Capítulo 2 Encontre-me.

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Capítulo 2: Encontre-me DESAPARECIDA. Essa era a palavra que se via escancarada em vários folhetos na cidade de Witchwood. Tiffany Vanderhall estava desaparecida fazia quase uma semana. Alguns arriscavam dizer que ela finalmente havia deixado a cidade, outros juravam que Daniel havia sequestrado ela para que fosse sua escrava sexual. Mas ninguém sabia o que de fato ocorrera... - Chega a ser vergonhoso. Disse Richard durante o intervalo em uma conversa com Melody e Alice. Como a polícia dessa cidade não conseguiu achar nada sobre o paradeiro da Vatiff? - Vatiff? Alice não havia se acostumado aos apelidos malucos de Richard. - Uma mistura de Vadia com Tiffany. Disse Melody tentando esclarecer aquele vocabulário um tanto maluco. - Ela pode ter ido embora de casa. Eu certamente já cogitei isso desde que cheguei aqui. - Quanto ódio da nossa cidade, Ali. - Eu não acho que ela tenha fugido. Ela era uma das poucas meninas que já tinha os planos traçados aqui na cidade. Casar com um dos garotos do time do futebol e esquecer o passado de maluca. Disse Melody. Algo de ruim aconteceu. - Podíamos tentar encontrá-la, adoro essas coisas que envolve terror. - Sério que você teria coragem de ir na floresta atrás de alguém? Indagou Melody. - Vamos hoje à noite. - Eu não posso ir. Tenho um compromisso. Disse Alice enquanto pegava os restos de seu lanche e levantava. - Compromisso com quem? Richard estava confuso. - Coisa minha. Alice saiu. - Vamos nós dois então, Mel. - Eu não posso também. Tenho um compromisso no Skype. - O cara da Califórnia? - Esse mesmo. - Boa sorte com esse namoro a distância. - Não seja invejoso só porque você não conseguiu conquistar o Daniel. Na hora certa você encontrará alguém. Acariciou a mão de Richard. E ele será bom pra você, como o meu rapaz é bom pra mim.

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Capítulo 2: Encontre-me

DESAPARECIDA. Essa era a palavra que se via escancarada em vários folhetos na

cidade de Witchwood. Tiffany Vanderhall estava desaparecida fazia quase uma semana.

Alguns arriscavam dizer que ela finalmente havia deixado a cidade, outros juravam que

Daniel havia sequestrado ela para que fosse sua escrava sexual. Mas ninguém sabia o que

de fato ocorrera...

- Chega a ser vergonhoso. – Disse Richard durante o intervalo em uma conversa com

Melody e Alice. – Como a polícia dessa cidade não conseguiu achar nada sobre o

paradeiro da Vatiff?

- Vatiff? – Alice não havia se acostumado aos apelidos malucos de Richard.

- Uma mistura de Vadia com Tiffany. – Disse Melody tentando esclarecer aquele

vocabulário um tanto maluco.

- Ela pode ter ido embora de casa. Eu certamente já cogitei isso desde que cheguei aqui.

- Quanto ódio da nossa cidade, Ali.

- Eu não acho que ela tenha fugido. Ela era uma das poucas meninas que já tinha os planos

traçados aqui na cidade. Casar com um dos garotos do time do futebol e esquecer o

passado de maluca. – Disse Melody. – Algo de ruim aconteceu.

- Podíamos tentar encontrá-la, adoro essas coisas que envolve terror.

- Sério que você teria coragem de ir na floresta atrás de alguém? – Indagou Melody.

- Vamos hoje à noite.

- Eu não posso ir. Tenho um compromisso. – Disse Alice enquanto pegava os restos de

seu lanche e levantava.

- Compromisso com quem? – Richard estava confuso.

- Coisa minha. – Alice saiu.

- Vamos nós dois então, Mel.

- Eu não posso também. Tenho um compromisso no Skype.

- O cara da Califórnia?

- Esse mesmo.

- Boa sorte com esse namoro a distância.

- Não seja invejoso só porque você não conseguiu conquistar o Daniel. Na hora certa você

encontrará alguém. – Acariciou a mão de Richard. – E ele será bom pra você, como o

meu rapaz é bom pra mim.

...

