após a outra, são tomadas do recipiente com castanhas soltas, do qual elas são descarregadas em uma extremidade dos respectivos canais de orientação, as outras extremidades sendo colocadas contra um conjunto de mandíbulas de mola. Os canais de orientação incluem um ponto intermediário e eles possuem um perfil em V, tal que as castanhas repousam horizontalmente sobre suas bordas, com sua parte convexa mais a montante ou a jusante. Impulsores percorrem longitudinalmente através deles atrás de cada castanha, empurrando-a para a extremidade de seu respectivo canal, onde ela encontra o conjunto de mandíbulas de mola. Caso as castanhas sejam orientadas com sua parte convexa mais a montante, elas passam sobre o dito degrau sem modificar sua orientação, conquanto, caso elas sejam orientadas com sua parte convexa mais a jusante, quando alcançarem o degrau, subirão na parte posterior e rolarão em 180°, assim seguindo na orientação correta. Outros impulsores são inseridos nas castanhas orientadas corretamente dentro das mandíbulas de mola que as transferem para a estação de descascamento.

Equipamento para abertura da castanha-de-caju (PI9602967-6) Trata-se de um sistema mecânico que permite a retirada da amêndoa inteira,

por meio de um conjunto composto de uma lâmina fixa e outra móvel, com acionamento manual, pedal e calha, sendo construídos com opções em aço carbono ou aço inox.

Removedor de castanha-de-caju (PI9803608-4) Máquina simples, baseada em uma alavanca inter-resistente, destinada a

separar a castanha-de-caju de seu pedúnculo, que constituem as duas partes dessa fruta, substituindo os sistemas empíricos, primitivos, por um sistema mecânico que proporcione melhor produtividade, qualidade e racionalidade à exploração do caju. O equipamento é construído como um bloco metálico, único e integrado, com uma base, para que seja instalado numa mesa e um corpo munido de alavanca inter--resistente, um pino-eixo para receber a força da alavanca e movimentar o sistema de lâminas, constituído de uma lâmina móvel aparafusada no pino-eixo, e de uma

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455Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

lâmina fixa aparafusada na base, em torno da abertura circular, que dá saída à castanha já trabalhada para uma caixa de coleta, por intermédio de uma mangueira ou tubo. O pedúnculo será distribuído em outra caixa coletora. Trata-se de uma máquina portátil que pode ser utilizada por produtores de caju, desde pequenos a médios e grandes agricultores, até em usinas de beneficiamento de castanhas, onde poderá ser utilizada para limpeza dos resíduos de pedúnculos ainda presos nas castanhas.

Sistema hidrotérmico modelar de preparação de castanhas-de-caju para extração e beneficiamento de amêndoas (PI9903145-0)

O sistema hidrotérmico direcionado ao descastanhamento e beneficiamento de castanhas de caju, ainda que possa trabalhar com outros produtos alimentares, é constituído de quatro módulos, sendo um o gerador de vapor saturado para alimentar de vapor, uma autoclave ou câmara de cozimento das castanhas que, depois de autoclavadas, seguem para estufa de secagem para que as películas se tornem quebradiças e facilite a sua extração, podendo as amêndoas serem ainda reumidificadas no módulo ou câmara de umidificação, para retirada das películas remanescentes.

Máquina decorticadora da castanha-de-caju por mecanismo cilíndrico de compressão (PI0503533-3)

Consiste de uma máquina decorticadora da castanha-de-caju por mecanismo cilíndrico de compressão, desenvolvido para proporcionar a ruptura da casca da castanha-de-caju pela deformação específica limite, composta por um sistema de sustentação – chassi; um sistema de decorticação – conduto alimentador e cilindros de compressão; um sistema de transmissão – polias e correia; e por um sistema de acionamento – motores elétricos. Por meio do conduto alimentador, as castanhas são conduzidas em posição preferencial, até os cilindros de compressão. Estes, por sua vez, são ajustados de forma a possibilitar alterações na deformação específica limite imposta a diversos tamanhos de castanha. O sistema proporciona fácil manuseio, manutenção e ajustes.

