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Departamento de Comunicação Social 1 CAMPANHA VIRTUAL: O USO DAS REDES SOCIAIS POR MARCELO FREIXO NAS ELEIÇÕES DE 2012 Aluno: Caroline Pecoraro Orientador: Arthur Ituassu Nota introdutória Esta é uma pesquisa no campo da Comunicação Social, no subcampo da Comunicação e Política, mais especificamente no ramo da internet e democracia, cujo tema é o uso do Facebook e do Twitter pelo candidato Marcelo Freixo (Fan Page: https://www.facebook.com/MarceloFreixoPsol; Twitter: @MarceloFreixo) em sua campanha para a Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 2012. O desenvolvimento da internet, não há dúvidas, trouxe uma enorme gama de questões e potencialidades para a política e as campanhas políticas. Nesse conjunto universo, ganha particular atenção o uso das redes sociais por candidatos no contexto de eleições, quando desenvolve-se uma comunicação política relativamente nova, propícia a ser analisada a partir das teorias originadas da interseção entre Comunicação (digital) e Democracia [1]. Assim, o uso das redes sociais como comunicação política de uma campanha se torna objeto de reflexão no que diz respeito aos ganhos que pode trazer (ou as conseqüências que traz) para: 1) os campos da informação política e da transparência da própria campanha; 2) o âmbito da participação cidadã e do empoderamento cidadão na campanha; e 3) a deliberação e o debate público político sobre questões do ambiente para a qual a campanha está voltada. Desta forma, com o intuito de analisar, por meio do caso escolhido, possíveis efeitos do uso das redes sociais na política, em particular no contexto eleitoral, foi possível perceber que o candidato limitou-se a utilizar as ferramentas para incentivar a mobilização e o engajamento em sua candidatura, muitas vezes com uma fala voltada, ao que tudo indica, para seus próprios militantes, desperdiçando assim o potencial das redes sociais tanto de gerar espaços direcionados para uma discussão mais ampla com o eleitor sobre as suas posições e os problemas da cidade, quanto de tornar sua campanha mais transparente, no que diz respeito à publicação de informações. Nesse sentido, este texto traz, em primeiro lugar, uma discussão teórica sobre as implicações da comunicação via internet para o mundo da política, com foco específico no contexto eleitoral. Em seguida, faz uma descrição da metodologia utilizada no estudo de caso e analisa os resultados obtidos com a pesquisa. Ao fim, traz algumas considerações no intuito de contribuir para o debate sobre o potencial democrático do uso das redes sociais em campanhas eleitorais no Brasil. Internet e democracia O surgimento da internet trouxe uma enorme expectativa – algumas vezes até utópica – de grandes mudanças no cenário político e social. Ainda que tenha frustrado os mais otimistas em variados aspectos, não é recomendável desprezar o grande potencial que as novas tecnologias trazem para o maior engajamento do cidadão nas decisões públicas, através de uma comunicação mais direta entre eleitores e candidatos, sem qualquer mediador ou obstáculo [2], em um espaço ilimitado em relação ao tipo de conteúdo ou informação disponível [3]. A linha mais otimista, que defende a internet e seu acesso potencialmente

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Departamento de Comunicação Social

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CAMPANHA VIRTUAL:

O USO DAS REDES SOCIAIS POR MARCELO FREIXO NAS ELEIÇÕES DE 2012

Aluno: Caroline Pecoraro

Orientador: Arthur Ituassu Nota introdutória Esta é uma pesquisa no campo da Comunicação Social, no subcampo da Comunicação e Política, mais especificamente no ramo da internet e democracia, cujo tema é o uso do Facebook e do Twitter pelo candidato Marcelo Freixo (Fan Page: https://www.facebook.com/MarceloFreixoPsol; Twitter: @MarceloFreixo) em sua campanha para a Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 2012. O desenvolvimento da internet, não há dúvidas, trouxe uma enorme gama de questões e potencialidades para a política e as campanhas políticas. Nesse conjunto universo, ganha particular atenção o uso das redes sociais por candidatos no contexto de eleições, quando desenvolve-se uma comunicação política relativamente nova, propícia a ser analisada a partir das teorias originadas da interseção entre Comunicação (digital) e Democracia [1]. Assim, o uso das redes sociais como comunicação política de uma campanha se torna objeto de reflexão no que diz respeito aos ganhos que pode trazer (ou as conseqüências que traz) para: 1) os campos da informação política e da transparência da própria campanha; 2) o âmbito da participação cidadã e do empoderamento cidadão na campanha; e 3) a deliberação e o debate público político sobre questões do ambiente para a qual a campanha está voltada. Desta forma, com o intuito de analisar, por meio do caso escolhido, possíveis efeitos do uso das redes sociais na política, em particular no contexto eleitoral, foi possível perceber que o candidato limitou-se a utilizar as ferramentas para incentivar a mobilização e o engajamento em sua candidatura, muitas vezes com uma fala voltada, ao que tudo indica, para seus próprios militantes, desperdiçando assim o potencial das redes sociais tanto de gerar espaços direcionados para uma discussão mais ampla com o eleitor sobre as suas posições e os problemas da cidade, quanto de tornar sua campanha mais transparente, no que diz respeito à publicação de informações. Nesse sentido, este texto traz, em primeiro lugar, uma discussão teórica sobre as implicações da comunicação via internet para o mundo da política, com foco específico no contexto eleitoral. Em seguida, faz uma descrição da metodologia utilizada no estudo de caso e analisa os resultados obtidos com a pesquisa. Ao fim, traz algumas considerações no intuito de contribuir para o debate sobre o potencial democrático do uso das redes sociais em campanhas eleitorais no Brasil.

