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Revista Virtual de Iniciação Acadêmica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 1, No 1, março 2001 Página 1 de 12 CAMPOS DE TEMPERATURA E SALINIDADE NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO AMAZONAS, DURANTE A DESCARGA MÍNIMA DO RIO AMAZONAS: UMA ANÁLISE AMBIENTAL Alex Costa da SILVA* Maâmar EL-ROBRINI** & Maria de Lourdes Souza SANTOS*** * Bolsista ITI-CNPq/CG/UFPA – Laboratório de Oceanografia E-Mail: [email protected] ** Prof. Dr./CG/UFPA – Laboratório de Oceanografia E-Mail: [email protected] *** Pesquisadora MSc. do SCORE/NO - Laboratório de Oceanografia E-Mail: [email protected] ABSTRACT The present work was developed in the Amazon Continental Shelf, tends as base Programa REVIZEE goals in execution in the Northern Economic Exclusive Zone (ZEE/NO). The Amazon Continental Shelf is identified as an ecosistema aquatic marine of high energy, where they act a group of processes: tides, currents, winds, waves and the presence of waters originating from of the river Amazonas, which supplies periodic dynamic conditions, according to the meteorological conditions. The influence of the river Amazonas on the waters in the Amazon Continental Shelf is an evident phenomenon and accentuated between the river and the ocean, and it establishes several processes of interaction, be under the physical point of view, be under a perspective ecobiologic. The temperature and the salinity are some of the principal physical parameters that contribute to understand the life atmosphere and the distribution of the species considered oceanic and neríticas. The Continental Platform of Amazonas reaches minimum indexes of precipitation in the period of October to November, resulting in a decrease of the fluvial discharge of the river Amazonas, becoming the highest salinity in the continental platform interns in relation to the rainy period, even so it presents the development of a wedge of water salobra on the oceanic water. The values of temperature of the air with the temperature of the surface of the sea for the corresponding days, present values relatively close, with hourly defasagem. The maximum values of temperature of the air are around 30 ºC, while the values of the temperature of the surface of the sea reach 28.81 ºC.

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CAMPOS DE TEMPERATURA E SALINIDADE NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO AMAZONAS, DURANTE A DESCARGA MÍNIMA

DO RIO AMAZONAS: UMA ANÁLISE AMBIENTAL

Alex Costa da SILVA* Maâmar EL-ROBRINI** & Maria de Lourdes Souza SANTOS*** * Bolsista ITI-CNPq/CG/UFPA – Laboratório de Oceanografia E-Mail: [email protected]

** Prof. Dr./CG/UFPA – Laboratório de Oceanografia E-Mail: [email protected] *** Pesquisadora MSc. do SCORE/NO - Laboratório de Oceanografia E-Mail: [email protected]

ABSTRACT

The present work was developed in the Amazon Continental Shelf, tends as base Programa REVIZEE goals in execution in the Northern Economic Exclusive Zone (ZEE/NO).

The Amazon Continental Shelf is identified as an ecosistema aquatic marine of high energy, where they act a group of processes: tides, currents, winds, waves and the presence of waters originating from of the river Amazonas, which supplies periodic dynamic conditions, according to the meteorological conditions. The influence of the river Amazonas on the waters in the Amazon Continental Shelf is an evident phenomenon and accentuated between the river and the ocean, and it establishes several processes of interaction, be under the physical point of view, be under a perspective ecobiologic.

The temperature and the salinity are some of the principal physical parameters that contribute to understand the life atmosphere and the distribution of the species considered oceanic and neríticas.

The Continental Platform of Amazonas reaches minimum indexes of precipitation in the period of October to November, resulting in a decrease of the fluvial discharge of the river Amazonas, becoming the highest salinity in the continental platform interns in relation to the rainy period, even so it presents the development of a wedge of water salobra on the oceanic water.

The values of temperature of the air with the temperature of the surface of the sea for the corresponding days, present values relatively close, with hourly defasagem. The maximum values of temperature of the air are around 30 ºC, while the values of the temperature of the surface of the sea reach 28.81 ºC.

