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METODOLOGIA E REDAÇÃO CIENTÍFICA
NOTAS DE AULAS
Notas de Aulas organizadas pelo professor da disciplina
Metodologia e Redação Científica da UFMS, Teodorico Alves
Sobrinho. Foram baseadas em material disponibilizado por Gilson
Volpato na página www.igvec.com e em livros disponíveis no site
www.bestwriting.com.br. Servem como orientação de estudo,
porém a ordem de apresentação pode não seguir a ordem das
aulas. Para estudo o aluno deve considerar suas anotações.
Campo Grande, MS.
METODOLOGIA E REDAÇÃO CIENTÍFICA
NOTAS DE AULAS
SUMÁRIO
1. Bases indexadas: busca de periódicos, artigos e livros.
2. Ferramentas institucionais e computacionais.
3. Ciência: Bases e conceitos.
4. Pensamento Científico e Método Científico.
5. Pesquisa Científica: Tipos e Estrutura da Pesquisa. Publicação Científica.
6. Revisão de literatura.
7. Variáveis
8. Projeto de Pesquisa
9. Redação Científica: Tipologia. Bases e estratégias. Estilo científico.
10. Texto Científico: Estrutura e lógica do texto. Citações, Plágios, Falácias.
Campo Grande, MS.
1. Bases indexadas: busca de periódicos, artigos e livros
Bases de Dados Científicos
A busca pesquisa bibliográfica em Base de Dados pode ser feita por áreas do
conhecimento, com possibilidade de acesso a Revistas, Artigos e Livros das mais
diversas áreas, de forma gratuita. A busca pode ser iniciada acessando o site da nossa
biblioteca (https://bibliotecas.ufms.br/) ou nas Bases de Dados com acesso pelo site da
biblioteca (https://bibliotecas.ufms.br/category/bases-de-dados/). Há diversas Bases de
Dados disponíveis, cada uma tem suas particularidades específicas. Recomendamos que
o aluno busque, inicialmente, o Portal de Periódicos da CAPES, caso não saiba em que
Base poderá encontrar o que deseja. No site da Biblioteca tem as principais orientações
para você realizar sua pesquisa bibliográfica, inclusive com possibilidade de participar de
treinamento gratuito. Apresentamos na sequência um resumo das principais bases de
dados disponíveis para sua pesquisa.
I Portal de Periódicos da Capes
“O Portal de Periódicos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes), é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituições de
ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional. Ele conta com
um acervo de mais de 45 mil títulos com texto completo, 130 bases referenciais, 12
bases dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de
referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual.
O Portal de Periódicos foi criado tendo em vista o déficit de acesso das bibliotecas
brasileiras à informação científica internacional, dentro da perspectiva de que seria
demasiadamente caro atualizar esse acervo com a compra de periódicos impressos para
cada uma das universidades do sistema superior de ensino federal. Foi desenvolvido
ainda com o objetivo de reduzir os desnivelamentos regionais no acesso a essa
informação no Brasil. Ele é considerado um modelo de consórcio de bibliotecas único no
mundo, pois é inteiramente financiado pelo governo brasileiro. É também a iniciativa do
gênero com a maior capilaridade no planeta, cobrindo todo o território nacional.
O Portal de Periódicos atende às demandas dos setores acadêmico, produtivo e
governamental e propicia o aumento da produção científica nacional e o crescimento da
inserção científica brasileira no exterior. É, portanto, uma ferramenta fundamental às
atribuições da Capes de fomento, avaliação e regulação dos cursos de Pós-Graduação e
desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil.” Fonte: Portal Periódicos da Capes.
O Portal reúne, portanto, BASES DE DADOS referenciais e textuais, patentes,
livros, estatísticas e normas técnicas, entre outros documentos nacionais e internacionais.
Você pode acessar o Portal e fazer download de textos na íntegra e acesso a referências
bibliográficas, pagas pelo Governo Federal, pelo site: www.periodicos.capes.gov.br.
Acesso: Restrito, com login. O acesso ao Portal pode ser feito da seguinte maneira:
Estando na UFMS, através da EDUROAM não há necessidade de Registro.
De casa se dá através do ACESSO REMOTO Via CAFe.
Para acessar via CAFe, usar o passaporte UFMS.
Buscando por “Assunto” no Portal de Periódicos Capes
Buscando por “Periódico” no Portal de Periódicos Capes
Buscando por “Base” no Portal de Periódicos Capes
Lembrar que, para ter acesso gratuito do material pesquisado, você deve acessar os periódicos SEMPRE
pelo Portal de Periódicos da CAPES.
II. Elsevier A Elsevier é uma plataforma onde pesquisadores buscam um ambiente digital no
qual ideias possam ser trocadas, examinadas e aplicadas com ferramentas que
promovam o conhecimento científico e técnico. A Elsevier permite que você encontre
dados de mais de 5.000 editoras com o uso da solução Scopus; acesse os principais
livros eletrônicos, revistas e artigos publicados pela Elsevier em Science Direct; gerencie
sua pesquisa e exiba o seu perfil por meio dos serviços gratuitos de Mendeley. Essas
plataformas facilitam a pesquisa, o acesso, a análise e o compartilhamento de dados e
conteúdo.
Scopus
O Scopus é a maior base de dados referenciais da literatura revisada por pares.
Contém, entre outros, periódicos científicos, livros e anais de congressos. Scopus oferece
acesso inigualável e contínuo a resultados de pesquisas científicas de todo o mundo.
Além da Informação, ele apresenta as ferramentas necessárias para analisá-las.
[https://www.scopus.com/]. Acesso a referências bibliográficas: restrito, com login através
do Portal de Periódicos da Capes. O que é Scopus? Visão Geral do Conteúdo em slides
tutorial de como usar a base você pode visualizar em:
www.periodicos.capes.gov.br/images/documents/TREINAMENTO_SCOPUS_PORT_AUG_2018.pdf
Science Direct
Base de dados com publicações da Editora Elsevier e de outras editoras científicas,
cobrindo as áreas de Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências
Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Letras
e Artes.
Download de textos na íntegra e acesso a referências bibliográficas.
Acesso: Restrito, com login (Acesso através do Portal de Periódicos da Capes).
Visão Geral do Conteúdo em slides tutorial de como usar a base você pode visualizar em: http://www.periodicos.capes.gov.br/images/documents/TREINAMENTO_SCIENCE_DIRECT_PORT_AUG_2018.pdf
III. Web of Science
Base de dados referencial com resumos. Acesso a referências bibliográficas.
Acesso restrito, com login através do Portal de Periódicos da Capes. Como o
acesso é restrito, como em outras Bases, para ter acesso gratuito aos conteúdos você
deve estar logado no Portal de Periódicos da Capes.
IV. Oasis BR
Portal brasileiro em publicações científicas em acesso aberto. O Portal Oasis BR é
um mecanismo de busca multidisciplinar que permite o acesso gratuito à produção
científica de autores vinculados a universidades e institutos de pesquisa brasileiros. Por
meio do Oasis BR é possível fazer download de teses, dissertações e artigos na íntegra
de publicações realizadas no Brasil e, também, buscas em fontes de informação
portuguesas. Site de acesso gratuito sem login: http://oasisbr.ibict.br/vufind/
V. Scielo
Scielo é uma biblioteca eletrônica que disponibiliza artigos com texto completo
(SciELO.org – Scientific Electronic Library Online, Site: http://www.scielo.org/php/index.php). O
acesso deve ser pelo Portal de Periódicos da Capes. Acesso é gratuito, sem necessidade
de login. Há também a possibilidade de acesso gratuito à livros eletrônicos no link SciELO
Livros.
2. Ferramentas institucionais e computacional
O objetivo desta aula é apresentar as ferramentas institucionais e computacionais
necessárias à nossa vida acadêmica. Para que serve a Plataforma Lattes? Você verá que
é possível buscar artigos científicos, publicados pelo seu professor, acessando o currículo
lattes do mesmo. Verá também que é fundamental par nossa vida acadêmica participar de
rede social acadêmica. Permite, por exemplo a obtenção de artigos não disponíveis
gratuitamente em bases de dados. Qual rede social devemos participar?
Ferramentas institucionais
Plataforma Lattes
Rede social de pesquisador
Plataforma Lattes
“A Plataforma Lattes representa a experiência do CNPq na integração de bases de dados
de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema de
Informações. Sua dimensão atual se estende não só às ações de planejamento, gestão e
operacionalização do fomento do CNPq, mas também de outras agências de fomento
federais e estaduais, das fundações estaduais de apoio à ciência e tecnologia, das
instituições de ensino superior e dos institutos de pesquisa. Além disso, se tornou
estratégica não só para as atividades de planejamento e gestão, mas também para a
formulação das políticas do Ministério de Ciência e Tecnologia e de outros órgãos
governamentais da área de ciência, tecnologia e inovação.
O Currículo Lattes se tornou um padrão nacional no registro da vida pregressa e atual dos
estudantes e pesquisadores do país, e é hoje adotado pela maioria das instituições de
fomento, universidades e institutos de pesquisa do País. Por sua riqueza de informações
e sua crescente confiabilidade e abrangência, se tornou elemento indispensável e
compulsório à análise de mérito e competência dos pleitos de financiamentos na área de
ciência e tecnologia.
O Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil é um inventário dos grupos em atividade no
país. Os recursos humanos constituintes dos grupos, as linhas de pesquisa e os setores
de atividade envolvidos, as especialidades do conhecimento, a produção científica,
tecnológica e artística e os padrões de interação com o setor produtivo são algumas das
informações contidas no Diretório. Os grupos estão localizados em instituições de ensino
superior, institutos de pesquisa etc. As informações individuais dos participantes dos
grupos são extraídas dos seus Currículos Lattes.
O Diretório de Instituições foi concebido para promover as organizações do Sistema
Nacional de CT&I à condição de usuárias da Plataforma Lattes. Ele registra todas e
quaisquer organizações ou entidades que estabelecem algum tipo de relacionamento com
o CNPq (instituições nas quais os estudantes e pesquisadores apoiados pelo CNPq
desenvolvem suas atividades; instituições onde os grupos de pesquisa estão abrigados,
usuárias de serviços prestados pela Agência, como o credenciamento para importação
pela Lei 8.010/90; instituições que pleiteiam participar desses programas e serviços). A
disponibilização pública, dos dados da Plataforma na internet, dá maior transparência e
mais confiabilidade às atividades de fomento do CNPq e das agências que a utilizam,
fortalecem o intercâmbio entre pesquisadores e instituições e é fonte inesgotável de
informações para estudos e pesquisas. Na medida em que suas informações são
recorrentes e cumulativas, têm também o importante papel de preservar a memória da
atividade de pesquisa no país.” (Fonte: http://lattes.cnpq.br/)
CNPq: Plataforma Lattes
Integra em cadastro único currículos, informações de instituições e informações de
grupos de pesquisa.
Plataformas semelhantes:
Estatísticas: Plataforma Lattes
Cadastro: Plataforma Lattes
Rede social de pesquisadores
As informações necessárias sobre a principal rede social de pesquisadores e acadêmicos
você pode verificar acessando o site https://www.researchgate.net. Como exemplo,
apresentamos nossa página com as especificidades e informações.
Ferramentas computacionais
Organizador de Referências bibliográficas
Zotero
Software gerenciador de referências, gratuito e de código aberto para gerenciar
dados bibliográficos e materiais relacionados a pesquisa.
https://www.zotero.org/download/
Tutorial: http://www.seabd.bco.ufscar.br/referencia
Endnote
1. Fazer a pesquisa
2. Encontre o artigo e baixe o pdf
3. Salve o pdf
4. Visão geral do EndNOTE
5. No organizador de referências (em FILE), importe o arquivo
6. O artigo foi importado para a sua biblioteca
7. Cite e referencie no Word
8. Escolha as normas de citação e referências
9. Aplicação no Word: Exemplo em sala.
3. Ciência: Bases e conceitos
A palavra “ciência” vem do latim ‘scientia’, que significa conhecimento. Seu
objetivo é conhecer nosso mundo, nosso entorno e a nós mesmos. A palavra
“conhecimento” vem do latim ‘cognoscere’, que significa saber.
Ciência = Saber O que é Ciência?
Ciência é o conhecimento ou o sistema de conhecimento que abrange verdades
gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método
científico. Entretanto, essas generalizações podem ser derrubadas no futuro.
Distinções entre Ciência, Filosofia, Tecnologia e Religião: buscam conhecimento,
mas com distintos fins e métodos.
A Ciência busca generalizações e se fundamenta na observação, na experimentação, na lógica e na imaginação;
A Filosofia foca no estudo do pensamento tentando explicar como conhecemos e pensamos e está ligada à Ciência;
A Tecnologia consiste na aplicação do conhecimento com um fim em particular;
A Religião busca a verdade absoluta.
A diferença é que na Ciência precisamos também de evidências para concluir. Na
Filosofia não.
O que é fazer ciência?
Fazer Ciência é fazer estudo de caso para generalizar, produzir com qualidade e
não em quantidade…é ser citado!!! Como é pobre nossa ciência! Pois, ainda propomos
artigos inserindo nome de lugar no Título e no Resumo e escrevendo conclusões no
impessoal.
Pensamentos Filosóficos
Sócrates, 470~399 aC, enfatizou o método crítico e desenvolveu o Método Dialético;
Platão, 430~350, seguiu seu mestre Sócrates com o pensamento racionalista (razão);
Aristóteles, 384~322, precursor Pensamento Empirista (mais evidente a partir séc. XVII);
Outros Pensadores: Tomas de Aquino; Francis Bacon (considerado o pai da Ciência Moderna); Kepler; Popper e Kuhn, ...