Alice caminhou rapidamente pelos corredores, estava atrasada para a próxima aula. Os

papos com Melody e Richard costumavam durar demais. Em sua pressa, ela acabou

esbarrando em um rapaz que estava de pé diante de um armário. Tratava-se Matthew. Ele

havia se matriculado faziam alguns dias, mas ela só havia reparado que ele era o cara da

festa alguns dias depois. O cabelo molhado e bagunçado, o rosto corado cheio de vida e

aqueles olhos que penetravam sua alma, porém não havia um sorriso que saísse de sua

boca. Ele era um tanto obscuro. Alice ficou tentada a dizer pelo menos oi, mas tudo o que

fez foi sorrir e continuar seu caminho. A próxima aula era do professor Max. As alunas

faziam questão de sentar na primeira fileira e contemplar a beleza daquele professor

jovem de traços únicos e olhos verdes cortantes. Ele lecionava História e adorava falar de

como Witchwood guardava segredos. Alice entrou na sala e notou que só havia um lugar

vago ao lado de Daniel e por lá se sentou. Daniel a olhava de canto. Mal prestava atenção

no que Max dizia enquanto escrevia no quadro negro.

- Fico feliz que tenha finalmente chegado Alice. – Disse Max jogando o resto de giz no

lixo e sentando-se sobre sua mesa. Ele passou a mão no queixo observando-a astutamente.

- Sinto muito pelo atraso professor.

- Controle seu horário e não terá que se desculpar. – Max voltou-se para a classe – Onde

estávamos?

- O senhor falava sobre um evento da cidade que está se aproximando. – Mia afirmou

radiante.

- Você sempre sendo prestativa pequena Mia. – Max sorriu. – Alguém sabe me dizer que

evento é esse?

- O baile na prefeitura. – Disse Megan.

- E você sabe o motivo desse evento Megan?

- Dizem que é uma espécie de memorial para os entes queridos perdidos no incêndio.

- Como se isso fosse trazer alguém de volta. – Retrucou Alice em um tom de deboche.

- De fato Alice, não traz. Mas não deixa de ser um ato nobre não acha? – Disse Max. –

Além do mais, qual de vocês aqui não gosta de um bom baile regado de ponche batizado?

- Nem todos são superficiais, professor. – Afirmou Matthew que estava sentado ao lado

de Mia.

Alice ficou confusa. Olhava para ele sem entender, pois tinha acabado de vê-lo no

corredor.

- Certamente o Daniel adora esses bailes e já cogita convidar alguém, não é mesmo Dan?

– Max jogou um pedaço de giz em Daniel que olhava para Alice.

- Se não houver jogo na noite do baile, quem sabe não é Max. – sorriu sem graça.

- Algumas coisas nunca mudam. – Max levantou-se da mesa e começou a caminhar pela

sala. – O jogo foi adiado?

- Segundo o treinador Michael, os esforços estão concentrados em encontrar a Tiffany.

- Resta saber se gostarão de encontrá-la. Abram os seus livros na página quinze e vamos

dar início a essa aula. – Max voltou a escrever no quadro negro.

Alice notou que tanto Matthew como Daniel a olhavam. Ela disfarçou, passou a olhar

para tela do celular e encontrou uma mensagem de número de desconhecido.

“Tudo certo para hoje à noite? ”

“ Sim. Me pega às seis. ” – Respondeu à mensagem.

...

Encarava o celeiro dos fundos como se tivesse acabado de realizar uma obra prima.

Troncos e gravetos espalhados pelo jardim daquela sofisticada mansão de decoração

rústica e cheia de janelas. Megan acabara de sair do celeiro fechando os botões da blusa

e deixando escapar a imagem do seu sutiã preto. Lá estava James, olhando-a como se

aquilo fosse mais do que o prêmio do ano.

- Você disse que todos viriam para cá depois do colégio.

- E você foi tola demais para acreditar. – James puxou Megan para perto de si e apertou

sua cintura.

- Tem certeza de que o Richard não está em casa? Odiaria que ele soubesse dessa coisa.

- Coisa? Belo nome para dar a nossas preliminares e o ato final. – Beijou o pescoço de

Megan e o mordeu com força.

- Estou apenas treinando James. Apenas treinando. - Megan empurrou James.