Internet e democracia

O surgimento da internet trouxe uma enorme expectativa – algumas vezes até utópica – de grandes mudanças no cenário político e social. Ainda que tenha frustrado os mais otimistas em variados aspectos, não é recomendável desprezar o grande potencial que as novas tecnologias trazem para o maior engajamento do cidadão nas decisões públicas, através de uma comunicação mais direta entre eleitores e candidatos, sem qualquer mediador ou obstáculo [2], em um espaço ilimitado em relação ao tipo de conteúdo ou informação disponível [3]. A linha mais otimista, que defende a internet e seu acesso potencialmente

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universal, percebe, ainda, que a comunicação em rede não é coercitiva, e preza, sempre, pela liberdade de expressão. Já os críticos vão questionar as barreiras digitais, apontando para o enorme número de cidadãos sem acesso às novas tecnologias e para o fato de que os que possuem acesso podem não saber distinguir, diante de um enorme volume de informações políticas, quais fontes e postagens seriam confiáveis e relevantes ou distorcidas e falsas [4]. Nesse sentido, as campanhas eleitorais online podem ocupar um espaço e uma função latente e potencial tanto de aproximação eleitor-político, quanto de disseminação de informações, o que poderia instrumentalizar e qualificar o cidadão para o debate político.

Ciente de que, com suas potencialidades e limitações, a internet pode tanto servir à democracia, quanto o contrário, Gomes aponta para uma tensão entre dois âmbitos que dizem respeito à democracia digital: uma corrente a adota como uma extensão (ou digitalização) das democracias vigentes ou a “conformação digital de determinadas dimensões dos Estados democráticos” [5]; outra sugere que a democracia digital não seria simplesmente a reprodução do modelo democrático local em rede, mas uma possibilidade – e oportunidade – de aumentar instrumentos de participação cidadã, capazes de suplementar, corrigir ou reforçar o modelo de democracia vigente [6].

Há, ainda, clivagens teóricas e diferentes propostas de uso das redes, no que diz respeito aos defensores das correntes liberal, participacionista e deliberacionista. De acordo com as correntes em prol da extensão da democracia liberal – e, na maioria das vezes, representativa – para as redes, há a expectativa de que as novas tecnologias sejam um elemento fortalecedor dos regimes já consolidados, por meio tanto da abertura de canais de comunicação entre políticos e cidadãos, quanto da ampla divulgação de dados e informações referentes ao governo, cumprindo um dos pilares da democracia – a accountability. Se para os liberais radicais a democracia deveria ser um regime de proteção das liberdades individuais (inclusive contra o Estado em determinados momentos), as redes cumpririam este papel, reforçando as liberdades – de expressão, de anonimato, por exemplo, – e a autonomia dos indivíduos [7].

Na outra ponta está a perspectiva participacionista, que defende, numa visão mais radical, a participação direta do cidadão na tomada das decisões. As redes tornariam os plebiscitos e as consultas públicas possíveis, oferecendo a possibilidade do cidadão se relacionar, sem a mediação dos meios de massa ou instituições intermediárias, com o estado e com a vida política, formando um autogoverno civil [8]. Já no campo da deliberação, a internet é vista como uma "nova ágora pública capaz de gerar debates e fomentar a edificação de razões publicamente acessíveis e defensáveis" [9]. Acredita-se que os debates políticos produzidos nas instâncias informais de deliberação, que, segundo Habermas, seriam as arenas comunicativas de vida social, podem gerar consequências na ação das instituições políticas, permitindo a circulação de poder [10]. Neste sentido, a internet se apresenta como uma nova oportunidade de exposição de ideias, diante de um público ampliado [11]. Tendo em vista as três perspectivas e ciente de que há um predomínio da democracia liberal no espaço político global, Gomes enxerga a possibilidade de incluir aspectos dos conceitos de democracia participativa e deliberativa nas discussões, especialmente naquelas que envolvem o ambiente digital, sem prescindir do modelo representativo. A coexistência dos três modelos poderia contribuir com o fortalecimento da democracia. Internet, deliberação e participação

Os temas da participação política e deliberação pública são tradicionais na agenda de pesquisa sobre democracia e têm sido consideravelmente estudados nas últimas décadas [12].

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Nestes estudos, as democracias contemporâneas estão sendo apresentadas como incapazes de satisfazer os requisitos da democracia em seu sentido mais próprio, trazendo, como pano de fundo, um cenário de descrença na política, de apatia do eleitor, de desinteresse e de uma visão negativa da política e, especialmente, de ausência de soberania popular [13].

