CAPIM-PIATÃ E SORGO DE CORTE E PASTEJO EM ...§ões...Ao pesquisador Dr. Manuel Macedo, pelo apoio...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical CAPIM-PIATÃ E SORGO DE CORTE E PASTEJO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA ANDRÉIA DA CRUZ QUINTINO C U I A B Á - MT 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CAPIM-PIATÃ E SORGO DE CORTE E PASTEJO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

ANDRÉIA DA CRUZ QUINTINO

C U I A B Á - MT

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CAPIM-PIATÃ E SORGO DE CORTE E PASTEJO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

ANDRÉIA DA CRUZ QUINTINO Engenheira Agrônoma

Orientador: Prof. Dr. JOADIL GONÇALVES DE ABREU

Co-orientador: Dr. ROBERTO GIOLO DE ALMEIDA

Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.

C U I A B Á - MT

2011

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FICHA CATALOGRÁFICA Q7c Quintino, Andréia da Cruz Capim-piatã e sorgo de corte e pastejo em sistema de inte-

gração lavoura-pecuária / Andréia da Cruz Quintino. – 2011.

66 f. : il. , color. Orientador: Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu.

Co-orientador: Prof. Dr. Roberto Giolo de Almeida. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Pós-graduação em Agricultura Tropical, 2011. Inclui bibliografia. 1. Capim-piatã – Valor nutritivo. 2. Capim-piatã – Caracte- rísticas morfogênicas. 3. Capim-piatã – Consorcio – Sorgo de corte. 4. Silagem – Capim-piatã. 5. Brachiaria brizantha. 6. Gramíneas forrageiras. I. Título.

CDU – 633.2(043.3) Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931

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“O trabalho científico é lento na maioria das vezes, monótono e quase

sempre sujeito às adversidades. Somente a disposição, a perseverança e

amor ao estudo e à pesquisa científica de interesse podem manter o

pesquisador ligado ao seu trabalho. Não se devem esperar compensações

financeiras ou gratidões humanas. O trabalho científico honesto é

acompanhado sempre pela recompensa espiritual, e eventualmente, por

alguma homenagem que florescerá de suas verdades.’’

Petroianua

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À minha mãe,

motivadora da minha caminhada nos estudos. DEDICO.

Ofereço,

Aos meus queridos orientadores, Joadil Abreu e Roberto Giolo, pela oportunidade de realização de um sonho!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro lugar, pois nos meus momentos de dificuldade,

invoquei seu nome e sempre confiando que tudo posso naquele que me

fortalece.

À minha família, por todo amor e carinho incondicional.

Aos meus orientadores, Joadil Gonçalves de Abreu e Roberto Giolo

de Almeida, pela orientação e pelos valiosos ensinamentos.

A CAPES, pela concessão de bolsa.

À Embrapa Gado de Corte, pela estrutura física e apoio na realização

deste trabalho.

Ao pesquisador Dr. Manuel Macedo, pelo apoio na realização das

análises laboratoriais e pelos conhecimentos adquiridos.

Aos assistentes de pesquisa da Embrapa Gado de Corte, que foram

essenciais na realização dos trabalhos de campo.

A todos estagiários que me ajudaram, de forma imensurável, nas

tarefas diárias do experimento.

Aos meus companheiros de alojamento da Embrapa Gado de Corte,

André, César, Daiane, Lucas, Rafael e Thiago, pelos momentos de

descontração, alegria e valorização da amizade.

Aos meus amigos de pós-graduação, Aline, Daniel Guedes, Liliane,

Larissa, Thales, Rafael, Josimar, Jader, Ana, Indira, Mariana, Marta,

Regiane, Rafaeli, Janáine, pelo companheirismo e amizade.

A professora Drª Rosemary Laís e Dr. Luciano Cabral, pela

participação na banca avaliadora e pelas sugestões e colaboração nas

correções.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Agricultura

Tropical que contribuíram para enriquecer os meus conhecimentos na

docência e na pesquisa.

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SUMÁRIO

Página Resumo Geral................................................................................................. 10

General abstract................................................................................................ 12

1. Introdução Geral ........................................................................................... 14

1.1 Referências Bibliográficas........................................................................... 17

2. Características morfogênicas e estruturais do capim-piatã em sistema de

integração lavoura-pecuária.............................................................................. 18

Resumo............................................................................................................. 18

Abstract............................................................................................................. 19

2.1 Introdução.................................................................................................... 20

2.2 Material e Métodos...................................................................................... 22

2.3 Resultados e Discussão.............................................................................. 26

2.4 Conclusão.................................................................................................... 31

2.5 Referências Bibliográficas............................................................................ 31

3. Produção e valor nutritivo de capim-piatã e sorgo de corte e pastejo em

sistema de integração lavoura-pecuária............................................................ 34

Resumo............................................................................................................. 34

Abstract............................................................................................................. 35

3.1 Introdução.................................................................................................... 36

3.2 Material e Métodos...................................................................................... 38

3.3 Resultados e Discussão.............................................................................. 42

3.4 Conclusões.................................................................................................. 49

3.5 Referências Bibliográficas........................................................................... 49

4. Produção de silagem de capim-piatã em monocultivo e em consórcio com

sorgo de corte e pastejo.................................................................................... 52

Resumo............................................................................................................. 52

Abstract............................................................................................................. 53

4.1 Introdução.................................................................................................... 54

4.2 Material e Métodos...................................................................................... 55

4.3 Resultados e Discussão.............................................................................. 57

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4.4 Conclusões.................................................................................................. 62

4.5 Referências Bibliográficas........................................................................... 62

5. Conclusões Gerais........................................................................................ 66

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CAPIM-PIATÃ E SORGO DE CORTE E PASTEJO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

RESUMO GERAL - A estacionalidade na produção de forragens é um dos

principais fatores responsáveis pelos baixos índices de produtividade da

pecuária nacional. A ensilagem do excedente de pasto produzido na época

das águas tem se destacado como alternativa para alimentação dos animais

no período seco do ano, no Brasil Central. Objetivou-se avaliar as

características morfogênicas e estruturais, produção de forragem e valor

nutritivo de silagem do capim-piatã (Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã) em

monocultivo e em consórcio com sorgo de corte e pastejo (Sorghum spp.

BRS 800) em sistema de integração lavoura-pecuária, no outono-inverno. O

experimento foi realizado na Embrapa Gado de Corte no período de abril a

setembro de 2009. Utilizou-se o delineamento em blocos completos

casualizados com quatro repetições. Os tratamentos foram dispostos em

esquema de parcelas subdivididas, considerando como parcela os sistemas

(capim-piatã; sorgo de corte e pastejo e consórcio das espécies), e como

subparcelas as idades de corte da forrageira (70, 90 e 110 dias após a

semeadura). As características agronômicas avaliadas foram: altura do

dossel, cobertura do solo, produtividade de massa seca total, produção de

massa seca de lâmina foliar, produção de massa seca verde, índice de área

foliar, interceptação da radiação fotossinteticamente ativa e densidade

populacional de invasoras. Também, avaliaram-se a composição

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bromatólogica da forragem e da silagem proteína bruta (PB), fibra em

detergente neutro (FDN), nutrientes digestíveis totais (NDT). Foram

avaliados na silagem os teores de nitrogênio amoniacal e pH, e na

rebrotação as características morfogênicas e estruturais do capim-piatã. As

características morfogênicas que destacaram foram a TapF, TAIF e DVF,

provavelmente pelas condições de solo e o uso do sistema de plantio direto.

A TapF média foi 0,090 folha.dia-1, valor considerado alto. A TAIF e DVF,

apresentaram 5,59 cm.dia-1 e 85,60 dias, respectivamente, resultados

também altos para o período seco do ano. Nas características estruturais o

número de folhas vivas por perfilho foi de 7,25 folhas.perfilho-1, e o

comprimento final da folha demonstrou valor de 31,90 cm.perfilho-1,

considerado baixo, que pode ser resultado do menor comprimento do colmo.

Para as variáveis cobertura dossel, produção de matéria seca verde

(PMSV), produção de matéria seca lâmina foliar (PMSLF), fibra em

detergente neutro (FDN) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica

(DIVMO), houve diferença significativa entre os sistemas. A PMSV foi de

4.048 kg.ha-1 no sistema consorciado, enquanto sorgo em monocultivo

obteve o valor médio de 3.443 kg.ha-1 de PMSV. A produção do capim-piatã

foi de 1.930 kg.ha-1 de PMSV. O sorgo em monocultivo apresentou os

maiores teores de PB. Aos 90 e 100 DAS, os sistemas com sorgo se

destacaram com maiores valores de NDT. Com o avanço da idade, ocorreu

redução linear no teor de PB de 0,12; 0,08 e 0,16 unidades percentuais a

cada dia após a semeadura nas silagens de sorgo, sorgo+capim e capim-

piatã, respectivamente, constatando ainda aumento linear nos teores de

FDN e FDA. Verificou-se que a consorciação não interfere nas

características morfogênicas e estruturais do capim-piatã. Verificou-se que a

consorciação do capim-piatã com sorgo de corte e pastejo é vantajosa na

produção de forragem, e não interfere nas características morfogênicas e

estruturais da Brachiaria, sendo uma alternativa viável para sistemas de

integração lavoura-pecuária.

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Palavras-chave: forragem, outono-inverno, morfogênese, silagem, valor

nutritivo

PIATÃ GRASS AND SORGHUM OR GRAZING UNDER CROP-

LIVESTOCK INTEGRATION SYSTEM ABSTRACT - Seasonality of forage production is one of the main reasons for

low yield rates of brazilian cattle. Ensiling forage surplus produced during the

rainy season has become an important alternative for cattle feeding during

the dry season in Central-Brazil. The objective was to evaluate the

morphogenetic and structural characteristics, forage production and nutritive

value of grass silage Piatã monocrop and intercropping with sorghum cutting

and grazing system of crop-livestock integration, in the autumn-winter. The

trial was carried out at the Embrapa Beef Cattle research station in Campo

Grande-MS between April and September 2009. Experimental design was

random blocks with four replicates. Treatments were distributed on split-plot

parcels being production systems the plots (piatã-grass; sorghum and mixed

grass-sorghum) and grass age at harvest (70, 90 and 110 days after

planting) the half plots. Agronomic traits evaluated were: dossal height, soil

cover, dry matter yield of green roughage, proportion of grass on the total dry

matter of the roughage, leaf area index, interceptation of photosynthetic

active radiation and plant density of roughage. Also evaluated to determine

the chemical composition of forage and silage crude protein (CP), neutral

detergent fiber (NDF), total digestible nutrients (TDN). Silage was evaluated

in the concentration of ammonia nitrogen and pH. In regrowth, we assessed

the morphogenetic and structural characteristics of grass Piata. The

morphogenetic characteristics that stood out were TapF, TAIF and DVF,

probably because the soil conditions and use of no-tillage system. TAIF

averaged 0,090 leaf.day-1, a figure considered high. The TAIF and VPD had

5,59 cm.dia-1 and 85,60 days, respectively, are also high results for the dry

season. In the structural number of leaves per tiller was 7,25 leaf.profile-1,

and the final leaf length showed the value of 31,90 cm.profile-1, which was

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low, which may result from lower culm length. For variables covering canopy,

green dry matter production (PMSV), production of dry leaf (PMSLF), neutral

detergent fiber (NDF) and in vitro digestibility of organic matter (OMD),

significant differences between the systems. The PMSV was 4048 kg.ha-1 in

the intercropping system, while the sorghum single average was 3443 kg.ha-1

of PMSV. The production of grass Piatã was 1930 kg.ha-1 of PMSV.

Sorghum monocrop had the highest crude protein. At 90 and 100 DAS

systems with sorghum stood out with highest values of TDN. With advancing

age there was a linear reduction in crude protein content of 0,12, 0,08 and

0,16 percentage units for each day after sowing in sorghum silage, sorghum

grass and grass + Piata, respectively. There was a linear increase in NDF

and ADF in line with the progress in cutting age. Intercropping did not

interfere with the morphogenetic and structural characteristics of grass Piata.

It was found that the grass intercropped with sorghum Piatã cutting and

grazing is beneficial in forage production, and does not affect the structural

characteristics and morphogenetic Brachiaria, a viable alternative for

integrated crop-livestock.

Key-words: forage, autumn-winter, morphogenesis, silage, nutritive value

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A pecuária brasileira baseia-se na utilização da pastagem, que

representa a forma mais prática e econômica de alimentação de ruminantes

(Pereira et al., 2008), tornando o país um grande competidor no mercado

mundial de carne, leite e derivados.