- Eu sei. Mas por desencargo de curiosidade, me diz como você pretende fingir para o

Daniel que ainda há virgindade em você? Porque seus gemidos acusam que você já é

praticante da causa. Já parou para pensar que você não deve viver de um estereótipo só

para agradar as pessoas dessa cidade? - Megan tentou dar um tapa no rosto de James, mas

foi surpreendida pela presença de Daniel.

- Cadê o pessoal para a festa no celeiro dos Thompson? Não há festa só de três.

- Existe ménage. Alguém arrisca? – disse James.

- Se você fosse mais bonito eu até que arriscava, J.

- Eu vou checar se as meninas já estão chegando. - Megan saiu mexendo no celular.

...

Ao cair da noite, lá estava Alice na varanda de sua casa. Usando sua calça preta, uma

blusa vinho com detalhes pretos de camurça e suas botas de cano alto. Harry estava na

casa de Elliot e iria dormir por lá e sua mãe estava resolvendo alguns assuntos no centro

da cidade. Checava o relógio a cada dois segundos. Um carro parou em frente à sua casa,

ela caminhou em direção ao carro em passos lentos, em seu interior estava meio

apreensiva com tudo aquilo. Abriu a porta e entrou. Ao seu lado estava ele: Marcel.

Marcel sorria como um adolescente ao vê-la. Tentou beijar delicadamente sua boca, mas

Alice desviou o rosto tentando não parecer tão grosseira. Apenas sorriu e disse: “Vamos,

por favor. ”

Era uma noite estrelada. A lua brilhava forte no centro de Witchwood e quanto mais

afastado do centro, maior e melhor podia-se vê-la. Após algum tempo, Alice e Marcel

chegaram ao seu destino. Era uma grande casa perto de um lago. Alice supôs que

pertencia a família de Marcel, pois eram ricos. Tinha uma varanda que dava acesso ao

belo lago. Alice desceu do carro e estava maravilhada com a vista. Não havia mais nada

além da natureza e aquela bela casa que estava em plena harmonia com o ambiente.

- Pronta para essa noite? – Disse Marcel abraçando Alice por trás que se soltou

rapidamente.

- Não me leve a mal, Marcel. Mas o que essa casa tem a ver com o que eu quero saber?

- Nossas mães passavam feriados, férias e fim de semanas nessa casa. Pertence à família

Campbell.

- E como você tem acesso?

- Minha mãe tem a chave. Ela e sua mãe mantêm a casa como símbolo do que já viveram

aqui. - Alice caminhou até a porta de entrada junto com Marcel. Algo naquela casa soava

familiar e trazia paz. Marcel abriu a porta.

- Eu vou buscar alguma coisa para a gente comer. Tudo bem você ficar sozinha?

- Só não demore.

Alice caminhou por cada canto daquela imensa casa. Tinha cinco quartos, sendo que um

dele certamente pertencia a Ashley devido as várias fotos encontradas na parede e a

escrita de letras de músicas. Havia uma sala com uma lareira aconchegante, o carpete

antigo cor bege fazia contraste com o piso de madeira e carregava consigo uma grande

mancha de vinho. Cada canto da casa tinha um ar rústico, mas ao mesmo tempo

sofisticado. Uma mistura de madeira com tijolos vermelhos, coisa que lembrava muito a

casa em que Alice morava no momento.

O quarto de Ashley dava acesso a uma espécie de sótão em que a porta era puxada através

de uma corda. Alice puxou a corda e uma escada surgiu diante dela. Ela subiu para o sótão

receosamente, pois não sabia o que poderia encontrar. Estava tudo escuro, ela encontrou

uma lâmpada que custou a acender, mas finalmente vingou. Lá ela encontrou várias caixas

e alguns móveis antigos, além de álbuns e porta-retratos cheios de poeira. Ao esbarrar em

uma estante, derrubou um caixa que continha várias cartas. Curiosa, pegou uma e

começou a ler.

“Ashley,

Isso é algo novo para mim, nunca fui muito bom com as palavras. Sou um cara de atitude,

apesar de que isso não faz muita diferença já que você mal olha para mim. Há algo em

você que me faz te querer ainda mais. O meu pensamento está todo voltado para o seu

sorriso. Encontre-me no campo de futebol.

Com amor,

Logan Davis. ”

- Presa em textos? – disse Marcel que apareceu de surpresa. Alice levou um pequeno

susto

- Quem é Logan Davis?

- É meio que o advogado da cidade. Padrinho do Ethan.