Nesse contexto, a internet e os novos meios de comunicação surgem como um potencial de reversão desta apatia e descrença na política, aumentando as possibilidades e oferecendo instrumentos de participação do cidadão nas decisões públicas, podendo melhorar a qualidade democrática das sociedades contemporâneas [14]. Haveria, assim, a transformação do padrão atual de baixa participação política por parte da esfera civil, através de um caminho sustentado por um conceito específico de democracia digital, que ocorre com o emprego de dispositivos, aplicativos e ferramentas digitais que suplementam, reforçam ou corrigem determinados aspectos da democracia [15].

Gomes sintetiza as vantagens trazidas pela internet e pelos novos meios de comunicação em relação à participação política e à deliberação. São elas: a) a superação dos limites de tempo e espaço para a participação política, com cidadãos podendo se comunicar de qualquer lugar do mundo, a qualquer momento, possibilitando a troca de ideias entre os indivíduos em um diálogo online genuíno; b) a extensão e a qualidade do estoque de informações online, oferecendo a informação instrumental necessária para que o cidadão usufrua dos serviços do Estado e exerça cobrança e pressão sobre governos e parlamentos; c) a comodidade, o conforto, a conveniência e o baixo custo em participar de discussões online, com a dispensa do deslocamento espacial, da submissão às condições hostis, desconfortáveis e cansativas de assembleias presenciais; d) a facilidade e a extensão de acesso, construindo uma oportunidade inalcançável por outros meios de disponibilidade, abertura e transparência, além da possibilidade de acesso à informação política de toda a natureza; e) a ausência de filtros ou controles, sendo possível um “livre fluxo de informação”; f) a interatividade e a interação, levando a uma comunicação contínua, multidirecional e de iniciativa recíproca entre esfera civil e agentes políticos; e, por fim, g) a oportunidade para vozes minoritárias ou excluídas serem ouvidas [16].

Por outro lado, Gomes também apresenta a perspectiva dos críticos e a desconfiança em relação a esse potencial de participação proporcionado pela internet. São questionados: a) o tipo de informação política que temos hoje na rede, ou seja, a informação política é qualificada ou não? ; b) a desigualdade de acesso, que traz a desconfiança sobre a capacidade que a rede teria de aumentar o quociente de isonomia política dentre os cidadãos, uma vez que há vozes não participantes; c) a cultura política, ou seja, mesmo havendo informação política disponível, existe um interesse significativo do usuário da internet em consumir informação política?; d) os meios de massa, que continuam predominando, ou seja, esperava-se que a internet modificasse o panorama da comunicação política, superando os déficits democráticos da comunicação de massa e a própria influência destes como controladores da esfera de visibilidade pública, o que até agora não aconteceu; e) o sistema político, que continua fechado, isto é, a mudança do ambiente da comunicação não reconfigurou automaticamente o ambiente político nem as convicções que o acompanham; f) a questão da liberdade e do controle na internet, com informação má, criminosa e antidemocrática presentes na rede, além da possibilidade do anonimato do usuário, que pode levar à irresponsabilidade; g) o panótico e a ciber-ameaça, com o reforço da fantasia de um big brother eletrônico, com sistema de espionagem high-tech controlado por um centro qualquer de poder [17].

Internet e eleições

Para além de uma discussão apocalíptica ou integradora sobre as novas tecnologias e,

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mais especificamente, a democracia digital, tem-se discutido atualmente, no que diz respeito à deliberação e aos espaços deliberativos, os mecanismos que possibilitam a inserção da política na vida dos cidadãos.

Ainda que não haja consenso absoluto das principais correntes teóricas em relação ao uso das redes, a maior parte pressupõe a necessidade tanto de ampliar o diálogo com o cidadão, criando espaços para que suas demandas e críticas sejam ouvidas (e respondidas), quanto de utilizar o espaço para a publicização de informações políticas, atendendo aos requisitos democráticos de transparência das ações. Stromer-Galley sinaliza, porém, que, ao avaliar websites de candidatos às eleições americanas, pode-se perceber que, embora as campanhas explorem as capacidades interativas mediáticas do meio, negligenciam as potencialidades de interação humana, que envolvem responsividade e reflexividade [18]. Ainda que, segundo a autora, o acesso à informação seja um importante componente para a participação democrática, faz-se necessário oferecer não somente mais oportunidades de interação, mas uma alta qualidade da mesma, possibilitando um maior engajamento e diálogo entre cidadãos e agentes políticos e inserindo “suas agendas na discussão pública e nos processos de tomada de decisão política” [19].