A palavra Ciência se origina formalmente no Séc. XVII com o Pensamento
Empirista. Kant, no século XVIII, funde as duas abordagens: o pensamento racionalista e
o empirista para construção do conhecimento.
Objetivos e finalidades da Ciência
Objetivos:
Melhoria da qualidade de vida intelectual
Melhoria da qualidade de vida material
Finalidades
Novas descobertas
Novos produtos
Todo cientista é pesquisador, mas nem todo pesquisador é cientista. Para que seja
ciência, é necessário que o conhecimento produzido passe a pertencer ao conjunto de
conhecimentos já existentes.
Ciência e Filosofia
Usam a lógica, trabalham com generalizações, não têm a verdade. A noção de
objetividade absoluta não condiz com os debates da lógica da pesquisa na Filosofia da
Ciência, na Filosofia Humana e na Psicologia. Na Filosofia da Ciência, temos o debate
entre Popper e Kuhn (1960).
Popper valoriza a evidência e considera Lógica Dedutivista para fazer Ciência, rechaça a indução como processo de construção do Conhecimento
Kuhn mostra que nossas crenças gerais (PARADIGMAS) determinam ou afetam aceitação de teorias.
PARADIGMAS é o conjunto de normas e tradições dentro do qual a ciência se
move durante determinado período, em certo contexto social.
Proposta de Kuhn nos ajuda a entender nosso dia a dia na prática da Ciência:
temos ideias gerais (paradigmas) que norteiam nossa forma de interpretar o universo.
Quando mudamos de paradigma, mudamos também a teoria que aceitávamos e novas
teorias (conceitos) passam a ser aceitos. Popper defende a força dos dados na
substituição de teorias. Dicotomias: Ideias e conhecimentos x base empírica. Somos
alimentados pelos dados e pelas transformações paradigmáticas. Devemos incorporar
essas duas ideias.
E a RELIGIÃO?
A Religião pode usar evidências empíricas como na Ciência e na Filosofia. Aceita
que o ser humano conheça uma verdade, ou seja, conhecimento verdadeiro hoje e
sempre... como verdade absoluta!
E a ARTE?
Não está preocupada com a evidência empírica, mas não a despreza. Há um
padrão que exige certa estética e que é aceito. A Ciência não está preocupada com a
estética, mas com o estilo.
Estas são, portanto, as quatro formas de pensamento humano tidas como normal
para enxergar o mundo.
FAZER CIÊNCIA É CONSTRUIR ISSO:
4. Pensamento Científico e Método Científico
4.1 Pensamento Científico
Como a Ciência produz conhecimento?
Preceito: ser sustentado por Base Empírica universal.
Características do Pensamento Científico:
Lógico – Explicativo – Provisório – Evidências
Lógico
Mostra o que posso ou não concluir. As argumentações e formas de defender uma
ideia segue processo LÓGICO, daí falar que é um Método Racional. Em Ciência, todo
discurso conclusivo tem Lógica e Base Empírica (Literatura ou não!).
Processos Lógicos: INDUÇÃO e DEDUÇÃO
Explicativo
O Cientista faz pesquisa para explicar o mundo, quer é entender, saber como esse
mundo funciona. Entender para agir nesse mundo. Daí ser EXPLICATIVO. A ferramenta
que possui é a Ciência.
Provisório
Em ciência as verdades são provisórias. O cientista convive com incertezas,
embora tenha certeza no momento. Conhecimento científico para ser ciência tem que ser
provisório, é a verdade que aceitamos hoje, por isso agimos. Por ser provisório ele se
corrige. Ex.: a Talidomida.
Evidências
É a informação que nos chega através dos órgãos sensoriais (sentido) e que
consideramos real. A partir dessa realidade, podemos decidir sobre hipóteses e ideias do
mundo natural. A sugestibilidade pode nos levar a aceitar ou a rejeitar evidências: ideias
ditando dados. Há necessidade de refletirmos sobre duas questões básicas: Tudo que
vemos existe? E tudo que existe pode ser detectado? Assim, podemos afirmar que:
Nem tudo que vemos realmente existe!
Nem tudo que existe pode ser detectado!
Os dados são objetivos, mas o modo que se vê é diferente!
Assim, OS DADOS NÃO DETERMINAM AS CONCLUSÕES!
O olhar de um é diferente do olhar do outro (“Objetividade subjetiva”, negada no
início da Ciência). Maneiras de melhor “objetivar” tais evidências é o uso de aparelho
sofisticado, recursos estatísticos e exame de qualidade. No entanto, sempre haverá certo
grau interpretativo. Ponto chave: o quanto a comunidade científica aceita tais evidências?
O sistema sensorial pode alterar as evidências ou conectá-las com conhecimento
anterior. O que fica da impressão empírica é resultado desses fatores. Artigos de
impacto na Ciência apresentam conclusões com base nos dados, mas extrapolam essa
base e generalizam (salto empírico).
Ciência Empírica: evidências e imaginação.
Ciência Formal: não precisa de evidências (Lógica e a Matemática).
Para um cientista empírico a lógica e a matemática são ferramentas através das
quais ele lê e enxerga o mundo. A evidência não é tão simples.
Peter Ricks, nos anos 60, afirma sobre a partícula de Deus. Mas só no ano de 2012 descobre as evidências dessa partícula. A teoria pode nascer antes!
Einstein e Newton: concepção que a luz era atraída por outros corpos. Evidência: Fotos foco eclipse: em Sobral, Ceará, e Ilha do Príncipe, África, em 1919 (posição de um planeta).
O religioso também se baseia em evidências. Se diz que conversou com Deus,
ninguém pode dizer que o que ele viu, ele não viu. Também é uma evidência, mas não é
a evidência que a Ciência usa. No entanto, a Ciência trabalha com o que ela pode pegar
do mundo. Isso não significa que o que ela não pega existe e nem o que não pega não
existe. Assim para ser evidência é preciso ter duas características fundamentais:
INTERINDIVIDUAIS (eu vejo e você também vê agora e ao longo do tempo). A evidência tem que existir.
PERENES (mantem o resto da vida): Arquivamento e Reprodutibilidade.
A descrição da METODOLOGIA é também uma maneira de perenizar a Evidência
Científica. Assim, a PESQUISA CIENTÍFICA é a atividade que utiliza a metodologia e os
pressupostos científicos na busca de respostas a indagações, tendo por princípio o
MÉTODO CIENTÍFICO. ( PESQUISA CIENTÍFICA MÉTODO CIENTÍFICO).
Sugerimos como leitura complementar o texto sobre Pensamento Científico
disponível em: https://heros.ufms.br/curso-laec/
4.2 Método Científico
Método Científico é o conjunto de procedimentos e de direções com padrões que,
se for seguido, se consegue Conhecimento Científico válido ou aceito (conclusões).
Características do Método Científico
O Método Científico tem por princípio quatro características fundamentais:
Base empírica (baseado em evidências, contrapor ideia a fatos observáveis)
Amostragem (considerar que o todo se comporta como a parte observada)
Controle de variáveis (identificar o agente interferente)
Teste de hipótese (as suposições são testadas através de pesquisa)
A aceitação das conclusões levou a duas formas de pensar na História: a primeira
foi o Verificacionismo que busca informação no sentido de comprovar que aquilo é
verdadeiro. No entanto, verificar não garante nada, mas tentar derrubar sim. Daí surgiu o
Falsificasionismo, que é o contrário da outra corrente. O que não consigo derrubar, aceito
até que alguém derrube. O importante é tentar derrubar como diz a Filosofia de Karl
Popper (Sugestão: leia As Ideias de Popper, de Bryan Magee).
Tipos de métodos científicos
Método indutivo: É o processo de construir generalizações universais (princípios) a partir da observação de casos particulares.
Método dedutivo: É a aplicação de princípios gerais a casos específicos.
Dedutivo
I: O tratamento biológico de efluentes orgânicos é eficiente.
II: O esgoto doméstico é efluente
orgânico.
Indutivo
I: O tratamento biológico do esgoto doméstico1 foi eficiente.
II: O tratamento biológico do esgoto
doméstico1 foi eficiente.
III: O tratamento biológico do esgoto doméstico não foi eficiente.
Conclusão: O tratamento biológico para o esgoto doméstico é eficiente.
Conclusão: O tratamento biológico para o esgoto doméstico é eficiente.
Para pensarmos: Mente científica, será que temos? Pensamos como Cientista?
Antes de tudo, precisamos entender que Ciência não traz postura de arrogância e, ainda
que “a humildade é o primeiro degrau para a sabedoria”.
COMPLEMENTO...
Reflexão sobre Conhecimento e Pensamento Cientifico
(Teodorico Alves Sobrinho, 2020)
Abordamos a escrita científica, ou a conclusão científica, dentro de um prisma
pouco convencional. Isto corresponde, ou explica, que a quebra de Paradigmas, ou de
Preconceitos, são necessários para evoluirmos. Isso não é questão de FÉ ou crença, é
questão de Lógica ou de Lógica-matemática: que é uma nova abordagem chamada
racional e lógica.
Não conseguiremos publicar em periódico internacional conclusões sem apresentar
evidências válidas (ou seja, aceitas pela comunidade internacional). Textos sem
evidências científicas são ditos “opinativos”. A Ciência não quer saber minha opinião.
Discursos sem base empírica não constroem conhecimentos científicos. Esses são o viés
e a linguagem da Ciência. Enquanto a teoria não se ajustar às evidências empíricas ela
fica no limbo (“purgatório”). A expurgação é dada pela base empírica. Neste contexto,
devemos considerar duas correntes filosóficas sobre o conhecimento que surgiram ainda
na Idade Moderna: o Racionalismo e o Empirismo. Os racionalistas estudam o mundo a
partir do pensamento, afirmando que o conhecimento é atingido exclusivamente a partir
do raciocínio. Os empiristas, ao contrário, afirmam que devemos buscar entendimento
sobre o mundo a partir das evidências.
O Racionalismo inaugurou, à época, um modo novo de conceber e compreender o
conhecimento. Sustenta que há um tipo de conhecimento que não vem da experiência,
mas sim diretamente da razão, sendo René Descartes (1596-1650) seu principal
expoente e pensador. O pensamento racional ao introduzir a dúvida no processo do
pensamento, introduz a crítica como parte do desenvolvimento do conhecimento
científico. Outros pensadores do racionalismo são: Pascal (1623-1662); Spinoza (1632-
1677); Leibniz (1646-1716) e Friedrich Hegel (1770-1831).
O Empirismo é uma teoria que afirma que o conhecimento sobre o mundo vem
apenas da experiência sensorial. Essa tendência filosófica se desenvolveu principalmente
no Reino Unido. O empirismo causou uma grande revolução na ciência, pois graças à
valorização das experiências e do conhecimento científico, o homem passou a buscar
resultados práticos no domínio da natureza. A partir do empirismo surgiu a Metodologia
Científica. É parte fundamental do método científico que todas as hipóteses e teorias
devem ser testadas contra observações do mundo natural, em vez de descansar apenas
em um raciocínio a priori, a intuição ou revelação. Estão associados nesta corrente os
filósofos: Aristóteles, Alhazen, Avicena, Ibn Tufail, Robert Grosseteste, Guilherme de
Ockham, Francis Bacon, Thomas Hobbes, Robert Boyle, John Locke, George Berkeley,
Hermann von Helmholtz, David Hume, Leopold von Ranke, John Stuart Mill e Nicolau
Maquiavel.
A partir dessas considerações, podemos fazer algumas reflexões sobre as
contradições, preconceito e paradigmas que vivemos hoje. Percebo que há conflito de
entendimento no estilo da escrita científica devido:
i. A descrição do modelo empirista toma força com Popper e Kunh a partir dos anos
de 1960;
ii. Na década de 1970/1980 tivemos vários formadores de opinião que não tiveram
acesso à discussão do mundo da Filosofia da Ciência preconizadas por Popper e
Kunh. Enquanto que, até a década de 1960, era comum nos currículos escolares
disciplinas de Filosofia, Latim e de formação intelectual, isso não prevaleceu após
os anos de 1970.
iii. Recebermos e passamos informação que não condiz com essa postura da
Filosofia da Ciência para a Ciência.
iv. As revistas internacionais evoluíram mais rapidamente que as nacionais que eram
geridas por editores com formação antiga. Ou seja, a massa crítica humana, que
temos a partir dos anos de 1980, reflete conceitos conflituosos e contraditórios que
entendem, ainda, que os dados são determinísticos. Ou seja, esquecem que a
construção do conhecimento perpassa os dados disponíveis. Há que considerar
as evidências cognitivas, advindas da nossa imaginação ou percepção para a
construção do conhecimento. Somente assim é possível darmos o chamado salto
além da nossa base de dados (evidências empíricas). Ou seja, como escreveu
Volpato (2017), devemos fazer ciência além da nossa visibilidade.
5. Pesquisa Científica: Tipos e Estrutura. Publicação científica
5.1 Tipos de Pesquisa
Tipo de Pesquisa pode ser definido conforme a Base (Critérios); a Hipótese
científica formulada e as Variáveis envolvidas no estudo.
Base
A Literatura é BASE Empírica? Na citação damos a referência de onde está a base
empírica dessa informação: Que é a Literatura!
Hipótese
Resposta que não foi testada. RESPOSTA possível de ser testada! E que será
corroborada ou refutada. E a CONCLUSÃO? Também é uma RESPOSTA, mas
provisória. É a HIPÓTESE testada!
