Anatomia e dinâmica da articulação temporomandibular · Problemas oclusais lesões na ATM ...
CAMILA MARINHO BARROS OSSOVSKI - UEL Portal...O ajuste oclusal é um desgaste seletivo no qual as...
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CAMILA MARINHO BARROS OSSOVSKI
TRATAMENTO DE DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES
ATRAVÉS DE AJUSTE OCLUSAL
RELATO DE CASO
LONDRINA
2012
2
CAMILA MARINHO BARROS OSSOVSKI
TRATAMENTO DE DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES
ATRAVÉS DE AJUSTE OCLUSAL
RELATO DE CASO
Monografia apresentada à disciplina 6TCC501 –
Trabalho de Conclusão de Curso – do curso de
Odontologia da Universidade Estadual de Londrina.
Orientador: Prof. Dr. Giovani de Oliveira Corrêa
LONDRINA
2012
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CAMILA MARINHO BARROS OSSOVSKI
TRATAMENTO DE DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES
ATRAVÉS DE AJUSTE OCLUSAL
RELATO DE CASO
Monografia apresentada à disciplina 6TCC501 –
Trabalho de Conclusão de Curso – do curso de
Odontologia da Universidade Estadual de Londrina.
BANCA EXAMINADORA
Orientador: Prof. Dr. Giovani de Oliveira Corrêa.
Universidade Estadual de Londrina
Prof. Dr. Edwin Fernando Ruiz Contreras
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 22 de outubro de 2012.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus pais, Carlito e Vânia, que confiaram no meu
potencial para esta conquista.
Não conquistaria nada se não estivessem ao meu lado.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por tudo. Pela coragem, determinação e força na escolha
da direção correta a tomar. Agradeço a Ele todas as vitórias e conquistas
alcançadas durante a minha vida.
Agradeço aos meus pais, Carlito e Vânia, pela minha vida, pelo exemplo de
dedicação e perseverança, pela compreensão, carinho e amor e por estarem
sempre ao meu lado me incentivando para que mais esta etapa fosse completada.
Agradeço a meu namorado Kleber, por estar sempre ao meu lado me dando
todo o apoio que necessitava nos momentos difíceis, por seu companheirismo e
amizade, carinho, respeito e por tornar minha vida cada dia mais feliz.
À Ana Claudia e Suéllen, agradeço a amizade, a compreensão, durante
esses cinco anos, sorrindo ou chorando, sempre farão parte da minha vida.
Ao Professor Giovani, pela confiança em mim depositada, paciência e
disponibilidade em me orientar neste trabalho.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para que esse momento
pudesse acontecer.
6
"Retém a instrução e não a largues: guarda-a, porque ela é a tua vida."
Provérbios 4:13
7
RESUMO
As disfunções temporomandibulares correspondem a um grupo de doenças
relacionadas ao sistema mastigatório, caracterizada por seu caráter progressivo,
sintomatologia complexa e multifatorial. Possuem variadas formas de tratamento,
entre elas o apoio psicológico, fisioterapia, terapia farmacológica, ajuste oclusal,
intervenção cirúrgica e o tratamento combinado. Devido à controvérsia sobre o
assunto na literatura científica, este trabalho objetivou, através de um caso clínico,
apresentar a efetividade do ajuste oclusal como forma de tratamento para as
disfunções temporomandibulares. M. S. P., do sexo feminino, 26 anos procurou a
clínica odontológica da Universidade Estadual de Londrina referindo dores de
cabeça, estalidos e subluxação da mandíbula seguido de muitas dores na região. A
paciente relatava ainda sofrer de estresse e ansiedade, e apresentava como
parafunção o hábito de roer unhas, morder os lábios além de apertamento dental.
Após o exame clínico, foram obtidos modelos de estudo e esses montados em
articulador semi-ajustável em reação cêntrica para avaliação dos contatos
prematuros. Em seguida foi realizado o ajuste oclusal por desgaste seletivo. Após
controle de seis meses a paciente relatou eliminação de toda sintomatologia inicial.
Com isso foi possível concluir que o ajuste oclusal por desgaste seletivo ainda que
controverso e pouco relatado na literatura, pode ser indicado e efetivo no tratamento
de disfunções temporomandibulares.
