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EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA NA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM PORTADOR DE DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: RELATO DE CASO.
EFFECTS OF AQUATIC PHYSICAL ACTIVITY IN RESPIRATORY MUSCLE FORCE IN DUCHENNE MUSCULAR DYSTROPHY CARRIER: CASE REPORT.
Anderson Júnior Monteiro- [email protected] Michele Lousado da Silva- [email protected]
Graduando Curso de Educação Física Bacharel UNISALESIANO – LINS - SP
Profª Ma. Ana Claudia de Souza Costa - Mestre em Fisioterapia [email protected]
RESUMO
A Distrofia Muscular de Duchenne é uma doença caracterizada por uma herança genética, de caráter recessivo, causada por um defeito no cromossomo X, tendo como consequência o enfraquecimento da musculatura esquelética em seus portadores. A imersão do indivíduo em água provoca alterações no sistema respiratório por conta de suas propriedades físicas, sendo a principal a pressão hidrostática. A pesquisa tem como objetivo verificar os efeitos que a atividade física aquática pode trazer para a força muscular respiratória de menino portador de Distrofia Muscular de Duchenne. Foi realizada uma pesquisa experimental quantitativa, na Clínica de Educação Física do Unisalesiano- Lins. Participou da pesquisa um indivíduo do gênero masculino, com 10 anos de idade, diagnosticado com Distrofia Muscular de Duchenne através do exame de DNA. Foram realizadas avaliações de força muscular inspiratória e expiratória máxima antes e após as atividades, através de um manovacuômetro analógico. Os resultados obtidos durante o trabalho através das avaliações não apresentaram melhoras significativas.
Palavras chave: Distrofia Muscular de Duchenne. Pressão hidrostática. Sistema respiratório.
ABSTRACT
Duchenne Muscular Dystrophy is a disease characterized by a genetic inheritance, recessive, caused by a defect in the X chromosome, resulting in weakening skeletal muscles in its carriers. The immersion of the individual in water does not have respiratory system due to its physical properties, being a main one the hydrostatic pressure. The research aims to verify the effects that aquatic physical activity can bring to a respiratory muscle strength of a boy with Duchenne Muscular Dystrophy. A
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quantitative experimental research was performed at the Unisalesiano-Lins Physical Education Clinic. A 10-year-old man diagnosed with Duchenne Muscular Dystrophy was examined by DNA. We performed inspiratory and maximal expiratory muscle strength tests before and after activities, using an analog manovacuometer. The results obtained in the work through the evaluations did not show significant improvements.
Keywords: Duchenne muscular dystrophy. Hydrostatic pressure. Respiratory system.
INTRODUÇÃO
O tema abordado possui o intuito de verificar os efeitos que a atividade física
aquática trás para a força muscular respiratória de um indivíduo com diagnóstico de
Distrofia Muscular de Duchenne, visando investigar os efeitos positivos ou negativos
proporcionado por tal atividade.
A Distrofia Muscular de Duchenne é a forma mais grave das distrofias,
caracterizada por uma herança genética, de caráter recessivo, ligada ao
cromossomo X. Caracteriza por fraqueza, degeneração progressiva e irreversível da
musculatura esquelética, capaz de atingir o sistema nervoso e a musculatura
cardíaca. Ocorre também a perda da função muscular respiratória de forma
gradativa entre os 10 e 14 anos de idade, causando a perda de capacidades e
volumes pulmonares, sendo necessário o treinamento muscular respiratório.
(SILVA; SANTOS; SARDELICH; 2016).
Com a evolução, portadores de Distrofia Muscular de Duchenne necessitam
do uso de cadeira de rodas, acarretando, em longo prazo, deformidades estruturais
como a escoliose, afetando a mecânica respiratória, com isso a Pimáx e Pemáx são
alteradas por conta da diminuição da força da musculatura, ocasionando o óbito
precoce com o passar dos anos. (SILVA; SANTOS; SARDELICH; 2016).
A pressão hidrostática ocasionada durante a imersão em água proporciona
uma determinada carga para a contração do diafragma durante a inspiração, e
durante a expiração auxilia sua elevação na saída de ar, resultando como exercícios
para a musculatura do diafragma. (FAGUNDES; SILVA, 2006).