Variáveis
VARIÁVEL é tudo que pode ser abordado pelo método empírico. O que o cientista
pode fazer com as variáveis? Podemos Caracterizar as variáveis e estudar Relações
entre as variáveis.
Caracterizar significa dizer o que ela é. Exemplos:
Caracterizar a altura da população. Pegamos amostras representativas e medimos as alturas dos indivíduos. Estou caracterizando a variável altura.
Walson & Crich, em 1953, caracterizaram a Molécula de DNA.
O cientista pode ainda identificar e estudar RELAÇÕES entre variáveis e perceber
que o comportamento de uma variável tem alguma relação com outra variável.
Se uma variável aumenta, a outra também
(relação direta) ou, se uma aumenta e a outra
reduz (relação indireta).
Não importa como abordamos as variáveis. Podemos abordar pelos lados
Quantitativo ou Qualitativo. O importante é que estamos trabalhando com duas ou mais
variáveis e vendo as relações entre elas. Não estou preocupado agora em caracterizá-las,
mas saber como se relacionam. E o mais importante nisso, é que há APENAS DOIS tipos
de relações entre as variáveis: Associação com interferência e sem interferência.
Dessa forma podemos definir três Tipos Lógicos de Pesquisa:
Pesquisa de Caracterização
Pesquisa de Associação sem interferência e,
Pesquisa de Associação com interferência.
i. Pesquisa Caracterização
Este tipo de pesquisa não precisa de hipótese (a essência é descrever algo). Os
objetivos deste tipo de pesquisa são: caracterizar..., relatar ...
ii. Pesquisa de Associação SEM interferência
Este tipo de pesquisa precisa de hipótese, pois iremos testar as hipóteses de
associação entre as variáveis, podendo admitir interferência, ou não, entre elas. Os
objetivos deste tipo de pesquisa são, entre outros:
“Testar se existe associação entre X e Y”
“Avaliar se X está negativamente ou positivamente associado a Y”
“Investigar se X é um bom indicador de Y”
Como desafio, tente buscar em artigos científicos de sua área de interesse
exemplos de objetivos para esse tipo de pesquisa. Tente formular situações de pesquisa
de associação sem interferência. Fica como sugestão de leitura o artigo de Matthews R.
Storks deliver babies (p = 0.008). Teachinng Statistics 22(2): 36-8, 2000.
iii. Pesquisa de Associação COM interferência
Para este tipo de pesquisa também precisamos de hipótese. Como exemplo de
objetivo deste tipo de pesquisa:
Avaliar se X afeta (ou interfere) Y
Testaremos aqui: se X aumenta Y; se X diminui Y ou se X abole Y.
Exemplo: dentro do tema Fisioterapia, podemos estar interessados em testar se há
efeito do número de sessões de fisioterapia na recuperação da função de determinado
órgão do corpo. Ou seja, nosso objetivo seria: avaliar se o número de sessões de
fisioterapia afeta a recuperação da função de movimento de um membro do corpo
humano. Este tipo de objetivo parte da premissa que a primeira variável (número de
sessões de fisioterapia) interfere na segunda (movimento de um membro). Portanto,
podemos classificar este tipo de pesquisa como de Associação com interferência.
O cientista pode fazer pouca coisa, mas ele caracteriza coisas do mundo, que são
as variáveis, e estuda a relação entre elas. Com isso ele constrói todo o conhecimento
científico. Veja na sequência uma figura ilustrativa sobre os tipos de pesquisa na Ciência.
(Fonte: IGVEC, 2019)
5.2 Estrutura da Pesquisa Científica
A Pesquisa Científica responde perguntas usando o Método Científico. Assim,
pesquisa científica é toda atividade que utiliza o método científico na busca de
respostas. Dessa forma, a pesquisa científica é estruturada a partir de uma pergunta!
Portanto, não há pesquisa se não há pergunta! A qualidade da pesquisa científica
depende do planejamento. Comece então com um bom projeto de pesquisa!
O planejamento da pesquisa permite a previsão das etapas e situações da
pesquisa. A lógica da pesquisa é garantir que os objetivos sejam atingidos. O projeto é o
planejamento de toda pesquisa científica, ou seja, é a estrutura básica da pesquisa
científica, permitindo a previsão de suas etapas e situações.
Delineamento da Pesquisa
O que é o delineamento? É a estratégia intelectual abstrata, sem incluir detalhes,
para: caracterizar uma amostra, ou testar uma hipótese. Delineamento é estratégia e não
estatística. O delineamento prevê peculiaridades da amostragem. Para cada tipo de
pesquisa há um delineamento específico:
Pesquisa de Caracterização:
Apresentar variáveis a serem descritas
Definir tamanho da amostra de estudo
Definir estratégia para obter a amostra sem viés.
Pesquisa de Associação (com hipótese):
Quais são as variáveis envolvidas?
Como irá obter as variações das variáveis?
Qual é o tamanho das amostras?
Como as variáveis podem estar relacionadas: com ou sem interferência?
Etapas da Pesquisa Científica
Ao propor uma Pesquisa Científica, devemos considerar as seguintes etapas:
1. Escolha do
tema
2. Estado da
Arte
4. Justificativa5. Determinação
de objetivos6. Metodologia
7. Coleta
de dados
8. Análise de
resultados9. Conclusão
10. Publicação e
Divulgação
Escolha do tema da pesquisa: Perguntas e Hipóteses
Fazendo Perguntas
Toda Pesquisa começa com uma pergunta que direciona o objetivo geral e pode
nos levar aos objetivos específicos. A Ciência responde nossas perguntas, nossas
indagações sobre o mundo. Assim o cientista deve estar sempre fazendo perguntas.
Pergunta relevante aumenta a chance de termos objetivos robustos. Que perguntas
fazemos? Vejamos as possíveis situações:
1ª O que é isso? Tipo de pergunta característica de Pesquisa de Caracterização. Por exemplo, quero saber qual é o perfil econômico dos brasileiros? A resposta vai ser uma caracterização da minha variável.
2ª O que isso causa (afeta)?
3ª O que afeta isso?
4ª Qual o mecanismo envolvido?
No processo criativo NÃO há regras. Mas tem algumas normalizações que facilita o
começar. Vejamos então, ao perguntar considerar:
A experiência com o tema: ler trabalhos e descobrir lacunas;
O que os cientistas estão registrando? (Revisão de Literatura)
Quais as questões que restam? O desafio: qual a pergunta sobre o TEMA que ainda não tem resposta? Devemos ter, para isso alguns cuidados, pois há palavras que nos enganam. Vejamos os termos: Por Quê? e Como? Perguntas com estes termos podem ter as seguintes interpretações:
Pensar no Por quê:
i. Enquanto Causa: Por quê isso aconteceu? ii. Enquanto Mecanismo: Qual é o caminho ou como isso ocorre? iii. Enquanto Finalidade: Qual é a finalidade?
Ex.: A cor azul teve um efeito analgésico no individuo. Quero saber por que ou
como o azul fez isso? Aqui, o mecanismo é o foco.
Hipóteses
Como vimos, toda pesquisa começa com uma pergunta. Sabemos que para cada
pergunta temos uma resposta ou afirmação possível. Essa resposta provisória, que ainda
não foi testada, corresponde à hipótese da nossa pesquisa. Ao final é essa hipótese que
testamos. O teste pode nos induzir a NEGAR ou ACEITAR minha hipótese. Ela é teórica,
pois nos diz se ficamos ou não com a ideia. Temos, contudo, de entender que o aceite é
sempre provisório, pois é o status da Ciência. Acima da hipótese temos a Tese, que
poderia ser denominada de Hipótese mais ampla. Quando temos duas comparações, a
mais geral é a Tese e a mais específica é a Hipótese. Para defender uma tese preciso
muitas vezes de hipóteses específicas.
Apesar de que toda pesquisa ser delineada por uma pergunta e possamos elaborar
uma hipótese, nem sempre a hipótese é uma boa ferramenta. Ou seja, há casos em que
não é preciso de hipótese. Por exemplo, veja a seguinte pergunta: “o que os universitários
brasileiros pensam sobre o aquecimento global”? Possível Hipótese: “Pensam que se
deve à ação do homem”. Após levantamento junto aos universitários, detectamos que, na
resposta, em geral pensam que é fenômeno natural, independentemente da ação humana
estaria acontecendo. Que aconteceu com minha HIPÓTESE? NEGADA pela pesquisa. Eu
tenho a resposta desejada? Sim. Preciso fazer outra HIPÓTESE? Seguramente que NÃO.
Então, se negando ou corroborando a hipótese eu tenho a resposta, não preciso de
hipótese. Ou seja, se a hipótese testada responde à pergunta nos dois casos não há
necessidade de hipótese neste tipo de pesquisa. Por isso, então, nem sempre a hipótese
é uma boa ferramenta.
Sabemos agora como fazer Perguntas e quando preciso de Hipótese ou não.
Dessa forma escolhemos e delimitamos nosso tema de pesquisa.
5.3 Publicação Científica
Publicar é o compromisso social da ciência, pois os resultados das pesquisas
científicas devem se tornar confiáveis e acessíveis. A publicação científica consiste na
divulgação de ideias com embasamento empírico. A essência de um trabalho publicável
como artigo científico, é a sua conclusão fundamentada com argumentação e inovadora.
Na Pesquisa Científica buscamos evidências e concluímos!
Na Publicação Científica divulgamos Conclusões!
Por que publicar?
Em que consiste a publicação científica?
Qual é a essência de um trabalho científico?
O cientista tem, portanto, o compromisso de publicar suas descobertas científicas.
Para tanto deve escolher a melhor revista científica, considerando a novidade de seu
estudo. Após a publicação, deve divulgar o trabalho, para que tenha o maior alcance. Há
diversas possibilidades para a publicação: Anais de Congressos; apresentações em
congressos, simpósios e encontros científicos; em revistas científicas; revistas de
divulgação científica e outros meios de comunicação: entrevistas em rádio e televisão,
jornais, mídias socias e científicas na internet.
Qual a diferença entre revista científica e de divulgação científica? O autor da
pesquisa publica suas conclusões diretamente em Revistas Científicas. Já nas revistas de
Divulgação Científica, jornalistas reportam resultados de pesquisas científicas em
linguagem mais acessível ao público geral.
Tipos de publicações:
Livro: Caráter didático e visão ampla do assunto ou tema
Tese: estudo ancorado por hipóteses ou não, onde o pós-graduando defende uma ideia original (Doutorado – Stricto Senso)
Dissertação: o pós-graduando desenvolve e concluir o tema (Mestrado)
Monografia: documento para cumprir as exigências do projeto pedagógico de curso (Graduação) ou para obter o título de especialista (Lato Senso)
Review: Artigo de alta qualidade conceitual em que se esgota a literatura do tema com conclusões originais (não confundir com revisão de literatura).
Artigo completo: Apresenta dados inéditos e responde sobre determinado problema, demonstrando o mecanismo envolvido no processo
Artigo curto (Short communications): Defende superficialmente ideia original
Estudo de caso: São artigos científicos que descrevem a observação de experiências reais locais ou situações específicas (caso)
Resumo expandido: É o resumo maior (miniatura do artigo), que tenta explicar as conclusões do trabalho (normalmente até 5 páginas) para publicação em Anais de Congressos.
Geralmente os trabalhos de conclusão de curso (Tese, Dissertação ou
Monografias) e os resumos expandidos são reescritos, em formato de artigo científico,
visando a publicação em revistas científicas. Assim, é possível dar maior alcance e
visibilidade ao trabalho produzido. As revistas científicas, também conhecidas como
Periódicos, podem ser classificadas em quatro níveis: Internacional (com alto fator de
impacto entre as diversas especialidades); Internacional (com impacto dentro de uma
especialidade); Regionais (com baixo fator de impacto) e Regionais (sem fator de
impacto). (Figura).
(Fonte: IGVEC)
Toda Revista Internacional publica artigos de autores de vários países e são
citadas por autores de vários países. A Internacional de alto impacto (High Impact
Journals) é altamente impactante na academia, seja por publicarem textos de diversas
especialidades ou por divulgarem assuntos de interesse a diversas áreas. A Internacional
de impacto (Impact Journals) publica temas de área específica, também têm impacto na
academia, mas é requisitada apenas por determinada especialidade. As demais são
regionais. As revistas denominadas Regionais de baixo impacto (Low Impact
Journals) são requisitadas principalmente numa região, seja um país, um continente ou
algo similar. As Regionais sem impacto (No Impact Journals) são requisitas apenas
por um grupo restrito de cientistas, geralmente ultrapassando pouco as fronteiras de
determinada instituição. O nível de novidade, e de fazer Ciência, cresce do nível de
revista regional para internacional, (Figura).
Devemos entender que o Manuscrito é o texto científico como proposta do autor
para publicação. Difere, portanto, de artigo que é um texto que foi aceito ou publicado em
determinado periódico. Devemos, assim, buscar publicar em periódicos internacionais de
linguagem universalizada. Os principais requisitos, exigidos pelos editores de periódicos
Internacional, são que: tenham novidade nas Conclusões; possuam Metodologia Robusta
e com Resultados evidentes.
Bases de avaliação de revistas científicas
A Web of Science é a única plataforma que calcula o fator de impacto das revistas, classificando-as quanto ao seu impacto na ciência. As métricas das revistas são realizadas pelo CiteScore – padrão que mede o impacto da citação em série na plataforma Scopus
(editora Elsevier). Podem ser encontradas no site da Scopus na seção Sources:
https://www.scopus.com/sources?zone=TopNavBar&origin=NO%20ORIGIN%20DEFINED.
