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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos Área de Insumos Farmacêuticos Candidatos a leishmanicidas, antichagásicos e tuberculostáticos: estudo da síntese de fármacos dirigidos de hidroximetilnitrofural com manana para liberação específica em macrófagos Marina Candido Primi Dissertação para obtenção do grau de MESTRE Orientadora: Profa. Titular Elizabeth Igne Ferreira São Paulo 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos Área de Insumos Farmacêuticos

Candidatos a leishmanicidas, antichagásicos e tuberculostáticos: estudo da síntese de fármacos dirigidos de

hidroximetilnitrofural com manana para liberação específica em macrófagos

Marina Candido Primi

Dissertação para obtenção do grau de MESTRE

Orientadora: Profa. Titular Elizabeth Igne Ferreira

São Paulo

2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos Área de Insumos Farmacêuticos

Candidatos a leishmanicidas, antichagásicos e tuberculostáticos: estudo da síntese de fármacos dirigidos de

hidroximetilnitrofural com manana para liberação específica em macrófagos

Versão corrigida da Dissertação conforme resolução CoPGr 5890.

O original encontra-se disponível no Serviço de Pós-Graduação da FCF/USP.

Marina Candido Primi

Dissertação para obtenção do grau de MESTRE

Orientadora: Profa. Titular Elizabeth Igne Ferreira

São Paulo

2013

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Ficha Catalográfica Elaborada pela Divisão de Biblioteca e

Documentação do Conjunto das Químicas da USP

Pr imi, Marina Candido P953c Candidatos a leishmanicidas, antichagásicos e tuberculostáticos: estudo da síntese de fármacos dir igidos de hidroximetilnitrofural com manana para l iberação específ ica em macrófagos / Mar ina Candido Primi. -- São Paulo, 2013. 65p. Dissertação (mestrado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Departamento de Farmácia. Or ientador : Ferreira, E l izabeth Igne 1 . Polímeros : Química farmacêutica 2. Latenciação : Química farmacêut ica I . T. I I . Ferreira, E l izabeth Igne, or ientador. 615.19 CDD

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Marina Candido Primi

Candidatos a leishmanicidas, antichagásicos e tuberculostáticos: estudo da síntese de fármacos dirigidos de hidroximetilnitrofural com manana para

liberação específica em macrófagos

Comissão Julgadora da

Dissertação para obtenção do grau de Mestre

Profa. Titular Elizabeth Igne Ferreira orientadora/presidente

______________________________________________________________________ 1º examinador

______________________________________________________________________ 2ºexaminador

São Paulo, de 2013.

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“Sorte é o que acontece quando a

preparação encontra a oportunidade”

Elmer Letterman

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Dedico este trabalho...

Aos meus pais, Rosana Candido Primi e Marcos Primi,

por todo amor e dedicação. Obrigada por me apoiarem sempre,

esta conquista também é de vocês.

Ao meu querido irmão, Caio Primi, pela amizade e

paciência.

Ao meu namorado, Maurício T. Tavares, por seu

carinho e incentivo em todos os momentos. Sua presença nessa

trajetória foi fundamental.

A minha orientadora, Profa. Dra. Elizabeth I. Ferreira,

pelos conselhos, apoio e dedicação a este trabalho. Seu amor pela

docência é inspirador.

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Agradecimentos

Ao departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências

Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, pela oportunidade.

À FAPESP, pelo apoio financeiro.

Aos amigos, Natanael Segretti e Mariana Frojuello, por todas

as conversas e risadas.

Aos colegas de laboratório, Ana Luisa Cadore, Andressa

Polidoro, Charles Brito, Drielli Vital, Fabrício Vargas, Fernando

Gatti, Fredson Silva, Guilherme Dutra, Guiulia Kassab, Jeanine

Giarolla, Leonardo Xavier, Lorena Paes, Marco Arribas, Ricardo

Serafim, Rodrigo Gonzaga, Soraya Santos, Tacila Pereira e

Vanessa Otelo, pelos momentos de amizade e troca de

conhecimento.

Aos colegas do bloco 13, Diego Prieto, Elys Cardoso, Juliana

Magalhães, Juliana Pachioni, Matheus Sá, Rosania Yang e Thais

Fernandes, pela ótima convivência.

Aos professores Dra. Carlota de O. R. Yagui , Dr. Gustavo H. G.

Trossini e Dr. Roberto Parise Filho, por seus ensinamentos e

colaborações.

Às Professoras Dras. Chung Man Chin e Claudete Justina

Valduga, pelas valiosas contribuições no exame de qualificação.

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Ao Dr. Márcio H. Zaim, pelas sugestões sintéticas ao longo

deste trabalho.

À Dra. Kerly Pasqualoto, pelo auxilio nos estudos de

modelagem molecular presentes neste trabalho.

Aos funcionários da Faculdade de Ciências Farmacêuticas,

Bete, David, Kelma e Miriam, por serem sempre tão prestativos.

À minha grande amiga, Vicky Forshaid, por estar sempre

presente na minha vida.

A todos da minha família, que estão sempre torcendo por

mim.

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Resumo

PRIMI, M. C. Candidatos a leishmanicidas, antichagásicos e tuberculostáticos:

estudo da síntese de fármacos dirigidos de hidroximetilnitrofural com manana

para liberação específica em macrófagos. 2013. 65p. Dissertação – Faculdade de

Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

As doenças negligenciadas infectam mais de um bilhão de pessoas no

mundo, no entanto, uma fração ínfima dos fármacos registrados nos últimos anos é

direcionada a essas patologias. Entre as doenças negligenciadas consideradas

prioridade, encontram-se doença de Chagas e leishmaniose. A tuberculose, que

recentemente não é mais classificada como negligenciada pela Organização

Mundial da Saúde, também está entre as prioridades do Ministério da Saúde no

Brasil. O arsenal terapêutico disponível para o tratamento destas enfermidades

compreende fármacos com toxicidade elevada e resistência crescente, entre outros

inconvenientes. Dessa forma, verifica-se a importância no desenvolvimento de

novos fármacos para as referidas doenças. Para este fim, o presente trabalho

objetivou a síntese de um fármaco dirigido de hidroximetilnitrofural (NFOH) com

manana para a liberação específica em macrófagos. O processo de latenciação foi

utilizado para a consecução desse objetivo por meio da estratégia de fármacos

dirigidos, buscando elevar seletividade e potência do NFOH. Este composto

protótipo possui ação potencial tripanomicida, leishmanicida e tuberculostática. O

transportador utilizado foi a manana, polímero de manose, que direciona a liberação

da molécula ativa em receptores de manose observados na superfície de

macrófagos. Em razão da presença de Trypanosoma cruzi, Leishmania sp. e

Mycobacterium tuberculosis no interior de macrófagos em parte de seu ciclo

biológico, o referido receptor é considerado um alvo adequado à liberação

específica. Na tentativa de obter o referido fármaco dirigido, diversas metodologias

sintéticas foram desenvolvidas. Também, realizaram-se estudos de modelagem

molecular a fim de se obter informações sobre a liberação do fármaco dirigido

proposto. Face à dificuldade de obtenção do derivado de NFOH, adicionalmente,

realizou-se metodologias sintéticas a fim de se sintetizar um fármaco dirigido de

metronidazol, fármaco que possui atividade antichagásica conhecida. Realizaram-

se, também, estudos de modelagem molecular relacionados à sua liberação.

Palavras-chave: Fármaco dirigido. Hidroximetilnitrofural. Manana.

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Abstract

PRIMI, M. C. Leishmanicidal, antichagasic and tuberculostatic candidates:

synthesis study of hydroxymethylnitrofurazone drug targeted with mannan for

macrophages. 2013. 65p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências

Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

Neglected diseases infect more than one billion people worldwide. However, a

small fraction of the drugs registered in recent years is addressed to these

pathologies. Leishmaniasis and Chagas' disease are among the neglected diseases

considered priority. Tuberculosis, which is no longer classified as a neglected

disease by the World Health Organization, is also among the priorities of the Ministry

of Health in Brazil. The therapeutic arsenal available for the treatment of those

diseases comprehends drugs with high toxicity and increasing resistance, among

other inconveniences. Thus, it is important the development of new drugs for those

diseases. For this purpose, this study aimed at synthesizing

hydroxymethylnitrofurazone (NFOH) drug targeted with mannan for the specific

release in the macrophages. Prodrug design was used to achieve this goal by means

of targeted drugs strategy towards increasing NFOH selectivity and potency. This

lead compound has potential trypanocidal, leishmanicidal and tuberculostatic activity.

The directing group used was a mannose polymer, mannan, which directs the

release of the active compound to mannose receptors (MR) on macrophages

surface. Due to the presence of Trypanosoma cruzi, Leishmania sp. and

Mycobacterium tuberculosis inside macrophages during part of their life cycle, MR

are considered a suitable target for specific release. In an attempt to obtain the

proposed compound, several synthetic methods have been developed. Also,

molecular modeling studies were carried out to obtain information about the targeted

drug release. Due to the difficulty of obtaining NFOH derivative, the synthesis of

metronidazole targeted drug was tried. Also molecular modeling studies to predict

metronidazole release from mannan derivative were performed.

Keywords: Targeted drug. Hydroxymethynitrofurazone. Mannan.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 01

1.1 DOENÇAS NEGLIGENCIADAS............................................................. 01

1.1.1 DOENÇA DE CHAGAS........................................................................ 03

1.1.2 LEISHMANIOSE................................................................................... 08

1.1.3 TUBERCULOSE................................................................................... 12

1.2 PLANEJAMENTO DE FÁRMACOS POR MEIO DA MODIFICAÇÃO

MOLECULAR................................................................................................

18

1.2.1 LATENCIAÇÃO.................................................................................... 18

1.2.1.1 Pró-fármacos.................................................................................... 19

1.2.1.2 Fármacos dirigidos.......................................................................... 20

1.3 MANANA................................................................................................. 21

1.4 RECEPTORES MANOSÍDICOS NA SUPERFÍCIE DE

MACRÓFAGOS.............................................................................................

22

1.5 HIDROXIMETILNITROFURAL (NFOH).................................................. 25

1.6 ESTUDOS DE MODELAGEM MOLECULAR NO PLANEJAMENTO

RACIONAL DE FÁRMACOS........................................................................

27

2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA................................................................ 29

3 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 31

3.1 MATERIAL.............................................................................................. 31

3.1.1 REAGENTES E SOLVENTES............................................................. 31

3.1.2 EQUIPAMENTOS................................................................................. 32

3.2 MÉTODOS............................................................................................... 32

3.2.1 MÉTODOS DE ANÁLISE..................................................................... 32

3.2.2 EXTRAÇÃO DA MANANA DE Saccharomyces cerevisiae.............. 33

3.2.3 SÍNTESE............................................................................................... 33

3.2.3.1 Síntese do nitrofural (NF) ............................................................... 34

3.2.3.2 Síntese do nitrofural hidroximetilado (NFOH)............................... 35

3.2.3.3 Síntese de fármaco dirigido de NFOH com manana.................... 35

3.2.3.3.1 Rota 1 - Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana,

a partir do NFOH..........................................................................................

36

A. Hemissuccinato de hidroximetilnitrofural (SCNFOH)................................ 36

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iv

3.2.3.3.2 Rota 2 - Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana,

a partir da manana.......................................................................................

39

A. Derivado succinoilado da manana (DSM) [adaptado de RICELLI

(2003)]............................................................................................................

39

B. Adição do composto ativo, NFOH [adaptado de RICELLI

(2003)]............................................................................................................

40

3.2.4 MODELAGEM MOLECULAR ............................................................. 40

3.2.4.1 Construção do modelo 3D ............................................................. 40

3.2.4.2 Otimização do modelo .................................................................... 41

3.2.4.3 Dinâmica molecular ........................................................................ 41

3.2.4.4 Obtenção do MEP e da superfície molecular de acessibilidade

ao solvente ..................................................................................................

41

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 42

4.1 EXTRAÇÃO DA MANANA DE Saccharomyces cerevisiae ............... 42

4.2 SÍNTESE ................................................................................................. 44

4.2.1 SÍNTESE DO NITROFURAL ............................................................... 44

4.2.2 SÍNTESE DO HIDROXIMETILNITROFURAL...................................... 46

4.2.3 SÍNTESE DE FÁRMACO DIRIGIDO DE NFOH COM MANANA ....... 48

4.2.3.1 Rota 1 - Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana, a

partir do NFOH.............................................................................................

48

A. Hemissuccinato de hidroximetilnitrofural (SCNFOH)..........................

4.2.3.2 Rota 2 - Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana, a

partir da manana .........................................................................................

A. Derivado succinoilado da manana (DSM) [adaptado de RICELLI

(2003)]...........................................................................................................

B. Adição do composto ativo, NFOH [adaptado de RICELLI

(2003)]...........................................................................................................

48

52

52

54

4.3 MODELAGEM MOLECULAR ................................................................ 55

5 CONCLUSÕES .......................................................................................... 57

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 58

ANEXO I: FÁRMACO DIRIGIDO DE METRONIDAZOL COM

MANANA........................................................................................................

ANEXO II: ATIVIDADES ACADÊMICAS........................................................ VIII

I

IX

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ANEXO III: FICHA DO ALUNO....................................................................... XII

ANEXO IV: CURRÍCULO LATTES.................................................................

XIII

XVI

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1 INTRODUÇÃO

1.1 DOENÇAS NEGLIGENCIADAS

O termo doenças negligenciadas se aplica às patologias que apresentam

prevalência em locais de clima tropical e subtropical e em populações que vivem em

condições de pobreza. Mais de 70% dos países e territórios, que relatam a presença

destas patologias, apresentam renda baixa ou média baixa, sendo que estas são

consideradas endêmicas na Ásia, na África e nas Américas Central e do Sul.

Atualmente, também têm se observado diversos casos de algumas doenças

negligenciadas em países da América do Norte e Europa. As referidas doenças

causam graves consequências socioeconômicas, contribuindo para a manutenção

do quadro de desigualdade social, uma vez que geram efeitos diretos e de longo

prazo à saúde. A redução da qualidade de vida dos indivíduos acometidos causa

marginalização e redução da produtividade, o que afeta, consequentemente, a

agricultura, a educação e a economia (COHEN, DIBNER, WILSON, 2010; WHO,

2009c, GARG, 2011; HOTEZ, GURWITH, 2011; ZHANG et al., 2010).

Estas patologias podem ser causadas por parasitas, bactérias, fungos,

ectoparasitas ou agentes virais, sendo classificadas em três categorias segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS). A primeira categoria inclui as doenças

emergentes e que não estão sob controle, como dengue, tripanossomíase africana e

leishmaniose. A segunda inclui enfermidades as quais, apesar de permanecerem

prevalentes, possuem estratégia de controle disponível, sendo estas malária e

esquistossomose. A terceira categoria inclui patologias que apresentam decréscimo

na prevalência, estratégia de controle eficaz e plano para sua eliminação, sendo

estas hanseníase, doença de Chagas, filariose linfática e oncocercose (LINDOSO,

LINDOSO, 2009).

Através de dados epidemiológicos e demográficos e da determinação do

impacto da doença no Brasil, o Ministério da Saúde (MS) definiu, entre as 17

doenças classificadas como negligenciadas pela OMS, nas quais se deve atuar com

prioridade. Entre elas estão, dengue, doença de Chagas, leishmaniose, hanseníase,

malária e esquistossomose. Entre as doenças citadas anteriormente, o MS havia

incluído a tuberculose, porém, atualmente esta não é classificada como doença

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negligenciada pela OMS. Isto se deve ao aumento no investimento para combater a

tuberculose em diversos países, sendo que, em alguns casos, houve aumento de

até 86% no investimento em 2012. Apesar de, atualmente, a tuberculose não estar

inserida no contexto de doenças negligenciadas, esta permanece entre as

prioridades do MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, WHO, 2011a, 2012a, 2013a).

Segundo dados da OMS, há mais de um bilhão de pessoas infectadas com

uma ou mais doenças negligenciadas no mundo. No entanto, apesar de atingirem

um número altamente expressivo de indivíduos, menos de 1% dos 1393

medicamentos registrados entre 1975 e 1999 foram destinados a essas patologias e

menos de 0,001% dos 60-70 bilhões de dólares aplicados na busca de novos

fármacos se direcionaram ao desenvolvimento de novos tratamentos para as

doenças negligenciadas (WHO, 2009c, 2011a).

Dessa forma, observa-se que, apesar de haver financiamento para pesquisas

acadêmicas relacionadas às doenças negligenciadas, o conhecimento produzido

não gera o avanço terapêutico esperado. Isso ocorre, pois, apesar de ter se

observado aumento de 40% em pesquisa e desenvolvimento nesta área entre os

anos de 2011 e 2012, ainda há baixo interesse da indústria farmacêutica em gerar

novos fármacos, métodos de diagnóstico e vacinas para estas patologias. Este

interesse reduzido se deve ao fato de que a população atingida possui baixa renda

e, consequentemente, não proporciona o lucro exigido no ambiente industrial

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010; TDR, 2013).