Se considerarmos que para os partidos que pretendem atingir a maior parcela do eleitorado possível tornou-se essencial lançar mão da internet como ferramenta para agregar visibilidade às opiniões e aos projetos de seus candidatos e se pesarmos os aspectos positivos que as novas tecnologias trazem para a campanha política, tais quais custo relativamente baixo (especialmente ao comparar com as campanhas realizadas nas mídias tradicionais); espaço livre e ilimitado para postagens; abertura de diálogo e estreitamento da relação com o eleitorado; por que, então, os candidatos ainda evitam a internet ou, se a utilizam de alguma forma, ainda deixam o debate público em segundo plano? Strommer-Galley aponta para a perda de controle e de ambiguidade como fatores decisivos que afastam os políticos das redes. Segundo a autora há o receio de que a página do político em questão receba comentários inapropriados ou até mesmo críticas indesejadas, afastando eleitores em potencial por conta de discussões com alto teor crítico. Avaliando os riscos, os políticos preferem, então, utilizar a internet como provedora de informações - “controladas e cuidadosamente confeccionadas”, sem abrir a via do diálogo. É preciso, no entanto, e ainda em consonância com Strommer-Galley, abandonar esta cautela excessiva, que acarreta em uma (sub)utilização da rede simplesmente como construtora e administradora da imagem do político diante do público, e incluir a interação humana multidirecional, indispensável para a deliberação pública, nas campanhas políticas realizadas pela internet [20].

Em relação ao caso brasileiro, estudos apontam que as eleições presidenciais de 2010 trouxeram um avanço no que diz respeito ao uso das redes para a campanha política. Os candidatos mantinham perfis das redes sociais atualizados e abriam espaços para diálogo com os possíveis eleitores. Mas, ainda que a utilização da internet seja imprescindível para os partidos, é preciso encarar o seu uso como mais um fator de influência do jogo eleitoral, que pode aproximar político e cidadão, mas que não garante - por si só - resultados eleitorais efetivos [21].

Durante sua campanha para prefeito, Marcelo Freixo avançou um passo em relação ao potencial da internet. Mas ainda desperdiçou oportunidades de dialogar e abrir espaço para que cidadãos participassem do debate político, como veremos a seguir. As eleições e as redes sociais O Facebook

O Facebook é considerado a maior rede social do mundo com 1,2 bilhões de usuários e,

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segundo a Socialbakers1, o Brasil foi o país que mais cresceu em número de usuários em 2012, atingindo 29,7 milhões de pessoas.

Com a plataforma, é possível adicionar e conversar com amigos, curtir páginas, comentar posts, postar e compartilhar fotos, links e vídeos. O usuário do Facebook não só mantém sua página atualizada com informações que deseja compartilhar, mas também recebe conteúdos postados por amigos adicionados a sua página e por Fan Pages curtidas.

A rede social em questão oferece, ainda, ferramentas de interação entre usuários: cada post pode ser curtido, comentado e/ou compartilhado. Em relação à privacidade das mensagens, há postagens públicas, abertas a toda a rede, ou privadas, em que o usuário escolhe se deseja compartilhar a informação somente com amigos, podendo, inclusive determinar quais deles receberão o conteúdo. Há ainda mensagens privadas em que o usuário estabelece um diálogo com um ou mais amigos sem que o restante da rede tenha acesso a este conteúdo.

O Facebook surge no contexto político durante as eleições para o Congresso dos Estados Unidos, em 2006. Embora o uso da rede social para fins políticos ainda seja restrito, a plataforma aumenta sua popularidade e o número de usuários com este intuito com o passar dos anos, uma vez que é um espaço ideal para que candidatos e eleitores se comuniquem, propiciando um engajamento político online [22].

Como forma de investir nesse potencial, o Facebook lançou uma seção complementar de sua plataforma conhecida como “Election Pulse”. Nela foram criados perfis genéricos de todos os candidatos ao Congresso e Senado americanos, em que constava apenas o nome, profissão, localidade e partido afiliado. Representantes dos comitês Democrata e Republicano tinham a possibilidade de assumir a administração da página, produzindo conteúdo próprio e disponibilizando, para o público em geral, postagem de fotos e informações, sumário de qualificações e interesses. A ferramenta trouxe, ainda neste contexto, um potencial dialógico, possibilitando que os representantes respondessem aos comentários de eleitores. No ano de 2006, cerca 32% dos candidatos ao Senado americano e 13% dos candidatos ao Congresso passaram a administrar seus perfis do “Election Pulse” [23]. A adesão da funcionalidade para campanha eleitoral cresceu ao longo dos anos e as páginas públicas (Fan Pages) começaram a surgir. Este tipo de página possibilita a postagem de diferentes materiais de campanha, como links para outras páginas, notas, álbum de fotos e informações de eventos. Para receber os conteúdos postados, os usuários devem curtir a Fan Page, com o intuito de seguir o perfil em questão [24]. Nas eleições de 2012 nos Estados Unidos, 97% dos candidatos ao Senado e 90% ao Congresso tinham página no Facebook. Os candidatos que não faziam uso das redes sociais eram considerados resistentes às novas tecnologias e mais fracos na disputa eleitoral [25]. O Twitter

Atualmente, no Brasil e no mundo, o uso da internet tem sido marcado pelas redes sociais, como o Twitter. De acordo com a revista Imprensa publicada em novembro de 2011, 79% dos 35 milhões de internautas brasileiros regulares estão presentes em redes sociais. Em setembro de 2011, o Ibope Nielsen Online contabilizou 14,2 milhões de usuários únicos no Twitter brasileiro. Em julho de 2011, pesquisas apontaram a marca de 200 milhões de perfis registrados nesta rede no mundo todo [26].

