Câmara de São Paulo debate uso de tetos brancos por toda a população

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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 9 DE OUTUBRO DE 2011 Vida A31 O físico iraniano Hashem Akbari, professor da Concordia Univer- sity em Montreal (Canadá), estu- da a questão dos telhados bran- cos e será um dos especialistas a participar do debate na Câmara amanhã. Há pouco mais de um mês, ele falou ao Estado. Em sua opinião, a ação é “per- feitamente aplicável” numa me- trópole como São Paulo. “Qual- quer telhado tem de ser reforma- do a cada 10 ou 20 anos, porque se deteriora, seja plano ou incli- nado. É aí que o cidadão vai tro- car a cor do seu telhado. Sem custo adicional. Ele vai fazer uma manutenção de rotina e aproveita para trocar a cor”, afirmou. Ele explica que cada 10 me- tros quadrados de telhado co- mum trocado por um branco equi- vale à retirada de 1 tonelada de CO 2 da atmosfera por ano. “Isso corresponde às emissões anuais de um carro”, disse Akbari. Se todos os telhados e pavi- mentos do mundo fossem pinta- dos de branco, de acordo com o professor, a queda de temperatu- ra equivaleria à retirada de mais de 44 gigatoneladas em um ano, o que corresponde a mais de um ano de emissões mundiais. Já o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) avalia que é preciso ter cautela e realizar “pesquisas sistemáti- cas” antes de se adotar uma lei como essa. “No atual estágio do conhecimento e considerando a experiência internacional e brasi- leira, o CBCS recomenda que, antes que qualquer política públi- ca se torne obrigatória, tanto pa- ra edifícios novos como existen- tes, seja feita uma análise das alternativas técnicas disponíveis para telhados que possam redu- zir os efeitos de ilhas de calor.” É o que diz um documento da enti- dade chamado de Posicionamen- to sobre Tetos Frios. Para o conselho, “soluções precipitadas podem causar pre- juízos ambientais e econômicos para a cidade e sua população”. / A.B. e K.N. José Maria Tomazela SOROCABA Pacientes com aids ganharam um aliado contra a síndrome li- podistrófica, um dos efeitos cola- terais do tratamento prolonga- do contra a doença. Na semana passada, entrou em funciona- mento em Sorocaba, município a 92 km de São Paulo, a primeira academia especializada na pre- venção e redução do problema. A síndrome costuma estigma- tizar os portadores do vírus HIV, pois provoca anormalidades em seus portadores, como acúmulo de gordura em determinadas par- tes do corpo – em especial abdo- me, costas e seios – e diminuição da massa muscular em outras – como pernas e braços. Além dis- so, gera alterações metabólicas, o que leva ao abandono do trata- mento com antirretrovirais. A academia integra a estrutura do Grupo de Educação à Preven- ção da Aids de Sorocaba (Gepa- so), entidade que atua na preven- ção, tratamento e apoio aos pa- cientes. De acordo com a presi- dente Maria Lucila Magno, é a primeira do País com um quadro de profissionais da área médica, nutrição, fisioterapia e educação física, além de parceria com psi- cólogos e assistentes sociais. “Esta academia vai trazer um novo ânimo para as pessoas que convivem com o vírus HIV e as suas manifestações”, afirma Ma- ria Lucila. Segundo a presidente da Gepa- so, apesar de a luta contra a aids ter se iniciado há cerca de 30 anos, quando foi registrada a pri- meira prova clínica da patologia, ainda há pessoas que pensam que o paciente tem de ser banido de qualquer convívio. “Neste ponto, o cenário do HIV não ca- minhou nada, ou quase nada.” A instalação da academia é considerada uma nova etapa pa- ra vencer a batalha contra a doen- ça e o preconceito. Atendimento. Os exercícios fí- sicos são orientados e acompa- nhados por especialistas, visan- do a melhorar a autoestima e a qualidade de vida, estimulando a adesão aos medicamentos. Os pacientes recebem ainda orientação nutricional. O atendi- mento é gratuito. O projeto rece- beu R$ 203 mil do governo do Estado de São Paulo, emprega- dos em equipamentos e pessoal. A academia, instalada no pré- dio da Sociedade Médica de Soro- caba, na região central da cidade, tem capacidade para atender cem pessoas. Portadores do HIV ganham academia DIVULGAÇÃO MARIA JOSE-VINAS/REUTERS–28/1/2010 SP debate adoção de telhados brancos Na Câmara Municipal, especialistas discutem efetividade de pintura em ação de combate às ilhas de calor e ao aquecimento global ‘É perfeitamente aplicável’, afirma físico iraniano Campanha. O ex-jogador Raí em ação da One Degree Less Afra Balazina Qual é a efetividade de pintar todos os telhados de branco na capital paulista para redu- zir o aquecimento global e as ilhas de calor? Especialistas tentarão responder a essa per- gunta amanhã, em um debate na Câmara Municipal sobre o Projeto de Lei do Telhado Branco, de autoria