Na busca por reverter a situação observada, a temática de doenças

negligenciadas se encontra inserida na relação de temas definidos como prioritários

em pesquisa pelo MS, havendo diversas linhas de pesquisa da Agenda Nacional de

Prioridades de Pesquisa em Saúde (ANPPS) direcionadas a este tema. Com o

objetivo de incrementar o desenvolvimento das áreas de pesquisa prioritárias, o MS

esta investindo na organização de redes de pesquisa. Em 2009, o MS, em parceria

com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e as Fundações de Amparo à

Pesquisa (FAPs) de alguns estados do País, constituíram uma rede para promover

pesquisas sobre malária, seguida de editais contendo propostas para a implantação

de outras redes relacionadas às doenças negligenciadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2010).

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1.1.1 DOENÇA DE CHAGAS

A doença de Chagas, também conhecida como tripanossomíase americana,

foi descoberta, em 1909, pelo médico brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano das

Chagas, sendo descritos por ele, o agente etiológico, o ciclo de transmissão e as

manifestações clínicas agudas da doença. Estima-se que a tripanossomíase

americana atinja aproximadamente 8 milhões de pessoas em 21 países da América

Latina, apresentando maior incidência nas Américas Central e do Sul e no México

(Figura 1). Relatórios recentes estimam que o número de pessoas infectadas nas

Américas se encontra entre 9,8 e 15 milhões (RASSI JUNIOR, RASSI, MARIN-

NETO, 2010; WHO, 2007, 2012b; DAVIES et al., 2010)

Figura 1: Distribuição mundial da doença de Chagas entre os anos de 2006 e 2010.

Fonte: WHO (2013b).

Nos últimos anos, a referida patologia tem atingido países que não se

encontram nas áreas endêmicas, como Japão, Austrália, países da América do

Norte, como Canadá e Estados Unidos, e países da Europa (Figura 1). Acredita-se

que tal fato ocorra principalmente devido às migrações de pessoas provenientes de

países endêmicos da América Latina (Figura 2). Estima-se que existam,

aproximadamente, 300.000 indivíduos infectados com T. cruzi nos Estados Unidos,

sendo a maioria de imigrantes provenientes do México e América Central. Observou-

se que entre 1999 e 2009 o número de pessoas com doença de Chagas na Europa

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ultrapassou 80.000, estando entre os países mais afetados, Espanha, Inglaterra e

Itália. Estima-se que na Espanha haja entre 47.738 e 67.423 imigrantes infectados

pelo parasita, sendo a maioria proveniente do Equador, Argentina, Bolívia e Peru

(PEREZ-MOLINA et al., 2011; WHO, 2007, 2012b).

Figura 2: Esquema do fluxo imigratório na doença de Chagas e estimativa do

total de indivíduos infectados em áreas não endêmicas. Fonte: COURA, VINAS (2010).

O agente etiológico desta doença é o parasita Trypanosoma cruzi (Figura 3),

um flagelado da família Trypanosomatidae que, durante seu ciclo de vida, necessita

de dois hospedeiros, um vertebrado, geralmente mamífero, e outro invertebrado, o

triatomíneo. Este parasita, de acordo com a fase de seu ciclo, se apresenta em três

formas, a epimastigota, a qual ocorre em seu hospedeiro invertebrado; a

tripomastigota, forma infectante e presente no sangue do hospedeiro vertebrado, e a

amastigota, sua forma intracelular (REY, 2001).

Figura 3: Trypanosoma cruzi.

Fonte: http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1976&sid=9&tp

A transmissão do T. cruzi ocorre, principalmente, por meio do triatomíneo,

considerado seu vetor. Pode ocorrer, também, por transfusão sanguínea,

transmissão congênita, transplante de órgãos e por via oral, através da ingestão do

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parasita em alimentos. Existem mais de cem espécies de triatomíneos aptas a

transmitir o referido parasita. No Brasil, destacam-se o Triatoma infestans e o

Panstrongylus megistus (Figura 4), porém, segundo a OMS, a transmissão por

vetores domésticos foi erradicada em 2006. Apesar de os triatomíneos serem

originalmente silvestres, estes se domiciliaram, ou seja, passaram a habitar casas

com paredes de barro e casebres de palha, habitados por famílias pobres das áreas

rurais. Dessa forma, seu contato com seres humanos foi facilitado, ocorrendo a

transmissão da infecção aos moradores das regiões referidas e a seus animais

domésticos (CLAYTON, 2010; REY, 2001; NEVES, 2000).

Figura 4: Panstrongylus megistus.

Fonte: PATTERSON, BARBOSA, FELICIANGELI (2009).

Estes invertebrados são hematófagos, alimentam-se do sangue de diversos

mamíferos e outros vertebrados, sendo que, quando os referidos animais se

encontram infectados, são chamados de animais hospedeiros, presentes nas áreas

endêmicas. Durante o hematofagismo de um animal infectado (Figura 5), o

triatomíneo adquire o parasita em sua forma tripomastigota, que, em seu estômago,

se transforma em epimastigota. Este se alojará, então, no intestino do inseto. No

intestino, os epimastigotas se multiplicam através de divisão binária simples e ao

atingirem o reto se diferenciam em tripomastigotas, sendo eliminados em suas fezes

(CLAYTON, 2010; NEVES, 2000).

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Figura 5: Ciclo de vida doTrypanosoma cruzi.

Fonte: http://www.cdc.gov/parasites/chagas/biology.html

Ao se alimentar novamente, o triatomíneo infectado irá liberar, em suas fezes,

a forma tripomastigota metacíclica do T. cruzi. Esta penetrará no novo hospedeiro,

em geral, através da conjuntiva, das mucosas ou de cortes e abrasões na pele. Na

região da penetração, ocorrerá a fagocitose dos tripomastigotas por macrófagos, e,

ao se encontrar em ambiente intracelular, transforma-se em amastigota, iniciando-se

a fase de multiplicação intracelular. Nesta fase, cada amastigota irá gerar, por

divisão binária, dezenas de elementos filhos, que, após quatro a seis dias, irão

readquirir a forma tripomastigota e lisar a célula hospedeira. Após a lise celular, os

tripomastigotas irão aos espaços intersticiais, alguns invadem novas células vizinhas

e outros se disseminam através das correntes sanguínea e linfática, colonizando

órgãos e tecidos diversos (CLAYTON, 2010; REY, 2001).

Clinicamente, a infecção chagásica humana passa por dois estágios

sucessivos: a fase aguda, que tem duração de seis a oito semanas, e a fase crônica,

que normalmente se prolonga por toda a vida do hospedeiro. A maioria dos

pacientes se encontra na fase aguda e possui aparência saudável, não havendo

evidências de danos aos órgãos. Essa fase é seguida pela fase crônica, que se

inicia à medida que os níveis de parasitemia diminuem em intensidade (WHO, 2000;

DIAS et al., 2009).

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7

A fase crônica possui uma etapa inicial denominada fase indeterminada, que,

na maioria dos pacientes, persiste indefinidamente, ocorrendo a instalação de

miocardite focal. No entanto, 20 a 30% dos indivíduos infectados irão para a próxima

etapa, na qual desenvolverão complicações apresentadas na forma de lesões em

vários órgãos. O coração e o sistema digestivo são os principais órgãos atingidos, e,

sendo assim, a referida condição será denominada forma cardíaca, quando atingir o

coração, e forma digestiva, quando atingir o sistema digestivo (WHO, 2000, 2012b;

DIAS et al., 2009).

O controle desta parasitose ocorre por meio de medidas profiláticas como

melhoria das condições de vida das populações rurais, combate ao vetor, controle

do doador de sangue e tratamento aos infectados. O tratamento inclui, além da

terapia, medidas como implantação de marcapassos eletrônicos e cirurgia, no caso

da forma cardíaca da doença, e intervenção cirúrgica, no caso da forma digestiva da

doença (REY, 2001; NEVES, 2000).

Atualmente, a terapia para a doença de Chagas é fundamentada na utilização

de dois fármacos, nifurtimox e benznidazol (Figura 6). Ambos são eficazes na fase

aguda da doença, ou seja, não são ativos em todos os estágios desta e podem

causar graves efeitos adversos, como dermatite, intolerância digestiva e hepatite,

sendo necessária a interrupção do tratamento. No Brasil, apenas o benznidazol é

disponível no mercado, mesmo sendo observado que as cepas presentes no País

são mais resistentes a este fármaco do que as cepas presentes em outros países.

Dessa forma, é de grande importância o desenvolvimento de uma terapia mais

eficaz para esta patologia (TROSSINI et al., 2010a; DAVIES et al., 2010;

CARRILERO et al., 2011; COURA, BORGES-PEREIRA, 2012).

Figura 6: Fármacos utilizados no tratamento da doença de Chagas.

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8

1.1.2 LEISHMANIOSE

A leishmaniose é uma parasitose que pode apresentar sintomas clínicos

cutâneos, mucocutâneos e viscerais ao ocorrer a infecção da espécie humana por

parasitas do gênero Leishmania sp. Esta infecção ocorreu e ocorre em regiões

tropicais e subtropicais do Velho e do Novo Mundo, sendo determinada como

doença do sistema fagocítico mononuclear (SFM) (MAIA et al., 2007; REY, 2001).

A leishmaniose é considerada endêmica em 98 países ou territórios, sendo

que o alcance geográfico desta patologia se eleva continuamente. Aproximadamente

12 milhões de pessoas estão infectadas com o parasita e estima-se que ocorram 2

milhões de novos casos por ano de leishmaniose, sendo que 500 mil destes são da

forma visceral. Destes 500 mil casos, entre 20 e 40 mil casos evoluem à morte

(WHO, 2012b; WHO, 2013b).

Registros mostram que 90% dos pacientes com forma visceral se distribuem

entre Bangladesh, Brasil, Índia, Nepal e Sudão (Figura 7); 90% dos casos

mucocutâneos ocorrem na Bolívia, Brasil e Peru e 90% dos casos cutâneos são

observados no Afeganistão, Brasil, Irã, Peru, Arábia Saudita e Síria. No Brasil,

relatam-se, por ano, 28.000 casos de leishmaniose tegumentar e 3.000 casos de

leishmaniose visceral. Observaram-se surtos de leishmaniose em áreas não

endêmicas, como Europa e América do Norte, e se acredita que isso ocorra devido à

grande migração mundial e à presença de novas rotas comerciais, que incluem

países nos quais a doença é observada (WHO, 2009b, 2010a, 2011a; TONIN et al.,

2010; LINDOSO, LINDOSO, 2009; HARHAY et al., 2011).

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Figura 7: Distribuição mundial da leishmaniose visceral entre os anos de 2005 e 2010.

Fonte: WHO (2013b).

Os agentes causais da leishmaniose pertencem à família Trypanosomatidae e

ao gênero Leishmania sp (Figura 8), sendo conhecidas mais de 20 espécies

patogênicas para o homem. A leishmaniose cutânea é provocada por diversas

espécies de Leishmania sp. No Brasil, as espécies envolvidas são L. braziliensis, L.

guyanensis, L. lainsoni e L. amazonensis. O agente etiológico da leishmaniose

mucocutânea é a L. braziliensis e na leishmaniose visceral o agente etiológico atual

é a L. infantum chagasi. Durante seu ciclo de vida o parasita irá possui dois

hospedeiros, um invertebrado, que consiste em um inseto hematófago, e um

vertebrado, que abrange grande variedade de mamíferos. Ao parasitar estes

hospedeiros a Leishmania sp. apresenta-se de duas formas, a forma amastigota,

semiflagelada livre e intracelular obrigatória do sistema fagocítico mononuclear de

hospedeiros vertebrados, e a forma promastigota, flagelada, que ocorre quando o

parasita se desenvolve no tubo digestivo de hospedeiros invertebrados (REY, 2001;

NEVES, 2000; HARHAY et al., 2011, WHO, 2012b).

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Figura 8: Leishmania.

Fonte: http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=197

A transmissão desta parasitose se dá através da picada da fêmea do inseto

vetor, um flebotomíneo que pode pertencer a diversos gêneros, sendo os de real

importância o Phlebotomus e o Lutzomyia (Figura 9). O primeiro abrange os

transmissores de leishmaniose na África, Europa e Ásia, e o segundo compreende

os vetores de leishmaniose nas Américas (MAIA et al., 2007; REY, 2001; NEVES,

2000).

Figura 9: Lutzomyia.

Fonte: http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=353&sid=6

Ao picar um indivíduo ou animal parasitado, a fêmea do flebotomíneo adquire

a forma amastigota do parasita (Figura 10), que irá evoluir à promastigota no interior

de seu tubo digestivo, onde ocorre intensa multiplicação por divisão binária simples.

Ao ingerir sangue de um novo indivíduo, o inseto regurgita parte do material

aspirado, que contém grande número de promastigotas, inoculando um novo

hospedeiro vertebrado. Na pele do vertebrado, os promastigotas são fagocitados por

macrófagos, retornando à sua forma amastigota intracelular e habitando os

fagossomos dos referidos macrófagos, nos quais irão se multiplicar. Após

sucessivas multiplicações, o macrófago se apresentará em tamanho aumentado,

rompendo-se e liberando diversos amastigotas, que serão novamente fagocitados

por outros macrófagos, iniciando-se uma reação inflamatória (MAIA et al., 2007;

REY, 2001; NEVES, 2000).

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Figura 10: Ciclo de vida do parasita Leihmania sp.

Fonte: adaptado http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/html/leishmaniasis.htm

A leishmaniose cutânea, forma mais prevalente da doença, é relativamente

benigna, observando-se a presença de lesões cutâneas limitadas, ulcerosas ou não.

Estas lesões ocorrem na área do tegumento onde ocorreu a inoculação do parasita,

devido à destruição celular e outras modificações histológicas, que produzem reação

inflamatória no local. Na leishmaniose mucocutânea ocorrem lesões cutâneas de

vários tipos e frequentes lesões secundárias nas mucosas do nariz, boca e faringe.

Neste caso, as lesões iniciais no ponto de inoculação podem terminar por se ulcerar

de forma indolor, com contornos regulares e bordas salientes, e estas lesões podem

ser difundidas pelos parasitas por meio das vias hematogênica e linfática (REY,

2001; NEVES, 2000; HARHAY et al., 2011).

A leishmaniose visceral, ou calazar, é uma doença zoonótica, sendo os

animais infectados considerados reservatórios desta. Esta forma de leishmaniose é

a mais grave, observando-se elevada mortalidade quando não tratada, podendo

levar à morte em até dois anos. Nesta, os parasitas apresentam acentuado tropismo

pelo SFM do baço, fígado, medula óssea e tecidos linfóides, o que pode gerar

hipertrofia e hiperplasia do sistema macrofágico das vísceras, ocorrendo espleno e

hepatomegalias e alterações na medula óssea (REY, 2001; NEVES, 2000; HARHAY

et al., 2011, WHO, 2013b).

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O arsenal terapêutico disponível para o tratamento da leishmaniose não é

satisfatório. No Brasil, utilizam-se antimoniais pentavalentes, como o antimoniato de

meglumina (Figura 11), como quimioterapia de primeira escolha, e anfotericina B e

pentamidina, como quimioterapia de segunda escolha. Estes fármacos apresentam

diversos inconvenientes para os pacientes e tem se observado aumento no número

de cepas resistentes a estes. No caso da Índia, em que a resistência aos antimoniais

é tão expressiva, esses fármacos se tornaram obsoletos, dando lugar à anfotericina

B como quimioterapia de primeira escolha. Além disso, podem-se citar como

inconvenientes a via de administração destes, que é apenas a parenteral, a

toxicidade, que inclui danos renais, pancreáticos e cardíacos, e o custo do

tratamento (LINDOSO, LINDOSO, 2009; MITROPOULOS, KONIDAS, DURKIN-

KONIDAS, 2010; CROFT, OLLIARO, 2011; KOBETS, GREKOV, LIPOLDOVA,

2012; SUNDAR, CHAKRAVARTY, 2013).

Figura 11: Antimonial pentavalente utilizado no tratamento da leishmaniose.

Com relação às vacinas para a referida patologia, existe um grande número

de pesquisas nesta área, muitas com resultados promissores, porém, ainda não há

vacinas disponíveis. Observa-se que a leishmaniose ainda se encontra em

expansão no País, devido às mudanças ambientais, migração de indivíduos não

imunes às áreas endêmicas, falha terapêutica e crescimento de cepas resistentes ao

tratamento (MAIA et al., 2007; LINDOSO, LINDOSO, 2009; MITROPOULOS,

KONIDAS, DURKIN-KONIDAS, 2010; COSTA et al., 2011).