O CiteScore calcula as citações de todos os documentos no primeiro ano para os documentos publicados nos três anos anteriores para um título. Por exemplo: para calcular um valor de 2018, o CiteScore conta as citações recebidas em 2018 para os documentos publicados em 2015, 2016 e 2017. Este número é dividido pela quantidade de documentos indexados no Scopus, publicados em 2015, 2016 e 2017.
FONTE: https://www.scopus.com/sources?zone=TopNavBar&origin=sbrowse
Assim, o cálculo do Fator de impacto de 2018 (divulgado em 2019) foi calculado
pela relação:
FI = (No Citações 2017) / (No. Artigos 2015 + 2016)
De acordo com os registros mais recentes, as dez revistas científicas com maior
quantidade de citações são:
1. Scientific Reports [2045-2322] 2. PLoS ONE [1932-6203] 3. Nature Communications [2041-1723] 4. Nature [0028-0836] 5. Journal of the American Chemical Society [0002-7863] 6. ACS Applied Materials & Interfaces [1944-8244] 7. RSC Advances [2046-2069] 8. Science [0036-8075] 9. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America
[0027-8424] 10. Angewandte Chemie International Edition [1433-7851]
[Os números entre colchetes correspondem ao código ISSN de cada publicação]
Além do recurso utilizado para chegar a lista, dentro da ferramenta há outras opções
de filtros para verificar a colocação das publicações, permitindo que o usuário explore a gama
de métricas para um grupo de títulos, como periódicos open access, tema ou editor
específico. Além das revistas científicas, o CiteScore cobre séries de livros, procedimentos de
conferência e revistas de mercado.
Qualis Capes
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no
Brasil, possui um sistema de classificação da qualidade dos periódicos denominado
Qualis. O Qualis Capes é um sistema que faz a classificação da produção científica dos
programas de pós-graduação brasileiros, no que diz respeito aos artigos publicados em
diversos periódicos, revistas, anais e livros científicos, englobando todas as áreas do
conhecimento. Qualis Capes (A1, A2, A3, A4, B1, B2...).
http://www.capes.gov.br/acessoainformacao/perguntas-frequentes/avaliacao-da-
pos-graduacao/7422-qualis
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQ
ualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf
Escolha da revista
A dúvida que a maioria das pessoas tem é de como escolher a revista para enviar
o manuscrito. Na busca de difundir o conhecimento da pesquisa é necessário selecionar o
meio de comunicação mais adequado e de acesso a maior parcela da comunidade
científica. Para a escolha das melhores revistas devemos consultar seu fator de impacto e
analisar o escopo de cada periódico nas principais bases de dados (Capítulo 1).
Ou seja, para a escolha da revista devemos examinar se o tema do manuscrito
está de acordo com a revista (ler artigos já publicados na revista). Lembre-se que das
citações no manuscrito ao menos uma é potencial para enviar seu manuscrito. Devemos
ainda, no processo de escolha: verificar o fator de impacto da revista (noção do grau de
novidade esperado); verificar se a revista exige pagamento antecipado para publicar e
possui sistema de revisão por pares e submeter primeiro em revistas de melhor impacto.
Normalmente a submissão é online. Devemos evitar de enviar manuscritos para
revistas que não aceitam submissão de forma online. Geralmente são periódicos de baixo
fator de impacto, às vezes denominados como literatura cinza. Geralmente as normas
para publicação são definidas pela editora da revista, e consiste em regras de formatação,
paginação, documentos e demais exigências de padronização para adequar o manuscrito
para a editoração. Daí não devemos preocupar com normas da ABNT em nossos
manuscritos. A submissão do manuscrito para a revista consiste no envio do manuscrito
para o editor responsável pela revista científica. Ao enviar nosso manuscrito devemos,
também, encaminhar uma Carta ao Editor. Mas como fazer? não pode ser longa; deve
conter a principal novidade do estudo; para manuscrito em inglês, mencionar que foi
realizada revisão; ser claro e objetivo. Segue exemplo de carta.
A avaliação do manuscrito pelos revisores normalmente é feita da seguinte forma:
O manuscrito se for negado pelo Editor, devemos analisar o motivo e, após
reestruturado, podemos enviar para outra revista.
COMPLEMENTO...
EVENTO CIENTÍFICO Pergunta: O que seria correto enviar para um evento científico como resumo? Algo
relacionado a um trabalho já publicado? Parte do trabalho que não será publicado? Ou não há problema em publicar o que já foi apresentado em evento (já não seria original)?
Resposta:
Tradicionalmente, os congressos divulgavam trabalhos completos ou incompletos, cuja função era debater com a comunidade. Nas últimas décadas, aumentou drasticamente a apresentação de trabalhos já aceitos ou publicados em revistas científicas. Trata-se de uma mudança de visão, onde o objetivo é mais mostrar para a comunidade o que estamos fazendo e menos receber dela contribuições para agregar valor no trabalho.
As disputas frequentes e mais recentes sobre autorias e também as discussões sobre plágio têm colocado alguns empecilhos para publicações integrais em congressos. Mesmo assim, a publicação do estudo concluído continua sendo o mais comum. Vamos analisar a partir da lógica do problema e dos elementos de ciência que conhecemos.
Se seu trabalho será publicado nos anais do congresso, de forma completa, sendo ele também um estudo completamente já concluído, como essa publicação ficará na internet poderá haver sobreposição se submeter um texto muito parecido ao do congresso. Porém, do ponto de vista científico, a informação principal do estudo, que são
as conclusões, já estão liberadas para a comunidade científica. Isso realmente soa estranho. Mas é tudo muito complicado, pois para se conseguir apoio para ir aos congressos temos que apresentar trabalhos bem estruturados e concluídos. Se tiver a oportunidade de publicar apenas o resumo no congresso, evitará várias questões complexas. Afinal, um resumo jamais substitui o artigo, pois só neste existe toda a fundamentação dos autores. O resumo é apenas uma “carta de intenções dos autores”.
Uma questão similar ajuda para nossas ponderações. Na revista Science, se você tiver um artigo aceito, mas ainda não publicado, e o divulgar amplamente pela mídia, ele não será publicado. Se, por outro lado, você fizer uma apresentação dele num congresso (que é sempre um evento restrito), a publicação não será cancelada. Essa publicação está também garantida, mesmo que algum repórter assista sua apresentação e faça uma grande divulgação dos seus achados na mídia em geral, pois não foi uma falha dos autores. Isso nos mostra que deveria haver muito bom senso para analisar a questão.
Num congresso não devemos levar estudos que sabemos que não serão publicados. Se não serve para publicar, então deve ter algum erro ou mesmo falta de ciência. Nesse caso, não serve para a publicação e nem mesmo para o congresso. O mesmo vale para estudos já publicados. Não há muita razão para leva-los ao congresso, exceto para conseguir o auxílio ou mesmo mostrar seu cartão postal. Devemos levar estudos na concepção de que a discussão possa trazer acréscimos, ou mesmo um primeiro teste, para o discurso elaborado. Há áreas em que os trabalhos publicados em congresso contam como se fossem a própria publicação. Independentemente dessas concepções de área, aconselhamos levar a congressos estudos conclusivos, ainda não publicados, podendo estar em submissão, ou não, pois ainda terão chance de receber acréscimos. Em algumas áreas, o roubo de ideias é real, o que pode levar a pesquisadores só irem aos congressos com artigos publicados ou aceitos para publicação. Seria uma defesa, mas não é o padrão, mesmo porque nem toda área tem alta velocidade de produção de conhecimento, o que dá certo tempo para o cientista ir ao congresso e ainda conseguir a publicação antes que algum pesquisador o copie.
O objetivo de irmos a congressos é, de um lado, ficarmos conhecidos na área e, de outro, testarmos a força de nossos estudos. Se puder, evite publicação de textos completos nos congressos, principalmente se forem em inglês, onde se espera que sua pesquisa seja publicada. Já vimos congresso internacional cuja publicação dos resumos, incluindo resumos expandidos, atestava, no próprio texto dos estudos publicados, que não deveriam ser citados, pois eram apenas resumos expandidos (ou seja, não passaram pelo crivo de peer review e deveriam ser publicados oportunamente).
O foco central do cientista deve ser sempre a publicação em periódicos de bom nível internacional (em algumas raras áreas a publicação de livros é o veículo principal no cenário internacional). Infelizmente, solicitações de apoios financeiros têm contribuído para que o problema e dúvidas aumentem. Dentro desse mesmo escopo da pergunta, temos o caso das teses depositadas na internet. Muitas delas são construídas em formatos de artigos e algumas até mesmo já em inglês. Isso cria um problema, mas cuja solução deve ser simplesmente acabar com esse depósito aberto de testes na internet. Usando o princípio da Science esboçado acima, tese numa biblioteca, sem ser depositada na íntegra na internet, seria como um resumo e uma exposição oral num congresso.
6. Revisão de literatura
Revisão de literatura, ou revisão bibliográfica, é a atividade de busca sobre
determinado tema em referências bibliográficas confiáveis tendo por fundamento: coletar
informações para construção de novas ideias; avaliar o grau de originalidade de certo
tema para pesquisa, evitando demonstração do óbvio; construir conhecimento original
com coleta de dados publicados de forma a permitir a apresentação de nova visão sobre
determinado tema (Review). Pode ser feita como Revisão de Narrativa Tradicional ou
Revisão Sistemática. O trabalho de Review envolve forte conhecimento do tema,
maturidade para trabalho com saltos conceituais a partir das evidências empíricas
disponíveis na literatura. A revisão de literatura é importante, pois ajuda o pesquisador
limitar o escopo de seu questionamento, transmite a importância do tema aos leitores
além de ser parte determinante na decisão ou seleção do tema da pesquisa
Métodos
Identificar as palavras-chave e agrupar de acordo com a lógica da pesquisa
Buscar materiais nas bases de dados científicos com os termos de busca (palavras-chave)
Relacionar os trabalhos encontrados
Ler os resumos dos trabalhos encontrados e suas conclusões para verificar se ele poderá contribuir para o trabalho
Selecionar os documentos que contribuem para o trabalho
Sintetizar (máximo 10 linhas) para cada documento o que você entendeu da leitura relacionando-a com a sua pesquisa
Desenhar um “mapa da literatura”: posicionar a sua pesquisa dentro do tema pesquisado na literatura
Resumir os artigos mais relevantes encontrados (irão contribuir para a revisão de literatura final que irá compor o trabalho)
Discutir com os supervisores e seus pares sobre sua pesquisa
Refazer o processo, se necessário
Organizar a revisão de literatura: estruturar os tópicos e conceitos relacionados com o tema
Finalizar com um resumo de quais temas na área da pesquisa foram mais pertinentes e sugerir pesquisas necessárias para a linha
Observações
A internet não é por completo uma biblioteca, então atenção!
Livros e revistas possuem editores e autores
Qualquer um pode colocar qualquer coisa na internet
Atenção para a credibilidade da fonte consultada
Saber filtrar os conteúdos de suas buscas
Onde fazer a revisão bibliográfica? Diversas opções:
Revisão de literatura se faz de forma continua. Semanalmente os artigos vão
chegando e vamos avaliando o que interessa ou não. Para descobrir lacunas tenho que
ler trabalhos recentes, pois aí temos uma visão do que se sabe hoje e um pouco do
passado. Assim começo a entender qual é o dilema, as discussões.
6.1 Revisão Sistemática
Tipo de investigação focada em questão bem definida, que visa identificar,
selecionar, avaliar e sintetizar as evidências relevantes disponíveis. Importância:
Elevado número de estudos sobre o tema
Estratégia de manejo destes estudos com certos graus de precisão
Comparação entre técnicas para responder o mesmo problema em diferentes contextos
Identificação e minimização de vieses nas estimativas de parâmetros
Valorização de bons estudos em detrimento de estudos com metodologias duvidosas
Web of Science
Revisões sistemáticas com meta-análise
Meta-análise é o conjunto de técnicas estatísticas desenvolvido para integrar
valores obtidos em dois ou mais estudos independentes, sobre a mesma questão de
pesquisa, combinando, em resumo, os resultados de tais estudos.
Qual é a direção do efeito/estimativa/associação?
Qual é o tamanho do efeito?
O efeito é consistente em todos os estudos?
Qual é a força de evidência para o efeito?
[Fonte: Downes, M.J., Dean, R.S., Stavisky, J.H. et al. Methods used to estimate the size of
the owned cat and dog population: a systematic review. BMC Vet Res, n. 9, 121p, 2013.]
6.2 Revisão de Narrativa Tradicional
Subjetividade
Revisões sem fonte de dados e sem avaliação da qualidade metodológica;
Geração de evidências errôneas ou com viés do pesquisador ou do editor;
Estudos são citados pelo resultado ou pela opinião do especialista;
Escolha mostram apenas resultados semelhantes falácia da busca pelas evidências científicas.
Características comuns: fluxograma
Fonte: Polanczyk, G. et al. The Worldwide Prevalence of ADHD: A Systematic Review and Metaregression Analysis. Am J Psychiatry,
n.164, 942–948p, 2007.
Exemplo de METODOLOGIA para Revisão Sistemática
“In order to find effective interventions and policies that could be used in low-income
nations, a systematic review of published literature was conducted. This paper describes
the first stage of analysis. A search conducted using “maternal mortality” as key words and
limited to the publication years 1998-2008 resulted in 6975 titles from CINAHL and
Medline databases (see Figure 1). Two hundred and seventy-six titles were animal studies
and 5437 titles were not directly related to maternal mortality and were thus excluded from
the compilation. After further screening the abstracts of the remaining 1262 articles, those
that were not intervention studies (experimental or quasi-experimental studies) aimed at
impacting the risk of maternal death were excluded. Sixteen full text articles were
examined. The results are compiled below.”