- Ele era namorado da Ashley? Aqui tem várias cartas dele.

- Minha mãe não fala muito dele, mas parece que eles namoraram nos tempos de colégio.

Diziam que iam casar, segundo meu pai. Porém a Ashley sumiu e tudo mudou.

- Sumiu?

- Com fome?! – Marcel sorriu. - Depois você procura mais coisas. Vamos comer.

...

O café já havia esfriado. Olhava fixamente para a xícara como se ela fosse a resposta para

seus devaneios. Lá estava Louise no Stowaway. Era um bar/café muito aconchegante.

Cheio de mesas e um balcão rústico de madeira com detalhes em vidro. A iluminação era

pouca, podia-se dizer que apresentava um lado sombrio. Estava lotado. Ethan se

aproximou de Louise acompanhado por um rapaz que ela mal notou.

- Não está na festa do James? – disse Louise com o olhar fixo na xícara.

- Alguns precisam trabalhar, mesmo tendo um tio advogado.

- Como vai o Logan? – Louise voltou o olhar para Ethan e notou que ele estava

acompanhado por Matthew.

- Viajando, de novo. – Ethan fez uma careta. – Preciso de um favor Louise. Você pode

dividir sua mesa com ele? Não há lugar no balcão.

- Sem problemas. Sente-se...

- Matthew. Mas pode me chamar de Matt. – Completou Matthew enquanto Ethan os

deixava. - Por que você não foi à festa do James?

- Porque não sou bem-vinda nesses lugares. Megan odeia a Carrie. – Ironizou Louise e

Matthew faz uma cara de confuso.

- Ela me chama de Carrie, a estranha. - Louise olhou para a xícara lembrando de algo por

alguns segundos. – Eu tive uma espécie crise. Com 14 anos, eu tive um ataque. Não

lembro o que disse, o que fiz, mas dizem que foi algo feio. Eu dizia palavras estranhas.

- Alguma tinha sentido?

- Não. Na verdade, eu só lembro de estar diante do corpo de um rapaz. Ele estava cheio

de sangue e balbuciava algumas palavras. Minha mãe disse que isso nunca aconteceu e

que ela me encontrou na floresta sozinha.

- Pode ter sido uma crise de sonambulismo.

- Toda a cidade me procurou e quando a minha mãe me encontrou junto com a polícia,

eu não parecia ser mais a mesma. E nisso a cidade toda ficou sabendo.

- Cidade pequena é um mundo de fofocas. – Matthew revirou os olhos e Louise riu.

- E você? De onde veio? Certamente não é daqui.

- Califórnia.

- Porque veio pra tão longe?

- Meu pai. Ele acha que eu preciso entender minhas raízes, a cidade da família. Às vezes

sinto que ele está me testando.

- E do que se trata o teste?

- Controle.

- Boa sorte com isso. – Louise segurou a mão de Matthew em um gesto de solidariedade,

porém ao tocá-lo se assustou e se afastou com a cadeira.

- O que você viu?

- Eu não vi nada. Eu... Do que você está falando?!

- Você olhou intensamente para o horizonte, achei que tinha visto algo. - Louise saiu

desesperada. Ethan chegou com o pedido de Matthew.

- Pode ficar Ethan. – Matthew jogou o dinheiro do café sobre a mesa e correu atrás de

Louise. Ele acabou esbarrando em Richard que surgiu ao lado de Ethan.

- Aonde é o incêndio daqueles dois? – Disse Richard sentando-se a mesa.

- Sei lá o que se passa com esses esquisitos.

- Eu quero um café para tomar junto com você, já que você acabou de ganhar um.

- Eu estou trabalhando Rich. Fica pra próxima. – Ethan saiu em direção ao balcão.

...

Louise pediu um táxi e foi desesperada até a casa de James. Na sua mente passavam-se

várias imagens confusas, entre elas o rosto de Daniel e Matthew. Ao descer do táxi

caminhou até o jardim dos fundos onde ficava o celeiro. Notou que tanto o prefeito como

a primeira dama não estavam em casa. James, Daniel, Megan e Hanna estavam na sala de

estar. Podia-se ouvir a voz alta de Megan que já estava um tanto bêbada. Louise tentou

entrar pela cozinha, mas a porta estava trancada. Sentiu alguém tocar seu ombro e levou

um susto.

- Sou eu Louise, Matthew.