Máquina e processo de decorticação de castanha (PI0604152-3A) O conjunto de máquina e processo de decorticação de castanha pode ser

aplicado para frutos similares, baseado na geração de um plano de clivagem ou fratura seguido da abertura forçada da casca, expondo a amêndoa. O mecanismo envolve pelo menos uma faca superior atrelada a sistema mobilizador vertical pneumático, preferencialmente. Na parte intermediária do equipamento, há um sistema de suporte da castanha. Em posição inferior à faca, tem-se pelo menos um par de facas inferiores, que são afixadas sobre um sistema mobilizador que permite movimento horizontal, mesma direção e sentidos opostos. Assim, a ação do sistema

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456 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

fragiliza a casca segundo um plano de clivagem ou fratura. As facas inferiores, ao serem afastadas entre si, promovem a abertura da casca e exposição da amêndoa. A máquina é operada por funcionamento automático, bem como fácil manuseio, além de possuir sistema de segurança visando à proteção do operador.

Máquina de pedais para extração da amêndoa da castanha-de-caju (PI0905477-4 A2)

A máquina possibilita a realização do corte e do esgarçamento da castanha para retirada da amêndoa, e funciona com movimentos acionados por dois pedais, proporcionando mais liberdade para as mãos do operário na limpeza das amêndoas, fazendo de maneira simples, prática, segura e confortável, e possibilitando que o operário trabalhe sentado, ao contrário das máquinas similares onde o funcionário fica trabalhando em pé. A presente máquina é basicamente composta por uma bancada, um equipamento de corte, um pedal de fechamento da navalha de corte e um pedal para torção e esgarçamento da castanha, sendo que a bancada possui quatro pernas e uma plataforma de superfície com bordas, onde fica instalado o equipamento de corte. O funcionamento é feito de forma que o operador coloque uma castanha junto da navalha frontal, mantendo-a firme e alinhada horizontalmente, em seguida, com o pedal direito, feche o conjunto de navalhas e, com o pedal esquerdo, realize o movimento de torção da navalha posterior, fazendo com que esgarce a casca para sua abertura e extração da amêndoa.

Conjunto de equipamentos para torrefação da castanha-de-caju e extração da amêndoa (PI0903840-0 A2)

O conjunto é composto por dois equipamentos, denominados de bancada de torrefação das castanhas e bancada de extração das amêndoas, desenvolvidos para aplicação na extração de amêndoas da castanha-de-caju em pequena escala. Esse conjunto de equipamentos proporciona melhores condições de trabalho, seja para o pequeno produtor ou em relação à higiene do processo e extração das amêndoas. O produtor trabalha em pé ou sentado, não corre o risco de machucar os dedos no momento da quebra das cascas, e as castanhas não entram em contado com o solo. A bancada de torrefação das castanhas possui uma estrutura metálica com sapatas, com uma bandeja frontal, duas alças laterais para manuseio e transporte, um compartimento inferior e compartimento superior com tampa, além de possuir duas alavancas que possibilitam sua operação. A bancada de extração das amêndoas é dotada de duas superfícies planas, uma com equipamento de quebra das cascas. Também é dotada de dutos que são utilizados para transportar as castanhas quebradas e recolher os resíduos da operação de extração das amêndoas.

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457Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Máquina decorticadora de castanha-de-caju (MU7302459-7) Essa máquina representa uma nova forma de extrair as cascas de castanha-de-

-caju, com maior aproveitamento do produto final. Ela é constituída basicamente de alimentadores; garras aprisionadoras e condutoras; serras circulares; um espaçador e uma série de outros mecanismos, que possibilitam o auto ajuste do perfil de cada castanha.