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INTRODUÇÃO De acordo com Nittrouer et al. (1996), os processos ocorrentes na interface costa-oceano em

regiões tropicais são controlados por fenômenos naturais muito diferentes das zonas temperadas e polares. Os mesmos autores citam que as principais diferenças são a radiação solar alta e estável, temperatura, precipitação e runnoff, ventos alíseos vindos do leste e força de Coriolis fraca. Todos esses fatores levam a outros fatores secundários, que caracterizam as regiões de baixas latitudes, tais como: raio de Rossby alto, sedimentos lateríticos e manguezais.

Na Plataforma Continental do Amazonas, o material despejado pelo rio Amazonas (águas,

soluções e partículas) e a expansão de energia (marés, correntes, ondas e ventos) são enormes. Esta situação produz uma infinidade de processos oceanográficos interdependentes e complexos, que exercem uma forte influência sobre a distribuição dos recursos vivos na região (Nittrouer & DeMaster, 1996).

Sendo que, o maior fator de mistura da água costeira é o efeito de corrente de maré, que é

capaz de exercer uma considerável influência na mistura vertical de águas rasas costeiras. Por outro lado, os ventos possuem um importante significado na temperatura das águas, ou na salinidade por efeito da evaporação, soprando na superfície do mar, ocorre a fricção sobre o fluido, o que causa o movimento da água.

A Plataforma Continental do Amazonas, foi o palco de vários trabalhos e projetos de pesquisa

de cunho nacional e internacional, que apresentaram um conjunto de dados importantes, para a compreensão dos processos físicos (Gibbs, 1970; Diegues, 1972; Milliman et al., 1974; Curtin, 1986; Curtin et al., 1986; Geyer ,1995; Beardsley et al., 1995; Lentz, 1995; Limeburner et al., 1995; Geyer et al., 1996; Nittrouer e DeMaster, 1996; Castro e Miranda, 1998).

Dentro deste contexto, obteve-se dados de temperatura e salinidade, e efetuou-se uma

análise integrada de dados oceanográficos e meteorológicos atuantes na Plataforma Continental do Amazonas, entre as latitudes de 01º53.58’ e 02º17.35’ N e as longitudes de 48º55.02’ e 48º00.86’ W (figura 01), durante a efetivação da Operação Norte II (outubro/1997), a qual foi realizada no âmbito do Programa de Avaliação do Potencial Sustentável dos Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva – REVIZEE, em execução na ZEE/NO, desde 1995, em uma área que estende-se desde o limite externo do Mar Territorial, de 12 milhas de largura, até 200 milhas náuticas.

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Figura 01 – Mapa de localização da Plataforma Continental do Amazonas e das estações oceanográficas fixas. 3.METODOLOGIA 3.1. TRABALHO DE CAMPO

Os trabalhos de campo foram realizados durante o período de descarga mínima do rio Amazonas, no âmbito da Operação Norte II (outubro/1997) do Programa REVIZEE à bordo do Navio Oceanográfico "ANTARES", pertencente a Marinha do Brasil (figura 02).

Figura 02 - Navio Oceanográfico "ANTARES". 3.1.1. AMOSTRAGEM

NII-059

NII-060

NII-061

NII-062

NII-070

NII-071

NII-072

NII-073

NII-074

NII-075

NII-078

NII-079

NII-080

NII-081

NII-082

NII-083

NII-093

NII-094

NII-095

NII-097

NII-098

NII-099

NII-101

NII-102

NII-103

NII-104

NII-106

NII-107

NII-109

NII-110

NII-111

-52 -51 -50 -49 -48 -47 -46

Longitude

-2

-1

0

1

2

3

Latit

ude

Oceano Atlântico

Ilha doMarajó

Belém

Amapá

ParáFoz do rio

Amazonas

I. Caviana

I. Mexiana

Cabo

Norte

rio P

ará

Cabo

Maguari

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Os pontos de amostragem (estações fixas) foram georeferênciados, através de um sistema de posicionamento, do tipo DGPS (Diferential Global Positionning System).