Devido as suas propriedades físicas a água proporciona a flutuação do
individuo durante a imersão, proporcionando melhor movimentação de membros e
realização de exercícios onde em solo seria impossível devido a patologia,
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diminuindo assim a sobrecarga muscular e proporcionando a melhor atuação da
musculatura. (CARREGARO; TOLEDO, 2008).
A respiração é uma das caraterísticas básicas do ser humano, realizada
muitas vezes de forma involuntária, porém pode ser realizada de forma voluntária
em atividades especificas no cotidiano. Ela consiste basicamente em absorver
oxigênio (O2) e eliminar gás carbônico (CO2) do organismo. Segundo Hoehn e
Marieb (2009) o corpo é composto de diversas células que necessitam de oxigênio
para que possa realizar seu funcionamento.
Funcionalmente, o sistema respiratório consiste em duas zonas: Zona
condutora com a função de conduzir, aquecer e umidificar o ar até chegar aos
pulmões, diminuindo a quantidade de partículas que podem irritá-los; e Zona
respiratória onde ocorrem as trocas gasosas. (HOEHN e MARIEB, 2009).
Além de o pulmão realizar a troca gasosa realiza também outras ações como:
metabolizar compostos, retirar materiais que não são desejáveis da circulação e
atua como reserva de sangue, porém, a troca de gases é sua fundamental função.
(WEST, 2002).
O bom funcionamento do sistema respiratório é fundamental para que os
demais órgãos e sistemas do corpo funcionem adequadamente, sendo essencial a
vida, porém algumas interferências nesse processo pode acarretar uma série de
alterações do organismo. (OTSUKA; BOFFA; VIEIRA, 2005).
A respiração ocorre nas vísceras, mas também envolve músculos, ossos e
articulações. Por ser indissociável, o ato respiratório é uma interação entre o
domínio visceral e o locomotor, podendo ser gerado pelo sistema nervoso próprio
aos dois domínios mesmo com limitações. (GERMAIN, 2005).
Segundo Germain (2005), a respiração é frequentemente inconsciente e
automática, influenciando as ações e emoções e sendo influenciada por elas, porém,
ela pode ser também de modo consciente e voluntário, variando de várias formas e
níveis.
1 DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE
As distrofias musculares são doenças neuromusculares que apresentam
alterações genéticas levando à degeneração contínua da força muscular, sendo
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mais encontradas as formas de doenças neuromusculares. A Distrofia Muscular de
Duchenne (DMD) é a distrofia muscular mais encontrada e com maior frequência na
infância, quando comparada com as outras distrofias. (FONSECA; MACHADO;
FERRAZ, 2007).
A Distrofia Muscular de Duchenne é uma doença causada por um defeito no
cromossomo X, levando ao enfraquecimento da musculatura esquelética nos seus
portadores. Além de ter um início precoce, a sua rápida evolução a torna uma das
mais graves distrofias musculares conhecidas, atingindo crianças do gênero
masculino com incidência de 1 a cada 3.500 nascimentos masculinos. (OTSUKA;
BOFFA; VIEIRA, 2005).
Na maioria dos casos, a mãe herda a doença para seus filhos, sendo ela uma
portadora assintomática, apresentando 50% de chance de ter filhos do gênero
masculino afetados por essa doença, com um terço dos casos tendo o menino como
afetado. A mulher sendo portadora assintomática não apresenta os efeitos deletérios
da doença, pois seu cromossomo X não afetado protege-a desses efeitos, enquanto
que no homem, por ter apenas um cromossomo X, a doença é manifestada, pois
seu cromossomo é afetado. (OTSUKA; BOFFA; VIEIRA, 2005).
Segundo Caromano et al. (1998), a doença só vem a se desenvolver nas
mulheres caso seus dois cromossomos X sejam afetados ou em uma possível
Síndrome de Turner.
2 SISTEMA RESPIRATÓRIO
Segundo Levitzky (2004) o ar inspirado pelo nariz é aquecido até a
temperatura corpórea e umidificado à medida que passa pelos cornetos nasais, esse
ar entra nas vias aéreas através da nasofaringe, o responsável pela inspiração do ar
pela boca é denominada orofaringe. As estruturas responsáveis pelo caminho do ar
são glote, laringe, árvore traqueobrônquica, onde a partir desse momento entra em
contato com o sangue venoso misto dos capilares pulmonares.