1.1.3 TUBERCULOSE

A tuberculose (TB) é uma patologia grave, da qual há relatos desde a Grécia

e Roma antigas e, no Brasil, foi introduzida pelos portugueses e missionários

jesuítas a partir do ano de 1500. Por volta de 1990, observou-se uma epidemia de

TB no Brasil e, em 1993, esta foi considerada emergência global de saúde pública

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pela OMS. A micobactéria responsável pela doença, apesar de muito antiga, foi

isolada somente em 1882, pelo cientista alemão Robert Koch. Em sua homenagem,

o bacilo da tuberculose ficou conhecido como bacilo de Koch (BK). Atualmente,

observa-se maior prevalência desta patologia nas áreas urbanas de pobreza, em

populações que não possuem acesso adequado à saúde, moradores de rua,

presidiários, idosos e outras minorias (RUFFINO-NETTO, 2002; MURRAY et al.,

2003; SOUZA, VASCONCELOS, 2005; WHO, 2012a).

Segundo dados da OMS, houve, aproximadamente, 9,4 milhões de novos

casos de TB em 2009, registrando-se decréscimo na incidência desta patologia nos

últimos anos (Figura 12). No ano de 2010, houve, aproximadamente, 8,8 milhões de

casos de TB e entre 1,2-1,5 milhões de mortes causadas pela infecção. Em 2011, o

número de casos se manteve semelhante ao observado em 2010, ou seja,

aproximadamente, 8,7 milhões de novos casos distribuídos globalmente (Figura 13).

No Brasil, estima-se que ocorram 92 mil novos casos de TB por ano, sendo as

regiões Norte e Nordeste as mais atingidas (WHO, 2009a, 2009d, 2011b, 2012a).

Figura 12: Incidência de TB no mundo.

Fonte: (WHO, 2012a).

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Figura 13: Distribuição global dos novos casos de tuberculose no ano de 2011.

Fonte: WHO (2012a).

Esta patologia é causada por uma micobactéria denominada Mycobacterium

tuberculosis (Figura 14), que possui forma de bastonete e não se cora facilmente.

Quando corada, essa bactéria é resistente à descoloração por ácido ou álcool,

sendo assim, denominada bacilo "álcool-ácido resistente". O M. tuberculosis é um

microrganismo intracelular facultativo, fagocitado por monócitos e macrófagos, e a

infecção por este pode resultar em doença ativa, que apresenta manifestações

clínicas, ou infecção latente, sem sinais e sintomas clínicos (KANG, SCHLESINGER,

1998; JAWETZ, MELNICK, ADELBERG, 1980).

Figura 14: Mycobacteruim tuberculosis.

Fonte: http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5181&sid=9

A transmissão do bacilo (Figura 15) ocorre quando um indivíduo suscetível

entra em contato, por meio de suas vias aéreas, com gotículas de aerossol,

contendo o bacilo, geradas através da tosse de um indivíduo que apresenta doença

ativa. A partir do momento em que o microrganismo se encontra nos alvéolos

pulmonares, este é fagocitado por macrófagos alveolares e, em seu interior,

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multiplica-se dentro de fagossomos únicos, que não se fundem aos lisossomos.

Dessa forma, após a infecção inicial, alguns bacilos podem se manter viáveis na

forma latente, multiplicando-se dentro dos macrófagos, por diversos anos.

Posteriormente, passam à forma ativa, mesmo havendo limitação da sua

multiplicação e propagação por parte da resposta imune do hospedeiro (KANG,

SCHLESINGER, 1998, LIN, FLYNN, 2010; MURRAY et al., 2003).

Figura 15: Transmissão do M. tuberculosis.

Fonte: http://www.cdc.gov/tb/topic/basics/default.htm

Apenas 5 -10% dos infectados irão desenvolver a forma ativa da doença, ou

seja, a maioria desenvolve a forma latente, sendo considerados reservatórios

potenciais desta. Atualmente, a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana

(HIV) é o maior fator de risco para que haja a progressão de uma infecção latente

para a tuberculose ativa. A combinação de infecção por HIV e tuberculose,

especialmente associada à resistência ao tratamento, tem causado surtos com altas

taxas de mortalidade. Além disso, existem grupos com alta probabilidade de

progressão, que incluem indivíduos com condições médicas precárias, crianças

menores de quatro anos e indivíduos que apresentam lesões fibróticas e cancerosas

em radiografias do tórax (LIN, FLYNN, 2010; MURRAY et al., 2003).

Indivíduos que apresentam a forma latente da doença são assintomáticos e

não transmitem a infecção, porém, passando à forma ativa, inicia-se um lento

processo progressivo. Este processo é caracterizado por focos de inflamação

crônica, podendo haver formação de lesões granulomatosas que geram cavidades

nos alvéolos pulmonares. Esta forma de TB é denominada TB pulmonar. Nestes

focos, pode ocorrer a ruptura dos macrófagos e consequente liberação de grande

número de bacilos para outras áreas dos pulmões, o que os torna passíveis de

serem veiculados por meio da tosse em partículas de aerossol capazes de infectar

outros indivíduos. Os sintomas clínicos observados neste caso são tosse, perda de

peso, suor noturno, febre baixa, dispnéia e dores no peito. O M. tuberculosis

também pode se difundir, no organismo do hospedeiro, por vias linfática e

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hematógena, dos brônquios ou do trato gastrintestinal, dando origem à TB

extrapulmonar. Neste caso, observam-se manifestações extrapulmonares, que

incluem linfadenite cervical, pleurite, pericardite, sinusites, meningites e infecções na

pele, articulações, ossos e outros órgãos (MURRAY et al., 2003; JAWETZ,

MELNICK, DELBERG, 1980; WHO, 2010b).

Para a prevenção e controle desta infecção, necessitam-se medidas de saúde

pública, como a busca pela vacinação disponível e recomendada pelo MS, que

pretende elevar a imunização do indivíduo caso haja uma infecção posterior; o

diagnóstico precoce dos casos de TB e posterior tratamento dos infectados até que

atinjam a condição de não-infectantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, 2010).

O tratamento baseia-se na padronização de esquemas terapêuticos diários ou

intermitentes por longos períodos, que podem variar de seis meses a um ano ou

mais. No Brasil, o tratamento da TB possui alta taxa de abandono, o que faz com

que não haja a cura do paciente, continuando este a ser um indivíduo infectante e,

além disso, passível de selecionar micobactérias resistente aos fármacos usuais. Os

fármacos preconizados pelo MS e utilizados no esquema básico de tratamento da

TB no Brasil são rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol (Figura 16). Estes

são administrados em comprimidos com doses fixas combinadas de 150 mg de

rifampicina, 75 mg de isoniazida, 400 mg de pirazinamida e 275 mg de etambutol.

Em casos de multirresistência, alterações hepáticas e intolerância utiliza-se outros

esquemas nos quais se variam os quimioterápicos (MENDES, FENSTERSEIFER,

2004; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, 2010; WHO, 2010b; WONG, COHEN,

BISHAI, 2013).

Figura 16: Fármacos pertencentes ao esquema básico do tratamento da

tuberculose.

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Buscando reverter a grave situação observada com relação ao tratamento da

TB, a OMS formulou, em 1993, a estratégia denominada Directly Observed

Treatment, Short-course (DOTS). Esta estratégia atingiu a adesão de 180 países em

2003 e se baseia na união do tratamento de curta duração, havendo monitoramento

e suporte ao paciente, com medidas políticas, organizacionais e de vigilância.

Embora o tratamento de curta duração tenha sido adotado desde 1979, no Brasil, a

OMS considera que apenas em 1998, com o Plano Nacional de Controle da

Tuberculose, o País tenha adotado a estratégia DOTS (JAWETZ, MELNICK,

DELBERG, 1980; WHO, 2011c; MOTA et al., 2003).

Após a aplicação generalizada da estratégia DOTS, a OMS lançou, em 2006,

a estratégia Stop TB. Esta reforça as ações do DOTS e possui novos objetivos,

entre eles, o acesso universal ao tratamento centrado no paciente e proteção das

populações de TB associadas ao HIV e TB multirresistente. Para atingir os objetivos

desejados com a terapêutica, a OMS recomenda o tratamento supervisionado, a

manutenção do uso contínuo na concentração adequada e a associação de

fármacos anti-TB, procurando evitar, assim, resistência aos fármacos (WHO, 2010a).

A resistência do M. tuberculosis aos antibióticos e outros quimioterápicos

mais potentes disponíveis no mercado pode fazer com que não haja sucesso nas

estratégias preconizadas para o controle da TB, já que estas se baseiam em

combinações padrão dos antimicrobianos citados. Atualmente, tem se observado o

crescimento de casos de cepas resistentes, sendo que, registram-se cepas

resistentes em 70% dos países que fazem parte da OMS. As cepas resistentes são

conhecidas como TB multirresistente (MDR-TB), resistentes à isonizada e

rifampicina, e TB extensivamente resistente (XDR-TB), que combina a resistência à

isoniazida e rifampicina, observada na MDR-TB, com a resistência a outros

fármacos. Atualmente, estima-se que a MDR-TB atinja 500.000 novos casos por ano

e apenas 10% desses pacientes recebam tratamento adequado. Sendo assim, se

faz necessário o desenvolvimento de fármacos seguros, eficazes contra cepas

resistentes, capazes de encurtar o tempo de tratamento e efetivos contra a forma

latente da TB (COHEN, HEDT, PAGANO, 2010; LALLOO, AMBARAM, 2010; WHO,

2011c, 2012a; COX, FORD, 2013).

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1.2 PLANEJAMENTO DE FÁRMACOS POR MEIO DA MODIFICAÇÃO

MOLECULAR

A modificação molecular é um dos métodos utilizados no planejamento

racional de fármacos, por vezes orientado por hipótese racional sobre o mecanismo

de ação da molécula em estudo, visando à introdução de novos fármacos na

terapêutica. Essa hipótese baseia-se no possível alvo da molécula bioativa, sendo

este geralmente representado por uma biomacromolécula, enzima ou receptor, que

pode ter ou não sua estrutura molecular conhecida. O atual progresso na biologia

molecular e estrutural vem permitindo a identificação e caracterização de muitos

alvos e facilitando o planejamento racional (WERMUTH, 2008; BARREIRO, FRAGA,

2009).

O método de modificação molecular consiste em tornar substâncias químicas

bem determinadas, e de ação biológica conhecida, em protótipos, ou líderes. Estes

protótipos são a base para o desenho estrutural, a síntese e o ensaio de novas

moléculas ativas congêneres, homólogas ou análogos estruturais ao fármaco inicial.

Por meio destes novos compostos, busca-se a otimização na atividade devido ao

fornecimento de características farmacodinâmicas e/ou farmacocinéticas mais

qualificadas a estes, características estas como, por exemplo, aumento da potência

e redução de efeitos adversos (KOROLKOVAS, 1988; BARREIRO, FRAGA, 2009).

Existem diversos processos de grande relevância na modificação molecular,

dentre eles, a latenciação, o bioisosterismo e a hibridação molecular, sendo que a

latenciação tem obtido destaque nos últimos anos (WERMUTH, 2008; BARREIRO,

FRAGA, 2009; CHUNG et al., 2005; SILVA et al., 2005).

1.2.1 LATENCIAÇÃO

Em 1959, Harper propôs o termo "latenciação de fármacos" a fim de definir o

processo de modificação molecular, que se baseia na transformação química de um

composto biologicamente ativo em uma forma de transporte latente (Figura 17), ou

seja, uma estrutura desprovida de atividade farmacológica intrínseca. Esta estrutura

inativa passa por um processo de biotransformação in vivo, através de reações

químicas e/ou enzimáticas, e libera sua porção ativa, ou seja, o fármaco matriz, no

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19

local de ação ou próximo deste (CHUNG et al., 2005; TESTA, 2009; SILVA et al.,

2005; WERMUTH, 2008).

Figura 17: Latenciação de fármacos.

Fonte: adaptado de CHUNG et al. (2005)

A latenciação é uma estratégia que tem por finalidade otimizar as

propriedades de uma molécula ativa, propriedades estas consideradas como fatores

limitantes para sua utilização, tornando-a um fármaco passível de ser utilizado

clinicamente. Como exemplo das referidas propriedades, podem-se citar problemas

farmacocinéticos, ação inespecífica, elevada toxicidade, baixa estabilidade química,

odor e paladar inadequados, dor no local de administração e dificuldade no preparo

da forma farmacêutica (WERMUTH, 2008; ETTMAYER et al., 2004; CHUNG et al.,

2005).

Segundo Wermuth (1984), as estruturas latentes podem ser classificadas em

pró-fármacos, subdivididos em pró-fármacos clássicos e bioprecursores, pró-

fármacos mistos e pró-fármacos recíprocos, e fármacos dirigidos.

1.2.1.1 Pró-fármacos

Pró-fármacos clássicos são aqueles que, por meio da escolha de um

transportador adequado e desprovido de ação terapêutica, aprimoram a atividade de

um fármaco por meio de modificações de algumas características. Pode-se, então,

alcançar aumento da biodisponibilidade e da seletividade, diminuição da toxicidade e

prolongamento da ação. As referidas estruturas latentes são inativas, devendo sofrer

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hidrólise, química ou enzimática, para liberar sua porção ativa (CHUNG et al., 2005;

SILVA et al., 2005).

Os bioprecursores são formas isentas de atividade que devem sofrer

biotransformação in vivo para que se convertam em seu metabólito ativo. Esta

ativação ocorre normalmente através do sistema redox celular, por meio de reações

de hidratação, oxidação e redução. Porém, diferente dos pró-fármacos clássicos,

não se utilizam transportadores e a biotransformação, em geral, é efetuada por

enzimas da Fase I, não hidrolíticas (TESTA, 2009; CHUNG et al., 2005; WERMUTH,

2008).

Algumas formas latentes possuem simultaneamente características de pró-

fármacos clássicos e de bioprecursores e são denominadas pró-fármacos mistos. Os

pró-fármacos mistos são formas inativas providas de um transportador, que

necessita sofrer diversas reações de biotransformação in vivo para que libere o

fármaco matriz. O Chemical Delivery System (CDS) é exemplo dessa classe de pró-

fármacos (PROKAI, PROKAI-TATRAI, BODOR, 2000).

No caso dos pró-fármacos recíprocos, tanto o fármaco quanto o transportador

possuem atividade terapêutica e, dessa forma, é possível se obter um pró-fármaco

com atividades terapêuticas diferentes ou semelhantes, podendo assim, haver

sinergismo de ação (SINGH, SHARMA, 1994).

1.2.1.2 Fármacos dirigidos

Os fármacos dirigidos são uma estratégia que busca direcionar a liberação de

fármacos em sítios específicos, otimizando o alcance de seu alvo. Para isto, acopla-

se um fármaco matriz a um transportador específico para o alvo presente em seu

sítio de ação, podendo este alvo ser um receptor, uma enzima ou antígenos

presentes na superfície celular (CHUNG et al., 2005; SILVA et al., 2005; WERMUTH,

2008).

Os referidos transportadores podem ser polímeros de origem natural,

polímeros sintéticos, anticorpos, albuminas e outros, sendo que estes devem conter

grupos diretores que interajam com grupos específicos da célula alvo, havendo,

assim, a seletividade desejada. Os transportadores, poliméricos ou não, podem

funcionar como suporte para os grupos diretores. Quando se trata de

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21

macromoléculas específicas, estas dirigirem, por si só, a ação (CHUNG et al., 2005;

SILVA et al., 2005).

Por meio desta estratégia, reduz-se a ação inespecífica de um fármaco em

outros órgãos e/ou tecidos. Sendo assim, observa-se aumento em sua potência e

seletividade da ação, o que gera consequente redução dos efeitos adversos do

fármaco matriz (CHUNG et al., 2005; SILVA et al., 2005).

1.3 MANANA

A manana é um polímero de origem natural, considerado importante

componente da parede celular de algumas bactérias e diversas leveduras, como o

Saccharomyces cerevisiae, o levedo de cerveja. A parede celular desta levedura

possui de 30-60% de manana, 15-30% de proteínas e 5-20% de lipídios, sendo que

a maior parte das proteínas se encontra ligada ao polímero, gerando complexos

manoproteicos (JONES, BALLOU, 1969; STOLZ, MUNRO, 2002; HUANG, YANG,

WANG, 2010).