Máquina decorticadora de castanha-de-caju (MU7902845)É composta por um conjunto de mecanismos de movimentos sincronizados e

automatizados, caracterizada por um alimentador de sucção a vácuo que apanha e transporta as castanhas uma a uma até as calhas que as guiam e levam até a posição de corte por lâminas.

Máquina de corte semiautomático da castanha-de-caju (MU8000928)É composta por mecanismo superior com roletes de abertura e o dispositivo

de corte e destacamento. O movimento combinado de ambos possibilita o corte superior e o destacamento das castanhas presas nos apalpadores do transportador; mecanismo inferior com a mesa oscilante e dispositivo de corte inferior. O movimento da alavanca em contato com o rolamento de deslizamento provoca o deslocamento vertical, da mesa de corte inferior, para cima, executando o corte inferior das castanhas presas nos apalpadores. O movimento de todos os mecanismos é controlado por um pedal.

Mecanização da estufagem da amêndoa de castanha-de-caju (PI8604115-0) É constituída por cilindros rotativos, com tubos concêntricos, formando entre

suas paredes um compartimento especial, onde as amêndoas se alojam num espaço suficiente para o deslocamento entre si. O movimento dos cilindros nos carros móveis é feito mecanicamente por meio de engrenagens fixas em cada eixo dos cilindros que são acionados por parafuso sem fim, acoplados por simples encosto. Os parafusos sem fim estão fixados em dois eixos verticais do carro móvel que recebe os cilindros; cada um dos eixos aciona os cilindros; dispostos frontalmente ao longo dos citados eixos verticais. O movimento desses eixos se realiza por meio de juntas universais, cujo comando é motorizado ou manual.

Caldeira/autoclave (PI9200297-8) A caldeira/autoclave compreende a combinação de uma caldeira geradora

de vapor, com autoclave destinada ao tratamento térmico das castanhas sob leve pressão de vapor. A pressão existente na caldeira deve ser a suficiente para atender, também, aos diversos outros componentes da aparelhagem a ser utilizada pelo pequeno produtor, na sua minifábrica, para o beneficiamento da castanha-de-caju, que usa vapor, quando não estiver operando como autoclave.

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458 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Embalagem de madeira com sistema de encaixe duplo, sem tampa, empilhável, para caju resfriado (PI9403508-3)

O equipamento tem como características principais o fato de ser de madeira leve, simples de ser montada, não possuir tampa, possuir encaixe que permite seu empilhamento, facilitando seu armazenamento e transporte; e de proteger os alimentos acondicionados em seu interior, proporcionando uma higiene evidente e sua perfeita conservação em ambientes refrigerados.

Sistema acondicionador de caju para transporte e armazenamento sob refrigeração em pallets (PI9500792-0)

Esse sistema acondicionador de caju tem como características principais o fato de ser leve, simples de ser montado, não possuir tampa, possuir encaixe que permite seu empilhamento, facilitando seu armazenamento e transporte; e de proteger os alimentos acondicionados em seu interior, proporcionando uma higiene evidente e sua perfeita conservação em ambientes refrigerados.

O uso de micro-ondas para a remoção da película da ACC (PI0601251-5) O micro-ondas é utilizado como parte integrante do processo de obtenção da

amêndoa de castanha-de-caju, isenta de sua película envoltória, utilizando etanol como solvente e agente desidratante, em curto período de tempo. O solvente é retirado e as amêndoas úmidas são submetidas a uma fonte de ar quente ou de micro-ondas para secagem e remoção de resíduos do etanol, dando um rendimento de 60% - 70% de castanhas isentas de película com quebra da ordem de 20%.