A cada estação fixa, era feita uma perfilagem vertical mediante o CTD/Rosette da marca Sea-

Bird modelo SBE 9 (figura 03), constituído por um conjunto de garrafas de Niskin de 2,5 litros, e sensores de temperatura, salinidade, densidade e oxigênio dissolvido. A aquisição de dados foi feita em tempo real, processada e exposta em forma de gráficos, utilizando-se uma unidade receptora à bordo do NOc. “Antares”, permitindo o monitoramento, através de um PC .

Figura 03 – Conjunto de Rosette/CTD para coleta de amostras de água oceânica.

3.2. TRABALHO NO LABORATÓRIO 3.2.1 PROCESSAMENTO DE DADOS

Para filtação e redução dos dados de temperatura e salinidade, foi utilizado o software da

Sea-Bird, com a finalidade de identificar as possíveis perdas de integridade (alterações em seus valores), melhorando a apresentação dos mapas de contorno e perfis de temperatura e salinidade.

Para geração de mapas com isolinhas de contornos de superfície de temperatura e salinidade

de superfície e perfis verticais de temperatura, salinidade e densidade, foi utilizado o Surfer (Win98) Versão 6.0. 4. RESULTADOS

As águas oceânicas que banham a Plataforma Continental do Amazonas são influenciadas por

um conjunto de processos, como: (i) as marés que se desenvolvem na plataforma continental de forma aproximada retilínea e perpendicular às isóbatas e alcançam velocidades máximas de até 2 m.s-1 próximo a ilha de Caviana; (ii) correntes de maré, que nas áreas mais próximas da costa são atuantes, e as amplitudes em vários pontos do litoral amazônico atingem valores altíssimos em torno de 12 metros na Ilha de Maracá (Beardsley et al., 1995); (iii) os ventos alíseos de NE e SE, que são os principais e possuem uma flutuação em escalas de dias, semanas e também sazonalmente, sendo geralmente mais fortes de janeiro a março, fluindo em direção nordeste no sentido da costa, atingindo velocidades em torno de 10 m.s-1 (Nittrouer et al., 1996); (iv) a Corrente Norte Brasileira, que de acordo com Luedemann (1967), tem uma velocidade média combinada de cerca de 110 cm.s-1 entre março e abril; (v) e a descarga média do rio Amazonas quantificada por Oltman (1968), em

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cerca de 5,7x1012 m3.ano-1, descarga dissolvida de 2-3x108 ton.ano-1 e a descarga sólida de 1,1-1,3 ton.ano-1 (Meade et al., 1979).

4.1. TEMPERATURA A distribuição superficial da temperatura (figura 04) na Plataforma Continental do Amazonas apresentou o valor máximo (28.82ºC), próximo a costa e uma diminuição em direção offshore, alcançando o mínimo de 27.10ºC, tendo uma amplitude térmica de 1.72ºC, e média de 27.68ºC (tabela 01).

Figura 04 – Mapa da distribuição superficial de temperatura (ºC) na Plataforma Continental do Amazonas.

Em relação a distribuição vertical da temperatura (figura 05), foi verificada em algumas

estações costeiras com profundidades locais de 15 a 35 metros, uma amplitude térmica entre a superfície e o fundo variando entre 0.13ºC e 0.46ºC, e nas demais estações não houve variações térmicas na coluna d’água. Mostrando uma nítida estabilidade térmica nas águas próximas à foz do rio Amazonas e rio Pará.

Contudo, nas estações localizadas na Plataforma Continental Intermediária (profundidade local entre 47 e 52 metros), a temperatura foi quase sempre estável, com exceção de uma única variação de 0.61ºC, observada no Perfil 01 (figura 05). E nas estações localizadas na Plataforma Continental Externa (profundidade local de 78 a 80 metros), a variação foi mais acentuada, apresentando um valor mínimo de 0.60ºC e o máximo de 1.88ºC.

