Capítulo 1 O que é Engenharia de...

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Pontifícia Universidade Católica de Goiás Departamento de Engenharia Curso de Graduação em Engenharia de Produção ENG 1090 – Introdução à Engenharia de Produção Prof. Gustavo Suriani de Campos Meireles

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Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Departamento de Engenharia

Curso de Graduação em Engenharia de Produção

ENG 1090 – Introdução à Engenharia de Produção

Prof. Gustavo Suriani de Campos Meireles

Faz parte da natureza humana transformar as coisas

Desde os tempos pré-históricos, a civilização humana tem convertido matérias-primas em produtos acabados, e este é um processo que envolve um mínimo de coordenação e controle das atividades

A gerência dessas operações também faz parte da natureza humana, uma vez que a civilização evoluiu por causa da especialização das atividades e do caráter colaborativo dos seus membros

No passado, a racionalidade já fazia parte da organização dos recursos usados na produção

A ciência da gestão de operações só aflorou de forma mais consistente e organizada a partir da Revolução Industrial; a partir daí este conhecimento se desenvolveu de forma exponencial

O processo deixou de ser artesanal para ser industrial, e este pode ser definido como um conjunto de decisões e ações planejadas para transformar matérias-primas em produtos com valor de mercado

Frederick Taylor (1856-1915) considerava que os gerentes deveriam entender bem o processo produtivo e, por outro lado, aos operários a execução

Isto representou um entendimento básico para a Engenharia de Produção: planejar o trabalho e executar o trabalho são tarefas distintas

Independentemente de as tarefas serem feitas por pessoas diferentes ou pela mesma pessoa, planejar antes de executar leva a uma maior eficiência

Um grande erro de Taylor foi considerar que quem planeja não executa, e quem executa faz apenas o trabalho “braçal”

Henry Ford utilizou esta visão de Taylor sobre a divisão e a especialização do trabalho na produção em massa

O paradigma da produção em massa, como foi concebido, não é mais adequado

Na administração japonesa, a partir das décadas de 1950 e 1960, surgiu uma nova forma de pensar e esta chegou ao ocidente a partir da década de 1980 e início dos anos 1990

Percebeu-se que os trabalhadores operacionais devem constantemente fazer planejamento durante a execução do trabalho e que, por outro lado, planejadores e gestores devem ter a experiência que a prática proporciona

Assim, o detalhamento e a padronização do trabalho são feitos de uma forma mais democrática e participativa, envolvendo tanto a gerência quanto os trabalhadores de chão-de-fábrica; essa nova forma de pensar vem sendo chamada de produção enxuta

Ao quebrar o planejamento centralizado, busca eliminar desperdícios, excluindo o que não tem valor para o cliente, dando maior velocidade às atividades da empresa; tomadas de decisão ocorrem mais próximas das operações: trabalhadores são multifuncionais e têm autonomia para a tomada de decisões

A gestão de operações corresponde ao conjunto de ações de planejamento, gerenciamento e controle das atividades operacionais necessárias à obtenção de produtos e serviços oferecidos ao mercado consumidor

Quanto aos produtos: manufatura de bens de capital (máquinas, ferramentas, etc.) e de consumo (aviões, carros, móveis, alimentos, televisores, canetas, etc.)

Quanto aos serviços: impossibilidade de formar estoques, pois o cliente consome à medida que o sistema vai produzindo; o planejamento eficiente é vital; bancos, escolas, consultoria, telefonia, etc.

Observa-se que hoje quase toda indústria de manufatura inclui serviços ao cliente

Diz-se ainda que o ideal de toda indústria de manufatura é se aproximar do modelo da indústria de serviços, procurando produzir os produtos à medida que o consumidor faça o pedido

A gestão de operações compreende as seguintes funções:

Gestão da demanda, Planejamento do negócio, Planejamento operacional (materiais e capacidades) e Controle da produção

Influências diretas: Previsão de demanda (curto, médio e longo prazos)

- Administração de pedidos

- Definição da política de preços e de promoção p/

demanda mais estável, barata e de fácil produção

Planejamento estratégico (planej. do negócio)

- Espaço físico, máquinas, equipamentos, mdo ...