do verea- dor Antonio Goulart (PMDB). O texto, que obriga os paulista- nos a pintarem os telhados de branco em um prazo de 180 dias, recebeu parecer favorável das co- missões técnicas e foi aprovado em primeira votação em novem- bro do ano passado. Mas o próprio vereador Gou- lart admite que a proposta está defasada e, por isso, chamou es- pecialistas para debater o assun- to e melhorar o texto antes de colocá-lo novamente em discus- são. O projeto foi inspirado na campanha One Degree Less (Um Grau a Menos), da Green Building Council Brasil (GBC Brasil). No ano passado, o movimento contou com a participação de vá- rias personalidades, que concor- daram em pintar a mão de bran- co para uma foto. De acordo com a campanha da GBC Brasil, a compensação gera- da pelo esfriamento das superfí- cies urbanas possibilitaria um atraso importante nos efeitos das mudanças climáticas, perío- do em que poderiam ser pensa- das e desenvolvidas outras medi- das para combater o aquecimen- to global. Para Goulart, uma das altera- ções necessárias ao projeto é tro- car o termo “telhados brancos” por “telhados frios”, o que dá mais opções aos moradores. “Es- tou totalmente aberto ao diálo- go, quero colher mais dados. Meu objetivo é melhorar a quali- dade de vida da população.” Mas, para o vereador, está cla- ro o benefício de pintar as super- fícies de branco. “Se colocamos um piso perto da piscina que não seja branco, não conseguimos pi- sar nele sem chinelo.” Apesar de sua campanha ter servido de inspiração para a pro- posta, a GBC Brasil afirma não ter oferecido suporte prévio ao vereador. “Não fomos contacta- dos”, conta Felipe Faria, gerente de relações institucionais e go- vernamentais da GBC Brasil. Para ele, há várias alternativas para evitar o aquecimento preju- dicial nas cidades: usar telhados verdes (com grama plantada, por exemplo), telhas metálicas claras (que tenham potencial de reflexão) e tintas não brancas com pigmentações especiais. “A campanha focou no telha- do branco porque era a lingua- gem mais simples e a solução mais rápida. Mas não tem neces- sariamente um resultado dura- douro. Nunca imaginamos que a campanha influenciaria tão rapi- damente as políticas públicas”, diz o gerente do GBC. O site da campanha One De- gree Less na internet (www.one- degreeless.org) recebe o patrocí- nio da empresa de tintas Sher- win Willians e da Dow, que deu suporte tecnológico para a Hi- dronorth produzir um revesti- mento chamado de Ecco Telha- do Branco. Para Faria, a entidade faz lobby, mas do bem. “Fazemos lobby das soluções que podem tornar as construções mais sus- tentáveis”, ressalta. Obrigação. A GBC Brasil defen- de que o governo dê incentivos a quem aderir aos telhados frios. Com relação à obrigatoriedade, a entidade diz que poderia ser pensada para novas construções e locais com grande área de telha- do, como galpões, supermerca- dos e shoppings. No mês passado, foi realizado no auditório da Faculdade de Ar- quitetura e Urbanismo da USP um evento com palestrantes con- trários à lei dos telhados bran- cos. Um dos expositores foi Ri- cardo Felício, professor de clima- tologia do departamento de Geo- grafia da USP. Para o meteorologista, a popu- lação perde em diversos aspec- tos com a aprovação do projeto. “Na escala local, não resolverá nada do conforto interno das ha- bitações e vai gerar um gasto des- necessário de uso de água, recur- sos financeiros para pintura, re- cursos humanos para atividades de manutenção e aplicação. Só há ônus para a sociedade e ne- nhum ganho ambiental de fato.” “Curiosamente, o único ganho será das empresas e ONGs enga- jadas na proposta e da Prefeitu- ra, que poderá angariar fundos exorbitantes em multas”, com- pleta ele. Felício avalia que, após o deba- te, o projeto será abandonado. “Acredito que o autor e os seus colegas desistirão de levar o pro- jeto adiante quando forem colo- cados todos os argumentos que demonstram que o projeto não tem base científica, não trará be- nefícios para o ambiente nem pa- ra o planeta e seu valor real, para a sociedade paulistana, é um completo equívoco”, diz. Custo. Goulart discorda do ar- gumento de que o custo é um pro- blema. “Esse argumento é frágil. Todo mundo fala que os alimen- tos orgânicos são caros, mas é porque o consumo é pequeno.” Realidade. Telhado é pintado de branco em Washington, nos Estados Unidos; para o meteorologista Ricardo Felício, da USP, paulistas teriam gastos desnecessários com o projeto Engodo RICARDO FELÍCIO PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DA USP “Só há ônus para a sociedade e nenhum ganho ambiental de fato. Curiosamente, o único ganho (em pintar os telhados de branco) será das empresas e ONGs engajadas na proposta e da Prefeitura, que poderá angariar fundos exorbitantes em multas. Enfim, é outro engodo completo.”