Estruturalmente, a manana é um polissacarídeo altamente ramificado,

constituído, principalmente, de unidades α-D-manosídicas, também podendo conter

outros açúcares e grupos fosfato. Basicamente, este polímero de manose (Figura

18) é organizado em cadeias laterais α-1,2, em maioria, e α-1,3 ligadas a uma

cadeia linear principal α-1,6, não havendo evidências de padrão de repetição na

disposição das manoses. Estima-se que, quando extraído do S. cerevisiae, este

contenha, aproximadamente, 400 unidades manosídicas, possuindo, assim, massa

molecular de 72 kDa (KANSKA et al., 2008; RASCHKE et al., 1973; HAWORTH,

HEATH, PEAT, 1941).

Figura 18: Esquema da representação estrutural da manana (Man = unidade

manosídica).

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22

A síntese deste polissacarídeo pela levedura inicia-se com a polimerização,

ou seja, ligação de diversas manoses na posição α-1,6, e, para isso, se faz

necessária a ação sequencial de dois complexos enzimáticos, que são manana

polimerase (M-Pol) I e II. Possui grande importância o complexo M-Pol I, que, por ser

responsável pela primeira etapa de geração da estrutura da manana, deve

desempenhar algum papel na seleção do substrato (STOLZ, MUNRO, 2002).

Diversos polissacarídeos, como a manana, vêm sendo utilizados como

transportadores de fármacos, buscando a liberação direcionada destes. A utilização

de polímeros naturais biodegradáveis e biocompatíveis no desenvolvimento de

transportadores de fármacos, além de otimizar o alcance do alvo pelo fármaco,

possui diversas vantagens, como sua relativa segurança, maior biocompatibilidade,

fácil acesso e relativo baixo custo (DOMB, 1994).

1.4 RECEPTORES MANOSÍDICOS NA SUPERFÍCIE DE MACRÓFAGOS

Os macrófagos são células fagocitárias amebóides, distribuídas na maioria

dos tecidos em diversos animais, responsáveis por numerosos processos

metabólicos, imunológicos e inflamatórios. Estes são considerados mediadores

centrais da imunidade inata, iniciando a resposta do hospedeiro à invasão de tecidos

por meio do reconhecimento de patógenos. Após o reconhecimento, estes os

fagocitam (Figura 19), degradando-os no interior do fagolisossoma e secretando

mediadores inflamatórios, que atuam a fim de eliminar o agente invasor. Porém, uma

resposta macrofágica excessiva pode gerar sequelas patológicas, que podem

contribuir para a ocorrência de choque séptico, doenças autoimunes e

granulomatosas (NALTO, 2008; MITCHELL et al., 2002; EAST, ISACKE, 2002;

OZINSKY et al., 2000).

Figura 19: Macrófago fagocitando bacilos do M. tuberculosis.

Fonte: http://www.sciencephoto.com/media/129741/view

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23

O receptor de manose (RM) é encontrado na superfície de macrófagos,

células renais e endotélios hepático e linfático. Nos macrófagos este possui papel

importante na captação de glicoproteínas extracelulares e internalização de

patógenos. O RM é membro da família de receptores de manose que, por sua vez, é

um subgrupo da superfamília lectina tipo-C. Esta superfamília é um grande grupo,

que compreende receptores transmembrana e proteínas solúveis (GAZI,

MARTINEZ-POMARES, 2009; EAST, ISACKE, 2002; YANG, VIGERUST,

SHEPHERD, 2013).

O referido receptor foi o primeiro da família de receptores de manose a ser

descoberto, sendo inicialmente identificado, no final dos anos 1970, em macrófagos

alveolares de coelhos, como um receptor endocítico de 175 kDa envolvido na

depuração de glicoproteínas endógenas. Os receptores manosídicos são

considerados proteínas de membrana tipo I, com um domínio transmembrana e

outro citoplasmático, sendo que, através do domínio citoplasmático, ou extracelular,

ocorre a internalização de materiais de origens exógena e endógena (GAZI,

MARTINEZ-POMARES, 2009).

Em sua região extracelular, o RM contém três tipos de domínios (Figura 20),

um domínio N-terminal rico em cisteína, capaz de ligação com açúcares de terminal

sulfatado, um domínio fibronectina tipo II (FN II), envolvido na ligação com colágeno,

e um domínio possuidor de oito domínios C-type lectin-like (CTLD), conhecidos

como C-type carbohydrate recognition domains (CDRs), responsáveis pela ligação

de açúcares terminados em D-manose, L-fucose ou N-acetilglicosamina (GAZI,

MARTINEZ-POMARES, 2009; IRACHE et al., 2008).

Figura 20: Esquema representativo dos domínios pertencentes à região

extracelular do receptor de manose.

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24

O reconhecimento dos referidos açúcares, pelos domínios CTLD, é

dependente de cálcio, sendo os oito domínios importantes para esse

reconhecimento. No caso do reconhecimento de manose, sabe-se que os domínios

CDRs 4-8 são necessários, havendo grande afinidade de ligação, já que a interação

do açúcar se dá com mais de um domínio. Atualmente, conhece-se apenas o

mecanismo de ligação do domínio CDR 4 (Figura 21), no qual há um sítio adicional,

que interage com íons de cálcio, provocando mudança conformacional no domínio e

permitindo a ligação ao açúcar (FEINBERG et al., 2000).

Figura 21: Estrutura cristalográfica do domínio CDR 4 pertencente à região CTLD do

receptor de manose. Fonte: http://www.pdb.org

A região CTLD também pode se acoplar a ligantes de origem microbiana,

uma vez que é frequente a presença de porções de carboidratos, como a manose,

na superfície de microrganismos. Dessa forma, o RM reconhece diversos patógenos,

como T. cruzi, Leishmania e M. tuberculosis, e os internaliza para o interior dos

macrófagos em parte do ciclo biológico desses. Sendo assim, os RM presentes na

superfície destes fagócitos podem ser alvos adequados para uma estratégia que

busque direcionar a liberação de fármacos, a fim de atingir adequadamente os

referidos antígenos. Para isso, pode-se utilizar a proposta de fármacos dirigidos, de

forma que o transportador do fármaco, que neste caso poderia ser um polímero de

manose, sofreria uma ligação polissacarídeo-lectina de grande especificidade no

domínio CTLD do RM, internalizando o fármaco desejado (MITCHELL et al., 2002;

IRACHE et al., 2008).

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25

1.5 HIDROXIMETILNITROFURAL (NFOH)

O nitrofural hidroximetilado (NFOH) (Figura 22) ou hidroximetilnitrofural, é um

derivado do nitrofural (NF), que sofreu hidroximetilação (Figura 22). Primariamente, o

NF foi considerado um agente antimicrobiano ativo contra microrganismos gram-

positivos, utilizado apenas em aplicações tópicas devido aos seus efeitos adversos.

Porém, posteriormente, observou-se atividade tripanomicida por parte do NF, que foi

atribuída à inibição da tripanotiona redutase (Figura 23). Esta inibição ocorre com a

redução do grupo nitro-heterocíclico, que libera um ânion superóxido tóxico, o qual

causa danos ao ácido desoxirribonucleico (DNA) e consequente morte celular. A

tripanotiona redutase é considerada um alvo molecular adequado para o tratamento

da doença de Chagas, pois é de grande importância no metabolismo do T. cruzi,

protegendo-o contra o estresse oxidativo, além de diferir estruturalmente da enzima

de mesma função no homem, a glutationa redutase (CHUNG et al., 2003; OLIVEIRA

et al., 2008; DAVIES et al., 2010).

Figura 22: Estrutura molecular do NF e de seu derivado hidroximetilado, o NFOH.

Figura 23: Estrutura cristalográfica da tripanotiona redutase com seus co-fatores.

Fonte: http://www.pdb.org

Estudos buscando novos derivados do NF verificaram que o NFOH

apresentava quatro vezes menos mutagenicidade do que seu composto de partida e

elevada potência antichagásica in vitro. Posteriormente, novos estudos in vitro

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26

demonstraram que o NFOH é mais eficaz contra as formas amastigotas e

tripomastigotas do T. cruzi do que o NF e o benzinidazol (CHUNG et al., 2003;

DAVIES et al., 2010). Além disso, verifica-se a presença de ação leishmanicida

(SANTOS et al., 2010) e tuberculostática (dados não publicados) por parte do

NFOH.

Atualmente, defende-se que o NFOH, na doença de Chagas, possui um duplo

mecanismo de ação, ou seja, além de, possivelmente, inibir a tripanotiona redutase,

como ocorre com outros nitro-heterocíclicos (FAIRLAMB, CERAMI, 1992), este

também inibe a atividade da cruzaína (Figura 24). A inibição da cruzaína gera um

bloqueio na proliferação do parasita, pois, por ser responsável pela maioria das

atividades proteolíticas por este realizadas, esta enzima é essencial para sua

infecção celular, replicação e metabolismo (DAVIES et al., 2010; URBINA,

DOCAMPO, 2003; TROSSINI et al., 2010a).

Figura 24: Estrutura cristalográfica da cruzaína.

Fonte: http://www.pdb.org

A inibição da cruzaína do T. cruzi, utilizando-se o NF e o NFOH, foi recém-

avaliada, verificando-se valores de IC50 de 22,83 ± 1,2 μM para o NF e de 10,55 ±

0,81 μM para o NFOH. Dessa forma, observa-se inibição duas vezes maior para o

NFOH do que para o NF (TROSSINI et al., 2010a).

Os derivados hidroximetilados são pró-fármacos que apresentam maior

solubilidade em água do que seu composto de partida (BUNDGAARD, 1985), o que

pode ser observado ao se comparar a hidrossolubilidade do NFOH e do NF. No caso

do NFOH, a hidrossolubilidade observada permite a sua permeação por membranas

biológicas e facilita a administração oral. Além disso, a hidroxilação e a metilação

são os dois primeiros ciclos de desintoxicação nos hepatócitos, o que pode explicar

a menor toxicidade verificada para NFOH ao se comparar a sobrevida de

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camundongos tratados com NFOH e NF (TROSSINI et al., 2010b; DAVIES et al.,

2010).

Dessa forma, ao se observar o que foi citado e que, em modelo murino, a

atividade do NFOH, na fase aguda da doença de Chagas, é comparável à

observada no tratamento com benznidazol, com menor toxicidade, considera-se o

NFOH como potencial candidato a fármaco para esta patologia (DAVIES et al.,

2010).

1.6 ESTUDOS DE MODELAGEM MOLECULAR NO PLANEJAMENTO

RACIONAL DE FÁRMACOS

O planejamento racional de fármacos envolve diversas abordagens,

combinando avanço experimental e métodos computacionais. Inserido neste

contexto, está o planejamento de fármacos auxiliado por computador, no qual se

encontram os estudos de modelagem molecular (MM). Os estudos de MM podem

ser aplicados em diferentes estágios no desenvolvimento de fármacos e se utilizam

de métodos teóricos e técnicas computacionais a fim de estudar estruturas

moleculares. Através desta abordagem, é possível o cálculo de propriedades físico-

químicas tridimensionais da molécula e a consequente interpretação

(ANDRICOPULO, SALUM, 2009; ALONSO, BLIZNYUK, GREADY, 2006; TAFT, DA

SILVA, DA SILVA, 2008; XIANG-QUN, 2008).

Entre as propriedades físico-químicas moleculares, podem-se citar as cargas

de potencial eletrostático, as quais podem ser visualizadas por meio do mapa de

potencial eletrostático (MEP), e o componente estérico, que pode ser verificado pela

superfície molecular de acessibilidade ao solvente. O MEP e a superfície molecular

de acessibilidade ao solvente são amplamente utilizados como mapa de reatividade,

já que por meio desses é possível se observar as regiões moleculares que possuem

maior probabilidade de sofrer um ataque nucleofílico, por exemplo. O ataque

nucleofílico enzimático é o mecanismo proposto na liberação de diversos fármacos

dirigidos, como é o caso do fármaco dirigido de NFOH com manana proposto neste

trabalho. Dessa forma, através da obtenção do MEP e da superfície molecular de

acessibilidade ao solvente, por meio de estudos de modelagem molecular, pode se

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28

obter informações sobre o modo de liberação dos referidos fármacos dirigidos

(RAMALINGAM et al., 2011; GIAROLLA et al., 2010, 2012).

Os métodos utilizados nos estudos de MM podem ser classificados em

mecânica molecular e mecânica quântica. A mecânica molecular utiliza-se de

equações matemáticas que consideram apenas o núcleo dos átomos, não

considerando seus elétrons. Esta pode ser utilizada a fim de se otimizar a geometria

estrutural molecular, sendo que, suas equações são utilizadas para calcular

diferentes interações e energias por meio da avaliação de propriedades como

estiramento de ligação, energia de torção angular, ângulos diedros, ligações de

hidrogênio, entre outras. No caso da mecânica quântica, há a consideração de

elétrons e núcleos atômicos em suas equações matemáticas, o que permite a

obtenção de resultados mais precisos, porém, exigindo maior custo computacional.

Podem se subdividir os métodos quânticos em ab initio e semiempíricos. Os

métodos ab initio consideram os elétrons de forma geral, havendo maior custo

computacional e resultados mais precisos, enquanto que os métodos semiempíricos

são simplificações dos métodos ab initio, o que torna os resultados menos precisos,

porém, reduz o tempo necessário para se obter os resultados (COHEN, 1996;

BARREIRO, RODRIGUES, 1997; CARVALHO et al, 2003).

A fim de se considerar as diversas conformações moleculares possíveis e

selecionar a mais adequada para se utilizar nos estudos de MM, deve se realizar

uma análise conformacional da estrutura molecular. A referida análise pode ser

realizada por meio da simulação de dinâmica molecular (DM), na qual se analisa a

movimentação dos átomos em uma molécula em função do tempo, podendo haver

variação na temperatura durante a simulação (COHEN, 1996; SANT’ANNA, 2002).

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2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA

As doenças negligenciadas infectam mais de um bilhão de pessoas no

mundo, mas, apesar disso, uma fração ínfima dos fármacos registrados nos últimos

anos é direcionada a essas patologias. Entre as doenças negligenciadas

consideradas como prioridade no Brasil, encontram-se a doença de Chagas e a

leishmaniose. A tuberculose, apesar de, recentemente, não ser mais classificada

como negligenciada pela Organização Mundial da Saúde, também está entre as

prioridades do Ministério da Saúde no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010; WHO,

2009c, 2011a).

O tratamento da doença de Chagas compreende, apenas, dois

quimioterápicos, sendo que somente um deles é utilizado no Brasil. No caso da

leishmaniose, o arsenal terapêutico não é adequado, já que é crescente o

aparecimento de parasitas resistentes aos fármacos disponíveis, além de toxicidade,

alto custo e outros inconvenientes que eles provocam. Observa-se que a resistência

microbiana aos tuberculostáticos é um problema ainda maior na terapia para a

tuberculose, uma vez que faz com que as estratégias preconizadas para seu

controle não obtenham sucesso (DAVIES et al., 2010; MITROPOULOS, KONIDAS,

DURKIN-KONIDAS, 2010; COHEN, HEDT, PAGANO, 2010).

Dessa forma, verifica-se a importância no desenvolvimento de novos

fármacos para as referidas patologias, buscando uma quimioterapia mais segura e

eficaz. Com este propósito, objetivou-se neste trabalho a síntese de um fármaco

dirigido de NFOH com manana (Figura 25) para a liberação específica em

macrófagos, a fim de que este possua ação antichagásica, leishmanicida e

tuberculostática.

Figura 25: Fármaco dirigido de NFOH com manana proposto.

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30

Para esta proposta, utilizou-se o processo de latenciação, por meio da

estratégia de fármacos dirigidos. Esta objetiva a liberação do fármaco em sítios

específicos, na presença de um transportador adequado, o que eleva seletividade e

potência deste (CHUNG et al., 2005; SILVA et al., 2005).

No presente trabalho, a manana, polímero de manose, foi utilizada como

transportador, havendo especificidade na liberação do fármaco em receptores de

manose. Observam-se os referidos receptores na superfície de macrófagos, nos

quais se verifica a presença de diversos patógenos em parte de seu ciclo biológico,

o que ocorre com T. cruzi, Leishmania sp. e M. tuberculosis (GAZI, MARTINEZ-

POMARES, 2009; MITCHELL et al., 2002; IRACHE et al., 2008).

A utilização do NFOH como composto protótipo se justifica por este possuir

ação tripanomicida, através de inibição de enzimas, como a cruzaína, e,

possivelmente, tripanotiona redutase, além de serem observadas ações

leishmanicida e tuberculostática (CHUNG et al., 2003; DAVIES et al., 2010; SANTOS

et al., 2010).

Com o auxílio de estudos de modelagem molecular, obteve-se o mapa de

potencial eletrostático e a superfície molecular de acessibilidade ao solvente do

fármaco dirigido de NFOH com manana. O objetivo desses estudos foi adquirir

informações sobre a liberação deste, podendo se prever o comportamento desse

derivado na presença de enzimas lisossômicas.