7. Variáveis
Conceito de variáveis
Variável é o que pode ser abordado pelo método empírico. Variável não é só o que
vemos ou que pegamos. Pode ser física ou conceitual. Material ou imaterial. Concreta ou
Conceitual. Como identificar variáveis envolvidas no estudo? O cientista estuda Variáveis
e o que pode fazer com elas. Ou seja, o cientista investiga elementos básicos que podem
ser agrupados em algo que eles têm em comum. A isso, o que têm em comum,
chamamos de Variável.
Componentes existentes no mundo ...
...agrupados em elementos comuns: Variáveis.
Podemos tomar outros exemplos: para um conjunto de pessoas a altura está
presente em todas as pessoas, embora varie entre elas. Cada pessoa é um representante
dos componentes do conjunto de componentes que forma a variável altura (indivíduos de
altura alta, baixa, média). Tomando o Desempenho Escolar (DE) como outro exemplo de
variável. Observe que DE é conceitual, cada aluno apresenta seu DE. O Desempenho
Escolar pode ser alto, baixo, satisfatório. Devemos entender que a variável transcende os
elementos. Para estudá-la tenho que estudar os elementos que a compõe, agrupados por
qualidades. Ou seja, cada Variável tem seus componentes ou elementos que a
representa. A Variável é aquilo que é geral e os componentes têm as características da
Variável. Estudamos os componentes para entender as Variáveis. Exemplo: a Variável
gênero: (Masculino - M e Feminino - F). Os componentes são os indivíduos alocados
como gênero M e como F. Como o gênero pode interferir em algum padrão, por exemplo,
altura? Tem alguma relação entre gênero e altura? ...e lembre: TODA VARIÁVEL V A R I A.!!
Pouco, mas fundamental.
Tipos de variáveis
As variáveis são classificadas em quatro tipos: Operacionais, Teóricas;
Independentes e Dependentes (com relação de interferência). Devemos descobrir qual
é a lógica do nosso estudo, e pode haver mais de uma.
Variáveis Operacionais e Variáveis Teóricas (ou conceituais)
As Variáveis Operacionais são as que registramos diretamente (que medimos,
registramos ou que quantificamos) ou que acreditamos que registramos. Conseguimos
chegar nos elementos dela de forma mais direta. Ex.: PH. Por outro lado, as Variáveis
Teóricas ou Conceituais nós não conseguimos registrar diretamente, somente
indiretamente. Inferimos a partir das variáveis operacionais. Exemplos: Aprendizagem,
Medo, Conhecimento. Que devo registrar para indicar Aprendizagem, Medo e
Conhecimento?
Não importa a área de estudo, os conceitos são os mesmos. Ou seja, são questões
que ultrapassam áreas e especialidades. A Ciência geralmente está interessada nas
variáveis teóricas, pois é o que fica. Mas ela precisa das evidências, que são as variáveis
operacionais. As evidências são o que chamamos de Base Empírica. Ou seja: pego as
coisas que acontece no mundo para estudar esse mundo.
Variáveis de interferência
Dentre os estudos que se faz com as variáveis, um estudo muito importante é o de relação
entre as variáveis (Relações de Interferência). A relação sem interferência me permite
enxergar uma variável a partir de outra; enquanto as relações de interferência me permitem mexer
numa variável, ou seja, interfiro no mundo. Eu controlo as coisas. Por exemplo, faço o avião subir,
pois tem variáveis climáticas que interfere no comportamento dele. Neste contexto consideramos
dois tipos de variáveis: as Dependentes e as Independentes.
O conceito que vai indicar a que CAUSA a interferência e a que SOFRE não é tão
fixo quanto parece. A variável dependente é a que sofre o efeito, enquanto a variável
independente é a que causa o efeito. Exemplo: ganho de peso. Se X afeta Y dizemos,
então, que X é a variável independente e Y a variável dependente. Quando há relação de
interferência, o efeito é o resultado, é o que vejo. O que registro para caracterizar a
variável independente não é resultado. Quando se tem relação de interferência a variável
dependente é o resultado.
A variável não é sempre dependente ou independente, depende do contexto. Veja
a relação circular: a variável A afeta a variável B e a variável B afeta a variável A. Por
exemplo, A poderia ser comportamento do consumidor, enquanto a B o preço dos
produtos.
A seta de cima mostra que A afeta B. Nesta relação a variável A vai ser a
independente. No outro sentido, efeito de B sobre A, a variável B será a variável
independente e A será a variável dependente. Ou seja, é uma definição relativa. A
variável não é eternamente dependente ou independente. Ou seja, não é uma coisa
clássica, depende do contexto. Posso jogar isso para qualquer área, porque é um
processo Lógico, de produzir ou de estudar ciência. A ciência tem muito disso. Ela entra
num nível teórico para estar explicando as coisas. Não é uma coisa matemática, usa a
matemática, mas tem todo o contexto. Veja este outro slide de relação de interferência
entre variáveis:
Em que DE = Doenças Emocionais; Hf = Hábito de fumar; DPs = Doenças Psicossomáticas; C = Câncer e Rm = Risco de morte. (Fonte: Minicurso IGVEC).
Doença Emocional (DE) pode levar ao Hábito de fumar (Hf) ou a Doenças
Psicossomáticas (DPs). O Hf e a DPs são efeitos desse processo que ao final leva a Risco
de morte (Rm). Temos aqui uma relação de interferência. Quando a DPs age na relação entre
Câncer e Rm, estamos falando no importante conceito que é o de Modulação. Ou seja, quando a
variável afeta uma relação entre variáveis podemos dizer que neste caso há uma Modulação.
Redução de variáveis
A redução de variáveis consiste na transformação de variáveis Operacionais em
Teórica. Como ver o conjunto? As vezes há várias variáveis e ficamos perdidos sem
conseguir ver o conjunto. Isto caracteriza a angústia da Redação Científica! Devemos,
para facilitar o entendimento, agrupar e separar as para melhor visualização. Veja o
conjunto de variáveis operacionais hipotéticas (a, b, c, d, e, f) dispostas na figura que
segue. Reduzindo as Operacionais nas suas respectivas variáveis Teóricas consigo
visualizar melhor. Assim estamos fazendo uma hierarquização das variáveis por níveis:
Ou seja, registrando a, b, c, d eu estou registrando indiretamente a variável X.
Registrando e e f estou registrando indiretamente Y. As Operacionais sempre assumem
apenas um nível, enquanto as Teóricas podem aparecer em mais de um nível hierárquico.
Assim, se juntarmos X e Y e estabelecer um outro nível de variável teórica, como vemos a
variável Z, (Figura que segue). Ou seja, X e Y me indicam Z.
Figura: Hierarquia entre Variáveis.
Posso ver Z por meio de X e Y. e por meio de a, b, c e d posso registrar X e por
meio de e e f estou registrando indiretamente Y. Nesse formato, posso estabelecer Z
como variável ou como meu tema, sem ser variável de estudo. Posso ter o Z, por
exemplo, como uma proposta de ensino, que pode é visto por meio de X e Y.
Substituindo as variáveis hipotéticas por variáveis concretas, podemos visualizar na
figura que segue um exemplo de certa situação real.
Reduzindo as variáveis Operacionais, [CO2], [O2], Metais pesados etc., temos
como argumentar sobre as variáveis Poluição e Desmatamento. Reduzindo estas duas
eu tenho, no nível 2, a Destruição Ambiental que pode ser o tema da minha pesquisa.
Operacionalização das variáveis
A pergunta é: o que devo registrar para estudar as variáveis teóricas mas que seja
aceito pelos pares? Ou seja, os pares aceitam que essa variável operacional como
indicadora da variável teórica? Vejamos o caso de Pesquisa de Caracterização, (Figura)
Assim, a variável TEÓRICA 1 foi operacionalizada por: OPER 1 (que poderia ser
faixa de salários por exemplo), OPER 2 (bens que dispõem) e OPER 3 (lugares que elas
visitam).
Na Pesquisa com Hipótese, teríamos a seguinte relação, conforme apresentada na
figura que segue:
Bloco 1: A afeta B. Mostra um objetivo específico (var 1 operacionaliza a Var a).
Bloco 2: mostra 4 objetivos específicos (duas Variáveis Operacionais para cada Variável
Teórica: var1 e 2 operacionalizam A e B); Bloco 3: Temos 2 objetivos específicos. O teor
dessas relações vai depender da parte de cima. Esses são modelos teóricos dessa
problemática, temos que levar isso para dentro de cada área específica. Nem toda
formulação de Operacionalização de Variável explica toda pesquisa.
COMPLEMENTO...
Variáveis Operacionais, Teóricas & independentes Pergunta: 1- A relação entre as Variáveis Independentes e Dependentes ocorre entre as
Variáveis Operacionais? É desta maneira que temos que pensar. 2- Ainda sobre as Variáveis Independentes e Dependentes, podemos pensar que a
nossa investigação deverá ocorrer sobre a Variável Dependente. Em outras palavras: É sobre a Variável Dependente que procuramos como resposta a nossa pergunta?
Resposta:
1. A relação entre variáveis, sejam operacionais ou teóricas, pode ser de interferência, assim aplicando o conceito de variável independente e variável dependente tanto para as operacionais quanto as teóricas. No próximo item concluo melhor esta explicação.
2. A investigação é o processo todo. Nossa coleta de resultados (evidências) é feita na variável dependente. Muitas vezes temos que registrar (dados) a variável independente para mostrar que ela variou (requisito para a pesquisa de interferência). Abaixo explicarei mais detalhadamente e incluindo outros aspectos.
Numa relação de interferência, temos a suposta causa (variável independente) e a suposta variável que sofre o efeito (variável dependente). Numa pesquisa científica, façamos como quisermos (desde que correta), a variável dependente será nosso resultado. A variável independente fará parte de nossa montagem para garantir que conseguimos registrar os resultados (variável dependente) nas condições suficientes de variação da variável independente.
Por exemplo, se supomos que o governo dos EUA prejudica a política brasileira, temos duas variáveis (governo dos EUA) e política brasileira, sendo a primeira a suposta causa (variável independente) e a segunda a variável (dependente) a sofrer o efeito (prejuízo). Assim, para testar essa hipótese é necessário que planejemos em nosso estudo encontrar dois níveis (ou mais) da variável independente (governo dos EUA) e registramos como estava, em cada caso, o governo brasileiro (variável dependente). No planejamento, não podemos controlar a variável dependente (ela será o que for, pois é nosso resultado), mas temos que garantir que ela seja registrada ao menos em dois níveis da variável independente (dois tipos diferentes e até opostos, se possível), pois isso dará conexão lógica para nossa comparação dos resultados, ajudando a construirmos conclusão acerca da existência ou não de interferência. Note que esse mesmo procedimento pode ser usado em qualquer outra área. Na Farmacologia, podemos garantir o uso de 2 doses de um fármaco (variável independente) e registrar a resposta do organismo (variável dependente). Se testássemos apenas uma dose, não poderíamos concluir nada sobre a relação de interferência entre essas duas variáveis. Nas duas hipóteses (sobre os governos e sobre o fármaco), o que testamos é a associação entre as variáveis, mas para concluirmos sobre o efeito, precisamos nos basear nessa associação e incluir argumentos adicionais para validar que ela representa efeito (isto foi visto no minicurso “Ciência... como tudo começa”). No caso do fármaco, isso é mais fácil de ser feito, pois é tudo mais controlado. No caso dos governos, o conjunto de variáveis interferentes é muito grande, mas a associação obtida é uma das principais evidências. Se encontramos que nossos governos acompanharam (associação) perfis presentes nos governos dos EUA, com análise do conteúdo desses perfis e um
pouco de história e características dos dois governos podemos facilmente construir um argumento explicativo em termos de "efeito".
O erro que se tem nesses casos é acusar a pesquisa feita entre os governos de ser “apenas de associação” e, portanto, que “não pode falar em interferência”. Esse é um equívoco tremendo, embora frequente em algumas áreas (por ex., na Saúde), pois estamos tratando de uma área em que não há chance de variarmos à nossa vontade a variável independente (como foi possível no caso da Farmacologia), porém é logicamente admissível pensar que existam interferências entre governos. E aí... então proibimos certas áreas de investigar certas questões?
O fato de registramos as variáveis operacionais não significa que apenas nelas existe a interferência. Elas agem como indicadores. Da forma como você coloca talvez expresse que o estudo da interferência só pode ser visto nos casos reais observados. Quando estudamos o efeito da espiritualidade na saúde de uma pessoa, trabalhamos, como no caso dos governos, com duas variáveis teóricas supondo que uma delas (espiritualidade) está afetando a outra (saúde). A parte factual disso é que o teste precisa ser feito com as variáveis operacionais, pois não "vemos" ou "registramos" as demais (são apenas inferidas), mas o que estamos testando, em última análise, é a relação de interferência entre espiritualidade e saúde. O que interessa para a ciência são as variáveis importante e frisadas em nosso objetivo, mas se são teóricas não podem ser registradas (ou seja, elas não são evidências, mas interpretações). A única forma de estudarmos com base empírica as relações entre conceitos (variáveis) é estudando seus correlatos operacionais (variáveis operacionais).