No aspecto de utilização racional dos recursos com menor impacto

ambiental, o uso de sistemas de produção como o plantio direto, os cultivos

consorciados e a integração lavoura-pecuária, constituem em importantes

aliados. Entre as vantagens apresentadas nesses sistemas, citam-se a

manutenção das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo,

redução na população de plantas invasoras, redução do uso de pesticidas,

quebra do ciclo de pragas e doenças, aumento da rentabilidade do

agricultor, diversificação na produção agropecuária, amortização dos custos

de formação e recuperação de pastagens (Cobucci, 2001).

A integração lavoura-pecuária pode ser definida como o sistema que

integra duas atividades com a finalidade de maximizar o uso da terra, da

infra-estrutura e da mão-de-obra; diversificar e verticalizar a produção;

minimizar custos, diluir os riscos e agregar valores aos produtos

agropecuários, por meio dos benefícios que uma atividade proporciona à

outra. Dentro desse conceito, as áreas de lavouras dão suporte à pecuária

por meio da produção de alimento para o animal, seja na forma de grãos,

silagem, feno ou pasto, aumentando a capacidade de suporte da

propriedade, de modo a permitir a venda de animais na entressafra e

proporcionar melhor distribuição de receita durante o ano (Mello et al., 2004).

A estratégia de recuperação ou renovação de pastagem em consórcio

com culturas de grãos tem se mostrado uma alternativa viável. Atualmente,

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são utilizados em maior escala, capins do gênero Brachiaria, que

apresentam maior facilidade de manejo nesses sistemas, com maior

capacidade de rebrotação, cobertura do solo e produção de palhada

(Almeida et al., 2010).

O sorgo de corte e pastejo é uma alternativa recente que apresenta

características favoráveis, tais como: maior precocidade no estabelecimento,

maior proporção de folhas, período de pastejo ou de corte antecipado,

permitindo a terminação de animais com forragem de alta qualidade no

período de outono-inverno (Rodrigues, 2000), além da possibilidade de

ensilagem.

Entre as características das plantas forrageiras para utilização em

sistemas de integração lavoura-pecuária destacam-se: a capacidade de

produção de forragem em quantidade e qualidade, cobertura do solo,

facilidade na dessecação e na semeadura da cultura seguinte (Alvarenga e

Noce, 2005).

Na região dos Cerrados tem sido grande a adoção por parte dos

produtores de sistemas integrados com agricultura e pecuária, por meio da

consorciação, rotação e, ou sucessão de culturas de grãos com plantas

forrageiras. A sucessão de culturas anuais com forrageiras tem o objetivo de

fornecer forragem para a entressafra (período seco) e palhada para o plantio

direto. Consiste em semear, na safrinha, após a colheita da cultura de verão,

particularmente a soja, uma cultura forrageira anual como o milheto, milho e

sorgo, em monocultivo ou em consórcio com uma planta forrageira perene

(Brachiaria), podendo a forragem produzida ser utilizada para pastejo direto

e, ou produção de silagem (Kluthcouski et al., 2000).

A compatibilidade entre as espécies, produção e valor nutritivo da

forragem, ocorrência de plantas invasoras e o conhecimento de como as

espécies consorciadas são afetadas pela competição e são de grande

importância para o sucesso no estabelecimento da planta forrageira em

sistemas integrados de manejo.

Nesse sentido, objetivou-se avaliar as características morfogênicas e

estruturais, produção de forragem e de silagem do capim-piatã em

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monocultivo e em consórcio com sorgo de corte e pastejo, em sistema de

integração lavoura-pecuária.

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1.1 Referências Bibliográficas ALMEIDA, R.G.; MACEDO, M.C.M.; ZIMMER, A.H et al., Capim-piatã e sorgo de corte e pastejo no outono-inverno, em integração lavoura-pecuária. In:

REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA

SALVADOR, 47, 2010, Salvador, Anais... Salvador: UFBA, 2010. ALVARENGA, R.C.; NOCE, M.A. Integração lavoura-pecuária. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2005. 16p. (Embrapa Milho e Sorgo. Documentos, 47). COBUCCI, T. Manejo integrado de plantas daninhas em sistema de plantio direto. In: ZAMBOLIN, L. Manejo Integrado Fitossanidade: cultivo protegido, pivô central e plantio direto. Viçosa: UFV, 2001. p.583-624. KLUTHCOUSKI, J.S; COBUCCI, T.; AIDAR, H. et al. Sistema Santa Fé – Tecnologia Embrapa: integração lavoura pecuária pelo consórcio de culturas anuais com forrageiras, em áreas de lavoura, nos sistemas direto e convencional. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2000. 28p. (Circular Técnica, 38). MELLO, L.M.M.; YANO, E.H.; NARIMATSU, K.C.P. et al. Integração agricultura-pecuária em plantio direto: produção de forragem e resíduo de palha após pastejo. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.24, n.1, p.121-129, 2004. PEREIRA, O.G.; RIBEIRO, K.G.; OLIVEIRA, A.S. Produção e utilização de silagem de capim no Brasil. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO, 2, 2008. Resumos... p.249-277 RODRIGUES, J.A.S. Híbridos de sorgo sudão e sorgo bicolor: alternativa de forrageira para corte e pastejo. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2000. 22p. (Circular Técnica, 4).

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2. CARACTERÍSTICAS MORFOGÊNICAS E ESTRUTURAIS DO CAPIM-PIATÃ EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-

PECUÁRIA

RESUMO - Objetivou-se avaliar as características morfogênicas, estruturais

e agronômica do capim-piatã em monocultivo e em consórcio com sorgo de

corte e pastejo na rebrotação de outono-inverno, em sistema de integração

lavoura-pecuária. O delineamento experimental foi o de blocos completos

casualizados com dois tratamentos e quatro repetições. As características

morfogênicas e estruturais avaliadas foram: taxa de aparecimento foliar

(TapF), filocrono, taxa de alongamento lâmina foliar (TAIF), taxa de

alongamento do colmo, comprimento final das lâminas foliares (CFF),

número de folhas vivas por perfilho (NFV), duração de vida das folhas (DVF)

e taxa de senescência de lâminas foliares. As características agronômicas

avaliadas foram: produção de matéria seca total (PMST), número de plantas

de capim-piatã, altura da planta e interceptação da radiação

fotossinteticamente ativa (IRFA). As características morfogênicas que

destacaram foram a TapF, TAIF e DVF, provavelmente pelas condições de

solo e uso do sistema de plantio direto. A TapF média foi 0,090 folha.dia-1,

valor considerado alto. A TAIF e DVF, apresentaram 5,59 cm.dia-1 e 85,60

dias, respectivamente, também são resultados altos para o período seco do

ano. Nas características estruturais o número de folhas vivas por perfilho foi

de 7,25 folhas.perfilho-1, e o comprimento final da folha demonstrou valor de

31,90 cm.perfilho-1, considerado baixo, que pode ser resultado do menor

comprimento do colmo. Nas características agronômicas a PMST e número

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de plantas não houve diferenças nos dois sistemas avaliados. Quanto à

altura da planta e IRFA, o capim em monocultivo foi superior ao consorciado.

A IRFA de 96% no sistema com capim em monocultivo indica que o mesmo

pode ser manejado a uma altura de 37,48 cm. A rebrotação do capim-piatã

não sofre interferência da consorciação com sorgo nas suas características

estruturais e morfogênicas. A consorciação de capim-piatã e sorgo de corte

e pastejo é uma alternativa viável para integração lavoura-pecuária.

Palavras-chave: Brachiaria brizantha, outono-inverno, sorgo, taxa de

alongamento foliar

MORPHOGENESIS AND STRUCTURAL CHARACTERISTICS GRASS PIATÃ INTEGRATED CROP-LIVESTOCK

ABSTRACT - The objective was to evaluate the morphogenesis, structural

and agronomic grass Piatã in single and intercropped with sorghum cutting

and regrowth in grazing autumn-winter in integrated crop-livestock. The

experimental design was a randomized complete block with two treatments

and four replications. The evaluated traits were evaluated: leaf appearance

rate (LAR), phyllochron, leaf elongation rate (LER), stem elongation rate, final

length of leaf blade (LOA), number of leaves per tiller (NLT), leaf life span

(LLS) and rate of leaf senescence. The agronomic traits were: total dry

matter production (TDM), number of plants Piatã grass, plant height and

interception of photosynthetic active radiation (IPAR). The morphogenetic

characteristics that stood out were TapF, TAIF and DVF, probably because

the soil conditions and use of no-tillage system. TAIF averaged 0,090

leaf.day-1, a figure considered high. The TAIF and VPD had 5,59 cm.dia-1

and 85,60 days, respectively, are also high results for the dry season. In the

structural number of leaves per tiller was 7,25 leaf.profile-1, and the final leaf

length showed the value of 31,90 cm.profile-1, which was low, which may

result from lower culm length. Agronomic traits and a TDM number of plants

there were no differences in the two systems evaluated. As for plant height

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and IRFA, the grass in single was higher than the consortium. The IRFA 96%

in grass single system indicates that it can be managed at a height of 37,48

cm. The regrowth of grass Piatã not interfered intercropping with sorghum in

the morphogenetic and structural characteristics. Consortium with sorghum

Piatã cutting and grazing is a viable alternative to crop-livestock integration.

Kew-words: autumn-winter, Brachiaria brizantha, leaf elongation rate,

sorghum 2.1 Introdução

Na região dos Cerrados, é crescente a adoção, por parte dos

produtores, de sistemas integrados de lavoura e pecuária, por meio da

consorciação, rotação e/ou sucessão de culturas de grãos com forrageiras.

Esta tecnologia tem o objetivo de fornecer forragem para os bovinos no

período de entressafra e palhada para o plantio direto da cultura sucessora

(Kluthcouski et al., 2000). Nesse sentido, a produção de forragem durante o

período de outono-inverno, após a colheita da cultura, torna-se importante

para assegurar a disponibilidade de forragem e a sustentabilidade da

tecnologia de integração.

A produtividade das gramíneas forrageiras decorre da contínua

emissão de folhas e perfilhos, processo importante para o restabelecimento

da área foliar. Nesse sentido, a compreensão do processo de

desenvolvimento das forrageiras, sob distintas condições de utilização, é o

primeiro passo para a definição de estratégias de manejo (Gomide et al.,

2006). Essa afirmativa realça a relevância de estudos sobre a dinâmica de

produção das gramíneas forrageiras por meio de avaliações de suas

características morfogênicas e estruturais.

A cultivar BRS Piatã (Brachiaria brizantha), lançada pela Embrapa

Gado de Corte em 2007, é uma opção forrageira para o sistema de

integração lavoura-pecuária por apresentar crescimento lento na fase inicial,

fator que favorece a sua implantação em consórcio com culturas anuais,

como milho e sorgo. Segundo Almeida et al. (2010), a estratégia de uso do

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consórcio de sorgo de corte e pastejo com capim-piatã, para pastejo

antecipado, e do capim-piatã em monocultivo, para pastejo tardio, tem

potencial para melhorar o escalonamento de produção de forragem de boa

qualidade no outono-inverno e propiciar palhada e cobertura do solo

adequada para o plantio direto subsequente.

Dentre as vantagens do uso do capim-piatã nos sistemas de

produção animal a pasto são: produção de forragem de melhor qualidade,

maior produção de folhas e talos mais finos, precocidade produtiva, maior

tolerância à umidade do solo que o capim-marandu; maior resistência a

cigarrinha-das-pastagens quando comparado com o capim-xaraés (Embrapa

Gado de Corte, 2009).

Os sistemas integrados possuem condições de meio peculiares, tais

como manutenção da umidade no solo, sombreamento e maior

disponibilidade de nutrientes oriundos da mineralização da matéria orgânica,

competição pelos recursos, fatores que podem influenciar diretamente os

padrões de crescimento e desenvolvimento da forrageira. Nesse sentido, a

morfogênese do capim-piatã em sistema de integração lavoura-pecuária

torna-se importante forma de avaliar a rebrotação e a produção forrageira,

uma vez que o rápido restabelecimento dos padrões de crescimento é

fundamental para a sustentabilidade do sistema.

Dessa forma, torna-se essencial que estudos de dinâmica de produção

das gramíneas forrageiras a partir de avaliações de características

morfogênicas e estruturais sejam conduzidos a fim de gerar conhecimentos

básicos para definição de estratégias adequadas de manejo, sobretudo

quando se considera que, para plantas de clima tropical, o impacto da

estratégia de manejo do pastejo sobre suas características morfogenéticas

ainda é pouco conhecido, assim destaca Carvalho et al. (2000).