8
ABSTRACT
Temporomandibular disorders represent a group of diseases related to the
masticatory system, characterized by progressive aspect, symptom complex and
multifactorial. They have several forms of treatment, including psychological support,
physiotherapy, drug therapy, occlusal adjustment, surgical intervention, and
combined treatment. Due to the controversy on the subject in the scientific literature,
this study aimed, through a case study, present the effectiveness of occlusal
adjustment as a treatment for temporomandibular disorders. M. S. P., female, 26
years sought to dental clinic of the State University of Londrina referring headaches,
popping and jaw thrust followed by a lot of pain in the region. The patient reported
still suffering from stress and anxiety, and presented as parafunction the habit of nail
biting, biting her lips besides teeth clenching. After the clinical examination, study
models were obtained and assembled in these semi-adjustable articulator in centric
reaction to assess premature contacts. Then we performed the occlusal adjustment
by selective grinding. After six months the control patients reported elimination of all
initial symptomatology. Therefore it was concluded that the occlusal adjustment by
selective grinding though controversial and poorly reported in the literature, may be
indicated and effective for treatment of temporomandibular disorders.
9
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Aspecto inicial da oclusão em MIH – visão frontal. ................................... 16
Figura 2 - Aspecto inicial da oclusão em MIH – visão lateral direita. ......................... 17
Figura 3 - Aspecto inicial da oclusão em MIH – visão lateral esquerda. ................... 17
Figura 4 - Aspecto inicial da oclusão em lateralidade direita – lado de trabalho. ...... 17
Figura 5 - Aspecto inicial da oclusão em lateralidade direita – lado de balanceio. .... 18
Figura 6 - Aspecto inicial da oclusão em lateralidade esquerda – lado de trabalho. . 18
Figura 7 - Aspecto inicial da oclusão em lateralidadeesquerda – lado de balanceio. 18
Figura 8 - Aspecto inicial da oclusão em protrusão. .................................................. 19
Figura 9 - Oclusão em Relação Centrica .................................................................. 19
Figura 10 - Montagem do modelo superior em ASA. ................................................ 19
Figura 11 - Confecção de Jig de Lucia. ..................................................................... 20
Figura 12 - Registro de mordida em RC. ................................................................... 20
Figura 13 - Registro de mordida em lateralidade direita. ........................................... 20
Figura 14 - Registro de mordida em lateralidade direita. ........................................... 21
Figura 15 - Montagem do modelo inferior em ASA. .................................................. 21
Figura 16 - Contato prematuro em RC na arcada superior. ...................................... 21
Figura 17 - Contato prematuro na arcada superior reproduzido no ASA. ................. 22
Figura 18 - Contato prematuro em RC na arcada inferior. ........................................ 22
Figura 19 - Contato prematuro na arcada inferior reproduzido no ASA. ................... 22
Figura 20 - Aspecto inicial após o ajuste oclusal - visão frontal ................................ 23
Figura 21 - Aspecto inicial após o ajuste oclusal - visão lateral esquerda ................. 23
Figura 22 - Aspecto inicial após o ajuste oclusal - visão lateral direita ...................... 23
Figura 23 - Oclusão em Relação Cêntrica ................................................................ 24
Figura 24 - Pontos de contato ................................................................................... 24
Figura 25 - Pontos de contato ................................................................................... 24
10
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................. 11
Revisão de Literatura ................................................................................................ 12
Relato de Caso .......................................................................................................... 16
Conclusão ................................................................................................................. 25
Referencias Bibliográficas ......................................................................................... 26
11
INTRODUÇÃO
As disfunções temporomandibulares correspondem a um grupo de doenças
relacionadas ao sistema mastigatório, caracterizada por seu caráter progressivo,
sintomatologia complexa e cunho multifatorial. Achados comuns são dor orofacial
persistente associada à disfunção articular e tensão muscular na região da
articulação temporomandibular (LOPE, CAMPOS, NASCIMENTO, 2011). Estudos de
prevalência têm informado que aproximadamente 75% da população possui ao
menos um sinal de disfunção na articulação temporomandibular e aproximadamente
33% apresenta ao menos um sintoma.
As opções de tratamento das disfunções temporomandibulares são variadas
e incluem apoio psicológico, fisioterapia, terapia farmacológica, ajuste oclusal,
intervenção cirúrgica e o tratamento combinado. O ajuste oclusal é um desgaste
seletivo no qual as faces oclusais dos elementos dentários são desgastadas apenas
em nível de esmalte de modo que os elementos superiores e inferiores ocluam
harmoniosamente. O ajuste também pode ser realizado para evitar contatos
prematuros e interferências durante os movimentos de protrusão e lateralidade da
mandíbula (KOH, ROBINSON, 2008).