- Você me seguiu? – Disse com tom de desespero.

- Fiquei preocupado com você. O que houve?

Daniel surgiu acompanhado de Hanna. Os dois estavam alterados pelo álcool e Hanna

claramente estava querendo que aquilo ajudasse para que ficassem. Ambos não haviam

notado a presença de Matthew e Louise.

- Aposto que a Meg vai ficar horas no banheiro vomitando. – Disse Hanna rindo alto.

- Azar o dela. – Disse Daniel dando de ombros. – Eu não queria que essa noite terminasse.

- Ela pode continuar se você quiser. Depende do que você deseja.

- Eu desejo você, Han. Eu, você e meu quarto trancado. Ou meu carro. O que importa é

ficarmos sozinhos. – Agarrou Hanna que mordeu o lábio em um ato de sedução. Ao

agarrar Hanna, Daniel mudou seu foco de visão e percebeu a presença de Louise e

Matthew. - O que vocês fazem aqui? – Soltou Hanna que quase caiu.

- Eu tive uma crise, Dan. Eu estou tão confusa. - Daniel caminhou até Louise e segurou

sua mão. Hanna entrou na casa correndo.

- O que você viu Louise? Qual foi a alucinação dessa vez?

- Eu vi um corpo perto do lago. A imagem da mão de alguém, mas era um corpo! Tenho

certeza!

- Louise nada disso é real, você precisa acreditar em mim.

- Não Daniel. Você que precisa acreditar em mim! Eu sei o que eu vi, só não sei explicar.

Eu toquei nele e...

- O que você fez com ela? Foi droga? – Daniel disse olhando para Matthew.

- Eu não tenho porquê fazer isso Daniel. O que eu ganharia com isso? – Retrucou

Matthew.

- Claramente ela não está no juízo perfeito.

- Eu sei o que vi, Daniel! Mas você não precisa acreditar em mim se não quiser. Eu já sei

o que vou fazer. - Louise caminhou para ir embora, Daniel foi atrás e a segurou pelo

braço.

- Vou levá-la para casa. Já chega disso tudo. – Daniel estava nervoso.

- Você ao menos consegue dirigir alterado desse jeito? – Louise ironizou.

- Loui, por favor.

- Eu só vou embora se você for no lago comigo antes.

- Eu vou também. – disse Matthew. - Vocês precisam de um motorista. - Megan surgiu

acompanhada de James e Hanna. Ela estava com a pele pálida.

- Onde nós vamos? – disse Megan.

- Vocês não vão a lugar nenhum. – Afirmou Daniel. - James leva as meninas para casa,

eu tenho que resolver um problema.

- Está tudo bem, Dan?

- Sim J. Não precisa se preocupar. Amanhã eu te explico tudo. - Daniel saiu acompanhado

por Matthew e Louise.

...

A estrada estava escura naquela noite. Matthew não sabia para onde estava indo, apenas

seguia as instruções de Louise que estava sentada ao seu lado.

- Como é que vocês se encontraram hoje mesmo? Vocês não são do mesmo ano. – disse

Daniel enquanto olhava para paisagem fora do carro.

- Foi por acaso no Stowaway. Ele não tinha mesa para sentar e eu permiti que ele se

sentasse comigo.

- Você é novo por aqui Matthew. Vem de onde? – Daniel estava cismado.

- Califórnia.

- O que te fez vir pra cá?

- Meu pai. Ele quer voltar a morar por aqui e pediu que eu checasse a vizinhança.

- Tarefa difícil para um rapaz de quase dezessete anos, não acha?

- Alguns não tem a vida fácil.

- Para o carro! – Gritou Louise. - Matthew parou o carro bruscamente.

- Onde estamos? – Disse Daniel confuso.

- Perto do lago. – Respondeu Matthew. - Louise desceu do carro e saiu andando pela

floresta. Matthew e Daniel foram atrás dela preocupados.

...

A beira do lago estavam Alice e Marcel. Ele bebia uma taça de vinho enquanto ela olhava

para o lago com os pensamentos longe dali.

- Eu pensei que vir aqui fosse me trazer respostas sobre aquela casa, mas tudo o que

encontrei foram cartas de amor.

- Veja pelo lado bom, esse encontro foi possível.

- Pensei que tinha sido clara quanto a isso não ser um encontro. – Levantou-se, Marcel

foi atrás dela e a agarrou.