Assim, objetivou-se avaliar as características morfogênicas e

estruturais do capim-piatã em monocultivo e em consórcio com sorgo de

corte e pastejo na rebrotação de outono-inverno, em sistema de integração

lavoura-pecuária.

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2.2 Material e Métodos O experimento foi realizado em área da Embrapa Gado de Corte em

Campo Grande-MS, localizada a 20°27’ de latitude Sul, 54°37’ de longitude

Oeste e a 530 m de altitude. O clima da região, segundo Köppen, encontra-

se na faixa de transição entre Cfa e Aw tropical úmido. O solo da área

experimental caracterizava-se como Latossolo Vermelho, eutrófico de

textura argilosa, em uso por dezesseis anos com soja, em sistema de plantio

direto (Tabela 1).

TABELA 1. Resultados de análises químicas de amostra de Latossolo Vermelho, eutrófico, na profundidade de 0-20 cm.

Identificação pH Ca++ Mg++ K+ Al+3 H+Al S T t V m C K+

CaCl2 SMP cmolc/dm-3 % mg/dm-3 Capim monocultivo

5,82 6,74 4,16 2,06 0,48 0,01 2,57 6,70 9,27 6,71 71,59 0,12 0,36 187,09

Consórcio

5,82

6,76

4,07

2,08

0,37

0,00

2,49

6,52

9,01

6,53

72,17

0,05

0,36

146,15

O experimento foi conduzido de julho a setembro de 2009. Durante o

período experimental, a precipitação pluvial total foi de 181 mm, valores

extremamente altos para esta época do ano, pois de acordo com Macedo

(2005), durante o período de 1973/2003, a precipitação média nos meses de

julho e agosto foi cerca de 75 mm. Durante o período experimental, os dados

climáticos foram registrados na estação meteorológica da Embrapa Gado de

Corte (Figura 1).

Para os dois sistemas de cultivo, o espaçamento entrelinhas do capim-

piatã foi de 0,25 m e o do sorgo 0,45 m. As taxas de semeadura foram de

5,0 kg.ha-1 de sementes puras viáveis (SPV) para o capim-piatã, e de 11

kg.ha-1 de sementes puras viáveis para o sorgo de corte e pastejo. Não foi

realizada adubação na implantação das culturas em sucessão à soja,

objetivando o aproveitamento da adubação residual.

Antes do início das avaliações, foi realizado o corte de uniformização

(98 dias após a semeadura) a 0,20 m de altura, por meio de roçadeira costal.

A avaliação das características morfogênicas e estruturais do capim-piatã

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em monocultivo e em consórcio foi feita em área amostral de 1,0 x 7,0 m,

totalizando oito unidades experimentais.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

(mm

)

(ºC)

Precipitação (mm) T máx (ºC) T mín (ºC)

FIGURA 1. Variação da temperatura máxima (T máx), mínima (T mín) e

precipitação (mm) durante o período experimental. Fonte: Adaptado INMET (2009).

A marcação dos perfilhos foi realizada sete dias após o corte de

uniformização (98 dias após a semeadura). As características morfogênicas

e estruturais foram avaliadas em intervalos regulares de sete dias, devido a

ser no período seco, durante 49 dias, entre 15/7/2009 a 2/9/2009, em cinco

perfilhos selecionados ao acaso em cada parcela. Esses perfilhos foram

identificados com fios plásticos coloridos e com hastes de arame com fita

colorida, para facilitar sua localização.

Por meio do uso de régua milimetrada, registrou-se o comprimento das

folhas expandidas medindo-se desde a extremidade da folha até sua lígula.

No caso de folhas em expansão, o mesmo procedimento foi adotado, porém,

considerou-se a lígula da última folha expandida como referencial de

mensuração. Para folhas em senescência, o comprimento correspondeu à

distância no local onde o processo de senescência avançou até a lígula da

folha. O tamanho do colmo foi mensurado como a distância desde a

superfície do solo até a lígula da folha mais jovem completamente

expandida. Também foi registrado o momento do aparecimento de cada

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folha emitida pelos perfilhos durante o período de avaliação (Martuscello,

2009).

Com base nessas informações, foi possível calcular as seguintes

características morfogênicas:

- Taxa de aparecimento foliar (TApF, em folha.dia-1): relação entre o

número de folhas surgidas por perfilho e o número de dias do período de

avaliação;

- Filocrono (FILOC, dias.folha-1): recíproca a taxa de aparecimento

foliar (1/TAPF);

- Taxa de alongamento foliar (TAlF, cm.dia-1): relação entre o somatório

de todo alongamento das lâminas foliares (cm) e o número de dias do

período de avaliação;

- Duração de vida das folhas (DVF, dias): estimada pela equação

proposta por Lemaire e Chapman (1996): (DVF = NFV x FILOC);

- Taxa de senescência de lâminas foliares (TSeF, cm.dia-1): relação

entre o somatório dos comprimentos senescidos das lâminas foliares

presentes no perfilho e o número de dias do período de avaliação;

- Comprimento da haste (haste, cm): altura mensurada do nível do solo

até a extremidade da última lâmina foliar.

Foram calculadas as seguintes características estruturais:

- Taxa de alongamento do colmo (TAlC, cm.dia-1): relação entre a

diferença do comprimento do pseudocolmo no final e no início e o número de

dias do período de avaliação;

- Comprimento final das lâminas foliares (CFF, cm.perfilho-1):

comprimento médio das lâminas foliares de todas as folhas expandidas

presentes em um perfilho, mensuradas do ápice foliar até sua lígula;

- Número de folhas vivas por perfilho (NFV, folhas.perfilho-1): média do

número de folhas em expansão e expandidas por perfilho durante o período

de avaliação, excetuando-se as folhas senescentes que tivessem mais de

50% do comprimento de seu limbo foliar senescido;

O corte das forrageiras foi realizado a 20 cm do nível do solo. A

amostragem das forrageiras foi realizada em área de 1,0 x 1,0 m,

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considerando-se quatro linhas de capim e duas de sorgo. Em cada ponto foi

realizada a medição de altura de plantas (quatro plantas de cada

espécie/m2), sendo as medidas realizadas do nível do solo até a inserção da

última folha expandida e a contagem das plantas. No momento da

amostragem, foi realizada avaliação visual em área de 1,0 x 1,0 m, da

cobertura do dossel da forrageira. A determinação da porcentagem de

cobertura do dossel foi considerada a área relativa ao quadrado ocupada

pela vegetação, seja ela forrageira e/ou plantas invasoras (Bauer et al.,

2004).

A medição da interceptação da radiação fotossinteticamente ativa

(IRFA) foi utilizado o aparelho analisador de dossel – AccuPAR Linear

PAR/LAI ceptometer, Model PAR – 80 (DECAGON Devices). Em cada ponto

foi realizada uma leitura acima do dossel e outra no nível do solo (Figura 2).

FIGURA 2. Aparelho analisador de dossel (A) e leitura da interceptação de

luz, avaliação sobre (B) e sob o dossel (C).

A B

C

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A produção foi determinada pela seguinte equação.

- produção de matéria seca total (PMST: kg.ha-1) = (peso verde total *

% matéria seca total) / 10.

O índice de área foliar (IAF) foi determinado pela seguinte equação:

IAF = ((área foliar * 0,0001) * (matéria seca da lâmina ( kg.ha-1) * 0,1))

/ ( peso verde da lâmina * %matéria seca total/ 100).

Os dados foram submetidos à análise de variância a 5% de

probabilidade, por meio do aplicativo estatístico SAEG versão 5.0, 1993.

2.3 Resultados e Discussão As características morfogênicas e estruturais do capim-piatã não

foram influenciadas pelo consórcio com sorgo BRS 800 (Tabela 1).

TABELA 1. Características morfogênicas e estruturais do capim-piatã em monocultivo e em consórcio com sorgo de corte e pastejo.

Variável1 Capim Capim

+ sorgo CV2 Característica morfogênica

3TApF (folha.dia-1) 0,090 a 0,09 a 5,87 4Filoc (dias.folha-1) 11,70 a 11,15 a 5,97 5TAlF (cm.dia-1) 5,59 a 4,13 a 28,00 6TSeF (cm.dia-1) 0,13 a 0,04 a 113,89 7Haste (cm) 30,60 a 23,90 a 12,02 8DVF (dias) 85,60 a 69,50 a 30,61

Características estruturais

9TAlC (cm.dia-1) 0,15 a 0,10 a 33,01 10NFV (folhas.perfilho-1) 7,25 a 6,25 a 27,21 11CFF (cm.perfilho-1) 31,90 a 34,00 a 20,24

1Médias seguidas de mesma letra, na horizontal, não diferem entre si pelo teste F (P>0,05). 2CV: coeficiente de variação. 3TApF: taxa de aparecimento foliar (folha.dia-1); 4Filoc: filocrono (dias.folha-1); 5TAlF: taxa de alongamento lâmina foliar (cm.dia-1); 6TSeF: taxa de senescência lâmina foliar (cm.dia-1); 7Haste: comprimento da haste (cm); 8DVF: duração de vida das folhas (dias); 9TAlC: taxa de alongamento de colmos (cm.dia-1); 10NFV: número de folhas vivas por perfilho (folhas.perfilho-1); 11CFF: comprimento final de lâmina foliar (cm.perfilho-1).

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O efeito das qualidades físicas e químicas do solo, conforme análise,

somando o uso com lavoura há dezesseis anos (sistema de plantio direto) e

a alta precipitação durante o período seco pode ter influenciado nas

características avaliadas. Nesse sentido, a TApF (taxa de aparecimento

foliar) média do capim-piatã foi de 0,090 folha.dia-1 valor que pode ser

considerado alto. Sbrissia (2004), avaliando a morfogênese do capim-

marandu sob lotação contínua, em Piracicaba - SP, observou TApF de 0,035

e 0,089 folha.dia-1, nos períodos de seca e águas, respectivamente. Já

Curcelli (2009), trabalhando na mesma localidade anterior, com capim-

xaraés submetido à lotação rotacionada, observou TApF de 0,088 folha.dia-1

no verão. Igualmente, Silveira et al. (2010), avaliando 10 cultivares de

Brachiaria sob crescimento livre, em Viçosa – MG, observaram TApF de

0,090 folha.dia-1 para as cultivares piatã e marandu, de Brachiaria brizantha,

durante o período das águas e transição águas-seca, este experimento não

foi conduzido em sistema de integração lavoura-pecuária, sendo o solo

classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo, com textura franco-argilosa.

A resposta da TApF à consorciação foi, em princípio, inesperada, uma

vez que as condições no microambiente que são proporcionadas pela

presença da cultura consorciada levam à ocorrência de competição por

recursos do meio. Respostas normalmente observadas sob estas condições

não foram verificadas, uma vez que as taxas de senescência de folhas,

alongamento de colmos e o comprimento final do colmo foram baixas em

ambos sistemas.

A não ausência de efeito da consorciação com sorgo BRS 800 sobre

a morfogênese do capim-piatã, permite sugerir que o consórcio entre estas

plantas não altera o desenvolvimento do capim, podendo esta ser

considerada como estratégia para a produção de forragem na entressafra

em sistemas de integração lavoura-pecuária, sem prejudicar o plantio direto

da cultura subsequente. Como afirma (Rodrigues, 2000), com o sinergismo

existente é possível adiantar a entrada dos animais na área, uma vez que o

sorgo tem maior precocidade, e também se consegue assegurar a produção

de palhada pelo capim-piatã. Como não houve diferença entre os sistemas

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de cultivo, sugere-se que o capim-piatã possa ser manejado da mesma

forma em relação à intensidade e frequência de pastejo, nos dois sistemas,

sem prejuízo para o estabelecimento e desenvolvimento da forrageira.

Quando comparados aos resultados de Silveira et al. (2010), que

avaliaram capins do gênero Brachiaria (capins piatã, decumbens, marandu,

xaraés e arapoty), os valores de NFV (número de folhas vivas por perfilho),

DVF (duração de vida da folha), TAlF (taxa de alongamento de lâmina foliar)

encontrados no presente trabalho na condição de monocultivo, foram

superiores em 20,90; 9,70 e 80,32%; respectivamente. Este fato pode ser

explicado pela maior disponibilidade de fatores de crescimento como,

luminosidade, nutrientes e água devido às condições edafoclimáticas em

que foi realizado o experimento. Assim, as folhas se mantiveram

fotossinteticamente ativas por mais tempo devido do aumento do número de

folhas vivas e da duração de vida das folhas. Provavelmente, o efeito do solo

com valores altos de potássio (187,09 mg.dm-3), cálcio (4,16 cmolc.dm-3),

magnésio (2,06 cmolc.dm-3), e resultados adequados de saturação por

bases de 71,59% e pH 5,82, tenham sido determinante para a TAlF, que

apresentou valor médio de 4,85 cm.dia-1.