Quando a variável teórica está mais próxima dos fatos (por ex., saúde, agressão, aprendizagem, corrupção, bem-estar etc.), fica mais fácil as pessoas aceitarem que estudamos variáveis teóricas baseados em variáveis operacionais. Quando isso atinge um nível mais amplo (paradigma, ideologia política, terrorismo, capitalismo, socialismo, Marxismo etc.; todas estas sendo logicamente variáveis), algumas pessoas apresentam resistências. Elas são geralmente infundadas. Digo “geralmente’ porque conforme uma variável teórica está mais distante da base empírica, aumenta a chance de essa base não estar fidedignamente indicando essa variável teórica”. Mas isso só indica que temos que ter mais base empírica para poder estudá-la e não a impossibilidade em estudá-la.
8. Projeto de Pesquisa.
8.1. Estrutura do projeto
O Projeto de Pesquisa pode ser pensado como um processo de inovação (Figura). A
qualidade do trabalho depende do projeto construído. No projeto devemos responder:
O que isso muda na ciência? Qual é a novidade proposta? Por que as pessoas se
interessariam? Porque escolhemos determinado tema? Aonde queremos chegar?
Lembrar que a qualidade do trabalho científico produzido depende fundamentalmente
do nosso projeto.
No Projeto devemos definir: O que fazer e porque – definição do tema e
justificativa; para quem fazer; onde fazer e como – campo da pesquisa e metodologia;
com que fazer – recursos necessários; quando fazer (cronograma de execução) e quem
vai fazer – equipe. O projeto deve ser robusto pois é o Planejamento de toda pesquisa
científica.
Para facilitar o pensamento criativo no planejamento de toda pesquisa, devemos:
olhar por diferentes ângulos; não ter medo de errar; identificar nossos pré-conceitos:
INOVAÇÃO
Resolver problemas de forma inusitada
Enfrentar dramas
do presente
Preparar para
desafios do futuro
Pensar diferente
Ver como ninguém viu antes
conceitos prévios que nos impedem de ver outras possibilidades; perceber analogias e
ser inovador: ter ousadia pelo novo. A estrutura básica do projeto pode ser visualizada
nas figuras que seguem.
8.2 Objetivo
O objetivo representa aquilo que desejamos alcançar por meio da pesquisa
cientifica. É o diferencial do nosso estudo. Constitui a conclusão do item Introdução. Ao
término do projeto devemos chegar ao que foi proposto em nosso objetivo, apresentando
conclusões científicas válidas. Assim, o cerne de um Projeto são os objetivos. Direciona
elementos da Introdução e do Planejamento do estudo (Metodologia).
Há duas lógicas no Projeto: Caracterizar uma variável ou testar uma hipótese (ou
fazer as duas coisas). Se for para caracterizar uma variável, que se obtenha a sua
caracterização. Ou, se for o caso de testar uma hipótese, que o teste da hipótese seja
realizado. Assim, o que queremos ao final é Caracterizar ou Testar Hipótese. A Hipótese
sendo corroborada ou falseada, é resultado que vai virar conclusão. Por isso que todo
projeto deve atingir seu objetivo.
Ao testar uma hipótese não faz sentido dizer que o projeto deu errado se a
hipótese não foi corroborada. Outro ponto em projetos é sobre Resultados Esperados.
Ninguém sabe direito o que é isso. Coisas maiores que o projeto: espera formar doutores
ou produzir publicações, mas outros entendem que é o resultado da pesquisa, que seria o
lógico esperado. Assim, se for pesquisa do tipo caracterização espero, então, caracterizar
a variável, o que é óbvio, senão não tem sentido. E pesquisa de Hipótese? Espero testá-
la e não a corroborar. Ou seja, não devemos ter amor pela hipótese! Assim, todo projeto
tem que atingir seu objetivo.
Para entender a lógica da pesquisa precisamos de alguns conceitos: o que é
Ciência, base empírica, variáveis e hipótese? Pesquisa difere de Ciência. Não importa se
é pesquisa qualitativa ou quantitativa. Considerando a lógica da pesquisa científica, o
cientista pode caracterizar variáveis e estudar relações ou associação entre variáveis de
estudo. Assim, a base lógica dos objetivos é: Pesquisa sem hipótese o objetivo é
caracterizar e, para pesquisa com hipótese o objetivo é testar.
Objetivo de Caracterização
Objetivo que tem a intenção de caracterizar ou descrever algo como procedimento
para coleta de dados. Pesquisa descritiva é aquela que tem a intenção de descrever no
sentido de caracterizar. A descrição pode ser uma técnica de coleta de dados inclusive
para testar uma hipótese. Sempre que houver comparação o objetivo não será de
caracterização. Está supondo que alguma coisa afeta a outra. Caracterizar variáveis é dar
a característica da variável que está estudando. Podemos escrever o objetivo de
caracterização considerando o seguinte formato:
Caracterizar + Variável + Sujeito ou Objeto da pesquisa.
Exemplo 1: Relatar a opinião de idosos carentes sobre adolescentes.
Exemplo 2: Walson & Crich (Nature, 4353, 04/1953) que sugeriram uma estrutura para o
DNA... sugerir uma estrutura é uma pesquisa de caracterização.
Objetivo com Hipótese
A estrutura dos objetivos com hipótese: sempre que tem hipótese o objetivo é
testá-la, para aceitar ou refutar. Vou dizer se aceito ou descarto. Se aceito no momento,
mas pode ser descartada no futuro. Assim, não faz sentido lógico separar objetivos de
hipótese. Consideremos a seguinte hipótese:
A capacidade de regeneração do lodo de decantador de Estação de Tratamento de
Água (ETA) é influenciada por acidificação. A partir desta hipótese podemos construir o
seguinte objetivo: Avaliar SE a capacidade de regeneração do lodo de decantador de ETA
é influenciada por acidificação.
Cuidado com a palavra efeito: é vaga, sempre que possível devemos dar o
sentido, se aumenta, melhora ou inibe: dizer o sentido do efeito. Objetivos de
interferência, estou estudando movimento de duas ou mais variáveis e quero ver se tem
alguma relação entre elas. Aumenta, diminui... é sentido do movimento. Objetivo são as
relações entre elas.
Testamos a Hipótese ou a Predição da Hipótese? Ao final do artigo, é a hipótese
que testamos. Porque ela é teórica, que vai dizer fico ou não fico com essa ideia.
Depende do referencial. (Sugestão: leia sobre modus Tollens). Predição é uma
consequência factual prática do pensamento, que é a hipótese. Expressão que antecipa
aquilo que pode acontecer. Podemos predizer algo a partir de conhecimentos científicos,
revelações de algum tipo, hipóteses ou indícios. O que testamos materialmente é a
predição e não a ideia. Devemos operacionalizar a ideia antes para testá-la. Não é errado
dizer que vai testar tal predição. Para dizer testar a predição devo antes definir a hipótese.
Predição é, então, sinónimo de previsão, do latim praedictio. Uma predição é a expressão
que antecipa aquilo que, supostamente, vai acontecer. Pode-se predizer algo a partir de
conhecimentos científicos, revelações de algum tipo, hipóteses ou indícios.
Mas qual é a diferença de hipótese e previsão? A Hipótese estabelece relações
entre as variáveis teóricas para representar um fenômeno. A Previsão (ou Predição) é a
representação prática da hipótese utilizando variáveis operacionais. Consideremos a
seguinte pergunta: Brácteas afetam a atratividade da inflorescência aos polinizadores? A
partir desta pergunta podemos formular a seguinte hipótese: Brácteas coloridas afetam a
atratividade de inflorescências aos polinizadores. A partir dessa hipótese podemos
construir duas predições, que nos permite concluir sobre a hipótese formulada testando
estas predições:
Predição 1: Inflorescências de bico-de-papagaio terão número de visitas diferentes
do que inflorescências de dente-de-leão;
Predição 2: Inflorescências de bico-de-papagaio com brácteas intactas terão
diferentes números de visitas do que inflorescências com brácteas removidas
experimentalmente.
Importante é separar tese de hipótese. Tese é uma hipótese em um nível mais alto
de abrangência, mais ampla. Hipótese está abaixo da tese, é mais restrita. Tese e
hipótese: quando tem duas para comparar podemos dizer que a mais geral é a tese e a
mais específica é a hipótese. Para defender a tese preciso muitas vezes de hipóteses
específicas.
Estruturação do objetivo
Palavras são recursos que usamos para exprimir nosso pensamento. Escolha das
palavras a partir da estrutura lógica e científica. Palavras equivocadas podem nos
conduzir a pensamentos equivocados. Devemos, portanto, cuidar com as palavras ao
definir os objetivos. Assim, em pesquisa com hipótese, NÃO USE nos objetivos as
palavras: confirmar, demonstrar, provar, descrever... USE: Avaliar, investigar, averiguar...
Seguido de SE. Pesquisa de caracterização, USE: Descrever, caracterizar. Pesquisa de
Interferência, USE: Afeta, reduz, inibe, interfere. Cuidado com os termos analisar e
comparar, pois indicam passo metodológico. Também, na estruturação dos objetivos não
devemos usar: local do estudo; referências; data da pesquisa e metodologia. Devemos
evitar as máximas: “O objetivo do presente estudo”; “O objetivo foi contribuir com o
conhecimento...” Pois são expressões vagas que tornam o estilo do texto pobre. Na
sequência apresentamos alguns formatos para estruturar os objetivos:
FORMATO INCORRETO:
FORMATO CORRETO:
As palavras Analisar, Avaliar, Examinar, ... associadas à partícula SE torna TESTAR.
Assim fica correto ou apropriado a estrutura do objetivo.
Palavras que não têm sentido no objetivo:
Veja o seguinte Objetivo: “Analisar a influência da dinâmica da cobertura vegetal na
descarga de sedimentos na bacia do rio Manhuaçu, MG, Brasil, com o apoio de
informações oriundas de sensoriamento remoto orbital”. Você consegue visualizar algum
equívoco na estrutura desse objetivo conforme apresentado? Veja se não seria melhor a
seguinte construção: “Avaliar se há influência da dinâmica da cobertura vegetal na
descarga de sedimentos”. Ou, melhor ainda:” Avaliar se a dinâmica da cobertura vegetal
afeta a descarga de sedimentos”. Observe que a construção dos objetivos não é uma
questão de gosto pessoal ou vício de área, mas sim de lógica científica.
Esquematização e redação do objetivo:
Antes de redigir os objetivos: ESQUEMATIZE, DESENHE!
Reduza ao mínimo razoável o número de variáveis do estudo (organize as variáveis operacional e teórica em níveis);
Não confunda passos metodológicos com objetivo;
Estabeleça uma simbologia, por exemplo:
Expresse nas variáveis o que deseja. A esquematização ajuda na construção dos objetivos e a termos clareza de pensamento.
Objetivos Gerais e Objetivos Específicos
É correto (não necessário) pensar em objetivos gerais e específicos. É necessário
conhecer as variáveis envolvidas. A pergunta é: o que devo registrar para estudar as VT?
Objetivo Geral construir com as variáveis Teóricas,
Objetivo Específicos construir a partir das variáveis Operacionais.
Pesquisa de caracterização:
Caracterizando as variáveis operacionais estarei caracterizando a variável geral.
Pesquisa com hipótese:
Como exemplo consideremos a seguinte Hipótese: Nos indivíduos estando alto o
estresse vai estar baixa a memorização.
FC: Frequência Cardíaca – FR: Frequência Respiratória
Redigindo os Objetivos específicos: Testar se...
...o cortisol promove aumento no número de erros.
...o aumento da F C e o número de acertos se relacionam inversamente.
...pessoas com menor taxa de F R lembram-se mais no teste de memorização.
Outro exemplo: Determinar como boas condições econômicas reduzem o bem-
estar das pessoas. Não é hipótese, pois já sei que boas condições econômicas reduzem
o bem-estar das pessoas. Está em jogo aqui é o COMO (mecanismo). A morfologia do
exemplo pode ser construída assim:
Determinar como [Relação] boas condições econômicas [Variável teórica T1]
reduzem [Relação] o bem-estar [Variável teórica T2] das pessoas [Sujeito]. Não é
hipótese, pois já sei que reduzem. Está em jogo é o COMO: O como é mecanismo. Não
dá para saber apenas olhando a relação e descobrir o como.
Boas condições econômicas
Aumento do medo de perda Bem-estar
Facilita sedentarismo
Para isso tenho que levantar algumas hipóteses assim: i) boas condições
econômicas aumentam o medo de perda; ii) boas condições econômicas facilitam o
sedentarismo; iii) medo de perda reduz bem-estar; iv) sedentarismo reduz bem-estar. A
partir destas hipóteses, construo meus objetivos específicos: Testar se...
i... boas condições econômicas aumentam o medo de perda. ii... boas condições econômicas facilitam o sedentarismo. iii... medo de perda reduz bem-estar iv... sedentarismo reduz bem-estar
8.3 Material & Métodos
No Material e Método, ou Metodologia, devemos descrever o procedimento para
que possa ser replicável. Não devemos incluir aqui o nome do laboratório, da instituição
e, tampouco, nome do pacote estatístico. Devemos caracterizar aqui as variáveis
independentes do seu estudo. A metodologia pode ser construída em quatro blocos:
Sujeito do estudo
Sujeito é aquele do qual analisamos as variáveis. Ex. estudar peso em Bovinos.
Delineamento da pesquisa
Estratégia intelectual da Pesquisa para caracterizar uma amostra ou testar uma
hipótese. Deve ter clareza para escolha adequada dos testes e das análises quantitativas
a serem realizadas.
Na pesquisa de caracterização:
Apresentar variáveis a serem descritas
Definir estratégia para obter a amostra sem viés
Definir tamanho da amostra de estudo
Na Pesquisa com hipótese:
Quais são as variáveis envolvidas?
Como obter as variações das variáveis?
Qual é o tamanho das amostras?