- Não sabe o quanto eu esperei para sentir seu perfume.

- Me solta Marcel. – Alice tentava se soltar dos braços de Marcel.

- Que tal pararmos de pensar e só nos beijarmos? – Marcel beijou Alice com força e ela

empurrou Marcel.

- Eu não quero! Me leva embora, Marcel.

- Não antes de termos o nosso momento. – Puxou Alice pra perto e rasgou a alça de sua

blusa. – Você me deixa louco. – Marcel beijava o corpo de Alice que relutava.

- Não! - Alice chutou Marcel que caiu no chão com muita dor. Ela foi até o carro a procura

da chave, mas não encontrou. Então saiu pela floresta pedindo ajuda. - Socorro! – Gritava

em meio a lágrimas.

Alice correu pela mata olhando sempre para trás acreditando que Marcel iria encontrá-la.

Ela tropeçou em algo e acabou caindo sobre algo que parecia manchas de sangue em uma

pedra. Ao se levantar assustada olhou em volta e encontrou uma perna humana

completamente rasgada. Ela berrou assustada e foi agarrada por algo sendo levada para

de trás de um arbusto.

...

- Você tem certeza de que foi a melhor decisão voltar Angel? – disse Laurel mãe de

Melody e Marcel. Ela e Angel são amigas desde pequenas.

Laurel havia convidado Angel para jantar naquela noite. Thomas, seu marido, não estava

em casa, pois tinha ido resolver um problema na cidade. As duas conversavam na varanda

da casa.

- Sabia que em alguma hora desse jantar você iria me fazer essa pergunta. – Angel disse

em meio a risos.

- Eu não estou sendo contra. Pelo contrário, até te ajudei com tudo isso. Mas a sua volta

traz questões.

- Eu precisava de um conforto. A morte do Bryan foi dolorosa e eu não sabia mais o que

fazer para superar isso. Eu precisava voltar para o lugar em que tudo era bom e fazia

sentido. Vivi minhas melhores lembranças aqui.

- Você já deu uma olhada na casa? Viu se tem alguma coisa que fale demais? Não tive

tempo de mexer lá. Algumas coisas eu já tinha levado para a casa do lago, outras não.

- Alguns dias antes de eu me mudar, vasculhei a casa e tudo o que tinha dos Campbell eu

tranquei no sótão.

- É melhor assim. Você sabe como essa cidade reagiria se soubesse que ainda há vestígios

da Ashley.

Thomas chegou acompanhado por um homem de terno e gravata, cabelos loiros, olhos

verdes, forte de pele rosada.

- Olha quem acaba de chegar de Nova York. – Disse Thomas sorrindo.

- Logan! – Laurel correu de encontro a Logan e o abraçou. – Você sumiu por dias. Posso

te denunciar por deixar o Ethan sozinho. – Soltou Logan.

- Acredite, ele é mais responsável do que eu. – Logan beijou o rosto de Laurel e notou a

presença de Angel. - Meus olhos estão vendo isso ou é miragem? Angel Johnson?!

- Como vai Logan?

- Bem. Sinto muito pelo Bryan.

O telefone de Angel tocou e ela o atendeu. Do outro lado da linha era Harry reclamando

sobre o fato de que estava ligando em casa e ninguém atendia. Ela estranhou porque

acreditou que Alice estava em casa. Angel terminou a ligação e tentou ligar para Alice

que não atendeu.

- Algum problema? – Perguntou Laurel.

- Alice. Ela saiu e não me avisou aonde ia. Não faço ideia de onde aquela garota esteja.

- Ela já fez amizade com alguém daqui? – Questionou Thomas.

- Ela fala muito sobre a Melody e o Richard.

- A Melody está lá em cima, vou ver se ela sabe de algo. – Disse Laurel enquanto entrava

na casa.

- Caso ela não saiba, a sua filha pode estar na mansão da prefeitura. – Disse Thomas.

- Eu não faço ideia de onde fica.

- Eu te levo até lá. – Afirmou Logan com um sorriso simpático. – Fique tranquila. Já

tivemos a idade dela, Witchwood não mudou muito desde então.

...

De volta a floresta. Alice se debatia enquanto alguém a segurava. Ela chorava e tentava

gritar, mas a pessoa estava com a mão em sua boca. Ela acabou por morder a mão.