Para CFF, esperava-se que o valor fosse superior ao encontrado por

Silveira et al. (2010), pois segundo Nabinger e Pontes (2001), o CFF é

diretamente relacionada com TAlC. Por outro lado, o menor CFF também

pode ser resultado do menor comprimento do colmo. Braz et al. (2010)

observaram correlação positiva entre as variáveis CFF e TAlC e atribuíram

este efeito ao aumento da TApF. No entanto, esta variável não foi

influenciada pela consorciação e manteve-se em valores baixos, neste

presente trabalho.

Segundo Nabinger e Pontes (2001), enquanto a TAlF está

diretamente correlacionada com o CFF, às folhas de menor tamanho estão

associadas a valores elevados de TApF.

De acordo com Skinner e Nelson (1995), o maior comprimento da

bainha, comum em pseudocolmos de perfilhos adubados com altas doses de

N, promove menor taxa de aparecimento de folhas, o que pode ser explicado

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pela maior distância a ser percorrida pela folha até sua emergência. Esta

afirmativa não corrobora com os resultados observados neste estudo, no

qual o menor comprimento do colmo associou-se à baixa taxa de

aparecimento de folhas.

A não observação de efeito do sistema de cultivo indica que as

condições proporcionadas pela consorciação durante a rebrotação de

inverno não foram suficientes para limitar o desenvolvimento da forrageira

consorciada. O filocrono, definido como o intervalo de tempo decorrido entre

o aparecimento de duas folhas consecutivas, ou seja, o tempo necessário

para a formação de uma nova folha, é o inverso da TApF (Lemaire e

Chapman, 1996). Assim, da mesma forma que não houve efeito dos

tratamentos sobre a TApF, o filocrono não foi influenciado pela

consorciação. Os resultados médios de filocrono foram de 11 dias.folha-1,

semelhantes aos encontrados por Silveira et al. (2010) que foram de 12,72

dias.folha-1. Com isso, pode-se inferir que o capim-piatã pode ser desfolhado

com a mesma frequência em ambos os sistemas de cultivo, sem prejuízo

para o desenvolvimento da planta, nas condições de inverno chuvoso.

A duração de vida das folhas é mais bem entendida quando analisada

em conjunto com a TAlF e a TApF, pois plantas com menor TAlF e maior

TApF tendem a apresentar menor longevidade. Esse seria um mecanismo

de ajuste para que o número de folhas verdes, que é fortemente influenciado

pelo genótipo, possa ser mantido (Silveira et al., 2010).

A senescência é intensificada quando o dossel alcança seu índice de

área foliar crítico, onde nem todo incremento de radiação incidente sobre o

dossel é refletido em incremento em área foliar (Pedreira et al., 2007). No

presente trabalho o IAF crítico foi de 4,64 no capim em monocultivo, valor

que está dentro da faixa preconizada, que é de 3 a 5. No entanto, o capim

no sistema consorciado obteve IAF em torno de 1,89, resultado muito inferior

ao preconizado (Tabela 2).

Para uma maior TApF, sugere-se que o NFV também se apresente

maior. Assim, os resultados encontrados para este trabalho são superiores

aos obtidos por Sbrissia (2004), Silveira et al. (2010) e Curcelli (2009), que

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encontraram 4,3; 6,0 e 3,0 folhas.perfilho-1, respectivamente. Este fato pode

ser explicado pelas condições ambientais atípicas do período experimental,

onde a umidade e as condições de solo possam ter favorecido o

desenvolvimento e a manutenção de vida das folhas.

Observou-se que não houve diferença nos dois sistemas quanto à

produção de matéria seca total (PMST) e número de plantas do capim-piatã

(Tabela 2). Em condições semelhantes a este trabalho, Almeida et al. (2009)

encontraram para capim-piatã, valores médios de produção de 1.788 kg.ha-

1, apresentando ainda, que a densidade estimada de plantas adequada para

um bom estabelecimento da pastagem, seja de no mínimo 15 a 20

plantas.m-2 para forrageiras com sementes relativamente grandes, como a

Brachiaria. O número de plantas do capim-piatã nos dois sistemas de cultivo

esteve na faixa preconizada, com média de 17 plantas.m-2.

Quanto à altura da planta e interceptação luminosa (IRFA), o capim-

piatã em monocultivo foi superior ao consorciado. A interceptação luminosa

de 96% no sistema com capim em monocultivo indica que o mesmo pode

ser manejado a uma altura de 37,48 cm. Segundo Flores et al. (2008) a

altura de manejo de brachiaria brizantha esta entre 20 a 40 cm. Desta

maneira, o capim em monocultivo demonstra melhor aproveitamento da área

de solo em relação ao consórcio com sorgo.

Para a cobertura do dossel, observa-se que o capim em monocultivo

se destacou, com 82,50% de cobertura. Provavelmente nesse

microambiente favoreceu o desenvolvimento da cultura, proporcionando

maior cobertura de área. O índice de área foliar também foi muito superior

no capim em monocultivo, com resultado dentro da faixa do IAF crítico.

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TABELA 2. Características agronômicas do capim-piatã em dois sistemas de cultivo.

Características agronômicas Monocultivo Consórcio CV %

Produção de massa total do capim (kg.ha-1) 1.851,75a 1.685,50a 47,13 Número de plantas de capim (pl.m²-1) 17,50a 16,25a 25,69 Altura do capim (cm) 37,48a 32,40b 4,88 Interceptação luminosa (%) 96,00a 69,00b 4,07 Cobertura do dossel (%) 82,50a 56,25b 12,76 Índice de área foliar 4,64a 1,89b 10,26

Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si, pelo teste F (P>0,05).

2.4 Conclusões

A consorciação entre capim-piatã e sorgo de corte e pastejo não

interfere nas características morfogênicas e estruturais do capim-piatã em

condições de inverno chuvoso, sendo uma alternativa para integração

lavoura-pecuária.

2.5 Referências Bibliográficas ALMEIDA, R.G.; MACEDO, M.C.M.; ZIMMER, A.H et al., Capim-piatã e sorgo de corte e pastejo no outono-inverno, em integração lavoura-pecuária. In:

REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA

Salvador, 47., 2010, Salvador. Anais... Salvador: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2010. p.1-3. CD-ROM. ALMEIDA, R.G.; MACEDO, M.C.M.; ZIMMER, A.H et al. Características Agronômicas e Valor Nutritivo de Cinco Genótipos de Brachiaria brizantha no Outono-Inverno, em Integração Lavoura-Pecuária. In:

Simpósio Internacional

de Melhoramento de Forrageiras. Campo Grande, 2., 2009, Campo Grande. Anais... Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2009a. p. 1-4. ALMEIDA, R.G.; COSTA, J.A.A.; KICHEL, A.N. et al. Taxas e métodos de semeadura para Brachiaria brizantha cv. BRS piatã em safrinha. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 2009b.12 p. (EMBRAPA-CNPGC. Circular Técnica, 113). BRAZ, T.G.S.; SANTOS, M.E.R.; GOMES, V.M. et al. Interdependência entre características do fluxo de tecidos do capim-braquiária. Enciclopédia Biosfera, v.6, n.10, p.12, 2010. CARVALHO, C.A.B.; da SILVA, S.C.; SBRISSIA, A.F. et al. Demografia de perfilhamento e taxas de acúmulo de matéria seca em capim “tifton 85” sob pastejo. Scientia Agrícola, v.57, n.4, p.591-600, 2000.

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3. PRODUÇÃO E VALOR NUTRITIVO DE CAPIM-PIATÃ E SORGO DE CORTE E PASTEJO EM DIFERENTES IDADE DE CORTE

RESUMO - Objetivou-se avaliar a influência da idade de corte sobre a

produção e valor nutritivo de capim-piatã e sorgo de corte e pastejo (cv. BRS

800), em sistema de integração lavoura-pecuária. O experimento foi

realizado na Embrapa Gado de Corte, no período de abril a outubro de 2009.

Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados com quatro repetições.

Os tratamentos foram dispostos em esquema de parcelas subdivididas,

considerando como parcela os sistemas de cultivo (capim-piatã em

monocultivo; sorgo de corte e pastejo em monocultivo; consórcio das

espécies) e, como subparcelas, as idades de corte (70, 90 e 110 dias após a

semeadura). As características avaliadas foram: altura do dossel, cobertura

do solo, produtividade de massa seca verde de forragem (PMSV),

produtividade de massa seca de lâmina foliar (PMSLF), índice de área foliar

(IAF), interceptação da radiação fotossinteticamente ativa (IRFA), densidade

populacional de invasoras e composição bromatológica da forragem. Para as

variáveis cobertura do dossel, PMSV, PMSLF, fibra em detergente neutro

(FDN) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO), houve

diferença significativa entre os sistemas. A PMSV foi de 4.048 kg.ha-1 no

sistema consorciado, enquanto sorgo em monocultivo o valor médio foi de

3.443 kg.ha-1 de PMSV. A produção do capim-piatã foi de 1.930 kg.ha-1 de

PMSV. A DIVMO observada no sorgo em monocultivo foi maior que a dos

sistemas consorciado e capim em monocultivo, com a menor digestibilidade

observada para as plantas do sistema consorciado. O sorgo em monocultivo

apresentou os maiores teores de PB. No sistema sorgo + capim, a resposta

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foi linear decrescente, a uma taxa de 0,11 unidade percentual de PB a cada

dia após a semeadura. Aos 90 e 100 DAS, os sistemas com sorgo se

destacaram com maiores valores de NDT. Esse efeito parece ser mediado

pela presença de panícula, pois ocorreu evolução da proporção de panícula

de 26,48% a 53,35%, aos 70 e 110 DAS, respectivamente. A consorciação

de sorgo e capim-piatã é vantajosa para produção de forragem. O sorgo em

monocultivo se destaca nos teores de proteína bruta, digestibilidade in vitro

da matéria orgânica, fibra em detergente neutro e nutrientes digestíveis

totais.

Palavras-chave: Brachiaria brizantha, consórcio, forragem, sorgo BRS 800

PRODUCTION AND FEED VALUE OF ROUGHAGE PIATÃ GRASS AND

SORGHUM FOR OR GRAZING IN DIFFERENT AGE OF CUT

ABSTRACT - Goal of this work was to evaluate influence of the cut on yield

and feed value of piatã-grass and sorghum for harvest or grazing, under

crop-livestock integration systems. The trial was carried out at the Embrapa

Beef Cattle research station in Campo Grande-MS between April and

October 2009. Experimental design was random blocks with four replicates.

Treatments were distributed on split-plot parcels being the production

systems the plots (Single piatã-grass; single sorghum; mixed cultivation

grass-sorghum). Half plots were forage age at harvest (70, 90 and 110 days

after planting). The characteristics evaluated were: canopy height, soil cover,

yield of green dry matter forage, yield of dry mass of leaf blade, leaf area

index, interceptation of photosynthetic active radiation (IRFA), population

density of weeds and chemical composition of forage. For canopy coverage,

green dry matter production, PMSLF, neutral detergent fiber (NDF) and in

vitro digestibility of organic matter (OMD), significant differences between the

systems. The green dry matter production was 4048 kg.ha-1 in the

intercropping system, while the sorghum monoculture average was 3443

kg.ha-1 of green dry matter production. The production of grass Piatã was

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1930 kg.ha-1 of green dry matter production. The OMD observed in sorghum

in monoculture was higher than that of intercropping systems and grass

monoculture, with the low digestibility observed for plants of the intercropping

system. Sorghum single had the highest crude protein. Mixed sorghum and

grass in the system, the response decreased linearly at a rate of 0,11

percentage unit of CP every day after sowing. At 90 and 100 DAS systems

with sorghum stood out with highest values of TDN. This effect appears to be

mediated by the presence of panicle development occurred because the

proportion of panicle of 26,48% to 53,35% at 70 and 110 DAS, respectively.

Results show that mixed grass-sorghum was beneficial for the total forage

yield. Single sorghum cultivation had better crude protein contents and better

in vitro digestibility of organic matter NDF and ADF.

Kew-words: Brachiaria brizantha, forage, mixed pastures, sorghum BRS 800 3.1 Introdução

Nas regiões tropicais caracterizam-se pelo elevado número de

espécies forrageiras adaptadas com potencial para utilização na alimentação

de ruminantes (Oliveira et al., 2010), tornando o Brasil um grande

competidor no mercado mundial de carne, leite e derivados.

