Cap 6 Corações Inquietos

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CORAÇÕES INQUIETOS Professor José Ferreira Júnior

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Filosofia da Idade Média

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CORAÇÕES INQUIETOSProfessor José Ferreira Júnior

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SANTO AMBRÓSIO, “ESTADISTA” DA IGREJA

Precursor e orientador de Santo Agostinho.

Santo Ambrósio descendia de uma influente família romana convertida ao cristianismo.

Nascido na Gália, estudou filosofia, retórica e filosofia.

Transferiu-se para Milão, onde viveu os anos mais importantes de sua carreira.

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SANTO AMBRÓSIO, “ESTADISTA” DA IGREJA

O bispo de Milão havia morrido em 374 e houve polêmica para a escolha de seu sucessor.

Sto. Ambrósio já se destacava como um influente membro da Igreja: seu nome foi sugerido como alternativa conciliadora, com grande receptividade, sendo nomeado bispo no mesmo ano.

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SANTO AMBRÓSIO, “ESTADISTA” DA IGREJASua principal contribuição para o

pensamento cristão da Idade Média foi estabelecer com firmeza as relações entre o Estado (o Império) e a Igreja.

Tornou-se necessário determinar como as duas instituições deviam se relacionar, pois o cristianismo já exercia, no início da Idade Média, uma influência significativa na política.

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SANTO AMBRÓSIO, “ESTADISTA” DA IGREJA Isso aconteceu porque os cristãos

formavam um grupo numeroso na sociedade, que se comportava conforme as orientações morais dos sacerdotes da Igreja.

No Império Romano os cristãos constituíam a maioria da população; mesmo entre os governantes, havia muitos seguidores do cristianismo.

Sto. Ambrósio foi talentoso em sua atuação como líder da Igreja e hábil político.

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SANTO AMBRÓSIO, “ESTADISTA” DA IGREJA Escreveu várias cartas para os

diferentes governantes que administravam o Império, nas quais dava conselhos, fazia reivindicações para a Igreja e os cristãos, e os advertia para que eles se portassem segundo a moral cristã.

A justificativa usada por Sto. Ambrósio para exercer sua autoridade e intervir nos assuntos de Estado provinha de sua condição de representante da Igreja fundada por Cristo e, portanto, de mediador entre Deus e os assuntos humanos.

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SANTO AMBRÓSIO, “ESTADISTA” DA IGREJA

Como bispo, ele era o instrumento por meio do qual as bênçãos ou as condenações divinas eram aplicadas.

Segundo ele, todo cidadão devia prestar serviço militar ao Império, o imperador devia se submeter à verdade revelada por Deus.

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SANTO AGOSTINHO

“Compreender para crer, crer

para compreender”

.

(Santo Agostinho)

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SANTO AGOSTINHO No processo de desenvolvimento do

cristianismo, tornou-se necessário explicar seus preceitos às autoridades romanas e ao povo em geral.

A Igreja Católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de pregação e conquista espiritual.

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SANTO AGOSTINHO Foi assim que os primeiros padres da

Igreja se empenharam na elaboração de diversos textos sobre a fé e a revelação cristã.

O conjunto desses textos ficou conhecido como PATRÍSTICA, por terem sido escritos principalmente por esses grandes padres da Igreja.

Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia grego-romana, tentou munir a fé de argumentos racionais.

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SANTO AGOSTINHO: VIDA Nome: Aureliano Agostinho;Nasceu em Tagaste (África), no ano

de 354;Morreu em Hipona (Argélia), no ano

de 430. Onde foi bispo da Igreja Católica.

Até completar 32 anos não era cristão. Havia tido até uma vida voltada aos prazeres do mundo e, de uma ligação amorosa ilícita para a época, nascera-lhe Adeodato.

Foi professor de retórica em escolas romanas.

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SANTO AGOSTINHO: FORMAÇÃO

INTELECTUAL Despertou 1ª para a filosofia com a

leitura de CÍCERO. Posteriormente, deixou-se influenciar pelo

MANIQUEÍSMO (doutrina persa que afirmava ser o universo dominado por dois grandes princípios opostos, o BEM e o MAL, mantendo-se uma incessante luta entre si).

Mais tarde, insatisfeito com o maniqueísmo, viajou para Roma e Milão, entrando em contato com o CETICISMO e, depois com o NEOPLATONISMO.

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SANTO AGOSTINHO: CONVERSÃO AO CRISTIANISMO

Cresceu e se aprofundou, então, em Agostinho uma grande crise existencial, uma inquietação quase desesperada em busca de sentido para a vida.

Foi nesse período crítico que ele se encontrou com Santo Ambrósio, bispo de Milão, sentindo-se extremamente atraído por suas pregações.

Pouco tempo depois, converteu-se ao cristianismo, tornando-se seu grande defensor pelo resto da vida.