Criado em 2006 nos Estados Unidos, o Twitter tem a característica básica de dar ao usuário um espaço de 140 caracteres para publicar mensagens curtas, os "tweets", que são lidos pelas pessoas que optam por "seguir" determinada pessoa ou instituição, ou seja, entrar 1 Empresa que oferece ferramentas de monitoramento e análise de redes sociais

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para uma determinada lista de contatos. Quando assim o fazem, essas pessoas entram para o rol de “seguidores” de alguém ou de alguma instituição. No entanto, ao seguir alguém, o usuário não será seguido pela pessoa, ao menos que ela queira. Nesse quesito, o Twitter foge a regra das redes sociais predominantemente relacionais, como o Facebook, porque suas conexões não são obrigatoriamente recíprocas.

Ao fazer o login, o usuário se depara com uma página inicial repleta de mensagens de pessoas que ele mesmo “segue”. O internauta escolhe os perfis os quais ele quer seguir e recebe em tempo real as atualizações feitas por quem ele acompanha. Caso queira retransmitir uma mensagem de alguma pessoa que segue para os seus seguidores, o usuário pode repassá-la (retweet) com apenas um clique. E o fato de ter à mão somente 140 caracteres não significa que o dono da conta no Twitter não possa postar diversas vezes até concluir sua argumentação, ou mesmo postar um link para um texto maior ou um vídeo sobre o qual se refere.

Outra característica singular do Twitter são os Trending Topics (TT's). Essa ferramenta mapeia os assuntos mais discutidos na rede e o usuário pode optar por conferir os tópicos mais populares, em nível mundial, nacional ou mesmo regional. Há também a possibilidade de acompanhar a repercussão de determinado assunto por meio das hashtags. Hashtags, #freixo, por exemplo, ou #mensalão, são palavras precedidas pelo símbolo "#" que aparecem no Twitter com uma cor diferenciada. Ao clicar na palavra, o usuário é encaminhado a uma página que junta todas as mensagens que incluíram a hashtag, mostrando assim diversas visões e caminhos de informação e interpretação sobre o mesmo assunto.

Uma prática comum dos usuários do Twitter é a mobilização em prol ou contra certo tópico, colocando a causa no ranking dos assuntos mais comentados na rede social através da repetição do hashtag estabelecido. Não à toa, o Twitter é identificado por alguns como um espaço de identificação e discussão, que permite a pessoas desconhecidas apresentar e testar suas ideias em grupo [27]. Usado por um político, o microblog, como é também conhecido, se torna um meio potencial de aproximação e envolvimento com o eleitorado. Metodologia

A metodologia utilizada tem como referência o método que Marques, Wisse e Matos desenvolveram ao analisar os últimos 15 dias da campanha de 2010 do presidenciável José Serra no Twitter. Para os autores, o período escolhido se justifica pela percepção de um aumento no número de postagens, se comparado aos outros meses de campanha. Sobre verificação quantitativa que visava descobrir o teor das mensagens, os pesquisadores classificaram os posts em cinco categorias, que veremos a seguir. Baseamo-nos neste estudo para a nossa análise, utilizando o mesmo período de pesquisa – 15 dias antes do pleito – e as mesmas categorias de classificação. Adaptamos este método, também, para a nossa análise do Facebook de Marcelo Freixo.

Desta forma, as mensagens de ambas as redes sociais foram classificadas em cinco categorias, que vamos explicar mais detalhadamente a seguir: 1) promoção de ideias; 2) campanha negativa, contra o candidato, quando ele se defende, ou feita pelo candidato contra um adversário; 3) promoção de eventos 4) mobilização e engajamento, mensagens de incentivo à campanha; e 5) mensagens alheias à política. Os tweets foram analisados também a partir dos links aos quais eles remetiam, dado que o conteúdo da página para a qual o leitor é direcionado também define o caráter da mensagem. Em relação à classificação das mensagens, nos casos em que o conteúdo se encaixava em duas categorias distintas, procurou-se um consenso entre os pesquisadores, para verificar a ênfase predominante nos posts.

As mensagens classificadas como "promoção de ideias" foram aquelas em que o candidato apresentou textos e documentos temáticos, material pessoal de campanha, projetos

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políticos e ideais defendidos (Veja Exemplos 1 e 2). Tweets e posts no Facebook com links para entrevistas concedidas pelo candidato e outros materiais de campanha, como o próprio site do político, também foram classificados dentro dessa categoria.