27.00

27.20

27.40

27.60

27.70

27.80

28.00

28.20

28.40

28.60

28.80

-52 -51 -50 -49 -48 -47 -46

LONGITUDE

-2

-1

0

1

2

3

4

LATI

TUD

E

Temperatura (ºC)

ILHA DEMARAJÓ

AMAPÁ

PARÁ

Foz do rio

Amazonas

CABONORTE

RIO P

ARÁ

Oceano Atl ntico

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

DISTÂNCIA (m.n)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

PR

OFU

ND

IDA

DE

(m)

NII 59 NII 60 NII 61 NII 62

Perfil 01 - Temperatura (ºC)

26.7026.8026.9027.0027.1027.2027.3027.4027.5027.6027.7027.8027.9028.0028.1028.2028.3028.4028.50

0 10 20 30 40 50 60 70

DISTÂNCIA (m.n)

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

PRO

FUN

DID

AD

E (m

)

26.60

Perfil 02 - Temperatura (ºC)

NII 75 NII 74 NII 73 NII 72 NII 71 NII 70

26.60

26.80

27.00

27.10

27.20

27.30

27.40

27.60

27.80

28.00

28.20

28.40

28.60

28.80

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Figura 05: Distribuição vertical de temperatura (ºC) na Plataforma Continental do Amazonas, nos perfis 01, 02 , 03, 04 e 05. 4.2. SALINIDADE

A distribuição superficial de salinidade (figura 06) apresentou uma variação de 3.48 psu (mínimo de 28.00 psu e máximo de 36.63 psu) com uma média de 36.23 psu (tabela 01), verificando-se portanto a presença de águas oriundas do rio Amazonas na Plataforma, mesmo durante o seu período de descarga máxima.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Distância (m.n)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Pro

fund

idad

e (m

)

Perfil 03 - Temperatura (ºC)

NII 78 NII 79 NII 80 NII 81 NII 82 NII 83

26.50

26.70

26.90

27.00

27.10

27.20

27.40

27.60

27.80

28.00

28.10

28.20

28.40

28.50

28.60

0 10 20 30 40 50 60 70

Distância (m.n)

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Pro

fund

idad

e (m

)

Perfil 04 - Temperatura (ºC)

NII 99 NII 98 NII 97 NII 95 NII 94 NII 93

27.00

27.20

27.30

27.50

27.70

27.90

28.00

28.10

28.20

28.50

0 20 40 60 80 100 120

Distância (m.n)

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Prof

undi

dade

(m)

Perfil 05 - Temperatura (ºC)

NII 101 NII 102 NII 103 NII 104 NII 106 NII 111NII 107 NII 109 NII 110

26.00

26.40

26.60

26.80

27.00

27.10

27.20

27.40

27.60

27.80

28.00

28.15

28.30

28.40

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Figura 06 – Mapa da distribuição superficial de salinidade na Plataforma Continental do Amazonas. A distribuição vertical de salinidade (figura 07), demonstra que no perfil 01, localizado próximo ao Cabo Norte, não houve nenhuma influência das águas oriundas do rio Amazonas, tendo uma variação de 0.40 psu (mínimo de 36.23 psu e máximo de 36.63 psu). Porém, no perfil 02 (Figura 07) localizado a frente da Ilha Caviana, a variação foi de 8.40 psu (mínimo de 27.98 psu e máximo de 36.38 psu), notando-se a influência das águas oriundas do rio Amazonas. Vale ressaltar ainda que, no perfil 01 (Figura 07), a distribuição vertical da salinidade não apresentou nenhuma estratificação, observando-se somente a presença de águas oceânicas na Plataforma Continental do Amazonas. Enquanto no perfil 02 (Figura 07), a presença das águas do rio Amazonas foi observada em toda a coluna de água.

Os perfis 03, 04 e 05 (Figura 07), não apresentaram nenhuma influência de águas fluviais, o

mínimo verificado foi de 35.95 psu e máximo de 37.00 psu.