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Projeto de Lei prevê que todos os imóveis tenham telhados brancos em 180 dias. Matéria Publicada no Estado de São Paulo, em 10/10/2011.

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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 9 DE OUTUBRO DE 2011 Vida A31

O físico iraniano Hashem Akbari,professor da Concordia Univer-sity em Montreal (Canadá), estu-da a questão dos telhados bran-cos e será um dos especialistasa participar do debate na Câmaraamanhã. Há pouco mais de ummês, ele falou ao Estado.

Em sua opinião, a ação é “per-feitamente aplicável” numa me-trópole como São Paulo. “Qual-quer telhado tem de ser reforma-do a cada 10 ou 20 anos, porquese deteriora, seja plano ou incli-nado. É aí que o cidadão vai tro-car a cor do seu telhado. Semcusto adicional. Ele vai fazer umamanutenção de rotina e aproveitapara trocar a cor”, afirmou.

Ele explica que cada 10 me-tros quadrados de telhado co-mum trocado por um branco equi-vale à retirada de 1 tonelada deCO2 da atmosfera por ano. “Issocorresponde às emissões anuaisde um carro”, disse Akbari.

Se todos os telhados e pavi-mentos do mundo fossem pinta-dos de branco, de acordo com oprofessor, a queda de temperatu-ra equivaleria à retirada de maisde 44 gigatoneladas em um ano,o que corresponde a mais de umano de emissões mundiais.

Já o Conselho Brasileiro deConstrução Sustentável (CBCS)avalia que é preciso ter cautela erealizar “pesquisas sistemáti-cas” antes de se adotar uma leicomo essa. “No atual estágio doconhecimento e considerando aexperiência internacional e brasi-leira, o CBCS recomenda que,antes que qualquer política públi-ca se torne obrigatória, tanto pa-ra edifícios novos como existen-tes, seja feita uma análise dasalternativas técnicas disponíveispara telhados que possam redu-zir os efeitos de ilhas de calor.” Éo que diz um documento da enti-dade chamado de Posicionamen-to sobre Tetos Frios.

Para o conselho, “soluçõesprecipitadas podem causar pre-juízos ambientais e econômicospara a cidade e sua população”. /

A.B. e K.N.