De acordo com Macedo (2009), o monocultivo e práticas culturais

inadequadas têm causado perda de produtividade, degradação do solo e

dos recursos naturais. Sistemas contínuos com monocultivos aumentam a

ocorrência de pragas e doenças, tais como percevejo-castanho, nematóides

e a ferrugem da soja, causando inúmeros prejuízos. A reversão desse

quadro pode ser conseguida por meio de tecnologias como o sistema plantio

direto (SPD), que contempla não só o preparo mínimo do solo, mas também

a prática de rotação de culturas, e os sistemas de integração lavoura-

pecuária (SILPs).

Em sistemas de integração lavoura-pecuária desenvolvidos em

regiões com restrições hídricas, onde o objetivo é a produção de forragem

no período de outono-inverno e de palhada para o plantio direto, é comum a

utilização de capins do gênero Brachiaria.

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A cultivar BRS Piatã (Brachiaria brizantha), lançada pela Embrapa

Gado de Corte em 2007, pode ser uma boa opção em sistemas de

integração lavoura-pecuária. Valle et al. (2007) também destacaram que o

capim-piatã apresenta florescimento precoce, no início do verão, com maior

acúmulo de folhas do que os capins xaraés e marandu, e que, apesar de

apresentar menor produção forrageira que o capim-xaraés, seus colmos são

mais finos, o que favorece o manejo na época seca. Outra vantagem é o seu

crescimento lento na fase inicial, favorecendo a implantação em consórcio

com culturas anuais. Ademais, apresenta características favoráveis de

manejo e acúmulo de forragem no período seco, favorecendo o desempenho

animal nesse período (Euclides et al., 2008).

Segundo Almeida et al. (2010), a estratégia de uso do consórcio de

sorgo de corte e pastejo com capim-piatã, para pastejo antecipado, e do

capim-piatã em monocultivo, para pastejo tardio, tem potencial para

melhorar o escalonamento de produção de forragem de boa qualidade no

outono-inverno e propiciar palhada e cobertura do solo adequada para o

plantio direto subsequente.

O sorgo de corte e pastejo (Sorghum sudanense x Sorghum bicolor)

tem se tornado uma alternativa para alimentação animal, especialmente em

regiões de baixa disponibilidade de água (Oliveira et al., 2010). A espécie

possui tolerância a déficit hídrico, produz grãos ricos em vitaminas,

carboidratos e plantas com elevado volume de massa verde (Carvalho et al.,

2000). Devido às suas características vegetativas, o sorgo de corte e pastejo

têm apresentado alta produtividade de forragem de boa qualidade com

custos relativamente competitivos.

Dessa forma, objetivou-se avaliar a influência da idade de corte sobre a

produção e valor nutritivo de capim-piatã e sorgo de corte e pastejo em

monocultivo e em consórcio.

3.2 Material e Métodos O experimento foi realizado em área da Embrapa Gado de Corte, em

Campo Grande-MS, localizada a 20°27’ de latitude Sul, 54°37’ de longitude

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Oeste e a 530 m de altitude. O clima da região, segundo Köppen, encontra-

se na faixa de transição entre Cfa e Aw tropical úmido. O solo da área

experimental caracterizava-se como Latossolo Vermelho, eutrófico de

textura argilosa, em uso por dezesseis anos com soja, em sistema plantio

direto (Tabela 1).

TABELA 1. Resultados de análises químicas de amostra de Latossolo Vermelho na profundidade de 0-20 cm.

Identificação pH Ca++ Mg++ K+ Al+3 H+Al S T t V m C K+

CaCl2 SMP cmolc/dm-3 % mg/dm-3 Capim monocultivo

5,82 6,74 4,16 2,06 0,48 0,01 2,57 6,70 9,27 6,71 71,59 0,12 0,36 187,09

Consórcio

5,82

6,76

4,07

2,08

0,37

0,00

2,49

6,52

9,01

6,53

72,17

0,05

0,36

146,15

Sorgo monocultivo

5,69

6,70

3,50

1,82

0,35

0,00

2,64

5,67

8,32

5,68

67,98

0,03

0,36

138,15

O experimento foi conduzido de abril a setembro de 2009. Durante o

período experimental, a precipitação pluvial total foi de 360,88 mm. Durante

o período experimental, os dados climáticos foram registrados na estação

meteorológica da Embrapa Gado de Corte (Figura 1).

Utilizou-se delineamento em blocos casualizados com quatro

repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema de parcelas

subdivididas, considerando como parcela os sistemas: capim-piatã

(Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã); sorgo de corte e pastejo (Sorghum spp.

cv. BRS 800) e consórcio das gramíneas, e como subparcelas, as idades de

corte: 70, 90 e 110 dias após a semeadura. Os sistemas de cultivo foram

implantados em plantio direto sobre os restos culturais da soja, em sistema

de integração lavoura-pecuária.

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

0

5

10

15

20

25

30

35

01/04/2009 01/05/2009 31/05/2009 30/06/2009 30/07/2009 29/08/2009

(mm

)

(ºC)

Precipitação (mm) T máx (ºC) T mín (ºC)

FIGURA 1. Variação da temperatura máxima (T máx), mínima (T mín) e precipitação (mm) durante o período experimental. Fonte: Adaptado INMET (2009).

As parcelas apresentavam área total de 8,6 x 110 m, com área útil

correspondendo a 4 x 100 m. As forrageiras foram semeadas no mês de

abril de 2009, utilizando semeadora de plantio direto. O espaçamento

entrelinhas do capim-piatã foi de 25 cm, semeado na profundidade de 6 cm,

e do sorgo, de 45 cm, na profundidade de 3 cm, tanto para monocultivo

como para consórcio. As taxas de semeadura foram de 5 kg.ha-1 de

sementes puras viáveis (SPV) para o capim-piatã, e de 11 kg.ha-1 de SPV

para o sorgo. Não foi realizada adubação na implantação das forrageiras.

O corte das forrageiras foi realizado a 20 cm do nível do solo. A

amostragem das forrageiras foi realizada em área de 1,0 x 1,0 m,

considerando-se quatro linhas de capim e duas de sorgo. Em cada ponto foi

realizada medição altura de plantas (quatro plantas de cada espécie.m2-1

),

sendo as medidas realizadas do nível do solo até a inserção da última folha

expandida. Foi realizada a contagem de plantas invasoras em área de 1,0 x

1,0 m.

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No momento da amostragem, foi realizada avaliação visual em área

de 1,0 x 1,0 m, da cobertura do dossel da forrageira. A determinação da

porcentagem de cobertura do dossel foi considerada a área relativa ao

quadrado ocupada pela vegetação, seja ela forrageira e/ou plantas invasoras

(Bauer et al., 2004). As principais plantas invasoras encontradas foram:

Euphorbia heterophyla (leiteiro), Acanthospermum hispidum (carrapicho-de-

carneiro), Raphanus raphanistrum (nabiça) e Brachiaria brizantha cv.

Marandu (marandu).

A medição da interceptação da radiação fotossinteticamente ativa

(IRFA) foi utilizado o aparelho analisador de dossel – AccuPAR Linear

PAR/LAI ceptometer, Model PAR – 80 (DECAGON Devices). Sendo uma

leitura sobre o dossel e duas leituras sob o dossel.

O capim cortado foi separado nos componentes: lâmina,

pseudocolmo; material senescente, e o sorgo: lâmina, colmo, panícula e

material senescente. Esses componentes foram encaminhados para estufa a

55ºC até atingirem massa constante e posteriormente, triturados em moinho

tipo Willey, com peneira de 20 mesh. As frações foram analisadas quanto ao

teor de matéria seca (MS), que foi utilizado para os cálculos de produtividade

de massa seca de cada componente.

As produções foram determinadas pelas seguintes equações.

- produção de matéria seca total (PMST: kg.ha-1) = (massa verde

total * % matéria seca total) / 10.

- produção de matéria seca verde (PMSV: kg.ha-1) = (PMST –

produção de matéria seca do material senescente).

- produção de matéria seca de lâmina foliar (PMSLF: kg.ha-1) =

(massa seca lâmina / massa seca total) * matéria seca total.

O índice de área foliar (IAF) foi determinado pela seguinte equação:

IAF = ((área foliar * 0,0001) * (matéria seca da lâmina ( kg.ha-1) * 0,1))

/ ( peso verde da lâmina * %matéria seca total/ 100).

As frações de lâminas foliares pré-secas das gramíneas foram

estimadas também quanto aos teores de proteína bruta (PB), fibra em

detergente neutro (FDN) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica

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(DIVMO), por meio de espectroscopia de reflectância do infravermelho

próximo (NIRS), de acordo com os procedimentos descritos por MARTEN et

al. (1985). Os dados de reflectância das amostras, na faixa de comprimentos

de onda de 1100 a 2500 ηm, foram armazenados por um espectrômetro

(modelo NR 5000; NIRSystems, Inc., USA), acoplado a um

microcomputador. As equações utilizadas com base nos menores erros-

padrão de calibração (EC) e de validação (EV), altos coeficientes de

determinação (R2) e coeficientes de regressão (ß) com valores próximos de

1,0, podem ser observadas seus parâmetros na Tabela 2 (Almeida, 2001).

TABELA 2. Estatísticas de calibração (c) e de validação (v) para

determinação da matéria seca (MS), da proteína bruta (PB), da fibra em detergente neutro (FDN) e da digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO) de amostras de gramíneas, por meio do NIRS.

Parâmetros Calibração % Validação

n Média Desvio Ec R2 n Ev R2 ß MS 167 92,5 0,7 0,2 0,90 50 0,2 0,88a 1,0 PB 163 5,00 2,1 0,3 0,98 52 0,3 0,98 1,0 FDN 158 73,6 4,3 0,9 0,96 49 1,1 0,89 0,9 DIVMO 145 38,2 9,5 2,3 0,94 48 3,0 0,89 1,0

aCoeficiente de determinação derivado de regressão linear dos valores preditos contra os valores da análise química; ß é coeficiente de regressão dos valores preditos contra os valores da análise química; n é o número de amostras; E é o erro-padrão.

O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) foi estimado pela

equação proposta por Cappelle et al. (2001): NDT = 74,49 - 0,5635 FDA,

teor de FDA, foi estimado pelo NIRS.

A produtividade de massa seca de forragem, a porcentagem de

material senescente na massa seca de forragem e NDT ( kg.ha-1) foram

expressos em base seca.

Os dados foram submetidos à análise de variância e de regressão

para as idades de corte, por meio do aplicativo estatístico SAEG versão 5.0,

1993. Na comparação de médias entre os sistemas, utilizou-se o teste de

Tukey a 5% de probabilidade. Para análise dos dados de densidade de

invasoras, utilizou-se transformação de √x+1.

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3.3 Resultados e Discussão Para as variáveis cobertura do dossel, produção de matéria seca

verde (lâmina foliar + colmo com bainha, PMSV), produção de matéria seca

de lâmina (PMSLF), fibra em detergente neutro (FDN) e digestibilidade in

vitro da matéria orgânica (DIVMO), houve diferença significativa entre os

sistemas (Tabela 1).

TABELA 1. Cobertura do dossel (COBERT.), produção de matéria seca verde (PMSV), produção de matéria seca de lâmina foliar (PMSLF), fibra em detergente neutro (FDN) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO), de acordo com o sistema de integração.

Variável Sistema

CV (%) Sorgo Sorgo+capim Capim

COBERT. (%) 28,65 c 56,14 b 76,46 a 14,77

PMSV ( kg.ha-1) 3.443 b 4.048 a 1.930 c 23,09

PMSLF (kg.ha-1) 559,0 b 1.093 a 1.308 a 30,12

FDN (%) 61,58 b 68,42 a 68,48 a 3,57

DIVMO (%) 72,26 a 66,08 c 69,30 b 4,46 Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P>0,05); CV = coeficiente de variação.

Para cobertura do dossel, o capim-piatã apresentou maior valor,

ocasionado pelo hábito de crescimento da forrageira. O sistema com sorgo

obteve a menor capacidade de cobertura do dossel que os demais sistemas.

O capim em consórcio melhora a cobertura do dossel.

A PMSV foi de 4.048 kg.ha-1 no sistema consorciado, enquanto sorgo

em monocultivo o valor médio foi de 3.443 kg.ha-1 de PMSV. A produção do

capim-piatã foi de 1.930 kg.ha-1 de PMSV, resultado esse semelhante ao

encontrado por Almeida et al. (2009) com cinco genótipos de Brachiaria

obtendo, com capim-piatã aos 105 dias de idade, valores médios de 1.788

kg.ha-1 e 1.782 kg.ha-1 de PMST e PMSV, respectivamente.