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31

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 MATERIAL

3.1.1 REAGENTES E SOLVENTES

Ácido acético p.a.

Ácido clorídrico p.a.

Ácido sulfúrico concentrado

Água deuterada (D2O)

Anidrido succínico

Carbonato de potássio

Carvão ativado

Cloreto de lítio

Cloreto de tionila

Cloreto de sódio

Clorofórmio p.a.

Clorofórmio deuterado (CDCl3)

Dicicloexilcarbodiimida (DCC)

4-Dimetilaminopiridina (DMAP)

Dimetilformamida (DMF)

Dimetilsulfóxido (DMSO)

Dimetilsulfóxido deuterado (DMSO-d6)

Etanol p.a.

1-Etil-3-(3-dimetilaminopropil) carbodiimida (EDC)

Formaldeído p.a.

Hidróxido de potássio

Hidróxido de sódio

Levedo de cerveja comercial

Metanol p.a.

Metronidazol

5-Nitro-2-furaldeído

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Nitrofural comercial e sintetizado

Pentóxido de fósforo

Piridina p. a.

Semicarbazida

Sódio metálico

Sulfato de cobre

Sulfato de sódio

Tetraidrofurano (THF)

Tartarato de potássio e sódio

3.1.2 EQUIPAMENTOS

Agitadores Magnéticos

Bomba de alto vácuo Edwards, modelo E2M5

Lâmpada de radiação ultravioleta Spectroline, modelo ENF-260C

Liofilizador Christ, modelo ALPHA 1-2

Rotaevaporador Büchi, modelo R-3, acoplado a bomba de vácuo Büchi,

modelo V-700

Centrífuga Quimis, modelo Q222TM104

3.2 MÉTODOS

3.2.1 MÉTODOS DE ANÁLISE

Ressonância Magnética Nuclear de H1 e de C13, em espectrômetro de

ressonância magnética nuclear 300 MHz BRUKER, modelo Advance DPX-

300, e em espectrômetro de ressonância magnética nuclear 500 MHz

BRUKER, modelo DRX-500 (Central Analítica do IQ/USP).

Cromatografia em Camada Delgada (CCD).

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3.2.2 EXTRAÇÃO DA MANANA DE Saccharomyces cerevisiae

A extração da manana foi adaptada de RICELLI (2003). Esta se deu através

do fermento de padaria comercial, ou levedo de cerveja. Adicionaram-se 29,98 g

deste para 85,6 mL de NaOH 6% e aqueceu-se a 90 °C por 6 horas, obtendo-se o

levedo “cozido”. Este foi submetido à agitação a 4.000 rpm por 30 minutos e ao

sobrenadante obtido adicionaram-se 200 mL de etanol 95%, mantendo-se em

repouso por 24 horas. Posteriormente, este passou por agitação a 4.000 rpm por 30

minutos, obtendo-se um “pellet” gelatinoso. O “pellet” foi ressuspenso em solução de

68,5 mL de água, 8,5 mL de ácido acético e 0,321 g de carvão ativado, resultando

em um sobrenadante. O sobrenadante foi separado e filtrado sob pressão reduzida

na presença de celite, até a remoção completa do carvão, e, posteriormente,

adicionaram-se 250 mL de etanol 95%. Este foi mantido em repouso por 48 horas,

obtendo-se um precipitado. Prepararam-se 17,12 mL de solução de Fehling (solução

a: 0,59 g de sulfato de cobre adicionados a 8,56 mL de água; solução b: 2,96 g de

tartarato de potássio e sódio (sal de Rochelle) e 2,14 g de KOH adicionados a 8,56

mL de água). O precipitado obtido anteriormente foi ressuspenso em água e,

posteriormente, adicionado aos 17,12 mL de solução de Fehling, resultando em

complexo cobre-manana. O complexo foi filtrado e adicionado a 85,5 mL de água,

gotejando-se, em seguida, HCl para que os complexos sejam desfeitos.

Posteriormente, adicionaram-se 250 mL de etanol 95%, sendo este mantido em

repouso até a precipitação. Observou-se a formação de precipitado, que foi

separado e rotaevaporado a 40°C, obtendo-se um sólido de coloração branca. O

produto foi caracterizado por RMN 1H e 13C.

3.2.3 SÍNTESE

A fim de se obter o fármaco dirigido de NFOH com manana, realizaram-se

duas estratégias sintéticas (Esquema 1): a rota 1 tem como ponto de partida o

NFOH e a rota 2 partindo da manana.

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Esquema 1: Esquema geral das estratégias sintéticas realizadas a fim de se obter o

fármaco dirigido de NFOH com manana.

3.2.3.1 Síntese do nitrofural (NF)

O nitrofural foi obtido comercialmente, porém, também foi sintetizado neste

trabalho. Sua síntese se deu segundo o método utilizado por TROSSINI (2008)

(Esquema 2). Adicionaram-se 1,14 g (10 mmol) de 5-nitro-2-furaldeído a 70 mL de

etanol e, após a solubilização do composto, adicionaram-se cerca de 10 gotas de

HCl concentrado e, na sequência, 1,11 g (10 mmol) de semicarbazida dissolvida em

30 mL de água. Observou-se, após alguns minutos, a formação de precipitado e, em

seguida, a reação permaneceu sob agitação por cerca de 1 h, sendo acompanhada

por CCD, com fase móvel CHCl3:MeOH (85:15, v/v). Posteriormente, o material

obtido foi filtrado sob pressão reduzida e mantido sob pressão reduzida em

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35

dessecador contendo sílica-gel e pentóxido de fósforo. A estrutura do composto

obtido foi analisada por RMN 1H e 13C.

Esquema 2: Síntese do NF.

3.2.3.2 Síntese do hidroximetilnitrofural (NFOH)

A hidroximetilação do nitrofural (NF) (Esquema 3) foi realizada segundo

método desenvolvido por TROSSINI e colaboradores (2010b), sendo utilizados para

este fim, o NF sintetizado neste trabalho e o NF comercial. Partiu-se de suspensão

aquosa de 10 mL contendo 0,99 g (5 mmol) de NF e de 1,035 g (7,5 mmol) de

carbonato de potássio (1:1,5). Adicionaram-se 18 mL de solução de formaldeído em

duas etapas, a primeira parte (9 mL) no início da reação e a seguinte (9 mL) após 3

horas e trinta minutos. A reação permaneceu por 7 horas em temperatura ambiente

sendo acompanhada por cromatografia de camada delgada (CCD) (fase móvel

CHCl3:MeOH, 85:15, v/v). Filtrou-se, sob pressão reduzida, o material obtido,

lavando-se o precipitado com metanol, até que todo o formaldeído fosse removido.

Obtiveram-se cristais de coloração amarela, que, posteriormente, foram secados em

dessecador, contendo sílica-gel e pentóxido de fósforo, sob pressão reduzida.

Realizaram-se análises de RMN 1H e 13C.

Esquema 3: Síntese do NFOH.

3.2.3.3 Síntese de fármaco dirigido de NFOH com manana

A fim de se obter o fármaco dirigido de NFOH com manana, realizaram-se

duas rotas (Esquema 1), cujas metodologias sintéticas realizadas estão descritas em

seguida.

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3.2.3.3.1 Rota 1- Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana, a

partir do NFOH

A. Hemissuccinato de hidroximetilnitrofural (SCNFOH)

Na tentativa de se obter o hemissuccinato de hidroximetilnitrofural (SCNFOH)

realizaram-se as reações apresentadas nos Esquemas de 4 a 8. Embora simples,

essa reação é dificultada pela baixa reatividade do NFOH e por sua instabilidade

especialmente em meio ácido (CHUNG et al., 2003).

Método adaptado de SANTOS (2005) (Esquema 4)

Em meio de 5 mL de DMSO e 2 gotas de solução aquosa de H2SO4 a 20%,

reagiu-se 1 mmol de NFOH com 1 mmol de anidrido succínico. A reação

permaneceu sob agitação, à temperatura ambiente, durante 18 horas, sendo

acompanhada por CCD (fase móvel CHCl3:MeOH, 85:15, v/v).

Esquema 4: Síntese do SCNFOH por meio de catálise ácida.

Método adaptado de VORBRÜGGEN et al. (1978) (Esquema 5)

Em um balão adicionou-se 0,184 g (0,81 mmol) de NFOH, 0,282 g de anidrido

succínico (2,82 mmol), 0,04 g (0,33 mmol) de 4-dimetilaminopiridina (DMAP) e

DMSO até a dissolução. A reação foi mantida sob agitação por 24 h, sendo

acompanhada por CCD (fase móvel CHCl3:MeOH, 85:15, v/v).

Esquema 5: Síntese do SCNFOH por meio de catálise básica.

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37

Método adaptado de VORBRÜGGEN et al. (1978) em atmosfera inerte

Adicionou-se 0,114 g (0,50 mmol) de NFOH; 0,050 g (0,50 mmol) de anidrido

succínico e 0,073 g (0,60 mmol) de DMAP em um balão seco, mantendo-se a

reação em atmosfera inerte com argônio. Cada reagente foi diluído separadamente

em THF tratado imediatamente antes da reação, que foi mantida sob agitação, no

escuro e em atmosfera inerte por 48 h, sendo acompanhada por CCD (fase móvel

CHCl3:MeOH, 85:15, v/v).

Método in situ (Esquema 6)

Adicionou-se 0,276 g (2 mmol) de NF em um balão, junto a 6 mL de

formaldeído. Em seguida, adicionaram-se 3 mL de água e 0,3 mL de HCl 50% sob

agitação. Por fim, adicionou-se 1 mmol de anidrido succínico, mantendo-se a

agitação por 24 h, sendo acompanhada por CCD (fase móvel CHCl3:MeOH, 85:15,

v/v).

Esquema 6: Síntese do SCNFOH in situ.

Método adaptado de CALCE et al. (2012) (Esquema 7)

Adicionou-se 0,1 g de NFOH e 0,5 g de anidrido succínico em um balão,

mantendo-se o aquecimento 140 ºC, em micro-ondas, a fim de se fundir o anidrido

succínico. A potência utilizada foi de 100 W e o tempo de estabilização foi de dois

minutos, seguido de 5 minutos de reação. Após o término, analisou-se o obtido por

CCD (fase móvel CHCl3:MeOH, 85:15, v/v).

Esquema 7: Síntese do SCNFOH utilizando micro-ondas.

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38

Método adaptado de BOTELHO (2008) (Esquema 8)

O método que segue foi realizado na tentativa de se obter o cloreto de ácido

do monossuccinato de metila, a fim de, posteriormente, se obter o hemissuccinato

de hidroximetilnitrofural (Esquema 8).

Esquema 8: Síntese do cloreto de ácido do monossuccinato de metila.

A fim de se obter o metóxido de sódio, adicionou-se, lentamente, 0,728 g

(31,6 mmol) de sódio metálico em balão contendo 40,7 mL de metanol anidro. A

reação foi mantida sob agitação na presença de condensador e tubo secante até

que não se observasse a liberação de gás.

Em seguida, para se obter o monossuccinato de metila, adicionaram-se 3 g

(30 mmol) de anidrido succínico ao metóxido de sódio obtido anteriormente, sendo a

reação mantida sob refluxo por 5 horas. Posteriormente, rotaevaporou-se o meio

reacional, havendo a formação de um sólido. Para a extração, adicionaram-se 20,3

mL de CHCl3 e 20,3 mL de HCl 10% ao sólido. A fase aquosa foi extraída mais duas

vezes com CHCl3, sendo necessária a adição de solução saturada de NaCl para

quebrar a emulsão que se formava. Adicionou-se sulfato de sódio anidro para

secagem, filtrando-se o produto obtido em funil simples. Rotaevaporou-se o

solvente, sendo obtido um sólido que, posteriormente, foi secado sob pressão

reduzida. A estrutura do composto obtido foi analisada por RMN 1H e 13C.

Para a obtenção do cloreto de ácido do monossuccinato de metila,

adicionaram-se, em balão contendo 9,7 mL de cloreto de tionila, 2,5 g (18,9 mmol)

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do monossuccinato de metila obtido anteriormente, mantendo-se a reação em

refluxo à temperatura de 90 °C, por 4 horas. Realizou-se, posteriormente, destilação

simples para remoção do SOCl2 excedente, ou seja, que não reagiu.

3.2.3.3.2 Rota 2 - Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana,

a partir da manana

A. Derivado succinoilado da manana (DSM) [adaptado de RICELLI (2003)]

Este método foi realizado a fim de se sintetizar o derivado succinoilado da

manana (DSM) (Esquema 9). Primeiramente, aqueceram-se 7,5 mL de DMF a 70 °C

em balão de fundo redondo junto a 0,15 g (3,5 mmol) de cloreto de lítio, sob agitação

constante. Após a dissolução do sal, adicionou-se 0,15 g de manana e 0,14 mL (2,6

mmol) de piridina anidra. Após solubilização completa, acrescentaram-se 0,28 g

(2,84 mmol) de anidrido succínico sublimado. A reação foi mantida a 90 °C por 30

horas, sob agitação constante. Ao final da reação, dialisou-se o produto obtido

contra água destilada em membrana de cut off 12.000-14.000, por 72 horas, em

temperatura ambiente, trocando-se a água por 5 vezes. Por fim, liofilizou-se o

produto. A estrutura do composto obtido foi analisada por RMN 1H e 13C.

Esquema 9: Síntese do DSM.

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40

B. Adição do composto ativo, NFOH [ adaptado de RICELLI (2003)]

Sob agitação magnética vigorosa, solubilizou-se 1 mmol de carboxilas livres

de DSM em água destilada. Em seguida, adicionou-se 1 g de DCC, previamente

solubilizado em DMF, deixando-se a mistura sob agitação por 30 minutos. Após

agitação, adicionaram-se 5 mmol de NFOH, deixando a mistura reacional sob

agitação constante em temperatura ambiente por 7 dias. Posteriormente, filtrou-se o

meio reacional, lavando-se diversas vezes com água destilada, em funil de Büchner,

terra diatomácea e em funil sinterizado, a fim de se retirar os subprodutos formados,

que se apresentavam precipitados no meio. Por fim, dialisou-se a fase aquosa

contra água destilada em membrana de cut off 12.000-14.000, em temperatura

ambiente, por 7 dias, e liofilizou-se o produto obtido.

Esquema 10: Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana.

3.2.4 MODELAGEM MOLECULAR

A fim de se obter informações preliminares sobre o modo de liberação de

fármacos dirigidos de NFOH com manana, foi realizado o seguinte estudo de

modelagem molecular.

3.2.4.1 Construção do modelo 3D

A estrutura 3D do fármaco dirigido contendo manana (representada por um

trímero de manose), ácido succínico e NFOH, na sua forma neutra, foi construída no

programa HyperChem 7.51. Para este fim, utilizaram-se estruturas cristalografadas

como referência, na construção do trímero de manose extraiu-se a estrutura do

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Protein Data Bank (PDB), cujo código é 1JPC, e na construção do NFOH, extraiu-se

a estrutura de Doriguetto e colaboradores (2005). O ácido succínico (espaçante) foi

desenhado e realizou-se cálculo de cargas parciais e minimização de energia.

3.2.4.2 Otimização do modelo

A fim de se otimizar o modelo construído, realizou-se o cálculo de cargas

parciais através do método semi-empírico AM1, no programa HyperChem 7.51, e

minimização de energia através dos métodos de declive máximo e gradientes

conjugados no programa MOLSIM 3.2.

3.2.4.3 Dinâmica molecular

Na busca por um confôrmero energicamente estável, realizou-se simulação

de dinâmica molecular (DM) de 1 ns (1.000.000 passos; 0,001 cada passo) a 310 K,

utilizando como estrutura inicial o modelo otimizado. Os arquivos trajetória foram

salvos a cada 20 passos, resultando em 50.000 conformações.

3.2.4.4 Obtenção do MEP e da superfície molecular de acessibilidade

ao solvente

A fim de se obter o MEP e a superfície molecular de acessibilidade ao

solvente do fármaco dirigido de NFOH com manana, utilizou-se a conformação de

menor energia deste. Esta foi selecionada da região de equilibração do perfil de

amostragem conformacional (PAC) da DM. Na obtenção do MEP, realizou-se o

cálculo das cargas de potencial eletrostático (ChelpG), com método ab initio HF/6-

31G*, no programa Gaussian 03. A superfície molecular de acessibilidade ao

solvente foi obtida no programa ViewerLite 5.0.

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42

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 EXTRAÇÃO DA MANANA DE Saccharomyces cerevisiae

Após diversas tentativas de extração e algumas alterações metodológicas,

obteve-se um sólido de coloração branca, com rendimento de 1,4%. A literatura

(RICELLI, 2003) reporta rendimento 2,0%, porém, se tratava de rendimento bruto.