Exemplo 1 - Twitter

Marcelo Freixo @MarceloFreixo 2 Oct

@ThiagoLamberg leia nosso programa que está no site. Os escândalos representam dinheiro publico que deixa de ser investido na saúde e outros

Exemplo 2 - Facebook

As que compõem o grupo "campanha negativa" ressaltam aquelas mensagens em que o

dono do perfil critica ações do adversário, trazendo à tona matérias, fatos ou qualquer outra evidência ou opinião que sugira algo negativo envolvendo um político ou partido adversário (Veja Exemplos 3 e 4). Ou, em situação contrária, quando o candidato se defende de campanhas negativas realizadas pelos adversários, veiculadas na mídia ou mesmo nas redes sociais:

Exemplo 3 - Twitter

Marcelo Freixo @MarceloFreixo 29 Sep

“@BlogdoNoblat: Será investigado suposto abuso de poder econômico de Eduardo Paes http://bit.ly/NXuhM4 ”

Retweeted by Marcelo Freixo

Exemplo 4 – Facebook

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Já a rubrica "promoção de eventos" reúne mensagens postadas em que o político informou sua agenda de atividades e convidou a eventos específicos em que estaria presente, sempre incentivando o compartilhamento das informações nas redes sociais (Veja Exemplos 5 e 6). Passados os eventos, ele algumas vezes chegou a agradecer publicamente a presença ou o apoio de determinados amigos da rede social e publicou também registros (fotos e vídeos) desses acontecimentos:

Exemplo 5 - Twitter

Marcelo Freixo @MarceloFreixo (6 de outubro de 2012)

Amanhã, vamos nos reunir depois da votação. Nos arcos da Lapa, às 18h. Divulguem!!! Todos lá!

Exemplo 6 – Facebook

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As mensagens de "mobilização e engajamento" incentivam os partidários do candidato a compartilhar mensagens em prol de sua campanha, por exemplo, ou utilizar hashtags favoráveis no caso do twitter (Veja Exemplo 7 e 8). Estas se referem aos resultados da campanha e às pesquisas de opinião. Nessa categoria foram classificados os tweets em que Marcelo Freixo chama a todos a se engajarem na campanha, seja no voto, na replicação do apoio público a ele, na divulgação do trabalho dele etc:

Exemplo 7 - Twitter

Marcelo Freixo @MarceloFreixo (2 de outubro de 2012)

Estamos chegando na reta final da campanha. Preciso da ajuda de vocês. Divulguem a contribuição financeira da campanha. É só entrar no site.

Exemplo 8 – Facebook

Por fim, as mensagens "alheias à política" de Marcelo Freixo, ou sem classificação específica, são aquelas em que o político manteve contato com amigos pessoais e familiares através das redes sociais (Veja Exemplos 9 e 10). Mensagens estas não necessariamente aleatórias ou desprovidas de conteúdo político. Por trás delas pode estar uma mensagem essencialmente política: de que o candidato é um bom pai, engajado no noticiário não-político e apenas mais um amigo na internet. Ou seja, as mensagens alheias à política humanizam o candidato e isso pode ser estratégico para esta ou aquela campanha:

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Exemplo 9 - Twitter

Marcelo Freixo @MarceloFreixo (2 de outubro de 2012)

Tristeza com a morte de Hobsbawm, grande influência na formação de muitos da minha geração.

Exemplo 10 – Facebook

No período de 15 dias que antecederam as eleições não houve publicação alheia à política nesta rede social citada.

Além das categorias de classificação, verificamos, no Twitter, as conversas estabelecidas com usuários e os retweets, buscando identificar o grau de interação do candidato com o possível eleitor. Já no caso do Facebook, consideramos o número de curtidas e compartilhamentos dos posts, bem como comentários feitos por Marcelo Freixo e por usuários em geral.

Resultados Twitter

Em relação ao twitter, após a classificação dos tweets por assunto, os mesmos foram categorizados em três grupos: "tweets", "retweets" ou "conversas", no intuito de se analisar o grau de interatividade da comunicação ali estabelecida, o nível de interação do candidato com o eleitor. O "tweet" é a publicação feita originalmente pelo próprio usuário. O "retweet", como já foi visto, é o ato de um perfil republicar, a seus seguidores, um “tweet” que recebeu de outra. O “retweet” significa, de fato, que seus seguidores receberão o que você recebeu de alguém que você segue e replicou. Além disso, no retweet, é possível acrescentar uma mensagem pessoal à original que você quer replicar. Esta ferramenta foi muito usada por Freixo para divulgar vídeos, fotos e outros eventos da campanha eleitoral postados por seus seguidores. Um perfil, vale dizer, pode replicar e ser replicado ao mesmo tempo.

Por fim, na categoria "conversas" foram consideradas as respostas que Freixo deu a perguntas e observações de seus seguidores, fossem elas relacionadas à campanha ou não, que gerassem duas ou mais mensagens trocadas. Nas conversas, o nome do perfil com quem se conversa vem normalmente no texto da mensagem, antecedido pelo símbolo “@”, como “@MarceloFreixo”, por exemplo. Isso permite que o perfil saiba que alguém está falando diretamente com ele. A subclassificação dos tweets em conversas, claro, é importante para avaliar a interação do candidato com o público. Os cruzamentos permitem analisar essas interações qualitativa e quantitativamente.