Uso de micro-ondas e água para a remoção da película da castanha-de-caju (PI0902540-5 A2)

O processo utiliza o forno micro-ondas e água para a remoção da película da amêndoa da castanha-de-caju, como parte integrante do processo de obtenção de amêndoa isenta de sua película envoltória utilizando água como solvente e agente removedor, em curto período de tempo, seguindo-se o processo de secagem tradicional utilizado na indústria da castanha. A água é retirada, e as castanhas úmidas são submetidas a uma fonte de ar quente ou micro-ondas para secagem e remoção do solvente utilizado, dando um rendimento de 60% - 70% de castanhas isentas de películas com índice máximo de 20% de amêndoas partidas.

Processo de obtenção de resinas fenólicas líquidas a partir do LCC da castanha-de-caju (PI8500984-9)

A resina fenólica do LCC da castanha-de-caju pode ser empregada nos mais diversos tipos de aplicações, tais como aglomerante de fibras, substituindo, assim,

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459Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

as resinas fenólicas oriundas do fenol mineral. O processo de obtenção dessa resina ocorre com a mistura do LCC e formaldeído, em solução aquosa, cuja reação se processa sob aquecimento conveniente na presença de catalisadores alcalinos. Após a homogeneização da massa, adiciona-se solvente orgânico, mantendo-se a agitação com aquecimento de 60% sob refluxo, até que a reação ocorra.

Processos de fabricação de um componente constituído por uma matéria plástica à base de óleo de casca de castanha-de-caju (PI9610395-7) - Portugal

A patente envolve os processos de fabricação de um componente constituído de matéria plástica à base de óleo de casca de castanha-de-caju e de um polímero, compostos endurecíveis e processo de fabricação de uma espuma rígida e produtos poliméricos, compreendendo processos e produtos que foram realizados com um componente natural que é o óleo da casca da castanha-de-caju e poli-isocianatos. Dado que o óleo é composto por uma mistura entre um bifenol e um ácido graxo, tendo os dois um anel benzênico com um grupo fenólico e cadeias laterais com 1 a 3 ligações duplas. Os isocianatos podem reagir a três níveis diferentes: a) o dos COOH do ácido; b) o dos OH fenólicos e, finalmente; c) o das duplas ligações das cadeias.

Processo de produção de aglomerados a partir de resíduos agrícolas e resina de LCC (PI9603850-0)

A patente refere-se a um processo de obtenção de aglomerados utilizando uma mistura de resina de LCC e resíduos agrícolas diversos, tais como casca de arroz, casca de coco, raspas de madeiras, cascas de castanhas e palha de bananeira, para produção de aglomerados. Esses produtos podem ter aplicações diversas em construção civil como piso, painéis divisórios, painéis acústicos e isolantes. Podem também ter utilização na fabricação de móveis, pois esses aglomerados apresentam propriedades idênticas ou superiores às madeiras de lei usadas em movelaria. Podem ser furados, usinados, serrados, aplainados, moldados, envernizados, suportam pregos e parafusos e são resistentes ao tempo, umidade, abrasão por agentes químicos, assim como ao ataque de cupins e outros insetos.

Inseticida natural à base de LCC, solúvel em água (PI9900889-0)

Consiste da preparação de um inseticida natural, solúvel em água, usando como princípio ativo o LCC obtido do caju. Trata-se de uma formulação efetuada mediante combinação de um agente tensoativo (advs), líquido da casca da castanha--de-caju e água. Essa emulsão, assim formulada na concentração de 10:1, é capaz de exercer forte ação inseticida, principalmente quando atuando no combate às formigas, cupins e outros insetos pequenos, ocasionando sua morte.