A respiração pode ocorrer em diferentes zonas do tronco podendo ser
mínima, quase imperceptível ou ter uma força e amplitude considerável, podendo
mudar de ritmo e velocidade, ser mais ou menos voluntária podendo-se tornar ativa
ou passiva. Todas as respirações são compostas por alternância dos movimentos
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denominadas inspirações e expirações, ritmadas por tempo de pausas determinadas
apneias fisiológicas. A apneia fisiológica é um tempo manifestado frequentemente
no tronco por uma suspensão de movimento, possuindo uma duração regrada, de
modo automático de acordo com as necessidades de oxigênio e eliminação de gás
carbônico de cada organismo. Essa suspensão ocorre naturalmente, para passar da
fase de inspiração para a fase de expiração. (GERMAIN, 2005).
2.1. Inspiração
A inspiração é a capacidade de captar ar do exterior do corpo para o interior
dos pulmões, sendo que a captação de ar é de aproximadamente doze vezes por
minuto no dia-a-dia. Durante a inspiração ocorre a expansão de abdome e costelas.,
apresentando amplitudes podendo variar de 2 a 3,5 litros de acordo com a pessoa,
sendo assim quando é realizada uma amplitude maior é denominado Volume
Reserva Inspiratório (VRI). (GERMAIN, 2005).
2.2. Expiração
A expiração é caracterizada pelo tempo de envio do ar dos pulmões em
direção ao exterior do corpo, manifestada pelo fechamento de costelas, ventre e
coluna vertebral. O Volume de Reserva Expiratório (VRE) ocorre no momento em
que a expiração possui uma amplitude mais importante que a expiração de repouso,
podendo variar de 1 a 1,2 litros de ar de acordo com cada individuo, em relação ao
seu tamanho, aptidão corporal, treinamento e patologias. Ao se realizar a expiração
ocorrem movimentos predominantes na costela abaixando-as ou no abdome
retraindo o ventre, podendo ocorrer movimentos predominantes em direção à região
anterior ou posterior do tronco. (GERMAIN, 2005).
2.3. Músculos responsáveis pela respiração
Os músculos respiratórios são responsáveis por exercer a insuflação, onde os
pulmões são incapazes de insuflar por si próprios. Os músculos respiratórios e
parede torácica são componentes essenciais do sistema respiratório. (LEVITZKY,
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2004). Eles não intervêm de modo direto na respiração, embora haja uns que
participam tanto na inspiração como na expiração. (GERMAIN, 2005).
Os músculos inspiratórios ao exercerem sua ação acarretam um aumento do
volume dos pulmões através de dois grandes mecanismos, podendo aumentar os
pulmões tracionando-os pela base ou tracionando-os sobre a face anterior, lateral e
posterior. O principal músculo inspiratório é o diafragma onde ocorre a maioria das
respirações habituais, atuando como uma espécie de bomba situada na base dos
pulmões. (GERMAIN, 2005).
O Diafragma é o principal músculo respiratório, quando se contrai sozinho
ocorre uma retração dos músculos da caixa torácica, sendo assim quando os
músculos inspiratórios da caixa torácica se contraem sozinho ocorre o inverso,
puxando o diafragma para o interior da caixa torácica. Os músculos Intercostais
Externos e Inspiratórios Acessórios, assim como o Diafragma também são
responsáveis pela inspiração. Os músculos Intercostais Externos quando
estimulados a se contrair sobem juntamente com os Intercostais Paraesternais e os
Escalenos aumentando a caixa torácica. (LEVITZKY, 2004).
Os músculos inspiratórios acessórios são solicitados durante o exercício, fase
inspiratória de tosse ou espirro, diferentemente do Diafragma e os músculos
Intercostais Externos que são utilizados durante a inspiração normal tranquila.
(LEVITZKY, 2004).
Os principais músculos expiratórios são os músculos abdominais e músculos
intercostais internos. Após os músculos abdominais se contraírem ocorre uma
pressão abdominal, ao realizar esses movimentos o conteúdo abdominal é
empurrado contra o diafragma relaxado, forçando-o para cima e para o interior da
cavidade torácica. Já com os músculos Intercostais internos ocorre o contrário, a sua
contração deprime a caixa torácica para baixo, de maneira oposta às ações dos
intercostais externos. (LEVITZKY, 2004).
Segundo West (2002), a expiração é passiva durante a respiração tranquila,
ou seja, a respiração que não exige esforços. O Pulmão e a parede torácica são
elásticos, pois após serem ativamente expandidos durante a inspiração retornam a
sua posição inicial, a expiração torna-se ativa durante exercícios e hiperventilação
voluntária.