- Ai! – A pessoa gritou e Alice percebeu que acabou de morder Daniel.

- O que você faz aqui? – Indagou.

- Estou salvando você seja lá do que esteja fugindo.

- Eu vi... Eu... – abraçou Daniel e começou a chorar. – Mataram alguém, Daniel. Pode ter

sido o Marcel. Ele tentou...

- Tentou o que? Do que você está falando? Ele te fez algum mal?

Os dois escutaram um berro e se assustaram. Daniel saiu correndo atrás do berro e Alice

o acompanhou. Eles encontram Louise ajoelhada diante dos restos mortais de Tiffany.

Matthew tentava levantá-la do chão, mas ela não deixava.

- Como vocês chegaram até aqui? – Perguntou Daniel.

- Ela simplesmente veio. Quando dei por mim, você não estava mais com a gente. –

Afirmou Matthew.

- Como eu sabia onde encontrá-la Daniel? O que está acontecendo comigo? – Louise

chorava desesperadamente. – É como se eu conseguisse sentir a dor dela. - Daniel se

agachou diante de Louise e segurou sua mão.

- Nós vamos descobrir o que há com você. E eu prometo que dessa vez ficarei do seu

lado. – Louise abraçou Daniel.

- O que houve com a sua blusa? - Matthew disse ao se aproximar de Alice.

- Nada de importante. Ela agarrou em uma árvore.

- O que você fazia aqui a essa hora?

- Fiquei curiosa em visitar o lago. – se afastou de Matthew. – Eu vou chamar a polícia.

...

“Repórter: Foi encontrado corpo da estudante Tiffany Vanderhall na floresta

próximo ao lago Lake. A família não quis gravar nenhum depoimento, mas todos

lamentam a morte da jovem de dezesseis anos. Segundo as autoridades, ela foi

encontrada por quatro jovens que faziam trilha na floresta durante a noite. Mais

informações serão passadas no jornal da manhã.”

Naquela noite todos assistiam ao noticiário e lamentavam a morte da garota que apesar

dos rótulos deixaria uma mera lembrança. Richard assistia ao noticiário sentado em frente

ao balcão do Stowaway. Ele estava atordoado com a notícia.

- Não acredito que ela morreu! – Comentava com Ethan que limpava o balcão.

- Você não acha que já está tarde pra ficar por aí com um animal à solta? – Ethan disse

em um tom sério.

- Como você sabe que foi um animal? – Indagou Richard.

- De que jeito você explicaria ela ser encontrada em uma floresta com o corpo todo

rasgado? – Disse uma moça de cabelo loiro curto, pele branca e corpo escultural. Ethan

olhou para ela como se a conhecesse de algum lugar.

- Como você sabe do corpo? – Richard estava intrigado.

- Digamos que eu tenho um conhecido na polícia. – A moça sorriu.

- De qualquer forma, é isso que acontece com meninas más. – Richard deu de ombros.

- Triste não? Porque o mal é a única coisa proveitosa que a gente leva desse mundo. O

bem não causa nem cócegas.

- Na minha opinião, é preciso um equilíbrio. As duas coisas são proveitosas. Há coisas

que só a bondade conquista.

- Depende da bondade que vos diz. Aposto que você é daqueles que usa seu jeito bonzinho

como arma.

- E quem não usa? – Richard levantou-se e passou pela moça indo em direção a saída. –

É o segredo sobre ser mal de verdade, saber se bonzinho até o final. - Sorriu. – Até mais

Ethan. - Richard saiu do Stowaway.

- Me sirva uma vodka pura, por favor. – disse a moça notando a estranheza de Ethan. – O

que foi Ethan? Não reconhece sua amante de Nova York? – sorriu.

- Anna?!

...

Após algum tempo. Matthew, Alice, Daniel e Louise aguardavam do lado de fora da

delegacia por seus responsáveis que conversavam com o delegado. Alice vestia o casaco

de Daniel e estava sentada ao lado dele. Matthew não tirava os olhos dela.

- Todos falaram o que combinamos no depoimento? – Perguntou Daniel e todos

afirmaram que sim.

- Como você pretende ajudar a sua irmã se nem ao menos quer dizer a polícia? –

Perguntou Alice.

- Ninguém acreditaria na nossa história. – Retrucou Daniel.