Com tudo isso em mente, esta pesquisa notou que, em outubro de 2012, em plena campanha eleitoral, a conta @MarceloFreixo possuía 59.150 seguidores, seguia 501 pessoas e tinha produzido desde que foi criada 12.873 tweets. Dentre eles, 207 mensagens foram publicadas ou republicadas pela conta nos últimos 15 dias de campanha à Prefeitura do Rio de Janeiro, antes do primeiro turno das eleições, ou seja, entre os dias 23 de setembro e 7 de outubro de 2012.

A Tabela 1 apresenta o levantamento e a classificação das mensagens nas cinco categorias: 1) promoção de ideias; 2) campanha negativa; 3) promoção de eventos; 4) mobilização e engajamento; e 5) mensagens alheias à política.

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Tabela 1

Assunto Nº de tweets Porcentagem

promoção de idéias 11 5,3%

campanha negativa 24 11,6%

promoção de eventos 60 29%

mobilização e engajamento 65 31,4%

alheias à política 47 22,7%

Total: 207 100%

A Tabela 2, a seguir, apresenta a classificação final dos tweets do candidato levando em conta a subclassificação nas outras três categorias: "tweets", "retweets" e "conversas".

Tabela 2

tweets Retweets conversas total %

Promoção de ideias 1 3 7 11 5,3%

Campanha negativa 3 6 15 24 11,6%

Promoção de eventos 20 12 28 60 29%

Mobilização, engajamento 18 23 24 65 31,4%

Alheio à política 4 10 33 47 22,7%

Total 46 54 107 207 100%

% 22,2% 26% 51,6% 100%

O cruzamento da análise mostra que, de certa forma, houve algum tipo de interação entre o candidato e eleitores, seja por meio de tweets, conversas ou hashtags. Mais de 2/3 da comunicação de Marcelo Freixo no Twitter são retweets (26%) e conversas (51,6%). Entretanto, uma análise qualitativa do mesmo material mostra que a troca ficou limitada à tentativa de mobilização e engajamento (31,4%) e promoção de eventos (29%), com foco na tentativa de levar as eleições ao segundo turno. Ou seja, houve pouco ou quase nulo incentivo ao debate político através de troca de ideias e divulgação e discussão de planos de governo com os eleitores (5,3%). Ao mesmo tempo, foi possível perceber que o microblog não foi usado em geral para atacar adversários e manteve seu caráter pessoal, com alta incidência de publicações e conversas alheias à política (22,7%).

Apesar da maior parte dos tweets ser interativo, o caráter das mensagens, e não apenas a quantidade, importa na análise. A divulgação e o debate de ideias, por exemplo, não parecem

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ter sido objetivo de Marcelo Freixo no Twitter durante a campanha. A conta @MarceloFreixo foi utilizada principalmente para incentivar a mobilização e engajamento do público (65 tweets, ou seja, 31,4% do total), tentando convencer que o Rio poderia ter um segundo turno.

Resultados Facebook

Ao menos naquele momento de campanha, o candidato Marcelo Freixo possuía duas contas na plataforma Facebook: um perfil e uma Fan Page. Nossa análise não considerou a conta de perfil, porque nela o candidato tem menos controle sobre o layout da página e não tem acesso a métricas de desempenho como fazem em Fan pages. Além disso, os usuários do Facebook não podem simplesmente "curtir" o candidato e tornar-se um seguidor de seu perfil, mas precisam enviar uma solicitação de amizade e ser aceito pelo político. Nesse sentido, perfis são qualitativamente diferentes de Fan Pages e menos úteis para o engajamento político e para diálogo com os eleitores [28]

Em relação aos dados obtidos, pode-se perceber, de acordo com os posts publicados na página, que Marcelo Freixo utilizou a rede social Facebook, na maior parte do tempo, para mobilizar e engajar seus seguidores.

A Tabela 3 apresenta este levantamento de acordo com as cinco categorias: 1) promoção de ideias; 2) campanha negativa; 3) promoção de eventos; 4) mobilização e engajamento; e 5) mensagens alheias à política.

Em relação à interação com os usuários, o Facebook permite que os seguidores curtam, comentem e compartilhem os posts publicados. Marcelo Freixo também poderia estabelecer diálogo com os possíveis eleitores no campo de comentários. A Tabela 4 traz estes dados.