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3 FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA E ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA
A imersão de um indivíduo em água provoca profundas alterações no sistema
pulmonar, tendo como efeitos principalmente um aumento da pressão exterior sobre
o tórax, o abdome e os membros. (LEVITZKY, 2004). Segundo Sá (2010), essa
alteração ocorre por conta do deslocamento sanguíneo das regiões periféricas em
direção à região central do tórax, sofre ação direta da pressão hidrostática,
aumentando o trabalhado respiratório em cerca de 60%.
As propriedades físicas da água são caracterizadas como benéficas na
obtenção de objetivos terapêuticos, sendo indicada como meio de tratamento em
diversas patologias. (OTSUKA; BOFFA; VIEIRA, 2005).
O ambiente aquático gera uma série de adaptações fisiológicas, pois o
organismo é submetido a diferentes forças físicas, onde provocam alterações
fisiológicas extensas afetando quase todos os sistemas. Sendo assim, as
propriedades físicas da água são de extrema importância na capacidade
respiratória. (FERNANDES, 2012).
Ao ser imerso em água até o pescoço, a pressão exterior sobre a parede
torácica é maior que a pressão atmosférica, em média de 20 cm/H2O. Sendo assim é
necessário um trabalho inspiratório maior para que o ar seja levado até os pulmões,
superando a pressão positiva externa sobre o tórax. As capacidades vitais
e pulmonares total diminuem discretamente. O volume de reserva expiratório
diminui, por outro lado o volume de reserva inspiratório aumenta. (LEVITZKY, 2004).
A pressão hidrostática provoca um estímulo proprioceptivo, pois, auxilia na
distribuição do fluxo aéreo intratorácico durante a respiração, exercendo resistência
à inspiração sobre a parede torácica. Além de proporcionar a realização de
alongamento de tronco, melhorando a amplitude de flexão e extensão, flexão lateral.
(BOFFA; OTSUKA; VIEIRA, 2005).
O organismo também é submetido a diferentes forças físicas, gerando
adaptações fisiológicas. A pressão hidrostática caracteriza-se por uma força física
da água atuando sobre o organismo imerso provocando alterações fisiológicas que
afetam os sistemas do organismo. (SÁ, 2010).
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Um exercício extenuante aumenta o consumo de oxigênio e a formação de
dióxido de carbono em até duas vezes, a ventilação alveolar aumenta na mesma
proporção que o nível do metabolismo. (GUYTON e HALL, 2008).
Segundo Guyton e Hall (2008), os fatores que provocam a ventilação intensa
estão relacionados com o cérebro, que ao transmitir impulsos para os músculos,
envia impulsos colaterais que excita o centro respiratório, esse é um efeito que
estimula os centros superiores cerebrais sobre o vasomotor durante o exercício,
causando a elevação da pressão arterial e o aumento da ventilação. Acredita-se
também que durante o exercício, os movimentos corporais podem aumenta a
ventilação pulmonar através de proprioceptores presentes nas articulações, que tem
função de transmitir os impulsos excitatórios para o centro respiratório.
Segundo Guyton e Hall (2008), é possível que outros fatores também sejam
importantes no aumento da ventilação pulmonar durante o exercício, sendo que uma
grande parte desse aumento ocorre no início do exercício, resultante dos impulsos
estimulatórios oriundos dos centros superiores e reflexos estimulatórios
proprioceptivos.
3.1. Efeitos Fisiológicos da Atividade Aquática
O ambiente aquático gera uma série de adaptações fisiológicas, pois o
organismo é submetido a diferentes forças físicas que provocam alterações
fisiológicas extensas afetando quase todos os sistemas. As propriedades físicas da
água são de extrema importância na capacidade respiratória. (FERNANDES, 2012).
A água tem como fator importante o seu empuxo, proporcionando o alivio de
estresse sobre as articulações sustentadoras de peso, onde a realização de
movimentos em forças gravitacionais é reduzida. O calor da água juntamente com
seus efeitos fisiológicos são vantagens para a realização de atividades nesse meio.
A imersão é semelhante em adultos e crianças relacionando-se com a
temperatura do corpo, circulação e intensidade do exercício. (CAMPION, 2000).