Atualmente, o desgaste seletivo de estruturas dentárias tem sido visto com
muita cautela, dentro de um paradigma preservacionista. Afirma-se que a alteração
da estrutura dos dentes é um tratamento irreversível e que a superioridade do
mesmo sobre as terapias reversíveis no tratamento das disfunções
temporomandibulares ainda não foi claramente demonstrada em estudos
controlados, embora tenha se verificado, que a longo prazo, o desgaste seletivo
supera as outras modalidades de tratamento consideradas paliativas, no alívio e
tratamento das disfunções temporomandibulares (MONTIBELLER, 1998).
A proposta deste trabalho é apresentar através de um relato de caso clínico
a efetividade do ajuste oclusal como forma de tratamento para a disfunção
temporomandibular.
12
REVISÃO DE LITERATURA
A Articulação temporomandibular (ATM), um dos componentes do sistema
estomatognático é umas das regiões do corpo humano mais solicitadas nas
atividades diárias, como mastigação, fala, e deglutição (LOPE, CAMPOS,
NASCIMENTO,2011). Esta articulação é classificada como do tipo sinovial móvel
composta, por ter forma de dobradiça e função de deslizamento, também é
denominada de articulação ginglemoartroidal (OKESON, 2000).
Tem em sua composição: côndilo mandibular, fossa mandibular, eminência
articular, disco articular, cápsula articular, ligamentos, membrana sinovial e
vascularização e inervação temporomandibular. Seus movimentos e posições são
determinados por três elementos: as articulações temporomandibulares, o
mecanismo neuromuscular e as unidades dentais (MOLINA, 1995).
Estudos epidemiológicos transversais em populações de adultos mostraram
que de 40% a 75% dos indivíduos apresentam pelo menos um dos sinais de DTM,
como anormalidades de movimento, ruído articular, dor à palpação dos músculos
mastigatórios, e aproximadamente 33% das pessoas têm no mínimo um sintoma
como dor facial, dor articular etc. (DWORKIN et al., 1990).
Segundo Quinto (1999), estudos populacionais relatam que cerca de 70% da
população possuem um ou mais sintomas de distúrbios temporomandibulares e
musculares. Embora a maioria dos pacientes seja mulheres em comparação com
homens (5:1), a taxa de sintomas em ambos é apenas levemente diferente. A
maioria dos pacientes que procura atendimento é de mulheres entre 20 e 40 anos de
idade(apud ASH, RAMFJORD SCHMIDSEDER, 1998).
Bell (1969) constatou que os indivíduos com DTM podem apresentar
deslocamentos espontâneos da mandíbula, traumas nas articulações
temporomandibulares, hipomobilidade crônica da mandíbula e síndrome da
disfunção miofacial temporomandibular.
Laskin (1969) constatou que a maioria dos pacientes portadores de DTM
desenvolve hábitos orais, como apertar e/ou ranger os dentes, devido a tensões
psíquicas e estresse. Acredita-se hoje que esse sobreuso da musculatura oral leve à
fadiga crônica da musculatura e ao mioespasmo.
13
Molina (1995) e Santos Jr. (1987) descreveram formas variadas de
tratamento para as disfunções temporomandibulares, como: massagens, terapia
física, miorrelaxantes, mioterapia, dentística, ajuste oclusal, placas e férulas,
desgaste seletivo, técnicas cirúrgicas.
Segundo Quinto (1999), para se tratar os casos de disfunções da ATM é
necessário conhecimento profundo da etiologia do problema, e também capacidade
para obter informação sobre essa desordem, como: conhecimento adicional sobre
neurofisiologia, métodos de diagnósticos, comportamento do paciente com sinais e
sintomas articulares, faixa etária onde ocorre com maior frequência a disfunção,
gênero mais afetado e métodos de tratamento mais eficientes. As opções de
tratamento são variadas e incluem apoio psicológico, fisioterapia, terapia
farmacológica, ajuste oclusal, intervenção cirúrgica e o tratamento combinado (KOH,
ROBINSON, 2008).
Vallonet al. (1991) selecionaram cinquenta pacientes com DTM, incluindo
dor de cabeça, dividindo-os em dois grupos. Apenas um dos grupos foi tratado com
desgaste seletivo para eliminar interferências oclusais. Após um mês do tratamento
os pacientes foram novamente examinados e os autores constataram que o ajuste
oclusal em curto prazo, reduziu os sintomas subjetivos e que o mesmo é uma
alternativa de tratamento para as disfunções temporomandibulares.