Assim, os sistemas com sorgo são mais efetivos na antecipação do

período de utilização da forragem em sucessão à soja.

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A produção de matéria seca de lâmina foliar (PMSLF) foi igual nos

sistemas com capim-piatã consorciado e capim-piatã em monocultivo, sendo

de 1.093 kg.ha-1 e 1.308 kg.ha-1, respectivamente. Esses resultados

demonstram que o capim-piatã, devido a sua arquitetura, proporciona maior

produção de lâmina foliar quando comparado ao sorgo.

A DIVMO observada no sorgo em monocultivo foi maior que a dos

sistemas consorciado e capim em monocultivo, com a menor digestibilidade

observada para as plantas do sistema consorciado. Provavelmente, a

competição entre as plantas do sistema consorciado implicou em maior

sombreamento e na ocorrência de senescência foliar e alongamento de

colmos, que contribuíram para a redução da digestibilidade da forragem.

Outro fator relevante é a cobertura do dossel do sistema consorciado que foi

de 56,14% quando comparado com sorgo em monocultivo de 28,65%.

A FDN foi superior nos sistemas que apresentam capim em

monocultivo e capim consorciado, com valores de 68,48 e 68,42%,

respectivamente. Observa-se que sorgo em monocultivo obteve resultado de

61,58%, demonstrando que o sistema sorgo proporciona produção de

forragem de qualidade.

Resultados inferiores a este trabalho foram encontrado com Penna et

al. (2010), que avaliaram valor nutritivo de sorgo BRS 800, implantado no

mês de agosto, em corte realizado aos 50 dias após a semeadura

encontraram valores 59,89 e 52,94% de DIVMO e FDN, respectivamente.

Não houve interação para as variáveis produção de matéria seca

verde (PMSV), produção de matéria seca de lâmina (PMSLF) e

digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO), houve diferença entre

data de corte (Tabela 2).

Na PMSV houve aumento linear (P<0,05) com o avanço da idade,

com incremento de 48,9 kg.ha-1 a cada dia após a semeadura.

Comportamento semelhante foi observado na PMSLF, com aumento linear

(P<0,05) na produção de lâmina foliar de 12,70 kg.ha-1 a cada dia após a

semeadura. A produção de lâmina foliar tem grande participação no

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aumento da produção das forragens e na cobertura do dossel o que

proporciona maior cobertura do solo.

TABELA 2. Produção de matéria seca verde (PMSV), produção de matéria seca de lâmina (PMSLF) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO), de acordo com a idade de corte da forragem, em dias após semeadura.

Variável Dias após semeadura

Equação ajustada R2 70 90 110

PMSV ( kg.ha-1) 1.865 3.571 3.984 Ŷ = 2.465 + 48,9**x 0,98

PMSLF (kg.ha-1) 706,0 1.040 1.214 Ŷ = – 156,19 + 12,7**x 0,97

DIVMO (%) 70,73 67,87 64,04 Ŷ = 95,51 - 0,29**x 0,96 ** P<0,01.

Observando os dados de PMSV, e considerando o consumo de 2,5%

PV em kg MS/dia e uma eficiência de pastejo de 50%, a lotação instantânea

que pode suportar o sistema consorciado, com sorgo em monocultivo e com

capim em monocultivo seria de 183 UA/ha.dia, 154 UA/ha.dia e 86

UA/ha.dia, respectivamente.

Para DIVMO, estimou-se redução linear (P<0,01) de 0,29 unidade

percentual para cada dia após a semeadura. De acordo com McDonald et al.

(1991), a redução na digestibilidade com o avanço da maturidade da planta

é decorrente do aumento de carboidratos estruturais mais lignina, que

possuem menor digestibilidade que as frações solúveis.

A altura do dossel do sistema consorciado e sorgo, aos 90 DAS,

foram de 101 cm e 56,14% de dossel e 89,91 cm e 28,65% de dossel,

respectivamente. Enquanto que o capim em monocultivo apresentou 50,48

cm de altura e 76% de dossel. De acordo com Leonel et al. (2009),

sombreamento em dosséis sob alta competição implicam em maior alocação

de fotoassimilados e seus derivados para a produção de colmos em

detrimento desses compostos para a produção de folhas. Com isso, há

maior participação de componentes morfológicos que contribuem para a

redução do valor nutritivo da forragem ao longo dos dias após a semeadura.

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Observou-se efeito da interação sistema × idade de corte sobre as

variáveis: índice de área foliar (IAF), altura do dossel, produtividade de

massa seca total (PMST), interceptação da radiação fotossinteticamente

ativa (IRFA), densidade de plantas invasoras, teor de fibra em detergente

ácido, teor de proteína bruta (PB) e teor de nutrientes digestíveis totais

(NDT) (Tabela 3).

Não houve variação no IAF dos sistemas de sorgo em monocultivo e

consorciado em função da idade de corte, mas no monocultivo de capim, a

resposta foi linear crescente a uma taxa de 0,056 unidade a cada dia após a

semeadura, corroborando com o aumento na interceptação de luz. Aos 110

DAS, o capim em monocultivo apresentou IAF superior aos demais, sendo

devido à maior proporção de lâmina do capim (58,91%), em relação ao

sorgo (10,89%).

Nos sistemas com sorgo, a altura do dossel foi maior que no capim-

piatã em monocultivo nas três idades. O período de florescimento é

caracterizado pela interrupção do crescimento e pela modificação da relação

fonte dreno, onde os fotoassimilados que antes eram destinados ao

crescimento da parte aérea, agora são destinados ao desenvolvimento dos

órgãos reprodutivos e frutos (Taiz e Zeiger, 2004). De acordo com Mota et

al. (2010) a altura do sorgo em monocultivo e em consórcio com cultivar

xaraés, foi de 2,29 e 2,44 m, respectivamente, não havendo diferenças entre

os dois sistemas de cultivos avaliados. Para o sistema com capim-piatã em

monocultivo, estimou-se aumento na altura do dossel de 0,71 cm a cada dia

após semeadura. A ocorrência desse crescimento linear ao longo do período

no capim-piatã deve-se ao seu crescimento mais lento na fase inicial.

Vale ressaltar, que o sistema de integração lavoura-pecuária favorece

o crescimento, visto que existe fertilidade residual tendo em vista que há

dezesseis anos esta área estava sendo utilizada na integração lavoura-

pecuária. Nessa situação a integração do capim com cultura anual assume

importante papel na manutenção das condições adequadas do sistema.

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TABELA 3. Características agronômicas e teores de fibra em detergente ácido (FDA), nutrientes digestíveis totais (NDT), proteína bruta da lâmina foliar (PB) de acordo com o sistema de integração em função da idade de corte.

Sistema Dias após semeadura

Equação ajustada R2 70 90 110

Índice de área foliar Sorgo 1,44 a 1,93 b 1,21 c ns ---

Sorgo+ capim 2,12 a 2,73 ab 2,67 b ns ---

Capim 2,15 a 3,08 a 4,39 a Ŷ = –1,8 + 0,056*x 0,98

Altura do dossel (cm) Sorgo 87,98 a 89,91 a 76,72 a ns ---

Sorgo+ capim 90,13 a 101,00 a 76,19 a ns ---

Capim 27,23 b 50,48 b 55,83 b Ŷ = –19,82 + 0,7148**x 0,88

Produção de matéria seca total ( kg.ha-1) Sorgo 2.155 a 3.946 a 4.307 a Ŷ = – 1.373 + 53,8*x 0,87

Sorgo+ capim 2.445 a 5.001 a 4.940 a Ŷ = – 1.484 + 62,36*x 0,73

Capim 1.016 b 1.820 b 2.972 b Ŷ = – 2.465 + 48,9*x 0,99

Interceptação da radiação fotossinteticamente ativa (%) Sorgo 68,69 b 69,50 b 58,50 c ns ---

Sorgo+ capim 82,44 a 88,25 a 83,75 b ns ---

Capim 80,44 b 91,50 a 95,75 a ns ---

Número de invasora1 Sorgo 1,83 c 1,83 b 3,48 a ns ---

Sorgo+ capim 3,16 b 2,56 b 3,23 a ns ---

Capim

4,28 a

4,09 a

2,89 a

FDA (%) ns

Sorgo 28,46 a 27,03 b 26,99 b ns ---

Sorgo+ capim 29,76 a 32,96 a 34,88 a Ŷ = 21,02 + 0,13*x 0,96

Capim 29,45 b 33,92 a 36,60 a Ŷ = 17,24 + 0,18*x 0,96

NDT (kg.ha-1) Sorgo 1.172 ab 2.269 a 2.632 a Ŷ = – 1.259 + 36,48*x 0,92

Sorgo+ capim 1.331 a 2.872 a 2.811 a Ŷ = – 990 + 36,98*x 0,72

Capim 583 b 973 b 1.515 b Ŷ = – 1.073 + 23,29*x 0,99

PB da lâmina foliar (%) Sorgo 20,96 a 21,67 a 19,13 a ns ---

Sorgo+ capim 18,98 ab 15,81 b 13,82 b Ŷ = 27,82 - 0,11*x 0,96

Capim 17,89 b 14,91 b 14,45 b ns ---

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P>0,05). ns: não significativo. *P<0,05; **P<0,01. 1Transformação: √x + 1.

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Nos três sistemas, observou-se aumento linear da PMST em função da

idade de corte. Com incremento de 53,8; 62,36; 48,9 kg MS.ha-1 a cada dia

após a semeadura para os sistemas sorgo em monocultivo, consórcio e

capim-piatã em monocultivo, respectivamente. Em 2008, em corte realizado

aos 62 DAS, Almeida et al. (2009) também não observaram diferenças na

produtividade de forragem para os sistemas com sorgo, que foram

superiores ao sistema com capim-piatã em monocultivo. Destaca-se no

presente trabalho, que os pastos foram beneficiados pela precipitação acima

da média histórica para o período e também pelas condições

edafoclimáticas.

Mota et al. (2010) encontraram resultados muitos superiores aos

observados, pois neste trabalho para PMST, o sorgo em monocultivo e

consorciado + xaraés, com idade de corte aos 90 DAS, produziram 16.821 e

13.472 kg.ha-1, respectivamente, em sistema de integração lavoura-

pecuária-floresta, durante o período de fevereiro a maio. Machado e Assis

(2010) observaram no período seco do ano, em sucessão a soja, para

marandu e xaraés, produção de 852 e 2.540 kg.ha-1, respectivamente.

Aos 70 DAS, o consórcio apresentou maior IRFA que os demais

sistemas. Neste, os espaços abertos entre as plantas de sorgo foram

preenchidos pelo capim-piatã, sendo a cobertura do dossel de 56,14%,

enquanto no sorgo em monocultivo de apenas 28,65%. O próprio

desenvolvimento do dossel, tende aumentar o IAF de modo a elevar a

capacidade de IRFA, tornando mais eficiente no processo de captação de

luz.

Aos 90 DAS observou-se que os sistemas que apresentam capim-piatã

obtiveram os maiores valores de IRFA. Com o desenvolvimento da cultura

ocorreu acúmulo de biomassa, favorecendo o aumento da interceptação

luminosa. Aos 110 DAS, apenas o capim-piatã em monocultivo apresentou

valor próximo a 95,75% de IRFA. De acordo com Humphreys (1991), valores

de IAF crítico para pastagens, situam-se, normalmente entre 3 e 5, sendo

que nesta faixa a interceptação luminosa seria de cerca de 95% da radiação

solar incidente, de acordo com os dados do presente trabalho.

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Aos 70 e 90 DAS, a incidência de invasoras foi maior no capim em

monocultivo. Este resultado não era esperado, uma vez que todos os

sistemas foram implantados sob condições semelhantes de plantio direto,

além disso, o capim em monocultivo apresentou maior valor de cobertura de

dossel (76,46%). Provavelmente, a presença de sementes de capim-

marandu (invasora), junto à semente de capim-piatã, contribuindo para que

isto ocorresse (Almeida et al., 2009). Por outro lado, aos 110 DAS, não se

observou efeito dos sistemas avaliados, o que pode ser reflexo do aumento

progressivo do índice de área foliar do capim, que proporciona maior

cobertura do solo, uma vez que a população de invasoras manteve-se

constante nos outros dois sistemas.