José Maria TomazelaSOROCABA

Pacientes com aids ganharamum aliado contra a síndrome li-podistrófica, um dos efeitos cola-terais do tratamento prolonga-do contra a doença. Na semanapassada, entrou em funciona-mento em Sorocaba, municípioa 92 km de São Paulo, a primeira

academia especializada na pre-venção e redução do problema.

A síndrome costuma estigma-tizar os portadores do vírus HIV,pois provoca anormalidades emseus portadores, como acúmulode gordura em determinadas par-tes do corpo – em especial abdo-me, costas e seios – e diminuiçãoda massa muscular em outras –como pernas e braços. Além dis-

so, gera alterações metabólicas,o que leva ao abandono do trata-mento com antirretrovirais.

A academia integra a estruturado Grupo de Educação à Preven-ção da Aids de Sorocaba (Gepa-so), entidade que atua na preven-ção, tratamento e apoio aos pa-cientes. De acordo com a presi-dente Maria Lucila Magno, é aprimeira do País com um quadro

de profissionais da área médica,nutrição, fisioterapia e educaçãofísica, além de parceria com psi-cólogos e assistentes sociais.

“Esta academia vai trazer umnovo ânimo para as pessoas queconvivem com o vírus HIV e assuas manifestações”, afirma Ma-ria Lucila.

Segundo a presidente da Gepa-so, apesar de a luta contra a aids

ter se iniciado há cerca de 30anos, quando foi registrada a pri-meira prova clínica da patologia,ainda há pessoas que pensamque o paciente tem de ser banidode qualquer convívio. “Nesteponto, o cenário do HIV não ca-minhou nada, ou quase nada.”

A instalação da academia éconsiderada uma nova etapa pa-ra vencer a batalha contra a doen-ça e o preconceito.

Atendimento. Os exercícios fí-sicos são orientados e acompa-

nhados por especialistas, visan-do a melhorar a autoestima e aqualidade de vida, estimulando aadesão aos medicamentos.

Os pacientes recebem aindaorientação nutricional. O atendi-mento é gratuito. O projeto rece-beu R$ 203 mil do governo doEstado de São Paulo, emprega-dos em equipamentos e pessoal.

A academia, instalada no pré-dio da Sociedade Médica de Soro-caba, na região central da cidade,tem capacidade para atendercem pessoas.

Portadores do HIV ganham academia

DIVULGAÇÃO

MARIA JOSE-VINAS/REUTERS–28/1/2010

SP debate adoção de telhados brancosNa Câmara Municipal, especialistas discutem efetividade de pintura em ação de combate às ilhas de calor e ao aquecimento global

‘É perfeitamenteaplicável’, afirmafísico iraniano

Campanha. O ex-jogador Raí em ação da One Degree Less

Afra Balazina

Qual é a efetividade de pintartodos os telhados de brancona capital paulista para redu-zir o aquecimento global e asilhas de calor? Especialistastentarão responder a essa per-gunta amanhã, em um debatena Câmara Municipal sobre oProjeto de Lei do TelhadoBranco, de autoria do verea-dor Antonio Goulart (PMDB).

O texto, que obriga os paulista-nos a pintarem os telhados debranco em um prazo de 180 dias,recebeu parecer favorável das co-missões técnicas e foi aprovadoem primeira votação em novem-bro do ano passado.

Mas o próprio vereador Gou-lart admite que a proposta estádefasada e, por isso, chamou es-pecialistas para debater o assun-to e melhorar o texto antes decolocá-lo novamente em discus-são. O projeto foi inspirado nacampanha One Degree Less(Um Grau a Menos), da GreenBuilding Council Brasil (GBCBrasil).

No ano passado, o movimentocontou com a participação de vá-rias personalidades, que concor-daram em pintar a mão de bran-

co para uma foto.De acordo com a campanha da

GBC Brasil, a compensação gera-da pelo esfriamento das superfí-cies urbanas possibilitaria umatraso importante nos efeitosdas mudanças climáticas, perío-do em que poderiam ser pensa-das e desenvolvidas outras medi-das para combater o aquecimen-to global.