Os espectros de RMN 1H e 13C se encontram a seguir (Figuras 26 e 27),

observando-se, também, as atribuições do espectro de RMN 13C (Tabela I). Os

resultados das análises de RMN 1H e 13C estão de acordo com as referências de

Ricelli (2003) e de Marchessault, Taylor e Winter (1990), respectivamente.

Figura 26: Espectro de RMN 1H (300 MHz, D2O, δ ppm) da manana.

Não se atribuíram os sinais de cada H, mas o perfil obtido coincide com o do

carboidrato em questão, comparativo ao obtido por Ricelli (2003).

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43

Figura 27: Espectro de RMN 13C (75 MHz, D2O, δ ppm) da manana.

Tabela I: Atribuições de RMN 13C da manana

RMN 13C (D2O), 75 MHz, δ = ppm

102,22 (C-a); 78,79 (C-b); 73,35 (C-d); 70,13 (C-c); 66,96 (C-

e); 61,15 (C-f).

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4.2 SÍNTESE

4.2.1 SÍNTESE DO NITROFURAL

Obteve-se, em várias repetições da síntese, um sólido amarelo com

rendimento de 80%. Seus espectros de RMN 1H e 13C são mostrados a seguir

(Figuras 28 e 29) juntamente com as respectivas atribuições dos sinais obtidos

(Tabelas II e III). Os resultados das análises de RMN 1H e 13C estão de acordo com

a referência de Serafim (2011).

Figura 28: Espectro de RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6, δ ppm) do NF.

Tabela II: Atribuições de RMN 1H do NF

RMN 1H (DMSO-d6), 300 MHz, δ = ppm

10,76 (s, 1H, H-d); 7,80 (s, 1H, H-c); 7,77 (d, 1H, J=3,96 Hz,

H-a); 7,22 (d, 1H, J=3,96 Hz, H-b); 6,59 (s, 2H, H-e).

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Figura 29: Espectro de RMN 13C (75 MHz, DMSO-d6, δ ppm) do NF.

Tabela III: Atribuições de RMN 13C do NF

RMN 13C (DMSO-d6), 75 MHz, δ = ppm

155,85 (C-f); 153,09 (C-a); 151,22 (C-d); 127,36 (C-e); 115,19

(C-b); 112,13 (C-c); 39,39 (DMSO-d6).

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4.2.2 SÍNTESE DO HIDROXIMETILNITROFURAL

Foi obtido como produto, em várias repetições desta síntese, um sólido de

coloração amarela com rendimento de 60%. Seus espectros de RMN 1H e 13C são

mostrados a seguir (Figuras 30 e 31) juntamente com as respectivas atribuições dos

sinais obtidos (Tabelas IV e V). As análises estão de acordo com o produto descrito

por Trossini e colaboradores (2010b).

Figura 30: Espectro de RMN 1H (300 MHz, DMSO-d6, δ ppm) do NFOH.

Tabela IV: Atribuições de RMN 1H do NFOH

RMN 1H (DMSO-d6), 300 MHz, δ = PPM

11,01 (s, 1H, H-d); 7,83 (s, 1H, H-c); 7,80 (d, 1H, J=3,6 Hz, H-

a); 7,63 (t, 1H, J=6,3 Hz, H-e); 7,25 (d, 1H, J=3,6 Hz, H-b);

5,50 (t, 1H, J=6,3 Hz, H-g); 4,62 (t, 2H, J=6,3 Hz, H-f).

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47

Figura 31: Espectro de RMN 13C (75 MHz, DMSO-d6, δ ppm) do NFOH.

Tabela V: Atribuições de RMN 13C do NFOH

RMN 13C (DMSO-d6), 75 MHz, δ = ppm

155,80 (C-f); 153,92 (C-a); 152,52 (C-d); 129,26 (C-e); 116,28

(C-b); 113,90 (C-c); 64,39 (C-g); 39,39 (DMSO-d6).

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48

4.2.3 SÍNTESE DE FÁRMACO DIRIGIDO DE NFOH COM MANANA

4.2.3.1 Rota 1 - Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana,

a partir do NFOH

A. Hemissuccinato de hidroximetilnitrofural (SCNFOH)

Utilizaram-se diferentes métodos, adaptados da literatura, para a obtenção do

hemissuccinato de NFOH. Embora simples, essa reação é dificultada pela baixa

reatividade do NFOH e por sua instabilidade especialmente em meio ácido (CHUNG

et al., 2003).

Método adaptado de SANTOS (2005)

Observou-se, por meio de resultados preliminares, dificuldade na obtenção do

hemissuccinato de hidroximetilnitrofural (SCNFOH). Acompanhando-se a reação

com CCD, observou-se que em tempos reacionais menores não houve formação do

produto e mantendo-se a reação por mais tempo, houve degradação do NFOH, que

é um composto instável em meio ácido.

Método adaptado de VORBRÜGGEN et al. (1978)

Este método foi aplicado a fim de se evitar a degradação em meio ácido do

NFOH, realizando-se catalise básica. Porém, também se observou dificuldade na

obtenção do SCNFOH. Acompanhando-se a reação com CCD, observou-se que o

produto não se formou, mesmo esta sendo mantida por tempo muito maior que o

previsto.

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49

Método adaptado de VORBRÜGGEN et al. (1978) em atmosfera

inerte

Buscando-se evitar que a presença de água no meio dificultasse a reação

catalítica, tratou-se o solvente utilizado e manteve-se a reação em atmosfera inerte.

Porém, verificou-se que não houve formação do produto esperado por meio da CCD.

Método in situ

Este método foi aplicado buscando sintetizar o NFOH e seu derivado

succinoilado no mesmo ambiente reacional, ou seja, sem que houvesse o

isolamento do NFOH para posterior formação do SCNFOH. Acompanhando-se a

reação com CCD, observou-se que houve apenas a formação do NFOH.

Método adaptado de CALCE et al. (2012)

Utilizou-se micro-ondas nesse método, a fim de se elevar a energia da reação

com aquecimento rápido, na tentativa de reduzir a degradação por temperatura do

NFOH. Além disso, a fusão dos compostos sem adição de solvente poderia facilitar

sua reatividade. Porém, não houve formação do produto esperado, observando-se a

presença de degradação na CCD.

Método adaptado de BOTELHO (2008)

Nesta método, tentou-se obter um derivado mais reativo do agente

espaçante, o que facilitaria a síntese do SCNFOH.

Observou-se a formação do monossuccinato de metila, sendo este um sólido

branco, com rendimento de 86%. Seus espectros de RMN 1H e 13C encontram-se a

seguir (Figuras 32 e 33), juntamente com as respectivas atribuições dos sinais

obtidos (Tabelas VII e VII). As análises estão de acordo com o produto descrito por

Botelho (2008).

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50

Figura 32: Espectro de RMN 1H (300 MHz, CDCl3, δ ppm) do monossuccinato de

metila.

Tabela VII: Atribuições de RMN 1H do monossuccinato de metila

RMN 1H (CDCl3), 300 MHz, δ =ppm

7,27-7,19 (CDCl3); 3,68 (s, 3H, H-b); 2,60 (s, 4H, H-a).

O sinal observado em 2,60 ppm (Figura 33) assemelha-se a um singleto, e,

embora sejam hidrogênios os quais acoplam com dois hidrogênios vizinhos e, dessa

forma, seria esperado que estes se apresentassem como um tripleto, este está de

acordo com a literatura (BOTELHO, 2008). Apesar de os referidos grupos

metilênicos estarem ligados a grupos diferentes, um deles ligado ao grupo COOH e

o outro ligado ao grupo éster metílico, de acordo com a literatura (PAVIA,

LAMPMAN, KRIZ, 2009), ambos são observados na mesma faixa, sendo assim, a

presença de apenas um sinal se justifica.

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51

Figura 33: Espectro de RMN 13C (75 MHz, D2O, δ ppm) do monossuccinato de

metila.

Tabela VIII: Atribuições de RMN 13C do monossuccinato de metila

RMN 13C (D2O), 75 MHz, δ = ppm

178,95 (C-a); 176,32 (C-d); 52,60 (C-e); 30,41 (C-b); 29,73 (C-

c).

Porém, na síntese do cloreto de ácido do monossuccinato de metila, não se

observou a formação do produto esperado, não havendo solubilização adequada do

monossuccinato de metila.

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4.2.3.2 Rota 2 - Síntese do fármaco dirigido de NFOH com manana,

a partir da manana

A. Derivado succinoilado da manana (DSM) [adaptado de RICELLI (2003)]

O derivado succinoilado da manana (DSM), esperado ao se realizar este

método, foi obtido. Este se apresentou de coloração branca após a liofilização. Seus

espectros de RMN 1H e 13C encontram-se a seguir (Figuras 34 e 35). A análise de

RMN 1H está de acordo com o produto descrito por Ricelli (2003), observando-se

nesse espectro dois sinais em 2,70 e 2,54 ppm, que correspondem aos hidrogênios

presentes nos carbonos do ácido succínico. Atribuições dos H da parte osídica não

foram efetuadas em razão da baixa definição do espectro na região.

Figura 34: Espectro de RMN 1H (300 MHz, D2O, δ ppm) do DSM.

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53

Figura 35: Espectro de RMN 13C (75 MHz, D2O, δ ppm) do DSM.

No RMN 13C, verifica-se, além dos sinais já observados para a manana, a

presença de um sinal em 175,49 ppm (a), o qual corresponde ao carbono do éster

entre a manana e o ácido succínico, e um sinal em 180,76 ppm (b), o qual

corresponde à carbonila do grupo carboxila terminal do hemissuccinato. Observa-se,

também, no RMN 13C a presença de alguns desdobramentos nos sinais, os quais se

acredita ocorrer devido ao fato de o polímero possuir ramificações e

heterogeneidade de substituição dos grupos OH com o grupo succinoila.

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B. Adição do composto ativo, NFOH [adaptado de RICELLI (2003)]

Após diversas tentativas de se obter o fármaco dirigido de NFOH com

manana, não foi possível obter o produto desejado. Observa-se abaixo o espectro

de RMN 1H do composto obtido neste método (Figura 36), verificando-se apenas os

sinais observados para o derivado succinoilado de manana, ou seja, sem a adição

do NFOH. A dificuldade em se obter o produto esperado pode ser dada à baixa

reatividade do NFOH. Estudos de modelagem molecular realizados por Giarolla e

colaboradores (2006) mostraram que há a formação de interações de hidrogênio

intramoleculares entre o grupo hidroxila e a carbonila presentes no composto

bioativo, o que reduz a reatividade deste.

Figura 36: Espectro de RMN 1H (300 MHz, D2O, δ ppm) do produto obtido na

tentativa de se adicionar o NFOH.

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4.3 MODELAGEM MOLECULAR

Após a obtenção do modelo, otimização deste e realização de dinâmica

molecular (a fim de se obter o confôrmero de menor energia), gerou-se o MEP e a

superfície molecular de acessibilidade ao solvente. O MEP, gerado através do

cálculo das cargas de potencial eletrostático (ChelpG), foi visualizado em superfície

de Connolly, na faixa de coloração entre -7,169 e-2 e 7,169 e-2 (Figura 36). Os

valores negativos no MPE (alta densidade eletrônica) estão em vermelho e os

valores positivos (baixa densidade eletrônica) estão em azul. Verificou-se que os

carbonos carbonílicos C58 (próximo ao NFOH) e C62 (próximo à manana)

apresentaram carga ChelpG positiva (0,93 e 0,68, respectivamente). Apesar do C58

possuir carga mais positiva que o C62, de acordo com a superfície molecular de

acessibilidade ao solvente, a área do C62 é maior, mais disponível (área em

amarelo), que a do C58 (totalmente impedido, área escondida na superfície) (Figura

37).

Dessa forma, observa-se que a liberação do composto ativo seria passível de

ocorrer, visto que ambos os carbonos carbonílicos apresentam carga ChelpG

positiva, o que possibilitaria o ataque nucleofílico de enzimas lisossômicas. Devido

ao fato de o C62 possuir maior disponibilidade estérica ao ataque enzimático, por

apresentar maior área acessível ao solvente, no cálculo de superfície molecular de

acessibilidade ao solvente, este seria primeiramente atacado pelas enzimas

lisossômicas.

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Figura 37: Visualização do modelo molecular 3D (bola-tubo ou bola-palito) do confôrmero de menor energia do fármaco dirigido de NFOH com manana (A), do

respectivo MPE (B) e da superfície de acessibilidade ao solvente (C).

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5 CONCLUSÕES

Os métodos utilizados a fim de se obter o fármaco dirigido de NFOH com

manana a partir do NFOH não geraram os resultados esperados. A obtenção do

derivado succinoilado do NFOH que, posteriormente, seria adicionado à manana,

não ocorreu por meio de nenhum dos métodos aplicados.

Com relação aos métodos desenvolvidos na obtenção do fármaco dirigido de

NFOH a partir da manana, obteve-se algum sucesso. A extração da manana foi

realizada e, posteriormente, a síntese do seu derivado succinoilado ocorreu de

forma adequada, estando seu espectro de RMN 1H de acordo com a literatura

(RICELLI, 2003) e observando-se a presença de um sinal referente ao éster, que

une a manana ao espaçante, no espectro de RMN 13C. Porém, a adição do NFOH

ao derivado succinoilado da manana não ocorreu, sendo assim, não foi possível

obter o fármaco dirigido proposto por nenhuma das abordagens realizadas.

Nos estudos de modelagem molecular realizados, observou-se, por meio do

MEP, que o modelo do fármaco dirigido de NFOH com manana apresentou baixa

densidade eletrônica tanto no carbono carbonílico C58 (próximo ao NFOH), quanto

no C62 (próximo à manana). Na superfície molecular de acessibilidade ao solvente,

verificou-se que a área do C62 (próximo à manana) é mais disponível do que a área

do C58 (próximo ao NFOH). Dessa forma, sugere-se que o ataque nucleofílico

enzimático ao fármaco dirigido, com consequente liberação da porção ativa, seria

possível, sendo que o C62 seria mais suscetível ao ataque enzimático.

Devido ao sucesso na obtenção do grupo transportador do fármaco dirigido

proposto, este estudo demonstra o potencial em se realizar futuros trabalhos

utilizando o referido grupo a fim de se dirigir compostos bioativos para os

macrófagos. Por meio deste trabalho, podem se guiar futuras sínteses utilizando a

manana junto a moléculas de interesse na busca por fármacos dirigidos para

doenças negligenciadas. No caso do hidroximetilnitrofural, a ativação do grupo

hidroxila deve ser buscada, por meio de métodos adequados, permitindo o

rompimento do possível pseudo anel formado, como visto em estudos prévios de

modelagem molecular (GIAROLLA et al., 2006).

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WILLIAMS, D. A. Foye’s principles of medicinal chemistry. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins, 6 ed., 2008. p. 54-84.

YANG, S.; VIGERUST,D. J.; SHEPHERD, V. L. Interaction of members of the heat

shock protein-70 family with the macrophage mannose receptor. J. Leukoc. Biol., v. 93, p. 529-536, 2013.

ZHANG, Y.; MACARTHUR, C.; MUBILA, L.; BAKER, S. Control of neglected tropical

diseases needs a long-term commitment. BMC Med., v. 8, p. 67-75, 2010.

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I

ANEXO I

FÁRMACO DIRIGIDO DE METRONIDAZOL COM MANANA

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II

Fármaco dirigido de metronidazol com manana

Face à dificuldade de obtenção do derivado de NFOH, adicionalmente,

realizou-se métodos sintéticos a fim de se sintetizar um fármaco dirigido de

metronidazol (Figura 1) com manana. Com o referido fármaco dirigido, busca-se uma

atividade antichagásica direcionada, já que o metronidazol possui atividade

antichagásica conhecida (MORELLO, 1988), elevando-se seletividade e potência

deste.

Figura 1A: Metronidazol.

A1 Métodos

A1.1 Métodos de análise

Ressonância Magnética Nuclear de H1 em espectrômetro de ressonância

magnética nuclear 500 MHz BRUKER, modelo DRX-500 (Central Analítica do

IQ/USP).

Cromatografia em Camada Delgada (CCD).

A1.2 Síntese

Método adaptado de RICELLI (2003) - utilizando DCC

A fim de se obter o fármaco dirigido de metronidazol com manana, realizou-se

o método adaptado de RICELLI (2003) (Esquema 1A), no qual se solubilizou 1 mmol

de DSM (calculado com base em carboxilas livres), sob agitação magnética

vigorosa, em água destilada. Em seguida, adicionou-se 1 g de DCC, previamente

solubilizada em DMF, deixando-se a mistura sob agitação por 30 minutos. Após

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III

agitação, adicionou-se 5 mmol de metronidazol, deixando a mistura reacional sob

agitação constante em temperatura ambiente por 7 dias. Posteriormente, filtrou-se o

meio reacional, lavando-se diversas vezes com água destilada, em funil de Büchner,

terra diatomácea e funil sinterizado, a fim de se retirar os subprodutos formados, que

se apresentavam precipitados no meio. Por fim, dialisou-se a fase aquosa contra

água destilada em membrana de cut off 12.000-14.000, por 7 dias, em temperatura

ambiente e liofilizou-se o produto obtido.