Aos 90 e 100 DAS, os sistemas com sorgo se destacaram com maiores

valores de NDT. Esse efeito parece ser mediado pela presença de panícula,

pois ocorreu evolução da proporção de panícula de 26,48% a 53,35%, aos

70 e 110 DAS, respectivamente. Segundo Neumann et al. (2002), avaliando

quatro híbridos de sorgo de baixo tanino, a panícula é o componente da

planta de sorgo que define sua qualidade nutricional, por apresentar os

maiores teores de MS, PB e DIVMS e menores teores de FDN, FDA e

celulose, comparado ao conjunto colmo e folhas. No entanto, Barducci et al.

(2009) afirmam que quando semeada em consórcio, a Brachiaria brizantha

cv Marandu apresenta redução no teor de fibra e maior teor de NDT com o

decorrer do período de outono-inverno.

O teor de fibra detergente ácido (FDA) ocorreu interação

sistema×idade. No sistema sorgo não diferiu (P>0,05) estatisticamente nas

idades de corte. Enquanto no sistema consorciado e capim-piatã em

monocultivo observou-se crescimento linear de FDA com o avanço da idade.

De acordo com Van Soest (1994), aumento da porcentagem dos

componentes da parede celular fibra em detergente neutro e ácido,

hemicelulose, celulose e lignina, à medida que a planta envelhece são, em

geral, inversamente correlacionados com a digestibilidade, resultando em

redução do valor nutritivo.

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Aos 70 DAS os três sistemas não diferiram estatisticamente entre si.

No entanto aos 90 e 110 DAS o sorgo apresentou menores valores de FDA.

Para Ferreira (2001) o avanço do estádio de maturação aumenta a

proporção de panícula que promove a diluição do teor FDN e FDA, que

estão correlacionados com o aumento da digestibilidade.

Independente de idade de corte, o sorgo em monocultivo apresentou

os maiores teores de PB. No sistema sorgo + capim, a resposta foi linear

decrescente, a uma taxa de 0,11 unidade percentual de PB a cada dia após

a semeadura. Os resultados de PB obtidos no presente trabalho foram

superiores aos encontrados por Toro Velásquez et al. (2010) para capim-

marandu, com idade de corte aos 42 dias (9,88%) nos meses de abril a

junho.

3.4 Conclusões A consorciação de sorgo e capim-piatã é vantajosa para produção de

forragem. O sistema de capim em monocultivo proporciona melhor cobertura

de dossel.

O sorgo em monocultivo se destaca nos teores de proteína bruta,

digestibilidade in vitro da matéria orgânica e fibra em detergente neutro.

3.5 Referências Bibliográficas ALMEIDA, R.G.; MACEDO, M.C.M.; ZIMMER, A.H. et al. Capim-piatã e sorgo de corte e pastejo no outono-inverno, em integração lavoura-pecuária. In:

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4. VALOR NUTRITIVO DE SILAGEM DE CAPIM-PIATÃ EM MONOCULTIVO E EM CONSÓRCIO COM SORGO DE CORTE E

PASTEJO

RESUMO - Objetivou-se avaliar a influência da idade de corte no valor

nutritivo de silagem de capim-piatã em monocultivo e em consórcio com

sorgo de corte e pastejo. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados

com quatro repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema de

parcelas subdivididas, considerando como parcela os sistemas (capim-piatã;

sorgo de corte e pastejo e consórcio) e como subparcelas três idades de

corte (70, 90 e 110 dias após a semeadura). O corte da forragem foi

realizado a 20 cm da superfície do solo. Utilizou-se minissilos experimentais

de PVC com capacidade para 2,50 kg de silagem. Os minissilos foram

abertos aos 46 dias, avaliando na silagem os teores de proteína bruta (PB),

fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN),

nutrientes digestíveis totais (NDT), nitrogênio amoniacal (N-NH3/N-Total),

matéria seca (MS), lignina e pH. Observou-se interação significativa entre

sistema e idade sobre as variáveis MS, PB, FDA, FDN, lignina e pH. Com o

avanço da idade ocorreu redução linear no teor de PB de 0,12; 0,08 e 0,16

unidades percentuais a cada dia após a semeadura nas silagens de sorgo,

sorgo+capim e capim-piatã, respectivamente. Com o avanço da idade, a

silagem de capim-piatã apresentou aumento linear nos teores de FDN e

FDA. Verificou-se aumento linear no valor de pH da silagem de sorgo +

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capim, em função do avanço na idade de 0,03 unidade a cada dia após a

semeadura. Nas silagens de sorgo e de capim em monocultivo, o pH não

variou em função da idade de corte, com valores médios de 4,63 e de 5,20,

respectivamente. A recuperação de matéria seca também não variou entre

as silagens, com valor médio de 90,63%. Os sistemas com sorgo

apresentam potencial para produção de silagem de boa qualidade aos 70

dias de idade.

Palavra-chaves: gramíneas tropicais, idade de corte, minissilo, silagem

NUTRITIVE VALUE OF SILAGE GRASS PIATÃ SINGLE AND MIXED CULTIVATION GRASS-SORGHUM FOR OR GRAZING

ABSTRACT - The objective was to evaluate the influence of the cut on the

nutritive value of grass silage-Piatã monocrop and intercropping with

sorghum cutting and grazing. We used a randomized block design with four

replications. Treatments were arranged in split plot design, considering how

the three systems share (Piata grass, sorghum cutting and grazing and

consortium) as subplots and three cutting ages (70, 90 and 110 days after

sowing). The forage was cut at 20 cm from soil surface. We used

experimental minissilos PVC capacity to 2.50 kg of silage. The minissilos

were opened at 46 days to evaluate the silage crude protein (CP), acid

detergent fiber (ADF), neutral detergent fiber (NDF), total digestible nutrients

(TDN), ammonia nitrogen (NH3-N / N-Total), dry matter (DM), lignin and pH.

We observed significant interaction between system and age on the variables

CP, ADF, NDF, lignin and pH. With advancing age there was a linear

reduction in crude protein content of 0,12, 0,08 and 0,16 percentage units for

each day after sowing in sorghum silage, sorghum grass and grass + Piata,

respectively. With advancing age, the grass silage-Piata showed a linear

increase in NDF and ADF. There was a linear increase in the pH value of

sorghum silage + grass, due to the advancing age of 0,03 units for each day

after sowing. Sorghum silages and grass single, the pH did not vary with the

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age cutoff, with values of 4,63 and 5,20, respectively. The recovery of dry

matter also did not vary between treatments with a mean value of 90,63%.

The systems have potential for sorghum silage production of good quality at

70 days old.

Kew-words: cutting age, minissilo, silage, tropical grass

4.1 Introdução

Em sistemas de integração lavoura-pecuária desenvolvidos em regiões

com restrições hídricas, onde o objetivo é a produção de forragem no

período de outono-inverno e de palhada para o plantio direto, é comum a

utilização de capins do gênero Brachiaria.

Em decorrência do ciclo estacional do pasto, no período de estiagem,

as plantas forrageiras tropicais não fornecem quantidades de nutrientes

suficientes para atender às exigências dos animais. Desta forma, cresce a

demanda por volumosos nesse período como a utilização de silagens

(Oliveira et al., 2010).

Para melhorar a disponibilidade de forragem ao longo do ano, uma

estratégia viável é a ensilagem do excedente de pasto produzido no período

chuvoso para ser utilizado no período seco. Entretanto, as gramíneas

forrageiras tropicais apresentam algumas limitações como o baixo teor de

matéria seca e de carboidratos solúveis para ensilagem, acarretando em pH

elevado e menor recuperação de matéria seca (RMS) da silagem.

Atualmente, em decorrência da competitividade na produção

pecuária, da necessidade de redução dos custos e de aumento da

produtividade, a silagem de capim tem conquistado espaço entre os

produtores. O desenvolvimento de técnicas de emurchecimento, o uso de

inoculantes microbianos, aditivos absorventes e máquinas mais eficientes

para colheita, foram de fundamental importância para o aumento da

utilização da silagem de capim (Chizzotti et al., 2005).

Os capins possuem algumas vantagens interessantes para produção

de silagem, como elevada produção anual por área, perenidade, baixo risco

de perda e maior flexibilidade de colheita (Corrêa et al., 2001)

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Assim, para otimizar a colheita de nutrientes dessas plantas

forrageiras, o corte deve ser feito em idades mais jovens (60 a 70 dias ou

menos), quando a forrageira apresenta baixo teor de matéria seca. Este fato,

associado ao reduzido teor de carboidratos solúveis e à elevada capacidade

tamponante, características intrínsecas de gramíneas tropicais perenes,

pode prejudicar o processo de fermentação e comprometer a qualidade final

da silagem (Nussio, 2001)

Segundo Neumann (2001), a cultura do sorgo para produção de

silagem no país tem-se mostrado como uma alternativa viável aos

produtores, principalmente, em regiões que apresentam limitações para o

cultivo ou a produção do milho. O grande potencial do sorgo para ensilagem

deve-se, principalmente, por apresentar alto rendimento de matéria seca por

unidade de área e características que favorecem o perfil de fermentação

desejável, como teores adequados de matéria seca (30% a 35%), teor de

carboidratos solúveis maior que 15% e poder tampão menor que 20 emg de

NaOH/100 g de MS (Fernandes et al., 2009).

Dessa forma, o objetivo foi avaliar a influência da idade de corte no

valor nutritivo de silagem de capim-piatã em monocultivo e em consórcio

com sorgo de corte e pastejo.

4.2 Material e Métodos

O experimento foi realizado em área da Embrapa Gado de Corte, em

Campo Grande-MS, localizada a 20°27’ de latitude Sul, 54°37’ de longitude

Oeste e a 530 m de altitude. O clima da região, segundo Köppen, encontra-

se na faixa de transição entre Cfa e Aw tropical úmido. O solo da área

experimental caracterizava-se como Latossolo Vermelho, eutrófico de

textura argilosa, em uso por dezesseis anos com soja em sistema plantio

direto.

Utilizou-se delineamento em blocos casualizados com quatro

repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema de parcelas

subdivididas, considerando como parcela os sistemas: capim-piatã

(Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã); sorgo de corte e pastejo (Sorghum spp.

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cv. BRS 800) e consórcio, e como subparcelas, as idades de corte: 70, 90 e

110 dias após a semeadura. Os sistemas de cultivo foram implantados em

plantio direto sobre os restos culturais da soja, em sistema de integração

lavoura-pecuária.

O corte das forrageiras para ensilagem foi realizado a 20 cm do

nível do solo. Os silos experimentais utilizados eram de PVC com 10 cm de

diâmetro e 50 cm de comprimento, com capacidade para 2,50 kg de silagem

(600 kg.m-3). As forragens de sorgo, sorgo + capim-piatã e capim-piatã foram

picadas individualmente em picadeira convencional de forragem, sendo

reduzidas a partículas de 2 a 3 cm. A compactação foi realizada com

pêndulo de ferro e, o fechamento, com tampas de PVC dotadas de válvula

tipo Bunsen, lacradas com fita adesiva.

O material in natura picado (sorgo, sorgo + capim-piatã, capim-

piatã) foi amostrado no momento da ensilagem, com as amostras colocadas

em sacos de papel e secas em estufa de ventilação forçada com

temperatura de 55ºC por 72 horas. As amostras pré-secas foram pesadas e

moídas utilizando moinho tipo Willey, com peneira de 20 mesh, e guardadas

em recipientes de polietileno para determinação do teor de MS antes da

ensilagem, conforme metodologia da AOAC (1995). Amostras do material in

natura picado também foram congeladas em sacos plásticos para

determinação do poder tampão (PT), pelo método de Playne e McDonald

(1966).

A abertura dos minissilos ocorreu aos 46 dias após a ensilagem. Na

retirada das amostras, foram desprezados os 5 cm das porções superior e

inferior dos silos. Após esse procedimento, a silagem foi homogeneizada, e

retiradas duas amostras, sendo uma acondicionada em sacos plásticos e

congelada para determinação do nitrogênio amoniacal (N-NH3/N total),

segundo método modificado por Tosi (1973). A outra amostra de silagem,

aproximadamente 500 g, foi colocada em sacos de papel e seca em estufa

de ventilação forçada com temperatura de 55ºC por 72 horas. As amostras

pré-secas foram pesadas e moídas utilizando moinho tipo Willey, com

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peneira de 20 mesh, e guardadas em recipientes de polietileno para

determinações posteriores.

A avaliação dos valores de pH foi realizada no momento de

abertura dos minissilos experimentais. Após homogeneização da silagem, foi

pesado 9 g da amostra e adicionado 60 mL de água destilada, deixando em

repouso por 30 minutos. A leitura do pH foi realizada por meio de

potenciômetro digital.