Para Goulart, uma das altera-ções necessárias ao projeto é tro-car o termo “telhados brancos”por “telhados frios”, o que dámais opções aos moradores. “Es-tou totalmente aberto ao diálo-go, quero colher mais dados.Meu objetivo é melhorar a quali-dade de vida da população.”

Mas, para o vereador, está cla-ro o benefício de pintar as super-fícies de branco. “Se colocamosum piso perto da piscina que nãoseja branco, não conseguimos pi-sar nele sem chinelo.”

Apesar de sua campanha terservido de inspiração para a pro-posta, a GBC Brasil afirma nãoter oferecido suporte prévio aovereador. “Não fomos contacta-dos”, conta Felipe Faria, gerentede relações institucionais e go-vernamentais da GBC Brasil.

Para ele, há várias alternativaspara evitar o aquecimento preju-dicial nas cidades: usar telhadosverdes (com grama plantada,por exemplo), telhas metálicasclaras (que tenham potencial dereflexão) e tintas não brancascom pigmentações especiais.

“A campanha focou no telha-do branco porque era a lingua-gem mais simples e a soluçãomais rápida. Mas não tem neces-sariamente um resultado dura-douro. Nunca imaginamos que acampanha influenciaria tão rapi-damente as políticas públicas”,diz o gerente do GBC.

O site da campanha One De-gree Less na internet (www.one-

degreeless.org) recebe o patrocí-nio da empresa de tintas Sher-win Willians e da Dow, que deusuporte tecnológico para a Hi-dronorth produzir um revesti-mento chamado de Ecco Telha-do Branco.

Para Faria, a entidade fazlobby, mas do bem. “Fazemoslobby das soluções que podemtornar as construções mais sus-tentáveis”, ressalta.

Obrigação. A GBC Brasil defen-de que o governo dê incentivos aquem aderir aos telhados frios.Com relação à obrigatoriedade,

a entidade diz que poderia serpensada para novas construçõese locais com grande área de telha-do, como galpões, supermerca-dos e shoppings.

No mês passado, foi realizadono auditório da Faculdade de Ar-quitetura e Urbanismo da USPumevento com palestrantes con-trários à lei dos telhados bran-cos. Um dos expositores foi Ri-cardo Felício, professor de clima-tologia do departamento de Geo-grafia da USP.

Para o meteorologista, a popu-lação perde em diversos aspec-tos com a aprovação do projeto.

“Na escala local, não resolveránada do conforto interno das ha-bitações e vai gerar um gasto des-necessário de uso de água, recur-sos financeiros para pintura, re-cursos humanos para atividadesde manutenção e aplicação. Sóhá ônus para a sociedade e ne-nhum ganho ambiental de fato.”“Curiosamente, o único ganhoserá das empresas e ONGs enga-jadas na proposta e da Prefeitu-ra, que poderá angariar fundosexorbitantes em multas”, com-pleta ele.

Felício avalia que, após o deba-te, o projeto será abandonado.

“Acredito que o autor e os seuscolegas desistirão de levar o pro-jeto adiante quando forem colo-cados todos os argumentos quedemonstram que o projeto nãotem base científica, não trará be-nefícios para o ambiente nem pa-ra o planeta e seu valor real, paraa sociedade paulistana, é umcompleto equívoco”, diz.

Custo. Goulart discorda do ar-gumento de que o custo é um pro-blema. “Esse argumento é frágil.Todo mundo fala que os alimen-tos orgânicos são caros, mas éporque o consumo é pequeno.”

Realidade. Telhado é pintado de branco em Washington, nos Estados Unidos; para o meteorologista Ricardo Felício, da USP, paulistas teriam gastos desnecessários com o projeto

● Engodo

RICARDO FELÍCIOPROFESSOR DO DEPARTAMENTODE GEOGRAFIA DA USP“Só há ônus para a sociedadee nenhum ganho ambientalde fato. Curiosamente, o únicoganho (em pintar os telhadosde branco) será das empresase ONGs engajadas na propostae da Prefeitura, que poderáangariar fundos exorbitantesem multas. Enfim, é outroengodo completo.”