-52 -51 -50 -49 -48 -47 -46

LATITUDE

-2

-1

0

1

2

3

4

LON

GIT

UD

E

28.00

35.30

35.60

36.00

36.10

36.25

36.33

36.40

36.60

36.80

38.00

ILHA DEMARAJÓ

RIO

PAR

Á

PARÁ

AMAPÁ CABONORTE

Oceano Atl ntico

Foz do rio

Amazonas

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

DISTÂNCIA (m.n)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

PR

OFU

ND

IDA

DE

(m)

Perfil 01 - Salinidade (psu)

NII 59 NII 60 NII 61 NII 62

36.2136.2236.2436.2636.2836.3036.3236.3436.3636.3836.4036.4236.4436.4636.4836.5036.5236.5436.5636.5836.6036.62

0 10 20 30 40 50 60 70

DISTÂNCIA (m.n)

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

PRO

FUN

DID

AD

E (m

)

36.25

36.23

Perfil 02 - Salinidade (psu)

NII 75 NII 74 NII 73 NII 72 NII 71 NII 70

28.50

29.50

30.50

31.50

32.50

33.50

34.50

35.50

36.22

36.24

36.25

36.40

36.55

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Figura 07: Distribuição vertical de salinidade (psu) na Plataforma Continental do Amazonas, nos perfis 01, 02 , 03, 04 e 05. 4.3. DENSIDADE A densidade á superfície variou entre 18.07 kg.m-3 e 23.63 kg.m-3, média de 23.29 kg.m-3

(tabela 01), e uma distribuição vertical igual a de salinidade em todos os perfis (figura 08).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Distância (m.n)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Prof

undi

dade

(m)

Perfil 03 - Salinidade (psu)

NII 78 NII 79 NII 80 NII 81 NII 82 NII 83

36.05

36.10

36.15

36.20

36.25

36.30

36.35

36.40

36.45

36.50

36.55

0 10 20 30 40 50 60 70

Distância (m.n)

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Pro

fund

idad

e (m

)

Perfil 04 - Salinidade (psu)

NII 99 NII 98 NII 97 NII 95 NII 94 NII 93

36.25

36.30

36.35

36.40

36.45

36.50

36.55

36.60

36.65

36.70

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

DISTÂNCIA (m.n)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

PR

OFU

ND

IDA

DE

(m)

Perfil 01 - Densidade (Sigma-T)

NII 62NII 59 NII 60 NII 61

23.3023.3223.3423.3623.3823.4023.4223.4423.4623.4823.5023.5223.5423.5623.5823.6023.6223.6423.6623.6823.70

0 10 20 30 40 50 60 70

DISTÂNCIA (m.n)

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

PR

OFU

ND

IDA

DE

(m)

Perfil 02 - Densidade (Sigma-T)

NII 75 NII 74 NII 73 NII 72 NII 71 NII 70

16.50

17.00

19.00

22.00

23.00

23.25

23.50

23.55

23.60

23.70

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Distância (m.n)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Pro

fund

idad

e (m

)

Perfil 03 - Densidade (sigma-T)

NII 78 NII 79 NII 80 NII 81 NII 82 NII 83

23.20

23.28

23.35

23.38

23.40

23.45

23.50

23.60

23.70

23.75

23.80

23.85

0 10 20 30 40 50 60 70

Distância (m.n)

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Prof

undi

dade

(m)

Perfil 04 - Densidade (Sigma-T)

NII 99 NII 98 NII 97 NII 95 NII 94 NII 93

23.44

23.45

23.50

23.52

23.56

23.60

23.64

23.66

23.68

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Figura 08: Distribuição vertical de densidade (kg.m-3) na Plataforma Continental do Amazonas, nos perfis 01, 02 , 03, 04 e 05. Tabela 01 – Valores máximo, mínimo, desvio padrão e média da temperatura, salinidade e densidade à superfície das águas oceânicas da Plataforma Continental do Amazonas. Valores Temperatura (ºC) Salinidade (psu) Densidade (kg.m-3) Máximo 28.82 36.63

23.63

Mínimo 27.10 28.00

18.07

Desvio Padrão 0.73 3.49

2.25

Média

27.68 36.24 23.29

5. DISCUSSÃO

A Plataforma Continental do Amazonas representa um ambiente de alta energia, com

influência de marés e correntes de marés, Corrente Norte Brasileira, ventos alísios, e descarga das águas do rio Amazonas, fornecendo condições dinâmicas periódicas, conforme as condições meteorológicas.