O exercício aquático para indivíduos com problemas de retorno venoso é de
muita importância, pois a pressão hidrostática melhora a circulação periférica. (DI
MASI, 2000).
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Ao ser imerso em água até o pescoço, a pressão exterior sobre a parede
torácica é maior que a pressão atmosférica, em média de 20 cm/H2O. Sendo
necessário um trabalho inspiratório maior para que o ar seja levado até os pulmões,
superando a pressão positiva externa sobre o tórax. As capacidades vitais e
pulmonares totais diminuem discretamente. O volume de reserva expiratório diminui,
por outro, lado o volume de reserva inspiratório aumenta. (LEVITZKY, 2004).
3.2. Atividades aquáticas e a Distrofia muscular de Duchenne
Segundo Fonseca, Machado e Ferraz (2007), a realização de exercícios
físicos para portadores de Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) causa muita
controvérsia a respeito de seus efeitos, podendo causar um possível efeito deletério,
quando associados às atividades que requerem muita força contra a ação da
gravidade. Porém, a ausência de atividades física pode acarretar a perdas
funcionais de diversos órgãos e sistemas, como o cardiorrespiratório. Sabe-se
também que uma programação de atividade física, quando baseada em uma
avaliação minuciosa, é fundamental para a manutenção da qualidade de vida dos
portadores de DMD.
As imersões em água através da prática de natação nos estágios iniciais da
distrofia auxiliam a função respiratória, oferecendo estímulos de assopros e controle
respiratórios necessários para a natação. É de extrema importância a segurança da
criança ao estar imersa, não deixando a mesma exposta a riscos de infecção
ocasionados pela água, deixando a área de troca de roupas aquecidas e livre de
corrente de ar, sendo necessário a secagem de cabelos e roupas. Ao não se sentir
bem para a realização de atividades, a criança não deverá participar, uma vez que
isso evidencia sinal de infecção. (CAMPION, 2000).
3.2.1. Benefícios da atividade aquática na Distrofia muscular de Duchenne
Ao realizar atividades aquáticas a criança portadora se coloca em posição de
igualdade perante a sociedade, pois na água possui sentimento de independência
podendo atingir habilidades que no solo não possíveis, promovendo efeitos
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psicológicos favoráveis e duradouros,, proporcionando confiança transferível para a
vida em terra. (CAMPION, 2000).
A imersão de um indivíduo em água provoca profundas alterações no sistema
pulmonar, tendo como efeitos principalmente um aumento da pressão exterior sobre
o tórax, o abdome e os membros. (LEVITZKY, 2004).
A atividade aquática promove importantes efeitos sobre o organismo como, o
aumento da força e resistência muscular, redução da espasticidade, mobilização das
articulações, relaxamento, melhoria de equilíbrio e coordenação. (CAMPION, 2000).
Segundo Campion, (2000), com a função respiratória afetada pela doença e
fraqueza muscular progressiva a atividade aquática tem como propósito estimular a
mobilidade do portador na água, podendo ser mantida por algum tempo, pois a
locomoção na água devido a flutuabilidade e seus as aspectos auxiliam sua
locomoção. As atividades possuem como benefício também o estímulo a resistência
e a vigorosidade, a melhoria da função respiratória e melhoria da qualidade de vida
do portador, podendo interagir com outras pessoas, através de atividades
recreativas desfrutando de uma vida ativa mais feliz e interessante.
METODOLOGIA
O projeto foi submetido na Plataforma Brasil, atendendo a Resolução 466 do
Ministério da Saúde e aprovado pelo comitê de Ética e Pesquisa do Centro
Universitário Católico Auxilium: número do parecer: 2.067.023, data da relatoria em
16 de Maio de 2017, assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
assinatura do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido pelos responsáveis, a
pesquisa é de método comparativo entre avaliação de força máxima inspiratória e
força máxima expiratória de pré e pós atendimento. Realizou-se com o objetivo de
verificar os efeitos que a atividade física aquática trás para a força muscular
respiratória de um indivíduo com diagnóstico de Distrofia Muscular de Duchenne.
Foi realizada uma avaliação de força muscular inspiratória, através de um
manovacuômetro analógico, sendo posteriormente propostas atividades aquáticas
com finalidade lúdica, em um período de dois meses, com frequência de duas vezes
semanais, com duração de 60 minutos, e ao término das sessões foi realizada uma
reavaliação da força muscular inspiratória e expiratória. Sendo esta a única atividade
realizada pelo participante neste período.