O desgaste seletivo de estruturas dentárias, atualmente, tem sido visto com
muita cautela, dentro de um paradigma preservacionista. Afirma-se que a alteração
da estrutura dos dentes é um tratamento irreversível e que a superioridade do
mesmo sobre as terapias reversíveis no tratamento das disfunções
temporomandibulares ainda não foi claramente demonstrada em estudos
controlados, embora tenha se verificado, que a longo prazo, o desgaste seletivo
supera as outras modalidades de tratamento consideradas paliativas, no alívio e
tratamento das disfunções temporomandibulares (MONTIBELLER, 1998).
Koh e Robinson (2008), em seu estudo, concluíram que não existem provas
da efetividade do ajuste oclusal como prevenção e tratamento das disfunções
temporomandibulares.
O tratamento das DTMs pelo ajuste da oclusão, incluindo o desgaste
seletivo, está diretamente vinculado aos vários conceitos de oclusão ou reabilitação
existentes (oclusão em prótese, cêntrica longa, perda de dimensão de oclusão, estre
14
outros) para restaurar da melhor forma possível a sua função mastigatória
(JANSON, 1982).
O ajuste oclusal é um desgaste seletivo no qual as faces oclusais dos
elementos dentários são desgastadas apenas em nível de esmalte de modo que os
elementos superiores e inferiores ocluam harmoniosamente. O ajuste também pode
ser realizado para evitar contatos prematuros e interferências durante os
movimentos de protrusão e lateralidade da mandíbula (KOH, ROBINSON, 2008).
O equilíbrio oclusal é definido segundo o Glossário de Termos Protéticos da
Academia Americana de Prótese de 1999 o como “a modificação dos formatos
oclusais dos dentes com a intenção de igualar as tensões oclusais, produzindo
contatos oclusais simultâneos ou harmonizando as relações intercuspídicas”.
Atualmente, define-se equilíbrio oclusal como a obtenção de contatos oclusais em
que prevaleçam as resultantes de forças no sentido axial, já que as resultantes
horizontais da força de oclusão são indesejáveis, porque geram tendência ao
movimento, comprometendo a estabilização dentária e mandibular. Para o equilíbrio
é necessário que se distribua a força da oclusão sobre todos os dentes posteriores
para que haja contatos bilaterais simultâneos e equipotentes (MULLIGAN, T. F.
1979; OKESON, J. P., 2000).
Os principais objetivos do ajuste oclusal são, segundo Pegoraro (2004) e
Paiva (1997), proporcionar estabilidade oclusal, permitir a obtenção de contatos
bilaterais simultâneos, permitir uma guia de desoclusão lateral e guia anterior, dirigir
os vetores de força para o longo eixo dos dentes, estreitar a mesa oclusal ao invés
de alargá-la e evitar sempre que possível qualquer redução na altura das cúspides
funcionais.
Deve ser indicado se existirem sinais e sintomas de oclusão traumática ou
patológica e caso as relações oclusais possam ser melhoradas para eliminar
discrepância oclusal em relação cêntrica, eliminar a tensão muscular anormal e
consequente o desconforto e dor resultante de hábitos como apertamento ou
bruxismo, tratamento da disfunção neuromuscular e na distribuição dos esforços
quando na mobilidade dental (BARROS, 1995).
Suas contraindicações são, segundo Rocha (2000) e Paiva (1997), quando
realizados profilaticamente, sem o diagnóstico da causa do distúrbio, caso o dente
15
apresente mobilidade acentuada ou muita sensibilidade e quando houver uma
diminuição acentuada da dimensão vertical de oclusão.
Algumas regras básicas devem ser seguidas ao realizar o ajuste oclusal.
São elas: as cúspides cêntricas não devem ser ajustadas, pois elas mantêm a
dimensão vertical e a oclusão central, caso haja necessidade elas não devem ficar
planas e sim ligeiramente afiladas; as correções de contatos cúspides crista-
marginal devem ser distribuídas a fim de contatos uniformes e simultâneos, se o
desgaste for indicado, as cúspides devem ser arredondadas de tal maneira que não
percam os contatos cêntricos com as cristas marginais; para correção dos sulcos e
das fossas, deve-se realizar o aprofundamento dos mesmos, em casos especiais
pode-se reduzir a cúspide antagônica, desde que não perca contatos estabilizadores
em cêntrica; para o ajuste das vertentes das cúspides internas, deve-se atingir
discretamente a vertente externa, praticamente em duplo bisel, para que não haja
alargamento da superfície oclusal e; o ajuste das facetas de desgaste deve ser de
tal maneira que, no final, apresente pequena área de contato oclusal em correta
harmonia funcional (MOTSCH, 1990).