Exemplo de delineamento na Pesquisa de Caracterização
Objetivo: Caracterizar o perfil de egoísmo na população adulta brasileira.
Delineamento: Em cada estado e no Distrito Federal amostramos aleatoriamente
0,15% de brasileiros adultos, para identificarmos (questionário) o perfil de egoísmo.
Consideramos esse perfil em relação ao grau de egoísmo (de nulo a máximo) em relação
aos 5 tipos descritos (Silva, 2013).
Exemplo de delineamento de pesquisa de Associação com Interferência
Objetivo: Testar se alimentação diária com folhas de alface reduz ansiedade. Neste
objetivo destacamos as seguintes variáveis da pesquisa: alface e ansiedade. Devemos,
no delineamento, definir a forma de administração e os testes de ansiedade aceito.
Delineamento: Um dia antes do início das refeições e semanalmente, por 30 dias,
avaliamos o grau de ansiedade de cada indivíduo. Após esse período os indivíduos que
receberam 5 g de alface passaram a receber 50 g, enquanto os que receberam em maior
quantidade pararam de receber alface. As avaliações semanais foram mantidas por mais
60 dias nas três condições.
Procedimentos específicos
Descrever a atividade prevista para cada variável a ser estudada;
Utilizar técnicas já validadas;
Não incluir o nome da instituição onde a pesquisa será realizada (não é importante cientificamente).
Análise de dados
Condições de analisar e concluir, com determinado grau de liberdade.
Dados quantitativos – Testes Estatísticos
Dados qualitativos – Metodologia científica validada.
All statistical analyses were performed at the 5% significance level, using the R
software for Windows…
Não importa o software estatístico que será utilizado: Não colocar!
9. Redação Científica: Tipologias. Bases e estratégias. Estilo científico
9.1 Tipologias
Livro: Caráter didático e visão ampla do assunto ou tema.
Tese: Tema para defender uma ideia com base em investigação original, (Doutorado).
Dissertação: Deve concluir sobre o tema ou exposição de um estudo, (Mestrado).
Monografia: Trabalho de conclusão de curso de graduação ou de especialização.
Relatório técnico- científico: Relata pesquisa de questão técnica ou científica local.
Resenha: Comunicação relatando o resultado da avaliação sobre publicação.
Artigo: Texto destinado a revistas de divulgação.
Artigo Científico: Texto destinado a revistas científicas.
Short Communication: Defende ideia original, porém sem se aprofundar no fenômeno.
Estudo de caso: São artigos científicos que descrevem experiências reais (caso)
Resumo expandido: Ou resumo estruturado é uma miniatura do artigo (>= 3 páginas).
Não deve ser citado como prova em textos científicos dentro de uma argumentação.
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): Oportunidade de desenvolver projeto
relacionado à utilização do conhecimento adquirido no curso para consolidar sua
formação. O TCC é um dos requisitos para obtenção do título de graduação na maioria
dos cursos de graduação do país.
Independente da tipologia do texto científico, alguns fundamentos devem ser
considerados para termos êxito na Redação Científica, são eles:
Objetividade – o tema deve ser retratado de maneira simples, evitando significados duplos e excesso de palavras difíceis de serem compreendidas.
Clareza – Fundamental que não haja comentários redundantes e irrelevantes.
Precisão – Evitar rebuscamentos exagerados, bem como a prolixidade.
Utilizar corretamente o idioma e Correção Gramatical.
Uso da norma culta. Evitar coloquialismos.
Redigir textos de boa qualidade requer treinamento.
9.2 Bases conceituais e Estratégias
Pré-requisitos para entender o estilo científico:
Conceito de Ciência e de Base empírica
Conceito de variáveis
Construção de objetivos e Conclusões
Tipos lógicos de pesquisas
Se temos o conceito errado de Ciência, provavelmente vamos errar na hora de
expressar dentro da Ciência. Rever preconceitos e paradigmas! Como são obtidas as
conclusões? No passado chava-se que a base empírica era determinística, ou seja, que
os dados determinavam as conclusões.
Tem coisa que você vê e não existe. E tem coisa que existe e você não vê. Veja
esses dois desenhos abaixo. Isso é uma base empírica que mudou a história de toda a
área biológica.
Foto de Raio X usada para construir a estrutura do DNA.
Watson & Crick (1953). Nature.
Passo determinístico? Única evidência que aparece no artigo dos autores. A
conclusão é interpretação que o autor faz das evidências empíricas. Isso mostra que
construir Ciência envolve base empírica, raciocínio e imaginação. O que tem isso com o
estilo científico?
Isto mostra o jeito que vamos escrever. Ao escrever conclui-se estou dizendo que
não preciso da pessoa. Escrever na primeira pessoa é uma decisão de Ciência e não de
área. Escrever no impessoal é vício. Quanto maior o nível da revista, se vê com mais
frequência a redação na 1ª pessoa. A linguagem exprime a essência do pensamento!
Ou seja, as conclusões não são obtidas de forma determinista a partir dos dados.
Assim, devemos concluir na primeira pessoa. A linguagem tem que acompanhar!
Estratégia na escrita
O texto científico é para cientista, e o Outline é a forma de montar a estratégia de
escrita. Planejar como vou escrever, é o meu guia para uma boa apresentação.
Mostra a sequência de informações para chegarmos à Conclusão.
O Parágrafo: a partir do Outline transformar cada informação em um parágrafo.
Como se escreve, então, um Parágrafo? Coloque a informação A do Outline como
primeira frase. As outras darão a base para essa Informação, com detalhes.
Isto mostra que é errado formular parágrafos de frase única. O discurso fica cheio
de máximas. Ou seja, o texto fica fraco, pobre de estilo!
9.3 Construindo o texto com estilo
A construção de sentenças deve ter de ideias claras e concatenadas. Os
elementos básicos de uma oração são:
Uma condição pode ficar no início da frase, no meio ou no final São escolhas
aleatórias. A ênfase deve ficar no final da frase:
Exemplo de ênfase no final da frase: Há uma década, concluímos que A inibe B.
Ao expressar temos que manter o fluxo. Colocar de elementos com salto, mas com
conexão entre si:
Outra forma de construção:
A. H. Hofmann, 2010. Sc Writing and Communication.
Observe que o termo Depression está sempre ligando com a primeira frase.
Informação adicional para explicação as vezes é necessária – caso do APOSTO:
Frase longa dificulta o entendimento. Dependendo do contexto devo alternar. Veja
a frase: A aprendizagem é prejudicada pelo stress social. Voz passiva:
Nessas frases o stress social é meu agente e coloquei no fim por ser meu elemento
de ênfase. Tanto é que, na frase que segue, o autor fala do stress e não de
aprendizagem. Assim, construir uma sentença não é muito fácil, deve ser pensada e
observada as estruturas lógicas de comunicação.
Baseie-se no suporte estatístico. Exemplo:
Houve redução estatisticamente significante no número se nascimentos...
Houve redução no número se nascimentos.
Não aposte em tendências! Seja conciso, sintético. Ex.:
The objetive of this work was to evaluate the production...
Here we evaluated the production...
A ingestão de açúcar provocou aumento no número de cáries em crianças que frequentam escolas públicas e privadas...
A ingestão de açúcar aumentou a incidência de cáries em crianças...
Use Termos sintéticos para evitar a prolixidade: como promove inibição = Inibe; Causa redução = Reduz. Outros termos na língua inglesa:
Use frases curtas!
“O contato próximo do homem com cães e gatos como companhia verdadeira
numa população humana envelhecendo e cada vez mais imunocomprometida tem
aumentado a importância e a probabilidade de transmissão de infecções parasitárias com
potencial zoonótico sendo necessário combater esses organismos que vem de períodos
remotos com utilização de produtos administrados de forma empírica, como é o caso do
alho, hortelã e semente de abóbora” (UFA! frase com 66 palavras!).
Construa frases na ORDEM DIRETA!
Formatos: i) João foi morto pela explosão. ii) A explosão matou João.
Em frases isoladas, como o Título ou o Objetivo, é melhor o uso da voz ATIVA.
Dentro do contexto da escrita usar a voz PASSIVA por razões específicas. Fora isso,
prefira a voz ATIVA por ser mais curta e direta. Sempre que possível usar a voz ativa, por
questão de objetividade.
Cuidado com a palavra IMPORTANTE: se falei, devo demonstrar:
Qual é a fundamentação que leva a aceitar que é IMPORTANTE?
Pontuações
Vírgula separando sujeito do verbo:
Na primeira frase, a vírgula está fora de contexto e NÃO deve ter sido inserida.
Na segunda frase a vírgula está colocada de forma correta.
10. Texto Científico: Estrutura e lógica. Citações, Plágios e Falácias
10.1 Estrutura do Texto Científico (Componentes Essenciais)
:
Lógica do Artigo Científico:
Introdução
Descrever o problema
Fundamentar o objetivo
Apresentar o objetivo
Para saber se sua Introdução está boa peça a alguém ler e deduzir o objetivo. Erro
comum é descrever vários estudos sobre as variáveis investigadas. Introdução é o lugar
que contextualizamos a pesquisa.
Materiais e métodos
No artigo: é redigido no passado. O presente é utilizado caso descreva alguma
técnica ou conhecimento presente na literatura. No projeto usar futuro.
Sujeito ou objeto do estudo: Caracterize-o de acordo com o detalhamento que a área exige; se estudo de campo indicar o local.
Delineamento: tamanho da amostra, quais variáveis, réplicas, disposição do experimento...
Procedimentos específicos: técnicas de coleta, equipamentos, equações...
Análise dos dados: nome do teste estatístico
Resultados
Obtidos no passado e devem ser escritos no passado
Apresentar uma única vez
Formato: Figura, tabela ou texto
Explicar as figuras e tabelas no texto
Discussão
Apresentar estrutura lógica do discurso validando a metodologia e as
conclusões
Pode iniciar a discussão apresentando as principais conclusões, sem
justificá-las imediatamente
É necessário validar a metodologia
Recomende apenas com base em conclusões sólidas
Evite a Discussão fofoca!
Conclusões
As conclusões aparecem na DISCUSSÃO. Mostrar o que mudou na rede de
conhecimento com a sua conclusão. Apenas repita o que foi apresentado como conclusão
na discussão. Resultado não é Conclusão! Selecione as conclusões mais gerais
(EVIDÊNCIAS + IMAGINAÇÃO). AS conclusões devem ser redigidas no tempo verbal
presente, pois sua conclusão permanece valendo. O passado pode ser utilizado em
estudos retrospectivos, análise de eventos passados (Históricos ou não).
Na locução do texto devemos usar a primeira pessoa ao invés do impessoal
(publicação internacional), principalmente na conclusão. Se um autor, usar singular. Se
mais autores, usar plural. Usar o elemento como sujeito da oração. Exemplo.: os
simuladores foram distribuídos, ao invés de: distribuiu-se os simuladores....
Título
Sua função é atrair a atenção do leitor. No exemplo seguinte, qual melhor formato?
Uso da água subterrânea para irrigação no sudeste piauiense e o risco de
salinização e sodificação do solo. Ou melhorando
Impacto do uso da água subterrânea para irrigação.
Característica de um título:
Curto: evite inclusão de local do estudo, escrever na ordem direta (sujeito,
verbo e complemento).
Fiel ao conteúdo do trabalho: evitar generalizações e o conteúdo que não
pode ser provado no texto
Compreensível: evitar siglas e termos específicos
Resumo
Pode ser considerado uma expansão do título. Deve ser sucinto e informar o
principal para que o leitor queira ler o texto principal.
Resumo criativo: Limita-se ao essencial; qualquer parte do texto pode ser inserida;
a sequência para apresentar as informações pode ser livre; deve ser curto e passar
rapidamente a informação desejada.
Exemplo de resumo criativo: “A vitamina C é utilizado como um suplemento
alimentar, devido à sua atividade antioxidante, embora uma dose elevada (500 mg) pode
atuar como um pro-oxidante no corpo. Nós mostramos que 100 g de maçãs frescas tem
atividade antioxidante equivalente a 1,500 mg de vitamina C, e que todo o extrato de
maçã pode inibir o crescimento in vitro de células cancerosas de Colo e fígado, de um
modo dependente da dose. Os nossos resultados indicam que os antioxidantes naturais
de fruta fresca poderia ser mais eficaz do que um suplemento alimentar”. (Nature 405:
903-904, 2000). [82 palavras! Qual foi o salto??]
10.2 Lógica do texto e da redação
A Lógica é a mesma, do Título à Conclusão, observar Tipo de Pesquisa!
Contexto da descoberta: Informações que levam a traçar os objetivos:
Proposta teórica
Contexto da justificação: Validar conclusões: (metodologia, resultados e
literatura)
Toda informação deve ser vista como argumento lógico: Dedutivo ou Indutivo.
Compostos por: Premissas e Conclusão.
Argumento Dedutivo (1)
Premissa 1: Apenas plantas têm raiz
Premissa 2: Este organismo tem raiz
Conclusão?
Argumento Indutivo
AAS reduziu a febre de Joana
Premissas AAS reduziu a febre de Marcos
AAS reduziu a febre de Márcia
AAS reduziu a febre de Pedro
Conclusão? AAS reduziu a febre das pessoas
Não inclua premissas desnecessárias. A arte da redação científica é inserir apenas
o necessário no texto! Com DOIS argumentos é possível a construção dos Textos, da
Introdução à Conclusão!
1º argumento – Introdução:
2º argumento – Do Método à Conclusão:
Lógica e qualidade científica é que não haja nem excesso nem falta de informação!
Vejam o trabalho de Watson & Crick (1953). Forma espacial da molécula do DNA: uma
página!