- Atividades próprias e terceirizadas

- Localização e layout do processo produtivo

- Volume de matérias-primas e aquisição de

componentes (definição de fornecedores de

materiais e de serviços)

Influências diretas: Planejamento operacional

- Uso dos recursos e da necessidade de materiais

- Definição do atendimento da demanda pela

produção (quando e como)

- Definição da compra de matérias-primas e de

componentes (quando e quanto) e dos estoques

Controle da produção

- Acompanhamento do processo produtivo e de

entrega de produtos

- monitora e avalia a produção, fornecendo um

feedback para o planejamento operacional

Segundo a ABEPRO (2008), a Subárea ENGENHARIA DE OPERAÇÕES E PROCESSOS DA PRODUÇÃO subdivide-se em:

Projetos, operações e melhorias dos sistemas que criam e entregam os produtos (bens ou serviços) primários da empresa. Gestão de Sistemas de Produção e Operações Planejamento, Programação e Controle da Produção Gestão da Manutenção Projeto de Fábrica e de Instalações Industriais: organização

industrial, layout/arranjo físico Processos Produtivos Discretos e Contínuos: procedimentos,

métodos e seqüências Engenharia de Métodos

Segundo a ENEGEP (2008), a Subárea GESTÃO DA PRODUÇÃO subdivide-se em:

Gestão de Sistemas de Produção e Operações Gestão de Sistemas de Produção Planejamento e Controle da Produção Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos e

Distribuição Projeto de Fábrica e de Instalações Industriais Gestão da Manutenção Simulação da Produção Gestão de Processos Produtivos Gestão de Operações e Serviços

Imagine que você queira montar um disk-pizza

Características do modelo:

Tem funções claras de manufatura e serviços

O produto final tem que ser transportado, faturado e consumido logo após a produção

Produção assembly-to-order, i. é, montagem mediante ordem: ingredientes prontos e produção após pedido

Não há estoque de produto acabado, não há geração de ordem de produção para todos os setores envolvidos, sendo cada pedido encaminhado diretamente para a montagem modelo de produção enxuta

Gestão da demanda: Inicialmente deve-se conhecer bem o mercado: há

demanda? De que tamanho?

Definida a quantidade de pizzas que se pretende vender por mês, há outras questões relacionadas com a gestão da demanda

O gerenciamento de pedidos é uma dessas questões, sendo que as informações reais dos pedidos vão realimentar e eventualmente corrigir as previsões iniciais

Esta situação vai acontecer apenas quando o negócio estiver em funcionamento; enquanto isso, vamos continuar na fase do planejamento

Planejamento do negócio: Próximo passo: você tem que saber fazer pizzas; cardápio

deve ser elaborado; desenvolvimento do produto deve ser feito por pizzaiolos experientes também para a fabricação

Deve-se montar ainda uma estrutura de produção e de entrega de pizzas

E baseado na previsão de demanda, a quantidade de recursos de fabricação deve ser determinada

Para a contratação de pessoas: haverá horário de pico? Quais horários e dias da semana ocorrerá o atendimento?

Como vai ser o layout, o atendimento telefônico, o cadastro de clientes, o sistema de entrega, as compras...

Planejamento operacional: Há uma parte da produção que é feita mediante o pedido

do cliente e outra que foi antecipada: massa, molho e ingredientes; lembre-se: pressupõe-se entrega rápida

Qual vai ser a lógica de produção no curto prazo?

Ou: quais as quantidade a produzir de massa, molho e ingredientes? Quando produzir? Quem fará isto?

A demanda vai variar durante a semana e também ao longo do dia, com momentos de pico, o que implica numa escala de trabalho

Outras preocupações: compra de ingredientes, fornecedores, itens em estoque, ...

Controle da produção: A produção e a entrega devem ser acompanhadas:

- o tempo de entrega e as rotas estão apropriados?

- o processamento dos pedidos está muito longo?

Deve-se desenvolver um indicador de desempenho: a avaliação do tempo total (lead time) pode ser interessante

Também deve-se acompanhar a utilização dos insumos: Como está a taxa de consumo? Como vai ocorrer a reposição dos estoques?

Também: Como estão os recursos de produção? Os funcionários trabalharam como o planejado?