Esquema 1A: Síntese do fármaco dirigido de metronidazol com manana.

Método adaptado de RICELLI (2003) - utilizando EDC

Utilizou-se, também, a fim de se obter o fármaco dirigido de metronidazol com

manana, o EDC como agente condensante. Nesse caso, solubilizou-se 1 mmol de

DSM (calculado com base em carboxilas livres), sob agitação magnética vigorosa,

em água destilada. Em seguida, adicionou-se 1 g de EDC, previamente solubilizado

em DMF, deixando-se a mistura sob agitação por 30 minutos. Após agitação,

adicionaram-se 5 mmol de metronidazol, deixando a mistura reacional sob agitação

constante em temperatura ambiente por 7 dias. Posteriormente, filtrou-se o meio

reacional, lavando-se diversas vezes com água destilada, em funil de Büchner

simples, terra diatomácea e funil sinterizado, a fim de se retirar os subprodutos

formados, que se apresentavam precipitados no meio. Por fim, dialisou-se a fase

aquosa contra água destilada em membrana de cut off 12.000-14.000, por 7 dias,

em temperatura ambiente e liofilizou-se o produto obtido.

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IV

A1.3 Modelagem molecular

Com o objetivo de obter informações preliminares sobre a liberação de

fármacos dirigidos de metronidazol com manana, foi realizado o seguinte estudo de

modelagem molecular.

A1.3.1 Construção do modelo 3D

A estrutura 3D do fármaco dirigido contendo manana (representada por um

trímero de manose), ácido succínico e metronidazol foi construída no programa

HyperChem 7.51. Para este fim, utilizaram-se estruturas cristalografadas como

referência, ambas foram extraídas do Protein Data Bank (PDB), sendo que o código

do trímero de manose utilizado é 1JPC e o código do metronidazol é 1W3R. O ácido

succínico (espaçante) foi desenhado e realizou-se cálculo de cargas parciais e

minimização de energia.

A1.3.2 Otimização do modelo

A fim de se otimizar o modelo construído, realizou-se o cálculo de cargas

parciais através do método semi-empírico AM1, no programa HyperChem 7.51, e

minimização de energia através dos métodos de declive máximo (20 fs) e gradientes

conjugados (20 fs) no programa GROMACS 4.5.

A1.2.3 Dinâmica molecular

Na busca por um confôrmero energicamente estável, o modelo molecular

obtido do processo de minimização de energia foi utilizado na realização de

simulações de dinâmica molecular (DM). O modelo foi embebido em moléculas de

água simple point charge (SPC) e, utilizando o campo de força GROMOS96, um

ciclo de aquecimento foi realizado. Em seguida, realizou-se uma simulação de DM

de 1 ns a 310 K.

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V

A1.3.4 Obtenção do MEP e da superfície molecular de acessibilidade ao

solvente

A fim de se obter o MEP e a superfície molecular de acessibilidade ao

solvente do fármaco dirigido de metronidazol com manana, utilizou-se a

conformação de menor energia deste, a qual foi selecionada da DM. Na obtenção

do MEP, realizou-se o cálculo das cargas de potencial eletrostático (ChelpG), com

método ab initio HF/6-31G*, no programa Gaussian 03. A superfície molecular de

acessibilidade ao solvente foi obtida no programa ViewerLite 5.0.

A2 Resultados e Discussão

A2.1Síntese

Método adaptado de RICELLI (2003) - utilizando DCC

Considera-se que o fármaco dirigido de metronidazol com manana esperado

não tenha sido obtido por esse método. Observou-se em seu espectro de RMN 1H

(Figura 2A) a presença dos sinais relacionados ao açúcar, os quais não foram

atribuídos, mas estão de acordo com a literatura (RICELLI, 2003). Também foram

observados sinais de impureza e sinais relativos à presença do metronidazol.

Porém, acredita-se que o metronidazol esteja presente em sua forma livre, já que o

sinal mostrado como a (o qual se encontra ampliado na figura), referente ao grupo

metilênico próximo à hidroxila, apresenta-se na forma de quarteto, o que está de

acordo com o acoplamento com a hidroxila, o que comprova que o éster esperado,

caso o fármaco dirigido proposto tivesse sido formado, não foi obtido.

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VI

Figura 2A: Espectro de RMN 1H (500 MHz, D2O, δ ppm) do produto obtido.

Método adaptado de RICELLI (2003) - utilizando EDC

Acredita-se que o produto esperado não foi obtido, pois seu espectro de RMN

1H apresentou diversas impurezas, não sendo possível se verificar os sinais relativos

ao metronidazol. As referidas impurezas podem ter ocorrido devido ao processo de

liofilização, o qual modificou as características físicas do produto obtido.

A2.2 Modelagem molecular

Após a obtenção do modelo, otimização deste e realização de dinâmica

molecular (a fim de se obter o confôrmero de menor energia), gerou-se o MEP e a

superfície molecular de acessibilidade ao solvente. O MEP, gerado através do

cálculo das cargas de potencial eletrostático (ChelpG), foi visualizado em superfície

de Connolly, na faixa de coloração entre -7,169 e-2 e 7,169 e-2 (Figura 4A). Os

valores negativos no MPE (alta densidade eletrônica) estão em vermelho e os

valores positivos (baixa densidade eletrônica) estão em azul. Verificou-se que os

carbonos carbonílicos C51 (próximo ao metronidazol) e C47 (próximo à manana)

apresentaram carga ChelpG positiva (0,728 e 0,730, respectivamente). Apesar de as

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VII

cargas serem semelhantes, de acordo com a superfície molecular de acessibilidade

ao solvente, a área do C51 é maior, mais disponível (área em amarelo), que a do C47

(Figura 4A).

Sendo assim, verifica-se que a liberação do composto ativo seria passível de

ocorrer, visto que ambos os carbonos carbonílicos apresentam carga ChelpG

positiva, possibilitando o ataque nucleofílico de enzimas lisossômicas. Devido ao C51

possuir maior disponibilidade estérica ao ataque enzimático, apresentando maior

área acessível ao solvente, no cálculo de superfície molecular de acessibilidade ao

solvente, este seria primeiramente atacado pelas enzimas lisossômicas, havendo a

liberação da porção ativa.

Figura 4A: Visualização do modelo molecular 3D (bola-tubo ou bola-palito) do confôrmero de menor energia do fármaco dirigido de metronidazol com manana (A),

do respectivo MPE (B) e da superfície de acessibilidade ao solvente (C).

A3 Conclusões

O fármaco dirigido de metronidazol com manana não foi obtido por meio dos

métodos de síntese utilizados. Outros métodos deverão ser realizados com o

objetivo de obter o derivado proposto.

Com relação aos estudos de modelagem molecular realizados, verificou-se

que, devido à baixa densidade eletrônica observada em ambos os carbonos

carbonílicos e à área mais disponível do C51, o ataque nucleofílico enzimático ao

fármaco dirigido, com consequente liberação da porção ativa, seria possível, sendo

que o C51 seria mais suscetível ao esse ataque enzimático.

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VIII

A4 Referências Bibliográficas

MORELLO, A. The biochemistry of the mode of action of drugs and the detoxication mechanisms in Trypanosoma cruzi. Comp. Biochem. Physiol., v. 90C, p. 1-12, 1988.

RICELLI, N. L. Tuberculostáticos potenciais: síntese e avaliação biológica preliminar

de fármacos dirigidos de estreptomicina e amicacina para liberação específica em macrófagos, 2003. 122p. [Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo].

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IX

ANEXO II

ATIVIDADES ACADÊMICAS

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X

ATIVIDADES ACADÊMICAS

Resumo das atividades acadêmicas desenvolvidas:

Publicação de artigo:

SERAFIM, R. A. M. ;PRIMI, M. C.; TROSSINI, G. H. G. ;FERREIRA, E. I.. Nitric

oxide: state of the art in drug design. Current Medicinal Chemistry, v. 19,

p. 386-405, 2012.

Artigos enviados para publicação:

PRIMI, M. C.; SEGRETTI, N. D.; FERREIRA, E. I. Medicinal chemistry of new

compounds to treat tuberculosis Current Clinical Pharmacology. Aceito

preliminarmente pelo Editor do número especial.

Cursos:

2012

“Modelagem Molecular Aplicada ao Planejamento de Compostos Bioativos –

Carlos Mauricio Rabello de Sant’Anna – Reunião Anual da Sociedade

Brasileira de Química (RA-SBQ)

“Innovative Medicinal Chemistry in the Academic Laboratory” - Jed Fisher – The

6th Brazilian Symposium on Medicinal Chemistry

2013

“Química Computacional e Modelagem Molecular - Carlos Mauricio Rabello de

Sant’Anna e Nelilma Correia Romeiro - Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ)

“Efeitos Estruturais na Descoberta de Fármacos” – Carlos Alberto Manssour

Fraga - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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XI

“Highlights in Medicinal Chemistry” – Bruce Cassels Niven - Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

“Princípios de Farmacologia: Aspectos Moleculares” – Bagnólia Araújo Silva -

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Participação em eventos:

2011

XLVI Semana Universitária Paulista de Farmácia e Bioquímica (SUPFAB) -

FCF/USP

II Simpósio de Planejamento e Desenvolvimento de Novos Fármacos para

Doenças Negligenciadas – FCF/USP

II International Symposium on Drug Discovery – UNESP Araraquara

2012

XVII Semana Farmacêutica de Ciência e Tecnologia – FCF/USP

35ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RA - SBQ) – Águas de

Lindóia/SP

Simpósio de Dendrimeros: Importância no contexto da nanotecnologia –

FCF/USP

The 6th Brazilian Symposium on Medicinal Chemistry (BrazMedChem) –

Canela/RS

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XII

Resumos publicados em anais de congressos:

PRIMI, M. C.; SEGRETTI, N. D.; FERREIRA, E. I.. In silico study of the

potential metronidazole targeted drug with mannan as directing group. In:

III International Symposium on Drug Discovery, 2013, Araraquara/SP.

PRIMI, M. C.; PASQUALOTO, K. F. M.; FERREIRA, E. I.. Estudo in silico de

candidato potencial a fármaco dirigido de hidroximetilnitrofural com

manana. In: 35ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RA-

SBQ), 2012, Águas de Lindóia/SP.

PRIMI, M. C.; PASQUALOTO, K. F. M.; FERREIRA, E. I. In silico study of

bioactive compound' release from the potential drug targeted candidate of

hydroxymethylnitrofurazone with mannan. In: XVII Semana Farmacêutica

de Ciência e Tecnologia, 2012, São Paulo/SP

PRIMI, M. C.; SA, M. M.; RANGEL-YAGUI, C.; FERREIRA, E. I.; TROSSINI, G.

H. G. HQSAR study of a series of NK3 receptor antagonists for

schizophrenia. In: The 5th Brazilian Symposium on Medicinal Chemistry,

2012, Canela/RS.

Organização de evento:

FERREIRA, E. I.; ANDRICOPULO, A. D.; TROSSINI, G. H. G.; POLIDORO, A.;

VAZ, B. A.; BRITO, C. L.; SILVA, F. T.; GIAROLLA, J.; PRIMI, M. C.;

SEGRETTI, N. D.; SERAFIM, R. A. M.; SANTOS, S. S.; OTELO, V.;

RANGEL-YAGUI, C. O. - II Simpósio de Planejamento e Desenvolvimento

de Novos Fármacos para Doenças Negligenciadas – FCF/USP

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XIII

ANEXO III

FICHA DO ALUNO

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11/07/13 Ficha do Aluno

https://uspdigital.usp.br/janus/alunoGeral/ficha/fichaDoAlunoParaImpressao.jsf 1/3

- Sistema Administrativo da Pós-Graduação

Universidade de São Paulo

Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Documento sem validade oficial

FICHA DO ALUNO

9138 - 7493873/1 - Marina Candido Primi

Email: [email protected]

Data de Nascimento: 16/02/1987

Cédula de Identidade: RG - 37.948.290-3 - SP

Local de Nascimento: Estado de São Paulo

Nacionalidade: Brasileira

Graduação: Farmacêutico - Universidade Católica de Santos - São Paulo - Brasil - 2011

Curso: Mestrado

Programa: Fármaco e Medicamentos

Área: Insumos Farmacêuticos

Data de Matrícula: 02/02/2011

Início da Contagem de Prazo: 02/02/2011

Data Limite: 02/08/2013

Orientador: Prof(a). Dr(a). Elizabeth Igne Ferreira - 02/02/2011 até o presente. E.Mail:

[email protected]

Proficiência em Línguas: Inglês, Aprovado em 02/02/2011

Data de Aprovação no Exame de

Qualificação:Aprovado em 24/04/2012

Data do Depósito do Trabalho:

Título do Trabalho:

Data Máxima para Aprovação da

Banca:

Data de Aprovação da Banca:

Data Máxima para Defesa:

Data da Defesa:

Resultado da Defesa:

Histórico de Ocorrências: Ingressou no Mestrado em 02/02/2011

Matrícula de Acompanhamento em 18/02/2013

Aluno matriculado nas normas vigentes a partir de 01/07/2009

Última ocorrência: Matrícula de Acompanhamento em 18/02/2013

Impresso em: 11/07/13 14:53:37

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11/07/13 Ficha do Aluno

https://uspdigital.usp.br/janus/alunoGeral/ficha/fichaDoAlunoParaImpressao.jsf 2/3

- Sistema Administrativo da Pós-Graduação

Universidade de São Paulo

Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Documento sem validade oficial

FICHA DO ALUNO

9138 - 7493873/1 - Marina Candido Primi

Sigla Nome da Disciplina Início TérminoCarga

HoráriaCred.Freq.Conc.Exc.Situação

FBF5704-

5/4Análise Espectrométrica de Fármacos 02/03/2011 14/06/2011 150 10 100 A N Concluída

FBF5779-

1/3

Preparo de Artigos Científ icos na Área de

Farmácia08/04/2011 09/06/2011 90 6 100 A N Concluída

EDM5102-

2/6

Preparação Pedagógica PAE (Faculdade de

Educação - Universidade de São Paulo)18/08/2011 28/09/2011 60 0 0 - N

Pré-

matrícula

indeferida

FBA5728-

3/3Aprimoramento Didático 12/09/2011 09/10/2011 60 0 0 - N

Pré-

matrícula

indeferida

FBF5786-

2/2

Metodologias de Modelagem Molecular no

Planejamento de Fármacos20/09/2011 21/11/2011 90 6 87 A N Concluída

FBF5708-

5/1

Relação entre Estrutura Química e Atividade

Biológica23/09/2011 16/12/2011 120 8 100 A N Concluída

FBF5803-

1/1

Tópicos Avançados em Fármaco e

Medicamentos (Técnicas Computacionais no

Estudo da Dinâmica do Reconhecimento

Fármaco-receptor)

26/09/2011 02/10/2011 30 2 90 A N Concluída

FBF5777-

2/6Tópicos Gerais de Fármaco e Medicamentos 08/03/2012 21/06/2012 45 3 93 B N Concluída

FBF5808-

1/1

Tópicos Avançados em Fármacos e

Medicamentos (Drug Design: Basis for the

Design of Antineoplasic Candidates)

11/06/2012 17/06/2012 30 0 0 - N

Pré-

matrícula

indeferida

FBF5808-

1/2

Tópicos Avançados em Fármacos e

Medicamentos (Drug Design: Basis for the

Design of Antineoplasic Candidates)

02/07/2012 08/07/2012 30 2 100 A N Concluída

Créditos mínimos exigidos Créditos obtidos

Para exame de qualificação Para depósito da dissertação

Disciplinas: 0 25 37

Estágios:

Total: 0 25 37

Créditos Atribuídos à Dissertação: 71

Conceito a partir de 02/01/1997:

A - Excelente, com direito a crédito; B - Bom, com direito a crédito; C - Regular, com direito a crédito; R - Reprovado; T

- Transferência.

Um(1) crédito equivale a 15 horas de atividade programada.

Última ocorrência: Matrícula de Acompanhamento em 18/02/2013

Impresso em: 11/07/13 14:53:37

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XVI

ANEXO IV

CURRÍCULO LATTES

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11/07/13 Currículo do Sistema de Currículos Lattes (Marina Candido Primi)

buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4206013D1 1/6

Endereço Profissional Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas,

Departamento de Farmácia - Bloco 13.