Alguns passos que auxiliará:
Escolha o Nível do Periódico onde se pretende publicar
Análise dos dados
Objetivo da análise: encontrar novidade nos dados (revire-os!!). Evidências!
Pirâmide Lógica da Conclusão Geral:
Entenda sua história
Onde pretende publicar: escolha a Revista
Junte as informações para a redação
Pronto para escrever? Então escreva: seu ARTIGO em 1 dia (3 dias para arrumar)
e a TESE em 5 dias (3 semanas para arrumar).
Por onde começar? Construa o esboço do texto: SIGA SEQUÊNCIA LÓGICA.
Redação do Texto
Planeje cada tópico (Outline) antes de escrever
Redija o Texto: Escreva com suas próprias palavras
Insira a literatura que melhor fundamenta seu texto
Cheque o conteúdo do texto (não observar forma)
Verifique o estilo (parágrafos curtos, clareza...)
NÃO faça parágrafo frase única!
Main problems in manuscript:
Novelty not explained
Does not conform to specified format
Outside the scop of the jornal
Latinate style
Poor: figures and English
Too many results or lack focus
Style is ambiguous, references are in the wrong place
10.3 Citações no texto
Para sustentar argumentação. Dê preferência a referências fortes. Não citar
contextualizações (opinião não constrói conhecimento). NÃO CITE O ÓBVIO!!
Ex.: Bois são herbívoros ruminantes e comem capim (Smith, 2019).
A falta de alimento é um problema de grandeza internacional e mundial (Gy, 2018).
Há diferentes formas de inserir citações no texto. Considerar três aspectos:
POR QUE CITAR? O QUE CITAR? COMO CITAR?
Dar crédito a quem tem crédito!
Por que citar?
Para sustentar ideias. Para construção de conclusão. Cuidado com a citação
CINZA: são referências que não vão dar força para seu trabalho.
O que citar?
Livros; informações pessoais; opiniões (blogs), artigos, entrevistas, links. Tudo isso
posso citar. Informação pessoal pode até figurar na construção de contextualização.
Aprendemos errado como citar. Para defender conclusões devemos citar coisas perenes
e que passou por crivo de revisão científica.
Nem tudo requer citação (King J. Nature, 505: 491-2, 2014):
In recent years, the polar regions have provided some striking examples of
rapid environmental change. Perhaps the most notable of these has been a reduction of
more than 30% in the summer extent of Arctic Ocean sea ice since the late 1970s
(Storeve et al., 2012).
In the Antarctic, the pattern of change has been more complex. Although the
extent of Antarctic sea ice has fallen significantly in some regions, it has increased in
others, leading to a slight rise in overall winter-ice extent (Turner et al., 2002).
Expressões gerais, de domínio público, não preciso citar.
Regular physical activity (PA) has been shown to reduce the risk of cardiovascular
(CV) disease, (Erlichman et al. 2002; Hu et al. 2005; Katzmarzyk et al. 2003).
Como citar?
Quem é o autor dessas 3 informações?
Silva (2014) mostrou que a agressão depende de níveis hormonais. Esse
efeito depende da época do ano. No verão a ação hormonal na agressão é
muito mais intensa.
A agressão depende de níveis hormonais. Esse efeito depende da época do
ano. No verão a ação hormonal na agressão é muito mais intensa (Silva,
2014).
Silva (2014) mostrou que a agressão depende de níveis hormonais. No
entanto, ele observa que esse efeito depende da época do ano, sendo a
agressão mais intensa no verão.
Vários autores na mesma frase: qual CITAÇÃO sustenta cada informação?
O zoneamento ambiental pode ser realizado com base no risco de erosão do
solo, nas características geomorfológicas e pedológicas (Aguiar et al., 2012;
Alburet, 2011; Smith, 2003).
O zoneamento ambiental pode ser realizado com base no risco de erosão do
solo (Smith, 2003), nas características geomorfológicas (Alburet, 2011) e
pedológicas (Aguiar et al., 2012).
Plágio É apropriar de algo, ou mesmo dar a impressão de assumir a autoria de alguma
coisa que não lhe pertence!!
O que é plagiado?
Ideias
Escritos
Obras
O plágio pode ocorrer em duas situações:
Forma CONSCIENTE (que caracteriza corrupção) ou
Por IGNORÂNCIA (ou erro) da pessoa que o comete.
Na escrita o PLÁGIO pode ser de IDEIAS ou DE FORMATO.
Falácias
São erros argumentativos ou expressões de equívocos. O desafio é conseguir
visualizar argumentação equivocada.
De onde vêm as perguntas científicas?
Fazer Ciência é construir discurso lógico acerca das evidências, mas sem cometer
falácias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Redação Científica e Filosofia da Ciência.
Andery, M.A. et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Ed. Garamond.
436p. 2014. (*)
Bynum, W. Uma breve história da ciência. L&PM Editores, 312 p., 2013.
[Uma síntese das descobertas científicas marcantes ao longo da história da humanidade. Com ele temos um bom
panorama de como um cientista pensa e como isso se modificou ao longo da história]
Chalmers, A. F. O que é Ciência afinal? Editora Brasiliense, 227 p., 1993. (*)
Crato, Nuno. O ´Eduquês´ em discurso directo. 1ª ed. 2006; 12ª ed. 2011. Editora Gradiva, Lisboa (www.gradiva.pt);
ISBN: 978-989-616-094-4.
[Link: http://criticanarede.com/liv_crato.html. O link mostra resenha sobre o livro. Outro link:
http://www.alamedadigital.com.pt/lancamento/o_eduques.php
Feyerabend, Paul. Contra o método. Editora Unesp, 373 p.
[Defende uma ação mais anarquista como método na ciência]
Gaarder, Jostein. O mundo de Sofia. Ed. Cia. das Letras, 555 p., 1995.
[Um Best Seller que encantou muita gente na época. Uma história misteriosa através da qual você é introduzido a
pontos importantes da filosofia. A linguagem é simples e isso irritou alguns filósofos na época. Porém, esse livro fez
muito para a divulgação da filosofia no mundo acadêmico e fora dele. O autor é filósofo]
Gleiser, M. A ilha do conhecimento: os limites da Ciência e a busca por sentido. (*)
Goldstein, L. et al. Lógica: conceitos-chave em filosofia. Porto Alegre: Ed. Artmed, 224p. 2007.
Kuhn, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas. Editora Perspectiva, série debates - ciência, 257 p. (*)
[Este livro procura contribuir para o estudo da história das ciências e das ideias, reintegrando as revoluções sócio-
tecnológicas e políticas do mundo contemporâneo, não só no seu processo estrutural específico como no contextual]
Lakatos, Imre & Musgrave, Alan (Orgs.). A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. Editora Cultrix e EDUSP,
1970, 343 p.
[Uma obra fundamental para entender o debate entre Thomas Khun e Karl Popper, do século XX. É uma coletânea de
falas de grandes filósofos proferidas durante o Colóquio Internacional sobre Filosofia da Ciência, Londres, 1965. Além
de Khun e Popper, os demais são defensores de cada um desses filósofos, que discutem num ambiente crítico as suas
preferências. O debate principal é em torno das propostas aparentemente antagônicas desses filósofos em relação à
substituição de teorias na ciência. Não é um livro simples de ser lido, mas vale a pena se você já conhece a base da obra
desses filósofos]
Latour, B. Ciência em ação. Ed. Unesp, 422 p., 2011.
[Um clássico na metodologia na Humanidades. Parte de uma abordagem interessante, olhando o comportamento dos
cientistas. Para amantes da ciência, seja quantitativa ou qualitativa]
Levin, J. A música do universo. Companhia das Letras. (*)
[Uma viagem para obter as evidências empíricas sobre ondas gravitacionais, teoria proposta por A. Einstein há mais
de 100 anos e que torna realidade em 2016. Isto foi conseguido graças à obstinação de um grupo de cientistas
compromissados com o processo de construção do conhecimento].
Magee, Bryan. As Ideias de Popper. Ed. Cultrix, série Mestres da Modernidade, 109 p. (*)(*)
Magee, Bryan. História da Filosofia. Edições Loyola, 240 p. (*)
Nouvel, Pascal. Filosofias das ciências. Editora Papirus, 240 p
[Uma viagem à epistemologia da ciência. Conheça as principais correntes filosóficas]
Oliva, Alberto. Filosofia da Ciência. Editora Zahar, RJ; ISBN 85-7110-745-9. 74p. 2003.
Oliva, A. Teoria do conhecimento. Ed Zahar, Coleção Filosofia passo-a-passo, vol. 91, 89 p.
[Livro simples que mostra as principais frentes do pensamento racional para entender o mundo. Mostra nossos
alicerces teóricos para construir conhecimento. Importante para o cientista entender que produzir conhecimento
depende de referencial teórico e que esses referenciais não são únicos]
Popper, Karl, R. A Lógica da Pesquisa Científica. SP: Cultrix. 2ª. Ed. 2013. 454p. (*)
[Este livro é uma das obras mais importantes relacionadas À metodologia e ao conhecimento científico. Popper dá
uma contribuição decisiva ao problema da indução, que desafia os filósofos pelo menos desde o sec. XVII. O problema
da indução consiste no fato de que, por mais dados singulares que o cientista acumule, não há uma garantia lógica de
que o enunciado universal daí inferido seja verdadeiro. O autor defende nesta obra que o critério de demarcação da
ciência não é a verificação, mas sim o falseamento. Assim, Popper mostra neste clássico do pensamento científico que
a ciência só pode ser definida por meio de regras metodológicas. Popper constituiu um modelo de falseamento
denominado de hipotético-dedutivo. Esse modelo defendia que uma teoria somente poderia ser considerada científica.
se houvesse maneiras de refutá-la ou de contradizê-la]
Popper, Karl, R. Conhecimento Objetivo, Belo Horizonte, MG: Ed. Itatiaia. 1999. 394 p.
[O maior milagre do universo é possivelmente o conhecimento humano. Como, porém, o homem adquire conhecimento
e o faz crescer? De que modo, especialmente, age a ciência para progredir, substituindo teorias antigas por outras novas
e melhores, em incessante procura no rumo da verdade? Mas, poderíamos perguntar: que é Verdade? Popper rompe
com o subjetivismo, tradição secular da teoria do conhecimento humano que pode ser datada de Aristóteles. Assim, por
meio da constante seleção crítica, num processo evolucionário, o conhecimento pode aumentar e ser renovado]
Popper, Karl, R. Os Dois Problemas Fundamentais da Teoria do Conhecimento. São Paulo: Unesp. 2013. 662 p.
[Escritos entre 1930 e 1933 por Karl Popper e publicada pela primeira vez em 1979os ensaios que compõem esta obra,
até agora inédita em português, precedem e dão origem ao clássico A lógica da pesquisa cientifica. No livro, o filósofo
identifica os dois problemas fundamentais que estão igualmente na base dos problemas clássicos e modernos da teoria
do conhecimento - o da indução e o da demarcação - e busca reduzi-los a um único problema.].
Popper, Karl, R. Sociedade aberta e seus inimigos. Belo Horizonte, MG: Ed. Itatiaia. 1974.
Popper, Karl, R. & Eccles, J. C. O Cérebro e o Pensamento. Campinas, SP: Papirus. 171p. 1992.
[Filosofia e a Ciências médica estão representadas nesta obra por dois grandes pensamentos contemporâneo: Popper,
que admite a neutralidae ideológica da Ciência e um dos mais importantes filósofos da Ciência do século XX, e John C.
Eccles apenas Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia aos 60 anos de idade]
Reynolds, Garr. Apresentação Zen. Ed. Alta Books, 230 p., 2008.
[Um livro fascinante sobre a apresentação. Foca nas preparações Power Point. Não é de técnica computacional e sim
de conceitos para se pensar a apresentação. Reúne elementos orientais e ocidentais sobre o fazer humano. Defende
algo fundamental: primeiro acertar o pensamento e depois fazer a apresentação (ou redigir o artigo). Se você usa ou
usará slides para apresentações, sugiro ler este livro]
Sidman, M. Táticas da pesquisa científica. Ed Brasiliense.
Volpato, G. L. Bases teóricas para redação científica. 1 ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, reimp. 2010, 125 p.
Volpato, G. L. Ciência: Da filosofia à publicação. 7ª. Edição. Botucatu: Best Writing, 2019
Volpato, G. L. Guia Prático para Redação Científica. Botucatu: Best Writing, 2015, 268 p.
Volpato, G. L. Publicação Científica. 3 ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008, 125 p.
Volpato, G.L. & Barreto, R. E. Elabore Projetos Científicos Competitivos: biológicas, exatas e humanas. Ed. Best
Writing. 160p. 2014.
Volpato, G.L. & Barreto, R. E. Estatística Sem Dor!!! Editora Best Writing 160p. 2016. (*)
Volpato, G.L. Ciência além da visibilidade. Botucatu: Best Writing, 210p. 2017. (*)
Volpato, G.L. Dicas para Redação Científica - Editora: Cultura Acadêmica. 288p. 2016. (*)
Volpato, G.L. Método Lógico para Redação científica. 2ª. Ed. Botucatu: Best Writing, 156p. 2017. (*)
Walter A. Carnielli & Richard L. Epstein. Pensamento Crítico: o poder da lógica e da argumentação. 3ª ed. Editora
Rideel, São Paulo. 371p. 2011.
[Livro sobre lógica, em linguagem simples e com aplicação a atividades corriqueiras do nosso cotidiano. Uma boa
forma de se aproximar da Lógica, matéria fundamental para todos, inclusive para cientistas.
(*) Principais livros que recomendamos para seu crescimento científico.