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460 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

Processo para preparar aditivo multifuncional para composição lubrificante de líquido de casca de noz de castanha-de-caju saturado (PI0102771-9)

O processo patenteado consiste da preparação de aditivo multifuncional, fosforoditioato de di(alquilciclohexil) de amino, para uso como um aditivo em uma composição lubrificante a fim de conferir coeficiente melhorado de fricção, redução de desgaste, antioxidante e propriedades de pressão extrema, incluindo as etapas de: a) hidrogenação de líquido de casca de noz de castanha-de-caju técnico destilado com catalisador de paládio ou níquel ou platina; para totalmente hidrogenar a cadeia olefínica e anel aromático do precursor; b) reação do líquido da casca de noz de castanha-de-caju técnico hidrogenado com pentassulfeto de fósforo para obter o ácido fosforoditioico de líquido de casca de noz de castanha-de-caju hidrogenado não polimerizado, a reação sendo realizada em uma temperatura variável; e c) condensação do ácido fosforoditioico de líquido de casca de noz de castanha--de-caju totalmente saturado não polimerizado com pelo menos uma amina para obter o fosforoditioato de di(alquilciclohexil) de amino.

Fosforatinatos termicamente estáveis como aditivos lubrificantes antioxidantes, antidesgastantes, redutores de fricção e para pressões externas, a partir de líquido de casca de castanha-de-caju (PI0202545-0) – Índia

A patente refere-se a um produto obtido do LCC, para uso como um aditivo antioxidante termicamente estável, antidesgastante, redutor de fricção e resistente à extrema pressão em uma composição lubrificante. São sintetizados pelas etapas de hidrogenar parcialmente o líquido da casca de castanha-de-caju com catalisador de paládio, de níquel ou de platina; hidrogenar a cadeia olefínica; reagir o líquido da casca de castanha-de-caju técnico, parcialmente hidrogenado, com trihalogeneto de fósforo e enxofre, sendo a reação realizada em tratamento térmico.

Composição tensoativa incluindo etoxilato de LCC (PI0213962-6) A patente refere-se a uma composição tensoativa incluindo etoxilato de

LCC para uso como um emulsificante em mistura de combustível combinada com água. Na formulação, inclui etoxilato de LCC. A composição compreendendo um cotensoativo apresentando um balaço hidrofílico lipofílico na faixa de 4 a 12 e um dispersante polimérico. A mistura de combustível combinada com água utilizando emulsificantes da invenção supera algumas das deficiências das emulsões previamente conhecidas.

Processo para a preparação de derivados de ácido fenóxi-carboxílico e composição lubrificante (PI0200481-0) – Índia

Patente de um processo para a preparação de derivados de ácido fenóxi- -carboxílico de LCC para uso como um aditivo em uma composição lubrificante a

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461Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

fim de conferir propriedades de inibição de ferrugem aperfeiçoadas, incluindo as etapas de submeter o LCC parcialmente hidrogenado, destilado com catalisador de paládio, níquel ou platina; para hidrogenar a cadeia olefínica e reagir o LCC técnico parcialmente hidrogenado com derivados de ácido halógeno-carboxílico para obter derivados de ácido fenóxi-carboxílico de LCC não polimerizado, a reação sendo realizada em temperatura variando de 20 °C a 140 °C. Resulta um lubrificante contendo uma porção principal de um material selecionado do grupo consistindo em um óleo de viscosidade lubrificante, uma graxa e um aditivo incluindo derivado de ácido fenóxi-carboxílico de LCC.

Uso de novos compostos capazes de absorver radiação ultravioleta, composições contendo esses mesmos compostos e processos para sua preparação (PI0304630-3)

A patente refere-se à obtenção de novas moléculas capazes de absorver radiação ultravioleta obtida a partir de modificações no líquido da casca da castanha--de-caju, sendo também descritas composições destinadas à proteção de superfícies e processos químicos para a produção das referidas moléculas.

Compostos capazes de absorver radiação ultravioleta, composições contendo esses mesmos compostos e processos para sua preparação (PI0406040-7)

A patente trata de moléculas capazes de absorver radiação ultravioleta obtida a partir de modificações no LCC, sendo também descritas composições destinadas à proteção de superfícies e processos químicos para a produção das referidas moléculas.