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A avaliação de mensuração da força muscular inicial foi realizada com o
indivíduo sentado em sua cadeira de rodas à beira da piscina, este realizou a
manobra por três vezes, tendo o valor final o que obter sua maior pontuação,
realizando primeiramente as manobras de inspiração e logo em seguida as
manobras de expiração, tendo feita a avaliação, o participante realizava o
atendimento referente àquele dia. Terminando as atividades aquáticas, retornava ao
mesmo local onde foi realizada a avaliação inicial e repetia o mesmo procedimento
para analisar as possíveis diferenças nos parâmetros encontrados antes e depois da
intervenção no ambiente aquático.
Atividades realizadas nas intervenções: trabalhar através do lúdico realizando
atividades de adaptação ao meio líquido; Exercícios próprios de respiração como
inspirar e expirar profundamente; Realizar imersão completa na água, Realização
inspiração, imersão e expiração embaixo d’água (fazer bolhas); Capturar objetos
submersos, Realizar exercício somente de inspiração curta, média e longa de forma
contínua e pausada; Realizar exercício somente de expiração curta, média e longa
de forma contínua e pausada.
RESULTADOS
A amostra do presente estudo foi constituída por um indivíduo do gênero
masculino, com DMD, com 10 anos de idade. A tabela 1 apresenta os valores
obtidos nas avaliações pré e pós atendimento de pressão inspiratória máxima
(PImáx) e de pressão expiratória máxima (PEmáx) em cada intervenção, assim
como a média e o desvio padrão dos valores encontrados.
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Tabela 1: Valores de PImáx e PEmáx: expressos em cmH2O.
Dias PImáx PEmáxPré Pós Pré Pós
1º dia - 45 - 40 35 36
2º dia - 50 - 10 30 35
3º dia - 35 - 25 25 35
4º dia - 30 - 65 20 35
M ± DP 40 ± 9.13 35 ± 23.45 27.5 ± 6.45 35.25 ± 0.5
P 0.76 0.08
Fonte: Elaborada pelos autores, 2017.
A tabela apresenta os resultados do teste de força inspiratória máxima
(PImáx) e do teste de força expiratória máxima (PEmáx), onde pode-se observar que
não houve melhora significativa nos valores de PImáx quando comparados a
avaliação pré e pós, e que houve uma melhora nos valores de PEmáx utilizando a
mesma comparação, porém não sendo uma melhora significativa.
Após a análise da média e do desvio padrão dos resultados apresentados na
tabela, observa-se a mensuração de PImáx tendo uma redução de 5 cmH 2O, sendo
pré de - 40 ± 9.13 e pós de 35 ± 23.45, enquanto que na PEmáx observa-se também
um aumento de 7.75 cmH2O, sendo pré de 27.5 ± 6.45 e pós de 35.25 ± 0.5. Sendo
assim, nesse estudo não houve diferença significativa para comprovar a hipótese
apresentada.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos na literatura e em estudos relacionados ao
tema, observa-se que os efeitos da atividade física aquática na força muscular
respiratória são benéficas por conta das propriedades físicas da água, entre outros
fatores. Porém, este estudo não apresentou resultados significativos nas avaliações
pré e pós de PImáx e PEmáx, nos quais puderam comprovar que não houve
melhora na força muscular respiratória do indivíduo estudado.
Alguns fatores limitantes podem ter influenciado diretamente os resultados da
pesquisa durante a sua realização. A frequência durante as intervenções foi o
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principal problema enfrentado durante a pesquisa, um dos motivos era o fator
ambiental, sendo que em dias chuvosos ou com temperatura amena as intervenções
eram canceladas para evita riscos de resfriados, priorizando o estado de saúde do
individuo.
Segundo relatos de familiares (avó), o indivíduo por ter consciência de sua
doença, sentia-se revoltado e se recusava a sair de sua residência, não
comparecendo as intervenções. Tal caso se agravou ao se deparar com um
problema familiar que afetou o individuo psicologicamente, causando revolta, raiva,
mau-humor e pouca motivação para realizar as atividades (que já eram poucas por
conta do individuo estar com vergonha de sair de casa na cadeira de rodas).
Acredita-se que esse tenha sido o principal limitador e que possivelmente tenha
interferido diretamente nos resultados obtidos, por ter sido algo de grande
magnitude.
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