Tabela 4

Curtidas Compartilhamentos

Comentários de usuários e se-guidores

Comentários de Marcelo Freixo

Promoção de ideias 2950 933 125 0

Campanha negativa 5186 3640 244 3

Promoção de eventos 36092 3286 1887 2

Tabela 3

Assunto Nº de posts Porcentagem

promoção de ideias 3 10,34%

campanha negativa 4 13,80%

promoção de eventos 7 24%

mobilização e engajamento 15 51,70%

alheias à política 0 0,00%

Total: 29 100%

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Mobilização, engajamento 61747 18824 7270 3

Alheio à política 0 0 0 0

Total 105975 26683 9526 8

Uma vez que os posts classificados como “mobilização e engajamento” representam

51,70% do total de publicações, já era esperado que isso se refletisse na maior quantidade de curtidas, comentários e compartilhamentos de usuários nos posts classificados nestas categorias. Logo em seguida, vieram as postagens referentes à promoção de eventos (24%); campanha negativa (13,80%) e promoção de ideias (10,34%), sendo este último o tipo de conteúdo com maior potencial tanto de promover o debate entre político e cidadãos, quanto de ser o espaço propício para a publicização de informações capazes de tornar a campanha mais transparente. Ainda que esta tendência de poucas postagens categorizadas como promoção de ideias também tenha se confirmado na análise do Twitter, como vimos acima, pode surpreender no caso do Facebook, uma vez que esta rede social se mostra um espaço comparativamente mais indicado para o detalhamento de ideias e propostas de campanha, por permitir um espaço de postagem maior do que os 140 caracteres oferecidos pelo Twitter.

Sobre o grau de interação que Marcelo Freixo manteve em sua página, em um total de 9.534 de comentários, somente oito eram de autoria do candidato, sendo que, em nenhum dos casos, houve troca ou fundamentação de ideias. As intervenções de Marcelo Freixo se resumiram à indicação de links e à agradecimentos. No caso dos posts caracterizados como promoção de ideias, o espaço dos comentários não foi utilizado por Freixo em nenhum momento, o que comprova o desperdício da enorme oportunidade de debater, com os usuários, suas propostas de campanha para a cidade. É possível notar, ainda, um grande número de curtidas, comentários e compartilhamentos em posts relacionados à mobilização e engajamento e promoção de eventos e um baixo número destas ações em posts relacionados à promoção de ideias. Talvez isso demonstre uma resistência do próprio usuário em utilizar as redes sociais para debater e divulgar as ideias e propostas – próprias e do candidato - para a cidade. Para confirmar esta hipótese, é necessário avaliar qualitativamente os comentários, o que será feito em uma pesquisa posterior.

Considerações finais

Como vimos, Marcelo Freixo utilizou suas redes sociais para mobilizar e engajar seus usuários em torno de sua campanha. Ainda que relativizemos os resultados da pesquisa, em função do período de análise - bastante próximo às eleições-, o que poderia propiciar um aumento de postagens deste tipo, na tentativa de definir a corrida eleitoral, não podemos deixar de apontar que os resultados obtidos por Marques, Wisse e Matos em relação à campanha de José Serra, durante os mesmos quinze dias que antecederam o pleito, foram diferentes. De acordo com os autores, Serra chamou o eleitor ao debate e respondeu questões propostas pelos usuários, oferecendo um considerável grau de interação. Com 221 posts durante os quinze dias que antecederam as eleições, predominaram as postagens que promoviam as ideias do candidato – representando 33,5% do total. Ainda segundo a pesquisa, 55,7% dos tweets analisados – incluindo as respostas e os retweets – promoviam algum tipo de interação com outros usuários [29]. Seria preciso obter, no entanto, uma análise qualitativa das mensagens para perceber se nelas existiu troca de ideias e debates. No caso do Twitter e do Facebook de Marcelo Freixo, como vimos acima, os posts de promoção de ideias representaram o menor percentual, se confirmando, nas duas redes sociais, um elevado número de postagens com o intuito de mobilizar e engajar os usuários. Neste sentido, temos que ressaltar, também, o baixíssimo número de comentários do

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candidato no Facebook, que fica ainda mais nítido se compararmos com o grande número de comentários feitos por seguidores da página. Percebe-se, portanto, que, embora a campanha de Marcelo Freixo tenha representado um avanço na aproximação com o possível eleitor, o enorme potencial oferecido pelas redes, no que diz respeito à interação político/cidadão e ao aprimoramento do debate político, foi subutilizado pelo candidato, que preferiu usar o espaço para mobilizar e engajar seus seguidores ao invés de debater e divulgar suas propostas para a cidade. Além disso, no que diz respeito ao uso da internet para levar informação e transparência ao eleitor, percebe-se que esse potencial também não foi aproveitado por Marcelo Freixo, visto que o candidato publicou somente três postagens em que promove suas ideias de campanha em um total de 29 posts, no caso do Facebook, e onze postagens do mesmo teor para um total de 207, no caso do Twitter. Além de poder expor suas propostas, através desses posts, Marcelo Freixo ainda abriria um possível espaço de discussão (e deliberação) de suas ideias, através comentários feitos às publicações. No entanto, nas três postagens sobre o tema, no caso do Facebook, Freixo sequer respondeu aos comentários, o que poderia tornar a campanha mais transparente, levando mais informação sobre o candidato aos seus possíveis eleitores

É preciso ressaltar, no entanto, que a campanha de 2012, pode ter representado um início (e aprendizado) do uso das redes sociais pelo deputado Marcelo Freixo, que vem amadurecendo e desenvolvendo um uso mais consistente e aberto tanto do Twitter quanto do Facebook, realizando, inclusive, twitcams em que conversa, em tempo real, com o público que utiliza a plataforma.

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