Composição de fertilizante antipó e antiempedramento, método de tratamento de fertilizante granulado, uso do LCC (PI0502242-8)

A patente contempla uma composição de fertilizante com propriedades antipó – inibição ou redução da formação de pó durante o manuseio dos grânulos de fertilizante – e antiempedramento – inibição ou redução da tendência de aglutinação dos grânulos durante armazenamento prolongado. Mais particularmente, refere--se a uma composição que compreende fertilizante e um ou mais m-alquil-fenóis. Em outro aspecto, é um método para reduzir as propriedades de formação de pó e de empedramento, sem afetar a velocidade de dissolução do fertilizante, compreendendo aplicar ao fertilizante granulado uma quantidade efetiva de um ou mais m-alquil-fenóis.

Conjunto de pastilha de fricção para freio, mistura de composição de moldagem com geração de baixo índice de sujidade de roda (PI0601256-6)

A patente refere-se a um conjunto de pastilhas ou material de fricção de freio, com baixo índice de sujidade da roda (não formação de pó preto durante o

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462 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

uso), constituído por um suporte metálico e por um material de fricção moldado. O material de fricção moldado é formado por uma parte de pastilha geradora de atrito, ou, alternativamente, o material de fricção é formado por uma mistura de material de fricção unida a um material. Os materiais são constituídos por: partículas de casca de castanha-de-caju, borracha nitrílica, “scrap” de borracha vulcanizada, fibras aramida e poliacrilonitrila; resinas fenólicas; coque e grafites; pó de ferro, cobre, estanho, zinco, lã e/ou fibras de aço, partículas de liga ferro-fósforo; óxidos de alumínio, ferro, magnésio, cromo, cobre e zircônio; sulfato de bário, sílica, caulim, carbonato, silicato e hidróxido de cálcio, silicato e areia de zircônio, mica, talco, titanato de potássio, wollastonita, vermiculita, fibras de vidro, basalto, cerâmica e lã de rocha; agentes orgânicos umidificadores como resóis e látex, além de solventes como água ou álcool etílico. Um molde de conformação por compressão de pressão é usado para moldar o material de fricção com o suporte metálico, consistindo basicamente em uma metade de molde superior e em uma metade de molde inferior, trabalhando à temperatura ambiente ou pré-aquecidas.

Processo para a preparação de cardanol (i) - (PI0608989-5 A2) A patente refere-se a um processo para a preparação de uma composição de

cor estável contendo cardanol, sendo que, em uma primeira etapa, o LCC bruto é submetido a uma destilação. O destilado assim obtido é reagido com ácido bórico em uma segunda etapa e a mistura da reação obtida é submetida a uma destilação em uma terceira etapa.

Processo de obtenção de óleo biovegetal (PI0702419-3 A2) O processo patenteado visa à obtenção de um óleo totalmente vegetal,

tendo como componente básico o LCC e seus componentes – ácido anacárdico, cardol, cardanol e 2-metil cardol – de aspecto denso, cor marrom escuro, quase preto, densidade a 0,956 grama cm-³, viscosidade a 25 °C: 260 mpa, solúvel em água, utilizado como carburante em caldeiras de geração de vapor e como aditivo o biodiesel.

Composição antimicrobiana e utilização de composição antimicrobiana (PI0700927-5)A patente trata de uma composição antimicrobiana que pode ser aplicada

em pessoas e animais sem efeitos secundários por qualquer via de aplicação para a prevenção e o tratamento de doenças provocadas por bactérias, fungos e protozoários. Pode ser usada em grãos, sementes e alimentos para pessoas e animais, assim como também para o controle de infecções em fermentações. Essa invenção trata de uma composição compreendendo um ácido graxo hidroxilado, ou um triglicerídeo contendo ácidos graxos hidroxilado na sua composição, em combinação com LCC e/ou qualquer um dos seus componentes (cardol, cardanol e ácido anacárdico) e/ou ácidos orgânicos.