- Eu concordo com ele, Alice. – Disse Matthew. – Ninguém levaria a sério esse lance da

Louise apenas encontrar o corpo. Ela seria a principal suspeita. – Olhou para Daniel. –

No que precisar pode contar comigo.

- Essa cidade guarda muitos segredos. – Disse Louise enquanto olhava para um ponto

fixo.

- O que você quer dizer com isso, Loui?

- Não foi por acaso que nós encontramos o corpo dela. Tudo o que está acontecendo está

ligando a gente e as respostas virão. Todas elas. – Louise olhou intensamente para Alice.

Angel, Logan, Peter (pai de Daniel e Louise) saíram da delegacia acompanhados por

William, o delegado.

- Já é a segunda vez que te vejo Daniel em menos de uma semana. – Mencionou William.

- Eu sou um menino de pouca sorte. – Brincou Daniel.

- Ou está escondendo alguma coisa. – William o encarou.

- Já esclarecemos tudo, Will. – Disse Logan. – Qualquer dúvida, lembre-se de me

comunicar antes de querer interrogar um dos meus clientes novamente. - William entrou

na delegacia.

- O que deu em você, Ali! Desaparecer desse jeito e achar um corpo! – brigou Angel.

- Eu sou o culpado, senhora Johnson. Eu convidei a Ali e o Matthew para conhecer o lago

Lake. – Disse Daniel. – A senhora me desculpa?

- Só peço mais cuidado dá próxima vez. Tem um assassino à solta. – Angel abraçou Alice

rapidamente.

Logan olhou para Alice como se ela o lembrasse de algo.

- Muito obrigado pela ajuda Logan. – Disse Angel. Alice ficou surpresa ao entender que

aquele era o Logan das cartas de Ashley.

- Vamos embora, Ali. – Disse Angel.

Alice se despediu de Louise e Matthew, ao se despedir de Daniel, eles se olharam por

alguns instantes e ela sorriu e logo em seguida ela e Angel foram embora.

- Ela lembra tanto alguém. – Disse Logan.

- Talvez a mãe dela quando era jovem. – Retrucou Peter.

- Aqueles olhos não pertencem ao Bryan ou a Angel. Eles são profundos iguais ao de

alguém que eu conheci.

- Eu já vou indo meu amigo. – Disse Peter. – Vamos para casa tentar explicar para mãe

de vocês o que faziam na floresta a essa hora.

Peter, Daniel e Louise foram embora. Matthew encarou Logan por alguns instantes e saiu

andando.

- Aonde você pensa que vai? – Disse Logan.

- Embora.

- Seu pai é meu cliente de Nova York. Você está sob minha guarda de agora em diante.

- Ele não me disse sobre você.

- Eu não salvaria sua pele se não tivesse algum motivo, não faço caridade.

- E então? O que fazemos agora?

- Vamos buscar suas coisas. Você vem morar comigo. Eu tenho um sobrinho da sua idade.

Não vai ser tão ruim morar comigo.

- Veremos. – Matthew riu.

...

Mais tarde, Alice estava em seu quarto sentada na cama lendo um rascunho que conseguiu

roubar das coisas de Ashley.

“Eu preciso que você entenda. Não há nada de errado entre nós dois. Nada mudou.

Talvez eu tenha mudado. Tenho medo de você não entender o que há comigo agora. Mas

eu te amo tanto Logan. E é por isso que preciso ir. Mas saiba que parte de mim fica com

você.

Com todo o meu amor, Ash. ”

Angel bateu na porta e Alice escondeu o rascunho debaixo do travesseiro.

- Já está indo dormir? – Disse Angel entrando no quarto.

- Estava pensando em ler um livro antes de dormir.

- Você sabe que uma hora vamos conversar sobre andar naquela floresta sozinha, não é?

- Sim. Assim que você me disser de quem é essa casa. Quem são os Campbell? Aquele

Logan é dessa família?

- Quando surgiu todos esses questionamentos?

- Você comprou essa casa, mãe?

- O que há com você?

- Eu quero o motivo da gente ter vindo morar nessa droga de cidade, apenas isso.

- Eu já disse que foi por conta de não haver mais nada que nos prenda em Nova York.

- E certamente há algo que nos prenda em Witchwood?

- Alice, encerramos por hoje.

- Apenas me responda uma coisa, por que a Ashley deixaria uma casa para você e não

para o Logan já que eles quase casaram?