Av. Prof. Lineu Prestes

Butantã

05315-970 - Sao Paulo, SP - Brasil

Telefone: (11) 30913687

2011 Mestrado em andamento em Fármaco e Medicamentos.

Universidade de São Paulo, USP, Brasil.

Título: CANDIDATOS A LEISHMANICIDAS, ANTICHAGÁSICOS E

TUBERCULOSTÁTICOS: SÍNTESE DE FÁRMACOS DIRIGIDOS DE

HIDROXIMETILNITROFURAL COM MANANA PARA LIBERAÇÃO ESPECÍFICA EM

MACRÓFAGOS,Orientador: ELIZABETH IGNE FERREIRA.

Bolsista do(a): Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo,

FAPESP, Brasil.

Grande área: Ciências da Saúde / Área: Farmácia.

2007 - 2010 Graduação em Fármacia.

Universidade Católica de Santos, UNISANTOS, Brasil.

2013 - 2013 Efeitos Estruturais na Descoberta de Fármacos.. (Carga horária: 8h).

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

2013 - 2013 Highlights in Medicinal Chemistry. (Carga horária: 8h).

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

2013 - 2013 Princípios de Farmacologia: Aspectos Moleculares. (Carga horária: 8h).

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

2013 - 2013 Química Computacional e Modelagem Molecular. (Carga horária: 8h).

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

2012 - 2012 Modelagem Molecular aplicada compostos bioativos. (Carga horária: 6h).

Sociedade Brasileira de Química.

2012 - 2012 Conceitos Gerais sobre HPLC - Técnica e aplicação.. (Carga horária: 3h).

Nome Marina Candido Primi

Nome em citações bibliográficas PRIMI, M. C.

Marina Candido PrimiEndereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4120756474753850

Última atualização do currículo em 11/07/2013

Possui graduação em Farmácia pela Universidade Católica de Santos - UNISANTOS (2010) e

atualmente é aluna de Mestrado em Fármaco e Medicamentos pela Faculdade de Ciências

Farmacêuticas da Universidade de São Paulo - FCF/USP, atuando nos seguintes temas:

Planejamento de Fármacos, Síntese Orgânica, Modificações Moleculares, Latenciação, Doenças

Negligenciadas e Modelagem Molecular. (Texto informado pelo autor)

Identificação

Endereço

Formação acadêmica/titulação

Formação Complementar

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11/07/13 Currículo do Sistema de Currículos Lattes (Marina Candido Primi)

buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4206013D1 2/6

Universidade de São Paulo, USP, Brasil.

2012 - 2012 Innovative Medicinal Chemistry in the Academic Lab. (Carga horária: 3h).

The Brazilian Symposium on Medicinal Chemistry.

2010 - 2010 New Approaches in Drug Discovery.. (Carga horária: 16h).

Universidade de São Paulo, USP, Brasil.

2009 - 2009 Cromatografia Líquida e Gasosa.. (Carga horária: 8h).

Universidade Católica de Santos, UNISANTOS, Brasil.

2008 - 2008 Biotecnologia. (Carga horária: 8h).

Universidade Católica de Santos, UNISANTOS, Brasil.

2007 - 2007 Fitohormônios e suas aplicações terapêuticas. (Carga horária: 3h).

Herbarium Laboratório Botânico.

2007 - 2007 Análise Instrumental. (Carga horária: 8h).

Universidade Católica de Santos, UNISANTOS, Brasil.

Vínculo institucional

2009 - 2009 Vínculo: Estagiária, Enquadramento Funcional: Monitora da disciplina de

Bioquímica Geral II, Carga horária: 6

Vínculo institucional

2011 - Atual Vínculo: Pós-Graduação (MESTRADO), Enquadramento Funcional: Aluno /

Pesquisador, Regime: Dedicação exclusiva.

Outras informações Realiza suas atividades no Laboratório de Planejamento e Síntese de

Quimioterápicos Potencialmente Ativos contra Endemias Tropicais (LAPEN) -

Departamento de Farmácia - FCF / USP

Vínculo institucional

2010 - 2010 Vínculo: Estágio - Análises Clínicas, Enquadramento Funcional: Estagiária,

Carga horária: 25

Vínculo institucional

2009 - 2009 Vínculo: Estagiária, Enquadramento Funcional: Pesquisadora, Carga horária: 12

Vínculo institucional

2009 - 2009 Vínculo: Estagiária, Enquadramento Funcional: Monitora da disciplina de

Bioquímica Geral I, Carga horária: 6

Vínculo institucional

2008 - 2009 Vínculo: Estagiária, Enquadramento Funcional: Pesquisadora, Carga horária: 20

Vínculo institucional

2008 - 2008 Vínculo: Estágio - farmácia homeopática, Enquadramento Funcional: Estagiária,

Carga horária: 32

Atuação Profissional

Universidade de São Paulo, USP, Brasil.

UniSantos Lab - Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas, UNISANTOS LAB, Brasil.

Núcleo de Estudos Epidemiológicos - UNISANTOS, NEEPID, Brasil.

Universidade Católica de Santos, UNISANTOS, Brasil.

Instituto de Pesquisas Científicas - UNISANTOS, IPECI, Brasil.

Farmácia Rosa Gálica, RG, Brasil.

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Vínculo institucional

2008 - 2008 Vínculo: Estágio - farmácia hospitalar, Enquadramento Funcional: Estagiária,

Carga horária: 30

2011 - Atual Candidatos a Leishmanicidas, Antichagásicos e Tuberculostáticos: Síntese de

Fármacos Dirigidos de Hidroximetilnitrofural com Manana para Liberação

Específica em Macrófagos

Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa.

Integrantes: Marina Candido Primi - Integrante / Elizabeth Igne Ferreira -

Coordenador.

Financiador(es): Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo -

Bolsa.

2009 - 2009 Qualidade do exame: Comparabilidade dos exames hematológicos na Baixada

Santista

Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.

Integrantes: Marina Candido Primi - Integrante / Mauro A. Rozman -

Coordenador.

Financiador(es): Universidade Católica de Santos - Bolsa.

2009 - 2009 Investigação da absorção de urânio em amostras de ossos de ratos Wistar

Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.

Alunos envolvidos: Graduação: (1) .

Integrantes: Marina Candido Primi - Integrante / Luiz Paulo Geraldo -

Coordenador.

Financiador(es): Universidade Católica de Santos - Bolsa.

Inglês Compreende Bem, Fala Razoavelmente, Lê Bem, Escreve Razoavelmente.

2011 Oradora da XIX Turma de Formandos de Farmácia (matutino) da Universidade

Católica de Santos - UNISANTOS, em 10 de Janeiro de 2011., UNISANTOS.

2011 Prêmio Paulo Minami (prêmio concedido ao melhor aluno do curso de Farmácia

de cada Instituição de Ensino Superior no Estado de São Paulo), CRF-SP.

2009 Bolsa Mérito (contemplada para o melhor aluno da turma no período letivo),

Universidade Católica de Santos - UNISANTOS.

Hospital Santo Amaro, HSA, Brasil.

Projetos de pesquisa

Áreas de atuação

Idiomas

Prêmios e títulos

Produções

Produção bibliográfica

Citações

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Total de trabalhos:2Total de citações:2

1.

2.

3.

1.

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1.

1.

2.

3.

4.

SCOPUS

Primi, M. C. Data: 25/10/2012

Artigos completos publicados em periódicos

Ordenar por

Ordem Cronológica

SERAFIM, R. A. M. ; PRIMI, M. C. ; TROSSINI, G. H. G. ; FERREIRA, E. I. . Nitric oxide: state of the art in drug

design. Current Medicinal Chemistry , v. 19, p. 386-405, 2012.

Citações: 1 | 3

GERALDO, L. P. ; SERAFIM, R. A. M. ; CORREA, B. A. M. ; YAMAZAKI, I. M. ; PRIMI, M. C. . Uranium

content and dose assessment for sediment and soil samples from the estuarine system of Santos and São Vicente, SP,

Brazil. Radiation Protection Dosimetry , v. 140, p. 96-100, 2010.

GERALDO, L. P. ; PRIMI, M. C. ; RODRIGUES, G. ; PEREIRA, R. M. R. ; ARRUDA-NETO, J. D. T. ; YAMAZAKI, I.

M. ; TAKAYAMA, L. . Avaliação da absorção crônica de urânio em amostras de ossos de ratos wistar. Ciência e Cultura

(Barretos), v. 5, p. 55-61, 2010.

Textos em jornais de notícias/revistasSERAFIM, R. A. M. ; PRIMI, M. C. . Se for natural, não faz mal?. Jornal O Debate, p. 4A - 4A, 29 jan. 2010.

SERAFIM, R. A. M. ; PRIMI, M. C. ; VIEIRA, M. R. S. . Interação entre Medicamentos e Nutrientes. Jornal O

Tempo, p. 4 - 4, 01 maio 2009.

Resumos expandidos publicados em anais de congressosSERAFIM, R. A. M. ; CORREA, B. A. M. ; YAMAZAKI, I. M. ; PRIMI, M. C. ; GERALDO, L. P. . Investigation of the

uranium content in sediment and soil samples from the Santos and São Vicente estuary region, SP. In: International

Nuclear Atlantic Conference (INAC), 2009, Rio de Janeiro. Book os Abstracts, 2009.

Resumos publicados em anais de congressosPRIMI, M. C. ; PASQUALOTO, K. F. M. ; FERREIRA, E. I. . Estudo in silico de candidato potencial a fármaco

dirigido de hidroximetilnitrofural com manana. In: 35ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ), 2012,

Águas de Lindóia. 35ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ), 2012.

PRIMI, M. C. ; PASQUALOTO, K. F. M. ; FERREIRA, E. I. . In silico studyof bioactive compound' release from the

potential drug targeted candidate of hydroxymethylnitrofurazone with mannan. In: XVII Semana Farmacêutica de

Ciência e Tecnologia, 2012, São Paulo. XVII Semana Farmacêutica de Ciência e Tecnologia, 2012.

PRIMI, M. C. ; SA, M. M. ; RANGEL-YAGUI, C. ; FERREIRA, E. I. ; TROSSINI, G. H. G. . HQSAR study of a series

of NK3 receptor antagonists for schizophrenia. In: The 5th Brazilian Symposium on Medicinal Chemistry, 2012, Canela -

RS. The 5th Brazilian Symposium on Medicinal Chemistry, 2013.

PRIMI, M. C. ; RODRIGUES, G. ; YAMAZAKI, I. M. ; GERALDO, L. P. . Investigação da absorção de urânio em

amostras de dentes e mandíbulas de ratos Wistar. In: IV Jornada de Iniciação Científica da Univesidade Católica de

Santos, 2009, Santos. Livro de resumos, 2009.

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1.

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8.

SERAFIM, R. A. M. ; CORREA, B. A. M. ; PRIMI, M. C. ; GERALDO, L. P. . Investigação do Teor de Urânio em

Amostras de Sedimentos e Solos da Região do Estuário de Santos de São Vicente - SP. In: IV Simpósio Internacional de

Meio Ambiente, 2009, Rio de Janeiro. Livro de resumos, 2009.

BARSOTTI, N. S. ; KOMAR, R. C. ; PRIMI, M. C. ; SILVERIO, C. J. ; VIEIRA, M. R. S. . Avaliação do Perfil dos

Egressos do Curso de Farmácia da Universidade Católica de Santos. In: VI Encontro Farmacêutico de Ribeirão Preto,

2008, Ribeirão Preto. Livro de resumos, 2008.

Artigos aceitos para publicaçãoARRUDA-NETO, J. D. T. ; RODRIGUES, G. ; PEREIRA, R. M. R. ; KLEEB, S. R. ; GERALDO, L. P. ; PRIMI, M. C. ;

FONTES, E. M. ; TAKAYAMA, L. ; RODRIGUES, T. E. ; GENOFRE, G. C. ; SEMMLER, R. ; CAVALCANTE, G. T. ;

NOGUEIRA, G. P. . Uranium deposition in bones of Wistar rats associated with skeleton development. Applied Radiation

and Isotopes , 2013.

Apresentações de TrabalhoBARSOTTI, N. S. ; PRIMI, M. C. ; SOARES, M. C. B. . Perfil de resistência a antimicrobianos e de expressão de

fatores de virulência de amostras de Pseudomonas aeruginosa isoladas de fontes ambientais.. 2010. (Apresentação de

Trabalho/Outra).

PRIMI, M. C. ; RODRIGUES, G. ; YAMAZAKI, I. M. ; GERALDO, L. P. . Investigação da absorção de urânio em

amostras de dentes e mandibulas de ratos Wistar. 2009. (Apresentação de Trabalho/Outra).

Demais tipos de produção técnica

PRIMI, M. C. ; SERAFIM, R. A. M. . Profissional Farmacêutico - Perspectivas da Profissão. 2012. (Palestra

ministrada: Curso de Farmácia - UNISANTOS). 2012. (Palestra).

Eventos

Participação em eventos, congressos, exposições e feiras

The 5th Brazilian Symposium on Medicinal Chemistry.HQSAR study of a series of NK3 receptor antagonists for

schizophrenia. 2013. (Simpósio).

Simpósio de Dendrimeros: Importância no contexto da nanotecnologia. 2012. (Simpósio).

35ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ).Estudo in silico de candidato potencial a fármaco

dirigido de hidroximetilnitrofural com manana. 2012. (Outra).

XVII Semana Farmacêutica de Ciência e Tecnologia.In silico study of bioactive compound' release from the potential

drug targeted candidate of hydroxymethylnitrofurazone with mannan. 2012. (Outra).

II International Symposium on Drug Discovery. 2011. (Simpósio).

II Simpósio de Planejamento e Desenvolvimento de Novos Fármacos para Doenças Negligenciadas. 2011.

(Simpósio).

XLVI Semana Universitária Paulista de Farmácia e Bioquímica (SUPFAB) - FCF/USP. 2011. (Simpósio).

Programa de Seminários da Comissão de Pesquisa (FCF/USP) - Palestra: Produtos Naturais como Protótipos para

Agonistas Nicotínicos. 2011. (Outra).

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11/07/13 Currículo do Sistema de Currículos Lattes (Marina Candido Primi)

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18.

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1.

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3.

Programa de Seminários da Comissão de Pesquisa (FCF/USP) - Palestra: Irradiação de micro-ondas em sínteses

orgânicas. 2011. (Outra).

Programa de Seminários da Comissão de Pesquisa (FCF/USP) - Palestra: New methods for organic synthesis using

zinc and palladium. 2011. (Outra).

VII Encontro de Trabalhos Científicos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Católica de Santos.Perfil de

resistência a antimicrobianos e de expressão de fatores de virulência de amostras de Pseudomonas aeruginosa isoladas

de fontes ambientais. 2010. (Encontro).

IV Jornada Científica da Saúde - UNISANTOS. 2010. (Outra).

I Simpósio de Planejamento e Desenvolvimento de Novos Fármacos para Doenças Negligenciadas - USP e as

Redes Temáticas. 2009. (Simpósio).

III Jornada Científica da Saúde - UNISANTOS. 2009. (Outra).

IV Jornada de Iniciação Científica da Universidade Católica de Santos.Investigação da absorção de urânio em

amostras de dentes e mandíbulas de ratos Wistar. 2009. (Outra).

VI Encontro Farmacêutico de Ribeirão Preto.Avaliação do Perfil dos Egressos do Curso de Farmácia da

Universidade Católica de Santos. 2008. (Encontro).

II Jornada Científica da Saúde. 2008. (Outra).

XV Congresso Paulista de Farmacêuticos. 2007. (Congresso).

VII Seminário Internacional de Farmacêuticos. 2007. (Seminário).

I Jornada Científica da Saúde. 2007. (Outra).

Organização de eventos, congressos, exposições e feiras

FERREIRA, E. I. ; ANDRICOPULO, A. D. ; TROSSINI, G. H. G. ; POLIDORO, A. ; VAZ, B. A. ; BRITO, C. L. ; SILVA,

F. T. ; PRIMI, M. C. ; SEGRETTI, N. D. ; SERAFIM, R. A. M. ; SANTOS, S. S. ; OTELO, V. ; RANGEL-YAGUI, C. O. . II

Simpósio de Planejamento e Desenvolvimento de Novos Fármacos para Doenças Negligenciadas. 2011. (Outro).

PRIMI, M. C. . Evento em comemoração aos 20 anos do curso de Farmácia da Universidade Católica de Santos.

2009. (Outro).

PRIMI, M. C. . II Jornada Científica da Saúde. 2008. (Outro).

Outras informações relevantes

Sócia da SBQ (Sociedade Brasileira de Química), desde 2012

Página gerada pelo Sistema Currículo Lattes em 11/07/2013 às 14:46:59

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