A influência do rio Amazonas sobre as águas na Plataforma Continental do Amazonas é um fenômeno evidente e acentuado entre o rio e o oceano, estabelecendo processos diversos de interação, seja sob o ponto de vista físico, seja sob uma perspectiva ecobiológica.

Segundo Millero (1996), a temperatura constitui-se em um importante fator limitante, influindo de maneira diferenciada sobre os distintos processos, que interferem na fotossíntese, uma vez que as reações químicas e a difusão são mais dependentes da temperatura que as reações fotoquímicas.

Para Cabo (1970), há ainda a combinação da temperatura com a salinidade que não somente rege os processos fundamentais da mecânica marinha e do aporte dos elementos nutritivos. Com tudo, os efeitos mais gerais e básicos da temperatura consiste no aumento da velocidade das reações químicas, a qual conduz à novas condições de equilíbrio, com redistribuição de materiais orgânicos a nível extracelular, bem como a alteração dos processos fisiológicos, dentro os quais destacam-se os processos respiratórios reprodutivos e taxas de crescimentos. Geralmente, os componentes do fitoplâncton estão menos hidratados em temperaturas mais alta, consequentemente aqueles organismos desenvolvidos em temperaturas mais baixas alcançam maiores dimensões.

A temperatura e a salinidade são os dois principais fatores que determinam a distribuição das espécies consideradas oceânicas e neríticas.

0 20 40 60 80 100 120

Distância (m.n)

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Pro

fund

idad

e (m

)

Perfil 05 - Densidade (Sigma-T)

NII 101 NII 102 NII 103 NII 104 NII 106 NII 107 NII 109 NII 110 NII 111

23.00

23.10

23.20

23.30

23.40

23.50

23.60

23.70

23.80

23.90

24.00

24.10

24.20

24.30

24.40

24.50

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Na região Norte e Nordeste do Brasil, segundo Moura (1992), as diferenças de temperatura entre a atmosfera e a água do mar raramente são maiores do que 4º a 5ºC, sendo as oscilações de temperatura de pequena amplitude.

Os valores de temperatura obtidos por Limeburner et al. (1995), na superfície e a 2 metros do fundo, mostram que no período de descarga fluvial baixa, a temperatura oscila entre 27º e 28ºC em todos os setores da Plataforma Continental do Amazonas, não apresentando variações expressivas na distribuição vertical. Este fato também foi verificado através dos dados obtidos no presente trabalho.

Comparando os valores de temperatura do ar com a temperatura da superfície do mar para os dias correspondentes, nota-se que estas temperaturas apresentam valores relativamente próximo, com defasagem horária. O valore máximo de temperatura do ar foi em torno de 30ºC, enquanto que o valore da temperatura da superfície do mar foi de 28.81ºC.

Outro fator determinante na temperatura em relação a defasagem horária e a umidade relativa do ar, demonstrando que as estações realizadas durante o período noturno apresentam uma maior umidade relativa do ar, do que na hora de brilho solar, havendo um resfriamento na temperatura da superfície do mar.

A distribuição dos ventos, ao atingirem a superfície da água do mar, são responsáveis pela formação de onda, direção do fluxo da maré e afetando as condições meteorológicas da região. Durante junho a novembro, os ventos fluem quase que paralelamente à costa, com uma velocidade de 10 m.s-1 durante o dia e 14 m.s-1 à noite (Cohen et al., 1998), estando associado com as correntes de marés, orientadas principalmente na direção transversal da plataforma continental, chegando a 2m.s-1 durante as grandes marés e diminuindo para menos que 80cm.s-1 na vazante (Beardsley et al., 1995).