O ajuste oclusal deve ser realizado em três etapas: em relação cêntrica; em
lateralidade e em protrusão, segundo (GUICHET apud BARATIERI s.d.).
O ajuste oclusal por desgaste seletivo é finalizado quando os resultados
puderem ser mantidos por longo tempo com a posição dental e mandibular estáveis
bilateralmente na correta dimensão vertical de oclusão, quando houver contatos
oclusais em número suficiente na posição de fechamento, favorecendo o equilíbrio
da posição dos dentes posteriores, com proteção aos anteriores, e quando existir
desoclusão dos dentes posteriores pela presença de guias anteriores incisivas e
caninas (GONÇALVES, 1998).
16
RELATO DE CASO
Paciente M. S. P., sexo feminino, 26 anos, procurou a clínica odontológica
da Universidade Estadual de Londrina referindo dores de cabeça, estalidos e
subluxação da mandíbula seguido de muitas dores na região. A paciente relatava
ainda sofrer de estresse e ansiedade, e apresentava como hábitos parafuncionais
roer unhas, morder o lábio e apertamento dental. Ao exame clínico foi observado
periodonto sadio, livre de inflamações, dentes 13 e 23 desgastados pelo
ortodontista, estalidos ao realizar o movimento de abertura bucal, músculos
temporal, pterigoideo medial, masseter em seus limites de tolerância devido ao
apertamento dental. Durante os movimentos de abertura e fechamento apresentava
desvio da mandíbula para a direita. Na lateralidade direita não havia guia canina,
presença de contatos prematuros no lado de trabalho nos dentes 11 e 31 e no lado
de balanceio nos dentes 26 e 35. Na lateralidade esquerda havia guia caninha sem
nenhuma interferência. No movimento de protrusão havia pequeno desvio de linha
média e o dente 12 não participava da desoclusão. Após o exame clínico, foram
obtidos modelos de estudo e esses montados em articulador semi-ajustável em
reação cêntrica para avaliação dos contatos prematuros. Em seguida foi realizado o
ajuste oclusal por desgaste seletivo. Após controle de seis meses a paciente relatou
eliminação de toda sintomatologia inicial.
Figura 1 - aspecto inicial da oclusão em MIH – visão frontal.
17
Figura 2 - aspecto inicial da oclusão em MIH – visão lateral direita.
Figura 3 - aspecto inicial da oclusão em MIH – visão lateral esquerda.
Figura 4 - aspecto inicial da oclusão em lateralidade direita – lado de trabalho.
18
Figura 5 - aspecto inicial da oclusão em lateralidade direita – lado de balanceio.
Figura 6 - aspecto inicial da oclusão em lateralidade esquerda – lado de trabalho.
Figura 7 - aspecto inicial da oclusão em lateralidade esquerda – lado de balanceio.
19
Figura 8 - aspecto inicial da oclusão em protrusão.
Figura 9 - Oclusão em Relação Centrica
Figura 10 - montagem do modelo superior em ASA.
20
Figura 11 - confecção de Jig de Lucia.
Figura 12 - registro de mordida em RC.
Figura 13 - registro de mordida em lateralidade direita.
21
Figura 14 - registro de mordida em lateralidade direita.
Figura 15 - montagem do modelo inferior em ASA.
Figura 16 - contato prematuro em RC na arcada superior.
22
Figura 17 - contato prematuro na arcada superior reproduzido no ASA.
Figura 18 - contato prematuro em RC na arcada inferior.
Figura 19 - contato prematuro na arcada inferior reproduzido no ASA.
23
Figura 20 - Aspecto inicial após o ajuste oclusal - visão frontal
Figura 21 - Aspecto inicial após o ajuste oclusal - visão lateral esquerda
Figura 22 - Aspecto inicial após o ajuste oclusal - visão lateral direita
24
Figura 23 - Oclusão em Relação Cêntrica
Figura 24 - Pontos de contato
Figura 25 - Pontos de contato
25
CONCLUSÃO
Após levantamento bibliográfico e realização do caso clínico, foi possível
constatar que:
O ajuste oclusal ainda é um tema muito controverso e pouco relatado
na literatura científica;
É necessário um amplo conhecimento sobre a etiologia da disfunção
para a escolha do plano de tratamento.
Ele possui indicações que, se usadas corretamente podem alcançar
os efeitos desejados e duradouros na terapêutica dos distúrbios da
oclusão;
É possível concluir que o ajuste oclusal por desgaste seletivo se
indicado ao caso pode ser efetivo no tratamento das disfunções
temporomandibulares.
26
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