A estimativa da recuperação de matéria seca (RMS) da silagem foi

obtida conforme equação: RMS = (massa seca ensilada/massa seca da

silagem)*100.

Os teores MS e PB foram determinados conforme Silva e Queiroz

(2002). Os teores de FDN, FDA e lignina foram determinados segundo

metodologia descrita por Goering e Van Soest (1994).

Os dados foram submetidos à análise de variância e de regressão

para as idades de corte, por meio do aplicativo estatístico SAEG versão 5.0,

1993. Na comparação de médias entre os sistemas, utilizou-se o teste de

Tukey a 5% de probabilidade.

4.3 Resultados e Discussão Aos 70 DAS, a matéria seca (MS) foi maior no sistema consorciado,

sendo de 27,20%, os demais sistemas foram estatisticamente iguais. Aos 90

DAS o sistema sorgo em monocultivo apresentou resultado de 31,90% de

MS, valor considerado ideal para ensilar a forragem. Por outro lado, aos 110

DAS, se observou que os sistemas com sorgo, demonstraram valores altos

de MS (Tabela 1).

No sistema capim em monocultivo não diferiu (P>0,05)

estatisticamente nas idades de corte. Enquanto no sistema consorciado e

capim-piatã em monocultivo observou-se crescimento linear de MS com o

avanço da idade. Observa-se que capim em monocultivo demonstrou maiores valores de

poder tampão dentre os três sistemas avaliados, com avanço da idade

ocorreu um incremento de 0,098 unidade percentual a cada dia após a

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semeadura. A forragem quando ensilada em estádio de desenvolvimento

vegetativo precoce, apresentam elevada qualidade nutricional, mas possuem

baixo teor de matéria seca e elevado poder tampão. Esses fatores interferem

no processo fermentativo, impedindo o rápido abaixamento do pH e

possibilitando o desenvolvimento de fermentações indesejáveis (Woolford,

1990).

Enquanto que sistema sorgo em monocultivo e consorciado,

apresentou uma redução linear de 0,11 e 0,20 a cada dia após a semeadura,

respectivamente. Os valores obtidos por estes sistemas estão dentro de uma

faixa ideal de poder tampão, menor que 20 emg de NaOH/100 g de MS

destacando-se, deste modo, como espécie forrageira mais promissora e com

maior potencial para ensilagem, desde que corrigido seu excesso de

umidade, quando colhido em estágio vegetativo novo (Tosi,1973).

TABELA 1. Teores de matéria seca (%) e poder tampão (emg de NaOH/100 g de MS) nas forragens de sorgo, sorgo + capim e capim-piatã em diferentes dias após a semeadura.

Sistema Dias após a semeadura Equação ajustada R2 70 90 110

MS (%) Sorgo 24,12 b 31,90 a 39,09 a Ŷ = - 1,98062 + 0,374313**x 0,99 Sorgo+ capim 27,20 a 29,18 a 37,94 a Ŷ = 7,2725 + 0,2685**x 0,88 Capim 21,87 b 23,40 b 24,15 b ns ---

Poder tampão (emg de NaOH/100 g de MS)

Sorgo 17,00 b 9,94 b 8,96 b Ŷ = 24,00 - 0,11*x 1 Sorgo+ capim 16,47 b 14,17 b 12,14 b Ŷ = 30,06 - 0,20*x 0,84 Capim 24,47 a 24,93 a 28,41 a Ŷ = 17,06 + 0,098*x 0,84

*Significativo a 1% de probabilidade. A>B, na coluna, pelo teste de Tukey (P<0,05). ns: não significativo (P>0,05); **, *: significativo aos níveis de 1 e 5% de probabilidade.

Observou-se interação significativa entre sistema e idade sobre as

variáveis de matéria seca (MS), de proteína bruta (PB), fibra em detergente

ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN) e pH (Tabela 2).

Com o incremento da idade de corte, houve aumento linear no teor de

MS da silagem de sorgo e do consórcio em 0,26 e 0,22 unidade percentual a

cada dia após a semeadura, respectivamente. A silagem de capim-piatã

apresentou menor teor de MS do que os sistemas com sorgo, tendo em

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média 19,61%, exceto aos 70 DAS, quando não diferiu do sorgo. O estádio

de maturação interfere sobre o teor de matéria seca da silagem de sorgo,

ressaltando a importância desta fração como indicador do momento do corte

das plantas para a produção de silagem. Isso repercute sobre a fermentação

e a estabilidade aeróbia da silagem (Araújo et al., 2007). Além disso, a

maturidade interfere na deposição de panícula e a mesma contribui para o

aumento do valor nutritivo e da porcentagem de matéria seca do material

ensilado (Zago, 2002).

Com o avanço da idade ocorreu redução linear no teor de PB de 0,12;

0,08 e 0,16 unidade percentual a cada dia após a semeadura nas silagens

de sorgo, sorgo+capim e capim-piatã, respectivamente. Esse

comportamento foi estimulado pelo processo de senescência das plantas

forrageiras, que se caracteriza pelo espessamento da parede celular vegetal

e redução do conteúdo celular. Esse fato pode ser considerado normal, uma

vez que o capim em estádio de maturidade avançada apresenta baixos

teores de proteína (Paciullo et al., 2001).

A silagem de capim-piatã confeccionada com as plantas cortadas aos

70 DAS, apresentou maior teor de PB do que a silagem de sorgo + capim

(Tabela 2). No presente trabalho aos 70 DAS, no sorgo em monocultivo, a

panícula obteve proporção de apenas 26,48%, proporcionando silagem com

maior teor PB, em relação ao efeito da idade de corte. Segundo Flaresso et

al. (2000), que consideram a panícula o componente mais importante para

produção de silagem de alta energia, destacando em seus estudos o híbrido

AG-2005E (duplo propósito), com 47,4% de panícula, 15,4% de folhas e

35% de colmo, ressaltando que o experimento foi conduzido no período

chuvoso. O sorgo do presente trabalho não foi selecionado para silagem,

com proporção baixa de panícula

Aos 90 e 110 DAS não houve diferença no teor de PB entre as

silagens, ainda assim, apresentaram o mínimo exigido para mantença

animal, que é acima de 7%. De acordo com Flaresso et al. (2000), silagens

de sorgo de boa qualidade devem conter de 7,1 a 8% de PB.

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TABELA 2. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN), pH e lignina (%) de silagens de gramíneas forrageiras em função das idades de corte.

Silagem Dias após a semeadura Equação ajustada R2 70 90 110

MS (%)

Sorgo 20,39 ab 27,30 a 30,77 a Ŷ = 2,79833 + 0,2595**x 0,96 Sorgo+ capim 22,24 a 25,08 b 31,00 a Ŷ = 6,39667 + 0,219**x 0,96 Capim 19,41 b 18,99 c 20,42 b Ns ---

PB (% MS)

Sorgo 13,90 ab 10,47 a 8,86 a Ŷ = 22,4167 - 0,126**x 0,95 Sorgo+ capim 12,33 b 11,12 a 9,01 a Ŷ = 18,29 - 0,083**x 0,97 Capim 16,26 a 12,42 a 10,04 a Ŷ = 26,9017 - 0,1555**x 0,98

FDA (%) Sorgo 36,74 a 30,79 c 34,51 b Ns --- Sorgo+ capim 34,93 a 33,70 b 36,23 b Ns --- Capim 31,86 b 36,89 a 38,99 a Ŷ = 19,8708+ 0,17825*X 0,94

FDN (%) Sorgo 63,80 a 53,43 b 57,19 b Ns --- Sorgo+ capim 60,39 b 56,25 b 59,17 b Ns --- Capim 57,59 b 62,57 a 66,01 a Ŷ = 43,1117 + 0,2105**x 0,98

pH

Sorgo 4,12 b 4,78 a 4,99 a Ns --- Sorgo+ capim 4,42 ab 5,17 a 5,79 a Ŷ = 2,04417 + 0,03425*x 0,99 Capim 5,17 a 5,38 a 5,05 a Ns ---

Lignina (%)

Sorgo 3,60 a 3,32 b 4,40 ab Ŷ = 1,975 + 0,02*x 0,51 Sorgo+ capim 3,55 a 3,45 ab 4,50 a Ŷ = 1,8625 + 0,02375*x 0,99 Capim 2,82 b 3,95 a 3,90 b Ŷ = 0,972917 + 0,026875*x 0,99

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P>0,05). ns: não significativo (P>0,05); **, *: significativo aos níveis de 1 e 5% de probabilidade.

Com o avanço da idade, a silagem de capim-piatã apresentou aumento

linear nos teores de FDN e FDA, o que irá interferir no consumo e na

digestibilidade de forragem (Tabela 2). O consumo de silagem é

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inversamente proporcional ao teor FDN (Oliveira et al., 2010). Jayme et al.

(2009) evidenciaram que o avanço da idade da planta promove uma redução

da digestibilidade, indicando que as plantas forrageiras mais jovens

possuem maior valor nutritivo.

Para as silagens de sorgo e de sorgo + capim não houve variação nos

teores de FDN, em função da idade de corte, tendo valores médios de

58,14% e 58,60%, respectivamente. Segundo Cruz et al. (2001), valores de

FDN nas silagens inferiores a 50% são mais desejáveis. Essa fibra ocupa

espaço no trato gastrointestinal, diminuindo a taxa de passagem e o

consumo (Zanine e Macedo 2006). No entanto, para Ferreira (2001), o

avanço do estádio de maturação aumenta a proporção de panícula que

promove a diluição do teor FDN e FDA, que estão correlacionados com o

aumento da digestibilidade.

Verificou-se aumento linear no valor de pH da silagem de sorgo +

capim, em função do avanço na idade de 0,03 unidade percentual a cada dia

após a semeadura. Devido ao incremento do componente capim, que obteve

resultados elevados de poder tampão e baixos valores de MS, que impede o

rápido abaixamento do pH. O ideal é que a queda do pH seja rápida, para

proporcionar qualidade na silagem produzida.

Nas silagens de sorgo e de capim em monocultivo, o pH não variou em

função da idade de corte, com valores médios de 4,63 e de 5,20,

respectivamente. Valores de pH acima de 4,2 são considerados restritivos

para a obtenção de silagens de boa qualidade (McDonald et al., 1991).

O teor de N-NH3/N-Total não variou entre as três silagens, obtendo-se

com valor médio de 13,44%. De acordo com Ferreira (2001), silagem de boa

qualidade apresenta N-NH3 inferior a 10% do N-Total. Todas as silagens

estudadas apresentaram valores superiores, o que indica que houve elevada

proteólise no silo. McDonald et al. (1991) relatam que menores teores de N-

NH3

indicam menor intensidade de proteólise durante o processo de

fermentação, em decorrência de menor atuação de bactérias do gênero

Clostridium e, consequentemente, menor produção de ácido butírico.

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A recuperação de matéria seca também não variou entre as silagens,

com valor médio de 90,63%. Mari (2003), avaliando silagem de capim-

marandu com diferentes idades de corte, observou valores de recuperação

de matéria seca de 91,7%, próximo ao observado no presente trabalho. A

alta recuperação de matéria seca pode ser explicada pela baixa produção de

efluente das silagens estudadas. Sendo que o efluente é constituído

principalmente de conteúdo celular (Bernardes et al., 2008).

Aos 70 DAS, os sistemas que apresentam sorgo tiveram as maiores

frações de lignina, que foram superiores às do capim em monocultivo. Os

valores encontrados naqueles sistemas são altos, o que pode ser

considerado fator negativo do ponto de vista nutricional, uma vez que a

lignina é indigestível. Já aos 90 DAS, o capim em monocultivo obteve maior

resultado que os demais, sendo de 3,95% de lignina. Aos 110 DAS, as

silagens que apresentam sorgo, demonstraram valores de 4,50%, resultados

superiores foram encontrados por Cândido et al. (2002), que o teor de lignina

das silagens entre os híbridos de sorgo, variou de 4,44 a 7,99%.

Observa-se que nas três silagens avaliadas, ocorreu incremento linear

na porcentagem de lignina, com avanço da idade. Com isso ocorre redução

no valor nutritivo das silagens estudadas.

4.4 Conclusão Os sistemas com sorgo apresentam potencial para produção de

silagem de boa qualidade aos 70 dias de idade. 4.5 Referências Bibliográficas

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5. CONCLUSÕES GERAIS A consorciação entre capim-piatã e sorgo de corte e pastejo é

vantajosa na produção de forragem.

O capim-piatã é uma opção viável para sistemas de integração

lavoura-pecuária.

Os sistemas com sorgo apresentam potencial para produção de

silagem de boa qualidade aos 70 dias de idade.