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SANTO AGOSTINHO:A SUPERIORIDADE DA ALMA SOBRE

O CORPO

Em sua obra, argumenta sobre a SUPREMACIA DO ESPÍRITO SOBRE O CORPO.

Para ele, a alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o corpo, para dirigi-lo à prática do bem.

A verdadeira liberdade estaria na harmonia das ações humanas com a vontade de Deus.

Ser livre é servir a Deus, pois o prazer de pecar é a escravidão.

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SANTO AGOSTINHO:BOAS OBRAS OU GRAÇA

DIVINA? Segundo o filósofo, o homem que

trilha a via do pecado só consegue retornar aos caminhos de Deus e da salvação mediante a combinação de seu esforço pessoal de vontade e a concessão, imprescindível, da graça divina.

Sem a graça de Deus, o homem nada pode conseguir.

Mas nem todas as pessoas deverão receber essa graça, mas somente os PREDESTINADOS à salvação.

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SANTO AGOSTINHO:BOAS OBRAS OU GRAÇA

DIVINA? A doutrina da predestinação à

salvação foi, posteriormente, adotada por alguns ramos da teologia protestante.

Pelágio, afirmava que a boa vontade e as boas obras humanas seriam suficientes para a salvação individual. Era a doutrina do PELAGIANISMO.

Agostinho colocou-se contra essa doutrina e, no concílio de Cartago do ano de 417, o papa Zózimo condenou o pelagianismo como heresia.

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SANTO AGOSTINHO:BOAS OBRAS OU GRAÇA

DIVINA?A condenação do pelagianismo

se explica pelo fato de que conservava a noção grega de autonomia da vida moral humana, isto é, a noção de que o homem pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo boas obras, sem a necessidade da ajuda divina.

Essa noção chocava com a idéia de submissão total do homem ao Deus cristão, defendida pela Igreja.

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SANTO AGOSTINHO:BOAS OBRAS OU GRAÇA

DIVINA?Enquanto na filosofia grega o indivíduo se identificava com o cidadão, a filosofia cristã agostiniana enfatiza no indivíduo sua vinculação pessoal com Deus, a responsabilidade de cada indivíduo pelos seus atos e exalta a salvação individual.

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SANTO AGOSTINHO:LIBERDADE HUMANA E PECADO

Vontade é uma força que determina a vida e não uma função específica ligada ao intelecto.

Agostinho contrapõe-se, dessa forma, ao intelectualismo moral, que teve sua expressão máxima em Sócrates.

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SANTO AGOSTINHO:LIBERDADE HUMANA E PECADO

Isso significa que a LIBERDADE HUMANA é própria da vontade, e não da razão.

E é nisso que reside a fonte do pecado. O indivíduo peca porque usa de seu livre-arbítrio para satisfazer uma vontade má, mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa.

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SANTO AGOSTINHO: PRECEDÊNCIA DA FÉ SOBRE A

RAZÃOAgostinho discutiu a diferença

existente entre fé cristã e razão, afirmando que a fé nos faz crer em coisas que nem sempre entendemos pela razão.

“Creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço.”

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SANTO AGOSTINHO: PRECEDÊNCIA DA FÉ SOBRE A

RAZÃOBaseando-se no profeta bíblico Isaias, dizia ser necessário CRER PARA COMPREENDER, pois a fé ilumina os caminhos da razão, e que a COMPREENSÃO NOS CONFIRMA A CRENÇA posteriormente.

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SANTO AGOSTINHO:A HERANÇA DO HELENISMO

O pensamento agostiniano reflete os principais passos de sua trajetória intelectual anterior à conversão ao catolicismo, que teve a influência do helenismo.

Vejamos:

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SANTO AGOSTINHO:A HERANÇA DO HELENISMO

Do MANIQUEISMOficou uma concepção dualista

no âmbito moral, simbolizada pela luta entre o bem e o mal, a luz e as trevas, a alma e o corpo. Insistia em que já nascemos pecadores e somente um esforço consciente pode nos fazer superar essa deficiência natural.

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SANTO AGOSTINHO:A HERANÇA DO HELENISMO

Do CETICISMOficou a permanente desconfiança nos dados dos sentidos, isto é, no conhecimento sensorial, conhecimento que nos apresenta uma multidão de seres mutáveis, flutuantes e transitórios.

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SANTO AGOSTINHO:A HERANÇA DO HELENISMO

Do PLATONISMOassimilou a concepção de que a

verdade, como conhecimento eterno, deveria ser buscada intelectualmente no “mundo das idéias”.

Defendeu a via do autoconhecimento, o caminho da interioridade, como instrumento legítimo para a busca da verdade. Somente o íntimo de nossa alma, iluminada por Deus, poderia atingir a verdade das coisas.

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BIBLIOGRAFIA CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. 4 ed.

São Paulo: Ática, 2012. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS,

Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. São Paulo; Ática, 1993.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. 16 ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2006.