As ondas geradas pelos ventos, representam um importante agente na dinâmica das águas na Plataforma Continental do Amazonas, o qual propicia um intenso processo de mistura das águas oceânicas com as águas oriundas do rio Amazonas, ocasionando uma baixa salinidade próximo à foz do rio Amazonas, mesmo durante o seu período de descarga mínima

As características da pressão atmosférica, são fatores influentes nas direções do deslocamento dos ventos. Conforme as características da pressão atmosférica, os ventos são direcionados de uma maneira que geram áreas de maior e menor precipitação, ou seja, a direção dos ventos acarreta na formação de maior ou menor regime de chuvas.

A Plataforma Continental do Amazonas não apresenta meses secos bem definidos, a partir de junho, a diminuição da precipitação atinge índices mínimos por volta de outubro e novembro, como conseqüência há uma diminuição da descarga fluvial do rio Amazonas, tornando-se a salinidade mais elevada na plataforma continental interna em relação ao período chuvoso, mesmo assim apresenta o desenvolvimento de uma cunha de água salobra sobre a água oceânica.

Uma outra característica da região é que durante o período de descarga mínima do rio Amazonas não há invasão de água oceânica dentro do estuário.

Feitosa (1988) considera a salinidade um fator preponderante na distribuição dos organismos aquáticos, constituindo-se em uma barreira ecológica para determinadas espécies. Segundo Moura (1992), a salinidade varia principalmente conforme a latitude e a estação do ano, sendo estas variações mais acentuadas nos ambientes mais próximos da costa, notadamente nas regiões estuarinas como função do aporte fluvial.

Limeburner et al. (1995) verificaram que no período de descarga fluvial mínima do rio Amazonas, a salinidade torna-se mais elevada na Plataforma Continental Interna (24 psu), comparando-se com os dados encontrados por estes autores durante a descarga máxima (12 psu), e aumentando em direção ao mar aberto (36 psu).

No presente trabalho, a salinidade das águas da Plataforma Continental do Amazonas apresentou uma variação superficial, estreitamente relacionada com a vazão do rio, a climatologia local, corroborando com a distribuição verificada por Limeburner et al. (1995) para o período da descarga mínima do rio Amazonas.

A presença de águas oceânicas foi verificada na área em estudo. Na região tropical, o aumento da salinidade ocorre devido a evaporação à superfície, aumentando a densidade, e deslocando uma massa de água mais densa para uma profundidade subsuperficial. A distribuição da densidade apresentou uma camada menos densa a superfície como conseqüência da presença das águas oriundas do rio Amazonas.

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6. CONCLUSÃO

O contraste decorrente aos períodos chuvosos e menos chuvosos, propicia modificações na

descarga do rio Amazonas, resultando em variações nas características físicas das águas na Plataforma Continental do Amazonas.

A temperatura da água constitui um fator controlador para a vida e para os processos químicos que se realizam no ambiente aquático. Sendo responsável, ainda, pela determinação dos padrões, que controlam as taxas de metabolismo e crescimento do fitoplâncton que representam a base de toda a cadeia ecológica ligada ao estuário. As águas oriundas do rio Amazonas e Pará descarregam uma grande quantidade de material em suspensão, o que atenua a penetração da luz solar, e por sua vez diminui a camada em que se processa a fotossíntese. A mistura de água doce do rio Amazonas com água salgada do Oceano Atlântico, provoca a diminuição da densidade, aumentando a estabilidade das camadas de águas superficiais, provavelmente dificultando a renovação de nutrientes na superfície. Entretanto, durante o período de descarga mínima do rio Amazonas, não ocorre invasão de água oceânica no seu estuário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEARDSLEY, R.C.; CANDELA, J.; LIMEBURNER, R.; GEYER, W.R.; LENTZ, S.J.; CASTRO, B.M.;

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