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463Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju

Composição de um aglutinante para aplicação em fibras vegetais – componentes (cardol, cardanol e ácido anacárdico) e/ou ácidos orgânicos (PI0803209-2 A2)

Patente de uma composição de um aglutinante para aplicação em fibras vegetais e mistura à base do LCC, para aglutinação de fibras vegetais, na produção de placas, vasos, palitos, mantas e outros artefatos, utilizados na jardinagem. Esses produtos podem ter utilização diversa nos projetos de paisagismo, como jardins verticais e ornamentos diversos. As placas são utilizadas em ambientes internos com finalidade acústica e térmica; são também utilizadas no plantio de legumes e verduras em pequenos espaços. O aglutinante à base do LCC apresenta inúmeras vantagens sobre os de origem mineral, como o desenvolvimento natural da planta, na visão do avanço tecnológico no cenário da química verde, que vem buscando soluções alternativas com a substituição de produtos de origem sintética pelos de origem natural e biodegradáveis.

Procedimentos de preparação de aditivos na preparação de aditivos organofosforados obtidos da modificação química do 3-n-pentadecilfenol para aplicação nos setores industriais (PI0801708-5 A2)

A patente consiste no processo de preparação de oito aditivos organofosforados, obtidos pela modificação química do LCC (destilado ou técnico), após o processo de hidrogenação. As preparações ocorrem num vaso reacional, acoplado a um termostato e refluxo, cujo vaso de reação além do 3-n-pentadecilfenol, se adiciona hidróxido de sódio, clorofórmio o ligante clorofosfato ou o ligante clorofosfito. A temperatura é mantida constante (40 °C – 60 °C) e os tempos reacionais são variáveis. Subsequentemente, os meios reacionais são vertidos em funis de separação para o desenvolvimento dos processos de extração via solução de ácido sulfúrico e água. A seguir, os produtos são secos com sulfato de sódio anidro e evaporados para eliminação do solvente. Os produtos com base no 3-n-pentadecilfenol são purificados em processo com cromatografia utilizando-se como adsorvente sílica-gel 60 e hexano diclorometano como eluentes. Os aditivos envolvem etapas simples, geram derivados de biomassa e são manipulados por processos ecologicamente corretos. Os processos de fosforação apresentam alta seletividade na hidroxila do anel aromático, fato esse que distingue os aditivos pelo seu elevado grau de pureza.

Processo de produção de vasos, placas, palitos, mantas, placas térmicas e acústicas com fibra de coco e aglutinante natural à base de LCC (PI0804024-9 A2)

A patente refere-se a um processo de fabricação de vasos, placas, mantas, placas térmicas e acústicas com fibra de coco e aglutinante natural à base de LCC. O processo compreende a preparação do aglutinante e sua adição à fibra de coco por meio de um misturador mecânico, que após a sua homogeneização é aplicado

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464 Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju

no molde desejado, de forma manual e submetido à pressão, devendo o molde ser aquecido a uma temperatura de no máximo 250 °C pelo período de 20 a 40 minutos. Esses produtos são utilizados na jardinagem em substituição ao xaxim e podem ter utilização diversa nos projetos de paisagismo, como jardins verticais e ornamentos diversos. As placas são utilizadas em ambientes internos com finalidade térmica e acústica; são utilizados ainda no plantio de legumes e verduras em pequenos espaços.

Uso de plastificantes de fontes renováveis em composições de elastoméricos termoplásticos vulcanizados dinamicamente (PI0902370-4 A2)

A patente descreve uma composição de elastômero termoplástico vulcanizado dinamicamente, designada por TP Verde, que compreende um polímero de borracha e termoplástico, com proporção entre 2 e 70 partes, de preferência entre 5 e 30 partes em peso por 100 partes em peso de polímero de borracha, de um plastificante óleo de origem vegetal epoxidado e de um plastificante do óleo da casca da castanha-de-caju. O produto obtido com óleo da casca aumenta a resistência nas propriedades de tração após o reprocessamento.

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